Revista Guarulhos - Edição 50

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Apagão de talentos Texto: Marcelo Duarte Jatobá Foto: Divulgação

mercado de trabalho brasileiro tem vivido uma contradição. Há milhares de desempregados. E milhares de vagas em empresas que não conseguem encontrar mão de obra qualificada. E por que isto está acontecendo? Por falta de visão proativa de empresários, governos e trabalhadores. E o que significa isto? Significa que este quadro começou a ser desenhado há, no mínimo, 20 anos. E ninguém - ou quase ninguém - enxergou. “A gente não tem mão de obra

qualificada. É como o que está acontecendo no futebol. O Brasil, por exemplo, está com falta de um matador, de um homem-gol”, afirma Marshal Raffa, diretor executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos. E o pior. Continua valendo, em regra, a velha e ultrapassada estratégia de cortar gastos a todo custo. Profissionais competentes e experientes são demitidos e novatos são contratados por salários muito menores. “Ou as empresas começam a adotar políticas boas de contratações e, principalmente, de desenvolvimento e retenção de talentos, ou estão fadadas a falir porque vão perder mercado para aquelas que têm os melhores profissionais”, pontua Raffa. “E são justamente estes talentos que têm um papel fundamental para ajudar no crescimento dos negócios.” Mas o que falta para “virar o jogo”? Sensibilidade e mudanças radicais de posturas administrativas.

Marshal Raffa, diretor executivo da Ricardo Xavier Recursos Humanos

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“O intangível é muito importante, que é o chamado capital intelectual, que são as pessoas proativas e criativas. E, muitas vezes, este recurso não é renovável”, avisa o especialista. Para o consultor de RH da Shamar e diretor de RH da Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos (ACE), Stewalter Soares Moraes, a rápida evolução tecnológica “pegou a todos” de surpresa. “Nos anos 90, muitos ainda estavam com a cabeça voltada para a inflação, como manter o negócio rentável em um tempo de rápida desvalorização da moeda. E não acompanharam o avanço da tecnologia. Hoje, até no chão de fábrica, as tarefas do dia a dia são mais complexas e técnicas. O Brasil necessita de qualificação.” O gerente de RH da Tintas Brazilian, em Bonsucesso, Nilcival Almeida de Oliveira, sabe bem o que é sofrer para encontrar profissionais no mercado. “Acontece mesmo de precisarmos de um profissional com conhecimento mais técnico e não conseguirmos encontrar. Tem muita gente por aí, mas com pouca qualificação”, acrescenta. ■■


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