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Accelo 715C

Economia contĂ­nua rodoteste 52.indd 53

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EspecificaçÕES do Veículo Fabricante Mercedez-Benz do Brasil Modelo Accelo 715C Motor MB OM-612 LA Nível de emissões Conama P5 (Euro III) Deslocamento 2,687 litros Potência @ rpm 156 cv @ 3.800 rpm Conjugado @ rpm 34 mkgf @ 1.400 a 2.600 rpm Volume de óleo no cárter 10 litros Caixa de transmissão MB G 33-5 Eixos traseiros MB HL1/4,7t Relação de redução 6,143:1 Peso bruto total técnico 7.200 kgf Capacidade máxima de tração 8.500 kgf Pneus Goodyear Dimensões dos pneus 205/75 R 17,”5 Dimensões das rodas 6,00” x 17,5” Freios hidráulico a disco nas 4 rodas Diâmetro de giro (parede a parede) 13,9 m Entre-eixos 3,70 m Preço R$ 106.506,70

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Entre as inconveniências do Accelo 715, estão a necessidade de bascular a cabina para verificar o óleo e a dimensão das informações e escalas anormais mostradas pelo reduzido painel de instrumentos

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ara analisar o desempenho do caminhão leve Accelo 715 C, contamos com a colaboração da Transportadora Americana, que mantém em operação, na cidade de São Paulo, uma frota de 18 unidades do modelo. No dia-a-dia da distribuição, a produtividade de um veículo não é medida em quilômetros, mas em disponibilidade, manobrabilidade e consumo de combustível. Neste ponto, a batalha diária dos Accelo inclui cerca de dez procedimentos por dia. São aproximadamente seis coletas e quatro entregas diárias, num pára-e-anda infernal, recheado de congestionamentos infindáveis. Acompanhamos o desempenho do carro com maior quilometragem da frota em ums ano de operação. Os resultados gerais são excepcionais. O consumo de combustível registrou 6,3 km/l, coisa que muitos automóveis não conseguem, mesmo sem carregar carga. Desde a internação dos Accelo na frota de distribuição da Transportadora Americana, o consumo melhorou 3,3% e os carros mantêm a aparência de novos, mesmo depois de labutas de milhares de horas. O consumo máximo ocorreu em julho, 4,9 km/l, enquanto a mínima ocorreu em setembro último, com 7,0 km/l. São 163 km/dia, carregamento médio de 2.000 quilos. A tripulação de cada Accelo é formada pelo motorista e um ajudante. Para acelerar os procedimentos de carregamento e entrega, os veículos dispõem de um dispositivo fundamental: a porta traseira roll on, que facilita o estacionamento do veículo e agiliza os trabalhos. Tanto na procura de vaga de estacionamento, pois o tamanho da vaga é menor, em razão da abertura vertical, como a rapidez, porque o ajudante pode abri-la sem o menor esforço. Anderson Ribeiro Diniz, motorista que cumpre rota para a zona norte da capital, diz que na parte mecânica não há o que reclamar do Accelo. “É um bom carro, ágil, fácil de manobrar

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e com boa velocidade média”, diz ele. Dentro da cabina surgem algumas reivindicações de melhorias. Embora com equipamentos que nem todos os automóveis têm, como regulagem múltipla do volante em ângulo e profundidade, o Accelo deveria ter um climatizador. “Nos dias quentes e sem vento a gente sofre”, lembra Anderson Ribeiro Diniz. Uma falha geral, que ocorre em todos os caminhões do modelo é o mau estado dos volantes de direção. E não só do caminhão de Diniz, mas também no de José Cícero Albuquerque: “Todos os Accelo estão com os volantes totalmente descascados”. Digna de um recall, a ocorrência é inconcebível para veículos com menos de 3 anos de vida. O problema decerto é do material, não adequado para enfrentar as altas temperaturas ambientes e o sol intenso no país. Outra reclamação, dessa vez particular no veículo de Diniz, é quanto à qualidade do material da manopla de câmbio, que se apresenta danificado. As reclamações param por aí. “O Accelo é bastante confortável e acomoda até 2 ajudantes em bancos individuais”, diz o motorista. De fato, até o banco central é servido por cinto de segurança de três pontos e todos têm apoios de cabeça. Os cuidados com a segurança também foram contemplados pelo projeto. O motorista tem controle elétrico dos vidros e a porta tem um reforçada tampa de degrau, para impossibilitar qualquer tentativa de escalada pelos gatunos.

