O Zebu no Brasil 215 pdf

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Editorial A primeira edição de 2016 da Revista O Zebu no Brasil, consolida-se como uma das principais publicações do segmento. A aceitação, de todos no último

Foto: JM Matos

ano, foi determinante para a continuação do nosso trabalho, que agora conta com um novo projeto gráfico, uma nova linha editorial e uma equipe reformulada. O que nos move é a tradição e a qualidade de mais de 40 anos de mercado. Já começamos as feiras e exposições deste ano, e a feira que abre novamente o calendário é a Expoinel Mineira, que acontece entre os dias 21 e 28 de fevereiro, em Uberaba. Com uma expectativa de quase mil animais expostos, a feira se consagra como uma das principais dentro da raça Nelore. E uma novidade: o evento que retomará o calendário deste ano será a Nelore Avaré, confirmada para junho. Nesta edição, a Entrevista foi feita com o candidato à presidência da ABCZ, para o Triênio 2016-2019, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges. Em um bate-papo bem descontraído, ele falou sobre sua trajetória dentro da pecuária e quais as propostas à frente da maior associação de zebuínos do mundo. Em outra reportagem, mostramos o trabalho feito na Fazenda Parque das Vacas Tabapuã, no interior de Goiás, evidenciando o Tabanel. Além disso, falamos sobre a realização do primeiro julgamento morfológico do cavalo Crioulo em Minas Gerais, que será Passaporte para Esteio (RS). A raça Sindi foi um dos destaques da Feira Internacional, em dezembro no México. Diretores da ABCZ estiveram presentes e adiantaram que a raça, em breve, fará parte da realidade daquele país. Esperamos que esse ano seja repleto de realizações, afinal, economicamente falando, o agronegócio se mantém como o segmento mais consolidado do país. Uma boa leitura e até a próxima edição! Equipe Revista o Zebu no Brasil

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O ZEBU Índice

REVISTA

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Entrevista

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Fazenda Bela Vista

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Expoinel Minas

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Nelore de Avaré

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Fazenda Samaúma

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Guzolando estreia na ExpoZebu

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Condições do tempo favorecem a produção de leite

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Girolando é oficializado pelo Mapa

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Projeto Arrojo


54 56 60 64 68 72 76 80 84 75

Novo método para quantificar o temperamento bovino Uma nova era para o Brahman Parque das Vacas Tabapuã Pesquisa mostra eficiência do Tabapuã Fazenda MMBS Qualidades do Sindi atraem atenção de mexicanos ABCI reforça incentivo à raça Indubrasil Haras Comanche

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Associação prevê crescimento do Mangalarga Marchador

90 100 104 106 116 126

ABCCC abre em Uberaba, primeiro escritório fora do Sul Arnaldo Manoel - Uma história de 38 anos dedicados ao Zebu e à ABCZ Pró Genética fecha 2015 com crescimento de 34% Julgamento à campo receberá inscrições até o final de março Coluna Reprodução Programada ABCZ unida: A evolução continua

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O ZEBU Expediente

www.ozebunobrasil.com.br Fundador: Adib Miguel (1946-2013) O Zebu no Brasil é uma marca registrada sob o nº 815672454, junto INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) Diretora Anna Keila Miguel Matos ozebunobrasil@ozebunobrasil.com.br Diretor de Fotografia José Maria de Matos Filho josemaria@ozebunobrasil.com.br Equipe de Jornalismo Sabrina Alves MTB 11197/MG salves.jornalista@gmail.com Thassiana Macedo MTB 14763/MG jornalismo@ozebunobrasil.com.br Diretora Comercial Milena Duarte (34) 99915-6640 milena@ozebunobrasil.com.br Departamento comercial Robert Carvalho (34) 9 98177972 robert@ozebunobrasil.com.br Luna Sousa (34) 99163-0448 luna@ozebunobrasil.com.br Direção de Arte Augusto Neto augustoneto93@gmail.com Departamento Jurídico Rosemeire Franke (34) 99942-6309 OAB/MG –103376 Publicação periódica de José Maria de Matos Filho ME CNPJ : 86.553.070/0001-92 Redação, Publicidade e Administração: Rua Engenheiro Gomide, nº 222 - Bairro Boa Vista - Uberaba/MG - CEP 38017-160 / Reclamações e sugestões: ozebunobrasil@ozebunobrasil.com.br (34) 3336-6300

Nossa capa: A edição 215 da Revista O Zebu no Brasil traz o slogan: “Para renovar com consciência, Arnaldo tem experiência de A a Z. ABCZ para todos”, desenvolvido para a eleição do novo comando da entidade, que tem como candidato Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges. Creditos: Wellington Valeriano

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Foto: JM Matos

REVISTA


O ZEBU Panorama

Em 2020, espera-se que a população mundial ultrapasse 7,5 bilhões, enquanto a expectativa é que a disponibilidade de terra cultivável decresça continuamente. Por isso, a palavra-chave é produtividade”. Ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), durante apresentação das projeções de crescimento e negócios do agronegócio brasileiro a embaixadores da América Latina e do Caribe. Summit Agronegócio Brasil 2015.

A gestão talvez seja o maior desafio do setor para 2016. A tecnologia te traz mais eficiência na gestão. E ela começa lá na genética”. Luiz Claudio Paranhos, presidente da ABCZ, para a edição especial “As Melhores da Dinheiro Rural”

A incumbência desses jovens é despertar o interesse nas novas gerações pela atuação democrática nas organizações da sociedade e nos meios públicos, para a construção de um País mais justo, dinâmico e eficiente”. Presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Diniz Junqueira, durante debate “Perspectivas para um Brasil em transformação”

(...) Minas Gerais é hoje um dos estados referência no controle sanitário de seus rebanhos. Mas, insisto, é preciso avançar mais ainda e garantir a contribuição do homem do campo para a economia e a alimentação dos brasileiros”. Presidente do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, em artigo publicado sobre sanidade animal

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O ZEBU Entrevista

Arnaldo Manuel coloca experiência à disposição dos criadores de Zebu Por Thassiana Macedo • Fotos: Wellington Valeriano

O Zebu no Brasil - Como se deu a decisão de sua candidatura para presidente da próxima gestão da ABCZ? Arnaldo Manuel - Nossa decisão para a candidatura à presidência da ABCZ foi consolidada a partir do apoio de criadores de diversas regiões do Brasil e do importante manifesto assinado por 100 tratadores e colaboradores, durante a Expoinel Nacional 2012, quando fomos honrados com o pedido de nossa candidatura, que a tornou não apenas uma escolha, mas 16 O ZEBU

Em 2007, sugerimos a criação de convênio entre Asocebu, Fazu e ABCZ para oferta de vagas para estudantes bolivianos. A iniciativa já formou 26 técnicos” um compromisso e responsabilidade perante os criadores e técnicos. Esse compromisso foi ratificado ao final da gestão do presidente Eduardo Biagi,

Com o slogan “Zebu forte. ABCZ para todos!”, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges apresentou-se para disputar o cargo de presidente da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu) durante o triênio 2016-2019. Incentivador do legado da Marca R, fundada há 109 anos pelo avô, o pecuarista Rodolfo Machado Borges (um dos fundadores da Sociedade Rural do Triângulo Mineiro), Arnaldo representa a 3ª geração de uma história pioneira de seleção sempre pautada no fortalecimento da genética Nelore. O trabalho como criador, desenvolvido há 35 anos na Fazenda Ipê Ouro, é reconhecido nacionalmente como um dos cinco principais rebanhos Nelore do país, conforme Ranking das Melhores Empresas do Agronegócio 2015, em edição especial da revista Dinheiro Rural. Para explicar mais sobre os projetos para a próxima gestão, O Zebu no Brasil traz uma entrevista especial com Arnaldo Manuel.

quando foi selada nossa participação na sucessão da presidência da ABCZ. Por termos a certeza que deveríamos dar mais um passo importante em nosso trabalho para a ABCZ, confirmamos e oficializamos a decisão para o próximo triênio 2016/2019. Respeitando tradição histórica, reunimos com ex-presidentes da ABCZ para anunciar a oficialização de nossa candidatura e tivemos a honra de receber o apoio dos baluartes Antônio José Loureiro Borges (1962/1964), Arnaldo Rosa


Prata (1964/1966 e 1974/1978), João Gilberto Rodrigues da Cunha (1972/1974 e 1986/1990), Manoel Carlos Barbosa (1978/1982), Newton Camargo Araújo (1982/1986) e Heber Crema Marzola (1990/1992). O Zebu no Brasil - Conte sobre sua trajetória até agora? Arnaldo Manuel - Dedicamos à criação na Fazenda Ipê Ouro desde 1980, sendo a 3ª geração da marca R, iniciada pelo meu avô Rodolfo Machado Borges, em 1906. Na ABCZ, nossa trajetória de trabalho se iniciou em 1978, como membro do Conselho Técnico da Raça Gir, na gestão de Manoel Carlos Barbosa. Ao longo desses 37 anos de atuação junto à ABCZ, exercemos as atribuições de: diretor nos mandatos de Manoel Carlos Barbosa, Heber Crema Marzola e José Olavo Borges Mendes; de diretor do Departamento Técnico (Superintendência Técnica), na gestão Newton Camargo Araújo (1982/1986), período em que nasceu o PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), em parceria com a Embrapa, e de membro efetivo do Colégio de Jurados da ABCZ desde 1983, tendo realizado 387 julgamentos das Raças Zebuínas no Brasil, Argentina (Palermo), Bolívia, Costa Rica, Guatemala, México e Paraguai. Nossa trajetória profissional foi reconhecida com o Mérito Pecuário ABCZ, concedido em Maio de 2000 (ExpoZebu), na gestão de Rômulo Kardec de Camargos, e com o Mérito Cebu de Oro Asocebu-Bolívia, conferido em Setembro de 2001 (Expocruz), na

gestão de Eduardo Ciro Añez, pelo trabalho de melhoramento das raças zebuínas realizado na Bolívia desde 1987. Em 2007, sugerimos a criação de um convênio entre a Asocebu (Asociación Boliviana de Criadores de Cebú), a Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba) e a ABCZ para oferta de vagas nos cursos de zootecnia, agronomia e agronegócio para estudantes bolivianos. A iniciativa já formou 26 técnicos e, hoje, 32 alunos estão matriculados. O Zebu no Brasil - Acredita que sua experiência poderá influenciar na decisão dos associados na hora da escolha da nova diretoria? Arnaldo Manuel - Nossa experiência de trabalho como criador, veterinário, membro nato do Conselho Técnico, membro do Colégio de Jurados e da diretoria da ABCZ, como diretor do Departamento Técnico, responsável pelo registro genealógico e provas zootécnicas, com a assessoria técnica prestada há 33 anos para criadores do Brasil, Bolívia, Estados Unidos (Texas), Guatemala, México e Paraguai, certamente contribuirá para conduzir uma gestão prática e que

[Buscaremos] a difusão de programas de Integração LavouraPecuária-Floresta e preservação da água, a fim de promover a recuperação de pastagens degradadas”

traga resultados ao melhoramento das raças zebuínas. A decisão dos associados se baseará na aliança dessa experiência, com o amor e dedicação do candidato ao Zebu e os planos e propostas para a gestão da ABCZ. O Zebu no Brasil - Agora candidato à presidência da ABCZ e com a responsabilidade de gerir tudo o que acontece nesta área, que avaliação o senhor faz dos desafios que deverá enfrentar à frente da associação? Arnaldo Manuel - Os desafios de condução e liderança dos trabalhos da ABCZ sempre foram de muita importância, desde o início da associação. Quanto mais o criador for eficiente, mais demandará da entidade, especialmente no avanço dos programas e ferramentas de avaliação das raças zebuínas. Para corresponder com eficiência e competência, a ABCZ tem como maior desafio estreitar seu elo com os criadores e acompanhar de perto suas necessidades e reivindicações. O Zebu no Brasil - Que avaliação o senhor faz da conjuntura econômica e política e como estas questões poderão impactar no seu modo de gerir a associação? Arnaldo Manuel - O setor agropecuário apresenta uma situação mais favorável em relação aos demais setores da economia, em razão da eficiência e competência do trabalho realizado pelos pecuaristas e agricultores, mesmo diante de tantas adversidades. No período em que as condições econômicas e políticas estão mais difíceis, a atuação da O ZEBU B


[Queremos] fortificar a parceria bilateral da ABCZ com associações de criadores e entidades das demais atividades produtivas e de todas as raças zebuínas” ABCZ deve ser intensificada, não só perante os representantes políticos e da cadeia produtiva, mas também em campo, junto aos associados. O Zebu no Brasil - Qual é a sua plataforma para concorrer à eleição para presidente da ABCZ? Arnaldo Manuel - Com base em nossa experiência, de quase quatro décadas de trabalho para a ABCZ, e nas inúmeras manifestações e apoio recebidos nesse início de campanha, umas das nossas propostas prioritárias são: o investimento e a pulverização dos programas PMGZ e Pró-Genética nas exposições e feiras regionais; • evolução na realização da ExpoZebu e ExpoGenética, para que se transformem em eventos atrativos para todos os associados, com sistemas de avaliação e julgamentos mais amplos, valorizando todos os modelos de criação; • reativação da feira permanente de comercialização na Estância ABCZ para ampliar o acesso à oferta de animais melhoradores aos criadores de Zebu, e o incentivo de feiras permanentes em parques de exposição e centros de comercialização pelo Brasil; • restabelecimento de parcerias e ampliação das atividades dos escritórios regionais 18 O ZEBU

em todos os estados, que servem de importante “ponto de encontro” dos associados; • colaboração do Conselho Deliberativo Técnico no aprimoramento e atualização dos regulamentos dos principais eventos da ABCZ, como ExpoZebu e ExpoGenética; • iniciativas concretas para maior eficiência dos serviços da ABCZ aos associados; • ampliação da atuação da ABCZ nas iniciativas e organizações voltadas para o fomento do Zebu no mercado internacional, lutando por criação de regras práticas para abertura de mercado e relações comerciais; • maior aproximação da ABCZ ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa, Anvisa e demais entidades governamentais e de interesse público para a proposta; acompanhamento e defesa de pauta de importância aos associados e toda a cadeia produtiva, especialmente, a segurança máxima da sanidade animal e proteção do rebanho nacional; • iniciativas

para criação de oportunidades e momentos para participação dos jovens, futura geração de criadores, dentro dos eventos da ABCZ, com o objetivo de promover a sucessão e a perpetuação da atividade pecuária; • defesa da atividade pecuária e da carne brasileira, empenhando no fomento da exportação de carne, material genético (sêmen e embriões) e animais vivos, bem como o aprimoramento da qualidade de todos os produtos da cadeia produtiva; • apoio ao programa da Carne Nelore Natural, da ACNB (Associação de Criadores de Nelore do Brasil); • investimento na divulgação da carne brasileira de origem zebuína, por meio do fortalecimento da presença da ABCZ em todas as propriedades brasileiras destinadas à pecuária, através da melhoria das práticas de manejo e melhoramento genético com o PMGZ e o Pró-Genética, a fim de contribuir para que a carne de Zebu ocupe seu espaço no mercado


internacional; • apoio da ABCZ na difusão de programas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e preservação da água a fim de promover a recuperação de áreas de pastagens degradadas, agregando qualidade à produção pecuária e contribuindo para a defesa da carne brasileira; • fortificar a parceria bilateral da ABCZ com as associações de criadores e entidades representativas das demais atividades produtivas e de todas as raças zebuínas, no Brasil e no exterior, visando a troca de conhecimento técnico e material genético. O Zebu no Brasil - Como pretende dar continuidade a este trabalho de quase 40 anos dentro da ABCZ? Arnaldo Manuel - A proposta da formação de uma nova diretoria e de seus objetivos é pautada no fortalecimento do elo entre a ABCZ e criadores, através da valorização do trabalho do corpo técnico, aprimoramento de todas as ferramentas de melhoramento, em especial o PMGZ, criado em nossa gestão no Departamento Técnico (1984), e o fomento das atividades de criação, comercialização e promoção do Zebu internacionalmente. Para tanto, a prioridade é exercer uma gestão próxima aos associados e às suas demandas, por meio do fortalecimento do trabalho desenvolvido pelos Sindicatos Rurais e associações de produtores. Continuaremos a priorizar os mesmos princípios e força de trabalho, dedicados ao longo desses anos, com o trabalho técnico e seus resultados. Como é uma responsabilidade muito

grande, buscamos apoio em todo o Brasil para contribuirmos com a ABCZ. São criadores, técnicos, líderes de associações, sindicatos rurais e empresas cujo trabalho conhecemos e respeitamos. O Zebu no Brasil - Em âmbito político, como pretende contribuir com o avanço na busca de soluções para as principais demandas do setor, como garantia de segurança rural e jurídica no campo, busca de novos mercados, bem como acesso à tecnologia, informação e linhas de crédito? Arnaldo Manuel - Importantes demandas como segurança jurídica rural, conquista de novos mercados, sanidade animal e acesso às novas tecnologias e informações e às linhas de crédito, não dependem apenas da atuação da ABCZ no âmbito político nacional, mas também da criação e investimento da associação em diversos programas, inclusive em parceria com Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Sindicatos

Rurais, importantes empresas do setor e associações de outros países. Quanto ao desafio político, temos que utilizar de forma inteligente a força que nosso setor representa para o país, força esta que se destaca em momentos de crise. É preciso ter em mente que essa atuação deve sempre estar respaldada pelo trabalho técnico e seus resultados, que é a principal função do dia a dia da ABCZ. A prioridade da campanha “Zebu forte. ABCZ para todos!” é estabelecer o canal aberto e direto com os associados de todas as regiões do Brasil, conversando e ouvindo sobre as reivindicações regionais e as expectativas que possuem em relação à ABCZ. Nossa luta é restabelecer o prestígio da ABCZ como referência no cenário político e econômico e reaproximar a associação dos desafios diários de todos os associados. A ABCZ é uma associação de criadores das raças zebuínas e seus cruzamentos, sem fins econômicos, visando o melhoramento genético e produtivo, a especialização técnica e a congregação de todos os associados. “ABCZ – Ponto de encontro da pecuária nacional”.

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REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Nelore

Nelore Zancaner

Tradição e qualidade O ZEBU B


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Fazenda Bela Vista Tradição que passa de geração Por Sabrina Alves • Fotos: JM Matos

A paulistana Weida Zancaner mantém viva a tradição centenária de sua família. A criadora de gado Nelore passou a se dedicar à pecuária há 16 anos, mas desde a infância vive com essa realidade. Proprietária da Fazenda Bela Vista, que fica no interior de São Paulo, ela mantém em atividade a pecuária e a agricultura herdadas dos avós e bisavós. Participante de Programas de Melhoramento Genético da Qualitas, há mais de 15 anos, todo o seu plantel passa por um rigoroso processo de seleção e manejo, fazendo com o que os animais tenham certificação de qualidade. A proposta do seu trabalho envolve a promoção e a divulgação de um proces22 O ZEBU

Todos os touros utilizados pelo Programa Qualitas são avaliados visualmente. As vacas utilizadas no programa também passam pelo mesmo sistema de avaliação” so de melhoramento genético em todo o rebanho, que tem como foco animais jovens e melhoradores. A pecuarista e também advogada, cuida sozinha de todo o criatório e conta

com a importante ajuda de uma equipe especializada. Entre esses profissionais, destaca-se o nome do engenheiro zootecnista Emerson Moraes, que faz parte da Qualitas de Melhoramento Genético. Ele explica que o processo de produção do Programa Qualitas tem início na estação de monta, onde técnicos e criadores avaliam juntos todos os touros disponíveis no mercado de sêmen, para selecionar os animais que melhor se encaixam dentro do objetivo proposto pela seleção. “Todos os touros utilizados pelo Programa Qualitas são avaliados visualmente. As vacas utilizadas no programa também passam pelo mesmo sistema de avaliação, com isso podemos orientar o


acasalamento dos animais, considerando todas as DEPS e todas as características visuais, de forma a atingir o melhor resultado global”, explica. Emerson explica que todos os animais passam por um criterioso processo de seleção e análise que são determinantes para um resultado de excelência, que vem sendo cada vez mais exigido pelo mercado tanto nacional quanto internacional. “É importante perceber que os animais produzidos pelo Programa Qualitas são projetados desde a inseminação ou cobertura que vai gerá-los. O produto do programa é formado, essencialmente, por touros selecionados a pasto, ou seja, nas mesmas condições das fazendas em que serão utilizados, destinados essencialmente aos criadores que irão produzir carne. Podemos considerar produtos secundários do Programa Qualitas, as matrizes certificadas e bezerros para engorda. O que caracteriza um touro do Programa Qualitas é a pressão de seleção exercida sobre os machos para certificação”, pondera. A Fazenda Bela Vista oferta animais de excelente qualidade genética como tourinhos Ceipados, selecionados no sistema a campo. O CEIP é o Certificado Especial de Identificação e Produção, fornecido pelo Ministério da Fazenda para animais que possuem capacidade comprovada para aumentar a produtividade dos rebanhos brasileiros, o que garante ainda mais a procedência da seleção. Seleção Zancaner Atualmente o plantel da Fazenda Bela Vista conta com 600 matrizes e a proposta é a de chegar, em no máximo três anos, a mil animais. Um aumento de 40%. Com animais eficientes e produtivos, a fazenda tem como propósito ser autossustentável através do Sistema Lavoura/ Pecuária e Floresta. A seleção da Fazenda Bela Vista con-

ta com matrizes e touros que apresentam precocidade sexual e um alto rendimento de ganho de peso. “Hoje, já conseguimos abater machos aos 23 meses, com 19 arrobas. Os índices de fertilidade desses animais passam de 85%, com 90 dias de estação de monta”, o que comprova o trabalho que vem sendo feito nesses últimos 15 anos. Além da pecuária, Weida Zancaner mantém a produção de milho e de soja no sistema de rotatividade com a pecuária, priorizando a integração Pecuária/ Agricultura.

Segundo ela, todo o processo surgiu com a necessidade de reforma dos processos antigos, com isso, optou pelo caminho da integração pecuária agricultura. “No momento dessa reforma fazemos a análise do solo, em seguida da calagem e plantio de soja que variam de dois a quatro anos em função da qualidade do solo. Já a floresta foi uma forma que encontramos de diversificar o nosso negócio. Hoje, temos eucalipto já a ponto de corte e estamos pensando no Mogno Africano como alternativa”, mostra. Essa atividade permite ainda o aproveitamento de toda

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a madeira para a produção de lenha, postes, mourões de cerca usados na própria fazenda, construções rurais, madeira serradas e, ainda, na fabricação de painéis e papel através da celulose. Tradição A Família Zancaner é uma das mais tradicionais do país em criação e seleção de gado Nelore. A sua história teve início em março de 1888, quando Giovanni Zancaner e Giovanna Buttol Zancaner, bisavós de Weida, desembarcaram no Porto de Santos com seus dois filhos: Giuseppe e Antônio. Assim como outros imigrantes, o casal passou a trabalhar em fazendas e de-

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pois de alguns anos de trabalho, conseguiu comprar o primeiro pedaço de terra e, desde então, a família permanece com a tradição. Weida é filha de Orlando Zancaner e assumiu os negócios do pai cinco anos depois de seu falecimento, pois admirava o seu jeito empreendedor. Naquela época, o patriarca utilizava técnicas avançadas para a época, como o método Voisin, que consiste na divisão e rodízio dos pastos para

aproveitar melhor a terra. Quando se dedicou aos negócios da família, ela optou pela produção de gado de corte, focada na qualidade da carne. “Como estamos no mercado há 15 anos, já temos o cliente certo para cada produto. Foi demorado, mas conseguimos vender animais com qualidade. A ideia é aproveitar ao máximo todas as possibilidades da genética Nelore, para continuar gerando bons resultados”, finaliza.


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Expoinel Minas ganha atenção

de criadores de todo o país Por Sabrina Alves • Fotos: JM Matos

Considerada uma das mais esperadas, a primeira exposição do Calendário Agropecuário Nacional e a 8ª Exposição Oficial da Raça Nelore do Ranking 2015/2016, a Expoinel Minas 2016, será promovida entre os dias 21 a 28 de fevereiro, no Parque Fernando Costa, em Uberaba. Com expectativa de mais de mil inscrições, a feira é antecedida por uma intensa preparação dos animais, o que garante maior destaque durante a exposição. A Expoinel Minas espera atingir números recordes em relação às demais edições, além de manter a tradição, por

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Tão importante quanto o número de expositores e criadores é de onde eles vêm e quantos vêm pela primeira vez” ser uma das principais referências de evolução genética. De acordo com o gestor executivo da Nelore Minas, Loy Rocha, a possibilidade de superar os números anteriores de animais expostos reafirma a

Nelore Minas como uma das principais promotoras de exposições pecuárias do país. “Nos anos anteriores, tivemos próximos de 900 animais efetivamente levados a julgamento, o que comprova que a nossa meta é possível. Para tanto, desde dezembro temos estabelecido contato permanente com criadores de todo Brasil, convidando para que participem da nossa festa. Com base em números de exposições recentes, acreditamos que devemos chegar a algo próximo de 120 expositores e criadores. Tão importante quanto o número de expositores e criadores, é de onde eles vêm e


quantos vêm pela primeira vez. Antes, tivemos a presença de animais dos estados de Goiás, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e, naturalmente, de Minas Gerais. Cremos que essa presença se repetirá e já temos inscrições de alguns expositores e criadores de outros estados, que farão sua estreia em nossas pistas”. Outro importante fator que continua sendo demonstrado pela Nelore Minas é o foco no Melhoramento Genético. Todos os animais que entrarão em pista passaram nos últimos meses por uma intensa preparação, o que faz da Expoinel, uma grande vitrine do que será visto em 2016. “No caso da Expoinel Minas, o que

a torna mais especial é o fato de que os expositores e criadores, que ficaram com seus animais nos criatórios por quase três meses, em constante aprimoramento, estão ansiosos para mostrar os resultados do trabalho e do manejo diferenciado. Nenhuma ocasião será mais propícia do que a primeira grande exposição do calendário e do ano que, nos últimos seis anos, foi a maior do Brasil em número de animais Nelore PO”, conta. Leilões e eventos No ano passado foram promovidos cinco leilões oficiais, que fecharam com um faturamento de mais de R$ 4,5 milhões. Um valor muito expressivo, segundo o balanço da Nelore Minas. Neste ano, a quantidade de leilões será a mesma, além da realização de um shopping durante todos os dias da feira, de 21 a 28 de fevereiro. Dia 23, será a vez dos tratadores. O papel importante desempenhado por eles será lembrado com uma série de ações com músicas e premiações. De acordo com o Loy Rocha, “tudo com o objetivo de reconhecer o valor daqueles profissionais da maior importância para toda e qualquer exposição”.

