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A onda Verde

Gestão ambiental começa a ser incorporada às empresas de transporte rodoviário e deve se transformar em diferencial competitivo

Internacional Mercosul continua sendo desafio para transportadores

Financiamentos Meios se mantem e consórcios voltam a crescer

Legislação Lei incentiva o desemprego entre especiais

Negócios em Transporte l 1 Caio Induscar busca internacionalização com rodoviário edição_65.indd 1

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sumário

6 l Editorial 7 l Notas 34 l Panorama

14 l Meio ambiente 19 l Financiamentos 24 l Internacional Bancos de montadoras ainda não sentiram nenhum baque decorrente da crise econômica e consórcios recuperam grupos perdidos

Volume de negócios aumenta muito no Mercosul, mas burocracia continua prejudicando a movimentação de caminhões no bloco

Fotos: divulgação

A gestão ambiental começa a ser incorporada à administração das empresas de transporte rodoviário e traz bons resultados

28 l Serviços Mercedes-Benz consolida sistema de configuração remota de veículos via computador e agiliza todo o processo de entrega

30 l Legislação Empresa apela para a divulgação nacional, via outdoors instalados em quase mil caminhões, para conseguir funcionários especiais

32 l Ônibus Caio parte para a internacionalização e busca elevar vendas de seu ônibus rodoviário no mercado norteamericano

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editorial Unir o útil ao agradável A necessidade de implantar, cumprir e respeitar os conceitos e procedimentos da gestão ambiental nas empresas de transporte não é ainda obrigatória, mas começa a se transformar em vigoroso diferencial competitivo. Atitudes efetivas já são comuns entre as companhias do transporte urbano de passageiros e os transportadores de produtos perigosos, acompanhando o rigor crescente das secretarias de meio ambiente das grandes metrópoles brasileiras. Duas delas, São Paulo e Rio, tem o privilégio de dispor do diesel com 50 ppm de enxofre, por enquanto importado pela Petrobras. O outro segmento à frente é ainda mais significativo, porque formado por empresas privadas do rodoviário de cargas, um grupo centenário que presta serviço aos integrantes da Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química. Esta implantou o Sassmaq, uma espécie de certidão de responsabilidade ambiental assinada pelos seus fornecedores, e que é também um defeso a agressões à natureza. Fora do rol dessas empresas, cuja mudança de postura era inadiável proporcionalmente ao estrago que poderiam causar, o restante dos transportadores vem sendo, digamos, catequizado em relação à importância de tomar iniciativas ecologicamente corretas. Num país onde o levar vantagem em tudo é quase lei, descobriuse felizmente que a gestão ambiental é extremamente generosa para seus seguidores. Muitas transportadoras já se convenceram de que contribuir com a causa, além de fazer bem à imagem da empresa e ao moral dos funcionários, é uma maneira de indiretamente melhorar o desempenho financeiro da companhia através do estancamento do consumo exagerado e do desperdício. A grande empreitada, agora, é conscientizar as pessoas e convence-las a participar dessa nova cruzada.

DIRETOR: Saulo P. Muniz Furtado saulo@tteditora.com.br Redação Editor e Jornalista Responsável Pedro Bartholomeu Neto, MTb 12.920 barto@tteditora.com.br Repórter Solange Hette, MTb 51.482 solange@tteditora.com.br Edição de arte Júlio Kniss julio@tteditora.com.br PROMOÇÕES O. Quatrini (gerente), Rafael Gouveia, Cristiane Mattos promocoes@tteditora.com.br PUBLICIDADE Executivos de contas: Elcio Raffani - elcio@tteditora.com.br Fernando Galharte - fernando@tteditora.com.br DEPARTAMENTO DE DISTRIBUIÇÃO E ASSINATURAS Cláudio Alves de Oliveira (gerente), Rosana Simões Domingues e Janaina Samara da Conceição assinaturas@tteditora.com.br DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO Jorge Moura, Marcos Antonio Battagiotto e Carlos Alberto Pereira Yeda Machado de Melo Wittmann (secretária da presidência) DEPARTAMENTO DE RH Juliana Furtado IMPRESSÃO E ACABAMENTO Prol Editora Gráfica REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Rua Fiandeiras, 687/693 – Vila Olímpia São Paulo-SP, CEP 04545-004 Tel.: (11) 3049-1799 NT - NEGÓCIOS EM TRANSPORTE tem marca registrada junto ao órgão competente, INPI sob nº 826.229.611. É uma publicação mensal da Tudo em Transporte Editora Ltda., CNPJ 07.052.911/0001-01 e Inscr. Estadual 149.430.506.110. As opiniões dos artigos assinados e dos entrevistados são de seus autores e não necessariamente as mesmas de NEGÓCIOS EM TRANSPORTE. A elaboração de matérias redacionais não tem nenhuma vinculação com a venda de espaços publicitários. Não aceitamos matérias redacionais pagas. Informes publicitários são de responsabilidade das empresas que os veiculam, não tendo escolha de fotos, ilustrações ou definição de estilo e de texto submetidos à Redação da revista. Os anúncios são de responsabilidade das empresas anunciantes. Não temos corretores de assinaturas ou representantes em outros estados ou países. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos, ilustrações, mapas sem a autorização por escrito da Redação (Lei de Direitos Autorais, nº 9610/98). Publicação Mensal - nº 65 Janeiro/Fevereiro de 2009 R$ 10,00 Circulação Fevereiro de 2009 Tudo em Transporte Editora Ltda. Tiragem desta edição (13 mil exemplares) auditada pelo IVC (Instituto Verificador de Circulação).

A revista Negócios em Transporte é uma publicação filiada à

6 l Negócios em Transporte

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notas

l Vergonha na cara Três refinarias já foram escolhidas para produzir o diesel limpo, em Belo Horizonte, São José dos Campos, SP e Duque de Caxias, RJ. Destas sairão o S50 e o S10, respectivamente com 50 e 10 ppm de enxofre. Hoje, nas regiões metropolitanas, exceto Rio e São Paulo, o óleo tem 500 ppm e 1.800 ppm no interior, este mais de 70% do total.

l Não é comigo

Fotos: divulgação

A McLane, gigante mundial da logística do País, fechou 2008 com um crescimento de 20%, apesar da aquisição de nova unidade no Rio de Janeiro e de um Centro de Distribuição em Porto Alegre. Total de investimentos de R$ 52 milhões. O objetivo é crescer 80% até 2010. Nos Estados Unidos, a companhia foi fundada em 1894 e opera com 37 centros de distribuição servindo o mercado de consumo.

l Trem verde Tecnologia inédita desenvolvida pela Vale em conjunto com a White Martins permite a substituição de 70% do diesel que abastece suas locomotivas pelo gás natural. Como uma das maiores consumidoras de diesel do país, 544 milhões de litros por ano, o projeto demandou quatro anos para transformar gás natural em liquefeito e vem sendo testado em uma locomotiva da Estrada de Ferro Vitória-Minas.

l Mais três meses O ministro Carlos Lupi, do Trabalho e Emprego, tenta convencer a presidência da República a estender a redução do IPI, válida até março, por mais três meses, para diminuir ainda mais a pressão sobre a empregabilidade no segmento. O setor de implementos reivindica o mesmo tratamento.

l Alcoolduto A Uniduto Logística, associação das usinas Cosan e Copersucar e a Crystalsev se uniram para construir e operar uma malha de dutos para o transporte de etanol do interior para o litoral paulista, interligando Ribeirão Preto, Paulínia e Guarujá. Licença já foi pedida à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. O investimento é de R$ 1,6 bilhão e a extensão chega a 500 quilômetros.

l Rodoanel Sul adiantado A Dersa promete entregar o trecho sul do Rodoanel de São Paulo em novembro próximo, antecipando em 19 meses o prazo fixado em 2007. Associado ao trecho Oeste, a obra prevê reduzir o fluxo de veículos da Marginal Pinheiros e avenida dos Bandeirantes, principais acessos ao porto de Santos, em cerca de 387 mil veículos.

l Vale limpeza A Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo anunciou o lançamento, na próxima semana, de um projeto que oferecerá vale-combustível a pescadores que entregarem o lixo recolhido do mar por suas redes. Cada quilo de lixo retirado do mar valerá um litro de diesel.

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notas

l Monopólio Os especialistas são unânimes ao afirmar que o preço da gasolina brasileira chega a ser 59% mais caro que a cotação americana, enquanto a diferença no diesel pode chegar a 40% acima das cotações internacionais. Em juros e diesel continuamos sendo campeões, ironizam alguns.

