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R E V I S TA B R A S I L E I R A D E A D M I N I S T R A Ç Ã O

Ano XXIV • Nº 103 • Novembro/Dezembro de 2014

Entrevista

Adm. Beto Studart defende qualificação aliada ao esforço profissional

Colunista

Eduardo Pedreira: satisfação é diferente de dar sentido ao que se faz

E-commerce: comportamento e oportunidade Consumidores migram para internet e empreendedores devem estar atentos

Administradores em busca de novos mercados Áreas de trabalho ainda podem ser abertas e exploradas. Basta se preparar

9 771517 200009

00103

QUANDO O MENOS VIRA MAIS R$ 9,90

A intensidade empenhada e o prazer pela atividade podem dar melhor qualidade às horas trabalhadas. E isso se reflete na produtividade

Inovação atinge a gestão pública e provoca melhora da qualidade de vida dos cidadãos e da economia do Brasil.


Conhecimento e comprometimento pr

ofissional.

(REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO)

A REVISTA DO PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO

* recebimento dos exemplares está condicionado ao envio da listagem dos participantes pelos respectivos CRAs


A REVISTA QUE CONTRIBUI COM O CRESCIMENTO PROFISSIONAL DOS ADMINISTRADORES


EDITORIAL

A natureza do trabalho

C

om

raras

exce-

ções, qualquer ser humano em idade

produtiva dedica boa parte do dia à sua atividade profissional. O trabalho é necessário para sustentar uma vida de relativo consumo e como forma de contribuir com a sociedade em que se está inserido. Então,

ADM. SEBASTIÃO LUIZ DE MELLO Presidente do CFA

qual o motivo da associação do trabalho com castigo? Talvez seja pela natureza da palavra, que vem do latim tripalium, que

significa tripálio, uma técnica de tortura. Ou, ainda, as raízes históricas de punição aos infratores. Contudo, fato é que o processo evolutivo não tem parada e hoje a fase é outra. O tempo é de relações laborais diferentes, vividas com mais intensidade e com menos tempo de dedicação. A equação, que antigamente não tinha solução, hoje encontra resposta: sim, é possível ser mais produtivo com menos horas trabalhadas. E, com o dia aberto para outras atividades, as pessoas ganham a possibilidade de planejar melhor o seu ócio. O filósofo italiano Domenico de Masi defende que ele deva ser produtivo, ou melhor, criativo. Que assim seja! O tema que pretende analisar a mudança nas rotinas de trabalho e nas relações humanas serve de pauta para a matéria de capa da edição 103 da Revista Brasileira de Administração (RBA). Muitos outros assuntos também recheiam a publicação e sobre eles serão dedicadas as próximas linhas. Em parceria com a HSM Management, a RBA divulga a onda de inovação que atinge a gestão pública em vários países, inclusive no Brasil, que vem colhendo bons resultados e provocando melhora da qualidade de vida dos cidadãos e da economia do país. Em uma das áreas mais carentes

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Mais que reverenciar o sucesso de quem alcançou o ápice com seu talento e esforço, contar casos de êxito do empreendedorismo estimula todos aqueles que desejam colocar suas boas ideias em prática. Pois foi o que fez Aleksandar Mandic ao colocar no mercado um serviço de e-mail corporativo remoto. O resultado foi tão positivo que sua empresa acabou sendo vendida por R$ 100 milhões. Esse foi só um dos primeiros passos de Mandic. Falando de tecnologia, o e-commerce vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil e no mundo. Trata-se de uma alternativa prática e rápida para o consumidor que não quer perder tempo indo às compras. Tal atitude revela uma mudança de comportamento que merece a atenção do mercado e dos próprios consumidores, afinal, os riscos existem e não só podem como devem ser evitados. A nuvem tecnológica cerca a todos mesmo, não abre espaço para quem pensa em escapar. Aos precavidos, o melhor é não relutar. O caminho é sem volta e não há como discordar que computadores, smartphones, internet e aplicativos afins facilitaram sobremaneira a vida das pessoas. Para um setor em especial, o de serviços, a dissociação do mundo digital se tornou impossível. Resta se preparar de forma muito profissional e organizada para dar conta das atuais exigências do mercado. E quem não gosta de saber como vai o mercado de trabalho para o Administrador? Saiba que ainda há áreas pouco exploradas e as boas ondas não são feitas para ser desperdiçadas. Duas sugestões para que os Administradores analisem com cuidado: gestão (interna) de produtos e gerenciamento de projetos. Saiba que a demanda por profissionais capacitados nesses campos só aumenta. Como a presente edição é a última de 2014, não há como deixar passar a chance de desejar a todos que as festas de fim de ano sejam repletas de alegrias e regadas à confraternização. E que a felicidade campeie por 2015 sem barreiras ou restrições.

de cuidado e respeito, a educação, projetos buscam motivar

Aproveite o conteúdo da RBA. Ela foi feita pensando em você.

alunos por meio de competições.

Boa leitura!

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO


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SUMÁRIO ANO XXIV • Nº 103 • NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2014

ENTREVISTA

NOVAS ÁREAS

SERVIÇOS

10

18

26

Jorge Alberto Vieira Studart Go-

Atuar em áreas ainda pouco explo-

Quem continua trabalhando com os

mes. Esse é o nome completo do

radas. Está aí uma atitude que não é

modelos tradicionais de fazer negócio

Adm. Beto Studart. Versátil, ele presi-

para qualquer profissional. Desbra-

está muito aquém das exigências dos

de o Grupo BSPAR, a Fundação Beto

var é para quem gosta de arriscar e,

consumidores – cada vez mais conec-

Studart e a Federação das Indústrias

mais que isso, é para aqueles que não

tados ao universo online – e corre o

do Estado do Ceará (FIEC) e acredita

querem perder uma boa oportunida-

risco de ser atropelado. O setor de ser-

que o Administrador precisa se quali-

de de trabalho. Administrador, fique

viços é um dos que mais vêm sofrendo

ficar e ser trabalhador esforçado.

atento, pois aí vão duas boas dicas!

com essa realidade e a hora é de mudar.

Adm. Beto Studart dá receita que mescla esforço e qualificação

Há vagas para gestor de produtos e gerente de projetos

Mercado digital muda comportamento e merece atenção

LEITOR | 08

ARTIGOS

CONSELHO | 52

16

EDUARDO PEDREIRA

Qual o sentido do que você faz?

24

ADM. EDENILSON LUIZ GOMES

CONEXÃO | 57

Gestão ambiental

6

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

58

ADM. CLAUDIO AUGUSTO ALVES

Comprometimento organizacional: o que dizer sobre ele...


REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

CAPA

30

Produtividade em alta com horas a mais de ócio criativo Como a maioria das pessoas passa a maior parte do tempo trabalhando, são cada vez mais comuns discussões sobre como tornar o ofício mais prazeroso ou, até mesmo, como conciliar a vida tão corrida com atividades de lazer, descanso e ócio. E a discussão vai além: como sacar o melhor de cada profissional sem que seja necessário obrigá-lo a dedicar mais horas ao trabalho? Ou seja, o caminho a ser trilhado aponta que a produtividade tende a melhorar quando a intensidade passar a valer mais que a carga horária.

38

49

60

A onda da inovação chegou à gestão

Para Aleksandar Mandic se tornar um

Com crescimento de 2.150% nos últimos

pública. No Brasil, apesar dos enormes

dos maiores empreendedores do Brasil,

10 anos, o comércio eletrônico é uma

desafios que o modelo de adminis-

bastou para ele encontrar necessidades

promessa de êxito para todo empreen-

tração pública oferece, projetos inova-

fáceis de serem solucionadas. A tecno-

dedor. Porém, para vencer dentro dessa

dores têm surgido e melhoraram a vida

logia é o seu campo de trabalho e seus

vertente é preciso estar preparado, pois

dos cidadãos e a economia do País.

feitos ganharam o mundo.

o ambiente pode se tornar hostil.

HSM: UMA GESTÃO INOVADORA E PÚBLICA

SUCESSO ALCANÇADO COM TECNOLOGIA

EMPREENDEDOR DEVE DOMINAR E-COMMERCE

66

FAMOSA ALIADA DA LIMPEZA Água sanitária tem nome: Qboa. Quase ninguém se refere ao produto de outra forma. É um caso de amor dos consumidores, que foi construído durante décadas e conta com o respaldo de sua vasta aplicabilidade.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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LEITOR

As mensagens para a RBA podem ser enviadas para SAUS, Quadra 1, Bloco L, Edifício Conselho Federal de Administração, Brasília/DF, CEP 70070-932, e-mail: rba@cfa.org.br ou fanpage: facebook.com/cfaadm

Quero parabenizar a RBA pelas últimas edições. Estou terminando de ler a edição 101 e me preparando para ler a edição 102. A revista melhora a cada edição, moderna, com temas atuais e importantes para nós, Administradores. Parabéns! ADM. CÍCERO JÚNIOR

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Gostaria de parabenizar pela seleção de conteúdos desta publicação que recebi, pois são assuntos interessantes e de grande relevância.

Estou lendo a edição 102 e quero parabenizar a RBA e a Rádio ADM. Estou adorando! Sugiro criar um aplicativo para iPhone ou Android.

ADM. FERNANDA S. NUNES DE JESUS

MARCIA RODRIGUES

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO


Leitor da RBA, mantenha sempre o seu endereço atualizado. Se houver qualquer alteração, encaminhe-a para rba@cfa.org.br ou pelo telefone: (61) 3218-1818.

EXPEDIENTE

EDITOR | Conselho Federal de Administração PRESIDENTE | Adm. Sebastião Luiz de Mello VICE-PRESIDENTE | Adm. Sergio Pereira Lobo

Recebi todas as revistas que estavam atrasadas agora há pouco. Muito obrigada por honrar os compromissos e fazer com que o cliente sinta-se satisfeito com os serviços prestados. GEYCIELLE DE ALBUQUERQUE SILVA

Quero registrar aqui o recebimento da edição nº 101 exaltando a excelência de suas publicações, em especial a coluna de Eduardo Pedreira - “O problema das pessoas centralizadoras”. ADM. SEBASTIÃO LEME DE CAUX

CONSELHEIROS FEDERAIS DO CFA 2013/2014 Adm. João Coêlho da Silva Neto (AC) • Adm. Armando Lobo Pereira Gomes (AL) • Adm. José Celeste Pinheiro (AP) • Adm. Nelson Aniceto Fonseca Rodrigues (AM) • Adm. Ramiro Lubián Carbalhal (BA) • Adm. Francisco Rogério Cristino (CE) • Adm. Rui Ribeiro de Araújo (DF) • Adm. Hércules da Silva Falcão (ES) • Adm. Dionízio Rodrigues Neves (GO) • Adm. José Samuel de Miranda Melo Júnior (MA) • Adm. Alaércio Soares Martins (MT) • Adm. Sebastião Luiz de Mello (MS) • Adm. Gilmar Camargo de Almeida (MG) • Adm. Aldemira Assis Drago (PA) • Adm. Lúcio Flávio Costa (PB) • Adm. Sergio Pereira Lobo (PR) • Adm. Joel Cavalcanti Costa (PE) • Adm. Carlos Henrique Mendes da Rocha (PI) • Adm. Rui Otávio Bernardes de Andrade (RJ) • Adm. Ione Macedo de Medeiros Salem (RN) • Adm. Valter Luiz de Lemos (RS) • Adm. Paulo César de Pereira Durand (RO) • Adm. Carlos Augusto Matos de Carvalho (RR) • Adm. José Sebastião Nunes (SC) • Adm. Silvio Pires de Paula (SP) • Adm. Adelmo Santos Porto (SE) • Adm. Renato Jayme da Silva (TO) CONSELHO EDITORIAL Prof. Adm. Idalberto Chiavenato • Prof. Carlos Osmar Bertero • Prof. Milton Mira de Assumpção Filho CONSELHO DE PUBLICAÇÕES Adm. João Coêlho da Silva Neto • Adm. Gilmar Camargo de Almeida • Adm. José Sebastião Nunes • Adm. Renato Jayme da Silva • Adm. Francisco Rogério Cristino COORDENAÇÃO DOS CONSELHOS EDITORIAL E DE PUBLICAÇÕES Adm. Adelmo Santos Porto PRODUÇÃO Coordenação Editorial: Straub Design • Diretor Executivo: Adm. Wilgor Caravanti • Editor–Chefe: Francisco José Z. Assis • Diretor de Criação: Ericson Straub • Diretor de Arte: Fernando Ratis • Redação: Adriana Franco, Ana Graciele Gonçalves, Cinthia Zanotto, Mara Andrich, Nájia Furlan e Wellington Penalva • Revisão: Mônica Ludvich • Diagramação: Fernando Ratis e Lorena Beatriz • Impressão: Plural Indústria Gráfica • Tiragem: 120 mil exemplares REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Conecta Marketing Direto (Wladimir Reis) Tel.: (11) 98969-6075 E-mail: publicidade@cfa.org.br ASSINATURAS E-mail: rba@cfa.org.br | Portal: www.revistarba.com.br Telefone: (61) 3218-1818 | Fax: (61) 3218-1833 A RBA é uma publicação bimestral do Conselho Federal de Administração sob a responsabilidade da Câmara de Desenvolvimento Institucional, Conselheiros: Adm. Adelmo Porto, Adm. Dionizio Neves e Adm. Carlos Augusto, e da coordenadora técnica RP Renata Costa Ferreira. As matérias não refletem necessariamente a opinião do CFA. *Todas as imagens não creditadas são de propriedade do banco de imagens Shutterstock. A RBA é certificada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) como de circulação controlada de conteúdo dirigido

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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ENTREVISTA POR_MARA ANDRICH

Preparo e

MUITO TRABALHO ADM. BETO STUDART JÁ MILITOU EM VÁRIAS ÁREAS DA ADMINISTRAÇÃO E PREGA QUE A BUSCA PELA QUALIFICAÇÃO DEVE ESTAR ALIADA AO ESFORÇO PROFISSIONAL

A

dministrador, presidente do Grupo BSPAR, pre-

REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO (RBA):

sidente da Fundação Beto Studart e presidente

Como o senhor é filho de um médico, acredito que

da Federação das Indústrias do Estado do Ceará

não dá para deixar de falar de um grande projeto que

(FIEC), Beto Studart é um profissional versátil. Foi da área

chama a atenção em sua carreira: o coração artificial.

química à imobiliária, passando também pela área da saúde,

Por que a Studheart iniciou essa ideia? Com base em

já que é filho de médico. Além disso, encontra tempo para

quais necessidades? Em que fase está o projeto?

a área social em atividades na entidade que leva seu nome.

BETO STUDART (BS): A Studheart nasceu com o propósito

Acredita que o Administrador, assim como todo profissional, precisa se qualificar. Mas de nada adianta o preparo, se-

vida de pacientes que estão à espera do transplante cardíaco,

gundo ele, sem muito trabalho.

de forma a tornar mais acessível uma tecnologia de ponta. Esse

Eleito presidente da FIEC em março de 2014, Studart conta que vem se preparando e treinando uma equipe de profissionais para esse desafio há cinco anos. “Assumi um compromisso pessoal de emprestar minha expertise de gestor, de empresário com mais de 40 anos de trajetória, para a nossa Federação. Tenho oferecido meus conhecimentos em prol da instituição, que espero fazer mais eficiente no papel de fortalecer a indústria do meu Estado”, afirma. Aumentar a eficiência operacional, dar maior agi-

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de produzir um equipamento para melhorar a qualidade de

projeto é uma preciosidade. Meus olhos brilham especialmente quando falo do Ax-Tide, que é o primeiro dispositivo de Assistência Ventricular Implantável (VAD) de fabricação nacional projetado para tratar pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Fico muito gratificado por poder dar essa contribuição que certamente será importantíssima para muita gente que depende de um coração artificial para viver. Mas também é uma maneira de homenagear meu pai, que durante toda a vida dedicou-se aos seus pacientes e ao Hospital de Messejana, em Fortaleza, tendo-o transformado em uma referência no Brasil

lidade aos processos e reduzir custos serão objetivos de

em doenças de tórax, pulmão e coração. O projeto passou por

Studart para que a indústria possa desenvolver melhor o

uma série de testes bem-sucedidos no Incor, em São Paulo.

seu papel no Estado.

Está sendo preparado para experimentação em seres humanos.

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO


Foto: Divulgação NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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Entrevista

RBA: O senhor é um profissional Foto: Divulgação

que já atuou em diversas áreas, sendo o setor químico um dos principais. Como foi a mudança do setor químico para a área imobiliária? Quais os desafios para mudar de áreas assim tão diferentes? O senhor acredita que o Administrador é um profissional que inevitavelmente atua em diferentes áreas?

O ano de 2015 deve ser difícil para todos nós do setor produtivo, pela perda crescente de produtividade e de competitividade em todos os setores”

BS: Quando assumi a liderança da Agripec eu tinha apenas 22 anos. Em 37 anos de trabalho intenso, ela tornou-se uma das empresas do setor químico a ter maior visibilidade no Brasil, entre as empresas de capital nacional. Líder nacional, ainda que sediada no Ceará, chamou a atenção mundialmente e fez os olhos de muitos se voltarem para a nossa terra, árida no solo, mas fértil em talentos humanos. Esse sucesso culminou na aquisição da empresa por um grupo australiano, a Nufarm. Com a venda da em-

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entendimento, depende de uma combi-

maior apoio financeiro à Fundação

nação especial da qualificação profissio-

vem de pessoas físicas, eu e meus

nal com o perfil individual e ainda com

filhos, representando 90% dos recur-

o ânimo para trabalhar muito.

sos captados. Com foco na descober-

RBA: Como é o trabalho da Fundação Beto Studart de Incentivo ao Talento? Por que o senhor resolveu atuar também nessa área social? Fale um pouco sobre isso.

ta de talentos, nas mais diversas formas de expressão, para o desenvolvimento de crescimentos individuais e coletivos, a instituição já beneficiou mais de 20 mil pessoas. RBA: Qual seria a missão da

presa e por meu perfil inquieto, segui

BS: Neste mês de outubro comemora-

empreendendo. A “escolha” pelo setor

mos dez anos da Fundação Beto Stu-

imobiliário foi quase natural, porque

dart, que nasceu da necessidade que

BS: Desde o início, minha esposa, que é

eu já vinha investindo na área desde os

tive de organizar e profissionalizar

quem capitaneia as ações da Fundação,

tempos da Agripec. Comecei com par-

a ajuda que dava a pessoas e proje-

junto a uma equipe competente e de-

cerias, a partir de incorporações com

tos diversos, desde muito tempo. A

dicada, sempre defendeu que de nada

os amigos. Gostei do negócio, vislum-

Fundação atua nas áreas cultural,

adiantaria se apenas transferíssemos

brei um mercado em ascensão e resol-

desportiva, educacional, religiosa,

recursos aos projetos, sem dar-lhes

vi imprimir a minha marca. O Grupo

social, de saúde e geração de trabalho

condições efetivas de funcionamento

BSPAR é hoje um importante player

e renda. Atualmente, na divisão de

apropriado. E é assim que trabalhamos:

em Fortaleza e em Natal, já reconheci-

recursos aplicados, cultura e educa-

através da aquisição e construção ou

do por solidez, credibilidade e qualida-

ção vêm à frente, ficando com mais da

reforma de suas sedes, da dotação de

de. Acredito que o Administrador pode

metade do que a Fundação aplica; em

equipamentos, da capacitação e apoio

sim atuar em qualquer área. Porém, o

terceiro e quarto lugar vêm, respecti-

técnico em diversas áreas, ajudan-

sucesso como empreendedor, no meu

vamente, social e desportos. Hoje, o

do a tornar os projetos sustentáveis.

