SIM! 89

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A no XIII | Nº89 | dis t ribuiç ão gr at uita W W W . R E V I ST A S I M . C O M . BR

Arquitetura decoração Design Arte...

ELAS FAZEM A DIFERENCA I




S I M ! 89

Diretor Executivo Márcio Sena (marciodesena@gmail.com)

50 O MERCADO É DELAS!

pág.

GREG

Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (patriciamarinho@globo.com) Felipe Mendonça (felipe.bezerra@globo.com)

REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIA Patrícia Calife (patriciacalife.sim@gmail.com) Erika Valença Beth Oliveira Edi Souza Germana Telles Vanessa Montenegro Diego Pires Micaele Freitas Sara Rangel

J O V E N S C R I A T I V A S E conceit u ais con q u istam u m p ú b l ico fie l

28 Bye Bye VICTOR MUZZI

Rápidas As novidades da seção Fique por Dentro

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Livros

Organizando sua bagunça

Carrero dá dicas para quem gosta de escrever

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74 Click!

É Sustentável! A arte de Rafa Mattos em prol da conscientização

eduardo queiroga

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A força artística da Fotografia

Projeto Menção honrosa para estação na Antártica

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82 Under victor muzzi

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Delícias Três chefs e seus toques femininos na gastronomia

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pág.

foto de danilo galvão produ-

Jardins

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O paisagista marcelo KozmhinskY apresenta seus terrariums e

zida pela equipe da SIM!, com os

arquitetos convidados pela SIM! mostram possibilidades de

produtos das garotas da capa

uso na decoração

Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita (mesquitaita@gmail.com) Revisão Fabiana Barboza (fabiana_barboza@globo.com)

Operações Comerciais Márcio Sena (marciodesena@globo.com) Eliane Guerra (81) 9282.7979 (comercial@revistasim.com.br)

SIM! é uma publicação bimestral da TOTALLE EDIÇÕES LTDA Redação R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP 51.190-420 redacao@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3039.2220

DANILO GALVão

Capa

Pub assinado por Diogo Viana

Greg Danilo Galvão Lucas Oliveira Victor Muzzi

Comercial R. Bruno Veloso, 603 - Sl 101 Boa Viagem - Recife - PE CEP 51.021-280 comercial@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3327.3639 Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.





EDITORIAL

Muita cor, brilho natural e envolvimento. Assim se define a edição de número 89 da SIM! As páginas foram recheadas com as produções criativas das moças que dominam o mercado da Zona Norte do Recife. Muitas flores, design, decoração, fotos, acessórios ... Nos apaixonamos e trouxemos para vocês o universo empreendedor e os produtos numa releitura da nossa seção Mercado. Em Jardins, nosso colunista Marcelo Kozmhinsky desvenda o processo de concepção dos terrariums, onde é possível se criar pequenos ecossistemas em utensílios de decor. As plantinhas nos cativaram e, assim, demos sequência à matéria, convidando os arquitetos Alexandre Mesquita, André Dantas, Silvana Gondim e a dupla Zezinho e Turíbio Santos para apresentarem cinco possibilidades do uso das peças na ambientação. No mais, temos o trabalho autoral e conceitual dos fotógrafos Eduardo Queiroga e Mateus Sá em Arte. As páginas de Projeto foram dedicadas à rica ambientação do Bar Underground, assinada pelo arquiteto Diogo Viana. Em Delícias, o trio de chefs Danielle Catanhêde, Karyna Maranhão e Miau Caldas apresentam toda a estética de suas criações gastronômicas. Já as sócias Camila Pragana e Dulce de Lucena Mello mostram como organizar um closet. Em É sustentável, o trabalho de design voltado à consciência sócioambiental e social de Rafa Mattos. Ainda, o projeto pernambucano para a Estação Antártica e as novidades da seção Fique por Dentro.

Patrícia Calife

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D A N I L O G A LV ÃO

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DA N I LO

G A LV Ã O

Não perca tempo, leia a SIM!

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greg

l u cas o l iveira

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1. Todo o charme e descontração de Miau Caldas; 2. Gabriela Fiuza e Bárbara Formiga em momento feliz na Calma Monga!; 3. Equipe da SIM! prepara a capa desta edição em tarde animada na Chá com Chita; 4. Tita vende flores pelas ruas do Recife.

Erramos! 1. Na edição anterior da Revista SIM! (88), página 10 da seção Fique por Dentro, o telefone da loja recifense Maria Casa foi informado errado. O correto é (81) 3327.6499. 2. O número 86 de nossa publicação trouxe como tema na coluna Jardins (pág. 80) o projeto paisagístico do Parque Dona Lindu, ao qual atribuímos a autoria à Luiz Vieira. Contudo, o trabalho, assim como o projeto de todo o complexo, pertence ao escritório de Oscar Niemeyer.

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fique por dentro

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Versátil, a cadeira Moiré, da Flexform, se adapta a qualquer ambiente, seja sala, cozinha, quarto ou até mesmo áreas externas. Disponível em diversas cores, como o amarelo e laranja, tem design arrojado e exclusivo formato de concha. Produzida em polipropileno, é o assento mais leve da linha Harechair e pesa apenas 3,1 kg.

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A mesa Larsen de design moderno assinado por Salim Moisés, disponível na Living Interiores, ganha destaque em qualquer sala de jantar. A peça, com tampo de vidro, é toda confeccionada em MDF com acabamento em laca high gloss. Pode ser feita em mais de 250 cores e inúmeras dimensões.

d a n i lo g a lvã o

Living Interiores Fone: (81) 3325. 3319 www.livinginteriores.com.br

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Di v u lg a ç ã o

Flexform Fone: (11) 2431.5511 www.flexform.com.br

A Galeria das Lonas, além de oferecer chaises, sofás e poltronas, apresenta o lançamento do mês, a Poltrona Diretor. Composta por tela slim, com manta acrílica, o móvel possui estrutura em alumínio, capaz de suportar frequentes mudanças climáticas.

Di v u lg a ç ã o

Galeria das Lonas www.galeriadaslonas.com.br

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DAN I LO GALVã o

fique por dentro

Ideal para compor salas de estar, a poltrona giratória em resina de poliéster, forrada de couro, está entre as novidades da Interior Design. A peça pode ser confeccionada em todas as cores. Interior Design (81) 3325-1623

A Marelli Ambientes Racionais está lançando mais um produto para espaços de trabalho: a poltrona Prima, que conjuga conforto e elegância com um design moderno e arrojado. Solução perfeita para salas de recepção e espera, lounge, foyers, ambientes de reuniões que requerem mais informalidade e espaços corporativos de interação e lazer.

d i v u lg a ç ã o

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Marelli Fone: (81) 3325.0897 www.marelli.com.br

Bom aliado na organização da casa, o caixote de madeira pode ser utilizado como um belo baú, uma charmosa sapateira ou com outras funções criativas. Para deixar a casa mais bonita, a Maria Presenteira sugere o modelo Corujinhas Coloridas, que pode ser desmontado.

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Maria Presenteira Fone: (11) 2293.0738 www.mariapresenteira.com.br

Lançamento na Onda Decoração, os quadrinhos coloridos assinados pela design Cristiana Machado são ótimas opções para compor ambientes como lavabos ou banheiros. Além das cores quentes, há uma linha feita em madeira de demolição que é um charme. Onda Decoração (81) 3325.1722 www.ondadecoracao.com.br

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V I CTO R M UZZ I

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A fruteira de silicone assinada pela Niels Romer é lançamento na Desenho Design. Com estilo moderno e divertido, para dar vida a qualquer cozinha, pode ser encontrada também nas cores verde, branco e preto.

Desenho Design Fone: (81) 3326.4264 www.desenhodesign.com.br

Feitas com cordas náuticas, as luminárias, da Tidelli, apresentam-se em tamanhos variados e cores cítricas vibrantes, seguindo a tendência da coleção. Cônicas ou cilíndricas, pendentes ou de piso, em nove modelos. d i v u lg a ç ã o

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DAN I LO GALVã o

fique por dentro

Tidelli Fone: (81) 3040.4660 www.tidelli.com.br

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Mais do que um simples objeto, os aparadores ganham destaque na decoração, com novos formatos e acabamentos. A peça pode ser utilizada em qualquer estilo de residência, desde a decoração mais despojada até a mais tradicional. A Ton Sur Ton tem peças que se adequam aos variados estilos.

4 A base para mesa Eternity, da linha Exclusiva, compõe uma moderna sala de jantar na Kilder Menezes. Com folha de vidro no entorno, a base pode ser laqueada em qualquer cor ou ser toda em madeira.

Kilder Menezes Fone: (81) 3326.0525 www.kildermenezes.com.br

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d i v u lg a ç ã o

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Ton Sur Ton Fone: (41) 3224.6660 www.tonsurton.com.br



fique por dentro

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Comemorando dois anos de existência

Lu c a s o l i v e i r a

Lu c a s o l i v e i r a

d a n i lo g a lvã o

A Nuvem Produções acaba de inaugurar novo espaço, na Galeria Joana d’Arc, no Pina/PE. Para a estreia, Jota ZerOff – revelação do grafite pernambucano - foi lançado como o “Artista do Mês”. A fachada da produtora de Cláudia Aires e Guga Marques traz a intervenção Urbano Cerebelo, de Marcelle Dardenne, recém-chegada ao grupo de 30 parceiros da casa. A nova versão do escritório cultural conta com espaço para exposições e pequenos eventos, trazendo o público mais perto das obras e dos artistas.