Nenhuma ocasião será mais propícia do que a primeira grande exposição do calendário e do ano que, nos últimos seis anos, foi a maior do Brasil em número de animais Nelore PO” Cronograma Dia 24, às 20h, será realizado o leilão Vila Real. No dia seguinte, a partir das 20h, será a vez do leilão EAO. Já no dia 26, acontecerá o Leilão Minas de Ouro, promovido pelas Fazendas Baluarte, Nelore Integral, Fazenda do Sabiá, Nelore Colorado e Nelore Mafra. No sábado, dia 27, a partir das 13h, a Rima Agropecuária e Cristal promovem o Leilão Exclusive. Por último, o Leilão Matrizes Integral & Ouro Fino, que acontece no domingo, às 13h. O cronograma completo está no site www.neloreminas.org.br.

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Núcleo Nelore de Avaré confirma exposição para junho Por Sabrina Alves • Fotos: Divulgação

Foi confirmada, pela diretoria do Núcleo Nelore de Avaré, a realização da 3ª Expo Nelore Avaré. Diferente dos outros anos, o evento acontecerá entre os dias 19 a 25 de junho e terá na programação o julgamento de animais de pista e a realização de leilões. Considerada uma das principais feiras do circuito nacional, a 3ªExpo Nelore Avaré espera receber cerca de mil animais, entre bovinos e equinos. Como tradição, a feira não se limita apenas à exposição de zebuínos, e por isso, segundo o gerente executivo Núcleo Nelore Avaré, Thiago Mont’Alvão Veloso Rabelo, a participação de outras raças ainda está em processo de negociação. “Buscamos, com essa nova agenda, obter maior número de expositores e raças no evento e, consequentemente, uma feira ainda mais forte, onde conseguíssemos agregar variadas raças e setores do agronegócio”. 34 O ZEBU

Gerente executivo Núcleo Nelore Avaré, Thiago Mont’Alvão Veloso Rabelo

Até então, a feira era a segunda do calendário anual, logo após a Expoinel Mineira e antes da Expozebu, que acontece em Uberaba/MG. Mas, segundo Thiago, a exposição

não deixará a sua importância e visibilidade de lado. “A feira se manterá como uma vitrine de projetos para os criadores, pois ali conseguirão mostrar o seus frutos e também realizar negócios. Trabalhamos para realizar mais um grande evento em Avaré e aproveito para convidar a todos para nos prestigiar em junho”, ressalta. Nas edições de 2013 e 2014, a feira foi considerada uma das exposições mais importantes pela pecuária Nelore do país. O evento que aconteceu em 2015, no Parque Fernando Cruz Pimentel, na cidade de Avaré, que fica cidade do interior de São Paulo e é considerada uma das principais do trecho pecuário nacional reuniu, aproximadamente, 1,3 mil animais entre exemplares da raça Nelore, Nelore Mocho, Angus, Santa Gertrudes e, ainda, cavalos das raças Crioulo e Lusitano.


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Guzerá

Fazenda Sumaúma

A marca do melhoramento genético O ZEBU B


O ZEBU Guzerá

Fazenda Sumaúma

Pioneirismo no melhoramento genético Por Thassiana Macedo • Fotos: Arquivo pessoal

A história de evolução do Guzerá no Brasil não seria a mesma sem a dedicação dos professores José Rodolpho Torres e Geraldo Carneiro, que foram os precursores do melhoramento genético animal brasileiro. O último é pai do guzeratista Paulo Emílio, da Fazenda Palestina. Já o primeiro, é avô de João Cruz Reis Filho, da Fazenda Sumaúma, localizada no município de Miradouro, na Zona da Mata mineira, onde desenvolve a produção de leite desde o final de 2000. Décimo quinto engenheiro agrônomo de sua família e o oitavo com doutorado em genética e melhoramento, João Cruz se espelhou muito em seu avô materno. Afinal, seu papel foi fundamental para a pecuária brasileira atual. “Hoje, a Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal (SBMA) concede, em cada reunião bienal, uma medalha de Mérito em Pesquisa, com o nome e a efígie de meu avô, a um professor ou pesquisador. Já pelo lado paterno, também tenho a tradição de produtores rurais. Assim como meus pais, estudei na Universidade Federal de Viçosa, onde ingressei no Colégio de Aplicação (Coluni) e saí com o doutorado”, conta. Em 2001, muito impulsionado pela crise derivada do dumping (venda de produto a um preço inferior ao do mercado), João Cruz buscou unir o conhecimento acadêmico com a seleção genética na prática, começando pelo Gir

A atividade com o Guzerá complementa a que desenvolvo com Gir Leiteiro, em especial, para atender outros criadores que desejam” 36 O ZEBU


Leiteiro. A criação de Girolando veio naturalmente, mas o ponto alto de seu trabalho de melhoramento genético começou em 2012, quando voltou às suas raízes e passou a se dedicar ao Guzerá, bem como ao Guzolando, nova raça resultante do cruzamento de um zebuíno com holandês. Além do trabalho técnico, João Cruz foi presidente do Sindicato Rural de Miradouro e é funcionário de carreira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), desde 2007, onde chegou a ocupar o cargo de chefe da Assessoria de Gestão Estratégica, na época do então ministro Antônio Andrade. Desde janeiro de 2015, atua como secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas

Gerais, ajudando no desenvolvimento de uma agropecuária mineira competitiva e sustentável dentro do Brasil e também no exterior. Desde que surgiu, até os dias de hoje, a Fazenda Sumaúma tem como missão contribuir para o melhoramento genético do Gir Leiteiro, Girolando e, especialmente do Guzerá, para o incremento de uma pecuária leiteira rentável e, acima de tudo sustentável, facilitando o acesso dos produtores à genética mais adequada ao clima tropical. “Sempre admirei a beleza do Guzerá, a pelagem cinza cor do ‘céu em dia de chuva’ e a armação em forma de lira”, destaca João Cruz. Tal inspiração foi adquirida por meio do contato com a professora Vânia Penna, a quem o criador chama

carinhosamente de tia. “Filha científica” de José Rodolpho, por quem Vânia foi orientada, ela também é criadora, adoradora da raça e faz importantes estudos com o Guzerá. Genética de ponta O engenheiro agrônomo João Cruz Reis Filho iniciou a criação da raça Guzerá de uma maneira curiosa. “Estava em casa assistindo um leilão do Guzerá Ibituruna, de Paulo e Ariane Menicucci, quando vi uma oportunidade. Estavam sendo comercializados touros em teste de progênie para aptidão leiteira. Pela minha experiência com o Gir Leiteiro e sabedor das dificuldades de se inscrever um reprodutor nessa prova zootécnica de tão longo prazo, encontrei a oportunidade ideal para entrar na raça”, destaca. E foi neste momento que o criador adquiriu seus primeiros dois animais. O primeiro foi Maestro Ibituruna. Filho de Regente JF (Virtual da Teotônio) e Relíquia JF, é um touro de muita beleza racial. O segundo touro foi Alinhado TE Ibituruna e, ambos, são integrantes da 10ª Bateria do Teste de Progênie do Programa Nacional de Melhoramento do Guzerá para Leite. “Depois adquiri mais uma vaca e duas novilhas do Paulo e da Ariane, irmã e filhas do Maestro. Fiz uma parceria com Wemerson Coura, por meio da qual adquiri parte do touro

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O ZEBU Guzerá

Mas o cruzamento simples (F1) do Guzolando já é uma alternativa real muito interessante na produção de leite em nossas condições tropicais”

Dom FIV Boa Família e mais algumas bezerras e novilhas. Por fim, adquiri um time top de doadoras da Guzerá do Cipó, do colega de Ministério, Carlos Magno Chaves Brandão”, ressalta. Importante incentivador da raça Guzerá, o pecuarista João Cruz conta hoje com um plantel formado por 30 animais puros e outros exemplares de Guzolando, provenientes do cruzamento, mas tem grandes expectativas para o ano de 2016. “A atividade com o Guzerá complementa a que desenvolvo com Gir Leiteiro, em especial, para atender outros criadores que desejam, além da

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aptidão leiteira, ganhos com o desenvolvimento ponderal e de carcaça. Em 2016, espero que meus touros Alinhado e Maestro saiam muito bem provados no Teste de Progênie da Embrapa/CBMG. E pretendo investir na multiplicação por FIV das melhores doadoras de Guzerá”, planeja o engenheiro agrônomo. Guzerá e Guzolando Especialista em melhoramento genético, o engenheiro agrônomo João Cruz Reis Filho, enxerga no Guzerá uma raça rústica e altamente produtiva, capaz de contribuir significativamente para a pecuária brasileira, sobretudo

pelos resultados obtidos até hoje. “Entendo que o Guzerá pode se sobressair em sistemas de produção com menor utilização de insumos, ou seja, por meio da criação a pasto, em que a venda dos animais para produção de tourinho ou mesmo para corte, seja importante na composição da receita da atividade pecuária”, avalia. Para João Cruz, o Guzolando tem longo caminho a trilhar como raça. “Mas o cruzamento simples (F1) do Guzolando já é uma alternativa real muito interessante na produção de leite em nossas condições tropicais, em especial, pela sua rusticidade e capacidade produtiva”, completa o engenheiro agrônomo.


Um leilão começa na escolha do canal, negociação com a leiloeira, apartação dos animais e se estende pelos acasalamentos, escore corporal, toalete e muito capricho em todos os detalhes.

E para tudo ficar perfeito: JM Matos Produções Foto e vídeo.

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Guzolando

estreia no Concurso Leiteiro da ExpoZebu em 2016 Por Thassiana Macedo • Fotos: Jadir Bison

Pela primeira vez na história dos 82 anos da principal exposição pecuária brasileira, animais Guzolando participarão da ExpoZebu 2016. Resultante do cruzamento do Guzerá com o Holandês, o Guzolando terá animais no Concurso Leiteiro da ExpoZebu, promovido pela ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu). As inscrições estarão abertas, a partir do dia 1º de março, no site da associação, regidas pelo mesmo regulamento de avaliação das demais raças zebuínas. Para o presidente da Associação

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Quando um vendedor oferece um bom produto, fica mais fácil se ele for conhecido, então basta mostrar a marca” dos Criadores de Guzerá do Brasil (ABCG), Adriano Varela Galvão, o número de animais não deverá ser elevado, mas a qualidade será significativa. “Quando um vendedor oferece um bom produto, fica mais fácil se ele for conhecido, então basta mostrar

a marca. Se não for tão conhecido, basta falar de suas qualidades, com a tranquilidade de que o cliente, ainda assim, irá se surpreender. Quem já conhece o Guzolando, sabe que ele tem um papel importante para nossa pecuária, produzindo muito leite, com bezerros mais pesados, só precisamos agora apresentá-lo a outros criadores”, avalia o dirigente. É com essa ideia que criadores poderão conhecer o potencial produtivo do Guzolando, por meio de uma apresentação técnica programada para ocorrer na pista de julga-


mento, na manhã do dia 5 de maio, durante a exposição. Para isso, serão apresentados animais de diversos graus de sangue. Os criadores interessados em participar dessa mostra já podem fazer inscrição pelo site da ABCZ. Adriano Varela ressalta que esta será uma oportunidade ímpar para o Guzolando. “Como a ABCZ é a responsável pelo registro do Guzolando, então apresentar a raça na sua maior vitrine, ao lado das demais raças que ela também registra, é muito importante. Já há algum tempo, vários criadores de Guzerá vêm produzindo Guzolando. Pegar esse trabalho e colocá-lo na ExpoZebu, será fundamental para a consolidação do Guzolando e fortalecimento do Guzerá”, afirma. Registros crescem a cada ano O Guzolando, por ainda ser uma raça em formação, é registrado pela ABCZ na categoria CCG, - destinada a animais de cruzamento e é marcado por animais férteis, precoces e possuidores de significativa longevidade. Grande parte dessa última característica vem do úbere e da

capacidade de adaptação eficiente às variadas condições brasileiras, atributos que foram herdados do Guzerá. A aprovação do regulamento para formação do Guzolando ocorreu em 1989, mas a raça ganhou verdadeiro impulso apenas em 1998, quando a sede foi transferida para a ACGB, em Uberaba (MG) e, posteriormente, para a ABCZ. Adriano Varela informa que diversos criadores de Guzerá estão investindo no Guzolando e, atualmente, a ABCZ já soma mais

de 12.000 registros. “Faltava essa divulgação mais forte, para atrair mais pessoas a criar Guzolando e incentivar aqueles criadores, que já investem, a fortalecerem seus trabalhos. Acredito que a ExpoZebu vai ajudar muito nesse papel”, avalia. Os animais da raça Guzolando apresentam porte médio, temperamento vivo, mas dócil e pelagens variadas que resultam das combinações das duas raças de que eles se originam. As fêmeas têm elevada

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O ZEBU Guzerá aptidão leiteira e ostentam a forma tradicional de cunha, úbere bem inserido e desenvolvido. Os machos são musculosos, com altos índices de ganho em peso. A raça apresenta bom desempenho e grande aceitação pelo Brasil. Hoje, os números já demonstram os bons resultados. As vacas Guzolando, criadas exclusivamente a pasto, produzem mais de 10 kg de leite ao dia e, em confinamento, podem chegar a 40 kg. Tudo isso com custos 50% menores do que os da raça holandesa. Isso ocorre porque a raça Guzerá cede a sua rusticidade, o que se reflete em uma melhor adaptação ao clima tropical e no maior aproveitamento das pastagens grosseiras. As fêmeas Guzolando produzem por 14 anos ou mais. Já as vacas holandesas

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atingem no máximo três lactações. O produto é considerado de qualidade, por seu alto percentual de sólidos totais e kappa-caseína (proteína do leite). Entre as vantagens do Guzolando estão: as vendas de bezerros

bastante valorizados no mercado; o menor custo de produção, em função da rusticidade; pequeno intervalo de partos, já a partir do primeiro ano, e maior resistência a parasitas, heranças do gado Guzerá.


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Gir

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Condições do tempo favorecem a

produção de leite Por Marcos La Falce/ Embrapa Gado de Leite

O produtor de leite tem encontrado condições de tempo bem melhores para a atividade nestes últimos meses. A observação é do pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Samuel Oliveira. Ao monitorar os dados meteorológicos coletados no final de 2015 e em janeiro desse ano, verificaram-se condições mais favoráveis à pecuária de leite relativa à temperatura e a precipitação. De fevereiro de 2015 até os dias atuais, o acumulado de chuva na bacia leiteira de Juiz de Fora (MG) já soma 1.500 milímetros, próximo à média normal. A temperatura bem mais amena, comparada à do verão passado também contribui para uma melhor situação. Na região de Juiz de Fora, a 44 O ZEBU

Tudo indica que não teremos, no decorrer deste ano, os problemas climáticos severos registrados nos dois últimos anos” temperatura média em janeiro foi três graus a menos. Em Goiânia, a queda foi de dois graus. “Tudo indica que não teremos, no decorrer deste ano, os problemas climáticos severos registrados nos dois últimos anos”, aposta. Outras importantes regiões produtoras de leite apontam para mesma situação, como Araxá (MG), Poços de

Caldas (MG), Foz do Iguaçu (PR), Chapecó (SC) e Passo Fundo (RS), entre outras. Os dados levantados em 12 meses até agosto de 2015 em Juiz de Fora, por exemplo, mostraram um índice bem abaixo, 900 milímetros de chuva acumulada. “Este é o padrão do Norte de Minas Gerais e de algumas áreas do Nordeste brasileiro, onde as chuvas são bem mais escassas”, compara. O pesquisador destaca que, nos últimos três meses, verifica-se exatamente o contrário: estabilização do regime de chuvas. “No Sul continua chovendo acima da média, mas em quantidade mais próxima da normalidade”, comenta. Com a regularização das precipitações no final de janeiro e


em fevereiro nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, houve redução do potencial de perda da produção leiteira por má formação de pastagens. De acordo com Oliveira, a irregularidade climática observada nos últimos dois anos, com temperaturas muito elevadas e incidência de chuvas bem abaixo do normal em bacias leiteiras, como Minas Gerais e Goiás, pode não se repetir este ano. Algumas regiões registraram até cinco graus acima da média em outubro do ano passado. Em Goiânia, por exemplo, a temperatura média em outubro de 2015 foi de 29,5 graus, “índice dos meses mais quentes nos municípios mais quentes do Norte e Nordeste do Brasil”, analisa. Tal situação provocou sensível queda na produção de leite nessas regiões. “Não há um índice exato das perdas registradas no período. Para isso, seria necessário consolidar os registros das fazendas, mas contatos com produtores apontam para reduções de 20% a 30% na produção nos dias mais quentes”, informa. Segundo o pesquisador, a queda se deu muito mais em função do stress térmico do que problemas nas pastagens relativos à seca, pois hoje o uso da suplementação alimentar é cada vez mais crescente. “A pecuária de leite hoje não é mais tão dependente da pastagem, embora a influência seja ainda bem forte”, ressalta. Por outro lado, o rebanho brasileiro tem representativo grau de sangue europeu em sua formação genética, sendo alguns rebanhos totalmente holandeses mesmo. Portanto, muito mais sensíveis às altas temperaturas. El Niño x La Niña – Samuel Oli-

veira revela que os estudos dos órgãos ligados à previsão do tempo indicam perspectiva de temperaturas mais amenas e regime de chuvas mais próximo da normalidade no Sudeste e Centro-Oeste, já neste ano. Não será surpresa inverno com geadas do Sul brasileiro até Minas Gerais. “A notícia, de certa forma, é benéfica para a produção de leite, pois o problema de conforto técnico será menor, além de maior regularidade de chuvas”, avalia. O produtor deve se atentar, no entanto, ao planejar as culturas para a safrinha de inverno, que podem ser danificadas com as baixas temperaturas, principalmente no Sul do Brasil. “Mas nada além do que normalmente acontece quando temos um inverno um pouco mais rigoroso”, tranquiliza. O pesquisador reforça que, nos últimos anos o clima do mundo esteve sob a influência do El Niño, fenômeno caracterizado pelo aquecimento anormal as águas do Oceano Pacífico na região do Equador. Como o Pacífico representa a maior massa oceânica do planeta, exerce influência no clima de todas as regiões do mundo, provocando altas temperaturas e menor regime de chuvas para

Renata Kelly da Silva

algumas localidades e maior para outras. “Trata-se de um fenômeno cíclico e não há como prever quando voltará. No ano de 1997, foram registradas situações semelhantes às de 2015 sob influência do El Niño”, frisou. Oliveira também revela que há a possibilidade de se iniciar um período de influência da La Niña, a partir do segundo semestre deste ano. Este é o fenômeno exatamente oposto ao El Niño e é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Pacífico na região equatorial “Historicamente, observa-se que El Niño muito forte, como o atual, é sucedido pelo fenômeno La Niña”, conclui.

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Raça Girolando comemora 20 anos de oficialização pelo Mapa batendo recorde histórico de registros genealógicos Por Larissa Vieira • Fotos: Divulgação

A produção de leite no Brasil teve um salto significativo nos últimos 20 anos, elevando em quase 115% nesse período. Esse crescimento do setor foi, em grande parte, influenciado pelo avanço genético dos rebanhos, especialmente da raça Girolando, que é responsável por 80% de toda a produção

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nacional. Segundo dados dos IBGE, em 1995, a produção de leite era de 16,47 bilhões de litros de leite. Nos anos seguintes, o volume produzido teve saltos relevantes, chegando aos atuais 35,6 bilhões. Os investimentos por parte dos produtores rurais em ferramentas de sele-

ção para detectar os animais de maior produção contribuíram para esse salto na produção, aliados à melhoria da qualidade das pastagens e da nutrição. Dados da Embrapa Gado de Leite apontam que a produção de leite das vacas Girolando dobrou nos últimos 13 anos. “Na maioria das regiões do Brasil e, para


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O ZEBU Gir a maioria dos fazendeiros/produtores, precisamos de animais que aguentem o sol, pisar em pedras e subir morro e produzam leite nessas condições. Essa raça é a Girolando. Tenho a prova disso na Fazenda RBC onde, 186 vacas em lactação, têm média de produção de 20,7 litros em 150 dias de lactação. Na pesagem do dia 22 de janeiro, a média chegou a 22 litros/vaca. A evolução das médias de lactação é um indicador incontestável do sucesso da evolução da raça”, diz o criador de Girolando Roberto Antônio Pinto de Melo Carvalho, que seleciona a raça na Fazenda RBC, em Cássia (MG). Outro fator importante para a melhoria genética foi o crescimento dos rebanhos registrados, já que o registro genealógico do animal é considerado o primeiro passo do melhoramento genético do rebanho. O banco de dados da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, entidade responsável pelo registro da raça, conta com 1.527.544, somados os registros efetuados entre 1989 e 2015. No ano passado, a entidade bateu o recorde histórico de registros referentes aos rebanhos da categoria Livro Fechado (genealogia conhecida). A quantidade de registros definitivos (RGD) teve elevação de 26,13% e a

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de registros de nascimento (RGN) de 19,14% em comparação a 2014, sendo 20.346 RGDs e 40.317 RGNs. No total, os registros efetuados pela entidade (que incluem também os animais de genealogia desconhecida- GD e os Rebanhos de Fundação-RF) chegaram a 101.177. Embora esteja comemorando 20 anos de oficialização como raça leiteira, relatos históricos apontam a década de 40 como período de surgimento dos primeiros animais, fruto do cruzamen-

to entre as raças Gir Leiteiro e Holandesa. Para José Renes, que trabalha na entidade desde o início da formação da raça, ferramentas como o Controle Leiteiro e o Teste de Progênie permitiram a formação de um banco de dados zootécnicos confiável, que vem sendo utilizado para gerar avaliações genéticas de diversas características produtivas e reprodutivas da raça. “A expectativa é de que, com o avanço da seleção genômica, essa evolução da raça seja ainda mais acelerada”, garante José Renes.


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Brahman

Fazenda do Arrojo

Resultado de Sucesso O ZEBU B


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Projeto Arrojo aposta em cruzamento e resultados comprovam o sucesso Por Sabrina Alves • Fotos: JM MATOS

Um projeto ousado que mistura o melhor da genética Brahman associada à genética encontrada em outras raças zebuínas, como o Nelore, vem transformando a Fazenda do Arrojo em uma das principais referências de cruzamentos dentro da pecuária nacional. O projeto inovador teve início em Esmeraldas, na região central de Minas Gerais, em 2009. Mais tarde, em meados de 2011, o projeto que leva o nome da fazenda, passou para a se concentrar em Teófilo Otoni (MG) onde, hoje, é realizado todo o trabalho de cruzamento desenvolvido. O plantel pertencente ao engenheiro Metalúrgico Olídio Carlos Blanc Gomes, conta com a coordenação do experiente zootecnista João Eduardo 50 O ZEBU

Decidimos parar com as pistas, dando início a uma proposta de vendas destinada ao criador que ainda não conhecia o Brahman” Cervoni, que exerce a função de diretor agropecuário da Arrojo. Olídio é filho de pecuarista e, ao lado de João Cervoni, está comprovando as qualidades e virtudes que a raça Brahman tem. Depois de um planejamento e um alto investimento em cima de animais de elite, foi concentrada, em um único

local, a melhor genética agregada a um alto valor de comercialização e qualidade superiores aos já encontrados até então. Tudo na tentativa de apresentar algo inovador. Porém, mesmo com resultados muito positivos, a análise do trabalho que estava sendo desenvolvido não foi satisfatória para a realidade que os coordenadores queriam. “Chegamos à conclusão de que o mercado voltado para o gado de elite é muito restrito, com uma demanda baixa. Por conta do volume de produção que estávamos tendo não seria rentável continuar com o trabalho e as contas, no final, não fechavam”, diz o zootecnista. Com um olhar visionário, que conseguiu enxergar além do que era proposto naquele momento, foi possível


mesmas proporções que enfrentará no seu dia a dia. “Animais a pasto precisam de suplementações estratégicas, sem exagero de ‘super-tratos’, como o de costume que é oferecido ao gado de elite. Tudo isso foi extinto e, com essa nova proposta, teve um resultado quase que imediato. Essa resposta só foi possível porque o mercado é bom e grande. Temos hoje cerca de 212 milhões de cabeças de gado em todo o país e, estima-se a existência de mais de 51 milhões de vacas parideiras, em todo o território brasileiro. O campo é muito grande e o cruzamento com o Brahman com outras raças zebuínas ou não, vem apresentando números muito positivos”, completa o diretor.

desenvolver um novo projeto, em um curto espaço de tempo. Dessa vez, focado num trabalho de qualidade e genética superior feitos a campo. “A partir de 2013, tomamos um novo rumo com novas metas, através de um trabalho feito a pasto, com programas de Melhoramento Genético e de provas de ganho em peso. Decidimos parar com as pistas, dando início a uma proposta de vendas destinada ao criador que ainda não conhecia o Brahman. A partir de então, focamos nesse trabalho e partimos do princípio de um animal com um bom desempenho e criado a campo”, explica Cervoni. Ele garante que, para um bom rendimento no campo, é necessário repassar ao cliente um animal que resista às

Cruzamentos A proposta de aumentar os plantéis nacionais com a ajuda de cruzamentos feitos a partir de animais da raça Brahman resultou no Projeto Arrojo. João explica que esse trabalho que vem sendo feito, comprova o rendimento dos animais que tiveram essa base. “Conseguimos somar mais do que uma arroba já na desmama, por isso, garantimos que a melhor resposta é o cruzamento e isso

está mais do que comprovado. Desde 2013, passamos a ter respostas financeiras e optamos pelo aumento do plantel e, junto com isso, veio o Projeto de Corte, que é a venda do ½ Sangue Brahman com Vaca Zebu, que acabou somando. Além de oferecer esse produto ao pecuarista conseguimos mostrar o que, de fato, ele irá produzir e, dessa forma, esses números só aumentaram”, explica o zootecnista.

