Sala de Arquitetos - Edição 48

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2022/ED48 MAGAZINE SALA DE ARQUITETOS I ED48/2022

Daniel Vergani Pontalti, Do trabalho para o bar. 10 | Akemi Wypyszynski Inamoto, Bosque urbano. 12

Adriane Karkow, Cores (e ares) de descanso. 16 | Elisangela Selau, Alegria em terracota. 22

Catia Giachelim, Espera sem tédio, 28 | Adriane Cesa, Boas-vindas gourmet. 32

Clarissa Zanatta, Grandes planos para integrar. 40 | Suelen Miglioranza, Casa cheia ou só nós dois. 42

Silvana Garcez, Alto impacto desde a entrada. 46 | Daiana Balestro, Uma casinha incrustada na montanha. 60

Bruna Rossi, Há calor no consultório odontológico. 62 | Bianca Mattana, Marido clássico, mulher contemporânea. 70

Cesar Sehbe Golin, Adaptabilidade, um clássico da infância. 78 | Larissa Kanopp, Vida leve a dois. 82

Camila Sirtori e Gabriela Lampert, Contemporaneidade e diversão em escola tradicional. 90

Andressa Barroso, Sonho de lutadora. 96

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HALL +ED48
Flávia Junges Eficiência André Rigoni e Tatiana Biffi Luxo, na vista e no interior O cotidiano e as ocasiões especiais De consumidor a produtor de energia O garimpo na Barragem do Salto Cabana | 92 Jantar, estar, cozinha e gourmet | 98 Energia solar | 56 Ale Mosna Felipe Gargioni Clima de campo, vista para o haras Design autoral e outras peças assinadas Cozinha, Jantar e Living | 50 Gourmet, jantar e suíte | 102 Estar, Jantar e Cozinha | 86 Arquitetura para cães e gatos Olha quem está metendo o focinho na reunião de briefing Mercado PET | 66 Mégui dal Bó Um loft para uma grande estreia: morar sozinho Cozinha, sala e quarto | 80 Meu Lugar Gabriela Meletti e Grasiele Forini Paulo Bertussi As coleções de memórias de Vanessa Reiriz O conforto do lado de fora O que o consumidor de design quer Perfil | 54 Pátio, quiosque e piscina | 36 Entrevista | 74 Cristiane Pinto Clássicos da beleza Consultório Dermatológico | 26
Saymon Dall Alba

Vinte e cinco anos é muito tempo. Na vida profissional, é suficiente para estrear no mercado com o diploma na mão. No casamento, as bodas de prata comemoram a estabilidade e, na maioria das vezes, os filhos bem encaminhados. Para uma entidade como a Sala de Arquitetos, é momento de comemorar, sim, a maturidade institucional. Mas também de olhar para o passado e para o agora com espírito de renovação. Porque, como na própria arquitetura, é a atualização e a preocupação em estarmos alinhados ao nosso tempo que nos garante vida longa. Sem essa reflexão, a falsa estabilidade que os anos de história nos dão pode nos manter acomodados, nos fazer obsoletos e colocar em risco a real utilidade de estarmos juntos.

A preparação para as comemorações dos 25 anos da Sala de Arquitetos, em 2023, já começou com a proposta de “olhar-se no espelho” e com o exercício de sentir-se voltando ao marco zero: “e, se estivéssemos montando uma Sala de Arquitetos hoje, o que desejaríamos como coletivo?”. Recentemente, reunimos nossos associados para um momento diferente das nossas reuniões mensais, dos nossos eventos em marcas apoiadoras, dos workshops. Fomos convidados a refletir sobre os entraves, os desafios e os anseios da profissão de arquiteto. Com cada um fazendo a lista a partir da sua própria experiência, colocamos nossas dores no papel. Vê-las assim – tão presentes, mas nunca escritas, ouvidas ou refletidas – nos fez perceber que sofremos, no conjunto, dos mesmos males. E isso nos fortalece como grupo.

Qualquer arquiteto ficaria realizado se, em uma obra, cada problema lhe fosse entregue com pelo menos uma proposta

de solução. E no nosso encontro, de tarde inteira, fizemos exatamente isso: listamos alternativas para cada desafio, da valorização da profissão à qualificação de mão de obra.

O resultado não é um manual definitivo do fazer em arquitetura nem um remédio para cada uma das nossas dores. No entanto, é a base para um trabalho que, a partir das nossos incômodos particulares (que se provaram não ser tão particulares assim), vai definir os rumos da Sala de Arquitetos. Essa matriz que definirá quem somos, hoje, também vai pautar o que faremos daqui por diante. Poderemos dedicar o tempo de planejamento e de execução – dessa diretoria e daquelas que virão – a ações que são verdadeiramente fundamentais para o coletivo. Porque uma associação não é uma terceira personalidade, acima ou alheia aos membros que a compõem: é a soma de cada um, com suas demandas e suas contribuições.

O Magazine que você tem em mãos é um bom recorte de quem somos. Mas é uma amostra: somos muitos mais, fazemos muito mais, queremos muito mais. O ano que se encerra em breve também marca o nosso esforço em nos mantermos unidos e os resultados que a força do coletivo – o networking, o relacionamento com o mercado, os encontros de aperfeiçoamento, etc – tem sobre o nosso trabalho individual. Que venha 2023, cheio de desafios (nunca é fácil), e nos encontre juntos e firmes para enfrentar cada um deles, em um ano especialmente motivador pelo marco que alcançamos como instituição.

Boa leitura!

Presidente: Gabriela Meletti Vice-presidente: André Rigoni

1º Secretário: Enio Stumpf

2ª Secretária: Flávia Junges

1ª Tesoureira: Ale Mosna

2ª Tesoureira: Andressa Barroso Comissão de Comunicação e Marketing: Bruna Rossi e Grasiele Forini

CIC Caxias do Sul Rua Ítalo Victor Bersani, 1134

Comissão editorial: Grasiele Forini e Gabriela Meletti Fotografia: Fábio Grison e Guilherme Jordani Redação, entrevistas e edição: TXT Conteúdo Jornalista Responsável: Marcelo Aramis (MTB 20387) Projeto editorial e produção: TXT Conteúdo

CAPA: Projeto ARQ. Gabriela Meletti e Grasiele Forini Foto: Guilherme Jordani

Impressão: Editora São Miguel Tiragem: 2.500 exemplares EDIÇÃO 48 | Dezembro/2022

Anuncie! secretaria@saladearquitetos.com.br 54 99657.0077

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Gestão 2022/2023
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NOTAS

Problemas individuais, soluções coletivas

Os associados da Sala de Arquitetos tiveram a oportunidade de ouvir o estrategista Eduardo Pandolfo falar sobre como criar uma visão de futuro e unir inovação e negócios.

O Encontro de Imersão Estratégica, realizado no fim de outubro, contou com a mediação da Vital Consultoria de Negócios. Ele foi direcionado a como conceber uma estratégia eficaz na solução dos problemas comuns no dia a dia dos Arquitetos, relacionados principalmente à mão-de-obra, fornecedores e prazos, tudo isso alinhado aos anseios de crescimento, tanto individual, quanto da categoria profissional e da entidade.

A reflexão sobre os desafios individuais dos escritórios de arquitetura também é base para realinhar as ações coletivas da Sala de Arquitetos. Colocar no papel essas manifestações vai ajudar a associação a dedicar seus esforços para estratégias que atendam as dores dos seus associados. Eduardo Pandolfo é conferencista em eventos ligados às transformações dos negócios na era digital e das profissões do futuro em organizações como Incubadora Tecnológica UCS, Sindipetro, Senac, Conselho da Mulher CIC Caxias, AANERGS, entre outras.

Novo site

O site da Sala de Arquitetos está de cara nova! Uma das vitrines para os nossos arquitetos, a página atualizou seu layout, reorganizou conteúdo e está mais dinâmica, objetiva e adequada ao formato responsivo. Visite!

Em outubro, alunos de Arquitetura da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) estiveram reunidos com associados da Sala de Arquitetos no primeiro bate-papo do Projeto Sala na Sala de Aula. O encontro ocorreu durante a Semana Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo promovida pela instituição.

O Sala na Sala de Aula se destina principalmente a estudantes que estejam em processo de conclusão do curso, oferecendo-lhes a oportunidade de conversar com quem já vive os desafios diários e inerentes, saboreia as conquistas e sente as dores do exercício da profissão.

Diploma na mão, e agora? Como resposta a esse dilema, o projeto quer mostrar que, embora não exista uma fórmula pronta para o sucesso profissional, as experiências veteranas podem auxiliar no desenvolvimento da carreira e servir como referência para as escolhas que a profissão vai propor a cada novo arquiteto.

A Sala de Arquitetos comemora em 2023 os seus 25 anos de fundação. Para celebrar o ano de prata, a diretoria está preparando um calendário de eventos especiais e uma edição comemorativa do Magazine. Aguarde!

Comunicação, produtividade e cultura dos escritórios, estratégias de crescimento para 2023. Foi ao redor desses tópicos que girou o bate-papo que reuniu associados do Sala de Arquitetos em agosto.

O evento foi conduzido por Fabíola Saretta, que tem mais de 15 anos de experiência no gerenciamento estratégico de grupos empresariais de grande atuação e destaque em Caxias do Sul e região.

O encontro também instigou os profissionais a refletirem sobre os desafios que se já se apresentam e os que virão num futuro muito breve, num mundo em constante transformação.

Abordagens sobre como se posicionar estrategicamente diante da inovação, dos novos formatos de trabalho e das interações sociais, ao mesmo tempo em que também estão em pauta discussões sobre sustentabilidade e a retomada da humanização dos processos.

Fabíola é membro do Comitê Estratégico no Inova RS e docente na FGV - CEEM.

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Estratégias para crescer 25 anos Inspiração aos alunos

FIM DO

É HAPPY HOUR

Quem já esteve em um bom pub sabe que a qualidade do lugar não se mede em metros quadrados. E não estamos falando dos parâmetros essenciais, o cardápio e o atendimento, mas de como o espaço te acolhe. Um bom pub deve ser aconchegante, ter uma decoração interessante e oferecer facilidade para circular e enxergar as pessoas. O casal dono deste apartamento queria tudo isso em seu living pensado para transformar a hora de chegar do trabalho em happy hour. E desejava um clima de pub também.

Uma ilha, a pedido dos clientes, determinou a organização de toda a área. O tamanho menor do que as ilhas tradicionais possibilitou a passagem pelos dois lados do móvel. Sobre ele, uma estrutura em metal – vazada para manter a transparência do ambiente – preserva os espaços, inclusive na área de suporte, com barras de MDF na função de apoiar a decoração e imprimir um desenho de sombras sobre a bancada. A moldura segue até a parede que divide a área de serviço da planta original. Nesse encontro, a proposta de leveza é mantida pela cristaleira

em vidro nas duas faces, ao lado de uma adega criada com blocos de concreto. A estrutura marca um eixo para o ambiente e dá legibilidade à circulação, que ganhou ainda outros recursos para parecer mais amplo.

A sacada da planta original foi integrada ao living. O espaço criado em frente à janela é ocupado por um banco em L com tripla função de ampliação: da capacidade de receber pessoas; do armazenamento, em gavetões; e também da percepção visual, já que a altura do assento segue pelo móvel da sala e valoriza as linhas horizontais, ponto-chave desse projeto. Para o alto, mais destaque à horizontalidade. A marcenaria traça linhas contínuas e nenhum móvel toca o teto. Do outro lado do eixo central, a churrasqueira – agora também trazida para dentro – recebeu acabamento com painel amadeirado e fechamento em sistema de contrapeso. Por esse espaço de fundos do ambiente, também há fluxo para a área da churrasqueira, mais um reforço à fluidez.

Além da boa circulação, a praticidade do living também foi priorizada pelo projeto, que teve

a parceria com a designer de interiores Amanda Formolo. O piso vinílico, além de um recurso de isolamento acústico, facilita a manutenção. Sóbrio como o azul cobalto utilizado na cozinha, o aspecto de cimento remete às texturas brutas do que é natural, outra aposta do arquiteto. A natureza é valorizada pelo amadeirado na marcenaria no estar, pelos pássaros na ponta da prateleira, pelos vasos de temperos instalados como quadros e pelo tampo da mesa de jantar. Até aqui, uma atmosfera predominantemente masculina.

No jantar, a delicadeza equilibra com o tom feminino. O dourado é a escolha para os detalhes e as linhas curvas se destacam, nas molduras dos espelhos e nas linhas contorcidas do pendente. Aqui, o “pub” ganha tom de café, não só pelo tema da aquarela de Antonio Giacomin. As arandelas contribuem com a referência aos bares e cafés europeus. Incomuns nesse tipo de ambiente, elas intercalam as molduras que, na sua última aplicação, perto da porta, trocam o espelho pelo formato (e função) de chapelaria: elemento essencial dos melhores pubs.

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ARQ. DANIEL VERGANI PONTALTI | LIVING Comampliaçãofísicaevisual,espaçointegradodáclimadepubaomomentodechegaremcasadepoisdotrabalho
EXPEDIENTE

CAFÉ

Com parede de espelhos em molduras curvadas e chapelaria, o jantar tem referência estética nos em pubs europeus. E quer dar aos anfitriões e convidados o mesmo clima de descontração que esses lugares propõem.

BAR A ilha onde são preparadas as refeições ocupa espaço central e favorece, de todos os lados, a fluidez da circulação, prioridade máxima no projeto.

DECK

O nivelamento e integração da sacada possibilitou a ampliação física e visual do living, com mais espaço para armazenamento e conforto para os dias de casa lotada.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 11 ARQ. DANIEL VERGANI PONTALTI daniel_pontalti_arquitetura Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos Eliana Decora Lizt Palladio’s Decor 54 9993.21869

PARA VISITAS ILUSTRES

Se você, assim como a maioria das pessoas, nunca pensou que pudesse fazer um passeio num edifício residencial como se num bosque estivesse, a arquitetura paisagística está aí para subverter essa lógica. Para provar que isso não só é possível, como pode, inclusive, levar a experiências sensoriais marcantes, o convite aqui é para percorrer toda a área externa desse condomínio de grandes proporções em área central de Caxias do Sul. Num futuro próximo, daqui três ou quatro anos, essa área vai se tornar, literalmente, um grande e diverso bosque.

Toda a vegetação usada no projeto é nativa da região. A exceção é a exótica oliveira no centro da praça seca. É ela que dá as boas-vindas a quem chega ao complexo residencial. Compondo uma rua sem fim (cul-de-sac), a árvore é rodeada por banco escultórico que forma a floreira central e o entorno é pontuado por vasos leves, mas de grandes dimensões.

O visitante pode se transformar em desbravador e explorar todas as possibilidades que existem no ambiente. Ali ele encontra uma passagem que dá acesso a um segundo jardim, onde estão foram plantados ipês rosa e amarelo e um pomar de frutíferas. Um jardim com diversas espécies de plantas aromáticas foi uma “armadilha” para atrair insetos polinizadores, que ajudam na criação do microclima, essencial para a manutenção do equilíbrio da biosfera.

E por falar em visitas, a escolha da russélia, planta arbustiva pendente, foi intencional e o alvo, dessa vez, foram os beija-flores. Eles são atraídos por elas. Curiosos e, algumas vezes, atrevidos, voam até as sacadas dos apartamentos, constituindo-se nas visitas mais ilustres que os moradores podem receber.

Elementos de vegetação caduca (plantas que, em determinada época do ano, perdem suas folhas e contribuem para, no inverno, deixar o sol passar e aquecer, e, no verão, proporcionar sombra e refresco) foram a escolha. O pensamento é de que se deve privilegiar e usufruir de tudo o que a natureza oferece. Ao projetar para o ar livre é preciso estudar a posição solar, o microclima, ter conhecimentos de botânica, ecologia e variações climáticas regionais. Desse conjunto de fatores resulta a base de um projeto harmônico, utilizando-se espécies de plantas que sejam, além de ornamentais, também funcionais.

Para que seja possível estudar as potencialidades da área e propor as condições necessárias para receber o paisagismo, é muito importante que a infraestrutura do projeto paisagístico seja anterior, ou, no máximo, elaborada simultaneamente com os demais projetos arquitetônicos e complementares que compõem uma obra.

A escadaria que leva à entrada do complexo residencial, mesmo com toda solidez, foi totalmente integrada ao paisagismo. A

estrutura ainda apresentou outro desafio. Para conseguir vencer o desnível existente entre o solo e a portaria, foi necessária uma grande quantidade de degraus. Com a ajuda do basalto levigado, a escada conseguiu ser humanizada e não só interagiu bem com o verde do entorno, mas o abraçou.

Além de servir de revestimento à escadaria, todas as áreas de passeio de pedestres usufruíram muito do basalto, que é a pedra encontrada em abundância no Rio Grande do Sul e se apresenta em diferentes tonalidades.

