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Por dentro do Multiverso musical da 202
Clara Magalhães & James Jarrel
Os sábados são os melhores dias para sair, principalmente à noite. A noite de Teresina te reserva coisas que você nem imagina que poderia encontrar, coisas que você nem pensou que descobriria quando chegasse no seu destino. Foi no meio de uma dessas saídas nas noites de sábado na capital que nós dois nos encontramos em um lugar de atmosfera inexplicável, rodeados de pessoas que se uniam por uma paixão em comum: a música.
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O nome do evento que fomos, com o intuito de escrever sobre e de fazer umas entrevistas com quem tivesse à disposição de nos responder, era Festa da Firma e aconteceu no espaço Multiverso, na zona Leste da cidade de Teresina. O evento produzido pela 202 Produções- produtora de eventos que eu tive o prazer de conhecer e de saber mais sobre - unia diferentes bandas, autorais e covers, e reuniu um público grande de pessoas que se encontravam em sintonia, curtindo um momento único. Logo, pudemos nos ver nos unindo à elas também, como se aquele entusiasmo fosse algo contagioso.
A Festa da Firma tinha a proposta de reunir essas bandas e de proporcionar para o público um momento único na cena musical da cidade, dando notoriedade para as bandas autorais, que à propósito, merecem todo o reconhecimento do mundo, o Piauí é mesmo cheio de pessoas talentosas! E dando espaço também para bandas covers mostrarem a que vieram.
O lugar estava todo enfeitado, cheio de luzes, de pessoas, de sorrisos. A piscina que se encontrava do lado de um dos palcos montados no evento, depois se encheu de pessoas, o que foi um momento muito divertido na noite.
Assim como os momentos em que as bandas se apresentaram e mostraram seu potencial, deixando bem claro que os músicos locais executam seu trabalho com bastante perfeição, sorte daqueles que estavam ali naquela noite e puderam presenciar tudo aquilo que aconteceu. também que isso é uma coisa que, lá quando ele estava começando a ser compositor, se questionava muito, com perguntas como “Meu Deus, onde é que eu vou tocar?”. Ele contou que depois que conheceu o cenário, ensaiou no estúdio da 202 e conheceu a produção, ficou impressionado com o que eles faziam, com o fato de estarem sempre produzindo eventos com bandas autorais, Ele acredita que essa é uma forma de, pelo menos, manter a cena viva.
“São eventos importantes. Eu gostaria que tivessem eventos de maior magnitude como foi o Festival GiraSol.”
Nós estávamos empenhados em conseguir capturar aquela noite do ponto de vista de outra pessoa, de alguém que pisou no palco e tocou para aquele público, e foi com essa motivação que conseguimos conversar com duas pessoas muito receptivas e que fizeram questão de nos contar sobre o evento pelos olhos dos mesmos. Eram Artur Caldas, de 22 anos, guitarrista, vocalista e compositor da banda piauiense Florais da Terra Quente, e João Mereu, de 25 anos, violinista da mesma banda.
Artur me contou que dentro de Teresina é muito complicado para os músicos contarem com a iniciativa privada para fazerem shows desse tipo, com bandas autorais, e disse
“Acho muito importante mesmo esses eventos, porque pelo menos mantém a cena aquecida, a cena querendo continuar trabalhando. As bandas autorais se conhecem por meio desses eventos e comoartilham as experiências, então assim, é importante por isso. Hoje aqui, a gente ta tocando com pessoas que são todas praticamente de outros estilos.”
Ao questionar João sobre o show que eles fizeram mais cedo, ele contou que o show do dia foi uma etapa muito importnate para a banda, porque a pouco tempo atrás eles tiveram o show do Festival GiraSol, que os animou muito e já no dia da Festa da Firma, eles puderam perceber algumas dificuldades que eles passam, enquanto membros de uma banda, sobre questões de organização na execução de uma tarefa ou outra. Ele conta também que com a experiência eles puderam absorver muita coisa e que vão conseguir melhorar bastante coisa também, porque toda banda tem seus altos e baixos e aquele tinha sido um dia que ofereceu ambos à eles.
Quando perguntei ao Artur sobre a experiência de tocar em um evento onde as pessoas vão porque gostam das suas músicas e porque tem interesse em conhecer mais sobre a banda, ele me disse exatamente a seguinte coisa:
“É muito massa sabe, a gente vem aqui, a gente toca super cedo e ainda assim tem gente que vem assistir nosso show. Apesar das dificuldades, às vezes... Hoje é sábado mas tem gente que, sei lá, na quarta-feira, as pessoas tão trabalhando e ainda assim vão atrás da gente e tal, vão escutar, porque gostam da musica que a gente faz. Então assim, é isso que me deixa mais orgulhoso mesmo, quando a gente pensa: ‘Ai, esse show aqui acho que não vai dar tanta gente’ e aparecem pessoas novas, aparecem pessoas que a gente já reconhece... Então, é bom saber que tem um publico consolidado e é bom saber também que têm pessoas que tão esperando da gente alguma coisa, até alguma coisa a mais do que a gente já faz. Por isso que ultimamente também, a gente tem aproveitado esses últimos shows pra tocar músicas novas e ver a reação do público, e tem sido muito positivo. Então é isso, só felicidade. Tem o estresse todo de tocar, de fazer o show mas a recepção do publico sempre é animadora e eu fico sempre feliz.”
É notório que a cena musical de Teresina vem retomando cada vez mais seu espaço, esteve um tanto apagada por um tempo mas atualmente está muito ativa, mostrando as caras e mostrando novos talentos para o público que tanto ama a música. Sobre esse renascimento da cena musical, João afirmou que: “Algum tempo atrás eu percebia que Teresina tava com um cenário musical muito parado, mas agora, dá pra perceber que ele ta se renovando cada vez mais com os eventos que tão acontecendo agora em 2022. A gente tá finalmente voltando a ser a Teresina musical de antigamente e a gente tem muito tesouro escondido pra pegar, tem muita coisa pra ser descoberta também, acho que, por exemplo, o evento de hoje que traz um bocado de banda autoral que tá em atividade nesse tempo tá tendo muita oportunidade também de crescimento porque dá até uma certa notoriedade também. Tem gente que só não conhece banda boa porque não tá tendo show e aí aparece aqui e começa a gostar de alguma coisa local como foi eu com algumas bandas daqui. Então, acho que o evento de hoje foi uma coisa maravilhosa, acho que tem muito a agregar pra Teresina e também, tem pessoas extremamente competentes realizando esse evento que vão trazer cada vez mais novodade pra nossa cidade.”
Estado cobrisse mais essa questão da cultura. Eu espero que mais produtoras queiram investir mais e deem a mesma estrutura aque dariam pra, por exemplo, um artista que vem de fora tocar aqui, deem pra essas bandas locais, porque tem muita gente que é perfeitamente capaz de fazer shows em uma magnitude de uma banda nacional, entende, os show no festival GiraSol, por exemplo, foram incríveis e se tivessem a mesma estrutura que tinham os artistas nacionais, talvez fosse ainda mais animador assim pra cena, só espero realmente que esse tipo de estrutura surja cada vez mais aqui em Teresina.”
Quando questionei Artur sobre a mesma coisa, ele me contou sobre seu ponto de vista: “Eu acho que assim, muito do que não acontece em Teresina, é mesmo também por falta de condição, às vezes condição financeira [...] Muito do que a gente precisa também, acho que é isso, pessoas que estejam dispostas a investir porque muitas vezes, a gente fica dependente do apoio do Estado, que também não consegue cobrir todo mundo. Agora eu acho que as iniciativas do Estado são super essenciais também e acho que faz todo sentido, eu gostaria até que o
Ainda caminhando pelo evento e buscando entender mais, agora sobre a parte da produção, nos encontramos com Edward, produtor da 202 e também músico. Ele conversou conosco e nos falou sobre a experiência dele na organização e quais eram as suas realizações como alguém que participou de perto de todo o processo de realização do evento. Sobre a importância desses eventos ele afirmou que acha de suma importância que aconteçam, por conta da valorização da imagem que têm as bandas daqui da região, que é uma coisa que está um pouco fragilizada no moemnto. As bandas, infelizmente, de acordo com ele, ainda não têm a atenção que merecem, então eles realizam esses eventos, com essa ideia de mostrar para o mundo e para quem quiser ver, e fazer o máximo de divulgação possível de todas as bandas que se apresentam. “Por exemplo hoje, tá tocando aqui a Florais, a Monte Imerso [...] tem a Into Morphin, então, é muito importante essa demonstração pra abrir espaço, aquela idéia de abrir espaço pras bandas autorais porque é muito fraco o espaço pra elas aqui e em um evento grande como esse daqui, que tem um público grande, tem um público legal, facilita as bandas a transmitirem as mensagens delas.”