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Nuvem Produções Fone: 81 3052.4530. www.nuvemproducoes.com.br

Uma bicicleta-biblioteca anda fazendo sucesso pelas praças, praias, escolas e parques do Recife. A Biketeca é uma iniciativa da Libre Cia de Eventos e propõe a difusão da literatura entre as crianças, estimulando a doação de livros para bibliotecas comunitárias. Com design e produção de Maria Escorel e Pat Quintella, da Reciclo bikes, ela fez seu primeiro passeio no Parque Dona Lindu e promete não parar mais de circular. A ideia é divulgar a Bienalzinha do Livro (04 a 13 de Outubro, no Centro de Convenções). O sucesso da bike foi tão grande que agora a proposta é rodar todo o Recife. À frente do evento, pioneiro no Brasil, estão a produtora cultural Juliana Martins e a curadora Juliana Lins, proprietária da Vila 7.

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lu c a s o l i v e i r a

2 Biketeca

www.facebook.com/bienalzinha Reciclobike Fone: (81) 9519.4050 | contato@reciclobikes.com Vila 7 Fone: (81) 3326.3818 | www.familiavila7.com.br



fique por dentro

1 Orbe Coworking Fruto da ideia dos designers Guilherme Luigi e Ticiano Arraes, a Orbe Coworking, acaba de chegar ao 8° andar do Edifício Pernambuco, numa área de 300 m2 com capacidade para 45 pessoas. O local dispõe de bicicletário, internet wi-fi, sala de reunião climatizada, lockers, copa equipada, áreas de descanso, biblioteca, banheiros masculino e feminino, entre outros equipamentos que visam proporcionar conforto e bem-estar aos usuários. O local também recebe eventos terceirizados, podendo ser alugado para sediar workshops, exposições, oficinas e lançamentos.

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Lu c a s o l i v e i r a

Orbe Coworking Fone: (81) 3048.6863 www.orbecoworking.com.br

Casa Brasil

www.casabrasil.com.br

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d i v u lgaç ão c a s a b r a si l | e va n d ro soa r e s

Arte, design, futebol e muita originalidade. Assim a Casa Brasil – realizada de 13 a 16 de agosto na Serra Gaúcha – disseminou a criatividade com o projeto Banco de Ideias. A 2ª edição do projeto explorou a temática da Copa do Mundo, onde 12 arquitetos e decoradores de diferentes partes do País desenvolveram bancos exclusivos sobre o maior campeonato de futebol do mundo. As peças foram expostas, aproximando uma das paixões nacionais do design contemporâneo e do talento brasileiro.



livros

Raimundo Carrero Lu c a s o l i v e i r a

Jornalista e escritor pernambucano, atuou em rádio, televisão e jornal durante 25 anos. Integrou o Conselho Municipal de Cultura e o Movimento de Cultura Popular do Recife. Foi presidente da Fundarpe e, desde 2004, ocupa a cadeira 3 da Academia Pernambucana de Letras.

Raimundo Carrero apresenta Tangolomango Em seu novo romance, Carrero traz de volta a personagem Tia Guilhermina – apresentada em “O amor não tem bons sentimentos” (2008). A narrativa, entrecortada por pensamentos da tia, leva às memórias inquietas da família de Everaldo e Dolores – presente em “Maçã Agreste” (1989) – da qual Guilhermina também faz parte. As lembranças constroem um enredo rico, cheio de ritmo e sonoridade, expondo um dia na vida da tia, que nutre amor extremo ao sobrinho Matheus, criado por ela e julgado pelo assassinato da mãe da irmã. O cenário é o Recife, com traços fortes de sua cultura, onde o autor conduz a mulher solitária.

Indicações 1

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A Pedra do Reino Ariano Suassuna | Ed. José Olympio O armorial-popular brasileiro Romance d’A pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1970) trouxe um novo sopro à literatura nacional. O livro combinou de forma inédita dois gêneros opostos de discurso: o erudito e o popular. A narrativa autobiográfica é ditada por Dom Pedro Dinis Ferreira-Quadrena, o auto-proclamado “Rei do Quinto Império e do Quinto Naipe, Profeta da Igreja Católico-Serteneja e pretendente ao trono do Império do Brasil”. Grande Sertão Veredas Guimarães Rosa | Ed. Nova Fronteira Uma das mais importantes obras da literatura brasileira, o livro traz o relato de Riobaldo, ex-jagunço que relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim. Publicado em 1956, chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. A obra contém elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento. Ópera dos Mortos Autran Dourado | Ed. Rocco O título é uma meditação sobre os fantasmas do passado e, sobretudo, um exercício de virtuosismo narrativo. A história mergulha no passado da família Honório Cota, a partir de um velho sobrado que, em sua arquitetura barroca, já corroída pelo tempo, vai revelando o destino de seus moradores. À medida que a narrativa se desenrola, vai se explicando os acontecimentos anteriores e mostrando que, na verdade, são os mortos que comandam essas vidas.

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É SUSTENTÁVEL

RAFA MATTOS Corrente do bem estampa ruas do Recife Por: Vanessa Montenegro Fotos: Danilo Galvão Com o objetivo de propagar o amor, a alegria e a sustentabilidade, o artista gráfico Rafa Mattos iniciou uma corrente do bem usando hashtags como #lixofeliz e #planteamorcolhaobem pelas ruas do Recife. Pintadas em madeiras de demolição, tampos de vidro, restos reaproveitados de obras encontrados, inclusive, no lixo, as frases viraram sua marca registrada, juntamente com o regador estampado com coração. A proposta dele é pintar e deixar a peça onde foi encontrada para que todos possam ver e, quem sabe, serem tocados com o sentimento cravado ali. Rafa conta que tudo começou como catarse. Fez desenhos de corações em caixas de sapatos que estavam jogadas em um poste, recortou e começou a distribuir para amigos. “O amor já era a mensagem que eu queria passar. Daí, o que eu ia encontrando pela rua ia desenhando. E comecei a criar um movimento sustentável próprio. Tudo foi surgindo naturalmente”, explica. A intenção é que o trabalho se mantenha na rua ou alguém pegue a peça e leve para casa. “Eu sei que meu trabalho pode ir para o lixo, o caminhão passar e levar, mas a mensagem certamente será vista por alguém. Gosto da ideia de levar um pedacinho de amor para a casa das pessoas”, diz. Ele não procura pensar no fim comercial do seu trabalho, mas naturalmente estão surgindo encomendas. Foi em setembro de 2012 que o regador começou a ser pincelado. O até então designer e fotógrafo encontrou um pedaço grande de mármore na rua e desenhou sua arte. “Na mesma hora, uma senhora viu, gostou e pediu para levar para casa”, conta. Tudo foi registrado pelo artista, que montou uma historinha e postou na internet já com a hashtag #lixofeliz, que foi compartilhada por muitos. Dessa forma, o movimento se espalhou e hoje está por toda a cidade e pela web.

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planejamento

ADEUS, BAGUNçA! Empresa pernambucana dá dicas para facilitar a organização de roupas e objetos dentro de casa

Por: Edi Souza Fotos: Victor Muzzi

As sócias Dulce de Lucena e Mello e Camila Pragana têm pavor à desorganização. A mania de pôr tudo em seu devido lugar originou há 12 anos a empresa Bye Bye Bagunça, responsável pelo serviço de “gestão residencial”. São técnicas para a arrumação de qualquer espaço dentro de casa, a exemplo de armários, despensas, lavanderias e closets, de modo prático e funcional.

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Os objetos ganham um canto adequado e as roupas uma divisão apropriada, de acordo com o estilo de vida do cliente. Em um closet com 350 peças penduradas, por exemplo, a missão é distribuir os itens que se tem à vista de maneira funcional e coerente. Nada de cabides de vários tipos, gavetas entulhadas ou cores fortes por todos os lados. A palavra de ordem é harmonização. “De um modo geral, a primeira coisa que

fazemos é apresentar sacolas plásticas etiquetadas em ‘descartado’, ‘roupas para lavar’, ‘doação’ e ‘conserto’. É que durante o trabalho verificamos tudo, inclusive funcionamento de zíper, botão pregado entre outros detalhes que o morador não vê”, explica Dulce. A lógica pede roupas separadas por cor, tamanho da manga e estação do ano, entre outras padronizações.


a o l a d o , O c los e t a n t e s da arrumaรง รฃo ; abaixo, ap รณ s .

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planejamento

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Ao lado, as sacolas plásticas etiquetadas ( 1 )

No sentido horário: os frágeis cabides de acrílico são logo substituídos pelos de madeira (2). As embalagens de vestidos longos agora trocadas por outras mais arejadas, a exemplo de caixas transparentes (3). “Na parte de lã, por exemplo, colocamos um plástico a vácuo criado com o próprio aspirador da casa, a fim de garantir espaço no cômodo (4)”, sugere Camila. O trabalho segue com pilhas de camisa ordenadas em fileira única (5).

