




“A luz é uma linguagem. Ela é a alma do espaço”
— Tadao Ando
Qual o poder de um nome definir o curso de uma vida? Talvez nunca saibamos. O fato, e o que sabemos, é que o nome Arianne tem origem grega e significa “alvo”, “branco” e “puríssimo”, adjetivos que descrevem perfeitamente a matéria prima essencial do trabalho de Arianne Vatanabe Thom: a luz.
No universo de Arianne, a iluminação é mais do que técnica – é a essência que confere personalidade aos espaços e molda as experiências de quem os vive. Arquiteta formada pela Universidade Estadual de Maringá e mestre em Lighting Design pela Universidade Politécnica de Madrid, Arianne dedicouse à arte de transformar ambientes por meio da luz, trazendo para Maringá um conceito de iluminação que transcende o utilitário e valoriza o sensorial.
Sua trajetória é marcada pelo desejo de transformar espaços e inspirar vidas, seja com um projeto técnico de iluminação ou com uma peça decorativa cuidadosamente selecionada.
Desde o início, Arianne percebeu que precisava expandir seus conhecimentos para atender à sua visão sobre iluminação. Essa busca a levou à Europa, onde se especializou em Design de Interiores no Instituto Europeu de Design, em Barcelona, e logo depois retornou para Madrid, onde realizou seu mestrado e um estágio em um escritório internacional especializado em iluminação, que lhe deu acesso a projetos emblemáticos e abriu portas para conexões com profissionais do design mundial. “O tempo que passei na Espanha foi um divisor de águas para mim, não apenas profissionalmente, mas pessoalmente também. Ali aprendi sobre o valor do trabalho colaborativo, da troca de ideias e da entrega além do esperado, do esforço contínuo que levo comigo até hoje”, reflete.
De volta ao Brasil, com apenas 24 anos, fundou a Kelvin Lighting Design em Maringá, um espaço que logo se tornou referência em design luminotécnico e consultoria para arquitetos, designers e construtoras. Com foco em projetos luminotécnicos e comercialização de peças exclusivas, a loja foi uma resposta à escassez, na cidade, de peças – técnicas ou
decorativas – que permitissem a ela dar vazão aos próprios projetos de iluminação. “Eu queria especificar as melhores soluções para os projetos, mas não encontrava produtos compatíveis em Maringá. Percebi que precisávamos de um espaço que unisse qualidade e inovação, com uma curadoria de peças técnicas e decorativas de alto nível.”
Ao longo dos anos, a Kelvin se tornou uma referência, e Arianne se consolidou como parceira essencial de inúmeros profissionais da área. Desde o início, sua abordagem foi de inserir o projeto luminotécnico na fase de concepção arquitetônica, garantindo resultados mais integrados e evitando soluções improvisadas. “Quando o projeto de iluminação entra cedo no processo, podemos otimizar recursos, pensar na eficiência energética e encontrar soluções que se harmonizam com o projeto como um todo. A luz tem o poder de transformar um ambiente e, quando bem planejada, ela deixa de ser um detalhe para se tornar a alma do espaço,” afirma Arianne.
Além de arquiteta de iluminação e diretora da Kelvin, Arianne ganhou um novo e importante papel, o de mãe. Ela encontra nos pequenos Augusto
e Catarina, e na rotina familiar, o equilíbrio que complementa sua vida profissional intensa. Entre reuniões de projeto e visitas a obras, ela encontrou na maternidade a força e estímulo para idealizar novos e ousados projetos. “Eu achei que a maternidade fosse me distanciar um pouco da rotina profissional, quando na verdade esse amor sem fim que é o de mãe é a energia propulsora para sempre estar em busca de melhorias e otimização do tempo e conciliação das diversas atividades e compromissos da vida profissional e pessoal.
Agora, com o recém inaugurado showroom da Kelvin Lighting Design, Arianne se prepara para dar mais um passo significativo na história da empresa. Após 15 anos na XV de Novembro, a Kelvin está de casa nova, em plena Av. Nóbrega, Zona 4 de Maringá, onde continuará a oferecer uma curadoria de iluminação única e serviços de consultoria especializados. Essa nova fase marca o compromisso contínuo de Arianne em trazer inovação e experiência sensorial para cada projeto.
