ROTEIRO 296

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Ano XIX โ ข nยบ 296 Dezembro de 2019

R$ 5,90

Luzes da esperanรงa


Quando a arte encontra você, seus olhos ganham outro olhar Central de Relacionamento BB SAC Deficiente Auditivo ou de Fala Ouvidoria BB ou acesse 4004 0001 ou 0800 729 0001 0800 729 0722 0800 729 0088 0800 729 5678 bb.com.br

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EMPOUCASPALAVRAS

Até 6 de janeiro, a Torre de TV e o Parque da Cidade serão os protagonistas do Natal Sempre Monumental, do GDF, com programação de shows, teatro e muitas outras atividades feitas para reavivar nosso espírito natalino. Na seção Caia na Gandaia estão detalhes dessa festa, como também boas sugestões para brindar 2020 em festas, restaurantes e clubes (página 20). Já que Natal é tempo de reunir família e amigos em torno de mesas fartas, apresentamos roteiro de restaurantes que têm cardápios especiais para confraternizações e ceias para facilitar a vida de quem não tem muito tempo para cozinhar e prefere a praticidade oferecida por várias casas da cidade (página 4). Quem, contudo, for convidado para passar o Natal em casa de amigos pode aceitar a sugestão de Teresa Mello, na seção Picadinho, e levar presentes que agradam em cheio, entre eles uma bûche de Noël ou um panetone árabe (página 12). Como tem muita gente recebendo em casa parentes de outros estados e com planos de mostrar o que a cidade tem de bom, sugerimos um passeio pelo Museu Nacional da República, com cinco exposições, entre elas uma dos baianos Rubem Valentim e Mestre Didi, que usavam como referência emblemas tradicionais do universo afro-brasileiro. No CCBB, a proposta é fazer uma jornada emocional com a cantora Björk, em psicodélica mostra interativa que já passou por Sidney, Tóquio, Moscou, Londres e São Paulo (página 24). Para finalizar, apresentamos dois novos restaurantes de alta gastronomia que bem podem ser cogitados para os brindes em grande estilo deste fim de ano: o Aroma, do chef Ronny Peterson, na 407 Sul, e o Térreo, do B Hotel, comandado pelo chef francês Jean Yves Poirey (página 8). Boas festas e até janeiro. Maria Teresa Fernandes Editora

Thiago Bueno

Está certo que este 2019 não foi dos anos mais fáceis para ninguém, principalmente se considerarmos as expectativas de mudança que sempre surgem a partir das eleições. Mesmo assim, nesta época de balanços de vida e de planos para o futuro, a esperança sempre cisma em dar as caras e renovar nossos sonhos. É só dar uma volta pela cidade no início da noite e ela está presente, por exemplo, nas luzes que se acendem da árvore de Natal de 224 metros em que se transformou a Torre de TV, mostrada na capa desta edição. Idealizada pelo cenógrafo Abel Gomes, o mesmo que cuida da queima de fogos de Copacabana, ela está iluminada por 500 refletores – 300 de LED coloridos e 200 móveis – e faz alegre parceria com a fonte luminosa, novamente ativa.

4 águanaboca Este suculento peru do Empório Árabe faz parte do extenso roteiro que apresentamos a partir da próxima página com as melhores opções gastronômicas para as festas do fim de ano.

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picadinho garfadas&goles pão&vinho dia&noite responsabilidadesocial caianagandaia diáriodeviagem galeriadearte graves&agudos brasiliensedecoração luzcâmeraação crônicadaconceição

ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Endereço SQSW 104 – Bloco E – 501 – Setor Sudoeste – Brasília-DF – CEP 70.670-405 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3203.3025 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa Carlos Roberto Ferreira, com foto da Agência Brasília | Colaboradores Alexandre Marino, Alexandre Franco, Conceição Freitas, Evelin Campos, Heitor Menezes, Junio Silva, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Silvestre Gorgulho, Súsan Faria, Teresa Mello, Vicente Sá, Victor Cruzeiro, Vilany Kehrle, Walquene Sousa | Fotografia Rodrigo Ribeiro, Sérgio Amaral | Para anunciar 98275.0990 Impressão Foxy Editora Gráfica | Tiragem: 20.000 exemplares.

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Divulgação

ÁGUANABOCA

Bufê latino do chef David Lechtig, do El Paso.

Congraçamento e partilha S

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ão essas as palavras que melhor traduzem o espírito das festas de final de ano. Dizem que elas têm origem na Europa renascentista, quando as famílias passaram a abrir as portas das casas, neste período, para receber os viajantes e oferecer o que de melhor tinham nas despensas. Pode ser, ou não! Mas é certo que entre nós, brasileiros, as luzes do Natal acendem os bons sentimentos e conclamam à solidariedade, à esperança e aos brindes à vida renovada. E como fazer isso se não em torno de uma mesa farta, dividida com amigos e familiares? Se os tempos modernos nem sempre permitem o velho ritual de começar as festas pela cozinha, temperando e assando as carnes, preparando as guloseimas e decorando os pratos, não faltam opções para buscar esses serviços em restaurantes, bufês e casas especializadas, seja para as ceias da noite de Natal e as festas de Réveillon, seja para as confraternizações de grupos ao longo do mês. Em Brasília, há delas para todos os gostos e em todos os formatos: grandes ou pequenos, mais ou menos econômicos, formais ou casuais. Pode-se contratar

ceias completas para pequenas reuniões ou grandes eventos, encomendar aquele prato especial para as cada vez mais comuns ceias compartilhadas ou simplesmente escolher um entre os muitos lugares que se prepararam para acolher essas celebrações. Selecionamos aqui um roteiro de opções para as suas festas. Certamente haverá uma que se encaixe à perfeição a seus planos, a seu paladar e a seu bolso. É escolher e celebrar!

Para confraternizações

Os bares e restaurantes da cidade não pouparam esforços para criar as melhores condições para as confraternizações, tão tradicionais neste período. A maioria aposta em descontos e cardápios especiais para grupos. Se o ano vai acabar em pizza, a Fratelllo Uno se preparou para receber grupos de 30 a 45 pessoas com um pacote que inclui entrada de corneccione, oito fatias de pizzas salgadas e uma doce, água, sucos e Divulgação

POR LÚCIA LEÃO

Na happy hour do Bem Te Vi, o espumante é cortesia da casa.


Davi_Fernandes

Rooftop Nikkei

O Santé 13 resolveu brindar os clientes com duas criações especiais do chef Divino Barbosa: o filé de anchova negra grelhada ao molho de pitanga com Malibu, acompanhado de risoto de maracujá e crosta de panetone (R$ 72), e o escalope de mignon grelhado ao molho de chocolate branco com pimenta, que tem como acompanhamento o rösti de batata recheada com queijo brie (R$ 75). Os dois pratos só estarão no cardápio durante o mês de dezembro. Já o Bem Te Vi resolveu fugir dos padrões e se preparou para confraternizações no pouco usual horário do café da manhã. Vai servir tapiocas com vários recheios (R$ 7), omeletes (R$ 9), pães de queijo, sucos e vitaminas. No almoço e no jantar, grupos a partir de dez pessoas têm desconto de 10% e os que escolherem confraternizar na happy hour ganham uma garrafa de espumante.

A hora da ceia

Lucila Camargo

refrigerantes à vontade ao preço individual de R$ 79. É necessário fazer reserva com a metade do pagamento adiantado. Os restaurantes da rede El Paso, outro nome já tradicional para confraternizações em Brasília, oferecem este ano pacotes especiais para grupos a partir de 15 participantes. Entre terça e quinta-feira eles pagarão cada um R$ 75 para se servir de burritos, quesadillas, tacos, chili, guacamole e todos os outros pratos do bufê latino. De sexta a domingo, o preço é R$ 85. Se a ideia é uma festa maior, com mais gente e mais chegada a uma balada, uma boa opção é o Rooftop Nikkei, no terraço do restaurante Nikkei, ao lado da Ponte JK, que comporta até 120 pessoas e serve drinks e petiscos exclusivos, com comandas individuais e programação musical ao vivo de quinta a sábado. Também com salão exclusivo para grupos menores (até 22 pessoas) na unidade de Águas Claras, o restaurante daHora vai servir durante o mês de dezembro, além dos petiscos tradicionais, refeições completas por R$ 50 nos pacotes fechados com reserva antecipada. No Dom Francisco Pátio os pacotes promocionais variam entre R$ 65 (happy hour com petiscos e bebidas alcoólicas) e R$ 95 (bufê completo de almoço). No Le Parisien Bistrot a promoção especial é para as confraternizações noturnas. Grupos a partir de seis pessoas, com reserva antecipada, pagam R$ 49,90 pelo prato principal com entrada ou sobremesa ou R$ 62,90 pelo menu completo. Entre as opções, coxinhas de boeuf bourguignon, tartines, filé com mil folhas de batatas, risoto de funghi e petit gâteau.

Paleta de cordeiro ao molho rústico com mini batatas e mini cebolas, do Dudu Bar.

As confraternizações são apenas as prévias. A apoteose da temporada de congraçamentos e brindes em torno de boas mesas acontece nas ceias, especialmente de Natal. Para elas, em cada casa, as famílias se preparam com os pratos das suas mais arraigadas tradições, com aquelas receitas especiais de família ou... procurando no mercado o que mais se aproxime delas. E, em Brasília, com certeza vão encontrar. Os assados de porco, aves e cordeiro são presença obrigatória nas mesas natalinas e, sem dúvida, os pratos mais procurados nos restaurantes da cidade. Mesmo nas receitas super tradicionais, os chefs se esmeram em dar seu toque pessoal ou se diferenciar pela qualidade. É o caso do chef Dudu Camargo, que, entre outros pratos, vai oferecer, para encomendar no Dudu Bar e no Simples Assim, paleta de cordeiro desossada (R$ 120) e peito de peru fatiado desossado (R$ 100), que ganham status gourmet se acompanhados de rondelli de tender ao molho de seis queijos e coulis de cereja (R$ 65), arroz de baru (R$ 50) ou salpicão natalino de tender com frutas secas (R$ 50). Os preços são por quilo, a quantidade mínima aceita para encomendas. Como faz há 15 anos, a Belini Pães & Gastronomia também oferece pratos tradicionais para a ceia de Natal, como peru à Califórnia (R$ 85) e salpicão de frango natalino (R$ 70). Mas desde o ano passado também inclui no cardápio receitas assinadas pelo chef Simon Lau. É possível levar para sua mesa uma terrine de foie gras temperada com sal, pimenta do reino, uma pitada de açúcar e uma dose

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ÁGUANABOCA Dvulgação

de cachaça (R$ 240), um confit de pato com chutney de manga (R$ 129) ou uma paleta de cordeiro ao vinho Cabernet Sauvignon e cogumelos com musseline de batatas (R$ 129). A Eu Chef – Alta Gastrô tem peru e chester recheados com farofa especial (R$ 58,90), pernil suíno (R$ 49,90) e pernil de cordeiro (R$ 89,90). Todas as carnes são desossadas e preparadas no sistema sous-vide. O restaurante oferece ainda kits de chester ou peru, com acompanhamentos, acomodados em bolsas térmicas,

perfeitos para levar para as ceias colaborativas. Custam R$ 250. No Piccolo Emporium, os destaques são o pernil à Califórnia (R$ 65), o peito de peru com caramelo de abacaxi (R$ 80) e o filé mignon suíno ao molho de ervas com gorgonzola (R$ 60). Mas se a ideia for um assado brasileiro realmente tradicional, o endereço é o Feitiço Mineiro. Do seu forno à lenha saem, entre outras delícias, a leitoa (R$ 80), o pernil (R$ 55, inteiro, e R$ 60, fatiado) e o legítimo lombo à mineira recheado (R$ 65). Outra tradição nas ceias é o bacalhau, e há dele com diferentes preparos em várias casas que entregam encomendas nessas datas. Merecem destaque o Sagres e o La Table de Grand Cru. No primeiro, a chef Olga Soares recomenda o “à lagareiro”, em que o peixe é assado em postas e servido com bastante azeite, alho crocante e batatas ao murro. A porção para duas pessoas custa R$ 198, mas o preço pode ser negociado de acordo com a quantidade e a forma de pagamen-

to. No La Table, o bacalhau é servido à portuguesa, confitado e acompanhado de batatas, vagens tortas e azeitona (R$ 123 a porção com 200g de peixe). E há também opções de pratos regionais, brasileiros ou de outros países. Como o amazônico pirarucu de casaca do Espaço Cultural Leão da Serra – o peixe assado e desfiado é montado em camadas de farinha d’água molhada no leite de coco, vinagrete e banana frita (R$ 75), os combinados de sushi e sashimi do Haná, o arroz marroquino (R$ 89) e o charuto de uva (R$ 80) do Empório Árabe. E depois disso tudo, que venham as sobremesas! Pode ser a brasileiríssima torta Marta Rocha – pão de ló com baba de moça, crocante de castanha de caju, suspiro, chantilly e nozes – que a Carolices oferece por R$ 130 (torta de 1,5kg), ou a francesa La boûche de Noël, tronco moldado com biscoito de amêndoas, preparadas por Daniel Briand em diversos sabores e vendidas a partir de R$ 96 o quilo. Mas nada substitui as rabanadas e os panetones. No café e bistrô Uai Bezinha pode-se encomendar rabanadas de baguete artesanal, fritas ou assadas, por R$