“A idéia do evento é sempre trazer as bandas autorais pra galera conhecer, a minha experiência dentro disso é tipo, a gente tem um universo gigantesco, inexplorado, por conta dessa falta de conhecimento que a gente tem das bandas regionais, nacionais, enfim... A gente já sabe como que é a questão do mercado em relação ao nosso nincho, mas nesmo assim a gente tenta porque é uma coisa que a gente gosta. Tem gente que gosta e nao tem acesso [...] Pessoalmente, eu acho isso incrível porque é sempre uma coisa, como posso dizer, uma surpresa ter contato com as bandas que a gente tem aqui em Teresina, é sempre uma coisa mágica, porque a bandas daqui têm um som muito bom, os músicos daqui de Teresina têm um som de qualidade muito boa, sabe, eles conseguem transmitir uma vibe maraviljosa e poucas pessoas conhecem isso, poucas pessoas têm acesso a isso e poxa, é exatamente essa a idéia de todo esse trampo que a gente ta fazendo hoje aqui e é muito gratificante quando a gente vê o resultado, quando a gente vê uma festa dessa, com todo mundo pirando, a galera ovacionando as bandas daqui... Quando eu vejo a galera comemorando as bandas daqui, sabe, comenorando, cantando junto as músicas e pirando do mesmo jeito, isso traz a energia que eu sinto vontade de sentir, essa é a ideia de todo esse festival, de toda essa parada que rola aqui sabe.”

