Revista malagueta 03

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ANO I - Nยบ 03 - NOV/DEZ DE 2016




Capa: Agência MV2

Juliano Mendes da Hora

ÍNDICE

8 CONVERSA TEMPERADA Divulgação

Rivandro França busca o melhor do regional mesmo Cozinhando Escondidinho

20 NOSSA CAPA Tire proveito integral dos alimentos, economize e leve sustentabilidade à mesa com muito mais sabor e saúde

12 O PÃO QUE NUTRE O pão ganha novas configurações e exige um trabalho mais elaborado na sua produção

6 COISAS DE COZINHA 16 DESPENSA 18 DICAS E TRUQUES 27 CERVEJA E TAL 34 PRA LER 38 ADEGA 40 BEBIDAS & DRINKS 46 PITADAS 50 SABOR CULTURAL 56 DOCE VIDA

EXPEDIENTE

W’editora

ANO I - Nº 03 - NOV/DEZ DE 2016 A Revista MALAGUETA é uma publicação bimestral da Walter Lins Pinheiro Júnior Editora - ME. Empresarial One Way, Rua Guimarães Peixoto, 75, sl 202. Casa Amarela, Recife-PE. CEP: 52051-200. Fone: (81) 3426.6144

DIRETOR EXECUTIVO Walter Lins Jr: walter@revistamalagueta.com.br REDAÇÃO Ivelise Buarque e Juliano Mendes da Hora: redacao@revistamalagueta.com.br

EDITORA Luciana Torreão: redacao@revistamalagueta.com.br

DESIGN Bruno Regis: producao@revistamalagueta.com.br

COLABORADORES Amanda Ferreira, Dan Coutelo, Goretti Santana, Juliana Lopes, Taciana Antunes e Talles Ruan

revistamalagueta.com.br

Os textos e artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da revista. Participe da Revista MALAGUETA pelo e-mail: redacao@revistamalagueta.com.br

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EDITORIAL

Repensando nossas escolhas e história cheia de emoções que fizeram o Menino dos bombons ser chef revelação e exímio representante da gastronomia pernambucana por este Brasil afora. E temos muitas outras matérias crocantes e quentinhas para serem degustadas, como a dos pães artesanais ou a da importância do visual dos pratos. Pode se deliciar com nossas reportagens e deixe o tempo passar. Se quiser compartilhar experiências, entre em contato conosco e a gente bate um papo legal sobre ideias e experiências. Suas sugestões de pautas também serão sempre bem vindas, é só mandar um e-mail: luciana@revistamalagueta.com.br. Enfim, é isso, até a próxima, feliz Natal, feliz Ano Novo e até 2017!

Luciana Torreão, jornalista e editora Juliano Mendes da Hora

O

lá, leitor! Chegamos ao nosso terceiro número. Mais especial do que nunca, pois agora estamos com edição impressa. Perfeito para quem tem um verdadeiro prazer em sentir aquele cheirinho de novo e levar sua revista para todo lugar. Mas também temos a opção para quem prefere ler tudo no tablet, no smartphone ou mesmo no seu computador através do issuu.com/revistamalagueta. Como sempre, trazemos uma revista cheia de afetividade, receitas fáceis e muito comfort food.A começar pela nossa capa, que mostra como é possível levar sabor e sustentabilidade à mesa e ainda ajudar o planeta. Sem falar que reaproveitar os alimentos de forma correta deixa os pratos mais nutritivos e alimenta quem precisa, ao invés de desperdiçar e mandar ao lixo. Nosso repórter Juliano Mendes da Hora conversou com pessoas que fazem acontecer e sabem utilizar talos, cascas e sementes em pratos bastante saborosos. Como é o caso da Regina Tchelly, do projeto “Favela Orgânica”, que ampliou seu olhar e desenvolveu pratos tão inesperados quanto deliciosos, com uma proposta que rende pratos de fácil acesso às pessoas. Eu mesma sou adepta deste tipo de iniciativa e procuro sempre utilizar os alimentos integralmente. Coloco tudo em uma sopa, em um refrescante suco verde ou transformo algumas sementes em apetitosos petiscos. Estou sempre experimentando.Tudo é muito simples, basta ter boa vontade. Ao final da nossa matéria sugerimos algumas receitas e colocamos o link para você baixar uma publicação do Sesc Mesa Brasil. Já em nossa Conversa Temperada, o midiático e divertido chef Rivandro França contou um pouco de sua marcante trajetória

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COISAS DE COZINHA CONJUNTO DE PANELAS MALAGUETA CEREJA Esse conjunto de panelas da Brinox dá charme e cor a qualquer cozinha. Na cor cereja, a linha Malagueta ganha destaque com peças práticas e versáteis. Com revestimento antiaderente, utilizam menos óleo no preparo dos alimentos e são mais fáceis de limpar. A estrutura em alumínio dissipa melhor o calor, cozinhando os alimentos mais rapidamente e por igual - além de poupar energia. Os cabos são em soft touch, facilitando o manuseio. As tampas em vidro temperado com saída para o vapor permitem observar o preparo do alimento. O conjunto de sete peças contém duas caçarolas, duas panelas com tampa, uma frigideira, um grill e um fervedor. Onde comprar: www.brinox.com.br

valor médio ,00

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PORTA COPOS BOLACHA CRACKER Em casa ou no trabalho, que tal proteger os móveis e usar um descanso para copos de forma divertida? Estes da marca YAAY! decoram a mesa e fazem uma graça em qualquer lugar. O kit contém quatro porta copos em formato de bolachas cracker, um com geleia, um com manteiga e dois só bolachas. Cada porta copo mede 9 x 9cm e possui base emborrachada antiderrapante. E ainda é uma excelente opção para dar de presente ou amigo secreto. Onde comprar: www.hmmm.com.br

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DESCASCADOR DE LEGUMES EM ESPIRAL Já pensou em trocar o macarrão de trigo por um de legumes? Ou que tal fazer pratos criativos, sofisticados com formato diferente? O descascador espiral funciona de maneira bem simples, é só inserir a cenoura, a abobrinha ou legume de sua preferência no interior e girar. Ele funciona tal qual um apontador de lápis, onde os vegetais saem no formato de fitas (espaguete) pela extremidade do descascador. Na cor preta, possui design anatômico. É feito em plástico e aço inox. Altura: 14cm e diâmetro: 5,5cm. Onde comprar: www.extra.com.br/

valor médio ,00

| R$25 6


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CONVERSA TEMPERADA

O menino dos bombons cresceu Por: Ivelise Buarque Fotos: Juliano Mendes da Hora

Na nova casa, em um dos salões, reproduziram uma parede empolada criada por seu pai, Ricardo, em sua primeira moradia no Recife

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Oh de casa, Oh de fora...” ao som da trilha musical “Tampa de Pedra”, de Santana, no Cozinhando Escondidinho, na Rua Conselheiro Peretti, em Casa Amarela, os clientes são recebidos pelo chef Rivandro França com largo sorriso. Paramentado a caráter com chapéu de couro, ele dialoga com o espírito aconchegante da casa, que com sua rústica ambientação, já anuncia as delícias que podem ser encontradas ali para quem chega. Mais do que um cardápio com o

puro sabor nordestino, revisitado com algumas leituras próprias, o restaurante criado há cerca de seis anos pelo “menino do bombom” (como ficou conhecido no cenário por muito tempo), nasceu de um “plano B”: Rivandro começou sua jornada na gastronomia como uma chance de obter uma renda complementar, e hoje ela é a protagonista de sua vida profissional. Tanto que o seu estabelecimento tornou-se um dos mais renomados do Estado.Agora, ele expande seu


negócio, mudando do primeiro andar do número 106, com 82 lugares, para o 70, com quase 100 lugares. Rivandro começou numa casinha com 30 lugares e depois ficou por muito tempo no primeiro andar. Mas continuava irrequieto. “Agora estamos com novo ambiente, que conta com área de espera, espaço para crianças, acessibilidade e várias outras novidades que antes não tínhamos. Temos cozinha mais organizada do que anteriormente, com mais espaço e sistematização com melhor padronização para realização do serviço. Sem falar que a equipe está mais madura.Tudo isso parece uma coisa boba, mas é muito importante levando em consideração como a nossa história começou”, diz orgulhoso. Para o jovem cozinheiro, que começou sua reconhecida trajetória nas panelas para ajudar uma amiga e também incrementar a renda familiar, essas que podem parecer mudanças simples para alguns, são grandes transformações num contexto geral. Mas que, ainda assim, mantém o cerne da sua filosofia de vida, empresarial e de chef. “Não estamos falando de milhões de reais, mas de milhões de ideias. Depois de cinco anos na cozinha, rasgando na pele e crescendo na cozinha, conseguimos não só olhar para um fogão de seis bocas, mas imaginar tudo o que podemos fazer com esse fogão de seis bocas. É um acréscimo de infraestrutura na qual conseguimos ver hoje um forno combinado ao invés de um forno elétrico”, enfatiza satisfeito com os resultados e as novidades que chegam com a nova casa. Toda essa liberdade traz a responsabilidade e o desejo de pertencimento que o dono da casa deseja implantar em cada membro de sua equipe, que é agora uma grande força para demais surpresas que prometem vir por aí. Contudo, embora as transformações levem o seu Cozinhando Escondidinho para novo patamar, a grande preocupação continua a ser a oferta da cozinha tipicamente regional com DNA próprio, cheio de sabor e surpresas, e mais do que isso: uma cozinha que mantenha o olhar da família quanto a comida nordesina caseira e resgate assim suas lembranças da infância.“Eu

