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A arte na vida de
Isabel Borazanian Primeira mulher a presidir a Academia Guarulhense de Letras lembra da infância e fala de seus ideais
Texto: Valdir Carleto Fotos: Rafael Almeida
sabel Borazanian nasceu em São Paulo e veio para Guarulhos com três anos de idade, quando a família, de origem armênia, mudou-se para a cidade em busca de novas perspectivas. Guarulhos começava a desenvolver-se e a família vinha de um revés financeiro. A poetisa, presidente da Academia Guarulhense de Letras (AGL), onde ocupa a cadeira cujo patrono é o poeta Cruz e Souza, lembra das dificuldades pelas quais passaram. Seus pais tiveram dez filhos. Ela é a oitava da prole. As crianças criavam seus próprios brinquedos, a partir de coisas simples. Talvez tenha 22
surgido das próprias viscissitudes o gosto pela leitura, herdado do pai e do irmão. O pai tocava bandolim e cantava. Aos nove anos, Isabel descobriu-se escrevendo poesia, sem sequer se dar conta de que eram poemas as rimas e quadrinhas que produzia. Nas artes plásticas, o que facilitou foi o contato com a argila, material abundante em Guarulhos em sua infância. “Fui levada naturalmente a criar. Não sabíamos que não tínhamos as coisas. A relação familiar era muito amorosa, supria tudo. O senso de justiça, de lealdade, era algo muito forte em nós. Acredito que em determina-
dos momentos, quer na escultura ou na poesia, eu seja influenciada por essa infância tão lúdica, da qual sinto saudades. Eu não consigo separar a arte daquilo que eu sou”, filosofa. Em Guarulhos, na década de 70, fez teatro nos grupos Cena Viva e TEG (Teatro Experimental de Guarulhos), ligado na época ao ator Jovino Cândido, que viria a ser prefeito. Isabel fez parte do Grupo Literário Letraviva, liderado pelo poeta, escritor e jornalista Castelo Hanssen. Em 1982, lançou um livreto artesanal, “Confidencial”, com cem exemplares. Em 1989, incluiu o