Pra ninguém ficar de fora

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Está lá, na Cartilha da Alergia Alimentar, elaborada pela Associação de Consumidores Proteste: “Muitos alimentos são capazes de provocar alergias, mas 90% delas são causadas por ovo, leite, amendoim, soja, trigo, oleaginosas, peixes e crustáceos”. E mais: “Estima-se que a alergia alimentar afete entre 6 e 8% das crianças com menos de três anos de idade e de 2 a 3% da população adulta no Brasil”. Foi a partir de informações importantes como essas e, muitas vezes, por ter na família alguém com intolerância ou alergia alimentar, que empresários brasilienses do ramo da alimentação partiram para comercializar alimentos saborosos que esse público expressivo da população possa consumir. Em época de Natal, sobretudo, quando as famílias se reúnem em torno de mesas fartas, cada vez mais cresce a procura por itens da ceia que possam ser degustados por todos, no mais autêntico estilo Natal inclusivo. Na Quitutices, da chef pâtissière Inaiá Sant’Ana, as rabanadas tão tradicionais desta época são elaboradas com pão feito

acréscimo de R$ 5. Até o pudim de leite pode alegrar os alérgicos a leite de vaca, já que é feito com leite de castanha de caju e leite de coco (R$ 75). Na De Amores, da chef Tâmara Rolim, também especializada em produtos livres de glúten e leite, as tortas têm base crocante de farinha de amêndoas, recheios e coberturas de limão, castanhas e ganache de chocolate, amendoim e ganache de

na casa, molhado no leite de castanha e no doce de leite de castanha de caju, assadas e empanadas no açúcar demerara e na canela (15 unidades, R$ 70). Outro queridinho das mesas natalinas, o panetone, pode vir sem recheio (R$ 49,90, 250g) ou recheado com ganache, creme de caramelo ou ganache de chocolate branco (R$ 58,90, 250g). Para quem quiser adicionar nozes ou avelãs no recheio, há um


chocolate, maracujá e ganache de chocolate, baunilha e cobertura de frutas vermelhas e creme de avelã com farofa de brownie. A grande custa R$ 130 (oito fatias). As quiches, com base crocante de farinha de amêndoas, vêm nas versões bacalhau, abóbora e tomatinhos, abóbora com carne seca, frango e alho poró (R$ 130, oito fatias). O panetone do chef, com damasco e castanha do Pará, custa R$ 49,90 e pesa 300g.

Na Sra. Amêndoa, das irmãs Larissa e Luciane Lopes, todos os produtos também são artesanais, sem glúten, sem leite e livres de contaminação cruzada, seguros, portan-

Fratello Uno

Piccolo Emporium

103 Sul, Bloco A (3321.3213)

209 Sul, Bloco B (3532.0304)

109 Norte, Bloco D (3447.3360)

Feitiço Mineiro

El Paso

306 Norte – Bloco B (3272.3032)

404 Sul, Bloco C (3323.4618)

Sagres

110 Norte, Bloco B (3349.6820)

316 Norte, Bloco E (3347.2234)

Terraço Shopping (3233.5197)

La Table de Grand Cru

Rooftop Nikkei

QI 9/11 Bloco L, Lago Sul (3368.6868

SCES, Trecho 2 (2099.2461)

Espaço Cultural Leão da Serra

daHora

Itaquari, Quadra 5, Conjunto 1 (98520.1752)

Av. Araucárias, Lote 1325, Águas Claras

Haná

Dom Francisco Pátio

408 Sul, Bloco B (3244.9999)

Pátio Brasil Shopping (3322.1071)

Empório Árabe

Le Parisien Bistrot

Avenida Castanheiras, Lote 1060,

103 Norte, Bloco B (3033.8426)

Ed. Vila Mall, Águas Claras (3436.0063).

Santé 13

Carolices

413 Norte - Bloco A (3037.2132)

708/709 Norte, Bloco A (98332.4379)

Bem te Vi Restaurante

Daniel Briand

408 Sul, Bloco A (3244.6353)

104 Norte, Bloco A (3326.1135)

Dudu Bar

Uai Bezinha

303 Sul, Bloco A (3323.8082)

311 Sul, Bloco B (3543.000)

QI 11 Bloco I (3248.0184)

Gero

Simples Assim

Shoppping Iguatemi, Lago Norte (3577.5520)

Avenida Jacarandá, Lote 19, Águas Claras

Quero Sempre Doce

(3973.0234)

Ru. 33 Sul, s/n, Loja 17, Ed. Le Club,

Belini Pães & Gastronomia

Águas Claras (3551.0335)

113 Sul – Bloco D (3345.0777).

Dom Francisco

Eu Chef – Alta Gastrô

Asbac – SCES, Trecho 2 (3224.8429).

408 Sul, Bloco D (3554.2636)

402 Sul, Bloco B (3224-1634).

to, para celíacos, intolerantes à lactose e alérgicos à proteína do leite de vaca (APLV). Os bolos temáticos com decoração de Natal, recheados com açúcar demerara, são produzidos nas versões nozes com baba de moça, brigadeiro, sensação (creme de chocolates e morangos), gengibre com creme de caramelo e chocolate com pistache. O pequeno, de 1,5 a 2 kg, serve entre 15 e 17 pessoas e custa R$ 290. Já os panetones podem ser em dois tamanhos, de 250 e 50g, custando respectivamente R$ 40 e R$ 22. Na Alimentação Diferenciada, a chef Tatiana Meira garante que todos os produtos são isentos de glúten, leite, soja e ovo, com exceção do bolo de nozes (500g, R$ 50), que contém ovos. O panetone médio, de 300g, custa R$ 55 e o grande, de 600g, R$ 65. Já o chocotone, também nos tamanhos médio e grande, custa R$ 60 e R$ 70, respectivamente. Os casadinhos sem glúten, leite, soja ou ovos levam polvilho doce, amido de milho, leite de amêndoas, manteiga de castanha de caju, açúcar, essência de baunilha e goiabada (200g, R$ 20). Há também opções de pão francês sem glúten, soja, ovos e leite, com fornadas diárias a partir das 16 horas, sob reserva prévia, e empada aberta de frango sem glúten, soja, ovo ou leite, a R$ 6 a unidade. Com tanta variedade de alimentos se-

Fotos Divulgação

73,50 o quilo. Muitas outras casas deste nosso roteiro também oferecem a iguaria. Quem procura por panetones artesanais não pode deixar de conferir os que acabam de ser lançados pelo Gero. Com a grife do Fasano, um dos restaurantes mais renomados do país, eles custam a partir de R$ 170. Bem mais baratos e prometendo surpreender pela qualidade, os panetoones da confeitaria Quero Sempre Doce chegam com receitas inovadoras, como a Red Velvet, de massa vermelha com recheio de cream cheese. Há também as versões tradicionais com diferentes recheios e coberturas. Todos pesam um quilo e custam R$ 75. Se, com tudo isso, a opção ainda for uma ceia fora de casa, uma opção certeira é o Dom Francisco. Afinal, há 31 anos o chef Francisco Ansiliero recebe os clientes que queiram celebrar o Natal e o Ano Novo em suas casas. Para este ano ele terá menus completos com opções de bacalhau (R$ 140) e peito de peru (R$ 80). Em casa, na casa de amigos ou na rua, o tempo é de estar com pessoas queridas, brindar a vida e dividir o pão. Ou o panetone!

guros para alegrar intolerantes e alérgicos em geral, só resta agora escolher o menu e encomendar essas e outras gostosuras e garantir um Natal saboroso para todos. Quitutices

315 Sul, bloco A (3543.5057 / 98303.5396) Instagram: @quitutices

De Amores

116 Sul, bloco C (99905.7949) Instagram: @semglutendeamores

Sra. Amêndoa

316 Norte, bloco B (98110.8865) Instagram: @senhoraamendoa

Alimentação Diferenciada

Sem loja física. Encomendas: 3256.6416 / 99367.6318. Instagram: @alimentacaodiferenciada

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ÁGUANABOCA

Requinte e qualidade

em endereço nobre

POR SÚSAN FARIA

U

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m lugar com a cara de Brasília e dentro de um complexo onde se tem uma das mais belas vistas da cidade. O que era apenas um restaurante de hotel ganhou novo nome e cardápio, estrutura e vigor. Lançado em novembro último, o Térreo oferece refeições e bebidas especiais, em espaço minimalista, rústico, mas com requinte, no B Hotel Brasília, decorado pelo arquiteto Isay Weinfeld. O restaurante atende não só aos hóspedes dos 302 apartamentos do suntuoso prédio de 16 andares, mas a qualquer brasilense ou visitante da cidade. Uma casa onde se come bem, administrada por quem conhece os meandros da boa gastronomia: Thiago Lacher, 40 anos, português de Caldas da Rainha, gerente de alimentos e bebidas, e Jean Yves Poirey, 67 anos, chef francês (ambos já haviam trabalhado juntos em outro empreendimento). O gosto de Jean

Yves (na foto à direita) pela arte de cozinhar começou ainda criança, quando ajudava os pais em um restaurante da família em Annecy, cidade medieval de 125 mil habitantes nos Alpes da França, região de castelos e condes, rios e lagos límpidos, da qual sente muitas saudades, apesar de viver há 38 anos no Brasil. O chef estudou e trabalhou durante três anos na escola de gastronomia Thonon-les-Bains, uma das mais antigas e tradicionais do mundo. Foi chef em hotéis franceses na Síria, Kuait, Nigéria, Portugal e, aqui no Brasil, em Salvador. “Minha formação é clássica e quando se conhece a base é como na música, sabe-se compor a harmonia”, comentou. E que harmonia tem o bacalhau assado com purê de grão de bico, pimentões, azeitonas, louro, cebolas e azeite de coentro (R$ 112), ou o robalo em crosta de castanha, com castanha de caju, baru e do Pará, chutney de cebola roxa, quiabo e molho de manteiga (R$ 98), ambos preparados pelo chef.

A salada mil folhas de tomate e queijo de cabra, com berinjela, abobrinha, alface roxa, bifum frito (espaguete de arroz) e manjericão custa R$ 32; o filé mignon com risoto de funghi, R$ 86; e a vieira com arroz negro (aspargos verdes,


Fotos: Divulgação

bisque de lagostins e azeite), R$ 156. De segunda a sexta-feira é servido o menu executivo (R$ 96), composto de prato principal, bufê de saladas e sobremesa. Trata-se de uma culinária voltada para o sabor, o requinte e a qualidade, com o conceito farm-to-table (da fazenda para a mesa), visto que o restaurante é provido por alimentos vindos da fazenda de orgânicos do B Hotel – o Sítio Samambaia, em Sobradinho, que aproveita os resíduos orgânicos do hotel para compostagem e adubo. Bons insumos, excelentes pratos, cuidados com o meio ambiente e a saúde dos consumidores. Não se vai ao B Hotel apenas para se alimentar. Há toda uma ampla e especial estrutura dentro e fora do restaurante, como o Lobby Bar, na entrada, onde se pode tomar um drink, o Bar 16, na cobertura, com uma das vistas mais privilegiadas da capital, e o farto café da manhã, com croissants, viennoiseries, pães feitos na casa, frutas, bolos, chás, sucos (R$ 75). O advogado criminalista gaúcho André Callegari, 53 anos, elogiou as instalações modernas do restaurante e de-

mais espaços. “Gosto muito da elaboração dos pratos e da presença do chef nas mesas”, afirmou. Seu colega Bruno Adry, 42 anos, de Salvador, ficou encantado com o design do hotel, especialmente do ambiente aberto no café da manhã. Presidentes de países como a Rússia, Portugal e Cabo Verde já se hospedaram no B Hotel, que em janeiro de 2020 completa dois anos. “Temos ministros, políticos, prefeitos de várias cidades, governado-

res, jornalistas, diretores de televisão aqui no restaurante, que é muito adequado às reuniões de negócios”, informa o gerente Thiago Lacher. E sobre o B do hotel? Thiago não hesita: “B de Brasília, de Brasil, de muito bom”. Restaurante Térreo

B Hotel Brasília, no Setor Hoteleiro Norte. Diariamente, café da manhã das 6 às 10h (nos finais de semana, das 6h30 às 10h30), almoço das 12 às 15h e jantar das 19 às 24h.