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planejamento As gavetas estão organizadas apenas com peças íntimas ou roupas de ginástica (6). A atenção segue redobrada na parte do homem. “Respeitamos o que já existe dele para não interferir na rotina. A mulher se adapta mais rápido a essas mudanças”, revela Dulce. A dupla priorizou a fácil visualização de jeans, por ser o item masculino mais utilizado nesta situação. O sapato, virado para trás, sugere praticidade na escolha (7) ao contrário da esposa que prefere analisar cor e estilo do calçado na hora de se arrumar. Num canto à parte, saltos e sandálias dividem espaço com bolsas e nécessaires. “Aqueles utensílios que ela não usa diariamente ficam mais abaixo da visão”, explicam.

Segundo as sócias, o closet não costuma ter maleiro, apenas guarda-roupa. Razão para os arquitetos reservarem a parte de cima do mobiliário para o utensílio. “Deixo as malas próximas de cores semelhantes e bolsas acomodadas em compartimentos de único tom (8)”, explica Dulce. O resultado é a melhora na qualidade de vida de quem não conseguiria achar uma tesourinha de unha sequer, no meio de tanta bagunça.

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Para a sua arrumação...

Bye Bye Bagunça

1 . Comece pelos cabides, uniformizando-os

Fone: (81) 9195-8606 dulce@byebyebagunca.com.br

2. Organize as roupas por cor e estação do ano 3. Nas gavetas, separe peças por categorias de uso 4. Enfileire os calçados

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jardins

Marcelo Kozmhinsky

Terrariums Uma maneira f谩cil e ecologicamente correta de decorar a sua casa

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Agr么nomo e paisagista www.raiplantas.com marckoz@hotmail.com (81) 9146.7721


Os terrários são ecossistemas cultivados em recipientes transparentes, de preferência vidro, que oferecem condições ambientais para que mini jardins se desenvolvam num sistema auto suficiente e que necessitem cuidados mínimos. Assim, as plantas sobrevivem por meio da fotossíntese e as bactérias trabalham ativamente no solo para reciclar os nutrientes existentes na terra ou em consequência de folhas que caem.

Esse tipo de cultivo além de ser uma ótima opção para quem gosta de plantas é ideal para compor ambientes com o verde de uma decoração ecológica e sustentável

f otos : D a n i lo G a lvã o

Para surpresa, notou foi o desenvolvimento de samambaias e gramíneas que brotaram e sobreviveram naquele local, mesmo sem qualquer cuidado de sua parte. A partir deste “incidente”, a manutenção de espécies em recipientes fechados popularizou-se e atualmente, esse sistema é chamado de terrarium ou terrário em português. Esse tipo de cultivo além de ser uma ótima opção para quem gosta de plantas – e não tem tempo de cuidar - é ideal para compor ambientes com o verde de uma decoração ecológica e sustentável.

Durante o dia, quando a temperatura sobe, a água que está na terra evapora e se junta à da transpiração das plantas, formando uma concentração de vapor. Como o recipiente está fechado, o vapor se condensa e forma pequenas gotas que ficam nas paredes do vidro. É aí que a água retorna para irrigar o solo novamente. Nesse sistema, a reposição de água pode ocorrer em intervalos longos.

A

história dos terrariums é muito interessante. O inglês Nathaniel Bagshaw Ward, por volta de 1840, resolveu fazer uma experiência com algumas pupas de borboletas junto a um pouco de terra, dentro de uma caixa de vidro fechada, sob iluminação natural, tudo para observar a metamorfose desses insetos.

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jardins Os terrários transformam-se em pequenos jardins, em vidros hermeticamente fechados ou não. Nos abertos, a reposição de água é necessária com mais frequência, com cuidado para não encharcar a terra. Não devem também levar sol diretamente. Para o cultivo de plantas de habitat úmido, o ideal é optar por pequenas plantas, do tipo tropical, adequadas para ambientes internos que vivem bem com temperatura e umidade altas. Para um ambiente seco, a melhor opção são cactos e suculentas. *As fotos deste artigo foram produzidas na Tidelli Recife.

Os terrários transformam-se em pequenos jardins, sejam eles em vidros hermeticamente fechados ou não

f otos : D a n i lo G a lvã o

Para quem deseja trazer um terrário para dentro de sua casa ou escritório, as páginas a seguir trazem dicas dos arquiteto Alexandre Mesquita, André Carício, André Dantas e Silvana Gondim, além da dupla Zezinho e Turíbio Santos para apresentar cinco possibilidades do uso dos mini jardins confeccionados por Marcelo Kozmhinsky na ambientação.

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Rai Fone: (81) 9146.7721 www.facebook.com/RaiPlantas



f otos : D a n i lo G a lvã o

jardins

Alexandre Mesquita Fone: (81) 3463. 4701 mesquitaita@gmail.com

Jardim interno harmonizado |

Alexandre Mesquita

Foi para harmonizar um cantinho no jardim interno de uma sala de jantar que o arquiteto Alexandre Mesquita fez uso do terrário sobre uma mesa redonda com base em mármore, de desenho do próprio arquiteto. A peça delicada se destaca entre os outros vasos, que ganham vida também com a parede verde e uma aquarela ao fundo. Segundo Mesquita, “a ideia da redoma fechada, como se fosse um aquário, em harmonia com os outros vasos é muito interessante para ambientes fechados”. Ainda dá charme ao espaço uma pequena coluna com luminária art déco original dos anos 1950.

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f otos : L u c a s o l i v e i r a

jardins

André Dantas Fone: (81) 9943.3435 adantas360@gmail.com

Leveza em mesa de jantar |

André Dantas

A mesa de jantar da sala criada por André Dantas, em conjunto com cadeiras offwhite, ganhou ainda mais leveza com o grande terrarium de cerca de 60 cm de diâmetro, que faz contraponto com a luminária rebuscada logo acima. De acordo com o arquiteto, “a proposta dos pequenos ecossistemas é versátil, inteligente, econômica e esteticamente bela, adequando-se a diversos tipos de ambientes”. Para ele, a mesma peça também poderia compor o centro da sala de estar, por exemplo, “não só devido à beleza, mas como forma de trazer para dentro de uma sala de apartamento o conceito de um jardim sustentável”, conclui.

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f otos : D a n i lo G a lvã o

jardins

Silvana Gondim Fone: (81) 3445.3744 asarquit@gmail.com

Praticidade para o dia a dia |

Silvana Gondim

Inspirada na tendência de levar a natureza para dentro de ambientes mais secos e tecnológicos, a arquiteta Silvana Gondim usou o terrarium no home assinado pela Florense. “Com essa vida corrida de hoje, não há nada mais prático que esses pedacinhos de verde para harmonizar os diversos tipos de ambientes internos. A peça não demanda trabalho de manutenção e, nesse caso, ainda remeteu àquela ideia lúdica de arte dentro de garrafa que sempre me fascinou”, explica. O terrário forma o cantinho, próximo ao sofá, com esculturas mexicanas de acervo pessoal sobre mesa com acabamento em laca high gloss vermelha. Os bancos rústicos de tronco de jaqueira foram comprados de um artesão em Aldeia.

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f otos : l u c a s o l i v e i r a

jardins

Santos e Santos Arquitetura Fone: (81) 3081.5900 contato@santosesantosarquiteturacom.br

Objetos em ambiente rico de ideias |

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Zezinho e Turibio Santos

Sobre o aparador de madeira feito por encomenda em Nazaré da Mata, o terrarium é apoiado junto às mais diversas peças de arte e design da sala de reunião projetada pela dupla Zezinho e Turíbio Santos. “A mistura do verde com o vidro é transformada numa escultura viva com total flexibilidade de uso. Tanto poderia estar neste aparador, como numa mesa de canto ou centro”, sugere Turíbio. Já para Zezinho, “ninguém precisa ficar preso numa única ideia para montar um espaço”. Por isso, a sugestão dos dois foi fazer um mix de Kozmhinsky, com a peça e diversas luminárias: a preta desenhada por Borsoi, a vermelha de Philippe Starck e a divertida em forma de fluorescente da Studio Dupla, além da fotografia grande de Paulo Melo Júnior, das menores encontradas na Desenho Design, quadrinhos de borra de café por Ana Kalaydjian, entre outros objetos da Amparo 60.



capa


O NEGÓCIO DELAS É CRIATIVIDADE Por: Edi Souza Fotos: Danilo Galvão / Greg / Lucas Oliveira

J

á se perguntou sobre o que lhe inspira a criar? A resposta veio de 13 mulheres que transformaram a afinidade em decoração, paisagismo, moda, design e fotografia em negócio lucrativo. O ponto de partida delas é a criatividade, atributo indispensável nessa geração de jovens empreendedoras que não se limitam a vender produtos e, sim, ideias.

