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Apoio Técnico

Realização


ÍNDICE CAPA

28

As novas estratégias de defesa do Brasil Em entrevista exclusiva, o ministro Jaques Wagner traça painel de como andam os investimentos nas Forças Armadas e o que se pode esperar da Defesa no Brasil

POLÍTICA

ECONOMIA

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38

Reforma contestada Eduardo Cunha consegue aprovar em 1º turno financiamento de campanha por particulares e parlamentares entram com ação contra no STF

Investimento peso-pesado Governo da China fará parceria com Brasil para construção de ferrovia ligando Oceâno Atlântico ao Pacífico

42 ENTREVISTA

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Terceira Guerra virá do Oriente Médio O sociólogo Carlos Alberto Torres aponta a religião e o comércio como os principais fatores da globalização e diz que 3ª Guerra virá do Oriente Médio

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Casamento mal arrumado com separação rápida Fusões entre PSB/PPS e DEM/PTB são implodidas por falta de consenso na base

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O papel do Brasil na conjuntura mundial Reatamento das relações com EUA, novos passos nos BRICS e liderança na América Latina consolidam fase brasileira

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A Fase FHC e Lula Uma postura pró EUA e outra ampliando para outros países. Lula e FHC marcam mais de 20 anos de política externa brasileira

Voos para o mundo Latam sonda governos de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará para fazer investimento de R$ 3,9 bilhões em construção de HUB

44

Indústria italiana deve ampliar investimentos no Nordeste Consultor Fabio Vicenzi prevê negócios no eixo Itália/Brasil


48

De engraxate à lista da Forbes Empresário Janguiê Diniz conta experiência de empreendedor que lhe tirou da pobreza e o fez chegar a ter riqueza estimada em 1 bilhão de dólares

GERAL

COLUNAS

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6

O plebeu transformado em campeão É do Sertão da Paraíba, a 453 KM da capital, um dos maiores revendedores AMBEV do Brasil

Cartas e E-mails

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Plugado | Walter Santos

16

Flávio Dino

22

Gaudêncio Torquato

36

Carlos Roberto

CULTURA

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Luxo no nordeste Mercado aposta em moradia com alta tecnologia, serviços pay-per-use e luxo para atrair investidores

62 Réplicas egípcias Museu Itinerante do Egito viaja o Brasil com 400 réplicas da arte egípcia da época dos faraós

64 Almodóvar em parceria Cineasta espanhol produz filme com atores brasileiros e diretora argentina Lucrecia Martel

60

Ipojuca Pontes

66

Personalidades Nordeste


NORDESTE revistanordeste.com.br

EDITORIAL

Ano 9 | Número 103 | Junho | 2015

Diretor Presidente Walter Santos Diretora Administrativa/Financeira Ana Carla Uchôa Santos Diretor Comercial Pablo Forlan Santos Diretor de Marketing Vinícius Paiva C. Santos Logística Yvana Lemos COMERCIAL Gerente Comercial Marcos Paulo Atendimento Comercial Jone Falcão REPRESENTANTES Pernambuco Gil Sabino g.sabino@uol.com.br - Fone: (81) 9739-6489 REDAÇÃO Editor Paulo Dantas Repórter Antônio Cavalcante Fabrícia Oliveira Direção de Arte e Editoração Eletrônica Luciano Pereira Capa Vinícius Paiva C. Santos Projeto Visual Néctar Comunicação ATENDIMENTO/ FINANCEIRO Supervisora e Contas a Pagar Kelly Magna Pimenta Contas a Receber Milton Carvalho Contabilidade Big Consultoria ASSINATURAS (83) 3041-3777 Segunda a sexta, das 8 às 18 horas www.revistanordeste.com.br/assinatura CARTAS PARA REDAÇÃO faleconosco@revistanordeste.com.br

JUNHO / 2015

PARA ANUNCIAR Ligue: (83) 3041-3777 comercial@revistanordeste.com.br SEDE Pça. Dom Ulrico, 16 - Anexo - Centro - João Pessoa / PB Cep 58010-740 / Tel/Fax: (83) 3041-3777 Impressão Gráfica JB - Av. Mons. Walfredo Leal, 681 - Tambiá - João Pessoa / PB - Fone: (83) 3015-7200 Circulação DPA Consultores Editorias Ltda dpacon@uol.com.br - Fone: (11) 3935 5524 Distribuição FC Comercial

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A Revista NORDESTE é editada pela Nordeste Comunicação, Editora e Serviços Ltda-ME CNPJ: 19.658.268/0001-43

Um panorama além do nacional Sem dúvidas que o governo do PT conseguiu uma projeção do Brasil em níveis internacionais impensados no tempo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na verdade, durante o governo tucano, a impressão era que o sociólogo tinha prestigio e era acariciado pelos governos dos EUA e da Europa. Mas o país foi realmente alçado ao prestígio internacional com a chegada de Luís Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. Lula transitou pelos salões da Casa Branca, por Davos, pelo Oriente Médio, por Cuba, pela África. E surpreendeu o mundo com sua verve afiada, cheia de hipérboles e metáforas futebolísticas. O governo de Lula ampliou a presença brasileira através de ações junto as Nações Unidas e em negócios estendendo a balança comercial do país a “níveis antes nunca vistos”, como ele gosta de dizer. Não é por menos que hoje o ex-presidente tem um busto nos jardins da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. Ah, podem dizer alguns, mas o petista é um sortudo, pegou a maré alta do mercado internacional num período onde as commodities estavam em alta e o Brasil crescia a taxas chinesas. Pode ser sorte, mas até nisso, não se pode negar o talento do pernambucano. Esse pensamento de uma política externa brasileira mais ativa e até, dizem alguns, com um viés algo imperialista, acabou sendo esfriada pela presidenta Dilma Rousseff. Uma mulher normalmente considerada uma política nada afeita aos rapapés mundiais e com alardeado pouco jogo de cintura para a diplomacia. A política externa e a política petista para a Defesa do Brasil são temas da capa da Revista NORDESTE

no mês de junho. Nas páginas que se seguem será possível encontrar uma comparação entre os governo FHC e Lula na política externa e um panorama dos avanços conseguidos pelo Brasil durante os governos petistas. Além da análise conjuntural, há ainda uma entrevista exclusiva do ministro da Defesa Jaques Wagner, ex-governador da Bahia. Jaques Wagner expõe o pensamento do partido, e do governo, ao pontuar os investimentos seguidos (e gordos) feitos pelo Estado nas Forças Armadas, com especial atenção a compra dos caças Gripen NG e a construção do submarino nuclear, além da força e empenho do governo em melhorar a indústria naval brasileira. É investimento em tecnologia de ponta para a defesa do território nacional, mas também em equipamentos que podem dar outro impulso para além da indústria bélica. Outro tema tratado por esta edição, é a reforma política que está em curso no Congresso Nacional sob a batuta dos presidentes da Câmara e do Senado. O jogo em andamento feito pelos parlamentares é pesado e parece pouco benéfico à sociedade brasileira. A questão gira em torno do medo político em ser pego pela justiça no uso do caixa 2. A manobra no Congresso, ao invés de demonstrar o cuidado dos políticos em cercarem a videira, revela que eles preferem contratar segurança privada: algumas raposas motorizadas, que ao contrário da fábula de La Fontaine, poderão facilmente abocanhar as uvas.

Paulo Dantas

Editor da Revista NORDESTE paulo.dantas@revistanordeste.com.br


CARTAS E E-MAILS “Vamos aprofundar mais a abordagem da paralisação das obras do Pré-Sal no litoral de Sergipe, porque nossa economia depende muito dessa obra” Jackson Barreto Governador de Sergipe

Não está fácil para o mercado, mesmo assim atestar a existência da Revista NORDESTE com nove anos é um sinal de que existe novidades no mercado. Tenho a acompanho desde seus primeiros exemplares” Carlos Henrique de Vasconcelos Empresário Marasul Rio de Janeiro/RJ

Nota da Redação: Sugestões de pauta ou matérias podem ser enviadas para o endereço eletrônico do editor: paulo.dantas@revistanordeste.com.br Agradecemos a sua participação.

Tereza Julina de Alcântara Professora universitária aposentada Bahia/Ba

Cláudio Furtado Presidente da FAPESQ João Pessoa/PB

A mídia do Grupo WSCOM me impressionou positivamente, pois a revista NORDESTE é de ótima qualidade” Fabio Vicenzi Consultor Jurídico Internacional

É muito bom saber que existe uma revista como a NORDESTE que está preocupada em falar sobre o que acontece na região. Sempre recomendo” João Manoel Carvalho Pontes Funcionário Público Caicó/RN

Quando a pauta do Brasil insere os assuntos relativos ao Nordeste começamos a ter de fato uma preocupação midiática do novo tempo porque não podemos mais ficar sem cobrar a cobertura realista de nossos problemas” Eugênio Trindade Brasil/DF

Gostaria que a Revista Nordeste trouxesse um matéria sobre a seca. Nós estamos vivendo a pior estiagem dos últimos 50 anos e parece que nada está acontecendo. Está na hora de colocar a boca no trombone” Paulo Oliveira Damasceno Estudante Aracaju/SE

NORDESTE on-line Facebook Revista Nordeste Twitter @RevistaNordeste

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Gustavo Nogueira Secretário de Planejamento do Rio Grande do Norte Natal/RN

Como vamos ter um evento internacional que definirá os rumos da Internet no mundo, sugerimos que ajam pautas sobre a Governança da Internet, até porque se trata de evento comandando com aval da ONU”

E-mail faleconosco@revistanordeste.com.br Site www.revistanordeste.com.br 7

É importante que a NORDESTE se aprofunde na disputa entre os estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará pela aquisição do HUB (central de vôos) da Lantam, uma vez que a empresa aérea decidiu estabelecer nova estrutura e esta se dará no Nordeste”

A NORDESTE poderia abordar temas mais polêmicos e que falem mais à sociedade. Sinto falta também de invetimento em matérias de cultura, afinal a região é um celeiro de artistas e movimentos culturais”.


Entrevista CARLOS ALBERTO TORRES / SOCIÓLOGO

TERCEIRA GUERRA VIRÁ DO ORIENTE MÉDIO Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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argentino com cidadania americana Carlos Alberto Torres, é sociólogo com doutorado na Universidade Stanford, nos Estados Unidos (EUA), e pós-doutorado na Universidade de Alber ta, no Canadá. Como professor convidado, trabalhou em universidades de 15 países, incluindo o Brasil. A experiência forneceu-lhe evidências para comprovar uma de suas teses recentes: a ideia de que poucos fenômenos tiveram tanto impacto na vida como a globalização. Considerado um dos mais reconhecidos especialistas na obra do educador brasileiro Paulo Freire, Torres hoje leciona na Universidade da Califórnia, nos EUA. Recentemente, esteve em João Pessoa para a Conferência Internacional Educação, Globalização e Cidadania. Nesta conversa com a REVISTA NORDESTE, o professor falou sobre como vê o processo de globalização e revelou que a religião e a economia foram um dos principais introdutores dessa dinâmica no mundo. Torres também afirmou que a terceira grande guerra mundial deve surgir nos próximos anos a partir de conflitos no Oriente Médio, provavelmente incitados por grupos terroristas como o ISIS, Boko Haram e Shabat. Sobre o Nordeste, o sociólogo garante que o futuro da região está na Europa e África.

Revisão técnica Ana Elvira Steinbach Torres


NORDESTE: A igreja esteve muito presente na colonização de vários países, por exemplo, os portugueses no Brasil. Os jesuítas estiveram no processo de expansão de globalização da cultura... Fotos: Acervo particular

NORDESTE: Muitas guerras sempre motivadas por interesses econômicos... Torres: Também políticos e religiosos. Há muitos interesses em jogo. Hoje, a próxima grande guerra mundial será para evitar que o modelo do Islã global seja definido pelo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), ou AlQaeda, ou Boko Haram, ou Shabat. Estamos sendo confrontados com uma guerra com tintas profundamente religiosas. Mas quando nasce esse modelo de globalização contemporâneo? Digo para você sem temor: 1973. Se você pensar no que acontece no início da década de 70. Por um lado se cria o cartel de petróleo. O petróleo, que é a grande commodity de intercâmbio e globalização, começa a ser controlado por um grupo que utiliza a sua força para aumentar o preço do petróleo. O preço não passava de 20 a 22 dólares o barril e depois disso chega a 65, 66 dólares em dois, três anos. Isso implica que o valor agregado das importações de cada país aumenta brutalmente. Eu fiz minha primeira tese de mestrado em ciência política, foi sobre a economia política argentina e na tese mostro que a transformação em 73 a 74, na Argentina, todo o valor agregado aumentou 167% o custo dos produtos não feitos no

Hoje, a próxima grande guerra mundial será para evitar que o modelo do Islã global seja definido pelo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), ou AlQaeda, ou Boko Haram, ou Shabat. Estamos sendo confrontados com uma guerra com tintas profundamente religiosas” país. Qual o resultado disso? Uma imensa riqueza que se produz de um dia para o outro. Essa riqueza requer uma retroalimentação no circuito de produção, que será dada pelos petrodólares. Os petrodólares chegam a América Latina como chegam sempre os produtos aparentemente baratos. Os países da América Latina tomavam o dinheiro emprestado a juros com taxas baixas. E assim começou o endividamento com os petrodólares. Esse é o grande problema. O primeiro problema: petrodólares, inflação dos custos, inflação dos lucros. A conclusão foi o crescimento da dívida externa da América Latina. Depois disso era necessário pagar essa dívida externa. Para pagar essa dívida era indispensável

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Carlos Alberto Torres: Eu definiria primeiro o conceito de globalização e globalismo. Para mim o globalismo é o controle do processo da globalização pelas corporações. Ainda que a globalização seja um projeto histórico e técnico que está acontecendo, e não tem que ser controlado só pelas corporações, há um globalismo corporativo. Eu prefiro falar da globalização. O que é isso, essa globalização? Isso sempre existiu no mundo. Absolutamente sempre. Por exemplo, eu escrevi um texto faz muitos anos, onde digo isso. Por exemplo, a comida, você aqui tem muito arroz, mas o arroz não é original do Nordeste, nem do Brasil. Tem muita batata, a batata não é original do Nordeste. Vocês comem muito milho. O milho é originário do México. Então se você pensa nos grandes produtos de consumo, eles são originários de um lugar e depois globalizados. Primeira observação. A segunda observação se refere às grandes religiões. As grandes religiões são grandes globalizadoras. Quando começa uma religião numa parte do mundo... Por exemplo, o Budismo, começa na Índia e logo se expande em todo mundo. A religião islâmica, muçulmana, começa na Arábia, mas logo chega na Índia. E foi justamente o modelo muçulmano na Índia que reorienta todo o conjunto de atividades globais. Planetarização é um modelo de globalização que protege o planeta onde os cidadãos do mundo não são controlados pelo estado ou pelo mercado.

Torres: São globalizadores, claro. Se você pensar, tudo que aconteceu no mundo passa por um modelo de globalização. Mas há dois momentos importantíssimos. O primeiro momento mais ou menos há 500 e tantos anos atrás. A partir de Marco Polo até a presença dos colonizadores portugueses e espanhóis. Não é só o descobrimento das novas índias. É a criação do modelo capitalista, que passa a ser um elemento em certas cidades e que estava confrontando o feudalismo, e expande o capitalismo como modelo global como definiu Immanuel Wallerstein. Tudo seguiu assim como sabemos com guerras.

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Revista NORDESTE: Por que o senhor difere planetarização de globalização? Onde a humanidade está dentro desse conceito de planetarização e globalização?