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Fotos: Gui Teixeira

ÁGUANABOCA

Sabor de casa Restaurante Aroma mistura culinárias brasileira, italiana e francesa em receitas carregadas de memória afetiva. POR EVELIN CAMPOS

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aborear os pratos do Aroma é ser tomado pela sensação de que a cozinha está repleta de avós dedicadas ao prazer de ver os netos bem alimentados e com um sorriso no rosto. A cada garfada, uma memória afetiva diferente. Mas o culpado pelo sabor caseiro da comida é o chef Ronny Peterson, que, após conquistar o paladar brasiliense em marcas como Gero (Fasano) e ‘A Mano – onde continua como chef executivo –, inaugurou seu primeiro restaurante no final de novembro, na 407 Sul. O Aroma é uma fusão entre as culinárias brasileira, italiana e francesa. O espaço também reflete os três países, com três ambientes sofisticados: o salão, de onde o público consegue ver a mágica na cozinha através de um vidro; a varanda, que fica

próxima ao bar e conta com arcos de aço no melhor estilo francês; e o mezanino, com iluminação intimista e tijolos de barro que lembram as típicas casas italianas. Ao todo, são 80 lugares. No projeto contemporâneo assinado pelo arquiteto André Alf prevalece a cor cinza, que contrasta com os móveis de madeira e cobre, em uma mistura de elegância e aconchego. Enquanto almoçam ou jantam, os clientes são embalados por playlists em que é predominante a música popular brasileira. Mesmo as canções internacionais de pop e jazz, por exemplo, ganham batidas da mundialmente famosa Bossa Nova. No menu, é evidente a larga experiência de Ronny Peterson com a gastronomia italiana e sua paixão pela comida brasileira. Nascido em Serra Talhada, sertão de Pernambuco, o chef desenvolveu uma co-

zinha autoral que é, sobretudo, a realização de um sonho: fazer o que ama com total liberdade criativa. “Minha base é italiana. Uni isso aos ingredientes brasileiros para que as pessoas comessem e lembrassem algo de casa”, conta. A infância de Peterson também marca presença. Por gostar muito de farofa, inseriu vários tipos de farofinhas entre os acompanhamentos. Também se destaca o pirão de leite, uma das famosas receitas da avó do chef, que, inspirado nela, criou uma receita de bolo de milho bem caseira para uma das sobremesas. O resultado foi um cardápio com variedade de proteínas suculentas, guarnições bem temperadas e saudosas lembranças. Para começar, há entradinhas como a Tapioca Nero crocante com brandade de bacalhau, tapenage de azeitonas, tomate cereja e pimenta biquinho (R$ 30, quatro


Restaurante Aroma

407 Sul, Bloco A (99553.7663). De 2ª a 5ª feira, das 12 às 15h e das 19 às 24h; 6ª e sábado, das 12 às 17h e das 19 às 24h; domingo, das 12 às 17h.

Novo cardápio POR WALQUENE SOUSA

N

a correria do dia a dia, nem sempre conseguimos tempo para preparar uma comidinha que nos proporcione aconchego. Foi pensando nessa gastronomia afetiva que o Espaço com Cavaná acaba de lançar novos pratos que prometem tornar a clientela ainda mais cativa. A chef Mirian Brito incluiu mais de dez novos itens no cardápio, entre eles as tapiocas de banana, queijo e canela (R$ 12) e a clássica versão Romeu e Julieta, de goiabada com queijo (R$ 12). Já o cuscuz está disponível em três versões: sem acompanhamento (R$ 8); com ovo e manteiga (R$ 10) ou com queijo (R$ 11). Para acompanhar, sucos, chás, cafés, kombuchas Jeyy. Os aficionados por waffles poderão escolhê-los com manteiga e mel ou geleia e requeijão (R$ 16). Aos que desejam incrementar o prato, as alternativas são o sorvete de creme e calda de chocolate, a calda de chocolate e banana e o caramelo com amêndoas laminadas (R$ 19). “A cada três meses faremos alterações para aproveitar a sazonalidade de alguns produtos e nos adequarmos aos anseios dos nossos clientes. Sempre teremos alguma novidade”, informa a chef Mirian Brito. Aos que apreciam queijo acompanhado por uma taça de vinho, o novo menu oferece burrata com tomates, pesto e tape-

nade (R$ 49). Entre as opções de entrada, não poderia faltar também a provoleta, famoso queijo provolone argentino servido com tomates (R$ 35). Outra delícia que agrada em cheio é a guacamole com chips de tapioca (R$ 32), que além de leve é saudável e nutritiva. De terça a sextafeira, são servidos pratos executivos (R$ 35 a R$ 39). O intuito do Cavaná é oferecer pratos para compartilhar com a família e amigos. Para conhecer um pouco mais dos pratos oferecidos, basta acessar o Instagram @cavanacafebistro, criado exclusivamente para postar a gastronomia do estabelecimento. Espaço com Cavaná

510 Noroeste, Bloco B (99602.4242) De 3ª a 5ª feira, das 16 às 22h; 6ª, das 16 às 23h; sábado e domingo, das 9 às 16h. Fotos: Divulgação

unidades). Carro-chefe das entradas, a batata rústica defumada com queijo de cabra, gema caramelizada e trufas negras leva o nome da casa e sai a R$ 46. Ela chama atenção pelos ingredientes marcantes, que harmonizam perfeitamente: dá para sentir o sabor de cada um. Na seção de massas, são sete opções, entre elas o agnolotti (massa fresca recheada com polenta e brie, ragú de galinha d’Angola e crocante de quiabo). O prato custa R$ 67 e é um verdadeiro “carinho no estômago”. A barriga suína do Tizzi surpreende por não ser pesada, mas equilibrada. Marinada com cachaça, melaço de cana e servida com creme de milho trufado, sai a R$ 83. Para a sobremesa, uma ótima pedida é o bolinho quente de milho verde cremoso com doce de leite e sorvete de tapioca artesanais (R$ 33). A carta de vinhos tem 130 rótulos do Velho e do Novo Mundo, de países como França, Portugal, Itália, Uruguai, Chile, Argentina e Brasil. Além das garrafas comuns, há meia garrafa e tamanhos especiais de 1,5, 3 e 5 litros, ou ainda vinho em taça. Ronny Peterson, que escolheu o nome Aroma aos 45 minutos do segundo tempo pensando na experiência de espalhar aromas pelo salão, está feliz em consolidar 20 anos de trajetória em um negócio com sua cara. “Gosto de misturar, mas para que todos sintam o que estão comendo e comam bem. Tenho um bebê para cuidar, mas sempre pensando em projetos futuros. Não gosto de ficar muito na zona de conforto”, afirma o chef.

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PICADINHO Embalagem de presente

“O bolo Red Velvet é a cara do Natal”, diz a confeiteira Marcela Borges, 28 anos. Formada em Direito, ela abriu a Borges Patisserie em 2015 e orgulha-se de ter aprendido a criar doces com a mãe, como um bolo de pão de ló com cobertura de merengue e calda de chocolate: “Consegui pagar toda a minha pós-graduação fazendo bolos festivos e tortas”. Com dez fatias, a naked cake de Red Velvet (foto) sai a R$ 90. Para este fim de ano, Marcela lança a torta mousse, com base de brownie, recheios de chocolate e cobertura de frutas vermelhas. Rende 20 fatias e custa R$ 150 (com morango) e R$ 180 (com frutas vermelhas). Os chocotones vêm nas variedades brigadeiro, brigadeiro com caramelo salgado e Nutella. O tamanho individual (250g) é vendido a R$ 22 e o grande (1kg) a R$ 70. Os pedidos podem ser feitos até 23 de dezembro pelo zap 99606.2211.

Cravo e canela A novidade de Natal da chocolateria brasiliense LaBarr é a rabanada com pralinê de nibs, cravo e canela. Custa R$ 21 na fábrica (Av. Jacarandá, Águas Claras), fundada em 2016 por Adriana Labarrere, 28 anos, e Leandro Alves, 29. Hoje, a empresa tem cerca de 50 pontos de venda, inclusive em Berlim, e a barra de nibs e flor de sal conquistou prêmios como o 3º lugar na Academy of Chocolate, em Londres, em 2019. Os produtos apresentam de 40% a 100% de cacau e levam ingredientes como cupuaçu e leite de cabra, além da versão para diabéticos. Tudo começou numa viagem de férias a Barra Grande, onde o casal se encantou com o cacau farto na costa baiana. “Quando voltamos para Brasília, começamos a pesquisar”, conta Adriana. “Cacau é como uva, tem perfil sensorial.” Para isso, eles buscam a perfeição: fruto selecionado, fermentação em cochos de madeira, secagem ao sol, laudo técnico e torrefação própria. Contatos: 98185.4800.

Divulgação

Pão e vinho A francesa Laurence Mourot, 67 anos, e as filhas, Elisa e Júlia, celebram a simplicidade do pão artesanal há cinco anos na La Panière (211 Sul). Ao lado do padeiro Bertrand Evain, elas mergulham na produção de Natal, que tem a rabanada como destaque: “Fazemos mais de 100 quilos em 24 de dezembro”, diz Elisa. E é só por encomenda, viu? Frita ou assada, a rabanada é feita com pão de fermentação natural, leite e ovo e pode levar açúcar e canela. Sai a R$ 77 o quilo. Outro produto natalino é o brioche Coroa (foto), recheado com creme de chocolate, e em embalagem para presente. Custa R$ 82 o quilo. Nas cestas, é possível levar baguetes, croissants e pães de azeitona, com preços que vão de R$ 20 a R$ 150. Compartilhar o pão é uma coisa muito ancestral”, diz Elisa. Encomendas: 3245.6280.

João Teles

Divulgação

Criada pelo sócio inglês Ian Scarborough, a vitrine de Natal da The Queen’s Place (116 Sul) parece um conto de fadas: tem casinha com telhado de glacê, bonecos de neve, árvore, Papai Noel. O encanto continua no interior da loja, com bolos, cupcakes e cookies assinados por Débora Carvalho: “Sempre admirei culturas clássicas, tradicionais”, diz o sócio brasiliense Ricky Araújo, 38 anos. Com sabor semelhante ao do pão de mel, as casinhas de biscoito de gengibre vêm em dois tamanhos: 700g a R$ 85 e 1,5kg a R$ 180. Entre as opções de panetones (R$ 58), há Red Velvet com chocolate branco e laranja-valenciana com chocolate meio amargo. Os bolos decorados são outra atração: “Minha sugestão é o de cenoura com nozes, uma boa surpresa para os convidados”, indica Ricky. Na mesa festiva não podem faltar as cupcakes (R$ 12). Encomendas: thequeensplace.com/natal.

A cara do Natal

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TERESA MELLO

picadinho.roteiro@gmail.com

Conto de fadas

Jana Tartalho

Ian Scarborough

A gastronomia se traduz em presentes para acompanhar abraços e beijos. Que tal chegar à ceia levando uma torta linda e diferente? Ou ao almoço do dia 25 com uma cesta de pães especiais? A coluna conversou com Adriana Labarrere, Elisa Marinho, Giselli Debora, Marcela Borges, Ricky Araújo e Serge Segura para garimpar ótimas sugestões de gentilezas. Aproveite!


Thiago Bueno

Panetone árabe A novidade do primeiro Natal da Delicatus é o panetone de frutas árabes: tâmara, damasco, figo turco e geleia de damasco. Criação de Giselli Debora, 41 anos, que também prepara panetones de chocolate belga, brigadeiro, doce de leite, frutas, leite Ninho, Nutella. Os preços vão de R$ 28 a R$ 36 (250g) e de R$ 54 a R$ 68 (500g). Para encher os olhos dos convidados, nada melhor do que a cheesecake invertida (R$12,50 a fatia e R$ 72,90 o quilo): “A torta normal tem a base de biscoito e depois vêm o creme e a geleia. Na invertida, faço base sucrée (macia e mais doce), recheio com a geleia, e o creme vem por último”, explica. A geleia de frutas vermelhas leva mirtilo, framboesa, amora, morango. Na cheesecake tradicional, as caldas podem ser de maracujá, de frutas vermelhas, de goiabada. Encomendas: 3436.0063.