Todas as espécies de árvores têm seu nome descrito em placas de identificação. Trazer árvores para um projeto é uma escolha de muita responsabilidade. São seres vivos, têm um ciclo de desenvolvimento que deve ser respeitado. Inclusive, vão estar coexistindo por muito tempo com os seres humanos. Portanto, privilegia-se muito mais o ciclo natural de cada espécie, sua evolução e crescimento e, não apenas sua forma no momento da entrega da obra.

Não se trata apenas da criação de jardins com o plantio aleatório de plantas ornamentais, árvores e flores. Muito mais do que isso, a arquitetura paisagística é técnica que precisa ser bem casada com a sensibilidade para fazer sentido para os usuários. É necessário criar estratégias para que o ambiente faça sentido para toda dinâmica existente ali, seja de moradores, visitantes ou a natureza em si. Co-autoria: Arq. Eduardo Augusto Basso.

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ARQ. AKEMI WYPYSZYNSKI INAMOTO | PROJETO PAISAGÍSTICO EM CONDOMÍNIO
Comasáreasexternasganhandocadavezmaisprojeção,oconvíviocomanatureza ensinaqueoserhumanoéapenasmaisumapartedela

ENTORNO

O calçamento da rua sem fim é de blocos de concreto intertravados de alta resistência. Duas tonalidades da mesma paleta – chumbo e cinza – desenham a mandala por onde moradores e visitantes são convidados a passear.

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IMPLANTAÇÃO ARQUITETÔNICA PAISAGÍSTICA

VILAREJO

Uma das propostas dessa intervenção da arquitetura paisagística foi resgatar os jardins das casas antigas.

O cenário tem recursos que resgatam memórias afetivas, como as taipas em pedra e o portão de ferro que dá acesso a um futuro bosque.

14 ARQ. AKEMI WYPYSZYNSKI INAMOTO
54 3419.8882
byo_paisagismo

SERRA VERDE E AZUL

A vida em uma capital é cheia de opções. Há diversidade gastronômica, cultural e muitas possibilidades para lazer. A rotina movimentada, no entanto, pede uma pausa longe dali e muito verde para compensar o cinza dos dias comuns. Uma advogada e um fisioterapeuta, que moram na vibrante Porto Alegre (RS), não precisaram ir tão longe para construir um refúgio de descanso, em uma cidade igualmente repleta de opções de lazer, mas com ares mais tranquilos. Aos finais de semana, fogem do caos metropolitano, viajam pouco mais de 100 km para curtir seu duplex em Canela-RS e fazer vizinhança com um horizonte verde.

Projetado na planta, o duplex fica próximo a uma área de preservação ambiental, reduto de araucárias e de uma fauna diversificada. Das grandes janelas, até onde a vista alcança, o horizonte verde e azul sugere a paleta do projeto. O cenário da Serra e aconchego que a paisagem inspira, especialmente nos dias frios,

ditam o clima de tranquilidade que é a base desse projeto.

O primeiro pavimento já mostra a integração com a natureza exterior. O amadeirado de painéis, mesa de centro, escada e bancada aquece o espaço. Pontos verdes estratégicos – em poltronas, objetos e plantas – completam o ar de bosque clássico e contemporâneo. A lareira, item fundamental para o aconchego do clima serrano, ganha destaque na moldura em quartzito bronze, e convida a celebrar o inverno com a família e os amigos. Sob a escada de madeira, uma adega climatizada e nichos para vinhos abastecem esses momentos.

Integrado ao estar e à cozinha, o jantar destaca um lustre de cristal de rocha verde. E o clássico abraça o contemporâneo: rodeada por cadeiras medalhão, a mesa de pé amadeirado e tampo em forma orgânica casa os dois estilos.

A cozinha, ampliada pela exclusão de uma das paredes na proposta original da planta,

mantém a natureza em detalhes amadeirados e troca os verdes pelo azul. A cor predomina sob a bancada e nos armários. No fundo da cozinha, espaço originalmente criado para receber uma área de serviço, ganhou uma cristaleira destacada por iluminação interna, recurso (decorativo e funcional), mais afeito a uma casa de lazer.

Ainda no primeiro andar, a suíte do casal carrega texturas de acolhimento, como o veludo; bordados florais na roupa de cama; e verdes mais sóbrios do que na área social. Nas outras duas suítes, prevalecem azuis, em tons mais claros. No segundo pavimento, a cor do céu e da floresta voltam a se encontrar. Como o ofício de advogada nem sempre dá folga aos sábados e domingos, o projeto executou um home office. O lado mais azul do ambiente tem uma bancada extensa para dar funcionalidade à advocacia. Do lado mais verde, um sofá lembra que hoje é domingo e pede que se volte o quanto antes ao clima de descanso das casas de montanha.

16 ARQ. ADRIANE KARKOW | APARTAMENTO DUPLEX
ApartamentoduplexemCanela(RS)criarefúgiodelazerparaumcasaldePortoAlegre. Eampliaatranquilidadequeanaturezajáoferece

LUXO

O lustre de cristal de rocha verde traz um pouco do requinte ao primeiro andar da residência, assim como mostra que existe um espaço de jantar no local.

NATUREZA

O conceito do natural foi levado para todo o apartamento duplex, para aproveitar a paisagem verde de uma área de preservação ambiental. A sala de estar leva muitos elementos orgânicos em sua composição.

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CRISTAL

Espaço originalmente da área de serviço no projeto original foi melhor aproveitado na cozinha: uma cristaleira que é destaque luminoso sobre o azul do ambiente.

AZUL

Ao lado do verde, escolhido para detalhes, o azul colore, com sobriedade e elegância, a área da cozinha.

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PAUSA

O trabalho que não pode esperar até segunda-feira tem espaço funcional no projeto. O home office ganhou sofá e relaxantes tons de verde para lembrar que, no fim de semana, “primeiro o lazer, depois o dever”.

VERDE-AZUL

Suíte do casal e dormitórios foram decorados com tons mais leves do azul e verde predominantes no duplex, e outros detalhes de aconchego e proposta orgânica.

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ARQ. ADRIANE KARKOW adrikarkow Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos Lizt 54 99979.2912

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20 VITRINE |
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ARQ. ELISANGELA SELAU | COZINHA, LIVING E DORMITÓRIO DO CASAL

AZUL, TERRACOTA. BEGE, NÃO!

Frequentemente, o vinho é solução. Ou, pelo menos, consegue levar a ela. A presença de dois pilares praticamente no meio da sala de estar assustou o jovem casal, dono do apartamento. As colunas não poderiam ser retiradas, são parte estrutural do imóvel. Uma alternativa peculiar que caiu no gosto da dupla: o vão existente entre eles recebeu uma cristaleira com adega.

O móvel seguiu a linha do design industrial, onde foram usados detalhes em metalon com pintura em preto fosco. Além de servir à decoração do living e acomodar a adega, mesmo estando fora da cozinha, a cristaleira também recebe alguns dos diversos utensílios de cozinha: uma pequena vitrine para um dos hobbies da dona da casa. O móvel, pela localização, também ganhou um aparador, auxiliando na função de servir de apoio para as chaves e outros objetos assim que se entra em casa. A peça foi composta com amadeirado inclinado e suas portas têm

madeira freijó em espinha de peixe.

Neutralidade e bege, nessa casa, nunca! Assim mesmo, com exclamação, porque o jovem casal foi enfático no quesito cores e, desde o início, deixou clara a preferência pelo colorido vibrante. O azul entrou na paleta, eleito para uma das paredes do living. O tom intenso foi obtido depois de uma segunda pintura. Uma outra versão, agora celeste, alegrou o momento das refeições e foi usada nas cadeiras da área do jantar.

E por falar na cartela de cores, quando as opções foram mostradas, o terracota, além de aparecer na sala de estar, acabou caindo nas graças do casal e foi convidado ao quarto também. O espaço ganhou uma bancada específica para maquiagem, com iluminação frontal ideal para a função, pedido da mulher.

Já ele, gosta de jogar videogame e ver TV na cama. Mas o pedido foi para que os aparelhos não ficassem expostos. A solução

foi o vidro reflecta colocado no guarda-roupa, onde os aparelhos estão instalados. A maçaneta da porta que dá acesso ao closet também está escondida, o que torna o espaço invisível também. Além de conferir um certo ar retrô e prestigiar o trabalho artesanal, peseira e almofada de crochê ornamentam a cama, seguindo os tons terracota e bronze, que, junto ao ripado amadeirado que reveste as paredes, aquecem e dão o aconchego que o ambiente demanda.

A cozinha, do tipo corredor e de tamanho pequeno, foi um desafio, principalmente no que diz respeito à disposição dos diversos equipamentos e utensílios. O espaço para guardá-los foi conseguido por meio de gavetas embutidas nos balcões da pia. Elas têm degraus na parte interna, com desníveis que formam compartimentos. O vidro canelado, na divisória entre cozinha e área de serviço, acompanha o estilo industrial e repete o metalon em preto fosco da cristaleira do living.

CORES

Menos intenso do que na parede mais destacada do living, o azul das cadeiras de jantar compõe a paleta vibrante do projeto.

COMPARTIMENTOS

Degraus no interior das gavetas comportam todos os equipamentos e utensílios de alguém avançado na arte da culinária. A cristaleira, no living, estende o espaço de armazenamento.

SOLUÇÃO

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 23
Paletadecoresvibrantesimprimepersonalidadeaoapartamentodeumjovemcasal
Adega e cristaleira, projetadas no living, otimizaram o espaço entre duas colunas estruturais no estar. E foram ponto de partida para o projeto.

QUENTE

O terracota escolhido para os detalhes no living caiu no gosto dos clientes e foi também para o quarto, onde faz par com o também caloroso tom do ripado.

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ARQ. ELISANGELA SELAU elisangelaselauarquitetura 54 98402.6936

A BELEZA DO EQUILÍBRIO

Forma clássica na história da arquitetura, os arcos surpreendem pela sua capacidade de sustentação. O semicírculo perfeito desafia a compreensão do olhar: como uma abertura tão larga e menor do que a parte sólida de suas laterais pode suportar uma cobertura, um pavimento inteiro, uma ponte? É como se o recorte ganhasse função de coluna; como se o vazio sustentasse o peso. O potencial arquitetônico é apenas metade do encantamento de um arco. Estrutura básica de uma caverna, abrigo natural dos primeiros homens, o arco é usado na arquitetura desde o Egito Antigo, mas emergiu das construções do subsolo só mais tarde, com os romanos. E, ao sustentar templos e palácios com a mesma eficiência que resistia nos dutos sob a terra, o arco ganhou outro grande motivo para ser admirado: a força estética.

É também pelo atributo da beleza que a forma se destaca nesse projeto do consultório de dermatologista. Levemente inspirado no Art Nouveau, que aproveitou o potencial decorativo dos semicírculos, o projeto dispõe os arcos lado a lado, na clássica aplicação em galeria.

O briefing construído com a médica, cliente participativa na construção do projeto, pedia essa homenagem romântica à beleza e uma representação da delicadeza inerente ao trabalho da profissional. Leve, preciso e, ao mesmo tempo, forte, os arcos surgiram naturalmente no moodboard.

Na execução, eles aparecem em caixas tridimensionais de gesso acartonado. Posicionados como molduras das janelas, os arcos dão à sala aérea uma atmosfera térrea e mudam a percepção sobre a própria arquitetura do prédio. Em uma paleta em nude e branco –inspirada em um quadro do consultório, acervo da médica –, a parte interna dos arcos ganhou acabamento em dourado: um destaque à tridimensionalidade e uma ligação com os demais detalhes da decoração. A cor também aparece nas arandelas entre os arcos, que reforçam o tom romântico do espaço. A iluminação funcional é garantida por perfis slim, de alta performance e tecnologia, e discretos na aplicação. O piso muda a curva como elemento surpresa na paleta: com aplicação em espinha de peixe,

o preto vinílico leva ao projeto modernidade, facilidade de manutenção e resistência.

A funcionalidade é outro ponto forte do consultório. Um fluxograma inteligente permite a entrada independente da médica. Do seu lugar, a secretária também tem acesso individual a todos os ambientes: sala de atendimento; outra sala de espera, mais privativa, para pós-procedimentos; copa e uma sala técnica. É nessa última, peça estratégica do fluxograma, que são realizadas preparações de materiais e processos pré-procedimentos. O espaço é ocultado, como porta de correr, por um dos grandes arcos, que agora são aplicados em molduras diretamente na parede.

Forma e função, beleza e funcionalidade. Esse é um bom projeto para ilustrar premissas dos arcos, mas também da arquitetura: sem beleza, os lugares seriam mais tristes; sem função, a beleza perderia a razão. E deve ser assim também no mercado da estética quando desenha seus “arcos perfeitos”: de um lado, saúde; do outro, beleza; no meio, equilíbrio. Co-autoria: Arq. Juliana Tomazi Consenso.

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ARQ. CRISTIANE PINTO | CONSULTÓRIO DERMATOLÓGICO Projetoinspira-senopotencialdecorativoearquitetônicodosarcosparacriarum espaçoigualmentebemsucedidoemestéticaefuncionalidade

CIRCULAÇÃO

Com piso vinílico para fluxo intenso, o layout criou espaços para circulação independente da médica e da secretária, sala de procedimentos, recepção e espera reservada.

CÍRCULOS

O arco perfeito, clássico da arquitetura, aparece em diferentes aplicações e é referência principal do projeto que levou a um espaço de saúde a necessária menção à beleza.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 27 ARQ. CRISTIANE PINTO craft.arquitetura_ Marcas Apoiadoras Empório Vila Rica Villafranca Iluminação 54 98122.5902
28 ARQ. CATIA GIACHELIM | RECEPÇÃO, SALA DE ESPERA E CONSULTÓRIO

CONSULTÓRIO DE ESTAR

Consultório, clínica, espaço de saúde… Que ambiente você imagina ao pensar nesses termos? Mudar a sua concepção sobre esse tipo de espaço foi o ponto de partida dessa clínica estética e odontológica, com foco em harmonização facial, e que também oferece atendimento nutricional e fisioterápico. O apelo à beleza exigia descolar o espaço do clima absolutamente neutro, frio e quase hospitalar que nosso imaginário está acostumado. Isso é estética. Na parte estrutural, o briefing pedia funcionalidade e otimização: transformar os 80 m² – uma grande sala e um lavabo – em nove ambientes.

Em cinco meses, paredes de gesso acartonado foram construídas para compartimentar e isolar acusticamente as salas. O espaço ainda ganhou uma decoração com ares spa. Na recepção, predominantemente branca e com destaques em dourado – paleta do projeto – o revestimento de porcelanato Oro Bianco destaca

o logotipo da clínica e mostra as especialidades do lugar. Além da acolhida de impacto, quem sai da recepção, após passar por uma porta de correr, também sente aconchego na sala de espera. O espaço foi projetado para lembrar um living. Dividido em dois ambientes, o espaço foi concebido como sala de estar. Poltronas estofadas, tapete, mesa de centro e detalhes típicos de casa, como almofadas e manta, desfazem o tédio dos consultórios e suavizam a espera.

Um pouco mais ao lado, um ambiente com sofá, uma TV e bancada com decoração cumpre, além do propósito estético da decoração clássica, a função de deixar à vontade e dar conforto a quem acompanha os pacientes e aguarda os procedimentos.

Ocultado por uma parede que também intensifica o isolamento acústico, o corredor de acesso às três salas de consulta tem papel de parede em cores neutras e o dourado é marcado

no centro, em uma escultura fixada à parede. Com acesso independente, a clínica abriga copa, sala e lavabo para uso dos profissionais.

O consultório principal prima pela praticidade, com diversos espaços de armazenamento para acesso fácil da profissional. Mas a funcionalidade não dispensa o cuidado estético: sobre o branco principal, o dourado aparece em mentais nos móveis, estruturas de iluminação e objetos em destaque na decoração.

O trabalho de um profissional de harmonização facial não se encerra ao final do atendimento. É na reconsulta, semanas após o procedimento, que a harmonização revela seu resultado. Com foco no sorriso que esse dia promove, a clínica comporta ainda um espaço instagramável. Pensada para esse momento, um painel aplicado sobre uma parede verde convida o paciente a posar para o “depois”. O monograma do logo assina a obra.

SELFIE

A parede verde, destaque sobre a paleta branca e dourada da clínica, chama atenção para o espaço instagramável: hora de mostrar na foto o resultado da harmonização.

EM CASA

A sala de espera foi transformada em um verdadeiro ambiente de estar, com layout não-convencional e a atmosfera agradável de um living.

RELAXE

Um ambiente com sofá e TV oferece comodidade para quem acompanha o paciente: um espaço feito para que o tempo passe mais rápido.