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criar um mecanismo para que os que deviam, que era basicamente a América Latina, tivessem capacidade de acumular capital. Como fazer isso? Fazem através do neoliberalismo, criando a abertura das fronteiras, a venda dos produtos dos EUA e a transformação industrial pós-fordista. Aí começa a expansão chinesa, a expansão de certas indústrias em várias partes do mundo, inclusive na América Latina. E começa a queda da produção industrial de baixo nível nos EUA. No lapso de menos de 10 anos se perdem 2 milhões de empregos industriais nos EUA. Estou falando da década de 70. E começa uma espécie de hiperinflação. Que foi o que destruiu o governo norte-americano e o que fez chegar a era Reagan ao poder? Foi a perda

O planeta precisa ser defendido, protegido. Freire dizia que faltava um capítulo na “Pedagogia do Oprimido”. Porque um dos grandes oprimidos hoje é o próprio planeta. Ele é oprimido porque pensamos que o planeta é um background”

do emprego e a hiperinflação e a tomada da embaixada americana em Teerã. Com esse panorama, a solução da crise foi a criação de um modelo de transformação industrial a partir da robotização, do aumento da tecnologia e cortando a força de trabalho, onde se emprega menos gente e alimenta a cultura digital. NORDESTE: A sua formação discute muito essa globalização, ao mesmo tempo o senhor traz para este tempo princípios que em tese são antineoliberais, que são teses forjadas por Paulo Freire. Como é compatibilizar o olhar crítico de confronto ao neoliberalismo que só se expande? Torres: Bom, primeiro vou terminar a pergunta anterior com respeito a planetarização. Esse é um modelo que respeita a outros seres que não são anthropos, não é um modelo antropogênico, esse modelo de planetarização considera o planeta como um ser vivo. Esse modelo foi usado por (Paulo) Freire antes de morrer. Ele já estava falando disso em 94, 95, a Ecopedagogia. Na Ecopedagogia temos grandes representantes dentro do Brasil. É a imagem de Gaia. A imagem de órgãos que se autocontrolam, se expandem e continuam crescendo. O universo é uma Gaia. O planeta precisa ser defendido, protegido. Freire dizia que faltava um capítulo na “Pedagogia do Oprimido”. Porque um dos grandes oprimidos hoje é o próprio planeta. Ele é oprimido porque pensamos que o planeta é um background. O planeta é uma situação que está por aí e colocamos as luzes de transformação e a atenção nos humanos, e o planeta é esse background. Mas hoje os cientistas dizem que ele tem que ser foreground. Tem que ser o primeiro plano. Em certo sentido isso é importante. Imagine se seguimos fazendo no mundo o que vem sendo feito, nos próximos cinco a dez anos... Se você olha no mundo áreas que são baixas (abaixo do

nível do mar), é possível que chegue o oceano e venha a cobri-las. Estamos falando de 150 milhões de pessoas, elas vão ter que se mover de certas partes, para lugares mais altos. O que vamos fazer com 150 milhões de pessoas que teriam suas casas completamente inundadas? Estamos perdendo o contato e o controle do planeta, por isso a planetalização, como defesa de nosso habitat. NORDESTE: Em 2009 o governo americano precisou agir como um estado na economia para evitar um caos no neoliberalismo americano. Quais as etapas que projetamos para frente em termos ideológicos diante dessas crises? Torres: Em termos ideológicos eu propus recentemente num artigo que existem três grande agendas. Essas agendas não vão seguir modelos tradicionais que estamos falando. Estou definindo as agendas de três maneiras. Uma agenda é a dos hiperglobalizadores. Esta agenda é baseada no modelo neoliberal, e tem um texto de um jornalista intitulado “O mundo é plano” (de Thomas Friedman). E a imagem que tem é que quanto mais globalizamos, melhor é para todo mundo. A hipótese é que enquanto houver mais globalização, haverá menos pobreza. Os hiperglobalizadores estão vinculados a grupos que geralmente estão ligados a esse capitalismo controlado pelas corporações. Há um segundo grupo que não confia na globalização, que eu chamaria dos céticos. Esse grupo pensa que a globalização é danosa e só beneficia as elites. Por muitas razões, porque o regime econômico beneficia muito aos trabalhadores que têm alto nível de qualificação, enquanto prejudica a classe operária que tem baixo nível de qualificação. Esse segundo grupo é extremamente cético, mas não entende como podem escapar da globalização. O terceiro grupo é muito mais complicado, eu o considero


como o grupo dos transformacionistas. Eles buscam as transformações. São muitos subgrupos. Vou falar brevemente de três. Esses grupos são vinculados tradicionalmente a socialdemocracia que defende um estado de beneficência e um modelo de igualdade e equidade. Existem várias experiências e na América Latina, muitos desses grupos estão vinculados ao populismo, como um populismo socialdemocrata. Tem na Argentina, na Venezuela. Este grupo de transformacionistas é um pouco mais tradicional e tende a defender as forças de trabalho, as pessoas com menos recursos. O segundo grupo, dentro dos transformacionistas, é muito diferente, é a burguesia nacional compradora que não pode aceitar que as corporações globalizadoras controlem e regulem todos os estados. Eles são protecionistas, nacionalistas. Nacionalistas virulentos. Para eles o problema são os imigrantes, a abertura de fronteiras, porque é assim que entram os imigrantes e saem os trabalhos. Há que evitar isso, e para eles o problema é cultural. Aqui temos três agendas, os hiperglobalizadores, os céticos – onde estão muitos dos grupos revolucionários do mundo – e os transformacionistas que têm de tudo. Para terminar, sobre os transformacionistas posso dizer que muitos que lutam pela defesa do meio ambiente estão entre esses como terceiro grupo.

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Torres: O que vai passar no Brasil ninguém sabe. Se o Brasil entrar em uma recessão técnica, que são dois trimestres consecutivos de não crescimento, então o mercado irá castigar e quando o mercado castiga, castiga muito brutalmente. Aqui há um processo muito complicado, onde muitos economistas estão em desacordo. Você não pode

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NORDESTE: Mudando de assunto, é possível dizer o que vai acontecer com o Brasil com esse momento de crise política e econômica e manifestações nas ruas?


crescer uma economia com austeridade. Por isso os europeus não saem da crise. A dívida é positiva, se a mim oferecem um empréstimo a 2,5%, eu o tomo. E neste momento o Brasil não deveria entrar num processo completo de austeridade. NORDESTE: A presidente do FMI disse que a Europa está longe do fim da crise? Torres: Eu acredito nisso. NORDESTE: Por que suas análises não envolvem o mundo oriental, a China, Índia? Torres: Há que distinguir o que se passa no oriente. É um processo caótico que provavelmente vai trazer uma terceira e importante guerra mundial. Neste momento há todas as condições no Oriente Médio para um terceira guerra mundial.

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NORDESTE: A sua afirmação se baseia nesses confrontos sistemáticos do ocidente com agrupamentos islâmicos? Torres: Não, a confrontação acontece entre os próprios agrupamentos islâmicos. Uma situação onde há um crescente conflito entre os Xiitas e os Sunitas. Um crescente conflito entre certos grupos, por exemplo, Irã e Israel. Crescente conflito de grupos terroristas islâmicos no interior de estados bem consolidados como o Egito. Os curdos do Iraque que querem vincular-se com os curdos turcos. Quando você traça um mapa geopolítico a partir de um preceito teórico dos colonizadores, que dizem que é melhor juntar esses com aqueles... No Oriente Médio são tribos, são relações tribais e o grande problema é como construir o islã global que seja capaz de dialogar com outro modelo global. Por isso ISIS é muito perigoso. Neste momento teria que se reconfigurar o Iraque, a Síria, mas quem irá fazer isso? Daqui a dois, três anos os EUA devem ir para

Em lugares produtivos tem abundância de água, há partes do nordeste com abundância de água e partes que não têm ela. A luta pela água será um realidade para os próximos 30 anos”


Torres: A primeira afirmação é muito íntima. O nordeste do Brasil está vinculado a minha esposa. E o meu amor por minha mulher é meu amor pelo nordeste. Minha conexão com o nordeste é afetiva e espiritual. Segundo. Meu conhecimento do nordeste vem através de Paulo Freire, que eu estudei muito. Dito isso, o nordeste é uma utopia, e como todas as utopias tem que ser um sonho possível. Hoje passamos duas horas percorrendo parte do litoral. O que é o nordeste? Uma expressão brutal da natureza. Aparecem coisas que faltam em outras partes do mundo. Nós vimos a água em abundância. Eu venho da Califórnia. Na Califórnia tem um problema imenso de água, muitas partes do mundo têm esse problema. O nordeste pode produzir água para o resto do país se quiser. Essa é a minha impressão. NORDESTE: Mas tem o semiárido... Torres: Em lugares produtivos tem abundância de água, há partes do nordeste com abundância de água e partes que não têm ela. A luta pela água será uma realidade para os

NORDESTE: E a África? Torres: Depende do que falamos. Existe África oriental, do leste... A África lusófona (Angola) é uma grande conexão com o nordeste. Mas como chegar lá? Ou chega-se pelo sul da África ou pela Europa. Se o nordeste se vincular com o Sul da África... Vocês têm mais a ganhar que o sudeste com os BRICS, porque a conexão do Brasil com o sul da África pode ser poderosíssima.

Carlos Alberto Torres é autor de vários livros traduzidos e publicados no Brasil. Alguns títulos: Educação crítica e utopia: perspectivas para o século XXI; Educação e democracia: a práxis de Paulo Freire em São Paulo; Teoria crítica e sociologia política da educação; Sociologia política da educação (pela Cortez Editora); Diálogos e práxis educativa: uma leitura crítica de Paulo Freire (pelas Edições Loyola) e Globalização e educação; Educação, poder e biografia pessoal (pelo Grupo A/ Artmed), entre outros.

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NORDESTE: O que representa o nordeste do ponto de vista sociológico, econômico e cultural? Qual a sua leitura sobre o nordeste do Brasil?

próximos 30 anos. Eu não compro a tese em que há um conflito entre a Jihad e o McDonald’s. Não compro a tese de conflito entre civilizações. Penso que isso é estúpido. O que existe é um conflito entre modelos de globalizações que são alternativos e contraditórios. O nordeste para poder sair adiante deveria investir em educação e tecnologia. Tecnologia especialmente de transporte de produtos. A região também deveria buscar se vincular globalmente com uma das grandes áreas globais do mundo. Você, do nordeste, não pode avançar no Brasil vinculando-se ao sudeste, já se provou isso. Não pode se vincular a América Latina porque está muito afastado. Tem que vincular-se a Europa. O futuro do nordeste é a Europa.

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haver guerra com tropas em terra. O que passou em Tikrit (cidade iraquiana e capital da província Salah-ad-Din, fica aproximadamente a 170 km da Capital, Bagdá)? Tikrit estava controlada pela ISIS. Mataram milhares de soldados iraquianos. Todos os soldados que se entregaram foram assassinados. Estes sujeitos estão fazendo da barbárie uma lógica de confrontação com o resto do mundo. Há leituras islâmicas que apontam que essa confrontação está se dando entre o mal e o bem. O bem é o Islã e o mal é o ocidente. O que aconteceu? Quem ganhou essa batalha de Tikrit? Ganharam os sujeitos mais insólitos.


Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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O que está por trás de toda crise do Pré-Sal O mundo contemporâneo levou as sociedades a conviverem com novas necessidades básicas de sobrevivência, em meio a uma série de crises entre Nações ao longo dos tempos, a partir da dominação ou predomínio da expansão territorial de países sobre outros, nos vários continentes, sempre tendo no foco central das guerras e novos modelos de comando ideológico-político o controle de reservas minerais, entre elas, o petróleo como fator energético fundamental. Conceitos e/ou teses à parte, não é exagero algum admitir que parte da crise que o Brasil enfrenta nos últimos tempos passa pela disputa acirrada entre o modelo nacional consolidado pelos governos do PT, a

partir de 2003, envolvendo politicas de proteção dos patrimônios nacionais e ainda politicas de inclusão, diante da outra face dos interesses internacionais com chancela de boa parte da sociedade brasileira representada pelo PSDB e Cia, na busca de refazer as regras aprovadas no Congresso Nacional de exploração e partilha do pré-sal.

No STF, já é hora de votar liminar

O Brasil não é só Rio e Espirito Santo

Um dos aspectos mais importantes para a recuperação econômica do País na contemporaneidade pode ser resolvida pelo Supremo Tribunal Federal, que há tempo segura a Liminar interposta pelo governo do Rio de Janeiro, impedindo a aplicação das novas regras de partilha do pré-sal, cuja aplicabilidade na atual fase já significaria grande incremento às contas dos Estados e municípios do país.

Não é à toa que a Petrobras passou a ser o alvo maior da disputa pelo controle das políticas implementadas pelo Governo Dilma, muito além dos escândalos de desvios que de sorte haverão de ser combatidos, porque na contramão da outrora depreciação do valor da empresa, já em fase de recuperação com a nova gestão de Aldemir Bendine, é de se imaginar que a presença de George Soros comprando ações na fase de crise só pode significar altos rendimentos futuros na mira do capital internacional no Brasil.

A matéria com relatoria da ministra Carmem Lúcia já mereceu movimento dos governadores do Nordeste solicitando dela, dias atrás, que a liminar entre em processo de discussão e votação no plenário do STF porque se trata de questão de alta relevância para os estados e municípios, muito além dos interesses localizados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, sobretudo nesta fase de retração econômica. O texto aprovado está claro que não mexe nas regras anteriores da partilha, a partir da exploração maior de bacias no Rio de Janeiro e Espirito Santo em face dela estar num espaço geográfico dos dois estados, além do mais o Pré-Sal descoberto pela qualificada engenharia da Petrobras está em ambiente da União, ou seja, na extensividade do litoral brasileiro, portanto, sem predomínio de nenhum Estado específico, daí a partilha precisar ter nova forma de contemplar todos os estados não produtores.


Termômetro no Festival de Cinema

Como a nova partilha gera conduta federativa

Os primeiros dias do CINE PE, cada vez mais atraindo muitos trabalhos, registrou um fato politico ainda hoje repercutindo, que foi a sistemática vaia ao governador Paulo Câmara quando sua foto surgiu no lançamento do filme de Alceu Valença. Na prática, a reação tem a ver com a queda de popularidade do chefe do executivo estadual de Pernambuco.

Um Estado como o da Paraíba, por exemplo, que contabiliza o recebimento de royalties na casa dos R$ 38 milhões passará, em caso da prevalência no STF das novas regras pelo Congresso Nacional, a receber R$ 350 milhões de reforço. Com o novo modelo, em que a divisão é feita entre estados produtores e não produtores, o Ceará receberia reforço da ordem de R$ 400 milhões em suas contas públicas.

Tudo pronto para a versão 2015 do Smart City, neste ano programado para maio em Curitiba, e não mais em Recife, lugar original para o debate e construção de propostas para Cidades Inteligentes. Neste ano, o fórum tomou dimensão internacional consolidando-se como o maior evento da América Latina. O prefeito de Curitiba, Mauricio Fruet, fez questão de aliar a fama urbanista da cidade para, dentro dela, apontar os caminhos de futuro para as Urbes de forma melhor resolvida.

Erundina com saúde frágil

A presidenta Dilma Rousseff jogou correto na preservação da potencialidade petrolífera do Brasil ao confirmar, como se deu dias atrás no Estaleiro Atlântico Sul, que manterá a preservação de conteúdo nacional na cadeia de óleo e gás e no novo modelo de partilha do pré-sal, cujo posicionamento se confronta com os interesses internacionais expostos e defendidos pelo PSDB nas pessoas ilustres dos senadores José Serra e Aloysio Nunes. A rigor, o Brasil precisa estar preparado no nível em que a Petrobras

já se consolidou há tempo visando impedir que o país conviva com a “maldição do petróleo”, em tese, vivida pelos países árabes, pois mesmo como grandes produtores importam boa parte dos equipamentos na cadeia produtiva do setor. Em síntese, boa parte da crise política e econômica passa por este enfrentamento de posições, onde a preservação da exploração nacional do pré-sal consolida a posição do Brasil na era PT para desconforto e ira dos interesses internacionais da área.

JUNHO / 2015

O exemplo dos árabes e a postura do Brasil

A deputada federal Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo, ainda não está na sua plena atividade parlamentar depois de ter sido internada com problemas cardíacos. Ela foi aconselhada a dar um tempo no ritmo acelerado nas diversas comissões parlamentares.

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Curitiba recebe o que Recife ignorou


Opinião

A luta por água para todos

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ndando pelo Maranhão há tantos anos, uma imagem bem marcante que trago comigo, tanto porque é forte, quanto porque é reincidente, é a dos caminhos percorridos por milhares de maranhenses com latas e baldes d’água na cabeça . São homens, mulheres, crianças que, por total ausência do Poder Público ao longo de décadas, não têm até hoje acesso à água tratada em casa. Essa realidade, porém, não é exclusiva de lugares longínquos. Mesmo em São Luís, grandes prédios precisam contratar carros-pipa para o abastecimento, às vezes todos os dias. Desde o começo do nosso governo temos feito o máximo para mudar esse quadro. Nestes 5 meses, com muito foco e trabalho da nova equipe gestora e dos funcionários da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), já realizamos reparos e intervenções emergenciais em várias cidades maranhenses. E vamos ampliar cada vez mais a nossa capacidade de dar respostas concretas aos graves problemas de fornecimento de água em diferentes lugares. A partir desta semana, a Caema entregará à população de São Luís e de outras cidades do Maranhão obras que trarão melhorias imediatas ao caótico sistema que nos foi entregue. Na região central de São Luís, vamos inaugurar seis poços que vão beneficiar pelo menos 35 mil moradores de 40 bairros. Em junho, começarão a funcionar os poços do Bairro de Fátima e Vila Passos; em julho, será a vez da Praça da Misericórdia, Monte Castelo, Parque do Bom Menino e Outeiro da Cruz. Nos bairros adjacentes à Cohab e ao Cohatrac, serão mais 8 poços, alcançando quase 250 mil pessoas, 1/4 da população da capital. Vamos concluir a reforma parcial do sistema Italuís, porém vamos fazer mais. Para por fim ao histórico rodízio de água na capital, nossa administração vai investir R$ 100 milhões no reforço de vazão do Sistema Italuís. A instalação da elevatória na altura do km 22 da BR 135 vai reforçar o bombeamento de água do sistema, aumentando em 75% o fornecimento de água na Ilha. Ou seja, em vez de meros paliativos, teremos uma solução duradoura. A Caema hoje age em dezenas de cidades, com destaque à recuperação de 13 sistemas de abastecimento e mais 3 obras de grande porte para melhorar os sistemas de abastecimento em Pinheiro, Tutoia e Chapadinha, reformando-os por completo. No próximo mês, Imperatriz também receberá novos poços. Em dois anos, vamos investir R$ 20 milhões para captação, tratamento e substituição de pontos críticos da rede de distribuição da segunda maior cidade do Estado.

Flávio Dino Governador do Maranhão

Já contratamos os projetos básicos e executivos e, até o fim de 2016, as casas das sedes dos 30 municípios mais pobres terão água tratada”

No nosso plano prioritário de melhoria no abastecimento de água também estão as sedes dos municípios incluídos no Plano Mais IDH. Já contratamos os projetos básicos e executivos e, até o fim de 2016, as casas das sedes dos 30 municípios mais pobres terão água tratada. Serão investimentos da ordem de R$ 75 milhões já garantidos em saneamento nessas cidades, que nunca tiveram a verdadeira atenção do Poder Público. E os povoados também serão alcançados, com o uso de recursos do Fundo Maranhense de Combate à Pobreza, que finalmente está livre de desvios e fraudes. Como se vê, o Governo do Estado começou em 2015 a executar o maior plano de investimentos em acesso à água desde a construção do sistema Italuís, na década de 1980. Em dois anos, vamos investir mais de R$ 500 milhões em captação, tratamento e distribuição de água em todas as cidades do Maranhão, deixando para trás o abandono quase que completo do saneamento básico observado nas últimas décadas. Preparamos e estamos executando muitas outras ações para que, ao longo de quatro anos, as maiores injustiças do Maranhão sejam vencidas. Estamos lutando para que a terra que Deus abençoou com água em abundância seja a terra em que a sede de justiça social é saciada. Meu coração pertence a essa causa.