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

Fundação?


Foto: Divulgação

A Fundação também me gratifica muito não apenas por podermos apoiar, mas também por participar das conquistas de nossos jovens bolsistas, cada qual com sua potencialidade, seu talento, sua garra, alguns se desenvolvendo aqui mesmo no Brasil, outros no exterior. Hoje, apoiamos bolsistas na Alemanha, na França e nos Estados Unidos, talentos que procuram vencer no mundo da música, da dança, da educação e do esporte. RBA: Sendo um grande empreendedor, como o senhor analisa a cultura do empreendedorismo hoje no Brasil? O senhor acredita que os Administradores saem das universidades com o “espírito” empreendedor? Ou essa cultura ainda não está na nossa sociedade? Como poderíamos contribuir para melhorar isso? BS: Não tenho acompanhado muito de perto como as universidades têm trabalhado os currículos no que tange ao empreendedorismo. Na minha época de estudante, essa era uma palavra que nem sequer a gente falava, quanto mais como conceito ou cultura. Hoje, apesar de termos mais acesso à informação,

RBA: Aproveitando a referência

Acredito que o Administrador pode sim atuar em qualquer área. Porém, o sucesso como empreendedor, no meu entendimento, depende de uma combinação especial da qualificação profissional com o perfil individual e ainda com o ânimo para trabalhar muito”

apesar de o mercado ser mais aberto,

ao Sistema Indústria, fale um pouco sobre seus desafios como presidente da Federação das Indústrias do Ceará. O que o senhor espera poder trazer para a instituição, considerando sua formação de Administrador? BS: Fui eleito presidente em março e assumi o cargo em setembro. Desde a eleição, vim me preparando e preparando uma equipe de profissionais para este mandado que terá cinco anos. Assumi um compromisso pessoal de emprestar minha expertise de gestor, de empresário com mais de 40 anos de trajetória, para a nossa Federação. Tenho oferecido meus conhecimentos em prol da instituição que espero tornar

não observo esse “espírito” em muitos

mais eficiente no papel de fortalecer a

jovens. Os empreendedores são ainda

mentos, pós-graduações e outras ini-

indústria do meu Estado. Acredito mui-

minoria, e talvez por isso mesmo se

ciativas educacionais que já se voltam

to que tudo o que eu trago de aprendiza-

destaquem na sociedade. Penso que há

para esse aspecto. O Senai e o IEL, por

do na escola, na universidade, e muito

possibilidades para contribuir na for-

exemplo, instituições ligada ao Sistema

mais da vivência à frente de empresas

mação dos jovens, de modo a dar-lhes

Indústria, em muitos de seus diversos

de sucesso, vai ajudar nos desafios

uma visão mais audaciosa sobre suas

cursos de formação profissional, enfo-

específicos de aumentar a eficiência

carreiras. O exemplo daqueles que se

cam esse aspecto do empreendedoris-

operacional, dar maior agilidade nos

destacam são, talvez, a melhor escola,

mo, contribuindo efetivamente para

processos, reduzir custos e, em conse-

porque inspiram. Há cursos, treina-

fortalecer essa cultura entre nós.

quência, desenvolver melhor seu papel.

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Entrevista

RBA: O senhor foi reconhecido com o prêmio “O Equilibrista”, relacionado à área econômica. Como o senhor avalia que está hoje a situação econômica do nosso país? Como empresário, quais são suas perspectivas e o que, na sua opinião, deve ser modificado? BS: O prêmio é conferido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), e muito bem referenciado entre esses profissionais brasileiros. Fui agraciado em 2009, por meu desempenho ter sido considerado exemplar no setor financeiro e na gestão empresarial. O prêmio é uma bela estatueta, fundida em bronze, assinada pelo artista Osni Branco, que exibo

Acredito que seja muito importante preservar em alta a energia para trabalhar e cultivar uma sabedoria que mantenha as pessoas talentosas ao seu redor” Além disso, é premente que sejam

RBA: Para terminar, que carac-

aumentados os investimentos em in-

terísticas o Administrador de

fraestrutura, investimentos públicos

sucesso deve ter, hoje, no Brasil?

e privados em estradas, portos, ferro-

BS: Não saberia estabelecer se há re-

vias e aeroportos, garantindo sistemas

gras ou características específicas para

eficientes de logística. Como sou uma

um Administrador obter sucesso. Mas

pessoa otimista por natureza, trabalho

acredito que seja muito importante pre-

não apenas confiando que as mudan-

servar em alta a energia para trabalhar e

ças aconteçam, mas fazendo por onde

cultivar uma sabedoria que mantenha

elas aconteçam.

as pessoas talentosas ao seu redor.

com muita satisfação em meu escritório na BSPAR. Como empresário, com atuação múltipla, minha expectativa é

JORGE ALBERTO VIEIRA STUDART GOMES

de que atravessaremos em breve uma grande dificuldade, em razão da trajetória recente da política econômica e da escolha eleitoral do povo brasileiro.

Registrado no Conselho Regional de Administração do Ceará (CRA-CE) sob o número 11.551.

O ano de 2015 deve ser difícil para todos nós do setor produtivo, pela perda

Presidente do Grupo BSPAR, presidente da Fundação Beto Studart e presidente

crescente de produtividade e de com-

da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).

petitividade em todos os setores. Para conseguirmos transpor os desafios, temos que fazer algumas mudanças

Graduado em Administração pela Universidade Estadual do Ceará (1970).

estruturais. Precisamos focar em uma reforma tributária que simplifique o sistema de arrecadação de impostos,

Empresário com negócios nos ramos imobiliário, financeiro e de tecnologia da

que acabe com a cobrança dos tribu-

informação, presidiu a Agripec – Química e Farmacêutica por 37 anos, transfor-

tos em cascata e desonere os investimentos e as exportações. Temos que buscar uma modernização das leis do trabalho, buscando valorizar as negociações coletivas e priorizando a regulamentação da terceirização.

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RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

mando-a na maior empresa nacional formuladora de defensivos agrícolas. Foi duas vezes vice-presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e membro do conselho fiscal do mesmo órgão, além de presidente da Associação Nacional das Empresas de Defensivos Agrícolas por dois termos.



OPINIÃO

QUAL O SENT do que você faz?

T

inha trinta e seis anos e desfrutava um dos momentos mais felizes da minha

vida! De repente vi-me na emergência de um hospital com os dois braços dormentes. Diagnóstico: infarto! Fiz uma cirurgia de revascularização colocando seis pontes no meu coração. Na UTI, quando, por assim dizer, beijava a face da morte e o senso de finitude se fazia presente com toda a sua força, das muitas perguntas que me fiz, de uma delas recordo-me com particular emoção e aproveito para fazê-la a você: qual é o sentido do trabalho? Existe algum significado nas coisas que fazemos? No contexto daquela experiência marcante percebi algumas coisas. Há um significado inerente no trabalho, mas em última análise somos nós quem damos sentido àquilo que fazemos. Não confundamos satisfação com sentido. Estar satisfeito é diferente de dar sentido ao que fazemos. A satisfação no trabalho é quase sempre a combinação de remuneração, reconhecimento e relação.

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Foi reconfortante saber que já por

do muito mais amplo do que somente

muitos anos havia encontrado um sen-

a dimensão material da existência.

tido mais amplo no meu trabalho. Ha-

Quando descobrimos qual é esse cha-

via algo a mais! Eu não queria morrer,

mado e vivemos a partir dele, encon-

mas se tivesse ido naquele momento,

tramos um sentido mais profundo

teria partido em paz, por ter encontra-

naquilo que fazemos. Alguns sinais

do um sentido para aquilo que eu fazia.

muito simples nos ajudam a perceber

Somos nós quem damos sentido àquilo que fazemos. O sentido mais elementar que podemos encontrar no trabalho é a remuneração. Um emprego é nada mais do que uma troca comercial. Vendemos uma quan-

tal vocação. Quando naturalmente trazemos um grupo de aptidões reconhecidas por nós e por outros, capaz de nos habilitar a fazer algo, então aí se reconhece um chamado. Outro sinal está na inconfundível sensação de felicidade desfrutada ao fazer aquilo para

tidade de horas do nosso tempo, da

o que fomos vocacionados.

nossa energia física, mental e intelec-

Saber fazer e fazer com prazer são, en-

tual, recebendo em retorno um salário. A repetição destituída de um sentido mais amplo faz com que as atividades sejam exercidas de maneira mecânica. Têm-se pouco espaço para a realização ou mesmo a fruição, o sentir algum gosto daquilo que se faz. Quando vemos nosso trabalho como meramente um emprego é quase inevitável a sensação de infelicidade e frustração. Uma carreira é mais que um emprego. É uma trajetória rumo a alvos estabelecidos. Palavras como sucesso, fra-

tre outros, inequívocos sinais da nossa vocação. O senso de vocação nos leva a fazer o que fazemos fazendo diferença! Por trás dos saudáveis resultados das pessoas mais produtivas está esse forte senso de vocação. Quem faz o que faz motivado pela certeza de sua vocação sempre deixa um legado transformador. Pessoas movidas pela força de um chamado invariavelmente vão se destacar, afastando-se e muito de uma linha média, dentro da qual boa parte das pessoas opera.

casso, poder, importância e influência compõem naturalmente o horizonte a ser percorrido. A sensação de progressão dos degraus subidos energiza os nossos passos, nos dando forças para ir em frente a despeito dos obstáculos.

Foto: Divulgação

TIDO

*Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA.

Um aviso, porém, nunca é demais: sem o devido cuidado, o legítimo desejo por se ter uma carreira, pode se transformar numa obsessão a ponto de nos fazer acreditar no dever de eliminar todos que achamos que são inimigos ou ameaças ao nosso “sucesso”. Vocação é um chamado para fazer algo carregado de sentido e significa-

EDUARDO PEDREIRA é professor de Sustentabilidade Corporativa da Fundação Getulio Vargas. É um dos autores do livro “Gestão Sustentável de Negócios”. prof.eduardofgv@terra.com.br

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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NOVAS ÁREAS POR_NÁJIA FURLAN

O MERCADO

PROCURA NOVOS CAMPOS DE TRABALHO PODEM SER ABERTOS E EXPLORADOS. BASTA SE PREPARAR E FICAR ATENTO ÀS OPORTUNIDADES

A

tuar em áreas ainda pouco exploradas. Está aí

concorrência e, portanto, da necessidade de conhecer o

uma atitude que não é para qualquer profis-

consumidor (o que ele deseja, que atributos valoriza). Quem

sional. Desbravar é para quem gosta de arriscar

explica é um expert no assunto.

e, mais que isso, é para quem não quer perder uma boa onda e se arrepender depois. Por isso, aí vão duas sugestões de oportunidades que o mercado vem apresentando para o Administrador que queira “se lançar”. São as áreas de gestão (interna) de produtos e de gerenciamento de projetos, cuja

18

Hélio Arthur Reis Irigaray é doutor em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). Com ampla experiência em Marketing – tendo atuado em empresas como Star Alliance, Varig e Banco Holandês Unido (ABN) –, o professor é autor do livro e do curso sobre o mesmo assun-

demanda por profissionais capacitados só aumenta.

to: Gestão de Produtos e Marcas.

A gestão de produtos é uma área oriunda da engenharia.

Segundo o especialista, o lançamento de novos produtos tor-

A novidade está na apropriação dos conceitos de marke-

nou-se fundamental para as empresas, porque a concorrência

ting, que a torna importante em função do acirramento da

está cada vez mais acirrada. “Há uma pressão por redução de

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preços e aumento da qualidade (por Foto: Rogério Ehrlich

parte dos consumidores); as empresas sofrem com a redução da sua margem; o ciclo de vida de alguns produtos tem ficado mais curto e, além do mais, em alguns setores, há grandes saltos tecnológicos”, afirma Irigaray. Ou seja, o mercado pede, cada vez mais, gestão. E para o Administrador que queira aproveitar essa oportunidade, o professor da FGV orienta: é preciso ter profundo conhecimento do comportamento do consumidor, seus hábitos de consumo e processo de tomada de decisão de compra; conhecer os concorrentes melhor do que eles se conhecem; não negligenciar a existên-

Hélio Arthur Reis Irigaray: lançamento de novos produtos tornou-se fundamental para as empresas, porque a concorrência está cada vez mais acirrada.

cia de concorrentes indiretos, pois, no limite, disputamos é o tempo e o dinheiro dos consumidores. “Assim, esse profissional deve ter em mente que os produtos não são a finalidade em si das empresas, mas um meio de ter lucro, rentabilidade; seja

(questões econômicas, sociais, demográficas, climáticas, jurídicas), bem como a capacidade de a empresa produzi-lo entregando todos os atributos desejados pelos consumidores (isso dependerá de seus recursos físicos, finan-

pela margem, seja pelo volume”, indica

ceiros, humanos, etc.)”, completa.

o doutor em Administração.

Os principais desafios da nova área

PRODUTOS

são, principalmente, como aponta o

Ainda de acordo com Irigaray, existem vários tipos de produtos, mas, fundamentalmente, para ter sucesso no mercado, é preciso que estes atendam às necessidades dos clientes; aos seus desejos.

professor, a grande concorrência e a instabilidade do ambiente externo que impactam tanto na demanda (consumidor) como na pressão dos custos (empresa). Dependendo do segmento de atuação da empresa, a atuação do gerente de produtos extrapola os limites

“Não raramente, um produto não é ad-

das fronteiras físicas. “Esse intercâm-

quirido só por sua finalidade, mas pelo

bio é fundamental para, por exemplo,

seu conceito; ou seja, o que ele repre-

aprender novas práticas que resultem

senta socialmente para aquele consu-

no aumento da eficiência operacional

midor. O gerente de produto deve con-

da empresa e, consequentemente, na

siderar todos os fatores exógenos que

redução dos seus custos e aumento dos

impactam na demanda desse produto

lucros”, complementa Irigaray.

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Novas Áreas Para concluir, em resumo, o profissional recomenda: para quem deseja investir na área, é interessante ter uma visão holística. Entender um pouco de Psicologia, Sociologia e Antropologia (o lado humano), entender de Economia, Matemática Financeira (para mensurar a demanda e responder à famosa pergunta ao se desenvolver um novo produto: vou investir quanto para ter quanto em quanto tempo); interagir com outras áreas como vendas (que é a voz do campo) e engenharia (o que é factível). “Sejam humildes. Não se apressem em ter respostas para nada; apenas aprendam a fazer perguntas. Ouçam os clientes, colegas, pares, de todas as áreas”, finaliza o professor da FGV.

“Como vivemos num mundo onde mudanças ocorrem num ritmo acelerado, as pessoas e organizações precisam fazer cada vez mais projetos, geralmente em menos tempo. IVO MICHALICK GERENCIAMENTO DE PROJETOS Gerenciamento de projetos é a aplicação de ferramentas e técnicas específicas, em busca dos objetivos de um projeto, que é um empreendimento temporário que visa gerar um produto, serviço ou resultado único. Quem explica é Ivo Michalick, mentor nomeado pelo Project Management Institute (PMI) para o Brasil, a partir de janeiro de 2015. “Se refletirmos um pouco sobre essa definição de projeto veremos que estamos cercados de projetos por todos os lados: projetos pessoais, como mudança de emprego, casamento ou viagem de férias, ou projetos corporativos, como abertura de uma filial da empresa, implantação de um plano de cargos e salários ou lançamento de um produto, entre outros. Daí a necessidade de gerenciamento”, afirma. A área não é exatamente nova. Segundo Michalick, os projetos são feitos desde sempre. Porém, como disciplina organizada o gerenciamento de projetos se estruturou na Segunda Guerra Mundial (em virtude dos grandes projetos multidisciplinares que foram empreendidos em função do conflito, como o Projeto Manhattan, que resultou na criação da bomba atômica) e no início da Guerra Fria. Ainda de acordo com o especialista, no Brasil hoje há uma preocupação muito grande com o gerenciamento de projetos, com um grande número de profissionais buscando se capacitar na disciplina e com um grande número de empresas, em especial aquelas que por sua natureza empreendem muitos projetos, como construtoras, montadoras de automóveis e empresas prestadoras de serviços, buscando capacitar suas equipes e organizar internamente áreas de projetos. É aí que surge a oportunidade.

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“Falta pessoal qualificado em gerenciaFoto: Divulgação

mento de projetos, que por ser uma área relativamente nova no Brasil ainda não é tratada com profundidade em cursos de graduação”, sinaliza.

PROFISSIONAL Profissional de gerenciamento de projetos e coaching, com certificações PMP® e PMI-SP® do PMI, Ivo Michalick tem formação em liderança pelo Leadership Institute Master Class (LIMC), do PMI, e em coaching pelo The Coaches Training Institute (CTI), ambos nos Estados Unidos. Bacharel e mestre em Ciência da Computação

(pela

Universidade

Ivo Michalick, mentor nomeado pelo Project Management Institute (PMI) para o Brasil

Como vivemos num mundo onde mudanças ocorrem num ritmo acelerado, as pessoas e organizações precisam fazer cada vez mais projetos, geralmente em menos tempo. Isto é, fazer mais com menos, o que aliás também ocorre no mundo das operações, a rotina das empresas.

Federal de Minas Gerais), ele atua há mais de 28 anos em projetos de setores como energia, defesa, mine-

projetos, como a construção civil até

ração, saúde, logística e telecomunica-

bem pouco tempo, muitas organizações

ções, no Brasil e no exterior. Na área, é

não consigam entregar seus projetos o

palestrante, autor de artigos, consultor,

que pode acabar levando essas organiza-

professor e coordenador de cursos.