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Projetodeclínicaestéticacrianoveambientesepriorizaoconfortonasaladeespera

OUTRO LADO

No lado oposto do living –isolado visual e acusticamente – uma área comporta três consultórios. O branco de base ganha destaques em dourado na decoração.

30 ARQ. CATIA GIACHELIM catiagiachelimarquitetura 54 99974.4429

MUDAR NUNCA FOI TÃO FÁCIL

Mudanças são sempre difíceis. Quando o assunto é mudar de casa, a situação costuma ser ainda mais complicada. Afinal, passar anos em um mesmo ambiente faz você criar memórias afetivas com cada parte do imóvel, levando boas lembranças do lugar. E começar tudo de novo em um outro espaço, não é fácil.

Sair de uma casa para residir em um apartamento trouxe todo um processo de readaptação para um casal de clientes. Eles estavam seguros da escolha. No apartamento, teriam mais segurança, praticidade e aconchego. Mesmo decididos, adaptar-se foi um desafio. E é aí que entram a família e os amigos.

O projeto estruturou um espaço gourmet para que o casal não abrisse mão dessa convivência, mesmo estando em um espaço menor, e pudesse confraternizar com pessoas próximas. O aproveitamento do terraço, fechado com uma estrutura metálica e um forro de gesso, deu amplitude à área escolhida para isso.

O ambiente parece uma sala de estar: tem

sofá, TV e tapete. E ainda tem alguns bônus: terraço com vista e churrasqueira escondida sob uma bancada. A ampla mesa de jantar, com sete cadeiras, completa o espaço criado para interagir.

Como o ambiente gourmet é o centro da confraternização, a cozinha foi planejada para ser mais funcional, então, o uso de materiais resistentes foi prioridade. O que não significa que ela não transmita comodidade. A bancada chama o convidado a participar do preparo da refeição.

A decoração com vasos de planta traz a tranquilidade da natureza para dentro. Já a escolha de uma cristaleira de vidro retroiluminada leva o luxo ao ambiente, bem como a opção por pendentes para iluminação.

Falando em luxuosidade, o porcelanato mais escuro com padrão em mármore está por todo o piso do apartamento. O material foi o ponto de partida para uma paleta de cores mais neutra, com tons marrons e beges. Na

sala de estar, o toque de requinte também está presente. O revestimento ao lado do painel da TV e o tapete destacam o ambiente, com ajuda dos quadros e outros elementos decorativos.

Por mais que a cartela de cores seja neutra, os efeitos na iluminação realçam detalhes de diferentes mobiliários, principalmente as luzes que estão embutidas no gesso e nas luminárias decorativas. Um exemplo é no hall de entrada, onde a iluminação focada garante que uma escultura de cavalo e um vaso de plantas tenham relevância no nicho decorativo.

No mesmo espaço, um cesto em couro não tem tanto enfoque, mas é muito prático para o casal: os dois deixam ali os chinelos. Assim que chegam ao apartamento, tiram os sapatos e trocam por um calçado mais confortável. Vantagens de morar em um apartamento. Vantagens de aceitar as mudanças. E com um espaço desses, se adaptar fica até mais simples!

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ARQ. ADRIANE CESA | SALA, COZINHA E ÁREA GOURMET Aotrocarcasaporapartamento,casalinvestiuparaqueaáreagourmetfosseoespaçodeboas-vindasparaosconvidados

EXTERIOR

A parte externa foi aproveitada para estruturar o espaço, que manteve o terraço para desfrutar da vista da cidade.

INTERIOR

A área gourmet imita um ambiente de estar e convida à confraternização.

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REFERÊNCIAS

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 35 ARQ. ADRIANE CESA adricesa Marcas Apoiadoras Empório Vila Rica Renda Decorações Villafranca Iluminação 54 99966.9967 54 3025.3931 MOLDURA O ambiente de estar ganhou destaque com o revestimento em torno do painel de TV.
Itens decorativos intensificam os tons da paleta de cores, que são destacadas pela iluminação.
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ARQ. GABRIELA MELETTI E ARQ. GRASIELE FORINI I PÁTIO, QUIOSQUE E PISCINA

ACONCHEGO INTERIOR

Projetoaproveitarelevooriginalecriaespaçosparacurtirbonsmomentosemqualquerestação

“Lá em casa.” É assim que nos referimos à casa dos pais, mesmo depois de ela deixar de ser o lugar onde a gente mora. Neste projeto, para um casal de Caxias do Sul, a participação do filho, que hoje mora em São Paulo, foi intensa. O pedido era uma transformação do pátio em área de lazer completa para que os donos da casa pudessem curtir os bônus da maturidade e para comemorar os momentos de folga e visita, quando a família se completa novamente.

A casa, em tijolo à vista e com uma varanda de madeira para os fundos, determinou o estilo em um briefing que pedia continuidade. A área livre, de 250 m2, tinha apenas grama e uma pequena horta. O projeto trouxe piscina, lounge, quiosque e uma nova proposta de paisagismo, que aproveitou os desníveis do terreno.

Nos fundos, a parte mais alta, ergueu-se um quiosque, com um banheiro completo, e com uma estrutura que valoriza o aspecto natural da madeira, uma dupla visual com a varanda da casa, no lado oposto. O telhado inclinado para trás quase dobra a altura da fachada revestida em vidro do piso ao teto. Além de aproveitar ao máximo a iluminação natural, a solução integra o ambiente à área externa. Criado como sala de estar – e não de refeições, como é tradicional nesta categoria – o

espaço tem a função e o clima de lazer, relaxamento e contemplação. Ocultada do espaço de circulação, uma pequena copa com bar serve de apoio ao preparo de um drink ou um chocolate quente, em um ambiente querido da casa, pensado para ser aproveitado no verão e no inverno.

Para a estação mais quente, o piso de porcelanato antiderrapante dá segurança a quem entra molhado da piscina (fique à vontade: os sofás são de couro!) e praticidade à limpeza, uma das prioridades de ambientes conectados ao pátio. Ventiladores de teto fazem circular o ar pelas grandes aberturas e, na parte externa, uma extensão em pergolado – com piso de porcelanato em textura amadeirada e parede cimentícia 3D integrada ao interior – convida a aproveitar o ar fresco. Para o inverno, fecham-se os vidros e acende-se a lareira. Com chuva lá fora, é ainda mais aconchegante o espaço, que pede um bom filme, uma manta macia e uma bebida quente: nenhum conforto a menos do que uma sala no interior da casa possa oferecer.

A parede dos fundos do quiosque, com arandelas emolduradas em boiseries, intensifica o clima de casa. Vista de longe, por quem chega ao pátio, ela aumenta a percepção de profundidade do ambiente e, pela similaridade da cor, verticaliza

a superfície da piscina, como um espelho. É verde mais intenso o revestimento da piscina de borda infinita, personalizada em concreto. A grande atração do verão também otimizou o relevo do pátio. Para o lado do quiosque, a piscina baixa o relevo na prainha, com uma fina lâmina d’água para quem só quer molhar os pés ou sentir a água com as pontas dos dedos das mãos, enquanto toma sol nas espreguiçadeiras. Para o lado da casa, onde o relevo revela a borda, desde a base, o azulejo destaca a cascata formada pela borda infinita e faz fundo para um outro lounge, mais ensolarado, mas também atento aos micro invernos que a Serra faz até no verão: tem lareira no centro.

Os dois patamares do terreno são integrados por uma escada em concreto aparente, que destaca as curvas do relevo. Muros também cinzas ganharam faixas de tijolos aparentes, como os da lateral do quiosque, para uma conexão visual com a casa. O paisagismo deu destaque à grama, antes dona do pátio inteiro, e a outras espécies e tons de verde natural, presentes em toda parte, interior e exterior. A antiga horta também foi contemplada, não mais no seu cercadinho, mas totalmente integrada ao jardim. Porque tempero de mãe também é coisa essencial sempre que a gente pode se reunir “lá em casa”. Co-autoria: Arq. Geyson Marin

REFÚGIO

Organizado em formato de estar, o quiosque valoriza o aconchego e a estética de casa. Os acabamentos e revestimentos de fácil manutenção, como o couro nos sofás, dão funcionalidade ao espaço que também é ponto de encontro em dias propícios à piscina.

APOIO

Diferente da maioria dos ambientes dessa categoria, o quiosque aqui é voltado ao descanso, não às refeições.

Ainda assim, conta com o apoio de uma copa/bar, para tudo aquilo que se costuma degustar na sala. Além da copa, um banheiro completo atende o fluxo nos momentos de curtir o espaço de lazer da casa.

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RELEVO

O projeto aproveitou os desníveis do terreno. No patamar superior, ficam o quiosque e a piscina. No inferior, a borda infinita com cascata é fundo para um segundo lounge.

O paisagismo traz o verde, que antes ocupava o pátio inteiro, no gramado, para pontos de destaque, integrando, inclusive, a antiga horta, como item do jardim.

38 ARQ. GABRIELA MELETTI E ARQ. GRASIELE FORINI gsarquiteturaeinteriores Marcas Apoiadoras Empório Vila Rica Lizt Movelaria Villafranca Iluminação 54 99978.7792

AMPLITUDE PARA INTEGRAR

Morar sozinho não é sinônimo de viver sozinho. E, neste apartamento, a proposta é justamente a oposta: o projeto prevê casa cheia. Além de acomodar todas as necessidades da proprietária, uma experiente advogada, o espaço integrado de estar e cozinha recebe com conforto e é visualmente amplo.

O projeto aproveitou a área social de 32m² valorizando a sensação de amplitude e de ambientes que priorizam a interação com os convidados. Como a anfitriã gosta de preparar uma boa refeição quando recebe os amigos, a cozinha é o centro do encontro. Aberto para o estar, o ambiente tem iluminação funcional (estética também!) e bancada de mármore Monet, com bancos altos: um olho na comida, outro

nos convidados. Nos fundos, uma porta de vidro canelado semioculta a área de serviço.

A porta de acesso ao apartamento está na cozinha. Foi necessário criar um cenário que evitasse a sensação de estar entrando pelos fundos do apartamento. A decoração delimitou o espaço e solucionou a circulação. Organizado como um hall, o ambiente ganhou nichos atrás da porta, para comportar as chaves e bolsas. A área íntima é ocultada por uma porta amadeirada de correr. A mesma textura, aplicada em uma faixa larga no teto e na parede, transforma o jantar em eixo da integração.

O tom amadeirado segue por uma das paredes do estar, agora em uma faixa estreita combinada ao MDF verde, um leve toque de

cor no ambiente neutro. Além do recurso de colorir, o painel e as demais grandes superfícies monocromáticas dão amplitude visual. O painel verde também oculta os aparatos da TV e outros itens que poderiam quebrar a sensação de longitude.

Na lateral da porta, nichos de madeira embutidos nos fundos de um armário comportam a decoração – vasos de plantas, a “vida” imprescindível nos projetos da arquiteta – sem tomar muito espaço e sem prejudicar a circulação.

Decoração embutida, miudezas ocultadas e, inclusive, os pertences dos convidados aguardando atrás da porta amadeirada. Especialmente em espaços reduzidos, tire da vista tudo o que possa poluir a vista!

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Projetoparaumaáreasocialde32m²trazintegração,priorizaalimpezavisualedáconfortoaosconvidados
ARQ. CLARISSA ZANATTA | COZINHA E SALA

SOLUÇÃO E DÉCOR

O MDF madeirado traz um dos elementos essenciais do projeto: a integração. Em dia de visita, o espaço integrado fecha a porta de correr, que completa a marcação do espaço de jantar e isola a área íntima.

ESPAÇO E COR

O uso do MDF verde, em composição com o painel amadeirado, contém os volumes do mobiliário, facilita a circulação e esconde os fios e equipamentos de televisão, contribuindo com o aspecto de amplitude.

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CLARISSA ZANATTA clarissazanatta.arq 54 99140.4828

BOAS COMPANHIAS NÃO TÊM PREÇO

Quem se entrega completamente ao trabalho percebe que, depois de algum tempo, a palavra abdicar faz parte da rotina. Muitos abdicam de suas famílias, de seus prazeres ou do seu tempo livre.

Para um empresário do ramo de móveis, após anos dedicados à sua empresa, abrir mão da convivência com a esposa não era mais uma opção. O casal, na faixa etária dos 60 anos, deixou o empreendimento na mão dos filhos e se mudou para o Litoral, em uma casa onde o “viver juntos” seria mais do que força de expressão.

A integração dos ambientes foi a chave para o espaço transmitir o que os dois queriam: a sensação de estarem sempre em companhia um do outro. A essência do projeto se concretiza na pequena sala de estar, que, diferentemente das tradicionais salas enormes, feitas para serem o centro das confraternizações, tem esse tamanho para preservar a intimidade do casal. A lareira revestida em MDF, representando a textura de um mármore, e o sofá reclinável trazem ares

de espaço reservado a um ambiente feito para compartilhar.

Além de gostarem da companhia um do outro, ambos queriam um lugar também para receber bem os amigos e familiares. Quem entra na casa, já percebe no primeiro contato o sinal de boas-vindas. O hall emana acomodação, com a luz quente das arandelas e o ripado da parede. O dourado que envolve parte das estruturas do aparador recepciona com luxo os convidados, principalmente o brilho do seat garden, que fica embaixo do móvel. Mas não é só ali que o dourado se apresenta. Este pequeno toque de luxuosidade se expande por toda a residência.

Mais para frente, a área gourmet transforma uma pequena reunião em um grande evento — exatamente como o casal queria. A bancada de mármore dolomítico branco mostra que nem todo processo de cozinhar precisa ser solitário. Quem senta ali, acompanha o cozinheiro enquanto conversa. Uma área que, sem amigos ou familiares, traz a intimidade de um jantar a dois.

Por mais que o casal queira estar sempre junto, os ambientes integrados necessitam de separação — mesmo que sem nenhuma parede. A mesa do espaço de jantar é a responsável por manter área gourmet e sala separadas na parte de baixo. Quem olha para cima, vê que pequenos detalhes de gesso colocam cada ambiente em seu devido lugar.

O pé-direito duplo — mesmo a casa sendo compacta — traz uma sensação de infinitude à residência, onde todos os detalhes crescem ao olhar e parecem não ter fim. Neste caso, os espelhos transmitem essa impressão, refletindo a mais minuciosa informação de cada ambiente. Para combinar com a altura, os lustres mostram que o clássico acerta com o estilo arrojado do projeto. As sancas de gesso conferem uma iluminação indireta ao espaço, focando nos nichos decorativos do casal, que ficam na parede principal, atrás da sala de jantar.

Com uma integração dessas, a recepção do casal — e dos ambientes — é enorme!

42 ARQ. SUELEN MIGLIORANZA | SALA, COZINHA E HALL
ProjetoemcondomínionoLitoraltrazaintegraçãocomopropostaparadoispedidosdocasal: espaçoparamomentosasósecomosamigos
Fotos: Bruna Comin

ÍNTIMO

O estar tem clima intimista. Menor e mais reservado, o espaço tem lareira com painéis em MDF e sofá confortável. Duas grandes superfícies espelhadas, separadas por uma estrutura branca e decorada em dourado, delimitam e ampliam a percepção de espaço.

CONVIDATIVO

O

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hall, com móvel branco, intenso em dourados e aquecido pela madeira e pelo tom da iluminação das arandelas resume a paleta escolhida para o espaço integrado.

COLETIVO

Convidados para jantar, os amigos são conduzidos para perto de onde os preparos acontecem. A bancada de mármore acomoda os visitantes ao redor da churrasqueira.

44 ARQ.
MIGLIORANZA
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SUELEN
esse_arquitetura_e_interiores
99154.5029
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ARQ. SILVANA GARCEZ | BIBLIOTECA, DORMITÓRIO, HALL DE ENTRADA

SEM MEDO DE OUSAR

Trêsambientescheiosdepersonalidadeintegramesteprojetodiferenciado

Uma advogada, um empresário e um adolescente tiveram este apartamento modificado na planta possibilitando a personalização de três espaços: biblioteca, dormitório e hall de entrada.

Uma imponente biblioteca, com design atemporal, foi criada como espaço de home office e estudos. Destaque para o piso laminado alemão espinha de peixe, móvel com design da arquiteta em laca azul marinho e sofá em couro com almofadas Christian Lacroix. A mescla de

iluminação difusa e direcionada traz a funcionalidade e o aconchego desejado.

O projeto do hall de entrada teve seu diferencial com a instalação de espelhos no teto e na parede ao fundo. As demais paredes receberam revestimento de painéis em laca preta com brilho e filetes dourados, completando o ar de elegância do espaço de boas vindas do apartamento. O toque final são as arandelas douradas sobrepostas aos espelhos. O resultado foi um ambiente de 5 m² ousado e que

chama a atenção logo na primeira impressão.