Política

Eduardo Cunha manobra nova votação para financiamento privado de campanha; Deputados e Juristas alegam inconstitucionalidade e recorrem ao STF para anulação

REFORMA CONTESTADA

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presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), tem mostrado que não teme manobras pouco virtuosas. Vez ou outra tem, juntamente como presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), imposto ao Palácio do Planalto derrotas fragorosas. Foi assim na demora em colocar em pauta a votação do Ajuste Fiscal e na aprovação da ‘Lei da Bengala’, que altera a idade máxima de aposentadora dos juízes da Suprema Corte Federal e tira de Dilma Rousseff (PT) a possibilidade de indicar mais cinco ministros do Supremo durante sua gestão. Agora Cunha resolveu fazer uma manobra digna do seriado House Of Cards, onde o protagonista, vivido por

Kevin Spacey, encurrala o presidente dos EUA e o obriga a renunciar, assumindo o seu lugar. Cunha conseguiu que a Câmara dos Deputados aprovasse, um dia depois de reprovar, emenda que autoriza que empresas façam doações de campanha a partidos políticos, mas não a candidatos. As doações a candidatos serão permitidas a pessoas físicas, que poderão doar também para partidos. No início da madrugada de quarta, o plenário havia rejeitado emenda de autoria do PMDB que previa doação de pessoas jurídicas tanto a partidos quanto a campanhas de candidatos. A derrubada foi considerada uma derrota do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do vice-

-presidente Michel Temer. O PMDB, então, se empenhou para aprovar uma emenda que garantisse a doação de empresas aos partidos políticos. O PT, porém, se posicionou contra e defendeu a derrubada da emenda. Após a vitória de Cunha, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, fez critica aberta a nova forma definida pelo Congresso. Segundo Mendes, o dispositivo aprovado em primeiro turno institucionaliza na Constituição as doações por empresas a partidos e os


Ministro Gilmar Mendes afirma que nova lei favorece à corrupção Fotos: Divulgação

A CONTROVÉRSIA SOBRE O TEMPO DE MANDATO Os deputados discutirão mais um tema controverso: o tempo de duração dos mandatos eletivos. De um lado, o PSDB, que apresentou emenda mudando de quatro para cinco anos o período de atuação para presidente da República, governador, prefeito e deputados (federal, estadual e distrital). Sem qualquer menção ao tempo de mandato de senador, a sugestão foi inicialmente recusada por não permitir a coincidência de eleições – outro ponto pendente de definição na reforma política ora executada na Câmara. Uma vez que o mandato de senador é de oito anos, e o de deputado, quatro, inviabilizou-se a coincidência das eleições para os postos eletivos. Antes de ser atropelado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), o relatório do deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) chegou a considerar a ideia de ampliar para dez anos ou diminuir para cinco o tempo de atuação no Senado, de maneira que a concomitância dos pleitos fosse alcançada. Nada feito, uma vez que deputados quase se estapearam em plenário em defesa das suas posições. Diante do impasse – e da temperatura elevada –, Cunha e as lideranças da Câmara acharam por bem adiar essa votação.

também já sinalizaram que consideram inconstitucional a medida aprovada em primeiro turno pelos deputados aliados de Eduardo Cunha. Outro ponto já aprovado pelo Congresso, foi o fim da reeleição para cargos no Executivo. Pelo texto aprovado, a nova regra de término da reeleição não valerá para os prefeitos eleitos em 2012 e para os governadores eleitos em 2014, que poderão tentar pela última vez uma recondução consecutiva no cargo. O prazo para a incidência da nova regra visava obter o apoio dos partidos no poder.

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Eduardo Cunha acima e o arquivilão da sérei House Of Cards, críticos apontam semelhanças nos métodos

se. “É razoável isso? Estamos querendo depurar o sistema e vamos institucionalizar o caixa 2? Os partidos que dispõem de acesso à máquina governamental vão ter acesso a lista de nomes, aos CPFs e vão poder produzir doações”, complementou o ministro. No fim de maio parlamentares de seis partidos (PT, PPS, PSOL, PSB, PROS e PCdoB) ingressaram com um mandado de segurança no Supremo pedindo a anulação da sessão da Câmara que aprovou a constitucionalização do financiamento eleitoral. Os deputados alegam que houve vícios de procedimento durante a análise da proposta. O texto ainda será apreciado em segundo turno e somente depois disso seguirá para o Senado. Uma vez aprovado, o texto é promulgado pelo Congresso. Os deputados contrários a doações por empresas alegam que o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), feriu o artigo 60 da Constituição, tanto no parágrafo 5º quanto no inciso primeiro. O parágrafo 5º afirma que “a matéria constante de proposta de emenda rejeitada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa”. Já o inciso primeiro determina que qualquer PEC deve ter a assinatura de, pelo menos, um terço da Câmara (171 votos). O texto aprovado foi apresentado pelo PRB com cerca de 50 assinaturas. Apesar da celéuma, a maioria dos ministros do STF já indicou, em julgamentos na Corte, que prefere não interferir no processo de tramitação de propostas de emenda à Constituição (PECs) discutidas na Câmara. Contudo, não há certeza para qual lado o Supremo irá pender, já que, apesar de prezar pela não interferência (ou ingerência) no Congresso, os ministros da Corte

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candidatos poderão receber dinheiro de pessoas físicas. Para Mendes, esse modelo abre margem para a corrupção. “Podemos estabelecer que só haverá doações de pessoas físicas? Se nós temos dificuldade de fazer controle de 20, 30, 50 empresas grandes… Estas multas do mensalão (pagas pelos réus condenados no julgamento do caso) hoje sabemos que, muito provavelmente, parte foi paga com dinheiro do (doleiro Alberto) Youssef. Isso significa que, se nós adotarmos um modelo de doações privadas de pessoas físicas com teto relativamente alto, muito provavelmente vamos ter um sistema de laranjal implantado”, dis-


Política

CASAMENTO MAL ARRUMADO COM

SEPARAÇÃO RÁPIDA Falta de consenso implode fusões do PSB/PPS e PTB/DEM e minam manobras que engordariam bancada de oposição a Dilma Rousseff

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Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br


Roberto Freire (PPS), à esquerda, Carlos Siqueira (PSB, ao centro) e Ricardo Coutinho (PSB). Divergências na fusão Fotos: Divulgação

O diretório pernambucano encabeçado pelo governador Paulo Câmara, pretende assinar um manifesto, juntamente com o governador da Paraíba, e outros 12 diretórios regionais, manifestando sua insatisfação com a fusão. De acordo com o ex-presidente do PSB, Roberto Amaral, a fusão com o PPS está sendo articulada para fortalecer uma aliança com o PSDB do governador Geraldo Alckmin (SP) para disputar a sucessão do governo estadual. Em contrapartida, o PSB poderia apoiar a candidatura de Alckmin à Presidência da República em 2018. DEM e PTB. Já a tão esperada fusão entre o Democratas e o PTB não deverá ocorrer mais. A informação foi revelada, Efraim Morais, pelo presiden- sem consenso na te estadual do oposição a Dilma Democratas na dificultou união do DEM com o PTB Paraíba, o ex-senador Efraim Morais ao Portal WSCOM, principal site de notícias da Paraíba. Morais explicou que as direções das duas legendas não conseguiram chegar a um consenso em relação ao apoio ao Governo Federal. “Não teve sucesso, não conseguimos esse entendimento e, agora, cada um seguirá o seu caminho”, disse, em entrevista à Rádio Arapuan FM. Efraim complementou: “A posição do PTB era de continuar ao lado do Governo Federal, ao contrário do Democratas que faz oposição ao atual governo. Então, essa foi uma das razões principais e não havendo esse entendimento a fusão ficou impossibilitada”. Ainda de acordo com Efraim, o Democratas continuará na oposição a presidente Dilma Rousseff (PT) e irá se preparar para as eleições municipais nos Estados. “Esse é o principal caminho que seguiremos daqui para frente”, disse.

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paraibano é forte, como explicou ao presidente do PSB Carlos Siqueira, nos primeiros dias de junho. A movimentação contrária à junção entre os dois partidos parte também da ala pernambucana da legenda, que teme perder influência já que não dispõe mais do seu maior representante, o ex-governador Eduardo Campos, falecido em um acidente aéreo no ano passado. O governador paraibano revelou em entrevista exclusiva ao programa “É NOTICIA”,da REDETV, que não concorda com a pressa dos lideres dos dois partidos ao anunciarem a fusão, que ele contestava e acha impossível disso acontecer na forma posta. “Precisamos aprofundar mais e saber quais os princípios ideológicos desta fusão”, declarou Coutinho à Revista NORDESTE.

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pressa de setores do PSB e do PPS, sobretudo os presidentes Carlos Siqueira (PSB) e Roberto Freire (PPS), de efetivar a fusão dos dois partidos até mereceu comemoração dos dirigentes, mas não teve duração mais do que de uma semana. Os governadores Ricardo Coutinho (PSB) e Paulo Câmara(PSB) manifestaram-se contra a urgência do processo, em especial o chefe executivo paraibano, que é contra a fusão da forma posta. Noutro cenário, mas também de fusão, o DEM e o PTB resolveram implodir a possibilidade de uma só configuração partidária por conta, neste caso, da relação com o Governo Dilma Rousseff (PT). No PSB, o novo cenário visa ganhar tempo para que a ala paulista do partido consiga convencer os diretórios reticentes, mas a resistência do governador


Opinião

Têmis, a deusa, está menos curiosa

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êmis, a deusa, tem uma venda nos olhos para representar a Justiça que, cega, concede a cada um o que é seu, sem olhar para o litigante. Mas, por estas tropicais plagas, Têmis costuma afastar a venda que cobre seus olhos para dar uma espiada na clientela. Por que a diva faz esse gesto? Mera curiosidade? Há respostas para agradar a pluralidade dos indagadores, mas fiquemos com a ideia de que, aqui e ali, ouve-se à boca pequena, que juízes estariam se desviando do sagrado altar da Justiça para dar seu veredicto em agradecimento a patrocinadores de suas nomeações. Por essa razão, é plena de mérito e louvor a decisão da representação política no Congresso Nacional de aprovar a chamada PEC da bengala, que estende de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria de magistrados do Supremo, Tribunais Superiores e Tribunal de Contas. Com essa decisão, o país adiciona mais experiência e conhecimento ao acervo da Justiça, eis que Suas Excelências, aos 70 anos, vivem a plenitude de sua maturidade intelectual. Nessa condição, voltar para casa e vestir o pijama da aposentadoria significa gerar formidável ao país, como, aliás, ocorreu até hoje. A par da economia alcançada pela medida- calculada em torno de R$ 4 bilhões -, o país acrescenta alguns índices na autonomia e independência de seus juízes, o que contribuirá de modo expressivo para engrandecer a classe da alta magistratura e evitar que Têmis tenha vontade de espiar pelo buraco do pano que cobre seus olhos. A PEC da bengala contribui para amenizar as criticas que se jogam sobre o STF, particularmente no que se refere à influência do Executivo, mais precisamente da presidente da República, que nomearia cinco nomes para aquela Corte caso os magistrados continuassem a se aposentar aos 70 anos. O jurista cearense Paulo Bonavides chegou, um dia, a dizer: “A Suprema Corte correrá breve o risco de se transformar em cartório do Poder Executivo”. A versão mais comum é a de que, tanto nessa alta instância quanto em outras, as nomeações e promoções costumam passar por cima de critérios de qualidade. Uma liturgia de herança de poder se instala, com muita docilidade junto às cúpulas dos tribunais. A ingerência do Executivo sobre o Judiciário, portanto, pode, até, continuar, mas é aparente que perante o STF tal influência tende a ser menor. O patrocínio de nomeações, como se sabe, produz a inevitável hipótese: a mão que nomeou um magistrado parece permanecer suspensa sobre a cabeça do escolhido, gerando retribuição. O momento que atravessa o país realça o papel do Judiciário, cuja imagem de poder sagrado carece ser preservada, na linha da expressão do gênio Rui Barbosa: “a ninguém importa mais que à magistratura fugir do medo, esquivar humilhações e não conhecer covardia”. Não se pretende aqui defender a tese de que o juiz precisa vestir o figurino da pessoa anódina,

Gaudêncio Torquato Jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação

invertebrada, apolítica. Juízes insípidos, inodoros e insossos tendem a ser os piores. O que a sociedade quer é voltar a encontrar no Judiciário as virtudes que tanto enobrecem a magistratura e outros serventuários da Justiça: independência, saber jurídico, honestidade, coragem e capacidade de enxergar o ideal coletivo. Na visão aristotélica, o Judiciário cumpre uma função política. Expliquemos. A cota de política que Aristóteles atribuía ao homem abrangia seu dever de participar da vida da cidade, sob pena de se transformar em ser vil. Nessa tarefa, emprega os dons naturais do entendimento e do instinto para exercer funções de senhor e magistrado. Se o ensina¬mento do filósofo grego for bem interpretado, não haverá restrição para ver na missão dos juízes uma faceta política. Mas a questão é outra. Com freqüência, confunde-se o ente político, que se põe a serviço da coletividade, com o ator que usa a política para operar interesses escusos. Naquele habita a grandeza, neste, a vilania. Sob essa grande diferença, membros do Poder Judiciário, entre muitos que orgulham a Nação, possivelmente enviesando o conceito aristotélico, parecem confundir Política com P maiúsculo com politicagem de p minúsculo. O Judiciário precisa consertar os cacos do seu espelho, como o faz nesse momento o juiz Sérgio Moro. As razões da descrença devem-se ao comportamento de alguns (poucos) quadros. Que entram com antecedencia na esfera de temas que, mais adiante, serão objeto de seu julgamento. Juiz não pode e não deve trocar sua toga pela beca do advogado. Refiro-me especialmente à Justiça do Trabalho. Nunca foi tão fecunda a verbalização dos juízes, fazendo prejulgamentos, derivando daí a impressão de que descem do altar da Justiça para o beco da banalização política. É elogiável o esforço de uns para abrir fluxos de comunicação com a sociedade. Quando, porém, a expressão da alta administração da Justiça se transforma em negociação de bastidores ou em verbo desleixado do balcão das barganhas, a imagem do Judiciário se estilhaça. Por fim, a lição de Bacon: “Os juízes devem ser mais instruídos que sutis, mais reverendos que aclamados, mais circunspetos que audaciosos. Acima de todas as coisas, a integridade é a virtude que na função os caracteriza”.



Política

O PAPEL DO BRASIL NA CONJUNTURA MUNDIAL Reatamento das relações com EUA, novos passos no BRICS e liderança na América Latina consolidam atual fase brasileira Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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uando desembarcar em junho para Missão Oficial na Casa Branca, em Washington, onde será recebida pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a presidenta Dilma Rousseff passa a consolidar um papel estratégico de maior relevância operada pela Nação brasileira nas Américas. Ao lado da maior Nação do mundo em nível de soberania e de acordos bilaterais com repercussão dentro e fora da América do Sul, onde o Brasil já exerce a liderança há anos, em especial a partir do Governo Lula. Mas, as ações internacionais brasileiras se ampliam para expandir e dar volume ao banco dos BRICS, criado ano passado em reunião em Fortaleza, da mesma forma que o BNDES se mantém como braço econômico importante para grandes obras estruturantes no Continente, a exemplo do Porto de Mariel, em Cuba. Diplomatas e Ministros, a exemplo de Jaques Wagner, da Defesa, projetam a superação entre os dois países devendo ser retomados diversos projetos de interesses bilaterais passando pela pauta da Defesa permitindo novo modelo de inter-relacionamento implodindo


PAPEL INTERNACIONAL Embora tenha enfrentado crise interna nos primeiros meses de 2015 com a Oposição no Brasil, ultimamente em clima de superação, o Governo brasileiro tem jogado papel decisivo na representatividade da América do Sul com reconhecimento nas demais Américas porquanto tem sabido gerar negociações com os diversos países latino-americanos no reforço à soberania dos Países e da construção de um Mercado pujante em favor dos interesses dessas Nações. Não foi à toa que, recentemente, Cuba voltou a ocupar assento na OEA – Organização dos Estados Americanos, realidade esta que o Brasil teve ação preponderante na eliminação de rigores contra a Ilha, em face dos embargos de 56 anos impostos pelos Estados Unidos por conta da crise ideológica gerando medidas econômicas punitivas ao país de Raul Castro, irmão de Fidel. O reatamento das relações dos Estados Unidos e Cuba é fato histórico de grande relevância porque sepulta uma crise internacional passando a construir nova fase de interesses comuns, sobretudo dos cubanos moradores dos EUA – avalia o Sociólogo argentino, Carlos Torres, atualmente morando em Los Angeles. Ele insere o Brasil como elemento fundamental na distensão das relações entre os dois Países.

CÚPULA DAS AMÉRICAS A presença marcante da presidenta Dilma Rousseff na recente reunião no Panamá pode ser aferida com a agenda de altos contatos diplomáticas dela com outros lideres das Américas, a exemplo do presidente do México, Enrique Pena Nieto e da Colômbia,Juan Manuel Santos. O papel do Brasil, conforme o Itamaraty, reflete a "preocupação" dos países com a cooperação para o desenvolvimento e a inclusão social no continente. Ao longo da Cúpula, a presidenta teve série de encontros na Cidade do Panamá, onde ocorreu a cúpula. Além de Peña Nieto e Manuel Santos, ela se reuniu com o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, e ainda com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

desgastes como da espionagem de lideres mundiais,entre eles a Presidenta Dilma Rousseff. A Defesa será um dos temas da visita oficial da presidenta Dilma a Washington no próximo mês de junho. Há muito espaço para a cooperação e desenvolvimento de projetos conjuntos com os americanos – revelou com Exclusividade à Revista NORDESTE o Ministro Jaques Wagner. Fotos: Divulgação

Desde quando criado, o BRICS – bloco formado pelo Brasil, Rússia, India, China e África do Sul -, tem ampliado acordos entre os Países Emergentes para tentar atenuar possíveis crises econômicas advindas da sazonalidade dos negócios no Mundo. Neste particular, o Brasil também se insere com destaque pela capacidade de negociação produzida. A diferença é que, no Governo do PSDB, as articulações internacionais dependiam muito dos Estados Unidos, ao passo que do Governo Lula – 2003 até os dias atuais, o Governo brasileiro passou a se inserir na agenda de países nem sempre alinhados aos Estados. É o caso, por exemplo, dos países do Oriente Médio denominados do “Eixo do Mal”, a partir do Irã, merecedor de presença forte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações ao lado da Turquia para construir uma política de desarmamento daquele país, cuja proposta era mais avançada do que a que foi aprovada nos primeiros meses do ano em negociação na Europa.

