Roteiro 258

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BRASÍLIA É CENÁRIO DE DOIS FILMES QUE ESTREIAM EM AGOSTO

Ano XV • nº 258 Dezembro de 2016

R$ 5,90


R$

em compras

Trocas até 25/12/16 ou enquanto durar o estoque de 68 mil panettones. Limite de 1 panettone por CPF. Promoção Comprou-Ganhou não sujeita a autorização.

Participação sem limite para troca de cupons. Sorteio dia 26/12/16, às 16h. Certificado de autorização SEAE/MF nº 06/0493/2016.

HORÁRIO ESPECIAL

16 A 23/12: 9H ÀS 24H 24/12: 9H ÀS 17H

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Promoção válida de 18/11/16 a 25/12/2016.

Consulte condições de participação e lojas participantes nos regulamentos em www.parkshopping.com.br. Imagens e cores dos prêmios são ilustrativas.


EMPOUCASPALAVRAS Zeca Caldeira - Casadalapa

Fora 2016! Bora 2017! A capa de nossa última edição de 2016, ao mesmo tempo em que brinca com o fim próximo de um ano que não vai deixar saudades, lança um olhar, se não otimista, ao menos esperançoso, em direção a 2017. Na verdade, não existem sinais consistentes de que o país vá retomar o caminho do crescimento econômico, como num passe de mágica. Nem de que nossos políticos, de um dia para outro, passarão por um processo de purificação moral e ética. Ainda assim, o melhor a fazer é aproveitar este período de festas para renovar forças e enfrentar o desânimo que tomou conta dos brasileiros nos últimos tempos. Por essas e outras é que selecionamos algumas boas ideias para reunir parentes e amigos em torno de uma ceia de Natal, de um almoço ou jantar de confraternização, ou ainda de uma animada festa de Réveillon. Nas páginas 4 e 5, indicamos restaurantes que se prepararam para atender qualquer tipo de demanda de seus clientes. E nas páginas 18 e 19 os mais animados encontrarão sugestões de boas festas de Réveillon para sacudir a poeira e dar a volta por cima. Entre as novidades gastronômicas do mês está a inauguração do Nikkei Sushi Ceviche Bar, com a proposta de servir a delicada culinária nipo-peruana em sequências que são um deleite para todos os sentidos, a começar pela visão agradabilíssima de pequenos pratos que mais parecem aquarelas pintadas com maestria. Sabor e criatividade em alto grau (página 6). Criatividade também é a marca de um projeto recém-lançado que está convidando os brasilienses e os turistas a olharem Brasília de uma maneira diferente das oferecidas pelo turismo convencional. O mapa Experimente – Cidade Criativa revela segredos e achados da cidade e de seu entorno. Junto com profissionais de várias vertentes artísticas, Patrícia Herzog e Tatiana Petra garimparam locais de arte urbana, vinil, moda, galerias de arte e cafés, criando roteiros caprichados que apresentam Brasília de uma maneira inusitada (página 28). Quando janeiro chegar, estará de volta o projeto Todos os sons, agora em casa nova. A Praça das Fontes do Parque da Cidade será o palco da celebração dos 80 anos do grande Tom Zé (página 24). Hora de agradecer aos leitores que nos acompanham há 15 anos e desejar a todos um Natal de Paz e um 2017 de boas novidades gastronômicas e culturais, em clima de Brasil melhor. Boa leitura e até janeiro! Maria Teresa Fernandes Editora

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galeriadearte

A partir de 11 de janeiro, a Caixa Cultural celebra com uma grande exposição os 30 anos de carreira de um pioneiro da arte urbana no Brasil – o paulistano Ozi.

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águanaboca picadinho garfadas&goles pão&vinho happyhour caianagandaia dia&noite graves&agudos queespetáculo turismocriativo diáriodeviagem luzcâmeraação crônicadaconceição

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SHIN QI 14 – Conjunto 2 – Casa 7 – Lago Norte – Brasília-DF – CEP 71.530-020 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Criação sobre design de Kues1 / Freepik | Colaboradores Alessandra Braz, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Conceição Freitas, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Júlia Viegas, Laís di Giorno, Luana Brasil, Lúcia Leão, Luís Turiba, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Ronaldo Morado, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle | Fotografia Fabrízio Morelo, Gadelha Neto, Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral, Zé Nobre | Para anunciar 99988-5360 | Impressão Editora Gráfica Ipiranga Tiragem: 20.000 exemplares. 3

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ÁGUANABOCA

Receitas contra o baixo astral

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Dom Francisco Asbac – SCES (3224.8429) Funcionará normalmente nas noites de 24 e 31. Ceia de Natal: salada tropical ou salada reggiana, peito de peru ao forno com farofa de frutas secas ou bacalhau em posta na brasa com batatas assadas ao alecrim e sal grosso, e verrine de pistache e mascarpone. Preço: R$ 99 com peru e R$ 150 com bacalhau. Ceia de Ano Novo: salada de lentilha ou salada reggiana, pernil suíno desossado, recheado e assado ao forno, acompanhado de mousseline de mandioca, ou bacalhau em posta na brasa com batatas assadas ao alho, alecrim e sal grosso (foto acima), e panacotta com calda de romã ou torta ganache com frutas vermelhas. Preço: R$ 99 com pernil suíno e R$ 150 com bacalhau.

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Manzuá – Pontão do Lago Sul (3364.9090) Na noite do Réveillon, jantar à la carte com pratos à base de frutos do mar e comida nordestina. A partir das 21h, com vista para a queima de fogos e animação da banda Sambakana. Consumação mínima de R$ 300 por pessoa, mais taxa de R$ 50 para reserva de mesa.

Rayan Ribeiro

pesar dos sinais de que ainda teremos tempo ruim pela frente, é preciso acreditar que o pior já passou. Que as turbulências de 2016 vão ficar para trás, milagrosamente, com a chegada de 2017. Não tem sido assim ano após ano? Então, é deixar o baixo astral de lado, nem que seja por uma semaninha, e procurar desfrutar o período natalino da melhor forma possível. Nada melhor do que fazer isso desfrutando de generosas garfadas e goles, com a consultoria das boas casas da cidade. Seja na noite de Natal, na virada do ano, na confraternização com amigos e colegas de trabalho, o importante é celebrar o início do novo tempo. Para quem prefere comemorar em casa, alguns restaurantes aceitam encomendas, tanto para o Natal quanto para o Réveillon. Confira a seguir:

Rubaiyat – SCES, Trecho 1 (3443.5000) A chegada de 2017 será celebrada com um menu especial, música do Trio Crochê e queima de fogos, a partir das 20h. No cardápio, salada de lentilhas e camarões, chorizo espanhol, gravlax de salmão com molho tártaro, queijo de cabra com figos e mel trufado, terrine de amêndoas e trufa com camarões, robalo, ravioli de pitu, erva doce e creme de mariscos, carré de

cordeiro em crosta de pão de tomate com batatas confitadas, baby pork da Fazenda Rubaiyat, medalhão de ribeye assado durante 12 horas a baixa temperatura e tagliatelle de pupunha e molho de vinho do Porto. Bebidas: água, suco, refrigerante, uma garrafa de vinho para cada duas pessoas e uma taça de espumante por pessoa. Preços: R$ 420 (adultos) e R$210 (crianças), mais taxa de serviço.


a troca da muçarela. As reservas podem ser feitas para qualquer dia da semana.

Oswaldo Scafuto

Santé 13 – 413 Norte (3037.2132)

Para os almoços ou jantares de confraternização o restaurante criou uma combinação de atum grelhado envolto em lemon pepper, acompanhado de risoto de brie, nozes, laranja e mel, com ganache de molho de ostra, balsâmico e chocolate meio amargo (R$ 68). Mas há outras opções: nhoque com creme de queijo, bacon e crisp de alho poró (R$ 46), escalope de filé com rizo à piamontese, ao molho trilogia de mostarda (R$ 59), e coxa e sobrecoxa crocantes, acompanhadas de purê de batata doce, azeite trufado, legumes e farofa especial (R$ 47). Soho – Pontão do Lago Sul (3364.3979) O menu especial para comemorar a chegada do Ano Novo conta com três opções de entrada (tartar de atum, guyoza de pato e tiradito misto), quatro de prato principal (bacalhau à moda do chef, combinado Soho, bife ancho e suzuki trufado) e sobremesas como abacaxi ao rum e sorvete de coco, churros com Nutella e cheesecake com calda de framboesa e amora. Preço: R$ 390, com bebidas à parte. Fratello Uno – 103 Sul (3321.3213) e 109 Norte (3447.3360) A promoção das duas pizzarias é um rodízio de pizzas selecionadas pelos próprios clientes, ao preço individual de R$ 72 (incluídas bebidas não alcoólicas). Mas é necessário fazer uma reserva prévia para no mínimo 30 pessoas. O grupo pode escolher até oito sabores do cardápio à la carte, que serão servidos à vontade. Os intolerantes à lactose podem solicitar

Sallva – Pontão do Lago Sul (3522.4352) A partir das 20h30 do dia 31, ao som da cantora Bell Lins (ex-The Voice Brasil), da banda Groove a Rigor, de Rosana Brown e do DJ Fernando Nitro, será servido um cardápio completo, incluídos os drinques mais requisitados do restaurante, uísque Gold Label, cervejas, champagne Möet & Chandon e bebidas não alcoólicas. O cardápio: bacalhau à moda da chef, peixe branco grelhado em crosta de ervas, tender ao molho de tangerina, pernil assado com abacaxi caramelado, coração de filé ao molho gorgonzola, nhoque ao pomodoro com pesto de manjericão. De sobremesa, torta de brigadeiro com uva verde, tartelete de limão siciliano, as tradicionais rabanadas, tiramissú e mini churros de doce de leite. Preço: R$ 650. PiauÍndia – Rua 9, Casa 2, Vila Planalto (3574.4234) O casal de chefs Evandro Viana e Nicole Magalhães convidou o premiado chef dinamarquês Simon Lau para, juntos, criarem cestas natalinas que serão vendidas mediante encomenda prévia até o dia 18. O menu inclui receitas festivas indianas e típicas do Natal dinamarquês, com elaborações de fusão entre as duas cozinhas e toques do cerrado. Algumas delas: terrine de foie gras com cajuzinho do mato confi-

tado; lascas de bacalhau assadas no ghee com mandioquinhas, batata doce, cebola roxa, azeitonas pretas e masala; biryani de cordeiro confit, camarões rosas, queijo de cabra, iogurte, mix de castanhas do Pará e de caju, maçã verde e sementes de girassol. As receitas são vendidas em porções, com preços entre R$ 50 e R$ 140. Mormaii – Pontão do Lago Sul (3248.1265) A noite de Réveillon começará com mesa de frutas, frios e bufê completo de sushi e sashimi. Entre os pratos principais, arroz negro com frutos do mar, bacalhau cremoso, tender, salmão ao molho de maracujá, camarão ao champanhe, lentilha gourmet, macarrão Alfredo e filé com aspargos. Para crianças, filé Alfredo e batatas smiles. Open bar de cervejas (Budweiser e Stella Artois), drinques da casa, uísque Black Label, espumante Nero Brutt Rosé, saquê, vodcas (Ciröc e Smirnoff), sucos naturais, água de coco e água natural. Preços das mesas: R$ 1.200 (três pessoas), R$ 1.600 (quatro pessoas) e R$ 2.700 (seis a oito pessoas). Crianças até três anos não pagam, e de quatro a 12 anos pagam a metade. Nebbiolo – 409 Sul (2099.6640) O restaurante criou cinco pratos principais que podem ser encomendados até o dia 21: frango desossado e recheado (R$ 25), chester assado inteiro (R$ 55), peru assado com echalotas (R$ 65), pato marinado e assado no vinho (R$ 65) e bacalhoada (R$ 79 o quilo). Os acompanhamentos: guarnições de arroz com curaçao blue, cuscuz marroquino, echalotas caramelizadas, peras ao vinho ou batatas torneadas (R$29 o quilo) ou ainda farofa com castanhas portuguesas, legumes confitados, berinjela recheadas e assadas, arroz com amêndoas e tâmaras e pêssego recheado (R$ 45 o quilo). Zuleika de Souza

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BierFass – Pontão do Lago Sul (3364.4041) Servirá um bufê completo na virada do ano, com bebidas alcoólicas e não alcoólicas incluídas. De entrada, mesas de frios, assados e frutos do mar, seis pratos principais – entre eles bacalhau assado no azeite, paella marinera e penne ao molho cremoso de amêndoas e espinafre – e sete sobremesas. As bebidas: uísque, chope, drinques e espumante Perini Brüt. Som a cargo da banda Magoo e DJs brasilienses. Preço: R$ 520 à vista ou R$ 550 no cartão.

