Revista Vitti, dezembro 2015 Edição n120

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Ponto de vista

Ubatuba

Celebrando a História

U

Por Carlos Marcondes

m dos municípios mais ricos em história, da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, é Ubatuba que, aliás, foi elevada de Vila a Distrito em 1554 e, em 1637 (portanto há 378 anos), tornou-se oficialmente município. Neste longo período, esta encantadora estância viveu momentos de grande apogeu a outros de desilusão e fracasso. Houve um período em que sua população diminuiu abruptamente em 2.000 pessoas, por conta da desistência da construção da Estrada de Ferro que seria entre Taubaté e Ubatuba. Durante o século XVII, a produção agrícola cresceu e a Baía de Ubatuba se transformou no mais movimentado Porto da Capitania de São Vicente. Entretanto, em 1787, Bernardo José de Lorena – governador da Capitania de São Paulo, determinou que “toda e qualquer exportação só poderia ser feita pelo Porto de Santos e diretamente ao Reino”. Essa ordem causou a primeira decadência do município. Porém, em 1798, Melo de Castro (sucessor de Bernardo) averiguou a razão das queixas dos habitantes do litoral e concedeu novamente a liberdade de comércio e livre exportação.

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Com a chegada da família real ao Brasil, D. João VI abriu os portos brasileiros ao comércio estrangeiro e beneficiou diretamente o Porto de Ubatuba, por onde se exportava o café. Nesse período áureo, entraram pelo Porto 70 mil escravos. Muitos consulados estrangeiros se instalaram na cidade para o serviço de vistos. Houve um período em que 600 navios transatlânticos entravam anualmente no porto. Ubatuba figurava entre os municípios de maior renda da Província. Até a primeira máquina de tecelagem do Estado de São Paulo foi importada, por Ubatuba, a Taubaté. Uma tentativa de construir uma ferrovia de Taubaté a Ubatuba foi iniciada; os trilhos chegaram a ser importados da Inglaterra, porém, o presidente Floriano Peixoto inviabilizou a iniciativa, por pressão de outros portos brasileiros. Enfim, a História é cíclica desde os primórdios. Cabe-nos lutar, no presente, para que o futuro seja alentador, mas quer me parecer que os governantes são obtusos, insistem em não enxergar além do próprio umbigo. Por exemplo: como se explica até hoje, em momentos de pico, quem viaja pela Rio-Santos ficar até quatro horas parado no trecho da Praia Grande em Ubatuba? Como explicar que você viaja por toda a Europa em barcos

rápidos e confortáveis entre as cidades e, por aqui, não existam linhas regulares pelo mar entre Santos, Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba etc. Como explicar aos milhares de turistas que visitam Ubatuba as razões de a cidade estar tão mal tratada? Quem sabe as futuras gerações possam oferecer estas respostas. É ver para crer. Carlos Marcondes é jornalista e advogado. Contato: cmcomunicacoes@gmail.com

Dezembro, 2015


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