Hiperidrose
Constrangimento e incômodo de suar demais pode ter fim A hiperidrose essencial ou primária caracteriza-se por sudorese excessiva, além da requerida para as necessidades termoreguladoras do organismo.
Ocorre predominantemente nas mãos, axilas e pés, onde têm caráter simétrico, podendo também, se manifestar na região do crânio e face, eventualmente associado a rubor facial. Não se conhece exatamente o mecanismo que a determina, admitindo-se que haja estimulação do sistema nervoso simpático em nível central nesses pacientes. Pode surgir desde a infância, porém manifesta-se com maior intensidade na adolescência, fase da vida em que há grande instabilidade psíquica, pois o paciente, devido à crise endocrinológica própria desse período transicional, apresenta maturação hormonal e sexual. A hiperidrose palmar, na grande maioria dos casos, reveste-se de maior importância clínica do que a plantar ou axilar, criando problemas nas esferas educacional, social, profissional e afetiva de extrema importância, agravando as alterações de personalidade já existentes nesses pacientes. Assim, esses indivíduos molham todas as estruturas que tocam, dificultando a escrita, a leitura e as atividades escolares de uma maneira geral. Do ponto de vista social e afetivo, estes pacientes se retraem, evitando apertos de mãos e participar de festas, dançar e namorar; costumam utilizar, quase permanentemente, lenços nas mãos para poder secá-las. Profissionalmente, a hiperidrose palmar pode incapacitá-los para exercer trabalhos em vários campos da atividade humana. Algumas atividades podem se tornar perigosas nessa circunstância, como, por exemplo, pacientes que lidam com materiais elétricos e/ou equipamentos eletrônicos. A hiperidrose axilar também pode causar embaraços sociais ao paciente, pois o suor escorre pelo corpo, molhando e danificando as roupas. A situação pode ficar ainda mais constrangedora quando está associado o mau odor, condição chamada de bromidrose, que é causada pela proliferação de bactérias em meio a células descamadas no ambiente úmido propiciado pela hiperidrose.
A hiperidrose crânio-facial pode se constituir em manifestação constrangedora tanto social, como profissionalmente, pois dá a impressão, ao interlocutor, de sensação de insegurança. O tratamento clínico pode ser tentado em casos de hiperidrose moderada; requer a adesão constante do paciente, pois seus resultados são temporários e, geralmente, pouco efetivos. O tratamento tópico com sais de alumínio, o cloreto e o cloridrato e o uso de toxina botulínica são os tratamentos clínicos mais comuns para hiperidrose. Nos casos de hiperidrose primária acentuada, somente o tratamento cirúrgico fornece resultados mais consistentes e duradouros. Nos últimos anos, o tratamento cirúrgico ganhou grande importância, devido ao elevado índice de satisfação e segurança do procedimento. Trata-se da Simpatectomia Torácica por Vídeo, que é um procedimento realizado sob anestesia geral, onde são realizadas duas pequenas incisões no tórax em região axilar, utilizadas para introdução de pinças e sistema de ótica. Nessa cirurgia pode ser realizada a secção ou clipagem (aplicação de clip de metal) sobre a cadeia simpática torácica, localizada na região posterior e alta da cavidade torácica. Os melhores resultados em termos de satisfação são verificados no tratamento da hiperidrose palmar. Como se trata de procedimento cirúrgico com anestesia geral, algumas complicações, embora infrequentes podem acontecer e o paciente deve ser orientado previamente, para decidir com acerto se deseja ou não realizar o procedimento. Como se viu, a hiperidrose pode causar grande sofrimento psicológico. mas as formas localizadas podem ser tratadas cirurgicamente, com segurança e baixos riscos, A realização dessa cirurgia costuma ser bastante gratificante para o cirurgião com excelentes resultados a longo prazo e elevada satisfação do paciente. Fonte: 1. Campos, José Ribas Milanez de; Kauffman, Paulo. Simpatectomia Torácica: Indicações e Cuidados. Livro virtual de Cirurgia Torácica. SBCT, Livro 01 - Tópicos de atualização em cirurgia torácica. Disponível em <http://www.sbct.org.br/pdf/livro_virtual/simpatectomia_toracica.pdf>. Acesso em 15/05/2015. 2. Furian, Marcos Bessa. Complicações da Simpatectomia. Livro virtual de Cirurgia Torácica. SBCT, Livro 01 - Tópicos de atualização em cirurgia torácica. Disponível em <http://www.sbct.org.br/pdf/livro_virtual/complicacoes_simpatectomia.pdf>. Acesso em 15/05/2015. 3. Kang, D W W; Campos, J R M; Loureiro, M P; Furian, M B; Costa, M G, Coelho M S; Lyra R M. Diretrizes para a Prevenção, Diagnóstico e Manejo da Hiperidrose compensatória. Livro virtual de Cirurgia Torácica. SBCT, Livro 01 - Tópicos de atualização em cirurgia torácica. Disponível em <http://www.sbct.org.br/pdf/livro_virtual/diretrizes_diag_man_prev_hiperidrose_compensatoria.pdf>. Acesso em 15/05/2015.
Dr. Jackson Erasmo Fuck
CRM/PR 21518
Cirurgia Torácica - RQE 13349 | Medicina Intensiva - RQE 18011
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