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Leilões Sempre no mês de setembro acontece o Leilão Brahman Arrojo e convidados. Desde 2013 o evento passou a contar com animais de elite e oriundos de cruzamentos (meio sangue). De acordo com João Cervoni, o evento atingiu liquidez total com a venda de animais PO e produtos oriundos do cruzamento com Brahman em vacas Neloradas para corte e Holandês, direcionadas à produção de leite a pasto. “Passamos a adotar esses animais no leilão que é realizado durante a Exposição de Teófilo Otoni. O Leilão Brahman Arrojo é o primeiro evento da feira e comporta mais de mil animais destinados ao corte e mais os PO. Desde então, o evento só vem crescendo e, em 2015, atingimos um crescimento de 32%. Ou seja, a resposta está sendo boa e é seguindo essa política que vamos trabalhando”, reforça o diretor agropecuário da fazenda. Além do cruzamento do Brahman com vacas Nelore, João destaca os cruzamentos com Holandês. Segundo ele, a produção de leite desses animais, que são criados exclusivamente a pasto, resultou em um produto mais rústico que comporta uma oscilação de preço. Segundo ele, é possível trabalhar com uma menor produção mesmo com

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uma variação econômica. “Passamos a trabalhar com apenas 30 animais no mercado. Logo no segundo ano passamos para 60 e, este ano, já temos uma certeza de atingir 120 exemplares com uma liquidez imediata, não conseguindo reter o estoque desses animais. O trabalho que resultou nesses produtos é muito interessante. É o mercado que busca e não há um cliente mais exigente do que o próprio mercado, altamente seletivo. São produtos realmente de muita qualidade. Para ter uma ideia, durante o leilão de 2014 houve um faturamento final 20% maior do que o leilão de 2013. Esse número passou para 32% em 2015 e o

crescimento será eminente. Sempre trabalhamos com uma liquidez total e nunca com valores pré-fixados”, completa. Atualmente, o Brahman Arrojo comporta um plantel de 1.500 animais numa área de 1.320 hectares de pasto. A proposta é chegar a três mil animais em um curto espaço de tempo, como explica o zootecnista. Segundo ele, o que contou para a prospecção de animais da raça Brahman foi: a docilidade, a precocidade, o rendimento, o volume de carcaça, a habilidade materna e a referência mundial, que tornam os animais tão rentáveis. Além dos animais, o Brahman Arrojo disponibiliza ainda ao mercado matrizes e touros provados, embriões, sêmen e aspirações. A Fertilização In Vitro (FIV), Inseminação Artificial (IA), Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e Transferência de Embriões (TE), são ferramentas utilizadas para potencializar o melhoramento genético do plantel. A biotecnologia, associada ao Programa de Melhoramento Genético (PMGZ) da ABCZ, às provas de ganho em peso a pasto (PGP) e às avaliações criteriosas, são feitas pelos profissionais responsáveis, garantindo a melhoria contínua da qualidade dos animais.


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Novo método para quantificar o temperamento bovino Fotos: Divulgação

Muitos criadores não sabem, mas o temperamento animal é herdável. Estudos realizados para estimar a herdabilidade do temperamento encontraram valores de moderado a alto variando de 0,26 a 0,67, logo, animais de temperamento dócil produzirão, em média, filhos de temperamento também dócil. Em razão deste fato, a comunidade científica propõe a inclusão desta característica nos programas de melhoramento genético. Definido com a expressão do comportamento de medo, em resposta às ações realizadas pelo homem durante as atividades de manejo efetuadas no dia a dia com os animais, o temperamento afeta negativamente as características produtivas (ganho de peso, produção de leite e etc.) reprodutivas (taxa de prenhez, produção de espermatozoides e óvulos viáveis e etc.), de adaptabilidade (resistência a carrapatos, verminoses e etc.), de maciez da carne, além de colocar em risco a saúde dos peões, aumentar os custos de manutenção das benfeitorias e diminuir a qualidade do couro. Isso provoca grandes perdas econômicas. A afirmação é da Zootecnista Walsiara Estanislau Maffei, doutora pela Escola de Veterinária da Universidade 56 O ZEBU

Federal de Minas Gerais (UFMG) que, desenvolveu um novo método para identificar e selecionar animais com temperamento desejável, o teste de reatividade animal em ambiente de contenção móvel - REATEST®. Rebanhos mais dóceis, de melhor manejo, com maior velocidade para ganhar peso, com carne mais macia, com maior produção de leite e se for acompanhado de altos índices reprodutivos, melhor ainda. Isso é tudo que criadores e pesquisadores querem. E foi por isso que a pesquisadora Walsiara Maffei criou o aparelho eletrônico utilizado no REATEST® (Foto 02). A invenção deste aparelho eletrônico resultou no título de mestre para a zootecnista. Temperamento quantificado O dispositivo eletrônico, quando acoplado a uma balança ou brete com balança móvel, mede as oscilações de movimento do animal e quantifica essa movimentação em tempo e frequência. Explica Walsiara Maffei que, “quando o animal entra na balança e a porteira é fechada, o dispositivo capta a movimentação do indivíduo sendo processada pelo software instalado no notebook que é capaz, então, de determinar o temperamento dos animais em diferentes

níveis de reatividade. Quanto maior a movimentação, maior será a reatividade, e mais agressivo é o temperamento do animal”. Walsiara Maffei afirma que o dispositivo eletrônico quantifica o temperamento de modo mais preciso por ser muito sensível a qualquer tipo de movimentação, e é muito mais eficiente, pois além de quantificar e armazenar a reatividade do animal permite também armazenar outras informações relevantes do sistema de produção, como: peso; sexo; perímetro escrotal; e manejo. “O REATEST® facilitará a coleta dos dados que são coletados numa mesma ação de manejo, pois permite importar os dados via Internet para os programas de melhoramento genético (Programa de Melhoramento Genético

Pesquisadora Walsiara Estanislau Maffei que criou o aparelho utilizado para quantificar o temperamento bovino


Janela software utilizado no teste de reatividade animal em ambiente de contenção móvel para determinar a reatividade animal

da Raça Nelore, Brahman e Guzerá – USP, Programa de Melhoramento genético da ABCZ, ou qualquer outro programa), facilitando assim, o envio das informações, uma vez que elimina a necessidade de digitar as informações coletadas no campo. Além do mais, a elaboração do software pode ser personalizada para cada criador conforme a necessidade”. O aparelho foi desenvolvido em parceria com o departamento de Engenharia Mecânica da UFMG e está patenteado pela UFMG, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Sabe-se que os pecuaristas precisam adotar tecnologias que possibilitem melhorar o temperamento do seu rebanho, além de treinar seus funcionários para melhor forma de manejá-los. Um dos dados que chamam a atenção, por exemplo, é o fato de que 85% do couro produzido no Brasil apresenta defeito. Deste montante, 60% ocorre dentro das propriedades rurais e, os 40% restantes, devem-se a danos no percurso entre a propriedade e o curtume. Vários são os trabalhos ilustrando o efeito do temperamento sobre as diversas etapas do sistema de produção, mas infelizmente a grande maioria dos trabalhos foi realizada fora do Brasil e com raças europeias. Por este motivo, Walsiara Maffei alega que nós não temos o real conhecimento do efeito do temperamento sobre as diversas etapas do sistema de produção brasileiro, já que nem o sistema de produção e nem as raças são as mesmas. Acredita-se que este impacto é bem maior no Brasil, pelo fato de serem

as raças zebuínas muito mais agressivas, de pior temperamento do que as raças europeias. De acordo com a tese de Walsiara Maffei, alguns pesquisadores encontraram em inspeções abrangentes de bovinos provenientes de propriedades extensivas do Noroeste e Oeste da Austrália, uma maior proporção de contusões no abate em grupos de bovinos com temperamento agressivo do que em grupos de bovinos com temperamento dócil. Os pesquisadores comprovaram a existência de uma relação entre contusões e escores de temperamento (escala de escore variando de 1 a 6; 1- temperamento muito dócil a 6- temperamento muito agressivo), na medida em que o escore aumentava o número de contusões também aumentava, os pesquisadores calcularam perdas de até 38 kg de peso morto em animais de temperamento agressivo. A tese da pesquisadora também ilustra que, animais confinados com temperamentos mais agressivos ganham menos peso (no máximo 0.87 kg/dia) do que animais com

temperamento dócil (ganham peso superior ou igual a 0.93 kg/dia). E ainda que, vacas com temperamento agressivo produzem menos leite do que vacas com temperamento dócil. Esta diferença é de cerca de 10%. Teste de reatividade animal em ambiente de contenção móvel - REATEST® Orientada pelo pesquisador e doutor José Aurélio Garcia Bergmann, Walsiara Maffei desenvolveu a primeira versão do aparelho, em 2003, tendo em vista as limitações dos testes utilizados, até então, para quantificar o temperamento de animais zebuínos e foi criado para gerar uma característica que fosse objetiva, de rápida quantificação, de precisão, de fácil manuseio e, também, seguro para avaliador, surgindo assim, reatividade animal. O aparelho eletrônico permite a identificação do temperamento animal numa escala que varia de 1 a 9.999 pontos de reatividade. Essa classificação mais focalizada permite que aos criadores identifiquem com maior precisão os futuros animais reprodutores, além de ter com grande aplicabilidade, pois pode ser utilizado para outras espécies domésticas (ovinos, caprino, suínos e etc.), e grande aceitabilidade, pois é realizado no momento da pesagem dos animais (Foto 04), com duração de 20 segundos, respeitando as atividades de manejo da propriedade rural. Como utilizar o REATEST® O REATEST® é realizado por uma empresa privada, a WAIRAM, e para maiores informações favor enviar um e-mail para: walsiara@wairam.com ou gustavo@wairam.com. Ou pelos telefones: 73-998259676 e 34-99175-0006.

Dispositivo eletrônico utilizado no teste de reatividade animal em ambiente de contenção móvel

O ZEBU B


O ZEBU Brahman

Uma nova era para o

Brahman Por Sabrina Alves • Fotos: Carlos Lopes

O ano de 2016 começou mais cedo para a Associação dos Criadores de Brahman do Brasil. Em dezembro do ano passado, Adalberto Cardoso foi escolhido, em chapa única, o mais novo presidente da ACBB, assumindo a cadeira deixada por Alexandre Coccapieller. Segundo Adalberto, os desafios que serão encarados, com certeza, transformarão a associação trazendo benefícios não só para a raça, mas os criadores como um todo. Ao lado de Carlos Jardim Borges (vice-presidente) e Charles Maia (secretário), a nova gestão conta ainda com o Conselho Fiscal formado pelos criadores Marco Antônio Parreiras Carvalho, proprietário do Sítio Felicidade; Daniel Teixeira Dias, do Rancho Brahman e Fábio José de Faria Camargos, Brahman do Lago. 58 O ZEBU

A atual gestão terá também o apoio de Gabriel Prata Rezende, como diretor Tesoureiro; Aldo Valente como diretor de Marketing e Naiana Moreno Schroden, como diretora Secretária. Adalberto faz questão de reforçar o novo Conselho Técnico que, segundo ele, terá uma importante atuação no novo momento que a associação vivenciará a partir deste ano. Para os cargos foram nomeados Fernando Meirelles, João Eduardo Cervoni e Luiz Alfredo Garcia Deragon. Segundo Aldaberto, o ano de 2016 será de importantes e necessárias mudanças e, é com esse pensamento e idealismo, que espera retomar a raça como uma das principais da pecuária nacional. “Temos primeiro que pensar como uma equipe. O Adalberto sozinho não

A raça está presente em 70 países e precisa voltar ao que realmente representa aqui no Brasil. Não acreditamos que em um país onde a pecuária tem uma força total, o Brahman não tenha o seu espaço” conseguirá fazer nada e o que precisamos é trabalhar duro para trazer esses criadores que, por algum motivo, saíram da associação. Infelizmente, vivenciamos


um árduo período de desassociação, em função das dificuldades de se manter uma raça pura com preços que se acomodaram dentro de patamares comerciais, e isso desincentivou alguns desses pecuaristas. Alguns entraram pensando apenas na parte boa, mas não em projetos futuros, a longo prazo, para poder colher os frutos depois”, diz o atual presidente. “A raça está presente em 70 países e precisa voltar ao que realmente representa aqui no Brasil. Não acreditamos que em um país onde a pecuária tem uma força total, o Brahman não tenha o seu espaço garantido. E nós acreditamos nessa força”, completa. Os números apresentados pela ABCZ comprovam que a raça Brahman ainda se mantém forte a nível nacional o que, para a nova diretoria, demonstra que a raça está presente e que irá vencer essa fase. “Precisamos agora encontrar caminhos para aglomerar esses criadores em torno de um projeto rentável. Um trabalho que imaginamos e que temos condições de fazer. Atualmente, temos conselheiros que são pessoas maduras, com muita experiência dentro da pecuária. São empresários que, na sua maioria, tiveram sucesso na sua trajetória e isso, para nós, é um somativo. É uma questão de alinhar um bom planejamento que atenda a todos e aos interesses da associação. Não vamos pensar apenas em interesses particulares, ou mesmo individualistas, isso será eliminado dessa realidade”, conta.

Desafios Com 90% de todo o planejamento já discutido, o presidente disse que as primeiras prioridades já foram discutidas e colocas à mesa. “Já fizemos a nossa primeira reunião em Belo Horizonte e a segunda, aconteceu no início de fevereiro. Conseguimos definir os primeiros projetos do ano e agora é só uma questão de adequação para o crescimento do Brahman como uma raça firme”, comenta. Entre as prioridades está o fortalecimento da base. De acordo com Adalberto, antigamente havia uma base “invertida” o que acabou desmotivando a grande maioria dos criadores, que ainda acreditavam na raça como uma forte potência dentro da pecuária de corte nacional. “Precisamos difundir e encontrar caminhos para isso. Sei que é difícil, ainda mais pela realidade vivida. Tenho alguns clientes que compram animais, tanto fêmeas quanto machos, e que exigem o registro. Entretanto, por dificuldades acabam não registrando suas progênies por um motivo simples: a dificuldade encontrada. Por isso, o pecuarista acaba sendo muito comodista e é preciso ajudá-los, principalmente quando falamos dos pequenos criadores, que encontram mais dificuldade para isso. Vamos tentar, junto à ABCZ, desenvolver um projeto voltado para esse grupo, algo sem muita burocracia”.

Propagação Para a nova gestão é preciso focar na intensa divulgação e propagação da raça e isso será possível com um amplo trabalho comercial do Brahman. “Essa saída representa um percentual muito alto e, para isso, teremos que nos reinventar para manter o pequeno produtor também dentro da base do Brahman. Queremos todos os criadores dentro dessa etapa e é em cima disso que vamos trabalhar. Estamos com algumas projeções e, hoje, temos ferramentas eficientes para a divulgação e comercialização mais barata do que, por exemplo, os leilões, que não são acessíveis a todos”, diz.

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O ZEBU Brahman “Uma das nossas aliadas será a internet. Muitos ainda não tem afinidade com essa tecnologia, mas é preciso enxergar as inúmeras vantagens que ela pode nos trazer dentro do processo de comercialização do gado. É possível, através de uma vitrine virtual, comprar e vender animais de qualidade e, isso tudo, a um custo mais baixo. Isso facilitará para todos os criadores desde os pequenos, médios e até os grandes, que precisam reduzir gastos. Criar não é difícil, o problema é eventualmente selecionar e comercializar esses animais”, frisa. A nova gestão pretende, o quanto antes, priorizar as associações estaduais e regionais, que já foi uma realidade da ACBB. “Vamos resgatar e reativar as nossas associações e, com isso, vamos promover Dias de Campo nessas sedes. Esse não será um evento voltado para os criadores em atividades, mas sim para os novos conhecerem os benefícios de se criar o Brahman. A intenção é oferecer mão de obra qualificada para que o criador tenha um custo baixo para participar dessas atividades, assim, sendo possível criar um padrão para a promoção desses eventos, que terá o sentido de mostrar as vantagens da raça. Para isso teremos um Conselho Técnico mais participativo, que irá trabalhar com metas estabelecidas”, diz.

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2016 No projeto pré-estabelecido, a ACBB já antecipou dois grandes momentos para a raça durante o ano. O primeiro será a participação durante a ExpoZebu. De acordo com o presidente, esse será o momento para o pontapé inicial desses projetos. “Vamos trazer excelentes animais, mas ainda não temos números. O que temos certeza é que não queremos números de animais, mas sim um número considerável de criadores presentes. Esse ano, estamos focados nos criadores. A ExpoZebu será a base para a apresentação de todos os dados que estão sendo levantados sobre a raça e, assim, poderemos medir a situação

que vem sendo enfrentada. Para a ExpoBrahman, já se pode esperar muito. Pretendemos ter uma feira diferenciada tanto em número de criadores como em quantidade de animais. Pretendemos fazer uma exposição com qualidade aliada a números e, por isso, quem participar contará com um espaço para a comercialização, sem se limitar apenas aos leilões promovidos nessas oportunidades. É preciso reinventar. Se você está dentro do mercado é movido a desafios. A venda de um produto é sempre um desafio e esse é o nosso: vender Brahman. A nossa obrigação é agregar aos criadores e isso só dependerá de um intenso e forte trabalho em equipe”, pontua.


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Parque das Vacas

Foto: JM Matos

Tabapuã

Unindo amor e ciência O ZEBU B


O ZEBU Tabapuã

Parque das Vacas Unindo amor e ciência no berço do Tabapuã

Fruto de cruzamentos entre o gado mocho nacional e animais de origem indiana, o Tabapuã assumiu as características que perduram até hoje a partir da década de 1940, no município de Tabapuã (SP), mas sua história começa em 1907 na região de Leopoldo de Bulhões, no estado de Goiás. E é no interior do estado, berço da raça, que um casal de médicos desenvolve há 18 anos o projeto Parque das Vacas Tabapuã. Atraídos pela beleza do Tabapuã, Wagner Miranda e Ana Maria Passani Ferreira Miranda, criam o melhor Tabapuã com o objetivo de difundir a raça pelo Brasil e, também, mundo a fora, democratizando o acesso dos criadores aos animais melhorados. Wagner conta que a ideia de criar bovinos em um verdadeiro parque surgiu há quase duas décadas, com objetivo de reprodução, e não animais de para abate ou terminação. “Deveriam ser animais que sobrevivessem sem cuidados de manejo excessivos, por isso escolhemos zebuínos, mas por absoluto acaso, ao encomendar um livro sobre o Zebu, com a ideia inicial de conhecer o Nelore, recebemos um exemplar sobre o Tabapuã, daí o nome Parque das Vacas Tabapuã”, afirma o criador. Foi paixão à primeira vista. Hoje, a criação de Tabapuã é feita na Fazenda Parque das Vacas, no município de Paraúna, também na Fazenda Parque 2, na cidade de Caturaí, e ainda na ExpoParque, em Inhumas, todas localizadas em Goiás. Seguindo à risca a acepção da palavra “parque”, o projeto desenvolvido pela família Miranda é bastante arborizado, cuja preocupação com a sustentabilidade, aliada à rentabilidade, sempre esteve

Deveriam ser animais que sobrevivessem sem cuidados de manejo excessivos, por isso, escolhemos zebuínos” 62 O ZEBU


presente no trabalho idealizado no interior brasileiro. “Passamos a produzir Mogno africano, reduzindo a área e forçando uma seleção mais apurada em nosso plantel”, reforça Ana Maria Miranda. O Parque das Vacas Tabapuã já chegou a criar mil animais, mas hoje, o rebanho é formado por 600 touros e matrizes com a melhor genética melhoradora da raça, os quais são acompanhados pelo Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ), desenvolvido pela ABCZ. A docilidade é uma das características mais apreciadas pelos criadores. Sem chifres, a raça é mansa e, por isso, não se estressa e nem perde peso durante vacinações, pesagens e transporte. Como lida melhor com alimentação no cocho, o Tabapuã aceita com facilidade a criação em confinamento. Todas essas características, unidas à rusticidade e à resistência, fazem da raça aquela ideal para o pecuarista que quer ter menos trabalho e mais resultados. Por ser o primeiro novo zebuíno a ser formado no mundo, depois do Brahman e do Indubrasil, a surgir a partir de um planejamento específico, o Tabapuã é considerado a maior conquista da zootecnia brasileira dos últimos cem anos. E o Parque das Vacas pode comprovar toda essa riqueza de qualidades do Tabapuã ao obter animais de verdadeiro destaque racial. “Um dos primeiros foi a Lindinha, animal

de caracterização e beleza racial impecáveis e de personalidade incomum, pois sempre se apresentava à frente do rebanho e o conduzia com verdadeira maestria, o que causava admiração em todos que a viam. Outro destaque foi o touro 1010, com venda inicial no primeiro leilão de Tabapuã, realizado além das fronteiras de Minas Gerais e São Paulo. Ele foi comercializado no Leilão das 3 Fazendas, realizado em 2000, juntamente com Sinésio Moreira e Goiás Celso, nossos convidados e companheiros dos primeiros passos e de todas as horas”, ressalta Wagner. Para esclarecer a importância que o animal, e o próprio projeto Parque das

Vacas, já tinha para a família, Ana Maria acrescenta que os filhos Pedro e João, então com 8 e 7 anos de idade, respectivamente, choraram exaustivamente durante a fenomenal venda do touro 1010. “Então questionamos a eles se choravam para ele não ser vendido. E o Pedro respondeu com firmeza, entre soluços e lágrimas: ‘é sim pra vender, pai! boi é pra vender! é pra melhorar outros rebanhos’, disse. Anos depois, o Pedro já graduado em Medicina, comprou e pagou com o próprio ganho seu primeiro carro. Na concessionária, ele veio nos mostrar a placa 1010, em homenagem ao animal. Estas passagens nos emocionam e nos deixam definitivamente convencidos de que a opção pela raça Tabapuã foi certa. Depois, ainda tivemos muitos outros excelentes animais, como Escarlate do Parque, primeiro CEP Platina da raça; Janga, que ganhou sete títulos de Grande Campeã; e Lavrado, excepcional raçador”, conta a criadora. Atualmente, o Parque das Vacas Tabapuã atende inúmeros clientes com produção de sêmen, embriões, reprodutores e doadoras de genética melhoradora, que resultou em parceiros fiéis e satisfeitos, como é o caso de Antônio Alves Ferreira, que cria a raça em Mundo Novo, Goiás. “Há mais de 15 anos, venho usando touros Tabapuã adquiridos da Fazenda Parque das Vacas, O ZEBU B


O ZEBU Tabapuã

de propriedade de Wagner Miranda em Paraúna e, também, no show room em Inhumas. Foram várias as razões que me levaram a trocar os touros da raça Nelore pelo Tabapuã, dentre as quais posso enumerar a maior aptidão materna das matrizes, maior rendimento de carcaça dos animais levados ao abate, além da maior docilidade dos animais. Com isso, na desmama os animais têm sempre peso superior aos das outras raças, anteriormente usadas em minhas propriedades. Quando faço opção pela venda da desmama, tenho clientes cativos, que sempre pagam um pouco mais, levando em consideração a qualidade dos animais. Além de tudo, Wagner Miranda sempre foi muito criterioso na seleção dos animais, bem como justo e transparente nas negociações”, avalia. Em decorrência do desenvolvimento genético, os criatórios vem se disseminando em larga escala para outros estados e já extrapola as fronteiras brasileiras. “A comercialização do material genético já ocorre em outros países da África e das Américas do Sul e Central”, informa Wagner Miranda. Para ele, a expectativa para 2016 é manter o ritmo de trabalho em pesquisa e melhoramento genético, produção de embriões, da realização dos Dias de Campo mensais, aos sábados, na Expo Parque, e comercializar 365 reprodutores, além de 64 O ZEBU

embriões e matrizes. “E manter a mesma tecnologia utilizada para o desenvolvimento do plantel, como coleta de sêmen e inseminação artificial, TE, FIV e clonagem. Por falar em clonagem, temos a primeira filha ao pé de clone da raça, um presente dos amigos Giorgio e Fátima Arnaldi, da Fazenda Buona Sorte, os primeiros a produzir clone do Tabapuã”, ressalta o criador. Cruzamento Tabanel é nova aposta do projeto Outro projeto do Parque das Vacas é o cruzamento entre as raças Tabapuã e Nelore. Após anos de pesquisa, o planejamento culminou na publicação de um artigo científico, a homologação do Tabanel pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o registro de novo tipo racial pela Associação Brasileira de Criado-

res de Zebu (ABCZ), no ano de 2003. De lá para cá, o Tabanel do Parque das Vacas, iniciado em Goiânia (GO), já chegou à terceira geração. “Para nós, pesquisadores do cruzamento inédito em metodologia científica, a resposta tem sido muito positiva, pois produziu animais zootecnicamente dentro dos padrões desejados e esperados”, conta Wagner Miranda. A pesquisa foi conduzida pelos especialistas Custódio dos Reis e Souza, Plínio Ferreira Morgado e Renato Cândido Mendonça, com apoio do coordenador do curso de Zootecnia da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Rodrigo Medeiros, da diretora da Escola de Zootecnia da Univesidade Católica de Goiás, Maria Silvia Rodrigues e por colaboradores de campo, sempre sob os olhos atentos de Wagner e Ana Maria Miranda, do Parque das Vacas. No início, o estudo-piloto contou com 20 animais e deu certo. De imediato, foi elaborado um projeto de pesquisa envolvendo 400 matrizes das duas raças. Na primeira geração, ele usou a metade de cada raça, produzindo ¾ de Nelore e ¼ de Tabapuã num primeiro grupo e proporção inversa no outro. Na segunda geração, foram usadas fêmeas predominantemente Nelore em animais da mesma raça, fazendo o mesmo com o Tabapuã. Surgiu, então, o 7/8 e a experiência foi considerada positiva. O passo seguinte foi o surgimento de um tipo racial chamado Tabanel. “Conseguimos os benefícios da heterose com exemplares adaptados ao ambiente e ao clima


do Brasil. Diferente seria no cruzamento de Zebu com gado europeu”, compara Wagner. Entre as vantagens do novo tipo racial, o criador destaca fertilidade, precocidade, rendimento de carcaça e docilidade. Todos os animais foram registrados pela ABCZ, na categoria Controle de Certificado de Genealogia (CCG), destinada a animais de cruzamento sob controle de genealogia. Em 2004, cinco bezerros F1 do cruzamento Nelore-Tabapuã, que integraram a pesquisa científica do Parque das Vacas, foram marcados a fogo com o símbolo do CCG. Trata-se de uma derivação do conhecido caranguejo da ABCZ, uma associação subjetiva do símbolo ao processo da cadeia genética e faz referência ao cupim, característica marcante do gado Zebu. “As mensurações de peso, circunferência torácica, alturas de anterior e posterior, circunferência escrotal para machos, dentre outras características, foram tomadas trimestralmente ao longo do desenvolvimento de cada novo produto. Os resultados e análises estatísticas serão, em breve, divulgados via publicação em literatura especializada”, explica Ana Maria. Os machos F1 após terem sido submetidos a todas avaliações preconizadas, foram disponibilizados para cobrição, após aprovação em exames andrológicos, e seus novos proprietários relatam grande satisfa-

ção com a performance dos touros em suas propriedades. As fêmeas F1, preservadas para continuidade da pesquisa, produziam a segunda geração do Tabanel. As fêmeas F2, já iniciaram a parição da terceira geração do Tabanel. “A Fazenda Parque das Vacas segue com seu trabalho sério e coerente, que se traduz em sucesso deste novo e tão importante tipo racial para a pecuária brasileira; e por conseguinte, faz a maior promoção para comercialização de touros tabapuã da história, e para todos os criadores da raça”, ressalta a criadora. Todo esse trabalho tem sido reconhecido pela repercussão na imprensa do estado de Goiás e pelo país, mas, especialmente, pela procura de criadores interessados em também desenvolver o Tabanel em suas fazendas. Foi o caso do pecuarista Roberto Naves Ferreira, que criava Nelore em sua propriedade localizada na cidade de Mineiros (GO). A parceria entre Roberto Naves e o Parque das Vacas começou há cerca de 10 anos, depois que o criador leu uma reportagem sobre as pesquisas desenvolvidas por Wagner Miranda com o cruzamento de animais Nelore e Tabapuã, que resultaram na criação do Tabanel. “Desde 2005, eu pretendia buscar uma seleção mais rigorosa do gado. Criava vacas da raça Nelore e tinha a intenção de fazer o cruzamento com o Tabapuã.