A estrutura é variada. A maioria se concentra na Zona Norte, em bairros onde o público faz papel de cliente e fã ao mesmo tempo. É assim na loja Chá com Chita, de Amanda Alcântara, na Sinequanon, de Julice Pontual, e na Jardinaria, de Mariana Novaes. Cada uma, a seu estilo, consegue agregar charme em peças que fazem a diferença dentro e fora de casa. No mesmo entorno de Casa Forte, na Av. 17 de Agosto, está o ateliê repleto de calçados estilosos da designer Gabi Fonseca. O Parnamirim abriga a Trocando em Miúdos, de Amanda Braga e Juliane Miranda, e a Calma Monga!, de Gabriela Fiuza. Elas são diferentes no contexto de moda, mas semelhantes em originalidade. Na Monga (como muitos resumem) ainda estão os tênis para lá de incomuns da multi profissional Bárbara Formiga. Seguindo para o Espinheiro surge o ateliê de lingeries coloridas Mimo Calçolas, comandado por Carol Godoy. Mais ao Centro do Recife, Tita de Paula torna-se Dona Jardineira, que aos sábados percorre ruas vendendo flores em sua bicicleta. Com objetivo de ir onde o cliente está, a Reciclo Bikes coleta a bicicleta e faz dela um verdadeiro produto de design. Rotina também flexível para Flora Pimentel e sua fotografia encantadora. Aliás, “encanto”, é palavra de ordem no trabalho de todas elas, que podem ser conferidos nas páginas a seguir, neste especial de Mercado.

Continua

Duas Design Estúdio Zero

www.revistasim.com.br facebook.com/RevistaSIM.br Galeria de Fotos Making of da capa

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capa – MERCADO

AMANDA ALCANTARA Chá com Chita e os tempos da vovó

Chá com Chita Fone: (81) 3267.6662 chacomchita.wordpress.com

Amanda tem 25 anos e é a mais velha de uma família de quatro irmãos. Aos 17, cursava administração e design de moda ao mesmo tempo mas, se não estivesse neste ramo, seria publicitária. Adora se comunicar! Foi numa viagem a São Paulo, em 2007, que surgiu a ideia de lidar com o colorido que hoje forma a sua Chá com Chita, em Casa Forte.

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A loja funciona desde 2008, numa casa erguida há cinco décadas por um professor para sua família. Até hoje eles visitam o lugar, viraram clientes da nova proprietária. O endereço desperta mesmo a memória afetiva das pessoas, com a ajuda de presentinhos e objetos de decoração, coletados com muito garimpo. “Queremos que o consumo aqui aconteça naturalmente, sem imposição”, resume Amanda.

O espaço é cheio de mimos. Toda semana tem novidades em almofadas, vasos, quadros e pequenos móveis vindos de todas as partes. Quem preferir só respirar este clima de casa da vovó, pode sentar na área do chá, próxima ao jardim, e desfrutar sem pressa de comidinhas deliciosas. A especialidade do lugar é o bolo de laranja de Dona Fátima, mãe de Amanda.


Arame decorado A primeira compra da Chá com Chita foi uma peça da artista plástica Ana Morais,

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conhecida como a fada do arame. Ela recicla o material junto com latinhas de refrigerante para originar peças divertidas que podem ser penduradas na parede. O produto dá sempre um toque colorido e interessante a qualquer ambiente.

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3 Almofadas Chá com Chita No começo deste ano entrou em cena a linha própria de almofadas. O tecido em algodão e sarja é tingido com

O chá da tarde

cores vivas, compostas por temas xadrez, estampa ou

Para trazer charme ao lanche da tarde, a sugestão é a

floral. O item está disponível nos modelos quadrado

louça comercializada na loja. Tem para todos os gostos.

ou retangular, sempre bordados com nomes como

O bule e o pratinho da artista paulistana Rina Ammar

felicidade, amor, amizade...

são produzidos com temas românticos e delicados – dando um ar de antigo. A composição continua com bandeja da marca Tecnolo Laser, da xícara da D e D e

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da boleira fabricada pela Corporação de Ofícios.

Mobília Os móveis de madeira espalhados pela loja traduzem o clima de casa da vovó. Alguns foram adquiridos em antiquário para servirem de acervo próprio. Outros estão à venda e são capazes de trazer contexto rústico aos espaços.

Continua www.gastroonline.com.br 51


capa – MERCADO

JULICE PONTUAL Todas as cores na Sinequanon

Sinequanon Fone: (81) 3037.6237 www.sinequanon.art.br/blog

Julice é arquiteta com mestrado em design. Há 15 anos trocou o Piauí, sua terra natal, por Recife, onde concluiu a graduação e seguiu carreira acadêmica. Por aqui, encontrou o nicho ideal para o negócio próprio, em Casa Forte. O apoio veio sempre da família. Tem pai engenheiro, sogro arquiteto e irmão administrador. Em meio a tantas referências, prevalece uma personalidade forte, sempre atenta a novidades.

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Sinequanon quer dizer “imprescindível” em latim. A proposta é atender diferentes estilos, abrigando o clássico e o moderno no mesmo espaço. Há peças assinadas por nomes como Babete Harms, Léo Batistelle e Rita Lessa. “Mas também tem criações próprias. Um dos sucessos foi o revisteiro que assinei e teve grande saída”, conta Julice, que tem preferência declarada por objetos de madeira.

A loja tem de tudo um pouco. Difícil não se encantar com um produto que seja. As opções variam entre objetos funcionais, itens de decoração e até obras de arte. Tudo com bastante cor. Os objetos são produzidos não apenas em Pernambuco, mas em outros estados, expostos de modo nada convencional. “Gosto de testar as diferentes combinações de cor, razão para os objetos estarem bem próximos”, explica.


1 Decoração As almofadas inglesas são recentes na loja. Divertidos, os bichos ganham caracterização de artistas da música como Amy Whinehouse e Elvis Presley.

2 Cerâmica De olho na tendência das pinhas de cerâmica, a loja trouxe opções versáteis e muito elegantes. Podem decorar mesas e aparadores na sala de estar.

3

4

Arte

Madeira

Há um ano, artista plástica mineira Rita Les-

A mesinha Bolacha é feita com madeira de castanheira.

sa tem espaço garantido na loja. Suas telas em

O produto veio do interior do Maranhão e é indicado na

acrílico integram o mix de arte da casa, que

composição de cantinhos criativos.

também conta com exposições temporárias, a exemplo das xilogravuras de Samico.

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capa – MERCADO

MARIANA NOVAES A Jardinaria é ecologicamente correta

Jardinaria Fone: (81) 3266.1184 www.jardinaria.com.br

Mariana adora plantas incomuns – o que pode ser visto na sua loja Jardinaria, em Casa Forte. O lugar foi idealizado por sua mãe, a paisagista Marta de Souza Leão, de olho na carência do mercado verde no Recife. A filha, por sua vez, colocou em prática a formação em design de interiores. Hoje, sabe como poucos indicar qual peça é ideal nas áreas interna e externa. Nessa escolha prefere os objetos vitrificados. E, claro, evita as flores artificiais.

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O endereço é para quem gosta de plantas e seus acessórios. A Jardinaria oferece desde pequenos objetos de cultivo, passando por serviços de manutenção, até projetos paisagísticos completos. Além de um depósito com 250 m2 de área, o lugar possui jardim com peças de acervo próprio e espaço para pequenas oficinas. “Temos um público eclético, porém fiel, que vai entre 18 e 80 anos”, destaca Mariana.

São mais de 300 opções de ofertas entre vasos, cachepots, lanternas, flores e outros produtos relacionados. A intenção é, num futuro breve, expandir como rede de franquias. Hoje, atua com duas unidades, sendo a segunda no bairro de Boa Viagem. Em ambas, uma atmosfera aconchegante e com bastante verde, atraente para quem quer incrementar a composição da casa.


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Xícaras As xícaras de cerâmica servem de suporte para diversos tipos de planta. Seus tons coloridos trazem charme à ambientação de terraços cobertos.

2

Transparência

3

A garrafa de vidro é um adereço fácil de pendurar. Com lâmpada de LED, torna-se uma luminária.

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Para transportar O caixote em MDF é ideal para comportar ou transportar qualquer espécie, inclusive as de caule alto. Ele é feito de encaixes fininhos e flexíveis. Ainda possui acabamento diferenciado com adesivo de tema floral. A intenção é trazer charme e funcionalidade para dentro de casa.

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Jardim No jardim, localizado aos fundos da loja, é possível visualizar plantas e flores cultivados no terreno ao lado. É um lugar para os clientes ficarem à vontade e participarem das oficinas de paisagismo oferecidas por temporada.

Reuso Uma antiga saboneteira de criança transformou-se num recipiente para a comida de passarinhos. A peça em cerâmica é importada, ideal para uso em terraços e varandas.

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capa – MERCADO

TITA de paula Delicadeza nas flores da Dona Jardineira

Dona Jardineira Fone: (81) 9152.1237 www.donajardineira.com.br

“Flores, flores...trim, trim... flores...”, assim ecoa a voz da paisagista Tita de Paula, sábado cedinho, pelas ruas da Zona Norte do Recife, numa bicicleta com garrafinhas customizadas. É o começo de um trajeto repleto de sorrisos. Em cada parada, a venda: “Tem de R$ 10 e de R$ 15, com arranjos prontos e outros para fazer em casa”, explica. A intenção é incentivar a compra, por isso a placa confeccionada por Rafa Mattos anuncia: vende-se flores.

