Revista Maré Alta - 1ª edição

Entrevista

Luiza Nobel fala sobre vida pessoal e trajetória na música

Artes cênicas

Os desafios de fazer teatro em um universo digital

Música

Investimento em videoclipes impulsiona produções

1a edição

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Expediente DIRETORA DE CONTEÚDO Ana Vitória Almeida COORDENADOR DE COMUNICAÇÃO Nathanael Filgueiras JORNALISTAS RESPONSÁVEIS Nathanael Filgueiras Nyara Cavalcante TEXTO Nathanael Filgueiras Nyara Cavalcante FOTOGRAFIA Nathanael Filgueiras DESIGN DE LOGOMARCA Tim Oliveira PROJETO GRÁFICO Nathanael Filgueiras REVISÃO FINAL Ana Vitória Almeida Sugestões de pauta revistamarealta@gmail.com Vem anunciar nessa maré de coisa boa! revistamarealta@gmail.com Instagram @revistamarealta “PROJETO FOMENTADO COM RECURSOS DA LEI 14.017/2020 - LEI ALDIR BLANC - POR MEIO DA SECRETARIA MUNICIPAL DA CULTURA DE FORTALEZA”

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Editorial A maré de Fortaleza encheu. Movidos pelas ações e programações culturais da cidade, viemos para contar mais sobre o que está acontecendo nesse cenário. Falar de alguns artistas, compartilhar pensamentos e arte. Movimentada dentro do edital Aldir Blanc, a “Maré Alta” chega para somar. Iniciamos com destaque para Luiza Nobel e Denis Lacerda, artistas entrevistados nesta edição, que revelaram um pouco sobre desafios, carreira e projetos futuros.

Além disso, elencamos uma série de conteúdos versados nas áreas das artes cênicas, música, literatura, dança e circo. E, por ser nascida no meio digital, a Revista usa e abusa da interação, disponibilizando links para fácil acesso das programações, plataformas de conhecimento voltadas para o mundo artístico e muito mais. Então, mergulhe nessa onda cheia de arte e aprecie com a gente o início dessa jornada.

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Índice 06

Uma tela entre nós

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Sorrisos na estrada Entrevista Denis Lacerda

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Crítica literária

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Um oceano para ser lido Ocupar um corpo-casa

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#Oportunidade Arte que cuida

Entrevista Luiza Nobel

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A beleza de ‘enxergar’ o som

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Crítica teatral

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Acessa aí Vitrine

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Uma tela entre nós

Foto: Caique Cunha

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O Grupo Bagaceira de Teatro, que chegou aos 20 anos de atuação no ano passado, penou com as bruscas mudanças e a falta de perspectivas iniciais. Segundo Rogério Mesquita, ator, produtor e um dos fundadores do Bagaceira, o grupo sofreu um baque, após ter programações e contratos com instituições cancelados.

“A pandemia escancarou o desamparo que nós trabalhadores da arte vivemos, sem garantias de nada, contratos que não nos protegem e gestores sem entendimento concreto da economia da cultura. Nosso potencial de geração de renda e empregos é altíssimo. Fechou tudo, perdemos tudo, literalmente”, desabafa.

niciar vídeo ao vivo. É assim que muitos espetáculos ganham forma e chegam ao público durante a pandemia. Assistir vídeo ao vivo. Esse é, para o público, um dos meios de consumir arte, escapando da realidade ou afundando-se nela por completo. Desde março de 2020, os modelos tradicionais de apresentações teatrais resumidas em palco e platéia presencial - precisaram ficar reservados nas coxias. Está proibido o toque, o contato, a presença. Nos bastidores, toda uma classe artística pensava em uníssono: o que faremos agora? A única saída era pôr, entre todos, uma tela. Dessas de cor fria, branca e pálida.

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“Fizemos lives e cobramos ingressos para venda de links das gravações dos nossos espetáculos.

Até porque, depois de 20 anos criando coletivamente , como cada um se viraria sozinho em sua casa?

Foto: Caique Cunha

Em maio de 2020, mês de aniversário do grupo, três meses após o início da pandemia, foi tempo de se reinventar e abraçar as gélidas telas que surgiam como opção para o caótico momento. “Fizemos lives e cobramos ingressos para venda de links das gravações dos nossos espetáculos. Até porque, depois de 20 anos criando coletivamente, como cada um se viraria sozinho em sua casa? Lançamos ainda o “Na sua sala de ensaio”, um projeto de leitura dramática com participação do público, e começamos a pensar em um espetáculo para as plataformas.

Não saiu o espetáculo, mas o grupo se firmou e nos fortalecemos dentro desse cenário caótico”, explica o produtor.

Clique e confira o espetáculo “O Sr. Ventilador”

Foto: Diego Souza Foto: Diego Souza

O grupo também fez adaptações de espetáculos já existentes, como o espetáculo “Interior” para a plataforma Zoom e o infantil “O Sr. Ventilador”, para o YouTube. Essa mudança, do palco para a tela, traz desafios inúmeros, que vão desde questões técnicas às partes da encenação em si, como explica Rogério. “Há perdas e ganhos. Muita coisa que funciona no palco, não fica legal no vídeo. Mas no vídeo temos o zoom, o plano detalhe. Também é preciso lidar com o estresse da conexão da Internet e questões técnicas como o som. Além disso, um grande desafio é quebrar a frieza da tela do computador”.

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Clique e confira o material de “Corte”no Spotify

Foto: Priscila Smiths

“Esses desafios também fortaleceram o trabalho, porque trabalhar com o que se tem, não ter nada, é ter muito, é ter tudo”

Romper essa barreira também foi desafiador para a produtora e diretora do espetáculo “Corte”, Andreia Pires. A ideia da performance surgiu durante a pandemia, mas a escrita da obra foi abandonada devido ao desgaste excessivo que os monitores luminosos causaram. “Eu comecei a escrever umas narrativas e foi o que me motivou a querer fazer alguma coisa virtual, mas à medida que a pandemia ia continuando que eu não imaginava que ia durar tanto tempo - eu fui me desinteressando por criar algo virtualmente. Eu estava muito cansada, esgotada da tela, da frente do computador, do celular e isso foi se tornando exaustivo”, relata a artista.

Foto: Priscila Smiths

As dificuldades financeiras vivenciadas pelos artistas nesse período também foram latentes e preocupavam, já que, para entrar no meio digital, eram necessários equipamentos, estruturas e profissionais específicos. “Não tínhamos dinheiro para pagar as pessoas e eram várias pessoas envolvidas. A gente foi fazendo com o que tinha, mas eu posso dizer sem nenhuma dúvida que esses desafios também fortaleceram o trabalho, porque trabalhar com o que se tem, não ter nada, é ter muito, é ter tudo”, conta Andreia.

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Com essa força, aos poucos, o espetáculo foi se solidificando. A parceria com as atrizes Geane Albuquerque, Larissa Goes e Sol Moufer ajudou no processo e “Corte” foi ganhando forma, pensado exclusivamente para o ambiente virtual. “A gente começou a ensaiar plano de câmera, escrever como a câmera passaria, o que mostraria, fomos estudando todos os detalhes de acordo com o olhar da câmera. Em nenhum momento eu pensava aquilo de modo presencial, não era mais possível pensar algo presencial, só pensávamos que o espectador era aquele olho da câmera”.

preparado pra isso, com legendas, com outras informações que são muito importantes”, conta.

Nesse sentido, as artes cênicas abraçam e aquecem o que há do outro lado da tela. Quem assiste “Corte”, por exemplo, sai com reflexões para a vida. “O espetáculo faz pensar sobre si.

O título tem a ver com esse espaço que a gente tem, esse buraco, essa ferida, esse lugar aberto que está sempre disponível para que coisas entrem. A gente precisa ter essa ferida aberta, porque é o lugar do sensível, se a gente tiver um corpo absolutamente sem nenhum ferida, sem espaço de entrada, uma fresta que entra luz e também pode entrar coisas que não são iluminadas - que é muito natural - a gente pode perder um pouco da sensibilidade de entender a própria vida”, sintetiza a atriz.

O espetáculo Corte é feito em um plano sequência de aproximadamente 43 minutos. Diferente de um filme, a montagem não possui emendas e tenta preservar, com fidelidade, o que o teatro preza em cena. “A gente não pensava como um filme. Era um trabalho filmado, que acabou se aproximando da linguagem audiovisual, ao mesmo tempo que não perdia o ao vivo do teatro, porque a gente não parou.

Durante a filmagem a gente foi direto, a câmera que ia atrás da gente. Então tinha ali a questão da presença que a gente tem no teatro”, explica a diretora.