Enquanto conversávamos, pude perceber o entusiasmo dele em participar desse evento e ver de perto a reação positiva e calorosa das pessoas que foram ali para assistir e para prestigiar aquele momento, que acabou sendo um momento muito importante tanto para a 202 Produções, quanto pra quem foi assistir os shows. Perguntei sobre o pensamento dele sobre aquilo tudo e ele contou com bastante alegria, ainda deu um aviso sobre projetos pessoais futuros que estariam por vir, para acrescentar ainda mais nessa cena tão bonita que só cresce mais a cada dia.

“Eu sou um cara que eu sou muito ligado à música, eu gosto de música, sou músico, pratico música, vivo música, respiro música… Eu toco bateria, eu canto e futuramente vocês vão conhecer meu nome melhor aí, futuramente eu vou tá fazendo meus próprios projetos [...]Eu sou muito focado nessa área, porque é uma coisa que eu amo fazer, eu amo e me sinto feliz com cada perrngue, com cada estresse que eu passo e consigo resolver dentro dessa vibe, sabe, a 202 é uma produtora que ela senpre tá focando nessas ideias de trazer exatamente esse mercado, de fazer esse mercado crescer, sabe, essa idéia de poder mostrar o nosso trabalho pra o mundo. Enfim, eu particularmente amo fazer isso aqui e eu sinto uma gratificação inexplicável, sabe, quando termina um trampo desse eu fico muito feliz [...] Eu tento não trazer muito pra esse lado da satisfação pessoal, eu fico mais feliz quando eu vejo as outras pessoas felizes pelo resultado do meu trampo, isso é a parte mais gratificante disso. A 202, ela me facilita muito, é a produtora que eu to inserido a um time já, ela facilita muito essa minha vontade pessoal de transmitir exatamente essa ideia, e o Júlio é um cara incrível, que é o chefão né, o nosso querido chefinho, valeu Julio!”
Ele acrescentou ainda que é mágico poder fazer parte dessa experiência e concluiu agradecendo aos seus amigos e colegas de trabalho pela oportunidade:
“E é magico mano, a palavra que melhor define isso e ‘mágico’ porque música todos nós gostamos, todo mundo gosta de pelo menos uma música. e a gente poder transmitir essa imagem, transmitir essa energia aqui, é sensacional. Muito obrigado a 202 Produções por me permitir ‘trampar’ com isso, é uma coisa que eu amo muito fazer!”
Escola de Teatro Gomes Campos: um dos berços culturais de Teresina
Por Nathan Rangell Felício e Caio Henrico
Era uma tarde típica do mês de setembro, mais especificamente do dia 28, a hora era mais ou menos 15 da tarde, horário em que o sol escaldante do B-R-O BRÓ disputa espaço com as sombras dos ipês, espalhados pela capital. Seria mais uma tarde comum para a parte cultural de Teresina, em geral, se não fosse um pequeno diferencial: dois amigos indo em busca de se aprofundar mais sobre a parte teatral dessa cidade. Mais especificamente, esses amigos, é esse que vos narra, Caio Monteiro, e meu parceiro que me acompanhou nessa empreitada jornalística, Nathan
Rangell. E foi assim que decidimos que iríamos nos aprofundar mais sobre o lado teatral da capital do Piauí, pensamos na importância de difundir a escola de teatro Gomes Campos, para quando qualquer um que ler essa matéria poder conhecer como está seu atual funcionamento.
Logo ao chegar na entrada da escola de teatro Gomes Campos, facilmente possível de se encontrar pelos seus pontos de referencia (perto do Verdão e do Lindolfo Monteiro) ficou fácil identificá-la, tanto por sua placa externa, quanto pelo pequeno memorial explicando sobre a escola ao passar pelo portão.