Fotos: divulgação

l Combustível alternativo

l Mais tempo José Antônio Fernandes Martins, presidente do Simefre e a diretoria da ANFIR levou a solicitação de isenção do IPI ao ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Os implementos rodoviários pagam 5% deste imposto. Uma diferença que pode incrementar as vendas

A partir de setembro, 80 ônibus da cidade de Oslo, Noruega, serão equipados com máquinas que transformam esgoto (material fecal) em gás metano. O biometano promete evitar a emissão de 40 toneladas de gás carbônico a um custo de cerca de 0,40 euros por litro. Se o experimento der certo (e não houver resíduos odoríferos) o teste poderá se estender para outros 400 veículos da frota.

l Na América A Volvo Bus reiniciou a venda de ônibus nos Estados Unidos depois de 20 anos. E escolheu o produto a dedo: é o Volvo 9700, que será distribuído pela subsidiária canadense Prevost. O chassi é produzido na planta mexicana da Volvo em Tultitlán. Os ônibus são completos, com carroceria.

l Tudo dominado A Fetranspor - Federação das Empresas de Transporte do Estado do Rio de Janeiro, calcula um prejuízo de R$ 74,2 milhões nos últimos nove anos em razão de depredações e incêndios na frota de ônibus de suas associadas. “Isso sem falar no seqüestro de ônibus pelos traficantes para transportar os mesmos e moradores para bailes funk”, diz Octacílio Monteiro, vice presidente da Rio Ônibus.

l O morro não tem vez Por essas e outras, de acordo com a Rio Ônibus - sindicato das empresas de transporte na capital da cidade do Rio, 8 linhas das 114 que circulam na zona oeste foram canceladas em razão da violência e outras tiveram o itinerário alterado para fugir das agressões. "Esses ataques surpreendem porque essas linhas atendem justamente as comunidades”, diz Monteiro.

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notas

l Contêiner a jato A Santos Brasil, maior operadora portuária de contêineres da América do Sul, bateu nesta semana mais um recorde histórico, ao registrar 100,5 mph, índice do número de contêineres movimentados por hora. Foram embarcados e desembarcados 533 contêineres em 5,5 horas de operação no navio Ital Fidúcia dia 9 de fevereiro, no Tecon de Santos.

l Olha a hora

Fotos: divulgação

Mais de 28 mil caminhoneiros foram multados no segundo semestre de 2008 em São Paulo por desrespeitar a lei de rodízio de caminhões na capital paulista. A multa é de R$ 85,13, mais 4 pontos na carteira. Tem gente mal informada a respeito e não escapa de 40 radares com leitores automáticos de placas. Diz a Prefeitura que a lentidão caiu 22%.

l Diesel paulista As distribuidoras de petróleo resolveram repassar os custos de uma alteração na sistemática de arrecadação do ICMS paulista sobre o combustível. A medida entrou em vigor em janeiro e deixou 5% mais caro o custo do diesel para os varejistas. Logo, logo chega ao consumidor final.

l No bafo O Eco-Box é a revolução tecnológica que promete transformar em combustível o gás carbônico exalado pelos usuários do aeroporto John Lennon, em Liverpool, onde está sendo testado desde janeiro. O gás capturado é utilizado como alimento das algas que se encontram dentro do aparelho que, por sua vez, quando expostas ao sol, expelem uma massa que se transforma em combustível. O resultado é usado nos veículos do aerporto em substituição ao diesel.

l Tratamento de efluentes Evitar o descarte de resíduos no meio ambiente tem se tornado uma das preocupações das empresas sustentáveis. Dessa forma, separar o óleo da água nas garagens das transportadoras é o que promete a Caixa Separadora da Zeppini, fabricante de equipamentos para postos de combustíveis, que adaptou o produto para esse novo nicho de mercado.

l Espera garantida Para se safar da pena, muitos motoristas param nos acostamentos, o que também é proibido e vale multa da mesma forma. O melhor é estar bem informado aguardar o horário conveniente em dezenas de postos nas rodovias de acesso à capital.

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de refrigeração Industrial passou pela fase de recuperação judicial. Depois de 18 meses de interrupção nas operações, a empresa fundada em 1954 pela família Wosiack já opera a pleno vapor. Deve faturar este ano R$ 36 milhões.

l Diversificação

Fotos: divulgação

Anselmo Rocha, diretor Comercial e de Marketing, anuncia que a Recrusul passou a oferecer também tanques em aço inoxidável para transporte de leite e de outros produtos alimentícios líquidos e com necessidades de refrigeração ou calor para o transporte, bi-trem tanque em aço carbono para o transporte de combustíveis, silos rígidos e basculantes para polímeros, grãos, granulados, pós e outras aplicações.

l Cabotagem A Aliança Navegação e Logística substituiu as embarcações Urca e Leblon, de 1200 TEUs, que operam na cabotagem, por embarcações maiores e mais modernas e aumentou em 20% sua oferta ao mercado. Acaba de ser incorporado à frota o navio Aliança Santos, com capacidade de 2500 TEUs.

l Mais desempenho Bruno Crelier, gerente de cabotagem da Aliança, diz que os novos navios terão também maior performance, pois são embarcações de 4 anos. “Continuaremos com 10 navios e 90 escalas mensais nos principais portos brasileiros”, diz ele.

l Venda milionária A Randon fornecerá 1.480 equipamentos em CKD (desmontados) e 4 caminhões fora de estrada para a Argélia este ano. No país a brasileira tem como parceira a ACTS, responsável pela montagem dos produtos. O programa inclui tanques, basculantes e plataformas. O valor inicial é de US$ 30 milhões, mas poderá chegar a US$ 40 milhões e 1600 produtos, além de 6 caminhões fora de estrada.

l Na medida A Sprinter Street, da Mercedes-Benz, já superou a marca de 300 unidades vendidas, graças à suas dimensões e pesos, obedientes à lei de restrição paulistana. “Em São Paulo o volume foi superior a 170 unidades, o que levou a Street a 43% de participação”, comemora Sérgio Galhardo, gerente de Vendas da Linha Sprinter.

l Ritmo acelerado A Mascarello, de Cascavel, PR, foi a encarroçadora que registrou o maior crescimento em 2008 de acordo com a Fabus. Com 32,43% de crescimento, recorde na indústria, a Mascarello produziu 1.523 ônibus e avançou 18,72% em participação de mercado. Em apenas 5 anos, a encarroçadora paranaense produziu nada menos de 5.227 ônibus rodoviários, urbanos, micros e miniônibus.

l De volta à ativa A Recrusul, uma das mais tradicionais fábricas gaúchas de implementos, especializada em frigoríficos e equipamentos

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notas

l Novas opções

Fotos: divulgação

Na esteira da comemoração de seus 80 anos no Brasil, a Pirelli investe na ampliação de novas medidas de pneus para caminhões pesados e de uso misto. Com maior capacidade de carga e menor resistência ao rolamento, o FG85 (para eixos direcionais) e o TG85 (para eixos trativos) tem aplicação em condições severas, como canteiro de obras, mineração, transporte agrícola e de resíduos, entre outros segmentos. Lançado também o HF75 600/50-22.5 dirigido ao setor sucroalcooleiro.

l Nas arábias A Marcopolo concluiu a produção da primeira unidade de um total de dez rodoviários Paradiso 1200, desenvolvidos especialmente para o transporte de ministros de países do Oriente Médio. Para facilitar a realização de reuniões durante os deslocamentos foram instaladas 20 poltronas em couro nas laterais do veículo, em formato de salão, uma de frente para a outra. A plataforma é Mercedes-Benz O500R

l Encomenda O governo do Paraná assinou contrato para compra de 630 ônibus de 31 lugares produzidos pela Mascarello, de Cascavel, no mesmo estado. Os veículos serão utilizados no transporte escolar da rede estadual, especialmente para os que estudam em áreas rurais.

l Definitivo Em dezembro a Allison Transmission do Brasil desligou-se definitivamente da General Motors Corporation. O processo iniciara em agosto de 2007. Com um aumento de 15% no faturamento em 2008 e uma previsão de crescimento de 10% para 2009, o controle passou para os grupos Carlyle e Onix Corporation.

l Gigante A FedEx Express, subsidiária da FedEx Corp., a maior empresa de transporte expresso do mundo, iníciou as operações do novo hub Ásia-Pacífico, localizado no aeroporto de Baiyun, em Guangzhou, na China. É maior hub da FedEx localizado fora dos Estados Unidos. O investimento foi de US$ 150 milhões e terá 136 voos semanais ligando aquele país a outros 220 países. O hub é capaz de processar mais de 24 mil pacotes por hora.

l Mais um degrau A TNT anunciou a compra LIT Cargo, uma das líderes em entregas expressas no Chile. A aquisição dá a TNT uma forte cobertura nacional rodoviária e também fortalece sua posição no mercado de entregas expressas domésticas. A aquisição faz parte da estratégia da TNT em busca da liderança de mercado na América do Sul.