Por último, um quarto high tech para o adolescente que adora games e tecnologia. Neste dormitório, foram projetados rasgos de iluminação que se cruzam no forro de gesso e trazem a luz geral ao ambiente. A cabeceira tem degradê de cores com revestimento acústico. Na bancada de estudos, efeitos de luz através de fitas de led em RGB. Por fim, frigobar retrô para deixar o espaço ainda mais personalizado e funcional.

Espaço de home office e estudo, a biblioteca foi criada com design atemporal. O destaque é o piso laminado alemão espinha de peixe.

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BIBLIOTECA ACONCHEGANTE

FORA DO ÓBVIO

Quarto high tech com revestimento acústico em degradê de cores, que forma a cabeceira da cama.

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RECEPÇÃO DE PESO Hall de entrada ousado e com personalidade, com espelhos revestindo parede e teto, e filetes dourados sobre painéis em laca preta com brilho. Destaque para a iluminação através de arandelas La Lampe.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 49 ARQ. SILVANA GARCEZ silvanagarcezarquitetura Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos Palladio’s Decor Renda Decorações Villafranca Iluminação 54 99997.1992 54 3028.7020
Juliano Mendes
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ARQ. ALE MOSNA | COZINHA, JANTAR E LIVING

ATMOSFERA DE CAMPO

Apaisagemdeumharasnosfundosdoimóvelfoioinícioparaareadequaçãodolayoutdetodooapartamento

Acordar cedo com som dos passarinhos, respirar o ar puro da brisa da manhã, cheiro de mato, pé na terra. Não dá para viver isso na cidade, mas a região arborizada desse apartamento, em Caxias do Sul, chega perto. A vista para um haras quase nos transporta para o interior. E o projeto completa, nos detalhes, o desejo de um casal, no seu primeiro imóvel: viver na cidade, em clima de casa de campo.

A paisagem verde do haras, bem próxima das janelas do primeiro andar de um prédio residencial, conduziu a remodelação do layout. O espaço antes ocupado somente pelo terraço comportou uma zona maior para a cozinha: a proposta ampliou a área interna de 28 m² para 46 m². A mudança foi realizada através do nivelamento do piso, entre área interna e terraço, o fechamento em estrutura metálica com telha termoacústica, forro de gesso e esquadrias de vidro duplo. Amplas janelas valorizam a vista e enchem o ambiente de luz

natural.

No lado masculino do briefing, uma churrasqueira ocultada por um painel de madeira atende o lazer do marido e é protagonista nos melhores fins de semana do executivo. A mesma estrutura tem porta de correr e tira do foco o espaço reservado à lavanderia. Já a esposa, chocolatier e chef de cozinha, aproveita a grande ilha como palco de suas deliciosas receitas. As banquetas de palha, em composição com o cenário, fornecem uma experiência de chácara para quem acompanha o cozinheiro do dia.

Perto dali, mais interior. A sala de jantar marca o limite entre a cozinha com uma mesa de madeira e cadeiras revestidas também por palha. O conforto da textura das tramas também aparece em detalhes no estar, em cestos, mantas e almofadas. As convencionais luminárias pendentes ficaram de fora desse projeto. A iluminação com trilhos e spots tira

do caminho qualquer obstrução à vista da área externa.

Na planta original, sala de estar, de jantar e cozinha eram totalmente integradas. A alteração de layout possibilitou que o living fosse mais amplo e ganhasse a companhia de um discreto home office. A bancada de trabalho se integra ao ambiente estendendo-se em L pelo living em forma de aparador.

Além da própria ampliação estrutural, o revestimento das paredes em painéis branco, com detalhes em molduras aplicadas, fornece amplitude à sala de estar. E mais: abraça o hall de entrada e conduz o olhar pela cristaleira preta, abrigando a porta de passagem para a área íntima e complementando o mobiliário do home theater.

Integram a decoração – e colaboram com o tom de fim de semana – um banjo e violão, que fazem parte do hobby do executivo, vocalista de um grupo de pagode nas horas vagas.

O layout remodelado permitiu que a cozinha ganhasse um pouco da área do terraço. A modificação permite luz natural em abundância e o protagonismo da vista para um haras.

INTERIOR

O clima de casa de campo é ressaltado nos detalhes: as molduras nos móveis da cozinha, a mesa de madeira no jantar e as cadeiras de palha.

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CAMPO
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Casa
Renda
ARQ. ALE MOSNA alemosnaarquiteta 54 99986.9073
Marcas Apoiadoras
Serra Acabamentos Movelaria
Decorações Villafranca Iluminação MAIS ESPAÇO A reforma ampliou o espaço em 18 m². O recuo da cozinha deu mais espaço à sala de estar, suficiente para projetar um home office, com bancada integrada a prateleiras para decoração no living.

MEU LUGAR

A origem de Vanessa Reiriz é quase imperceptível no jeito de falar. No processo criativo dos seus projetos, ainda que sutis, as raízes de Pelotas talvez sejam mais evidentes do que no sotaque. Primeira arquiteta da família, Vanessa se formou na Universidade Federal de Pelotas em 1999 e, após pegar o diploma, mudou-se para Caxias do Sul. Foi por aqui que formou a base profissional, desenvolveu a sua carreira e um jeito próprio em projetos de interiores, residenciais e comerciais.

O início profissional em Caxias foi na Florense, que então estreava nesse formato de atendimento, com um arquiteto na equipe, entre os projetistas. Para a jovem arquiteta, foi uma escola prática de projetos e, especialmente, de treinar o ouvido e a sensibilidade para entender o perfil, os desejos e a personalidade de cada cliente. No fim das contas, mais do que dominar as técnicas e ferramentas de arquitetura, é a capacidade de ouvir e interpretar que possibilita a criação de projetos

únicos. O conhecimento construído aí, com alto fluxo de trabalhos, deu a Vanessa uma base sólida para aprimorar o talento de fazer de cada projeto um retrato do cliente.

Vanessa vive hoje uma fase produtiva da profissão e comemora a credibilidade conquistada. Vive também, pela primeira vez, algo valioso, especialmente para os arquitetos: ter a “casa definitiva”, finalmente pronta, do jeito que sonhou. O apartamento, no condomínio Pharos, onde também funciona o escritório, leva referências acumuladas durante esses vinte e poucos anos de arquitetura, e de antes também. Em uma mistura do clássico, do contemporâneo e do rústico, a casa é também colcha de retalhos para as memórias da família. Há peças que vêm do primeiro apartamento alugado em Caxias, lembranças do segundo, onde nasceu Lorenzo, o primogênito de Vanessa e André, e ainda de um terceiro, para onde a arquiteta se mudou grávida de sete meses dos gêmeos

Bernardo e Felipe, que completam a família. O apartamento teve sua planta alterada para criar um grande espaço integrado, reduto da família. Tudo acontece ali: o jantar, as brincadeiras, a leitura, as conversas… É uma forma de otimizar o tempo em que a família se reúne: na casa de Vanessa, ninguém fica no quarto, se não é hora de dormir.

A mesma regra que usou para decorar o seu apartamento Vanessa aplica aos projetos dos seus clientes. A arquiteta, que tem raras ocorrências de alterações significativas em projetos, busca levar a identidade do cliente para os ambientes que cria. Talvez quem entra nessas casas não encontre de cara algo que denote diretamente a assinatura de Vanessa Reiriz, justamente porque “imprimir a sua marca” não é prioridade da arquiteta. Quem costuma ouvir “isso é muito a sua cara” são os clientes de Vanessa: e essa é a principal característica da sua atuação como arquiteta.

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ARQ. VANESSA REIRIZ

ISSO É MUITO

VANESSA REIRIZ

RÚSTICO, CLÁSSICO E CONTEMPORÂNEO

A vista do hall do apartamento é um bom resumo da aplicação de estilos da arquiteta. A porta, desenhada pela arquiteta, traz lembranças da terra natal e compõe o ambiente com a contemporaneidade da arte, uma paixão da família. No quadro refletido no espelho, obra em carvão, de Kleiton Venturin.

ESTAMPAS

A moldura clássica do espelho dialoga com os pendentes garimpados em antiquário, amor à primeira vista de Vanessa. O par se destaca pelo efeito de sombras sobre a parede e no seu entorno.

TAMANHO FAMÍLIA

Casada e mãe de três meninos, Vanessa comemora estar hoje no apartamento ideal. Coração da casa, o espaço integrado valoriza os momentos em que todos estão lá. Cheia de memórias de todas as épocas, a decoração é afetuosa também.

MEMÓRIAS

Em uma parede que é galeria de arte, se destaca, em outra função, a cristaleira que foi da avó de Vanessa. O móvel onde a avó guardava materiais de costura, é adaptado à proposta contemporânea do apartamento, mas mantém o seu verde intenso original. Hoje, guarda louça, boas lembranças e até marcas de chicletes, talvez colados por Vanessa ou algum primo durante a infância em Pelotas.

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É HORA DE GERAR A SUA PRÓPRIA ENERGIA

Naarquiteturasustentável,utilizarenergiasrenováveisfazbemparaofuturoeparaobolso

No contexto urbano e residencial, a separação do lixo para descarte correto e o reaproveitamento da água da chuva são uma realidade neste século. Mas e a transformação do sol em energia elétrica, será que tem potencial para tanto em nosso dia a dia também?

Sim. É o que afirmam os profissionais que já têm como fonte de renda o uso da radiação solar como matéria-prima de seus

produtos e serviços. Soluções que utilizam a energia gerada pelo sol têm o poder de causar um impacto muito positivo tanto no meio ambiente quanto no bolso do consumidor e geram benefícios para esta e as futuras gerações.

Arquitetura sustentável

Seja na redução do uso de materiais que causam alto impacto ambiental, na reutiliza -

ção de materiais, na mudança de conceitos locais ou na busca de soluções que utilizem fontes naturais, a arquitetura está indo no caminho certo há algum tempo. A saúde do planeta pede atenção com urgência. Na arquitetura sustentável, a produção de energias renováveis se destaca pois há benefícios em duas vias: faz bem para o meio ambiente e é financeiramente viável ao cidadão, personagem ativo nesse tipo de geração energética.

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SUSTENTABILIDADE

Os arquitetos André Rigoni e Tatiana Biffi conduzem projetos importantes em Caxias do Sul e região, Porto Alegre e Florianópolis. A dupla leva em conta a consciência de valor ao meio ambiente em todos os projetos em que isso se faz possível. “Acreditamos que todo arquiteto deveria ter essa consciência de valorizar as alternativas sustentáveis em seus projetos arquitetônicos. Assim como já encontramos saída alternativa para o lixo e a utilização consciente da água, precisamos ter o compromisso, neste sentido, com a energia que utilizamos em nossas casas,” explica André.

“Me surpreendeu a rapidez e a facilidade da conversão do sistema elétrico para o fotovoltaico. De um mês para o outro, a minha conta que ficava em torno de R$ 1.050, caiu para R$ 200”, cita Sandro Tomasi.

A energia solar residencial, além de trazer benefícios ao meio ambiente, tem o potencial de gerar economia de até 95% na conta de luz, ficando no boleto somente as tarifas e impostos. O empresário Sandro Robeto Tomasi apostou na energia fotovoltaica da Ecotec Energy para sua residência há três anos, e viu rapidamente o investimento surtir o efeito esperado. “Me surpreendeu a rapidez e a facilidade da conversão do sistema

elétrico para o fotovoltaico. De um mês para o outro, a minha conta que ficava em torno de R$ 1.050, caiu para R$ 200,” revela.

Sandro, que vive com a mulher e mais dois filhos pequenos em um condomínio residencial em Caxias do Sul, conta que sempre teve consciência sobre o seu alto custo com energia elétrica, justamente pela quantidade demandada. Depois da conversão, isso ficou na lembrança, tanto é que ele e a mulher já consideram ampliar o sistema para abranger outras finalidades dentro de casa. Abolir o uso de gás para o chuveiro é um dos objetivos, assim como instalar sistema de calefação.

Conversão consciente

Algumas prefeituras pelo Brasil adotaram o IPTU Verde como uma maneira de incentivar o uso de medidas e soluções sustentáveis nas residências, visando a preservação, proteção ou recuperação do meio ambiente. Como o setor de energia

• Quanto custa a instalação do sistema fotovoltaico?

O valor para instalação depende de diversos fatores, tais como consumo, tamanho da residência, quantidade de sol do local e condições de instalação.

• Qual é a durabilidade do sistema fotovoltaico?

Adquirindo equipamentos de qualidade e tendo bom cuidado, é possível utilizá-los por mais de 20 anos.

• O sistema precisa de manutenção?

Essa é uma das vantagens: o sistema precisa de pouquíssima manutenção. E o melhor de tudo, o próprio morador pode fazê-la.

• É possível monitorar a produção de energia?

Sim. Esse monitoramento é feito por meio da utilização do inversor fotovoltaico conectado à internet.

• Existe produção de energia durante à noite?

O sistema precisa de luz natural para produção de energia, portanto, o sistema só é abastecido no período do dia. Com o sistema utilizado pela Ecotec Energy, por exemplo, é possível armazenar até 20% a mais de energia em relação ao sistema tradicional String

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Condomínio em Canela (RS), com sistema de produção de energia solar instalado pela Ecotec.

solar em crescimento no Rio Grande do Sul, a medida é uma tendência na gestão pública. Caxias do Sul está em 9º lugar entre as cidades gaúchas que mais utilizam a energia solar, porém, o poder executivo ainda não adotou sistema de benefícios para domicílios geradores autônomos.

A redução no uso do gás residencial, que atualmente custa em torno de R$ 4,03 o quilo (valor de outubro de 2022), também é uma premissa a ser analisada pelo mercado da construção civil para reforçar o uso doméstico de energia fotovoltaica. O arquiteto André Rigoni, explica que muitas famílias decidem converter alguns usos domésticos que necessitavam de gás para a energia produzida pelos raios solares, como é o caso do chuveiro e dos carros elétricos. “Com a visão no futuro, o gás pode ser algo menos utilizado. A própria guerra entre a Rússia e a Ucrânia, desde fevereiro de 2022, leva a população mundial a pensar nesse sistema como alternativa ao gás. Analisamos caso a caso os projetos e indicamos a instalação de energia fotovoltaica sempre que possível. Alguns projetos já são pensados até com a possibilidade de adequar carregamento de carro elétrico,” pontua.

Sistema seguro

A produção e o uso de energia solar é um caminho sem volta. É o que afirma Fábio da Fontoura, proprietário da Ecotec Energy. “O meio ambiente precisa de mais atenção. As concessionárias de energia elétrica não têm mais como produzir energia nos modelos de hoje devido à escassez de recursos naturais e, quanto maior for a produção de energia solar fotovoltaica, menor será a agressão ao meio ambiente em relação ao desmatamento e à produção de dióxido de carbono (CO2).”

Em atividade desde 2010, o fundador da Ecotec decidiu entrar nesse mundo devido à evolução das tecnologias, garantias e leis utilizadas para padronizar o mercado.

Atualmente, a empresa conta com 36 colaboradores nas suas quatro filiais: Caxias do Sul, Canela, São Gabriel e Xangri-Lá. Engenheiros, eletrotécnicos e técnicos de instalação são parte da equipe da Ecotec. Nada de terceirizados por lá, o que gera um grande diferencial na entrega e no pós-venda da empresa.

Uma preocupação de quem se interessa em adotar a energia fotovoltaica é a garantia da segurança do produto. É válido destacar que em sistemas fotovoltaicos como o da Ecotec Energy, não há neces-

sidade em se preocupar com sinistros e outras dores de cabeça, afinal, a tecnologia utilizada pela marca possui diversos diferenciais de funcionamento.

Para entender melhor, existem dois tipos comuns de energia solar, os sistemas que utilizam inversores tradicionais String e os que utilizam inversores MLPE. Os que utilizam inversor tradicional funcionam com painéis solares ligados em série, já os que utilizam inversor MLPE funcionam com painéis ligados em paralelo e é exatamente aí que encontra-se o grande diferencial.

Com inversor String, quando um painel sofre algum problema técnico ou interferência climática, como sombreamento por nuvens e árvores, pássaros, folhas e até acúmulo de sujeira, ele não só perde a eficiência como acomete os demais, gerando um efeito cascata. Com o inversor MLPE, os painéis são individualizados. Dessa forma, quando um deles sofre alguma interferência como as citadas anteriormente, apenas ele terá seu rendimento afetado até a manutenção.

Tendências pelo mundo

Sempre que pensar em energias renováveis, considere a importância de consultar um arquiteto que valoriza a preservação do meio ambiente e uma empresa que atende aos requisitos de segurança mais atuais do mercado.

Já pensou na possibilidade de um prédio com fachada revestida de placas fotovoltaicas? Isso é o que já podemos ver pelo mundo. O edifício CIS Nordhavn, da Escola Internacional de Copenhagen, na Dinamarca, distribui 12 mil painéis solares pelas paredes externas. Isso cria um conjunto de captação de energia solar ao redor do prédio todo, o que aumenta a eficiência do sistema.