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Acima, Dilma e Obama durante encontro no Panamá. Na foto ao lado, pose dos presidentes em foto oficial do evento

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OUTROS PAPÉIS


Política

A FASE F Uma postura pró EUA e outra ampliando para outros países. Ex-presidentes têm políticas diferentes no trato internacional Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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Brasil exerce uma grande influência no Continente e no Mundo, embora nos últimos cem anos os Estados Unidos tenham interferido fortemente no país, embora os fatos de 1964 em diante sejam de retrocesso político no maior país da América Latina. Tempos depois da redemocratização, a partir de 1986, com a eleição de Tancredo Neves para presidência, os governos mais fortes na democracia – de FHC e de Lula -, tiveram caminhos e opções antagônicas, com o ex-presidente petista avançado mais no diálogo com os continentes. Antes de FHC, por exemplo, se faz necessário admitir que uma forte medida produzida pelo lado brasileiro, no governo Collor, foi abrir a economia brasileira para acesso aos bens e meios de consumo do exterior por preços mais palatáveis do que havia. Depois da abertura dos portos às nações amigas em 1808, a atitude Collor


teve mesmo diferencial, guardando das proporções, com governo alinhado aos Estados Unidos. O PAPEL DE LULA. Foram muitas e importantes gestões do ex-presidente Lula no Mundo, não só defendendo a África como oportunidade de superação, mas como protagonista em grandes conflitos e debates internacionais, a exemplo da defesa de Lula pelo Estado Palestino e os países considerados do

NA DESPEDIDA. Luiz Inácio Lula da Silva se despediu do Mercosul depois de oito anos de participação em seus fóruns, nos quais contribuiu para fortalecer a dimensão política e humana do bloco, conforme consideraram analistas e diplomatas. “O Mercosul é um projeto complexo, que tem fundamento na integração econômica, mas Lula deu a ele uma enorme dimensão política, em grande parte consequência de sua própria projeção”, disse o cientista político Guilherme Carvalhido, da Universidade Veiga de Almeida, diante da saída de Lula. Segundo este especialista, “com

FASE FHC. As diretrizes da política externa brasileira nos dois mandatos de FHC seguiram parâmetros tradicionais: o pacifismo, o respeito ao direito internacional, a defesa dos princípios de autodeterminação e não-intervenção, e o pragmatismo como instrumento necessário e eficaz à defesa dos interesses do país, dizem especialistas. A referida mudança de paradigmas da política externa brasileira foi estimulada pela emergência de novas formas de estruturação da economia internacional, na fase chamada de globalização. A partir de 1990, os eixos Norte-Sul e Leste-Oeste das relações internacionais. Essa estruturação emergiu a partir da agenda originada nos chamados “novos temas” políticos, valorativos e econômicos, tais como: meio ambiente, direitos humanos, minorias, populações indígenas e narcotráfico. Como sugere a teoria da interdependência, os temas Soft ganham mais peso na arena internacional com a escolha de FHC pela Alca, diferentemente de Lula que privilegiou os mercados da América do Sul. Esta é uma das principais diferenças entre Lula e FHC, na prática.

Lula e o ex-presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, tratativas para o desarmamento Fotos: Divulgação

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Eixo Norte. O ex-presidente brasileiro foi quem mais avançou nas relações de desarmamento do Irã. Em que pese todo essa contribuição, Lula foi determinante na consolidação do Mercosul, e não a ALCA defendida por Fernando Henrique, que fazia prevalecer o domínio americano no Cone Sul. Lula simplesmente criou novo mercado internacional;

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FHC E LULA

a saída de Lula de cena, a ausência dessa dimensão política certamente será sentida”. Entre as marcas dos oito anos de Lula no Mercosul, Carvalhido mencionou a aproximação da Bolívia e da Venezuela do grupo formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai desde 1991. A Bolívia é atualmente membro associado externo e a Venezuela está em processo de se tornar um membro pleno.


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AS NOVAS ESTRATÉGIA DE DEFESA DO BRASIL Em ENTREVISTA EXCLUSIVA, Ministro Jaques Wagner fala dos investimentos para ampliar estrutura das Forças Armadas e das políticas de Defesa visando preservar soberania e riquezas nacionais. Ele comenta ainda sobre as relações com EUA e grandes potências internacionais Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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Revista NORDESTE - O mundo em diversos Continentes não para de registrar conflitos, em muitos casos voltados a questões de soberania com motivações econômicas. Na condição de Ministro de um setor tão estratégico do Brasil, como analisa a existência e reprodução desses conflitos? Jaques Wagner - Os conflitos são inerentes à dinâmica das relações globais desde os primórdios da civilização. Infelizmente, eles continuam se reproduzindo, embora se manifestando de formas diferente das guerras tradicionais dos últimos séculos. Os conflitos hoje não são localizados, tem fronteiras difusas e surgem, muitas vezes, de forma imprevisível. O terrorismo, a pirataria e os ataques virtuais, por meio da internet, inclusive com espionagem e roubo de informações, dão o tom dos embates na contemporaneidade. Embora não participe de um conflito desde a II Guerra Mundial, o Brasil sempre esteve e continua atento ao cenário internacional. Enfrentamos a pirataria internacional, sendo que 95% do comércio internacional do Brasil flui pelo Atlântico sul, além

deste, há o problema mundial que é o combate ao tráfico de drogas. NORDESTE - E como combater em acordo entre países interessados na mesma intervenção? Wagner - Nosso princípio é da paz entre as nações e da não intervenção nos assuntos dos outros países. Somos reconhecidos internacionalmente como promotores e indutores das relações pacíficas. O que não significa que possamos estar alheios à possibilidade de termos nossa soberania e nossos interesses confrontados. Para isso, temos de ter uma Defesa robusta, com militares bem preparados e equipados. Isso é fundamental para assegurar esse bem tão precioso para nossa população que é a paz. NORDESTE - O exame do processo histórico aponta ainda que, ao longo dos anos, as guerras se sucedem em busca de dominação de valores da natureza, a exemplo do petróleo, diamante, ouro, água, etc. O Brasil é um País privilegiado nas riquezas naturais, minerais. O Petróleo brasileiro (Pré-Sal, Amazônia, etc) não seria uma cobiça de estrangeiros?

“NUM CENÁRIO GLOBAL DE CRESCENTE ESCASSEZ DE RECURSOS NATURAIS, É EVIDENTE QUE UM PAÍS PRIVILEGIADO COMO O BRASIL PODE SE TORNAR ALVO DA COBIÇA DE FORÇAS ESTRANGEIRAS”

Jaques Wagner em visita a indústria naval


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Wagner - Num cenário global de crescente escassez de recursos naturais, é evidente que um país privilegiado como o Brasil pode se tornar alvo da cobiça de forças estrangeiras. Toda nossa estratégia de Defesa, expressa na Política Nacional de Defesa, na Estratégia Nacional de Defesa e no Livro Branco da Defesa Nacional, é clara no sentido de que temos que estar fortalecidos para dissuadir qualquer possibilidade de ameaça contra os nossos recursos naturais. NORDESTE - Como está nossa estrutura de Defesa? Wagner - Todo o programa de Fotos: Divulgação / Agência Brasil

modernização dos equipamentos das Forças Armadas objetiva, em grande medida, a proteção da nossa soberania territorial. O Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que prevê a construção de um submarino de propulsão nuclear – equipamento que apenas cinco países detêm – visa à proteção dos recursos de mais de 3,5 milhões de KM² do nosso litoral, inclusive o petróleo da Camada Pré-Sal. Outros projetos, como a compra dos caças Gripen NG, que serão desenvolvidos em parceria com a empresa sueca Saab, a colocação em órbita do Satélite Geoestacionário Brasileiro, a implantação do Sistema de Monitoramento Integrado das Fronteiras (Sisfron), entre várias

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Como estamos nos protegendo?

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outras iniciativas, vão, certamente, fazer com que a cobiça contra o território nacional seja contida. Estar permanentemente preparados para dissuadir as ameaças contra o Brasil vai garantir nossa soberania. NORDESTE - Durante algum tempo do Governo do PT, esta questão da Defesa, não teve a decisão de investir mais fortemente aparelhando o Brasil e nossas Forças Armadas, como se percebe agora nos últimos anos. Qual o Papel do Sr. nesta ação estratégica? Como sua condição de ex-aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro pode contribuir para afinar os interesses de todas as partes deste setor? Wagner - O governo do PT, desde seu primeiro momento, com o presidente Lula, tratou de recuperar a capacidade operacional, os efetivos e os equipamentos das Forças Armadas – severamente degradados nos governos anteriores. A prova disso é que, entre 2003 e 2014, os recursos empregados pelo Ministério da Defesa em custeio e investimento aumentaram quase seis vezes – saltando de R$ 3,7 bilhões para R$ 19,6 bilhões em 2014.

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NORDESTE - Como se traduzem esses números na realidade? Wagner - São esses os recursos que permitem o desenvolvimento dos projetos que estão modernizando os equipamentos das Forças Armadas e consolidando a da Base Industrial de Defesa (BID) no Brasil – um setor que movimenta mais de US$ 7,5 bilhões ao ano, gerando dezenas de milhares de empregos. Foi nos governos do PT que o Brasil finalmente alcançou os investimentos de Defesa na ordem de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o que ainda não é ideal, mas que nos coloca no patamar mais próximo de países de maior envergadura militar. Não por outro motivo que o Brasil é, atualmente, responsável por 41% dos investimentos em de-

fesa na América Latina. Além dos investimentos, foi sob o governo do PT que o Ministério da Defesa se consolidou completando 15 anos de criação, com o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) que está completando 5 anos, além dos documentos balizadores da estratégia para o setor como a Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco da Defesa Nacional. São esses documentos que apontam o caminho da Defesa nacional para

as próximas décadas, assegurando que os recursos e esforços necessários sejam canalizados para que nossa soberania não seja ameaçada. Hoje, o setor de Defesa está mais robusto e organizado do que em qualquer outro momento da nossa história. NORDESTE - O Sr. entrou em janeiro no Ministério da Defesa. Como tem sido conviver com as importantes Armas brasileiras (Exército, Marinha e Aeronáutica) e o que pretende


estratégia conjunta de Defesa Nacional, inclusive com a participação dos setores civis da sociedade brasileira, que devem cada vez mais vestir a camisa de uma área tão estratégica como a Defesa. A atual política de Defesa Nacional do Brasil demonstra o amadurecimento da democracia brasileira.

Meta do Governo é modernizar a base industrial da Defesa no Brasil

construir para fortalecimento das Forças Armadas?

estado. Portanto, essa convivência não é nenhuma novidade para mim.

Wagner - A convivência é a melhor possível. Fui aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro e, durante a adolescência, cogitei em seguir carreira na caserna antes de cursar Engenharia pela PUC do Rio, curso que não completei. Conheço a hierarquia e a liturgia militar. Enquanto fui governador da Bahia também tive uma excelente relação com as autoridades militares que atuam no

NORDESTE - Como o Sr. define sua missão em Ministério tão estratégico? Wagner - O trabalho do Ministério da Defesa é justamente harmonizar os interesses da Marinha, do Exército e da Aeronáutica de forma que possamos modernizar a gestão do setor, racionalizar os recursos e estabelecermos uma

NORDESTE - E a inovação marítima? Wagner - Não posso deixar de voltar a falar no submarino de propulsão nuclear. Apesar do desenvolvimento do casco ser

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“O TRABALHO DO MINISTÉRIO DA DEFESA É JUSTAMENTE HARMONIZAR OS INTERESSES DA MARINHA, DO EXÉRCITO E DA AERONÁUTICA DE FORMA QUE POSSAMOS MODERNIZAR A GESTÃO DO SETOR, RACIONALIZAR OS RECURSOS E ESTABELECERMOS UMA ESTRATÉGIA CONJUNTA DE DEFESA NACIONAL”

Wagner - Os investimentos e as inovações estão acontecendo. O aumento dos investimentos já citados comprova que a modernização dos equipamentos das Forças Armadas é um processo que se tornou prioridade do governo brasileiro. As inovações estão presentes em projetos como o do blindado Guarani, que tem sua matriz tecnológica desenvolvida pelo Exército e sua produção industrial feita pela multinacional italiana Iveco, que construiu uma fábrica em Minas Gerais apenas para esse objetivo. O projeto do cargueiro KC-390 é outra iniciativa desenvolvida pelo Brasil, em parceria com países amigos, a partir de pesquisas feitas pelo Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA) e com a produção sob responsabilidade da Embraer.

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NORDESTE – Para estar amplamente estruturado no campo da Defesa em nível dos avanços internacionais, sobretudo no mundo tecnológico e nas áreas da inovação, o Brasil precisa investir mais na aquisição de equipamentos de última geração visando satisfazer esta necessidade de proteção da soberania nacional. Quais as possíveis inovações e investimentos neste sentido?


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NORDESTE - Alguns processos de aquisição neste campo acabaram merecendo acompanhamento do Mundo e disputa, inclusive, dos grandes investidores internacionais. Como estão as aquisições dos Caças Gripen, Porta-aviões, etc?

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em parceria com a França, a tecnologia nuclear é 100% obra dos engenheiros da Marinha, que há mais de 30 anos se dedicam a assegurar essa base científica para o Brasil. Os projetos são muitos e envolvem equipamentos de comunicação, veículos não-tripulados, embarcações de patrulhamento, sistemas de defesa cibernética... enfim, o setor de Defesa induz à inovação, que, inevitavelmente, acaba transbordando para o setor civil. Durante visita ao Centro Tecnológico da Aeronáutica ouvi um argumento muito convincente sobre a necessidade de investir na indústria de Defesa. Muitos equipamentos precisam ser fabricados no Brasil porque existem proibição de importação deles. E quando se consegue vencer a barreira, o referido equipamento ou a peça de reposição existe lei internacional impedindo o uso do equipamento. Ou seja, muitas vezes uma aeronave ou um helicóptero ficam parados aguardando peças estrangeiras que custam uma fortuna e que poderiam ser fabricadas no Brasil. É exatamente por isso que a Defesa deve ser priorizada pela nossa sociedade: ela assegura tanto a nossa soberania como o nosso desenvolvimento.

Wagner - Nada mais natural que o mundo acompanhar o processo de aquisições e fortalecimento das Forças Armadas. Isso faz parte dos protocolos de inteligência dos

principais países, inclusive do nosso. Esse é um mercado de US$ 1,5 trilhão e não podemos ter a inocência de que, ao tomar uma decisão, muitos interesses internacionais podem ser contrariados. Mas, como já dito, isso é natural da dinâmica do setor. Como já citado, os processos de compra de novos equipamentos e de modernização dos mais antigos estão em pleno andamento. A compra dos 36 aviões de caça F-X2 Gripen NG já teve seu contrato assinado em outubro de 2014. Os recursos para o andamento dos projetos em 2015 – da ordem de R$ 1 bilhão – já estão

de defesa e reconhecimento. E mais que isso, vão gerar empregos qualificados e aumentar o potencial de exportações e de avanço tecnológico com nacionalização dos produtos em alto nível. Ao mesmo tempo, no contrato há clausula de repasse da tecnologia de construção para o

Brasil deve construir caça Gripen NG, submarino nuclear e já é referência em treinamento militar

assegurados. A previsão inicial é a de que a primeira aeronave seja entregue em 2019 e a última em 2024. NORDESTE - Estamos guardados no espaço aéreo? Wagner - Como falei, as aeronaves vão proteger e policiar o nosso espaço aéreo, além de realizar missões

Brasil, o que representa um grande avanço para o país. NORDESTE - O Brasil ao longo dos anos tem tentado, sem sucesso, se inserir no clube dos poucos Países do mundo a investir fortemente na produção de Foguetes que, na ponta, significa estar se equipando para proteger seu universo espa-


NORDESTE - E com os Estados Unidos, em que nível estão os entendimentos? Wagner - Os Estados Unidos são parceiros históricos do Brasil no setor de Defesa, haja vista a aliança vitoriosa contra o nazi-fascismo durante a II Guerra Mundial. A Defesa será um dos temas da visita oficial da presidenta Dilma a Washington no próximo mês de junho. Há muito espaço para a cooperação e desenvolvimento de projetos conjuntos com os americanos. NORDESTE - Embora a questão das Fronteiras esteja afeita ao Ministério da Justiça, como a Defesa trabalha em sintonia para garantir a proteção e soberania plena nessas áreas geográficas estratégicas com outros Países?

“MUITOS EQUIPAMENTOS PRECISAM SER FABRICADOS NO BRASIL PORQUE EXISTEM PROIBIÇÃO DE IMPORTAÇÃO DELES. E QUANDO SE CONSEGUE VENCER A BARREIRA, O REFERIDO EQUIPAMENTO OU A PEÇA DE REPOSIÇÃO EXISTE LEI INTERNACIONAL IMPEDINDO O USO DO EQUIPAMENTO”

Wagner - As fronteiras são assunto tratado em parceria entre a Justiça e a Defesa. Naquilo que é da nossa competência, as iniciativas são muitas. Uma delas é a implantação do Sisfron (Sistema de Monitoramento Integrado de Fronteiras), cujo projeto piloto já está em andamento no Mato Grosso do Sul. São investimentos da ordem de R$ 12 bilhões que vão assegurar monitoramento 24 horas por dia dos quase 17 mil km da fronteira brasileira com equipamentos de última geração. Também temos reforçado nossa presença nas fronteiras, especialmente na região amazônica com vários países, tal como preconiza a Estratégia Nacional

de Defesa. Além disso, realizamos anualmente a Operação Ágata, com o emprego de 30 mil militares e em parceria com outras instituições do governo, em toda a região de fronteira. Dentro de nossas competências, as Forças Armadas não fugirão da sua responsabilidade de assegurar a soberania do território nacional contra qualquer tipo de ameaça que queira atravessar nossas fronteiras. NORDESTE - Meses atrás, o Ministério da Defesa promoveu ensaios de “Guerra Virtual” tendo como base a cidade de Natal envolvendo diversos Países parceiros do Brasil. Embora esteja no plano da ficção, de que forma sua Gestão pretende avançar mais forte para garantir a pronta defesa de nossas armas a situações de invasão? Quantos outros treinamentos devem estar por vir? Wagner - Atualmente funciona em Brasília o Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), criado com o intuito de assegurar a integridade de nossas comunicações, tanto as militares quanto as civis. Também estão instalados nas principais capitais centros menores que atuam em integração com os oficiais do Exército responsáveis pelo CDCiber. As iniciativas são concretas e funcionaram muito bem no plano de Defesa da Copa do Mundo Fifa 2014. A proteção de nossa banda eletromagnética foi um sucesso durante o evento. Estamos trabalhando para que todo o território nacional tenha esse mesmo nível de proteção ininterruptamente. A segurança e confiabilidade das comunicações ganhou relevância nacional. Está prevista ainda a implantação da Escola Nacional de Defesa Cibernética e do Comando de Defesa Cibernética, que consolidará os esforços do país visando uma segurança cada vez maior das redes digitais de interesse da Defesa Nacional.