l NF-e nas montadoras A adesão à Nota Fiscal Eletrônica para as montadoras, obrigatória desde de dezembro de 2008, têm puxado a indústria de autopeças a aderir voluntariamente às novas exigências. A antecipação é positiva, já que o setor tem até abril desse ano para investir na customização ou implantação do sistema de gestão informatizado. A multa pode chegar a R$ 5 mil para quem não atender aos novos padrões. 12 l Negócios em Transporte

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Antonio Pagot, anda indignado com o desleixo de quem tem por obrigação fazer a sua parte para garantir a segurança no trânsito. E ainda cobra uma postura responsável do motorista.

l Estética clean Com alterações no visual dos modelos tradicionais, como 710 Plus, L1318, L1620 e o pesado LS 1634, a Mercedes-Benz investe na união do útil ao agradável. Com a eliminação das faixas decorativas das cabinas, incluindo portas e tampa dianteira, tornou mais fácil para o cliente aplicar a sua própria logotipia, além de proporcionar maior alinhamento exterior com as demais famílias de veículos da marca.

l O top em potência A Volvo Trucks tem agora o caminhão mais potente do mundo: o Volvo FH16 com 700hp e torque de 3150 Nm. Detalhe é um Euro 5, legislação que só entrará em vigor em outubro na Europa. Isso significa que o FH em questão traz uma redução de mais de 40% de óxidos de nitrogênio. “O novo veículo tem o melhor desempenho e o melhor consumo proporciona de combustível do segmento”, comemora Staffan Juffors, presidente da Volvo Trucks.

l Treinamento virtual O IBC – Instituto Brasil-Canadá de Treinamento de Operadores de Guindaste e Transporte, criou um simulador com cabina cedida pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (um Delivery 5.140) que permite treinamento de perícia e segurança aos motoristas. Inicialmente está sendo utilizado por operadores de guindastes. O motorista tem a realidade da cabine à sua disposição, pois todos os instrumentos são funcionais graças à ajuda de um programa de computador.

Positivo

Governo – Isenção do IPI até o dia 31 de março incentivou a venda de caminhões e baixou nível da sinistrose no segmento Consórcios – Desde o segundo semestre do ano passado linha de pagamento vem batendo recordes de adesões Frotistas – É cada vez maior o número de empresas preocupadas em instalar departamentos de gestão ambiental

Negativo Taxa de juros – Não adianta pedir, continuamos a conviver com os mais altos juros do planeta e os cortes só existem em discursos

l Mal crônico

Copom – O mundo econômico ferve, e o comitê de política monetária leva um mês e meio para se reunir

Em 2008 foram gastos cerca de R$ 512 milhões, dos R$ 3,3 bi previstos para a manutenção das rodovias federais. Apenas 15,5% contra os 44% gastos em 2007. O diretor do DNIT, Luiz

PAC – É plataforma de candidatura e de governo, mas realizações não saem do papel para ajudar na geração de empregos Negócios em Transporte l 13

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meio ambiente

Frotas sustentáveis A

Fotos: Bartô

Em muito menos tempo que podemos imaginar as empresas de transporte devem incorporar a gestão ambiental entre as obrigações

Pedro Bartholomeu

frota brasileira de veículos queima 330 milhões de litros de óleo lubrificante por ano, além de 105,9 bilhões de litros de vários combustíveis, dos quais o diesel representa 42,2% ou 44,7 bilhões de litros. Estes números servem para que se tenha uma ideia do peso que tem o segmento de transporte na emissão de poluentes. Assim mesmo, só levando em consideração a frota rodante. Embora o próprio governo, através da ANP, tenha contribuído para agravar o problema – o adiamento da vigência do Proconve 6 -, muitas empresas tem se preocupado em participar de um grande movimento com vistas à preservação do meio ambiente. E não só no segmento. Transformar cada negócio em uma célula de preservação do meio ambiente é o futuro de qualquer empresa do plane-

ta. Ninguém discute, é só uma questão de tempo. Além da conduta responsável em relação aos mandamentos da sustentabilidade, a companhia que adota tal postura passa também a desfrutar de prestígio e consideração de seus clientes. Embora estejamos ainda engatinhando nessa direção, é bom lembrar que ocorreu o mesmo muito tempo atrás quando se introduziu a norma ISO 9000. Só que agora as coisas mudam muito mais rapidamente. Atualmente, muitas companhias passaram a ter como pré-requisito de compra, ou como requisito desejável, a certificação pela norma ISO 14000 de seus prestadores de serviço. Ou seja, essas corporações passaram a destacar em suas aquisições ou contratos fornecedores comprometidos com a gestão ambiental. A própria certificação

pela norma 14000 significa que a empresa tem como filosofia causar o menor impacto ambiental possível. E assinou um termo de compromisso para tanto. Tal certificação é possível quando a companhia estabelece parâmetros e diretrizes no sentido de oferecer uma “produção” ou atuação o mais limpa possível. “Basicamente a empresa tem que adotar o sistema 3R como filosofia operacional”, explica Luiz Henrique Lopes Vilas, diretor do Centro Universitário de Caratinga da UNEC, em Minas Gerais, e da Ouro Verde Meio Ambiente e Negócios Sustentáveis. O sistema 3R resume bem a maneira de atuar das empresas após esse ato de comprometimento. O 3R vem de Reduzir, Reaproveitar e Reciclar. A partir daí, o transportador passa a obedecer uma postura pró-ativa no sentido de

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mitigar a emissão de poluentes. Assim, ele reduz ou erradicar a utilização de equipamentos, produtos ou meios que produzam sobras, rejeitos ou emitam qualquer forma de poluição. Reaproveitar ou reutilizar produtos de maneira a reduzir a escala de sua utilização e seu consequente sucateamento ou sobra descartada. Reciclar, por fim, fecha esse circulo virtuoso, na medida em que não há o descarte simplesmente de um bom número de produtos, mas sim a reutilização do produto ou sua redestinação. Um exemplo disso é a venda do óleo lubrificante usado para as retificadoras. Para chegar a este ponto, todavia, as empresas precisam também tomar a decisão de preferir materiais que possibilitem essa prática.

Útil e agradável

Foto: Arquivo/NT

Para Vilas, a adoção dessas práticas depende da decisão da direção da empresa de transporte em investir na conscientização do seu quadro de funcionários sobre a importância da preservação do meio ambiente. Ou seja, um treinamento específico a respeito. As boas práticas de gestão ambiental podem incluir ou não a certificação ISO 14000. O importante é participar deste esforço que não só melhora a qualidade de vida das pessoas, mas também coloca a transportadora num patamar que acaba por reverter em grandes ganhos financeiros e de imagem. O custo básico varia entre R$ 4 mil e R$ 12 mil, segundo Vilas. Como? Não é nenhuma mágica. Da

Veículos potentes: menos emissões graças a ganhos de capacidade de carga e operação de apenas um motor

mesma forma que o Sassmaq - a norma instituída pela Abiquim para as empresas que transportam produtos químicos -, a adoção de medidas que minimizam o impacto ambiental da empresa resulta na diminuição significativa do uso de materiais, seja pela extensão de sua utilização ou de sua reciclagem. Em conseqüência, baixa o volume de despesas da empresa. Pela mesma razão, numerosas empresas adotaram o Sassmaq para a companhia inteira, não apenas para o seu segmento de transporte de produtos perigosos. Ou seja, é uma bela forma de economizar e baixar os custos operacionais da empresa. Não é preciso ser nenhum estudioso de meio ambiente para perceber que uma transportadora, seja ela do segmento de passageiros ou de carga, é uma grande fonte de geração de resíduos sólidos e gasosos. O grande problema é o descarte dos primeiros, que normalmente vão para o lixo, depois

para o aterro sanitário, desses chegam ao subsolo e finalmente contaminam o lençol freático. A lista negra dos vigilantes da preservação do meio ambiente inclui tintas, produtos químicos, óleos, graxas e derivados. Nestes podem ser citados a estopa, embalagens, massa plástica, papel, pano etc. Há também os geradores de efluentes, entre eles a água, tinta, solventes, lubrificantes etc. Dessa forma, o departamento de manutenção é o grande gerador de poluentes dentro de uma empresa de transporte, além dos próprios veículos, lógico. Nesse ponto chega-se à conclusão que a terceirização dos serviços de manutenção é meio caminho andado para uma gestão responsável ambientalmente no setor de transporte. Quem opta pela terceirização da manutenção, assim, transfere para as concessionárias das montadoras os seus departamentos mais agressivos ao meio ambiente. Livre das áreas de soldagem, motores, pintura e manutenção, grandes geradores de resíduos e efluentes, a certificação fica bem simplificada. Além de tudo, como as concessionárias de ônibus têm como foco a manutenção, a escala de atendimento dilui os grandes investimentos necessários à instalação de máquinas de separação água-óleo, recuperação de água e purificadores de grande porte.