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Este é só um dos trabalhos desta jornalista e publicitária por formação, que hoje atua como Dona Jardineira. O interesse pelo verde surgiu desde os tempos em que a avó lhe dava a tarefa de aguar o jardim, sempre às 16h. “Há oito anos percebi que só colecionava livros de paisagismo, além de ter encomendas de vasos para os amigos”, recorda Tita sobre o momento de transformar um hobby em trabalho, sem deixar de lado o caráter emocional no novo ofício.

A produção divide-se em três linhas de frente: floricultura móvel, serviço de paisagismo e encomendas para eventos. Nestes dois últimos, Tita faz sua intervenção para trazer o verde dentro de ambientes residenciais e comerciais. Seus fornecedores são os mais variados possíveis. Tulipas e orquídeas, por exemplo, vêm de fora da cidade. “Eu gosto de criar volume nos meus arranjos, valorizando-os. É de fato o momento mais prazeroso do trabalho”, revela.


1 Floricultura Móvel A bicicleta foi fornecida pela Locabike, que encontrou o modelo ideal para Tita transportar suas flores pela cidade. O veículo de carga acomoda diferentes espécies, que chamam atenção de homens, mulheres e crianças que querem presentear ou mesmo realçar um canto da casa. Tudo feito com muito carinho.

2 Eventos Há dois anos surgiu a ideia de produzir buquês de casamento e arranjos para eventos. A proposta é artesanal, rica em detalhes, levando em consideração as preferências do cliente. Os de grande saída são crisântemos e rosas, que combinam com muitas ocasiões.

3 Paisagismo A manutenção de plantas em apartamentos ganhou destaque na rotina de Tita. A proposta começou com dicas descompromissadas dos amigos que cultivaram pequenos jardins. Com alguns acessórios ela consegue montar uma atmosfera verde dentro de pequenos espaços.

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capa – MERCADO

FLORA PIMENTEL Sensibilidade em um click

Flora Pimentel Fone: (81) 9900.8549 www.flickr.com/photos/florapimentel

Flora define-se como uma observadora atenta ao movimento que lhe trará a foto inesquecível. Motivo para não desgrudar da câmera que registra desde casamentos refinados até o mais despretensioso gesto na rua. Ao lembrar a primeira referência, quando abandonou engenharia para ser fotógrafa, logo vem à cabeça o seu pai. “Ele desenvolvia alguns trabalhos assim. Brinco que descobri a profissão através do seu olhar”, confessa.

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Aos 18 anos aceitou o primeiro freelance. Tendo passado pela Revista Continente e pelo Jornal do Commercio, hoje, aos 25 anos, experimenta a liberdade criativa. Fecha trabalhos para casamentos, festas infantis, decoração e o que mais lhe desafiar. Em paralelo, utiliza a câmera analógica, para os clicks mais inusitados. “Tenho paixão por filme, além do prazer de ter o resultado revelado e em mãos”, comenta.

“As pessoas que me procuram têm um perfil descolado e alternativo. São arquitetos e publicitários que de alguma forma estão ligados à arte e à economia criativa”, ressalta. Em seu portfólio estão trabalhos anuais como o festival de música Coquetel Molotov. Na maioria das fotos, prevalece o uso da luz natural como algo cheio de contexto.


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Eventos A espontaneidade da criança está representada nesta imagem capturada em festa infantil. Tornou-se um dos seus registros favoritos.

2

Retratos A intenção foi expressar a atitude do repórter do GNT, Caio Braz, para o caderno de suplementos do Jornal do Commercio. A proposta ousou em gestos e movimentos até então inexplorados por Flora.

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Filme A câmera analógica é o principal instrumento para a série desenvolvida com seus avós.

3

Festivais

Traduz a sensibilidade e o afeto do casal.

A foto é do SWU Music & Arts Festival, onde Flora fez parte da equipe do fotógrafo Marcos Hermes, responsável pela cobertura oficial do evento.

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capa – MERCADO

Maria Escorel & Pat Quintella Reciclo Bikes quer dar estilo às pedaladas

Reciclo Bikes Fone: (81) 9519.4050 contato@reciclobikes.com.br

As arquitetas Maria Escorel e Pat Quintella transformaram o talento de restauração e customização em negócio. O ponto de partida são bicicletas, que podem ganhar pinturas e acessórios criativos. As duas moraram na Europa, onde as magrelas são meio de transporte. “Lá, percebemos muitas caracterizações urbanas interessantes pelas ruas”, resume Pat. Aqui, personalizaram as próprias bikes e conquistaram os frequentadores das ciclofaixas.

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A Reciclo Bikes foi criada este ano e vai além da caracterização. Quem preferir, pode deixar o projeto de engrenagem, montagem e layout nas mãos delas. Quando a ideia é ousada, a peça vem de outro país, com garantia de segurança e autenticidade. “Muita gente nos pára e pergunta sobre nossas bikes, interessados num trabalho pouco visto por aqui”, diz Maria. O custo depende do projeto, já que pode ser um detalhe para decorar ou a reformulação completa.

As reformas mais comuns são mudanças de quadro, pintura de corrente e instalação de cestas. Na hora de modificar, levam em consideração o estilo de vida e as preferências do cliente. Ou seja, vale transformar tudo! Por enquanto, as meninas não possuem um ateliê, o contato inicial é feito por telefone ou e-mail.


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Clean O dono desta bike queria uma caracterização que lembrasse o seu carro Tique Thenco – conhecido por seu estilo compacto e moderno. A origem italiana é lembrada nas cores verde, branco e vermelho, presentes na corrente importada. O guidom segue o mesmo conceito, além do selim em couro da marca Brooks, acompanhada por bolsa de ferramentas. O quadro, que passou por uma cromagem resistente à ferrugem, é responsável pelo toque arrojado

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Ousadia

Azul e branco

A Caloi de 1980 é comum nas ruas de São Francisco,

Esta bicicleta era bem conhecida entre as décadas de

Nova York e Londres. Ela é de marcha única, controlada

1960 e 1980. O trabalho de restauração foi essencial

nos pés, como nas bikes de antigamente. A pintura do

para retirar a ferrugem e trazer nova roupagem. As cores

quadro passou por duas etapas até chegar no dourado

claras foram escolhidas junto à cliente, que ainda optou

perfeito, criado fora do catálogo de tintas. O selim é um

por uma cestinha charmosa. À pedido dela, o selim des-

atrativo à parte, com o couro da marca inglesa Kroup.

gastado pelo tempo não foi trocado. A solução foi cobri-lo com um tecido impermeável.

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capa – MERCADO

gabrielA fiUzA Calma Monga!, o público é seu amigo

Calma Monga! Fone: (81) 3031.9275 www.calmamonga.com.br

Gabriela Fiuza sempre se envolveu com arte. Em 2006 partiu para os Estados Unidos onde se aproximou de lugares e profissionais descolados. Por aqui, trouxe essa bagagem de mundo e atuou numa galeria que valorizava o trabalho fotográfico. Base suficiente para expandir as ideias de uma cabeça criativa, de apenas 30 anos. Afinal, já imaginou uma loja chamada “Calma Monga!”?

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O nome faz alusão às duas fases de toda mulher, que tem momentos de diva e outros de fúria. A proposta surgiu há quatro anos no mercado virtual, mas só no ano passado ganhou espaço físico no Parnamirim. Os produtos, além de inusitados, revelam o humor característico da proprietária. “É uma forma de diferenciar o conteúdo, levando em consideração o desejo do cliente de sempre ter algo novo dentro da loja”, adianta Gabriela.

A produção é constante. Inclui bolsas, carteiras, capas de iPhone, mochilas e tudo o que rodeia o design inovador. Na filosofia da Calma Monga! está proibido o uso de matéria-prima de origem animal, por isso acessórios com algodão, couro ecológico e tecido impermeável. Segundo a idealizadora, “é uma forma de ser ecologicamente correto e focar energia na funcionalidade da peça”.


1 Alforje A maletinha presa na sela da bike chama-se alforje. É uma espécie de bolsa para transportar vários objetos. Resistente, o produto pode ser utilizado independente da bicicleta, facilitando a rotina de quem passa o dia inteiro na rua.

2 Bolsas Um dos destaques da loja são, sem dúvida, as bolsas. Toda semana surgem novidades em cores e modelagens criativas. Esta ao lado possui acabamento trançado. Abaixo, lanterna e espelho interno – detalhes que toda mulher adora.

3 Faixas Aramadas A coleção de faixas aramadas foi lançada no começo deste ano. Gabi apelidou de “Renew da Calma Monga!”. “Você coloca na cabeça e rejuvenesce, pelo menos, uns dez anos”, brinca. A intensão é dar um toque descontraído ao look, oferecendo opções de cetim e algodão em padronagens de bolinhas, listras e outros.

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capa – MERCADO

Bárbara Formiga A designer e seu universo nada convencional

Bárbara Formiga Fone: (81) 8829.0901 www.xus.tanlup.com

Bárbara Formiga tem múltiplos talentos: produtora, cantora, estilista, dj e designer. Neste último, navega por áreas de interesse, sem limitar seu processo criativo inspirado em ideias e sensações. “Eu olho para as coisas e mentalmente desenho texturas e padronagens”, revela. Assim, surgiu a linha de tênis ilustrados à mão, ‘xus’. Em seguida, veio a ilustração cheia de possibilidades em paredes, seguido pelas estampas com a loja Calma Monga!.