fui criado dentro da cozinha. Há 40 anos meu pai veio ao Recife para ser cozinheiro, e isso incutiu em mim um prazer em cozinhar. E você consegue imaginar um homem cozinheiro em casa de família naquela época? Então, eu cresci vendo o meu pai cozinhar, mas ao meu redor havia muita gente dentro da área de saúde. E eu mesmo era técnico de enfermagem e, para meu pai, eu iria seguir aquela carreira”, lembra. Com o passar do tempo, o que era doce virou salgado e evoluiu para um cantinho de degustação e experimentação que conquistou o paladar de grandes nomes da nossa cena gastronômica (como Claudemir Barros do Wiella Bistrô, Duca Lapenda do Pomodoro Café e Joca Pontes do Ponte Nova). E daí surgiu toda uma nova combinação de sabores, gostos e interesses que foram além das expectativas iniciais, tomando a forma do atual Cozinhando Escondidinho. O espaço congrega ainda uma clara homenagem aos pais e a família que abraçou conjuntamente com ele a concretização deste sonho compartilhado. Na nova casa, os pais e o irmão Carlos reproduziram em um dos salões parede empolada criada pelo pai Ricardo em sua primeira moradia no Recife ao migrar da Paraíba, sua terra natal em 1973.

“Há 40 anos meu pai veio ao Recife para ser cozinheiro, e isso incutiu em mim um prazer em cozinhar.”

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CONVERSA TEMPERADA

Chef Rivandro: Em tudo a que me proponho a fazer, eu busco o meu melhor.

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Apesar da preocupação inicial do pai de que as panelas não proporcionassem a vida que almejava para o filho, a vocação falou mais alto e não decepcionou a família, companhia constante que contribuiu para o crescimento das ideias e para a concretização de cada conquista alcançada.“Um dia cheguei a ele e o entreguei uma placa que ganhei que não dava para entender bem o que estava escrito, mas que significava um marco sensacional. Cheguei para ele e disse: pai, isso aqui diz que seu filho é chef revelação do Brasil. Mesmo sem entender muito o que era, ele só chorava. E isso foi uma grande conquista, uma vez que tantos ficaram apreensivos quando resolvi deixar a enfermagem”, recorda. Naquela época, em meio as comemorações de apenas três anos de casa, o chef já alcançara importante reconhecimento do Guia 4 Rodas e que ainda acumulara o Prêmio Revelação no Veja Recife – Comer & Beber 2011. De certa forma, o reconhecimento pelo investimento em um restaurante para chamar de seu trouxe o alívio aos pais que mantiveram longo histórico em seus empregos. “No emprego em que meu pai trabalhava, o coronel arranjou para ele trabalho como vigilante, depois ele passou a ser porteiro e aí ele continuou neste cargo por lá no Osvaldo Cruz, por 40 anos. Minha mãe também foi trabalhar lá no hospital como costureira e se aposentou ao completar 36 anos de serviço. Então, essa coisa de se dedicar fez toda diferença para mim, quando escolhi me focar

na cozinha. E para mim faz todo sentido ter essa vontade de crescer, de fazer as coisas com prazer e transformar a comida”, diz ele que enfatiza não ser melhor do que ninguém: “Em tudo a que me proponho a fazer, eu busco o meu melhor”. E essa vontade de crescer foi o que instigou esse cozinheiro de 38 anos a aderir à verdadeira vocação e expandir os horizontes das panelas para diversas vertentes: chef, consultor, empresário e chocolatier. Além disso, o habilidoso Rivandro transformou sua investida inicial (que funcionava antes como um pequeno negócio ambulante) numa marca ativa e atuante de chocolates, chamada “Sabor do Nordeste”, que é especializada em deliciosos bombons em formato de trufas nos mais diferenciados sabores (como batata doce, milho verde, jaca), com destaque para o de macaxeira, um dos seus carros-chefes. “O chocolate é uma paixão que eu tenho, e foi o chocolate que começou tudo. Então, vamos agora transformar esta antiga unidade do restaurante em um museu fábrica dos bombons: o Museu de Chocolate do Menino do Bombom, na qual teremos a produção normal dos nossos doces, durante a semana. Mas, no final de semana, manteremos o espaço à disposição para visitas para quem quiser conhecer a fábrica. Numa parceria com o bolo de rolo Sabor da Casa, será expandida a venda da produção de bombons em lojas e quiosques de vários aeroportos do país como nas cidades de Natal, Maceió,Aracajú e Maranhão.

SERVIÇO RESTAURANTE COZINHANDO ESCONDIDINHO Rua Conselheiro Peretti, N° 70, Casa Amarela. Fone: (81) 3451.0599 /98618.6781 Funciona de quarta a domingo, das 12h às 16h.


ARRUMADINHO DE FRANGO COM BATATA DOCE INGREDIENTES 300g de coxinha da asa (frango) 300g de batata doce em rodelas cozida 100ml manteiga de garrafa Coentro Pimenta biquinho 02 cebolas 30g de coloral 100ml e รณleo de soja 02 dentes de alho triturado MODO DE PREPARO Refogue as cebolas, alho e coloral em รณleo aquecido, em seguida juntar as coxinhas de frango e deixar fritando em fogo baixo. Adicione manteiga de garrafa aos poucos conforme o frango estiver fritando. Espere o frango dourar e acrescenta as batatas doces, coentro picado e deixa por mais cinco minutos. Retire do fogo, ponha em prato grande e sirva decorado com pimenta biquinho.

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PÃES ARTESANAIS

O pão que nutre e agrada ao paladar Por: Ivelise Buarque

A

Gabriel Duarte Meira, formado em Direito, entrou na panificação com pães FIT

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s lembranças de infância me remetem ao cheirinho delicioso do pão quentinho saindo dos fornos da Padaria e Confeitaria Vera Cruz, na Boa Vista, na qual sempre poderia me deliciar com alguma gostosura. A panificadora permanece intacta mostrando que, assim como o pão, a tradição pode resistir ao tempo. Simples, elaborado, fortificado, ele reina na mesa da

família pernambucana e, nos tempos modernos, impera com muito fervor com o resgate do conceito artesanal. Com isso, estamos vivendo um momento em que o diferente é trazer referências culturais, destacando-se da cozinha até a prateleira do público recifense, ávido por novas experiências e sabor. “O pão artesanal é aquele que você manipula bastante, mas no qual você usa na massa produtos que não são industrializados tirando a farinha, claro. Por isso, muitos podem pensar: o pão artesanal é todo aquele que você manipula o menos possível? Não! É o contrário”, destaca a nutricionista Andréa Mendonça, especialista em bioquímica de alimentos e professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Para a profissional, um dos grandes enriquecimentos do produto no processo de preparação é a produção do próprio fermento, numa forma natural que dá uma característica totalmente original ao pão. “Por isso, às vezes as pessoas dizem que fazem pães artesanais, mas os elementos são industrializados. Então, o pão artesanal tem uma característica própria e tem fermentação especial que não é industrializada, como acontece no caso do fermento biológico, que recebe aditivos e tem fermentação muito rápida. Enquanto isso, o pão feito com fermentação natural apresenta fermentação lenta que vai de acordo com o microorganismo que está ali”, comenta. E é nesse reino da produção com a própria mão e com DNA específico que vimos uma nova seara