ções à falência por falta de recursos em

Portanto, ele pode orientar aqueles que

caixa. “Sim, a falta de uso ou o uso inade-

queiram se dedicar ao rumo.

quado do gerenciamento de projetos

de projetos: existem desde cursos

pode até mesmo levar uma organização

de curtíssima duração (a partir de

à bancarrota”, completa Michalick.

oito horas) até MBA com um ano de

SUCESSO

duração e carga superior a 360 horas;

“Como vivemos num mundo onde mudanças ocorrem num ritmo acelerado, as pessoas e organizações precisam fazer cada vez mais projetos, geralmente em menos tempo. Isto é, fazer mais com menos, o que, aliás, também ocorre no mundo das operações, a rotina das empresas. Só que isso demanda técnicas específicas de gestão que muitas empresas ainda desconhecem ou não estão maduras o

Para que um projeto seja bem-sucedido em seus objetivos, como observa o

para o projeto) e equipe, entre outros. Portanto, as dicas do profissional para o Administrador que queira se preparar para a área seriam: • capacitar-se

em

gerenciamento

• avaliar a possibilidade de trabalho voluntário em gerenciamento de

presidente da PMI no Brasil, primeiro

projetos junto ao seu capítulo local;

é preciso que a organização executora

• buscar participar como integrante

defina com clareza até o que é sucesso no projeto: geralmente implica entregar os produtos do projeto conforme definidos

de equipes de projetos dentro da empresa em que atua no momento;

inicialmente, com qualidade, dentro do

• e, se ainda não está trabalhando,

prazo e custo alocados, e gerando satis-

buscar oportunidade em empresas

fação das principais partes interessadas

que disponham de área de projetos

Segundo ele, isso faz com que em alguns

envolvidas, como cliente, patrocinador

estruturada e/ou cuja atuação seja

setores em que há grande demanda de

(que é quem fornece recursos e fundos

orientada a projetos.

suficiente em sua utilização”, afirma o especialista sobre os desafios da área.

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Novas Áreas

UM INSTITUTO PARA TE ORIENTAR

Foto: Divulgação

O Project Management Institute (PMI) é uma organização sem fins lucrativos de abrangência mundial (com mais de um milhão de integrantes, entre associados e detentores de pelo menos uma das certificações oferecidas pela organização). Fundada em 1969, nos Estados Unidos, a entidade busca promover e difundir boas práticas de gerenciamento de projetos. A base de sustentação é o trabalho voluntário que busca desempenhar de diversas formas, como promoção de eventos, publicação de conteúdo técnico sobre gerenciamento de projetos (como o Guia PMBOK®, que é um guia que compila as melhores práticas de gerenciamento de projetos), manutenção de um programa de certificações em gerenciamento de projetos reconhecido mundialmente (eu mesmo possuo duas certificações do PMI que me ajudaram demais no meu crescimento profissional) e atuação local através de suas filiais, chamadas de capítulos. No Brasil, hoje há um total de 15 filiais do PMI, que está presente em todas as regiões do país, totalizando cerca de 13.500 filiados. O capítulo (filial) de São Paulo está, hoje, entre os dez maiores do mundo, contando com cerca de 4.200 filiados.

João Gama Neto, presidente do PMI São Paulo

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O presidente do PMI São Paulo é João Gama Neto, com quem a RBA também conversou. Segundo ele, estudar o Guia PMBOK e fazer um bom MBA em Gerenciamento de Projetos são uma forma sólida de iniciar na área. “As unidades locais do PMI, chamadas de chapters, podem ajudá-lo muito nessa caminhada. Envolva-se com o PMI, estude bastante, conheça esse mercado e busque um bom MBA em Gerenciamento de Projetos. Quando se sentir preparado, conquiste uma certificação PMP. Esse é um bom começo”, indica Neto.


MUDANÇAS DE ARES A RBA conversou com um profissional que pode ajudar você a dar o primeiro passo rumo a essa guinada profissional. O bate-papo foi com o presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), José Roberto Marques.

identifique seus valores e crenças, dons

lançar, além de coragem? Que

e talentos. Identifique, então, as opor-

Foto: Divulgação

RBA: O que é preciso para se características e atitudes ou postura esse profissional deve ter?

tunidades que possui para mudar de área, bem como as coisas que impedem. Assim você terá uma visão geral de onde está e aonde quer chegar.

JRM: O autoconhecimento é fundamental para qualquer profissional

RBA: Novas áreas – como avaliar

obter sucesso na carreira; seguido de

o momento de dar um novo

planejamento,

comprometimento

passo em nova direção? Além de

e foco, as chances de dar errado são

avaliar questões de mercado, o

mínimas. Nesse sentido, ao optar por

que mais conta?

uma área pouco explorada, é necessário

JRM: Se você se sente estagnado, já não

ter um perfil empreendedor e inovador,

vê mais desafios em sua atual posição,

e aprimorá-lo. Realizar pesquisas,

acha que já sabe muito sobre determi-

obter uma visão sistêmica do mercado, bem como realizar um planejamento realista, e ter essa vontade de se lançar. Arriscar é apenas para profissionais

nada área e se sente capaz de explorar José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC)

caminhos mais tranquilos – nesse caso, não é recomendável se aventurar por esses novos caminhos.

passos. Além de avaliar o mercado, é necessário que seus anseios profis-

ousados. Existem alguns profissionais que desejam estabilidade e preferem

novos caminhos, é hora de dar novos

sionais e pessoais estejam alinhados. não está fazendo aquilo por impulso no sentido de querer enriquecer com algo inovador no mercado. Buscar conhe-

Sua atividade profissional deve ser congruente com seus valores e crenças, com aquilo que realmente considera

cimento na área é fundamental; além

importante em sua vida.

RBA: Em uma situação de início

disso, ter disposição para arriscar.

de carreira, quais as dificul-

RBA: Como caminhar para o

RBA: E para quem deseja mudar

sucesso em um novo caminho?

dades e benefícios ao seguir um caminho ainda novo? Do que o profissional iniciante deve lançar mão para arriscar? JRM: Talvez a dificuldade esteja na falta de experiência profissional, porém,

de área de atuação, sair da zona

Existe alguma dica?

de conforto? Como aproveitar

JRM: Planejamento é tudo. Desen-

aquele momento de inquietude ou insatisfação para fazer essa troca de uma área já comum para uma nova – mesmo que ambas sejam

volva habilidades e aprimore competências. Isso você pode fazer através do coaching, tanto buscando um profissional para que realize o processo,

isso não é uma barreira. Por outro lado,

ramo da Administração?

o profissional estará com todo o “gás”

JRM: É importante fazer uma autoava-

lhe dará ferramentas e técnicas de

para entrar no mercado de trabalho de

como fazendo uma formação, a qual

liação. Coloque em um papel como você

desenvolvimento.

maneira inovadora. É preciso que ele

Tenha

autocon-

gostaria de estar daqui a cinco e dez

fiança e comprometa-se com suas

saiba o que realmente deseja, e se aquele

anos; em seguida, coloque seus pontos

metas. Se algo não sair como o espe-

ramo atende às suas expectativas, se ele

fortes e pontos a serem melhorados,

rado, “recalcule a rota” e não desista.

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ARTIGO DO LEITOR

GESTÃO AMBIENTAL

R

ecentemente, tem se intensificado, nas or-

tratamento de resíduos de pós-consumo e efluentes, as-

ganizações, a preocupação com o processo

sim como diminuiu a incidência de multas decorrentes do

de gestão ambiental. Dito de outra forma, a

desrespeito à legislação ambiental.

preservação do meio ambiente tem emergido como uma questão importante na gestão das empresas e deixou de estar em segundo plano para adquirir uma posição estratégica. Isso se deve ao fato de que a aplicação das estratégias de gestão ambiental oferece diversas vantagens para as empresas, tais como diminuição de custos, redução de riscos, melhor imagem organizacional, longevidade, lucratividade, entre outros. Os benefícios estratégicos da gestão ambiental elevam a lucratividade das organizações por provocarem o aumen-

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A gestão ambiental contribui para que a organização identifique os impactos de sua atuação nas questões do meio ambiente e priorize planos e metas para o avanço contínuo de seu desempenho ambiental, monitorando as ações corretivas e reavaliando as atividades operacionais, as metas e os objetivos ambientais. O processo de gestão ambiental deve avaliar os procedimentos operacionais das empresas, com a finalidade de identificar os fatores que contribuem para diminuir os impactos no meio ambiente, objetivando a prevenção, o monitoramento e a recuperação dos resíduos de pós-consumo para

to nas vendas, melhorarem a sua relação com a comuni-

atingir os benefícios econômicos e estratégicos.

dade e facilitarem o acesso a linhas de crédito com juros

A gestão ambiental demanda, em especial, o comprometimento

menores que os aplicados no mercado. A gestão ambiental

da alta direção da empresa com a elaboração e implementação

também, por meio do aumento da eficiência nas ativida-

de um programa político ambiental bem elaborado que guiará

des produtivas, propicia a redução de consumo de maté-

os procedimentos da empresa com relação à proteção do meio

ria-prima virgem, energia e água, reduz a necessidade de

ambiente, assumindo compromisso com a sociedade, relatando

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*Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA.

suas intenções e princípios com as ques-

reciclagem de resíduos e a redução do

diminuição ou a solução dos proble-

tões do seu papel ambiental.

consumo de água tratada e energia elé-

mas ambientais procede de atitudes

trica nas atividades industriais.

dos gestores e dos empresários que

têm demonstrado que é possível pre-

Em síntese, preventivamente, o proces-

precisam considerar a proteção da na-

servar o meio ambiente e aumentar

so de gestão ambiental atua no setor de

Nesse sentido, várias organizações

seus lucros, desde que seus administradores sejam criativos e possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de bons negócios. Entre essas oportunidades, podem-se mencionar a reciclagem de

produção, assim como em todas as áreas

tureza em suas decisões estratégicas, bem como aplicar novas ferramentas

da empresa, contemplando o cumpri-

tecnológicas em suas atividades in-

mento da legislação, a seleção das fer-

dustriais, contribuindo, desse modo,

ramentas ambientais mais apropriadas,

para a sustentabilidade do meio am-

a redução do consumo dos recursos

biente e para a longevidade da empre-

naturais, a reciclagem de resíduos de

sa em seu segmento de atuação.

resíduos de pós-consumo, o reaproveidimentos internos e o desenvolvimento de novos processos de fabricação, com a aplicação de tecnologias mais limpas em relação ao meio ambiente. Com o acelerado desenvolvimento das indústrias, preocupações com o meio ambiente, relativas ao ar, à água, ao solo e à biodiversidade começaram a se revelar, uma vez que as organizações causam impactos de diversos tipos e intensidade sobre a natureza. Tais preocupações podem manifestar-se, por exemplo, por meio de um gerenciamento mais eficiente de seus resíduos e

Os benefícios estratégicos da gestão ambiental elevam a lucratividade das organizações por provocarem o aumento nas vendas, melhorarem a sua relação com a comunidade e facilitarem o acesso a linhas de crédito com juros menores que os aplicados no mercado.

também pela ampliação dos impactos positivos que as atividades da empresa podem gerar no meio ambiente. Assim, os gestores das organizações devem atuar estrategicamente com as questões ambientais e seus recursos naturais, uma vez que esses recursos são limitados. Atividades como mineração e extração de celulose são, pela

pós-consumo, a reutilização de mate-

Referências Bibliográicas CARVALHO, Pedro Carlos de. Administração mercadológica: história, conceitos e estratégias. Campinas: Alínea, 1999. p.233. CASTELO-BRANCO, Elizabeth. O meio ambiente para as pequenas empresas de construção civil e suas práticas de gestão ambiental. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2010. DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 2009. p.169. QUEIROZ, Adriana Pinheiro et al. Gestão ambiental e desenvolvimento sustentável. In: BRAGA, Célia (org.) Contabilidade ambiental: ferramenta para a gestão da sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2007. p.11-25.

riais, a disposição do pessoal e recursos financeiros, a sensibilização dos trabalhadores e dos fornecedores e o relacionamento com a comunidade. Dito de outra forma, essas iniciativas relacionadas à solução de problemas provocados ao

Foto: Arquivo pessoal

tamento de materiais em seus proce-

meio ambiente compõem o que se co-

própria natureza, as que mais preju-

nhece por gestão ambiental.

dicam o meio ambiente. Deste modo,

Portanto, a gestão ambiental deve ser

as organizações precisam aperfeiçoar

compreendida como um conjunto de

seus processos de produção em rela-

ferramentas estratégicas em uma or-

ção à conservação do meio ambiente.

ganização e necessita ser de fato con-

Diversas questões devem ser ressal-

siderada como parte do planejamento

tadas, tais como a possibilidade de

global de qualquer empresa. Assim, a

ADM. EDENILSON LUIZ GOMES Mestre em Administração. Especialista em Logística Estratégica e Sistema de Transportes. Professor da disciplina de Gestão Ambiental da Faculdade UNIESP/ FACSAL.

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TECNOLOGIA POR_ADRIANA FRANCO

MERCADO DIGITAL

QUEM CONTINUA TRABALHANDO COM OS MODELOS TRADICIONAIS DE FAZER NEGÓCIO ESTÁ MUITO AQUÉM DAS EXIGÊNCIAS DOS CONSUMIDORES CADA VEZ MAIS CONECTADOS AO UNIVERSO ONLINE E CORRE O RISCO DE SER ATROPELADO

O

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acesso cada vez mais popularizado da internet

O setor de serviços é um dos que mais vêm sofrendo com essa

possibilitou aos consumidores maior grau de

realidade e necessita de mudanças drásticas para não ficar

exigência na hora de contratar um serviço ou

no prejuízo. Investir apenas em uma boa estrutura física, um

fazer uma compra. Por conta da conexão com o mundo virtual

bom estoque e bons profissionais deixou de ser o suficiente

disponível por 24 horas diárias, seja em um computador, tablet

há tempos. O responsável pelo Search Engine Optimization

ou celular, as pessoas podem, antes de fechar um negócio,

(SEO) da Infoglobo, editora dos jornais Extra e O Globo, Klaus

pesquisar a variedade de preços, marcas e vantagens ofere-

Junginger, diz que dois ingredientes são fundamentais para

cidas por diversas empresas em poucos minutos e sem sair

garantir uma boa inserção no mercado virtual: planejamento e

do lugar. A busca por possíveis críticas, positivas ou negativas,

paciência. Ele explica que antes de mais nada, o empreendedor

ao produto em fóruns ou páginas de denúncia online é outro

precisa conhecer os hábitos e os ciclos em que a demanda é

recurso cada vez mais utilizado. O desafio maior é como se

mais alta e perguntar a si mesmo se está pronto para um repen-

inserir nesta realidade de tanta competitividade de forma

tino aumento na demanda, na mão de obra necessária e quanto

efetiva e ainda se destacar.

fôlego a empresa tem para não faturar nos primeiros meses.

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certo “espírito aventureiro”, erram ao pensar que para estar inserido no meio digital, basta apenas criar

Foto: Divulgação

Muitos gestores, movidos por um

Não há como criar um canal de comunicação com o cliente e deixá-lo sem um retorno. Além do desrespeito, fica evidenciada a falta de preparo e profissionalismo da empresa”

um website com informações sobre a empresa e os serviços oferecidos, uma página no Facebook ou em qualquer outra rede social. Por diversas vezes esses serviços são executados por pessoas sem qualificação adequada, sem planejamento estratégico e sem qualquer monitoramento de resultados. Para Jungiger, quem deve se esforçar em produzir um site é o webdesigner. “O faça-você-mesmo é muito atraente e sedutor, mas, a cada avanço, a complexidade aumenta exponencialmente e, se não houver preparo, haverá frustração e descré-

Leandro Escobar: é necessário ter muito mais cuidado com o que é divulgado ou prometido para não cair no descrédito

APERFEIÇOAMENTO A comunicadora Mônica Nóbrega teve

empresa já estará bem mais próxima

um programa de TV por dez anos no

do sucesso no mundo digital.

Distrito Federal. Após migrar para a

DISSEMINAÇÃO

internet, na direção de seu portal de entretenimento (viverembrasilia.com.

dito na internet”, alerta.

br), ela conta que se deparou com uma

Ao investir em uma estrutura online

que precisava de aperfeiçoamento. “Ao

profissionalizada, o empresário estará cada vez mais próximo de alcançar seus objetivos ou, pelo menos, de saber qual caminho trilhar para chegar mais próximo daquilo que almeja. O SEO é uma área de atuação no mundo digital que oferece ferramentas e meios para ajudar a melhorar o posicionamento das páginas de um website nos mecanismos de buscas disponibilizados na internet. Ao aprender a utilizar melhor as palavras que devem ser utilizadas no título ou no próprio corpo do texto, os links dessas páginas têm mais chances de aparecer entre os primeiros em uma busca orgânica, sem a necessidade de patrocínio. “As pessoas vão cada vez mais realizar buscas na web à procura de produtos e de serviços. Não vejo fim nem queda desse comportamento e o SEO é parte essencial nesse processo”, argumenta Junginger.

de busca, Junginger explica que a

realidade bastante diferente e percebeu fazer o curso de SEO, aprendi técnicas de redação na web que foram fundamentais para minha atualização. Hoje, percebo que os vídeos postados no portal, assim como os textos, são bem mais acessados”, acrescenta. Outra ferramenta bastante importante disponibilizada por diversos sites é a possibilidade de medir como está o desempenho de acessos, tanto às postagens em uma rede social quanto em relação às buscas online. Com base nesses dados, que ajudam a calcular os horários de picos e de conversões, mais uma análise do perfil de campanhas

A capacidade de disseminação de conteúdos oferecida pela internet, tanto de forma positiva quanto negativa, é incontestável. E, por conta de todo esse alcance, o professor de Tecnologia da Informação e Engenharia da Computação da Universidade Positivo, Leandro Escobar, afirma que é necessário ter muito mais cuidado com o que é divulgado ou prometido para não cair no descrédito. E se alguém faz alguma pergunta em qualquer das plataformas digitais disponíveis, como as redes sociais, por exemplo, a resposta deve ser dada o mais breve possível. “Não há como criar um canal de comunicação com o cliente e deixá-lo sem um retorno. Além do desrespeito, fica evidenciada a falta de preparo e de profissionalismo da empresa”, enfatiza.

dos concorrentes e uma mudança na cultura interna

da

organi-

zação,

voltada

ao

search e ao marketing

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Foto: Divulgação

Tecnologia

Sempre imaginei que pudesse haver uma forma mais inteligente, simples e econômica em manter meus negócios saudáveis e regularizados”

Adm. Vítor Torres dá exemplo de empreendedorismo no mercado digital

E, além de oferecer conteúdo, produtos

de

qualidade,

bons

serviços, para se diferenciar no mercado digital é preciso ter muita criatividade. Escobar frisa que “só vender é varejo”. Além de vender, ele lembra que é preciso criar meios de conhecer o cliente e oferecer a ele ferramentas no próprio website que vão levá-lo a criar um vínculo com a empresa. “Uma loja online de artigos

Outro alerta que Escobar faz é com

ao seu máximo. Se houver alguma

esportivos, por exemplo, deve pensar

relação à importância de investir em

campanha especial, por exemplo,

em disponibilizar programas de trei-

um sistema escalável de qualidade.

isso vai gerar aumento nos negócios,

namento gratuito a seus clientes,

“A escalabilidade garante o suporte

nas transações, mas para isso ocorrer

além de simplesmente oferecer uma

necessário para que a plataforma

é preciso ter estrutura tecnológica”,

boa variedade de marcas e preços

digital escolhida seja explorada

explica.

atrativos”, orienta.