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Os calçados surgem um a um. O modelo que é preto, pode se tornar azul, ter textura em tecido ou aplicações de outros materiais. “Coisas brancas me inspiram, imagino como poderiam ser diferentes”, adianta. O mesmo acontece com os desenhos criados nas paredes, marcados por uma personalidade forte. “O caráter multidisciplinar do design me permite alinhar o lado intangível, sensitivo e criativo com o pragmatismo necessário para as coisas saírem do plano das ideias”.

Bárbara vende a linha “xus” na Calma Monga! e em sua loja virtual, com distribuição para outras cidades fora do Recife. Quem compra a peça, pode escolher mais de uma cor de cadarço para levar. Já a ilustração em parede pode ser vista nos espaços de Gabriela Fiuza e Gabi Fonseca. Na verdade, seus projetos não surgem num ambiente específico, podem acontecer em qualquer lugar.


1

Xus A tia de Bárbara Formiga coleciona uma série de nomes estranhos. Oriama, Arcoastra, Orionda e outros foram

2

encontrados em livros, jornais e revistas e agora batizam os tênis produzidos pela sobrinha. Inusitados, os chamados ‘xus’ são feitos com sobreposições de tecido e, em alguns, ilustrados com caneta também de tecido.

Ilustração em Gabi Fonseca A grande referência deste trabalho foi o perfil da designer Gabi Fonseca. Seu jeito feminino, angelical e um pouco lúdico também serviu de base para um traço colorido. Foi o único desenho em parede que Bárbara utilizou cor – saindo pelos cabelos da menina borboleta.

3

Furoshiki O furoshiki é uma arte japonesa de embrulho em tecido. Este foi para a coleção oriental do estilista Melk Z-Da, com a ilustração inspirada em origami. É uma peça prática, inusitada e flexível para diferentes usos.

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capa – MERCADO

Gabi fonseca Uma designer de sapatos que adora texturas

Gabi Fonseca Fone: (81) 9401.5885 gabifonsecadesign@gmail.com

Para Gabi, um bom calçado é aquele que chama atenção. Estilo que ela desenvolve desde 2008, quando desenhou pela primeira vez para o estilista Melk Z-Da, com proposta over e conceitual para passarela. “Assim, começaram a me procurar, gerando a comercialização”, pontua a designer de apenas 24 anos. Só em maio do ano passado, ela montou seu ateliê no primeiro andar da Fábbrica 17, em Casa Forte, onde recebe as clientes com horário marcado.

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As coleções mensais surgem a partir de um tema macro lançado no semestre. Todas marcadas pelo couro em diferentes sobreposições. “É impossível utilizar um corte só, pois adoro trabalhar com texturas e formatos desiguais”, completa. O acabamento é em serigrafia ou estamparia de animal. Nos saltos, além de cores vivas e provocantes, há o uso das amarrações que vão até o tornozelo. Sapatilhas e sandálias também ganham charme em múltiplos detalhes.

Suas criações têm referência em livros, viagens, filmes e blogs de moda. Universo dinâmico trazido para o negócio. “Gosto de observar as pessoas e pensar numa linguagem que as atendam de modo atemporal. Minhas clientes são mulheres cultas e atentas em design exclusivo”, conceitua. Para a ideia sair do croqui e ganhar a prateleira, é preciso pelo menos dois meses, com fabricação completa no Rio Grande do Sul.


1

Ruby Moon Seguindo

a

tendência

do anime, Gabi Fonseca explora

as

característi-

ca do personagem Ruby Moon, conhecido por não se preocupar em assumir uma identidade feminina ou masculina. Referência versátil para um salto de couro, textura navalhada à mão e salto metalizado.

Gueixa e Ichigo Cat

2

As produções ecléticas incluem o salto Gueixa. Ele traz referências da era Belle Époque, traduzida em cores e adornos de linhas sinuosas, que mais lembram um leque. Seu acabamento é em debrum francês. Proposta diferente à sapatilha inspirada no anime Tokyo Mew Mew. A personagem Ichigo é uma humana que tem seu DNA fundido com o do Gato-do-Iriomote. O material é de couro bovino e com bordado aplicado, com referência ao gatinho da designer Charlotte Olympia.

3 Clow Reed O criador das cartas do anime Sakura Card Captors dá nome a esta sapatilha cheia de pequenos detalhes. São nove tipos de couro espalhados e costurados manualmente. É colorido confortável e prático de usar.

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capa – MERCADO

Amanda Braga & Juliane Miranda Moda com requinte na Trocando em Miúdos

Trocando em Miúdos Fone: (81) 3269.7766 www.trocandoemmiudos.com

Amanda e Juliane se conheceram no curso de design da UFPE. A amizade se estendeu para a confecção própria de acessórios, criados de modo informal e intuitivo dentro de casa. Não demorou até suas pulseiras, brincos e colares caírem no gosto das amigas, incentivadoras da comercialização. “Quando realizamos um bazar, vimos o potencial desse mercado de moda e criamos, em 2006, a marca Trocando em Miúdos, naquele ano”, lembra Amanda.

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A proposta é ser atemporal e inovadora, sem deixar de lado o estilo jovem das sócias. Não quer dizer que o público é só de meninas, mas também de mulheres de todas as idades. Por isso, os materiais passam por tecidos, pérolas, correntes, cordas e pedrinhas variadas. “Nosso desenho tinha uma inspiração clássica voltada para a cliente de 40 anos. Com o tempo, adequamos essa proposta de olho em um público mais amplo”, explica Juliane.

Pelos menos três coleções são apresentadas durante o ano. As referências surgem do que agrada as empreendedoras, a exemplo das linhas Audrey Hepburn, Turquia e Melk Z-Da. Há dois anos vem ganhando força a produção de acessórios exclusivos para noivas, com destaque em pérolas sobrepostas em ferragens. O serviço pode ser realizado com, pelo menos, dois meses de antecedência ao casamento.


1

Clássico A junção de materiais como metal e pérola atrai as clientes mais clássicas. O estilo elegante ainda é composto por detalhes banhados em ouro velho.

3

clara gouvêa

2

Noivas

Brincos

Entre as possibilidades exclusivas para as noivas estão

A intenção destes brincos da linha Audrey Hepburn é misturar

prendedores de cabelo, voillets e casquetes. Todos eles

os tons de metal e alcançar um estilo inovador. O detalhe em

têm como base uma composição de arame presa direta-

pérola traz combinação sofisticada ao material.

mente na cabeça.

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Para os braços As pulseiras de metal integram a coleção Grandes Clássicos. Elas são costuradas à mão e podem ser usadas por mulheres de todas as idades.

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capa – MERCADO

CAROL GODOY A delicadeza romântica da Mimo Calçolas

Mimo calçolas Fone: (81) 3034.5271 www.mimocalcolas.com.br

A designer Carol Godoy mostra que toda mulher pode ter uma lingerie romântica, sem ser piegas. Assim é a Mimo Calçolas, criada em 2007, quando uma amiga pronta para casar procurava sutiãs e calcinhas diferentes. “A busca era pela sensualidade discreta, combinada com diferentes composições de padronagem e cor”, destaca. Desde então, surgiram clientes fascinadas por um universo autoral. A produção é artesanal e atinge cerca de 300 peças por mês.

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O aprimoramento é constante. Em seu ateliê, no Espinheiro, Carol desenha as peças e acompanha a confecção de pronta entrega. A característica principal é a composição com enfeites, rendas e laços pendurados. “É um produto feito para nos sentir bem, por isso um leve toque de humor e muita criatividade”, detalha Carol, que um dia pensou em cursar direito, mas logo abandonou a ideia para se entregar ao mundo da moda e estudar corte e costura.

As coleções são inspiradas em experiências pessoais, como viagens e gosto por música e cinema. Uma de suas grandes influências é a estilista francesa Coco Chanel. No meio deste universo aparecem acabamentos com tule, tecido plano, renda e laço. A compra pode ser feita com hora marcada no Ateliê da Mimo Calçolas, na webstore ou em lojas como Dona Santa e Refazenda, além de endereços em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.


1 Bolinhas As coleções da Mimo Calçolas atendem mulheres com perfis bem variados. Prova disso são as peças com estampas de bolinha, lançadas no último verão, que trazem um estilo mais divertido se comparado às demais produções.

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Branco Para valorizar o branco, a padronagem desta peça apresenta uma estampa de renda na mesma cor do tecido. A intenção do corte e do tecido é valorizar, principalmente, costas e busto.

3 Matéria-prima Os materiais predominantes são renda, cetim, tule, microfibra e tricoline de algodão. Todas elas compõem o mix voltado para a mulher romântica.

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capa ARTE

nesta página: sertões, de guga pimentel; ao lado: eu por ele e ele por mim (3), de mateus sá

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Tendência em projetos de ambientação e consolidada nas principais galerias de arte do mundo, a fotografia é um dos principais suportes para a criação e a expressão artística na contemporaneidade. No ano de 1837, Louis Daguerre criou o daguerreótipo, um dos primeiros processos fotográficos da história. Por isso, no dia 19 de agosto de 1839, a Academia Francesa de Ciência anunciou o novo invento científico e marcou a data, na qual se comemora o dia mundial da fotografia.