Desinformação Fiscalização deve aumentar rigor sobre veículos antigos, os famosos Euro zero, os maiores emissores

“Um dos maiores problemas é que as transportadoras têm pouco conheNegócios em Transporte l 15

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Fotos: Bartô

meio ambiente Credencial

cimento sobre resíduos perigosos e de como e para onde Se preparar para a gesenviar esses resíduos contatão ambiental é uma proviminados”, diz o especialista. dência cada vez mais urgenPara se conhecer os materiais te por parte das empresas danosos ao meio ambiente de transporte de carga ou pode-se consultar norma NBR passageiros, sejam elas ur10.004/2004, que classifica os banas ou rodoviárias. Os siresíduos perigosos. nais da transformação desse Segundo os especialistas, tipo de gestão em requisito de acordo com pesquisas refundamental à conclusão de alizadas junto às empresas, negócios com grandes coras transportadoras geralmenporações e governos já são te não dão destinação final muito fortes. adequada aos resíduos que Grandes empresas com Reuso da água de lavagem por tratamento já é procedimento bastante comum geram. Uma das conseqüêncertificação ISO 14000, por cias é a contaminação e esgotamento de para destinação final dos resíduos das exemplo, tem que ampliar cada vez mais aterros sanitários. empresas e a falta de opções em alguns as exigências aos seus fornecedores, de Mas, não é só isso. Muitas vezes o estados”, diz ele. Também contribui a maneira a estancar todas as possíveis descarte simples provoca a obstrução falta de dados de suma importância que fontes de contaminação e poluição. A de sistemas de drenagem, contaminação não são exigidos legalmente, quanto à mais recente novidade na área foi dada de águas subterrâneas e superficiais, identificação e quantificação dos resídu- pelo governo dos Estados Unidos, que, a desperdício de materiais (recicláveis) e os gerados por atividade. mote de frear importações, cogita impor risco à saúde pública. “Mas, acima de tudo, existe uma gran- sérias restrições a produtos de países que As empresas de transporte não são de falta de conhecimento por parte dos contaminam o ar. as únicas culpadas. Muitas vezes elas empresários”, admite Vilas, para quem Nesse âmbito, o próprio Brasil entra são induzidas a práticas não recomen- isso provoca um grave erro de destinação na linha de tiro, por ser o quarto maior dáveis em virtude da falta de infra- dos resíduos. “Boa parte das empresas poluidor do planeta em virtude das queiestrutura e da oferta de fornecedores de contrata caçambas estacionárias, cujas madas, desde as realizadas na Amazônia serviço confiáveis. Luiz Henrique Vilas empresas não possuem nenhum controle até as usadas para o corte da cana-deenumera alguns detalhes importantes ambiental de descarte do material coleta- açúcar. Assim, dizem os especialistas, que ajudam a agravar o problema. do por parte dos órgãos oficiais.” proteger o meio ambiente através do “A dificuldade começa com a distânOu seja, na maioria das vezes o bota- gerenciamento e minimização de suas cia das empresas habilitadas legalmente fora do conteúdo dessas caçambas acaba fontes deixará de ser apenas uma estraservindo de entulho, graças à atuação de empresas que não controlam os materiais que transportam. Até mesmo em caçambas de construção civil urbana é possível observar grande quantidade de latas de tinta, solventes, colas etc. “Como as empresas de transporte são uma grande fonte de emissão de poluentes já se pensou até em obrigá-las a fazer resgate de carbono”, diz o Murilo Damato, professor de Gestão Ambiental da PUC-SP. Uma obrigatoriedade totalmente inviável. Para ele, o que é necessário mesmo é controlar e minimizar os descartes e conscientizar mecânicos e motoristas. “Muito lixo é jogado nas estradas e pneus mal reformados deixam talões pelas rodovias”, diz ele. Inspeção deve ser rigorosa em válvulas e mangueiras

Estações de tratamento utilizadas por empresas de ônibus

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ônibus

Resíduos ambientais mais significativos nas concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa Efluentes de lava jato e oficinas Borra de SAO (Separador de Água e Óleo) Filtros e papeis da cabine de pintura Resíduo e lodo de tinta Ônibus de baixa capacidade: vários motores produzindo poluição e transportando poucos passageiros

tégia de marketing, mas passará a fazer parte do planejamento estratégico e econômico de qualquer país que quiser participar das transações globais. Daqui para frente, a aceitação de produtos passará a depender do crivo das leis de sustentabilidade e, portanto, até o nível de emprego de uma Nação estará atrelado à preservação do meio ambiente. Esse tipo de abordagem passou a ser chamado de Barreira Verde, um prérequisito que não pode ser burlado por mentiras tampouco ações de marketing.

Conscientização

Já existem muitas empresas realizando trabalhos de gestão ambiental, e muito além daquelas envolvidas com o transporte de produtos perigosos. Na Brasiliense Cargo, por exemplo, somando aos cuidados de redução de consumo e missão foi criado o projeto Neutralizar, que busca a redução dos impactos de suas atividades. “É um grande desafio para nós desenvolver esse tipo de projeto e envolver todos os funcionários nas questões da sustentabilidade”, diz Jorge Lobarinhas, diretor da empresa. Isso porque a atividade depende de caminhões, que são agentes de poluição e que usam combustível sem qualidade, apesar de caro. “Já faz 4 anos que fazemos a separação dos resíduos e destinação de toda nossa operação, envolvendo nossos principais fornecedores, principalmente as concessionárias”, diz ele. Para isso, todos os veículos passam por uma ava-

liação de emissão de fumaça a cada 6 meses, inclusive os veículos agregados. Além disso, a Brasiliense está implantando um sistema de reaproveitamento de 100% da água do lavador de veículos. Faz parte desse rol também a separação do lixo, a coleta de baterias e pilhas, o uso de papel reciclado em todo o nosso material de papelaria. “Temos ações bem claras e definidas, mas mesmo assim, o maior desafio é o envolvimento direto e ativo dos funcionários, em razão de hábitos já arraigados”, confessa Jorge Lobarinhas. Um dos caminhos adotados para “virar esse jogo” é envolver a família do funcionário. “Os filhos ajudam na mudança de hábito e as consequências serão sentidas em futuro próximo.” p

Resíduos Orgânicos (alimentos) Solvente e químicos Óleo, graxas e lubrificantes Lâmpadas fluorescentes Cartuchos impressoras Embalagens de óleos e graxas Embalagens de produtos químicos Metais ferrosos Metais não-ferrosos Plásticos de alta densidade Resíduo de madeira Papel, plástico e papelão Tambores metálicos Tambores plásticos Pneus e câmaras de ar Pilhas e baterias Peças e acessórios em boas condições Peças e acessórios sucateados Fibras e papéis com resina Resíduo de varrição não-perigoso Papeis e panos contaminados HC EPI's usados e abrasivos Filtro de óleo Filtro de gasolina

Empresa do futuro: cuidados nos detalhes

Lonas e pastilhas de freio Negócios em Transporte l 17

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meio ambiente

Aspectos e impactos mais significativos nas concessionárias de veículos avaliadas na pesquisa

ÁREA Controle de Qualidade Funilaria

Lavagem de Veículos

Mecânica

Peças e Acessórios

ASPECTO

1

Risco de vazamento de combustível e derivados

2

Risco de acidentes com atropelamento

3

Geração de efluentes (água, tintas e solventes, óleos e derivados)

1

Risco de vazamento de óleos e derivados

4

Geração de resíduos contaminados com óleo e derivados (pano e estopa)

3

Geração de efluentes (óleo e derivados, produtos de lavagem)

1

Risco de vazamento de combustível e derivados

1

Risco de vazamento de combustível e derivados (produtos inflamáveis)

2

Risco de acidente pela manobra do veículo

5

Risco de explosão do cilindro de ar comprimido (calibrador)

6

Vazamento de gás refrigerante

7

Geração de tambores contaminados (óleo e derivados)

3

Geração de efluentes (óleos e derivados)

4

Geração de resíduos contaminados com óleos e derivados (panos, trapos, embalagens)

8

Risco de vazamento de produtos inflamáveis, corrosivos e perigosos em estoque

9

Geração de resíduos de embalagens contaminadas com produtos em virtude de vazamento (papel, papelão, vidro, plástico e madeira)

10

Risco de incêndio com produtos inflamáveis

IMPACTO Contaminação do solo Contaminação das águas Risco de incêndio Comprometimento da saúde do trabalhador Contaminação do solo Contaminação das águas Contaminação das águas Degradação da Fauna e Flora Contaminação do solo Degradação da Fauna e Flora Contaminação das águas Contaminação do solo Contaminação das águas Degradação da Fauna e Flora Contaminação do solo Contaminação das águas Degradação da Fauna e Flora Contaminação do solo Contaminação das águas Risco de incêndio Degradação da Fauna e Flora Comprometimento da saúde do trabalhador Poluição do ar Risco de incêndio Comprometimento da saúde do trabalhador Esgotamento dos Recursos Naturais (Ozônio) Risco a saúde do trabalhador Contaminação do solo Degradação da Fauna e Flora Contaminação das águas Contaminação do solo Contaminação das águas Degradação da Fauna e Flora Contaminação do solo Contaminação das águas Poluição visual Degradação da Fauna e Flora Contaminação do solo Contaminação das águas Degradação da Fauna e Flora Contaminação do solo Contaminação das águas Poluição do ar Comprometimento da saúde do trabalhador

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Consórcio é o destaque

Foto: divulgação

financiamentos

Confiança entre os bancos de montadoras continua, apesar do momento de desconfiança das empresas quanto aos rumos do mercado

N

Pedro Bartholomeu

ove em cada dez executivos não querem se comprometer quanto ao que vai acontecer o mês que vem. De qualquer maneira, parece que o mercado ainda está em fase de recuperação do direto no queixo que levou no início do último trimestre de 2008. Entretanto, como sempre, parece que sempre lidamos com dois Brasis. Um é o que ganha as manchetes dos principais jornais e outro é qualquer segmento que se entra à raiz. Num balanço geral feito com os bancos de montadoras de veículos comerciais o que se nota é que o quadro não é tão negro quanto se pinta nos diários.