Perfume de grapefruit

Divulgação

Sabor geladinho Ele fazia sorvetes no quintal de casa em Cuiabá. O movimento foi aumentando e, em 2017, Allan Dias Velasque fundou a Matteo Gelato Criativo. São quatro lojas em Mato Grosso, a do DF abriu em novembro (Rua 28 Norte, Águas Claras) e as próximas unidades serão na capital paulista, em Ubatuba (SP) e na Flórida (EUA). Para o fim de ano, o sorveteiro criou quatro tortas com camadas de pão de ló, sorvete e cobertura: flor de morango, flor do bosque, flocos de Nutella e doce de leite e paçoca. Cada uma delas serve de oito a dez pessoas e custa R$ 110 o quilo. É preciso encomendá-las na loja ou pelo direct no Instagram (@matteogelatocriativobsb). Quem preferir pode adquirir os gelatos em potes de 500g (a R$ 45) e de 1kg (a R$ 75) em sabores como água de coco e hortelã, brigadeiro com bolo de cenoura, abacaxi, iogurte e chocolate sem leite. No DF, a loja abre de terça a domingo, das 14 às 22h.

Lenha na lareira Os troncos de Natal (bûche de Noël) nasceram no fim do Século 19 em Paris, nos fornos do historiador e confeiteiro Pierre Lacan, e lembram a lenha queimada na lareira em dezembro. Em Brasília, o francês Serge Segura preparou três tipos da sobremesa na L’ Amour du Pain: com biscoito de amêndoas e mousse de frutas vermelhas (foto), com biscoito de avelã e recheio de três chocolates (amargo, ao leite e branco) e com biscoito de avelã, mousse de pralinê e chocolate. Custam R$ 98 o quilo. Em forma de coração, o brioche de Noel leva mirtilo, maçã, caramelo; e, em forma de estrela, o pain d’épic es (pão de especiarias) tem chocolate branco, cravo e canela. Feitos com fermento (levain) específico, os panetones são de chocolate belga com amêndoa caramelizada (500g a R$ 55 e 250g a R$ 28) e de uva passa com frutas cristalizadas (R$ 45 e R$ 23).Encomendas: 3525.5909 (115 Sul) e 3576.515 (QI 11).

Isaías Ribeiro

Divulgação

“O verão, aqui no Brasil, tem um clima festivo e de muita agitação, bebemos e comemoramos”, diz o paulista Vitor Moretti, mixologista do New Mercadito (201 Sul). No início de dezembro, o gastrobar lançou drinques à base de gim, rum e vodca e com ingredientes como mel de cranberry e licor de flor de sabugueiro. A jarra Californiana (R$ 85) contém gim, aperitivo de laranja, licor de tangerina, vinho branco, frutas desidratadas. Os coquetéis individuais são o Santa Monica (foto), feito de gim, licor de flor de sabugueiro, água tônica com infusão de clitória (flor azul ou branca) e perfume de grapefruit, por R$ 30; o Tropea (vodca, aperitivo de pera, mel de cranberry) e o The Malibu Cocktail (rum, cítricos desidratados). Sem álcool, a Pink Lemonade (R$ 16) é preparada com suco de cranberry, amora, limão e mel de agave (planta suculenta).

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GARFADAS&GOLES

LUIZ RECENA

Nova despedida: história e pranto Nunca chorei por ti, Argentina! Amei por siempre a República da Constituição de cem anos e programa de educação com mais tempo ainda. E inveja do líder que era professor, Sarmiento. O tema é voltar a Buenos Aires, “ciudad porteña de mi único querer”. Faz mais de meio século que gosto e curto. Toda volta reforça o sentimento. No aeroporto melhorado e mais moderno, o taxista, peronista, sindicalista, com carro velho e humor péssimo, garante que você chegou ao destino. Ossos do cigano ofício de viajar. Descanso rápido e o palpite de um oásis perto: La Parrilla de Jesus. Rua Gurruchaga, perto da Paraguai. Indicação de amigo pode ser pior que pauta ou plantão de jornal: tem que cumprir. Pauta boa, bem cumprida, dá manchete: Jesus salva Parrilla! O MALBEC É UM ANIMAL argentino, Muda para ser civilizado dentro da garrafa. Jesus soube disso quando cruzou o mar oceano e o confundiu com o Delta do Rio da Prata. Algumas gentes ficaram e foram para Mendoza e Jesus fez parrilla que se apresenta como Malbequeria. Pode? Claro. Tem mais de trezentos rótulos só dela, la reina de las cepas argentinas. ABRIMOS COM TAÇA DE BRANCO, da melhor casta chardonay de Zapata. O calor pediu e Jesus atendeu. Digno e quase mudo acompanhou a morcilla, clássica, derretida na boca. O herege dentro de mim pergunta: depois disso, para quê hóstia? Sem resposta a religião foi dispensada do almoço. Porque, em seguida, veio um bife de tira meia porção. Fácil para bárbaros, agora acompanhados por um Val de Flores. Malbecaço!! Nota dez! Sugestão do Elvio, o garçom que tudo sabe e nada diz se não perguntado. Brasileiros falando espanhol ajudam muito. SEGUNDO PRATO, UMA ENTRANHA. Memória falhando, não lembrava do corte. Quando veio, avivou tudo. Mal passado é melhor. Se passa muito endurece, por isso as pontas sobraram. As flores do Malbec evaporavam o aroma e o líquido sumia. E havia lugar para mais carne. ELVIO NOVAMENTE ACIONADO cantou: rib eyes, famoso ojo de bife. Corte alto, com osso, um para dois, remate perfeito. A nova

garrafa, outro Malbec, com nome de mulher: Carmela. Ay Carmela! Recuerdos e lembranças espanholas e estudantis. Para finalizar com categoria, um pouquinho de queijo e discreta saladinha de alface. Duas taças: um Rutini especial, blend de Malbec com Cabernet; a outra de Malbec puro, Catena Zapata DV. Golezitos de Fernet iniciaram o processo digestivo. Gran finale. Depois, a caminhada de dois quilômetros devolveu tudo a seus lugares. Cento e vinte dólares. Considerando a batalha, ficou de muito bom tamanho. DOIS FILHOS, DUAS SITUAÇÕES de adeus. O primeiro caso, portenho já narrado, sucedeu ao anterior, plano zero, com o filho segundo na cronologia da cegonha. Foi primeiro na ação de despedidas: começamos em casa na terça, com espumante, bocaditos, conversa sobre pintura, quadros ofertados e a ofertar. Próxima parada no Trow do Lago Norte, mais duas Valdugas brutas, bacalhau do bom, pastéis e uma carne meio dura e saborosa. Acertados estamos para a sexta próxima, primeira visita de Papi ao apê do caçula. A CASA NÃO CAIU porque sólidos são os alicerces. A quinta/ sexta foi punk pela redução de papéis, alguns cinquentenários. Cada texto lido, seguido de cortes e saco de lixo, era uma subbomba autofágicas do pedaço físico da espécie humana. Dito assim é até bonito. Viver isso, doloroso, cruel, tira pedaços da pele à consciência, trombando duro com o velho coração. Não há mais lágrimas, a sede aumenta. No espumante o socorro: “abre logo, mesmo não gelada”. Foi assim. Novidade, além de Ritas que cantam e levam coisas, o tira-gosto de carne de sol suína. Assada na mostarda e espumante. Papi mantém tradições. Argentinas depois, na Barata de Palermo, Fernando, “Diego de Flamengo” trouxe lembranças. Era Boca, agora Mengo. Futebol, Argentina, “Diegos” sabem cativar. POR FIM, RECADO AO PRIMEIRO: Jaime, na próxima vamos em trio. Buenos Aires jamais será a mesma. Salud!

AS DELÍCIAS DE MINAS PERTINHO DE VOCÊ 14

lrecena@hotmail.com

Queijos, doces, biscoitos, castanhas, pão de queijo, pimentas, farinhas, polvilho caipira, massa para tapioca, mel, manteiga, cachaças, linguiça, frango e ovos caipira.

Av. Castanheiras, Ed. Ônix Bl. A - Loja 2 - Águas Claras


PÃO&VINHO

ALEXANDRE FRANCO

Pot-pourri de sucessos Para a última coluna do ano, quando costumo falar

pao&vinho@agenciaalo.com.br

classificação logo abaixo. De cor quase púrpura, esse vinho

de espumantes, optei desta feita por escolher dentre os

apresenta aromas complexos de cerejas negras, amoras,

grandes vinhos por mim degustados recentemente alguns

café, couro e um toque de grafite, além de nuances

que se sobressaíram de tal forma que podem compor este

tostadas. No palato é profundo e de grande concentração,

“pot-pourri de sucessos”, uma seleção de ótimos vinhos

apresentando frutas negras e um tanino muito elegante

para alegrar nossos sentidos, nos recompensando por

e maduro. Vinho de alta gastronomia. Muito bom!

um ano, no mínimo, não tão fácil como gostaríamos. Assim, fica de qualquer forma minha sugestão de

Vamos ainda mais para a direita, para a nossa amada “Bota”. Um dos ícones de seus vinhos, chamado de “o rei

espumantes para as festas deste ano, com as Aquarius

dos vinhos e o vinho dos reis”, é o Barolo, produzido no

em todas as suas versões: brut branco, brut rosé, Nature

norte da Itália, na região do Piemonte, com a casta mais

e Kraken, que são e estão maravilhosas e serão minha

típica daquelas paragens, a Nebiolo. O representante aqui

opção para este Natal e Réveillon.

foi o Barolo Parusso 1999, Bussia Vigna Rocche. Uma

E aqui vão grandes representantes do quadrilátero mágico

maravilhosa raridade que guardava comigo já há 20 anos.

do vinho: Portugal, Espanha, Itália e França. Iniciamos pelo

Como sua idade indicaria, bem como a própria coloração

português duriense Quinta da Manoella Vinhas Velhas 2014.

típica da casta, o vinho estava acastanhado, mas ainda

Realizado a partir de um field blend com mais de 20 castas,

com brilho. Trouxe aromas de cerejas, violetas, cogumelos

esse vinho é um representante do que há de melhor na

e toque de pimenta, tudo envolvido pela percepção de

vinicultura atual do Douro e de Portugal. De cor escura,

baunilha. Taninos finos e perfeitos se revelam no palato

muito elegante e aveludado, traz ao nariz frutas negras

redondo, e ainda com fruta. Vinho delicioso. Este é para

em compota, além de toques de especiarias aportados pelo

a meditação.

bom uso da madeira, apresentando ainda toques minerais

Completamos o círculo na “terra-mãe” dos grandes

muito agradáveis. No palato é complexo, cheio e muito

vinhos: França. Neste caso, especificamente Bordeaux,

longo. Excelente tanto na gastronomia quanto na meditação.

na figura de um famoso Grand Cru Classé (1855) de Saint-

Seguimos para a direita da Península Ibérica e vamos

Julien, o Chateau Lagrange 2009 (para muitos, inclusive

a uma das melhores regiões vinícolas da Espanha, Rioja.

este que vos escreve, a melhor safra deste milênio). O vinho

De lá trazemos o Pagos de Viña Real 2004. Rioja é terra

é perfeito em seu todo, mas o que mais me impressionou

de Tempranillo, tanto quanto Ribeira, porém aqui os

foi o seu nariz. De cor profunda, seus aromas de frutas

vinhos costumam ser mais macios do que lá, ainda que

vermelhas e negras envolvidas em notas de carvalho com

eventualmente menos complexos. Pago é uma classificação

chocolate são deliciosos. Para resumir, eu diria apenas que

do vinho espanhol que coloca esses verdadeiros néctares

trata-se do Cabernet Sauvignon mais bem domado que

acima de todos os demais, acima dos DOC, que é a

já provei, simplesmente delicioso.