produtiva na gastronomia, que se pauta na busca pela naturalização dos aromas em um produto básico, que está presente na história da humanidade há mais de sete mil anos. Essa nova trajetória mostra que os hábitos das antigas civilizações voltaram com força total e para agradar os mais diversos gostos e as mais variadas situações, seja por motivos de saúde ou até mesmo modismo. “Hoje é uma tendência mundial as pessoas resgatarem receitas e formas mais caseiras de fazer pães. Está se valorizando muito a forma mais artesanal, porque virou artigo de luxo. Mais do que uma 'Era de gourmetização', acho que estamos numa era da busca e da volta por uma comidinha de casa, da saudade. E todos esses conceitos estão hoje impregnados no pão. Ele foi evoluindo ao contrário. Na verdade, o pão foi involuindo, ao se tornar muito comercial ao longo dos anos, sendo entupido de fermento, brometo de potássio e conservantes, entre outros, para poder crescer e render. Com isso, ele foi perdendo significado de sabor para o povo e foi ganhando volume para que as pessoas conseguissem comprar. Então, hoje quem tem uma renda melhor pode assim se dar ao luxo de comprar um pão melhor”, acredita o chef Leandro Ricardo, consultor de vários estabelecimentos no Recife. Para o experiente consultor, que sempre começa o seu processo de trabalho pesquisando e compreendendo a relação das culturas com este alimento, essa movimentação da busca e da produção de pães artesanais ou semi-artesanais envolve mais do que o desejo por mais sabor e mais crocância. “Os ingredientes mais nobres nos colocam de volta à questão da 'Era da gourmetização' porque tudo que era normal antigamente passou a ser gourmet hoje, já que as coisas perderam tanto a qualidade. Por isso, qualquer coisa melhor e feita artesanalmente, é gourmet. O que na verdade deveria ser normal. Deveria ser um pão bom, mas hoje é um pão gourmet”, enfatiza. E com isso temos um caminho natural que vem sendo trilhado em direção ao normal, ao comum, ao tradicional que é a produção artesanal. Esses trajetos que seguem para este caminho não foram construídos de forma

planejada, mas estão seguindo o rumo do delicioso inesperado, causando frisson entre os gourmets quando o assunto é pão. Afinal, ele é mais do que unir o simples com o prático, é agora a própria definição de um novo sabor para algo antigo. Essa é a realidade, por exemplo, do publicitário Márcio Sena, diretor da Mirai Mídia. Nascido em Escada (PE) e filho de padeiro, abraçou uma nova paixão a partir de uma única meta a alcançar: motivar e ajudar o pai a alavancar os negócios da família. Daí para frente, enveredou para o trabalho de consultoria profissional em panificação prestando serviços para alguns dos mais conceituados empreendimentos gastronômicos como La Cuisine (Buffet Petit Comité) e Forneria 1121 (pizzaria), além de ministrar aulas particulares e em cursos da FBV/DeVry, Senac e Faculdade Guararapes. “O Brasil herdou o pão de Portugal, um bom pão. O que aconteceu foi que esse processo se perdeu e com isso a qualidade foi perdida junto. O Brasil fez outro caminho na panificação. Os padeiros não estudam, não se especializam, não pesquisam, não querem melhorar o processo nem a si mesmos. Há mais ou menos 10 anos, algumas pessoas (que eram de outras áreas profissionais) cruzaram com a panificação e se apaixonaram. Seja por terapia ou hobby, o pão encantou esses padeiros e, graças à força da internet, isso foi criando esse resgate ao bom pão. O que tem representado uma grande mudança na maneira de ver, entender e fazer um pão com a qualidade e cuidado merecido”, ressalta o especialista. E com isso estamos presenciando um boom da panificação, que se refere somente ao Brasil, de acordo com Sena, na qual vigora uma forma “direta” de realização deste alimento. No mundo todo, o pão já é vinculado a um método tradicional, chamado "indireto", que agrega várias vantagens, e ao contrário do que muita gente pensa, não aumenta o custo da produção. “Existem cerca de 12 etapas durante todo o processo de fabricação. Saber lidar com elas já traz uma grande qualidade ao produto final, e o padeiro precisa adequar esse processo ao seu ambiente de trabalho. Ou seja, uma etapa que em um estabelecimento dure 1h40, poderá ultrapassar ou demorar menos em outra panificadora. Cada massa é

“Não basta produzir apenas para alimentar, mas principalmente para nutrir e garantir a manutenção do bem-estar” Gabriel Duarte Meira

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Lucas Oliveira

PÃES ARTESANAIS

Marcio Sena: Cada massa é única e cada processo também. Cabe ao padeiro orquestrar o equilíbrio de todo processo produtivo. Existem cerca de 12 etapas durante todo o processo de fabricação. Saber lidar com elas já traz uma grande qualidade ao produto final.

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única e cada processo também. Cabe ao padeiro orquestrar o equilíbrio de todo processo de produção”, completa. Da mesma forma, entender que cada pão tem sua própria característica é essencial: é a particularidade de cada um e até mesmo a harmonização desejada que traz ao produto o sabor, o cheiro e a apresentação que o destaca dos demais pães. Afinal, pão é pão, mas existem, de fato, diversas versões deste produto tão convencional no nosso dia a dia, como os clássicos já conhecidos: italiano, baguette, brioche, croissant, focaccia e, porque não mencionar o novo queridinho, o australiano. “O pão é um alimento consumido há milênios.Atualmente ele ganha novas configurações, o que exige um trabalho mais elaborado na sua produção. Apesar disso, o mercado é muito amplo. O pão virou um item praticamente indispensável, cultural na mesa dos brasileiros que o consomem quase diariamente. Acho que os pães que chamam mais atenção do público atualmente são aqueles que conseguem ser mais saudáveis sem perder as características tradicionais: aroma, maciez e sabor”, acredita o empresário Gabriel Duarte Meira, que não só entrou por acaso neste universo como não tinha contato algum com este universo. Formado em Direito, entrou na panificação com pães FIT após ajudar um dos amigos e sócios em um bar, que já produzia

pães artesanais. Provou uma massa integral de farinha de trigo orgânica, tomou gosto e passou a aprofundar o conhecimento no ramo, aprimorar receitas e criar novos sabores sempre utilizando ingredientes funcionais e nutritivos, agregando a tudo isso sua preocupação com alternativas mais saudáveis e leves para a alimentação. “Atualmente curso gastronomia e estou muito satisfeito em ser o dono da linha de pães “Eu Amo Pão” que conseguem ser saborosos e nutritivos ao mesmo tempo, atingindo vários tipos de público que valorizam um alimento mais saudável, nutritivo e gourmet”, comenta.Assim, mais do que acompanhar o mercado, sua preocupação é atender aos anseios dos consumidores com uma produção feita de forma mais saudável e que mantenha um padrão de sabor, através do uso de produtos selecionados, naturais e sem conservantes. “Não basta produzir apenas para alimentar, mas principalmente para nutrir e garantir a manutenção do bem-estar”, enfatiza. E por isso, aposta nesta proposta de um pão funcional composto por vários grãos, como aveia, gergelim, girassol e linhaça que garantem uma série de benefícios, além da farinha de trigo integral, a qual tem muitos nutrientes e baixo teor glicêmico, impedindo um aumento de apetite.


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DESPENSA LEVE, SAUDÁVEL E SABOROSO Superbom amplia linha de queijos veganos com os tipos cheddar e parmesão que se unem às opções mussarela, prato e provolone, que já integravam a versão light da empresa alimentícia, especializada em produtos saudáveis. Com as novas opções, a marca com mais de 90 anos de atuação no mercado amplia as opções do produto com baixo valor calórico, para dietas especiais e também para pessoas que precisam reduzir as calorias ingeridas diariamente, sem abrir mão do paladar. A Superbom escolheu os dois sabores que são os mais apreciados pelos brasileiros, oferecendo assim, alternativas para todos os gostos e paladares, assim como a opção do parmesão para gratinar pratos especiais.

valor médio p/ Kg ,00

| R$38

ÍCONE MUNDIAL SOFISTICADO

valor médio ,50

| R$ 8

Conhecida por suas sobremesas refinadas e saborosas, a pâtisserie francesa inspirou a nova linha premium de Magnum que chega com sabores refinados como Petit Gateau e Crème Brülèe. A linha traz sua própria interpretação desses ícones franceses que prometem agradar aos paladares mais exigentes. Magnum Petit Gateau é um sorvete de chocolate, com sorvete de bolo de chocolate e pedacinhos de cookies na cobertura de chocolate. Já a opção Crème Brûlée é um sorvete de baunilha com sorvete de caramelo e pedacinhos de açúcar caramelizado na cobertura de chocolate. Toda a linha Magnum é produzida com a cobertura de chocolate 100% Belga, considerado o melhor do mundo, e chega em embalagens com visual colorido e espelhado que traduzem toda a sofisticação desta linha para a sobremesa.

FOFO, DELICIOSO E TRADICIONAL Os bolos e brownies mais saborosos da França alcançam o Brasil com as saborosas opções da francesa Jacquet, líder europeia de bolos desde 1885, que vem promovendo a alegria e simplicidade da vida através de deliciosas e fáceis receitas. Agora a marca traz seu mais novo produto: o brownie de doce de leite. A tradicional marca amplia o mix, lançado inicialmente com oito produtos, com o mais novo sabor que enfatiza a combinação do refinado sabor francês com a qualidade dos ingredientes, a tecnologia de produção e a longevidade da conservação de produtos, livres de corantes e conservantes. O Mini Brownie Doce de Leite é feito com gotas de doce de leite e ingredientes selecionados, além de conter ovo, leite e derivados, derivados de trigo e derivados soja.