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ÁGUANABOCA

Camarões e vieiras gratinados

Trio de ceviches

Culinária criativa e exótica POR ADRIANO LOPES DE OLIVEIRA

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ais de 15.500 quilômetros separam o Japão do Peru, mas nem isso parece abalar a histórica afinidade entre as culinárias dos dois países, cujos ingredientes mais saborosos, aliás, são capturados nas águas do mesmo oceano – o Pacífico. Essa afinidade acentuou-se nos últimos anos com a difusão, mundo afora, da vertente gastronômica que preconiza uma releitura da centenária cozinha Nikkei, feliz combinação de técnicas japonesas com ingredientes peruanos. Pois Brasília acaba de ganhar mais um representante da culinária nipo-peruana. A delicadeza das porções e o requinte no preparo dos pratos são marcas registradas do Nikkei Sushi Ceviche Bar, recéminaugurado no Centro de Lazer Beira Lago. À frente da cozinha está o paulista Marcelo Fugita, que os sócios Felipe Leão, Ronaldo Júnior, Hugo Caitano e Leonardo Thompson foram buscar em Salvador. Com 24 anos de estrada, Fugita já trabalhou em badalados restaurantes de São Paulo, mas o ponto forte de seu currículo é, sem dúvida, a temporada que passou no célebre Nobu, de Nova York. Com vista para a Ponte JK, o bonito prédio de três andares projetado pela arquiteta Denise Zuba, com 1.200 m2, é di-

vidido em quatro ambientes (térreo, mezanino, subsolo e terraço) com capacidade para 300 pessoas. Em dois salões do térreo (um deles externo) funciona o restaurante propriamente dito. No mezanino fica o bar, onde são servidos petiscos e drinques no embalo de ritmos preferidos pelo público mais jovem, frequentador de baladas. No subsolo há duas salas reservadas, brinquedoteca e ambiente de convivência. “Queremos que as pessoas venham sem pressa, para desfrutar do ambiente e degustar lentamente as criações do chef Marcelo Fugita”, afirma Felipe. Embora sejam oferecidos pratos à la carte, a estrela do cardápio é mesmo o rodízio Nikkei. Na versão mais sofisticada (R$ 94,90) são servidas nove sequências de pequenas porções individuais (veja no quadro ao lado). Quem achar demais pode optar por um rodízio mais simples, de oito etapas (R$ 74,90), em que não figuram as vieiras, o foie gras e as trufas. Os ceviches, um capítulo à parte na gastronomia peruana, têm seis formas de preparo, entre elas o Tunna Nikkei, que leva cubos de atum marinados em molho à base de shoyu, mel e tamarindo, acompanhado de sashimi de avocado e chips de batata doce (R$ 54,90). O ceviche Amarillo vem em forma de cubos de salmão, camarões e manga marinados

As nove sequências 1 - Vagem de soja trufada com flor de sal / Chips de batata doce e de banana da terra. 2 - Guioza / Trouxinha de camarão com cream cheese / Tempurá de camarão. 3 - Tataki de salmão com furikake ao molho especial / Trio de ceviches (salmão, atum e camarão) / Salmão tartare com chips de banana da terra. 4 - Casquinha de siri ao leite de coco/ Camarões e vieiras gratinadas. 5 - Carpaccio de salmão / Vieiras no azeite, flor de sal, raspas de limão siciliano e redução de balsâmico / Peixe com raspas de tangerina e pimenta tailandesa. 6 - Sashimi de salmão com batata doce palha, azeite trufado e ovas. 7 - Sushis de salmão com recheio de camarão e shimeji / Enrolado de camarão com cream cheese / Sushi de atum picante com cobertura de abacate e ovas de massago. 8 - Salmão trufado / Atum com foie gras / Dyo (Salmão com vieiras / Camarão na redução / Shimeji). 9 - Nirá com camarão / Shimeji na manteiga.


em leite de tigre de pimenton amarillo, servidos com milho e chips de banana da terra (R$ 54,90). Quanto ao Cambuci, é composto por cubos de salmão, polvo, lula, camarões e lulas crocantes marinados em leite de tigre de pimentão Cambuci (R$ 56,90). Para quem ainda não se rendeu às delícias dos pratos frios, o Nikkei tem em seu cardápio três excelentes alternativas: o churrasco anticuchero de frutos do mar, com calda de lagosta, salmão, camarão, lula, polvo e mexilhão grelhados, acompanhado de legumes e salsa anticucher (R$ 120,90, para duas pessoas); o peixe branco grelhado ao molho de camarões ao basílico e risoto de limão siciliano (R$ 67,90); e o carré de cordeiro ao molho de vinho e risoto de brie (R$ 69,90). Para finalizar, o chef Fugita caprichou em 12 sobremesas bem ao gosto dos brasileiros. Entre elas se destacam o harumaki de morango com nutela e sorvete de tapioca (R$ 26,90), os mini churros de chocolate com calda de nutela e sorvete e de creme (R$ 26,90) e o grand gâteau Nikkei, uma composição do típico francês petit-gâteau de chocolate com picolé Magnum, sorvete de creme, morangos frescos, nozes caramelizadas e calda morna de chocolate (R$ 45,90). Essa última só para os fortes, sem dúvida.

Ceviche amarillo

A culinária Nikkei Embora tenha ganho notoriedade em anos mais recentes, a culinária Nikkei existe há mais de 100 anos no Peru, que em 1899 recebeu a primeira leva de imigrantes japoneses da América Latina, após a assinatura de um tratado entre os dois países. Milhares de japoneses chegaram para trabalhar como agricultores nas plantações de açúcar peruanas. Em vez de retornar para o Japão, quando seus contratos terminaram, muitos permaneceram na região à procura de outro trabalho. Esses imigrantes, cuja cultura gastronômica era muito forte e presente, não abriam mão de suas tradicionais refeições. Contudo, começaram a inserir, progressivamente, ingredientes peruanos em seus pratos. E assim surgiu a cozinha Nikkei, que combina ingredientes antigos e de alta qualidade, transformando a secular comida criolla do Peru, ao acrescentar-lhe sabores e técnicas japonesas. O resultado é uma cozinha com muita personalidade e identidade individual, que vem se tornando cada vez mais popular e evoluindo ao longo dos anos, transformando-se em uma gastronomia criativa, exótica e muito rica em aromas e sabores (informações extraídas do site www.sommelierwine.com.br). Fotos: Ana Morena

Salmão tartare

Nikkei Sushi Ceviche Bar

SCES, Trecho 2, Lote 32 (2099.2460) De 3ª a 6ª feira, das 12 às 15h e das 19 às 24h; sábado e domingo, das 12 à 1h.

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ÁGUANABOCA Gustavo Gracindo

Pizza com

sotaque mineiro

POR TERESA MELLO

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les falam que a linguiça de Formiga vem toda pra Brasília.” A brincadeira é repetida por Paulo Guilherme Pereira, sócio da Trattoria e Pizzeria Peluso. A cantina italiana, fundada em 2009 em Águas Claras por Jorge Ferreira, acaba de inaugurar um cardápio de pizzas, servidas a partir das 18 horas, com serviço de delivery. A embalagem com arte de Ziraldo é uma das mais lindas do mercado. Em novembro, a linguiça levemente apimentada, exclusividade da casa, disparou na preferência dos clientes: “É a pizza mais pedida”, confirma o gerente Damásio. O produto mineiro é espalhado nos nove restaurantes e bares do grupo. “Temos um fornecedor há mais de dez anos”, completa o sócio Antônio Apolinário Júnior. A ideia da pizzaria surgiu da observa-

ção do comportamento do público. “Águas Claras é uma cidade de classe média, com muitos casais jovens sem estrutura doméstica. Por isso, existe uma demanda grande por comidas mais rápidas e pelo delivery”, destaca Paulo. “Já que a Trattoria Peluso é uma casa de massa italiana, por que não servir pizza?”, pensou. A partir daí, os sócios reuniramse para traçar as metas de ampliação do menu e promover uma reforma. Ouviram amigos do ramo, como Gil Guimarães, da premiada Baco, e o consultor Marco Veronese, contrataram o experiente pizzaiolo Wagner e partiram para os testes. “Eu engordei uns três quilos”, suspira Paulo. “Eu também”, concorda Júnior. “Eu também”, acrescenta Damásio. O resultado não poderia ter sido melhor. Em vez das massudas bordas recheadas, apresentam a areada, bem levinha. Feita com água gasosa, a massa vem equi-

librada, nem grossa nem fina, e o recheio é farto e satisfaz. Na cozinha, compartilhada com o Bar do Ferreira, foi construído um forno de tijolo com aquecimento flex – a lenha e a gás – e capacidade para assar três rodelas ao mesmo tempo a 380º C. “Fica pronta em dois minutos”, informa o pizzaiolo. Quem ocupa um dos 60 lugares da cantina fica com o difícil trabalho de escolher o que provar. Nos tamanhos P (quatro fatias) e G (oito), há 16 opções salgadas, entre tradicionais e especiais, com preços de R$ 26,50 a R$ 44,90 (pequena) e de R$ 34,90 a R$ 59,90 (grande). “As tradicionais são as mais pedidas”, conta o gerente. Calabresa, romana, quatro queijos e frango catupiry só perdem para a bem-temperada linguiça de Formiga. Entre as especiais, destaque para a de presunto de Parma com gorgonzola. As origens mineiras estão pre-


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Mega

churrascaria

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sentes também no doce de leite de Viçosa, que recheia uma das cinco pizzas doces. Para acompanhar, a carta de vinhos reúne 50 rótulos, com bebidas nacionais e da Argentina, do Chile, de Portugal, da França e da Itália, com preços entre R$ 66,90 (o brasileiro Agnus Malbec) e R$ 152 (o italiano Negreamaro). Resta ao freguês apreciar o ambiente, com piso traçado no branco e preto do azulejo hidráulico, e admirar os lustres de antiquário, as fotos e a imponente geladeira de madeira, peça restaurada em armário e que serve para acomodar copos e toalhas, pois cantina tradicional segue o padrão de ter dois enxovais – um branco e outro vermelho. A porta de vaivém dá acesso ao banheiro, animado pela pintura colorida do mineiro Nemm Soares, um dos muitos amigos de Jorge Ferreira. “Fazer uma cantina é criar um ambiente gostoso que nos remete à família”, define Paulo. O cardápio de massas, risotos e carnes da trattoria continua, e o delivery de pizza, disponível por telefone e pelo aplicativo iFood, conta com o serviço de dois motoboys. O difícil mesmo é jogar a embalagem com arte do Ziraldo fora.

cheiro de um bom churrasco está preservado no espaço de 1.200m2 onde funcionava o Porcão, às margens do Lago Paranoá. Com gestão do empresário Roberto Oliveira, 49 anos, dono de uma rede de academias e de empresas de banda larga, foi inaugurada em 17 de novembro a Steak Bull. “Nossa proposta é um mix de churrasco, comida japonesa e pratos quentes”, detalha ele, animado com o negócio, no qual foram aplicados R$ 5 milhões em reformas. “Temos estacionamento para 450 vagas e localização privilegiada, perto do centro político de Brasília.” A equipe tem 119 funcionários. São três chefs – para carnes, ilha quente e cozinha oriental. “Nós montamos um restaurante japonês dentro do ambiente”, destaca Roberto, assessorado pelo gerente-geral Cláudio Potinga, pelo sommelier português Ricardo Valsumo e por Wendell Araújo, no steak bar. Para o atendimento às 700 pessoas – 400 no salão e 300 na varanda – existe um time de 38 garçons e 26 passadores de rodízio. O cliente serve-se à vontade na Steak Bull por R$ 119. Além da culinária japo-

nesa, o setor de pratos quentes oferece bacalhau, salmão, moqueca e massas variadas. Carnes do Brasil, da Argentina, da Austrália e do Uruguai são cortadas em fatias finas e bem-temperadas, mas quem quiser recorrer ao cardápio encontra opções como lagosta gratinada, camarão na moranga e risoto de camarão. Crianças de 6 a 10 anos pagam metade e, para as menores, o empresário preparou uma grande brinquedoteca, com casinha, jogos e fantasias, sob a vigilância de monitores e de recursos tecnológicos. “Transmitimos as imagens das crianças em um telão para que os pais fiquem mais tranquilos”, avisa. A tranquilidade é garantida ainda com a espetacular vista do lago, as samambaias distribuídas no salão e a enorme cortina d’água que cai em um aquário e dá as boas-vindas aos clientes. Mesmo à frente de outras empresas, Roberto diz que não vai arredar pé do Setor de Clubes Sul: “Acompanho meu negócio de perto”. Otimista, vai além: “Daqui a uns meses, vamos ter fila de espera nos fins de semana. Steak Bull Churrascaria SCES, Trecho 2 (3236.8818) Diariamente, das 11 à 1h.

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POR TERESA MELLO

Trattoria e Pizzeria Peluso

Avenida Castanheiras 5, Shopping Felicittà (3042.2585). De 2ª a 6ª feira, das 18 às 23h; sábado, domingo e feriados, das 11h30 às 23h.

