Revista Pontos de Vista Edição 105

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PONTOS DE VISTA SAÚDE – METODOLOGIA LEAN

“A Metodologia Lean, mais do que qualquer outra coisa, é uma Metodologia de Melhoria Contínua” A Consultora Lean Health Portugal conduziu um projeto de melhoria contínua realizado no Hospital de Braga com o principal enfoque na melhoria do circuito do doente, nos tempos de espera e na taxa de ocupação dos quartos de tratamento, num esforço conjunto com uma equipa multidisciplinar do Hospital de Dia Oncológico. A chamada metodologia Lean foi, assim, posta em prática e surtiu os resultados esperados. Rui Cortes, Lean Health Specialist e Managing Partner da Consultora, contou-nos tudo sobre este processo.

A

Consultora Lean Health Portugal e uma equipa multidisciplinar do Hospital de Braga conduziram um projeto de melhoria contínua com principal foco na melhoria do circuito do doente. Primeiramente, que necessidades e lacunas eram sentidas, neste meio, e que levaram à elaboração este estudo? A área Oncológica tem vindo a assistir a um aumento dos casos diagnosticados, e dada a sensibilidade das patologias e da situação dos doentes em causa e a situação dos utentes em causa, é essencial que, por um lado se assegura a maior eficiência possível dos recursos existentes, mas acima de tudo que se oferece ao utente a melhor experiência possível nos cuidados de saúde recebidos. Sendo a redução de tempo de espera, a redução de deslocação e aumento da satisfação dos utentes e dos profissionais alguns dos pontos que estiveram na base da decisão deste projeto.

RUI CORTES

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Considera que melhorar a experiência do utente/cliente eliminando e mitigando desperdícios existentes, que não acrescentam valor, é já uma preocupação geral e consciente? Segundo a OCDE, num relatório de 2017 “Tackling Wasteful Spending on Health”, 20% do orçamento de saúde dos diversos países é desperdício, não gerando valor adicional à experiência dos utentes

nos cuidados recebidos. Perante tais evidências, assistimos cada vez mais a uma maior preocupação na satisfação dos utentes, preocupação esta que passa muitas vezes pela redução de desperdícios existentes nos processos atuais. Contudo o combate de desperdícios está de mãos dadas com a cultura de melhoria contínua assente na transparência perante o erro, e a esse nível ainda há passos a dar, nomeadamente ao nível da capacitação das equipas, mas sem dúvida que se sente cada vez mais uma maior vontade de melhorar por parte das organizações. No decorrer deste projeto, a situação atual do serviço do Hospital de Dia Oncológico foi analisada, tendo sido identificados potenciais desperdícios e ineficiências. De que pontos em questão estamos a falar? No decorrer de algumas observações feitas no Hospital de Dia, fomo-nos apercebendo que o doente necessitava de realizar bastantes etapas para conseguir alcançar o seu objetivo final no Serviço (realização do seu tratamento, levantamento de quimioterapia oral etc). Nesse sentido, um dos grandes objetivos do projeto passou por eliminar (e/ou reduzir) etapas consideradas desperdício ou sem valor acrescentado para o doente. Um outro ponto em estudo passou pela redefinição desses circuitos uma vez que para alguns casos o utente necessitava de


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