Para o futuro, Arianne vislumbra novas maneiras de compartilhar seu conhecimento. Em breve, ela lançará um projeto de mentoria para empresários e profissionais da área, com aulas presenciais e também videoaulas que prometem democratizar o acesso à sua expertise e à sua visão de iluminação. “Acredito que o conhecimento em design, iluminação e gestão precisam estar acessíveis e, com esse projeto, espero contribuir para que mais pessoas conheçam o potencial transformador da iluminação,” conclui, deixando claro que sua missão é iluminar espaços e também o caminho de muita gente.
Quando Arianne entra em uma obra em seu estado bruto, ela personifica a ideia de que o design luminotécnico deve fazer parte da arquitetura desde o início. Conhecida por sua abordagem funcional e criativa, Arianne defende que a iluminação bem planejada é tão importante quanto a estrutura de um edifício, e precisa ser integrada desde a concepção do projeto para alcançar resultados que vão além da funcionalidade – verdadeiras obras-primas de luz e espaço.
“Quando a iluminação é considerada apenas como um complemento, perde-se a oportunidade de explorar todo o seu potencial. A luz pode esculpir, destacar texturas, guiar o olhar e até criar emoções”, explica Arianne enquanto caminha pelo chão de uma obra em andamento. A cena captura a essência de seu trabalho: uma união entre técnica e sensibilidade que começa muito antes de a primeira fonte de luz ser instalada.
A presença de Arianne nas fases iniciais de um projeto garante que o design luminotécnico não seja apenas uma adição tardia, mas uma parte intrínseca do conceito arquitetônico. “A integração precoce permite uma sinergia entre o espaço e a luz, valorizando o projeto de forma holística e proporcionando resultados visualmente mais impactantes”, pontua.
Para Arianne, a luz é um material de construção invisível, mas poderoso. Quando bem projetada, ela transcende sua função de iluminar e passa a participar ativamente da arquitetura, transformando ambientes comuns em espaços únicos. Um exemplo prático dessa abordagem pode ser observado nos projetos em que Arianne esteve envolvida desde o início. Nesses casos, a iluminação realça formas, cria sombras estratégicas e desenha cenários que se modificam ao longo do dia e da noite.
Para garantir que o design luminotécnico atenda não apenas aos anseios estéticos, mas também aos critérios de segurança e eficiência, Arianne utiliza o software DIALux como ferramenta essencial de simulação e cálculo. Com ele, sua equipe consegue analisar em detalhes os níveis mínimos de iluminância exigidos pela norma ABNT NBR ISO/CIE 8995, que regulamenta a iluminação de ambientes de trabalho. “Isso nos permite assegurar que cada ambiente receba a luz ideal para sua função, com precisão técnica e sensibilidade estética, valorizando formas, texturas e experiências — sem jamais comprometer o desempenho e a conformidade do projeto”.
— por Ana Neute como metal, vidro soprado, madeira, capim dourado, entre outros.
Você já parou para pensar como a iluminação é parte central da experiência de comer em um restaurante? Ela pode destruir a experiência, ou enriquecêla, assim vejo a vejo a luz como um dos ingredientes de um jantar.
Na iluminação, existem as peças que não aparecem, mas que são estrategicamente posicionadas. Existem as luzes de preenchimento, que atuam em conjunto com outras luminárias, como se fossem camadas que vamos adicionando. Por outro lado, temos também as peças protagonistas, área onde me especializei.
Me formei em arquitetura pela Escola da Cidade, em São Paulo, mas já no final da faculdade me interessei pelo design pela sua proximidade e interação com o indivíduo. Inicialmente, foquei o meu trabalho na área de luminárias, esmiuçando e explorando diferentes possibilidades. Entendendo os mecanismos internos e externos, utilizando diversos materiais,
Sou muito atenta aos detalhes na produção, gosto de acompanhar de perto as peças que desenho. Muitas vezes passamos por inúmeros protótipos para chegar a um resultado satisfatório. Essa proximidade com o fazer é o que me instiga e o que me levou à essa profissão.
Ao longo dos anos percebi que poderia desenhar tudo em uma casa, desde as luminárias, os móveis, peças para banheiro e até velas. O pensamento e o
Ana Neute, talentosa designer que expõe coleções mundialmente, é nossa convidada para falar de iluminação, arte e designn, ela é arquiteta e designer de iluminação há mais de 10 anos, e recentemente passou a assinar também peças de mobiliário
conceito de design permeia diferentes escalas e tem sido muito interessante explorar o desenho com uma experiência ampla.