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ÁGUANABOCA

Pro dia nascer feliz POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO

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ssa conversa de que não se mexe em time que está ganhando não vale nem para o futebol nem para a vida. É apenas mais uma dessas tolices que, de tanto se repetir, acaba parecendo verdade. Uma das mais tradicionais lojas de Brasília do ramo de “cestas de café da manhã”, a Frutacor , de Valéria Wandalsen, é uma prova de que inovar é preciso. Inaugurada em 1989, como uma franquia, em alguns anos, justamente por conta das inovações, tornou-se única, e Valéria é agora a proprietária da marca Frutacor. Buscando sempre trabalhar com os melhores produtos do mercado, as cestas de café da manhã de Valéria, com o tempo e a exigência dos clientes, foram se tornando também cestas de piquenique, de lanche, de happy hour, infantil e até de maternidade. E me digam qual mãe, ao perceber ao seu lado um moisés em vime recheado com geleias, croissants, capuccinos, brownie, casadinhos e frutas frescas, não despertaria mais feliz para a vida materna? Que pessoa sensível e amante das artes não se emocionaria ao receber uma cesta de café da manhã com o desenho dos azulejos de Athos Bulcão? E imagine aquele menino fanático por futebol despertando em seu aniversário com uma cesta abarrotada com tudo que ele gosta e ainda com as cores e o escudo de seu ti-

me do coração! Tem também uma happy hour do Clube da Cerveja com um balde repleto de garrafinhas de cervejas especiais para os rapazes e moças que adoram comemorar um final de expediente na sexta-feira. Para os mais tradicionais, Valéria oferece uma cesta de piquenique que vem com plástico para forrar o chão, pratos, talheres, copos e, é claro, os petiscos e bebidas que tornarão o momento inesquecível. E assim ela foi forjando a alma de sua loja: criando cestas com o perfil da pessoa presenteada e com o espírito da data que está sendo comemorada. Hoje, ao completar 27 anos de sucesso, a loja tem não só um público fiel, como os filhos desse público também estão se fidelizando. “Uma cliente ligou encomendando uma cesta de Páscoa e explicou que a mãe dela, desde que ela era pequena, pedia nossa cesta. Agora que a mãe tinha partido, ela resolvera assumir e passaria a encomendar a cesta em todas as Páscoas”, conta Valéria. Provando que quem fica parado é poste, a loja está dando largada em um novo projeto: uma minifloricultura. Contratou um florista e criou um espaço onde produz suas plantas. Os clientes podem receber desde os tradicionais buquês de flores até plantas decoradas em charmosos vasos. São as suculentas, assim denominadas por reterem muita água e só precisarem ser abastecidas uma

vez por semana. As suculentas mais conhecidas são o cacto e a lança de São Jorge, mas existem outras mais charmosas, como a planta de jade, também conhecida como a árvore da amizade, e a flor de maio. São ideais para quem mora em apartamento e quer colocar um pouco de verde no ambiente. Mas, se as mudanças são necessárias para a sobrevivência das empresas, alguns valores precisam ser mantidos, como o atendimento personalizado, por exemplo. Utilizando os recursos da internet, Valéria e seus colaboradores da Frutacor preparam as terrinas de plantas, fotografam e enviam para os clientes aprovarem o arranjo e o vaso. Caso eles peçam, as modificações são feitas imediatamente e novas fotos são enviadas. Assim, o cliente recebe exatamente o que pediu e espera receber. Esse procedimento também é adotado com as cestas e demais produtos e serviços da loja. O resultado são 27 anos de muito trabalho e reconhecimento. E para quem gosta de receitas de sucesso, a da Frutacor de Valéria é estar sempre atenta às modificações que estão ocorrendo e conversar e ouvir seus colaboradores para que, juntos, possam fazer cada vez melhor. Frutacor

403 Norte, Bloco E (3326.6464) De 2ª a 6ª feira, das 8h às 19h30; sábado, das 8h30 às 16h.


Genipabu – Rio Grande do Norte turismo.gov.br #veraonordeste


ÁGUANABOCA

Reduto universitário POR VICENTE SÁ FOTO LÚCIA LEÃO

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s universitários não saem de moda. Houve um tempo em que sepedia a ajuda deles num programa de auditório. Depois, surgiram as bandas de forró universitário; logo em seguida, o sertanejo universitário, seja lá o que isso queira dizer. Agora, uma nova tendência se afirma – os bares universitários. Em Brasília, além dos points próximos à UnB, que reúnem todas as noites centenas de jovens sedentos e conversadores, um novo bar surge com um perfil diferente, mas visando ao mesmo público. Localizado próximo ao UniCEUB, o Delta Bar inova, com um estilo que se assemelha mais aos bares americanos de convivência, onde os clientes das diversas mesas podem e devem interagir. Para isso, o Delta tem telões onde são mostrados jogos de futebol (tanto o nosso quanto o americano), música eletrônica e o beer pong, um jogo que mescla competição com bebida e está fazendo grande sucesso entre os clientes. O jogo é simples e pode ser praticado

por duas ou mais pessoas. O jogador tenta acertar uma bola de pingue-pongue dentro de um dos copos colocados no outro lado da mesa. Ao acertar, tem que beber um copo de cerveja ou um drinque da casa, de acordo com o combinado. Depois, o adversário passa a arremessar a bolinha. Segundo os proprietários, o jogo estimula a interatividade entre os clientes, sendo que muitas vezes uma mesa desafia a outra e os jogadores acabam sentando e bebendo juntos. “Eu e meus dois sócios estudamos no UniCEUB e sempre gostamos de nos encontrar aqui por perto com a nossa turma, mas faltavam opções. Por isso resolvemos criar um local que fosse propício tanto para as pessoas se encontrarem e confraternizarem como para sentar com um pequeno grupo”, explica Pedro Sá, um dos proprietários. Inaugurado no início de novembro, o bar já é sucesso de crítica e público, com uma média de mais de 200 clientes por noite – na maior parte universitários. O narguilé é uma das atrações, tanto que foi preciso dobrar o número de aparelhos já nos primeiros 20 dias, por conta da demanda.

As porções de tira-gostos de tamanho exagerado são outro fator de sucesso. “Nós trabalhamos com três tamanhos, de 400, 800 e 1.400 gramas. Essa porção maior pode servir até oito pessoas. As mais pedidas são as tradicionais, de filé, frango e batata frita”, informa Guilherme Cecílio, outro sócio. Mas nem só de tira-gostos e universitários vive o Delta Bar. O bancário Edilberto Antunes está se tornando um cliente fiel por conta da cerveja bem gelada e do atendimento rápido e prestativo. “Já é a terceira vez que venho relaxar e tomar minha cerveja. Aqui é um ótimo lugar para isso”, diz. O Delta Bar também segue a tendência do mercado e trabalha com diversas cervejas especiais, com preços que variam de R$ 29 a R$ 70. O resultado é uma casa sempre cheia, indicando que os jovens empresários estão tendo uma visão bem profissional do mercado e enxergando novos caminhos, mesmo em meio à crise econômica. Delta Bar

706/707 Norte, Bloco E (3532.5477) De 2ª a domingo, das 17 às 2h.


Guilhermo Jorge White

Hamburgueria criativa

Inaugurado há quatro meses, o Nebbiolo (409 Sul, Bloco D, tel. 2099.6640) está oferecendo no almoço menus harmonizados com vinhos de diversas regiões produtoras. Os menus, que custam R$ 85, mudam a cada semana do mês. Ainda dá tempo de aproveitar as duas últimas

Melhorar o funcionamento dos intestinos e do fígado, ou mesmo tratar males como a prisão de ventre, é o papel dos chamados sucos funcionais. O restaurante Bhumi (113 Sul, Bloco D, tel. 3345.0046) oferece um vasto leque de opções, elaboradas a partir da combinação de frutas, legumes e raízes orgânicos. Na linha detox, por exemplo, há o verde antigastrite (couve, maçã e laranja), o roxo (laranja, beterraba, cenoura e gengibre) e o vermelho (morango, maçã e limão). O energizante (couve, laranja, pepino e gengibre), o termogênico (limão, abacaxi, hortelã e gengibre) e o “acelera metabolismo” (gengibre, melão, hortelã, limão) são indicados para quem precisa melhorar a digestão. Completam o cardápio o “aumenta saciedade” (mexerica, gengibre e hortelã); o “queima pneu” (ameixa preta desidratada, abacaxi e hortelã), o antioxidante (manga, cenoura, limão e hortelã), o purificador (maçã, cenoura, laranja, limão e gengibre), o digestivo (abacaxi, cenoura, manjericão e limão) e o anticelulite (couve, gengibre, limão, abacaxi e maçã). Todos são de 300 ml e custam R$ 12,90.

Acaba de chegar a Brasília a Tea Shop, marca espanhola de chás gourmet. Os empresários Clélia Brito e Renato Gabriel, ambos apaixonados por chás, criaram na loja 131 do ParkShopping (no andar térreo, próximo à praça central) um espaço exclusivo para os apreciadores da bebida, onde eles poderão experimentar nada menos que 120 sabores (entre os puros, blends e infusões). “Nosso produto é artesanal. Priorizamos a qualidade e o frescor dos ingredientes”, afirma Renato. A Tea Shop busca seus ingredientes nos principais países produtores – Ceilão, China, Japão, Índia, Quênia, Formosa e África do Sul, entre outros. “Temos chás com especiarias, frutas vermelhas, pêssego, baunilha, chocolate. Quentes ou frios, vão da linha relaxante aos digestivos, energizantes, detox, isotônicos, emagrecedores, antioxidantes. A variedade de sabores é imensa”, completa Clélia. Para acompanhar os chás, quitutes salgados do Lá em Casa Cuisine D’Amis e doces da Babette.

Oswaldo Martiniano

Menu natalino

Davi Fernandes de Freitas

Rayan Ribeiro

Almoço harmonizado

Chás gourmet

Sucos funcionais

Brunch no Rubaiyat

Quem quiser descontrair com amigos para compartilhar um delicioso brunch tem agora uma nova e interessante opção: o Rubaiyat, estrategicamente localizado à beira do Lago Paranoá (SCES, Trecho 1, tel. 3443.5000). O preço do brunch varia de acordo com o número de pessoas e o cardápio, que inclui tortas, pães de queijo, bolos, croissants, sucos, cafés, chocolates, leite e frutas, entre dezenas de guloseimas. É preciso formar o grupo antes de pedir a reserva, pois o brunch é feito sob encomenda e para determinado número de pessoas. “Sempre estamos abrindo novos horizontes e parcerias, interagindo, modificando o olhar para a satisfação dos clientes”, diz Geff Ruas, gerente da rede Rubaiyat.

semanas de dezembro. Na terceira, a degustação começa com um trio de bruschetas (parma e rúcula, caponata com queijo e tomates) e segue com uma das três opções de pratos principais: talharim ao pesto, polpetone recheado com queijo de búfala e polenta cremosa ou fraldinha na brasa com legumes mediterrâneos assados (foto). De sobremesa, tiramissú. Na última semana do mês entram em cena o carpaccio de abobrinha com castanhas, de entrada, o cordeiro desfiado com cuscuz, a carne suína acompanhada de mandioca no bafo ou a costela de tambaqui assada, acompanhada de arroz de coco e abacaxi grelhados. Para finalizar, um pudim de caramelo em calda de hibisco. Divulgação

Tudo ali é inusitado, do cardápio à localização, passando pela solução arquitetônica. Estamos falando do recém-inaugurado Páprica Burger, instalado num contâiner montado num posto de gasolina do Eixinho Norte, na altura da quadra 204. Tamanha criatividade é resultado da parceria da chef Bruna Prieto com o argentino Lucas Arteaga, um dos sócios do bufê Umami, do Lago Sul, que criaram um cardápio com três tipos de hambúrguer (de R$ 24 a R$ 29), um deles vegetariano.Os hambúrgueres têm 160 gramas de carne Black Angus, que, assim como os os cogumelos da versão vegetariana, são grelhados em char broiler, adquirindo um sabor especial.

Divulgação

PICADINHO

Até o final de janeiro o tradicional menu executivo do El Negro (413 Norte, Bloco C, tel. 3041.8775, e QI 17 do Lago Sul, Edifício Fashion Park, tel. 3365.1198) vai valorizar sabores agridoce, carnes suínas, defumados e outros ingredientes típicos do periódo natalino. Uma das sequências é composta de salada Palermo Hollywood (rúcula ao dressing italiano e amêndoas em fatias servidas em cesta de parmesão), prime rib suíno ao chimichurri com maçã verde acompanhado de arroz integral especial (foto) e, de sobremesa creme de cupuaçu com licor de cassis. Outra sequência começa com mix de folhas, manga e molho de mostrada e mel, seguido por brisket angus levemente defumado, ao molho agridoce, guarnecido por batatas recheadas com cheddar e cebolas caramelizadas, e brownie de chocolate com calda de doce de leite e nozes. O menu custa R$ 59 e é servido no almoço e no jantar de segunda a sexta-feira.