Cabina

A cabina do Accelo é sustentada por um chassi com características interessantes: as longarinas são retas, com perfil constante e são idênticas entre si, são intercambiáveis. Esta característica seria impossível se elas fossem tipo escada. Ou seja, com curvaturas constituindo patamares, mais altas na dianteira, para propiciar espaço de movimentação do eixo dianteiro, e as travessas são todas parafusadas em vez de rebitadas. Para aumentar ao máximo o confortos dos ocupantes da cabina, além de as suspensões dos eixos dianteiro e traseiro serem parabólicas e providas de barras estabilizadoras, a sustentação traseira da cabina é composta de molas helicoidais de diâmetro e passo variado, com amortecedores no seu centro (veja foto).

Estas sustentações são fixadas nas faces externas das longarinas, para maior estabilidade da movimentação da cabina em relação ao quadro do chassi e permitem a movimentação vertical de até 80 mm. Para facilitar a entrada e saída da cabina – muito freqüente nos serviços de distribuição urbana – as portas são amplas e abrem-se a mais de 90º. A regulagem da posição do volante de direção merece elogios: a trava da posição é acionada por pedal, à esquerda e acima do pedal de embreagem. Essa solução possibilita que o motorista mantenha as duas mãos livres no volante para a seleção da melhor posição de regulagem. Os dois tipos de movimento telescópico e basculante têm cursos de movimentação bastante amplos. Vão desde o volante no colo do condutor até um nível acima do painel. É uma pena que o material utilizado na recobertura do volante de direção não tenha acompanhado a alta qualidade do projeto do sistema. Após menos de três anos de uso e 72 mil quilômetros rodados, o acabamento em plástico liso do volante, tanto no aro como na parte central está desgastado, aparecendo a parte interna áspera e porosa com muito mau aspecto. Aliás, a manopla da alavanca de mudanças sofreu mal parecido, ao ponto de o motorista do caminhão ter encapado a alavanca com tecido branco fixado com elásticos.

Materiais do volante e da alavanca de câmbio não suportam o uso intenso do equipamento. Em contrapartida, o sistema de suspensão da cabina utiliza mola helicoidal de passo e diâmetro variados

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VELocidade ROTAÇÃO relações de redução POT. MÁX. (3.800) rpm (km/h)

Marcha

1a 2a 3a 4a 5a

5,05:1 2,60:1 1,52:1 1,00:1 0,78:1

Velocidade marcha Faixa Econômica (km/h) lenta 1.550 (rpm) 3.000 (rpm) 700 rpm (km/h)

16,9 32,7 56,0 85,2 109,2

3,1 6,0 10,3 15,7 20,1

6,9 13,4 22,8 34,7 44,5

13,3 25,9 44,2 67,2 86,2

Início da faixa vermelha 4.250 rpm (km/h)

18,9 36,6 62,7 95,2 122,1

Relação de redução do eixo de tração: 6,14:1 Pneus Goodyear 205/75R 17,5” - raio dinâmico sob carga, 0,365 m

gráfico de desempenho - MB OM-612 LA Nm

kW 120 110 100 90 80

360

70

320

60

280

50

240

40

200

30

160

20

120

10

80

g/kW h 300

consumo específico (BSFC)