ROMPENDO PARADIGMAS Alguns empreendedores e companhias podem se considerar adiantados quando o assunto é prestação de serviços online. A e-Construmarket, por exemplo, teve sua sede física fundada em 2001 por executivos com mais de 20 anos atuantes na construção civil e hoje conta com plataformas digitais que oferecem gerenciamento de projetos, possibilidade de negociação de produtos e serviços, além de atualização constante dos mais recentes lançamentos no mercado por meio de um portal de notícias especializado. E todas essas ferramentas permitem negociações, sem qualquer interferência, entre clientes e fornecedores. Segundo a gerente de conteúdo da e-Construmarket, Fernanda Strazzacappa, os diretores da empresa sempre procuraram aplicar a tecnologia para aumentar a eficiência em um setor considerado “abandonado” pelos softwares de gestão e se aliaram a altos executivos do universo industrial. Essa aliança resultou na criação de canais que permitem negociações, todas feitas online, entre clientes e fornecedores parceiros de maneira mais prática, ágil e segura. Outro exemplo de empreendedorismo no mercado digital foi criado pelo Administrador Vítor Torres. Ele conta que durante dez anos contratou serviços contábeis para suas empresas, mas nunca teve suas expectativas atendidas. “Sempre imaginei que

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pudesse haver uma forma mais inteligente, simples e econômica de manter meus negócios saudáveis e regularizados”, conta. E foi por causa dessas experiências que Torres resolveu inovar e criar um serviço de contabilidade online no sistema de startup financiado por um grupo de empresários. O Contabilizei está no ar desde o final do ano passado e, de acordo com o idealizador do projeto, tem sido um sucesso. “Vejo que muitos profissionais fazem negócios pela internet e, hoje, os serviços contábeis prestados no formato tradicional estão deixando a desejar nesse sentido”, diz. Para aqueles que têm vontade de investir em um negócio online mas ainda não tiveram coragem ou não sabem bem ao certo qual caminho trilhar, Torres explica que é muito importante mapear todos os processos dos serviços que se pretende prestar. Também enfatiza a importância de observar o que pode ser automatizado, o tempo de desenvolvimento necessário e, a partir disso, priorizar cada ferramenta conforme o valor agregado a ser oferecido ao cliente.


O professor de Tecnologia da Informação e Engenharia da Computação da Universidade Positivo Leandro Escobar, e o SEO da Infoglobo, edito-

Foto: Roberto Moreyra

KIT BÁSICO DE SOBREVIVÊNCIA

ra dos jornais Extra e O Globo, Klaus Junginger, listaram alguns itens que

Dois ingredientes são fundamentais para garantir uma boa inserção no mercado virtual: planejamento e paciência KLAUS JUNGINGER

não podem faltar em um pacote básico para garantir bons resultados na internet. Confira abaixo:

Garantir uma hospedagem de site eficiente. “Há inúmeros servidores de hospedagem gratuitos espalhados pela web. Esse grátis costuma sair muito caro. Além de limitados tecnologicamente, a performance desses servidores deixa a desejar e existem inúmeros aspectos indesejados nesses serviços, como publicidade e impossibilidade de mensurar o tráfego”, argumenta Junginger.

Criar um site com o máximo de informações possível sobre a empresa, produtos e serviços oferecidos para ser visualizado tanto em computador como em tablets e celulares.

Criar perfis e páginas em todas as redes sociais, inclusive as com menos acesso.

Não se esquecer de que sede física e virtual referem-se à mesma empresa.

Ter profissionais na empresa ou terceirizados para dar o suporte necessário, garantir informação interessante, atualização constante e retorno rápido de respostas ao cliente.

Pensar na otimização do site para busca orgânica logo na elaboração do projeto do website, valendo-se dos recursos do SEO.

Aplicativo móvel para facilitar o acesso ao que a empresa oferece de qualquer lugar.

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CapaCAPA POR_ MARA ANDRICH

Menos tempo

COM MAIS PRODUTIVIDADE É POSSÍVEL FECHAR ESSA EQUAÇÃO?

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A

“tripálio”, uma técnica de tortura obtida

Muito antes, em 1880, Paul Lafargue,

com três paus fincados no chão, aos

autor de “O Direito à Preguiça”,

quais a pessoa era afixada e seu ânus,

já discutia a redução de jornada.

perfurado. Até mesmo uma tradição

Ele ainda afirmava que a causa da

típica frase de reclamação

católica traz um pouco a ideia de que

degeneração intelectual dos traba-

“amanhã é segunda-feira”

trabalhar é uma punição. Quando

lhadores – e até a deformação de

já se tornou repetitiva

Apolo foi expulso do paraíso, foi obri-

caráter destes – se deveria ao excesso

nos lares de muitas pessoas. Não se

gado a trabalhar, mostrando, assim, um

de trabalho. O trabalho, sob o modo

pode negar que é cultural no Brasil a

paradoxo entre paraíso e trabalho.

de produção capitalista, represen-

ideia de que trabalhar é algo penoso, cansativo, estafante. Mas, enquanto pensam assim, as pessoas esquecem a função social tão importante de cada atividade desempenhada na sociedade. Esquecem de que se o padeiro não chega de madrugada na padaria, as famílias não terão pão disponível para tomar café da manhã. Esquecem também, por exemplo, que se o gari não limpar as ruas a cidade vai virar um caos.

Diante de todas essas situações e acrescentando, ainda, que a maioria das pessoas passa a maior parte do seu tempo trabalhando, tornam-se cada vez mais comuns discussões sobre como tornar o ofício mais prazeroso, ou até mesmo como conciliar a vida tão corrida com atividades de lazer, descanso e

taria a negação do tempo livre aos operários, absorveria todos os seus demais instintos e desenvolveria o que Lafargue chamou de “uma estranha loucura”, que é o amor pelo trabalho, imposto pelas classes proprietárias dos meios de produção e abençoado pela religião.

ócio. O sociólogo e escritor italiano

Outra obra clássica sobre a necessidade

Domenico de Masi já defendia, na

de redução da jornada de trabalho é “O

obra “O Ócio Criativo”, que as pessoas

Elogio ao Ócio”, de Bertrand Russel,

podem se libertar da ideia tradicional

publicado em 1935. Russel critica o

Talvez essa sensação de que o trabalho

do trabalho como obrigação e tentar

que ele chama de “crença na virtude

é algo tão sofrido tenha nascido já na

mesclar atividades variadas em seu

do trabalho”, que seria responsável por

origem da própria palavra: “trabalho”

tempo livre, como lazer, atividades

uma série de malefícios vivenciados

vem do latim tripalium, que significa

físicas, estudos, etc.

pela humanidade.

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Capa Mas será que o futuro é de quem conse-

no Brasil. Para ele, a redução de carga

guirá, enfim, praticar o tal ócio criativo

horária pode funcionar em empresas

de Domenico de Masi, ou mesmo a

que trabalham com criatividade, por

redução das consequências negativas

exemplo – entre elas, o Google e a Micro-

aos trabalhadores? Uma das alterna-

soft. Recentemente, um dos fundadores

tivas que vêm sendo discutidas para

do Google, Larry Page, deu entrevista

amenizar a situação – principalmente

sobre o tema e disse que o ideal seriam

pelos movimentos sindicais – é a

quatro horas diárias de trabalho, defen-

redução da carga horária de trabalho.

dendo, ainda, a contratação de dois

Tradicionalmente,

das

funcionários por meio período. “Vejo

pessoas trabalha oito horas por dia. Mas

que o movimento maior é para a quali-

há bastante tempo têm sido discutidas

dade de vida, tanto aqui no Brasil como

possibilidades de redução para seis

fora, mas acredito que precisamos

horas. Em algumas categorias profis-

separar as categorias para dar certo

sionais, inclusive, isso já é previsto em

uma redução de carga horária. Em uma

lei. Mas, mesmo assim, as opiniões se

fábrica, por exemplo, essa ideia não seria

dividem e o tema é controverso.

interessante, pois como produzir em

a

maioria

Na avaliação do mestre em Direito das Relações Sociais e especialista em

quatro horas o que se produz em oito?”, exemplifica questionando.

Economia do Trabalho e Direito Previ-

Para Entschev, a redução é interes-

denciário Christian Marcello Mañas,

sante, mas, por enquanto, incom-

é possível fechar a equação redução

patível para o momento. “Não é que

de jornada de trabalho e aumento de

eu desacredite na ideia. Mas preci-

produtividade, desde que haja meca-

samos pensar que isso requer muita

nismos eficazes de fiscalização do

disciplina e infraestrutura. E, com

processo de trabalho. Porém, ele tem

as condições de infraestrutura que

ressalvas quanto à saúde do trabalhador.

temos aqui, creio que isso não seria

“Esses mecanismos não podem signi-

viável”, lembrou ele, citando as redes

ficar aumento de pressão no ambiente

de celulares deficientes que o Brasil

de trabalho, o que poderia resultar em

oferece, por exemplo.

trabalhadores desmotivados em decorrência de problemas físicos e psíquicos”,

existe resistência por parte do empresariado. “Já houve um avanço na Constituição Federal de 1988, em que a Assem-

Foto: Rafael Cotait

redução e horas é antiga, mas porque

Foto: De Bernt Entschev

alerta. Ele lembra que a discussão sobre

bleia Constituinte reduziu a jornada de 48 para 44 horas”, ressalta. Já o CEO do Grupo De Bernt Entschev (empresa de consultoria em recursos humanos) e consultor de Recursos Humanos Bernardo Entschev acredita que a ideia ainda deve ser amadurecida

32

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

Christian Marcello Mañas acredita que é possível fechar a equação redução de jornada de trabalho e aumento de produtividade

Bernardo Entschev defende que a redução da carga horária deve ser amadurecida no Brasil


A EQUAÇÃO FECHA? Diante dessa constatação de que a ideia de redução de carga horária é interessante, desde que não prejudique

ocorre hoje é que a relação trabalho-

“Essa discussão transcende somente

-família-lazer está ficando cada vez

a redução de horas. Poderíamos até

mais tênue”, comenta.

gerar mais trabalho e contribuir com a

Assim, ele observa que a redução de

diminuição do desemprego”, diz.

carga horária pode acarretar até em

Na opinião de Peixoto, embasada na

benefícios para a economia de um

prática, redução de carga horária não

país. “Claro que a redução de carga

implica necessariamente geração de

horária implica, naturalmente, mais

novos postos de trabalho. “Na medida

qualidade de vida, pois você libera

em que se aumenta o custo da mão de

tempo para se dedicar a outras ativi-

obra, as organizações são estimuladas

dades. Mas o que podemos pensar

a trocar essa mão de obra por tecno-

também é que, com mais tempo livre,

logia”, explica. O grande problema,

as pessoas poderão viajar mais, por

segundo avaliação do psicólogo, é que

exemplo, o que gera renda ao turismo

no Brasil hoje se produz muito pouco.

óbvio é o que esse trabalhador poderia

e outros setores”, exemplifica.

“Note: não é que se trabalhe pouco, se

fazer com esse tempo livre. Isso ficará

O professor da disciplina de Gestão de

fechar essa tão discutida equação. No entanto, uma conclusão parece óbvia: na medida em que o trabalhador cumpre menos horas de trabalho, consequentemente, terá mais tempo livre. Via de regra, a pessoa vai usar essas horas para desempenhar outro trabalho. Sendo assim, o que não é tão

a critério de cada um. Outra constatação que poderia parecer óbvia é a de que com mais tempo livre as pessoas teriam melhor qualidade de vida. Mas nem sempre é assim. O psicólogo Adriano Peixoto, presidente da Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho, mestre em Administração, doutor em Psicologia e atuante no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho

Pessoas do Grupo Uninter, consultor e psicólogo organizacional Fernando Mesadri defende a redução de oito

é forte no Brasil, principalmente por questões econômicas. “Claro que as pessoas precisam trabalhar. Mas hoje eu vejo que o estresse que as cargas horárias excessivas trazem não vale a Como professor universitário, ele

trabalhar durante as 24 horas do seu dia e isso ser extremamente prazeroso. No entanto, o que tem se buscado nos últimos anos, como lembra Peixoto, é conciliar o trabalho de subsistência com o trabalho prazeroso. O que não quer dizer, certamente, que o tempo de ócio e mesmo a redução de carga horária não possam ser vantajosos em termos de bem-estar. “O trabalho permeia a nossa existência. O que

ser substituído pela tecnologia.

muito” significar algo muito positivo

acredita que essa satisfação maior vai

como lembra o psicólogo, a pessoa pode

com a redução de carga horária poderia

acredita que a cultura do “trabalhar

pena”, comenta.

a pessoa está inserida. Muitas vezes,

trabalho braçal que seria diminuído

para seis horas diárias de trabalho. Ele

da Universidade de Brasília (UnB), depender do tipo de atividade em que

produz muito pouco”. Dessa forma, o

Foto: Divulgação

lhador, ainda fica a dúvida de como

sente isso na pele. “Vejo estudantes dormindo em sala de aula. Mas não

Adriano Peixoto diz que a satisfação depende do tipo de atividade em que a pessoa está inserida

é que não estejam interessados, é que acordaram às 5 horas da manhã, trabalharam o dia todo e ainda têm

Foto: Divulgação

a produtividade e a saúde do traba-

que ir para a faculdade à noite”, comenta. Mesadri também lembra da importância de se ter mais tempo livre para a qualidade de vida – pessoas que têm filhos, por exemplo, teriam mais tempo para eles e poderiam contribuir melhor na educação destes – e acredita que a redução de jornada geraria mais postos de trabalho.

Fernando Mesadri defende a redução de oito para seis horas diárias de trabalho

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

33


Capa QUALIDADE DE VIDA Algumas categorias, como a dos fisioterapeutas que trabalham em Curitiba (PR), por exemplo, já contam com a redução de carga horária prevista em lei. A fisioterapeuta Elisangela Rezende, de 31 anos, teve carga horária de oito horas durante oito anos de trabalho em unidades de saúde da cidade (40 horas semanais). Mas uma lei federal determina que os fisioterapeutas cumpram 30 horas semanais. Assim, a Prefeitura de Curitiba pagava as horas trabalhadas a mais, como se fossem horas extras. Atualmente, Elisangela trabalha seis horas por dia, atendendo à legislação, mas teve redução de salário. “Claro que perdemos uma parte da renda familiar, mas tudo foi uma questão de replanejar a nossa vida”, conta ela, que é casada e tem uma filha de um ano e meio. Elisangela conta que a redução de carga horária acarretou em vários outros benefícios para sua vida, como mais tempo para se dedicar à família e aos exercícios físicos. “Eu percebi uma melhora significativa na minha qualidade de vida”, comemora. Ela observa ainda que trabalhar seis horas por dia é mais produtivo. Sua produção era satisfatória nas oito horas, mas de uma maneira diferente. “Antes, quando não tinha paciente para atender nas oito horas de trabalho, eu ficava estudando e lendo. Agora produzo tudo o que posso nas seis horas e não fico ociosa, além de ter mais tempo para mim e para minha família”, comenta. O professor Mesadri lembra da importância de se ter a liberdade do tempo livre e, principalmente, a liberdade para pensar e refletir melhor no tempo livre. “Se você tem mais satisfação,

(Crédito: Divulgação)

trabalha melhor, e terá, com certeza, mais dignidade”, completa.

Elisangela Rezende teve a sua carga horária reduzida de 40 para 30 horas semanais

34

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

Se você tem mais satisfação, trabalha melhor, terá, com certeza, mais dignidade” ELISANGELA REZENDE


E LEGALMENTE, É POSSÍVEL? Uma estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que a redução de 44 horas para 40 horas de trabalho semanais geraria cerca de 2,5 a 3 milhões de novos empregos no país. Essa redução, ainda, concretizaria um direito previsto na Constituição Federal, que é o direito ao lazer, ao tempo de não trabalho. O advogado, mestre em Direito das Relações Sociais e especialista em Economia do Trabalho e Direito Previdenciário Christian Marcello Mañas explica que do ponto de vista jurídico é possível reduzir carga horária, mas com redução proporcional de salário. Isso pode ser feito por meio de acordo ou convenção coletiva. “Já a redução de jornada sem perda salarial, ao contrário, aumentaria a renda disponível na sociedade e, assim, aumentaria a demanda”, comenta.