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GARFADAS&GOLES

O primeiro almoço

LUIZ RECENA

lrecena@hotmail.com

de Natal

O galo canta. A galinha cacareja có-có-ri-có e o pintinho pia piu-piu. A canção é mexicana e nada tem a ver com o Natal, mas a lembrança provoca: nessa festa toda falta um elemento, o galeto. Nem galo nem pinto, galinha também não. Ele é único e, embora com existência fugaz, marca indelével seu espaço. Quando abre o bico para cantar por vez primeira, sobre ele se abate a mão do destino. E com ervas, muitas ervas, é depois servido com nome italiano: “al primo canto”. Uma iguaria que entra em nossa história pela força de duas entidades católicas, cristãs ao máximo, a família e o Natal. Este último pelo nascimento do Cristo; a segunda porque, desde sempre, antes até do Cristo, manda e desmanda na história das civilizações. E se todos têm a sua, o colunista também a tem. Assim, por ocasião do nascimento da criatura dita divina, almoça-se. Vai ao almoço o voto cristão que todos, um dia, tivemos de fazer. Festeja-se, o que sempre é bom. O penoso entra também na história porque o primeiro almoço familiar deste Natal, não importa se, talvez, ou quem sabe último do ano, foi na Galeteria Gaúcha, a do Lago Norte.

História vale

A Rússia soviética branqueava seus campos de neve quando o Arnaldo tomou de assalto as terras da granja do Torto. E ali, no parque de exposições, começou uma história. A Dinda, os rebentos, as histórias de Santa Maria gaúcha, a matriz principal de tantas vindas, tantos encontros e desencontros produtivos. Tudo servia, até mesmo para os enlaces de quem parecia vir da Sibéria, no dizer da pensadora alegretense Elda Aymone Martins. Tudo junto levou ideia de raiz ao pensamento cigano deste colunista. E a granja do galeto se fez: trabalho, sucesso, expansão, fortuna, destino, vida que não és vida; vida que já não és. Arnaldo virou saudade forte. Lembrança. A força que segura e faz andar para frente.

Mãos ao alto!

Impossível resistir a um processo avassalador de várias opções: o galetinho na brasa, a polentinha frita ou assada, o talharim com molho bolonhesa, o molho de tantas ervas, a maionese, o sagu e a ambrosia depois. O olhar amigo e protetor da filha e

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atenta proprietária. Sim, tem saladas verdes para os idem. Os bons verdes são as folhas amargas. Comeu-se bem, muito bem, farto e tranquilo. Melhor ainda com um garçom botafoguense. Rendo-me! Obrigado, Wender.

Ai, capeta!

Dizem que a quem o divino não dá filhos o sete quedas manda sobrinhos. Igualmente reportam as péssimas línguas que um antepassado do colunista carregou no sal daquela ceia em que um dos doze entregou o mestre. Pode ser fofoca pura, mas o colunista pagou dobrado: teve filhos e uma penca de sobrinhos. Com os casamentos destes, a fauna duplicou. A matemática encarregou-se de multiplicar o martírio via sobrinhos-netos. Em verdade vos digo: uma dádiva. Mesmo quando não se deva perder a piada. Esse papo nunca fica bem claro ou agrada a todos os citados e/ou envolvidos. Sempre alguém reclama. “No le hace, es así mismo, maestro”, dizem os mexicanos da canção do início. Gratos a eles, a vocês todos. Feliz Natal!


PÃO&VINHO

De volta à Europa Após um longo período escrevendo sobre vinhos do Novo Mundo, aproveito esta última edição de 2016 para voltar à Europa. Início de verão, o calor começando a nos envolver, chegam ao Brasil, trazidos pela Importadora Almeria, dois dos melhores vinhos brancos espanhóis, ambos da mesma bodega e ambos da safra de 2014: o Lolo e o Paco e Lola. Fundada em 2005, com apenas 11 anos de idade, essa bodega já mostrou a que veio. Prêmios não faltaram, tanto para a vinícola quanto para seus vinhos, culminando neste 2016 com o Prêmio Aurum Excellence Enogastronomic como melhor bodega europeia. Localizada na D.O. de Rias Baixas, a vinícola possui cerca de 200 hectares de vinhas distribuídas em mais de 1.800 parcelas, a maioria dedicada à casta ícone da região, a Albarino, conhecida em Portugal e entre nós por Alvarinho. Os brancos que essa casta produz têm a capacidade de se transformar em alguns dos melhores vinhos brancos da Espanha. O Lolo e o Paco e Lola, são, sem dúvida, provas concretas dessa façanha. Após mais de seis meses sem a presença desses caldos no Brasil, finalmente a Almeria conseguiu trazer um novo carregamento, diga-se de passagem em menor quantidade do que seria o ideal, e já os disponibiliza para lojas, restaurantes e diretamente ao consumidor que os contatar (tel. 11-2894.9900). Corram antes que acabe, pois os vinhos são sensacionais. Na última semana, tratei de passar por lá e pegar duas caixinhas de cada, e já neste fim de semana preparei um cardápio bem próprio para alguns amigos. De entrada, meu famoso (entre os amigos) pastel de lagosta, com o qual bebemos a versão mais leve e fresca, o Lolo. De cor

ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br

amarelo-palha brilhante, traz ao nariz uma presença muito aromática, com notas de maçã e melão e toques florais. Na boca é mais que tudo fresco e saboroso, com toques cítricos e frutas e flores brancas. Leve e delicado é o vinho perfeito para o verão, a piscina e as entradas do mar. Como prato principal fiz o que chamo de “camarão mediterrâneo”. Camarões rosas graúdos, abertos em “borboleta” e grelhados no azeite. Por cima, apenas um toque de sal e pimenta do reino, ambos moídos na hora, um polvilhado de ervas mistas (alecrim, tomilho, limão e manjerona), um mínimo de pimenta dedo-de-moça e um pouco de alho pré-frito. Para acompanhar, um risoto de hortelã. Modéstia à parte, estava ótimo. Mas ficou ainda muito melhor acompanhado do Paco e Lola 2014. A mesma cor amarelo-palha, agora com reflexos esverdeados, e também o mesmo brilho, trouxe aromas cítricos e de maçã verde, além de uma lembrança de abacaxi, com agradável mineralidade ao final. Na boca, a maior diferença para o Lolo: uma densidade mais marcante, sedoso e muito gastronômico, com boa e equilibrada acidez. O par perfeito para frutos do mar, inclusive com molhos. Tanta foi minha empolgação com os dois vinhos brancos que esqueci de comentar o ótimo champanhe que abriu os trabalhos nesse delicioso almoço: uma garrafa do rosé da Maxime Blin que despertou nossos paladares para tudo o que estava por vir. Realizado com 100% de Pinot Noir, apresenta uma linda cor salmão e borbulhas pequenas e persistentes. Aromas de frutas vermelhas que se confirmam em boca diante de um excelente mousse. Um dos melhores champanhes disponíveis no Brasil, importado pela Vinea.

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HAPPY HOUR

Mulheres e cerveja

RONALDO MORADO @ronaldomorado

“Que uma mulher que goste de cerveja me acompanhe e eu conquistarei o mundo”. Kaiser Wilhelm II, último imperador alemão e rei da Prússia.

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As mulheres sempre tiveram um papel importante na história da cerveja. Temos referências disso em várias culturas. Na Babilônia e na Suméria, por volta do ano 4000 A.C., as mulheres cervejeiras – sabtiem – tinham grande prestígio e eram consideradas pessoas especiais, com poderes quase divinos. Durante milênios, produzir cerveja foi uma atividade caseira, assim como cozinhar. Na grande maioria das culturas, enquanto os homens saíam para caçar, guerrear ou trabalhar, cabia às mulheres preparar as comidas e bebidas da família. Como os ingredientes do pão e da cerveja são os mesmos, era comum prepará-los simultaneamente. Em algumas sociedades a cerveja era considerada mágica ou divina e, talvez por causa da maternidade, a mulher sempre esteve associada a essa capacidade de transformar cereais em alimentos. Isso se reflete na cultura em geral, já que a grande maioria das divindades ligadas à cultura cervejeira é feminina. • Entre os vikings, era lei que somente as mulheres podiam produzir cerveja e todo o equipamento usado para esse fim era propriedade exclusiva da cervejeira. • Catarina, mulher de Martinho Lutero, o pai da reforma protestante, era famosa cervejeira, tendo aprendido o processo de fabricação em um mosteiro. • Na Idade Média, uma boa cervejeira era tida em alta conta: o rei Alreck de Hordoland escolheu Geirheld para ser rainha não por sua aparência ou por seu dote, mas porque era famosa por seus dons cervejeiros. Registros do Século 13, de uma pequena cidade inglesa, mostram que somente 8% dos cervejeiros locais eram homens. Além disso, como era permitido vender o excedente da produção, as senhoras começaram a explorar suas habilidades como um negócio que se tornou um importante complemento financeiro para a família. Para anunciar que a cerveja estava pronta, elas expunham na porta da casa uma haste com folhas verdes – um sinal aos interessados. Essas mulheres eram chamadas de alewives. A atividade representava a independência financeira das

mulheres em relação aos maridos, o que acabou provocando reações machistas ao final do Século 16, com leis que restringiam essa prática. O domínio feminino na produção cervejeira só diminuiu no final do Século 17, quando o “negócio” da cerveja despertou a ingerência masculina e grandes empresas surgiram, iniciando-se a produção em larga escala. A preponderância masculina passou a ocorrer em virtude da associação do homem às novas tecnologias e à comercialização, uma vez que os conceitos vigentes à época não consideravam as mulheres aptas a absorver novas tecnologias e a habilidade comercial era tida como uma característica masculina. As mulheres só reassumiriam seu importante papel na cultura cervejeira durante a Primeira Grande Guerra, a fim de suprir os soldados nas frentes de batalha, e posteriormente, no final do Século 20, como profissionais cervejeiras e como consumidoras exigentes. Atualmente, em cada três mestres cervejeiros, um é do sexto feminino. Hoje a mulher tem especial destaque nos estudos de mercado das cervejarias. Atentos às mudanças de hábitos da sociedade, em especial à crescente participação feminina no consumo da bebida, os responsáveis pelas decisões de marketing têm proposto mudanças significativas nas campanhas e no perfil de novos produtos. Ganha força a mensagem feminina, sutil e sofisticada, em detrimento da imagem machista e competitiva. Embora a cerveja seja identificada com o público masculino, atualmente o mercado feminino no Brasil é expressivo. Segundo o IBGE, 41% das mulheres brasileiras adultas bebem e 58% delas preferem cerveja. Com o incentivo das microcervejarias brasileiras e a oferta de vários cursos de beer sommelier pelo país, surgiram diversas confrarias femininas da cerveja que, em suas atividades, combinam diversão, desenvolvimento e divulgação da cultura cervejeira. Usando de suas naturais criatividade e liberdade culinárias, as cozinheiras contribuíram decisivamente para o desenvolvimento de receitas e utilização de ingredientes nativos.


Mais que cimento e asfalto. Obras que trazem dignidade e qualidade de vida para todos.

Pavimentação e drenagem

Abastecimento de água e esgoto

Pontos de iluminação

“A gente se sentia abandonado, mas no fundo a gente tinha esperança de que um dia ia mudar, como está mudando. Melhorou luz, melhorou água. Agora a gente tem água potável. Melhorou bastante. Quem demorou a vir aqui, quando volta, já não reconhece.” Ângela Maria Moreira dos Santos, moradora do Sol Nascente.

O Governo de Brasília tem levado mais desenvolvimento a cada vez mais pessoas. Hoje, regiões que estavam esquecidas, tais como Sol Nascente, Buritizinho, Vicente Pires e Porto Rico, começam a ter uma nova realidade. São importantes obras de saneamento básico, infraestrutura e iluminação. Serão investidos mais de R$940 milhões em 706km de obras de pavimentação e drenagem, 15 regiões atendidas com rede de água e esgoto e 21 mil pontos de iluminação pública, trazendo mais segurança para 16 regiões. Mais dignidade e qualidade de vida são os resultados do desenvolvimento que chega em todos os cantos e para todos.

www.brasilia.df.gov.br


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FESTASDERÉVEILLON CAIANAGANDAIA

Hora de exorcizar 2016 POR VICTOR CRUZEIRO

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alta pouco para o último dia do ano. A comemoração é iminente. Mas o que fazer na noite do dia 31? Há aqueles que preferem reunir a família em torno de um grande jantar e brindar à meia-noite, sob os auspícios dos fogos na televisão. Mas também há quem busque algo mais para começar o ano, algo fora do comum, mais animado e intenso. Para ajudar essas pessoas, segue uma lista com sete (para já começar o ano com uma simpatia) das melhores festas que vão agitar a noite de Réveillon na capital federal.