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Wagner - O Brasil já faz parte desse clube. Temos projeto em andamento para colocar o nosso Veículo Lançador de Satélites (VLS) em órbita a partir da Base de Alcântara (MA) ainda sem data prevista. Termos parcerias robustas em tecnologia aeroespacial com países como a Alemanha, a China, a Suécia e a Rússia. Nesse sentido, já conseguimos colocar em órbita mais de 300 sondas espaciais e outros 30 veículos sub orbitais. Também estamos desenvolvendo, no âmbito do Instituto de Aeronáutica e Espaço, o Veículo Lançado de Microssatélites – também uma parceria com a Alemanha. Além

disso, temos cientistas e pesquisas de ponta no setor aeroespacial, o que tem, inclusive, reconhecimento internacional. Se não caminhamos tudo o que gostaríamos nesse setor, não tenho dúvidas que a base está sedimentada para o Brasil se tornar uma potência espacial nas próximas décadas.

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cial. De que forma, a atual gestão encara estes investimentos e o que fará para sedimentar os avanços na área? Parcerias com Países, como a China, já estão em que nível?


Opinião

Tucano ou petista, está difícil de entender

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onha-se na pele de um petista e você viverá o inferno de não saber explicar o degringolamento das conquistas trabalhistas e o enxugamento dos programas sociais que o governo Dilma está promovendo. Tudo, tudo mesmo, na contra-mão do que ela defendeu e prometeu na campanha eleitoral. Da montagem do Ministério, em que gente como Joaquim Levy, Kátia Abreu e Gilberto Kassab pontificam como estrelas, à implementação de medidas que contrariam e desmentem a doutrina e a práxis petistas, a Dilma de Ravena, o nutricionista argentino, desnorteou seus eleitores e pôs calados todos os que nas urnas votaram pensando em livrar o país da ameaça tucana. E nada indica que, a curto ou médio prazos, a pancada do bombo irá mudar. Vista o casaco dos emplumados e você verá que a sua posição, se fizer uma análise consciente, não é melhor do que a dos petistas. O ex-assessor de Aécio, Joaquin Levy, queridinho e recomendado por um dos maiores bancos brasileiros está mostrando o que seria feito no país se o neto de Tancredo tivesse chegado ao Planalto. A cara de pau e o cinismo imperam no reinado oposicionista que, sob o comando de uma imprensa parcial e raivosa, criticam “bolos e salgadinhos” cujas receitas já tinham sido preparadas por Armínio Fraga e seus assessores. Pregadores do Impeachment de Dilma, os oposicionistas desistiram, recentemente, dessa ideia por não ter encontrado eco nas ruas, nem no Congresso Nacional, onde o governo tem emplacado, embora parcialmente, os seus ajustes e vencido a dura batalha pela aprovação de Fachin para o STF. Uma vitória que tornou inócuo e até ridículo o “manual” que a Veja publicou orientando os senadores no questionamento do candidato de Dilma e que mostrou que o Congresso ainda se guia pelo mote franciscano de que “é dando que se recebe”. Que o diga o lépido Temer. TABLETES 1 – Muita gente já foi investigada, embora nem sempre punida, por ter remetido dinheiro para contas em paraísos fiscais no exterior. Ninguém, porém, teve o “privilégio” de João Santana, o marqueteiro de Lula e Dilma, que está sob os holofotes da PF e da oposição midiática por ter trazido para o Brasil US$ 16 milhões que ganhou, em campanha, em Angola. 2 – Parcimoniosamente comentados pelos analistas da grande imprensa, os resultados financeiros da Petrobras no primeiro trimestre deste ano. A empresa que, segundo eles, estava perdida, esvaziada, no fundo do poço, tratada como coisa peçonhenta, surpreendeu o mercado com um resultado positivo (Ebitda) de R$ 21,5 bilhões. 3 – Em repetidas audiências, os delatores da Lava Jato têm acusado pessoas sem apresentar provas. Mesmo assim,

Carlos Roberto de Oliveira Jornalista, consultor de Marketing e sócio da CLG

Ponha-se na pele de um petista e você viverá o inferno de não saber explicar o degringolamento das conquistas trabalhistas” ocupam as manchetes e os horários nobres dos grandes veículos da mídia nacional. Já no caso da Operação Zelotes, que apura um desvio estimado em R$ 16 bilhões, resultante de propinas pagas a membros do Carf, a Justiça liberou 90% dos suspeitos por falta de provas. 4 – Contundente e procedente a crítica do jornalista paulista Ricardo Melo, quanto à hodierna prática de grande parte da grande imprensa de “usar o Ministério Público e a Polícia Federal como donos absolutos da verdade”. Segundo ele, isto “equivale a terceirizar o ofício de jornalista”. 5 – O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, desmentiu que tivesse escrito em seu livro Una Oveja al Poder que Lula confessara saber do mensalão. O desmentido passou em branco nas revistas semanais brasileiras, ao contrário da informação original. 6 – Para um país fragilizado, sem credibilidade e sem futuro – como pregam as oposições política e midiática – a iniciativa da China de investir no Brasil US$ 53 bilhões deve ser a prova de que, no outro lado do mundo, existe quase 1,5 bilhão de malucos rasgando dinheiro. 7 – Dois desabafos. O ex-presidente Lula lamentou que “parte da imprensa vem tratando bandidos como heróis”, quando eles “se prestam a acusar, sem provas, os alvos escolhidos pela oposição, não derrotados nas urnas e que ela teme enfrentar no futuro”. E o do governador do Paraná, Beto Richa, que considerou “um criminoso, réu confesso, preso por abuso de menores (...), coisa de bandido”, o depoimento do auditor da Receita Estadual que acusou o tucano de ter recebido a propina de R$ 2 milhões para a sua campanha política, resultante da redução ou anulação de débitos fiscais.



Economia

INVESTIMENTO

PESO-PESADO

NÚMEROS GRANDES A ferrovia transcontinental é planejada

com 4.400 quilômetros de extensão. Para a obra, o banco chinês disponibilizará recursos da ordem de 50 bilhões de dólares por mês

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China promete investir nos próximos anos alguns bilhões de dólares no Brasil. O país, que já é a segunda maior economia do mundo, se transformou em 2009 no maior parceiro comercial do Brasil. Hoje 18% das exportações brasileiras dirigem-se para a China, enquanto que em 2004 eram apenas 2,1%. No mesmo período, o estoque de investimentos chineses passou de 5 bilhões para mais de 11 bilhões de dólares. Esses números prometem engordar até 2021. Para reforçar essa parceria e anunciar mais investimentos o primeiro ministro chinês Li Keqiang veio ao país e assinou um total de 35 acordos comerciais e de cooperação nas áreas de infraestrutura, defesa, energia e comércio. O anúncio de investimento foi feito por Keqiang na assinatura do Plano de Ação Conjunto 2015/2021 onde

China e Brasil prometem construir ferrovia transcontinental. Mega obra lingará oceano atlântico ao pacífico e fará entroncamento nas ferrovias Transnordestina e Centro-Oeste Por Paulo Dantas paulo.dantas@revistanordeste.com.br


deve aportar também no sudeste. Ela segueiria de Uruaçu/GO para o leste, passando pelo Distrito Federal, Minas Gerais até o litoral fluminense. Para o oeste o plano indica um caminho de Vilhena/RO rumo ao Acre até a divisa da fronteira com o Peru, atravessando os andes e chegando aos portos peruanos. Os investimentos chineses também darão suporte de US$ 53 bilhões para um fundo de financiamento à infraestrutura, na perspectiva do médio prazo, para garantir obras como a

China amplia investimentos e anuncia parceria ferrovias, usinas fotovoltaicos e construção de rede de transmissão de energia elétrica

Fotos: Divulgação

segunda linha de transmissão de Belo Monte. Seria uma linha de transmissão de ultra alta tensão, que sairá de Belo Monte e chegará até o Centro-Sul do país - onde está a maior demanda por energia elétrica. O consórcio já foi firmado em 2014, e é constituído pela chinesa State Grid e as empresas do grupo Eletrobras Furnas e Eletronorte. As companhias serão responsáveis pela construção e operação de uma linha de transmissão de 2.092 quilômetros e duas estações conversoras de energia, que escoarão energia do Pará ao centros de carga no Sudeste do País. Dos recursos já anunciados para o fundo de infraestrutura, cerca de US$ 10 bilhões poderão ser investidos nas linhas de transmissão de Belo Monte. Foi feita também proposta pelo primeiro ministro chinês da criação de um fundo bilateral de cooperação produtiva da ordem de 20 bilhões de dólares. Recursos esses provenientes do governo da China e voltados prioritariamente para investimento na área de siderurgia, vidros, material de construção, equipamentos e manufaturados. Além disso, a China investiu dinheiro na Petrobras com a assinatura de um acordo de cooperação do Banco de Desenvolvimento, Indústria e Comércio num valor de 10 bilhões de dólares.

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Dilma Rousseff recebe o primeiro ministro da China, Li Keqiang

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foram definidos objetivos e metas para a cooperação bilateral nos próximos sete anos. A implantação desse acordo terá o suporte da cooperação entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC). O banco chinês disponibilizará recursos da ordem de 50 bilhões de dólares por mês. Entre as ações previstas está a construção de uma ferrovia transcontinental que cortaria todo o Brasil e ‘desembocaria’ no Peru, ligando o Oceano Atlântico ao Pacífico. O projeto envolve Brasil, Peru e China e implica numa logística bastante desafiadora. A obra já havia sido anunciada em 2010, pelo DNIT, mas agora ganha uma parceria de peso. Em 2010 foi apontada a construção do primeiro trecho da Ferrovia Centro-Oeste que teria entroncamento com Ferrovia Norte-Sul na cidade de Uruaçu/GO, cruzando o estado de Mato Grosso no sentido leste/oeste e chegando até Vilhena/RO. A Ferrovia de Integração Centro-Oeste será a primeira parte desse projeto gigantesco, a Ferrovia Transcontinental (EF-354). No Plano Nacional de Viação a EF-354 (ou ferrovia transcontinental) é planejada com 4.400 quilômetros de extensão. Além de ir para o oeste/norte e nordeste, el


ACORDO DE AMPLIAÇÃO DE COMÉRCIO E D

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Primeiro ministro garantiu fim de barreiras alfandegárias a carne brasileira na China

O governo brasileiro saudou a assinatura de um "memorando de entendimento sobre sensoriamento remoto, telecomunicações e tecnologia da informação" firmado pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, e o diretor da Administração Nacional de Ciência, Tecnologia e Indústria para Defesa Nacional da China, Xu Dazhe. O Brasil deve ainda construir em parceria com a China uma fábrica de painéis solares fotovoltaicos. O acordo deve ser fechado entre a Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex) e a BYD Energy do Brasil. A cooperação prevê investimentos de R$ 150 milhões para a construção da fábrica. Em relação ao comércio e as possibilidades de negócios entre Brasil e China, o primeiro ministro deu destaque às áreas de infraestrutura, mineração e agropecuária. O interesse do Brasil é ampliar a pauta de importação dos produtos manufaturados e aprofundar a coo-

País asiático agilizou compra de aeronaves e manteve demanda por minérios e petróleo


DE TECNOLOGIA

peração na área de alimentos processados, transporte aéreo e tecnologia da informação. Neste sentido, a visita rendeu frutos, como a ampliação do protocolo sanitário que vai permitir a retomada das exportações de carne bovina para China. A garantia é de implementação imediata com a habilitação dos oito primeiros estabelecimentos exportadores. Também foi anunciada a renovação da parceria da Vale com empresas e bancos chineses para permitir a melhoria no transporte marítimo tornando o minério brasileiro mais competitivo. Outro anúncio feito pelo governo chinês foi a aceleração do pedido dos primeiros 22 aviões da Embraer, dentro dos 60 aviões vendidos para a Tianjin Airlines. "A intensificação da cooperação entre a China e o Brasil vai promover o desenvolvimento dos países emergentes e vai ajudar também na recuperação da economia mundial", disse Keqiang, em declaração à imprensa ao lado da presidenta Dilma Rousseff (PT). Keqiang aportou no Brasil com uma delegação governamental e 150 empresários. O governo brasileiro programa uma nova visita à China em 2016.


Economia

VOOS PARA O MUNDO Latam sonda governos de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará para fazer investimento de R$ 3,9 bilhões em construção de HUB, que terá voos domésticos e internacionais Por Paulo Dantas paulo.dantas@revistanordeste.com.br

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Latam, união da TAM e da LAN, empresas aéreas, respectivamente, do Brasil e do Chile, está procurando no Nordeste qual a melhor cidade para instalar um novo “hub” – um centro de conexões de voos – doméstico e internacional. Três cidades estão na mira da Companhia Aérea: Fortaleza, Natal e Recife. A escolha do local será feita até o fim do ano e o início das operações está previsto para dezembro de 2016. Segundo a Latam, o objetivo do novo HUB é “realocar a capacidade do grupo para o Brasil, ampliando a atuação em voos entre a América do Sul e Europa e atraindo maior fluxo de estrangeiros, ao mesmo tempo em que torna o Nordeste um polo turístico mais relevante e aperfeiçoa a cobertura do fluxo de passageiros e de carga de e para o Brasil com outros mercados”. O grupo explica que oferta da aviação nacional está mais concentrada no Sudeste, no Sul e em Brasília. “Vários países têm explorado de maneira exitosa oportunidades semelhantes, criando destinos e gerando riqueza e desenvolvimento por meio da criação de grandes hubs, como acontece em nações do Oriente Médio e América Central. Em alguns casos, os hubs foram desenvolvidos a tal ponto que países hoje têm mais passageiros que habitantes”, explica a TAM.

Cláudia Sender, presidente executiva da TAM, em busca do melhor local


Os critérios para a definição da cidade vencedora são: localização geográfica, infraestrutura aeroportuária, potencial de desenvolvimento, e ainda, poder oferecer melhor experiência ao cliente. “Fatores como competitividade de custos, atrelada a uma infraestrutura adequada, serão determinantes para a concretização desse projeto”, informou a Latam. Em relação a crise econômica que pode significar uma demanda mais fraca no mercado doméstico, a TAM explicou que ainda é cedo para

Fotos: Divulgação

Os três estados estão correndo para atrair o investimento. Todos já se reuniram com a presidente da TAM. Mas Ceará e Natal saem na vantagem. Ambos já contam com ICMS reduzido sobre o querosene de aviação. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), conseguiu se reunir primeiro com a TAM. No final de abril, o petista apresentou atrativos à empresa pautados no grande mercado consumidor e numa tarifa diferenciada do ICMS. Além do HUB, Fortaleza pode ganhar mais 13 voos diários para a Europa e 18 novos voos nacionais partindo do aeroporto da Capital.

Os governadores Paulo Câmara (PE), Robinson Faria (RN) e Camilo Santana (CE) disputam novo hub

falar de corte na oferta. “A perspectiva ainda é de manutenção da capacidade da companhia, em relação a 2014. Para o mercado internacional, a companhia segue com o plano de criação de novas rotas, apesar do desestímulo do câmbio para viagens ao exterior. Diante de um cenário desafiador (de volatilidade da demanda e do câmbio), a companhia projeta crescimento conservador da oferta e disciplina de capacidade dos voos para gerar rentabilidade de suas operações aéreas”.

No início de maio a TAM também recebeu os governadores do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), e de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Câmara foi ao encontro acompanhado do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). Eles se reuniram com a presidente da TAM para argumentar que o estado tem condições de receber o investimento. Na defesa, foi dito que no ano passado, o Aeroporto do Recife recebeu quase 7,2 milhões de passageiros, entre domésticos e internacionais e em abril o terminal foi escolhido o melhor do país pela Secretaria de Aviação Civil. Após sair do encontro com os representantes de Pernambuco, a presidente da TAM disse: "a impressão que fica é que existe uma grande abertura e a possibilidade de uma parceria muito firme". Robinson Faria fez o mesmo e apresentou a TAM uma série de argumentos que, segundo ele, credencia o estado a receber o investimento. Em sua apresentação, o governador demonstrou que a posição geográfica do aeroporto potiguar, situado na grande Natal, colocam o Rio Grande do Norte em vantagem, principalmente para viagens e conexões internacionais. “O RN é o estado brasileiro mais próximo dos continentes europeu e africano”. O líder do Executivo estadual ainda apontou que o Rio Grande do Norte é um dos poucos estados que contam com uma refinaria de Querosene de Aviação (QAV) no Nordeste. A infraestrutura aeroportuária também foi um diferencial apresentado. O aeroporto Aluízio Alves, com 15.000 km², possui a maior área patrimonial e maior pista de pouso (3.300 x 60) entre os três aeroportos que participam da disputa. O terminal tem a maior capacidade ociosa, trabalhando atualmente com apenas 40% da demanda possível, hoje 6,2 milhões.

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CRITÉRIOS

INCREMENTO NO TURISMO

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A localização do hub, para a TAM é estratégica, por diminuir o tempo de espera nos voos. “O hub no Nordeste oferece tempo significativamente menor de voos na ligação entre a Europa e o Brasil, na comparação com São Paulo e Rio de Janeiro, e gera ainda melhor distribuição de conexões e horários, proporcionando melhor aproveitamento das aeronaves e aumentando a produtividade, além de proporcionar mais e melhores opções para o passageiro”. Com a construção desse hub no Nordeste, essa será a quarta conexão da Latam. Hoje, além de Guarulhos o grupo também tem conexões internacionais em Santiago (Chile) e Lima (Peru). Em Brasília, o Hub da TAM é apenas para voos domésticos. Em relação ao aporte financeiro, a TAM explicou que o Grupo vai direcionar 40% dos valores que serão investidos em equipamentos e instalações, projetado para os próximos três anos – o valor chega a R$ 13 bilhões. O Grupo também fará o remanejamento de parte da frota, já prevista no plano da LATAM, que equivale a uma cifra entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão. “Nosso estudos apontam que o impacto do hub onde for instalado será de geração de 8 a 12 mil empregos”, destacou Cláudia Sender.