Todavia, a alavanca de troca de marchas está bem localizada e aciona a caixa de transmissão por dois longos cabos de aço (cerca de três metros de comprimento) conferindo ao sistema suavidade e precisão operacional. Os três bancos são também notórios por vários motivos: além de confortáveis, todos possuem encosto de cabeça regulável (protetor de pescoço) e cintos de segurança com três pontos de fixação ou ancoragem. Inclusive o banco do meio, que na concorrência tem apenas cinto subabdominal. Além disso, o banco central tem um encosto escamoteável que, ao ser rebatido deixa uma área plana para atividades de escritório e dois porta-copos. Ao lado direito do banco do motorista há um console com tomada de 12 volts, dois porta-objetos e dois porta-copos. No lado direito do painel fica o amplo porta-luvas e acima dele um grande porta-pacotes, que quando removido – soltando-se três fixações plásticas com uma moeda, apresenta a central elétrica com todos os fusíveis e relés do sistema. O painel de instrumentos causa estranheza em profissionais de caminhões. Está mais para carro de passeio do que para veículo comercial. O velocímetro central é de tamanho e grafismo bom para qualquer veículo, mas ao seu lado direito, o marcador de combustível apresenta apenas nove risquinhos sem nenhuma referência numérica de litros ou de unidades volumétricas. O marcador de temperatura também apresenta apenas sete graduações sem referência alguma. O tacômetro, ao lado esquerdo do velocímetro deve sentir um grande complexo de inferioridade: enquanto nos outros caminhões ele tem as mesmas dimensões do velocímetro, no Accelo 715 ele é apenas um arco de circulo de aproximadamente 150º (menos de meia volta) e diâmetro inferior ao do velocímetro. Total percepção de algo secundário, desprovido de importância. O pior é que cada risco da escala representa 250 rpm em vez das 100 rpm tradicionais dos caminhões. Fica muito difícil para o motorista compreender a indicação do ponteiro. O magnífico trabalho feito pelo pessoal de motores, desempenho e calibração foi escondido pelo pessoal criativo que bolou esse painel de instrumentos.

275 250 225 200

800

1000

1400 1800 1550

Potência Conjugado Consumo

Motor

É o MB OM 612 LA, um cinco cilindros turbocooler de alta rotação com configuração quadrada dos cilindros (diâmetro de 88 mm quase igual ao curso dos êmbolos de 88,4 mm). O deslocamento total é de 2,7 litros. Os cilindros são usinados no bloco de ferro fundido e o cabeçote é único de alumínio com quatro válvulas por cilindro. São duas

2200

2600

3000

3400

3800

Faixa Verde

árvores de comando de válvulas no cabeçote acionados por corrente na face frontal do motor OM 612 LA. As extremidades dianteiras dos comandos de válvulas acionam a bomba de vácuo e a bomba de alta pressão de combustível do “common rail” (1.350 bar), instaladas na face dianteira do cabeçote. A turbina é Garret de geometria variável com o comando da inclinação das paletas do estator (vide ilustração do

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Portas roll on agilizam as operações de carga e descarga

rodoteste da revista NT anterior, nº 51) por diafragma de vácuo na parte inferior do bloco central da turbina. Assim, o comando eletrônico de controle da injeção de combustível ECU tem também a incumbência de controlar o vácuo da movimentação dos “Vane”. Apesar do pequeno deslocamento de 2,7 litros, o motor apresenta potência máxima de 156 cv @ 3.800 rpm e conjugado de 34 mkgf @1.400 a 2.600 rpm, amplo patamar de 1.200 rpm de extensão, que está mais para motor elétrico que para motor de combustão interna. Milagre típico da injeção eletrônica. Também a curva de consumo específico (BSFC), aplausos para a MercedesBenz, que divulga estas curvas ao público em geral em vez de escondê-las como muitos concorrentes, é bastante conveniente. Apresenta valores baixos na extensa gama de 1.500 rpm a 3.000 rpm, como observamos no gráfico de desempenho do motor. É um motorzinho brilhante, que não pode ser caracterizado como tradicional de caminhões, mas satisfaz a tração de um leve de sete toneladas de pbt, com o notório baixo consumo de 6,3 km/l. O tacômetro do motor é bem calibrado, pena que seja tão pequeno, indicando a faixa verde econômica de 1.550 rpm até 3.000 rpm, ou seja uma longa faixa de quase 1.500 rpm. A faixa vermelha inicia às 4.250 rpm do motor. A rotação máxima alcançável no acelerador é 4.200 rpm,

Tabela de pesos e cargas Peso Bruto Total Legal Capacidade máxima de tração Capacidade máxima do eixo diant. Capacidade máxima do eixo traseiro Distância entre-eixos Peso em ordem de marcha - diant.