Cheguei até Wagner Miranda e comprei dele, na época, cinco touros Tabapuã. Desde então, venho fazendo esse trabalho de seleção para criaçãp do produto Tabanel. Vi uma reportagem sobre as pesquisas científicas que ele estava fazendo com o cruzamento Tabapuã com Nelore, trabalho no qual é precursor desse novo tipo racial que é o Tabanel”, avalia. O criador afirma ainda que em meados de 2015 comprou mais um grupo de touros Tabapuã do Parque das Vacas. “Fiquei espantado com a evolução racial do gado da fazenda, porque desde que comprei animais em 2005 houve uma evolução muito grande do gado. Os touros que comprei no ano passado são de qualidade muito superior aos comprados em 2005. Creio que a Fazenda Parque das Vacas tem seguido uma linha evolutiva positiva. E tenho amigos, produtores aqui da região, que também compram gado de Wagner Miranda. Considero essa parceria muito promissora e, por isso, estamos fazendo um trabalho de divulgação do produto Tabanel para a afirmação desse novo tipo racial aqui em Mineiros, uma região de pecuária forte, visto que temos uma planta frigorífica que abate mais de mil animais por dia. E vejo com boas perspectivas, a expansão do Tabanel”, completa o pecuarista Roberto Naves Ferreira.

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O ZEBU Tabapuã

Pesquisa mostra eficiência do Tabapuã e expectativa produtiva cresce em 2016 Por Thassiana Macedo • Fotos: Carlos Lopes

A doação das primeiras fêmeas Tabapuã, feita em 2012, selou o início de uma longa parceria entre a Associação Brasileira de Criadores de Tabapuã, a ABCZ e a Universidade Federal de Lavras (UFLA), no Sul de Minas. A relação proporcionou a pesquisadores e estudantes do departamento de Zootecnia da instituição educacional a oportunidade da realização de projetos de melhoramento genético, voltados para a obtenção de maior eficiência produtiva e reprodutiva de animais da raça, através de métodos de seleção dos animais. Com o objetivo de mostrar a evolução genética da raça e contribuir para o avanço da pecuária, o programa de melhoramento do rebanho conduzido pela universidade passou a ser coordenado, a partir de 2013, 66 O ZEBU

pela professora Dra. Sarah Laguna Conceição Meirelles. Ao lado dos professores Mateus Pies Gionbelli, Daniel Rume Casagrande e Márcio Machado Ladeira, responsáveis pela criação dos animais. Foram desenvolvidas quatro pesquisas de interesse zootécnico em relação a sistemas de produção e seus reflexos nos índices de produtividade, tendo como fonte o Tabapuã. Um dos estudos foi o realizado pelo professor Dr. José Camisão de Souza com animais de quatro fazendas que investem na seleção da raça Tabapuã. A Fazenda Quatro Irmãs, em Veríssimo, no Triângulo Mineiro, colaborou com 112 fêmeas; a Fazenda Água Milagrosa, da cidade de Tabapuã, interior de São Paulo, teve 123 fêmeas incluídas no projeto; a

Fazenda Chapadão, em Guarda Mor (MG), cedeu 155 fêmeas e a Fazenda Rodeio Gaúcho, de Araruama (RJ), com o maior número de animais participantes do projeto, com 207 fêmeas e dois touros. No total, 599 animais passaram a integrar o rebanho da UFLA. A coordenadora Sarah Laguna reforça que todo o rebanho PO (puro de origem) é mantido sobre as normas de registro genealógico da ABCZ. A partir de 2014, o rebanho passou a seguir o Controle de Desenvolvimento Ponderal (CDP) e, consequentemente, entrou para a bateria de animais acompanhados pelo PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Raças Zebuínas). Desde então, o criatório da UFLA também passou a integrar a lista dos


rebanhos colaboradores do PNAT (Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens). Os dados obtidos com o PMGZ são fontes para geração das avaliações genéticas de animais jovens e adultos. Isso permite o direcionamento dos acasalamentos de acordo com as avaliações genéticas e avaliações fenotípicas realizadas, pois “disponibilizam ao mercado informações genéticas consistentes que auxiliam os criadores na seleção de animais superiores, de acordo com os objetivos de seleção, contribuindo assim, para a melhoria genética dos seus rebanhos”, explica a pesquisadora. Já as informações obtidas no CDP são utilizadas como base para as avaliações genéticas, além de proporcionar os estudos das estimativas de parâmetro genéticos para as características avaliadas. “No caso do PNAT, o programa vem contribuindo para a manutenção da variabilidade genética das populações zebuínas sob seleção. Com a participação no

programa, somente em 2014, recebemos 90 doses de sêmen. Os programas da ABCZ contribuem para aumentar a pressão de seleção, garantindo que os animais selecionados para a reprodução sejam realmente os de melhor desempenho em características herdáveis e de importância econômica promovendo, assim, um maior ganho genético ao longo dos anos”, informa Sarah. Resultados e perspectivas para 2016 Hoje, o rebanho da universidade é formado por 20 matrizes de excelente qualidade zootécnica e, a cada ano, é observada a melhoria dos animais, fruto da parceria com produtores associados à ABCZ e à ABCT. Com essa relação, já foi possível avaliar mais de 700 animais da raça que vêm crescendo e se destacando no país. Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Tabapuã (ABCT), Marcelo Ártico, desde a sua

formação, a raça tem obtido resultados técnicos de extrema importância. “A raça adora desafios e está sempre ao lado da evolução e, para que isto aconteça, temos que ter pesquisas bem conduzidas e com credibilidade internacional como estas. Todas as pesquisas somam muito para a raça, porque vêm de encontro com o que buscamos, ou seja, produtividade. É o que os criadores procuram para produzir bons reprodutores e matrizes para o mundo, visto que os estudos têm em pauta características como fertilidade, precocidade e a qualidade do rebanho Tabapuã”, avalia o dirigente. A pesquisadora Sarah Laguna ressalta que, a partir da doação das fêmeas, um dos projetos desenvolvidos pela UFLA foi a “Avaliação sistêmica do uso de Creep-Feeding em sistema de produção de bovinos de corte em pastejo”. Conforme a linha de pesquisa, a proposta é “verificar os efeitos do uso de creep-feeding em um sistema de produção de bovinos de corte sobre variáveis produtivas e reprodutivas das vacas”, esclarece. Os resultados das pesquisas já permitem maior exposição e divulgação da raça, como vem acontecendo no meio acadêmico e para produtores rurais da região de Lavras. “Através de feiras e exposições promovidas pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFLA, já participamos de duas edições da Vitragro (Vitrine do Agronegócio), realizadas no Centro de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologias, na Fazenda Experimental Palmital, em Ijací (MG)”, frisa. Sarah reforça que foi possível fazer uma integração entre acadêmicos

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O ZEBU Tabapuã e produtores rurais da região, que puderam conhecer exemplares do rebanho Tabapuã, no que se referem aos aspectos históricos da raça, características raciais e de interesse econômico. “Essa oportunidade expôs a raça para mais de 1.200 produtores, alunos, professores e pesquisadores da região”, ressalta a coordenadora das pesquisas. Para o presidente da ABCT, Marcelo Ártico, a pecuária como um todo foi muito bem em 2015, com excelentes resultados de comercialização. “Com o Tabapuã não poderia ser diferente. Todos os criadores têm vendido bem, com liquidez total nos leilões e vendas em alta nas fazendas. Estamos crescendo mais de 16% ao ano, tanto em quantidade quanto em preço, mas sempre dentro da realidade”, avalia, ressaltando que as perspectivas para a raça Tabapuã, em 2016, são de continuar crescendo e contando com o apoio da parceria com a UFLA para isso. Segundo Sarah Laguna, há diversos projetos sendo planejados para 2016, como a realização de novas pesquisas envolvendo informações de ajustes quantitativos na captação

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e utilização de nutrientes, em função da gestação e lactação em vacas de corte, bem como acompanhar o crescimento dos animais até o abate, a fim de comprovar a qualidade da carne da raça, comparada à outras raças. Entre outras ideias estão: a formação de um banco de DNA formado com material genético dos animais do rebanho, o qual poderá ser utilizado na identificação de animais,

testes de paternidade e pesquisas na área de genômica; a realização de leilões e vendas de tourinhos Tabapuã, de modo a disseminar a raça e a genética trabalhada na universidade em cooperação com a ABCT e ABCZ, bem como discutir com produtores, através da ABCT, as demandas da raça, com a finalidade de direcionar as pesquisas visando atender os interesses do mercado.


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: Fabiana Nizato

Sindi

Fazenda MMBS

Comprometimento com a pecuรกria O ZEBU B


O ZEBU Sindi

Mato Grosso

recebe Sindi de braços abertos Por Sabrina Alves • Fotos: Fabiana Nizato

A Revista O Zebu no Brasil traz no-

tem no sangue a paixão pela pecuária e,

vamente uma reportagem especial sobre a

hoje, trabalha ao lado do marido com

criação de Sindi no Mato Grosso, mais es-

muito comprometimento.

bilidade materna. “Durante um ano estudei a raça antes de adquirir os primeiros animais. A partir

pecificamente na região de Cáceres, muito

A família é detentora da marca Nelore

dessas minhas pesquisas foi que conheci

conhecida pela criação de Nelore PO. Há

e Sindi MMBS, construída com base num

o Adaldio Castilho, proprietário das fa-

pouco tempo, a região passou a ganhar

projeto familiar que tem como foco o au-

zendas Reunidas Castilho, uma das mais

um importante espaço dentro da pecuária

mento da produtividade com baixo custo.

antigas propriedades destinadas à criação

nacional com a entrada de animais conhe-

A marca MMBS foi formatada pelo nome

exclusiva do Sindi no país. Após me apro-

cidos como o “Gado Vermelho”.

de Mariella Maldonado de Barros, com o

fundar em diversas análises sobre as carac-

O gosto pela raça Sindi caiu nas gra-

intuito de valorizar a importância da mu-

terísticas do Sindi, fui me impressionan-

ças do mineiro Lauro Rezende e da ma-

lher na participação do melhoramento ge-

do mais e, desde então, passei a ligar para

togrossense Mariella Maldonado, que

nético das raças Sindi e Nelore.

alguns criadores do Nordeste, de Goiás, e

vivem na região de Cáceres e se dedicam

Em maio de 2014, a MMBS inseriu

exclusivamente à pecuária, ao lado dos fi-

no seu plantel animais da raça Sindi. A

lhos, Marcos Vinícius e Pedro Henrique.

novidade foi divulgada pelos pecuaristas,

Lauro é de Campina Verde, cidade do

que estão muito satisfeitos com os resul-

Triângulo Mineiro e conhece bem a cria-

tados. A intenção era a de encontrar um

ção de Gir Leiteiro. Desde que chegou ao

animal que tivesse características impor-

Mato Grosso, ainda muito jovem, passou

tantes como rusticidade, precocidade,

a se dedicar a criação do Nelore. Mariella

rendimento de carcaça, docilidade e ha-

70 O ZEBU

Apesar de muito consciente da atividade que desenvolvemos, estamos sempre em busca de melhores resultados”


ram percebidas rapidamente. “Vivemos

precocidade, rusticidade, habilidade ma-

da fazenda e acompanhamos o dia a dia

terna aliada a um bom rendimento de

da nossa propriedade. Essa é a diferença!

carcaça, que nos impulsionou a investir

Não temos nenhum negócio paralelo,

nesta raça. É isso que torna o nosso negó-

vivemos disso, exclusivamente do gado”.

cio mais rentável”, explica.

Oportunidade também para o Adaldio, a fim de ouvir as experiências dos criadores. A primeira vez que falei com Adaldio, conversamos por mais de uma hora e ele me passou muitas informações sobre a raça e, com isso, fui

A primeira oportunidade de compra

Lauro conta que “como tudo na

surgiu durante a 4ª edição do Leilão Es-

vida tem seus prós e contras”, chegou a

sência da Raça Sindi, na ExpoZebu de

conversar com alguns amigos e muitos

2014. A doadora Quintana da Estiva é

questionaram que aquele era um animal

uma excelente reprodutora com filhos

de menor porte. “E foi justamente por

premiados em várias edições da ExpoZe-

possuir esse porte associado a uma maior

bu. “Em 2015, novamente, voltamos a

me interessando ainda mais”. Mariella conta que a surpresa veio depois. “Quando ele me disse que tinha encontrado uma raça que vinha de encontro com os nossos objetivos, logo me questionei: que raça seria essa? E me perguntei: como substituir uma raça pela outra? Nós somos criadores de Nelore (desde sempre) e, foi aí que eu entendi que o Sindi não viria para substituir, mas sim para somar suas qualidades no cruzamento com a raça Nelore”, conta a pecuarista. Ela diz que por acompanharem pessoalmente as atividades na fazenda, as características encontradas no Sindi foO ZEBU B


O ZEBU Sindi

O Sindi é uma raça iluminada e suas qualidades de produção e reprodução são incontestáveis e inerentes à raça. O que torna o negócio mais lucrativo é um animal completo e pronto” investir no Leilão da Raça Sindi e, pos-

boas ideias e isso é recíproco. O que eles

diversos biomas. Tudo isso já comprova-

teriormente, adquirimos mais animais de

sabem, aprendem e passam para nós”,

do pela família.

excelente qualidade para nosso plantel.

conta o criador.

Com um plantel em formação, a

Hoje, o nosso foco passou a ser a FIV e,

Mais leite, mais carne

MMBS mantém a criação de Nelore

somente nesta estação 2015/2016, esta-

Lauro Rezende mostra que os ani-

PO e, agora, se dedicará intensivamente

mos realizando uma média de 130 trans-

mais da raça Sindi se adaptam em qual-

a seleção de Sindi por meio de FIV, In-

ferências a cada 30 dias”, enfatiza.

quer região, seja no Pantanal, como o

seminação Artificial e cruzamentos com

de Cáceres; no Nordeste, onde a raça é

outras raças. Está entre a seleção de im-

muito difundida ou mesmo em outras

portantes doadoras como Marimba da

Muito atentos, Lauro e Mariela, sem-

regiões como o Sudeste. Possuem tam-

Estiva, mãe do Touro Rabino da Estiva

pre buscam informações inclusive por

bém cascos extremamente resistentes a

que, atualmente, se encontra na central

Tecnologia: uma aliada da pecuária

meio da internet, que para eles é uma ferramenta imprescindível e deve ser utilizada por todos os criadores. “Apesar de muito consciente da atividade que desenvolvemos, estamos sempre em busca de melhores resultados. Mariella e eu somos muito focados nessa questão e, como temos origem da fazenda e vivemos do campo, passamos isso para os nossos filhos. Hoje, com a acessibilidade que temos, como energia elétrica, acesso facilitado à fazenda, seja por asfalto ou por uma estrada de terra melhor e ainda o acesso à internet, o homem do campo deve sempre se aprimorar, utilizando de todas as tecnologias disponíveis no mercado. Temos boas ferramentas, os nossos filhos sempre nos orientam com 72 O ZEBU


Bela Vista. E, bezerros oriundos de FIV, de doadoras com os Touros Índio da Estiva, Bildogue da Estiva, Quatar da AJCF e Raio da Estiva. Com uma previsão de 240 animais, entre fêmeas e bezerros nascidos até março, a expectativa é de transferir os animais Sindi para uma fazenda que será uma vitrine para a raça, como cita Lauro. “Criamos Nelore PO há mais de 26 anos e vamos manter essa criação sempre com foco em melhorias genéticas. Agora, o crescimento do rebanho será com o Sindi. Esse é um projeto que esperamos que

zamento com o Braford e, este ano, usei

incontestáveis e inerentes à raça. O que

se consolide tão logo. Com os trabalhos

o Sindi em todas as matrizes e o resultado

torna o negócio mais lucrativo é um ani-

de transferência de embriões teremos, até

foi superior, com animais muito preco-

mal completo e pronto e, claro, também

abril, mais de 300 prenhezes”.

ces. O Sindi é uma raça iluminada e suas

colocar muita dedicação e amor no que

qualidades de produção e reprodução são

se faz”, pontua.

Entre os produtos finalizados pela MMBS estão também o cruzamento do Sindi com outras raças como o próprio Nelore, com o Red e Aberdeen Angus. Segundo eles, o “tricoss” (como é chamado o cruzamento entre três raças) origina um animal com excelente carcaça frigorífica e com uma carne diferenciada, assim como deseja o mercado consumidor. “Além disso, esses cruzamentos resultaram em animais de temperamento muito dócil e com um volume muito grande de carne e de leite. Fiz no ano passado o cru-

O ZEBU B


Foto: JM Matos

O ZEBU Sindi

Qualidades do Sindi

atraem atenção de mexicanos Por Sabrina Alves

Autoridades políticas e criadores de outras raças zebuínas, como o Brahman, mostraram o interesse pela entrada do Sindi no México O México é um dos países que vem mostrando um grande interesse pela genética zebuína brasileira, já sendo considerado como um dos principais detentores de animais das raças Brahman, Guzerá e Gir Leiteiro. Recentemente, ressurgiu um forte interesse pela entrada de novos exemplares da raça Sindi no país, a partir de uma conversa entre representantes da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e da Associação Mexicana de Criadores de Zebu, a AMCC (sigla em espanhol). Esse encontro aconteceu em dezembro do ano passado, durante a Exposição Nacional das Raças Brahman, Sardo Negro, Gir Leiteiro e Guzerá, promovida pela AMCC, com visitas de diretores da ABCZ, entre eles, Adaldio Castilho, um dos principais nomes dentro da criação de Sindi no Brasil. O convite foi feito pelo presidente da Comissão da Raça Sindi, da Associação Mexicana de Criadores de Zebu, Mario Guzmán Álvarez, 74 O ZEBU

para que os criadores mexicanos pudessem conhecer melhor as qualidades que a raça pode oferecer a eles. “Tivemos a presença do presidente da AMCC Jesús M. Quintanilla Casanova, do presidente da Associação de Criadores de Raças Puras del Estado de Chiapas, Ing. Juán Gabriel Trinidad M e Fernanda Facio, representante do Brazilian Cattle. A discussão foi em torno das origens da raça e como foi a evolução no Brasil. Além da apresentação de todo o seu padrão racial, avaliações leiteiras e resultados encontrados nos abates técnicos já feitos no país”, comenta Guzmán. Segundo ele, Adaldio Castilho mos-

(..) não há muita opção de um gado mais resistente e de aptidão leiteira para essas regiões”

trou aos criadores toda a qualidade que o Sindi tem e quais as suas principais características. “O sr. Adaldio transmitiu claramente tudo o que ele sabe sobre o Sindi e, com isso, tivemos uma real visão sobre as características da raça”, disse o presidente da comissão. Na companhia do superintendente de Marketing e Relações Internacionais da ABCZ, Juan Carlos Lebron e do diretor da ABCZ, Antônio Pitangui de Salvo, Adaldio Castilho também elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido por Mário Gusmán. Segundo ele, o mexicano é um dos maiores divulgadores da raça naquele país. “Já fazia um bom tempo que o Mário havia me convidado para realizar uma palestra, mostrando as principais características produtivas que a raça Sindi tem e o que poderia contribuir para o país que possuí regiões secas e áridas. Por isso, não há muita opção de um gado mais resistente e de aptidão


leiteira para essas regiões e, durante a exposição, surgiu essa oportunidade de proferir a discussão”, conta Adaldio. Cerca de 40 criadores e especialistas estiveram presentes na palestra, segundo Adaldio. Para ele, “o trabalho de divulgação mostrou aos criadores as vantagens de se criar o gado para cruzamento com outras raças que tem por lá. Esses mesmos criadores já estão tomando conhecimento dessas características e estão dispostos a acertarem o protocolo para viabilizar a exportação do Sindi”. “Pude mostrar o que a raça realmente tem e qual o seu potencial de produção de carne e de leite, além dos seus cruzamentos e fertilidade que apresenta. Toda a palestra teve como base as avaliações oficiais da ABCZ promovidas pelo Programa de Melhoramento Genético - o PMGZ Corte e Leite – e, também, dos resultados comprovados nos Torneios Leiteiros, Torneio Persistência, pelo Prêmio Claudio Sabino Carvalho*, que enfatiza a produtividade e a fertilidade da raça. Todos ficaram impressionados com os dados apresentados. Mário acredita muito no Sindi e o espaço que será alcançado no México, com certeza, será graças a esse trabalho que ele vem fazendo”, completa Castilho, que também participou da

pesagem oficial que aconteceu durante a feira nacional. Parcerias Castilho ressaltou ainda o interesse pela genética brasileira abordado pelo

senador da República de Chiapas, Zoé Alejandro Robledo Aburto, também presente no evento. Segundo o diretor da ABCZ, Zoe e os representantes brasileiros e mexicanos, reuniram-se um

O ZEBU B


O ZEBU Sindi dia antes para discutir sobre a exportação do Sindi para o México e quais protocolos são necessários para a entrada dos animais e do sêmen. “Gostei muito da maneira como o senador mostrou interesse pela nossa genética. Eles estão tomando conhecimento das necessidades para acertar o protocolo e viabilizar a exportação. O senador chegou, inclusive, a perguntar se o Brasil não tinha interesse pela genética do Sardo Negro (gado típico do México) e respondi que sim! Essa seria uma excelente oportunidade para uma troca de experiências. Aproveitamos e estendemos o convite para participarem da ExpoZebu 2016 e, assim, conhecerem mais sobre a raça Sindi que estará presente”, comentou Castilho. Resgate O Sindi não é uma novidade para o México. No início da década de 90, o

76 O ZEBU

criador Jorge Pangtay Tea criava alguns exemplares da raça no país. Depois da morte do pioneiro, os filhos pararam de registrar o gado e, agora com a ajuda da AMCC, está sendo feito um trabalho para resgatar essa linhagem. “Os

criadores de Brahman ficaram muito interessados nas semelhanças raciais que o Sindi poderá oferecer como uma nova ferramenta para uma produção de leite e de carne, a baixo custo”, reforça Mário Guzman.