Foto: Priscila Smiths

A possibilidade de atingir públicos antes não pensados também chega como uma vantagem desses novos formatos. “O trabalho pode chegar a outros países, outros estados, outras cidades e é sim uma vantagem, desde que esse trabalho tenha consciência para onde ele quer ir, esteja

“O trabalho pode chegar a outros países, outros estados, outras cidades e é sim uma vantagem, desde que esse trabalho tenha consciência para onde ele quer ir” 9 9

Clique e confira o perfil oficial do Fuscirco

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Foto: Miguel Cairo

Sorrisos na estrada

respeitando os protocolos de biossegurança e distanciamento. Diferente dos tradicionais cirnquanto para muitos o riso chega por cos de lona, nesse formato, as calçadas e janelas meio da tela de um celular, em um vídeo engra- viram arquibancadas e a rua se torna picadeiro. çado de poucos segundos, para outros ele vem “Depois de um tempo, uns 5, 6 meses em sobre quatro rodas e se demora. O fusquinha azul, com detalhes amarelos e equipado com casa, a Amanda falou: vamos pegar o fusca e fasom e bandeirolas coloridas, traz a magia do zer uma apresentação para o povo nas calçadas? circo para as calçadas e reinventa o fazer rir em Eu disse: não dá certo não, mas fomos maturando a ideia. No aniversário da minha avó resolvetempos onde esse mesmo riso parece escasso. mos fazer. Nos vestimos de palhaço, colocamos Em um super mega power fusca, como os o som em cima do fusca e nos mandamos pra criadores chamam o possante, a palhaça Rupi e Maracanaú. Dissemos pra ninguém ficar perto, o palhaço Pitchula percorrem a cidade fazendo que todos estivessem de máscara e aí a gente fez “RIsitas surpresas” para a população em qua- a apresentação no meio da rua. Foi sensacional rentena. Criado pelo casal Amanda Santos e pra mim e pra Amanda.”, conta Henrique Rosa, Henrique Rosa, o FusCirco surgiu antes mesmo ator, palhaço, malabarista e membro do coletivo da pandemia, mas o isolamento social impulsio- FusCirco. nou a iniciativa de levar bom humor às pessoas, 10 10

“O riso é sagrado, é o combustível do palhaço. A gente vê esse riso, mesmo de máscara, com o brilho no olho do público”

A necessidade de levar a ideia do FusCirco adiante foi incentivada pelos desafios que o meio digital trouxe para a arte milenar. Sendo o contato físico ou visual um dos estímulos para que o riso aconteça, como fazê-lo diante de uma câmera? Para Henrique Rosa, essa foi a principal barreira. “Foi bem difícil fazer espetáculo, oficina ou conversar sobre o circo no meio digital, porque eu não tinha domínio de fazer isso pra câmera. Eu pensava: como vão receber (a mensagem)? O costume que eu tenho é fazer para o público, olhando para as pessoas e vendo bustível do palhaço. A gente vê esse riso, mesmo o que está funcionando ou não”, conta. de máscara, com o brilho no olho do público, Nas apresentações da RIsita Surpresa, o fusca a gente vê de novo o quanto as pessoas gostam é estacionado em um local onde mais pessoas de acompanhar ali o palhaço correndo o risco possam assistir, mas respeitando o distancia- de cair de um monociclo e se quebrar todo. E é mento. A partir de então, é muita música, ma- lindo, lindo, lindo!”, relata. labares, equilibrismo com monociclo e palhaO projeto RIsita Surpresa já circulou peçaria. “O diferencial que vejo no FusCirco é a las cidades de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, alegoria que o fusca virou. A gente estruturou Pacatuba e Baturité. Nos meses de fevereiro e de um jeito que tem som independente, ilumi- março, o coletivo pega a estrada novamente, em nação para apresentar à noite também. É todo um circuito que deve contemplar cidades como um carnaval dentro de um carro. Onde o fusca Itapipoca, Sobral, Jijoca, Viçosa do Ceará e adjapassa chama atenção das pessoas.” cências. A manutenção financeira da circulação Esse carnaval, que leva sorrisos nas estradas, é o que há de mais bonito na arte de fazer rir. “O palhaço necessita muito do riso. Eu me preocupo muito com isso, quando não riem eu penso: o que foi que eu errei? O riso é sagrado, é o com-

será por meio da passagem do chapéu (contribuição espontânea da plateia) feita durante as apresentações. O coletivo busca também formas de parcerias nas cidades que estão contempladas na rota.

Foto: Miguel Cairo

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A liberdade de ser diverso

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Clique e confira o perfil de Denis Lacerda no Instagram

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á 17 anos driblando os desafios para fazer sua arte, Denis Lacerda é ator e drag queen.

Já esteve na televisão, se apresentou em casas de show, fez filmes de sucesso como “Cine Holliúdy” e “Shaolin do Sertão”, e faz parte do elenco de um dos mais bem sucedidos espetáculos cearenses: “As Travestidas”. Espontâneo, sincero e muito bem humorado, Denis contou pra gente detalhes de uma vida repleta de lutas em busca da liberdade.

Você teve uma infância tranquila? Tinha acesso à cultura na sua casa?

Engraçado que eu nasci em Fortaleza e morei no Conjunto Ceará, no Quintino Cunha, na Caucaia, no Novo Metrópole, voltei para o Conjunto Ceará e estou pedindo a Deus pra sair! (risos) Mas eu sempre volto, porque eu gosto daquele bairro, gosto do cara da bodega, que eu tô fazendo almoço, preciso de um creme de leite e vou na esquina. Eu gosto da coisa do bairro, mas pela distância é ruim. Minha infância foi tranquila e, ao mesmo tempo, fiquei muito trancado dentro de casa, meu pai deixou a gente muito cedo. Eu sempre tive as minhas tias, o meu avô, a minha avó, eles meio que adotaram os filhos da minha mãe. Uma das primeiras casas que eu morei tinha um pé de goiaba então a gente brincava muito lá, depois a gente foi pra uma casa que o terreno era enorme também. Lá em casa todo mundo teve um corte, eu tenho dois cortes no queixo, um no joelho e um na cabeça. O acesso à cultura foi pouco, quando a minha mãe podia, a gente ia pro cinema no Cine São Luiz ou assistia peça na escola.

Como você se descobriu artista? Foi ainda na infância?

Foi um processo muito massa! Eu via telenovelas, adorava aquilo, era fascinado pela interpretação. Ainda não pensava em ser drag, mas eu tinha a imagem das transformistas do Silvio Santos e da Elke Maravilha. Nesse processo, eu nunca esqueço, estudava num colégio da Caucaia, fazia a 1ª série, e a gente foi fazer um passeio para ver uma peça infantil no Theatro José de Alencar. Era uma apresentação com bruxas, eu fiquei fascinada com o caldeirão das bruxas, o cenário, nunca tirei isso da cabeça. Eu também adorava novelas de épocas, brincava com vestidos, era uma criança muito viada. E essa foi minha construção, fazia maquete de cenário de novela, queria saber como eram os bastidores.

Meu processo foi de ir pro teatro conhecer, ver espaços culturais, a cidade, dentro das nossas condições financeiras, com meus irmãos e uma mãe solteira. Meu curso foi a vida.

“O acesso à cultura foi pouco, quando a minha mãe podia, a gente ia pro cinema no Cine São Luiz ou assistia peça na escola” 13 13

Você criou uma personagem, a drag queen Um dia eu estava assistindo a novela “A Favorita”, e tinha a personagem Dedina, que termiDeydianne Piaf. Como foi esse processo? nava com o marido e ficava vagando na praia, Na arte drag, a maioria dos processos de e meu amigo disse que era igual a mim, já que construção das personagens, em que você deseu ficava procurando os machos no Conjunto cobre seu alter ego, é na brincadeira. Eu sempre Ceará. “Teu nome agora vai ser Deydianne”. amei drag queen, tinha também a RaimundiDepois a gente assistiu o filme da Edith Piaf, e nha, Rossicléa, eu amava aqueles humoristas. A ficou Deydianne Piaf. Participei de concursos gente quando é criança viada fica “meu nome de e comecei a ir para as boates. Assim eu fui me mulher vai ser Camila Spears Aguilera Cicconi”, descobrindo Deydianne, estava entendendo juntava o nome da Britney, da Cristina e da Maque ela era meu alter ego, era aquela personadonna, que eram as divas da gente. gem quando eu brincava criança de vestido, era a Xuxa que eu queria colocar pra fora.

“A gente quando é criança viada fica “meu nome de mulher vai ser Camila Spears Aguilera Cicconi”, juntava o nome da Britney, da Cristina e da Madonna, que eram as divas da gente. ”

Nem sempre é fácil seguir a carreira artística, você já pensou em desistir?

Toda hora, até mês passado também! (risos) Uma coisa que eu aprendi é que o importante é eu me questionar para saber porque eu estou ali, sabe? Esse ano vai fazer 17 anos que eu estou na vida artística. Teve uma época que eu passei cinco meses sem trabalhar e me perguntei “ gente, porque eu tô fazendo isso?”, não tem um produtor pra te ajudar, a galera vem por trás, você tem medo de falar pra não perder emprego, eventos, as pessoas podem te cancelar. Então eu sempre questionei até onde eu vou, será que eu vou continuar? Mas quando paro pra entender, eu vejo que tudo que conquistei foi através disso.

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Como você avalia o cenário artístico cearense? Você acha que desde que você começou já melhorou? Tem mais oportunidade e apoio?

Eu acho que existem alguns sucateamentos, né? Parece que a gente ainda tem que viver sempre numa resistência. Quem faz teatro, querendo ou não, é um processo político, existem as questões do sucateamento, dos direitos e tudo mais. Eu lembro de uma frase, quando eu estava começando no teatro, me disseram: “cara, hoje vocês estão bem, vocês ganharam cachê, antigamente a gente tinha que lutar pra ganhar cachê”.

A gente sabe que as panelinhas existem, não só no teatro, na música ou na dança, entende? Até mesmo a desvalorização, quando eu falo que estou com uma produtora agora não é porque quero ser estrela. É porque se a gente quer fazer uma coisa profissional e organizada, é necessário. Então é um processo, mas eu acho que em Fortaleza ainda tem o sucateamento dos teatros, dos espaços culturais, é uma resistência constante e precisa continuar.