Entretanto, no século XX há uma espécie de pluralidade conceitual, na qual o processo de registro de imagens através da luz transcende a função de apenas registrar e comunicar. Assim, começa a busca por um reconhecimento artístico que ganha força a partir das décadas de 1940 e 1950. Já na atualidade, acredita-se na fotografia enquanto linguagem e estética independentes de outros processos criativos.

CRIAÇÃO FOTOGRÁFICA Linguagem da fotografia ganha dia mundial para ser celebrada Por: Beth Oliveira | Germana Telles


ARTE

A

hierarquia das Sete Artes, proposta no manifesto do italiano Ricciotto Canudo, em 1911, traz a música, a dança, a pintura, a escultura, o teatro, a literatura e o cinema em posições superiores sobre todas as outras expressões culturais. No entanto, questionamentos vêm sendo cada vez mais frequentes nesse início de século: “E a fotografia? Quando ela deixa de ser apenas um registro e passa a integrar o universo artístico?”

Sempre tive uma relação intuitiva com a fotografia. E tudo está ligado com coisas da minha intimidade, com questões que me movimentam como ser humano (Mateus Sá) 74

Para Mateus Sá, fotógrafo e professor da Universidade AESO, as barreiras e classificações do que é ou não é arte estão cada vez mais indefinidas na produção fotográfica contemporânea. “Tudo vai depender da proposta do autor, do meio onde ele está inserido e, principalmente, da condução do olhar, a partir do material que ele tem. Fotos que ilustram hoje as páginas dos jornais podem reaparecer em galerias de arte amanhã”, pontua.

Mateus lança o exemplo da fotógrafa Rosângela Rennó, que reuniu fotos de família, ampliou e criou um mosaico. “Aquele material foi reordenado, se encheu de sentido, passou a fazer parte de um conceito e foi considerado arte. Antes, guardadas no álbum, eram apenas fotos de família”, diz.

nesta página: minha vida como num filme (1) e na página ao lado, pá de cal (3), ambas de mateus sá



ARTE Eduardo Queiroga, fotógrafo e doutorando em Comunicação pela UFPE, reconhece que há divergências, mas ressalta que as fronteiras são muito sutis. “Um artista já foi valorizado pela destreza em conseguir retratar com fidelidade a natureza. Hoje ninguém espera apenas isso, seu valor foi deslocado de uma reprodução do mundo para a criação de um mundo próprio, não é verdade?”, questiona. Ainda sobre o processo de criação, Queiroga salienta: uma fotografia pode ter a função de registrar algo, mas não se pode nunca pensar nesse aspecto de forma objetiva, não mediada. “Alguns trabalhos começam de maneira intuitiva e até inconsciente. O processo criativo é formado não apenas pelas vontades do autor. Contam também o acaso, os erros, os limites físicos e financeiros, as referências externas. Uma simples conversa com um amigo pode desviar o rumo de uma produção. Assim como as características dos materiais envolvidos, das pessoas, dos espaços, podem reconduzir uma ideia para outra coisa”, explica.

Um artista já foi valorizado pela destreza em conseguir retratar com fidelidade a natureza. Hoje ninguém espera apenas isso, seu valor foi deslocado

(Eduardo Queiroga)

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no alto, sobreposições; abaixo e na página ao lado: parteiras, de eduardo queiroga



ARTE Guga Pimentel, fotógrafo que se dedica a registrar o cotidiano, como a vida do sertanejo e o trabalho artesanal dos pescadores do Pina, diz que a arte é muito abrangente e complexa e não cabe numa definição. “A natureza, por si, é uma obra de arte. A fotografia é uma ferramenta a serviço da arte. Ela a reproduz e nem sempre é intencional. Meu trabalho no Sertão foi cheio de experiências que me mostraram isso. A vivência com o sertanejo me fez conhecer aquele mundo, o modo de vida, e entender a importância de cada momento. Isso me fez buscar a luz certa, o tom certo para documentar. A arte já estava lá. A foto foi um registro disso”, reforça. Guga também exemplifica covos empilhados, prontos para a pesca, à beira do cais. “Quando você sai para o mar com os pescadores, você entende melhor tudo que os cerca e a dimensão de cada coisa. Então, os covos empilhados ganham um sentido e passam a ser o objeto perfeito para a foto. É mais um registro de uma performance natural, que pode ser vista como arte”, completa.

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A fotografia é uma ferramenta a serviço da arte. Ela a reproduz e nem sempre é intencional (Guga Pimentel)



ARTE “Fotografia é arte o tempo todo e na arte tudo é possível”, diz o fotógrafo, jornalista e curador do Museu da Imaginação (SP), Ricardo Peixoto. Partindo desse princípio, não importa se o resultado de um trabalho é uma foto 3x4 ou uma imagem com interferências. Para Ricardo, a avaliação de uma foto como obra artística passa pelo impacto que causa. A fotografia trabalha o real e o irreal e não há como dizer o que é certo ou errado, já que, segundo ele, todos os conceitos antigos foram quebrados. “O processo de criação é livre, mas o artista não tem o domínio da obra. Quando é exposta, ela passa a ser patrimônio do mundo. As pessoas podem aceitar ou não. Colagens, construções, interferências, sempre existiram. Como se recebe, como isso vai tocar alguém é que fará a diferença”, encerra. Vivendo em constante experimentação, o artista plástico Roberto Lúcio faz da fotografia parceira dos seus trabalhos e diz que a liberdade de criar é o melhor caminho para a arte e que não se prende aos padrões do que é ou não a arte. “Arte é tudo o que eu e você queremos que seja arte. Uma foto não precisa da predominância de traços específicos para ser arte. Cada um tem uma maneira de interpretar. O ponto de partida é a vida”.

retratos analógicos (1), de mateus sá

sobreposições, de eduardo queiroga

Mateus Sá Fone: (81) 9212.0357 Eduardo Queiroga Fone: (81) 8785.6207 Guga Pimentel Fone: (81) 8737.1054 Ricardo Peixoto Fone: (83) 8704.2019 Roberto Lúcio Fone: (81) 9978.5059

Continua www.revistasim.com.br 80

acima e na página ao lado: Sertões, de guga pimentel



ARTE

PARA IMPRIMIR COM TECNOLOGIA

H

á cinco anos no Recife, o Atelier de Impressão oferece equipamentos e procedimentos de alta qualidade. Sob o comando dos sócios Clicio Barroso, Fernando Neves e Gustavo Bettini, o laboratório atrai fotógrafos e artistas que primam por uma impressão certificada pela marca francesa Canson.

O sistema é rigoso e atende a regras para garantir o padrão. Entre os requisitos que compõem o espaço, a parede é cinza neutro para não interferir na percepção. As lâmpadas são brancas, para ter melhor visualização, e têm emissão de luz regular; os monitores são calibrados a cada 15 dias para adequar a visualização das cores; a cartela de tons é enorme e há o controle da umidade no ambiente. O tempo de cura para que a tinta se fixe ao papel também é outro segredo do laboratório que segue todas as especificações necessárias. Segundo Bettini, o fotógrafo sente necessidade de acompanhar o trabalho. “Por isso, tudo começa desde quando ele pensou até a hora da impressão. Como ele se dedica, ele quer a segurança de que vai ser bem feito e vai conseguir o resultado esperado. Então, a gente vai discutindo e ajustando na pré impressão”, comenta. Para Neves, “depois do click, tem um grande processo até a materialização e a forma de guardar da fotografia”, argumenta.

Atelier da Impressão Fone: (81) 3424.1310 www.atelierdeimpressao.com.br

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Ao estilo rock’n’roll Underground Sport Bar do Recife apresenta ambientação jovem e moderna, com projeto de Diogo Viana Por: Edi Souza Fotos: Victor Muzzi Ao chegar no Underground o cliente logo percebe a atmosfera descolada do lugar, que reconstitui a entrada do metrô de Londres e seu acesso subterrâneo. Bastam alguns degraus abaixo da Av. Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, para o visitante notar uma partida de sinuca embalada por rock’n’roll e jarras de chopp ao estilo típico de sport bar inglês. O conceito, viabilizado pelo arquiteto Diogo Viana, foi adaptado de acordo com a necessidade dos empreendedores que desejavam um ambiente convidativo. O projeto manteve a construção original do antigo prédio caixão, garantindo as bases do novo lugar. Em seguida, trabalhou-se o revestimento e a circulação de pessoas, de olho nas características comuns a um pub londrino. O tijolo aparente e as grandes mesas de madeira, desenhadas pelo escritório de arquitetura, são complementadas pelo verde musgo das paredes e da cor vinho dos estofados, compondo o estilo viking comum das tabernas tradicionais do Reino Unido. “Essa proposta é muito flexível, pois atende quem está em grupo ou sozinho. Por isso, também colocamos um extenso balcão de atendimento na área do bar”, explica Diogo. De qualquer canto da casa é possível visualizar os telões distribuídos nas colunas, com programação sintonizada em campeonatos nacionais e internacionais.