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Indubrasil

O ZEBU B


O ZEBU Indubrasil

ABCI reforça ações de incentivo à raça Indubrasil Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos

O Indubrasil foi obtido em 1930, a partir da fusão entre a genética das raças Gir, Guzerá e Nelore, na região do Triângulo Mineiro. O primeiro registro genealógico na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) ocorreu apenas oito anos depois. De lá para cá, muita coisa mudou. Os animais de orelhas alongadas e de grande porte, com dupla aptidão, importante vigor híbrido nos cruzamentos, temperamento dócil, habilidade materna e significativa adaptação à diversidade climática, fizeram o Indubrasil extrapolar as fronteiras brasileiras e ganhar o mundo. Em 2016, o objetivo é continuar expandindo e fortalecendo a raça, dentro e fora do Brasil. Em março de 2015, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Indubrasil (ABCI), Roberto Fontes de Goes,

78 O ZEBU

entregou um projeto para a ABCZ que previa um conjunto de ações integradas para incentivar a retomada do crescimento da raça no país. Foi quando a entidade lançou o Programa de Incentivo à Raça Indubrasil, para integrar e articular ações desenvolvidas em benefício da raça. “Esta foi uma estratégia que deu muitos resultados positivos, porque observamos o momento propício para o Indubrasil. Estamos preparados para enfrentar os desafios do mercado, uma vez que os selecionadores conseguiram um excelente resultado no processo de seleção, a raça conquistou uma evolução formidável e permanece crescendo com grande consistência e satisfação total dos clientes”, avalia. Entre estas ações estão a criação de um banco de material genético da raça, a reformulação do site da ABCI, divulgação

de informações e conhecimentos técnicos sobre a raça, realização de um seminário durante a ExpoZebu 2016, publicação da Revista Indubrasil e de um livro técnico sobre a raça, bem como a realização de pesquisas desenvolvidas tanto na área de produção de leite, quanto para a produção de carne e a realização de um abate técnico em 2016. “Estamos trabalhando para provar as qualidades do Indubrasil, um Zebu de dupla aptidão e que está em vários países de pecuária tropical. E é preciso ressaltar o apoio da ABCZ a este programa em benefício da raça. A atual diretoria não mediu esforços para serem parceiros do Indubrasil e seus criadores”, reforça Goes. O presidente da ABCI destaca ainda que, em 2016, os planos são de continuar dando incentivo aos criadores para que


voltem a fazer o registro genealógico dos rebanhos de Indubrasil distribuídos pelo país. “Por razões diversas, eles deixaram de fazer o registro dos animais. Visitas aos amigos criadores foram constantes em todo o país, sendo que criadores visionários e novos apoiadores da raça já perceberam a grande oportunidade que é investir no Indubrasil. No mercado interno, obtivemos cruzamentos para gado de leite e também para gado de corte, com excelentes resultados. No mercado externo, o interesse pela genética do Indubrasil é muito forte e as exportações já ocorrem com animais de elite, sêmen e embriões”, afirma. Segundo o diretor Internacional da ABCI, Djenal Tavares Queiroz Neto, os projetos de exportação de material genético e animais para países criadores de Indubrasil, iniciados em 2015, serão intensificados este ano. “O interesse pelo Indubrasil no exterior está superando as expectativas mais otimistas. O panfleto produzido para divulgar a realização do Seminário Internacional sobre a raça foi reproduzido no exterior. Publicaram na revista Ganadeiro, a principal revista do setor no México e que circula em toda a América Central e nos Estados Unidos, por conta própria. Também houve divulgação na Costa Rica, na Nicarágua e na Guatemala. Isso mostra que o Indubrasil tem força no exterior. A Tailândia também está se movimentando bastante, onde há uma revista especializada na raça. Ou seja, toda a rede internacional está começando a ser fortemente revigorada através desse trabalho desenvolvido pela associação aqui no Brasil”, avalia. Para ter uma ideia, Djenal afirma que existem no exterior cerca de 100 vezes mais animais da raça do que no Brasil, e um dos países com o maior rebanho é a Tailândia. Aliás, Roberto de Goes observa que houve um crescimento importante no mercado da raça, com boa liquidez e valorização de tourinhos e fêmeas nos leilões. No entanto, para o dirigente, a raça ainda necessita aumentar o número de matrizes para atender á demanda, pois a procura por machos

e fêmeas cresce a cada dia. Por isso, o fomento à raça e o incentivo dos criadores é fundamental neste período. 1º Seminário Internacional da Raça Indubrasil: O Zebu Mundial Em 2016, a associação pretende fortalecer as ações do Programa de Incentivo da Raça Indubrasil, iniciadas no ano passado, bem como realizar a primeira edição do “Seminário Internacional da Raça Indubrasil: O Zebu Mundial”, durante a 82ª ExpoZebu, marcada para ocorrer de 30 de abril a 7 de maio. Segundo o presidente da entidade, Roberto de Goes, o tema do encontro é baseado na pergunta: qual o papel do Indubrasil na pecuária mundial? “No seminário, veremos a raça pelo aspecto do processo de melhoramento genético do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos) e, também, um panorama do Indubrasil em todos os países da América, África, Ásia e Oceania, onde ele está presente. Hoje, o Indubrasil é uma raça mundial e o Brasil tem um papel fundamental no desenvolvimento desta genética”, afirma. Pela programação, o evento começa às 8h30 com a entrega de materiais informa-

tivos no Salão Nobre da ABCZ. O seminário é realizado pela Associação Brasileira de Ciradores de Indubrasil (ABCI) e tem o apoio da ABCZ, PMGZ, Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), Brazilian Cattle e dos patrocinadores. Às 9h, o superintendente Técnico da ABCZ, Luiz Antônio Josahkian, ministra a palestra “ O PMGZ como ferramenta de seleção”, seguida de um debate sobre o tema. A partir das 10h, o gerente regional e Técnico de Campo na ABCZ, Roberto Winkler profere “O PMGZ na seleção da Raça Indubrasil”, também com discussão sobre o tema. Às 11h, o superintendente adjunto de Melhoramento Genético da ABCZ, Carlos Henrique Cavallari, fala sobre “O Indubrasil, Zebu de Carne e Leite”. Após uma pausa para o almoço, don Sérgio Lúcio, do México, palestra sobre “O Indubrasil nas Américas”, com mesa-redonda. Às 15h, os inscritos participam de um debate entre os especialistas Rinaldo dos Santos, don Sérgio Lúcio, Acrísio Cruz e Clarindo Miranda, com o tema “O Indubrasil e sua função na pecuária mundial”, que terá encerramento com a entrega do Mérito Indubrasil aos apoiadores da raça. Segundo o presidente da entidade, será confeccionada uma carta de intenções para o futuro do Indubrasil.

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80 O ZEBU


REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JM Matos

Equinos

Haras Comanche

Versatilidade do Quarto de Milha

O ZEBU B


O ZEBU Equinos

Haras Comanche A paixão pela versatilidade do Quarto de Milha Por Thassiana Macedo • Fotos: JM Matos

Originário dos Estados Unidos, o cavalo da raça Quarto de Milha é resultado do cruzamento entre animais ingleses e espanhóis com os fortes cavalos indígenas americanos, conhecidos como Mustangues. No Brasil, diferentes linhagens passaram a ser definidas por meio de uma rigorosa seleção, de acordo com a atividade para a qual o cavalo era destinado, porém a principal característica do Quarto de Milha é, sem dúvida, a sua versatilidade. Seja nas corridas, nas provas de vaquejada ou nas provas com gado, a raça tem ganhado cada vez mais a aceitação no meio agropecuário, em razão de sua docilidade, robustez e velocidade, atributos essenciais para a lida no campo. 82 O ZEBU

Desde criança, sempre tive contato com cavalos. Montei desde muito pequeno, quando ganhei meu primeiro meio sangue Quarto de Milha do meu pai” Foram todas estas qualidades que atraíram os olhares de Jorge Sidney Atalla Júnior. “Desde criança sempre tive contato com cavalos. Montei desde muito pequeno, quando ganhei meu primeiro meio sangue Quarto de Milha

do meu pai. Tinha apenas dois anos e meio. Em 2010, quando me envolvi mais ativamente na administração da criação dos cavalos e de jumentos da raça Pêga da família, percebi a necessidade de refrescar o sangue do nosso plantel, mantendo os altos padrões que a família Atalla sempre buscou trabalhar, com as diversas importações que fez ao longo dos mais de 40 anos de criação. Estudei os pedigrees dos animais que tínhamos e me atualizei em relação ao que o mercado americano vinha fazendo, para assim, saber qual acasalamento poderia buscar para nossas éguas, com a finalidade de ter um produto diferenciado”, conta o criador. Atalla Jr. comprou sua primeira


potra Quarto de Milha, apenas com o objetivo de treiná-la para competir nas provas de apartação, mas a paixão pela raça o movia a buscar algo diferente e de alta performance. “Quando soube da liquidação do plantel do Buffalo Ranch, nos EUA, decidi tentar comprar alguns animais de ponta, que além de servirem para prova, poderiam cobrir, no futuro, as éguas do plantel Atalla. Acabei comprando dois animais, o SDP Ace of Diamonds, com três anos, e SDP Heres Johnny, com um ano. Com eles, nasceu a vontade de iniciar um criatório independente e, deste momento em diante, comprei algumas éguas, especialmente selecionadas para acasalamento dirigido aos dois”, afirma. Inspirado pela importância que os cavalos tiveram na transformação da cultura da tribo indígena americana que, indiretamente, também contribuiu para a formação da raça Quarto de Milha, surgiu o Haras Comanche. Um olho na paixão e outro no mercado Por ser uma raça extremamente versátil, o cavalo Quarto de Milha se adapta bem a qualquer atividade para a qual seja preparado. Segundo Sidney Atalla Jr., além de se destacar em várias modalidades de competição, é um animal de esporte capaz de unir a família. “Por ser um cavalo dócil, os pais podem competir juntamente com os filhos, nas modalidades que necessitam de vários competidores em equipe”, conta. A criação do Haras Comanche é baseada em linhagem de apartação, modalidade específica de competição, que exige dos animais grande habilidade, inteligência e reflexos rápidos. O criador explica que, em geral, o cavalo de apartação apresenta bons resultados em outras modalidades e, mesmo nas provas que requerem mais velocidade, são

utilizados como um cruzamento, imprimindo mais explosão e força.“Nosso trabalho é direcionado a produzir animais de alta performance, alto desempenho, para que possam ser grandes competidores e raçadores no futuro, contribuindo para o desenvolvimento do criatório nacional. Buscamos isso, através do cruzamento de éguas de alta qualidade genética e habilidade maternal, com as melhores linhagens de garanhões existentes no mercado”, ressalta Atalla Jr.. Para isso, os animais são selecionados por meio de cinco rigorosos critérios: conformação, visto que todos os animais deverão apresentar, além das características exigidas pela Associação Brasileira de Quarto de Milha (ABQM) como padrão da raça, estando o mais próximo possível deste modelo estabelecido, aprumos corretos e boa estrutura óssea e corporal; fertilidade, as éguas do Haras Comanche deverão emprenhar, no menor intervalo possível, assim como transmitir aos seus filhos e filhas, a condição de se reproduzirem com fertilidade acima da média; produção, item que será bem avaliado de acordo com os critérios anteriores e

Nosso trabalho é direcionado a produzir animais de alta performance, alto desempenho, para que possam ser grandes competidores” mostrar-se frequente, desmamando potros saudáveis e com bom score corporal; herdabilidade, é a capacidade que as matrizes têm em imprimir à sua prole características importantes das quais são portadoras, mesmo quando se utilizam diferentes garanhões, para o seu acasalamento; docilidade, característica de extrema importância para a raça Quarto de Milha, por ser sua marca “registrada”. A ausência desse último quesito é fator limitante para que um animal permaneça no rebanho do Haras Comanche. A mesma atenção que Jorge Sidney Atalla Jr. dá ao desenvolvimento perfeito de seus próprios animais é dada àqueles que são destinados aos clientes O ZEBU B


Não há maior satisfação do que ter um produto seu, com sua marca e seu nome, competindo e ganhando provas”

do Haras. “Não há maior satisfação do que ter um produto seu, com sua marca e seu nome, competindo e ganhando provas, deixando seu proprietário plenamente satisfeito. Essa é a razão do nosso trabalho. Aqui, os animais que não são de ponta, dentro da nossa avaliação, são destinados para a lida na fazenda, mas nunca irão ao mercado. Acreditamos que só assim, o brasileiro começará a dar o devido valor aos animais nacionais e deixar de acreditar que, apenas por ser importado, é melhor do que os nascidos no Brasil”, afirma. Com trabalho criterioso, o Haras Comanche prova ao mercado que o animal ofertado é tão bom, ou melhor, do que alguns importados no passado, só com o objetivo de serem revendidos. “Isso vale para todo o tipo de criatório que a Família Jorge Sidney Atalla, está envolvida. Esta é a regra que norteia o trabalho que fazemos”, reforça. É no interior do estado de São Paulo, na Fazenda Barreiro, localizada no município de Jaú, que fica a criação de cavalos, juntamente com o rebanho Nelore, outra especialidade da Família Atalla. Com baias, pastagens e mão de obra específica, o Haras Comanche 84 O ZEBU

ocupa cerca de 100 hectares da propriedade, onde conta com estrutura para reprodução, com coleta, manipulação e transferência de embriões (TE), piquetes, girador para exercitar seis cavalos ao mesmo tempo, bem como uma pista coberta de 30 por 30 metros, para demonstração dos animais. Segundo Sidney Atalla Jr., o objetivo é continuar investindo em estrutura, construindo uma pista de 65 por 35 metros que será destinada a futuras provas. Também importou mais um potro, no final do ano passado, filho de Spots Hot em égua Playgun e fortaleceu o trabalho de seleção acirrando, ainda mais, os critérios de raça e desempenho, cujos resultados serão catalogados e lançados em um sistema, para o acompanhamento das famílias e estimativa das gerações futuras, buscando acasalamentos mais assertivos. Seleção para uma genética de ponta Jorge Atalla Jr. explica que todo o trabalho de seleção começa pelo estudo cuidadoso e pela escolha criteriosa dos pedigrees. A análise dos produtos é feita com, aproximadamente, três dias antes do nascimento e após a desmama, bem

como pela classificação desses animais com base em conformação, fertilidade, herdabilidade e docilidade. Mais tarde, é feita a definição dos animais que irão para as provas e o tipo de modalidade que será mais apropriada para cada animal, independentemente de terem a base na apartação.“Fazemos a análise dos animais em treinamento, para checarmos se a escolha da modalidade foi acertada ou não. Nesta fase, se o animal não for expoente na modalidade escolhida, paramos o treinamento e, ou o direcionamos para outra modalidade, ou retorna para a fazenda para trabalhar”, esclarece. Os três anos de intenso trabalho já trouxeram frutos para o Haras Comanche, cujos resultados de seleção podem ser conhecidos através dos seguintes destaques: * SDP Ace of Diamonds, garanhão importado e filho de High Brow Cat em égua Dual Pep na Playboys Ruby. Com 31 pontos de Registro de Mérito Superior Aberta em Apartação, ganhador de vários títulos, sendo o principal no 36º Campeonato Nacional da Raça Quarto de Milha 2013 - Apartação Aberta – Sênior; * One Time Martini, filha de One Time Pepto com a Miss Martini Play, com 38,5 pontos de Registro de Mérito Aberta e Amador, também ganhadora de várias provas, dentre as quais: 8ª Copa dos Campeões da Raça Quarto


de Milha Apartação - Aberta – Sênior; 8º Show AQHA - Copa dos Campeões 2014 Apartação - Aberta – Sênior; 37º Campeonato Nacional da Raça Quarto de Milha 2014 Apartação - Amador – Principiante; 37º Campeonato Nacional da Raça Quarto de Milha 2014 Apartação - Aberta – Sênior; 30º Prova Oficial AQHA – 2014 Apartação Aberta – Sênior; * SDP Heres Johnny, garanhão filho de TR Dual Rey em égua Smart Little Lena na Playboys Ruby, com 13 pontos de registro de Mérito Classe Aberta; * Raggedy Old Dually, filha do Dual Pep com égua CD Olena, ganhadora nos EUA e mãe de JSA Comanche Smooth, primeira potra da criação da Família Atalla em competição e que vem mostrando ótimos resultados na pista; * JSA Comanche Smooth, de propriedade de Roberto Carlos Botelho

Junior, filha de Smooth as a Cat com a Raggedy Old Dually, com 22 pontos e Registro de Mérito, com títulos como: 1º Derby da Raça Quarto de Milha Apartação Derby – Amador; Campeonato Paulista 2014/2015 - Copa HRM ANCA 2015 Apartação - Aberta – Júnior; Campeão - Derby ANCA Fairfax 2015; Reservado Campeão - Campeonato Nacional ANCA 2014/2015. Jumento da raça Pêga e Mangalarga Além do Quarto de Milha, Jorge Sidney Atalla Jr. também investe, junto com os irmãos Jorge Augusto Letaif Atalla, Mariana Letaif Atalla e Jorge Henrique Letaif Atalla, na criação de jumento Pêga e de cavalos Mangalarga Marchador. Aos mesmos acirrados critérios de seleção do Quarto de Milha, os quatro irmãos acrescentam ainda a exigência de apresentar um bom andamento, a fim

de continuarem oferecendo ao mercado, animais de alta qualidade. No caso dos jumentos e muares, a análise é mais voltada à conformação, andamento e docilidade. Atualmente, o plantel conjunto conta com 20 fêmeas Mangalarga, 15 jumentas, um garanhão em serviço e outro em crescimento na raça Pêga. “A criação de jumento Pêga é um trabalho de sociedade com meus irmãos, onde buscamos animais que apresentem muita docilidade, andamento, raça e desempenho. Não só para criação de animais puros, mas também para animais de trabalho, quando acasalado com éguas Mangalarga Marchador, que também criamos em nossa propriedade em Jaú”, conta Sidney Atalla Jr. O trabalho de seleção dos quatro irmãos começou em 2010, quando fizeram parceria com o amigo Marco Antônio, proprietário do criatório MAAB, referência em genética e criação de muares e jumentos Pêga. “Cinco anos depois, tenho certeza que acertamos nos dois criatórios, pois não temos nenhum jumento, burro ou mula, fechando dois anos, disponível para venda. Só temos animais mais novos, o que também se observa com os cavalos Quarto de Milha”, frisa. Para o criador Sidney Atalla Jr., o fortalecimento da raça está ligado à associação que a representa. Desta forma, Atalla Jr. é membro da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Quarto de Milha (ABQM), da Associação Nacional do Cavalo de Apartação (ANCA), da Associação Brasileira de Criadores de Juntos da Raça Pêga (ABCJPEGA) e da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Mangalarga Marchador (ABCCMM). E nos Estados Unidos também é filiado à American Quarter Horse Association (AQHA). O ZEBU B


O ZEBU Equinos

Associação prevê crescimento de 30% do Mangalarga Marchador em 2016 Por Thassiana Macedo • Foto: Roberto Pinheiro e Fernando Ulhoa

Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM) espera movimentar R$ 200 milhões em 2016, com eventos e venda de animais da raça. A expectativa foi divulgada pela entidade, que pretende ampliar em 30% o número de animais e criar novos núcleos de capacitação de mão de obra, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), para trabalhar com a raça. De acordo com o novo presidente 86 O ZEBU

da associação, Daniel Figueiredo Borja, que assumiu o cargo dia 5 de janeiro, para o triênio 2016/2018, hoje a raça contabiliza um plantel de mais de 480 mil animais e de 11 mil associados espalhados por todo o Brasil. “Em 2015, realizamos mais de 270 leilões com recorde de preços e esses números têm atestado a força da raça. A entrada média de 900 criadores por ano também é um dado relevante, que expressa esse crescimento. Apesar do momento político e econômico que o país atra-

vessa, considero que a raça obteve boa projeção ano passado. Nosso objetivo, após a eleição da nova diretoria, é engajar a entidade em novos projetos. Nos últimos meses, andei pelo Brasil ouvindo criadores. Destes encontros, surgiram ideias que nortearão o nosso trabalho, mas sabemos que temos muito a somar e a trabalhar nestes próximos três anos”, afirma. Daniel Borja ressalta que o Mangalarga Marchador está em franca expansão e os números falam por si


Em 2015, realizamos mais de 270 leilões com recorde de preços e esses números têm atestado a força da raça”

só, mas os criadores e a entidade terão desafios para vencer, a fim de aproveitar esse período de prosperidade. “Todo momento de transição é repleto de desafios e com a mudança de diretoria, a coisa não é diferente. Exigem-se novas competências e um planejamento especial, que é primordial para a consolidação da estrutura organizacional da entidade. Minha experiência, também como empresário, mostrou-me que devemos estimular ganhos e vamos agir com planos de ações e metas para enfrentarmos o momento frágil da economia”, informa o novo dirigente. Para isso, o ano de 2016 será voltado para o investimento em projetos que promovam a raça no país. O novo presidente informa que o objetivo é expandir comercialmente para difundir ainda mais a marca. “Criaremos uma cooperativa nacional da raça, que funcionará como um canal de compras coletivas dentro do nosso portal. Serão ofertados produtos exclusivos ligados ao Marchador, como produtos veterinários, clínicos, para transferência de embriões, adubos, rações, ferraduras, tratores, máquinas, implementos e outros”, diz Da-

niel Borja. A entidade vai buscar, nos patrocinadores, o apoio necessário para continuar fomentando a raça e incentivando os novos criadores. “Precisamos nos voltar para aqueles criadores que estão iniciando na raça. É preciso dar a eles um atendimento técnico diferenciado para que saibam conduzir o seu criatório com sucesso. Vamos criar um banco de sêmen, com genética dos melhores criatórios do Brasil. A ideia é ofertar aos pequenos e médios criadores, cavalos jovens premiados disponíveis para a coleta de sêmen ou mesmo para irem para as centrais de reprodução com custo subsidiado pela associação”, avalia o presidente. Focada no crescimento do Mangalarga Marchador dentro do Brasil, a ABCCMM já planeja realizar eventos diferenciados e voltados para as reais

necessidades dos criadores de cada região. “É nossa intenção buscar maior expansão da raça nos estados do Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão, bem como nas regiões Nordeste e Sul. Pretendemos incrementar os cursos para os novos criadores, usuários, universitários e para formação de mão de obra e, também, implantarmos novos projetos na comunicação da associação”, afirma Borja. O ano de 2015 foi considerado um ano difícil. Os especialistas projetam uma economia ainda complicada em 2016. No entanto, para o presidente da ABCCMM, o momento é de oportunidade, especialmente porque a raça é forte para atravessar qualquer turbulência. “Apesar do difícil momento político e de crise econômica que o país vive, o atual cenário do Mangalarga Marchador continua estável. A raça sempre suportou bem os períodos mais críticos da economia brasileira, sobretudo na década de 1980, quando enfrentou os planos Cruzado e Bresser e, no início de 90, o Plano Collor. Óbvio que os criadores têm tido a preocupação de se enquadrarem a este período de arrocho econômico, apertando o cinto

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O ZEBU Equinos e evitando gastos excessivos. Por outro lado, o mercado continua fluindo e registrando boa liquidez. Vale lembrar que um grande volume de negócios circula na raça, o que permite que nos momentos difíceis, o criador possa fazer um aporte financeiro com um ou outro exemplar, para reforçar seu plantel”, reforça Daniel Borja. É o caso do criador Flávio Souza Carmo, que se dedica à raça há mais de 20 anos. Ele mantém 380 animais em um haras próximo a Belo Horizonte. Em 2015, Flávio vendeu 75 exemplares de Mangalarga Marchador e espera superar esta marca em 2016. Para isso, o criador e empresário pretende aumentar a produção de embriões em 20% e conquistar novos mercados em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará com a expansão dos leilões virtuais.

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REVISTA O ZEBU NO BRASIL

Foto: JG Martini

Crioulo

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Raça Crioula avança em todas as regiões brasileiras Por Rejane Costa/AgroEffective • Fotos: Felipe Ulbrich / Fagner Almeida / ABCCC / Divulgação / Everton Souza Marita

O crescimento da manada da raça Crioula no Brasil, em 2015, atingiu 6,4% e registrou exemplares em todos os Estados brasileiros. O cavalo Crioulo avançou em todas as regiões do país e fechou 2015 com 402.341 animais ante os 377.882 registrados em 2014. O Centro-Oeste saiu na frente com 13,5% de crescimento, seguido pelo Norte com 11%, Nordeste com 10,1% e Sudeste com 8,1%. Na Região Sul o aumento chegou a 6,2%. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), José Luiz Laitano, afirma que este crescimento se deve a um planejamento de longo prazo realizado pela entidade, que garantiu o avanço da raça. “O trabalho colocado em prática conseguiu aumentar o número de criadores e mostrar as vantagens do uso do cavalo Crioulo,” garante. 90 O ZEBU

Segundo o dirigente, houve um aumento no número de eventos envolvendo a raça, com a participação de usuários de cavalos Crioulos demonstrando as virtudes dos animais. Além da habilidade em modalidades esportivas, a resistência no trabalho, apreciada na pecuária de corte no centro do país, ajudou no crescimento. “Essas ações possibilitaram que o mercado realmente conhecesse as potencialidades da raça Crioula, como rusticidade, adaptabilidade ao meio e

um cavalo de sela que serve para todo o Brasil”, enfatiza. Para este ano, a ABCCC projeta dar continuidade às ações que resultaram na expansão da raça no país. “A ideia é avançarmos com critérios, com eventos, por exemplo, em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, ou seja, vários eventos pelo Brasil, mostrando que estamos trabalhando para divulgar o cavalo Crioulo para o país e o Mundo”, explica Laitano.


Mercado do Brasil Central aquece vendas do Crioulo

Por Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

A qualidade novamente deve ser o principal chamariz do mercado do cavalo Crioulo nesta temporada. Nos dois primeiros leilões realizados pela Trajano Silva Remates em 2016, a liquidez e a busca por genética superior e a procura de criadores do centro do país por exemplares de criadores reconhecidos vem se repetindo neste início de ano, como ocorreu em 2015. No mês de janeiro, dois remates foram realizados pela leiloeira. O leilão virtual Trinca Crioula, realizado pelas Cabanhas Iguariaçá, Moema e da Fama, todas de São Borja (RS), teve médias de R$ 6,68 mil por animal vendido e faturamento de R$ 307,5 mil. Já o remate Crioulos Fronteiriços e convidados, promovido pela Estância Aurora, de Uruguaiana (RS), alcançou R$ 247 mil, com média de R$ 6,67 mil na venda de 37 exemplares da raça Crioula. “Estes resultados nos mostram que o mercado está um pouco mais seletivo e existe uma grande demanda por animais domados”, analisa o leiloeiro e diretor da Trajano Silva Remates, Gonçalo Silva. Para o leiloeiro e diretor da Tra-

jano Silva Remates, Marcelo Silva, o mercado, apesar da cautela, se mostra otimista para a temporada de 2016. Isso porque a procura pelo cavalo Crioulo nas regiões centrais do Brasil, especialmente pelos pecuaristas que buscam na rusticidade uma característica fundamental para o trabalho no campo, além do desempenho em provas e exposições realizadas pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), vem

atraindo novos investidores. “Nossa grande aposta é neste mercado crescente do Centro-Oeste”, salienta. Os dois próximos leilões da Trajano Silva Remates que devem movimentar o mercado são o Mancha Crioula, que ocorre neste ano em Esteio (RS), no dia 18 de fevereiro, e o tradicional remate da Cabanha São Rafael, que será realizado no dia 5 de março, na sede do criatório, em São Luiz do Purunã (PR).