Você hoje é ator, drag, humorista, DJ. Para você, ser artista é sinônimo de ser diverso?

Artista pra mim é um ser de descoberta, é o ser da minha liberdade, é essa diversidade que eu carrego sem querer. Porque não foi uma escolha eu levar a bandeira, ela veio. Querendo ou não eu sou um ato politico, eu sou uma bicha, drag, com bandeira LGBT, então já estou fazendo politica independente de qualquer coisa.

Não tô dizendo que vou ficar calada, mas ser artista é isso, é ter essa diversidade, é ser inquieto e ser livre. Eu sou livre sendo artista. Eu lembro quando eu estava trabalhando com vendas, era uma mesa branca, uma sala branca e umas prateleiras, tudo tampado.

Eu estava entrando em pânico, porque eu não via gente, não podia chegar de short, eu não podia fazer aquilo que eu queria fazer. Ser artista é ser livre, eu sou um artista livre, eu posso ser quem eu quiser ser. E hoje é muito interessante isso porque quando eu comecei a fazer teatro o pessoal falava assim: “tu tem que fazer homem, tem que ser durinho para poder fazer tudo”.

Mas eu fui entendendo que eu não sou esse ar15 15

“Eu vou ser livre e a minha arte vai ser para aquelas pessoas, porque existem pessoas que querem consumir e viver daquilo. Gosto de estar no universo feminino, que é onde eu me sinto à vontade, eu me sinto livre.” tista, eu sou um homem, gay e que ama fazer personagens femininas, eu adoro fazer a dona de casa no meio da rua, adoro fazer a bicha, a blogueirinha, eu gosto disso. Não tenho obrigação nenhuma de ser um cara que tem que fazer personagem masculino pra mostrar que eu sou um talento. Se eu for fazer um espetáculo denso sobre questionamento, vai ser o Denis viado falando sobre isso. Eu vou ser livre e a minha arte vai ser para aquelas pessoas, porque existem pessoas que querem consumir e viver daquilo. Gosto de estar no universo feminino, que é onde eu me sinto à vontade, eu me sinto livre.

Tem algum tipo de trabalho que você ainda gostaria de fazer ao longo da sua carreira?

Tem muita coisa que eu ainda quero fazer e vou descobrindo. Queria fazer novela, para aprender como é que faz aquele mecanismo, queria exercitar isso, estudar. Quando eu fui para o Faustão, eu curti muito passar quase um mês com a equipe ensaiando, estudando, entendendo sobre televisão, no backstage foi muito foda. Queria continuar fazendo mais filmes, também gostaria de estudar e aprender a ser cerimonialista. Quero fazer os vídeos da Deydianne pra internet, que são coisinhas rápidas, de 5 minutos, o “De Frente com Deydi”, e fazer as coisas da internet para movimentar, para que a

galera me veja e vá para o teatro. Gostaria de um dia fazer um espetáculo infantil da Deydianne de comédia, com várias drags comediantes. E viver bêbada nos bares, claro!

Para finalizar,o que é o sucesso para você, Denis?

O sucesso pra mim é estar bem comigo mesmo, saber que não é sobre eu estar ganhando rios de dinheiro, como alguns amigos meus que ganham 200, 300 mil pra fazer um show e são famosos pra caralho. Meu sucesso é eu estar aqui na minha, me montando, fazendo meu trampo.

Se puder andar de ônibus, vou andar de ônibus, se puder andar de carro vou andar de carro, o sucesso pra mim é estar bem, sem ter a obrigatoriedade de ter uma grande riqueza e estar andando de jatinho. Se rolar, cara, vou batalhar para que possa estar bem, e que bom! Mas se não rolar, tá tudo certo. Porque um dia você tá aqui, outro dia a lapada é grande. O sucesso pra mim é eu estar bem, fazer o que eu quero. Se eu chegar aos 50 anos fazendo teatro, fazendo arte, caralho! Eu tô vivendo disso, foi sucesso. Porque eu vivi daquilo que eu queria viver, é sobre isso!

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CRÍTICA

Brincante - Inprocesso

Foto: Lili Rodrigues

Ana Vitória Almeida*

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tias, e nas curas por meio de chás e aprendizanspirado em histórias familiares contadas e dos que foram passados de geração em geração. recriadas em forma de bonecos, com muita aniAli dentro daquele quarto que também é temação regional, Edivaldo Batista durante o mo- atro, víamos as mudanças necessárias por esmento de pandemia entrou em um processo de tarmos em pandemia e em uma apresentação escuta com seu pai de 91 anos e com suas irmãs virtual. O celular que grava a cena só registra mais velhas. metade do corpo do ator, a outra metade marca Dentro do seu apartamento, próximo à praia da Leste Oeste, destinou um dos quartos para ser seu local de laboratório e teatro virtual. Com criatividade, aproveitou materiais regionais, explorou a chita, conchas do mar, a renda e muita cabaça para desenvolver um cenário de fundo e alguns bonecos que compuseram os personagens da vida real.

o tempo vivido hoje do home office, que veste meio figuro sim e meio figurino não. Mas não retirando o envolvimento e entrega do ator na sua contação de história.

Brincante - Inprocesso soou como uma brincadeira mesmo, leve, descontraída, permeadapela alegria da dança nordestina, junto com o envolvimento de Edivaldo e suas bonecas de De uma forma sensível e engraçada, contou a cabaça. A plateia presencial eram seus animais, história de um rapaz que viveu uma paixão proi- dois gatos e a cachorra Leona. Sentadas na cama bida. Nas suas descrições, no sotaque carregado, ao lado o observavam e faziam companhia. nas músicas envolventes de forró podemos sen*Ana Vitória Almeida é atriz, graduantir um pouco do interior do Ceará. Relembrar da no IFCE, formada em Arquitetura, proas histórias que às vezes são trazidas em livros dutora teatral, sonhadora e criadora. e pensar nas conversas de janela, nas avós, nas 17 17

Um oceano pra ser lido

Foto: Daniel Firmino

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que ela contava sobre as personagens da Maraponga e sobre as pessoas ancestrais da nossa família, assim como prestava muita atenção às músicas, que tocavam o dia todinho. Quando descobri os livros, já tinha uma boa leitura de mundo, o que me fez um leitor dedicado”, relata.

uando as águas da literatura, a arte de se expressar em palavras, se encontram com as torrentes do meio digital, vemos nascer um novo e profundo oceano, cheio de possibilidades.

Quem se aventura em um mergulho, encontra Mas foi através da Internet e dos blogs que desafios, mas também prazeres em banhar-se Talles se dedicou profissionalmente ao univernas ondas que se formam ali. so da escrita. Uma imersão intuitiva, que aponO poeta, editor e mediador de leitura, Talles taria os caminhos futuros. “A Internet sempre Azigon desvelou a literatura ouvindo histórias e foi o meu meio de expressão, eu acessava na lan canções no bar da avó. Por ali, ele lia o mundo. house, eu tinha uma certa intuição que ela seQuando descobriu os livros, essa prévia leitura ria uma coisa vital ainda, que mudaria as coisas. do cotidiano incentivou o início de uma vida que Era uma intuição acertada. Por isso nasci como teria as palavras como meio de transformação. escritor dentro da Internet”, conta.

“Eu ficava prestando muita atenção às histórias 18 18

A produção literária no meio digital trouxe aprendizados e conquistas, mas o poeta alerta dos riscos que a Internet pode oferecer. A ausência de regras nesses ambientes pode ser excludente e cruel. “Os produtos e os textos são sim, mais acessíveis na Internet do que fora dela, mas, como tudo que é controlado pelo capitalismo, a Internet consegue desenvolver modos de excluir as pessoas. Ela por si só não pode nada, inclusive, ela por si só é bastante perigosa”, aponta. “Eu devo muito à divulgação das minhas obras na Internet, mas nunca deixei de estar presente nos espaços, nos saraus, na rua, nos lugares infinitos das periferias. A galera bobeia achando que só em estar na rede mundial dos computadores tudo vai mudar, não muda, as regras da Internet não estão ditas”, complementa.

Clique e acesse os conteúdos da Livro Livre Curió

Hoje o trabalho de Talles transborda as telas, percorre a periferia e se finca como resistência.

A criação da biblioteca comunitária Livro Livre Curió é reflexo da vontade do poeta de ser, ele próprio, o agente da transformação que espera ao seu redor. A “Livro Livre Curió” funciona sem cadastro e sem prazo de devolução, fazendo o acesso mais efetivo aos bens culturais, livros, revistas, jogos, CDs e DVDs e jornais.

Foto: Daniel Firmino

“A Internet sempre foi o meu meio de expressão, eu acessava na lan house, eu tinha uma certa intuição que ela seria uma coisa vital ainda, que mudaria as coisas. Era uma intuição acertada. Por isso nasci como escritor dentro da Internet” Foto: Daniel Firmino

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Quem também une a arte de escrever ao universo digital é a atriz, escritora e produtora de conteúdo Nádia Camuça. A paixão pela leitura começou cedo, aos 13 anos, e já aos 17 escrevia textos em um blog na Internet. Atualmente a escritora possui um perfil literário no Instagram, onde compartilha dicas de leitura e escrita para os mais de 4500 seguidores. “Criei o perfil no Instagram para ser uma extensão do meu blog, e porque comecei a acompanhar outros perfis que falavam de livros, até então eu só lia blogs pequenos sobre isso. A ideia era só falar de livros como um hobby, mas em 2020 as coisas foram mudando, porque eu passei a dedicar bastante tempo pensando em conteúdo, elaborando projetos e fui vendo que tudo isso era também um

trabalho. Então, decidi investir mesmo em me colocar na Internet como criadora de conteúdo e ver o perfil como meu trabalho e não mais como hobby. O perfil é hoje também um lugar para eu me divulgar como artista e falar sobre questões relacionadas à vida criativa”, explica.