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DIA&NOITE

vamoscomprarumpoeta

Denilson Baniwa

noitedequimeras A trupe dos Argonautas garante: serão duas apresentações hilárias de uma montagem que reúne diversos artistas da cidade para contar um pouco das histórias do circo, suas variações, seus bastidores. Estarão lá alguns de seus personagens marcantes, como a mulher barbada, a contorcionista, o palhaço, os gêmeos siameses, a trapezista, a monga, a domadora, a feiticeira e muitos mais. Dias 16 e 18, às 20h, o espetáculo Noite de quimeras – Circo da mulher barbada estará no palco do Espaço Pé Direito, na Vila Telebrasília. Varieté circense é um espetáculo de números circenses e palhaçaria que consiste em mesclar as mais variadas linguagens: circo, teatro, dança e música. Geralmente os números são apresentados por um mestre de cerimônias. Composto de elementos do circo tradicional, é um espetáculo de variedades que transporta os espectadores ao mundo mágico do circo utilizando uma linguagem moderna e despretensiosa. Ingressos gratuitos disponíveis em www.sympla.com.br/. No final do espetáculo, os artistas passam o chapéu para recolher colaborações dos espectadores.

queenorquestral Após o sucesso do filme Bohemian rhapsody, que mostra a trajetória de Freddie Mercury e seus companheiros da banda Queen, vem aí, dia 8 de fevereiro, uma nova versão da trilha sonora do longa. Pela primeira vez em Brasília, a Orquestra Petrobras Sinfônica, regida por Felipe Prazeres, apresentará uma versão inédita, no Centro de Convenções. Na programação, claro, Bohemian rhapsody, música escrita por Freddie para o disco A night at the opera (1975); Love of my life, que também integra o mesmo álbum e foi interpretada pela banda na primeira edição do Rock in Rio, sendo lembrada como um dos momentos mais marcantes do festival, e We are the champions, sua música de maior sucesso . Ingressos entre R$ 37 e R$ 180, à venda em www.eventim.com.br.

festivaldeverão Divulgação

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artecontemporânea Bárbara Wagner ocupou o pavilhão brasileiro da 58ª Bienal de Veneza, este ano, enquanto Denilson Baniwa será o representante brasileiro na 22ª Bienal de Sidney, Austrália, em 2020. Guerreiro do Divino Amor foi premiado com a Bolsa Pampulha e venceu o Prêmio Pipa 2019, enquanto Dalton Paula foi integrante do 36º Panorama da Arte Brasileira e venceu o 7º Prêmio Marcantonio Vilaça. Esses são apenas quatro dos cem artistas brasileiros contemporâneos cujas obras estão na mostra Triangular: arte deste século, que ocupa a Casa Niemeyer até agosto de 2020. Elas fazem parte do acervo recente da Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília. A Casa Niemeyer foi projetada pelo próprio Oscar Niemeyer para lhe servir de morada durante a construção de Brasília. Localizada no Park Way (SMPW 26 Cj. 3, casa 7), pertence ao patrimônio da UnB e é associada à Casa da Cultura da América Latina. Entrada franca.

Thiaguinho, Péricles e Belo serão os destaques da primeira edição do Funn Summer, que vai rolar de 11 de janeiro e 16 de fevereiro no Clube Ases. De acordo com Paulo Paim, um dos organizadores, o brasiliense pouco aproveita o verão na Capital Federal: “Normalmente fugimos para regiões praianas por falta de opções locais, e olha que temos um magnífico lago de se tirar o chapéu, clima e pessoas incríveis dispostas a se divertirem”. Então, ele pergunta: “Por que não criar um festival de verão?” A abertura será com o Pagode do Péricão e Pixote no dia 11 de janeiro. Dia 18 será a vez da festa Rio Sunset e dia 25 será dia de show de Thiaguinho e 3030. No dia 1º de fevereiro o festival recebe Tomate e Turma do Pagode e no dia seguinte Maneva, Vitor Kley e Melim. Dia 15 será a vez de Belo, Salgadinho e Chrigor. Os ingressos, a partir de R$ 50, estão à venda em www.funnentretenimento.com.br.

Renato Mangolin

Renato Mangolin

Um poeta chega à casa de uma família na qual o pai só pensa em ganhar dinheiro, a mãe cuida dos trabalhos domésticos, a menina esperta e curiosa gosta de entender o significado das coisas e o menino adora fazer contas. A história Vamos comprar um poeta, baseada no livro homônimo de Afonso Cruz, está sendo contada no teatro do CCBB até o dia 22, voltando ao palco em nova temporada, de 2 a 12 de janeiro. No musical infanto-juvenil, o poeta ensina as crianças a observar borboletas, compor os próprios poemas e dar abraços, criando uma divertida reflexão sobre a nossa capacidade de invenção, a amizade e a despedida. O espetáculo, com direção de Duda Maia e adaptação de Clarice Lissovsky, tem direção musical de Ricco Viana e elenco formado por Letícia Medella, Luan Vieira e Sergio Kauffmann. “Esse texto é um manifesto lúdico, dedicado ao artista que habita em cada ser humano, especialmente nas crianças. É uma maneira de poder falar com poesia e delicadeza sobre a importância da arte na vida das pessoas”, afirma a diretora. De quinta a domingo, sempre às 16h. Ingressos a R$ 30 e R$ 15, à venda na bilheteria do CCBB ou em www.eventim.com.br. No dia 20 de dezembro haverá sessão especial com tradução em Libras. Estarão reservados 130 ingressos gratuitos para deficientes auditivos.


Fotos: Nathalia Millen

RESPONSABILIDADESOCIAL

Moda engajada POR EVELIN CAMPOS

“É

importante cuidar de tudo isso porque a gente vive aqui na Terra. Se não cuidar da Terra, a gente não tem onde morar”. As palavras da pequena Maria Eduarda Moretti, de oito anos, resumem a simplicidade e a preocupação das 14 crianças que fazem parte do projeto Herdeiras do Futuro, da escolinha de moda e costura Estúdio Ponto Fashion, da estilista Ediene Costa. Lançada no último dia 4, no auditório da Livraria Cultura do shopping Casa Park, a iniciativa tem a ambiciosa meta de criar e produzir roupas que respeitem o meio ambiente e sirvam de alerta para a necessidade de cuidar melhor da natureza. A previsão é de que a primeira coleção seja apresentada ao público em março de 2020, com peças 100% sustentáveis e feitas pelas crianças. O lançamento contou com a presença da empresária e consultora Isabela Keiko. Considerada a embaixadora da moda brasileira em Paris, ela elogiou a ideia: “Ter produtos de moda sustentáveis não significa ter algo feio nem barato. O processo de produção é até mais custoso. Mas, ao ver gerações preocupadas com o meio ambiente, sabemos que, se não houver sustentabilidade, elas não vão comprar”. Isabela, que desde pequena sonhava em trabalhar com moda, falou um pouco sobre os salões de moda que realiza mundo afora, incluindo o Impact, evento de moda sustentável recém-lançado

na capital francesa. Depois, participou de um bate-papo com as crianças e reconheceu a importância do tema. “Tenho esperança na conscientização das pessoas e em gerações como a de vocês, já atentas a essa questão”, ressaltou. As ações do Herdeiras do Futuro não se restringem ao trabalho feito no Estúdio Ponto Fashion, na 705/905 Sul. Além de estar engajado com a nova tendência do universo da moda, o conceito eco fashion – que prevê uso de matériaprima com baixo impacto e processos com reciclagem e reutilização, sem poluentes e desperdícios –, a proposta também abraça a conscientização das pessoas por meio da conversa e do exemplo. Assim, as meninas passaram a transformar retalhos de tecido em novas roupas e substituíram moldes de papel pelos de pano, mas também mudaram hábitos. “Elas fiscalizam e ficam de olho em tudo: nas lixeiras, no uso de copos e canudos. Cada uma traz a própria garrafinha e tem a responsabilidade de conversar com outros, desde os familiares aos donos de restaurantes e pessoas na rua”, contou Ediene Costa. Para a estilista mineira, que criou o Estúdio Ponto Fashion em 2016 como um espaço de inspiração e empoderamento de crianças por meio da costura, é fundamental incentivar os pequenos: “Surgiu delas a ideia de desenvolver algo para cuidar do planeta. Não temos, nos projetos, o hábito de ouvir as crianças, e nada é mais inspirador do que vê-las fazendo essa movimentação pelo bem do

meio ambiente. Estou muito feliz”. Segundo a aluna Vittória Zania Machado, de nove anos, o projeto mudou sua visão de mundo. “A sustentabilidade é importante para a gente se conscientizar e ter um estilo de vida melhor. Por exemplo, quando acontece o desmatamento na Amazônia, tem vários bichinhos que moram nas árvores, temos que tomar cuidado com eles. Temos que ver como usar nossas coisas sem agredir o meio ambiente”, recomendou. Maria Fernanda Moretti, dez anos, lembrou que não são necessárias atitudes em escala mundial para mudar a realidade. “As pessoas pensam que sustentabilidade é fazer algo enorme, mas a gente não percebe que está no nosso dia a dia. Quando peço uma bebida e vem com canudinho, não uso. Eu devolvo, pois ele polui o meio ambiente. Dá para usar sacola reutilizável, recolher o lixo do chão e muito mais”, afirmou. Ao final, as crianças apresentaram uma prévia da coleção: o vestido, alegre e com cores e recortes que representam forças da natureza como mar, floresta e ar, tinha, ainda, detalhes que remetiam a pontos que precisamos combater, como poluição e desmatamento. Os pais, maioria na plateia, ficaram orgulhosos das filhas, que, além de fabricar roupas de bonecas e para elas, viram na costura uma chance de mudar o mundo. Estúdio Ponto Fashion

705/905 Sul, Ed. Mont Blanc, Bloco C, Sala 40 (98262.8497). De 2ª a 6ª, das 9 às 18h; sábado, das 9 às 12h.

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Agência Brasília

CAIANAGANDAIA

Uma mega virada POR VICTOR CRUZEIRO

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altam poucos dias para a virada do ano, esse evento único em que nós somos “obrigados” a deixar tudo que 2019 nos trouxe e atravessar a porta rumo a 2020. E, como é unânime a sensação de que 2019 não foi um dos anos mais fáceis, é muito importante encontrar momentos, jeitos e locais para festejar, comer, beber e celebrar com aqueles que amamos. Brasília, como não poderia deixar de ser, já preparou um grande rol de festas para fazer o início de 2020 disparar para o alto como um fogo de artifício colorido. Neste ano, clubes, restaurantes e até mesmo o Governo do Distrito Federal oferecerão uma série de atividades e novidades que vão tornar, oxalá, o ano que se inicia memorável. É impossível não começar pelas celebrações planejadas pelo GDF, que neste ano elevou o espírito natalino a um novo

patamar, levando a sério a escala monumental da cidade e iluminando-a como há muito não se via. O Natal sempre monumental, que chega à sua segunda edição, tomará, pela primeira vez, o Parque da Cidade, ocupando com 245 mil pixels de LED uma área de 5.000m² que compreende a Praça Eduardo e Mônica e o Lago do Pedalinho. Até 6 de janeiro, a paisagem desses dois espaços vai mudar por completo, com mais de 70 árvores de LED de várias espécies nos arredores, uma árvore flutuante de 20 metros no lago e um túnel de 1.200m² que receberá apresentações teatrais, atividades infantis, oficinas e cantatas de natal (sempre de segunda a sexta, às 18h30). Para os inveterados amantes da nossa capital e de sua história, o Natal sempre monumental trará histórias dos 60 Natais da cidade, apresentadas por um personagem de Juscelino Kubitschek. Bem ao lado do Parque da Cidade, a Torre de TV também foi contaminada

pelo espírito natalino, transformando-se na maior árvore de Natal iluminada do país, com mais de 200 refletores moving lights e 300 refletores de LED coloridos, cercada de bolas gigantes de oito metros de diâmetro, espaços climatizados, comidas, bebidas e atrações musicais, teatrais e científicas para crianças e adultos. Sem esquecer das demais regiões administrativas, o GDF organizou uma caravana natalina que levará atrações musicais e circenses para Sobradinho, Fercal, Planaltina, Itapoã, Paranoá, Recanto das Emas, Sol Nascente, Samambaia, Taguatinga, São Sebastião, numa extensão deste Natal realmente monumental. Vale lembrar que o Natal é um espaço democrático e, para aquelas e aqueles que não curtem os embalos a céu aberto que Brasília proporciona, a capital estará cheia de festanças tão animadas quanto. Uma elas será a do Pontão do Lago Sul, que se preparou para celebrar a tão esperada chegada de 2020 com o perspicaz


O DJ Arlequim é uma das atrações do Réveillon Madrugada sem Fronteiras. fronteiras

No Setor Hípico, a Bamboa Brasil realizará a segunda edição do seu Réveillon Secret Paradise – que no ano passado recebeu mais de 6.500 pessoas – com quatro áreas all inclusive, abarcando vários estilos musicais e contando com brinquedoteca e decoração temática. Os ingressos custam a partir de R$ 90. Outra opção é o Dudu Bar, que oferecerá duas versões de festa: na unidade da Asa Sul, um clima de balada bastante animado, por R$ 400 (adulto); no Lago Sul, um ambiente mais tranquilo, mas igualmente divertido, por R$ 250 (adulto). Já no complexo gastronômico da chef Lídia Nasser em Águas Claras, as cinco marcas da empresária (Dolce Far