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valor médio p/ embalagem de 150g ,00

| R$12


BREAK COM SABOR MAIS INTENSO A marca de chocolate mais vendida no mundo traz ao mercado brasileiro uma nova versão, o Kitkat Dark, que promete agradar tanto aos seus consumidores fiéis, quanto aos que buscam por opções de sabor mais intenso, com mais cacau em sua formulação. O lançamento chega para complementar o portfólio da marca, que já conta com a versão clássica de kitkat, além de quatro sabores de Kitkat Chunky (ao Leite, branco, amendoim e avelã) e está disponível em embalagem individual, de 45g, ou em display com 24 unidades, composta pela deliciosa combinação do wafer com chocolate Dark ideal para o break.

valor médio p/ embalagem individual

| R$ 2 ,99 SABOR NATURAL E RICO EM FIBRAS Del Valle lança o terceiro sabor da linha de sucos prontos para beber com 100% suco de fruta que já contava com os sabores uva e laranja. A marca da Coca-Cola Brasil chega agora no sabor maçã e amplia o mix oferecendo mais uma opção nutritiva às famílias brasileiras, que agora tem mais escolhas sem adição de açúcares, nem de corantes e conservantes. Os produtos se encontram disponíveis em embalagens Tetra Pak de um litro e 250ml e o lançamento ainda possui adição de fibras. A Del Valle 100% Suco é a linha de bebidas da família Del Valle composta somente pelo suco de fruta, vitaminas e fibras. Além dos benefícios que o produto ressalta, ainda apresenta volumes de baixa calorias com quantidade de 111 no copo de 200ml de maça, 100 calorias no de laranja e 147 no de uva.

valor médio ,19

| R$7

valor médio ,00

ÁGUA AROMATIZADA E VITAMINADA

| R$15

Conhecida popularmente pela sua linha de água mineral natural, a Ouro Fino traz uma linha de produtos diferentes para consumidores: a Plus Up, uma novidade no setor de bebidas que a empresa coloca no mercado com foco na busca por produtos Fit. A novidade da Ouro Fino foi lançada recentemente e envolve uma fórmula de águas com colágeno e vitaminas (B3, B6, B12, C, E) que se apresentam em quatro sabores (maçã, tangerina, limão e pêssego), em embalagens de 330ml. Com a Plus Up, a Empresa de Águas Ouro Fino, fundada em 1938 pela família Mocellin, completa o portfólio de mais de 20 produtos, divididos em cinco linhas e inclusive com o Energy Drink Insano, que caiu no gosto dos brasileiros.

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DICAS E TRUQUES

Atomatados e suas diferenças Q

ue brasileiro é apaixonado por tomate e seus derivados não há dúvidas.A prova disso é que ele está entre as três hortaliças campeãs de consumo no país, acompanhado da batata e da cebola. Essa paixão foi trazida para cá a partir dos imigrantes italianos, que utilizavam o legume na maioria das suas receitas, principalmente nos molhos das pastas. Com o tempo, foram

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criadas novas variações para uso do tomate e agora, além do próprio in natura, existem o extrato, a polpa, o molho, o purê e o catchup, dentre as mais conhecidas. Para saber um pouco mais sobre cada uma dessas versões e escolher o que mais combina com aquela receita, conversamos com Kalline Souza Almeida Moura, supervisora do controle de qualidade da Tambaú


Alimentos, indústria pernambucana. “O extrato de tomate é o produto concentrado obtido da polpa do legume e deve conter, no mínimo, 6% de sólidos solúveis naturais de tomate, podendo ser adicionado de sal e ou açúcar. Já a polpa é feita com tomates sem sementes, sendo menos concentrada do que o extrato e pronta para ser temperada e acrescida à receita. Os molhos são o fruto do tomateiro já processado, em forma líquida, pastosa, emulsão ou suspensão à base de especiarias e/ou temperos, além de outros ingredientes, fermentados ou não, já pronto para o consumo.” Além da textura e do sabor dos atomatados, Kalline

Souza reforça que a qualidade é uma atenção constante na produção.“Todos os nossos produtos são analisados pelo Setor de Controle de Qualidade e só passam para a embalagem quando são verificados os padrões físicoquímicos e organolépticos do material. Além disso, auditorias internas são sempre realizadas na linha de produção para verificar se os parâmetros do processo estão sendo obedecidos, pois dessa forma garantimos a qualidade do produto final”, conclui a supervisora. Agora, que você já sabe qual a melhor versão do tomate para usar naquele prato especial, confira a nossa receita.

RAVIOLI DE RICOTA E ESPINAFRE INGREDIENTES 1/2 xícara de ricota esfarelada; 1 porção de espinafre picado congelado (ou 10 folhinhas de espinafre cozidas no vapor e picadas); Sal e pimenta a gosto; 1 xícara bem cheia de farinha de trigo; 1 ovo; 1 fio de azeite; 1 Molho de Tomate Refogado.

MODO DE PREPARO Misture a ricota com o espinafre já descongelado e tempere com sal e pimenta, reserve em uma tigela coloque a farinha de trigo, abra um buraco no meio e acrescente o ovo e o azeite; Trabalhe a massa até ficar homogênea e soltando das mãos; Abra a massa no cilindro ou com o rolo de macarrão; Corte os quadradinhos, recheie e feche bem, apertando as laterais com um garfo ou utilize um cortador próprio pra ravióli; Em uma panela grande e com água fervente cozinhe os raviólis por cerca de 4 minutos ou até subirem à superfície.

O extrato de tomate é o produto concentrado obtido da polpa do legume e deve conter, no mínimo, 6% de sólidos solúveis naturais de tomate.

A polpa é feita com tomates sem sementes, sendo menos concentrada do que o extrato.

Os molhos são o fruto do tomateiro já processado, em forma líquida, pastosa, emulsão ou suspensão.

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NOSSA CAPA

Sustentabilidade gastronômica Fartura e economia andam lado a lado quando aprofundamos o olhar sobre os alimentos Por: Juliano Mendes da Hora

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uando você olha para a geladeira e reúne tudo o que precisa para preparar a sua receita, o que você vê? O senso comum nos avisa que boa parte daquilo irá para o lixo, a conferir: cascas, folhas, grãos... a lista é grande. E essa é só a ponta do iceberg: não podemos esquecer do longo caminho que os alimentos percorrem desde a colheita. Seja pelo excesso da produção, perdas no caminho e estoques mal administrados, o que chega à nossa mesa é apenas parte do imenso potencial que deixa de alimentar milhões de Viviane Romeiro, coordenadora de Mudanças Climáticas do WRI Brasil

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pessoas. Mas algumas iniciativas vêm se espalhando pelo Brasil nos últimos anos para amenizar esse efeito negativo e incentivar o consumo consciente. Você sabia que o Brasil desperdiça anualmente 41 mil toneladas de alimentos? Os dados são do World Resources Institute (WRI) Brasil, uma instituição de pesquisa internacional. De acordo com a coordenadora de Mudanças Climáticas do WRI Brasil,Viviane Romeiro, o Brasil está entre os dez países que mais perdem e desperdiçam alimentos no


mundo.“Existe o que chamamos de cadeia de perda e desperdício, e todas as etapas do caminho possuem pontos de perdas. Eles existem desde a colheita, passando pela pós-colheita, na distribuição, no varejo e nos hábitos do consumidor. Por isso, que é tão importante o incentivo de práticas como planejamento de compras, atenção à conservação e o aproveitamento integral dos alimentos. Isso se traduz em economia e menos lixo acumulado”. Por isso, cada vez mais as pessoas estão redescobrindo o prazer de cozinhar e se alimentar corretamente com nutricionistas, chefs, pesquisadores e ativistas que se empenham em construir pontes entre nós e os alimentos que não enxergamos como aproveitáveis. Todo esse movimento tem um nome: aproveitamento integral dos alimentos, que consiste na prática de mudanças significativas no dia-a-dia, como o uso de sementes, talos, folhas, cascas e entrecascas. O primeiro impacto positivo dessa postura é a redução de lixo orgânico. O segundo é o rendimento das refeições e a grande quantidade de vitaminas que elas trazem. O terceiro é acúmulo de conhecimento que poderá beneficiar milhões de pessoas que achavam que não teriam a chance de encontrar fontes saudáveis e baratas para suprir suas necessidades. As cascas das frutas são as partes descartadas cujos benefícios são os mais conhecidos e passaram a frequentar a mesa dos brasileiros. Ricas em pectina, uma fibra dietética solúvel, as cascas hoje são estrelas em receitas de sucos, bolos, coberturas e doces. TIPOS DE REAPROVEITAMENTO - “Possuímos uma riqueza e abundância que nem nos damos conta, e o conhecimento é quem nos abre os olhos”, afirma a nutricionista Lizandra Santos. “Só para termos uma ideia do ouro que se esconde pela composição das cascas, a pectina ajuda na prevenção de doenças cardiovasculares, reduzindo o mau colesterol (LDL) e aumentando o bom colesterol (HDL). Ela também limpa o intestino e tem efeito probiótico, nutrindo a flora bacteriana, ótima para quem está com diarreia ou inflamação no intestino grosso”, explica. Para Lizandra, em se tratando de ali-