Durante a pandemia, a produção de conteúdo digital voltada para a literatura teve um salto nas redes sociais e auxiliou o crescimento da área, trazendo inúmeras possibilidades narrativas. “O perfil cresceu justamente ano passado porque enxerguei esse contato que eu tinha com seguidores como um caminho para me reinventar criativamente. Também sou atriz, e comecei a pensar como eu podia me aperfeiçoar profis-

Clique e confira a página “As vírgulas” no Instagram

Foto: Pâmila Luik

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sionalmente por meio das redes sociais, então eu criei um canal no Youtube e um podcast e tem sido maravilhoso tanto para encontrar formas de criatividade no digital como por ficar mais próxima de um futuro público leitor e consumidor do meu conteúdo”,conta.

“Estamos quebrando aos poucos a ideia de que para ser lida ou se considerar escritora precisa ser publicada por uma editora.”

Foto: Pâmila Luik

Nessa grande extensão de água, a perder de vista, a certeza de que é possível submergir sem se afogar toma forma e impulsiona. Em 2020 a escritora lançou seu primeiro livro intitulado “Meus fantasmas dançam no silêncio”. Disponível em formato digital e no Youtube, com tradução em Libras e áudio a obra é prova dessa afluência. “Estamos quebrando aos poucos a ideia de que para ser lida ou se considerar escritora precisa ser publicada por uma editora. E é muito bom ter leitores perto de você, as pessoas se sentem felizes em poder contatar um escritor de maneira mais direta e até em participar de financiamentos coletivos de livros. O mercado literário está mudando e existem muitas iniciativas de escritores independentes que tornam o acesso à literatura mais democrático.”

SERVIÇO “Meus fantasmas dançam no silêncio” de Nádia Camuça (foto) E-book disponível para compra na Amazon (Gratuito para assinantes Kindle Unlimited) Disponível também com tradução em libras e áudio no Youtube.

Sarau#3 de Talles Azigon e FlávioDomingos E-book disponível para download gratuito no site www.livrolivrecurió.com.br (O site possui ainda uma bibliotca virtual com diversos exemplares)

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Ocupar um corpo-casa D

e todas as formas artísticas de expressão, dançar é o que mais representa movimentação.

A dança demanda espaço, trata de expandir, significa, essencialmente, liberdade: justamente aquilo que nos foi tirado durante a pandemia que nos surpreendeu em 2020. Durante o isolamento social, necessário para alcançar um bem maior, nosso lugar foi reduzido, ficamos pequenos, confinados em casa e em nós mesmos. Mas, a alma artista é inquieta e não se resigna fácil assim.

Este foi o caso de João Paulo Lima, dançarino, professor e ativista dos direitos da pessoa com deficiência, que buscou alternativas para continuar realizando o trabalho que lhe traz vida. “Inicialmente foi um processo muito complicado, até porque a gente não se imaginava dançando em lugares fechados, não tínhamos horizontes de como criar isso. Mas como um colega meu diz, artistas antecipam terremotos.

Então, a gente já foi inventando novas maneiras, imaginando outra forma de expandir esse espaço e esse corpo”.

Imagens: Artur Luz

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João fez da solidão uma oportunidade e enxergou nessa nova forma de criar, a possibilidade de oferecer conteúdo a mais pessoas, principalmente com o apoio da linguagem audiovisual.

“A gente aprendeu a olhar a obra de outra maneira. Com o trabalho da edição, a inserção de mais elementos, e até com a própria cultura do acesso, tornando o material acessível com legendas, tradução em Libras, audiodescrição”.

ser humano dentro dessa realidade, eu acho que não só a dança como todas as linguagens e todas as possibilidades de encontro, sejam presenciais ou não, são formas de nos deixar em um lugar que nos tire do pânico, do medo. São uma tentativa de passar por esse momento apoiando uns aos outros. São encontros, sejam por mensagem, videochamada, reunião virtual ou live. As artes têm sido e devem continuar sendo nossos canos de escape, as nossas referências de humaEncontrar soluções em meio ao caos é pranidade”, complementa o dançarino. ticamente um pré-requisito para se definir um criador de arte e, nesse cenário de desordem, é justamente a arte que se torna ferramenta para lembrar a nós mesmos o que já fomos e o que ainda vamos ser. “Do meu lugar de artista, e de

“Do meu lugar de artista, e de ser humano dentro dessa realidade, eu acho que não só a dança como todas as linguagens e todas as possibilidades de encontro sejam presenciais ou não, são formas de nos deixar em um lugar que nos tire do pânico, do medo. ” Imagens: Artur Luz

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Foto: San Cruz

Quem também buscou vencer os desafios do isolamento e da incerteza foi a artista colombiana Yara Cantillo, que atua em Fortaleza como diretora do NODO Coletivo. De início, o isolamento trouxe apenas esgotamento mental para ela. “Foi um desafio que ninguém esperava ter, ficar em confinamento e perceber que estávamos acostumados a habitar espaços de dança com tamanhos maiores, salas de dança, a rua, etc, nos deixou restritos em relação a nossos espaços íntimos, e isso me levou a vários estados de aprisionamento interno, de ansiedade e falta de criatividade”.

Mesmo com o bloqueio causado, Yara encontrou poesia e conhecimento em dias permeados de solitude. “Este tempo me fez refletir muito em relação ao eu, ao outro, a nós. É necessário reconhecer os distúrbios psicossomáticos que emergiram durante essa pandemia, ninguém

“Foi um desafio que ninguém esperava ter, ficar em confinamento e perceber que estávamos acostumados a habitar espaços de dança com tamanhos maiores, salas de dança, a rua, etc (...)”

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Foto: San Cruz

tem direito a fazer um julgamento por não conseguir ter resiliência em meio a tanta crise. Falar de saúde, é falar de vida e foi bem difícil ir contra os meus estados emocionais”, desabafa a artista. “Por isso, lidar com o isolamento social, também me permitiu olhar para mim, saber olhar para meu espaço íntimo, espaço-casa, espaço-corpo, casa-corpo, a expansão do corpo como estado de presença, entender nosso corpo na cotidianidade do dia a dia, desde o momento em que deito na cama para dormir, até sentar na mesa ou no sofá para ocupar uma narrativa na intervenção no espaço da minha casa”, conta.

“Lidar com o isolamento social, também me permitiu olhar para mim, saber olhar para meu espaço íntimo, espaço-casa, espaço-corpo, casa-corpo, a expansão do corpo como estado de presença”

Clique e conheça o NODO Coletivo

No trabalho que desenvolve, Yara busca usar a dança como forma de aceitação e acolhimento do turbilhão de sentimentos que permeiam a mente humana. “Eu provoco, através da prática corporal, processos de consciência e estados de presença energética do corpo e da mente, para entender a expressividade do movimento e a exteriorização de sentimentos ou emoções que muitas vezes o corpo somatiza e não abraça. Um corpo em estado de crise, é um corpo em alerta, e se nós, seres humanos, não identificamos ou ignoramos as causas, estaríamos sendo pessoas em negação e essa atitude de negação prejudica nosso estado de saúde mental e emocional”.

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#Oportunidade Formação faz a diferença! Clique nas imagens e fique por dentro das oportunidades voltadas para artistas.

Figurina!

Criação de Figurinos

Em uma série de cinco videoaulas, a oficina Figurina! – Criação de Figurinos com Dami Cruz promoverá o desenvolvimento de olhares para a construção de figurinos em obras cênicas e audiovisuais. O público entrará em contato com o trabalho da figurinista cearense Dami, que compartilhará seus processos de criação com base em sua experiência de quase quarenta anos.

Propõe-se uma formação que tem como mote o desafio de planejar e executar uma proposta de roupa cênica. Ainda nesse encontro, a figurinista explana a técnica upcycling, objetivando a criação de figurinos com custos reduzidos. Os vídeos têm duração média de 25 minutos cada, totalizando duas horas de formação. Além disso, os vídeos possuem interpretação em Libras, tornando o conteúdo acessível para pessoas com deficiência auditiva.

Foto: Tim Oliveira

Aulas disponíveis no Youtube

Arte Urgente!

Por meio da Lei Audir Blanc, o Instituto BR e Secult Ceará divulgam editais de chamamentos público da Plataforma Arte Urgente. Estão disponíveis 3 editais, sendo eles Ateliês de Criação (para professores técnicos), Janelas Formativa (ppara professores) e Agência de Futuros (chamada para projetos).

Inscrições nos editais de 1 a 7 de fevereiro de 2021 26 26

Artes plásticas

O escultor cearense Assis Filho, especialista em obras do tipo figurativa realista, ministra um curso voltado para aquelas pessoas que desejam conhecer e aprender mais das técnicas de esculturas, mesmo que não tenha habilidades manuais ou nenhum contato com a arte.

Em um ods módulos do curso, realizado de forma 100% online, o aluno poderá aprender como modelar o crânio humano, uma cabeça masculina e uma feminina. Vai aprender ainda o básico de anatomia, compreender o rosto humano através de formas básicas, bem como utilizar as ferramentas e técnicas de acabamento.