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m a r i pat r iota | Di v u lg a ç ã o

projetos



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O esporte ganha posição de destaque, através de dardos e mesas de sinuca montadas num espaço de contexto urbano. “Quis inserir a arte de rua. Assim, entra a parceria com a Nuvem Produções trazendo os artistas que desenharam na parede sob tema livre, mas na essência do Uderground”, adianta o arquiteto. Nando Zevê criou sereia, peixe e estêncil. Raoni Assis fez os ratinhos, uma cabine telefônica e um dos guardas reais. Já Krysna Nóbrega esboçou os Beatles e ilustrou uns peixinhos.

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Em meio a quadros de temas inusitados, sendo a maioria voltada para a cultura musical, está a imponente moto inglesa BSA, de um apreciador que tem mais de 50 motocicletas conservadas. A Harley Davidson também cedeu alguns objetos, que podem ser observados com o realce de lâmpadas e spots aproveitados da estrutura anterior. “Foi uma obra bastante rápida, mas bem executada dentro de um prazo curto. Os detalhes alcançam também a área externa, onde a ideia é manter lambe-lambes como os produzidos pelo designer gráfico Eduardo Gaudêncio”, resume Diogo. Ao todo são 250 m2 de área com capacidade para acomodar, pelo menos, 260 pessoas sentadas.

Diogo Viana Fone: (81) 3325.3253 www.diogoviana.com.br

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UM POUCO DO BRASIL NA antártiCa

Tendo a brasilidade como ponto de partida, o arquiteto pernambucano Ricardo Pessoa de Melo celebra a conquista da Menção Honrosa no Concurso Estação Antártica Comandante Ferraz

Por: Germana Telles Fotos: Lucas Oliveira | Divulgação 90


Ricardo, que é secretário-geral do IAB-PE,

que optaram pela linearidade. Foram

porta diferente por lá. Escolhemos

conta que o projeto nasceu da parceria

aproximadamente 60 dias de extensa

estruturas de gomos de alumínio (com

entre o seu escritório (MVRF Arquitetura)

pesquisa para chegar a uma estação

pouca deformidade, muita leveza e

e o escritório espanhol GAA Barcelona –

com desenho e aporte tecnológico

maleabilidade) e madeira prensada.

através da intermediação da arquiteta e

extremamente avançados.

Também trabalhamos com chapas

urbanista Flávia Pessoa de Melo.

de titânio, que é um material que se O clima extremo e a longínqua e isolada

adapta bem às diferenciações cli-

A ideia da estrutura com blocos circu-

situação geográfica foram determinan-

máticas e suporta bem a estrutura”,

lares destacou-se entre outros projetos

tes. “O aço, o concreto, tudo se com-

explica o arquiteto.

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ESTRUTURA DO FECHAMENTO EM MADEIRA LAMINADA COLADA AUTOPORTANTE ÚNICA PEÇA QUE SE REPETE TAMANHO FÁCIL DE TRANSPORTAR SERVE DE ESQUELETO PARA FIXAR A PELE ISOLANTE AGE COMO UMA CÚPULA DESCANSANDO SOBRE A ESTRUTURA 2 RESISTENTE AO FOGO ESTRUTURA INTERIOR LEVE DE ALUMÍNIO CONSTRUÇÃO APARAFUSADA RADIAL SISTEMÁTICA TRANSPORTE FÁCIL NÃO PRECISA DE MÁQUINAS ESPECIAIS NEM GUINDASTES SUPORTA SOLOS LEVES DE MADEIRA ESTRUTURA DE BASE DE AÇO GALVANIZADO DISTRIBUIÇÃO DE CARGA EM POUCOS PONTOS COM GEOMETRIAS INCLINADAS PARA ABSORVER AS CARGAS HORIZONTAIS DOS FORTES VENTOS CONSTRUÇÃO APARAFUSADA PERFIS RETANGULARES E CILÍNDRICOS FECHADOS FORMA A BASE DE SUPORTE PARA AS ESTRUTURAS 3 E 4 CONSIDERA-SE EXTERIOR E PROTEGIDA FRENTE OS INCÊNDIOS ANCORAGEM NO TERRENO COM MICRO ESTACAS DE TITÂNIO INTERVENÇÃO MÍNIMA NO TERRENO NATURAL PROTEGIDO

4

4

3

3

2

2

1 1

Ainda segundo Ricardo, a forma esférica

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O projeto propõe, ainda, um espaço

apresenta características mais apropria-

central polivalente no setor social, con-

das para controlar a transmissão do ca-

centrando a circulação, renovação do ar

lor, resistindo muito bem estruturalmen-

interior e iluminação natural, além de fun-

te e arodinamicamente frente aos fortes

cionar como uma espécie de praça, lugar

ventos e à neve da Antártica. O conjunto

de encontros e integração. “Esse aspecto

da estação também se projetou com

também remete à brasilidade, trazendo a

critérios para a máxima autosuficiência

inspiração nas tribos indígenas. Deixamos

e sustentabilidade energética, utilizando

impressa a nossa marca, inovamos, ofe-

fontes naturais renováveis (fotovoltaica,

recendo conforto e segurança, num lugar

solar, térmica e eólica).

inóspito”, conclui o arquiteto.

MVRF Arquitetura www.mvrfarquitetura.com.br



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vezes delícias Chefs apresentam a estética perfeita de sua gastronomia

Por: Edi Souza Fotos: Danilo Galvão

O encontro das chefs Danielle Cantanhêde, Karyna Maranhão e Miau Caldas poderia ser comparado ao que a Mitologia Grega chama de “Deusas da Felicidade”, com três mulheres diferentes ligadas ao que provoca encantamento. É assim na gastronomia deste trio convidado pela SIM!, que não poupa criações saborosas marcadas por detalhe estético e, claro, toque feminino condizente à personalidade de cada uma.

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Duas etapas nortearam este ‘Delícias’. A primeira foi a do preparo individual, seguido pelo desafio de construir em conjunto. “A produção em grupo é sempre tranquila, pois uma auxilia a outra naquilo que tem mais afinidade. Neste caso, aproveitamos que Miau viajou pra testar outra espécie de camarão para cada uma fazer a sua versão do crustáceo, sem perder a ideia de encontro e harmonia”, adianta Karyna, referindo-se aos suculentos camarões da Malásia, cultivados por um produtor de Alhandra/PB.

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delícias

Danielle Cantanhêde Fone: (81) 9855.4172 dany_vasconcelos@hotmail.com

Danielle traz na bagagem a graduação em moda e a experiência administrativa em restaurantes do Recife. “Sempre consigo transferir um pouco da minha primeira formação para a atual, pois costumo desenhar e rabiscar bastante antes de levar em frente algumas criações na cozinha”, explica. De entrada, a escolha foi o salmão defumado com purê de ervilha e farofinha de pistache decorado por pétalas de flor e casquinha de harumaki. Para a fase seguinte, a proposta foi exibir ao máximo o camarão robusto vindo da Paraíba, utilizando-o inteiro dentro de uma taça. “Quis mostrar bem suas patas valorizadas com purê cítrico de tangerina e farofa de pistache. Minha inspiração foi mesmo a arquitetura e suas formas sinuosas. As cores, costumo escolhê-las naturalmente, daquilo que pode agradar aos olhos”, confessa.

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Enquanto isso, Karyna apresenta a lagosta grelhada com purê de bisque e maçã confitada, exposta numa panelinha amarela. “Utilizei a fruta porque estamos nessa expectativa do verão, querendo algo mais fresco. Minhas produções têm sempre algo feminino, montado com certa delicadeza”, resume. Durante os preparos, a chef ainda revela que, se não enveredasse pela gastronomia, seria decoradora.

Karyna Maranhão Fone: (81) 9835.0003 karynamaranhao_@hotmail.com

A vocação dos sonhos se materializa no prato coletivo representado pelo purê de bisque de camarão, com borda de amêndoas, coco, teia de batata, flor de sal e ervas. “Como tivemos liberdade para criar, pensamos nessa distribuição em tamanhos diferentes formando um único prato”, defende. Para tudo sair perfeito, a amizade de cinco anos contou a favor. “Se não ficamos juntas realizando consultorias, estamos em jantares de amigos. Assim, passamos muito tempo unidas trocando ideias. Miau é boa no que diz respeito à fritura e Dani é ótima em doces, então uma salva a outra cultivando a parceria”, completa.

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Para Miau, que é uma paulistana com descendência italiana, espanhola e pernambucana, a mistura de sabores e estilos é essencial. Seu jeito provocativo transparece na horta de legumes, brotos e cogumelos feito com terra comestível de azeitona preta, linhaça e pão preto. “Quando o comensal se depara com algo assim, ele tem ao menos a curiosidade de saber o que é. Por isso, apostei nas cores do shimeji, broto de ervilha, cenourinha e maxixe”, argumenta. Na etapa em conjunto, a proposta foi sucinta. “Usei o crustáceo fresco para deixá-lo no formato de trouxinha. Achatei e fiz um paillard recheado. Ele pega essa estrutura fechada durante o cozimento”. A decoração ganha vida pela borda da taça, preenchida também com a hortinha. “Costumo dizer que minha pegada é a lida movimentada da cozinha. Venho absorvendo a parte de confecção e montagem de mesa a partir das meninas, que me completam muito bem”, finaliza Miau.

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Miau Caldas Fone: (81) 9706.8516 miaucaldas@hotmail.com




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