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AABB Começando por um dos mais tradicionais. A AABB (SCES, Trecho 2) iniciará 2017 com boa música, boa bebida e boa comida, tudo free, obviamente para quem pagar o ingresso de R$ 150 (sócios) ou R$ 180 (não sócios). Animando a noite, a banda Carnavália, como o nome já diz, dará um toque carnavalesco ao ano que se inicia, limpando as más energias de 2016 com

sua mistura de “multisamba”. Para os fãs de pop rock, a banda Zero 10 executará clássicos nacionais e internacionais do gênero. E para aqueles que gostam de começar o ano com o pé no chão, a pista de dança será animada pelo DJ Matsumoto, cuja residência no Japão lhe ensinou a milenar arte de animar uma festa durante a noite toda. Iate Dispensando apresentações, o Iate Clube (SCEN, Trecho 2) saúda 2017 com uma grande festa inspirada na Cidade Maravilhosa, trazendo todo o glamour e balanço do Rio para seu salão. Além de comida e bebida all inclusive e do já famoso show pirotécnico (com cerca de 10 minutos), neste ano o Iate investe em uma parceria inédita que promete prolongar a diversão do Réveillon – literalmente! A compra de um ingresso dá direito a um voucher para uma diária single ou double em um hotel da rede Windsor com taxas diferenciadas. Sócios do Iate pagarão R$ 400 por um ingresso, enquanto não sócios poderão ir à festa por R$ 500.

Brasil Capital Samba Show

Nossa Praia O Pontão do Lago Sul torna-se, mais uma vez, a praia preferida do brasiliense, recebendo a invasão misturada de ritmos e tribos que deu origem a uma das festas de Réveillon mais marcantes da capital. Indo do eletrônico ao sertanejo, passando pelo funk e pelo lounge, o Réveillon Nossa Praia oferece comida e bebida open, bares temáticos e uma belíssima – e ansiosamente esperada – queima de fogos. Os ingressos custam R$ 380 (inteiro feminino) e R$ 420 (inteiro masculino). Réveillon das Cores O bosque do Clube de Golfe de Brasília (SCES, Trecho 2) recebe pela primeira vez a megaestrutura desse evento que combina não apenas boa música e energias positivas, mas o tradicional espírito gastronômico da cidade. Duas pistas de dança trarão um line up que vai do samba ao frevo, do funk carioca ao eletrônico internacional, garantindo diversão para todos os gostos. E falando em gostos, um espaço gastronômico exclusivo reunirá iguarias dos bem brasilienses Oliver, Parrilla Madrid


Bruno Rio

Baco e Cru, all inclusive até o amanhecer. E o camarote Preto & Branco Oliver contará com serviços e localização privilegiados, com uma decoração já tradicional e um bufê especial. Por R$ 640 (inteiro feminino) e R$ 780 (inteiro masculino) pode-se ter acesso ao bosque. E por R$ 1.000 (inteiro, ambos os sexos) ao camarote Oliver. Celebration Como o nome já entrega, será uma grande celebração. O novo Minas Hall (SCEN, Trecho 3), recém-reformado, contará com mais de 3.000 m2 cuidadosamente divididos para contemplar os mais variados e exigentes gostos. Pista com DJ, música ao vivo e até mesmo uma bateria de escola de samba – a Brasil Capital Samba Show – anunciarão a chegada de 2017, regada a comida e bebida da melhor qualidade. A noitada termina com um grande café da manhã servido na varanda de frente para o lago, saudando o primeiro dia do ano com uma vista não menos monumental do que a festa. Um ingresso sai por R$ 560 (inteiro individual), mas é possível fechar um bistrô com quatro lugares (R$ 1.280, ou R$ 320/pessoa), seis lugares (R$ 1.920, ou R$ 320/pessoa)

Carnavália

e oito lugares (R$ 3.040, ou R$ 380/pessoa) Réveillon do Lago Menos convencional, mas sem jamais perder o estilo, o Clube do Congresso (SHIN, QI 16) trará a banda Blitz para animar a última noite do ano. Com hits inesquecíveis na bagagem e uma energia e irreverência já conhecidas pelo público brasiliense (a banda esteve no Brasília Moto Capital 2014), a Blitz será acompanhada de um farto open bar com uísque, vodca, espumante e coquetéis variados, além um bufê com paellas (para o camarote), caldos, pizzas, crepes, frutas da estação e um grande café da manhã. O ingresso da

área Gold sai por R$ 480 (inteiro feminino) e R$ 560 (inteiro masculino). Já o camarote está disponível por R$ 660 (inteiro feminino) e R$ 780 (inteiro masculino). Virada do Samba Nem só de fogos vive o Réveillon, e a prova viva disso é o Outro Calaf (SBS, Quadra 2), que chamou o grupo Adora Roda e os Filhos de Dona Maria para animar a entrada desse novo ano e exorcizar esse 2016 que já vai tarde. Nos moldes dos eventos da casa, a entrada é convidativa e a diversão é open, indo até quando os pés aguentarem dançar. O ingresso para a Virada do Samba sai a R$ 20 para todos.

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DIA&NOITE

poteiroporinteiro Sobre ele o poeta Ferreira Gullar, que nos deixou no último dia 4, disse: “Tudo na obra de Antonio Poteiro tem um sentido ligado à história do povo, suas aflições e seus sonhos de felicidade”. Até 8 de fevereiro, o brasiliense poderá mergulhar no universo desse artista que viveu entre 1915 e 2010. Está em cartaz, no Museu de Correios (SCS quadra 4), a mostra Poteiro por inteiro, composta por obras nunca vistas pelo público. O curador Enock Sacramento explica que elas foram produzidas a partir de 1960 até o ano da morte de Poteiro, num total de cinco esculturas e 30 pinturas “do artista brasileiro de maior repercussão dentro e fora do país, notadamente no domínio da arte naïf, popular, ingênua, ínsita, na qual se firmou, em seus últimos anos de vida, como o número 1 no Brasil”. Poteiro era um verdadeiro um criador. Inventava personagens e narrativas, tais como a Rainha das Tartarugas e o Rei do Pão. A exposição pretende resgatar uma síntese do universo pictórico e escultórico do artista. Ainda de acordo com o curador, “a pintura que Antônio Poteiro nos legou é de uma inventividade extraordinária, difícil de encontrar na plástica brasileira. Sobre um fundo chapado, ele geralmente dispõe árvores, flores, animais, figuras humanas, isoladas ou em grupos. Há uma orquestração de azuis, amarelos, vermelhos, verdes e de outras cores que, combinadas, definem o universo pictórico poteiriano. Suas esculturas cerâmicas são de uma riqueza formal e volumétrica encantadoras. Sua arte agrada a leigos e eruditos”. Antônio Batista de Souza nasceu na Aldeia de Santa Cristina da Pousa, em Portugal, mas com apenas um ano veio com a família para o Brasil. Morreu em 8 de junho de 2010 em Goiânia. De terça a sexta-feira, das 10 às 19h. Sábados e domingos, das 12 às 18h. Entrada franca.

artebrasiliense Conduta de risco, de David Almeida, Karma, de João Angelini, e Desilusão sob a lua, de Pedro Gandra, foram as três obras ganhadoras do I Prêmio de Arte Contemporânea Vera Brant, que teve 440 trabalhos inscritos de 210 artistas de Brasília e cidades satélites. Até 5 de janeiro as 20 finalistas estarão em exposição no Salão Branco do Palácio do Buriti, bem como obras de André Vilaron, Arnaldo Saldanha, César Becker, Clarice Gonçalves, Eduardo Belga, Gustavo Silvamaral, Iris Helena, João Duarte, Júlia Milward, Luiz Olivieri, Julio Lapagesse, Nina Orthof, Patricia Bagniewski, Paul Setúbal, Renato Rios, Rodrigo de Almeida Cruz e Stenio Freitas. O I Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea homenageia a escritora e colaboradora de Darcy Ribeiro na criação da Universidade de Brasília. Falecida há dois anos, ela conviveu com os principais artistas que passaram por ou viveram em Brasília, como Athos Bulcão, Glênio Bianchetti, Bruno Giorgi e Alfredo Ceschiatti. ​Ao final da mostra, as três obras premiadas serão incorporadas ao acervo do Palácio do Buriti. De segunda a sexta, das 8 às 18 horas, exceto feriados. Entrada franca. 20

espaçopara2017 Até 22 de fevereiro, pessoas físicas maiores de 18 anos, artistas consagrados e novos talentos da arte contemporânea e escritores brasileiros ou estrangeiros, bem como pessoas jurídicas de Direito Público ou de Direito Privado sem fins lucrativos podem se inscrever no processo de seleção de exposições e mostras temporárias do Memorial TJDFT. Para tanto, precisam remeter, via Correios, ou entregar pessoalmente os documentos solicitados no edital que pode ser obtido em www.tjdft.jus.br/ institucional/centro-de-memoria-digital/espaco-cultural/exposicoes-e-eventos/edital1-2016-serami. O endereço para entrega ou envio desses documentos é: Memorial TJDFT, Fórum Desembargador Milton Sebastião Barbosa - Praça Municipal, lote 1, Bloco A, 10º andar, Ala A. Brasília – DF. CEP: 70094-900. Mais informações em 3103.5894/5893/5863, das 12 às 19h, de segunda a sexta-feira.

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Davi Almeida

sobretodosmeusvazios Esse é o nome da exposição que o artista plástico brasiliense Pedro Ivo Verçosa apresenta até 10 de janeiro na loja Hill House, do Shopping CasaPark. São 277 pinturas, desenhos, fotos e objetos representativos do tempo que o artista passou em São Paulo, “pequenos detalhes e contrastes que revelam momentos de solidão, isolamento absoluto e melancolia”. Formado na UnB, o artista plástico brasiliense tem como pesquisa principal sua percepção do tempo e seu registro, preocupação expressa principalmente em seus trabalhos de pintura e fotografia. Trabalha também com outros suportes, como intervenção, animação, desenho e colagem. Todas as peças expostas estão à venda e a visitação é gratuita. O artista gaúcho radicado no DF tem sua obra revisitada, com a exibição de pinturas e desenhos que reforçam seu compromisso estético com o batik, técnica de origem asiática realizada com cera ainda quente em que as cores entram em contato com os tingimentos, expondo detalhes de beleza singular. A mostra segue em cartaz até 20 de dezembro, com visitação de segunda a sábado, das 10 às 20h, e domingo, das 12 às 18h, com . entrada franca.


Marcelo Dischinger

obatikdeprabhu Depois de uma viagem à Índia, entre 1976 e 1977, para uma visita a Osho, seu mestre espiritual, o artista plástico gaúcho Prabhu entrou em contato com o batik, técnica que tem na cera de abelha o fundamento para a pigmentação. Na mostra Prabhu: 38 anos de trajetória... Quando o sonho torna-se realidade estão pinturas e desenhos que reforçam o compromisso estético do artista com a técnica asiática desenvolvida desde a 1ª Mostra Coletiva de Arte do Batik de Porto Alegre, produzida pelo grupo Belém Novo – do qual era integrante – em 1977. De lá pra cá, a pesquisa das mais diversas técnicas foi o ponto forte na carreira do pintor. As colagens, os acrílicos, as têmperas, o nanquim indiano, a goma laca, as aquarelas, o pastel a seco e oleoso e o lápis nanquim integram o escopo de experimentações pelas quais Prabhu passou. Na Galeria Athos Bulcão (anexo do Teatro Nacional, acesso pela via N2), até 20 de dezembro, com visitação de segunda a sábado, das 10 às 20h, e domingo, das 12 às 18h. Entrada franca.

questãodegênero

Chama-se Nobuo Nakatani o artista plástico que ocupa o espaço Galeria, no Pátio Brasil, até 23 de dezembro. Ele expõe pinturas que retratam o dia a dia de pessoas, em especial o das crianças, e estão calcadas em três pilares: composição, cores vivas e harmonia das linhas. Nascido em 1953 no Japão, Nobuo veio para o Brasil com apenas cinco anos e se naturalizou brasileiro em 1984. Já participou de várias exposições individuais e coletivas no país e também do XXI Circuito Internacional de Arte Brasileira, na Bulgária, Noruega e República Dominicana. Atualmente, faz parte do grupo de artes plásticas Nikkei de Brasília. A mostra Vida, essência do meu pincel pode ser visitada de segunda a sábado, das 10 às 22h, e aos domingos, das 14 às 20h, no primeiro piso do shopping, com entrada franca.

Ela faz pose com seu vestido azul céu e luvas de cetim. A história da loiríssima Cinderela que embalou a infância de muita gente tem agora outra versão. Interpretada por ninguém menos que Mateus Solano, a princesa não tem madrasta má e muito menos príncipe encantado. “Que cara é essa? É o sapato? Sim, está apertado. Sapatinho de cristal é sapatinho de vitrine. Todo mundo no bem bom e eu aqui. Chega, chega!”, esbraveja a Cinderela do Século 21 em um dos seis vídeos que integram a videoinstalação Monólogos de gênero, da artista visual holandesauruguaia Diana Blok. A coprodução Brasil-Holanda, mais novo trabalho da artista, estará no CCBB até 2 de janeiro. Tanto Mateus Solano quanto Matheus Nachtergaele interpretam personagens do sexo oposto na videoinstalação que reúne seis artistas brasileiros e holandeses e discute identidade de gênero, preconceito e discriminação. Diariamente, exceto às terças-feiras, com exibições das 9 às 21h. Entrada franca.