No Brasil, a estrutura arquitetônica do estádio Mineirão, em Belo Horizonte/MG, possui em sua cobertura uma verdadeira usina solar fotovoltaica que harmoniza com a estética da obra.

O estacionamento solar também está se tornando uma das soluções mais eficientes para usufruir da energia solar sem ter um espaço específico no telhado ou terreno. A Unifor – Universidade de Fortaleza, instalou em seu Campus o segundo maior estacionamento solar do país.

À medida que a energia solar se torna mais comum, os arquitetos precisam dar mais atenção ao design e à estética dos edifícios para incorporar a solução sustentável visível e que harmonize com seus projetos.

ENERGIA SOLAR NÃO É TUDO

IGUAL

SISTEMA MLPE:

• Cada painel funciona de forma independente e com sua potência máxima;

• Opera em baixas tensões de entrada para garantir segurança;

• Monitoramento em tempo real para solucionar problemas;

• Podem ser instalados em qualquer combinação de quantidade e inclinação;

• Produz até 20% a mais que o sistema tradicional e permite que o sistema seja aumentado posteriormente;

• Aparelhagem compacta instalada atrás de cada painel solar;

• 25 anos de garantia de eficiência e manutenção.

SISTEMA STRING:

• Painéis ligados em série, gerando efeito cascata em caso de sinistro em um painel;

• Utiliza altas tensões (de até 1.500 volts), o que pode envolver riscos no momento da instalação e aumentar a chance de choques elétricos e incêndios;

• Monitoramento remoto e como um todo, dificultando a identificação do painel que está com problema;

• As diferentes placas conectadas devem estar direcionadas na mesma orientação para produzir a tensão idêntica ou similar;

• Dificuldade para adaptações;

• Mais volume e necessita local específico para instalação da aparelhagem;

• Garantia de 5 a 10 anos.

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“As concessionárias de energia elétrica não têm mais como produzir energia nos modelos de hoje devido à escassez de recursos naturais e, quanto maior for a produção de energia solar fotovoltaica, menor será a agressão ao meio ambiente”, explica Fábio da Fontoura.

O QUARTO DOS DINOSSAUROS

Um quarto de hóspedes — que, como todos dessa função, era pouco utilizado — transformou-se em um espaço muito melhor aproveitado. O casal que já tinha um menino, de três anos, viu a família aumentar com a chegada de outro bebê. Com isso, pensou-se em um novo espaço onde os dois pudessem dormir juntos. Mas mais do que isso, criou-se um quartinho que fosse agradável aos olhos, especialmente para as crianças. O tom lúdico está em cada parte do projeto.

O desafio foi que mesmo com as mudanças, o espaço de circulação e a área livre se mantivessem. Afinal, agora seria necessária uma estrutura para duas crianças em um só quarto de 15 m². E isso foi garantido com a ajuda de algumas decisões, como a cama embutida no armário, por exemplo. A cama de casal do quarto anterior deu lugar a duas camas infantis. Uma para o menino mais velho

e a outra, mais baixa, para o menor. Além de ser mais próxima do chão, a cama embutida ganhou reforço de segurança em palha natural como proteção. O detalhe da palha se repete na cadeira e combina com as lâminas claras de carvalho do projeto.

O antigo quarto de hóspedes, com pouca personalidade (que já estava pronto quando os clientes compraram o apartamento), possuía escrivaninha e armário, que eles fizeram questão de manter. Mas mesmo essas peças sofreram mudanças significativas para se adequar ao novo ar do projeto. A pintura azul na parte superior do armário faz o céu. Na base, o verde põe duas montanhas no horizonte, uma delas, onde a cama é embutida, também sugere uma casinha aconchegante. Este design, que utilizou melamina e laca, “se amarra” desde a porta e combina o alegre das cores verde azulado e laranja terracota.

As formas geométricas das montanhas foram mescladas com as formas em curva. Até a cadeira da escrivaninha foi planejada para ter cantos arredondados, assim como os puxadores terracota, desenhados pela arquiteta e produzidos em marcenaria. Os nichos que organizam os brinquedos combinaram com os formatos e tons do quarto. E o toque final é da madeira clara, também utilizada nas prateleiras para livros.

Para completar o ambiente, uma acertada escolha de papel de parede, com estampa de dinossauros. Como tem uma aparência marcante, o papel foi aplicado em apenas uma das paredes. E serviu o seu propósito: trazer um clima mais vivo e divertido. O menino mais velho se encantou com o resultado, e a cada dia brinca de encontrar um dinossauro diferente na parede. Meninos + temática de dinossauros = uma combinação que sempre dá certo.

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ARQ. DAIANA BALESTRO | QUARTO INFANTIL Papeldeparedeestampadoemisturadeverdeseterrososcommóveisemformatode montanhastrouxeramolúdicoparaoquartodemeninos
Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 61 ARQ. DAIANA BALESTRO daianabalestro.arq Marcas Apoiadoras Palladio’s Decor Renda Decorações 54 99181.5436
DINOS E MONTANHAS O novo quarto mesclou tons terrosos com verde e azul e criou uma atmosfera divertida de montanhas.

O anseio do cirurgião-dentista em oferecer um atendimento diferenciado, principalmente em relação ao conforto e à segurança dos pacientes, foi a premissa para que esse consultório fosse projetado como um ambiente acolhedor, funcional e moderno.

O layout original da sala de 50m² não tinha divisórias, onde apenas o lavabo e o banheiro eram as áreas previamente delimitadas. Para possibilitar a realização de todas as etapas do atendimento dentário, foi preciso criar espaços para recepção de clientes e sala de esterilização, além do consultório. A área de trabalho do dentista também precisava contar com espaço destinado a atividades de apoio, fazendo as vezes de escritório.

Embora seja um projeto comercial, a consciência de que o local de trabalho é onde passamos a maior parte do dia sempre permeou o projeto. Por isso, aspectos envolvendo conforto e funcionalidade foram levados em consideração e ganharam ênfase durante a concepção.

Para o conforto de casa acompanhar na consulta ao dentista foram utilizados materiais como amadeirado, texturas e cadeiras de couro. A iluminação amarela na recepção e no escritório cumprem função similar.

Para atender ao desejo de oferecer um clima acolhedor, optou-se pela renúncia ao branco tradicional dos consultórios, onde a cor teve vez apenas na iluminação pontual

que delimita áreas específicas, cumprindo a função de orientar os pacientes durante o deslocamento no interior da clínica. Os tons escuros da mobília foram escolha do cliente, mas veio acompanhada do pedido de que, mesmo com essa paleta bastante sóbria, a leveza deveria ser o tom em todos os ambientes. Beleza e até um certo requinte, também.

As áreas destinadas à recepção dos clientes e ao processo de esterilização dos materiais foram pensadas para permitir acesso reservado ao consultório, fazendo com que a circulação, que leva a essas áreas, ficasse restrita ao dentista e à secretaria. Aqui, a atenção à privacidade é a expressão do requinte.

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ARQ. BRUNA ROSSI | CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Layoutharmônicointegraespaços,garantefuncionalidadeeaindaconseguecontemplar áreasprivativas,essenciaisparaobem-estarduranteosatendimentos ATENDIMENTO ACOLHEDOR

A integração real se dá apenas no consultório, onde a iluminação é neutra. Um espelho, muito mais do que elemento de decoração, cumpre papel funcional importante: possibilita aquele “confere” do sorriso novo ao final da consulta que ninguém deixa de dar. Um grande pilar, que divide a área em dois ambientes, consultório e escritório, foi revestido com painel amadeirado, que abriga a TV. O aparelho foi acomodado em um suporte vertical que gira 180 graus, permitindo-lhe executar dupla função, servindo de apoio técnico durante a execução do tratamento na cadeira odontológica e de auxílio para as consultas e esclarecimentos do profissional.

O amadeirado do escritório é protagonista trazendo elegância e imponência em contraste com o grafite que dão cor, sobriedade e elegância às paredes. Utilizando a mesma linguagem em todos os ambientes, painel ripado, cadeiras em couro e madeira, prateleiras que se descolam da parede com o efeito da iluminação, fundo em cimento queimado.

Na recepção, um painel horizontal que serve para o encosto da cadeira e também direciona o paciente no acesso, fazendo isso com iluminação de led. O bloco de mármore Donatello ganha leveza ao se apoiar no painel grafite e com a iluminação no rodapé. O fundo da área da secretaria ganhou painel

com textura que remete ao mesmo cimento queimado das paredes. Ele foi descolado do forro e destacado pela iluminação e camufla as duas portas, a que dá acesso ao lavabo e a sala de esterilização. E continua depois do painel amadeirado, também camuflando a porta de acesso do consultório.

O lavabo segue com o diferencial de abandonar o branco tradicional. A área é toda em tons escuros, com cuba esculpida em granito preto Via Láctea, papel de parede que remete ao brilho da mica e revestimento da parede em pedra natural que se encarrega da textura. Um espaço para quem gosta, assim como em casa, receber de maneira elegante.

SÓBRIO QUENTE

O branco dá lugar a uma paleta de cores sóbrias e pontos quentes, para dar ao consultório uma lembrança do aconchego de casa.

CÊNICO

A iluminação confere diversos tons ao cinza e preto predominantes no lavabo cheio de personalidade.

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Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 65 MAIS CALOR Elementos amadeirados e iluminação amarela e cálida se sobrepõem ao grafite das paredes: requinte na área nobre do consultório. ARQ. BRUNA ROSSI arqbrunarossi Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos 54 99640.7044

PARA A CASINHA!” PODE VIRAR “VÁ PARA O SEU QUARTO!”

Eles ganharam uma cota no orçamento doméstico, guarda-roupa próprio, dieta especial, nome e sobrenome. Legitimados como membros da família, agora os pets também integram, cada vez mais, os briefings de projetos de arquitetura. Os pedidos vão além dos acabamentos – tecidos, cortinas, tapetes – práticos e resistentes para quem solta pelos e faz bagunça. Espaços exclusivos para cães e gatos, playgrounds e recursos de mobiliário para agradar bípedes e quadrúpedes têm sido desejo constante dos tutores ao pensar nos ambientes.

Segundo o Instituto Pet Brasil, o ano de 2021 somou cerca de 149,6 milhões de animais de estimação nas casas dos brasileiros, mostrando um aumento de 3,7% sobre ano de 2020. A inclusão dos pets, modelo de vida que é a marca da geração atual, também fez do Brasil, em 2020, o sexto maior mercado mundial do setor, com um faturamento de R$ 51,7 bilhões no ano passado. E o segmento de móveis personalizados quer uma fatia desse potencial.

Experiência e inovação

Com mais de 50 anos de atuação, a Sandrin Planejados vem se reinventando para atender a essa tendência. Desde 2011, após realizar diversas pesquisas que evidenciaram um considerável crescimento na adesão aos animais de estimação, eles entendem que estes seriam os novos “filhos”. E esse status justifica o potencial comercial de uma linha completa ao público pet.

Segundo a diretora executiva da Sandrin, Renata Sandrin, ao avaliar o público-alvo, nota-se que ele é composto de consumidores de médio e alto padrão, para quem, além de grande importância sentimental, os animais da casa também integram o orçamento. A linha lançada pela Sandrin é maleável e editável para suprir a necessidade de cada cliente na personalização dos ambientes. “Juntamos o aconchego aos bichinhos ao conforto e à praticidade dos usuários. Nosso público, geralmente autônomos, não querem apenas estar em casa para descanso, mas também para o convívio com seus pets”, explica a diretora. As

opções são diversas e variam de acordo com a relação do dono e do seu pet. A linha atende desde quem deseja um simples móvel para organizar os utensílios do animal de estimação aos que querem compor ambientes de convívio com espaços para brincar ou até mesmo um ambiente exclusivo para o bichinho, como, por exemplo, o quarto pet.

Como a Sandrin não tem um padrão fixo, a flexibilidade e adaptabilidade na composição estrutural do produto permite com que as pessoas tenham em seus lares o ambiente adequado às suas necessidades e estilo de vida. Soluções voltadas aos pets têm chamado atenção também em projetos de interiores comerciais. Segundo Renata, até pouco tempo, a preocupação do comércio, em geral, se resumia a ter uma brinquedoteca para entreter as crianças. Hoje, a mesma motivação que criou os espaços kids está atenta ao espaço pet. Dizem que quem agrada o filho satisfaz os pais. E Renata observa na prática esse movimento em relação aos filhos de quatro patas. “As lojas já recebem pets de clientes. Os es-

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Comoarquitetosedesignersseadaptamaumatendênciaquecolocaosclientesdequatropatasnareuniãodebriefing
MERCADO PET Sandrin Móveis Planejados
“JÁ

paços pet fazem com que o consumidor fique muito à vontade e confiante pela preocupação e importância que o estabelecimento dá aos pets”, destaca.

Adaptando o amor

Nas reuniões com os clientes, a arquiteta Andressa Barroso também tem sentido com mais frequência a força de opinião dos miados e latidos. De canis, em casas maiores, até uma poltrona para cães, com tecidos especiais e formato adequado ao porte do animal, ela projeta sempre levando em conta as exigências dos dois lados. “É legal entender que os animais de estimação fazem parte da rotina da casa e que podemos pensar em espaços para eles com conforto e funcionalidade, integrados com nossas próprias necessidades”, destacou a arquiteta.

Se o espaço dos pets já não é mais restrito ao pátio e à casinha lá fora, dentro de casa, os donos também não querem a sensação de viver num canil: integração – estética e funcional – é a chave para morar sob o mesmo teto. No projeto de Andressa para uma família composta por um casal, dois filhos, dois gatos e dois cães, essa conexão é destaque. Neste projeto, a cliente possuía a demanda de criar

PLAYGROUND

Protótipo de estante da arquiteta e designer Layla Bressler venceu a terceira edição do concurso Design Tank, com a proposta de integrar o espaço dos felinos a uma estética contemporânea amigável aos ambientes humanos.

um quarto novo para a filha adolescente e seus dois gatos. “Como o espaço era bem grande, conseguimos realizar toda a demanda de armário para ela e criar um armário separado para os felinos. Com áreas de descanso, armazenamento dos alimentos, alimentação e armazenamento da areia. No espaço de estudos da menina, as prateleiras de livros se misturam com uma mini-escada para os bichinhos”, descreve Andressa. De acordo com a cliente, Katia Vardanega, o ambiente é aconchegante para os três. E é possível notar o contentamento dos animais que curtem e se aventuram na obra arquitetônica. “Os gatos gostam muito de ficar no alto. Nina (gata) se refestela na rede de dormir dela e acaba que às vezes a minha filha fica em pé sobre a cama para fazer carinho nela”, conta Katia.

Sensação Pet

Agradar humanos e animais também foi a premissa do projeto da arquiteta e designer Layla Bressler, no seu projeto que venceu a sexta edição do Design Tank, uma imersão em design de produto que culmina em um concurso com a produção prática dos participantes. Percebendo a importância de um espaço especial para as brincadeiras, os exercícios e, mais comum, o sono dos seus gatos, Layla já

começou a pensar um esboço de um produto que tem potencial para cair no gosto do consumidor.

Um móvel versátil que ocupa pouco espaço com uma estética elegante e discreta, que acompanha a dinâmica da vida. Além de cumprir a função básica das estantes nos espaços de estar, e comportar a decoração, a estrutura é playground para os felinos. O protótipo já está sendo desenvolvido e, em breve, deverá estar disponível para compra. “O protótipo ainda está em fase de teste, mas nós desenvolvemos três tipos de produto, para testar soluções diferentes. Na realidade algo que fosse modular, de fácil montagem, e que o cliente possa ir comprando mais peças para acrescentar ao móvel”, explica.

Experiências como a de Layla mostram que o mercado de arquitetura (e de design) também tem muito a avançar na busca por soluções que atendam a ascensão dos pets, com espaço no sofá da sala, nos quartos e na cama dos seus donos. É preciso projetar com dupla escala, buscar harmonia estética entre as demandas dos dois públicos, focar na facilidade de manejo e no conforto. É um trabalho que exige pesquisa, mudança de padrões e inovação em materiais. E, ao que tudo indica, o consumidor está disposto a pagar por isso.

CONVÍVIO

No projeto da arquiteta Andressa Barroso para o quarto de uma adolescente, os gatos ganharam espaço próprio no armário e recursos para brincar nas prateleiras. Na foto acima, a gata Nina aproveita a sua parte favorita.