Economia

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INDÚSTRIA ITALIANA DEVE AMPLIAR INVESTIMENTOS NO NORDESTE Consultor Fabio Vicenzi, reconhecido como uma das 80 pessoas mais influentes no mundo dos negócios no eixo Itália/Brasil, garante: investimentos multinacionais virão para o Nordeste Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br


FÁBIO VICENZI - A C&V, assim como a união de dois jovens visionários advogados que se uniram a vinte anos atrás, visa construir no Nordeste uma união de esforços. Projetos numa conjuntura econômica especial, que vem dentro de uma realidade de expansão industrial e comercial dessa região. Queremos atrair a atenção não só de outras regiões do Brasil mas também de fora do país, em especial da realidade com a qual nós lidamos, atraindo a atenção de empresários europeus, italianos, espanhóis e portugueses.

NORDESTE - Objetivamente, o que o senhores são e representam? VICENZI - A C&V tem uma essência como consultoria internacional na busca de viabilizar novos negócios. O Brasil, evidentemente, é o país que tem tido um palco já há anos de nossa Fotos: Assessoria C&V

NORDESTE - Qual a leitura que o senhor faz do Brasil, do contexto global, da economia, das perspectivas de negócios e de qualidade de vida e aí, claro, o Nordeste? VICENZI - Apesar da crise pela qual estamos atravessando e que imagino que deva ser passageira no sentido das políticas da presidente Dilma, nós encontramos no Nordeste, assim como em outras duas regiões do Brasil, Norte e Centro-Oeste, as regiões que mais estão se desenvolvendo, um cenário com a maior capacidade de enfrentamento dessas crises com as quais não só o Brasil, mas o resto do

“NÓS ESTAMOS ACOMPANHANDO UM GRUPO DE TRABALHO BINACIONAL, ITÁLIA/ BRASIL ESPECIFICAMENTE DO SETOR NÁUTICO. ESSE GRUPO DE TRABALHO IDENTIFICOU, POR ENQUANTO, DUAS REGIÕES DO BRASIL: SANTA CATARINA E MANAUS. ESSES ESTADOS ESTÃO NESTE MAPA, MAS NÓS ESTAMOS TRABALHANDO PARA INCLUIR O NORDESTE NESSA REALIDADE” mundo, está passando. Aqui também vemos o maior potencial em termos de criação e geração de negócios. Não só pelo imenso território que o Nordeste tem em especial, mas levando em conta a demanda da grande população com poder aquisitivo que está sendo incluída cada vez mais dentro das camadas consumidoras, preparando-se tecnicamente e de modo qualificado, para importar novas iniciativas empresariais em todo o território.

NORDESTE - Quais são as áreas especificas da economia e que os senhores têm uma atuação mais determinante? É na infraestrutura, é no mundo financeiro? Quais são as áreas de atuação da C&V. Qual é o foco da C&V aqui no Brasil e no Nordeste? VICENZI - Na infraestrutura, rodovias, portos, ferrovias. Todos os trabalhos, acredito, que dão suporte ao crescimento das nossas cidades. Energias renováveis, em especial eólica e automotivos. Esse é um motivo que nos traz hoje aqui (ao Nordeste) na inauguração oficial da fábrica da Fiat... agora FCA... e metal mecânico em geral. Nós, dentro dessa crise, estamos dando atenção especial a dois grandes projetos, que podemos dividir em vários outros setores como tecnologia embarcada. Podemos dividir em náutico e naval, construção de embarcação, tanto de lazer como naval de transporte... plataforma, assim como uma visão especial que seria a biônica e a aeroespacial... construção de pequenos aviões e tecnologia embarcada para esses segmentos.

NORDESTE - Dentro de uma visão bem pragmática, Quais são as empresas europeias que vocês estão representando ou criando ambiências? VICENZI - O exemplo concreto que eu dou é justamente esse da Fiat, no qual envolve uma grande montadora e todos os seus fornecedores. Em um primeiro momento os fornecedores e sistemistas que vem de fora. Em segundo momento os mesmos fornecedores e sistemistas a convite da montadora se instalando na região, não só no Estado de Pernambuco, mas em todo o Nordeste, especialmente em Pernambuco e Paraíba. Podemos citar ainda dois exemplos desses fornecedores sistemistas... que estamos acompanhando de perto, um deles, um administrador, estamos falando da ANS automação industrial, uma empresa italiana, a Marquelise, em Napoli.

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Revista NORDESTE - O que significa a empresa ítalo-brasileira C&V para um futuro dos negócios do Brasil, em particular do Nordeste?

empresa.

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abio Vicenzi esteve no Nordeste visitando a fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) em Pernambuco. Após a visita, Vicenzi deu uma esticada até a Paraíba para um conversa com o governador Ricardo Coutinho, onde revelou a possibilidade de novos investimentos estrangeiros no estado. O currículo de Fabio Vicenzi tem peso na área. Advogado, autor de diversas obras jurídicas publicadas no Brasil e no exterior, Vicenzi faz parte da empresa de consultoria Carbone & Vicenzi e é reconhecido pela Revista italiana Milano Finanza como uma das 80 pessoas mais influentes no mundo dos negócios no eixo Itália/ Brasil. Vicenvi também é consultor jurídico internacional, doutor em direito e economia. Mestre e especialista em direito empresarial comparado, direito econômico e direito regulatório e das telecomunicações.


NORDESTE - Dentro de uma perspectiva de futuro quais ventos ou negócios os senhores pretendem desenvolver nessa área náutica como perspectiva de abrir mercado aqui no Nordeste? VICENZI - Nós estamos acompanhando um grupo de trabalho binacional, Itália/Brasil especificamente do setor náutico. Esse grupo de trabalho identificou, por enquanto, duas regiões do Brasil: Santa Catarina e Manaus. Esses estados estão neste mapa, mas nós estamos trabalhando para incluir o Nordeste nessa realidade. Tanto que a nossa intenção, com base nesses trabalhos que estamos fazendo com o grupo náutico binacional, tendo em vista os dois grandes consórcios náuticos que representamos no mundo italiano, a partir de Napoli, é promover, se possível, ainda este ano ou no começo do próximo ano no Centro de Convenções de João Pessoa, aquilo que poderíamos chamar de primeira feira náutica naval ítalo-nordestina. Esse foi um dos assuntos tratados com o governador da Paraíba.

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NORDESTE - Quais as propostas apresentadas ao governador Ricardo Coutinho durante a sua visita a Paraíba? VICENZI - Trocarmos ideias e apresentarmos os fornecedores e sistemistas da Fiat que representamos e que poderiam eventualmente se instalar em terra paraibana. Nós abordamos esse assunto do pólo náutico e em especial procuramos saber do Governo da Paraíba... queríamos saber como ele enxerga a possibilidade da criação de um embrião industrial com base em tecnologia italiana. Isso dentro de uma área a ser trabalhada para que algumas empresas da cadeia produtiva possam já se instalar, fabricando determinado tipo de embarcação. A empreitada contaria com grande valor agregado e poderia ajudar a transformar esta região na plataforma de produção e exportação de produtos dessa natureza.

“NÓS ESTAMOS TRABALHANDO PARA INCLUIR O NORDESTE NESSA REALIDADE. (...) NO COMEÇO DO PRÓXIMO ANO, EM JOÃO PESSOA, FAREMOS O QUE PODERÍAMOS CHAMAR DE PRIMEIRA FEIRA NÁUTICA NAVAL ÍTALO-NORDESTINA” NORDESTE - Para concluir, os novos estados do Nordeste brasileiro envolvem várias realidades, portanto, o que os senhores projetam para o futuro desses próximos anos? VICENZI - Temos muitos projetos e falamos a partir do setor de infraestrutura. Óbvio que existem projetos rodoviários, ferroviários, não falo de grandes sonhos, mas falo de recuperação... de pequenos preços... que poderiam revolucionar a logística local e isso vai ser tratado numa pauta na

Paraíba, mas falamos também da possibilidade de se encontrar e explorar matérias primas que existem aqui no Nordeste e que poderiam ser facilmente comercializadas para o resto do país e no mundo. Nós não abordamos a questão do turismo, mas o turismo ele é importantíssimo para uma região assim tão próxima da Europa, nós acompanhamos alguns movimentos de tentativas de transformação do Nordeste numa realidade residencial ou de segunda moradia para a Europa e isso é uma coisa latente. Isso ajuda muito. Isso contribui.


NORDESTE - Muitos brasileiros tem, inclusive de João Pessoa, segunda moradia em Miami e em Orlando. Isso poderia se dar na Europa, em Lisboa, na Espanha e Itália, etc... VICENZI - Mas isso naturalmente deve acontecer, a partir do momento em que a transformação da cidade e do entorno dela permite o melhor nível de vida não só para a população local, mas também para quem vem de fora. Permite novas atrações, investimento em infraestrutura, em segurança jurídica... nós abordamos a questão dos pólos náuticos. O pólo náutico, ou a construção de embarcações de lazer, está diretamente associada aos lagos e às marinas, está diretamente associada a um nível de vida, à restaurantes, talvez, em determinado estilo. Os europeus que vem para cá procuram sim a origem do Brasil, as pessoas mais simples, mas eles não abandonam o estilo de vida europeu. Então é pos-

sível pensar em termos de turismo, de náutica, é possível pensar aí uma infraestrutura que poderia permitir ainda mais facilmente a antecipação desses projetos que já existem.

NORDESTE – Por que não falar da indústria da moda, a Itália tem uma conferência reconhecida em Milão e não é só Milão, a microempresa, as indústrias, de couro, de vestuário? VICENZI - Essas indústrias também fazem parte dos setores abordados, nós iniciamos privilegiando aqueles mais tradicionais... mas o pólo de moda da Paraíba ele é um dos assuntos que nos interessa. A possibilidade de criar aqui na Paraíba um showroom nacional de moda estrangeira que interaja com a moda local... isso certamente teria um impacto nesse segmento. Nós, nesse sentido, faremos uma visita ao Porto de Cabedelo para verificar as condições que esse porto teria para sediar

esse projeto de showroom da moda internacional.

NORDESTE - Como é se deparar com uma estrutura de comunicação no Centro Histórico de João Pessoa fazendo vanguarda no mundo virtual, na internet e fazendo uma revista no padrão como o que os senhores acabaram de ver? VICENZI - Essa é mais uma das alegrias que só confirmam a ótima impressão produtiva que tenho tido sempre que volto ao Nordeste. A mídia do Grupo WSCOM me impressionou positivamente, pois a revista NORDESTE é de ótima qualidade. Eu tive a oportunidade de ler os artigos, a abordagem dela é interessantíssima. Certamente também muitas das empresas que estamos trazendo para cá terão interesse de, não só ver a sua realidade retratada na revista, mas buscar na revista fonte de informação para uma interação inédita e positiva.


Economia

DE ENGRAXATE À LISTA DA

FORBES Empresário paraibano Janguiê Diniz conta experiência de empreendedor que lhe tirou da pobreza e o fez chegar a ter riqueza estimada em 1 bilhão de dólares Por Fabrícia Oliveira redacao@revistanordeste.com.br

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anguiê Diniz nasceu paraibano, mas sua história de vida já passou pelo Mato Grosso e Rondônia, até chegar em Pernambuco. Em Pernambuco, mas especificamente em Recife, construiu um conglomerado que hoje é considerado o maior grupo de educação do Nordeste e um dos dez maiores do país, o Ser Educacional, com 120 mil matriculados. O leque de negócios de Janguiê inclui uma construtora, uma agência de comunicação e uma marca de moda fitness. Na maioria deles, o empresário diz ser um mero investidor. No total, o grupo está presente em 11 Estados, 2 no Norte e 9 no Nordeste. Nascido na pequena cidade de Santana dos Garrotes, na Paraíba, mudou ainda criança para o interior do Mato Grosso onde teve o primeiro emprego como engraxate aos 8 anos de idade. Porém, ao ver que outros garotos ganhavam mais vendendo tangerinas, mudou de ramo rapidamente. Ao perceber que seu novo negócio era sazonal, não pensou duas vezes antes de bolar um plano B e começar a vender picolés entre uma safra e outra de tangerinas. Entre o negócio de picolés e a criação

Janguiê e sua biografia “Transformando sonhos em realidade”, história cheia de inventividade


AS DIFICULDADES APARECERÃO NO CAMINHO DE QUALQUER UM, NO ENTANTO, É PRECISO SER PERSEVERANTE NA BUSCA PELOS OBJETIVOS E NUNCA DESISTIR DIANTE DAS DIFICULDADES” Janguiê Diniz êxito em nenhuma atividade. As dificuldades aparecerão no caminho de qualquer um, no entanto, é preciso ser perseverante na busca pelos objetivos e nunca desistir diante das dificuldades. Todos, mais cedo ou mais tarde, vamos cometer erros. Entretanto, é preciso aprender com os erros, sejam os seus ou o dos outros, para não cometê-los novamente”. Questionado sobre quais as recomendações que daria as pessoas que querem empreender, o empresário volta Fotos: Divulgação

Acima abertura da Ser Educacional na Bolsa de Valores, abaixo o prédio em Recife

mercado pode ajudar a se livrar das crises. Referindo-se ao Brasil, o paraibano argumenta que o país deixou de olhar para os seus próprios indicadores que não são positivos e defendeu uma profunda reforma política e tributária. “A educação, assim como a segurança, a saúde e os outros setores primordiais para a sociedade estão defasados. Para seguirmos no caminho certo do desenvolvimento, para continuarmos entre as maiores economias mundiais,

é preciso organizar o Brasil internamente. Reformas políticas e tributárias são necessárias. Mas, tudo isso é um processo longo e que deveria estar sendo realizado há muitos anos para que pudéssemos sentir os efeitos agora”. Para Janguiê, o consumo das famílias vive um momento de desaceleração, tanto pelo fim dos programas de incentivo ao consumo quanto pela menor oferta de crédito e agora não basta apenas tentar controlar a inflação. “Estamos passando por um período de desconfiança do mercado para investimentos e a lógica é simples: sem investimentos. Sem melhorias. Mas não basta apenas reativar a confiança dos investidores se não houver melhorias infraestruturais”. Para o Nordeste, apesar de ter se diferenciado do restante do Brasil, com índices positivos na indústria, para Janguiê o investimento externo feito na região “obriga” o governo local a continuar investindo no desenvolvimento dos setores primordiais para a população. “Acredito que os investimentos realizados na região nos últimos anos vão continuar mantendo o desenvolvimento do estado. Claro que isso não significa que se pode parar de investir ou deixar de analisar o que é preciso ser feito”, avalia. Apesar do sucesso empresarial e dos conselhos para os rumos da economia do país, Diniz não pensa em enveredar pela política. Apesar já ter recebido inúmeros convites para se filiar a partidos políticos e concorrer a eleições, o paraibano garante que não tem essa intenção. “Acredito que meu trabalho é continuar a oferecer oportunidade de capacitação para a população e este é meu foco. Sou empreendedor e é através dos meus empreendimentos que posso contribuir para o desenvolvimento socioeconômico”.

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a afirmar que o melhor é estudar. “O Brasil esta entre os 10 países mais empreendedores do mundo, no entanto, 32% das empresas fecham no primeiro ano; 44% fecham até o segundo ano. Então, diante desses dados, recomendo que, em primeiro lugar, aqueles que querem empreender devem estudar. Não iniciem um negócio sem ter conhecimento prévio do setor em que pretendem atuar”, frisa. No entender de Diniz uma visão mais estrutural do

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de seu mega empreendimento na área de educação, o caminho exigiu muito estudo. Mudou-se de Rondônia e foi para o Recife para fazer o segundo grau. Em 2003 fundou a Faculdade Maurício de Nassau acompanhada por uma nova marca, o Grupo Ser Educacional. Daí para frente é história que o levou a figurar na prestigiada lista de bilionários da revista Forbes, com uma riqueza estimada em US$1,1 bilhão em 2014. Toda essa história agora é contada no livro “Transformando sonhos em realidade - A trajetória do ex-engraxate que chegou à lista da Forbes”. Falando sobre a trajetória, Diniz explica que as dificuldades fazem parte de qualquer caminho, mas para alcançar o sucesso é preciso ter determinação, foco e buscar continuamente pelo conhecimento, além de investir em trabalho árduo. “Sem eles, não é possível atingir o


Economia Maquete do Solar Tambaú. Obra terá infraestrutura de primeiro mundo

LUXO NO NORDESTE

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xiste um mercado que não entra em crise. Onde não só o luxo, mas também o conforto, a tecnologia e os mais especializados serviços são oferecidos ao comprador que pode pagar. E o requinte, ou o luxo, não está apenas na utilização dos melhores materiais nas construções, mas também quando se agrega consciência ecológica, boa localização e preços atrativos. O residencial Solar Tambaú, que está sendo construído pela JCP Construções e Incorporações S/A, na Capital da Paraíba, aposta neste perfil. No entender da empresa, esse mercado abarca compradores de todo Brasil, não só da Paraíba. “O que tem no mercado de luxo hoje no Brasil é em torno de 1% de tudo que se constrói no território nacional. Esse mercado é extremamente restrito e tem tudo a ver com o Solar”, conta Maria Bethânia Navarro, diretora da Sala de Negócios Imobiliários, empresa

Mercado aposta em moradia com alta tecnologia, serviços pay-per-use e luxo para atrair investidores

responsável pela comercialização do residencial. A ideia no Solar Tambaú é agregar conceitos modernos, como o não desperdício, o respeito ao meio ambiente, tecnologia, o padrão europeu de construir e uma bela localização. “Pensamos nos paraibanos residentes, mas também nos paraibanos ausentes que moram nos grandes centros do país, e que após uns 50, 60 anos resolvem voltar para as suas origens e muitas vezes procuram conforto, qualidade de vida, pé na areia e um serviço maravilhoso de um residencial cinco estrelas”, comenta a diretora. O projeto também aposta, é claro, nas pessoas que não são nordestinas, mas que visitam a Paraíba e encontram no estado tudo que eles gostariam: uma vida tranquila, sossego, verde e ar puro. Em termos de nordeste, o empreendimento conta com a localização privilegiada da própria Paraíba, entre

“PENSAMOS NOS PARAIBANOS RESIDENTES, MAS TAMBÉM NOS PARAIBANOS AUSENTES QUE MORAM NOS GRANDES CENTROS DO PAÍS” MARIA BETHÂNIA NAVARRO DIRETORA DA SALA DE NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Natal e Recife, dois grandes polos turísticos, com a BR-101 que dá acesso a Pernambuco e Rio Grande do Norte duplicada. Aeroportos internacionais e bons hospitais. A Paraíba é a terceira cidade mais antiga do Brasil, com um Centro Histórico tombado pelo Patrimônio Histórico Brasileiro, belíssimas praias, até com uma ilha que aparece com a baixa da maré e um rio que vai do centro da cidade à orla, famoso por um por do sol ao som do Bolero de Ravel.