mentos, não podemos dar espaço para o preconceito. “Para quem não têm o hábito de utilizar as mais variadas partes de uma fruta, legume ou verdura, não se preocupe! Talvez você já pratique o reaproveitamento e nem se dê conta disso. Uma das formas mais conhecidas são as sobras: tem gente que torce o nariz para elas, mas é possível fazer um delicioso risoto com o arroz que sobrou do almoço. Ou aquele pão amanhecido pode se transformar num pudim, farinha ou torrada, mesmo”. E aqueles itens que não servem de jeito nenhum? “Nada se perde! Se tudo falhar e você não conseguir reaproveitar, faça compostagem, um processo biológico simples, que transforma o lixo orgânico em adubo, perfeito para o jardim ou vasinhos de plantas que você possuir. O importante é não desperdiçar”, pondera Lizandra. APRENDENDO E EMPREENDENDO – Quem aprendeu a fundo sobre todo esse potencial em nossas cozinhas foi a paraibana Regina Tchelly, que chegou ao Rio de Janeiro aos 19 anos e travou conhecimento com outras formas de alimentação durante o período em que trabalhou como empregada doméstica.“Lembro-me que a comida do local era baseada numa dieta integral.Tinha muitos elementos com os quais eu não estava acostumada. Mas era o que tinha, então comecei a fazer experimentos no sentido de deixar aqueles pratos mais agradáveis ao meu pala-

O Brasil desperdiça anualmente 41 mil toneladas de alimentos e está entre os dez países que mais perdem e desperdiçam alimentos no mundo. Dados do World Resources Institute (WRI) Brasil

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NOSSA CAPA

Lizandra Santos, nutricionista

O ator Lucas de Souza busca diretamente com os feirantes todo esse material que seria jogado fora

dar”, recorda. Com o tempo, ela foi ampliando seu olhar e desenvolvendo pratos tão inesperados quanto deliciosos. Em 2011, a chegada de um curso voltado a jovens com ideias a serem implantadas para beneficiar a cidade lhe deu o gatilho necessário para a criação do projeto “Favela Orgânica”, que não foi aprovado logo de cara. Mas ela não desistiu: resolveu tocar a ideia por conta própria e em menos de um mês após o “não” que levou, juntou-se com as vizinhas, arrecadou R$ 140 e ofereceu uma oficina sobre o aproveitamento máximo dos alimentos. O que começou com seis pessoas da comunidade na primeira edição, cresceu para

40 alunos dos mais variados bairros do Rio já na quarta oficina, incluindo aí visitantes de outros países! O diferencial do Favela Orgânica está no seu compromisso em ser uma proposta que renda pratos de fácil acesso às pessoas. Por isso, um dos itens mais caros do mercado está fora do cardápio de Regina. “Não uso carne em minhas receitas. Lembro-me da minha infância em que carne era um prato dos finais de semana, não era algo tão fácil de adquirir e creio que ainda não seja para muitas famílias”. Portanto, não estranhe o cachorroquente sustentável, receita onde o pão é feito de cascas de legumes, e a salsicha cede o seu lugar para uma mistura de talos de taioba, brócolis e couve, temperados com molho de manjericão e tomate. Ou quem sabe você não arrisca experimentar o estrogonofe com talo de brócolis e caroço de jaca? Para sobremesa, você aceita um bolo de chocolate com geleia de casca de maracujá? Pois esta é a pegada da Favela Orgânica. Com quatro anos de atuação, Regina conseguiu ultrapassar as fronteiras nacionais e leva o projeto para outros países, promovendo palestras, oficinas e cursos, mas sem deixar suas raízes de lado, com atividades constantes nos morros da Babilônia e Chapéu Mangueira. Em janeiro deste ano, ela participou do World Cuisine Summit em Lyon, França, esticando até fevereiro em Paris, onde promoveu a disco soupe, ou disco xepa, em bom português, uma sopa preparada com as partes de alimentos em perfeito estado, mas que são frequentemente descartados. Olhando a iniciativa de Regina, dá para se empolgar a criar novas receitas gastando pouco, mas logo surge a pergunta: “Ah, mas onde vou conseguir esses ingredientes?”. Os supermercados dos centros urbanos não são conhecidos por oferecer esses itens. Se observarmos bem, encontramos mais embalagens à vácuo e plásticos envolvendo cortes, com produtos minimamente processados. Quem quiser folhas, talos e outros não aproveitados deve ir às feiras livres ou centros de abastecimento. MUDANÇA DE VIDA - Assim como Regina, o ator Lucas de Souza busca diretamente com

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os feirantes todo esse material que seria jogado fora. “Eu nem gasto dinheiro com esses itens, por que eles mesmos não recebem o valor e são descartados diariamente. Quando vou comprar beterraba, é hábito dos comerciantes cortar as folhas fora, é algo automático. O mesmo ocorre com o gengibre, mas eu os peço e eles até ficam felizes em me ceder, pois é menos acúmulo para eles, e eu consigo encher minha geladeira sem gastar quase nada”. Mas nem sempre foi assim. Aos 19 anos, Lucas media 1,84 metros de altura e tinha pouco mais de 59 quilos, em meio a uma alimentação repleta de carboidratos e doces. Alguns poderiam pensar que comer todas essas guloseimas e não engordar seria o ideal, mas ainda que ele não engordasse, essa quantidade de substâncias nada amigáveis afetaria a saúde do jovem de uma forma ou de outra. “Foi quando resolvi fazer uma dieta para pegar mais corpo, da maneira certa. Em seis meses, com o acompanhamento de uma nutricionista, aumentei 26 quilos. Fiquei muito satisfeito com o resultado. E, a partir daí, passei a olhar com mais atenção para os benefícios trazidos pelo hábito de comer corretamente”, lembra. Mas Lucas ainda iria se surpreender depois que deixou a casa dos pais para atender os chamados profissionais que o levariam a São Paulo. “Quando cheguei aqui, pensei: 'agora as coisas serão do meu jeito, e mais do que nunca, terei de cuidar de tudo'”. Por tudo, entende-se as despesas do dia-a-dia, aluguel, transporte, conservação da casa, e principalmente, saúde. “Decidi cortar itens que não seriam tão legais para o meu metabolismo e minha forma. Disse adeus ao pão branco, aos biscoitos, frituras e doces. Logo eu estava buscando matérias sobre formas mais saudáveis e baratas de alimentação. Passei a assistir mais programas televisivos voltados ao assunto, descobri vídeos no YouTube e segui perfis que tratassem disso no Instagram. Logo me vi redescobrindo esse universo e aproveitando muita coisa que eu via minha mãe jogar fora durante o preparo dos pratos”. Ele incorporou o reaproveitamento em suas criações na cozinha, contagiando seus

colegas de apartamento e amigos, que volta e meia apareciam para divertidas tardes de conversa e imersões gastronômicas naturais. “Os resultados eram surpreendentes e eu ficava muito feliz ao ver o quanto eles se impressionavam de perceber que o paladar deles estava se agradando daquilo que eles descartavam”, lembra. Daqui a alguns meses, Lucas dará um novo passo profissional, graças à nova relação com os alimentos: concluirá sua formação na Sociedade Brasileira de Coaching, para atuar em parceria com nutricionistas, focando em qualidade de vida, alimentação e emagrecimento. “Este é só o primeiro passo, pois em breve pretendo estudar nutrição. É uma área na qual eu me encontrei também”. ALIMENTANDO E EDUCANDO – O reaproveitamento pode ser algo que não faça parte dos hábitos de muitos brasileiros, mas ele sempre esteve por aí, disseminado por diversas entidades públicas e privadas. O Banco de Alimentos, fundado em 1998, a partir da iniciativa civil da economista Luciana Quintão, distribui excedentes de comercialização e produção em perfeito estado para o consumo em mais de 40 instituições de São Paulo e região metropolitana, atendendo mais de 22 mil pessoas por mês. Entre as outras iniciativas do projeto, estão oficinas culinárias para o público em geral e ações educativas voltadas a crianças em idade escolar, com conteúdo voltado a questões sociais, políticas,

“Não uso carne em minhas receitas. Lembro-me da minha infância em que carne era um prato dos finais de semana, não era algo tão fácil de adquirir e creio que ainda não seja para muitas famílias”. Regina Tchelly

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Acervo do Malakoff Café

NOSSA CAPA

O projeto Mesa Brasil do Sesc reúne desde 1994 grande número de doadores, instituições sociais e voluntários, compondo uma rede nacional que reaproveita o que era considerado descartável

O projeto Mesa Brasil do Sesc em 22 anos de atividades, já distribuiu mais de 50 mil toneladas de alimentos arrecadados e doados

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ambientais e de saúde. Já o projeto Mesa Brasil do SESC reúne desde 1994 um grande número de doadores, instituições sociais e voluntários, compondo uma rede nacional que reaproveita o que era considerado descartável. Em 22 anos de atividades ininterruptas, já foram distribuídas mais de 50 mil toneladas de alimentos arrecadados e doados para abrigos, creches, albergues sociais, casas de convivência, de repouso e de atendimento a pessoas com necessidades especiais. Até o fechamento desta edição, mais de 6.522 entidades passaram a ser assistidas permanentemente desde janeiro deste ano, e foram atendidas mais de 1.626.757 pessoas por dia. A entidade também utiliza suas unidades pelo Brasil na promoção de cursos, oficinas e palestras, onde profissionais, voluntários e beneficiários das entidades sociais podem trocar experiências. Outro destaque é o enorme repertório de receitas, acessíveis a todos através do portal do Sesc.