As inscrições para os cursos estão abertas no site do artista.

Cursos Vila das Artes

A Vila das Artes abre o período de inscrições para o curso gratuito de iniciação teatral “Percursos de Teatro Para Crianças e Adolescentes” com duração de dois anos e se destina a crianças e adolescentes com idades entre 8 e 14 anos. O equipamento também lança o edital de seleção de estudantes para o Curso de Formação Básica em Dança.

As inscrições devem ser realizadas via internet no site da instituição

Artes para fazer senti(n)do

Buscando trabalhar a força e a criatividade nas artes manuais através do ativismo feminino, as artistas Thayane Reis, Maria Castro e Danielle Tavares, do grupo Pé de Pano, promovem vídeoaulas gratuitas através do Youtube. A primeira aula aborda ilustração com tecido.

Aulas disponíveis no Youtube 27 27

Arte que cuida

Ilustração: Érica Nogui

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m tempos de redes sociais e filtros, que escondem até mesmo os nossos conflitos internos, o parecer estar bem tornou-se meta. O sorriso, a vida leve e as boas energias ditam a vida em um mundo que, muitas vezes, não é real. Mas, às vezes, essa necessidade de ter que parecer bem a todo custo pode prejudicar um bem muito valioso: nossa saúde mental.

atenção ao sentir. Pensando nisso, a artista visual, Érica Nógui, vem desenvolvendo um trabalho sensível e delicado que busca representar a imensidão de emoções que é parte do ser. “Resolvi fazer um trabalho ligados à saúde mental e transtornos porque eu tenho transtorno de ansiedade generalizada e percebo que é uma coisa que me prende muito de existir enquanto artista, me impede de produzir projetos e várias outras coisas, além disso não é uma temática muito abordada”, explica.

Durante a pandemia, o tema ganhou destaque em conversas e discussões. Mas foi preciso A vontade de ser artista veio da mãe, que é arque um vírus invisível nos atingisse para que tesã. E foi também em casa que Érica encontrou pudéssemos enxergar a necessidade de dar mais inspiração para iniciar sua caminhada artística 28 28

pelos emaranhados da mente. “Recentemente eu tive a percepção sobre a minha condição em casa, convivo com duas pessoas que têm distúrbios mentais: meu pai tem demência e uma das minhas irmãs tem esquizofrenia. Eu vejo o quanto que o abandono é grande, tanto pelo governo como pela família, que abandonou o meu núcleo familiar, como isso afeta nossa casa. Eu resolvi que isso precisava ser dito de alguma forma”, fala. “Pretendo estudar ainda como outras pessoas lidam com isso, porque a gente tem várias condições que nos ajudam a não passar por uma barra mais pesada, temos plano de saúde, mas eu realmente gostaria de ver a realidade de outros, é algo que eu quero desenvolver”, complementa.

Como a maioria da classe artística, Érica sofreu um baque com o período de isolamento social, que afetou diretamente a forma de lidar com a arte e com o trabalho. “A pandemia teve um efeito bem forte no meu trabalho porque tive depressão no final de 2019 e tinha acabado de sair dela, então quando essa situação veio eu

“Resolvi fazer um trabalho ligado à saúde mental e transtornos porque eu tenho transtorno de ansiedade generalizada e percebo que é uma coisa que me prende muito de existir enquanto artista, me impede de produzir projetos e várias outras coisas, além disso não é uma temática muito abordada”

estava começando a me reerguer, a buscar novos caminhos e a pandemia veio me dando uma rasteira me dizendo: “olha, esse caminho que você está indo não vai dar certo, porque só funciona se a gente puder sair de casa, só funciona se as pessoas estiverem frequentando espaços culturais”. Foi bem difícil porque, como artista, a gente sabe que não é fácil ganhar dinheiro”, desabafa Érica.

“A partir do momento que eu percebi o quanto estava me fazendo mal viver esse momento de pandemia, eu passei a buscar outras formas de me expressar, peguei algumas encomendas e foquei nas ideias de outras pessoas. Depois de um tempo eu consegui voltar (aos trabalhos) e comecei a pensar em como surgiu minha ansiedade, que se tratava muito da minha família.

Passei a refletir sobre como surgiu a doença do meu pai, como a gente percebeu os sintomas da minha irmã e como isso afetava nosso dia a dia, como nosso cotidiano mudou. É uma pesquisa que ainda está no começo, mas é muito importante”, pontua a artista.

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Clique e confira o trabalho de Érica Nógui

Foto: acervo pessoal

DiversĂŁo, ancestralidade e denĂşncia

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Alguém na sua família já era artista?

A minha família nunca viu a arte como possibilidade de trabalho, eles veem mais como forma de consumo. Minha tia, apesar de não ser musicista, desenhava muito, ela era uma grande desenhista, hoje casou e eu vivi muito com essas frustrações artísticas, digamos assim, porque não tem ninguém artista. Mas minha mãe já dançou, dava aula de ballet, aí casou e parou de dançar, a minha tia desenhava, casou e parou de desenhar. Então o meu maior medo da vida era casar e ter filho, era a pior coisa que poderia acontecer, significava abrir mão da minha carComo foi sua infância, onde você nasceu e reira, das minhas coisas, porque enquanto mucomo era sua família? lher a gente é muito criada pra isso. ascida e criada na capital cearense, Luiza Nobel é cantora, compositora e atriz. A artista descobriu o talento para a música ainda criança, chamando a atenção da rua onde morava com covers de Beyoncé e Britney Spears. Mas foi ouvindo MPB que a jovem se encontrou como cantora. Hoje, aos 27 anos, Luiza usa seu corpo e sua arte como forma de referenciar o protagonismo feminino negro se tornando sinônimo de talento e resistência.

Eu sou de Fortaleza, nasci no bairro Jardim America. Morei em muitas casas na mesma rua, porque a própria casa da minha família é dividida em várias e eu já morei em todas as casas que minha família construiu, com essas coisas de ir casando e ir fazendo puxado. Já morei na Bahia, em Porto Velho. Como os meus tios são militares, eu tive essa experiência de morar em outros lugares por um tempinho. Morei com minha avó, essa pessoa que sempre me apoiou de todas as maneiras que podia. A primeira pessoa que acreditou no meu trabalho foi minha avó.

Eu acho que foi a primeira que entendeu que era isso, que era trabalho. Ela é maravilhosa.

“O meu maior medo da vida era casar e ter filho, era a pior coisa que poderia acontecer, significava abrir mão da minha carreira, das minhas coisas, porque enquanto mulher a gente é muito criada pra isso.”

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Você tem lembrança do seu primeiro contato com a música? Foi ainda na infância?

Foi. Eu sempre fui muito sonhadora e a minha tia gostava muito de música pop, só que esse tipo de música é uma realidade muito distante para uma cearense, então eu nunca me vi fazendo aquele tipo de música, mas ao mesmo tempo dublava, aprendia, cantava no banheiro, dançava.

Música pop que você fala era do estilo Madonna?

Era Michael Jackson, Spice Girls, Madonna, Britney Spears, Beyoncé, nesse universo, eu cresci ouvindo isso, sempre aprendendo. As primeiras pessoas perceberam que eu sabia cantar por causa disso, porque chamava muita atenção uma criança cantando Beyoncé na calçada, mas era ao mesmo tempo uma coisa da minha rua, não levava isso pra escola.

“As primeiras pessoas perceberam que eu sabia cantar por causa disso, porque chamava muita atenção uma criança cantando Beyoncé na calçada” atual a partir disso?

Eu tinha muito essa influência da música pop e então comecei a ouvir música brasileira, e quando eu escutei Vinicius de Moraes, Maisa...

A série da Maisa foi super forte pra mim. Eu era uma pré-adolescente quando passou na televisão e vi a história dessa mulher que abria mão de tudo pra ser cantora. Lógico que ela tinha vá-

Como você chegou no seu estilo musical 32 32

“Eu tenho que saber o que eu quero, tenho que saber o que vou “Resolvi fazer um tragravar, qual a mensabalho ligados à saúde gem quero deixar pro mental e transtornos mundo, então eu não porque eu tenho transvou deixar ao acaso torno de ansiedade geminha carreira, minha neralizada e percebo vida, minhas escolhas que é uma coisa que artísticas.”

E você já pensava em viver de arte? Como me prende muito agregar, de e eu sinto que é muito bem-vindo: infoi esse processo? vestidor, empresário, produtor ou distribuidora, existir enquanto arEu pensava que uma hora ia dar certo . Se cria mas é muito bom você saber como você consmuito essa coisa de “uma hora vai dar certo”, né? trói essa carreira, até porque imagina quantos tistas, me impede de O que é esse vai dar certo? Porque se a gente não artistas pretos já foram roubados durante toda rios privilégios, mas ela era uma mulher numa década em que a mulher tinha que ser a mãe, a esposa, e ela abria mão disso pra viver, sabe?

A coisa mais importante da vida dela era ser cantora e isso vinha na frente até dos próprios filhos, achei isso muito admirável, essa intensidade, eu também era muito intensa. Era adolescente mas já tinha tido a minha primeira namorada, inclusive eu escrevia música, escrevia rap, para as minhas paqueras, para os meninos, eu também gostava de menino, gosto ainda (risos).