PROCESSO HISTÓRICO A discussão sobre redução de carga horária no Brasil e em todo o mundo é antiga. Desde 1935 a Organização Internacional do Trabalho (OIT) recomenda a redução para minimizar o desemprego em todo o mundo. Nos anos 1990, com a implementação crescente de tecnologia, a tendência tornou-se ainda mais forte. Em 1988, a Constituição Federal reduziu a jornada de 48 para 44 horas. Em 2009, a OIT divulgou um estudo reiterando a tendência de uma jornada semanal de 40 horas – também viabilizada pelo aumento tecnológico e ganho de produtividade. Desde 1995, tramita no Congresso Nacional a PEC 231, de autoria dos ex-deputados e atuais senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS), que propõe a redução de carga horária.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

35


Capa

EVOLUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO NO BRASIL Entre 1992-2008 a média de horas trabalhadas por semana reduziu-se de 42,8 a 40,9 horas. A redução mais significativa foi entre a população ocupada com jornada de trabalho semanal acima de 44 horas (de 43,3% em 1992 para 33,9% em 2008), mas também houve uma importante redução entre a população ocupada com jornada acima de 48 horas (de 25,7%, em 1992, para 19,2% em 2008). Essas reduções provavelmente estão relacionadas à definição da nova jornada legal de 44 horas por semana estabelecida na Constituição de 1988 e à inércia para sua efetiva implementação. Além disso, os avanços oriundos provenientes da reestrutu-

1992

1993

1995

1997

1999

2001

2003

2005

2006

2007

2008

Média trabalhada

42,8

42,3

42,2

42,5

41,9

42,4

41,7

41,0

40,9

41,0

40,9

Mais de 44 horas (%)

43,3

43,1

42,2

42,6

41,3

42,1

40,6

37,7

37,4

35,5

33,9

Mais de 48 horas (%)

25,7

24,5

24,3

24,9

23,7

24,4

23,1

21,1

20,9

20,3

19,2

ração produtiva ajudaram a diminuir a jornada. Evolução da média de horas trabalhadas por semana e porcentagem de trabalhadores que trabalham mais de 44 horas e mais de 48 horas por semana, Brasil, 1992-2008. (FONTE: OIT E IBGE)

36

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO


HERANÇA INDÍGENA Em entrevista recente concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o sociólogo italiano Domenico de Masi disse ser apaixonado pelo Brasil, mas com ressalvas: ele disse que tem um pé atrás com a idealização da eficiência e da produtividade. O “produtivismo”, como ele disse, que seria causado pela influência dos norte-americanos e economistas. Na entrevista, o sociológico italiano falou do seu livro mais recente, “O Futuro Chegou” (Casa da Palavra), no qual ele fala que tal resistência brasileira se deveria à influência indígena, que ele elogia profundamente. “Os índios não trabalhavam. Não era necessário. Tudo estava na natureza. Não precisavam nem se vestir, porque o clima era bom. O brasileiro herdou do índio esse senso de ócio.” No novo livro, escreve “Qualquer branco que atracasse no Brasil, com os pés calçados em pesados sapatos de couro e com o odor fétido da longa viagem, geralmente era acolhido com generosidade por índios nus e alegres e por índias belas e sorridentes, todos predispostos a uma convivência cordial”.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

37


POR_ SANDRA REGINA DA SILVA, COLABORADORA DE HSM MANAGEMENT

Uma gestão

INOVADORA E PÚBLICA UMA ONDA DE INOVAÇÃO ATINGE A GESTÃO PÚBLICA EM VÁRIOS PAÍSES; NO BRASIL, APESAR DOS ENORMES DESAFIOS QUE O MODELO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA OFERECE, PROJETOS INOVADORES TÊM SURGIDO E IMPACTADO POSITIVAMENTE A MELHORIA DE QUALIDADE DE VIDA DOS CIDADÃOS E A ECONOMIA DO PAÍS

D

esde 2010, os detentos das penitenciárias federais podem receber visitas

virtuais de seus parentes e amigos, por conta de um inovador programa baseado em tecnologias da informação e comunicação implantado pelo Departamento Penitenciário Nacional, do Ministério da Justiça, em parceria com a Defensoria Pública da União. Se apenas metade dos detentos de presídios federais que recebem gente de todo o país, como os de Campo Grande (MS), Catanduvas (PR), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO), era visitada, agora a prática se generalizou, o que, além de garantir o direito constitucional do preso, melhora seu comportamento, facilita sua ressocialização e reduz o constrangimento das visitas presenciais para parentes e amigos. Cada preso tem direito a uma visita semanal

de

30

minutos,

agen-

dada previamente, durante a qual mantém algemas nos tornozelos e é

38

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

acompanhado de um agente penitenciário. Os visitantes ficam em uma unidade da Defensoria Pública da União. A iniciativa, premiada na edição de 2013 do concurso “Inovação na Gestão Pública Federal”, inclui uma segunda inovação: a das audiências judiciais por videoconferência. Como 40% dos detentos desses presídios ainda estão sendo julgados em seus estados, o sistema facilita as audiências, reduzindo custos de deslocamentos e riscos de fuga.


A terceira inovação será conectar esse

Para serem consideradas eficazes,

maiores do que os da gestão privada,

sistema com uma iniciativa de gestão

na visão da ONU, tais práticas devem

a administração pública brasileira

pública inovadora na área de saúde,

gerar um impacto tangível na melhoria

lida com cinco desafios principais,

o Tele Minas Saúde. O programa de

da qualidade de vida da população;

segundo os especialistas ouvidos por

consultas a distância, com auxílio

acontecer por meio de uma efetiva

HSM Management:

da tecnologia, foi implementado, em

parceria entre a administração pública,

2005, pela Secretaria de Estado de

empresas privadas e sociedade civil; e

Saúde de Minas Gerais, Universidade

mostrar-se ambiental, social e econo-

Federal de Minas Gerais e mais cinco

micamente sustentáveis.

1. institucionalizar a prática do planejamento de longo prazo; 2. dar continuidade aos bons

universidades e será estendido às

projetos, independentemente do

penitenciárias.

governante da vez;

Esse caso é um exemplo dos recentes esforços de inovação feitos no setor público brasileiro, pouco conhecidos do grande público, mas que seguem o que vem acontecendo em vários países. Inovar em gestão pública, seja para reduzir gastos, melhorar a qualidade do atendimento ou facilitar o acesso dos cidadãos às informações e aos serviços públicos, é o novo sinônimo de “governo competitivo”. Organismos internacionais como a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos, entre outros, instituíram premiações para as melhores práticas e as difundem. Análise do Departamento de Assuntos Sociais e Econômicos da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que

PÚBLICO E EFICAZ Segundo a Organização das Nações Unidas, práticas de gestão pública eficazes são as que geram impacto tangível na melhoria da qualidade de vida da população, por meio de parcerias com o setor privado e a sociedade, e de maneira sustentável”

• integração dos serviços; • descentralização do atendimento aos cidadãos; • estabelecimento de parcerias; • engajamento dos cidadãos;

4. permitir que as pessoas acessem de maneira relativamente igualitária os serviços públicos; 5. superar a cultura da desconfiança que permeia a administração pública e resulta em burocratização e custos altos. O planejamento de longo prazo (1) é um dos grandes desafios da gestão pública brasileira, na opinião de Ricardo Ribas, sócio da firma de consultoria PwC Brasil e especialista em governo e setor público. “Planejar, dar publicidade a esse planejamento e realizá-lo implica compromisso dos gestores públicos e não temos essa dinâmica instalada em nosso país,

as melhores práticas de gestão pública seguem cinco princípios:

3. governar com a sociedade;

PRINCIPAIS DESAFIOS

seja por uma questão cultural – que é a explicação mais fácil –, seja porque

As inovações de gestão pública são

os dispositivos que envolvem a gestão

especialmente desafiadoras em países

pública brasileira, como suas orga-

como o Brasil. Elas têm de criar alter-

nizações e leis, não estão voltados

nativas dentro de um sistema de gestão

para isso. Predomina o olhar de curto

com sérios problemas conceituais e

prazo ligado aos ciclos de mandato,

estruturais. Com um universo de aten-

quando há uma carência muito

• uso intensivo das novas tecnologias

dimento e uma complexidade – admi-

grande do olhar do estadista, de longo

da informação e comunicação.

nistrativa, técnica e legal – muito

prazo”, diz Ribas.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

39


MENTE NOVA A eliminação dos custos gerados pelo excesso de controles passa pelos gestores públicos pararem de desconfiar que todos são desonestos

sérias

ameaças

a

essa perspectiva de longo prazo. A solução contra a descontinuidade, conforme Marini, é fazer com que os projetos tenham âncoras na sociedade e transcendam os mandatos. “Quanto mais esses projetos representarem as expectativas da sociedade, maior será a chance de que eles tenham continuidade.” Não é que a continuidade inexista no Brasil atual. É que ela geralmente se limita a políticas que repercutem

Caio Marini, professor da Fundação

muito e têm amplo apoio social. Por

Dom Cabral e professor convidado

isso, são levadas adiante por funcio-

HSM especializado na área, vê na

nários de carreira, como lembra

ausência de planejamento de longo

Fernando Burgos, coordenador do

prazo um dos pontos mais críticos da

Centro de Estudos em Adminis-

administração pública. “Para fazer

tração Pública e Governo da Fundação

uma boa gestão, é preciso desenvolver

Getulio Vargas.

a capacidade de, adiante, formular um projeto de país.”

ele, está nos ataques que as iniciativas

E a implementação das estratégias

de gestão sofrem durante as disputas

de longo prazo é outro grande desafio,

eleitorais. “O jogo eleitoral faz com

complementa.

administração

que não se reconheça publicamente

pública é muito voltada para o cumpri-

que o outro tem boas práticas, o que

mento da conformidade normativa

é muito ruim para o amadurecimento

e pouco para o fazer acontecer. É

democrático.”

“A

preciso que ela abrace uma gestão mais profissional, orientada a resultados.” Segundo Marini, é necessário desenvolver capacidades técnicas, administrativas, de liderança e financeiras para fazer acontecer o que foi pensado.

40

O obstáculo à continuidade, segundo

A governança compartilhada (3) é desafio de igual proporção, segundo Marini. “Governar com a sociedade” é um novo paradigma para a administração pública do mundo inteiro, associado à era das interações e das redes,

A não continuidade na imple-

e que substituiu o antigo paradigma

mentação de determinadas polí-

de “governar a sociedade”, baseado

ticas e projetos (2) é uma das mais

no modelo hierárquico de comando e

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO


ACESSO AO BIG DATA MELHORA DESEMPENHO DA GESTÃO Parte dos polêmicos gastos públicos com a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil pôde ser fiscalizada pelos brasileiros graças ao Portal da Transparência, plataforma da Controladoria-Geral da União que mostra as despesas e receitas do poder executivo federal e que pode ser consultada por qualquer pessoa. Disponibilizar para os cidadãos o mar de informações produzidas e armazenadas pelos governos na internet tem sido uma das inovações gerenciais obrigatórias dos países nos últimos anos. O acesso a essas informações contribui para o empoderamento dos cidadãos, mas não só. Para Welerson Cavalieri, sócio-diretor da Falconi Consultores de Resultados, ele ajuda muito na melhoria do desempenho da gestão pública. “Com o acesso às informações, o gestor de um hospital público no interior do país pode fazer benchmarking real, descobrindo que o medicamento que ele compra por um preço é adquirido por outros órgãos públicos por um valor menor. Assim, ele pode renegociar as condições com o fornecedor, gerando economia de recursos.” No exterior, o prêmio de inovação em gestão pública da Organização dos Estados Americanos mantém uma categoria voltada para as iniciativas de acesso às informações e transparência governamentais. Em 2013, a União Europeia premiou o The Helsinki Region Infoshare Project, iniciativa da Grande Helsinque, da Finlândia, que abriu e disponibilizou gratuitamente os dados produzidos para a população. Poder acessar os dados aumenta o entendimento dos cidadãos sobre o desenvolvimento da região onde vivem e facilita sua atuação. Além disso, essa disponibilização está criando novos serviços e negócios na região.

Para Burgos, “o desafio-chave de nosso gestor público é pensar como fazer para que todos, principalmente aqueles com menos recursos, possam utilizar serviços como educação e saúde públicas”. A cultura da desconfiança exacerbada (5), que resulta em sistemas de controle e burocratização excessivos, é outro dos grandes desafios da gestão pública no Brasil, segundo Welerson Cavalieri, sócio-diretor da Falconi Consultores de Resultados. “No Brasil, os governos lidam com seus interlocu-

Foto: Divulgação

tores como se todos quisessem passácontrole. “Um governo agora precisa

-los para trás, criando mecanismos

ter capacidade de articulação com

de controle de toda ordem e em todos

outros setores da sociedade, algo que muitas vezes ainda não foi desenvolvido”, afirma o professor. A equidade no acesso aos serviços públicos (4), e não o planejamento de longo prazo, deveria ser o número 1 da lista de desafios da gestão governa-

O compromisso do gestor público tem entraves culturais e organizacionais” RICARDO RIBAS, CONSULTOR DA PwC BRASIL

mental brasileira atual, na opinião de especialistas como Fernando Burgos, devido ao grau de injustiça social no Brasil. “A prioridade é permitir aos cidadãos acessar de maneira relativamente igualitária os serviços públicos, aproveitando que, enquanto a desigualdade social aumenta em vários

os níveis, tornando a gestão extremamente burocrática, lenta e onerosa.” Segundo o consultor, isso explica por que parte tão expressiva da máquina administrativa governamental dedicase somente a atividades de controle que não agregam valor algum à sociedade. Para superar essa cultura do controle historicamente construída, em função principalmente dos casos de desvios e corrupção no setor público, Cavalieri defende uma mudança de mentalidade radical. “Como acontece em outros países, a premissa deveria ser a de que todo mundo é honesto e correr o risco de a desonestidade acontecer; quando

países, ela vem diminuindo no Brasil,

esta acontecer, no entanto, deve ser

ainda que lentamente.”

punida com todo o rigor da lei.”

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

41


PARCERIAS tais desafios, a solução mais viável é o trabalho conjunto dos setores público e privado. Na opinião de Burgos, a parceria público-privada (PPP) é um

Foto: Divulgação

Já há consenso de que, para vencer

caminho irreversível em sociedades como a brasileira, que apresentam enormes necessidades de infraestrutura. Ribas acrescenta que a tendência é mundial. “A parceria público-privada

Boas práticas são atacadas nas disputas eleitorais, o que sabota sua continuidade FERNANDO BURGOS, PROFESSOR DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

é um compartilhamento inteligente de capital e de interesses que podem coexistir e levar às melhores práticas em ambos os setores”, segundo ele.

velha visão de que apenas o setor indus-

Marini até entende as PPP como um

trial é fonte de aumento de produtivi-

exemplo de governança comparti-

dade e de riqueza econômica.

lhada. “A sociedade quer ser atendida pelo Estado, direta ou indiretamente, e as parcerias público-privadas são uma das maneiras de o Estado fazer isso com mais agilidade, seja com o setor privado, seja com o terceiro setor, seja com a academia, com os organismos internacionais.” A aproximação dos dois setores também é benéfica na troca de técnicas gerenciais. A gestão pública brasileira tem, por exemplo, incorporado ferramentas como o balanced scorecard, enquanto a adoção do orçamento base-zero na iniciativa privada deve sua origem à administração pública.

DIFUSÃO

42

difundida e estudada. Ele atribui isso à

A explicação para a baixa difusão talvez esteja no fato de que o processo de inovação na gestão pública é bem mais complexo, como ressalta Burgos. “É difícil copiar soluções, devido às realidades diferentes dos municípios.” Algumas inovações são “copiadas”, no entanto, de soluções do setor privado, como o sistema de autoagendamento de viagens pelos funcionários, desenvolvido pelo governo do estado de São Paulo, associado a mecanismos como compliance e taxa fixa de remuneração das agências. O sistema fez com que a administração pública paulista diminuísse em 26% os custos com viagens de seus servidores em seis meses.

A inovação no setor público é crescente

Difundir as melhores práticas de

para onde quer que se olhe, garante

gestão pública tem sido a estra-

Paul Windrum, professor da escola de

tégia mais utilizada para incentivar

negócios da Nottingham University,

a inovação na área, inclusive com

da Inglaterra. O problema é que, exce-

premiações. No Brasil, há uma série de

tuando-se talvez o caso da internet,

premiações estaduais e uma federal,

criada pelo Exército norte-americano,

da Escola Nacional de Administração

a inovação em gestão pública é pouco

Pública, realizada desde 1996.

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

Outra forma de divulgação é o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública), plataforma do Ministério do Planejamento que, para Marini, criou um modo de mensurar e de motivar a inovação, além de consolidar uma rede de especialistas. É

crucial

que

os

gestores

explorem melhor o GesPública, na opinião de Ribas, o que requer que eles sejam orientados e que a plataforma seja bem mais divulgada. Com um modelo, um diretor de escola sozinho talvez consiga inovar em gestão.


RH SUPERQUALIFICADO GERA

Há outro agravante: o concurso avalia a capacidade cogni-

DESMOTIVAÇÃO

tiva do profissional, mas não seu histórico de trabalho, às

Salário, qualidade de vida e estabilidade no emprego são

que influem significativamente no desempenho. Assim, a

fatores que têm tornado as vagas na administração pública

pessoa errada pode acabar no lugar errado.

vezes inexistente – ou seu perfil comportamental, itens

atrativas para muitos profissionais das melhores universidades do Brasil. Mas o que parece ser uma vantagem em termos de recursos humanos gera, na prática, um sério problema potencial: a desmotivação do profissional.

O problema começa a ser compreendido e enfrentado, contudo. Por exemplo, entre 2009 e 2010, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contratou a empresa Etalent para mapear talentos e desenhar os cargos de sua estrutura, o

Muito mais do que pela certeza da estabilidade no

que gerou um processo de realocação dos funcionários

emprego, a desmotivação vem porque o quadro do

por meio do cruzamento das necessidades dos cargos

funcionalismo muitas vezes tem pessoas superqua-

com as características pessoais de cada um.

lificadas em vagas que exigem menos qualificação, segundo Fernando Burgos, coordenador do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas. “Mapear as competências dos funcionários para alocá-los em posições mais

Como explica Jorge Matos, da Etalent, isso leva à eficácia gerencial por duas razões: (1) é mais fácil adquirir conhecimentos do que mudar comportamentos; e (2) quando o profissional gosta do que faz ele tende a se dedicar mais. A troca de comando do TSE, no entanto, gerou desconti-

qualquer governo”, afirma ele.

nuidade no trabalho.

Foto: Divulgação

adequadas é uma tarefa estratégica fundamental para

OS TABUS A estabilidade no emprego e os cargos de confiança são dois dos aspectos mais criticados na gestão pública brasileira. Contra a corrente, os especialistas entrevistados por HSM Management apoiam a fórmula da estabilidade adotada no país. “A estabilidade no emprego é fundamental para a boa gestão pública; ela só não pode significar a impossibilidade de demitir maus funcionários, e isso está previsto na lei brasileira, só não é muito utilizado”, segundo Fernando Burgos, coordenador do Centro de Estudos em Administração Pública e Governo da Fundação Getulio Vargas. Uma das explicações para isso é a lentidão do processo, por ser assegurado amplo direito de defesa ao demitido.