Diferente do amigo e parceiro de matéria Nathan Rangell, eu já estudei e inclusive me formei nessa escola de Teatro. Entrar nela de novo e ver tudo tão novo mas ao mesmo tempo tão parecido com o tempo que eu estudei lá me fez sentir uma estranha sensação de nostalgia e também de curiosidade pelo novo, claro. Cada corredor, cada sala, o palco para ensaios, tudo isso me trouxe tantas boas lembranças, me fizeram flutuar novamente pela arte, área essa que tanto me prende e me fascina. Porém, eu não era o único a estar tendo sensações boas ao andar pela Gomes Campos. Meu bom amigo e parceiro de equipe, Rangell, também é artista, inclusive já fez um espetáculo em que eu estava participando, então ele também foi pego pelo teor artístico do local. No entanto, era uma sensação diferente da minha. Por já ter me formado ali, eu exalava nostalgia. Já ele estava com os olhos brilhando, enxergando possibilidades e exalando sonhos.

Após nosso passeio para passar uma primeira vista na escola fomos entrevistar o Diretor de lá, o que nos rendeu um conversa muito boa e esclarecedora. O professor Augusto Neto, Diretor da Gomes Campos, nos revelou que inicialmente começou sua formação em teatro aqui mesmo em Teresina, na UFPI na década de 80. Infelizmente esse curso foi extinto por aqui. Um curso que, se ainda existisse, eu certamente faria. Porém, não foi pela UFPI que o professor Augusto Neto se formou. Ele se formou na UNB, em artes cênicas, inclusive já foi presidente da Federação Nacional dos artistas educadores do Brasil, além de também já ter ajudado no festival latino americano de cultura. Ele se tornou diretor da Gomes Campos durante a pandemia, em 2020, tendo isto como um grande desafio, pois era uma época difícil para se conseguir manter a escola viva. No entanto, o professor Augusto Neto conseguiu passar por esse desafio e, após o pico da pandemia, foi capaz de reformar a
Gomes Campos e incrementar cursos novos, além do teatro, que é o nosso foco. Os cursos, no caso, são os de canto, musica e instrumental.
Outro ponto importante a se frisar sobre a gestão do professor Augusto Neto como diretor foi sua observação no fato de grande parte dos professores que lá davam aula, apesar de artista, não tinham formação na área. Ele, então, direcionou parte específica do dinheiro para fazer com que todos os professores fizessem um curso para que tivessem uma formação na área. Por fim, vale ressaltar, que o professor Augusto foi um dos idealizadores originais da escola de teatro Gomes Campos, por volta de 1995, com outros professores, como o professor Acir Campelo.

Após nossa boa conversa com o diretor, decidimos conversar com os alunos sobre a escola. Primeiramente conversamos com o aluno Gil Cleison, que nos informou que conheceu a Gomes Campos por meio de uma minuciosa busca pelo google por algum lugar que ensinasse teatro em Teresina. Confesso que isso me fez lembrar muito de mim mesmo. Sim, a maneira que conheci a Gomes Campos, anos atrás, foi basicamente a mesma, e com a mesma intenção, encontrar um lugar em Teresina que ensinasse bem sobre o teatro. Depois de muita procura encontrei a Gomes Campos, da mesma forma que o aluno Gil Cleison, e, certamente ele possui o mesmo intuito que eu tinha na época, de se tornar logo um ator profissional. Também pelas palavras do aluno Gil Cleison, o ensino atual lá na Gomes

Campos é muito bom.
Decidimos, então, fazer uma última entrevista, com mais um estudante de lá, para termos uma perspectiva diferente. Entrevistamos a aluna Juliana Rodrigues, que revelou ter conhecido o curso através do seu psicólogo. Isso já deixou mais clara a nossa visão sobre a forma como a Gomes Campos vem sendo mais bem difundida. Segundo a aluna Juliana, o curso é bastante proveitoso e muito bom, ela almeja se manter nesse ramo artístico, após completar o curso.
Ao fim da tarde nossa empreitada havia chegado ao fim, com ambos os jornalistas altamente satisfeitos. Sim, de fato a arte sempre consegue saciar a alma. Assim sendo, para dois jornalistas, que também são atores, não há arte mais embriagante que o