Para a maior parte dos dirigentes, parece até um constrangimento dizer que a crise ainda não bateu à porta “em virtude do maravilhoso atendimento dispensado e às taxas de juros justas oferecidas aos clientes”. Sei. A certeza é que a maioria continua pisando em ovos quando o assunto é o futuro próximo. No Banco Mercedes-Benz, por exemplo, impera o otimismo. “Graças às nossas taxas diferenciadas, nível de atendimento e rapidez nas liberações conseguimos conquistar cada vez mais clientes”, comemora José Francisco Ribeiro, diretor Comercial e Marketing do Banco Mercedes-Benz.

Em janeiro, o banco registrou um expressivo crescimento do nível de negócios e fechou o mês com um total de R$225 milhões. “Fato expressivo é que o número de novos negócios se mantem”, calcula Ribeiro. Na instituição a linha Finame representa nada menos que 80% do total de pedidos. No ano passado o volume de negócios do Banco Mercedes-Benz já havia fechado além das expectativas: um aumento de 18% concretizando negócios num total de R$ 2,6 bilhões, diante de esperados R$ 2,2 bilhões. O Finame foi responsável por 66% do realizado no ano, alta de 42%, enquanto o leasing Negócios em Transporte l 19

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Fotos: divulgação

financiamentos que a “chuva forte” vai passar rápido. Um dos reflexos que Martins reputa de certos é o do fortalecimento do sistema de consórcios, que certamente vai ganhar muitos pontos. Na Volvo, para Valter Viapiana, gerente Comercial do consórcio Volvo, não houve qualquer interrupção de fornecimento de créditos. O arrefecimento ocorrido entre dezembro e janeiro foi momentâneo. O que é necessário lembrar é a comparação com um ano excepcional – o crescimento da carteira entre 2007 e 2008 chegou a 55%, apesar Antonio Carlos da Rocha, da Scania: "Consórcios voltam a crescer" do último trimestre. José Netto, gerente da Ford Credit, chegou a 29%, com baixa de 9%. O CDC define o momento atual como período não foi além dos 5% dos negócios. A carteira do Banco Mercedes-Benz de transição. “Viemos de um ano de também fechou em alta, atingindo a 2007 muito aquecido, crescemos 5% marca de R$ 4,6 bilhões, volume 28% em 2008 apesar da crise e esperamos maior que o registrado em dezembro de que este ano o quadro não se altere”, 2007, que registrou R$ 3,6 bilhões. Este comenta o executivo da Ford. ano, o plano é financiar R$ 2,4 bilhões Para ele, o problema por enquanem novos negócios e atingir uma cartei- to é que a precisão das expectativas é ra de R$ 5 bilhões. muito difícil por uma série de fatores. Roberto Martins, gerente de Financiamento da Scania no Brasil, aponta que o Finame é preferido por 90% dos clientes dos que procuram financiamentos fora do sistema de consórcio, um total de 70% das vendas. “Embora as exigências de cadastro tenham endurecido um pouco as perspectivas são boas”, diz. A empresa tem como lastro uma carteira de clientes que negociam com a empresa desde 2002, cerca de 80%. A isenção do IPI tem ajudado – termina em 31 de março – e conta também com uma forte parceria com o Bradesco. “O mais importante é que as empresas brasileiras são craques em crise, elas já driblaram cinco planos econômicos e várias desvalorizações”, diz, acreditando

“De qualquer maneira, em janeiro deste ano tivemos um crescimento de 32% em relação a dezembro e o índice de aprovação de crédito aumentou consideravelmente”, comemora.

Leasing Iveco

Depois de uma operação oficial de oito meses, o Iveco Capital já responde por 24,2% das vendas da montadora. A explicação vem de Alcides Cavalcanti, diretor de Vendas e Marketing da Iveco: “Aumentamos a nossa agressividade e nossa flexibilidade”, diz ele. O Iveco Capital oferece uma taxa de 0,69% para o Finame, segundo Cavalcanti a menor do mercado. “Prorrogamos esta taxa até o final de fevereiro graças ao sucesso da campanha e iniciamos as operações de leasing este mês, mais uma alternativa para nossos clientes”, anuncia. Jucivaldo Feitosa, gerente Comercial do Iveco Capital, conta que a instituição atua diretamente em 11 das 71 concessionárias da Iveco no Brasil, nas demais atende via web. “Foi o nosso jeito de eliminar burocracia”. Feitosa comemora: nestes poucos meses, a instituição que é uma divisão do banco Fidis de Investimento já financiou 830 veículos, movimentando um total de R$ 170 milhões. Já Adriano Franco Bruni, gerente Nacional de Operações Iveco anuncia

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que no segmento de consórcio a Iveco aumentará o numero de entregas de 80 para 180 cavalos mecânicos Stralis por mês. “A procura pelo consórcio é crescente, pois não tem juros e é um sistema muito barato para quem se programa”, diz Bruni. A idéia de oferecer viagens internacionais para a Itália também gerou grandes “fregueses”. “Vários empresários fazem compras juntos, para viajarem juntos”. Para Bruni, a idéia é buscar a liderança nas vendas da Iveco em 3 anos, ou seja, mais que dobrar o volume de negócios do Iveco Capital.

Consórcios decolam

Os consórcios reagiram vigorosamente desde a eclosão da crise no segundo semestre do ano passado. Alias, pode-se dizer que o consórcio é o meio de compra em momentos de crise. Invenção brasileira para fugir de complicações maiores das outras linhas em situações adversas. Já no ano passado, os consórcios deram sinais de volta aos “bons tempos” depois de uma longa hibernação. Antonio Carlos da Rocha, diretor do Consórcio Scania, o mais tradicional da categoria, diz que o meio deverá crescer este ano. “Apesar do estado contemplativo do mercado nossos negócios estão firmes e o nível de inadimplência inalterado”, diz Rocha. No mês de janeiro, por exemplo, 140 cotas do consórcio foram contempladas de um total de 306 veículos entregues pela Scania. É um bom começo. Para o dirigente, a grande atração do sistema consórcio é a possibilidade de o cliente fugir das altas taxas de juros e do contingente de empresas com cadastro ruim. Na perspectiva mais pessimista, Rocha informa que o setor faturou 2.550 cotas em 2008 e esperar virar 2.300 este ano. Ao mesmo tempo, ele é otimista em relação às adesões para implementos Guerra: estas devem crescer de 1.500 em 2008 para 1.800 em 2009, um incremento substancial de 20%. Em praticamente 27 anos de atuação, o Consórcio Scania Brasil já entregou mais de 70 mil produtos, entre