Caio Marini, professor da Fundação Dom Cabral especializado em gestão pública

Em relação aos cargos de confiança, os especialistas também concordam que é justo e recomendável que o governante leve pessoas de sua confiança para posições-chave na administração pública. O problema está na qualificação e na quantidade desses profissionais. Caio Marini, professor da Fundação Dom Cabral, entende que a quantidade de cargos de confiança está superdimensionada e que é necessário estabelecer critérios de competência para ocupá-los. “Não é incompatível o convívio da livre nomeação política com a meritocracia”, diz ele. “No Chile, por exemplo, as nomeações políticas passam por um crivo baseado em perfil de competência, e há avaliações e a atuação de headhunters do setor privado para encontrar os profissionais que atendam a esse perfil.” O excesso de cargos de confiança no Brasil também explica por que a continuidade de projetos é comprometida quando há alternância no governo: a substituição de pessoas nesses cargos pode ser fatal para a manutenção de certas políticas públicas, diz Welerson Cavalieri, sócio-diretor da Falconi Consultores, para quem os cargos de carreira deveriam ir até os escalões mais altos, para evitar a descontinuidade.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

43


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POR_SÍLVIO ANAZ, COLABORADOR DE HSM MANAGEMENT

Educação precisa de

ENGAJAMENTO A INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA DA EDUCAÇÃO TEM COMO DENOMINADOR COMUM A BUSCA DA MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS, O QUE TEM SIDO POSSÍVEL COM ESCOLAS DE TAMANHO MENOR OU QUE CRIAM COMPETIÇÕES

A

inovação em educação pública segue o caminho da customização da relação professor-aluno em um ambiente cada vez mais democrático e igualitário.

Quem afirma isso é Eduardo Shimahara, cofundador do coletivo Educ-Ação, que visitou 13 diferentes escolas inovadoras em nove países entre 2012 e 2013, para entender como a área pode ser melhorada, e lançou o livro “Volta ao Mundo em 13 Escolas”. Em regra, o que move essas iniciativas é a busca do engajamento do aluno no aprendizado e, na maioria dos casos, seus protagonistas são educadores que se dispõem a vencer as barreiras do sistema, o que, aliás, é facilitado no Brasil, porque nossa Lei zes e Bases da Educação prevê autonomia.

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ESCOLA: QUANTO MENOR, MELHOR Após a Segunda Guerra Mundial, a política educacional norte-americana apostou nas grandes escolas de ensino médio, com mais de 2 mil alunos, como o modelo mais vantajoso economicamente. Nos anos 1980, os defensores da ideia de que escolas menores traziam vantagens dos pontos de vista social e educacional começaram a obter suas primeiras vitórias. Foi quando abriram 15 pequenas escolas públicas na cidade de Nova York.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Escolas e salas de aula menores, uma nova promessa em Nova York, EUA

Alunos de escolas pequenas têm melhor desempenho até nos cursos superiores

propondo a escola do novo século, 70%

Bay Area, da Califórnia, que atendem

das cerca de 150 novas pequenas escolas

cerca de 1,5 mil estudantes. O prin-

que começaram a funcionar em Nova

cipal objetivo da rede é preparar os

York foram localizadas nos bairros do

alunos para que sejam bem-sucedidos

Bronx e do Brooklyn.

no ingresso na universidade e trans-

Estudo sobre a experiência nova-iorquina feito pelo National Bureau of Economic Research encontrou evidências consistentes de que as pequenas escolas de ensino médio estimulam os

escolas possibilitam aos educadores criar um ambiente em que o estudante seja mais facilmente acompanhado e sinta-se mais seguro. Os estudantes dessas escolas menores de Nova York têm maior probabilidade de se graduar e demandam menos aulas de reforço em leitura e escrita quando ingressam na faculdade, o que aumenta sua motivação, sua participação e, consequente-

recursos educacionais. Estes são de uso livre, ou seja, têm licenças para ser compartilhados sem a necessidade de pagamento de direitos autorais.

tivas em seus processos de graduação,

A medida é revolucionária de três

tanto nas notas alcançadas nos exames

maneiras: reduz drasticamente os

oficiais como nos créditos acumulados.

custos do material escolar, além de possibilitar sua permanente atuali-

LPS, na Califórnia Quatro escolas públicas perto de San Francisco, EUA, formaram uma rede para aumentar a chance de seus alunos ingressarem na universidade.

zação e a customização do conteúdo para as necessidades de cada grupo de estudantes. As dificuldades para essas crianças chegarem à universidade são enormes. Nas quatro escolas públicas que formam a LPS, 94% dos alunos são afro-americanos ou latinos, e mais de 62% deles pertencem a famílias de baixa renda. Conforme a escola, até 50% dos estudantes ingressam no primeiro ano do

mente, seu desempenho acadêmico.

ensino médio com as habilidades de um

Notou-se que isso é especialmente

aluno do 4º ano do ensino fundamental.

benéfico para estudantes de baixa

REDE DE ESCOLAS

renda e oriundos de minorias. Não à toa,

Também vem dos Estados Unidos

passam por um curso preparatório para

outra inovação significativa na área

ingresso no ensino superior e tem dado

educacional. Trata-se da Leadership

certo: 97% deles obtêm vaga em univer-

Public Schools (LPS), uma organi-

sidade e as escolas saltaram das faixas

zação não governamental formada por

de notas mais baixas para as mais altas

quatro escolas públicas situadas na

nos exames oficiais do estado.

quando o Departamento de Educação de Nova York, em parceria com o Sindicato dos Professores e o Conselho dos Supervisores Escolares, lançou o programa “New Century High School Initiative”,

46

nidades com o uso mais intensivo de

estudantes a atingir melhoras significa-

O movimento, que ganhou fôlego a partir de 2000, aposta que pequenas

formá-los em líderes em suas comu-

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

Pois, na LPS, todos esses estudantes


Foto: Divulgação

E NO BRASIL? Também aqui as práticas inovadoras de gestão na educação buscam o maior engajamento dos alunos. Em São Paulo, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima desenvolveu um modelo de tomada de decisão conjunta com os pais e subverteu o papel por vários anos e construindo uma relação de proximidade, como conta o livro “Volta ao Mundo em 13 Escolas”, do coletivo Educ-Ação. Na mesma linha, escolas estaduais de Pernambuco, Rio de Janeiro, Acre e Sergipe engajaram seus alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental convidando-os a participar de uma olimpíada baseada na internet. Em equipes de seis a dez integrantes, eles enfrentam desafios, como games

Foto: Divulgação

dos professores, que se tornaram tutores dos alunos, acompanhando-os

Corrida de carro solar: a solução inovadora de Múrcia, na Espanha, para fazer seus estudantes inovarem

e enigmas, e só conseguem solucioná-los utilizando o conteúdo de todas as disciplinas estudadas. A figura do “professor aliado”, essen-

cesso educacional, e as soluções desen-

cial, envolveu o educador na jornada, e cada equipe escolheu ainda

volvidas são compartilhadas em rede.

um capitão, responsável por ajudar na administração e integração do

Isso faz com que a LPS tenha múltiplas

grupo. Assim, a olimpíada engajou pelo entretenimento, mas exigiu, no

inovações em diferentes estágios sendo

processo, além do domínio do conteúdo, capacidades como narrativa,

desenvolvidas ao mesmo tempo. Cada

pensamento crítico, estratégias, colaboração e liderança.

ideia é elaborada, adotada ou adaptada

Entre as escolas públicas com maior nota no Índice de Desenvolvimento

por uma equipe de professores. Os pro-

da Educação Básica (Ideb), métrica criada em 2007, a tônica também é o engajamento: em Foz do Iguaçu (PR), a escola Santa Rita de Cássia fortaleceu-se com melhoria de infraestrutura, maior participação dos professores na transformação (incluindo a preparação do material

tótipos são então distribuídos para um grupo maior de docentes, que vão interagindo em um processo colaborativo por meio de seminários na internet, até

didático) e gestão democrática. Em Sobral (CE), onde várias escolas se

a ideia se concretizar.

saem bem no Ideb, o foco está no conceito de rede entre escolas, na

CORRER PARA INOVAR

valorização do professor e em aulas em período integral.

Em Múrcia, na Espanha, o caminho escolhido para engajar os alunos de maior faixa etária foi a competição.

A principal inovação da proposta da

de revisão dos conteúdos e produção

Todos os anos, estudantes de univer-

LPS é, na verdade, a construção de

de vários recursos sob medida, o que é

sidades e escolas técnicas locais

uma rede de pesquisa e desenvolvi-

estimulante e minimiza o impacto da

criam protótipos de carros movidos

mento formada pelos professores das

alta taxa de rotatividade de professores.

a energia solar para competir na

escolas envolvidas. A possibilidade

Outro dos fundamentos diferenciados

de atualizar e customizar o material

Murcia Solar Race.

do projeto é que as escolas funcionem

A competição ocorre desde 2009 e

escolar tem feito com que os educa-

também como incubadoras de ideias

vem engajando cada vez mais os estu-

dores se envolvam, eles mesmos, em

inovadoras. A LPS distribui entre as

dantes, além de contaminá-los de

um contínuo processo colaborativo

escolas os desafios que surgem no pro-

espírito empreendedor.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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CASE POR_CINTHIA ZANOTTO

ser inédita. Não basta

Simplicidade

É BOM CAMINHO PARA ALEKSANDAR MANDIC SE TORNAR UM DOS MAIORES EMPREENDEDORES DO BRASIL, BASTOU PARA ELE ENCONTRAR NECESSIDADES FÁCEIS DE SEREM SOLUCIONADAS

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

49


Case

“nuvem” ainda não eram tão

Foto: Divulgação

Q

uando os termos “cloud” e familiares aos brasileiros,

Aleksandar Mandic reabriu uma antiga empresa de tecnologia que levava seu sobrenome. O intuito era oferecer ao mercado um serviço de e-mail corporativo remoto, para ser acessado em qualquer lugar do mundo e de diferentes plataformas, sem a utilização de programas ou de armazenamento de dados. Ou seja, proporcionar um e-mail de qualidade, com diversas aplicações geradas por meio da internet, contando com as mesmas facilidades disponíveis nos computadores pessoais. A ideia dele, lá em 2002, era comercializar um produto que hoje é popularmente conhecido como computação em nuvem. Mas se as palavras “cloud” e “nuvem” são facilmente compreendidas atu-

50

Aleksandar Mandic, exemplo de empreendedorismo na área da tecnologia

Desde o lançamento, em 2013, até outubro de 2014, a marca ultrapassou sete milhões de usuários no mundo. Atualmente, a ferramenta é considerada uma rede social de compartilhamentos de senhas Wi-Fi”

Depois de passar a MANDIC – Cloud

no mundo. Atualmente, a ferramenta

Solutions para frente em 2012, o em-

é considerada uma rede social de com-

presário conseguiu emplacar outra boa

partilhamento de senhas Wi-Fi.

ideia no mercado, o aplicativo Mandic

E, se a empresa de soluções em nuvem

Magic. Sem nenhuma pretensão de ter algum sucesso no ramo, o empreendedor buscou desenvolver um aplicativo para ele utilizar quando frequentasse locais públicos. O que precisava era contar

e o aplicativo vingaram, foi porque Mandic encontrou uma oportunidade única que podia ser desenvolvida sem grandes complicações. Conforme explica, “o primeiro passo para o sucesso

almente pelos usuários da web, há 12

com uma ferramenta capaz de informar

anos não era tão simples explicar o

as senhas de conexões à internet mais

significado dessas terminologias para

próximas de onde ele estivesse, quando

os clientes. Quem dera vender um pro-

o 3G e 4G não fossem suficientes ou não

duto com tais características.

funcionassem adequadamente.

Para um dos maiores empreendedo-

Quando o aplicativo finalmente ficou

res da atualidade no Brasil, essa foi

próprias necessidades de Mandic,

pronto e Mandic colocou à disposição

ele reafirma que seguir pelo caminho

uma das principais dificuldades en-

para download gratuito nas lojas vir-

mais simples foi o principal ingre-

contradas para alavancar o negócio,

tuais para Android e iPhone, em dez

diente para obter bons resultados. De

que deu certo, resultando na venda

dias o negócio já havia conquistado

acordo com o empresário, quando não

da empresa pelo valor de R$ 100 mi-

o mercado. Desde o lançamento, em

é preciso utilizar muita ciência, fica

lhões para o fundo de investimento

2013, até outubro de 2014, a marca

mais fácil encontrar soluções para de-

Riverwood Capital, dez anos mais tarde.

ultrapassou sete milhões de usuários

senvolver um projeto adequado.

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

é ter ideias inéditas. E o segundo: não pode ser nada complicado, mas precisa ser fácil de resolver”. Embora os dois sistemas tenham sido exclusivos e criados para resolver as


TRAJETÓRIA O tino empreendedor de Mandic faz parte de sua personalidade. Filho de um casal de estrangeiros – a mãe de Belarus e o pai da Sérvia –, o empresário perseguiu seu objetivo de ser um executivo de sucesso, mesmo sem ingressar na universidade. Porém, o interesse pela área tecnológica o levou a realizar um curso técnico em São Paulo, nos anos 1970. Na mesma época, conseguiu um emprego na área de Automação Indus-

Logo no início do ano 2000, Mandic

trial na Siemens, onde trabalhou por

passou a ser sócio-fundador do IG, o

quase duas décadas. Após deixar a

Internet Group. Por lá permaneceu

empresa, no início dos anos 1990,

quase dois anos como vice-presi-

abriu o próprio negócio, a Mandic BBS,

dente da instituição. Após sua saída,

que se tornou um dos maiores nomes

em 2001, o empresário vislumbrou

da internet brasileira, quando a tecno-

uma nova oportunidade no mercado

logia chegou ao país, por volta de 1996.

e reabriu o seu próprio negócio, mas

Foi então que a marca mudou de nome e passou a ser conhecida como Mandic Internet S.A. Mas não passou muito

desta vez para trabalhar com computação em nuvem. E a partir daqui a história já e conhecida.

tempo e antes da virada do milênio

Atualmente, Mandic mantém o aplica-

o empreendedor já havia vendido a

tivo e busca encontrar investimentos

empresa para um grupo argentino

estrangeiros para fazer o negócio se

chamado “O Site”.

expandir ainda mais.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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CONSELHO POR_ ASSESSORIA DE IMPRENSA DO CFA

TRABALHO DECENTE EM FOCO

CURSO OFERECIDO PELO CFA EM PARCERIA COM A OIT CAPACITOU ADMINISTRADORES PARA A PROMOÇÃO DO TRABALHO DECENTE. O EVENTO, REALIZADO EM BRASÍLIA DE 3 A 7 DE NOVEMBRO, REUNIU CERCA DE 60 PARTICIPANTES

B

rasília recebeu, de 3 a 7 de novembro, o Curso

A mesa de abertura do curso contou com a presença do

de Capacitação e Formação de Multiplicadores

presidente do CFA, Adm. Sebastião Luiz de Mello; da

para a Promoção do Trabalho Decente e

diretora do escritório da OIT no Brasil e representante da

Responsabilidade Social. O evento é uma realização do

ONU, Laís Abramo; do diretor de Relações Internacionais

Conselho Federal de Administração (CFA), da Organização

e Eventos (CRIE) do CFA, Adm. Carlos Henrique Mendes

Internacional do Trabalho (OIT), do Conselho Regional de

da Rocha; da presidente do CRA-RS, Adm. Cláudia

Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ), do Conselho

Stadtlober; e do conselheiro regional do CRA-RJ, Adm.

Regional de Administração do Rio Grande do Sul (CRA-RS)

Francisco Carlos Santos de Jesus.

e da Organização das Nações Unidas (ONU).

52

RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO


Laís lembrou que o CFA e a OIT já vêm

Lemos, o evento é de extrema impor-

trabalhando em conjunto há alguns

tância para os Administradores.

anos. “Essa é a primeira parceria

Segundo ele, o primeiro aspecto diz

que a OIT celebra com um Conselho

respeito à inovação ao trazer o tema

Profissional e que tem papel importante

responsabilidade social e trabalho

no mundo do trabalho não só pela sua

decente e inserir isso no conteúdo

fortaleza institucional e capilaridade em

cultural do Administrador, princi-

território nacional, mas também porque

palmente quando ele vai trabalhar

os Administradores são profissionais

na área de Recursos Humanos. “O

centrais na organização das empresas,

segundo ponto diz respeito à inserção

na organização do trabalho e na adminis-

do CFA e os Administradores brasi-

tração dos recursos humanos”, ressaltou.

leiros em um projeto pioneiro, que é

O presidente do CFA também citou

favorecer a inserção deste assunto

a parceria entre a autarquia e a OIT, lembrando que o CFA é signatário do Pacto Global e já vem tratando do

no conteúdo de conhecimento dos profissionais de Administração e o papel preponderante que teremos

tema do trabalho decente desde 2011.

daqui para a frente”, explicou.

“Queremos propor soluções para que

Voltado para os profissionais de

o Administrador tenha uma nova visão sobre o mundo do trabalho. Esperamos sair daqui com novas ideias e propostas para, de fato, ajudarmos a construir um mundo onde as relações de trabalho serão mais humanizadas e as práticas laborais serão vistas por uma nova perspectiva”, disse Sebastião Mello.

Administração

registrados

nos

CRAs, o curso buscou capacitar Administradores nos temas relacionados aos direitos humanos e promoção do trabalho decente, desenvolvendo suas habilidades para utilizar os instrumentos e mecanismos das Convenções da OIT e normas inter-

Carlos Henrique aproveitou a opor-

nacionais das Nações Unidas em

tunidade para agradecer a todos os

termos de trabalho decente e direitos

envolvidos na organização do curso.

humanos no mundo do trabalho.

“Eles foram incansáveis e preponderantes para que este momento pudesse estar acontecendo”, afirmou o conselheiro federal e diretor da CRIE/CFA, citando nominalmente todos os profissionais que trabalharam para o evento acontecer.

Entre os temas abordados estavam a Agenda do Trabalho Decente, Saúde e Segurança no Trabalho, Empresas Sustentáveis, Discriminação no Local de Trabalho, Responsabilidade Social, Emprego, além de outros temas relevantes. As palestras foram proferidas

Para o conselheiro federal e coorde-

por renomados especialistas oriundos

nador do curso, Adm. Valter Luiz de

de diversos países.