Niente, Empório Árabe, MaYuu, Dólar Furado e Delicatus) estarão unidas em uma madrugada sem fronteiras, de comida e bebida à vontade, além de várias atrações para agradar a todos os gostos. Os ingressos começam em R$ 300 (adulto, com doação de 1kg de alimento não perecível ou ração para cães e gatos) e R$ 120 (criança de 6 a 10 anos, mediante a mesma doação do adulto). Essa é apenas a ponta do iceberg de celebrações que navega pelo fim de ano brasiliense. Seja ao ar livre, seja em um salão, sozinho ou com quem se ama, é certo que a chegada do ano novo será repleta de bons augúrios para todos que aqui vivem. Divulgação

tema Eu quero + que trará, além da tradicional queima de fogos, nove casas abertas na virada para receber o público com seus melhores desejos e, como sempre, com cardápios e atrações musicais especiais. Com sistemas all inclusive ou consumação à la carte, o complexo do Pontão contará com festas no BierFass Lago, a R$ 590 (adultos) e R$ 295 (crianças de 6 a 12 anos); no Fausto & Manoel, a R$ 520 (adultos) e R$ 250 (crianças de 12 a 17 anos); no Manzuá, a R$ 530 (adultos, incluindo R$ 250 de consumo à la carte) e R$ 250 (crianças de 10 a 14 anos, incluindo R$ 150 de consumo à la carte); no Mormaii Surf Bar, com mesas de quatro lugares a preços que variam de R$ 1.400 a R$ 1.800; no Sallva Bar e Restaurante, a R$ 390 por pessoa, com consumação de R$ 290 e direito a uma garrafa de Chandon para brindar a virada; no gastrospot Soho, a R$ 650 (adultos); e no Wine Garden, ponto alto da temporada do Pontão, que promoverá sua primeira virada do ano com uma festa regada a samba-rock, soul e black music. Como faz tradicionalmente, o Cota Mil Iate Clube preparou uma virada de ano repleta de energia positiva entre amigos e familiares. Tudo isso à beira lago, com show de fogos, cardápio elaborado pelo Lorran Buffet, briquedoteca e até um espaço soneca. A programação musical terá a participação luxuosa de Dhi Ribeiro e do DJ Cotonete (R$ 270 para sócios e R$ 350 para não sócios). Ainda na orla do Lago Paranoá, a Associação Atlética Banco do Brasil realizará sua tradicional virada de ano regada a muito samba, pagode, forró, xote e samba-reggae, com mesas de oito lugares a R$ 170 (sócios) e R$ 200 (não sócios).

Rafa Baduei

Divulgação

O Duoroots vai se apresentar no Bamboa Brasil, no Setor Hípico.

O Wine Garden é uma das muitas opções no Pontão doMari LagoBraga Sul.

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DIÁRIODEVIAGEM

Encanto e fantasia de Natal POR LÚCIA LEÃO FOTOS JOÃO TORÍBIO

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cidade, em si, é puro charme! Aos pés dos Alpes e às margens do esplendoroso Lago Léman, tem um quê de relaxamento e casualidade que a diferencia do rigor quase sisudo de outras vilas do mesmo porte na Riviera Suíça. Um quê que atraiu Freddie Mercury e seus companheiros do Queen para o Mountain Studio – “o melhor do mundo”, ele dizia – e encanta até hoje os maiores músicos de todo o mundo que já estrelaram no igualmente superlativo festival de jazz. Montreaux tem essa mania de “fazer melhor”. Por isso seu Marché de Noël é tão aguardado pelos suíços e estrangeiros que visitam o país nessa temporada de Natal. O frio cortante, a neve e até a chuva estão incorporados ao evento que, em sua 25ª edição, já é o segundo mais importante no calendário da cidade – só perde para o Festival de Montreaux, que hoje não é mais só de jazz. Este ano estão sendo esperados em torno de 500 mil visitantes.

Os mercados de Natal são uma tradição europeia e até chegaram ao Brasil, especialmente nos estados da região sul. Por aqui eles hoje estão bem minguados, e na Europa poucos se aproximam do Marché de Noël de Montreaux. São 172 tendas montadas ao longo de mais de 500 metros das margens do Lago Léman, oferecendo uma grande diversidade de

produtos próprios para presentear. O visitante se perde entre opções de vestes, bijuterias, bibelôs, mimos talhados em madeira em movimento de cordas, brinquedos e muita comida gostosa, sempre artesanais – essa é uma exigência do evento. A maioria dos produtos à venda são de artesãos suíços, mas eles não têm exclusividade no espaço. Andando por ali


se esbarra, por exemplo, em mantas de cashmire do Nepal, lenços de seda chinesa, colchas indianas bordadas a mão e até... olha que surpresa: bijuterias, bolsas e utensílios de capim dourado. A jovem e simpática atendente apresenta o material como sendo “ouro vegetal brasileiro” e aponta para a tabuleta: “Produzidos pela Associação de Artesãos do Jalapão”. Um brinquinho de R$ 20 na Torre de TV chega à Riviera por 40 francos suíços, alguma coisa como R$ 250. É justo! Para além de objetos, muitas e muitas delícias, estas sim típicas exclusivamente de solo suíço, carregados da diversidade cultural do país. Os diferentes cantões (como se denominam as unidades federativas suíças) mandam para Montreaux suas melhores especialidades em queijos, pães, doces, embutidos, geleias, molhos e, claro, chocolates. E os representantes das suíças francesa, italiana e alemã não poupam esforços, em conversa e degustações, para demonstrar suas características e peculiaridades. Que privilégio ser júri popular nessa deliciosa disputa! Em torno da feira, é claro, toda a fantasia e encanto de um Natal rico de luzes, cores, criatividade e tecnologia. Da casinha do Papai Noel às aparições do bom velhinho em seu trenó, em voo mágico sobre o Léman. E tem ainda apresentações musicais, workshopps e brincadeiras, numa intensa programação para todas as idades, durante o mês de dezembro. “É maravilhosa essa feira, não tem nada igual! Foi um sonho ver o Papai Noel e isso tudo!”, atesta a gaúcha Karin Hilman que, em sua primeira viagem à Suíça, foi apresentada ao Marché de Noël pela amiga e anfitriã Marina Bonne, também brasileira residente em Genebra. As duas (na foto ao lado) percorreram de trem as margens do Léman de ponta a ponta – o lago começa em Genebra e vai até pouco depois de Montreaux, uma extensão de 200 quilômetros – exclusivamente para visitar a feira. “Eu venho aqui todos os anos e sempre recomendo aos meus amigos. É o evento de Natal mais encantador que conheço”, reforça Marina. E as amigas encerraram o passeio com um fondue no pão, uma espécie de cachorro quente de queijo derretido no vinho, lanche de rua bem popular nas festas da Riviera Suiça. Foi assim, também, que nos despedimos do Marché de Noël de Montreaux.

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GALERIADEARTE

Um passeio pelo museu Até janeiro, exposições imperdíveis ocupam o Museu Nacional da República. POR PEDRO BRANDT

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sagrado e o mundano, a vida na metrópole e as férias na estrada, o concreto e o abstrato, retratos pintados ou fotografados. Uma visita ao Museu Nacional da República permite, via arte, um encontro com essas e mais tantas outras inspirações, possibilidades e representações. Até janeiro, cinco exposições – com algumas intersecções, mas, no geral, muito distintas entre si – ocupam do térreo até o mezanino do museu. Uma iniciativa da Embaixada da Alemanha e do Goethe-Zentrum, a exposição Arno Fischer – Fotografias apresenta uma coleção de registros de diferentes fases da trajetória do fotógrafo alemão, passando por temáticas como moda, o cotidiano urbano da Berlim Oriental pós-Segunda Guerra Mundial, viagens a outros países e ainda o jardim de sua casa como cenário para surpreendentes registros. Arno Fischer (1927-2011) é daqueles personagens inspiradores, não apenas por sua obra, mas por sua atitude diante do mundo e da fotografia. “Quando eu

fotografo um homem no ponto de ônibus esperando o ônibus, a foto precisa mostrar mais do que um homem esperando o ônibus”, ele afirma, em frase estampada em uma das paredes da exposição. E, justamente por isso, seus registros fotográficos estão carregados de poesia e sensibilidade. Artista plástico radicado em Brasília, Manu Militão se impôs o desafio de chegar até o Alasca numa viagem de moto. Sua ideia, desde a partida, também era conhecer pessoas, suas histórias e registrar, em acrílico sobre tela, retratos de alguns desses encontros. O resultado está na exposição Border, composta de fotos, pinturas, relatos de Militão e também da presença de Nina, sua motocicleta Harley Davidson. Matriz afro

O escritor e escultor Mestre Didi (1917-2013) e o pintor, escultor e gravador Rubem Valentim (1922-1991) são dois dos mais representativos artistas plásticos baianos do século 20. A exposição Simbólico sagrado reúne dezenas de

peças de autoria de ambos que, dispostas em um mesmo ambiente, reforçam, como afirma a curadora Thais Darzé, “valores e posicionamentos muito semelhantes: defender, preservar, difundir e elevar a cultura e o legado dos povos africanos, pensando numa identidade genuinamente brasileira”. “Tanto Rubem Valentim quanto Mestre Didi usam como referência emblemas tradicionais do universo afro-brasileiro. Transmitem os costumes, hierarquias, concepções estéticas, dramatizações, literatura e mitologia dos povos africanos, sobretudo das religiões, e utilizam de profundo conhecimento simbólico para desenvolver seus próprios vocabulários, transfigurando os objetos ritualísticos em linguagem contemporânea e universal, mas de caráter brasileiro”, detalha a curadora. Ao lado do salão principal do museu, na Galeria Acervo, está a exposição Pensar o Jogo, uma celebração dos 45 anos de carreira do artista Almandrade. Também baiano, Almandrade é um dos grandes expoentes da arte conceitual brasilei-


Fotos: Arno Fischer

ra. “Na Bahia, ele foi solitário no seu engajamento à arte concreta e conceitual”, comenta Karla Osório, curadora da exposição. “Seu trabalho, iniciado em meio ao vigor criativo que marcou o movimento artístico na década de 1970”, continua a curadora, “tem um traço muito particular: representa a própria universalidade da arte, alternando-se entre a estética construtivista e a arte conceitual e experimental”. Uma visita ao Museu Nacional da Republica não estará completa sem uma passagem pelo mezanino, para conferir a exposição Doações 2019, com obras doadas à instituição ao longo do ano. São fotografias, pinturas, esculturas e objetos de autoria de Karin Lambrecht, Fayga Ostrower, Marcelo Solá, Élle de Bernardini, Yutaka Toyota, Sandra Mazzini, Pedro Juan Gutiérrez, Gerson Fogaça, Lia do Rio, Nilce Eiko Hanashiro, Mila Petrillo, Kenji Fukuda, Maria Bonomi, Roberto Burle Marx, Renina Katz, Tomie Ohtake, Rafael da Escóssia, Silvie Eidam, Alice Lara, Jose de Deus, Lucia Tallová, Hassam Bourkia, Thomas Kellner, Rodrigo Garcia Dutra, João Trevisan e Almandrade. Museu Nacional da República

De 3ª a domingo e nos feriados, das 9h às 18h30, com entrada gratuita. Até 5/1, Arno Fischer – Fotografias; até 12/1, Border; até 19/1, Simbólico sagrado, Pensar o jogo e Doações 2019. Obs: O museu não abre nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro.

Iza

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Divulgação

GALERIADEARTE

Jornada

emocional Biophilia

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epois de passar por cidades como Sidney, Tóquio, Moscou, Londres e São Paulo, a exposição Björk Digital aterrissou em Brasília. Dividida em duas partes, ocupa as galerias I e II do CCBB com trabalhos interativos que combinam música, arte e tecnologia de realidade virtual. Concebida pela própria Björk e pelo produtor James Merry a partir do álbum Vulnicura, lançado em 2015, a exposição contou com a colaboração de alguns dos mais inovadores artistas visuais do planeta, como o próprio Merry, Andrew Thomas Huang e Jesse Kanda. O álbum nasceu num momento em que Björk enfrentava séria crise existencial, motivada pelo fim de um casamento de 13 anos com o artista plástico Cocoon Matthew Barney.