Valter Viapiana, da Volvo: "Não houve qualquer interrupção no fornecimento de crédito ao cliente"

caminhões, chassis de ônibus e motores Scania e implementos rodoviários. Na Iveco, o otimismo também marca a toada do consórcio. Com apenas oito meses em operação pelo braço financeiro da montadora, o Iveco Capital, em janeiro o consórcio já representou nada menos que 24,2% das vendas totais – desde a implantação acumula 12% das operações. A montadora tem grandes metas para o segmento de consórcio. Adriano Bruni anuncia que no setor a Iveco aumentará o numero de entregas de cavalos mecânicos Stralis de 80 para 180 por mês. “A procura pelo consórcio é crescente, pois não tem juros e é um sistema muito barato para quem se programa, seja para renovação ou ampliação de frota”, diz Bruni. Paulo Zafalon, diretor comercial do consórcio Rodobens, crê que o nível de crescimento da opção para este ano continue forte. “Para quem se planeja, a alternativa consórcio é ótima para fugir das altas taxas de juros”, explica. Por isso, segundo Zafalon, nada menos que 50% das cotas comercializadas pela Rodobens, sediada em São José do Rio Preto, SP, são formadas por empresas com frota média de até 10 caminhões. Para o dirigente, o sistema de consórcio tem simpatizantes entre todos os tipos de empresas, independente do

porte, e por autônomos. A alternativa seduz especialmente aqueles que não querem se comprometer com juros altos e que também tem opção de ter um caixa aplicado se optar não retirar o bem. Ou seja, é um meio de pagamento que tem flexibilidade que outros não tem. Na Volvo a carteira de consórcio já chega a 36% do total de R$ 2,75 bilhões, incluindo Finame, CDC e Leasing. “Nosso volume já chegou a R$ 1 bilhão no sistema de consórcio”, diz Viapiana. Nesta última linha, 70% dos consorciados são pequenos transportadores, que tem entre um e três caminhões. Os restantes são formados por 20% de médias empresas, até 50 caminhões; 5% são grandes transportadores (acima de 50 unidades) e 5% são os clientes de carga própria. O sistema de consórcios, que nasceu com as crises brasileiras, é realmente um fenômeno nacional. Depois de uma queda sensível com a estabilidade econômica, voltou a evoluir noutro momento de crise. Segundo a Abac – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio, no segmento houve um crescimento de 50% nos negócios, de 34,2 mil para 51,2 mil entre 2007 e 2008. Em todas as categorias chega a 3,6 milhões de consorciados e a uma carteira de R$ 14 bilhões. p Negócios em Transporte l 21

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Mercado

Fotos: divulgação

internacional

nada comum Comércio no Mercosul cresce oito vezes, mas ultrapassar as fronteiras continua sendo um martírio para as empresas de transporte e logística

Solange Hette

A

vida dos transportadores rodoviários que servem o Mercosul e adjacências não tem sido nada fácil. A despeito da pressão exercida pelo crescente fluxo de mercadorias entre os países membros do bloco - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, além do Chile, a integração logística no Mercosul caminha num ritmo equivalente ao de um bicho preguiça no reino animal. E isso, apesar do grande incremento de negócios entre os países do sul

deste continente. Para se ter uma idéia, à época da assinatura do Tratado de Assunção, em 1991, o fluxo comercial do Mercosul não passava dos US$ 4,5 bilhões. Dezessete anos depois, as trocas comerciais totalizaram US$ 36,7 bilhões; nada mais nada menos que 705% de crescimento. Aparentemente animador. Todavia, a grande esperança das aproximadamente 700 empresas de transporte brasileiras habilitadas para operar no Mercosul e Chile é o seu reconhecimento oficial como exportadores

de serviços. A partir daí, esses transportadores ganham o status de atividade essencial e terão desatados muitos nós que complicam a atividade. Para se ter uma ideia do martírio de atuar nesse “mercado comum”, a somatória de entraves a que o transporte se submete faz com que um caminhão que opere a rota do Cone Sul realize em um mês apenas metade da quilometragem do mesmo veículo em rota nacional. “Um caminhão com capacidade para rodar 20 mil a 25 mil quilômetros no

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mercado interno, no Mercosul roda apeA partir de uma relativa estabilização nas 10 mil km”, assegura José Carlos do dólar em 2008, as tarifas encontraBecker, diretor da Transamil, há 15 anos ram, finalmente, um patamar compaatuando exclusivamente no transporte tível com os custos e a rentabilidade. do Brasil para a Argentina e Chile. Mas, em outubro a crise chegou e com Não faltam razões que expliquem, ela a retração do consumo, a queda embora não justifiquem, tamanha con- da produção industrial e, consequentraproducência. As dificuldades abran- temente, a redução das exportações gem desde o horário de funcionamento para o Mercosul, computada em 38,5% de fronteiras, movidas a cartão de ponto, em janeiro, sendo 28,6% apenas para a às políticas macroeconômicas, protecio- Argentina, que detém 80% do fluxo conistas ou não, sendo esta uma das mais mercial do bloco. complicadas variáveis que o transporta“O impacto da crise no setor de dor internacional está sujeito, por não ter transporte internacional é de 50% de qualquer domínio sobre essa área. queda do volume de operações”, laDiferenças cambiais, visão de negó- menta Luiz Alberto Mincarone, presicios díspares entre os países membros dente da ABTI - Associação Brasileira de e pressões dos diversos setores econô- Transportadores Internacionais. micos de cada país ora estimulam, ora Outro atuante militante do segcriam barreiras à integração comercial. mento, Ademir Pozzani, coordenador Interesses nacionais suplantam interes- de Assuntos Internacionais da NTC e ses comuns, relegando ao segundo plano diretor de Assuntos Políticos da ABTI, o objetivo principal do bloco, que pressu- lembra que a valorização do dólar na põe a criação de um mercado comum. atual situação se revelou totalmente imOs anos de 2006 e 2007 foram muito produtiva diante da crise internacional: difíceis para os transportadores brasi- “Temos o dólar como queremos, mas leiros. A forte valorização do real exigiu constantes negociações dos contratos realizados em dólar para se ajustar a uma receita em reais que cobrisse custos e margem de lucro. “Mais ou menos como se um transportador no mercado interno tivesse que conviver com uma inflação mensal de 10 a 15%”, explica Francisco Cardoso, diretor da Interlink, empresa há 17 anos operando na Argentina, Chile e Uruguai. “Quando você conseguia negociar algum reajuste já era tarde e não havia como Empresas reavaliam atuação rumo ao mercado interno. repor os custos”.

onde está a carga?”, pergunta.

Mobilidade prejudicada

Três dias é o tempo necessário para realizar o percurso de Buenos Aires a São Paulo numa imaginária viagem normal, através de uma região de mercado comum. Mas, há uma pedra no meio do caminho: a fronteira. Nas proximidades da ponta da Amizade, entre Uruguaiana e Paso de los Libres, na Argentina, é que o mercado comum é mesmo colocado à prova. Não raro o veículo permanece parado por mais de dois ou três dias à mercê do excesso de burocracia, horários limitados, carência de profissionais qualificados e ausência de simultaneidade dos controles a cargo dos diversos órgãos intervenientes. “Tem controle aduaneiro, sanitário e das secretarias da fazenda. Um órgão espera o outro terminar para iniciar o seu procedimento”, conta Mincarone. “Por mais eficiente que o transportador seja, não tem controle sobre esses entraves”. É o caso, por exemplo, do encaminhamento automático dos despachos fracionados para o canal vermelho, onde todos os veículos vinculados àquele documento de carga terão conferência documental e física. “O sistema não é inteligente, porque faz a parametrização por documento e não por caminhão”, explica Mincarone. Dessa forma, se uma carga de 200 toneladas for despachada por 8 caminhões, todos serão encaminhados para o canal vermelho, sem a possibilidade de uma vistoria aleatória e liberação parcial. Negócios em Transporte l 25

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Fotos: divulgação

internacional

Becker: "Falta proatividade ao governo federal"

“São procedimentos simples como esses que fariam uma grande diferença na agilização de todo o processo”, concorda Pozzani. O executivo lembra que para otimizar os procedimentos não são necessárias grandes estruturas físicas, mas sistemas informatizados eficientes. “Não queremos a instalação de elefantes nas fronteiras. Até porque se o processo for célere não há porque ter uma enorme infraestrutura para a parada do caminhão e sua carga”.

Falta atitude

É unânime a percepção de que o que falta ao Brasil é decisão política de priorizar a objetividade e minimizar os altos custos do comércio exterior brasileiro, dos quais o transporte é considerado o grande vilão, o resultado é a redução da competitividade do produto nacional e elevação do famoso Custo Brasil. “O que nos preocupa é não ver o governo brasileiro tomar atitudes pró-ativas, apesar de ser o líder maior do bloco,”, desabafa Becker. “Todo mundo na cadeia é preju-

dicado com a demora, que obviamente é repassada para o consumidor final”. Para se ter uma ideia, há tempos os transportadores argentinos reinvidicaram, e obtiveram, incentivos importantes para o setor, como o subsídio ao diesel, isenção de pedágios e crédito em alguns impostos que lhes permitem aplicar na compra de insumos inerentes à atividade. Medidas que elevam a competitividade do transporte de cargas argentino e que seguem a linha de que o governo é um prestador de serviços. “Quando o presidente brasileiro apela para que os empresários sejam mais agressivos em relação à exportação ou que reduzam preço para melhorar a competitividade da importação, esquece que criar condições para um transporte mais eficiente é fundamental”, reclama Cardoso. “Ou seja, ele não olha para o seu próprio umbigo, não faz a sua parte”. Daí o consenso de que falta ao governo brasileiro uma visão de negócios em relação ao transporte de cargas, impele questões relevantes ao setor para o final da fila de prioridades, que é muito longa, afinal. Não que durante esses anos avanços significativos não tenham sido registrados. Sob o respaldo do ATIT – Acordo sobre Transporte Internacional Terrestre normatizaram-se os conhecimentos de carga e a entrada em operação dos Siscomex - Sistemas de Comércio Exterior, saltos importantes na agilização dos processos. Recentemente, por intervenção da ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre conseguiu-se a revogação de uma medida Argentina que determinava a obrigatoriedade de empresas de transporte brasileiras manterem uma representação física no país. “Como orga-

Caminhão parado na fronteira tem prejuízo médio de 400 dólares por dia

Cardoso: Compromisso com rentabilidade

nismo de aplicação do ATIT nós levamos para o lado brasileiro, principalmente o Itamaraty que é o nosso grande negociador, as questões assimétricas entre os países e que prejudicam a competitividade dos transportadores brasileiros”, diz Noburo Ofugi, diretor da ANTT e coordenador do subgrupo 5 do Mercosul.