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Layla Bressler Katia Vardanega Andressa Barroso
70 ARQ. BIANCA MATTANA | LIVING E LAVABO

NEUTRALIDADE E OUSADIA MORAM JUNTAS

Amescladecores,peçasedetalhespensadadentrodeumcontextoúnico,possibilitaaconvivência harmoniosaentreosestilosdivergentesdocasal

Achar a medida ideal entre dois estilos antagônicos — ele, com gosto pelo clássico e ela, pelas linhas contemporâneas — e, ainda, dar espaço para o neutro e o arrojado, ou seja, tudo-ao-mesmo-tempo-agora, foi a tônica do projeto de living e lavabo em uma casa com 500 m².

A atmosfera principal deste espaço pedia ênfase para o bem-estar e a saúde de seus moradores, um médico, uma empresária e dois filhos pequenos.

Dentro de todas essas premissas, ainda eram inegociáveis a vista para o verde, a integração entre a paisagem externa e o interior da casa e uma iluminação natural abundante.

O projeto civil já havia sido concebido pensando em atender o desejo de estruturar, na parte térrea, ambientes integrados, com pé-direito alto e luminosidade natural. Janelas amplas — para o sol, a saúde e a sorte entrarem — e revestimentos em tons claros com pontos escuros conferidos pela marcenaria formaram a mescla capaz de abranger todos os sonhos e propostas dos moradores.

O casal tem muito gosto em receber e, como a casa fica afastada do centro de Porto Alegre, por vezes, os amigos acabam pernoi -

tando ali. Para bem recebê-los e acomodá-los, o living ganhou um bar-café, onde, ao fundo, a parede apresenta acabamento nobre em lâminas de pau-ferro, o que vai ao encontro do gosto do anfitrião, amante do clássico e seus tons terrosos. O café é a bebida da casa e ganhou espaço à altura de sua importância. Porque se existe algo mais reconfortante do que o aroma do café, a humanidade ainda está por descobrir.

Na lareira, a escolha foi pela mesma pedra nero marquina da bancada do bar-café. Ela é o centro do living e, literalmente, dá a temperatura dos encontros que acontecem ali.

Oportunamente, o espaço também ganha destaque tridimensional pelo uso estratégico de espelhos. Aplicados em posição diagonal, como moldura, eles refletem diferentes ângulos do ambiente e projetam a lareira como centro de atenção no living: neutralidade, sim, monotonia, não.

Na sala de estar também estão presentes peças de design para deixar vir à tona o estilo contemporâneo da empresária dona da casa. Sofá customizado e poltronas de design, compõem um living voltado para o conforto e

a convivência. O aroma do café feito na hora também tempera o ambiente.

O espaço contém a mistura necessária para alinhar os estilos divergentes do casal, onde o garimpo em antiquário contribuiu com peças-chave. A pequena mesa com cadeiras clássicas acomoda a tradição do jogo de xadrez. As peças que inspiram ares clássicos europeus co-habitam com a contemporânea brasilidade: os quadros expõem elementos de arte índigena. De um lado da extensa porta, cômoda bombê e, do outro, balcão-bar de estilo chinoiserie marchetado, ambos em tons amadeirados, e também achados de antiquário, contrastam com o piso e as paredes brancas. Tudo isso na inusitada e boa companhia de um tapete persa de tamanho generoso.

Para extravasar o despojamento, sem, no entanto, abrir mão do impacto, o lavabo se encarrega de mandar embora toda a neutralidade: dele emana o luxo do dourado e a força do vermelho — ou vice-versa. O espaço, de dimensões econômicas, é de uso esporádico, e, por essa razão, poderia ser o lugar do exagero: a cuba é flutuante e rubra e suas paredes ganharam Versace. Ninguém fica indiferente.

MODA Intenso, o lavabo é uma imersão em tons extravagantes: o vermelho Napoleão da cuba e o dourado do papel de parede Versace.

ESTILO

A mescla de estilos e artes presente nos detalhes da mobília e objetos de decoração: alinhamento para equilibrar estilos divergentes.

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ESPELHOS

Como moldura de estantes e destaque à lareira, espelhos que conferem a ilusão de tridimensionalidade e ampliam os benefícios da luz natural, premissa do estar.

CONVERSA

No estar, os elementos de diferentes estilos voltam a interagir. Modernas poltronas com detalhes em couro, tapete persa e até os cães de fó azuis conversam por ali.

CAFÉ

Um bar-café, com acabamentos em lâminas de pau-ferro, dá o tom elegante e o aroma das recepções. Sutis fios dourados no porcelanato delimitam o espaço e conversam com outros detalhes na decoração.

72 ARQ. BIANCA MATTANA biancamattana
Apoiadoras Palladio’s Decor Renda Decorações Villafranca Iluminação 54 99941.4303
Marcas

O QUE VALORIZA O DESIGN

Desde o ano 2000, o arquiteto Paulo Bertussi, juntamente com o filho, Tobias, está à frente da Bertussi Design Industrial. Premiado nacional e internacionalmente, Paulo atua como designer em todos os segmentos da área industrial e gráfica. Confira o bate-papo sobre arquitetura e design que o Magazine Sala de Arquitetos teve com Bertussi!

O que atraiu o senhor para a área do design?

Paulo Bertussi: Foi para preencher um espaço que ia fazer falta no futuro. Fui um dos fundadores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e, pelas relações que mantinha, à época, no ambiente acadêmico, acabei cruzando com o professor Nelson Ivan Petzold, do Departamento de Expressão Gráfica da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que foi quem inicialmente me levou a pensar sobre o vácuo de profissionais voltados ao design industrial existente na época.

Como foi o processo de transição da arquitetura tradicional para o design?

PB: Foi algo que aconteceu de forma inesperada. Mas esse ingresso no design ficou claro para mim e se tornou concreto quando o Gelson Castelan, diretor da Móveis Florense, que tinha participado de feiras de design em Milão, me contou que havia contratado designers de lá, porque aqui, no Brasil, esses profissionais não existiam. Sabendo

disso, eu perguntei para o Gelson: “Por que tu não me contratou?” Ele respondeu: “Me faz uma proposta!”. Então, conversei com o professor Petzold, que me ajudou nisso. Quando voltei a falar com o Gelson, ele me ofereceu muito mais: toda a estrutura e, principalmente, toda a tecnologia da Florense, que já era avançada para a época, além de informações sobre precificação, concorrentes, as franquias da empresa já implantadas e a cultura de trabalho da Florense.

Quais as transformações que essa mudança de rumo operou na sua vida profissional?

PB: No início, a Florense me pôs em contato com feiras internacionais, onde surgiram estreitas ligações com profissionais e tecnologias. Me deparei com um grande diferencial, que era trabalhar com a inteligência da indústria. Então vi que isso era a oportunidade de abrir caminho com menos dificuldades, menos “tocos”. A Escola de Milão me ensinou a importância do conceito da racionalidade construtiva, sensibilidade, funcionalidade, tudo aliado ao preço compatível e com um apelo estético. As pessoas, em geral, optam pelo bonito e atraente, mas com preço agradável. E essa é uma das razões do sucesso da Bertussi.

Nos últimos anos, a Bertussi tem se dedicado ao “design experience”, que são ações de interação com o público em grandes eventos. De que são constituídas essas experiências?

PB: É um trabalho bem intenso que vem tendo

sucesso. Consiste na montagem de cenários interativos que chamamos de “educativos efêmeros”. Um braço nosso, a Bertussi Eventos e Tecnologia, faz a concepção, o projeto e todos os elementos que compõem um cenário interativo. Esses eventos são montados em shoppings e pavilhões de exposição e percorrem diversas cidades brasileiras. Já criamos, com a ajuda de parceiros locais, que ficam responsáveis pela construção e montagem das peças, cenários baseados nas animações como AEradoGeloeRio , por exemplo.

Quais recomendações o senhor dá aos arquitetos que pensam em migrar para o design?

PB: É preciso percorrer uma trajetória e se reinventar. Tudo na vida tem ciclos. Hoje em dia, muitas empresas têm equipes internas de design industrial, mas, mesmo assim, passam seus projetos mais complexos para nós, na Bertussi Design. É preciso estudar, viajar e conhecer o que está acontecendo no mundo. Porque, nessa área, existe a mesma concorrência que acontece nas outras profissões. Então, para ter sucesso no design industrial é preciso estar distanciado, sempre “mais à frente” dos concorrentes, o profissional tem que ser mais arrojado, não ter medo de mergulhar fundo. Sou da opinião de que os designers não devem se achar artistas. Sou crítico do que hoje em dia se chama de “design assinado”. Há pouca ou nenhuma funcionalidade nele. As tecnologias construtivas avançadas são as ferramentas para se conseguir atingir a melhor técnica.

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PAULO BERTUSSI

EXCLUSIVIDADE

PALLADIO’S DECOR LEVA ARMANI PARA A SUA CASA

“Entre o Oriente que amo e o Ocidente ao qual pertenço, levo concordâncias que gosto de transformar em móveis e decorações. Para dar ao ambiente uma profundidade sofisticada, elegância atemporal”, descreveu o italiano Giogio Armani, sobre a coleção Armani/Casa, que a parceria Janelli E Volpi e Select Paper trazem, com exclusividade, para a Palladio’s Decor, em Caxias do Sul.

A identidade de Armani, consagrada no mundo da moda, traz para os revestimentos de parede, com a mesma exigência de qualidade da grife, designs inspirados em clássicas óperas e balés. Composições nobres em seda e veludo combinam cores, formas, natureza e texturas de forma inovadora. As coleções oferecem transições delicadas, como tom sobre tom e trompe-l’oeil, o efeito de ilusão de perspectiva com origem na moda. Contrastes também são contemplados com cores ousadas, geometrias e designs inspirados na natureza. A proposta é um mergulho – lúdico e aconchegante – no universo de sonhos e no código de elegância de Armani.

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LA BAYADÈRE

O balé de Marius Petipa, sobre uma jovem dançarina indiana, é a inspiração para a estampa. Em Precious Fibers 3, Armani/Casa propõe ousadia para a clássica receita de inspirar-se na natureza para revestir paredes. Em uma interpretação contemporânea de elementos folclóricos, ramos e romãs aparecem em contrastes marcantes, cores vibrantes, formas não-convencionais e a marca elegante do código Armani.

O FAVORITO DE ARMANI

O revestimento Nabucco é inspirado na ópera de Giuseppe Verdi, uma homenagem ao rei Nabucodonosor II da Babilônia. A composição em seda e lurex propõe uma textura luminosa e interativa com a luz. O listrado suave inspirado nas lajes de ônix é o item preferido de Armani na coleção Precious Fibers 1 e o escolhido pelo estilista para decorar suas lojas ao redor do mundo.

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PALLADIO´S DECOR Rua Germano Arduino Toniolo, 50 - Villagio Iguatemi Caxias do Sul - RS l (54) 3221-3333 - (54) 9931-9443
78 ARQ. CESAR SEHBE GOLIN | QUARTO DE BEBÊ

NO BALANÇO DAS HORAS

Paraumambientelúdicoecontemporâneonamedida,oprojetodoquartodebebêlança mãodapraticidadedosmóveissoltos,alémdeapostaremdetalhesclássicos

Sempre nascem uma mãe e um pai quando nasce um bebê. No caso desse casal, essa será a primeira experiência com um recém-nascido em casa. A funcionalidade necessária para que todas as tarefas envolvidas no cuidado com a pequena possam ser realizadas sem maiores atropelos foi um dos fundamentos do projeto do quarto da menina. Funcional, mas sem abrir mão da qualidade estética, também foi determinação do briefing.

Embora o azul e o rosa sejam as escolhas mais tradicionais na decoração de quartos de bebê, o projeto provou ser possível superar esses tons e dar vez para novas combinações. Essa foi a premissa na escolha da paleta de cores para atender ao desejo do casal. Pensando também no efeito que as cores podem ter sobre o bebê, principalmente como forma de oferecer

tranquilidade, os rodameios, a meia parede e os rodapés em tom de azul ganharam destaque. Assim também nascia um quarto de menina contemporâneo. O rosa aqui é discreto e aparece nos detalhes, como nos laços de fita e na manta sobre o braço da poltrona de balanço.

A questão do espaço se colocou como crucial. Para a área de 11m2, o tratamento horizontal das paredes com rodameio clássico duplicado, que divide espaço com o papel de parede estampado, foi a fórmula encontrada para reforçar a sensação de amplitude. A localização do guarda-roupa, disposto em “L”, foi fundamental para a qualidade estética, além de garantir equilíbrio nas proporções e valorizar os móveis soltos, como é o caso do berço vazado, que dá leveza visual e também faz parte de um conjunto de soluções para as medidas reduzidas do ambiente.

Na criação do projeto, também foram levados em consideração aspectos relativos às futuras adaptações para atender o desenvolvimento da criança, no curto e médio prazo. A opção por móveis soltos garante essa versatilidade, além de otimizar o espaço. Essas transformações promovidas pela passagem do tempo foram traduzidas no berço vazado do tipo “3 em 1”, sendo miniberço para acolher o recém-nascido, berço, que confere segurança e conforto até os 3 anos e minicama, onde a criança pode se acomodar até os 7 anos.

Os móveis prontos são ideais na hora de mobiliar um quarto de bebê. Nesse, o armário embutido permanece e outras peças vão saindo ou chegando conforme a necessidade da filha, de forma prática e sem atrapalhar a rotina da casa. Tudo pronto para quando a menininha chegar, tudo encaminhado para quando ela crescer.

PARA CRESCER

Móveis soltos, como a cômoda – peça de família repintada em laca cinza – ocupam melhor o espaço e dão versatilidade às mudanças necessárias ao quarto de quem rapidamente muda de necessidades.

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ARQ. CESAR SEHBE GOLIN arqcesargolin Marcas Apoiadoras LIZT Renda Decorações Villafranca Iluminação 54 99121.1929 AZUL Contemporâneo, ao gosto da mãe; clássico, como prefere o pai, o quarto ganhou tons de cinza, branco e a predominância do azul. O tradicional rosa para meninas aparece em detalhes.

A casa de quem mora sozinho é um espaço de paz. Ela tem exatamente a cara do seu morador, seus gostos, seus estilos, sua organização… seu silêncio. Neste projeto, o clima de paz foi pedido especial da cliente, uma estudante da faculdade, de 18 anos, que queria em seus primeiros anos de independência, um espaço tranquilo para estudar e descansar.

O tamanho do loft, que ganhou design contemporâneo, é perfeito para um: 52 m². Os materiais e a iluminação escolhidos para realçá-lo garantiram um ambiente feminino, delicado e aconchegante. Nada de cores escuras e vibrantes. Tudo claro e leve por aqui: paredes brancas, madeira carvalho natural e cor fendi, iluminação quente, cortinas neutras. A vegetação pontual, com plantas secas de tons mais quentes e terrosos, completam a atmosfera de tranquilidade.

O highlight do projeto foram os móveis de design contemporâneo, da empresa da família, que se uniram aos produtos de marcenaria. Tecnologia e manufatura juntas.

Todos os móveis soltos são de fabricação da empresa, que disponibilizou o catálogo dos produtos para que a arquiteta escolhesse o que melhor se encaixaria no apartamento da jovem. Dali, saíram sofá, mesas de centro, cadeiras, mesa da cozinha, carrinho do bar, hack da TV. Já o armário de canto com nicho de iluminação, painel de fundo, guarda roupa e cabeceira do quarto, além de móvel do lavatório e bancada alta da ilha da cozinha (essa, com porcelanato), foram feitos sob medida.

Tudo conversou bem, pois os móveis assinados já tinham um estilo que a cliente aprovava e gostava. E a empresa disponibilizou a cor para a laca e a textura da madeira para a marcenaria, o que garantiu esse visual harmonioso (realçado pelo acabamento das peças, acetinado). Todos os espaços do loft têm a mesma paleta de cores, que é seguida também pela decoração. No painel ripado da parede, desenho diferente do tradicional para trazer ousadia ao projeto.

Mais do que um design arrojado, o loft

também ficou funcional. Afinal, os móveis foram escolhidos um a um, garantindo que eles servissem exatamente ao propósito de uma pessoa que mora sozinha e que não tem espaço suficiente para que a desorganização aconteça. É um apartamento compacto onde tudo se encaixa. E que foi pensado para que, mesmo assim, toda a configuração da sala pudesse ser mudada conforme a necessidade.

Na sala, a luz natural foi aproveitada ao máximo das duas amplas janelas com o uso de cortinas de linho off white. E uma luminária globo foi a escolha para um toque aconchegante. No quarto, foram escolhidas luminárias diferenciadas também, com pendentes corda. O ambiente, aliás, foi pensado para ser apenas espaço de dormir: sem TV e outras distrações. A exceção é o momento da leitura, no conforto da cabeceira acolchoada. O lavatório segue a mesma linguagem da sala, com porcelanato branco, cuba esculpida e espelho redondo.

Um apartamento leve, clean e aconchegante, como uma primeira casa deve ser.