Na jornada que começa, na galeria I, com o videoclipe Stonemilker, em que a artista canta numa praia da Islândia varrida pelo vento, além da imersão no universo futurístico e tecnológico da fada islandesa o visitante compartilha de suas dores, angústias e inquietações. Explorando o ambiente físico e virtual munido de um fone de ouvido e de óculos de realidade aumentada, o visitante chega a Black lake, Divulgação

POR VILANY KEHRLE

onde se vê enclausurado dentro de uma caverna enquanto Björk se move nos dois lados do ambiente. Em Mounth mantra, a sensação é de profunda estranheza, quando o espectador é transportado para o interior da boca da artista. Quicksand apresenta um “capacete máscara” impresso em 3D que recupera, em realidade aumentada, uma performance feita por Björk em um museu de Tóquio, transmitida mundialmente, via internet, em tecnologia 360°. Os dois últimos vídeos exigem que as pessoas os assistam em pé, pois, além do fone e dos óculos, elas são obrigadas a utilizar um controle interativo. Em Notget, a multiartista aparece vestida como mariposa digital gigantesca que se transforma em máscaras fantásticas criadas por James Merrys. Family, o ponto alto da antologia de realidade virtual concebida por Björk, que mais parece uma divindade, um ser mitológico, leva o espectador a se mover em direção a um mundo de trevas, de sonhos, guiado por uma “ferida no coração”.


Andrew Thomas Huang

Na segunda parte da mostra, crianças e adultos têm acesso ao aplicativo Biophilia, criado pela cantora em parceria com professores e cientistas da Islândia, para ser utilizado em smartphones e tablets, que permite a criação de músicas misturando tecnologia, ciência e biologia. O aplicativo foi incorporado à grade curricular de várias escolas de seu país e de outros, como Finlândia e Suécia. Na sala ao lado, são exibidos 38 vídeos de várias fases da carreira de Björk. “Com a criação dessa ferramenta educacional, por meio da teoria da música, Björk aprofundou muito mais sua obra”, afirma Chiara Micheletto, empresária da artista. Paul Clay, produtor executivo da exposição, conta que, no momento em que Björk começou a discutir a mostra, todos os envolvidos sabiam que aquilo seria uma viagem catártica. “A gente tem aprendido muito com essa experiência, pois ela continua evoluindo”. Um exemplo dessa evolução é que o Brasil foi o único país onde todo o conteúdo da mostra foi disponibilizado de forma gratuita. Para ter acesso à exposição, é necessária a retirada de ingressos na bilheteria do CCBB. A cada 20 minutos entra um grupo de 25 pessoas. A experiência dura em média 75 a 80 minutos. Por determinação dos produtores de materiais da realidade virtual, menores de 14 anos só podem participar com autorização dos pais. Conhecida por suas pesquisas artísticas, linguagem e inovação, Björk conta que Vulnicura foi o primeiro de seus álbuns que obedeceu a uma determinada ordem cronológica. “Depois que as músicas tinham sido escritas, ficou claro que, sem querer, eu tinha me deparado com a narrativa de uma tragédia grega. A realidade virtual não é apenas uma continuação natural do videoclipe, mas tem um potencial cênico ainda mais íntimo, ideal para esta jornada emocional”. Imperdível!

Andrew Thomas Huang

Black lake

Björk Digital

Divulgação

Até 9/2/2020, de 3ª a domingo, no CCBB, com entrada gratuita. Classificação indicativa: 14 anos.

Alarm call

Family

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Bárbara Martins

GRAVES&AGUDOS

Lenine

Fim de festa POR HEITOR MENEZES

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raspa do tacho, todos sabem, não é exatamente o lugar da fartura. Dona Benta Encerrabodes de Oliveira ensinava que é lá que moram certas gostosuras que não podem ser desperdiçadas. Não tendo queimado o fundo da panela, tem-se o concentrado no que sobra, a substância que dá a sustância, como gostam e regalam alquimistas e gourmets. É pouco, mas parte-se do pressuposto de que a refeição principal já foi servida. Com as sobras, fica o belo almoço “restô dontê” (os restos de ontem). A divagação gastronômica serve a propósito da agenda de shows musicais do período dezembro-janeiro. Tá magrinha, pero no mucho, em relação à rechonchuda programação que rolou durante o ano (o tal prato principal). Coisas da vida, são os últimos bocados a serem

saboreados de mais um ano famélico para a cultura deste país. Todo mundo ralando e aparecem uns caras falando que o rock é satânico! Au, au, au! Olha, falando em escapismo, as festinhas aqui e ali são um diferencial, pois aliam música (mecânica, pouco importa) ao lance presencial, no qual as leis, ora as leis. É fim de ano, hora de ficar sei lá, entende? Lance alternativo dos mais interessantes promete ser o evento Talentos Insólitos, dia 17, terça-feira, no Teatro Garagem do SESC (913 Sul). Às 20h em ponto sobe ao palco a banda de indie rock/ pop Morreu Polaris, com músicas do disco de estreia. Na sequência (ou concomitante), dança contemporânea com o Coletivo Butoh-Teh. É dança-teatro butoh dirigida e coreografada por Tiago Ianuck. Dia 19, na Cervejaria Criolina chega finalmente a Brasília a turnê do cantor e compositor baiano Teago Oliveira. Mais

conhecido como voz e guitarra da banda Maglore, Teago mostra as músicas do disco Boa sorte, sua elogiada primeira experiência fora do grupo. Armado apenas com voz, guitarra e violão, o cara mostra de maneira crua como soarão as canções dos anos 20 que logo chegarão. Sabe como é, pedra que não rola cria limo, diz o velho ditado. Então, só pra ficar nos conformes, tem tributo casca grossa a ícones mundiais do rock’n’roll. Onde? No pub irlandês O’Rilley (409 Sul), pessoal do Voodoo Hendrix Trio se vira como pode diante da sensacional obra do gigante Jimi Hendrix. Logo depois, galera do Overdozzy manda ver o repertório nó cego de (ora, quem mais?) Ozzy Osbourne e Black Sabbath. Salvo engano, além do Overdozzy, tem outra banda-tributo andando por aí chamada ArtrOzzy. Em resumo, noite de geriatria e rock pesado. Quando? Dia 19.


Divulgação

Ferrugem

rock e batucada. Quando a temperatura estiver lá em cima, o convidado da noite, o cantor Gerônimo, aparece com aquele molho de pimenta tipicamente baiano. Aí, um abraço, é fogo, pois ninguém é de ninguém. Música, poesia, teatro e folclore que ecoam índios, negros, sertanejos e grilos urbanos. Sim, é o grupo brasiliense Pé de Cerrado em cena com o espetáculo Homenagem aos mestres. Sabe as raízes da música popular brasileira? Eis fonte inesgotável das mais profundas manifestações artístico-musicais repletas de brasilidade. Dia 21, no Clube do Choro. Por falar em festa estranha com gente esquisita, a pedida do mês é chutar o saco do Papai Noel, vestir roupa preta, mandar o tapa no visual (nesse calor!) e Divulgação

Por falar em tributo, no rock é o que mais tem. Não são os originais, essa conversa é superada. O que vale é curtir a vibe, a atmosfera da night. No Toinha Brasil Show, dia 20, tem Sargento Pimenta mandando Beatles e a Cloning Stones emulando Rolling Stones. Deixa estar que no Toinha, dia 21, ainda tem a Indie Party, a última do ano. Prato cheio para quem gosta de bandas indie, emo, rock e pop. Para os mais fervorosos, o lembrete: dia 31, Reveillon Rock’n’Roll!, com covers de Queen (Mr. Jones) e Guns’n’Roses (Breakdown). Para começar 2020 com zumbido no “zovido”. Sexta-feira, 20 de dezembro, é talvez a última sexta útil do ano. Por quê? Porque o ano acabou, ora bolas. Mas antes que as luzes se apaguem, o festival Pavilhão Luz (Arena do Mané Garrincha) traz a presença iluminada do cantor e compositor Lenine, talvez em sua terceira e última incursão este ano por Brasília. Em sua agenda de dezembro, tem Lenine de tudo quanto é jeito: participação em show de Francis Hime, sozinho, banquinho, voz e violão, com Richard Bona e Alfredo Rodriguez, com banda e com a Orquestra Sinfônica de Parnamirim (RN), dia seguinte a Brasília, com a qual possivelmente encerra o ano de estrada. Lenine vai tocar na capital (com banda). Se é de axé que você precisa, saiba que no Setor Comercial Sul, dia 20, no canteiro central, o bafo soteropolitano vai comer solto com a festa de rua Universo Baiano. Em ação, o coletivo Praga de Baiano esquenta o acarajé, tocando Novos Baianos e quindins do tipo frevo,

Gerônimo

cair na gandaia dark da GóticoDF 19 Anos (o nome é assim mesmo), autointitulada celebração da subcultura e do Grupo GóticoDF. Os promotores prometem darkwave, goth rock, deathrock, synthpop, post punk, ebm e 80’s. Os versados nessa ciência obscura sabem do que se trata. Quando e onde? Dia 21, na Zepelim (QE 40 do Guará II). Nessa mesma casa onde se tolera o rock (Zepelim), no domingo, 22, rola uma espécie de bota fora 2019, hello 2020. Nada menos que 15 atrações musicais vão mandar som a partir de 16h. É a Última Chamada, quem foi, foi. Estão escalados, entre outros, Mariana Camelo, Azura, Casacasta, Venture, Sabbathmaiden, Deja Vu, Detrito Federal, Laika e Zumbido. Entrada franca, acredite. Ainda no quesito festa boa, nesse 22 a parada é a Cervejaria Criolina, onde o DJ, músico e pesquisador Cacai Nunes comanda o último Forró de Vitrola do ano. Vocês sabem, o cara tem um acervo e tanto e sabe botar fogo na pista. Mas incendiária, mesmo, promete ser a performance do convidado da noite, o DJ português Swingueiro, alfacinha (lisboeta), doutor em arrasta-pé, novamente em Brasília. Ei, presta atenção. É forró com sotaque lusitano. E o samba, mano? Como é que é? Samba romântico, para se enroscar na pessoa amada, é o que promete o cantor Ferrugem, atração derradeira do festival Pavilhão Luz (Arena do Mané), dia 22. O carinha domina um certo pagode fino trato e é uma das atrações do Réveillon de Copacabana.

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BRASILIENSEDECORAÇÃO

Dhi Ribeiro POR VICENTE SÁ FOTOS LÚCIA LEÃO

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leme da libertação, título do DVD de Dhi Ribeiro, não é só um nome forte e sonoro. Ganhou mais força e importância e passou a significar as asas que ela tanto buscou em seus 29 anos de carreira. Recém-lançado no Clube do Choro, o DVD vai

conduzir Dhi e seu grupo de samba pelo Nordeste brasileiro e por quatro países da Europa. A turnê começa em abril e os detalhes finais da excursão estão sendo fechados entre as produtoras GRV Mídia e a DR, da cantora. Para entendermos a importância deste momento na vida da Rainha do Samba de Brasília, vamos voltar no tempo e conhecer melhor a mulher que nasceu

como Edilza Rosa Ribeiro, em Nilópolis, Rio de Janeiro, e já aos seis meses foi levada para viver com seus avós no Bairro da Saúde, em Salvador, em um ambiente de fé, música e alegria, que a iniciaria nos caminhos do samba. Aos sete anos, Dhi já era exímia tecelã dos colares azul e branco dos Filhos de Ghandi. Seu avô, Dino, um dos fundadores do bloco, lhe explicara que as cores eram reverências aos orixás Oxalá e Ogum e o nome inspirado nos princípios de não-violência e paz do ativista Mahatma Ghandi. Naquele ambiente mágico e musical da casa de seus avós, a criança ouvia a boa música brasileira e baiana e se encantava com o Samba de São João, uma particularidade baiana que a família promovia nos festejos de junho. A menina cresceu e se tornou uma moça bonita e de porte elegante que, aos 16 anos já desfilava como modelo nas passarelas de Salvador. O dinheiro que ganhava ia para os estudos e para a família, mas o sonho de cantar, vez em quando, renascia. Um belo dia estreou como cantora em cima de um trio elétrico e nunca mais desceu. Seu nome foi se firmando e, ainda em 1990, ganhou o prêmio de revelação da música da Bahia. Estava definido seu destino, mas ainda faltava um toque final, que aconteceu quando ela veio se apresentar em Brasília e conheceu uma turma boa de samba. Aqui, rodeada de instrumentistas criativos, sentiu que seu momento axé tinha passado e que o samba era seu caminho. Mudou de estilo e de cidade e veio de vez morar na capital da República. De lá pra cá já se vão 26 anos de dedicação ao samba e a Brasília. Aqui, Dhi Ribeiro foi crooner da Cia. do Swing e do grupo Coisa Nossa e colocou seu nome no universo musical da cidade. Mas em 2000 aconteceu uma reviravolta e tanto em sua vida: ela aceitou o convite de um amigo músico e foi para a Itália, cantar em um circo. Bonita e talentosa, acabou por se tornar apresentadora do grande circo Lidia Togni, o segundo maior daquele país. Durante três anos, ela, o marido e a filha pequena rodaram a Itália de ponta a ponta, numa vida de sonho. A preocupação com a educação da filha a trouxe de volta a Brasília, e ela retomou a carreira mais experiente e com um sentimento novo no peito: a saudade do Brasil, que torna o samba mais saboroso