Então a música sempre foi um lugar para eu me expressar. E fui desenvolvendo assim esse meu processo artístico. Nessa experiência de ir escrevendo música, conheci a música popular brasileira e me apaixonei perdidamente.

faz dar certo, não vai dar certo. Não vai ter ninguém que vai vir não sei de onde e dizer: “Luiza eu vou pagar tudo pra você”. Tomara que apareça, mas se isso aparecer eu tenho que saber o que eu quero, tenho que saber o que vou gravar, qual a mensagem quero deixar pro mundo, então eu não vou deixar ao acaso minha carreira, minha vida, minhas escolhas artísticas. Quem vier vai

sua vida, porque eles não sabiam, porque eram super talentosos, mas chegou alguém e os enganou, dizendo que ia fazer uma coisa e não fez.

As dificuldades na vida artística podem ser muitas. Você já pensou em desistir deste sonho? Por que?

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Eu penso em desistir por muitas coisas, por

discrepância, sabe?! Quando você toca em um evento e você sabe que outro artista tocou o mesmo tempo que você e ganhou mais, eu penso em desistir. Quando um técnico duvida da minha capacidade. Não é nem que eu penso em desistir, mas se um dia eu pensei em desistir por causa dessas coisas, hoje eu penso em continuar por causa dessas mesmas coisas, mas um dia elas já me abalaram extremamente.

Já pensei muito em desistir por conta de grana, porque não tem dinheiro para ensaiar. Existem várias coisas que paralisam você: desistir porque você não consegue gravar sua música, desistir porque você não tem como fazer um clipe. Bem no começo eu pensava muito isso, mas eu sempre fui muito animada, sabe? E, nesses momentos de desistir, eu sempre pensava que ia me organizar e fazer rolar. Essas coisas nunca deixaram de acontecer, nunca deixou de faltar um dinheiro para uma coisa, nunca teve dinheiro sobrando para fazer nada, mas a gente vai fazendo.

Em 2020 eu posso dizer que renovei a minha carreira totalmente. Porque até 2020 sempre gostei de fazer meus autorais, no “Baile Preto”, que é um show que tem muitos covers, é basicamente uma hora de show, mas só tem cinco músicas minhas e hoje o “Preta Punk” é ao contrário, ele tem mais músicas minhas do que cover, mas sempre mesclando.

Falando em música autoral, seu single “Estamos Bem” foi gravado durante a pandemia, não é? Como foi essa experiência?

A gente tinha pensado um clipe bem elaborado, porque a gente sabia que “Estamos Bem” ia sair, eu já estava programada para isso antes da pandemia. Só que a ideia era fazer um clipe em que eu saio de carro na rua, estaria com minhas amigas e aí não podia fazer mais nada. Tínhamos optado por esperar acabar a pandemia para lançar, mas vimos que deu um mês, dois meses, e não tinha perspectiva de acabar isso. Foi aí que eu optei por fazer esse clipe, adaptei tudo para fazer em casa. Fiquei um pouco triste porque foi meu primeiro. Triste não! Não vou nem dizer triste, mas, sabe...? É o primeiro clipe, então eu

“Existem várias coisas que paralisam você: desistir porque você não consegue gravar sua música, desistir porque você não tem como fazer um clipe. Bem no começo eu pensava muito isso, mas eu sempre fui muito animada, sabe?” queria entregar uma coisa com mais locações, como entreguei “Malibu”, que tem cena no carro, tem cena no hotel. Enfim, adaptei tudo, ficou lindo, eu fiquei muito feliz.

A pandemia foi e ainda está sendo muito difícil para a classe artística. Como você vivenciou esse momento?

Eu acredito que pelo meu posicionamento digital foi um pouco mais fácil. Eu não vou dizer que foi tranquilo, não foi fácil para nin-

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“Eu não vou dizer que meu trabalho é só sobre militância. É sobre Acredito“Resolvi que nesse momento a minha par-trafazer um militância porque o te empreendedora tomou conta. Eu tenho uma balho ligados à saúde meu corpo é político, e produtora, que é a Nobel Produções Artísticas, então uma cliente me chamou para fazer uma tudo que a gente faz é mental e transtornos serenata na época de pandemia. Eu falei assim: “não vou fazer uma serenata na janela, vamos porque eu tenho transpolítico, mas não vou fazer digital porque aí fica para sempre e a gentorno ansiedade colocar isso sempre no te pode colocar fotosde de vocês, colocar um uma gefala sua”, e ela topou. Então esse meu lado em- meu texto.” neralizada e percebo preendedor viu essa potência nisso e pensei: Para responder essa pergunta vou usar o “vou fazer serenata queonline”. é uma coisa que lema do “Baile Preto”: diversão, ancestralidade Quando eu me lancei essa serenata online muita ede prende muito denúncia, É também o lema da minha vida argente viu e começou a me convidar. Não eram tística. Diversão porque eu quero que as pessoas existir vários shows, como a gente enquanto fazia, mas no perí- arse divirtam, eu quero que elas cantem junto, que odo que a gente estava, em que as pessoas esta- elas pulem, quero que elas tomem uma cerveja tistas, me impede de vam sem dinheiro nenhum, foi uma coisa ma- ouvindo o meu som e curtam, mas quero que guém, porque eu vivia de show. Toda minha renda vinha de shows e trabalhos fotográficos como modelo. Acabaram os shows e começou o desespero, até você entender o que é que poderia ser feito.

ravilhosa. Eu fazia as serenatas e, a partir delas, fui fazendo adaptações, oferecia uma serenata virtual ao vivo, ligar de vídeo para pessoa, fiz vários Dia das Mães, aniversário, fazendo mais barato e ainda assim construindo arte, alegrando a vida das pessoas nessa quarentena.

exista denúncia sempre, porque eu não tenho como subir no palco e no backstage alguém ter sido racista comigo e eu não tocar nisso.

Quando eu tô no palco eu sou a cantora, eu sou artista, quando eu tô na rua eu sou qualquer mulher preta, então essa sempre vai ser Seus trabalhos são sempre permeados por minha vida e essas coisas sempre vão ser imporrepresentatividade negra. É algo importante tantes para mim porque eu sempre vou passar e necessário para o seu desenvolvimento ar- por isso. Nós vivemos nessa sociedade, estamos tístico? em processo de desconstrução, mas isso é uma coisa muito importante para mim. Então, se eu escrevo sobre a minha vida, não tem como não pontuar em algum momento isso em alguma canção.

Clique e confira o clipe “Estamos Bem” de Luiza Nobel

Eu não vou dizer que meu trabalho é só sobre militância. É sobre militância porque o meu corpo é político, e tudo que a gente faz é político, mas não vou colocar isso sempre no meu texto. Todos os meus processos artísticos acabam sendo políticos, mesmo quando eu falo de afeto, porque nenhum afeto está à parte das relações de poder. Se eu namorar uma menina branca, eu sempre vou ser uma menina negra namorando uma menina branca, vai ser sempre uma questão pra mim.

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A beleza de ‘enxergar’o som

Foto: Yago Fernando

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parceria entre a música e o audiovisual já vem de longa data e alcançou o auge na “Era de Ouro” dos videoclipes nos anos 80. Fomos presenteados com produções inesquecíveis, como “Take on Me”, da banda Aha e “Thriller”, de Michael Jackson, que mesmo após quase 40 anos ainda é lembrada pela encenação e coreografia icônicas, servindo de referência e inspiração até os dias atuais. No Brasil, os clipes musicais já se tornaram uma verdadeira tendência e são tão aguardados pelo público quanto o lançamento de novos singles.

clipe inspirado nos sentimentos de quem viveu a reclusão social. Apesar de não ter acesso a cenários, figurinos e grandes verbas, como ocorre nas produções cinematográficas, a cantora driblou as dificuldades, através do universo online.

“A produção da música foi prova de que é possível fazer arte usando a criatividade e apropriando-se das tecnologias que cada um tem ao seu favor. Como artista independente, afirmo que o meio digital é fundamental para nossa autopromoção. É a forma mais justa que existe de expor nossos projetos tendo acesso livre para quem procurar”, explica.

O clipe gravado em casa, com recursos limiAcompanhando essa trend do universo ar- tados e muito improviso, buscou falar da quatístico, a cantora e compositora, Paula Aragão, rentena de um jeito mais leve, trazendo um resolveu produzir o “Melô da Pandemia”, video- pouco de graça à situação. “Mesmo antes da 36 36

“Como artista independente, afirmo que o meio digital é fundamental para nossa autopromoção. É a forma mais justa que existe de expor nossos projetos tendo acesso livre para quem procurar” covid, esse cenário de investimento em produções audiovisuais já era tendência. Tornou-se raro presenciar o lançamento de um single sem um videoclipe, sem uma identidade visual forte e sem um plano de marketing integrado, por exemplo. Essa nova maneira de escutar música se intensificou mais ainda nesses tempos, por conta do distanciamento social”.

Seguindo este cenário, a cantora Ayla Lemos desenvolveu o show virtual “Silêncio”, resultado de um processo de catarse sonora e poética sobre as emoções dentro da pandemia. “As canções carregam o sentimento de solidão e solitude, partindo dessa construção do aspecto de entender um corpo que se sustente apenas com sua própria presença”, comenta.

Sobre os desafios de realizar uma performance audiovisual nessas circunstâncias, Ayla se mostra ponderada e otimista. “Sempre vou ser a favor das produções presenciais, mas na nossa atual realidade precisamos entender que vidas estão correndo risco. Acredito que o meio digital já era fundamental muito antes da pandemia, agora está sendo mais ainda. Confesso que estou tentando me adequar a esses engajamentos nas publicações para divulgar os trabalhos. É uma ciência”, ri a artista. “Mas a junção de outras linguagens artísticas sempre deixará a obra mais potente para alcançar pessoas”, complementa.