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ABCCC abre em Uberaba, o primeiro escritório fora da região sul Por Thassiana Macedo • Fotos: Divulgação

Dotado de rusticidade, grande capacidade de se adaptar a qualquer tipo de clima e pastagem e instinto vaqueiro, a raça do cavalo Crioulo vem ganhando cada vez mais espaço dentro das fazendas brasileiras dedicadas à pecuária. Além disso, o cavalo Crioulo tem ainda grande aptidão para os esportes, como provas de laço, rédeas e cavalgadas. Pensando em atender aos criadores que vêm surgindo no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do país, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo (ABCCC) abre este ano seu primeiro escritório fora de Pelotas (RS). O local escolhido foi o Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), por ser o 92 O ZEBU

mais estratégico e acessível. Trata-se de parceria firmada, no final do ano passado, com a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). De acordo com o vice-presidente do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos de Minas Gerais, criado em meados de 2015, Patrick Villa Nova Pereira, a ideia da ABCCC é atender aos criadores localizados fora da região Sul do país, oferecendo os serviços administrativos da entidade e, dessa forma, favorecer o aumento do número de criadores e o crescimento das manadas de Crioulo nessas regiões. “Ter um ponto físico em Uberaba será muito importante para receber novos criadores. Com isso,

poderemos fazer eventos, julgamentos morfológicos e ainda oferecer cursos dentro do Parque”, ressalta. Para isso, Patrick Villa Nova informa que será montada uma pista de areia em um espaço de mais de mil metros quadrados dentro do Parque da ABCZ para a realização de provas para equinos. A inauguração ficará a cargo da raça Crioula, que terá o primeiro julgamento morfológico realizado durante a próxima edição da maior mostra de raças zebuínas do mundo, a ExpoZebu. O objetivo é utilizar toda a nova estrutura disponibilizada pela ABCZ para a realização de eventos promovidos pela ABCCC, como preparação de cavalos para pis-


ta, cabanheiro, doma, casqueamento de cavalo e cursos de morfologia, entre outros. A associação realizará durante a 82ª edição da ExpoZebu, prevista para ocorrer de 30 de abril a 7 de maio, o primeiro julgamento morfológico de machos e fêmeas do Crioulo, em Minas Gerais. O evento servirá como uma das etapas Passaporte, processo que seleciona exemplares para a final de morfologia, que será realizado no mês de setembro durante a Expointer, na cidade de Esteio (RS). A organização está a cargo do Núcleo de Criadores de Minas Gerais. Patrick Villa Nova explica que a ABCCC espera reunir criadores de todo o Brasil que trarão para o Triângulo Mineiro, mais de 80 cavalos Crioulos. Deste total, devem se classificar os dois melhores machos e as duas melhores fêmeas que participarão da final do ranking, em Esteio. A entrada dos animais no Parque Fer-

nando Costa está marcada para o dia 4 de maio, com mensuração no dia 5 e o julgamento morfológico nos dias 6 e 7 de maio sendo que, no último

dia, a grande final dos cavalos Crioulos será realizada na pista principal do parque, junto com o julgamento das raças zebuínas.

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Foto: Boy

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Raça Senepol cresce, em média, 35% ao ano

Por Thassiana Macedo • Fotos: Roberto Matos

Há cinco anos, o Senepol obteve a segunda posição no ranking de venda de sêmen no país. De lá para cá, a raça vem ganhando cada vez mais espaço nas fazendas brasileiras, em especial, por sua boa adaptação ao clima tropical, precocidade, maior rendimento de carcaça e resistência a parasitas, entre outras qualidades. Na busca por animais eficientes com alta produtividade, que possam ser criados em menor espaço, a baixo custo, criadores de todas as regiões do país encontram na raça Senepol a agilidade na reposição, com impacto na produção de carne de qualidade em 2016. 96 O ZEBU

É o que avalia o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol), Gilmar Goudard. “A raça Senepol vem apresentando, nos últimos anos, crescimento bastante sustentável. Consideramos alguns indicadores que nos dão a visão de que a raça segue no rumo certo e com solidez: cresce o número de criadores, o número de animais no plantel, o preço das matrizes e touros da raça, a comercialização de doses de sêmen e os eventos comerciais na média de 35% ao ano. Isso nos dá a certeza de que o Senepol tem, e terá, um futuro brilhante na

pecuária nacional”, afirma. Essa foi a aposta de 91 criadores que passaram a investir na raça Senepol em 2015, que representa 33%, dos 364 investidores da raça em solo brasileiro. Por isso, Goudard ressalta que em 2016 muitos projetos devem ser reforçados a fim de aproveitar este momento de prosperidade e crescimento da raça. “Estamos à frente da associação pelo segundo mandato e ficaremos até o final de janeiro de 2017. Nesse período, junto com toda a diretoria, optamos por padronizar a gestão de processos na associação, buscando os conceitos de qualidade


Foto: Roberto Matos

total, contratos de consultoria especializada, bem como estamos desenvolvendo a modernidade e aplicabilidade simplificada em nosso sistema de SRG, visto que hoje todos os nossos processos são online”, informa Gilmar Goudard. O presidente afirma que a associação acaba de fechar parceria com uma agência de marketing a fim de intensificar a divulgação da raça e a atuação da entidade nos eventos regionais. “Recentemente fizemos o lançamento da Revista Senepol. Nosso próximo desafio, antes de deixar a presidência, é lançar o livro com a história da origem do Senepol no Brasil, dando a dimensão do crescimento da raça.

Os primeiros passos já foram dados e, se tudo der certo, ainda este ano também teremos uma sede própria para a associação”, reforça. Em 2015, a entidade realizou mais um Congresso Internacional da raça Senepol, com a maior exposição de gado taurino do mundo, a qual contou com a demonstração de 400 animais, a visita de 11 delegações estrangeiras e a participação dos criadores. “Realizaremos nossa assembleia geral em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, durante a Semana Senepol, na ExpoGrande, programada para ocorrer de 7 a 17 de abril. Lá teremos diversas atividades realizadas por criadores da região, como a exposição da raça Senepol nos pavilhões do evento, encontro das mulheres do Senepol, realização de três leiloes, entre outras. Aproveitando a presença dos criadores no evento, além da assembleia, realizaremos um curso para criadores”, informa Goudard. Na avaliação do presidente, as perspectivas para o Senepol em 2016 são muito otimistas, em especial pelo apoio e dedicação de criadores, associados e da diretoria. “Já nos primei-

ros meses do ano podemos constatar que será mais um ano de sucesso para a raça, o agendamento de leilões e de eventos. Nosso balanço nos dá a noção do que poderá ser o ano para a raça. Nossa expectativa é de que, em 2016, os percentuais de crescimento dos principais indicadores controlados serão ainda maiores que os números apresentados na média dos anos anteriores. Além disso, a raça Senepol cresce na velocidade em que suas características são demonstradas e conhecidas pelos pecuaristas brasileiros”, comemora o dirigente.

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A genética que está no sangue!

Por Carolina Coelho/Senepol San/Fazenda San Francisco

Senepol San traz a remate qualidade e variabilidade genética diferenciada no 5º Leilão Elite Senepol San & Convidados Credibilidade que vem da trajetória da família na pecuária brasileira. Roberto Folley Coelho carrega, no nome, esse peso de ouro. Seu avô, Laucídio Coelho, foi quem deu os primeiros passos na criação de gado, ainda na época em que o Estado era Mato Grosso. O visionário Laucídio foi conquistando terras brasileiras com sua produção de bovinos e passou para os descendentes a paixão pela lida no campo. Hélio Coelho, filho caçula de Laucídio, pai de Roberto, formado em medicina, também foi fisgado pelo trabalho da família na pecuária. 98 O ZEBU

Consequentemente, as demais gerações Coelho deram continuidade ao trabalho exemplar na produção, principalmente, de alta carga genética de bovinos, já chegando à quinta geração da família, trabalhando intensamente com melhoramento genético. Na San Francisco, o Senepol veio com a necessidade de acelerar o processo de produção e rentabilidade. Com um grande rebanho da raça Nelore, o pecuarista Roberto Folley Coelho enxergou a solução no cruzamento com uma raça taurina. A partir daí, foram realizadas inúmeras pesquisas até se chegar à raça Senepol, hoje, o

produto melhorador. No criatório da San todos os animais são nascidos e criados no Pantanal Sul-Mato-Grossense, onde o calor elevado predomina e as estações de chuva e seca são bem definidas exigindo, assim, que a raça se prove neste ambiente de extremos. A força da genética do Senepol San reside na grande variabilidade genética e um sistema de seleção apurado. Os animais têm alta adaptabilidade e são selecionados objetivando produtividade. Foram aplicadoas no rebanho da San as ferramentas de seleção genética do Dr. Hélio Martins Coelho,


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Foto: Roberto Matos

hoje consagrada como Genética Aditiva, fazendo os acasalamentos direcionados pelo mérito genético e pelos índices das características produtivas de cada animal. O foco do criatório é ter animais produtivos, rústicos e que imprimam em seus filhos as melhores qualidades do Senepol. Assim, a fazenda utiliza todas as tecnologias possíveis para melhoramento animal, proporcionadas pela Embrapa – Geneplus, além de formação de grupos de manejo separados entre machos e fêmeas contemporâneos, para avaliações de AOL (área de olho de lombo) e EG (espessura de gordura) gerando comparativos que nos possibilitem a eleição dos melhores indivíduos para cada acasalamento. “O Senepol San acredita que a seleção de reprodutores que trarão melhorias para a pecuária brasileira virá de testes que simulem as condições reais das fazendas brasileiras”, afirma Roberto. Abrindo as atividades da Semana Sou Senepol, na 78ª. ExpoGrande a fazenda realizará, no dia 10 de Abril, domingo, um Dia de Campo apresentando seu criatório e sistema de produção, onde terão palestra sobre

a importância da seleção genética no melhoramento do rebanho bovino brasileiro, com Gilberto Menezes da Embrapa e sobre bem estar animal. E, também, visita a campo para conhecer a fazenda, o rebanho e as belezas do Pantanal. Já em sua 5º edição, o Leilão Elite Senepol San & Convidados trará a remate as doadoras utilizadas pela San em 2014, de genética de alto padrão e variabilidade, produtividade comprovada, além de algumas

fêmeas fechadas. O leilão será dia 11 de Abril de 2016, no Tatersal Hélio Coelho, às 20h, durante a 78ª ExpoGrande. O criatório Senepol da San fica na Fazenda San Francisco, também conhecida pelo agroecoturismo no Pantanal. Todos estão convidados a conhecer. Fazenda San Francisco – BR 262, KM 583, Zona Rural de Miranda-MS. Escritório. Outras informações pelo telefone (67) 9980-9044 ou por senepol@fazendasanfrancisco.tur.br.


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O ZEBU Informe Publicitário Com 38 anos de experiência na ABCZ, Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges coloca seu nome à disposição dos associados da ABCZ para a eleição da nova diretoria da entidade, programada para ocorrer em agosto de 2016. Entre as principais propostas da diretoria encabeçada por Arnaldo está o investimento e a expansão dos programas PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos), PNAT (Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens) e Pró-Genética para proporcionar maior desempenho do rebanho e maior eficiência e lucratividade aos associados, bem como o apoio direto e próximo entre a associação, através do seu corpo técnico, e os criadores de Zebu.

Arnaldo Manuel - Uma história de 38 anos dedicados ao Zebu e à ABCZ Por Thassiana Macedo • Fotos: Wellington Valeriano

História Arnaldinho, como é mais conhecido, nasceu em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, em 8 de novembro de 1952. Desde a infância, demonstrou grande aptidão e habilidade com a pecuária, afinal o Zebu já fazia parte de sua vida antes mesmo de nascer. Ele sempre acompanhou a evolução da Marca R desenvolvida, desde 1906, por seu avô, Rodolfo Machado Borges e seu pai, Arnaldo Machado Borges, com o trabalho de criação das raças de origem indiana Gir e Nelore. A paixão pelo Zebu levou Arnaldi102 O ZEBU

Depois do início dos registros genealógicos em 1938, a segunda ferramenta de melhoramento das raças zebuínas mais valorizada em 32 anos de gestão da ABCZ, é o PMGZ” nho a se formar em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1976 e, apenas dois anos mais tarde, aos 26 anos, ele já

dava seus primeiros passos junto à Associação Brasileira de Criadores de Zebu. De 1978 a 1980, Arnaldinho atuou como membro do Conselho Deliberativo Técnico da raça Gir, durante a gestão do presidente Manoel Carlos Barbosa. E foi neste período que Arnaldo Manuel deu início ao trabalho de criação da Fazenda Ipê Ouro, que já chega à 4ª geração com os filhos, também veterinários, João Marcos e Maria Isabel, sempre procurando conduzir a seleção com equilíbrio entre genética de qualidade, fenótipo harmonioso e valorização das características funcionais e de produtividade.


Participante do PMGZ desde a criação do programa, o rebanho da Ipê Ouro deu origem aos reprodutores Gandhi PO NI (1995), Ranchi (1996), Indico (2007), Jhelum (2008), Mofarrej (2010), Najar (2011) e Gandhi I TN Ipê Ouro (2013). Aliás, a base genética de 35 anos da Ipê Ouro iniciou com matrizes da marca R, VR e Nova Índia, acasaladas com reprodutores das linhagens Lemgruber e IZ (Instituto de Zootecnia). Por dois anos, Arnaldinho foi membro da diretoria da ABCZ, durante a segunda gestão do presidente Manoel Carlos Barbosa (1980/82) e, na mesma época, iniciou o trabalho de consultoria em melhoramento genético das raças zebuínas para criadores do Brasil e exterior. Até o ano de 1986, durante a gestão de Newton Camargo de Araújo, Arnaldo atuou como diretor do Departamento Técnico da ABCZ (atual Superintendência Técnica), período em que foi estabelecida a parceria ABCZ-Embrapa que resultou na criação do PGMZ e no início da informatização das provas zootécnicas. “Um programa de melhoramento genético, para se consolidar, demanda união do trabalho dos criadores, responsáveis por manter a escrituração zootécnica de qualidade por várias gerações do rebanho; dos técnicos de campo, que orientam os criadores como aplicarem corretamente as informações e resultados do programa nos acasalamentos; e dos consultores, que dão as diretrizes do programa. Se atualmente o PMGZ é o maior programa de melhoramento das raças zebuínas, este reconhecimento se deve, em grande parte, ao trabalho de anos coordenado pelo zootecnista Luiz Antônio Josahkian, que assumiu a Superintendência do Departamento Técnico da ABCZ, em 1º de novembro de 1993.

Na atual gestão do programa, os responsáveis são os consultores José Aurélio Garcia Bergmann (UFMG), Fabiano Fonseca e Silva (UFV) e Fernando Flores Cardoso (Embrapa) que, além do alto conhecimento técnico, possuem vasta experiência e vivência prática do PMGZ”, avalia Arnaldo Manuel. Em 1983, tornou-se membro efetivo do Colégio de Jurados, tendo realizado 387 julgamentos das raças zebuínas no Brasil, Argentina, Bolívia, Costa Rica, Guatemala, México e Paraguai. Entre 1990 e 1992, voltou a participar da Diretoria da ABCZ, durante a gestão de Heber Crema Marzola. Em 1998, participou como membro da comitiva técnica convidada pela ABCZ e, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi responsável por realizar a avaliação dos animais adquiridos por associados e os primeiros registros genealógicos das raças zebuínas, na Índia. Ainda foi

membro da diretoria da associação, durante a gestão de José Olavo Borges Mendes e, atualmente, é o 1º Vice-Presidente da entidade. De lá para cá, Arnaldinho recebeu inúmeras condecorações, tais como o Mérito ABCZ, recebido na ExpoZebu do ano 2000, durante a gestão de Rômulo Kardec de Camargos; o Mérito Cebu de Oro Asocebu-Bolívia, recebido na Expocruz de 2001 na gestão de Eduardo Ciro Añez, pelo trabalho de melhoramento das raças zebuínas naquele País, desempenhado desde 1987; e o prêmio “Incentivador da Raça” concedido pela ACNB na Nelore Fest 2014, entre outras importantes homenagens de reconhecimento por todo o trabalho dedicado ao Zebu. E é com o slogan “De A a Z, ABCZ para todos!” que Arnaldo Manuel quer continuar este trabalho de dedicação total ao Zebu e ao seus criadores enquanto presidente da ABCZ.

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O ZEBU Informe Publicitário Compromisso com o PMGZ A diretoria de Arnaldo – que ajudou a construir o PMGZ desde o nascedouro, nos anos 80, quando era diretor do Departamento Técnico, na gestão de Newton Camargo de Araújo, vai investir pesado no melhoramento genético. A seguir o compromisso nesta área tão importante para um Zebu cada vez melhor. Dedicação Com objetivo de proporcionar aos associados ferramentas adequadas para melhoria dos resultados de suas fazendas, dedicaremos atenção especial ao PMGZ. Neste sentido, o grupo responsável pelo programa terá todo nosso apoio para dinamizar os procedimentos e adequar o PMGZ às demandas que o atual negócio pecuário exige. Inovação Vamos direcionar os trabalhos para utilização das melhores e mais atuais tecnologias. Assim, iremos priorizar a criação de um índice bioeconômico de seleção, calculado com bases em DEP’s genômicas. Nesta linha, inicialmente concentraremos esforços no cálculo e

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trabalho com as características de maior importância econômica, tais como: precocidade reprodutiva, permanência no rebanho, rendimento de carcaça, atributos que ainda não estão sendo processados pelo PMGZ. Fazu Outro ponto altamente relevante é a aproximação e participação da FAZU no PMGZ, tanto com trabalhos de pes-

quisa quanto com testes de performance. Trataremos de viabilizar a realização contínua de provas de eficiência alimentar para as diversas raças zebuínas. Informação Iremos investir fortemente na intranet do PMGZ, melhorando ainda mais a qualidade dos nossos dados, controle de pesagens, mensurações e com maior flexibilidade de nossos relatórios. Iremos trabalhar para a melhoria do sistema de pré-acasalamentos, dando maior dinamismo na seleção de matrizes e na elaboração de índices personalizados, possibilitando técnicos e criadores direcionarem seu trabalho para as reais necessidades de cada rebanho. Orientação Trataremos de formar um conselho, constituído por técnicos e criadores de destaque, para orientar os caminhos a serem seguidos pelo PMGZ. Acreditamos que o sucesso de qualquer programa de melhoramento genético depende da continuidade da mesma linha de trabalho, realizada em conjunto por criadores, técnicos e consultores por décadas e gerações de rebanho.


Apoiadores de Arnaldo Manuel É impossível falarmos de gado Zebu no Brasil sem nos lembrarmos do nome de Arnaldo Manuel de Souza Machado Borges. O comprometimento e a dedicação de Arnaldinho com as raças zebuínas são totais. Contra a tendência existente no início dos anos 90, ele viu no Nelore, linhagem Lemgruber, qualidades suficientes para recomendá-lo a muitos criadores de seu relacionamento. Desde então, ele tem sido um pertinaz incentivador e usuário dessa linhagem. Nós, selecionadores de Nelore Lemgruber na Fazenda Mundo Novo, apoiamos Arnaldo Manuel para a presidência da ABCZ.” Eduardo Penteado Cardoso - Engenheiro Agrônomo Fazenda Mundo Novo, Uberaba/MG

Caro Arnaldo, Arnaldinho como me foi apresentado e sempre o chamei, és um nome importante da pecuária nacional! Aqui no Pará, também já prestastes a tua contribuição, como técnico e também como criador. Animais da tua seleção, a Ipê Ouro, foram comercializados nos melhores leilões paraenses, desde a década de 80. Filhos de touros da tua marca estiveram e estão em fazendas espalhadas pelo nosso estado. Muitos campeões paraenses foram frutos de tuas assessorias junto aos nossos selecionadores. E quando presidi a Associação Rural de Pecuária do Pará (ARPP), também estendestes a colaboração para com a nossa entidade, delegada da ABCZ. Creio, verdadeiramente, que a ABCZ e a pecuária brasileira só têm a ganhar com homens como você, de tantos valores, gente do bem. E como dizemos aqui, “pai d’égua”. Técnico, produtor e disposto ao trabalho em prol da nossa classe, a que produz alimentos para nossa gente, gera excedentes para exportação e ainda traz a grande contribuição para o PIB da nação. Como Secretário de Agricultura do Estado do Pará e, principalmente criador, quero declarar o meu apoio a você: Arnaldo Manuel de Sousa Machado Borges, o Arnaldinho, o Dr. Arnaldo ou qualquer nome que sabiamente te chamem. O filho do Sr. Arnaldo e Dona Ieda. O pai do João Marcos, da Ana Carolina, da Maria Izabel e do Manuel Eduardo. O avô do João Francisco e do Pedro Antônio. Amigo de tantos. Amigo do Pará.” Hildegardo Nunes - Secretário de Agricultura do Estado do Pará

Em se falando de ABCZ , é extremamente difícil desassociar o nome de Arnaldo Borges, pois o mesmo esteve sempre ligado à história dessa Associação, que muito se beneficiará tendo-o como presidente. Por isso, eu minha família apoiamos o Arnaldinho.” Paulo Lemgruber - Fazenda São José Carmo (RJ)

Conheci o Arnaldinho em 1987, portanto há 30 anos e, em todo este período tive a oportunidade de conviver com o técnico o profissional, o criador, o selecionador, o juiz de destaque nacional no colegiado da ABCZ, o pai de família exemplar e acima de tudo um entusiasta de todas as raças zebuinas selecionadas no nosso país. Sempre uma referência com muita ponderação, criatividade, iniciativa, atitude e organização indispensáveis a um grande gestor !!!!! A ABCZ precisa de Arnaldinho para colocar o Melhoramento Genético das Raças Zebuinas no caminho da modernidade e da prática na busca de resultados efetivamente sustentáveis.” José Aparecido Mendes Santos, diretor Geral da Colonial Agropecuária, presidente do Sindicato Rural de Janaúba – MG e da Associação dos Sindicatos de Produtores Rurais do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha (Aspronorte) e diretor da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg).

Dr. Arnaldo Manuel de Souza Machado de Borges, o precursor do melhoramento genético das raças zebuínas na Bolívia. Sem dúvida, é o impulsor do melhoramento genético da nossa seleção Capiguara de Nelore e Nelore Mocho. Ele é um importante vínculo entre os criadores brasileiros e bolivianos, aportando à genética zebuína boliviana as novas tendências e avançados conhecimentos nos trabalhos de seleção. Um proeminente mestre em produzir animais com excelentes conformações e avaliações genéticas, realçando a beleza racial. Sempre busca a produção de animais funcionais e equilibrados. Orientou vários criadores da Bolívia a participar dos programas de melhoramento genético, mostrando a importância deles na aferição e aprimoramento racial. Foi muito além do trabalho nas fazendas. Contribuiu na aliança ASOCEBU – FAZU, que deu oportunidades a muitos jovens bolivianos para estudarem em uma faculdade de prestígio, na área de veterinária e zootecnia no Brasil, abrindo portas às nossas novas gerações para um futuro mais promissor. Dr. Arnaldo, pessoa de firmes princípios éticos e morais, amante da raças zebuínas e da natureza. É um defensor da importância de cuidar do meio ambiente. Uma pessoa muito respeitada na sociedade boliviana. Com a humildade e a honestidade que o caracterizam, cultivou fortes laços de amizade com criadores e tratadores. Nós, da Cabaña Capiguara, somos profundamente agradecidos ao Dr. Arnaldo por todo o aporte pessoal e profissional, e lhe desejamos muitos êxitos.” Isamu Chibana Nagahama - Cabaña Capiguara

Caro Arnaldo, através das redes sociais, ouvi dizer que você pretende ser presidente da ABCZ, por isso já é um candidato para alcançar esse propósito. Primeiro de tudo, eu gostaria de desejarlhe sucesso em tão grande compromisso que assume de trabalhar duro para o presente e o futuro do gado Zebu. É ótimo para a pecuária de gado Zebu, que uma pessoa como você, tenha a vontade de dedicar seu tempo e suas habilidades para o bem-estar da Associação de Criadores mais forte do mundo. E quem melhor do que alguém com suas qualidades humanas e grande senso de camaradagem, que tem sempre compartilhado seus conhecimentos com muitos criadores latino-americanos? Somos honrados com sua amizade e também colhemos a amizade de seus filhos, os quais igualmente nos tratam com o mesmo respeito que você.Temos certeza de que você reúne um perfil muito completo para a Presidência da ABCZ, pois tem sido um funcionário da associação, técnico, jurado nacional e internacional, assessor de programas de melhoramento, selecionador e proprietário do gado de registro e, tudo isso, fornece uma enorme experiência e talento que será, sem dúvida, de grande utilidade para o seu desempenho na ABCZ. Os criadores de Yucatan, México, são amigos dos criadores brasileiros e desejamos todo o sucesso para você e para ABCZ.” Juan Manuel Conde, presidente da Associação de Criadores de Gado Bovino de Registro do Estado de Yucatan - México

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O ZEBU Geral

Pró Genética fecha 2015 com crescimento de 34%

Por Thassiana Macedo • Fotos: Márcia Benevenuto

O Pró-Genética, criado em 2006 pela ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu), fechou o ano de 2015 com 55 feiras realizadas em 14 unidades da federação incorporadas ao programa, das quais 38 ocorreram em Minas Gerais e 17 em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Rio Grande do Norte, Bahia, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo Tocantins e Paraná. Foram vendidos 776 touros pelo preço médio de R$ 6.248,21, o que representa um crescimento de 34% em relação aos resultados obtidos em 2014. De acordo com diretor do programa, Rivaldo Machado Borges Júnior,

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apoiado pelos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e de Desenvolvimento Agrário (MDA), por órgãos de pesquisa, defesa sanitária animal e capacitação e formação de mão-de-obra rural, entidades de crédito, sindicatos rurais e Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de cada estado onde atua, o Pró-Genética tem como objetivo contribuir para o aumento da produção sustentável de carne e leite de origem bovina no país, bem como estimular governos municipal, estadual e federal a criarem políticas públicas e apoio financeiro aos pequenos e médios produtores rurais. “O programa visa à divulgação das técni-

cas de melhoramento genético e a favorecer a comercialização de animais dos pequenos e médios produtores”, ressalta o dirigente. Segundo o gerente de Melhoramento do Pró-Genética, Lauro Fraga Almeida, o programa está cumprindo a sua função de disseminar genética melhoradora. “Estamos tendo o reconhecimento da importância do programa nas cidades e regiões onde os eventos têm ocorrido. E os selecionadores que acreditaram, têm conseguido encorpar a carteira comercial e fidelizar novos clientes”, afirma. Em agosto de 2013, quando Rivaldo Júnior assumiu a diretoria do Pró-Genética, foram implantadas


Foto: JM Matos

ações para formalizar contratos com sindicatos, divulgar o programa, criar o Passo a Passo e fortalecer parcerias, a fim de garantir o fluxo de genética superior aos produtores, o que fez o Pró Genética ganhar verdadeiro impulso. Com apoio da atual Diretoria e dos Escritórios Técnicos Regionais da ABCZ, até o final de 2015, o Pró-Genética realizou 57 leilões, 111 feiras, quatro dias de campo e 147 seminários com 6.676 participantes, um aumento de 66% no número de inscritos, contribuindo com a transferência de tecnologia, aumento da produtividade e renda no meio rural e com a fixação deste produtor no campo. O valor médio dos touros, em 2015, foi de R$ 6.248,21, tomando como referência a @ arroba a R$ 140. Para Rivaldo Júnior, isso se torna economicamente viável para todos os produtores e, de acordo com o estudo do CEPEA/SP, o investimento em genética melhoradora, pode dar um retorno de até 5,3 vezes o valor investido. De 2014 para 2015 houve aumento de 611 para 776 touros comercializados nas feiras, ou seja, 27%

a mais de touros servindo as vacas dos produtores rurais e produzindo bezerros de melhor qualidade e mais lucrativos. Para o diretor Rivaldo Júnior, o índice reflete o trabalho de toda a equipe e das parcerias fortalecidas nos últimos dois anos. Para isso, o programa também conta com o trabalho direto do Comitê Interno Pró Genética for-

mado pelo superintendente técnico da ABCZ, Luiz Antônio Josahkian, da superintendente adjunta de Genealogia, Gleida Marques, dos profissionais Fernanda Merlo, Rafael Resende, Edson Simielli e Flaviana do Amaral, com o apoio do conselheiro da ABCZ em Minas Gerais, Fabiano Mendonça e, ainda, pelo gerente regional da Emater-MG, Gustavo Laterza.