BOA ESTRUTURA E PREÇO

Fotos: Divulgação

“ESTOU NUMA ÁREA EXTREMAMENTE COMPETITIVA, MAS PARA ISSO O CLIENTE TEM QUE VIR NOS PROCURAR E LANÇAR A PROPOSTA DELE”

lia por metro quadrado, mas os valores do Solar são competitivos. O metro quadrado gira em torno de R$ 10 mil a R$ 13 mil, à vista. “Há projetos que não são primeira linha do mar (no mercado) onde o metro quadrado é de R$ 13 mil”, ressalta. “Estou numa área extremamente competitiva, mas para isso o cliente tem que vir nos procurar e lançar a proposta dele”, desafia. Para financiar, o comprador deve fazer acordo direto com a empresa. Até a entrega e após a entrega, o cliente tem a opção de procurar um banco do seu relacionamento para financiar o saldo devedor. Os valores para financiamento não têm desconto e obedecem a uma planilha normal com preços de tabela. O cliente precisa dar uma entrada mínima de 20% a 25%

Maquete do Solar Tambaú. Construção agrega novo conceito de moradia

e até a entrega pagar algo em torno de 40%. Os 60% restantes ficam para o financiamento bancário ou para a opção de quitar. Bethânia informa que boa parte das grandes lojas já estão vendidas, mas ainda há algumas unidades. É possível negociar apartamentos, inclusive fazendo junção de unidades para disponibilizar até 200 metros quadrados. O comprador ainda pode também conseguir apartamentos de quatro suítes e quatro vagas de garagens de frente para o mar. A entrega em contrato está prevista para setembro de 2017. Mas a obra está adiantada e pelo cronograma atual a expectativa é que os apartamentos sejam entregues até novembro ou dezembro de 2016.

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MARIA BETHÂNIA NAVARRO DIRETORA DA SALA DE NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

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O projeto está orçado em R$ 230 milhões (no Volume Geral de Vendas o valor é calculado pela soma do valor potencial de venda de todas as unidades do empreendimento). São 130 apartamentos residenciais e 39 lojas de um Mall Shopping que ficará no térreo do Solar. Os apartamentos são de 47, 65, 70, 79, 80, 90 e 100 metros quadrados – há a opção de juntá-los e conseguir ter um imóvel de até 190 a 200 metros. “Tem homens que precisam de um gabinete, um escritório, mulheres que precisam de um closet maior”, pontua Bethânia, explicando que também é possível fazer modificações na estrutura, desde que acordadas na hora da compra. São cerca de 11 coberturas no projeto, que variam entre 104 a 337 metros quadrados. As coberturas são de uma a três suítes. O material utilizado na construção dos apartamentos são de primeira linha, garante a JCP. Piso Porto Belo de 0,90 por 0,90 e 0,30 por 1,20. Paredes internas todas em alvenaria. Todas as varandas terão um têm ponto de gás e energia para churrasqueira, possibilitando que os moradores possam fazer uma varanda gourmet. O edifício contará com uma área de camarote para convívio comum com 1.800 metros quadrados, com piscina aquecida e vista privilegiada para orla, onde devem ser agendadas apresentações de shows. A área conta com lounge bar. O Solar ainda oferecerá Spa, Academia oficial e Hotelzinho baby. Segundo Maria Bethânia Navarro, a empresa está negociando desde dezembro de 2014 condições especiais para quem compra à vista. Em relação ao valor do metro quadrado, a diretora alerta que mercado de luxo não se ava-


TECNOLOGIA E SERVIÇOS DE PONTA

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O Solar Tambaú irá oferecer serviço de pay-per-use, onde os moradores poderão ter dentro do complexo residencial além dos serviços básicos, camareira, manobristas, acompanhantes de idosos, motoristas, enfermeiras, personais, babysitter. “O edifício vai ser todo automatizado a partir de um celular convencional será possível visualizar o que a criança está fazendo mesmo dentro do hotelzinho baby”, revela Bethânia. Dentro do apartamento o morador poderá ter fechadura eletrônica, controle de temperatura, ativação do sistema de alarmes, sistema de alertas, controle de iluminação, sonorização interna, automação de cortinas e monitoramento das câmeras e segurança. O revestimento externo é todo em ACM – alumínio composto. Para possibilitar o isolamento acústico o prédio está sendo construído com paredes duplas externas e entre os apartamentos, além de vidros externos duplos com caixa de ar. Entrando na onda da sustentabilidade o Solar também terá sistema de reutilização das águas, captação de água da chuva e dos ar condicionados, medições individuais dos consumos e utilização de energia solar para aquecimento de água.

Solar Tambaú tem vista privilegiada do mar de João Pessoa

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Visão área do Solar Tambaú em abril de 2015. Construção em fase adiantada

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A segurança também é de ponta, com guarita suspensa e blindada, toda em chapa de aço a um metro e meio do chão, câmeras de segurança (TCP/IP), sistema de controle de acesso (SCA), sala de segurança e automação, sistema de alarmes de última geração. O acesso social e de veículos será feito por sistema de eclusa. A garagem por eclusa cria duas barreiras para entrada, onde o visitante precisa de liberação da segurança para entrar no prédio. A lavanderia coletiva usará o sistema americano.

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O CONSTRUTOR O construtor João Carlos Pina Ferreira está no mercado paraibano há mais de 20 anos. Ferreira é um português angolano que resolveu se radicar na Paraíba. Para a obra do Solar Tambaú, chamou um sócio, também angolano, que atualmente mora em Londres.



Geral

O PLEBEU TRANSFORMADO EM CAMPEÃO NACIONAL É do Sertão da Paraíba, a 453 KM da Capital, que se consolida há anos um dos maiores Revendedores AMBEV do Brasil. Nos quesitos vendas e excelência de gestão foi eleito EMBAIXADOR

diversas empresas referência, a partir da revenda da AMBEV, onde o renomado comerciante acumula a condição de ser um dos mais importantes vendedores com nível de excelência, tanto que se mantém distinguido como o Embaixador da grande empresa de Bebidas no Brasil. Na última reunião da AMBEV, em São Paulo, ele foi escolhido novamente como campeão de vendas, o que o fez considerar que as premiações registradas ao longo dos últimos anos só traduzem mais responsabilidade para toda a empresa. –Não precisamos, necessariamente, estar nas melhores cidades ou ter que ir até são Paulo para conseguir-

Por Walter Santos ws@revistanordeste.com.br

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mundo dos negócios, em especial do comércio e da inovação, se mantém apresentando novidades enquanto revelação empresarial de realce no Brasil. Esta é síntese que pode ser aplicada ao empresário Zenildo Oliveira, diretor – presidente do Grupo Pau Brasil, com sede na cidade de Sousa-PB, no interior do Nordeste, mas reunindo

“POR ACREDITAR NA FORÇA E NA CAPACIDADE DE FAZER DE NOSSA GENTE SERTANEJA, COLOCAMOS COMO UM SONHO GRANDE PARA NOSSO TIME PROVAR PARA O SUL E SUDESTE DO PAÍS QUE NÓS, NORDESTINOS, SOMOS TAMBÉM CAPAZES DE SUPERAR QUALQUER DESAFIO DESDE QUE ENCONTRE A OPORTUNIDADE DE AFLORAR OS NOSSOS TALENTOS”

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Zenildo Oliveira | Diretor-Presidente do Grupo Pau Brasil

Republicado por incorreção


De Sousa para o Brasil

Braço do Grupo Pau Brasil que distribui bebidas da Ambev

mos ser o melhor – definiu ele, acrescentando que “em qualquer lugar você pode ser do tamanho que você quer ser, desde que acredite e corra atrás de seus sonhos e objetivos com foco e método para atingir o seu plano de metas da sua vida”, conceituou. Zenildo Oliveira há anos tem se credenciado no mercado de representação, em face de seu curriculum onde fica nítido o investimento feito por ele na sua formação profissional, desde quando dos primeiros anos em escola de freiras até o MBA na Fundação Getúlio Vargas e, em seguida, nos Estados Unidos.

Revista NORDESTE: O sr. acaba de ser distinguido pela AMBEV como um dos principais Revendedores do Pais. Como é chegar a esse estágio estando no sertão do Nordeste, em especial da Paraíba? Zenildo Oliveira: A busca por excelência não pode ser entendida como a busca de padrão e normas de fazer coisas, ela tem que ser encarada como uma mudança no teu modo de ser, de agir e de pensar. Ela passa a ser teu modelo de vida. O programa de excelência da AmBev, que mede a eficiência na gestão dos processos de gente, logística Fotos: Divulgação

e mercado, e a capacidade de atingir resultados de vendas e distribuição, existia desde 1992, e nunca uma empresa do Nordeste conseguia chegar e ser reconhecida entre as melhores. Por acreditar na força e na capacidade de fazer de nossa gente sertaneja, colocamos como um sonho grande para nosso time provar para o Sul e Sudeste do país que nós, nordestinos, somos também capazes de superar qualquer desafio, desde que encontre a oportunidade de aflorar os nossos talentos.

NORDESTE: Definida a meta, como alcançar o objetivo de estar entre os melhores revendedores do Brasil? Zenildo: Claro que o percurso foi difícil em romper os preconceito secular que se coloca na cabeça das pessoas de que aqui não poderemos ser os protagonistas de nossa história. Desenvolvemos um plano de atingir o ápice de programa que seria ser Embaixador no prazo de 5 anos e jogamos o desafio para toda equipe com medição de cada etapa a ser atingida. Aliando a isso tudo um forte programa de formação de gente com estrutura da criação de uma escola de desenvolvimento de talentos dando suporte aos nossos processos internos, tipo: processo de seleção, avalia-

O Grupo Pau Brasil é um complexo com 550 funcionários constituído da: Pau Brasil Bebidas atendendo 135 cidades de todo interior da Paraíba, desde do Cariri, Curimataú, Agreste e Sertão, a Pau Brasil Motos com quatro concessionárias Honda de motos; Hora 10 Conveniências com três lojas; Restaurante Bali bar; DAP Distribuidor Atacadista de Peças atendendo mercado Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Unida Construtora, em João Pessoa. Em 05 anos, o Grupo comprou e incorporou 08 revendas. “Somos hoje o único distribuidor na Paraíba, onde saímos do patamar de 30% de share para 80% esse ano. Aumentamos o faturamento em 12 vezes e somos o maior arrecadador de imposto do interior da Paraíba. Esse ano, enquanto o mercado de motos Brasil caiu 4,1% ; a Paraíba 8%; crescemos 9%”. A revenda é a primeira no Brasil a conseguir o título de embaixadora da Ambev. Para o seu presidente o título representa a confirmação de um certeza: é possível mudar a imagem preconcebidas e os preconceitos e criar talentos. Pautado na qualidade e excelênica o Grupo já recebeu inúmeros prêmios. “Podemos dizer que as coisas que fazemos são inovadoras e muitas vezes copiadas pelos concorrentes”, brinca um vídeo publicitário do Grupo.


ção de desempenho, 360 graus, pesquisa de percepção, engagement, endomerketing, remuneração variável e bônus para executivos (participação nos lucros).

NORDESTE: Mas, finalmente, quando vocês conseguiram a meta? Zenildo: Antes de tudo, mais forte de tudo se deu consolidando nossa liderança baseada em valores éticos e morais que formamos um time de gente imbatível e com fome de resultados e vontade de superar seus limites e vencer na vida. Em menos de 5 anos não só atingimos o tão sonhado título de embaixador da AmBev como somos por mais de 8 anos a melhor do Nordeste e três vezes a melhor do Brasil. A cada ano conquistamos títulos e premiações em todos os níveis. Prova que a cultura da excelência está no sangue e na forma de fazer e sonhar de nosso time. Então não precisamos estar fisicamente nas melhores cidades ou ter que ir até São Paulo, etc, para conseguir ser o melhor. Em qualquer lugar você pode ser do tamanho que você que ser, desde que acredite e corra atrás de seus sonhos e objetivos com foco e método para atingir o seu plano de metas da sua vida.

NORDESTE: O prêmio se refere ainda ao quesito "qualidade de

gestão". O que seu Grupo Pau Brasil põe em prática para ser percebido nacionalmente? O que os srs. têm de diferencial? Zenildo: A diferença entre nós e os outros é que, além de buscar o conhecimento constante, nós executamos literalmente aquilo que pensamos. Este para mim é o fator que diferencia o ser humano: capacidade de agir e executar. Podemos ter a vida processos falhos, mas quando há execução militar as coisas acontecem. Depois nosso foco sempre foi em gente fazendo todo mundo emergir pela nossa cultura de ser e fazer as coisas acontecer.

NORDESTE: Como é aplicar conceitos modernos em regiões com educação abaixo de outros centros, etc? Zenildo: Cultura de donos com desdobramentos de metas coletivas e individuais até a base da pirâmide, remuneração variável pelo atingimento de resultados individuais e 14° salário e bônus pelos resultados coletivos. O sistema de gestão é nosso modelo pela busca de entregar a cada ano metas cada vez mais audaciosas fazendo todos saírem da zona de conforto e correr atrás de fecharem o gap dos seus indicadores e entregar o resultado. Então o pilar de gente, sistema de

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Sobre o EMBAIXADOR Zenildo Oliveira teve uma infância humilde, mas isso não o impediu de vencer na vida. O paraibano é um empresário arrojado. Começou logo cedo a construir sua história de sucesso. Por volta dos 8 anos já agilizava em várias áreas: engraxava sapatos, vendia bombons, dindins e conseguia algum trocado descarregando frutas. Aos 12 anos, com o pai já falecido, entendeu que seria o “homem da casa” e começou a trabalhar com a mãe vendendo queijos. A experiência lhe abriria as portas para a fundação da sua empresa, a Pau Brasil. Para o feito, conseguiu que um cliente imprimisse os cartões de visita, pagou as taxas da abertura da empresa rifando um bode fictício e fazia os contatos com as empresas a cobrar, de um telefone público. Começou assim, e hoje Zenildo é um homem de sucesso pronto para voos cada vez maiores.

“DESENVOLVEMOS UM PLANO DE ATINGIR O ÁPICE DE PROGRAMA QUE SERIA SER EMBAIXADOR NO PRAZO DE 5 ANOS E JOGAMOS O DESAFIO PARA TODA EQUIPE COM MEDIÇÃO DE CADA ETAPA A SER ATINGIDA. ALIADO A ISSO TUDO UM FORTE PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE GENTE COM ESTRUTURA DA CRIAÇÃO DE UMA ESCOLA DE DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS”


gestão, e metas fazem nossa história ser de gente grande.

NORDESTE: O sr. tem MBA nos Estados. Mas nasceu de origem humilde em Sousa, no sertão da Paraíba. Como foi a passagem social num lugar distante do grande centro mas criando referencia empresarial? Zenildo: Gosto sempre de dizer que existem duas formas de transformar as pessoas na vida. Primeiro, educação, e, segundo, entusiasmo com amor em tudo que fazemos. Como nunca pude fazer escolhas onde teria que estudar porque não tinha condição, sempre

estudei em minha cidade em escola pública com exceção do ensino médio básico que ganhei uma bolsa e com ajuda da madre Aurélia (Igreja Católica) passei os 4 anos no Colégio das Freiras, depois fiz Direito pela UFCG. Em todos os meus estudos, tive que completar a jornada trabalhando para ajudar na renda de minha casa, pois, meu pai faleceu quando eu tinha 13 anos e a renda de minha família era meia pensão do antigo fundo rural, nesse cenário tinha que trabalhar.

NORDESTE: Onde entra o empreendedorismo na sua formação? Fotos: Divulgação

NORDESTE: O que o sr. quer dizer com isso? Zenildo: Que nunca devemos fugir daquilo que somos e de nossa na-

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“GOSTO SEMPRE DE DIZER QUE EXISTEM DUAS FORMAS DE TRANSFORMAR AS PESSOAS NA VIDA. PRIMEIRO, EDUCAÇÃO, E, SEGUNDO, ENTUSIASMO COM AMOR EM TUDO QUE FAZEMOS”

Zenildo: Quando terminei minha faculdade já tinha constituído com a famosa "rifa do bode" a empresa Pau Brasil e sabia que para atingir grandes voos precisaria buscar conhecimento a capacitação. Foi quando decidi fazer MBA na Fundação Getúlio Vargas, fazendo muitos estágios e grupos de estudos de casos, para entender os rumos que teríamos que dar as empresas no Brasil enfrentando todos os desafios que o nosso mercado apresenta. Com características muito difíceis, mas que nos imprimia para dominá-lo. Em todo momento, entendíamos e ficava mais forte que para vencer temos que fortalecer os laços com nossas origens e o lugar aonde atuamos porque somente assim entendendo o ser humano é que dominaremos a verdadeiras necessidades de nossos clientes e colaboradores. E hoje toda marca vencedora tem que surpreender e não somente atender bem, que virou obrigação.

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Zenildo Oliveira trabalha com técnicas de motivação e remuneração variável


tureza. Essas características devem ser nossas fortalezas para enxergar as oportunidades e vencer as ameaças.