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Clique e confira o clipe “Melô da Pandemia” de Paula Aragão

Foto: Yago Fernando

Clique e confira o canal de Ayla Lemos no Youtube

Foto: Joelia Braga

Clique e confira o clipe “Valise - A história o meu nome” de Orlângelo

O musicista Orlângelo, que também é compositor e intérprete, utilizou a produção audiovisual como válvula de escape durante o distanciamento, aproveitando para liberar a criatividade. “Ano passado, uma das formas que eu encontrei de suportar a pandemia foi justamente gastando energia na produção de videoclipes. Eu consegui lançar cinco singles do meu trabalho autoral, cada um acompanhado de um clipe. Tem sido uma coisa muito prazerosa investigar essa linguagem da câmera e a relação com a música e com o som”.

O cenário de pandemia também exigiu de Orlângelo muita adaptação para continuar entregando arte com o padrão que desejava. “Eu nunca tive rede social, minha primeira foi o Instagram e percebo que ele recebe muito bem conteúdos audiovisuais, então eu passei cada vez mais a fazer produções, às vezes mais caseiras, outras mais profissionais, com a colaboração de parceiros. Eu não sou do audiovisual, mas estou aprendendo. Tive que comprar equipamentos, luz e estou pensando em comprar um celular melhor ou uma câmera”

“Eu consegui lançar cinco singles do meu trabalho autoral, cada um acompanhado de um clipe. Tem sido uma coisa muito prazerosa investigar essa linguagem da câmera e a relação com a música e com o som”

que deve compor uma apresentação musical futura. “Já estou pensando em montar um espetáculo para apresentar essas músicas em formato híbrido, que tanto sirva para o presencial como em formato digital. Tenho estudado muito como dialogar com a tecnologia para vencer algumas barreiras, são muitos detalhes para ter O cantor vem trabalhando em um novo sin- qualidade”. gle intitulado “Valise: A estória do meu nome”, 38 38

Outra produção que ganhou destaque no último mês foi a apresentação do “Show Espetáculo Negra Voz”, que reuniu covers de grandes nomes da música brasileira em um espetáculo composto de canções e textos que permeiam o universo das mulheres negras. Uma das criadoras do projeto é a cantora e atriz, Mariana Costa.

Ela encontrou no audiovisual a possibilidade de juntar as duas artes com as quais mais se identifica. “A ideia surgiu como forma de exercer o meu protagonismo feminino negro por meio da arte, que é a maneira que eu me expresso pro mundo, sempre agregando o teatro com a música, que são duas coisas que eu me identifico bastante”, comenta.

Para a cantora, a presença digital deve continuar em destaque e é uma aposta para o futuro.

“Nesse ano de 2020, onde tudo mudou por conta das pessoas não poderem sair de casa, tudo foi adaptado a esse formato online. Apesar de agora já termos a vacina, acho que é uma coisa que vai perdurar algum tempo”, diz. “Investir em produções audiovisuais no mundo online é uma boa, seja como divulgação do seu trabalho ou exposição de conteúdo. Isso vai atingir pessoas de muitos lugares, de várias idades e gênero, esse meio da Internet é muito interessante por isso. A pessoa pode assistir de casa, pode assistir depois, quando fica salvo, e ainda pode ver quantas vezes quiser. É um grande mercado que tem crescido cada vez mais”, finaliza Mariana.

“Investir em produções audiovisuais no mundo online é uma boa, seja como divulgação do seu trabalho ou exposição de conteúdo. Isso vai atingir pessoas de muitos lugares, de várias idades e gênero” 39 39

Clique e confira o trabalho de Mariana Costa

CRÍTICA

Criar, transformar, fazer viver

Foto: acervo pessoal

Diego Barbosa*

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ua Maranguape, 385, Parque São Vicente, Fortaleza. Abreviado entre residências de teto baixo e muros sem reboco, localiza-se nesse endereço um espaço cravejado de possibilidades. É onde funciona a sede do Grupo Produtivo CRIART, formado em 2008 e atuante até hoje.

Composta apenas por mulheres, a agremiação é tema de uma das mais recentes publicações em livro da cidade, “O céu é o limite - Uma história real de empreendedorismo”.

Isso porque, para além de toda a parte introdutória, o livro adquire uma feição valiosíssima ao priorizar os relatos das mulheres, referenciadas na obra por cores ao invés de nomes – carinhosa maneira de preservar suas identidades, dada a especificidade das descrições. Também ganham espaço as falas dos maridos, filhos e de jovens que estreitaram o contato com o CRIART. Estes, frutos concretos da iniciativa, são referenciados com o nome de flores.

Não à toa, uma palavra que bem descreve a trajetória do grupo é força. Todas são mulheres que encontraram na sororidade, na arte e no desejo de transformação a mola-mestra para dar novo sentido às relações interpessoais – seja no microcosmo de seus lares, seja em meio à sociedade. Ousadas porque desejosas de mudança, elas ensinam, bordam, organizam feiras, elaboram projetos, cultivam o feminismo, combatem o racismo, conversam. Vivem.

A obra tem autoria de Ana Lúcia Marques de Souza, pedagoga, teóloga e assessora político-pedagógica na Diaconia, instituição sem fins lucrativos de inspiração cristã. Gestado de forma independente, o exemplar contorna desde o surgimento do grupo até como as integrantes ressignificaram a própria vida a partir dele. Nas linhas e entrelinhas, predominam densas camadas de afetos, reflexões e vontades de lonjura.

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“Todas são mulheres que encontraram na sororidade, na arte e no desejo de transformação a mola-mestra para dar novo sentido às relações interpessoais – seja no microcosmo de seus lares, seja em meio à sociedade.”

Mais que isso: elas fazem viver, algo cada vez mais escasso num panorama de individualismo, morte e crise em amplas frentes. A obra retrata essa questão de modo muito enfático e belo, compreendendo que é preciso cada vez mais rompermos as amarras que nos prendem ao nosso próprio círculo de ações e olhares. Partir, assim, para o encontro que edifica, trabalhando deficiências, aperfeiçoando talentos, multiplicando quereres e dizeres.

Com um singelo trabalho editorial – reflexo do desejo de, mesmo na simplicidade, registrar a história do grupo em brochura – o livro nos faz, ao término da leitura, olhar para o céu e contemplá-lo como metáfora de algo maior que ele mesmo: tanto pode ser o limite de que falam as mulheres do CRIART, como também lugar de partida para voos ainda mais abrangentes.

Um impulso que se eleva em afagos, diálogos, poderosas metamorfoses.

*Diego Barbosa é jornalista e pós-graduando em Literatura, autor do livro “Cartas na estrada - Histórias de vida de carteiros”

SERVIÇO “O céu é o limite - Uma história real de empreendedorismo” de Ana Lúcia Marques de Souza Independente 2020, 92 páginas R$ 40 (incluso envio pelos Correios + marcador de página exclusivo da Frida Khalo, confeccionado pelo Grupo Produtivo CRIART) Interessados em adquirir o livro, falar com Cristina Nascimento. Contato: (85) 98622-5077

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Acessa aí!

Confira a nossa curadoria de apresentações, shows, podcasts e muito mais! Aproveite os trabalhos dos artistas clicando nas imagens desejadas.

Antes do início

Primeiro single do disco “Ensaio sobre o Tempo”, do cantor e compositor Italo Azevedo, reflete sobre memórias, afetos, começos e reais pertencimentos.

Profunda, contemplativa e inspiradora, a música é ilustrada por uma versão audiovisual dirigida por Luiz Mendes.

Disponível em todas as plataformas digitais e com videoclipe no YouTube Instagram: @italomazevedo

Tráfego Hotel

A Tráfego Hotel é uma banda de Rock Alternativo/ Indie Rock formada por 4 amantes da música e trazem nos seus arranjos, influências variadas. Em 2020, a banda lançou seus 3 primeiros singles. Para esse ano, a banda prepara a produção de um EP/ Álbum 100% independente com faixas inéditas.

Disponível em todas as plataformas digitais Instagram: @trafegohotel

ELA

A música “ELA”, composta pela cantora Paula Aragão em parceria com seu irmão Gabriel Aragão da banda Selvagens à Procura de Lei, questiona os padrões estéticos ditados pela nossa sociedade.

“ELA” é uma canção composta de ritmo envolvente e dançante, com batidas eletrônicas e efeitos sonoros que lhe dão uma roupagem bem contemporânea.

Pré Lançamento do clipe no dia 30 de janeiro, às 16h, no Youtube 42 42

Divas in Reggae Com o intuito de prestigiar e valorizar grandes mulheres da música mundial e ainda levar alegria para as pessoas em casa neste momento tão difícil, a Nativa Reggae Band preparou um show único.

Abrangendo grandes sucessos da música brasileira e internacional, o repertório mistura clássicos do pop, rock, blues e reggae que ficaram eternizados nas belas vozes de mulheres como, Cindy Lauper, Beyoncé, Rihanna, Adele, Amy Winehouse, e muitas outras. O show é apresentado no formato de live e tem duração de 2h.

Disponível no canal do Youtube.

Instagram: @nativareggaeband

Festival Cultural Favela no Topo

Com objetivo de promover a imagem de comunidades como geradoras de talentos culturais, o Festival Cultural Digital - Favela no Topo com a participação de artistas da cena musical do funk e do rap de Fortaleza. O evento aconteceu através de transmissão ao vivo gratuita no canal do youtube da Mattos Produções, coletivo cultural organizador do projeto.

