Re’Pensar
as megacidades para sobreviver
C
ada vez mais vivemos imersos numa sociedade de ruído sonoro e visual; as metrópoles esmagam a essência do Homem; os sons vitais da natureza são abafados pelo som trepidante das deslocações em massa, em horas de ponta infernais. Uma espécie de cronómetro diário implacável mede o tempo gasto nas infinitas tarefas diárias. Enclausurados em meia dúzia de metros quadrados, em duas assoalhadas verticais posteriores, por vezes sem luz natural, os habitantes das grandes cidades estão sujeitos a um ritmo frenético, que exclui tempo e espaço para reflexões mais demoradas sobre o significado da vida urbana, repetem com elevada frequência as palavras “estou atrasado”. As periferias das cidades alargam-se semeando bairros dormitórios, sem vida própria de comunidade, apenas envolvidos por grandes eixos rodoviários e ferroviários. As bolsas de natureza resumem-se a escassos parques públicos, mosaicos de terras baldias entre torres residenciais, vazadouros de lixos e entulhos, uma espécie de terra ninguém, onde todos põem e dispõem sem nenhum critério, sem uma política ambiental sustentável para a gestão destes territórios abandonados. A criação de corredores verdes no âmago das megacidades surge como alternativa à massificação, permitindo a existência de manchas verdes e possibilitando a fixação de grandes quantidades de dióxido de carbono, sequelas da poluição atmosférica urbana. Os leitores mais atentos comungarão destes ideais; um novo conceito de cidade surgirá das novas abordagens da arquitetura paisagística.
16 I Amar