NORDESTE: Como o sr. define o Grupo Pau Brasil, qual seu raio de atuação e que tipo de negócios tem explorado? Zenildo: Um time formado pela cultura de gente e sonhos e que fazem de nossos valores a base de superar os desafios de buscar a cada ano crescer nesse mercado de per capita baixo, PIB inferior às grandes cidades do Brasil, IDH na média de 50 e grande área de zona rural, distância de rotas alta, etc. Ou seja, as dificuldades são combustíveis para nossas conquistas. Talvez por nunca desistir daquilo que sonhamos que estamos a 20 anos na estrada e sempre crescendo com média obtida sempre acima dos nossos concorrentes.

NORDESTE: Quem são vocês em tamanho no mercado? Zenildo: Atuamos hoje em vários segmentos e sempre com a visão de capilaridade dos mercados aonde atuamos, buscando explorar todo a cadeia de mercado existente em cada um. O Grupo Pau Brasil é constituído da: Pau Brasil Bebidas atendendo 135 cidades de todo interior da Paraíba, desde do Cariri, Curimataú, Agreste e Sertão. Temos a Pau Brasil Motos

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Zenildo Oliveira em frente a Pau Brasil, maior arrecadador de impostos do sertão paraibano

com quatro concessionárias Honda de motos; Hora 10 Conveniências com três lojas; Restaurante Bali bar; DAP Distribuidor Atacadista de Peças atendendo mercado Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Unida Construtora, em João Pessoa.

NORDESTE: O ano começou com muitos segmentos se queixando da retração econômica. Qual sua leitura a partir de seus negócios e o que espera de 2015? Zenildo: Tudo é conjuntura. No nosso caso, podemos dividir a nossa história em duas fases os primeiros 10 anos e os últimos 10 anos, aonde na primeira etapa tivemos muitos problemas de sobrevivência, mercado sempre com instabilidade, falta de confiança nas pequenas e médias empresas, falta de apoio dos bancos, baixo poder de compra das pessoas. Mas depois de superadas todas essas dificuldades com estabilidade da moeda e o surgimento do Plano Real até as políticas sociais do Governo Lula, o Nordeste começou a viver outra realidade. Cidades crescendo, aumento do poder de compra dos pequenos e médios e surgimento de um batalhão de gente entrando na nova classe C.

NORDESTE: Traduza essa análise na realidade prática? Zenildo: Temos um mercado no Nordeste que cresce a níveis da China, portanto, nos últimos anos cresceu sua contribuição no PIB do país. Mas precisamos de agora em diante consolidar muitas conquistas dessa nova realidade nordestina como a conclusão da Transposição do Rio São Francisco, Transnordestina, habitação, e ex-

“PRECISAMOS DE AGORA EM DIANTE CONSOLIDAR MUITAS CONQUISTAS DESSA NOVA REALIDADE NORDESTINA COMO A CONCLUSÃO DA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO, TRANSNORDESTINA, HABITAÇÃO, E EXTENSÃO DE MUITOS CAMPI UNIVERSITÁRIOS E ESCOLAS TÉCNICAS”

tensão de muitos campi universitários e escolas técnicas. Existe uma classe pujante e empreendedora em muitos recantos desse rico Nordeste que quando encontra a semente germina frutos cada vez mais doces.

NORDESTE: É visível o crescimento das médias cidades no Nordeste brasileiro. Como o sr. encara a conjuntura para se sobrepor na concorrência de mercado? Zenildo: Sempre foco meus objetivos e metas sem olhar o que está acontecendo de lado, sem me preocupar com notícias ruins, cenários caóticos, crises e desanimo de amigos e colegas empresários. O mercado sempre tem e existiu sazonalidades e quem melhor aproveitar os períodos de crises sempre vai estar à frente de seus concorrentes. Confio muito em nosso potencial e em nossa capacidade de executar nossos planos, e em 2015 estamos buscando ser ainda mais ousados e crescer em vendas e faturamento em torno de 20 % com um trabalho de controle de custos e aumento de produtividade em todos os nossos indicadores de performance para fazermos um ano espetacular. E dividir os lucros com todo nosso time em uma grande celebração em nossa já tão esperada confraternização. Fotos: Divulgação


LÍDER FORMADO NO SERTÃO DA PARAÍBA Um dos diferenciais, do empresário Zenildo Oliveira, foi ter construído seu conglomerado todo a partir do sertão paraibano, um feito, que precisou quebrar preconceitos de que apenas o litoral ou as capitais têm mão de obra qualificada. Oliveira lembra que os indicadores sociais e econômicos da sua cidade natal não são dos melhores. “IDH na média de 50 e grande área de zona rural, distância de rotas alta”, mas mesmo assim o sousense mostra a cada dia que é possível mudar realidades.

Sousa João Pessoa Patos Campina Grande

Sousa é um município brasileiro localizado no sertão do estado da Paraíba, distante da capital cerca de 438 km e com população de 68.434 habitantes, segundo censo de 2014, é a sexta cidade mais populosa do estado. O IDH municipal é considerado médio, de 0,668. A taxa de analfabetismo das pessoas acima de 15 anos fica em 22,55,

segundo senso do IBGE de 2010. A cidade tem como atração turística, além do Vale dos Dinossauros, o distrito de São Gonçalo, área agrícola, considerada, através de estatísticas, a localidade onde o sol mais brilha no Brasil, com 3.058 horas/ano de radiação direta (o ano tem 8.760 horas, entre dias e noites).

A terra dos dinossauros A cidade de Sousa é famosa por abrigar O Vale Dos Dinossauros, onde estão pegadas dos répteis gigantes fossilizadas. O Vale é um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo, com mais de 50 tipos de pegadas de animais pré-históricos, espalhadas por toda bacia sedimentar do Rio do Peixe em uma extensão de 700 Km². No Vale existiram Estegossauros, Alossauros, Iguanodontes, enfim, inúmeras espécies de dinossauros viveram no sertão paraibano entre 250 e 65 milhões de anos. Cientificamente reconhecido como um dos lugares mais importantes para realização de estudos paleontológicos, “o vale” atrai estudiosos de todas as partes deste planeta.


Opinião

O exército

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Dr. Lula da Silva, considerado patrocinador e “figura carismática” da esquerda sul-americana, anda cada vez mais desarvorado. Não é para menos. O ex-sindicalista já percebeu que o brasileiro não engole mais suas patranhas de provedor da luta de classes e “patrono da causas populares” - um mito que se esfrangalha desde que a nação entendeu, pela exacerbação dos escândalos em evidência, que o doutor não passa de um abastado burguês do tipo “novo rico”, aboletado em apartamento de luxo, com triplex em balneário da moda, a bochechar taças de Romanée-Conti (vinho de banqueiros internacionais, US$ 12.500 a garrafa) e proteger amigas dispendiosas (ainda que mantidas com as rebarbas da grana pública). De fato, mais que desarvorado o doutor Lula, diante da adversa realidade política e social que se lhe apresenta como irreversível, tornou-se um caso clássico de histeria, manifesta nas suas encenações de arroubos e gestos convulsivos e na explosão da voz roufenha a proferir ameaças radicais – sintomas do que o psiquiatra Charcot chamava de “simulação neurótica”. No resumo da opera, procurando ignorar a crescente escala de indignação que toma conta do país contra os seus atos, o manda-chuva do PT, na sua insensatez, parece repetir a fala do tirano Muammar Kaddafi antes de morrer a pauladas pelas mãos da população líbia enfurecida depois de anos de privações, mentiras e muita demagogia: “Mas vocês... Esperem!.. Por que vocês querem me matar?”. Recentemente, num ato público em que se apresentava como “defensor da Petrobras”, empresa falida pela ação fraudulenta do partido de sua propriedade, o PT, Lula, para intimidar os manifestantes contrários, ameaçou colocar o “Exército de Stédile” nas ruas, vale dizer, os milhares de militantes profissionais do MST, CUT e da famigerada UNE, além dos milicianos recrutados em Cuba, Venezuela, Haiti, Angola e Guiné Equatorial, todos a compor um exército armado de milicianos que se aloja no Brasil mantido pela grana bilionária saqueada dos cofres de empresas como a Petrobras. (Aliás, a propósito dos milhares de milicianos do Haiti que entraram no Brasil pelas portas escancaradas do governo petista do Acre, muitos deles foram flagrados, de porrete em mãos, nas manifestações de rua em “defesa da Petrobras”, nas portas da ABI, no Rio de Janeiro.

Ipojuca Pontes Escritor e cineasta

O “Exército de Stédile”, no fundo comandado por Lula, é tido e havido como um exército covarde e desmoralizado, mantido pelas benesses da Viúva. Tal qual o exército dos 127 guerrilheiros comandados por Guevara nas selvas do Congo, posto a correr, vergonhosamente, pelos 70 soldados do coronel irlandês Mike Hoare, em 1965” Mas, a verdade é que hoje, diante da decidida vontade da população brasileira, o “Exército de Stédile”, no fundo comandado por Lula, é tido e havido como um exército covarde e desmoralizado, mantido pelas benesses da Viúva. Tal qual o exército dos 127 guerrilheiros comandados por Guevara nas selvas do Congo, posto a correr, vergonhosamente, pelos 70 soldados do coronel irlandês Mike Hoare, em 1965. De minha parte, penso que não há o que temer do aparato miliciano açulado por tipos como Stédile, um tigre de papel. Temível é a tropa de petistas e simpatizantes escalada para tomar conta do STF, nomeadamente Luis Roberto Barroso, Lewandowski, Dias Toffoli, Rosa Weber, Teori Zavascki e, na ante-sala da Suprema Corte, o advogado Luiz Edson Fachin, venerado pela CUT e o MST, uma gente capaz de soltar Zé Dirceu com menos de um ano de prisão e defender Cesari Battisti, terrorista condenado à prisão perpétua na Itália por matar quatro pessoas, entre elas duas crianças.



Cultura

RÉPLICAS EGÍPCIAS

Museu Itinerante do Egito percorre Nordeste com 400 réplicas de peças da arte dos antigos faraós

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erca de 400 réplicas de múmias, sarcófagos, estátuas de deuses e faraós, além de objetos funerários, joias e papiros estão percorrendo diversas cidades do Brasil desde o ano passado e agora começam a chegar ao Nordeste. O Museu Egípcio Itinerante já aportou em várias cidades do Brasil e da América Latina. No Nordeste esteve em Alagoas, Bahia, Maranhão e agora está em Pernambuco até o dia 14 de junho, com exposições no Shopping Guararapes. De lá segue para Sergipe. O evento itinerante foi idealizado pelo artista plástico egípcio Essam Ezzat Gouda Battal, que já circulou por diversos países. As obras se inspiram em exposições dos museus do Cairo, Alexandria, Luxor, Louvre, Londres, Berlim e Vaticano. Os ingressos dão acesso à visitação do museu. Para as escolas, além da visitação, também é apresentado uma palestra e o espetáculo “Som e Luz no Antigo Egito”, com show de música e

Artista plástico Essam Ezzat Gouda Battal, idealizador da exposição

Réplica da estela do faraó Akhenaton em oferenda ao disco solar


luzes onde “as estátuas, num sopro de vida, contam sua história”. No Brasil desde o dia 15 de agosto de 2014, a exposição está dividida em categorias que tratam desde a vida cotidiana do Egito até a sua religião. A exposição apresenta um sarcófago original e réplicas do trono do faraó Tutankamon, de uma esfinge e de múmias. Além de esculturas dos deuses Anúbis, Hórus, Amon e Thot com mais de dois metros de altura. O Museu Itinerante esteve no Brasil pela primeira vez em 1996, na época com 150 réplicas de peças famosas, como “O Escriba”, “O Busto Inacabado de Nefertiti”, “A Múmia”, “A Pedra de Roseta”, “O Sarcófago de Tutankhamom”, “A Máscara de Tutankhamom”, entre outros objetos religiosos. De acordo com o artista, a proposta desta exposição itinerante é divulgar e propagar a arte do Egito Antigo, promovendo conhecimento cultural. A exposição já foi visualizada por mais de 540 mil pessoas em mais de 120 exposições realizadas em shoppings, casas de cultura e centros culturais municipais.

CÓPIAS DA ARTE EGÍPCIA

Imagem de Tutankamon

Escaravelho, símbolo espiritual

Estátua de Ramsés II

Fotos: Divulgação

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O idealizador do Museu Itin erante nasceu no Egito, na cidade de Sharkia. Desde a infância, demonstrou profunda inclina ção para as artes plásticas. Porém, som ente a par tir dos 16 anos direcionou seu talento artístico para criação de obras inspiradas na cultura do Antigo Egito por intermédio de pesquisas em materiais bibliográficos diversos, produzidos por renomados egiptólogos fran ceses, ingleses, alemães e egípcios. Em 1989, concluiu a gradua ção em Artes Plásticas, pel a Universidade de Alfnon Alg amela, no Cairo e, em 199 2, formou-se em Economia pela Universidade de Zagzig. Com o objetivo de valoriz ar e divulgar a arte e a cul tura do Egito Antigo, Essam começou a organizar exposições, inic ialmente em seu país e posteriormente no exterior. Em 1996, realizo u, pela primeira vez no Brasil, um ciclo de exp osições. Com isso, acredita que tem conseguido desencadear um processo educativo e cultural no púb lico em geral, apresentar uma fonte fidedigna de informações sobre o Egito antigo e atu al e colocar o país e sua história ao alcance de todos.

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O ARTISTA


Cultura

ALMODÓVAR EM PARCERIA

Almodóvar em foto ao lado. E os atores Mariana Nunes, Nanego Lira, Matheus Nachetergaele e Evandro Melo na composição

Pedro Almodóvar produz filme “Zama” com atores brasileiros e diretora argentina Lucrecia Martel

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omeçaram no dia 18 de maio, na Argentina, as filmagens de ZAMA - o quarto longa-metragem da diretora e roteirista Lucrecia Martel com produção da brasileira Bananeira Filmes, de Vania Catani, e da El Deseo, de Pedro Almodóvar. A equipe conta com um timaço de talentos brasileiros com Renata Belo Pinheiro na direção de arte, Angelisa Stein na produção executiva, Karen Harley na montagem, Dani Vilela e Karen Araujo na cenografia e um elenco de atores poderoso: Matheus Nachtergaele, Nanego Lira, Mariana Nunes e Evandro Melo. O ator paraibano, Nanego Lira, que está tendo aulas de equitação e espanhol para viver um militar, vai ficar entre 30 a 45 dias filmando nas regiões de Formosa e Corrientes, na Argentina. Zama é uma adaptação homônima


Diretora Lucrecia Martel comandará primeira adaptação

Fotos: Divulgação

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LUCRECIA MARTEL. Desde que lançou, em 2001, “O Pântano”, que mostra da forma mais crua os dramas de uma família de classe média em férias, Martel despontou no circuito global com seus enquadramentos insólitos, roteiros ultraprecisos e um olhar agudo sobre a vida burguesa. Depois vieram “A Menina Santa”, sobre uma adolescente às voltas com o assédio sexual de um homem mais velho hospedado no hotel onde mora, e “ Mulher Sem Cabeça”, a história de uma personagem atordoada pela incerteza de ter atropelado uma criança na estrada. Martel, que sempre escreveu e dirigiu os próprios filmes, agora fará a primeira adaptação de sua carreira. “Há algo fascinante em trabalhar sobre a obra de outro. Penso que as coisas que nos parecem muito perturbadoras ou comoventes nos deixam num estado de alteração que você deseja prolongar. Fazer um filme é como prolongar, neste caso, um estado de alteração que me provocou esse livro. Não é ser fiel ao livro, mas ser fiel a esse estado de alteração que o livro produziu”, disse a diretora sobre o projeto.

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do escritor argentino Antonio Di Benetto (1922-1986), primeiro romance publicado pelo autor, no ano de 1956. A obra narra a história de um funcionário da coroa espanhola, Dom Diego de Zama, e sua angústia em ser transferido dos confins da colônia onde presta serviço para a cidade de Buenos Aires.


Nordeste Personalidades

agitonordeste@revistanordeste.com.br

AMPLIANDO IMAGEM NACIONAL O governador Ricardo Coutinho (PSB) se encontrou com o presidente da REDETV, Amilcare Dallevo Júnior. O encontro foi tão proveitoso que rendeu ao paraibano ser o principal entrevistado do programa “É NOTICIA”, na edição do domingo, 24 de maio. Participando pela primeira vez do programa transmitido em rede de televisão nacional, Coutinho abordou a conjuntura política e econômica do Brasil de forma inédita, tendo como âncora a jornalista Amanda Klein. No programa, Ricardo Coutinho mostrou, em três blocos, um panorama detalhado sobre a cena política do Brasil, do Nordeste e da Paraíba. O governador também apontou caminhos para resolver muito dos problemas da atual conjuntura. “Impressiona a qualidade da abordagem que o governador faz dos problemas e soluções do Brasil e do Nordeste”, comentou o presidente da REDETV. O governador Ricardo Coutinho com o presidente da REDETV, Amilcare Dallevo Júnior

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A partir da esq., Luís Tôrres, Ricardo Coutinho, Walter Santos, Amilcare Dallevo e Franz Vacek Comitiva almoça com o presidente da REDETV. Da esquerda para direita, Fábio Maia, chefe de gabinete do governador; Luís Tôrres, secretário de Comunicação do Estado; Walter Santos, diretor da WSCOM; Amilcare Dallevo Júnior, presidente da REDETV; governador Ricardo Coutinho; Duilio Montanarini Neto, diretor comercial da REDETV e Franz Vacek, diretor de jornalismo. O encontro é fruto de articulação do empresário Walter Santos, que tem ampliado diálogos institucionais em parceria com a emissora em face da Revista NORDESTE – publicação que tem impressionado os empresários de São Paulo


O MELHOR ARRASTA-PÉ DO BRASIL

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Dia 23 Terça-fe/6 ira

Dia 20/6 Sábado e Yayu Club eon cord Pinto do A for ró Os três do

Ton Olivei r For ró Bak a a Osmídio N na eto

Dia 24/6 a uarta-feir

Quinta-fe/6 ir

Ouro Espora de Feras Eliane

Os Gonzag as Cezinha Capilé

Dia 25

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REALIZAÇÃO:

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