Disponível no canal do Youtube Instagram: @mattosproducoes

Live de estreia da Banda Azibô

A Banda Azibô, filhos da terra, fará sua primeira apresentação para o público cearense. O repertório, conta com belas composições cearenses: Noite Azul (Pingo de Fortaleza, Paraíba e Augusto Moita) e Sujeito de Sorte (Antônio Carlos Belchior, Eduardo dos Santos Balbino). Serão músicas nacionais (Seu Jorge, Sandra Sá, Ivete, Skank) e internacionais.

Live no dia 30 de janeiro, às 17h no Instagram oficial @bandaazibo 43 43

Por um triz

A banda Apollo 85 lança o seu primeiro single: “Por um Triz”, fazendo referência ao programa espacial Apollo 1. A música é a primeira das várias canções a serem lançadas neste ano, com produção do também cearense Matheus Brasil (ou MattB).

A proposta da banda é lançar também seu primeiro EP ainda em 2021, sendo distribuído para todas as plataformas de streaming digital.

Disponível em todas as plataformas digitais.

Instagram: @apollo85banda

Podcast Sinestesia

O podcast Sinestesia convida o outro a sair do lugar-comum e a despertar reflexões. Cotidianamente, pessoas com deficiência tendem a ser invisibilizadas pela mídia e pela correria urbana. Como se sentem representados(as) em meio às apropriações midiáticas, sensoriais e sociais? O “Sinestesia” trata sobre questões de acessibilidade na arte, na vida e na comunicação

Disponível no Spotify Instagram: @sinestesianoar

E pode, Casting?

O EpodeCasting? tem o propósito de gerar questionamentos sobre asuntos que estão presentes em nossos cotidiano e muitas vezes enraizados. Essa discussão se dará por pontos de vistas bem distintos, considerando que a composição do podcast é feita por três atrizes com vivência e lugares de fala distintos. Nos 5 primeiros episódios, o podcast discute sobre o universo da profissão artística, trazendo junto uma radionovela como exemplificação das conversas.

Disponível nas plataformas digitais Instagram: @epodecasting

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A menina e o Gênio das Lamparinas A Menina e o Gênio das Lamparinas é um espetáculo pensado para todas as idades, como foco em crianças e adolescentes. A peça aborda, de forma lúdica e poética, a trajetória de autoconhecimento e empoderamento de uma menina negra, que tenta seguir os padrões estéticos midiáticos.

Disponível em podcast no Spotify.

Instagram: @jacaene

Projeto N. 008

O Projeto N. 008 está sendo desenvolvido pelo diretor e coreógrafo cearense Anderson Carvalho e consiste em uma série de vídeos curtos que reinventam o encontro e a troca artística frente às restrições de aproximação e medidas de isolamento devido à pandemia da covid-19. O projeto acontece virtualmente e une artistas de diversas linguagens, como a dança, música, moda e audiovisual, e de diversas partes do mundo, para levar uma mensagem conjunta da arte como um poderoso veículo de comunicação e transformação.

Apresentações no dia 28/01 e nos dias 04 e 11 de fevereiro Instagram: @andrsoncarvalho

Algoritmo

Performance desenvolvida pelo dançarino e circense Keven Rocha, “ALGORITMO” parte do desejo de hibridizar a criação do circo com a linguagem da dança. A ideia nasceu do desejo de aprofundar os olhares aos riscos que corpos negros e LGBT’s enfrentam na atualidade e aos antolhos que a sociedade machista e conservadora impõe a esses corpos dissidentes, limitando as possibilidades de ser/existir e até o conhecimento do próprio corpo.

Disponível no Youtube Instagram: @algoritmoo 45 45

Nó - Um corpo que reza e dança “Nó - um corpo que reza e dança” é um desdobramento do espetáculo Nó (2019), onde o artista Edivaldo Batista desenvolve ações de reza e benzimento em si. As ações são realizadas dentro de casa e algumas partes partilhadas com público por meio de registro de vídeo postado no IGTV. Um corpo que reza é também um corpo que dança e cria pontos de força.

Trabalho disponível no Instagram @edivaldobatistaator

Amor Inocente

Amor Inocente é um filme de curta metragem que se passa nos anos 80. O curta conta a história de um jovem puro com uma mãe superprotetora, que descobre seu primeiro amor. A história contém um drama romântico com uma pitada de comédia. O curta tem direção e roteiro de Elias Mendes e produção de Liezio Gomes.

Disponível no Youtube Instagram: @lieziogomes10

Rádio Galhofo: Temporada na Minha Casa

O Grupo Galhofo lança o podcast ‘’Rádio Galhofo: Temporada na Minha Casa’’, um trabalho voltado inteiramente para a criança e sua família O podcast tem como objetivo estimular a criatividade e a noção de autocuidado para a criança durante o período de isolamento. O trabalho contará com uma versão em vídeo com tradução em Libras, no Youtube.

Disponível nas plataformas digitais e canal no Youtube nos dias 10, 11, 12 e 13 de fevereiro Instagram: @grupogalhofo 46 46

Eu, Nós e A Casa

A série de vídeos Eu, Nós e A Casa é um projeto desenvolvido por Arthur Moreira, Gondim e Raireno Maciel que fala sobre as saudades em meio a um tempo de isolamento e sobre a relação não apenas com o outro, mas com o nosso habitar no espaço físico e em nós mesmos. O projeto explora as histórias já existentes dos locais onde vivem; escrevem as histórias presentes que traçam; e imaginam, juntos, as diversas possibilidades para as histórias futuras.

Disponível no Instagram oficial @eunoseacasa

Isso fala por mim

A partir de vídeos capturados em momentos da própria vida, a artista Raissa Starepravo busca traduzir sensações de textos, escritos por ela ou de terceiros, em narrativas que nos fazem refletir sobre a vida, propósitos, lugares e experiências.

Disponível no Instagram oficial @issofalapormim

Forja

F O R J A ergue território a partir de vivências e laboratórios em mitologias afro-ameríndias, partindo de uma cosmogonia preta y ancestral, numa tecitura de poética e ritualizado com símbolos y memórias de corpo que performa uma dramaturgia sedimentada em si mesma, singular, pessoal e comunitária, atemporal y memorial. Uma performance forjada na investigação da gestualidade y ritos que contam histórias ancestrais, que forja um rito cênico pessoal, forjando la performer. O projeto tem pesquisa e criação de Daniel Noronha e conta com tradução em Libras.

Disponível no Youtube Instagram: @performanceforja

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As cartas que eu não mandei

As Cartas que eu Não Mandei é uma intervenção poético-urbana do que poderia ter sido e não foi, do que poderia ter sido dito, mas não foi dito.

O projeto cultural, criado na cidade de Fortaleza, transforma cartas/frases/mensagens em lambes a serem espalhados pela cidade e postados em exposição virtual no Instagram. A proposta convida interessados a contribuir com o repertório da intervenção, compartilhando cartas não enviadas, saudades empoeiradas, mensagens apagadas ou sentimentos esquecidos que serão espalhados pela cidade no formato de lambe.

Disponível no Instagram @ascartasqueeunaomandeioficial

As raposas

“As raposas” é uma obra de cunho dramático-auditivo. O texto é escrito por Yago Barbosa e tem no elenco Katiely Passos, Jéssica Alves, Nádia Camuça, Jaene Pinho e Mirlla Araújo. “As raposas” conta a história de uma aldeia, perdida entre os bosques, em um tempo indeterminado, na qual após um homicídio, um grupo de mulheres é trancafiado dentro de um templo do povoado, pois acredita-se que entre elas há uma entidade, a raposa. A disponibilização do audiodrama é um estímulo à produção de conteúdo sonoro por parte de artistas profissionais das artes cênicas

Disponível a partir do dia 29 de janeiro no Instagram @as__raposas

Banquete Literário

Versando sobre a gula na literatura e na vida, Larissa Ribeiro e Rebeka Lúcio te convidam a degustar sabores e saberes no podcast Banquete Literário.

Disponível no Spotify e Anchor Instagram: @banqueteliterario

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Vitrine @carlotacria

Idealizada por Bruna Richelly e Fabiane Moreira, a Carlota veio ao mundo para trazer vida! Além de produzirem vasos reciclados de concreto e isopor, cinzeiros, porta-incensos e macramês, as artistas levam luz e alegria para os mais variados espaços com plantinhas e jarros decorados que fazem toda a diferença no ambiente.

@dimana_maos.de.arte

Seja roupa, acessório ou objeto de decoração, as criações em crochê da Dimana - Mãos de Arte são verdadeiras obras primas! Na descrição da artista, Claudia Moreira, “Dimana é resultado de mãos que criam, que guiam, que se sustentam, que se fortalecem. É experimento e realização”.

@pedepano.escola

Além de oferecer cursos e videoaulas no universo das artes, o grupo Pé de Pano, integrado pelas artistas Thayane Reis, Maria Castro e Danielle Tavares, também disponibiliza produtos, como caderno de bordado, camisas e kits para quem deseja iniciar essa experiência.

@bordaelo

Francieli Torres aprendeu a arte de bordar com o pai e fundou a BordaElo como forma de ter um trabalho que lhe desse sentido e propósito. Hoje a bordadeira produz chaveiros, colares, pulseiras, além de bordados em fotografia e aquarela.

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