Revista PARQUES E VIDA SELVAGEM n.º 44

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36 DUNAS

Estuário do Douro

Vão ocorrendo algumas espécies pouco vulgares para a região em que se insere esta área protegida: atentos, há fotógrafos da natureza que fazem prova disso, pelo que fica aqui o resumo...

Francisco Bernardo

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fácil de observar nos campos alentejanos. Segundo a lista das espécies do distrito do Porto, do site “Aves de Portugal”, só há um registo em Lavadores, de agosto de 1925, cujo exemplar estará num dos museus do Porto. Sem que tivesse sido a primeira ocorrência, mas é sempre interessante, foi fotografada uma garça-vermelha, Ardea purpurea, em 12 de agosto no juncal da Reserva Natural Local do Estuário do Douro. A ave petiscou até seguir viagem. Estas aves passam a primavera e o verão na Europa, nos pântanos, onde fazem ninho nos caniçais. Agora só querem África. Outro migrador, o pisco-de-peito-azul, viu-se na RNLED a partir de 31 de agosto. Em 3 de setembro Francisco Bernardo conseguiu a fotografia de uma ave muito discreta, um frango-de-água, Rallus aquaticus. Os melhores indicadores para saber da sua presença são as vocalizações, já que anda sempre escondidinho no meio dos juncos. Em 9 de setembro uma gaivota-de-sabine foi fotografada quer por Paulo Leite quer por Francisco Bernardo. Um guia de aves diz que esta espécie, Larus sabine, se reproduz no Ártico. Passa o inverno geralmente no alto-mar. Em migração (adultos primeiro, juvenis depois) podem ser desviados para a costa ocidental da Europa por fortes tempestades. Uma águia-pesqueira, Pandion haliaetus, andou aqui também às tainhas em 18 de setembro!

 Sisão

Filipe Vieira

P

or esta também ninguém esperava: uma pega-azul, Cyanopica cyanus, a dar à asa na Reserva Natural Local do Estuário do Douro! Francisco Bernardo, fotógrafo da natureza, estava lá e, em 19 de agosto, fez vários registos de imagem. A pega-azul é uma espécie com um pequeno núcleo populacional na Península Ibérica e outro na Ásia. Pensou-se que teria sido trazida como ave ornamental pelos navegadores portugueses e que tivesse escapado de cativeiro. Hoje sabe-se que esta pega no passado se distribuía da Península Ibérica à Ásia e a sua população foi dividida pelas glaciações do Quaternário, tendo ficado uma pequena população na Península Ibérica, como provam os fósseis de pega-azul com 44 mil anos descobertos no ano 2000 em Gibraltar. A espécie tem vindo a expandir-se em Portugal nas últimas décadas, embora circunscrita ao Sul e a algumas áreas de Trás-os-Montes, nomeadamente ao Parque Natural do Douro Internacional. Nesta região, que se saiba, é a primeira observação registada. Com ela, eleva-se o número de espécies observadas na RNLED para 217. Em 3 de agosto, um sisão, Tetrax tetrax, foi observado na Reserva Natural Local do Estuário do Douro por Paulo Faria e fotografado por Francisco Bernardo. Trata-se tanto quanto se sabe do primeiro registo fotográfico na RNLED e no distrito do Porto para esta espécie de ave, relativamente


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