Todos os objetos que nos rodeiam têm design, têm pensamento, o que os diferencia é o quão profundo foi esse pensamento e produção para realizá-los. Neste caminho, estabeleci parcerias com a indústria e também com pequenos artesãos. Acredito que cada projeto pede um tipo de produção, por isso é tão importante identificar desde o início quais são os elementos e direcionamentos da demanda.
As luminárias como peças escultóricas dentro de um ambiente, vão além da sua função básica de iluminar e ganham protagonismo. Elas podem causar diferentes sensações ao serem observadas, como um objeto luminoso que complementa o ambiente, ela propõe uma identidade a esse espaço.
A luz adiciona drama, agrega, tem intenção. Poderíamos dizer que ela conversa e participa da vida das pessoas. Isso fica claro quando há falta de energia elétrica, temos que nos reorganizar, com velas, lanternas, toda a nossa dinâmica muda. Quando há a falta, percebemos como ela é parte central das nossas vidas.
Posto isso, não é presunção nenhuma dizer que a luz transforma a atmosfera de qualquer ambiente, nela existe realidade e existe intenção também. Uma única peça pode
direcionar completamente a forma como as pessoas percebem um ambiente – sofisticado ou arrojado, acolhedor ou vibrante, confortável ou dinâmico…
Assim, a luz deixa de ser apenas um recurso funcional e se torna uma presença que transcende o ambiente, preenchendo o espaço com emoção e propósito. O design de uma luminária, pensado em cada detalhe, tem o poder de influenciar a experiência sensorial e moldar a narrativa de um lugar. Afinal, a luz, quando bem orquestrada, não apenas participa, mas transforma e enriquece a nossa vivência cotidiana. Seja num jantar intimista, num espaço de trabalho ou num lar acolhedor, ela é a essência que conecta pessoas, arquitetura e sentimentos em um diálogo constante de formas e brilhos.
A
Kelvin Lighting Design inaugura um novo capítulo — com luz, poesia e design em sua forma mais pura,
no número 994 da Av. Nóbrega
Como um sopro de ar novo, que carrega luz e silêncios, curvas e pausas, a nova casa da Kelvin Lighting Design se revela aos poucos — como deve ser toda obra concebida para despertar emoções. O novo showroom assinado por Arianne Vatanabe Thom não se limita a exibir peças de iluminação. Ele narra, com arquitetura e delicadeza, uma história sensorial que envolve o olhar, o tato e o tempo. Na volumetria da fachada, uma escultura branca e fluida convida à contemplação. Nada óbvio. Nada literal. Uma caixa de surpresas, pensada para provocar descobertas. A entrada é um suspiro. O interior, poesia em camadas.
Com quase 900 metros quadrados distribuídos em três pavimentos, a nova sede materializa um desejo antigo de Arianne: criar um espaço autoral, com alma brasileira e referências internacionais, onde cada curva tem um propósito e cada elemento foi escolhido com precisão e curadoria. A arquitetura, os interiores e o projeto luminotécnico são todos de sua autoria, com apoio da arquiteta mineira Amarilis Dolabela no conceito e organização espacial. As referências vieram do mundo — mas o gesto é local, contemporâneo, leve e profundamente sensível. A luz, claro, não apenas revela: ela conduz. Integra-se à arquitetura e desenha cada experiência com propósito e emoção.
Além de apresentar a iluminação de forma surpreendente, o showroom traz um acervo curado de objetos de design brasileiro, com peças exclusivas e mobiliário assinado. É um convite a olhar com mais atenção. A se permitir surpreender. A sentir o impacto silencioso da luz bem pensada.
Na nova Kelvin, até a identidade visual ganhou nova forma, redesenhada com mais movimento e mais fluidez, acompanhando o novo momento e o amadurecimento que somente 15 anos de carreira podem proporcionar. Da escolha dos materiais, das texturas claras aos elementos naturais, tudo carrega a assinatura de um olhar maduro e refinado, que transforma técnica em arte e função em encantamento. Na nova Kelvin, o design ilumina o espaço — e a experiência transforma o olhar.
“Cada projeto é uma construção coletiva de ideias, saberes e sensibilidades. É por isso que valorizo profundamente meu relacionamento com os arquitetos parceiros — profissionais com quem compartilho a criação de atmosferas únicas. Como lighting designer, meu papel é somar, revelar intenções, transformar espaços por meio da luz. Quando caminhamos juntos, o resultado ultrapassa a técnica: vira emoção, memória e experiência.”
— Arianne