O Sesi também tem a sua Cozinha Brasil, que há 11 anos promove cursos para funcionários das indústrias conveniadas, com aulas ministradas em unidades móveis, em cozinhas instaladas nas empresas, ou locais disponíveis nas comunidades. O conteúdo é focado em nutrição, higiene e manipulação dos alimentos, além de técnicas culinárias e dietéticas. Os alunos recebem materiais como o livro de receitas do programa, folders, touca, avental e luvas. Os cursos de educação alimentar são divididos em duas modalidades: uma com 10 horas/aula, voltada para a população em geral, com treinamento teórico e prático sobre a preparação passo a passo de cardápios e o correto manuseio e armazenamento dos alimentos. Já o módulo de até 24 horas/aula é voltado para profissionais da área de alimentação, abordando com mais profundidade os conceitos explorados no curso básico. Neste, além de cozinheiros, também podem participar assistentes sociais, médicos, enfermeiros, nutricionistas e profissionais da educação e que atuam em asilos e creches. Se você se surpreendeu com a quantidade de comida que deixa de ir ao lixo, saiba que esse número poderia ser muito maior. A utilização total dos alimentos deixou de ser uma particularidade gastronômica para se tornar uma questão de urgência social e ambiental. “Acredito que as pessoas teriam uma vida mais saudável e uma mesa mais farta se praticassem de fato o reaproveitamento”, reflete a nutricionista Lizandra Santos. “Isso é um traço cultural. Não fomos ensinados a tratar a comida nesta visão mais consciente e sustentável, mas não podemos desistir de passar esses saberes por que é difícil atingir a todos. O bom é poder ver que o sabor que se espalha na boca de quem prova e que irá resultar em novos multiplicadores de uma cozinha mais rica, solidária e ética com o meio ambiente”. Agora que você conheceu este lado do ciclo alimentício, aproveite para surpreender seu paladar, gerar menos resíduos e empreender. Abaixo sugerimos algumas receitas do Mesa Brasil/Sesc (2003). Bom apetite!


Bolinho de talos, folhas ou cascas INGREDIENTES 1 xícara (chá) de talos, folhas ou cascas bem lavadas e picadas; 2 ovos; 5 colheres (sopa) de farinha de trigo; 1/2 cebola picada; 2 colheres (sopa) de água; sal a gosto e óleo para fritar

MODO DE PREPARO Bater bem o ovo e misturar o restante dos ingredientes. Fritar os bolinhos às colheradas em óleo quente. Escorrer em papel absorvente. Podem ser usadas: talos de acelga, couve, agrião, brócolis, couve-flor, folhas de cenoura, beterraba, nabo, rabanete, ou cascas de chuchu. OBS.: No caso dos talos da couve, couve-flor e brócolis recomenda-se dar uma pré-fervura antes do preparo. Aproveitar esta água do cozimento dos talos para outras preparações (arroz, sopa etc.).

Molho de melancia (substitui o extrato de tomate) INGREDIENTES 1 kg de melancia; 1 molho de salsa; 2 pimentões; 1 cebola; 2 colheres de sopa de maisena; 1/2 copo de água; sal, óleo, 1 folha de louro e temperos diversos

MODO DE PREPARO Bater no liquidificador toda a parte vermelha da melancia, juntamente com as sementes. Passar na peneira (use a parte branca em doce ou ensopadinho). Refogar o alho e a cebola no óleo. Cozinhar o suco da melancia, juntando o pimentão, o sal, os temperos e a salsa picadinha. Diluir a maisena em 1/2 copo de água e despejar sobre a mistura, mexendo sempre para não encaroçar.

Fonte: Banco de Alimentos e Colheita Urbana – Aproveitamento Integral dos Alimentos Link: mesabrasil.sescsp.org.br/media/1016/receitas_n2.pdf

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Carlos Júnior

CERVEJA E TAL

Vamos celebrar?

A DeBron conta com seis rótulos, trazendo estilos variados como a Lager, Weizen (trigo), Witbier (trigo e especiarias), até as mais complexas como Golden Ale e IPA como também uma Imperial Stout

Por Eduardo Mozir | Colaborador

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amos juntos celebrar o ano de 2016. Este ano marcará a revolução cervejeira que está acontecendo no estado de Pernambuco e, por conta disto, não faltarão opções de cervejas artesanais locais para celebrar neste final de ano. Fim de um ciclo e o início de outro repleto de alegria, esperança e com boa cerveja artesanal. No início do ano, tínhamos apenas duas cervejarias artesanais com apenas um rótulo em garrafa e quatro chopes. Vamos encerrar o ano com oito empresas em plena atividade.

Não foi um ano fácil para ninguém, mas os empreendedores do ramo artesanal cervejeiro mostraram como fazer, mesmo em tempos de incertezas. Pernambuco salta na frente do mercado cervejeiro regional e detém quase metade de todas as cervejarias artesanais no Nordeste. O ano, que foi de muito trabalho, foi marcado pelo crescimento e amadurecimento do mercado consumidor, o esforço é grande e ainda há muito por fazer. Opções para esta celebração é o que teremos, as cervejarias estão investindo em

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Dilvulgação

CERVEJA E TAL

criatividade com lançamentos de diferentes estilos para atender os mais diversos gostos e exigências. No mundo da cerveja temos quatro escolas cervejeiras, que são: Alemã, Franco Belga, Inglesa e Americana. Temos disponível, localmente, mais de 20 rótulos dos mais diversos estilos, abrangendo um pouco de todas as escolas do mundo e algumas com um toque tipicamente local, criando assim um regionalismo marcante. E a previsão é de superarmos 30 rótulos muito rapidamente. São estas as cervejarias artesanais atualmente em produção: Capunga, Babylon, DeBron, Duvália, Ekäut, Estrada, Patt Lou e Pernambucana. A Capunga traz a clássica american lager, queridinha nos melhores bares, lojas e empórios da cidade além de sua APA super refrescante e da IPA Cumade Florzinha e uma Dilvulgação

A cervejaria Patt Lou dispões de três rótulos: 4all - american wheat, cerveja de trigo; Maracatu IPA e Mangue Beer - oatmeal chocolate porter, cerveja escura

Duvália, empresa dos irmãos Acioli, atualmente com os estilos, american blonde ale, german weiss, american pale ale, stout mel de engenho

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edição especial em parceria com os cervejeiros da Frieda Haus da Cabulosa uma black IPA de respeito. Para 2017 já estará inclusive com nova fábrica o que permitirá um crescimento em produção e lançamento de novos rótulos. Babylon conquistou a cidade com sua german large, vem crescendo a passos largos, já tem muitos planos para 2017, espera superar a produção de 30.000 litros/mês, inclusive lançamento de novos rótulos e serão pioneiros no mercado com cerveja artesanal local em latas de 473ml, é só esperar para ver. DeBron, a fonte em holandês, pioneira no estado, vem desde 2015 trabalhando forte no cenário cervejeiro local, inicialmente com seus chopes e desde setembro deste ano, também em garrafas. Hoje conta com seis rótulos, trazendo estilos variados como a Lager,Weizen (trigo),Witbier (trigo e especiarias), até as mais complexas como Golden Ale e IPA como também uma Imperial Stout com rapadura e amêndoas de cacau, abrange as diversas escolas cervejeiras. Para o ano que vem, inovará com o lançamento de uma Imperial Stout envelhecida em barris de carvalho francês e imburana, receita do mestre cervejeiro Dimer, grande medalhista com receitas campeãs, mas que só estará disponível em abril, haja coração. Duvália, nossa representante de Olinda, oficialmente estabelecida desde janeiro de 2016, empresa tocada pelos irmãos Acioli, atualmente com os estilos, american blonde ale, german weiss, american pale ale, stout mel de engenho, cervejas que já estão nos cardápios de vários bares na cidade harmonizando com o melhor da culinária regional. Já estão preparando muitas novidades para 2017, é aguardar para ver, ou melhor, beber. Ekaut com dois estilos, dos mais difundidos no mundo, Munich Helles e Czech Pilsener juntamente com suas IPA e a APA 1817, marcaram terreno rapidamente no mercado pernambucano. Não completaram um ano e já estão com planos para lançar três rótulos e até mesmo aumento significativo em sua produção. Cervejaria Estrada, conhecida dos pernambucanos com sua IPA Route 66, uma american IPA que é referência local nesse


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A cerveja Babylon com sua german large tem planos, para 2017, superar a produção de 30.000 litros/mês

do em melhores preços para o consumidor final, geração de empregos e certamente um incentivo para novas cervejarias, aí já é outra conversa... É hora de celebração, vamos brindar com o que há de melhor da produção local de cervejas artesanais, certamente terá um estilo que atenda suas expectativas e que harmonize com tudo de bom que você espera para você e seus amados. Vamos celebrar! Saúde!