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Em 2017, a Mostra de Cinema de Tiradentes, cidade mineira distante 900 km de Brasília, comemora 20 anos de existência e acontecerá entre 20 e 28 de janeiro. Reconhecido como a maior plataforma de lançamento do cinema brasileiro independente, o festival já foi palco de importantes pré-estreias e homenagens. Personalidades como o documentarista Eduardo Coutinho (2003); os cineastas Ruy Guerra (2006), Beto Brant (2007) e Karim Aïnouz (2010); e os atores Matheus Nachtergaele (2007) e Dira Paes (2015) são algumas das personalidades já homenageadas. A programação, toda gratuita, contempla mostras competitivas, sessões de cinema na praça, exibições de longas e curtas-metragens, debates, oficinas e muito mais, além do já tradicional Cortejo da Arte, que percorre as ruas da cidade. Programação em www.mostratiradentes.com.br. 21


risoquintuplicado Cinco bons comediantes se revezam no palco para encenar a nova versão de Cinco vezes comédia, em cartaz no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, dias 16, 17 e 18 de dezembro. Fabiula Nascimento interpreta uma arara vermelha contrabandeada do Acre para um pet shop, em texto de Jô Bilac; Lúcio Mauro Filho (foto) conta a experiência de uma suruba criada pela imaginação de Gregório Duvivier; Thalita Carauta encarna uma figurante que não teve sucesso como atriz, em texto de Pedro Kosovski; Bruno Mazzeo conta a história de um pai que é preso, de autoria de Antonio Prata; e, finalmente, Débora Lamm vira uma Branca de Neve moderna na história imaginada por Julia Spadaccini. O sucesso dos anos 90 volta em sua quarta montagem, sob direção de Monique Gardenberg e Hamilton Vaz Pereira. Concebido por Sylvia Gardenberg e visto por mais de 450 mil espectadores, o espetáculo tem iluminação de Maneco Quinderé e figurino de Cassio Brasil. Ingressos entre R$ 25 e R$ 100, à venda nos shoppings Brasília, Pátio Brasil, Alameda e Boulevard. Sexta, às 21h, sábado, às 21h30, e domingo, às 20h.

André Gardenberg

DIA&NOITE

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... estará de volta, no Teatro Unip (913 Sul), Beatles para crianças, um espetáculo musical criado especialmente para os pequenos conhecerem a trajetória e os sucessos da banda que é considerada o maior fenômeno da música de todos os tempos. No início, um telão de LED que compõe a cenografia da banda mostra as fases do quarteto de Liverpool em desenho animado. Depois, já com a banda no palco, outra animação convida as crianças à diversão e ensina os três primeiros movimentos básicos de rock. Daí para frente as crianças dançam, cantam e aprendem canções históricas do quarteto. Na última parte, os músicos convidam algumas crianças para subirem ao palco e tocarem Blackbird com os mais de 70 instrumentos musicais e objetos sonoros dispostos em cena. Depois os adultos são chamados para formarem um grande coral para cantar Twist and shout, sob os clics dos filhos que fazem papel de fotógrafos. Dias 11 e 12 de fevereiro, às 15h. Ingressos a R$ 50 e R$ 100, à venda nas lojas Cia Toy e na padaria Belini (113 Sul).

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O espetáculo Entre quartos foi vencedor em duas categorias do Prêmio Sesc de Teatro 2016, entregue no último dia 5. Gustavo Haeser ganhou como melhor ator e a companhia levou o prêmio de melhor dramaturgia, assinada coletivamente em parceria com a atriz Karinne Ribeiro, do Grupo Liquidificador. Entre quartos conta a história de três amigos que dividem um apartamento. Em comum, as fases e os ciclos do amor e as relações humanas na atualidade, sobretudo entre os jovens. A peça é uma criação coletiva a partir da inspiração de textos de Caio Fernando Abreu, Roland Barthes e Tchékov, e de trechos de textos das blogueiras brasilienses Julianna Motter e Beatriz Roedel, além de material autoral dos quatro integrantes da companhia.

setecontratebas Uma tragédia que se mostra uma verdadeira farsa marca o encerramento dos trabalhos da segunda turma do curso básico de atuação Teatro Elétrico. Nos dias 17 e 18 de dezembro, os 13 alunos da oficina ministrada pelo Grupo Liquidificador encenam, no Teatro Goldoni (EQS 208/209 Sul), Sete a um contra Tebas, montagem livremente baseada no texto homônimo do dramaturgo grego Ésquilo (525 a.C -456 a.C). Os professores Fernanda Alpino e Fernando Carvalho levaram para as aulas a metodologia do Grupo Liquidificador de construção coletiva a partir de improvisações e processos performativos. Assim, a luta dos irmãos Etéocles e Polinices ganhou o reforço de outras personalidades do ciclo tebano, personagens de corte e arquétipos do tarô. As lutas nos sete portões pelo controle de Tebas foram transformadas pelos alunos em conflitos contemporâneos de enfrentamento direto: feminismo, binarismo, golpe de estado, queda de muros e disputas de narrativas. Sábado, às 21h, e domingo, às 20h, com ingressos a R$ 10 e R$ 20. Reservas de ingressos: 3443.0606 / 3244.3333.

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quandofevereirochegar...

Nathalia Azoubel

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Andre Conti

GRAVES&AGUDOS

Tom Zé a céu aberto Q

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uem viveu a Brasília de finais da década de 1970 e primeira metade dos anos 1980 acostumouse a comparecer a shows ao ar livre, em que a música, a paz e a celebração davam o tom. Em plena ditadura militar, os antológicos Concertos cabeças reuniam milhares de pessoas para assistirem a shows de gente como Cássia Eller e Zélia Duncan, as duas em começo de carreira. A cidade sempre teve vocação para eventos musicais realizados a céu aberto. E é exatamente isso o que propõe o projeto Todos os sons, realizado na Praça das Fontes do Parque da Cidade: boa música, oferecida de graça, para animar as férias da moçada. Na próxima edição, dia 15 de janeiro, a partir das 15h, quem sobe ao palco é o grande Tom Zé, celebrando seus 80 anos. Antes do genial baiano, a música do brasiliense Dillo e da dupla 2 Reis, formada pelos filhos do cantor e compositor Nando Reis. O concerto começa com atividades teatrais e circenses, contando com a participação de grupos da cidade. Depois, a partir das 17h, começam os shows. Nessa edição, o projeto decidiu selecionar as atrações de acordo com o seguinte critério: um artista de Brasília, um artista em fase de projeção (e ainda inédito em Brasília) e um nome de repercussão nacional. No primeiro show, dia 11 de dezem-

bro, revezaram-se o brasiliense Oswaldo Amorim, a paranaense Simone Mazzer, atriz do grupo Armazém que deixou o teatro para se dedicar à música, a baiana Virgínia Rodrigues e o gaúcho Filipe Catto. E em fevereiro será a vez de Consuelo (álter ego da cantora brasiliense Cláudia Daibert), da banda paulista Samuca e a Selva e da mineira Fernanda Takai, vocalista do Pato Fu. A história do projeto Todos os sons é já antiga na cidade. Começou com shows no gramado do CCBB, contando com figuras como Criolo, Ray Lema, André Abujamra, Karina Buhr e uma lista enorme de artistas de primeira. Agora, sob o patrocínio da Vivo, mudou de local e tornou-se mais central, ocupando o Parque da Cidade. Em ordem inversa à do programa do show, vamos começar falando de Tom Zé, que fará o lançamento em Brasília de seu mais recente disco, Canções eróticas de ninar. No disco, fiel ao seu espírito de moleque, o baiano brinca com a poesia, mantendo sua verve crítica e irônica, e voltando as atenções para o sexo. Em ritmo bem dançante, as canções Orgasmo terceirizado, Sobe ni mim, No tempo em que havia moça feia e outras fazem graça com versinhos aparentemente inocentes, mas cheios de picardia, bem ao estilo do autor, que já avisou: “Eu tô te explicando pra te confundir”. Antes dele, o palco vai ser do cantor,

compositor e multi-instrumentista Dillo, nascido em Brasília. No ano passado, ele ficou com um dos prêmios do Festival de Música da Rádio Nacional FM. O artista tem estrada: já fez mais de 200 shows pelo Brasil e no exterior. Depois vem o show dos jovens Theodoro e Sebastião (“o mundo é bom, Sebastião”), filhos do cantor e compositor Nando Reis, que há pouco menos de três anos formaram a banda 2 Reis e têm se apresentado com bastante sucesso pelo Brasil. No repertório, músicas da lavra do pai e composições próprias, provando que o talento vem na veia. Todos os sons

15/1, a partir das 15h, na Praça das Fontes do Parque da Cidade (entrada pelo estacionamento 9). Entrada franca. Mais informações: 3349.3937. Diego Baravelli

POR JOSÉ MAURÍCIO FILHO

Dillo


QUEESPETÁCULO

Ninguém

Alexandre Magno

está sozinho

POR JÚLIA VIEGAS

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suspense é emoção que apimenta a vida na Terra há milhares de anos. Aquele momento em que a respiração se contém, o coração acelera, os pelos do corpo eriçam e vem aquele frio na espinha... A arte ocidental detém mestres no gênero, inspiração para gerações e gerações de autores, espectadores, leitores. E a dobradinha suspense e espionagem, então? Infalível! E se a história ainda contiver um contorno político? Pois é justamente esse o clima do espetáculo A autópsia de um beija-flor, em cartaz até o dia 29 no Teatro 1 do CCBB.

É a primeira encenação do texto do dramaturgo argentino Santiago Serrano, adaptado especialmente para a montagem brasiliense. Segundo já disse o autor, a história era tema de um texto curto, criado em 2002 para o ciclo das Avós da Praça de Maio (o grupo que luta pelo reconhecimento e localização de crianças sequestradas pela ditadura militar argentina). E foi esse texto a base para a peça atual. Santiago Serrano é íntimo do teatro de Brasília e conhece atores e diretores da cidade como poucos. Já teve três textos encenados por grupos e companhias daqui e outros dois por artistas de outros Estados. São espetáculos como

Dinossauros (que marcou sua estreia em solo brasileiro), Fronteiras, Eldorado, Noctiluzes e A revolta. Em cena estarão André Deca e Sérgio Sartório, que também assina a direção. Os dois são atores que detêm alguns dos mais importantes prêmios do teatro e do cinema de Brasília (quer dizer, não só de Brasília, já que Deca foi premiado também no Festival de Gramado). Ambos têm cumprido uma reconhecida carreira no cinema. E partilham a mesma paixão pela produção. Tanto Deca quando Sartório não ficam em casa esperando por convites para trabalhar: vão atrás, cavam as oportunidades e conquistam seu espaço. Em A autópsia de um beija-flor, os dois dão vida a personagens conhecidos apenas como “O Novato” e “O Experiente”, companheiros num trabalho de espionagem da intimidade alheia, voltados para descobrir os contornos da traição entre um funcionário público e uma esposa infiel. Mas o que eles talvez não saibam é que ninguém está sozinho e quem espiona pode também estar sendo espionado. De acordo com o autor, o texto se inspira na metodologia de espionagem desenvolvida por governos ditatoriais, com perseguições, espionagem de estado, grampos de personalidades de alto escalão etc. Mas também nas questões mais individuais, aquela traição que joga por terra muito casamento. No fundo, o que está em jogo é um conceito em crescente desuso, a tal da “ética”. Mas que ninguém pense que, por tratar de temas tão, digamos, áridos, A autópsia de um beija-glor seja um espetáculo difícil de assimilar. Santiago Serrano tem o dom de falar de maneira poética, filosófica, sem nunca perder o humor ácido. Um presente para atores e plateia. A autópsia de um beija-flor

Até 29/12, às 20h, no CCBB (SCES Trecho 2), com entrada franca. Dia 26, às 20h, e dias 28 e 29, às 18h30 e 20h, sessões especiais com tradução em Libras e áudio-descrição. Classificação Indicativa: 14 anos. Mais informações: 3108.7630.