Reavaliação

Outro calvário que tem prazo até setembro deste ano para terminar é a avalanche de multas aplicadas nas fronteiras argentinas, especialmente na província de Entre Rios, a que cem por cento dos caminhões brasileiros estão sujeitos por ultrapassar a altura máxima de 4,10 metros permitida pela legislação argentina. “Nossa atuação é buscar harmonizar e ampliar as condições que geram uma igualdade de competitividade”, explica Ofugi, que em reuniões bilaterais conseguiu acordar a unificação da altura máxima em 4,30 para os veículos que trafeguem pelos países do bloco. Porém, para o empresário do transporte internacional é extremamente desanimador observar que, com ou sem crise, a morosidade cristalizou-se e tornouse endêmica. Horário de funcionamento limitado das aduanas ou ausência de transparência quanto à parametrização das cargas enviadas ao canal vermelho que, segundo levantamento efetuado pelo Sindicato dos Despachantes Aduaneiros passou de 8 para 22%, são questões nacionais, de esfera federal. E continuam sem solução ou explicação por parte

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Fotos: divulgação

dos órgãos competentes. Contatada por esta reportagem para apuração do status das reinvidicações a Receita Federal não quis se manifestar. Por conta desse conjunto de entraves, muitos empresários estão reavaliando sua atuação e redirecionando suas atividades para o mercado interno. Cresce também o movimento de empresas que buscam novos horizontes, bem longe do bloco. Dessa forma, vale repetir o sentimento geral de que se o Brasil quiser ser um país pujante tem que tirar o Mercosul do discurso e levá-lo para o dia a dia das fronteiras. p

IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO MERCOSUL

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA O MERCOSUL

- US$ MILHÕES FOB -

Fonte: Sistema ALICE / SECEX

Ofugi: ANTT busca soluções para os problemas

Porto Seco Rodoviário em Uruguaiana - BR (RS)

Uruguaiana - BR / Paso de Los Libres - AR Operações de Transporte Rodoviário Internacional de Cargas Ingressadas no PSR / URA Ano 2008 Caminhões (Unidades) Importação Exportação 4,200 10,222 4,274 9,148 4,220 8,621 3,965 8,297 4,615 9,056 4,659 9,008 5,147 10,151 4,945 9,629 5,187 9,657 4,630 8,989 4,190 7,256 3,067 6,262 53,099 106,296 -4.59% -10.21%

Total 14,422 13,422 12,841 12,262 13,671 13,667 15,298 14,574 14,844 13,619 11,446 9,329 159,395 -8.41%

Fonte: ABTI

Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Total Var. 2007/2008

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Fotos: divulgação

serviços

Ao gosto do cliente A Sistema de configuração de veículos racionaliza e agiliza a compra de caminhões e ônibus na rede de revendas Mercedes-Benz

Pedro Bartholomeu

Mercedes-Benz colhe os frutos de um programa implantado em sua rede de concessionárias e que contribui para incrementar a satisfação de seus clientes. Trata-se de uma ferramenta cujo objetivo é facilitar, agilizar e flexibilizar a configuração do veículo com o objetivo de otimizar a compra. A ferramenta foi batizada de MBKS, uma sigla complicada que, na prática, é um sofisticado sistema de consultoria ao

cliente. Em resumo, o aparato permite a personalização total da compra e a montagem virtual de um veículo que obedece integralmente às características específicas do usuário. “É um grande diferencial de mercado”, assegura Eustáquio Sirolli, gerente de Marketing de Produto Caminhões da Mercedes-Benz. A idéia é formatar o veículo de acordo com a aplicação específica em que será utilizado, obedecendo a uma cesta ampla de opções de configuração e mecânicas, en-

volvendo potência, torque, caixa de transmissão, reduções do eixo traseiro etc. Já utilizado na Alemanha desde o início da década de 90, o sistema MBKS começou a ser desenvolvido no Brasil em 2006 e passou a ser aplicado desde o início de 2007, para atender ao volume de possibilidades de configurações das linhas Axor e Atego. “Antes tínhamos cerca de 10 veículos, mas hoje são mais de 200 opções de configurações diferentes de caminhões

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ra aplicações específicas de caminhões vocacionados, como os desenvolvidos para transporte de valores, distribuição urbana, bebidas, coleta de lixo, basculante, betoneira e utilização militar.

Fotos: divulgação

e chassis de ônibus”, calcula Eustáquio. Essas duas centenas de possibilidades, com certeza, representam um alto grau de complexidade para o vendedor, por mais técnico que ele seja. A dificuldade foi atenuada no início janeiro, quando o sistema passou a ser disponível. O MBKS permite a configuração do modelo ideal para cada cliente não só nas versões básicas, mas também nas linhas Premium e Especialista, nas quais são incluídos pacotes de itens que asseguram elevados níveis de desempenho, conforto e economia. O MBKS é capaz de proezas. Com as simulações feitas nos concessionários pelos vendedores, vários itens deram um salto de vendas. A venda de Axor com cabina teto alto saltou 115%, o Atego cabina leito 200%, o ar-condicionado no Axor 230%, a cor metálica 400% e o Accelo com Top-Brake nada menos que 640%. Tudo isso é creditado à flexibilidade oferecida pelo sistema, que possibilita às equipes de vendas das concessionárias simular rapidamente diversas configurações de caminhão, de acordo com o pedido e necessidade do cliente. A linha Premium é formada por dois pacotes e pode ser chamada de linha conforto, enquanto a linha Especialista é mais complexa, pois integra itens pa-

Tudo on line

Através dessa central virtual de pedidos é possível também realizar uma série de simulações on line antes da efetivação do pedido pelo cliente. Estas permitem até estimar custos e prazo de entrega do produto com um elevado grau de precisão para o usuário. A possibilidade decorre da ligação direta do MBKS com a programação da produção da fábrica. Consequentemente a cadeia de suprimentos, formada pela fábrica, fornecedores e rede, pode ser preparada de maneira mais rápida para atender ao pacote específico de cada cliente. Sirolli acredita que isso passará a fazer uma grande diferença no nível de satisfação dos usuários Mercedes-Benz: “A montagem virtual estimula a programação de compra e favorece o planejamento de todos os implicados na compra, o cliente, o concessionário e a fábrica.” A funcionalidade do sistema é tal que com sua utilização pelos concessionários registrou-se um salto de 50 para 600 novas composições de itens de caminhões

Sirolli: agilização na configuração dos veículos

por mês. “Os resultados são fantásticos e os credito à regionalização da compra e a consequente oferta de itens particulares a cada região”, explica Eustáquio. E cada vendedor é um especialista em sua região. A demanda de um transportador do Rio Grande do Sul do transporte internacional é radicalmente diferente da de um colega do nordeste. p

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legislação

Agulha

Empresas de transporte já não sabem o que fazer para cumprir Lei trabalhista que garante cota de emprego para pessoas com necessidades especiais

em palheiro

A

Pedro Bartholomeu

obrigatoriedade de as empresas com mais de 100 funcionários manter 5% do seu quadro de funcionários formados por portadores de necessidades especiais é uma grande preocupação das empresas de transporte. Em primeiro lugar, pela própria característica do segmento, com um semnúmero de funções operacionais, que praticamente inviabilizam a utilização deles – simplesmente por exigir vigor físico e grande mobilidade. Em segundo

lugar, o próprio governo construiu um hiato, na medida em que incentivou a criação da Lei e, ao mesmo tempo implantou uma benesse que garante renda de um salário para os contemplados pela Lei, sem trabalhar. Tal medida praticamente inviabiliza a exigência, pois cada portador tem direito à ajuda de um salário mínimo de ajuda, mas não permite seu retorno ao sistema se sair dele, ou seja, arrumar emprego. A obrigatoriedade tem sido uma dor de cabeça para as empresas do

segmento. Para resolver esse problema, a Braspress, de São Paulo, decidiu fazer uma campanha nacional para arregimentar 130 funcionários com necessidades especiais, a cota que precisa para complementar seus quadros. Para isso está investindo cerco de R$ 150 mil na instalação de adesivos em aproximadamente mil caminhões que rodarão pelo país inteiro. “Temos feito de tudo para cumprir a lei de preencher 5% dos nossos quadros com portadores de necessidades