A Capunga traz as clássicas american lager e american pale ale Dilvulgação

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estilo, comercializada atualmente em chope, está com investimentos para um aumento considerável de sua produção atendendo assim um público ainda maior, 2017 promete. Patt Lou cervejaria alto astral do casal Luiz e Patrícia, situada em Vitória de Santo Antão, tem em seus três rótulos opções para os mais variados paladares. Os nomes das cervejas e arte de seus rótulos são um show à parte. A 4all, uma american wheat, cerveja de trigo leve e refrescante, a Maracatu IPA e a premiada Mangue Beer, uma oatmeal chocolate porter, cerveja escura com adição de aveia e suaves nota de chocolate. Estão empenhados em duplicar a produção com o lançamento de pelo menos três rótulos, aumentando ainda mais as opções no mercado de cerveja artesanal. Cervejaria Pernambucana, especializada em chopes, tem vários estilos sempre disponíveis em seu paredão com dez torneiras, prontas para encher seus copos ou growlers. Dentre os mais variados estilos destacam-se a Saison, Quadrupel e a Rye IPA levemente apimentada. Realiza eventos nas sextas-feiras à noite e sábados pela manhã. Como vimos, o próximo ano promete todas as cervejarias com planos de investimentos e lançamentos e auxiliadas, ainda mais agora, com a inclusão das microcervejarias no Simples Nacional esse incentivo será reverti-

Ekaut com dois estilos, dos mais difundidos no mundo, Munich Helles e Czech Pilsener juntamente com suas IPA e a APA 1817

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VISUAL DO PRATO

Comer bonito é bom e todos gostam Por Amanda Ferreira | Jornalista e colaboradora

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Nathália Kelsch

Filé ao brie, cebola caramelada e tomate brulée

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té chegar à mesa, o produto final planejado por um chef de cozinha, ou até mesmo o que arriscamos fazer em nossas casas, passa por um processo longo de criação. Desde a escolha dos ingredientes para compor a receita, o ponto de cocção, as ervas escolhidas para finalizar, até as louças apropriadas para servir determinado prato ou o contraste de cor e textura

contam como requisitos primordiais no gran finalle. Utilizar cada um destes elementos em harmonia, sem sobrecarregar o aspecto visual com molhos – por exemplo – ou com arrumações que omitam a presença de outros itens no prato é o verdadeiro desafio. “Detalhes como cortes de uma carne ou pescado são capazes de ressaltar aroma, sabor e textura. O calor escolhido para cozinhar um ingrediente específico também é fator crucial, sendo seco ou úmido, ele traz resultados diferentes ao término do preparo”, pontua Robson Lustosa, professor do Senac/PE e chef consultor. Na opinião da chef e pâtissier Hellida Kelsch, defensora e praticante de muito capricho em sua cozinha, ao ler no cardápio a descrição de um prato, o cliente espera que ele venha fielmente conforme o que é proposto pela casa. Então,“cabe ao cozinheiro se preocupar não apenas com o paladar, mas com o olhar que será lançado sob aquela criação”, diz.“A textura, o ponto de cozimento, caldas usadas para acompanhar, flores e qualquer que seja o insumo, não pode estar ali por acaso”, frisa Hellida. Apropriar-se de conhecimentos técnicos também é fundamental para este ritual de conceber a estética visual dos alimentos num prato. “Após selecionar técnicas que serão usadas no preparo, um bom cozinheiro precisa pensar nas 'percepções de boca' que cada ingrediente vai


Igo Bione

permitir naquela junção de sabores. Além disto, é indispensável estudar as texturas e permitir que até temperaturas sejam mescladas”, ensina Lustosa. “Até finalizar um prato, você tem mil e uma possibilidades de surpreender”, completa.

– PARA NÃO ERRAR – - Não utilize elementos de sabor muito forte se for apenas para decorar. Por exemplo: pimentas extra picantes ou ervas de perfume mais ativo. - O molho é para acompanhar e não para dominar o prato. Modere! - Todos os elementos contidos no prato devem ser comestíveis; - Tenha em casa louças diferenciadas, pois um simples espaguete com molho de tomate pode se tornar uma obra de arte se for servido no capricho; - A boa mesa deve ser completa: o prato servido deve ser o centro, mas se ao redor houver uma arrumação especial com velas, flores, sousplat, guardanapos decorados, copos ou taças, tudo muda de cor. Faça o serviço completo! - Algumas flores e ervas podem dar uma mãozinha na hora de embelezar sua receita. Anote: flor de endro, flor de cebolinha, broto de rúcula, rabanete, sálvia, alecrim, flor de quiabo e verbena.

Nathália Kelsch

Carré de cordeiro ao molho roti, ragu de cogumelos e riso ao salto

Salmão, risoto de açafrão e couve-flor Igo Bione

DE OLHO NAS TENDÊNCIAS CULINÁRIAS - Ninguém faz um purê que seja sem a intenção de agradar, de satisfazer. Imagine pratos mais requintados e até mais exóticos? Na certa, as tendências gastronômicas da cozinha vanguardista ganharam espaço maior nas cozinhas dos restaurantes brasileiros, seja ele de categoria contemporânea, clássica ou até mesmo os regionais. Já encontramos montagens de pratos com ingredientes sobrepostos em uma pedra de gelo. Quem diria. Mas quem continua arbitrando sobre a existência, aceitação e sobrevivência de tendências e práticas gastronômicas é o consumidor. “É possível, sem exageros, transformar clássicos como o carré com uma apresentação completamente moderna, sem perder a sua majestade”, garante o chef Claudemir Barros.

Raviolli de Palmito e Cogumelos frescos com emulsão de Shimeji e trufas

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PRA LER Por Talles Ruan FESTAS EM FAMÍLIA COM O CAKE BOOS - RECEITAS PARA CELEBRAR O ANO INTEIRO – Buddy Valastro, Editora Tapioca, 336 páginas. Esta obra apresenta a percepção do cake boss sobre as relações gastronômicas em receitas para uma festa incrível: familiares amigos e algo maravilhoso para comer e beber – da entrada a sobremesa. Esta obra sintetiza e transforma todos os encontros das festas familiares de Buddy Valastro. O livro também apresenta cardápios interessantes para cada ocasião celebrada durante o ano. Uma oportunidade para você marcar os momentos da sua vida. Imperdível.

A CULTURA ALIMENTAR PAULISTA: UMA CIVILIZAÇÃO DO MILHO? (1650-1750) – Rafaella Basso, Editora Alameda. O milho teve papel importante no Estado de São Paulo por volta do século XVII e Rafaela Basso nos mostra um mundo que gira em torno da cultura e processamento desta iguaria na região do Planalto de Piratininga. A autora busca de maneira mais específica analisar os hábitos e as práticas alimentares dos habitantes desta região. O leitor pode viajar pela história do Brasil e suas relações com alguns alimentos.

CERVEJAS, BREJAS, BIRRAS – UM GUIA PARA DESMISTIFICAR A BEBIDA MAIS POPULAR DO MUNDO – Mauricio Beltramelli, Editora Casa da Palavra, 319 páginas. A cerveja é uma bebida de muitos apreciadores pelo mundo e que tal fazer uma viagem saborosa entre as garrafas deste líquido precioso. Neste livro, o leitor pode mergulhar nas histórias e tradições de grandes cervejarias mundiais. O autor também destaca a qualidade das promissoras microcervejarias artesanais brasileiras e busca desfazer os mitos que permeiam as conversas de bar.

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ENCICLOPÉDIA DA GASTRONOMIA ITALIANA – MIA MANGOLINI – Editora Senac, 466 páginas. Uma obra especial para os fãs da culinária italiana, este livro apresenta as especificidades da comida do País da Bota. A obra identifica alguns pontos interessantes nas seções sobre preparos tradicionais, como os tomates, as polentas e os frutos do mar. O livro também destaca os produtos mais conhecidos de cada região do País. Para quem é apaixonado pela comida italiana, não pode perder a oportunidade de conhecer esta enciclopédia.

O QUE TEM NA GELADEIRA? – 30 LEGUMES E VERDURAS EM MAIS DE 200 RECEITAS PARA VARIAR O CARDÁPIO – Rita Lobo – Editora Senac. O livro é um conjunto de dicas do programa de YouTube chamado Panelinha, da autora Rita Lobo. Ela apresenta dicas para transformar a compra da feira em refeições variadas e saborosas todos os dias.Você vai se surpreender com as técnicas de cozimento e combinações de sabor com os alimentos que costumamos ter em casa. O livro reúne 200 receitas divididas em 30 capítulos para dar uma mãozinha no preparo dos alimentos.