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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Conselho

DIA DE ELEIÇÕES no Sistema CFA/CRAS

O

DISPUTA ELEITORAL ELEGEU NOVOS CONSELHEIROS FEDERAIS E REGIONAIS. MAIS DE 59 MIL PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO PARTICIPARAM DO PLEITO REALIZADO VIA INTERNET Sistema Conselhos Federal e Regionais de

“Para oferecer total segurança, o programa de eleições

Administração (CFA/CRAs) realizou, no dia 15

virtuais do Sistema CFA/CRAs é auditado periodicamente.

de outubro, eleições virtuais que elegeram seus

Esse trabalho é feito para que possamos garantir uma

novos representantes. Os profissionais de Administração elegeram dois terços dos Conselheiros Regionais e dos Conselheiros Federais.

eleição segura e profícua”, diz. Samuel faz um balanço das eleições que, segundo ele, foram um sucesso e contaram com a participação de mais de 59

Mais uma vez o pleito foi realizado pela internet. A votação

mil eleitores. “Batemos o recorde de votações. O processo

ocorreu por meio do site www.votaadministrador.org.

ocorreu de forma transparente e segura”, avalia, ressaltando

br. O Sistema CFA/CRAs é pioneiro nesta modalidade

que em Alagoas e na Bahia as eleições acontecerão no mês

de eleição. De acordo com o coordenador da Comissão

de novembro e também no Paraná teremos um novo pleito

Permanente Eleitoral do CFA, Adm. José Samuel de

para Conselheiro Federal, pois tivemos empate. “Após

Miranda Melo Júnior, o CFA tem sido referência para

o pleito nesses Estados, com certeza ultrapassaremos a

diversos órgãos que desejam implementar votações online.

margem de mais de 60 mil votantes”, diz.

AUDITORIA – O programa de elei-

Sistema CFA/CRAs têm todas as

JUSTIFICATIVA – Os profissionais

ções virtuais do Sistema CFA/CRAs

garantias de segurança para a emissão

de Administração que não votaram

passou por uma auditoria externa.

de senhas e envio de correspondên-

nas Eleições do Sistema CFA/CRAs

O objetivo do trabalho foi detectar e

cias para eleitores do processo elei-

já podem justificar a ausência do voto.

alertar quando acontecerem eventos

toral de 2014, oferecendo o sigilo, a

A justificativa deve ser feita no site

classificados

segurança e a confiabilidade que o

www.votaadministrador.org.br.

como

fraudulentos,

maliciosos ou suspeitos dentro das regras de negócio de geração e envio de senhas do cadastro de eleitores.

processo eleitoral requer.

Os eleitores terão 60 dias para apre-

Os novos Conselheiros Federais e

sentar a justificativa, a contar da

Regionais tomam posse em janeiro de

data em que aconteceu a eleição do

Segundo o laudo da auditoria, reali-

2015. O resultado completo das eleições

Sistema CFA/CRAs. Profissional de

zada pela Security Labs Research

do Sistema CFA/CRAs está disponível

Administração, justificar o voto faz

Intelligence, as eleições virtuais do

no site www.votaadministrador.org.br.

parte do processo eleitoral.

*A matéria foi fechada no dia 4 de novembro, antes das eleições para os CRAs: AL, BA e PR.

54

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CRAs

CONSELHOS REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ACRE (CRA-AC) Presidente: Adm. MARCOS CLAY LÚCIO DA SILVA Av. Brasil, nº 303 - Sala 201 - Centro Empresarial Rio Branco - Centro - 69900-191 - RIO BRANCO/AC Fone: (68) 3224-3365 – 3223-3808 E-mail: craacre@gmail.com Home Page: www.craac.org.br Horário de funcionamento: 7h às 16h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE ALAGOAS (CRA-AL) Presidente: Adm. ALAN HELTON DE OMENA BALBINO Rua João Nogueira, nº. 51 - Farol - 57021-400 MACEIÓ/AL Fone: (82) 3221-2481 - Fax: (82) 3221-2481 E-mail: cra@craal.org.br Home Page: www.craal.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAPÁ (CRA-AP) Presidente: Adm. EDILJANE MARIA CAMPOS DA FONSECA Rua Jovino Dinoá, nº 2455 - Central- 68900-075 MACAPÁ/AP Fone: (96) 3223-8602 E-mail: cra.macapa@gmail.com Home Page: www.craap.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h Atend. público das 9h às 15h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO AMAZONAS (CRA-AM) Presidente: Adm. JOSÉ CARLOS DE SÁ COLARES Rua Apurinã, 71 - Praça 14 - 69020-170 - MANAUS/AM Fone: (92) 3303-7100 - Fax: (92) 3303-7101 E-mail: conselho@craamazonas.org.br Home Page: www.craamazonas.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA BAHIA (CRA-BA) Presidente: Adm. ROBERTO IBRAHIM UEHBE Av. Tancredo Neves, nº 999 - Ed. Metropolitano Alfa Salas 601/602 - Caminho das Árvores 41820-021 – SALVADOR/BA Fone: (71) 3311-2583 - Fax: (71) 3311-2573 E-mail: cra-ba@cra-ba.org.br Home Page: www.cra-ba.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO CEARÁ (CRA-CE) Presidente: Adm. ILAILSON SILVEIRA DE ARAÚJO Rua Dona Leopoldina, nº 935 - Centro - 60110-001 FORTALEZA/CE Fone: (85) 3421-0909 - Fax: (85) 3421-0900 E-mail: presidente@cra-ce.org.br Home Page: www.craceara.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL (CRA-DF) Presidente:Adm. CARLOS ALBERTO FERREIRA JÚNIOR SAUS - Quadra 6 - 2º. Pav. - Conj. 201 - Ed. Belvedere 70070-915 - BRASÍLIA/DF Fone: (61) 4009-3333 - Fax: (61) 4009-3399 E-mail: presidencia@cradf.org.br Home Page: www.cradf.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (CRA-ES) Presidente: Adm. MARCOS FELIX LOUREIRO Rua Aluysio Simões, 172 - Bento Ferreira - 29050-632 - VITÓRIA/ES Fone: (27) 2121-0500 - Fax: (27) 2121-0539 E-mail: craes@craes.org.br Home Page: www.craes.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h9 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SETEMBRO/OUTUBRO – 2014 | Nº 102 GOIÁS (CRA-GO) Presidente: Adm. SAMUEL ALBERNAZ Rua 1.137, nº 229, Setor Marista - 74180-160 GOIÂNIA/GO Fone: (62) 3230-4769 - Fax: (62) 3230-4731 E-mail: presidencia@crago.org.br Home Page: www.crago.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h

Listagem atualizada até o dia 07/11/2014

56

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CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO MARANHÃO (CRA-MA) Presidente: Adm. ISABELLE CRISTINE RODRIGUES FREIRE MARTINS Rua José Bonifácio, 920 - Centro - 65010-020 - SÃO LUÍS/MA Fone: (98) 3231-4160/3231-2976 - Fax: (98) 32314160/231-2976 E-mail: crama@cra-ma.org.br Home Page: www.cra-ma.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO (CRA-MT) Presidente: Adm. LUIS CESAR SIMÕES DE ARRUDA Rua 05 - Quadra 14 - Lote 05 - CPA - Centro Político e Administrativo - 78050-900 - CUIABÁ/MT Fone: (65) 3644-4769 - Fax: (65) 3644-4769 E-mail: cra.mt@terra.com.br Home Page: www.cramt.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MATO GROSSO DO SUL (CRA-MS) Presidente: Adm. HARDUIM REICHEL Rua Bodoquena, nº 16 - Amambaí - 79008-290 CAMPO GRANDE/MS Fone: (67) 3316-0300 E-mail: presidencia@crams.org.br Home Page: www.crams.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MINAS GERAIS (CRA-MG) Presidente: Adm. SÔNIA FERREIRA FERRAZ Avenida Afonso Pena, nº 981 - 1º. Andar - Centro - Ed. Sulacap - 30130-907 - BELO HORIZONTE/MG Fone: (31) 3274-0677 - 3213-5396 - Fax: (31) 32735699/3213-6547 E-mail: presidencia@cramg.org.br Home Page: www.cramg.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARÁ (CRA-PA) Presidente: Adm. JOSÉ CÉLIO SANTOS LIMA Rua Osvaldo Cruz, nº 307 - Comércio - 66017-090 BELÉM/PA Fone: (91) 3202-7889 - Fax: (91) 3202-7851 E-mail: gabinete@crapa.org.br / presidencia@crapa.org.br Home Page: www.crapa.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 15h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DA PARAÍBA (CRA-PB) Presidente: Adm. FRANCISCO DE ASSIS MARQUES Av. Piauí, nº 791 - Bairro dos Estados - 58030-331 JOÃO PESSOA/PB Fone: (83) 3021-0296 E-mail: crapb@crapb.org.br Home Page: www.crapb.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 12h e de 13h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PARANÁ (CRA-PR) Presidente: Adm. GILBERTO SERPA GRIEBELER Rua Cel. Dulcídio, nº 1565 - Água Verde - 80250-100 CURITIBA/PR Fone: (41) 3311-5566 E-mail: presidencia@cra-pr.org.br Home Page: www.cra-pr.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO (CRA-PE) Presidente: Adm. ROBERT FREDERIC MOCOCK Rua Marcionilo Pedrosa, nº 20 - Casa Amarela - 52051330 - RECIFE/PE Fone: (81) 3268-4414/3441-4196 - (81) 3268-4414 E-mail: cra@crape.org.br Home Page: www.crape.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h Atend. público: das 8h às 12h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO PIAUÍ (CRA-PI) Presidente:Adm. PEDRO ALENCAR CARVALHO SILVA Rua Áurea Freire, nº 1349 - Jóquei - 64049-160 TERESINA/PI Fone: (86) 3233-1704 - Fax: (86) 3233-1704 E-mail: administrativo@cra-pi.org.br Home Page: www.cra-pi.org.br Horário de funcionamento: das 12h às 19h

CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (CRA-RJ) Presidente: Adm. WAGNER SIQUEIRA Rua Professor Gabizo, nº 197 - Edf. Belmiro Siqueira Tijuca - 20271-064 - RIO DE JANEIRO/RJ Fone: (21) 3872-9550 - Fax: (21) 3872-9550 E-mail: secretaria@cra-rj.org.br Home Page: www.cra-rj.org.br Horário de funcionamento: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE (CRA-RN) Presidente: Adm. KATE CUNHA MACIEL Rua Coronel Auriz Coelho, nº 471 - Lagoa Nova - 59075050 - NATAL/RN Fone: (84) 3234-6672/9328 - Fax: (84) 3234-6672/9328 E-mail: cra-rn@crarn.com.br Home Page: www.crarn.com.br Horário de funcionamento: das 12h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DO RIO GRANDE DO SUL (CRA-RS) Presidente: Adm. CLÁUDIA DE SALLES STADTLOBER Rua Marcílio Dias, nº 1030 - Menino Deus - 90130-000 PORTO ALEGRE/RS Fone: (51) 3014-4700/3014-4769 - Fax: (51) 3233-3006 E-mail: diretoria@crars.org.br;secretaria@crars.org.br Home Page: www.crars.org.br Horário de funcionamento: das 8h30 às 17h30 CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RONDÔNIA (CRA-RO) Presidente: Adm. ANDRÉ LUIS SAONCELA DA COSTA Rua Tenreiro Aranha, nº 2988 Olaria – 76801-254 PORTO VELHO/RO Fone: (69) 3221-5099/3224-1706 - Fax: (69) 3221-2314 E-mail: presidencia@craro.org.br Home Page: www.craro.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h Atend. público: das 8horas às 14 horas CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE RORAIMA (CRA-RR) Presidente: Adm. UBIRAJARA RIZ RODRIGUES Rua Prof. Agnelo Bitencourt, 1620 - São Francisco, 69.305170 - BOA VISTA/RR Fone: (95) 3624-1448 - Fax: (95) 3624-1448 E-mail: craroraima@gmail.com Home Page: www.crarr.org.br Horário de funcionamento: das 7h30 às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SANTA CATARINA (CRA-SC) Presidente: Adm. ANTONIO CARLOS DE SOUZA Av. Prefeito Osmar Cunha, 260 - 7º andar - Salas 701 a 707/ 801 a 807 - Ed. Royal Business Center Centro - 88015-100 - Florianópolis – SC Fone: (48) 3229-9400 - Fax: (48) 32224-0550 E-mail: crasc@crasc.org.br Home Page: www.crasc.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SÃO PAULO (CRA-SP) Presidente: Adm. WALTER SIGOLLO Rua Estados Unidos, nº 865/889 - Jardim América 01427-001 - SÃO PAULO/SP Fone: (11) 3087-3208/ 3087-3459 - Fax: (11) 3087-3256 E-mail: secretaria@crasp.gov.br Home Page: www.crasp.com.br Horário de funcionamento: das 8h às 17h30 Atend. público: das 9h às 17h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE SERGIPE (CRA-SE) Presidente: Adm. DIEGO CABRAL FERREIRA COSTA Rua Senador Rollemberg, 513 - São José - 49015-120 ARACAJU/SE Fone: (79) 3214-2229/3214-3983 - Fax: (79) 32143983/3214-2229 E-mail: atendimento@crase.org.br Home Page: www.crase.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 14h CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRAÇÃO DE TOCANTINS (CRA-TO) Presidente em exercício: Adm. Rogerio Ramos de Souza 602 Norte, Av. Teotonio Segurado, Conj. 01, Lt 06 77.7006-700 - PALMAS/TO Fone: (63) 3215-1240/3215-8414 E-mail: atendimento@crato.org.br Home Page: www.crato.org.br Horário de funcionamento: das 8h às 18h


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DROPBOX

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O aplicativo auxilia no armazenamen-

formações

var artigos da internet e que não

to e compartilhamento de arquivos di-

Administradores e Tecnólogos em

podem ser lidos no instante em que

reto na nuvem. Basta mover qualquer

Administração que desejam conquis-

são encontrados. O aplicativo arma-

arquivo para a pasta do Dropbox no

tar a certificação profissional, que

zena o texto para ser lido em mo-

computador ou smartphone. O serviço

possibilita conquista de oportunida-

mento mais oportuno.

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des no mercado diante da comprova-

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para

os

ção de competências. NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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ARTIGO DO LEITOR

COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL: N

o que dizer sobre ele...

as últimas décadas, as orga-

com a organização. O seu significado

nizações vêm se deparando

está no grau de atenção, de esforço com

com um clássico multidi-

algo que se está fazendo; significa ainda

mensional do comportamento humano.

a noção de amarrar, de unir o indivíduo

A busca de explicações sobre como os

a alguma coisa, de fazer uma relação na

indivíduos desempenham e articulam

qual os trabalhadores são entendidos

seus níveis de comprometimento pas-

como capazes de criar atitudes sobre di-

sou a ser palco de redobradas atenções

versos focos do trabalho, na medida em

por estudiosos da área e por gestores,

que possuem condições de criar cogni-

isto pelo fato de traduzir o que há de re-

ções sobre os mesmos.

lação entre o indivíduo e a organização.

Esse elo que há entre o binômio indi-

O comprometimento organizacional é

víduo/organização garante, de forma

um constructo que se refere à atitude ou

representativa e significativa, uma

vínculo que os indivíduos estabelecem

identificação com os valores, normas e crenças da organização, desencadeando atitudes no comportamento humano quando absorvidos. O comprometimento se associa a diversas variáveis centrais nas organizações, como, por exemplo: a carreira, a profissão, o grupo a que pertence, o sindicato ou a própria organização. O que discerne a partir dessa constatação é a sua interdisciplinaridade, tornando-o de caráter multidimensional. A análise multidimensional possibilita recortes sobre o comprometimento numa compreensão de como o indivíduo articula seus vínculos com diferentes focos do mundo do trabalho, descrevendo, assim, a presença de mais de um componente na formação do comprometimento.

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*Este artigo não reflete necessariamente a opinião do CFA.

Para garantir maior precisão do com-

facilmente por aquilo que fazem, seu

prometimento dos indivíduos no am-

trabalho começa a ter significado e não

biente de trabalho, as organizações

ficam contando as horas na expectativa

estão buscando mecanismos que possi-

de que o dia acabe logo.

realização no local onde os indivíduos desempenham suas funções, para assim torná-las mais comprometidas, dispostas, motivadas, satisfeitas e, por conseguinte, mais produtivas.

projetos sociais, nos quais toda a comunidade possa se empenhar de

si próprio para contribuir com o bem-

forma proativa e solidária;

-estar da organização, sendo também desejável o movimento recíproco em termos de propiciar a satisfação dos

mento das partes, é necessário refletir

radores, conduzindo-os à realização e

até que ponto a cultura organizacional

ao crescimento pessoal.

os tem estimulado a entregarem o seu

dade, disposição e alta performance são ofertados voluntariamente e quando estimulados pela empresa. Outro ponto que merece destaque e preocupação são as recompensas financeiras, que são importantes e atrativas, mas não são remédio para tudo. Muitos

empresários

Outro ponto que merece destaque e preocupação são as recompensas financeiras, que são importantes e atrativas, mas não são remédio para tudo.

va é que estes colaboradores acabam

Para que as organizações desenvolvam uma “atmosfera” emocionalcolaboradores, focados na ideia de

sados e ao mesmo tempo viciados com

lealdade e sentimento de pertença, de

esse tipo de condição.

desejo de contribuir e de dar energia

É importante, da parte da empresa, ha-

para a organização, sugere-se, atra-

seus colaboradores a trabalharem sem vícios financeiros, para assim gerar um cenário de gosto, de prazer por aquilo que faz ou por aquilo que a empresa

• proporcionar maior autonomia nas decisões;

e gerenciais; • desenvolver pessoas, a partir da rotação de cargos, a fim de expandir suas habilidades, conhecimentos e capacidades. Enfim, é inegável a relevância do tema comprometimento

organizacional

como fator crítico de sucesso e como diferencial competitivo no desempenho das organizações, face à complexidade à necessidade de manter colaboradores motivados e comprometidos.

mente ligada e envolvida com os seus

se tornando ainda menos compromis-

ver uma política séria de estimular os

de colaboradores;

inerente ao comportamento humano e

como cultura gratificar as pessoas adicional, mas a consequência negati-

profissional para um maior número

contínuo, ofertando cursos técnicos

estabelecem

sempre que necessitam de um esforço

• possibilitar crescimento pessoal e

• investir mais no aprendizado

melhor. Afinal de contas, toda empresa

pagarem seus salários); mas, criativi-

e comunitárias, bem como

na qual o indivíduo deseja dar algo de

objetivos individuais dos seus colabo-

res estejam disponíveis o dia todo (ao

• promover atividades esportivas

Assim, evidencia-se uma relação ativa

No entanto, para que haja esse envolvi-

tem a certeza de que seus colaborado-

trabalho;

Foto: Divulgação

bilitem despertar interesse, confiança e

• melhorar as condições físicas de

vés da implementação de políticas e práticas que garantam a manutenção e, principalmente, o crescimento do nível de comprometimento, algumas ações fundamentais:

institui como condição de crescimen-

• investir em ações que contribuam

to no mercado. Quando as pessoas sa-

para a melhoria da qualidade de

bem para onde devem ir, apaixonam-se

vida no trabalho;

CLAUDIO AUGUSTO ALVES Mestre em Ciência da Informação/UFPB Administrador – SRH/UFCG claudioaugustto@gmail.com

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E-COMMERCE POR_WELLINGTON PENALVA

E-COMMERCE: a oportunidade do futuro

COM CRESCIMENTO DE 2.150% NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS, O COMÉRCIO ELETRÔNICO É A PROMESSA DE SUCESSO PARA O EMPREENDEDOR PREPARADO

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A

lternativa prática e rápida para o consumidor que não quer perder tempo indo às compras, o e-commerce cresce exponencialmente no Brasil e no mundo. Dados do relatório WebShoppers, da empresa especializada em comércio eletrônico E-bit, revelam: no primeiro semestre deste ano o número de e-consumidores aumentou 27% no Brasil. Ainda segundo o relatório, a prospecção de faturamento do comércio eletrônico brasileiro para este ano é de R$ 35 bilhões. O termo e-commerce ou comércio eletrônico designa qualquer tipo de negócio ou transação comercial feito por meio da internet. Essa forma de comercializar produtos e serviços acompanhou o crescimento da web. “Nos últimos dez anos o setor cresceu 2.150%. O aumento do acesso à internet e a entrada das classes C e D nesse universo são os grandes responsáveis por esse crescimento”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM), Maurício Salvador. A área é bastante atrativa aos empresários. É relativamente simples abrir uma loja virtual, e o site do Sebrae disponibiliza um manual prático aos interessados. Além disso, os investimentos são muito mais baixos do que no caso de lojas físicas. Não se gasta com decoração, vendedores, contas de água e energia, nem mesmo com aluguel. “No comércio eletrônico existem as vantagens de poder comercializar seus produtos sem limitação da área geográfica e funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano”, diz o CEO da HRM Logística, Adm. Hélio Meirim. São essas facilidades que têm animado e atraído o empresariado. Outro importante fator de atração aos empreendedores está no alcance que pode ter o seu produto. A loja está na

rede mundial de computadores, tem visualização global. Qualquer um pode comprar, basta o endereço de entrega ser compatível com o proposto pela loja virtual escolhida. As grandes empresas, ao vislumbrarem essa amplitude de mercado, têm dado maior atenção ao comércio virtual. A consultora de e-commerce e comportamento do consumidor Adm. Fátima Bana afirma: “Os investimentos das grandes empresas no canal digital não chegavam a 20% do total. Hoje eles ocorrem de forma igualitária.