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ARQ. MÉGUI DAL BÓ | COZINHA, SALA E QUARTO Loftde52m²ganhoumóveisdedesignassinado,combinadoscompeçassobmedida,todasemcoresneutras MEU ESPAÇO DE PAZ

Além do mobiliário solto, elementos pontuais recorreram à marcenaria, nos tons do carvalho natural e fendi, também inspirados nas peças de design assinado.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 81 ARQ. MÉGUI DAL BÓ meguidalbo Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos Eliana Decora Renda Decorações 54 9918.98767 TOM Móveis soltos se destacam em uma paleta neutra, que destaca as peças de design e cria um ambiente de aconchego e tranquilidade.
SOBRE TOM
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ARQ. LARISSA KANOPP | COZINHA, ESTAR, JANTAR E LAVANDERIA Fotos: Pizzi Fotografia

VIDA A DOIS: CENÁRIO PARA CAPÍTULO UM

Primeiroapartamentodeumcasalpriorizaatributosmuitoúteisaessafasedocasamento: organização,versatilidadeeleveza

Expectativas são o recheio da primeira casa de um casal. A história dos dois vai se desenrolar a partir dali e o horizonte é rico. Um espaço acolhedor contribui para a harmonia do desafiador início de uma vida a dois. Que privilégio é criar o cenário desse primeiro capítulo.

As prioridades dos donos desse apartamento amplo eram de que os ambientes fossem funcionais para se manterem organizados e que houvesse o máximo aproveitamento de espaços, principalmente para armazenamento. O briefing: um apartamento de estilo jovem e contemporâneo, para receber os amigos e a família, além de prático para o dia a dia!

Primeiro imóvel dos recém-casados, o apartamento veio com planta bem resolvida e um dos pedidos mais contundentes foi montar uma proposta sem grandes intervenções de obra. Dessa forma, o projeto otimizou ao máximo o layout e, embora houvesse a necessidade de reservar boas áreas para armazenamento, elas não pesaram na composição.

A base do apartamento é neutra. Tons

claros foram usados no mobiliário para imprimir leveza, com prevalência do cinza. O calor de casa vem do painel amadeirado no estar, semelhante ao piso laminado, recurso que também contribui para a sensação de amplitude.

Soluções inteligentes precisaram ser pensadas, principalmente na lavanderia, para entregar armários de boas proporções para armazenamento. A lavanderia possui armários altos onde foi destinado espaço para dispensa e sapateira. Nesses móveis, o MDF verde menta traz cor com sutileza. O granito branco itaúnas, das bancadas, é um revestimento com ótimo custo benefício, resistente, e que se adequou muito bem à linguagem do projeto.

A bancada de refeições rápidas, que surgiu como uma espécie de delimitação sutil entre jantar e cozinha, era uma das prioridades dos donos da casa. Integrar o espaço do home office, aos fundos da sala de jantar, sem que isso deixasse o ambiente com “cara de escritório’’, foi um desafio. A dona da casa passa bastante tempo trabalhando no

computador e, ao contrário da maioria, não queria ficar isolada. Além disso, o home office fica na entrada do apartamento. A estratégia foi criar uma estante em estrutura metálica preta, um estilo industrial “na medida certa”, ou seja, que não pesou. Fora do “expediente de trabalho”, a função office passa quase despercebida. O móvel, que faz as vezes de pano de fundo da sala de jantar, tem objetos de decoração do acervo da cliente para trazer memória afetiva e afastar a aparência de escritório.

O conceito do design biofílico, que já faz parte da assinatura de projetos do escritório, marca presença também nesse apartamento. O resgate da natureza em áreas internas vai muito além do uso de plantas. Materiais naturais como o linho, a palha, a madeira, o verde e o terracota, que são cores encontradas na natureza, atuam como protagonistas nesse contexto, trazendo conforto e aconchego. O contato com o verde ainda é reforçado pelas folhagens naturais enfatizando a sensação de bem-estar.

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HARMONIA

Colorido mas discreto. O tom terracota demonstra habilidade ao colorir sem exagerar. Está nos detalhes, como almofadas e os cestos de palha na parede. O verde menta da lavanderia aparece na mesma proposta. Biofilia, presente!

84 Marcas Apoiadoras Lizt
ARQ. LARISSA KANOPP revoa.arquitetura 54 99110.2083
Tauane Carijio

No interior de São Francisco de Paula (RS), mais perto de Canela do que da sede do município, o Rio Caí alarga suas margens em três trechos para formar barragens, uma delas, a Barragem do Salto. Nessa região, uma pequena comunidade surgiu em virtude das próprias represas, na década de 50. É mais ou menos por aí que parece ter parado a arquitetura do lugar, que hoje abriga, além do antigo Hotel Federal São Francisco de Paula, uma porção de pequenas pousadas e casas de férias. Entre as residências com mais de 70 anos, em frente a uma igrejinha – mas suficientemente

recuada da estrada para amenizar o choque – ergueu-se uma casa de linhas retas, concreto aparente, design contemporâneo. O escritório também assinou o projeto arquitetônico, mas é do interior que essas páginas agora tratam.

Em anos de construção, além da parceria em outros projetos, os arquitetos e os clientes desenvolveram uma relação de amizade. Mas desde o início já dava para perceber o quão participativos eles seriam na construção do projeto. As boas referências do casal, em design e arquitetura, somaram ao trabalho do escritório para o interior dessa casa

de férias e finais de semana. A decoração reúne peças cuidadosamente escolhidas, entre mobiliário de design, obras de arte e móveis rústicos de família.

Criada para o descanso e para receber amigos, a área social é rica em elementos decorativos, mas nada obstrui a vista – por aberturas generosas em vidro – da vegetação abundante do terreno e, ao longe, a barragem. O concreto, predominante no exterior de linhas retas, é aparente também em diversos pontos do interior. É no estar que ele ganha mais destaque. Fixada na parte externa da

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ARQ. ANDRÉ RIGONI E ARQ. TATIANA BIFFI | ESTAR, JANTAR E COZINHA CasaemSãoFranciscodePaulaéespaçopararelaxar,receberamigoseexercitarotalentoemgarimparitensdedecoração DESIGN PARA QUEM AMA DESIGN

casa, a escada mantém sua aparência original. Uma caixa de vidro temperado incolor, além de contribuir com o isolamento térmico do pavimento central, dá ares de redoma à estrutura.

O brutalismo do concreto recua para soluções de aconchego: a textura amadeirada é valorizada no mobiliário. A iluminação discreta, com poucas intervenções no teto, endossa a proposta de conforto e de limpeza visual à altura dos olhos. Abajures e iluminação indireta suprem a variação cênica para os diversos tipos de ocasiões. Até mesmo a lenha, acondicionada em compartimento

pensado no projeto civil, planifica suas curvas e se ajusta às linhas precisas do projeto. Um aparador com nichos e caixas em couro passa o traço reto do limite da área de estar.

No jantar, segue a conversa entre diferentes propostas de design. E os contrastes também encontram conexões, como na parceria das cadeiras de Aristeu Pires com o guarda-roupas antigo no papel de louceiro. Perto dali, o ladrilho hidráulico é base para uma cozinha tecnológica. A proposta artesanal do ladrilho se conecta à estética da bancada de trabalho, originalmente uma mesa de

jantar, peça de família. Já o inox dos eletrodomésticos encontra referência visual no móvel embaixo da bancada. A peça revestida de espelho aumenta significativamente o espaço de armazenamento, mas, através dos reflexos, camufla-se e simula um espaço vazio.

O resultado do conjunto estético não é definitivo: uma característica de proprietários afeitos à pesquisa e abertos a apaixonar-se por novas peças, novos móveis, novas obras de arte. Ao contrário da vila que a rodeia, essa casa pulsa e está à frente do seu tempo.

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PURO

Linhas retas e cores neutras predominam no projeto. A proposta é valorizar o mobiliário e as peças de design, tema no qual os proprietários são consumidores avançados.

VERDE, ÁGUA E LUZ

A vista para a natureza às margens da Barragem do Salto é valorizada nas grandes aberturas voltadas aos fundos. A iluminação natural é a principal fonte. À noite, os ambientes variam opções cênicas em uma iluminação intimista, discreta no teto e com auxílio de abajures.

SELETO

Móveis de família, como a mesa de jantar adaptada à função de bancada de trabalho, dialogam com mobiliário contemporâneo. O móvel revestido de espelhos, embaixo da mesa, amplia o armazenamento, destaca a estrutura da mesa mantém a limpeza visual.

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ARQ. ANDRÉ RIGONI E ARQ. TATIANA BIFFI rigonibiffi_arquitetos Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos Empório Vila Rica Palladio’s Decor Villafranca Iluminação 54 99963.7840 54 99972.6427

UMA ESCOLA DO SÉCULO XXI

Um tradicional colégio católico de mais de 90 anos mostrou que está aberto à renovação. Conectado às tendências, o projeto de atualizar o layout de todas as áreas da escola começou — com sucesso — pela ala infantil.

Estudos mostram que o espaço influencia no dia a dia das crianças. Uma sala de aula bem projetada, com as cores e formas adequadas, contribui para a tranquilidade e produtividade nas tarefas. E isso tudo foi considerado na execução deste projeto, afinal, crianças tranquilas e produtivas é tudo o que os professores querem em sala de aula.

O trabalho começou com uma ampliação. As seis salas anteriores transformaram-se em doze, com o aproveitamento do espaço de uma antiga capela. O novo local, agora com 385 m², abrigou salas que pediam por uma apresentação mais moderna.

Normalmente, não há nada muito diferente no design das escolas tradicionais: piso neutro, paredes brancas, quadros negros, classes e portas de madeira, lâmpadas fluorecentes. O desafio aqui foi encontrar até onde a modernização poderia acontecer, já que o projeto precisava ser aprovado por toda a rede da escola, que faz parte de uma ala mais conservadora.

O primeiro passo, aprovado, foi trazer mais cor para dentro das salas. Não qualquer

cor que combinasse com o ambiente infantil, mas azul e amarelo, cores da identidade visual do colégio. Com isso, o espaço ganhou móveis coloridos e cheios de vida. O azul, tom da tranquilidade, foi usado para detalhes da sala, como moldura, tatame e móveis em melamina dos espaços de brincar. O amarelo vivo foi utilizado nas portas para marcar os acessos e nas classes e cadeiras, intercaladas com o azul. A área de aprendizado se manteve neutra.

Cada sala foi separada em dois ambientes: área de estudo e área de brincar. Os dois espaços fazem parte do dia das crianças, que têm entre dois e seis anos, mas com a divisão, ficou mais claro para professores e alunos se o momento é de fazer trabalhinhos e atividades ou de brincar e interagir com colegas. Essa divisão de espaços, que garante a versatilidade da sala, é marcada por uma moldura azul, que foi inspirada no logo da escola, uma rosácea. O formato foi redesenhado e usado como inspiração para a moldura. É ali o local de atividades como contação de histórias, teatro e jogos.

Todo o mobiliário é da altura das crianças, possibilitando a autonomia no dia a dia. As mesas, em formato de trapézio, possibilitam diversos formatos de layout que podem ser explorados durante as aulas.

As salas anteriores tinham um espelho na área das mochilas, que foi substituído por um espelho muito mais amplo, pensando em atividades importantes para o desenvolvimento do aluno.

A ideia era que as crianças sentissem que aquele espaço tinha sido feito para elas: com as cores, espelhos, formatos arredondados e mobiliário sob medida. O objetivo, salas mais acolhedoras, que fizessem as crianças se sentirem seguras e, ao mesmo tempo, estimuladas. A iluminação foi disposta no forro de gesso de uma forma assimétrica: as lâmpadas, que foram posicionadas em um formato de brincadeira de amarelinha, não seguem um alinhamento fixo, criando um ambiente de estímulo à criatividade.

Os banheiros da ala infantil, que também foram renovados, seguiram essa mesma linha de acessibilidade para os pequenos. Pias, vasos e espelhos estão na altura deles. E as portinhas que dividem cada uma das cabines foram pensadas para que apenas o professor (mais alto) consiga enxergar a criança para dar a ela um suporte, se necessário.

A mudança de visual, aprovada por alunos, professores e gestores da escola, é só o início das atualizações dos outros setores, que já aguardam ansiosamente pela sua vez.

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Móveiscoloridos,iluminaçãoassimétricaeacessibilidadederamnovacaraparaalainfantil
ARQ. CAMILA SIRTORI E ARQ. GABRIELA LAMPERT | ALA INFANTIL DE ESCOLA

MODERNO (NA MEDIDA)

Renovação da ala infantil da escola trouxe ares mais leves com o uso de amarelo e azul, cores da identidade visual, e separação entre área de estudo e área de brincar. Espaço pensado para que as crianças se sentissem acolhidas e estimuladas.

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ARQ. CAMILA SIRTORI E ARQ. GABRIELA LAMPERT verum.arquitetura 54 98170.4400
92 ARQ. SAYMON DALL ALBA | CABANA

O CONFORTO DE UM ABRAÇO

A psicologia explica que o abraço faz o organismo liberar a ocitocina, hormônio responsável pelos sentimentos de amor e felicidade. Quando somos abraçados, criamos uma conexão e despertamos sentimentos bem-vindos nos bons e maus momentos. No projeto, o gesto está no nome: Cabana do Abraço, alusão aos dois morros que envolvem a propriedade. E todo o resto também faz jus à alcunha. O lugar criado para o lazer de casais é um apelo ao aconchego, tem vista para o nascer do sol, acima das nuvens, em uma região montanhosa do município de Vale Real (RS).

Abraço é lugar pequeno para se ficar. Pequeno e cheio de conforto. Com uma metade revestida por ripado e a outra em vidro, da base ao topo, a fachada já passa essa mensagem. O telhado em A toca o chão nas suas extremidades e ressalta a proposta de ser refú-

gio. A quem entra, a cabana se revela maior do que parece ao vê-la de fora: o pé-direito duplo valoriza o amadeirado interno, revestimento do chão ao teto.

Construída no sistema wood frame, a cabana ressalta seu material básico e aproveita a organicidade da madeira para integrar-se à natureza. Outros materiais também ganham espaço: o mobiliário contemporâneo trouxe outros tons e o contraste necessário ao projeto, como os barrotes pintados de preto, que destacam o “esqueleto” da cabana.

As arandelas tartaruga e os trilhos com spots de dicróicas criam iluminação cênica no caminho até os fundos da cabana, agora completamente aberta para as montanhas, com a face dos fundos toda de vidro. É como se a natureza abraçasse sem precisar tocar. E a experiência desse abraço pode ser tátil tam-

bém. Do lado externo, um balanço na varanda convida a deixar-se tocar pelo vento entre as montanhas.

O verde lá de fora, destaque visual de qualquer ponto da cabana, encontra seu par em espaço central, com vasos de samambaias suspensos em cordas de sisal sobre a escada, no ponto mais alto do A. A composição, junto à cabeceira em estrutura metálica, faz as vezes de parede verde no dormitório, com roupa de cama inspirada em casas de montanha. O ambiente tem acesso ao terraço e, nem quando essa porta se fecha, encerra-se a vista da natureza. A ausência de cortinas ou persianas convida a adormecer com a vista de uma quantidade de estrelas que só o interior proporciona. Pela manhã, é o sol que desperta os hóspedes. Com um abraço. Co-autoria: Angélica Veronese, Bruna Bressiani e David Thomas.

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Cabanaconstruídaapartirdosistemawoodframepropõeumabraçodovaleaosseushóspedes

A DE ABRIGO

Do lado de fora, as extremidades do telhado em A tocam o chão e ressaltam o aspecto de abrigo. No interior, a madeira predomina e destaca, em preto, os barrotes estruturais do sistema wood frame.

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TRANSPARÊNCIA

A proposta é uma imersão no verde do vale. Nas duas faces da cabana, o revestimento em vidro do chão ao teto promove essa conexão com o exterior, inclusive no dormitório, sem obstruções à vista, à noite, à luz.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 95 ARQ. SAYMON DALL ALBA saydalba 54 99163.7940
Mota
Luciano

UM ESPAÇO PARA CAMPEÕES

A paixão pelo esporte levou essa cliente até Abu Dhabi! A lutadora de jiu-jitsu morou nos Emirados Árabes por dez anos, período em que ensinou a luta, modalidade na qual já foi campeã mundial três vezes. O irmão também é da área dos esportes e trabalha com Educação Física há 20 anos. De volta ao Brasil, a campeã de jiu-jitsu e o educador físico juntaram-se para concretizar um sonho: ter seu próprio espaço fight and fitness. No novo local, uniram as duas paixões e habilidades, luta e treinamento funcional.

A cliente tinha o desejo muito antigo de ensinar defesa pessoal para mulheres. Além disso, ela e o irmão queriam incentivar a educação pelo esporte para as crianças, desde cedo. Esses são os públicos principais do espaço fight and fitness, mas não os únicos, já que o local é aberto para todos.