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Fotos Zeca Caldeira - Casadalapa

GALERIADEARTE

Divertida e ácida arte de rua POR LAÍS DI GIORNO

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o início éramos poucos na rua, e comecei sem muita pretensão. Via como uma farra entre amigos, uma certa anarquia, uma desobediência civil, já que ainda respirávamos o ar da ditadura e quaisquer manifestações eram proibidas”. Quem afirma isso é Ozi, nome artístico de Ozéas Duarte, um dos pioneiros da arte urbana brasileira que, com o passar do tempo, foi aprimorando sua técnica e imprimindo em seus trabalhos “um tom mais irônico, ácido e sem vergonha em alguns casos”. Para celebrar três décadas de carreira do artista está sendo montada a exposição Ozi – 30 anos de arte urbana no Brasil, que vai ocupar a galeria da Caixa Cultural entre 11 de janeiro e 28 de fevereiro. Vista por 47 mil pessoas no Recife, a mostra reúne pela primeira vez um material raro, que remonta à história do grafitti no Brasil. São obras nascidas da técnica de estêncil, com forte influência da estética pop. “O estêncil é uma técnica bem antiga, vários povos a utilizaram para ornamentação desde as cavernas. Consiste em usar um molde vazado em alguma superfície rígida, papel, cartão ou acetato; em seguida, aplica-se tinta vaporizada sobre o vazado e o desenho é transferido, impresso”, explica Ozi. Quando tinha 14 anos, o artista paulistano foi apresentado aos grandes mestres da pintura por um amigo de infância. Cogitou ser pintor de cavalete, tendo inclusi-

ve participado de salões de arte, mas percebeu que esse não era um caminho possível para um jovem artista. “Em 1984, participando de uma ocupação artística numa passagem subterrânea, fiz a minha primeira intervenção. Lá conheci Maurício Villaça, que foi quem expandiu minha consciência com relação ao que era possível ser arte”, relembra o artista, que ainda se inspira em clássicos como Michelangelo, Matisse, Picasso e Andy Warhol. Segundo o curador da exposição, Marco Antonio Teobaldo, os visitantes podem esperar diversão garantida. “Mesmo com a sua crítica constante ao mundo em que vivemos, e da forma como vivemos, as obras de Ozi são de forte apelo popular. É fácil nos identificarmos com seus personagens e a linguagem que ele utiliza para construir seu repertório”, afirma. Voltada a todos os públicos, a exposição mostra a importância da arte urbana no Brasil. “O movimento de artistas urbanos que apresentam suas obras nas periferias dos grandes centros é uma fator considerável para entendermos sua importância sob um viés social. São eles que fazem a arte chegar aos lugares esquecidos, transformando-os com suas cores e formas”, explica Teobaldo. Os visitantes irão conhecer um inventá-

rio de uma importante parte da arte de rua brasileira, com documentos, registros fotográficos, depoimentos e obras do artista em diferentes tipos de suportes, que datam de 1984 até os dias atuais. Segundo revela ainda o curador, durante a pesquisa para realização da mostra foram entrevistados desde artistas que fizeram parte da primeira geração da cena urbana até os novos artistas. A história do Ozi passa pelo surgimento do graffiti no Brasil, com nomes como Alex Vallauri e Maurício Villaça, já falecidos, e tantos outros que continuam em atividade, entre eles Carlos Matuck, Celso Githay, Julio Barreto e Rui Amaral, que faziam parte do movimento inicial que originou a arte urbana brasileira e estão presentes no vídeo produzido para a exposição. A mostra é dividida em quatro segmentos: Rua, Arte fina, Matrizes e Bio. Os visitantes não devem deixar de conferir a série “Santa grife”, sobre bolsas falsificadas com marcas de luxo. “É uma das minhas favoritas, por conta de um desafeto com uma grife francesa muito conhecida”, diverte-se Ozi. Ozi – 30 anos de arte urbana no Brasil De 11/1 a 28/2, de 3ª a domingo, das 9 às 21h, na Caixa Cultural (SBS, Quadra 4), com entrada franca. Mais informações: 3206.9448 / 3206.9449.


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TURISMOCRIATIVO

Roteiros afetivos

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uma interpretação do patrimônio histórico e cultural que é Brasília. A gente enxerga o turismo como um importante propulsor do desenvolvimento econômico local”, detalha Patrícia. Pode-se dizer que o mapa é um desdobramento da menina dos olhos da dupla, o Experimente Brasília. Por isso, aqui vale um pequeno histórico. Ainda atendendo pela alcunha de Tríade Patrimônio Turismo e Educação, as turismólogas Patrícia e Tatiana começaram a desenvolver passeios por Brasília que exploravam outros aspectos da capital federal, na vertente contemporânea que acontece em várias partes do mundo do turismo criativo. Saíam de cena, então, Esplanada, Catedral, Torre de TV e Palácio da Alvorada para dar lugar à visita/exploração pela quadra-modelo 308 Sul; caminhada pelo Eixão ciceroneada por Nicolas Behr, com direito a conversa sobre pássaros e passeio de bicicleta; e fim de tarde a bordo de um veleiro no Lago Paranoá. Isso para citar apenas algumas “experiências”. Ainda tem, por exemplo, passeio de balão na Chapada dos Veadei-

ros e visita a vinícolas em Pirenópolis. Essa vasta cartela de opções começou com um mapeamento dos murais de Athos Bulcão espalhados pela cidade, que se tornou depois a Rota dos azulejos. Com o mapa Experimente – Cidade Criativa, Paula Carrubba

B

rasília, capital do Brasil. Centro nervoso do poder. Traço de Niemeyer. Sonho de JK. Previsão de Dom Bosco. Sim, sim, somos tudo isso. Mas para a dupla Patrícia Herzog e Tatiana Petra, a cidade-símbolo do modernismo tinha muito mais a oferecer ao turista e ao morador do que o simples circuito “Ordem e Progresso”. Com recursos do FAC, o Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, elas lançaram no começo de dezembro o mapa Experimente – Cidade Criativa, ou, como gostam de chamar, uma cartografia afetiva do Distrito Federal. Com design assinado por Flávio Altoé, o mapa revela os segredos e achados de Brasília e entorno. Junto com 15 profissionais de diversas vertentes artísticas, especialmente convidados para o projeto, Patrícia e Tatiana garimparam locais dos segmentos de arte urbana, vinil, moda, galerias de arte e cafés. Cada um recebeu na planta o selo de qualidade Experimente Brasília Cool Destination. “A gente joga luz na essência da cidade que parou de ser divulgada, trabalha em cima de

Os labirintos e mistérios do Conic


A arte urbana do Coletivo Transverso

As galerias e os ateliês de arte

Acima, as narrativas visuais da agência Comova; abaixo, o universo dos discos de vinil. Fotos: Paula Carrubba

Patrícia e Tatiana quiseram modernizar o turismo no DF. Do design ao conceito, a intenção era ir além da planta baixa do quadradinho federal. O mapa explora, desvenda e revela espaços que representam o sentimento genuíno de ser candango, seja esse candango por nascimento ou adoção. Por isso, a ajuda essencial dos 15 profissionais. Chamados por elas de criativos locais cocriadores, eles promoveram ao longo do segundo semestre de 2016 experiências abertas ao público que renderam alguns dos selos do mapa. A primeira experiência foi em julho, seguindo o Coletivo Criolina pelo universo dos discos de vinil. Em agosto, o guitarrista Dillo conduziu os participantes por novas rotas em Taguatinga. Nesse mesmo mês o artista visual Natinho desvendou os labirintos e mistérios do Conic e a estilista Fernanda Ferrugem explorou o mundo da moda autoral e consciente de seu ateliê no Guará. Setembro foi dedicado às galerias e ateliês de arte, sob a orientação do fotógrafo Bruno Bernardes. Em outubro, o projeto realizou três novas experiências: arte urbana com o Coletivo Transverso; narrativas visuais com a agência Comova; e perspectivas e sensações da dança com Luciana Lara, coreógrafa e fundadora da Anti Status Quo Cia. de Dança. A série terminou em novembro, com o mergulho na sétima arte junto com o cineasta Iberê Carvalho, do longa O último cine drive-in, e o lançamento do mapa em 1º de dezembro, com uma festa aberta, no Museu Nacional da República, ao som dos DJs do Criolina e projeções comandadas pelos VJs Oga e Arthur Pessoa. “Estamos desenvolvendo há alguns anos trabalhos que ajudam a cidade a resgatar sua autoestima. Quando ela foi construída, habitava desejos e mentes mundo afora. Não era só um urbanismo e uma arquitetura, era o desejo de uma outra civilização que vinha com o plano da nova educação, com os grandes pensadores, com o primeiro curso de cinema, a primeira faculdade de artes do país. Com Dulcina de Moraes. Mas a cidade foi interrompida no golpe militar”, explica Tatiana. A primeira tiragem do mapa Experimente – Cidade Criativa é de 10 mil exemplares, distribuídos gratuitamente em cafés, galerias, inferninhos, lojas de vinil e de arte urbana e hot points.

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DIÁRIODEVIAGEM

POR SÚSAN FARIA

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aisagens e sons para refrescar a alma. Vales, cânions, riachos, lajeados, trilhas, pedras, água, muita água, barulho das cachoeiras, dos pássaros e do vento. E frio. Muito frio. É assim em Cambará do Sul, um dos grandes municípios brasileiros (1.208.647 km2), mas com população diminuta (menos de sete mil habitantes). Um lugar para contemplação e turismo de aventura, que visitamos junto com 12 integrantes do grupo Caminhadas de Brasília. Cambará, que em tupi-guarani significa folha de casca rugosa, tem o conforto básico das grandes cidades – wi-fi, pubs, bons restaurantes, hotéis, agências de turismo – e a imensidão do Parque Nacional de Aparados da Serra e do Parque Nacional da Serra Geral. Na primavera, a temperatura média é de 7 graus centígra-

dos, durante o dia. Este ano, no inverno, a temperatura chegou a 7 graus negativos, com sensação térmica de 15 graus. Em 2013, Cambará se cobriu de neve. No Passo do S, região onde os tropeiros cruzavam o Rio Tainhas, a 38 km de Cambará, a bordo de um Land Rover Defender (veículo utilizado durante a Segunda Guerra Mundial) percorremos as águas do grande lajeado. No segundo dia da excursão fomos ao Cânion Fortaleza, com seus impressionantes paredões de quase um quilômetro de altura e um vento cortante que chegou a rasgar a capa de plástico de um dos viajantes. Depois, conhecemos as cachoeiras de Itaimbezinho, percorrendo trilhas, também com frio, chuva leve e vento. Ao longo do percurso, muitas cascatas e paisagens verdes de pinheiros e araucárias. Em Cambará, conhecemos a fazenda Sabores da Querência, que fabrica ge-

Lia Costa

Deslumbrante Serra Gaúcha


Lia Costa

Não é um negócio qualquer. Tenho amor pelo negócio, pelo vinho”, diz Lucas Brandelli. Em Gramado e Canela, valeu a pena tomar um dos melhores chocolates do Brasil, comprar cucas saídas do forno na Casa do Colono, e visitar o Castelinho Caracol, nas proximidades, com seu riacho, flores e encantos. Apreciador de aventuras e esportes radicais, Carlos Eduardo Santana de Araújo, 56 anos, morador do Lago Norte, gostou dos passeios na Serra Gaúcha: “è interessante conhecer trilhas também fora de Brasília”. Para Albânia Farias, 51 anos, residente no Guará, valeu a viagem: pelos atrativos, as belezas e o aconchego da região: “Sinto-me deslumbrada com essa natureza preservada, o ar puro, a água, a terra, as cores, um cansaço que me fez bem, uma terapia energizante”.

leias e piscos artesanais, e o Castelo La Cave. De Cambará – que oferece cerca de 40 atrativos, entre cachoeiras, cavalgadas, trekking, passeios de botes e de bikes – seguimos para Caxias do Sul, cidade famosa pela Festa da Uva, onde conhecemos a vinícola Zanrosso, fundada em 1937 por imigrantes de Vicenza, Itália, e que hoje produz 400 mil litros de vinho por ano, vendidos ali mesmo, no varejo. “Temos apenas um funcionário. No mais, somos sete pessoas de duas famílias”, explicou Tobias Zanrosso, 32 anos, um dos proprietários. Segundo ele, uma dificuldade da vinícola é o fato de o Brasil ser o maior consumidor de vinho chileno, o que torna a concorrência desleal, por causa dos impostos no Brasil, em torno de 65%, e da proximidade com Chile Argentina. Os encargos trabalhistas e a exigência de mudanças constantes nos tanques de tratamento do vinho são outras barreiras. “Não fosse pela história da família, já tínhamos desistido da vinícola”, queixa-se. Em Caxias há dois templos católicos belíssimos: a catedral e a igreja de São Pe-

Divulgação

Súsan Faria

legrino, esta última vinculada aos primórdios da emigração italiana, com pinturas de Aldo Locatelli sobre o juízo final. De lá fomos para Bento Gonçalves visitar outras vinícolas e andar na Maria Fumaça por um percurso de 1h30 (R$ 98), com direito a ver a peça Epopeia italiana, em nove cenários permanentes. A peça, cujo ingresso pode ser comprado separadamente por R$ 20, é mais interessante do que o passeio em um dos seis vagões, que totalizam 344 lugares, sempre lotados. Conhecemos os parreirais em flor da vinícola Dom Laurindo, de apenas 15 hectares, no Vale dos Vinhedos, fundada por imigrantes de Verona, norte da Itália, em 1887, e que exporta vinho para o Canadá, México, Estados Unidos e Tchecoslováquia. “Sinto-me honrado em continuar o trabalho de meu trisavô e de meu pai, que começou com a vinicultura.