Nos últimos 10 anos o setor cresceu 2.150%. O aumento do acesso à internet e a entrada das classes C e D nesse universo são os grandes responsáveis por esse crescimento” MAURÍCIO SALVADOR. PRESIDENTE DA ABCOMM

Pesquisas apontam que no próximo ano as empresas irão dividir por igual os investimentos on-line e off-line”. Apesar de todo o sucesso e crescimento a progressões geométricas, uma grande parcela das novas empresas de e-commerce “fecha as portas” por não conseguir vender. “Há mais de 45 mil lojas virtuais no Brasil. Cerca de 70% delas não conseguem vender e acabam falindo. O grande motivo é a falta de conhecimento e

planejamento dos empreendedores”, constata o presidente da ABCOMM.

LOGÍSTICA Como já foi dito, é muito simples abrir uma loja virtual. Isso qualquer um pode fazer. A questão, de fato, é: como manter a empresa funcionando e gerando lucros? Não existe fórmula mágica, é preciso conhecer o mercado, especializar-se e buscar um diferencial. Segundo o Adm. Hélio Meirim, os empreendedores devem investir em uma logística de qualidade. “Os produtos e preços ofertados são muito parecidos. Nesse caso, os diferenciais competitivos são a forma como o processamento do pedido é realizado e a agilidade no atendimento (entrega) ao cliente”, afirma. Ainda de acordo com Meirim, o trabalho logístico das empresas de e-commerce é mais dinâmico do que o das empresas que atuam somente com lojas físicas. O processo se inicia a partir da captação do cliente e segue até o momento da entrega do produto. Algumas das características responsáveis pela necessidade de uma logística diferenciada são: funcionamento ininterrupto, vendas pulverizadas e fracionadas e a visibilidade do pedido. O funcionamento full time gera demanda contínua: logo, as atividades logísticas precisam suportar essa particularidade do setor. O raio de atuação desse tipo de empresa é enorme. Muitas atendem todo o território nacional fazendo surgir a problemática entrega x custo de frete. Já a questão da visibilidade do pedido pode ser decisiva para o retorno ou não do cliente. Quem faz compra on-line tem necessidade de acompanhar o andamento do processo de entrega, por isso, é ideal que essas informações estejam integralmente disponíveis ao consumidor.

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E-commerce

ATENÇÃO COM A SEGURANÇA O primeiro passo para botar freio nas fraudes é definir o que se considera um pedido suspeito. Valores elevados na primeira compra daquela pessoa, por exemplo, podem ser um critério de avaliação”

Quando se trata de transações comerciais pela internet, a segurança da informação é obrigatoriamente abordada. Quando dados pessoais e bancários circulam na web, o risco de atividades fraudulentas é indiscutível. As empresas brasileiras de e-commerce calcularam, só no ano passado, uma perda de R$ 600 milhões para fraudes de cartão. Em entrevista à RBA, o especialista em segurança digital e cofundador da Konduto, empresa de segurança digital direcionada ao e-commerce, Tom Canabarro fala sobre os perigos e ensina como se proteger de fraudes no comércio eletrônico. RBA: Os sistemas utilizados para as transações online são seguros? TC: Em modo geral, sim. Entretanto, o processo passa por algumas etapas que podem ser vulneráveis. A grande maioria das falhas acontece por parte do lojista. Qualquer pequena falha no site ou no ponto de venda é suficiente para que hackers interceptem os dados do cliente. Em 2011, a Sony sofreu um ataque em sua rede de jogos que comprometeu mais de 70 milhões de números de cartões de crédito. RBA: Qual o segmento de vendas com maior incidência de atividades criminosas? TC: Os criminosos visam ao produto de fácil revenda. Eles usam dados interceptados para fazer compras “legítimas”. Sendo assim, os principais alvos são as lojas de eletrônicos e de roupas de marca. RBA: Em que período as atividades ilícitas são mais recorrentes? TC: Os fraudadores seguem as tendências dos consumidores, por isso, as datas comemorativas são as mais visadas. O lojista recebe mais pedidos que o normal nessas épocas, então fica mais fácil de o fraudador se “esconder” entre os pedidos. RBA: Como as empresas podem se proteger?

Foto: Divulgação

TC: O primeiro passo para botar freio nas fraudes é definir o que se considera um pedido suspeito. Valores elevados na primeira compra daquela pessoa, por exemplo, podem ser um critério de avaliação. RBA: E o consumidor, como se defende? TC: O cartão de crédito continua sendo o meio de pagamento mais seguro. Se for vítima de fraude, os valores sempre serão devolvidos. É importante checar se no endereço do site aparece o cadeado de segurança (https), conferir a reputação da loja em sites como o Reclame Aqui e vale, ainda, consulta do CNPJ da empresa no site da Receita Federal.

Tom Canabarro, cofundador da Konduto, empresa de segurança digital direcionada ao e-commerce

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Foto: Divulgação

E-CONSUMIDOR Não raro se escuta a frase “queria que o meu dia tivesse 30 horas”, um reflexo da dinâmica de um cotidiano atarefado e com pouco tempo livre. Esse é um dos principais motivos favoráveis ao surgimento de e-consumidores. Comodidade, praticidade, preço e segurança, tudo à distância de um clique. As pessoas já não precisam perder tempo e dinheiro com deslocamento para efetuar uma compra. Com o comércio eletrônico, as compras podem ser feitas de qualquer lugar, em qualquer loja disponível. “O consumidor tem procurado cada vez mais a internet para realizar suas compras. É mais fácil, mais barato, mais simples para pesquisar preços e ainda entrega em casa”, atesta a consultora Adm. Fátima Bana. O crescimento desse setor de compras confirma o fato. Segundo o relatório WebShoppers, no primeiro semestre deste ano o e-commerce brasileiro ganhou 5,06 milhões de novos consumidores, um aumento de 27% em relação ao primeiro semestre de 2013. A fisioterapeuta baiana de Porto Seguro Ana Priscila Souza conta: “Comecei a comprar pela internet há pouco tempo. Percebi que é muito mais prático e cômodo, além de os preços serem mais acessíveis”. Assim como Priscila, milhares de novos e-consumidores estão surgindo. Há também quem não compre por não confiar. É o caso da fonoaudióloga soteropolitana Laís Bittencourt: “Evito comprar porque desconfio muito. Gosto de ver o produto que estou comprando”, afirma. O medo de usar o comércio eletrônico ainda é presente. No entanto, tem diminuído à medida que o mercado evolui. “Comprar pela internet nem sempre é seguro. O que procuro fazer para evitar transtornos possíveis com mercadorias defeituosas, atrasos de entrega e até fraudes é checar a credibilidade da loja em que vou comprar”, pondera o brasiliense estudante de Publicidade Rafael Araújo. Além do aumento da credibilidade do setor, outras plataformas estão estimulando a entrada de novos consumidores no mercado digital. O m-commerce (mobile commerce) – compras online por meio de dispositivos móveis – está crescendo e agregando mais usuários ao e-commerce. De acordo com o relatório da E-bit, essa modalidade de compras representou 7% do total de vendas do comércio eletrônico brasileiro. Os números representam um crescimento de 84% em um ano, já que no mesmo período de 2013 essa forma de compra representava apenas 3,8% do total.

Adm. Hélio Meirim: empreendedores devem investir em uma logística de qualidade

As lojas podem administrar ou terceirizar o serviço de logística. Essa decisão depende do foco e das diretrizes estratégicas adotadas pela empresa. “O ideal é analisar os serviços de logística, ponderar níveis de serviço e custo e encontrar o jeito mais eficiente. Com base nessa análise, a empresa poderá decidir se realiza a operação ou busca uma empresa terceira com know how na área”, pontua Hélio Meirim. O ambiente do e-commerce é bastante competitivo. Os consumidores têm a possibilidade de comparar produtos em diversos sites com facilidade e o preço, geralmente, tem pouca variação. Por isso, o sucesso está altamente atrelado à qualidade do serviço. “Nesse setor, o diferencial competitivo está na logística. Conquista o cliente a empresa que melhor realizar o processamento e mais rápida for ao entregar o pedido”, conclui o CEO da HRM Logística.

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E-commerce

E-LOJISTAS O alto crescimento das vendas por meio da internet chamou a atenção dos empresários. A ideia de baixo investimento e amplitude de mercado se tornou um chamariz para novos empreendedores. Das grandes às microempresas, todas querem abocanhar uma fatia dos lucros promovidos pelo e-commerce. Essa realidade está exposta no número de lojas virtuais que vem subindo a cada ano. O setor fechou 2013 com 35 mil lojas, hoje já são mais de 45 mil. Mas nem tudo são flores. Apenas 30% das novas empresas se mantêm no mercado. “Falta de conhecimento e planejamento são os principais motivos para o insucesso das novas lojas virtuais. Antes de abrir um negócio, o empresário deve obter conhecimentos necessários e entender as peculiaridades do setor”, explica o presidente da ABCOMM, Maurício Salvador. Os empreendedores devem levar em consideração, principalmente, aspectos como logística e fraudes. Uma boa alternativa de entrada no e-commerce são as franquias. A empresa de calçados femininos Miarte investiu nessa ideia e tem se destacado no mercado. “Nosso canal de vendas são as franquias online. Pessoas interessadas abrem lojas virtuais e vendem os nossos produtos. Tudo após a venda fica por nossa conta. É vantajoso para todos. Eles não têm custo, porque se vendem ganham, se não vendem não perdem. Já a nossa empresa consegue um alcance que sozinha não seria possível”, conta o CEO da empresa, Ricardo Moraes. Para abrir um negócio de comércio eletrônico é necessário estudar o mercado. Embora o setor cresça em grande escala, ainda há muito espaço para o empreendedor. Alguns segmentos ainda estão engatinhando no mercado online. É o caso dos calçados femininos, que movimentam R$ 11 bilhões por ano, mas as lojas virtuais são responsáveis por apenas 3% desse valor. O CEO da Miarte aconselha: “Estude tudo que envolve e-commerce, o nicho que deseja alcançar, forme uma equipe e traga investidores. Por fim, crie soluções simples e fáceis para os seus clientes”.

2013 X 2014 Faturou, no primeiro semestre de 2014, R$ 16,06 bilhões O comércio eletrônico faturou R$ 12,74 milhões em 2013 Crescimento nominal de 26% no setor Em 2014 teve 48 milhões de pedidos Sendo 36% maior do que no primeiro semestre de 2013

Tíquete médio 2014: R$ 333,40 2013: R$ 359,48

Previsão para 2014 Previsão para o segundo semestre de 2014: crescimento de 15% no setor de e-commerce Previsão de faturamento para 2014: R$ 35 bilhões Crescimento nominal em relação a 2013 de 21% Alcançando 104 milhões de pedidos no comércio eletrônico brasileiro No primeiro semestre de 2014 o e-commerce ganhou 5,06 novos consumidores No final de 2013 havia 51,3 milhões de consumidores Previsão de novos 11,6 milhões para o final de 2014

Faturamento das transações feitas por dispositivos móveis no Brasil Em 2014: R$ 1,13 bilhão 2013: R$ 560 milhões Variação de 102%

Essas compras de dispositivos móveis são originárias 60% de tablets 40% de smartphones (via sites sem uso de aplicativos)

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Categorias mais vendidas

Preços

Moda e acessórios: 18%

Numa comparação ao primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, o Índice de Preços FIPE/ Buscapé teve queda de -1,46%

Cosméticos e perfumaria: 16% Eletrodomésticos: 11% Livros/assinaturas de revistas: 8% Telefonia/celulares: 7% Informática: 7% Casa e decoração: 6% Eletrônicos: 6% Esporte/lazer: 5% Brinquedos e games: 2%

Evolução do número de consumidores (em milhões) que já fizeram pelo menos uma compra online

Das 142 categorias comparadas ao período, 84 tiveram o aumento médio de preço de 3,77%

2009: 17,6

58 categorias tiveram queda média de preço de -4,83%

2012: 42,2

Moda e acessórios foi o grupo com maior queda de preços, com -8,61%

2014: 63

2010: 23,4 2011: 32

2013: 51,3

Telefonia -7,10% Eletrônicos -5,64%

Perfil dos e-consumidores no Brasil

Principais argumentos para o crescimento no setor

Produtos com a temática “Copa do Mundo”

57% são mulheres – sendo a maior parte na faixa etária dos 35-49 anos (39%)

• Elevação da venda de TVs no primeiro semestre do ano devido à Copa do Mundo. Em janeiro de 2014, o produto representava 39% da participação em vendas da categoria eletrônicos. Em junho, subiu para 48%

Smartphone

• Venda de smartphones também continuou aquecida, colaborando com a entrada de novos e-consumidores e o crescimento de m-commerce

Jogos/games de futebol

• Melhora no indicador Net Promoter Score (NPS), que mede a satisfação dos clientes

Camisetas

• No primeiro semestre de 2014, o setor ganhou 5,06 bilhões de novos consumidores, marcando um crescimento de 27% em relação ao primeiro semestre de 2013

11% dos entrevistados afirmam que a Copa

• Aumento na venda por dispositivo móvel. Crescimento de 84% em um ano.

1% dos entrevistados não quiseram

43% homens – mesma média de idade 64% são das classes A e B 25% são das classes C e D 11% não quiseram informar renda

Faturamento para 2014 Faturamento (em bilhões): R$ 35 Crescimento nominal faturamento: 21% Novos e-consumidores (milhões): 12 Total de e-consumidores que já fizeram pelo menos uma compra (final de 2014) (milhões): 63 Pedidos (milhões): 104

Fonte: E-bit Informação

GPS com TV Câmera digital Celular Tablet

Meios não eletrônicos Bolas de futebol

Churrasqueira

do Mundo foi motivação para comprar 88% efetivaram a compra com outro objetivo

responder

NOVEMBRO/DEZEMBRO – 2014 | Nº 103

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POR_FRANCISCO JOSÉ Z. ASSIS

COM CLÁSSICO ODOR PICANTE E INIMIGA DAS ROUPAS COLORIDAS, A ÁGUA SANITÁRIA ESTÁ PRESENTE NA GRANDE MAIORIA DOS LARES BRASILEIROS

P

oderoso desinfetante com propriedades germicidas capazes de purificar a água e livrar alimentos de impurezas, a água sanitária é definida pela Química como hipoclorito de sódio. Tem um

cheiro picante que chega a incomodar narinas e garganta e guarda o estilo nacionalista em sua cor: um leve amarelo esverdeado. Presente na maior parte das casas brasileiras – e também em empresas –, o produto tem um apelido forte, que não sai da cabeça das pessoas. Fato é que poucos chamam Qboa de água sanitária.

ORIGEM Qboa é uma marca de água sanitária com origens que remontam à década de 1940. No período seguinte, nos anos 1950, por meio de uma fusão, foi criada a empresa Indústrias Anhembi, que passou a assinar a fabricação do produto. A empresa, atualmente, possui sua matriz na cidade de Osasco, na Grande São Paulo, e uma filial em Simões Filho, na Bahia. O sucesso de sempre garante à Qboa o status de ser reconhecida pelos consumidores pela marca e não pelo seu nome verdadeiro. Esse é o peso da tradição.

APLICAÇÃO Não foi à toa que a água sanitária Qboa ganhou fama. Sua aplicação serve em grande escala os seus consumidores. Do tratamento e purificação de água, passando pela desinfecção de legumes, verduras e frutas e para a limpeza de piscinas e caixas d’água, chegando a servir de agente esterilizador nas indústrias de bebidas como cervejas, vinhos e refrigerantes à base de cola e nos ambientes domésticos, como banheiros e cozinhas (locais da casa mais propícios à proliferação de germes).

CARACTERÍSTICAS A Qboa possui um traço marcante – o seu poder alvejante. Por isso, é bastante útil no clareamento de tecidos, pisos e azulejos brancos. Seu manejo também exige cuidados, pois o produto tem ainda a característica de ser um forte oxidante. O mais indicado é que a pele, os olhos e as mucosas estejam protegidos durante a aplicação da água sanitária. Sua inalação, mesmo que involuntária, pode ocasionar irritação no aparelho respiratório. Então, use sempre com muita atenção!

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RBA | REVISTA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO



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