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Urubatan Helou, da Braspress, e Francisco Pelucio, do Setcesp, na apresentaçâo da adesivação dos baús

especiais, mas até agora tudo resultou infrutífero. Agora estamos apelando para a Internet”, explica Urubatan Helou, presidente do grupo. Cumprir a legislação tem sido um trabalho árduo porque não há um banco de dados que informe o número dessas pessoas disponíveis em cada cidade. Ou seja, a soluçâo dependente única e exclusivamente do esforço das empresas de transporte. Até o sindicato dasß empresas tenta ajudar. “Elaboramos cursos de treinamento para os deficientes físicos, mas não tivemos adesões”, diz Francisco Pelucio, presidente do Setcesp – torcemos para que a Braspress tenha sucesso, pois todo o excedente colocaremos à disposição dos associados do sindicato.” Pelucio, no momento, presta atenção nos resultados que serão obtidos pela Braspress. “Estamos atentos e se os resultados forem positivos podemos ampliar a campanha”, diz ele. A esperança é que a grande exposição dessa necessidade do setor, os outdoors anunciam: “Portador de Necessidades Especiais Venha Trabalhar Conosco” consiga arregimentar essas pessoas.

independente de trabalhar ou não. Para muitos empresários, a iniciativa da Braspress é louvável, mas os resultados para eles serão pequenos. A maioria observa que é preciso buscar uma solução definitiva. A primeira seria a formação de um banco de dados, uma espécie de cadastro geral das pessoas disponíveis nessas condições nos tribunais regionais, que serviria de local de arregimentar pessoal. Essa listagem seria vinculada aos registrados na folha de ajuda do governo. Uma vez empregado, o cidadão deixaria de ganhar o salário oficial, mas, uma vez dispensado poderia voltar ao sistema. Aliás, não se entende porque tal não

ocorre, mesmo porque até o cidadão comum tem direito ao auxílio desemprego. Bom para ambas as partes. Para o deficiente, que empregado sempre terá um salário superior ao mínimo oferecido pelo governo, e para o próprio governo, que deixaria de arcar com o custo de ajuda a 24 milhões de pessoas com necessidades especiais. A Braspress, tradicionalmente, utiliza seus caminhões com outdoors, especialmente mensagens de cunho social. No âmbito interno, Urubatan, promete que já está em andamento a preparação de todas as unidades do grupo no Brasil para permitir a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais. A exclusão do cidadão do sistema definitivamente é uma barreira intransponível para muitos empresários, e não apenas aqueles ligados ao transporte de cargas e passageiros. A dificuldade aumenta ainda mais quando o portador de necessidades especiais mora em estados das regiões norte e nordeste, nos quais são raras as oportunidades de emprego, mesmo para remunerações de salário mínimo, e o montante garante a ele sustentar a família. Se o deficiente tiver então uma ajuda de R$ 451,00 sem trabalhar, e com total “estabilidade”, dificilmente colocará em risco o rendimento por uma atividade de 44 horas semanais e sem estabilidade empregatícia. No interior daquelas regiões milhares de famílias são sustentadas por aposentados de renda mínima. p

Solução possível

Mas a tarefa é inglória. Culpa da legislação ambígua, que de um lado protege o cidadão com necessidades especiais com uma cota de empregos obrigatórios nas empresas, enquanto de outro lhe garante um ganho mensal

Uma vitória das empresas de transporte rodoviário no TRT é a ccntrataçâo para funções administrativas

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ônibus

Nicho americano A

Empresas de transporte já não sabem o que fazer para cumprir Lei trabalhista para pessoas com necessidades especiais

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Caio Induscar amplia seu plano de internacionalização e contabiliza uma bem sucedida incursão no interessante e crescente nicho de transporte rodoviário de fretamento nos Estados Unidos. Depois de comercializar mais de 15 unidades nos Estados Unidos, a encarroçadora já apresentou o rodoviário Giro 3400 na UMA Motorcoach Expo, exposição internacional realizada em janeiro em Orlando, na Florida, entre os dias 22 e 24 de janeiro. “O fretamento é um dos mais rentáveis nichos nos Estados Unidos”, explica Klaus Georg Christobh von Winckler, gerente de Exportação Overseas da Caio Induscar. Os carros têm 38 lugares, toalete e seis monitores de vídeo. “As principais atividades estão ligadas ao turismo interno, na Florida e Califórnia,

em eventos religiosos e transporte urbano de executivos, principalmente em Nova Iorque e Washington”, esclarece Klaus von Winckler. Batizados de G3400 nos Estados Unidos, as unidades integram diversas adaptações obrigatórias pela legislação norteamericana. As carrocerias são comercializadas com sistemas de calefação e preaquecedor, para proporcionar conforto aos passageiros no período de inverno. Os carros são montados sobre chassis Freightliner XBR com suspensão dianteira independente, motor Cummins ISB de 280 hp e caixa automática Allison B300 de seis marchas. O objetivo da Caio Induscar é participar do crescente mercado de ônibus rodoviários de fretamento, que este ano deve chegar a 3 mil unidades. A idéia é conquistar empresários americanos e vender 150 unidades.

Os chassis são enviados ao Brasil pela Caio North América, comandada pelo empresário Mark Middleton, e retornar montados desde Botucatu, no interior paulista. Winckler diz que um dos diferenciais do G3400 são os bancos brasileiros. “Depois de desenvolvermos um banco americano aqui no Brasil, para nossa surpresa eles têm preferido os bancos brasileiros, muito mais confortáveis”, lembra. A experiência é valorosa para a encarroçadora brasileira. Participar de um dos mais exigentes mercados do mundo é um aprendizado em segurança e adequação de uma série de itens ainda inéditos no Brasil. No mercado norteamericano as carrocerias têm que ser certificadas pela norma DOT, que exige a homologação de uma série de componentes, entre eles painel de controle com botoeiras Multiplex. p

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BUSINESS

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PANORAMA

l ABS nos Constellation

l Para ônibus também

O sistema de freios ABS - Antilock Brake System, sistema antitravamento de freios, passou a ser um opcional dos cavalos mecânicos VW Constellation 19.320, 19.370, 25.320 e 25.370. O ABS aumenta muito a segurança para o motorista, pois a distância de frenagem é bem menor e garante perfeita dirigibilidade para que ele continue a dirigir depois de desviar de obstáculos. Também não permite o travamento em frenagens bruscas e de emergência. O sistema deve se transformar em item de série em pouco tempo em virtude da segurança que proporciona. A tendência é que segmentos como o de produtos perigosos transformem o ABS em item obrigatório em breve. Em pistas molhadas, o sistema permite frenagens em distâncias até 30% menores que as dos sistemas de freio convencionais

O Chamevolks, ferramenta de pós-vendas para apoio às atividades dos frotistas, agora também estão disponíveis para as empresas de ônibus em todas as suas modalidades. O atendimento gratuito ocorre pelo telefone 0800-019-3333. A estrutura do serviço conta com 27 técnicos e não tem custo para o cliente durante o período de garantia.

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l Coleta e entrega

l Viking ampliado A Volvo do Brasil está ampliando sistema de vendas de caminhões seminovos, o Volvo Viking, e levando as vantagens do Pacote Plus também para a linha “F” de caminhões. A inclusão é reflexo do sucesso que a linha VM obteve no programa. Assim, a partir de agora, os FH e os FM da grife Viking terão os mesmos benefícios do Pacote Plus, antes exclusivos da linha VM, como a cobertura de um ano do trem-de-força. Outra novidade é o pacote de lubrificação, que garante a troca de todos os filtros e lubrificantes do motor, caixa e eixo por 12 meses.

A Marksell acaba de apresentar a nova Plataforma Elevatória de Carga Veicular Marksell, modelo MKS 500 P3E, especialmente desenvolvida para a instalação em veículos comerciais leves, MB Sprinter, Renault Máster, Hyundai HR, Iveco Daily , VW 5-140 etc. O equipamento viabiliza a distribuição otimizada de cargas unitizadas – pallets, gaiolas, equipamentos, rollteiners etc – sem apoio de plataformas fixas. O desenvolvimento, para o eng. Edison Salgueiro Júnior, da Marksell, visou a demanda dos grandes centros urbanos e as restrições ao tráfego de veículos comerciais pesados. O equipamento é acionado por sistema eletro-hidráulico conectado ao sistema elétrico do veículo. A capacidade de carga do equipamentoß é de 500 kg a 600 mm e a mesa tem 2000 mm de largura e 1500 mm de comprimento.

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IVECO DAILY. O CAMINHÃO LEVE MAIS PREMIADO DO ANO.

Caminhão do Ano Prêmio Autodata

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