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Julgamento a Campo

receberá inscrições até o final de março Por Sabrina Alves

A disputa será feita em trios e a expectativa é de que sejam concentrados, durante o julgamento, média de 600 animais criados no sistema de alimentação a pasto Com uma nova data, a ExpoZebu 2016 acontecerá entre os dias 30 de abril a 7 de maio, no Parque Fernando Costa, em Uberaba e, neste ano, a principal feira de zebuínos terá uma grande novidade: o Julgamento Zebu a Campo. A modalidade segue com as inscrições abertas até o dia 31 de março e, segundo a organização do evento, a expectativa é que cerca de 600 animais criados no sistema a campo participem da disputa. De acordo com o superintendente adjunto do Colégio de Jurados das Raças Zebuínas, Mário Márcio Moura, os animais serão avaliados em trios e os jurados ficarão a cargo de avaliar a homogeneidade dos animais frisando suas qualidades e, também, os seus defeitos. “Participarão somente animais 108 O ZEBU

com avaliação genética comprovada em qualquer programa de melhoramento genético existente no mercado atual. Esse julgamento será bem semelhante ao que acontece com as progênies em pista, só que com a avaliação genética como filtro para a participação”, explica. Todos os criadores que quiserem participar terão a oportunidade de mostrar as qualidades de seus animais,

Participarão somente animais com avaliação genética comprovada em qualquer programa de melhoramento genético”

criados exclusivamente a campo. A apresentação dos espécimes é um pré-requisito, fazendo uma comparação entre as amostras expostas que serão apreciadas pelo público presente. Com isso, será possível estimular e motivar os selecionadores, que até então, não tinham tanto espaço dentro da feira. O julgamento “Zebu a Campo” será também uma excelente oportunidade de aprendizado para estudantes e profissionais da área como veterinários, zootecnistas, pesquisadores, que poderão conhecer na prática o cenário do sistema de produção a campo, sem deixar a importância dos julgamentos do gado de pista de lado, fundamental para a evolução da genética zebuína no país. “Acredito que, no momento, é uma boa realidade. Somos conside-


rados um dos maiores produtores e exportadores de proteína bovina no mundo e devemos isso às pistas de julgamento, ao trabalho dos criadores e dos jurados pelo Brasil afora. Essa modalidade de julgamento não é nova e já acontece em outras raças e, agora, vem acrescentar conhecimento ao técnico, ao criador e ao selecionador, que terão a oportunidade de presenciar os animais em regime de pasto com uma pequena suplementação facilitando, assim, a comparação com seus animais que ficam na propriedade. Isso ainda ajudará a entender as ferramentas de melhoramento, como são os Programas de Melhoramento Genético na prática e, melhor, ‘ao vivo e a cores’”, conta. Realidade comprovada Outras associações já realizam julgamentos voltados para a avaliação de animais que são criados no sistema a campo. Durante a 11ª edição da ExpoBrahman, que aconteceu em setembro do ano passado, diversos animais da raça Brahman participaram da modalidade “Brahman a Campo”, que premiou animais rústicos criados em áreas extensivas em regime de pasto e mineral, realidade de grande parte do país. O sucesso do evento e a procura pelos animais participantes resultaram ainda na realização do leilão, que levou o mesmo nome da disputa. Jurados Segundo Mário Márcio, a modalidade contará com o apoio de três jurados efetivos que compõem o quadro da ABCZ, um jurado efetivo, um criador e um profissional da indústria ou de projetos de confinamento. A definição e a escolha desses profissionais serão feitas pela comissão organizadora do evento em meados de abril, junto com a divulgação dos demais jurados oficiais da ExpoZebu. A ABCZ reforça que as inscrições para o

julgamento dos trios se encerrarão no dia 31 de março. Entretanto, havendo disponibilidade, serão distribuídas as vagas remanescentes até o dia 8 de abril aos expositores já inscritos. Lembrando que serão permitidas apenas 30 vagas para a modalidade. Poderão ser inscritos trios de animais de uma mesma espécie (masculino ou feminino) de todas as raças zebuínas de aptidão de corte, conforme prevê o regulamento disponível no site da ABCZ. O ZEBU B


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Inovashow 2016 discute tecnologias desenvolvidas para o agronegócio Foto: Divulgação

Evento apresentou soluções para aumentar a competitividade de produtores rurais e dos seus negócios Há 23 anos, os eventos agrícolas e pecuários promovidos pelo Grupo Ma Shou Tao são reconhecidos por reunir os melhores especialistas do setor. Realizado nos dias 16 e 17 de fevereiro, na Fazenda Boa Fé, em Conquista (MG), o Inovashow 2016 reuniu informações técnicas, inovações, pesquisas e métodos que podem ser aplicados no dia a dia do produtor rural. Neste ano, o Inovashow Ma Shou Tao apresentou, em evento único, soluções para agricultura e pecuária. Dessa forma, todos os elos da cadeia produtiva estiveram reunidos no evento, aumentando a integração e interatividade do público, gerando oportunidades de negócios e relacionamentos. O sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) tornou-se realidade nos sistemas de produção do Brasil e se apresenta como alternativa viável de produção para recuperação de áreas degradadas pelo monocultivo. A integração de árvores com pastagens e lavouras na mesma área, em rotação, consórcio ou sucessão, possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo que se cria entre lavoura e pastagem. O engenheiro agrônomo e consultor da Unisafe Consultoria, Pedro

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Francio Filho, apresentou no Inovashow algumas práticas e aplicações do sistema de integração agrossilvipastoril que possibilitam o aumento da rentabilidade, visando à diversificação e melhor aproveitamento do espaço da atividade rural. “Há diversas experiências na atividade, em todas as regiões do país, com o sistema de integração com árvores exóticas e espécies nativas”, afirma o agrônomo. Para a agricultura, também foram aprestadas biotecnologias com resistência a plantas daninhas, pragas e doenças para culturas de soja e milho, e o resgate do Sistema de Plantio Direto na Palha. Integrar sistemas de produção, reaproveitar dejetos, maximizar o espaço e a mão de obra e reduzir custos também foram temas no Inovashow

2016. Em sua palestra, o agrônomo Antônio Nascimento, mestre em Ciência do Solo, consultor em Sistemas Bioativos de Produção, mostrou como converter dejetos bovinos em fertilizantes via compostagem e chorume tratado dentro da própria fazenda. “É possível usar tecnologias para se produzir fertilizantes de alta qualidade, com redução dos custos, mais produtividade e alto retorno”, enfatiza Nascimento. Pecuaristas também conheceram os avanços tecnológicos na cria e recria de bezerras, os indicadores de sucesso nas inovações zootécnicas, com período de transição, garantindo sanidade e produtividade, bem como a tecnologia Genômica como ferramenta de seleção genética de Girolando.


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Qualidade nutricional do milho armazenado em silo bolsa Por: Bruno Freitas, Roney Ramos e Michele Bastos – Departamento Técnico (Ourofino Saúde Animal)

INTRODUÇÃO A produção mundial de milho para a campanha 2013/14 foi de 984,0 milhões de toneladas (USDA, 2014 a), das quais cerca de 58,0% foram destinada para alimentação animal (USDA, 2014 b). Por sua vez, a Argentina produziu24,0 milhões de toneladas, das quais 8,3 milhões foram consumidas internamente. (USDA, 2014 a). 112 O ZEBU

Em paralelo, a participação do milho e das proteínas de origem vegetal nas dietas cresceu cerca de 39,0% e 52,0%,respectivamente. Em contrapartida, a participação de proteínas de origem animal diminuiu. Como consequência deste crescimento, a fabricação de alimentos balanceados assume 55,0% do milho que permanece no país, do qual estima-se que, na última campanha, 40,0% do total foi armazenado em silo bolsas.

Considerando que não há antecedentes sobre o valor nutricional do milho conservado com este sistema de armazenamento, foram realizados diversos estudos utilizando-se um material proveniente das colheitas de 2002 a 2005, a fim de determinar o valor nutricional do milho armazenado em silo bolsa em função do teor de umidade (TU) e do tempo de armazenamento.


Materiais e métodos Os grãos provenientes das avaliações de 2002 a 2005 foram produzidos em INTA. Para realizar os tratamentos de grãoscom diferentes TU, foram realizadas colheitas em momentos diferentes do fim do ciclo do cultivo e complementou-se com uma secagem natural controlada (ar ambiente) em sacos de tecido tipo “meia-sombra”. Foram utilizadas silo bolsas com 15,0 a 20,0 toneladas de milho, e o tempo de armazenamento oscilou entre 3 e 10 meses. Foram extraídas amostras de grãos para avaliar a qualidade comercial, matéria seca, proteína, lipídios, acidez (AACC, 1995) e micotoxinas (Trucksess, 1984, foram analisadas aflatoxinas,ocratoxina, citrinina, zearalenona, DON (Vomitoxina), toxina T2, fusarenona X, nivalenol e DAS (Diacetoxycirpenol)), e energia metabolizável verdadeira (EMV) (Sibbald,1976). Esta última determinação foi realizada utilizando-se 5 galhos adultos por tratamento. Finalmente, foram realizados testes de crescimento com frangos de corte para validar os resultados obtidos mediante determinações químicas e de EMV. Foram utilizados frangos de corte Cobb machos, criados em gaiolas ou piso na proporção de 10 aves por m 2. Cada tratamento contou com 6 réplicas distribuídas de forma completamente aleatória. O peso e o consumo de cada lote foram controlados semanalmente e calculou-se a conversão alimentícia. Forneceu-se um plano de alimentação de 3 etapas; iniciador até os 21 dias, crescimento até os 35 dias e terminador até os 49 dias (Tabela 1).

O milho proveniente dos silo bol-

Em 2003, foram comparados três

sas foi secado ao ar livre até alcançar

tratamentos: - Milho úmido (19,0%),

a umidade do milho controle (14,0%

armazenado em silo bolsa convencio-

- 15,0%), para que não houvesse di-

nal (20,0t). - Milho úmido (19,0%)

ferenças na ingestão de matéria seca,

armazenado em pequenos sacos (com

nem riscos de desenvolvimento de

material de silo bolsa) de 50,0 a 60,0

fungos por excesso de umidade.

kg. - Material seco naturalmente.

Os resultados foram avaliados por

Os controles foram realizados aos

análise de variância (ANOVA) e as

4, 6 e 10 meses de armazenamento,

médias separadas pelo teste de com-

sendo o último controle no final de

parações múltiplas de Duncan con-

janeiro de 2004, pelo fato do silo bol-

siderando um erro aproximado de

sa ter ficado exposto a variações de

5,0%. (Snedecor e Cochran 1967).

temperatura próprias de cada estação.

Em 2002, foram comparados três

Em 2004, foram comparados dois

tratamentos: - Milho úmido (19,0%),

tratamentos: - Material levemente

armazenado em silo bolsa. - Milho leve-

úmido (16,0% TU), armazenado em

mente úmido (16,0%), armazenado em

silo bolsa convencional (20,0t). - Ma-

silo bolsa. - Material seco naturalmente.

terial seco naturalmente. Os contro-

O primeiro controle foi efetuado

les foram realizados aos 3 e 10 meses

em agosto, aos 3 e 5 meses de arma-

de armazenamento. Em 2005, foram

zenamento (materiais com 16,0% e

comparados dois tratamentos: - Silo

19,0% de TU, respectivamente). O

bolsa convencional sem cobertura. -

segundo controle foi realizado em

Silo bolsa convencional com cober-

outubro, aos 5 e 7 meses de armaze-

tura (“meia-sombra”). Os controles

namento, segundo o nível de umida-

foram realizados aos 10 meses de ar-

de considerado.

mazenamento (maio de 2005).

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INTRODUÇÃO Observou-se uma deterioração da qualidade comercial associada ao TU, sendo o peso hectolítrico o parâmetro mais afetado (Tabela 2). O peso hectolítrico dos materiais Secos Naturalmente não sofreu variação no tempo, exceto quando foram avaliadas amostras após 10 meses de armazenamento, onde foi observada uma queda neste parâmetro. Por outro lado, os armazenados em silo bolsa mostraram uma queda no peso hectolítrico de 1,0 a 2,0 pontos percentuais. Estudos realizados com sacos experimentais (50,0 kg - 60,0 kg) mostraram que, apesar de ser comprovada uma queda do peso hectolítrico, as perdas de peso foram mínimas (-0,6%) depois de 10 meses de armazenamento. Não houve mudanças no TU inicial e final nos silo bolsas, nem nos teores de proteínas, lipídios e acidez após 3 meses de armazenamento. O milho armazenado com alto TU apresentou maior acidez que o Seco Naturalmente, e tal diferença foi incrementada com o tempo de armazenamento (Tabela 3). O aumento de acidez poderia ser consequência do processo de fermentação lática, o que não explica o aumento de acidez observado no caso do material Seco Naturalmente do ano 2003. 114 O ZEBU

O aproveitamento da energia bruta (EB) (EMV/EB) em geral diminuiu entre 1,0 e 2,0 pontos percentuais, independentemente do TU dos grãos (Tabela 4). Este resultado também foi observado no caso de milho conservado em silos tradicionais e seria consequência do “envelhecimento” dos grãos. Os frangos alimentados com milho armazenado com 19,0% de TU e conservado em ótimas condições (silo bolsa

sem rupturas), cresceram cerca de 3,1% mais que os frangos alimentados com milho Seco Naturalmente e tiveram uma melhor conversão alimentícia (-1,0%). Estas vantagens foram de menor magnitude no caso do silo saudável com 16% de TU. Este resultado poderia estar associado a uma mobilização de nutrientes originada pela atividade enzimática que se desenvolva em condições de TU,


como foi reportado em estudos realizados com centeio embebido (grãos e água em partes iguais) e armazenado em silo bolsas fechados durante 144h (Pawlik et al., 1990). Esta “pré-digestão” permitiria uma utilização mais rápida do alimento e, em consequência, um maior consumo. No presente estudo, embora tenhase observado um maior consumo comparado com o tratamento Seco Naturalmente, tal referência não foi significativa. Na Tabela 5, apresenta-se uma síntese dos resultados correspondentes aos 7 testes de crescimento realizados entre 2002 e 2004. Os mesmos são expressos como diferenças (%) com relação ao material Seco Naturalmente.

Na tabela 6, constam os resultados correspondentes ao estudo sobre proteção com “meia-sombra” realizado em 2005.

As melhoras em crescimento e conversão observadas em 2002com milho ensilado com 19,00% de TU também se repetiramem 2003, exceto quando o tempo de armazenamento foi de 10 meses. Neste último caso, o silo sofreu as mudanças de temperatura próprias da primavera-verão, o que afetou negativamente o

O emprego da cobertura (“meia-sombra”) em milho armazenado com 14,0 - 15, 0% de TU durante 10 meses reduziu a queda do peso hectolítrico, o que permitiu manter o material dentro do Grau 1. Em contrapartida, o milho armazenado sem cobertura teve uma perda de peso hectolítrico maior passando para Grau 2. A porcentagem de grãos danificados foi menor no milho conservado em saco plástico com relação ao Seco Naturalmente, provavelmente, devido a não haver danos causados por insetos. A acidez dos materiais embalados foi maior. A relação EMV/EB foi semelhante entre milho conservado com cobertura (93,6%) e Seco Naturalmente (93,3%), em contrapartida, tal relação no caso do milho sem cobertura foi menor (91,9%). Os frangos que receberam o milho embaladocom cobertura cresceram cerca de 6,0% mais do que os frangos que receberam milho embalado sem cobertura.

valor nutricional do milho. Em 2004, os resultados foram adversos devido a que no silo bolsa foram produzidas micotoxinas durante o armazenamento (aflatoxina B1 = 28 ppb, citrinina = 20 ppb e fuseranona = 500 ppb) por rupturas causadas por roedores.

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Conclusões Milho embolsado com 19,0% de umidade mostrou uma melhora no valor nutricional e, consequentemente, no desempenho das aves quando não houve rupturas do silo bolsa. Por outro lado, observou-se uma queda da qualidade comercial por menor peso hectolítrico e odor a álcool. Quando a umidade de armazenamento foi de 16,0%, as melhoras na resposta zootéc-

nica foram de menor magnitude. O emprego de “meia-sombra” como cobertura durante 10 meses permitiu manter a qualidade comercial do grão e alcançar um melhor desempenho dos frangos se comparado com a opção de não utilizar cobertura. É indispensável evitar rupturas ou debilitamento do polietileno que conforma o silo bolsa para manter a qualidade comercial e o valor nutricional do milho.

A principal causa de perda na resposta zootécnica dos frangos é devida a formação de micotoxinas quando não se asseguram condições de anaerobiose. Em síntese, para evitar perdas de qualidade comercial e valor nutricional, deve-se considerar o teor de umidade e o tempo de armazenamento dos grãos com a condição de que não ocorram rupturas no silo bolsa.

Referências - AACC. 1995. Method 58-15: Free fatty acids. Em: Approved Methods of the American Association of Cereal Chemists, 9th ed. American Association of Cereal Chemists, St.Paul, MN. - Azcona J. O. e Schang MJ. 1998. Uso de “EUROMOLD L - PLUS” para la conservación de maíz. Acordo INTA - EUROTEC. - Lamelas K.; Mair G. e Beczkowski G. 2014. Anuário 2013. Boletín Avícola, 71. - Pawlik J. R.; Fengler A. l. e Marquardt R. R. 1990. Improvement of the nutritional valué of rye by the partial hydrolysis of the viscous water-soluble pentosansfollowing water-soaking or fungal enzyme treatment. Br. Poult. Sci. 31: 525-535. - Sibbald I. R. 1976. A bioassay for true metabolizable energy in feeding stuffs. Sci. 55: 303-308. - Snedecor G. W. e Cochran W. G. 1967. Statistical methods, 6th ed. Ames: lowa State University Press. - Trucksess M. W.; Nesheim S. e Eppley R. M. 1984. Thin layer chromatographia method for deoxynivalenol (DON) vomitoxin in wheat and corn. J. Assoc. Off. Anal. Chem. 67: 40-43. - USDA 2014 a. World corn production, consumption and stock. Disponível em: - http://apps. fas. usda. gov/psdonline/psdHome. aspx. Acessado em Agosto de 2014. - USDA. 2014 b. World corn and barley: Supply and demand. Disponível em: http://- apps.fas.usda. gov/psdonline/psdHome. aspx. Acessado em Agosto de 2014.

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Protocolo P4 -14:

o melhor resultado na iatf de vacas de corte em anestro Por: Bruno Freitas, Roney Ramos e Michele Bastos – Departamento Técnico (Ourofino Saúde Animal)

Os benefícios da IATF já estão bem estabelecidos na pecuária de corte. Porém, algumas categorias ainda representam um grande desafio pela dificuldade em emprenhar, principalmente no início da estação de monta. Um dos grandes limitantes nesses casos é o anestro, ou seja, período no qual as vacas não apresentam ovulação. O anestro ocorre em animais pré-púberes, logo após o parto (anestro pós-parto) e pode ocorrer também em animais que passam por um período de restrição nutricional, neste último caso o anestro está associado à baixa condição corporal. Apesar de uma grande oscilação nas condições regionais de todo o Brasil, de uma forma geral, as vacas entram na estação de monta entre 30 e 70 dias após a parição. Nesse período, aproximadamente 75% das vacas

estão em anestro, causando um grande e negativo impacto nos resultados de concepção logo no início da estação de monta, lembrando que as vacas que emprenham logo no início da estação de monta são as mães dos bezerros do cedo. Isto é importante, pois os animais que nascem mais cedo terão mais tempo de ganho de peso entre o nascimento e a desmama. Assim, estratégias que aumentam a taxa de concepção no início da estação de monta promovem o aumento do melhor índice para se avaliar o sistema de cria: a quantidade de Kg de bezerro desmamado por vaca. Para obter os melhores resultados na IATF de vacas em anestro, o protocolo mais indicado é o P4-14 (figura 1) que consiste em um protocolo de IATF com suplementação de progesterona quatro dias após a inseminação artificial (IA).

Figura 1. Esquema do protocolo P4-14 indicado para vacas de corte em anestro. Sincrodiol: Benzoato de estradiol • Sincrogest: Dispositivo intravaginal de progesterona Sincrocio: Cloprostenol sódico • SincroCP: Cipionato de estradiol Sincro eCG: Gonadotrofina coriônica equina • Sincrogest injetável: Progesterona injetável

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Segundo estudo realizado pelo pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Dr. Guilherme Pugliesi, esse protocolo pode aumentar em até 20% a taxa de concepção de vacas em anestro (Pugliesi et al., 2016, Theriogenology, in press). Algumas fazendas de corte que já utilizam o protocolo P4-14 obtiveram excelentes resultados de prenhez após a suplementação de P4 pós IA. Na tabela abaixo é possível ver alguns resultados obtidos no protocolo P4-14 em comparação ao protocolo tradicional de três manejos.

Tabela 1. Comparativo entre o protocolo padrão de IATF e o protocolo P4-14.

“A suplementação com Progesterona de longa-ação pós IATF é um tratamento promissor para a pecuária de corte, pois pode promover ganhos consideráveis na taxa de prenhez na maior parte do rebanho Zebu que está em condição de anestro pós-parto.”

Vale salientar que, em animais de corte, a progesterona injetável deve ser sempre aplicada na dose (150 mg) e no momento correto (4 dias pós IA). O aumento da dose ou a alteração do momento da aplicação podem não resultar em aumento nas taxas de concepção ou, até mesmo em casos extremos, antecipar a luteólise. Assim, para

Dr. Guilherme Pugliesi

* Dados enviados pelo médico-veterinário Lussandro Comarella Lechinoski (Ourofino Saúde Animal). ** Dados enviados pelo médico-veterinário Marcelo Seixas Cova (J.P Assessoria Rural Ltda).

garantir os resultados do protocolo é importante seguir a recomendação técnica da sua utilização. De forma resumida o protocolo de IATF P4-14 já é uma realidade e com o Sincrogest® Injetável pós IA é possível obter boas taxas de concepção em vacas de corte que estão em condição de anestro pós-parto.

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PF investiga fraudes no comércio de carne A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar fraudes feitas, dentro do Brasil e no exterior, que prejudicam exportadores e importadores de carnes em diversos mercados pelo mundo. A denúncia foi feita pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) que apresentou mais de 500 casos relatados por associados à PF. São situações como clonagem de sites de empresas exportadoras, boletos de vendas que não aconteceram, falsificação de rótulos de produtos que não foram produzidos no Brasil, utilização de SIF’s (Selo do Serviço de Inspeção Federal) falsos, entre outros.

Economia

Novidades na Programa Leilões

A Programa Leilões com intuito de ampliar sua equipe comercial técnica acrescentou ao time de profissionais o Médico Veterinário Rodolfo Bilachi e o Zootecnista Plínio Queiroz. A contratação é garantia de melhor atendimento aos clientes Programa Leilões.

97% do rebanho mineiro é imunizado Crescem as exportações de produtos lácteos para Rússia contra a Febre Aftosa Segundo a Confederação da AgriDivulgado pelo Governo do Estado de Minas Gerais, o percentual de imunização de bovinos e bubalinos, com idade de um dia até 24 meses, contra a Febre Aftosa. Cerca de 9.167.626 animais em todo o estado foram vacinados durante a campanha. As informações são do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) que realiza o acompanhamento de dados relacionados à defesa agropecuária em Minas. De acordo com o diretor-geral do IMA, Márcio Botelho, não existem registros da doença no estado, mas é importante a prevenção, já que o vírus foi registrado em granjas norte-americanas e pode chegar ao país pelo processo de migração das aves. 120 O ZEBU

cultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Certificado Zoossanitário Internacional (CZI), feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), garante o cumprimento das condições sanitárias exigidas para o trânsito internacional de embrião vivo, in vitro, e sêmen brasileiros até Moçambique. Em dezembro de 2015, o Mapa já havia assinado acordos com Bolívia e Costa Rica. O contrato vai contribuir para a melhora do rebanho moçambiquenho, que conta com 1,25 milhão de cabeças, produção de 18,9 mil toneladas de carne e 962.320 litros de leite, segundo Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (Masa) de Moçambique.

Fonte: Maurício Farias/ABCZ


Embrapa lança aplicativo para suplementação bovina

Foto: Viviane Santana

Megaleite/SRU

Durante reunião entre os diretores do Sindicato Rural de Uberaba, Romeu Borges Júnior e o presidente da Girolando, Jônadan Ma, foi discutida a mudança da Megaleite para Belo Horizonte. O presidente do SRU se mostrou insatisfeito com a transferência da exposição para a capital mineira. Em contrapartida, o presidente da Girolando explicou que, depois de 12 anos, o evento cresceu e com isso as despesas aumentaram, ultrapassando a receita. Em nota divulgada pelo Sindicato, Jônadan disse que “a feira em Uberaba é deficitária e como o governo estadual vai ajudar com recurso, será preciso mudá-la de local. Isso isentará a Girolando de arcar com os prejuízos, como sempre fez aqui em Uberaba”, A diretoria do SRU declarou que respeita a decisão, mas não concorda com a mudança e uma decisão dessas poderia ter sido discutida previamente. “Agora que estamos a par das dificuldades, não mediremos esforços para que a Megaleite retorne à Uberaba em 2017. A feira faz parte da história do município e é aqui que ela deve permanecer.”