em sua voz. Em 2007, na Câmara dos Deputados, em sessão solene, ela interpretou a canção Maria da Penha, na comemoração do Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulher. “Foi muita emoção, pois eu sempre defendi que a mulher tem que ser forte e não deve se deixar humilhar nunca”, lembra. E é com músicas que falam dessa mulher forte e generosa que ela gravou seu primeiro CD, Manual da mulher, em 2009, que teve uma música incluída na trilha sonora da novela global Lado a lado. Em 2012, outra novela da Globo, A força do querer, utilizou uma música gravada por Dhi Ribeiro. Novas portas se abriram e seu nome ficou mais conhecido Brasil afora. Selecionada pelo The Voice, foi para o Rio de Janeiro em 2017 e reencontrou sua antiga colega de passarela Ivete Zangalo, que a recebeu de braços abertos. Juntas relembraram tempos de juventude na Bahia. Sua vida de shows e viagens continua, mas ela não se esquece da sua Brasília e dos seus amigos. Canta em casas no-

turnas e em clubes da cidade e frequenta os pagodes do Setor Comercial, da Aruc e onde mais os compositores e músicos da cidade a chamarem. “Eu tenho muito carinho e um profundo respeito pelos músicos e compositores de samba de Brasília. Afinal, estamos juntos na mesma viagem. Por isso eu sempre gravo músicas deles nos meus discos”. Com seu grupo de samba, que ela mantém unido há mais de 15 anos, Dhi aposta todas as fichas no Leme da libertação, que vai levá-la a uma turnê que gravará, definitivamente, seu nome no cenário, hoje tão difícil, da música brasileira. Antes da viagem, trabalho: só no dia 31 Dhi canta no show da Esplanada, no Cota Mil e no Madrugada Sem Fronteira – A Virada, no complexo gstronômico da chef Lídia Nasser, em Águas Claras. E para o ano que vem já está confirmado show na Feijuca no Iate Clube e no seu bloco Pipoka Azul, que animará crianças e adultos na quadra 40 do Guará II no sábado e domingo pós-Carnaval. Haja fôlego!

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LUZCÂMERAAÇÃO

Desarranjo familiar Novo filme com Catherine Deneuve traz mais uma vez a grande atriz às voltas com esse tema recorrente no cinema e na obra de Cédric Kahn. POR SÉRGIO MORICONI

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o início do mês passado foi noticiado que Catherine Deneuve havia sofrido um AVC. Ela, parece, já está bem. Logo deve estar voltando à ativa. Aos 76 anos, a atriz tem uma agenda ultra carregada. Além de Feliz aniversário, em cartaz nos cinemas de todo o Brasil, há outras três produções a caminho. A primeira delas, La vérité, de Hirokazu Koreeda, atualmente fazendo o circuito europeu, está anunciada para breve no Brasil. No filme de Cedric Kahn, Deneuve não é a protagonista, muito embora o diretor tenha lhe dado um papel importante em meio ao conjunto de atores de Feliz aniversário. Ela é a matriarca de uma família, digamos, “disfuncional”, e se destaca por um interes-

sante aspecto dramatúrgico. Em certa medida, Deneuve é o olhar “de fora” dos acontecimentos que vão se desenvolver e que nos levam aos meio-irmãos Claire (Emmanuelle Bercot) e Romain (Vincent Macaigne), ambos centrais no conflito. Mas é Claire quem chega para entornar de vez o caldo da festa de aniversário de Andréa (Deneuve). O filme de Kahn se chama originalmente Fête de famille, em português “festa de família”. Os distribuidores brasileiros mudaram o título para evitar confusão com a homônima obra de Thomas Vintenberg, Festen, que por aqui recebeu justamente o nome de Festa de família. Os dois filmes têm idêntica temática, sendo que o dinamarquês, uma das obras inaugurais do movimento Dogma, era violento (muito mais do que Festa de aniversário), iconoclasta, transfor-

mando o ancestral arranjo humano, a família, em pó. Em Kahn, o elemento de sedição é, como foi dito acima, Claire. Entretanto, boa parte da fração inicial de Festa de aniversário é dedicada às cenas de preparação das festividades e à sucessiva chegada dos filhos e parentes de Andréa. Tudo normal, a não ser pelas pequenas atribulações com a súbita constatação de que algumas especiarias essenciais para a preparação dos pratos haviam sido esquecidas. Kahn dedica boa parte das primeiras sequências a fazer retratos superficiais de cada um dos membros e associados da família – primos, por exemplo. Plateias regulares de cinema cedo desconfiam de que algo deve surgir para desarrumar a rósea paz reinante, afinal esta é uma temática recorrente na arte cinematográfi-


gar a parte que cabe a Claire. Bem, muito mais ainda está por vir. Não é possível pintar um quadro sociológico da empobrecida burguesia provincial de Andréa a partir do bafafá de sua festa de aniversário. O fato é que Kahn de alguma maneira nos proporciona perceber a discrepância entre a realidade retratada no filme e a pueril (e escapista) encenação teatral apresentada pelas crianças mais tarde, depois do jantar. E que jantar! Um tsunami doméstico. A família de Feliz aniversário não é muito diferente de muitas das que vemos por aí. Sua situação-base tem referências francesas – alguns filmes de Maurice Pialat, por exemplo – e estrangeiras. A inconformidade de Claire nos faz pensar no Travis (Harry Dean Staton) de ParisTexas, de Wim Wenders, e suas perambulações pelo deserto em busca de sua Fotos:Divulgação

ca. A presença histriônica de Romain ocupa inicialmente muito do interesse do drama. Macaigne nos dá o seu personagem-tipo habitual. Figura emocionalmente instável, irritadiço, desordenado, Romain chega de Paris com Rosita, uma namorada argentina, e anuncia sua pretensão de filmar toda a festa de Andréa. Romain, pseudo-cineasta, serve a Kahn para discutir certas idéias de cinema. O namorado de Rosita coloca a câmara baixa emulando, ou dizendo emular, Ozu, mestre japonês cuja finíssima estética estava a serviço de uma compreensão zen da vida. O filme de Kahn não tem nada da imóvel placidez de Ozu pretendida por Romain. Ao contrário, a câmara está sempre irrequieta, anti-zen, turbulenta como Claire. Claire, é ela que nos interessa. A partir do seu aparecimento, todo o conflito do filme se explicita. Várias cenas do início insinuam a expectativa com a sua chegada. Claire passara três anos nos Estados Unidos sem dar qualquer notícia. O que ela teria feito lá, qual a razão de sua volta repentina? A refeição com todos reunidos no jardim da bela e burguesa propriedade de província não deixa dúvidas: Claire voltou para reivindicar o dinheiro que lhe cabe por possuir os dois terços do imóvel da família, imóvel esse herdado de seu falecido pai, irmão de Jean (Alain Artur), o atual marido de Andréa. Jean é pai do seu meio irmão Vincent, interpretado pelo próprio diretor, Cédric Kahn. Casado com Marie (Laetitia Colombani), pai dos gêmeos Milan e Solal, Vincent é o mais bem sucedido da família. Possui uma BMW, mas diz que não tem o bastante para pa-

identidade, de uma maneira de se encaixar nos modelos socialmente aceitos. Também – muito a propósito – em alguns dos fracassados personagens do escritor Sam Shepard, que, aliás, é um dos roteiristas do filme de Wenders. Shepard escreve sobre losers, os fracassados da América. São anti-heróis que expõem as vísceras e as contradições do culto aos vencedores, aos bem-sucedidos, ao glamouroso mito das celebridades. Em certa medida, Feliz aniversário é a perspectiva francesa disso. Andréa não questiona o que fizeram ou deixaram de fazer Claire e Romain. Claire sumiu sem dar satisfações, deixando feridas profundas em Emma (Luàna Bajrami), sua filha adolescente. “Se ela decidir ficar eu vou embora com Julian”, diz Emma à conciliadora avó, apontando para o namorado negro (Josua Rosinet). Julian é negro. Um negro num ambiente burguês de província, um sinal dos tempos devidamente sublinhado por Kahn. Mas a indagação permanece: o que teria feito Claire esse tempo todo na América? Ou ainda, que tipo de cinema faz Romain, auto-intitulado “realizador cinematográfico”? São esses e outros caraminguás que Cédric Kahn vai deixando pelo caminho, alguns como pistas, um tanto como revelações, outros como dúvidas. Feliz aniversário

França/2019, drama/comédia, 101min. Direção: Cédric Kahn. Roteiro: Fanny Burdino e Samuel Doux. Com Catherine Deneuve, Emmanuelle Bercot, Vincent Macaigne, Cédric Kahn, Laetitia Colombani, Alain Artur, Luàna Bajrami e Josua Rosinet.

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Crônica da

Conceição

CONCEIÇÃO FREITAS

conceicaofreitas50@gmail.com

Casas de morar,

casas de exibir

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casa era um barraco. Talvez o mais certo fosse dizer que o barraco era uma casa, no sentido de lar, de abrigo, de morada, de proteção, de descanso. Ficava na Estrutural, a antiga invasão, no tempo em que as coisas por lá eram muito mais complicadas – hoje está minimamente urbanizada, embora ainda existam locais de extrema miséria. O barraco/abrigo/proteção era de madeirite e o chão, de terra batida. A dona da casa, uma moça negra de não mais de 30 anos, tinha juntado pedaços de tapetes e de carpetes e feito um piso. Nada ali era novo ou inteiro. Tudo era improvisado, mas era a mais bela casa que eu já conheci. Era um cômodo só – cozinha, quarto e sala. Só não vi o banheiro. Em tudo havia esmero, na disposição dos pés falsos da cama (seriam tijolos? Não me lembro, faz muitos anos). O fogão de duas bocas sobre tijolos usados, a cortina de plástico, o paninho que cobria a mesa. Não se trata aqui de romantizar a miséria, mas de desmistificar a riqueza. Conheci algumas casas onde cada

móvel, cada objeto, cada copo foi escolhido caprichosamente para compor a galeria de arte. Não me senti à vontade em nenhuma delas. Em todas, tive medo de desarrumar a maquete de morar, de levantar os braços e inadvertidamente quebrar alguma das peças de design que valiam mais que meu salário. Nos meus muitos anos de reportagem, entrei em casas das mais ricas às mais miseráveis. Entrei em muitas casas de inspiração moderna, em casas que ainda preferem o ecletismo, em casas de novo rico, em casas despojadas, em apartamentos de universitários, em quitinetes de trabalhadores do sexo, em barracos de invasão, em casas de classe média baixa em todas ou quase todas as cidades-satélites. Das mansões do Lago Sul às casinhas de dois quintais de Sobradinho; dos apartamentos do Lelé na Colina às últimas casas de madeira da Vila Planalto; das casas modernas (quadrados de concreto fechados em si mesmo) aos apartamentos de salas enormes e quartos miudinhos do Sudoeste; dos apartamentos vazados com janelões e paredes de cobogó da Asa Sul aos pequenos

apartamentos dos edifícios JK nas 400 Sul. Das casas com puxadinho na Ceilândia às casas de Taguatinga – em lotes generosos e com as calçadas mais largas que já vi em todas as minhas andanças físicas e virtuais por esse mundo urbano de meu Deus. Das casas com paisagens idílicas no Altiplano Leste aos apartamentos do Mangueiral, em São Sebastião. Não importa a altura do pé-direito, a assinatura do sofá (ou até se tem sofá ou não), se o piso é o horrendo porcelanato ou o antigo taquinho, se a parede é cor de terracota ou branco encardido, as casas onde mais me senti em casa foram aquelas nas quais o afeto se sobrepunha ao mobiliário, onde cada canto do lugar tinha uma importância real, era habitado, usado, valia pela função e não pela exibição ou pela solidão. Depois de tantas casas, passei a dividi-las em duas categorias: a de usar e a de mostrar. As primeiras são casas genuínas, são o coração do lado de fora. As outras são a projeção imaginária de um viver que, afinal, não se vive. Por isso, jamais me esquecei da casinha da Estrutural.



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