Peso em ordem de marcha - tras. Peso em ordem de marcha - total Capacidade de carga + carroceria CG da carga + carroceria Comprimento da carroceria

7.000 kgf 8.500 kgf 2.500 kgf 4.700 kgf 3,70 m 1.740 kgf

900 kgf 2.640 kgf 4.360 kgf 0,64 a 0,47 m 5,50 m

Gráfico rpm x Velocidade - padrão (dente de serra) rpm

19

4250

1

4000

3800

2

a

13

3000

37

26

63

3

a

4

a

44

122

95

109

a

5

Início da faixa vermelha do tacômetro

a

Rotação da potência máxima

86

67

Faixa econômica 2000

1550 1000

Rotação de marcha lenta

700 Gama de operação econômica em 5a marcha: 44 a 86 km/h

0

3

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

140 150km/h160 Velocidade

Obs.: O sistema de injeção despotencializa o motor a 4.200 rpm (121 km/h em 5 marcha a

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quando o ECU despotencializa o motor para sua segurança contra o excesso de giro. Ao dirigir, jamais deixar a rotação cair abaixo de 1.400 rpm, pois o conjugado cai drasticamente e o consumo dispara.

Transmissão

A EMPRESA Com 66 anos de idade, a Transportadora Americana é símbolo de excelência em qualidade, tecnologia e segurança entre os frotistas brasileiros. Com sede na cidade Paulista de Americana, a companhia opera no Sul e Sudeste do país com 24 filiais, atendendo 2.832 cidades através de 450 veículos próprios e cerca de 500 agregados. Capitaneada por Celso Luchiari e Carlos Panzan, a empresa fundou a Universidade do Transporte, instituição própria com a responsabilidade de manter a atualização tecnológica e a reciclagem constante de seus funcionários.

Cesta Básica DESCRIÇÃO Injetor Bomba de alta pressão Filtro de óleo do motor Filtro de ar do motor Filtro de combustível Disco de embreagem Platô da embreagem Cilindro mestre da embreagem Amortecedor dianteiro Amortecedor traseiro Feixe de molas dianteiro Feixe de molas traseiro Pastilhas de freio eixo dianteiro Pastilhas de freio eixo traseiro Disco de freio dianteiro Disco de freio traseiro Rolamentos de roda dianteira Rolamentos de roda traseira Conj. Farol e lanterna Lanterna traseira Pára-choque dianteiro completo

QUANT. 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

UNID. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Unid. Jogo/Eixo Jogo/Eixo Unid. Unid. Unit. Unit. Unid. Unid. Unid.

PREÇO* 901,16 2.723,80 65,13 80,64 101,95 1.622,80 988,19 189,19 309,14 309,14 1.113,75 1.962,50 440,50 440,50 775,17 657,14 146,53 201,51 442,38 249,93 526,14

A caixa de transmissão do Accelo é de fabricação própria, a MB G33-5, de 5 marchas sincronizadas, com quinta marcha over drive com relação 0,78:1. O eixo traseiro é o HL1/4,7 t, com relação de redução da transmissão angular de 6,14:1 (43 dentes na coroa e 7 no pinhão), carcaça de aço estampado. Analisando-se o gráfico rpm versus velocidade, vemos que as relações de redução são muito bem distribuídas, facilitando muito a condução continua dentro da faixa econômica. Alcança 86 km/h dentro da faixa econômica, 109 km/h na rotação de potência máxima do motor, que despotencializa aos 121 km/ h (4.200 rpm), próximo do inicio da faixa vermelha do tacômetro (4.250 rpm). Observa-se também que a quinta marcha opera dentro da faixa verde desde os 44 km/h até 86 km/h, velocidades operacionais que englobam as rodagens permitidas nas marginas de São Paulo. Também o dimensionamento do chassi está perfeito: o comprimento máximo legal da carroçaria, de 5,5 m satisfaz ao cálculo de comprimentos para carga homogênea uniformemente distribuída com os CG da tabela. O balanço traseiro do chassi também está no comprimento ideal para a fixação do pára-choque traseiro sem modificação alguma. p

Pontos Fortes p p p

Economia de combustível Conforto da cabina Segurança

q Preço fracos Pontos q q q

Material do volante de direção Necessidade de bascular cabina para verificações diárias Painel de mostradores

Agradecimentos: Goodyear: Guilherme Junqueira; Transportadora Americana: Celso Luchiari, Ana Claudia, Clááudio Seregatti, Cristiano Santos, Anderson Ribeiro Diniz e José Cicero Albuquerque Mercedes-Benz: Valter Oliveira; Consultoria Técnica: eng° Renato Zirk; Equipe Rodoteste NT: Plinio Ferrari e Pedro Bartholomeu Neto

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