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), acaba de lançar o Suplementa Certo, primeiro aplicativo para smartphones e tablets, com sistema operacional Android, desenvolvido com o objetivo de ajudar na escolha de suplementos e estratégias para nutrição de bovinos de corte durante a seca. Ele permite comparar produtos de diferentes marcas e tipos de suplementação, ou seja, com sal proteinado e semiconfinamento. Outra informação disponível no app é o número mínimo de cochos que deve ser disponibilizado ao lote a ser suplementado.

Fonte: Embrapa)

Fonte: SRU

InterCorte 2016

A partir desse ano o Circuito ExpoCorte passa a adotar o nome de Circuito Intercorte. O anúncio foi feito pela Verum Eventos, responsável pela organização do evento. Segundo nota enviada à imprensa, a mudança se deu em razão do nome ExpoCorte já estar registrado, como informa a promotora da Intercorte, Carla Tuccilio. O Circuito InterCorte percorrerá cinco estados brasileiros - Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins e São Paulo onde será realizada a “Exposição Tecnológica da Cadeia Produtiva da Carne”, uma grande novidade para este evento. Serão três dias de evento com feira de negócios, workshops, mostras virtuais de animais, 1º Leilão Mega Cruza Multi Raças, Caminho do Boi.

Semana da Carne

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) e o Governo do Estado de São Paulo anunciaram a realização da Semana da Carne, programada para acontecer entre os dias 13 a 19 de junho, para a Bienal de São Paulo, no Parque do Ibirapuera. Entre as atrações estão a InterCorte. De acordo com a SRB, o objetivo é integrar produtor, indústria e consumidor, para mostrar ao público urbano como a produção da carne que consome passa por um processo de gestão e manejo do animal, seguindo as melhores práticas do mundo.

Foto Maurício Faria

ExpoGenética 2016 é marcada

Acontecerá entre os dias 20 a 28 de agosto a Expogenética 2016. A data foi confirmada pela ABCZ que já garantiu a participação dos principais programas de melhoramento genético das raças zebuínas e selecionadores de todo o país. Durante o evento, haverá também a escolha dos touros da nova bateria do Programa Nacional de Touros Jovens (PNAT).

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O ZEBU Geral

Um construtor em construção

Semex anuncia novo gerente

Com mais de 20 anos de experiência no mercado de corte, Antônio Carlos Sciamarelli Júnior é o novo gerente de corte da Semex Brasil, uma das mais conceituadas empresas de genética bovina do país. Formado em Zootecnia pela UNESP (Botucatu), já atuou como docente em instituições educacionais e na área comercial tem alcançado excelentes resultados na comercialização de sêmen. Para ele, a expectativa é agregar sua experiência e conhecimento à empresa e contribuir com o pecuarista que deseja alavancar seus negócios e torná-los mais rentáveis. “O crescimento consistente é baseado na genética Semex, no trabalho técnico e na capacitação que iremos oferecer”, garante.

O jornalista e escritor Camilo Vannuchi acaba de lançar a biografia “Na estrada com Gabriel Andrade”, em comemoração ao aniversário de 90 anos do engenheiro, celebrado em 12 de janeiro de 2016. A obra traz causos e histórias publicadas na plataforma digital Medium, sobre o fundador da empresa Andrade Gutierrez e pioneiro na criação e no melhoramento genético de Gir Leiteiro na Fazenda Colonial, em Janaúba, norte de Minas Gerais. Gratuito, o livro ficará disponível para leitura e impressão. Em breve, poderá ser divulgado com selo de editora e venda em livraria, nas versões impressa e digital. Confira o livro acessando https://medium. com/na-estrada-com-gabriel-andrad.

Fonte: Divulgação

Tributação sobre exportação do agro A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou nota sobre os rumores de que o Governo Federal pretenderia tributar a exportação de produtos agropecuários. A CNA se mostrou contrária a possível e antecipou que a decisão seria um grande equívoco. A nota destaca que a taxação ocorreria por meio da revogação da isenção da contribuição previdenciária, que hoje vigora para os produtores que exportam o total ou parte de sua produção. “Trata-se de um verdadeiro ataque contra um setor que foi o principal motor dos anos de crescimento neste século e sustenta, mesmo na crise, o equilíbrio de nossas contas externas. Mais uma vez, tenta-se prejudicar a modernização e o crescimento econômico da agropecuária e do Brasil”, frisou.

Revolução

A ABS Pecplan revolucionou o mercado de genético bovino, lançando um conceito inovador: o ABS NEO, o primeiro fruto depois da aquisição da IVB (In Vitro Brasil) pela ABS. A partir de agora, pecuaristas podem adquirir genética via embriões congelados por uma tecnologia inédita no setor. O melhoramento já vem pronto através de um rigoroso processo de seleção para características produtivas. Foram projetadas e elaboradas linhas genéticas para atender as principais necessidades do campo. “Mais uma vez, inovamos para garantir resultado real para nosso cliente. A escolha da genética foi totalmente projetada para solucionar os principais problemas dos pecuaristas, usando as melhores fêmeas do mercado e touros TOP da nossa bateria”, ressalta Frederico Glaser, Gerente de Mercado e Contas-chave da ABS Pecplan. Para saber mais, acesse a página do produto:www.abspecplan.com.br/absneo.

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Cuiabá é sede da primeira etapa do Circuito InterCorte 2016

Cuiabá recebe a primeira etapa da edição de 2016 do Circuito InterCorte, que acontece entre os dias 02 e 03 de março, no Centro de Eventos Pantanal, e tem como proposta disseminar a tecnologia e fomentar discussões sobre a cadeia produtiva da carne. Promovido pela Associação dos Criadores de MT (Acrimat), Sociedade Rural Brasileira (SRB) e pela Verum Eventos, a etapa de Cuiabá do Circuito InterCorte chega a sua quinta edição. Mais informações: www.circuitointercorte.com.br


Os melhores para IATF

6ª Pesagem da 3ª Prova Nacional de Produção de Leite

ABCGIL divulga a 6ª pesagem da 3ª Prova Nacional de Produção de Leite - Gir Leiteiro Sustentável. O Objetivo da prova é avaliar o desempenho produtivo e reprodutivo de novilhas Gir Leiteiro nas mesmas condições de manejo, identificando os animais mais produtivos e eficientes dentro de um sistema de produção economicamente sustentável. Serão estabelecidos índices econômicos e produtivos de classificação, levando em consideração o custo de produção, qualidade do leite (gordura, proteína, sólidos totais, CCS e proteína A2), intervalo entre partos, persistência de lactação, dentre outros. A prova tem o apoio da ABCZ, Futura Rações, Ourofino Saúde Animal, Arenales Homeopatia Animal, Eurollate Ordenhadeiras Mecânicas, Biovitro, FAZU, Uniube, USP e Instituto de Zootecnia (IZ). Fonte: ABCGIL

O consolidado Selo IATF da ABS Pecplan acaba de ganhar duas novas categorias para avaliação do desempenho dos touros na técnica de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF). O programa, que era dividido em Bronze, Prata e Ouro, passa a contar com duas novas graduações - Safira e Diamante, que serão concedidas apenas aos reprodutores que atenderem critérios ainda mais rígidos. Cacique é um dos touros certificado com o Selo Diamante, 10 mil inseminações informadas em 30 fazendas em mais de 10 regiões e com a taxa de prenhez maior de 54%. “Com certeza, vamos valorizar ainda mais o desempenho dos touros da bateria e valorizar também o nosso banco de dados”, comenta Cristiano Ribeiro, Gerente do Departamento Técnico Corte da ABS Pecplan, lembrando que o programa de Selos é pioneiro no mercado e que desde 2008 profissionais da empresa e técnicos parceiros coletam dados de protocolos de IATF para dar sustentação ao sistema, que hoje já conta com mais de meio milhão de informações.

Único TE CAL

No último dia 12 de fevereiro, o touro Único TE CAL, pertencente à Fazenda Calciolândia, foi atingindo por um fio da rede de alta tensão e acabou morrendo. O animal se sagrou como 3º Touro do Ranking e 23º grupo do Sumário Teste de Progênie 2015 com PTA de 488,4 Kg. E ainda ficou em 13º do Ranking Geral, de 316 Touros avaliados, pelo Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro.

Morre grande recordista

Aos 15 anos, Backup foi destaque da bateria Nelore da CRV Lagoa e recordista de produção de sêmen com quase 1 milhão de doses produzidas e comercializadas além de mais de 450 mil produtos nascidos. Proveniente do núcleo PO da seleção da Agro-Pecuária CFM, Backup tem linhagem paterna IZ e Golias e conta com mais de 25 mil filhos avaliados no Sumário PAINT consolidado 2015. Com MGT de 19,57 na ANCP 2015, além de 9.824 filhos avaliados em 197 rebanhos. Em 2008, recebeu o troféu Palheta de Ouro, ao ultrapassar 250 mil doses de sêmen produzidas. Em 2010, atingiu a marca de 415 mil doses. Um ano depois, Backup sagrou-se o novo recordista brasileiro de produção de sêmen na raça, com mais de 463 mil doses. Em outubro do ano passado, o touro bateu outro recorde: em promoção especial, 80 mil doses comercializadas em um dia. O reprodutor fazia parte de condomínio formado pela CRV Lagoa em conjunto com Ricardo de Castro Merola, João Roberto Françolin, Pedro Novis e Iporanga Agropecuária.

Central Uberaba começa a funcionar Agora é oficial! A nova Central Uberaba (Cenub) está pronta para prestar serviço de qualidade na área de coleta de sêmen e embrião. Dirigida pelo agente comercial William Alves, pela médica veterinária Adriana Mendes e por Gilmar Antônio, responsável pela estruturação técnica e manejo, a Cenub está focada em oferecer coleta e comercialização de sêmen de touros e embriões, de forma moderna e atualizada, conforme as exigências do mercado. A Central Uberaba já está aberta para receber os criadores na ampla sede, localizada no km 158 da rodovia BR-050. O ZEBU B


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O futuro da pecuária é o pasto

Por: Júlio César de Barros Diehl, Gerente de Marketing e Qualidade Fertigran Fertilizantes

Sem ousar fazer previsões que devem ser feitas por pessoas muito mais qualificadas que eu, vou tentar analisar as últimas notícias da semana de carnaval de 2016 – econômicas, financeiras, sociais e políticas - no nosso mundo globalizado e suas repercussões no agronegócio brasileiro. Uma das grandes preocupações dos países desenvolvidos é a deflação, que é a queda de preços de vários produtos por falta de consumo ou por excesso de oferta, até mesmo por ambos. Sem falar do Brasil, pois aí seria chute mesmo e não análise. Os preços estão caindo em todo o mundo, commodities minerais, petróleo, alimentos (menos que os outros). A última novidade (e brava) são os juros negativos – Japão, por exemplo, que visa incentivar os investimentos, o consumo e desestimular a poupança. O foco no caso é estimular o crescimento. A queda dos ativos é uma realidade: imóveis, aluguéis, salários, consumo caindo, desemprego subindo. Passamos da preocupação para o susto e depois para o medo. As notícias de todos os lados são sempre ruins e com viés de piora. Como o nosso negócio é a pecuária e a agricultura, vamos mudar o rumo da conversa e tentar sair da depressão para a racionalidade. Até agora não ouvi e nem li notícias de que as pessoas estão parando de comer – elas não vão parar de comer em nenhum lugar do mundo. A queda de preços de produtos agrícolas é sempre em função do aumento da oferta e nunca por queda da demanda e isso se chama: Mercado. Cada produtor, em cada país, tem a obri-

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gação de estudar, conhecer suas vantagens comparativas e competitivas e bater no peito e dizer: nós somos competitivos e vamos atrás desse mercado. Por falar em preços dos ativos e o preço da terra caiu? Onde? Não caiu e não vai cair, pois a terra é o nosso ativo mais precioso e daí é que surgirá a luz no fundo do túnel. Temos o maior e mais competitivo país agrícola do mundo. Por que? Porque o maior recurso natural que o Brasil tem é espaço para realizar a Fotossíntese, que é a reação química mais importante da natureza, pois é ela que proporciona a produção de todos os vegetais, que poderá se transformar em: carne, leite, etanol, açúcar, celulose, madeira, soja, milho, aves, suínos, café, cacau, borracha, frutas, flores, algodão, arroz, algodão, hortaliças, enfim, tudo que possa ser produzido por nosso Agronegócio. Vamos desmistificar a fotossíntese, quantificá-la para mostrar que o que ocorre desde que uma planta germina: não é milagre da natureza, mas sim um conjunto de condições para que a reação química ocorra. As condições são: Sol fornecendo luz e calor, temperatura, água, umidade e ar. Com espaço e condições climáticas, a natureza participa com 95 % da matéria seca dos vegetais que são: C = carbono, H = Hidrogênio e O = Oxigênio. Os 5% restantes vem do solo e quando estão em falta do calcário,do gesso e dos fertilizantes, que são: N = NITROGÊNIO, P = FÓSFORO, K= POTÁSSIO, Ca = CÁLCIO, Mg =MAGNÉSIO, S = ENXOFRE, B= BORO, CU = COBRE. Mn = MANGANÊS, ZN = ZINCO, Cl = CLO-

RO, Mo = MOLIBDENIO. FE = FERRO, SI = SILÍCIO, Co = Cobalto, Ni = NÍQUEL e Se = SELÊNIO. Quando o gado está consumindo, por exemplo, uma tonelada de matéria seca (que é a gramínea descontada a água), a natureza entrou com 950 Kg, e o solo e os fertilizantes entraram com 50 kg. O produtor rural entra com o espaço e os nutrientes e a natureza entra com o resto. Isso é, quando bem planejado e gerido, o melhor negócio do mundo. Um exemplo bem claro, quando exportamos uma tonelada de soja estamos exportando 950 kg de fotossíntese, que é de graça e renovável. Na realidade, o Brasil é um grande exportador de fotossíntese. Como cada produtor tem, na sua propriedade, um reator químico para produzir alimentos para o seu gado de corte ou leite, deve-se decidir se vai produzir seu próprio alimento ou vai comprar alimentos, rações, feno concentrados, volumosos dos seus vizinhos, que têm as mesmas condições dele. Sem ignorar a importância dos suplementos e rações – em épocas especiais, e não o ano todo. O futuro da pecuária é o pasto. É onde está o alimento de mais baixo custo. O preço dos fertilizantes é responsabilizado por alguns produtores, pelo baixo uso nas pastagens. Mas vale lembrar que, quando se compra rações, está se pagando o fertilizante do produtor de soja e milho, além de todos os fretes para movimentar os adubos, o milho ou a soja, e ainda, o custo de produção das fábricas e as margens de lucro de toda a cadeia. O adubo embutido na ração é muito caro. No próximo artigo continuaremos com mais detalhes de como adubar pastos corretamente.


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O ZEBU Artigos

A transferência de gado entre propriedades do mesmo produtor não deve pagar ICMS

Tornou-se comum, em tempos de tecnologia e produção intensivas, as diversas propriedades de um mesmo produtor participarem de ciclo único, todas integradas em busca do melhor resultado. O isolamento, quando cada fazenda tinha vida própria, independente e segregada das demais unidades, ficou no passado. Hoje, com margens menores e maior competitividade, é imperioso ter escala e integração na produção agropecuária. Em busca de números mais atrativos, muitos pecuaristas arregaçaram as mangas na tentativa de localizar o melhor local para desenvolver a engorda e, por fim, vender o animal acabado. Assim, não raro, animais iniciam o ciclo em um Estado e são remetidos para outro, antes do abate, como por exemplo, cria e recria em PA ou MT e engorda em SP. Em muitos casos, inclusive, há a utilização de confinamentos na fase final. Nos locais onde a terra é mais cara, como SP, a pecu-

Eduardo Ramos Viçoso Silva (eduardo@ psg.adv.br) advogado do Peluso, Stupp e Guaritá Advogados.

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ária extensiva tem perdido espaço. É a lógica da conta da rentabilidade x patrimônio/capital investido. O problema aqui encontrado, todavia, é que a união dos melhores cenários (cria-recria/engorda), implica, muitas vezes, na remessa interestadual da produção ou do gado. E ao contrário da venda dentro do Estado, a remessa interestadual implica em pagamento de ICMS. É certo que, na sistemática não cumulativa, o crédito do imposto pago pode ser aproveitado nas etapas seguintes. Mas como não há o pagamento do tributo nas transações dentro do Estado, o que geralmente ocorre na venda para o Frigorífico, o produtor sobra com o crédito. A dificuldade é que são muitas as restrições impostas pelos Estados para a plena utilização do crédito acumulado. O resultado é uma significativa perda no fluxo do capital investido e deságio na utilização do ICMS acumulado. Para combater o pagamento de ICMS nas remessas entre os Estados, em hipóteses específicas, observados o substrato econômico e o propósito negocial, há mecanismos jurídicos que podem auxiliar o pecuarista. A medida, igualmente aplicável na criação de suínos, caprinos, e etc., tem se mostrado grande aliada, com melhora de competitividade e lucro, desde que fundamentada em chancela do Poder Judiciário, o qual reiteradamente tem determinado que

na remessa desses animais entre estabelecimentos do mesmo proprietário, ainda que de um Estado para outro (operação interestadual), não incide o ICMS. É necessário frisar que não são todas as operações que cabem no entendimento da jurisprudência, devendo se levar em consideração peculiaridades do caso concreto. Todavia, pode-se afirmar que o posicionamento dos Tribunais é amplamente favorável a desoneração do ICMS na remessa de mercadorias entre propriedades de um mesmo produtor, com eco, também, nos Tribunais Superiores. Embora pareça de difícil aplicabilidade num primeiro momento, certamente aqueles que fizerem as contas enxergarão no modelo uma alternativa a ser considerada, com segurança jurídica, desde que obtida decisão perante o Poder Judiciário e observadas todas as medidas operacionais e jurídicas necessárias.

Marcelo Guaritá B. Bento (marcelo@psg. adv.br) advogado do Peluso, Stupp e Guaritá Advogados.


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O ZEBU Informe Publicitário

ABCZ unida: a evolução continua! Se hoje existe uma entidade sinônimo

rio criador Torres Homem Rodrigues

e comunicação. Entenda a seguir como

de pecuária, essa é a Associação Brasi-

da Cunha, filho de José Olavo Borges

cada um deles funcionará na prática.

leira dos Criadores de Zebu (ABCZ). E

Mendes, presidente da ABCZ em três

para manter seu protagonismo nas mais

ocasiões, e empresário de sucesso na área

Prestação de Serviços - A meta

importantes decisões do agronegócio na-

reprodutiva, sendo pioneiro no domínio

é desonerar os associados e aperfeiçoar os

cional é que Frederico Cunha Mendes foi

da técnica de transferência de embriões e

serviços já prestados. A forma de fazer isso

indicado pessoalmente pelo presidente

no uso da ultrassonografia aplicada à re-

é desburocratizando, dentro do possível,

Luiz Cláudio Paranhos para ser o can-

produção animal nas feiras de gado pro-

as regras do Serviço de Registro Genealó-

didato da situação nas próximas eleições

movidas no Parque Fernando Costa, foi

gico, especialmente no que tange ao exa-

da associação, em agosto. Com o apoio

ele quem trouxe para dentro da entidade

me de DNA; desengessando o procedi-

de 15 dos 17 membros da diretoria atual,

a avaliação genética do PMGZ, entre ou-

mento de comunicações e otimizando os

e encabeçando a chapa ABCZ UNIDA,

tros méritos que levaram à indicação de

processos vigentes, como já acontece com

Fred Mendes, como é conhecido entre os

Paranhos.

os criadores participantes do PMGZ, que

Melhoria

Contínua

da

zebuzeiros, é uma jovem liderança que

Muito bem posicionado em relação

passam a contar com acasalamentos gra-

converge o faro da pecuária seletiva ao

às diretrizes necessárias para que a ABCZ

tuitos das matrizes inscritas no programa.

tino empresarial que a cadeia produtiva

continue evoluindo e acompanhando às

“Onde não for possível reduzir, vamos

tanto necessita, endossado por um MBA

necessidades de mercado, as propostas de

buscar entregar mais serviços a partir dos

em Gestão Empresarial pela Fundação

Fred se sustentam em cinco pilares prin-

recursos atualmente empregados”, explica

Getúlio Vargas.

cipais: prestação de serviços, representati-

Fred, esclarecendo que tais mudanças de-

vidade, gestão empresarial, infraestrutura

pendem da aprovação do Conselho Deli-

Médico-veterinário, neto do lendá128 O ZEBU


dos para inovação, transferência de tec-

pontua Fred. Inserção de Gestão Em-

nologia e treinamentos para associados e

presarial - A entidade máxima do

pecuaristas em geral. “Agora, vamos ainda

zebu nada mais é hoje que uma empresa

mais além. Pretendemos ampliar a oferta

de grande porte. Por este motivo, além da

aos associados de cursos gratuitos e pre-

necessidade de se fazer mais com menos,

senciais sobre manejo e adubação de pas-

aprimorar os serviços prestados e reduzir

tagens, sanidade, reprodução, nutrição e

os custos dos associados, a gestão deve ser

bem-estar animal. Para tanto, também

conduzida de forma igualmente profis-

estamos capacitando os 105 técnicos dis-

sional, algo já realizado e que será levado

poníveis para que assistam o associado em

adiante. Um bom exemplo está no geren-

todas essas áreas”, informa Fred.

ciamento das finanças da ABCZ, que se

Melhoria da Comunica-

utiliza de uma “Central de Custos”, com

ção em Todas as Frentes - A

cada receita sendo aplicada no próprio

ABCZ percorre o país e ouve sistematica-

departamento que a gerou. “Eu explico:

mente os associados através de reuniões,

dinheiro advindo do PMGZ é investido

encontros, eventos, meios eletrônicos,

no próprio programa, assim como a recei-

ouvidoria e pesquisas. Faz das críticas e

ta com registros é destinada à melhoria do

sugestões uma ferramenta de melhoria

berativo Técnico da ABCZ e do próprio

Serviço de Registro Genealógico e assim

contínua. A associação recebeu reclama-

Ministério da Agricultura.

sucessivamente”, esclarece Fred. Além

ções quanto à impossibilidade de consul-

Representação e Partici-

disso, o software de gestão da ABCZ -

ta às datas de comunicação das cobrições.

pação Política - A associação ga-

o Produz - passará por inovações e, da

Essa questão já foi resolvida, da mesma

nhou força e respeito com o passar das

mesma forma que os técnicos de campo,

forma que se tornou possível conferir e

décadas, exercendo papel primordial jun-

atenderá os associados em assuntos extra-

corrigir informações pendentes que ne-

to à defesa da classe pecuarista e por que

genética (sanidade, nutrição, manejo e

cessitariam de um atendimento extra.

não dizer de todos os produtores rurais. É

adubação de pastagens).

“Ouvimos e resolvemos. Esse é o motivo

conselheira e interveniente na elaboração

Otimização

Infraes-

de termos um índice de satisfação geral,

de políticas públicas que envolvam o seg-

trutura – A ABCZ, ao longo das

que engloba serviços dos técnicos e do es-

mento e determinante quando na defesa

últimas gestões, dotou o Parque Fernan-

critório, em torno de 93,28%”, ressalta o

da carne brasileira, a exemplo do episódio

do Costa de uma completa estrutura

candidato da chapa ABCZ UNIDA. Essa

de Anuga, na Alemanha, onde enfrentou

para realização de eventos de promoção

mesma transparência continuará sendo

pecuaristas e parlamentares europeus para

do zebu. Adquiriu a Estância Orestinho

levada adiante com as associações promo-

desmentir boatos sobre o produto nacio-

(OT), uma área com 70 hectares onde são

cionais de raça e demais entidades figura-

nal, acusado de portar riscos quanto à fe-

desenvolvidos pesquisas e eventos volta-

tivas do setor.

da

bre aftosa. Isso possível graças a parcerias com outras entidades de peso como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e às cadeiras que possui na Câmara Setorial da Carne Bovina e na Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). “Se envolve interesses da cadeia produtiva da carne

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bovina, a ABCZ precisa estar presente”, O ZEBU B


O ZEBU Calendário

Fotos: JM Matos

Dia de Campo Nelore do Golias

Expoinel A feira será promovida pela Associação Mineira de Criadores de Nelore e acontece de 22 a 27 de Fevereiro, no Parque Fernando Costa, em Uberaba/MG. Mais informações pelo telefone (31) 3286-­ 5347 ou pelo e-mail: nelore@neloreminas.org.br e www.neloreminas.org.br.

O evento acontece no dia 27 de fevereiro, km 5 da Rodovia Senador Teotônio Vilela - 3 Km do perímetro urbano de Araçatuba, interior de São Paulo. Realizado pelo Condomínio Teles de Menezes com apoio científico da Faculdade de Veterinária da UNESP (Campus de Araçatuba), vem desenvolvendo o Projeto Nelore do Golias. Mais informações pelos telefones: (18) 3622-7441 / 97836053 ou pelo e-mail fabio@neloredogolias.com.br ou http://www. neloredogolias.com.br/

4ª Expo Cerrado

A feira acontece em Goiânia, entre os dias 1º e 13 de março e será promovida pela Associação Goiânia do Nelore/GO. Mais informações pelo site www.neloregoias.com.br ou com Márcia ou Eduardo pelo e-mail contato@neloregoias.com.br ou pelo (62) 3203-1314.

42ª Exporã A 42ª edição da Exposição de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, acontece entre os dias 3 e 13 de março. A feira foi programada pela Associação Sulmatogrossense de Criadores de Nelore, as inscrições podem ser feitas com Miguel pelo telefone: (67) 8122-5921, ou pelo e-mail mr.julgamentos@gmail.com

Expobel A feira é realizada a cada em dois anos, no Parque de Exposições Jayme Canet Júnior, em Francisco Beltrão, no estado do Paraná e é promovida pela Associação Comercial de Francisco Beltrão e pela Prefeitura Municipal. Mais informações pelo (46) 3520-2121 ou pelo site www.expobel.com.br/

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45ª ExpoParanavai A Exposição de Paranavaí, no Paraná, acontece entre os dias 4 e 13 de março, no Parque de Exposições Presidente Arthur da Costa e Silva e é promovida pela Sociedade Rural do Noroeste do Paraná. Mais informações pelo (44) 3424­-2020.


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