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Fotos: divulgação

LUZCÂMERAAÇÃO

Juventude transviada

Lolita

Dúvidas e dores do crescimento O CCBB exibe, até 2 de janeiro, 22 filmes de diversos países, produzidos em diferentes épocas, com temática adolescente.

POR SÉRGIO MORICONI

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om enfoque psicanalítico e debates que abordam temas como direitos humanos, sexualidade e identidade, a mostra Adolescência e desejo apresenta, desde o último dia 7, filmes que tiveram boa repercussão no mercado há poucos anos, entre eles os brasileiros Hoje eu quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro, e Confissões de adolescente, de Daniel Filho. Algumas das obras programadas viriam a se tornar emblemáticas entre os jovens, como Elefante e Paranoid Park, de Gus Van Sant, Felicidade e Bemvindo à casa de bonecas, ambas de Todd Solondz, todas com enfoque sombrio e inquietante. A mescla conseguida pela curadora Giovanna Quaglia proporciona um vasto passeio por obras cult do gênero e também por clássicos atemporais indiscutíveis: Lolita, de Stanley Kubrick, e Juventude transviada, de Nicholas Ray. Uma pergunta que sempre surge quando o cinema – ou outras linguagens da arte e do entretenimento – aborda temas adolescentes é se eles o fazem a partir de uma ótica dos jovens ou dos adultos. Deve ser interessante ver hoje a nova versão de Romeu e Julieta, de Baz Luhrmann, e compará-la com outras transposições ci-

nematográficas para o texto clássico de Shakespeare. A de Franco Zefirelli é uma delas. O ultra melodramático (romântico?) diretor italiano não trouxe para a mostra nem Romeu nem Julieta, mas está presente com Amor sem fim, realizado em 1981. O tipo de romantismo de Zeffirelli ainda teria lugar nos dias de hoje? Uma possível analogia pode ser feita com Juno, de Jason Reitman, onde uma menina engravida depois de transar apenas uma vez com um amigo e, achando-se incapaz de criar o futuro bebê, sai à procura de casal ideal para criá-lo. Curiosamente, quando de seu lançamento nos cinemas, Juno recebeu criticas de psicanalistas por apresentar uma visão edulcorada e falsa de um problema que pode trazer consequências devastadoras para uma jovem que enfrenta situação semelhante. Quase uma década depois – o filme é de 2007 – essa mesma percepção seria reiterada? É de se supor que os dois filmes de Sofia Coppola, As virgens suicidas e Bling Ring – as gangues de Hollywood, a serem exibidos na mostra, tragam uma visão mais contemporânea, realista (e feminina) da puberdade, período tão delicado e complexo. É apenas uma suposição, já que a diretora era, por assim dizer, uma

“jovem adolescente” de 28 anos quando realizou, em 1999, o primeiro dos filmes mencionados. Por outro lado, Bling Ring, de 2013, é já a observação de uma adulta sobre a influência da cultura das celebridades sobre os jovens. Diferentes aspectos do objeto buscado pela curadoria podem ser observados em Trainspotting, cult de Danny Boyle sobre os tormentos de jovens envolvidos com drogas pesadas, no brasileiro Famosos e os duendes da morte, de Esmir Filho, surpreendentemente ambientado numa pequena cidade de colonização alemã, assim como em Senhor das moscas, de Harry Hook, filme que será objeto de debate no dia 18 com a curadora e psicanalistas convidados. “A adolescência é uma guerra, ninguém sai ileso”, declarou a espanhola Begoña Piña em seu artigo “A idade da marginalização”. De fato, as emoções estão no olho de um caótico redemoinho, os hormônios são indóceis, indomáveis, dizem que os ossos crescem, tudo isso num momento em que o egocentrismo atinge cumes extraordinários. O cinema industrial costuma tratar muito mal o tema. Além de as histórias serem predominantemente contadas do ponto de vista de protagonistas masculinos, é comum a reafirmação do machismo, da mulher co-


Divulgação

mo objeto de desejo (objeto sexual, na maioria dos casos), enfim, de todo tipo de estereótipo de gênero, da ilusão de que o amor romântico produz a redenção do indivíduo mau e assim por diante. Tudo isso se torna muito problemático quando se constata que filmes sobre temas jovens com atores e atrizes jovens estão sistematicamente entre os campeões de bilheteria. A adolescência voltou a se tornar um assunto obsessivo nas universidades e instituições ligadas aos mais variados campos intelectuais e profissionais. Muita gente quer colocar de novo a sua colherzinha nessa cumbuca. Há pouco tempo o psicanalista, escritor e dramaturgo ítalo/ brasileiro Contardo Caligaris escreveu um artigo, intitulado “A adolescência venceu”, em que narra uma interessante experiência que viveu durante umas férias que passou com a mulher na Flórida, nos Estados Unidos. Longe de Miami e Orlando, fez questão de enfatizar. Nesse lugar, frequentado paradoxalmente por casais recém-casados e por aposentados já bem velhos, viu senhores “quase mortos” (os termos são de Caligaris) circulando em conversíveis abertos, escutando rap. No bar da piscina do hotel, os jovens anciãos escutavam rock num volume altíssimo. A regressão de adultos à adolescência produziria a insensata impressão (mais uma vez é apenas uma suposição) de que, para os adolescentes, cujo atributo fundamental é a contestação do mundo adulto, seria mais conveniente que os indivíduos mais velhos deixassem de invadir a sua praia e saíssem de uma vez por todas da infância.

O pequeno Pé Grande, do brasiliense Leo Bello.

Pequenos grandes filmes POR PEDRO BRANDT

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Adolescência e desejo

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Até 2/1 no CCBB (SCES, Trecho 2). Entrada franca. Programação completa e sinopse dos filmes em www.bb.com.br/cultura.

Juno

estival dedicado ao cinema de curta-metragem, o Curta Brasília chega à sua quinta edição. Até o dia 18 serão exibidos na tela do Cine Brasília mais de 100 curtas, nacionais e estrangeiros, divididos em várias mostras. Em competição estão 31 filmes, 26 deles inéditos na cidade, todos com passagem por outros festivais, como Gramado e Cannes (alguns, inclusive, premiados). A mostra Decibéis, de videoclipes, reúne 15 produções. Entre curtas e clipes, foram 850 produções inscritas, vindas de todas as regiões do país. Serão distribuídos mais de R$ 20 mil em prêmios. A programação internacional foi ampliada. A novidade é a mostra Holanda em Curtas, que se junta às mostras Espanha em Curtas, parceria com o Notodofilmfest; Prêmio Alemão de Curtas, o mais relevante na Alemanha; e À Francesa, seleção de curtas do consagrado Festival d’Animation d’Annecy. Completam a programação as mostras Provocações, com obras que abordam assuntos tabus, como sexualidade, política e religião, Calanguinho, para o público infantil, e Surdocine, com produções que abordam a vivência dos surdos. O 5º Curta Brasília é o primeiro festival brasileiro com um ambiente exclusivo para sessões de cinema imersivo ou de realidade virtual (conhecido internacionalmente pela sigla VR, do inglês virtual reality). No Espaço CVRTA serão exibidos filmes brasileiros e holandeses em 360°.

“A Holanda se destaca pela produção em VR com narrativas diferenciadas. A parceria do festival com a Embaixada do Reino dos Países Baixos permitiu a vinda de representantes do VR Days, o maior evento da área na Europa, para exibirem seus curtas e participarem de debates”, comenta Ana Arruda, coordenadora do Curta Brasília. Segundo ela, a edição de 2016 se destaca pela presença feminina: “A curadoria da mostra competitiva foi feita por mulheres que trabalham com cinema. A ideia é colocar em debate o olhar feminino na sétima arte e valorizar as profissionais da área. O que está alinhado com a escolha da homenageada deste ano, a cineasta Anna Muylaert”. Além da programação na tela, o Curta Brasília terá debates sobre a atuação feminina no cinema, o papel do curta-metragem no atual contexto político e social brasileiro, as possibilidades do videoclipe e os intercâmbios cinematográficos. Durante o festival, o Cine Brasília terá uma praça cultural com food trucks, venda de roupas, acessórios e objetos produzidos por artistas e designers brasilienses. Dia 18 o festival abrigará mais uma edição da Feira de Discos de Brasília, com novidades e raridades em vinil. Também no domingo, antes da entrega dos prêmios, será realizado show da banda brasiliense Muntchako. 5º Curta Brasília

De 15 a 18/12 no Cine Brasília, com entrada franca. Programação e sinopses dos filmes em www.curtabrasilia.com.br.

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CRÔNICADACONCEIÇÃO

Crônica da

Conceição

Morreu o Niemeyer do Gama

N

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inguém melhor do que o arquiteto Ariomar da Luz Nogueira para confirmar que quem ama mora no Gama. A cidade perdeu, neste estranho fim de 2016, alguém que muito amava a cidade desenhada em forma de colmeia. O bravo candango veio de Babaçulândia (TO) para Brasília em 1963, fez arquitetura na UnB, militou nas boas causas desde a ditadura e deixou mulher, três filhos, cinco netos e 22 monumentos espalhados pela cidade que tanto defendeu. Morreu aos 69 anos. “Arquiteto Ariomar”, ele se identificava ao telefone. E então passava a relatar mais uma de suas brigas em defesa do Gama: o Cine Itapõa, a Casa da Cultura, os becos do Gama, as praças, a ordenação do trânsito, os planos diretores. E se não tinha o poder de interferir no caos, plantava flores de concreto ou de aço nos jardins da cidade. São dele o Periquito da entrada do Gama (que foi engolido pelas obras do BRT), os monumentos aos Amantes, às Mulheres, ao Violeiro Canta-

dor, a Pedra Fundamental da Praça da Cultura. Ao todo, 22 esculturas. Tinha saúde frágil, o arquiteto Ariomar. Mas uma força descomunal o impelia à vida e à arquitetura. Deixou mais de 600 projetos, entre executados e por executar. Ariomar é o Niemeyer do Gama. E só não deixou mais por uma traição espetacular: ele já havia feito, desenvolvido e apresentado o projeto do estádio do Gama. Dava como certo que seria executado, quando veio a notícia de que a obra seria entregue a uma estrela da arquitetura paulista, Rui Ohtake, amigo de Niemeyer, filho de Tomie Ohtake. O projeto de Ariomar era pelo menos 80% mais barato do que o escolhido. Arquiteto Ariomar esperneou, mas seguiu projetando casas, edifícios e monumentos na cidade plantada sobre uma das mais belas topografias do quadradinho. Fiscalizou, com seu olhar de urbanista/cidadão, todos os governos do DF desde os anos 70. A seção Sr. Redator, do Correio Braziliense, deve muito a Ariomar. São dele muitas

das cartas publicadas no jornal, num tempo de escassez de leitores das notícias em papel. Todas elas em defesa do Gama, do Plano Piloto, do Lago Paranoá. Arquiteto, sempre. As regiões administrativas são territórios difusos e distantes para quem está no Plano Piloto. Mas as redações de Brasília sabiam que se o assunto era o Gama, a fonte era o arquiteto Ariomar. Com a barba e o cabelo longos, de um incansável militante da cidadania, ele quebrava a implacável segregação Plano Piloto-cidades-satélites. Nenhuma outra cidade-satélite teve um arquiteto pra chamar de seu. O Gama pode se orgulhar, e homenagear e estudar e cuidar da memória de um arquiteto que destinou sua vida à cidade. O artista, ele dizia, “não faz mal a ninguém”. E, se não pode fazer o bem, “fica com a sua forma de ver o mundo de um jeito diferente”. Como no poema de Cora Coralina, Ariomar carregou as pedras de seu difícil viver e plantou flores de amorosa arquitetura. Fez um bem danado ao Gama.


Ministério da Cultura apresenta

Brasília / 2016

bb.com.br/cultura

Banco do Brasil apresenta e patrocina

EXPOSIÇÃO

© Los Carpinteros. Pólen Rojo, 2016 Aquarela sobre papel

LOS CARPINTEROS: OBJETO VITAL Até 15/01

Uma ampla retrospectiva do celebrado coletivo cubano criado em 1992. A arquitetura, escultura e o design extrapolam seus limites, ganhando as mais diversas facetas, se espalhando pelo campo do comportamento e das funções cotidianas. É a maior exposição já feita sobre o grupo até hoje, e inclui trabalhos nunca exibidos fora de Cuba. No Centro Cultural Banco do Brasil Brasília, não perca!

Centro Cultural Banco do Brasil SCES, Trecho 2, Brasília/DF (61) 3108 7600 Licença de funcionamento nº 00340/2011. Governo do Distrito Federal/ Brasília/ Distrito Federal. Validade: prazo indeterminado.

MINISTÉRIO DA CULTURA


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