Para adequar o ambiente a todas essas necessidades, o projeto foi dividido em três núcleos: ringue, espaço funcional e área de descompressão. E cada espaço precisou de um piso específico para que ele fosse aproveitado da melhor forma possível em sua atividade.

No ringue, a área de jiu-jitsu, foi destinada atenção especial, já que a escolha do tatame ideal era muito importante. A cliente tinha um desejo de um tatame branco, que foi encomendado e instalado sob medida no espaço, que lembra um octógono de MMA. O branco não só atendeu a um desejo pessoal, como deu sensação de amplitude para a sala, que no total, tem 60 m². Na própria rede do ringue foram penduradas as medalhas da proprietária — já que as paredes da sala são utilizadas para o treino funcional, que usa bolas e outros equipamentos.

No espaço funcional, tudo pensando para as atividades da aula: piso de borracha anti-impacto preto e um setor de grama sintética para exercícios de tração e deslizamentos. O piso é confortável aos pés, mas é também resistente aos impactos de alunos e equipamentos da aula, como os halteres e kettlebells. A grama não só garante que alguns exercícios sejam feitos de forma mais agradável, como dá uma quebra na paleta de cores do espaço, que tem paredes e tatame claros, em contraste com os equipamentos e o piso do funcional, escuros. Mesmo sendo

uma academia onde muitas mulheres treinam, não há nada de rosa por ali. E este foi um cuidado do projeto: garantir uma atmosfera unisex.

Já na área de descompressão, o ambiente é mais do que uma cozinha (apesar de contar com local de café, bancada e frigobar). Ali, crianças aguardam a hora da aula e pais esperam pelos filhos. O piso, neste caso, é laminado. E por ser um espaço de bastante circulação, tudo foi escolhido para que fosse de fácil limpeza e organização. As cadeiras são empilháveis para otimizar o uso da área.

Como a sala, no geral, possui janelas amplas, não foi necessário grande investimento em iluminação. Em alguns pontos que necessitam de luz, a escolha foram os perfilados com spots, dando uma cara industrial à sala, que fica no segundo andar. Essas janelas, aliás, garantem vista da Avenida Júlio de Castilhos, enquanto o aluno caminha na esteira ou pedala na bicicleta ergométrica.

De volta à terra natal, a cliente conseguiu um espaço que precisava para colocar seus sonhos em prática. E mostrou que não é preciso luxo para isso.

96 ARQ. ANDRESSA BARROSO | ESPAÇO FIGHT AND FITNESS
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TUDO EM SEU LUGAR Espaço fight and fitness foi dividido em ringue, área de funcional e local de descompressão. Cada um dos três setores teve piso específico para suas ocupações.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 97 ARQ. ANDRESSA BARROSO bidia Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos Quality Mármores 54 99177.8367

O COTIDIANO EM UMA CASA DE REVISTA

Áreasocialparaafamíliaeambienteparaeventosnagaragemcontrastamemcores,estiloeproposta, massãoparesnaprioridadedobriefing:elegânciacomfuncionalidade

As cadeiras perfeitamente alinhadas, como se a arrumação tivesse sido realizada com trena a laser. Manta e almofadas nos seus devidos lugares em um sofá que parece nunca ter acomodado alguém. O colar de mesa propositalmente despojado em curva, desenho orgânico como a peça é. Nenhum copo sobre a bancada, nenhuma migalha de pão pelo chão. O dia a dia das casas, em geral, não é como essas fotos mostram. Essa, de um casal com duas crianças pequenas, provavelmente, também não. E o projeto foi pensado justamente para isso. O espaço dá toda a liberdade para o convívio em família e acolhe a bagunça de um cotidiano real, mas, sempre que necessário, é fácil deixá-lo novamente assim, como casa de revista.

As linhas retas do projeto civil, também assinado pela arquiteta, deram as diretrizes do projeto de interiores. A proposta do briefing era um espaço totalmente integrado e funcional, focado nos afazeres da casa e atento às brincadeiras das crianças. Ao mesmo tempo, pedia elegância nos acabamentos, na paleta de cores, na iluminação.

Trata-se de um ambiente quase completamente transparente: uma pele de vidro voltada para o pátio e mais vidro em toda a extensão da fachada. E a mesma transparência – a capacidade de enxergar a totalidade do ambiente –

foi mantida no interior. As janelas para a frente da casa receberam cortinas de linho cinza para garantir privacidade. Com abundância de aberturas e paredes de vidro, a luz natural é a principal fonte de iluminação. E um projeto luminotécnico inteligente se encarrega de criar variados cenários e tons, conforme a situação, quando o sol se põe.

Tanto na cozinha quanto no estar, os objetos soltos são pontuais e a marcenaria valoriza longas superfícies planas. Tudo o que é necessário fica oculto em móveis sem puxadores, com uma sutil divisão entre os compartimentos. Na sala, por exemplo, um rebaixe no móvel acomoda os quadros. Na mesma parede, um rodapé amadeirado mantém camuflados o painel de comandos do sistema de piso radiante: tudo à mão, nada à vista. Dois painéis cimentícios fixados nas laterais da parede marcam a circulação, dão novos contornos à luz e texturizam o ambiente de estar.

Branco e cinza predominam nessa área social. A base neutra destaca o dourado do lustre, conectado a outros detalhes, como a estante em serralheria, arandelas e objetos decorativos. O amadeirado se destaca como fundo do jantar. O painel em marcenaria oculta o lavabo, o espaço mais intenso em cores desse pavimento: há mais dourados aí e um papel de parede de folhagens para levar o verde para o

único lugar do pavimento sem vista ampla para o pátio.

No pavimento inferior, um espaço para reuniões de família e amigos, mantém-se a sofisticação, mas com clima descontraído. É um lugar para conversar ao redor da churrasqueira, e jantar sem a formalidade da mesa. O amadeirado ganha mais área e dá aconchego ao espaço aproveitado da garagem. Tapete natural e detalhes como a pele sobre os bancos também afastam a aparência de garagem e dão ares de casa ao ambiente de lazer.

Sai o branco, entra o preto, no revestimento da churrasqueira com fogão campeiro, na caixa de tela em serralheria que recobre o refrigerador, no metal da prateleira suspensa e da estante. O dourado recua para objetos menores e cede espaço ao colorido, das plantas e do louceiro azul. A funcionalidade também é prioridade nesse espaço gourmet, do piso de fácil manutenção ao granito escovado da bancada. A principal diferença entre os dois pavimentos, no entanto, é a maneira como eles se exibem a quem chega. Enquanto lá em cima o projeto oculta qualquer utilidade doméstica, aqui o convidado tem tudo à vista. Saber onde se guarda as coisas em uma casa onde você recém chegou também acelera o processo de se sentir na própria casa. Co-autoria: Adriel de Oliveira Cardoso.

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ARQ. FLÁVIA JUNGES | ESTAR, COZINHA, JANTAR E ESPAÇO GOURMET

AMADEIRADOS

Painel amadeirado marca a área do jantar, aquece a paleta de cores e oculta o lavabo.

NEUTROS

Interior valoriza a ampla visão do ambiente e as linhas horizontais do projeto civil. Nas extremidades da parede do estar, placas cimentícias equilibram a predominância das grandes superfícies lisas e marcam a circulação.

VERDES

Com pele de vidro voltada para o pátio, o ambiente integrado tem o verde exterior como pano de fundo. No lavabo, a cor e os elementos da natureza são a base da decoração. Os detalhes em dourado fazem a conexão entre os dois espaços.

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INDUSTRIAL

O banheiro da garagem, ponto de apoio também para uma futura piscina no pátio, replica os tons de madeira e o estilo industrial escolhido para decorar o espaço gourmet.

OUTRO TOM

Na área gourmet, o amadeirado cresce e acrescenta aconchego a um espaço na garagem. Além do clima de casa e da descontração do uso das cores, a exposição dos utensílios deixa os convidados à vontade para interagir com o preparo das refeições.

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ARQ. FLÁVIA JUNGES flajunges_arq Marcas Apoiadoras Casa Serra Acabamentos DR Móveis Quality Mármores Renda Decorações 54 98125.9092
Juliano Mendes

DESIGN ASSINADO, CRIAÇÕES EXCLUSIVAS

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Memória afetiva é a alma da casa. Rústico e um pouco gasto mas, mesmo assim, nobre, o piso de madeira de demolição dá legitimidade a essa afirmação. Na sala de jantar, as cadeiras do designer Jader de Almeida mostram um dos contrapontos que são a essência desse projeto: o inusitado casamento do rústico e pretérito com a suavidade dos traços.

Atualizando o dito popular “quem casa quer casa”, família com filhos quer mais ainda. Este projeto propôs uma reforma geral para a família ir morar — um casal de jovens empresários e dois filhos pequenos. A casa, num condomínio na Serra Gaúcha, foi entregue aos donos no padrão da construtora, isto é, básica em revestimentos e acabamentos. Agregar conforto e funcionalidade, além de imprimir elegância, foram as propostas do projeto.

Em uma área de 300 m², distribuída em três pavimentos, a sobriedade dá o tom principal, embora essa característica também precisasse ser acomodada entre elementos e mobiliário de estilo rústico, além de ganhar um afago de suavidade. As premissas do projeto giram em torno de uma casa arejada, aconchegante e funcional. Para trazer um toque de modernidade, mas, sobretudo, para dar espaço à arte, peças de design de artistas brasileiros nas salas de estar e de jantar também somaram personalidade.

Mediado pela mão do equilíbrio, o rústico conseguiu ser suave em boa medida, um de-

safio para o projeto. Um dos recursos que permitiram tal sintonia foi apostar na criatividade e no despojamento de artistas brasileiros, expressos em peças de mobiliário. A Poltrona Mole com apoio para os pés, de Sérgio Rodrigues, é observada bem de perto pelo cocar de tribo indígena trazido de Rio Vermelho, na Bahia. Ele aparece emoldurado na parede, em área delimitada do living. Na parede oposta a um extenso painel amadeirado, que dá o tom do estar, o cinza que migra para o jantar aparece em uma estante de livros em laca, trabalhada pela marcenaria.

O segundo pavimento, antes todo compartimentado, desceu paredes para uma integração total, desejo da família. Cozinha, sala de jantar e de estar se transformaram quase que num cômodo só. Nesse pavimento, ainda estão o lavabo e a lavanderia, únicos espaços reservados do andar, camuflados por portas-painel atrás da cozinha.

Responsável por ajudar na criação de ambientes que despertam a sensação de acolhimento, o luminotécnico cênico, com a utilização de lâmpadas picco, que não geram ofuscamento, mas iluminam bem, inclusive o chão, foi uma das escolhas. As luminárias pendentes, do designer Jader de Almeida, na sala de jantar, também cumprem esse papel e ajudam a compor uma atmosfera intimista.

Se há algo unânime nessa vida, é que inverno bom é inverno ao redor da lareira. No

living, ela é a expressão máxima do conforto. Além disso — aqui vale lembrar que trata-se de uma casa na Serra Gaúcha —, os raios solares, ajudam a aquecer a casa e, por isso, são muito bem-vindos. Cortinas de tecidos leves e claros, no living e na suíte, aproveitam, além da luz natural e do calor, as estampas que o sol projeta sobre os ambientes.

Atendendo pedido expresso dos donos, a casa ganhou, na área gourmet, o espaço de diversão, onde os convidados são recebidos para confraternizações. O revestimento quadriculado, que imita azulejo xadrez em preto e branco – assinado pelo escritório e impresso especialmente para esse projeto – emoldura a pia e a rodapia, e dá personalidade ao espaço. O concreto nas paredes lembra que o rústico também reside ali.

Na suíte do casal, o branco predomina como bruma, envolve o ambiente e convida para o descanso o casal que administra a energia de duas crianças pequenas. Além do branco, os tons de madeira e o cinza completam a paleta do ambiente, resumida pelo tapete também com design exclusivo do escritório.

Com sua cuba escavada em rocha inteira, o lavabo mostra a personalidade forte do ambiente, onde também, mais uma vez, aparece a união entre o bruto e o suave. O papel de parede com a textura da palha natural forma o par. Co-autoria: Arq. Lucas Thomás.

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ARQ. FELIPE GARGIONI | GOURMET, COZINHA, ESTAR, JANTAR E SUÍTE Fotos: Nameless

PAREDE PARA QUÊ?

Depois de descerem as paredes, tons escuros e amadeirados setorizam estar, jantar e cozinha: integração total.

DESIGN

Sérgio Rodrigues convida para o bate-papo (e um whisky) outros designers brasileiros e peças como o cocar indígena de Rio Vermelho.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 103

Azulejo da cozinha, que dá complexidade à composição do ambiente, foi criado pelo escritório especialmente para este projeto.

BRUTO

Rústico, mas sofisticado: a aspereza da madeira de demolição do piso encontra semelhanças no amadeirado dos painéis e contrastes em detalhes da decoração.

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XADREZ

SOMBRA

Lado escuro do projeto, o lavabo equilibra o peso da cuba esculpida em rocha com a leveza da textura de palha natural nas paredes e da iluminação cênica.

LUZ

Uma paleta de branco e cinzas claros, pontualmente interrompida por amadeirados, destaca o efeito bruma e valoriza a iluminação natural, marca forte do projeto.

Magazine Sala de Arquitetos | 2022/ED48 | 105 ARQ. FELIPE GARGIONI gargioniarquitetos Marcas Apoiadoras Empório Vila Rica Palladio’s Decor Quality Mármores Renda Decorações Villafranca Iluminação 54 98111.9304

Adriane Cesa

Adriane Karkow

Akemi Wypyszynski Inamoto

Ale Mosna

Alexandre Pinheiro Machado

Ana Carolina Stasi Carraro

André Rigoni Andréia Benini

Andressa Barroso

Barbara Fernandes Dall’Alba

Bianca Mattana

Bianca Polidoro Franco

Bruna Rossi Camila Sirtori

Candice Ruwer Vidor

Carla Curra

Carla Zignani Caroline Formentini

Catia Giachelim

Celina Galiotto Furlan

Cesar Sehbe Golin

Clarissa Zanatta

Cristiane Pinto

Daiana Balestro Daniel V. Pontalti

Daniela Endres Copetti

Daniela Motterle

Deisy Mabrini Rigotto

Elisangela Selau

Enio Stumpf

Érika Bortolini

Felipe Gargioni

Fernanda Bertolucci Rossi

(54) 3025.3931 (54) 3214.3277 (54) 3419.8882 (54) 3019.0707 (54) 3223.5498 (54) 3025.6167 (54) 3228.5405 (54) 3261.2710 (54) 99177.8367 (54) 99966.1888 (54) 3536.7642 (54) 3419.3537 (54) 99640.7044 (54) 98170.4400 (54) 3021.4749 (54) 99144.9262 (54) 3214.8121 (54) 3536.2717 (54) 3292.4247 (54) 3028.3318 (54) 99121.1929 (54) 3538.1231 (54) 98122.5902 (54) 3222.7705 (54) 99932.1869 (54) 3223.4881 (54) 99929.0212 (54) 99979.4379 (54) 98402.6936 (54) 99993.4783 (54) 3028.0802 (54) 98111.9304 (54) 99953.7181

Flávia Torres Mattana Flávia Junges Gabriela Angonese Gabriela Lampert Gabriela Meletti Gabriela Tondin Grasiele Forini Jaqueline Crocoli Júlia Hollas Larissa Kanopp Lisi Caberlon Luci Vanni

Manoela Rossarola Corso Manuela Tremea Bof Marcele Muraro Mariana Marchioro Max Leonardo Manoel Mégui Dal Bó Mirela Ampezzan

Morgana Formolo Patrícia Mattei Adami Patrícia Ruzzarin

Rafael Sartori

Roberta Fanton Saymon Dall Alba Silvana Garcez

Simone Rodrigues Martini Suelen Miglioranza

Tatiana Biffi Vanessa Reiriz

Vanessa Guerra

Viviane Gaio Manzato

(54) 98142.0007 (54) 98125.9092 (54) 99953.0727 (54) 99147.1879 (54) 99922.5628 (54) 99971.0085 (54) 99978.7792 (54) 3025.3011 (54) 99636-1415 (54) 99110.2083 (54) 99998.8378 (54) 99974.0665 (54) 3027.2393 (54) 99932.0580 (54) 3223.0142 (54) 99178.7342 (54) 3223.4881 (54) 99189.8767 (54) 3292.1905 (54) 99981.2099 (54) 98114.1314 (54) 3212.2290 (54) 99626.9305 (54) 98111.5575 (54) 99163.7940 (54) 3028.7020 (54) 99927.2434 (54) 3536.2013 (54) 3228.5405 (54) 3041.4444 (54) 3035.2002 (54) 99957.6850

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