COZINHAR - UMA HISTÓRIA NATURAL DA TRANSFORMAÇÃO – Michael Pollan – Editora Intríseca, 448 páginas. Preocupado com nossas relações com os alimentos e com nossa ausência, cada vez maior da cozinha, o Michael Pollan procura reconquistar o território da culinária. Uma narrativa de experiências a partir dos quatro elementos da natureza – fogo, água, ar e terra, apresentando as reais sensações do calor ancestral do churrasco, o caldo perfumado dos assados de panelas e as mais diversas investigações que os alimentos proporcionam.

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COMIDA MEXICANA

Comida mexicana com gostinho de casa Por: Dan Coutelo | Publicitário e colaborador Fotos: Dan Coutelo (Curinga Comuniquê)

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Chef Maria Carolina, ou simplesmente Carol apresenta sua Quesadilha

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ode entrar, sinta-se à vontade. É essa sensação de acolhimento que tivemos ao sermos recebidos pela chef Maria Carolina, ou simplesmente como a fomos apresentados: Carol. No comecinho da Rua 48, em uma galeria de esquina com a Rua Carneiro Vilela, no aconchegante bairro dos Aflitos, situa-se o Bendito Taco, um pequeno e agradável restaurante mexicano de sabor gigante. Com apenas cinco meses de funcionamento, o Bendito Taco já parece um veterano com um cardápio eficiente e focado nos tacos. A taqueria se torna um ótimo "custo x benefício" para quem procura uma

comida de qualidade, bem servida, de preço bem honesto (em média R$13,00) e rápida. Mas calma, se você quiser passar mais tempo no local e fazer uma viagem pelos sabores de tacos, ele também é uma boa opção, principalmente quando regado a Margaritas e Mojitos. Enquanto conversávamos com a chef, fomos sendo apresentados aos seus quitutes e a sua história. Carol cursou gastronomia, se aventurou antes em um outro empreendimento em Piedade, até seguir carreira solo e aportar na Zona Norte para fazer do seu jeito. Pôs a mão na massa (sem trocadilhos) e decidiu que o seu Bendito Taco deveria ser todo preparado por ela. Dos pratos, massas, recheios, molhos e acompanhamentos que primam pela qualidade dos insumos das opções no cardápio. E assim os primeiros pratos a aterrissarem na mesa foram os tacos. Os sabores, bom, pedimos que fossem sugestões da chef... cá para nós, você também não pediria isso? E aí ela trouxe os seus carroschefes como o Taco de Porco. O que falar desta pedida? Feito com filé de porco, queijo, cebola refogada e abacaxi, é um prato delicioso, bem recheado e caprichosamente decorado como todos que a chef faz questão de levar à mesa dos seus clientes. O Taco de Camarão (queijo, creme de camarão, cebola refogada e coentro) também estava muito bonito. “Como Dan é alérgico, fiz o sacrifício de


Taco de Camarão e Margarita

experimentar (risos). Simplesmente delicioso. Textura cremosa e macia”, diz nossa editora, Luciana Torreão. O restaurante ainda tem algumas opções vegetarianas e veganas como o Taco de Carne de Caju. Experimentamos um pouco desse recheio e, acreditem, é muito bom! Também fomos apresentados ao seus Nachos exclusivos que surgiram da combinação entre oportunidade (falha da entrega de um fornecedor), improviso (trabalhando com o que tinha na casa) e talento da chef.Vêm na forma de uma boa entrada acompanhada por cinco molhos (guacamole, iogurte, frijoles, chilli e cheddar), todos feitos na própria casa. O que os faz tão especiais? Os nachos do “Bendito Taco” são empanados, apesar da casa não trabalhar com fritura. Destaque especial também para a delicadeza da guacamole da casa. Para encerrar a noite, conhecemos o prato mais robusto do restaurante: a quesadilha. No nosso caso, veio recheada com uma ótima combinação de chilli (carne picante) e calabresa. A comida mexicana nunca foi tão próxima de quem busca comer bem, pagar em conta e mesmo assim ter a sensação de estar comendo aquele temperinho de casa. E para quem não pode ir até lá, nem tem como ficar triste: o Bendito Taco atende via delivery pelo fone ou através do Ifood... e o raio de atendi-

mento também é ótimo. Farei outras visitas com certeza.

Nacho

Taco de porco SERVIÇO: BENDITO TACO - COZINHA MEXICANA Rua 48, 890, Aflitos - Galeria Espinheiro Centro Fone: (81) 99700.2015 Horário de Funcionamento: Segunda a quarta - 18 às 22h Quinta a Sábado - 17h30 as 23h Domingo - 18 as 21h

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ADEGA

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Velho Chico, um rio de vinhos! Por José Figueiredo | Colaborador

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uito embora as primeiras vinhas brasileiras tenham sido plantadas em Pernambuco por Cristovão Jacques, em 1516, nas margens do Canal de Santa Cruz, a primeira vinificação só veio acontecer, em 1535, pelas mãos do padre Pedro Figueira, no município de Igarassu. Trezentos anos depois, Frei Caneca, mentor da Revolução Pernambucana, nas primeiras décadas do Século XIX, herdou este apelido por conta de seu pai ser um tanoeiro. Pernambuco, mesmo com esta forte ligação com o vinho, recebeu apenas em 1964 o primeiro registro de uma vinícola e começou a fazer história no Vale do São Francisco. Tudo porque o serpentear do Velho Chico, na sua busca pelo mar, criou extensa mancha verde no Vale do São Francisco, a região mais árida do semiárido brasileiro. Este grande oásis, responsável pelas exportações brasileiras de manga e de uva, tem uma média anual de 3.100 horas de luz solar, com as poucas chuvas concentradas nos primeiros meses do ano. A farta oferta de água do rio São Francisco, descoberto por Américo Vespúcio, no outubro de 1501, junto ao domínio pleno da tecnologia de irrigação, permite colheitas célebres todos os dias para elaboração de mais de seis milhões de garrafas. Neste mar de vinhos, temos mais de uma dezena de rótulos premiados em renomados concursos do mundo. De tão relevante, muito sol e pouca água obrigam as uvas a produzirem na casca de seus frutos uma grossa camada de diferentes polifenóis, entre estes, o resveratrol. Os vinhos do Sertão são dez vezes mais ricos em resveratrol que qualquer outro

vinho tinto, oriundos das mais afamadas regiões vínicas do mundo. Esta alquimia do Sol e do “Velho Chico” apresenta vinhos que variam de jovens e frutados – absolutamente descompromissados, a vinhos complexos, elegantes com sinais fortes de longevidade que muito certamente o futuro provará.

Muito sol e pouca água obrigam as uvas a produzirem na casca de seus frutos uma grossa camada de diferentes polifenóis, entre estes, o resveratrol

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BEBIDAS & DRINKS JACK HONEY Recife foi uma das cidades escolhidas para que os ávidos consumidores de Jack Daniel's possam apreciar um dos maiores lançamentos do ano na região, o Jack Daniel's Tennessee Honey. A bebida é uma combinação do tradicional Jack Daniel's Old nº7 com mel e promete adocicar e refrescar a noite dos pernambucanos, que é aficionado pela bebida. O Jack Honey, como é conhecido, pode ser apreciado em shots gelados, drinks ou só com gelo, o famoso “on-therocks”. O paladar suave e adocicado do Honey atrai tanto o público consumidor de uísque como também jovens e mulheres, que muitas vezes têm restrições à categoria. E quanto mais gelado, mais refrescante a bebida é. O novo rótulo premium da família já pode ser encontrado à venda em shots, drinks e garrafas nas casas noturnas mais movimentadas do Recife, como o Haus, Loft, Canela Gastrobar, The Gentleman Loser Pub, Underground, UK Pub, entre outras, além de grandes varejistas e empórios.

valor médio ,90

| R$129 PAIXÃO ROSÉ ON ICE

O termômetro pernambucano dispara e nada mais apropriado que apreciar uma bebida alegre como a estação. Por isso, acaba de chegar a variedade mais refrescante e surpreendente da Chandon, é o Chandon Passion, sugerido para ser tomado com gelo, é o Chandon Passion on Ice. É só colocar dois cubos de gelo em uma taça de boca larga e pronto! Esse drink é a mistura perfeita para a temporada: faz um brinde à brasilidade, com combinação aromática, que remete a frutas tropicais, à alegria incondicional e à explosão sensorial de um povo descontraído, cool e chique. O espumante foi criado especialmente para o valor médio paladar brasileiro. Com a garrafa transparente, também pode ser ,00 encontrado em um pack especial. O pack Chandon Passion on Ice, que vem com 1 garrafa de Chandon Passion + 2 taças acrílicas exclusivas de boca larga, é uma ótima dica de presente e perfeito para momentos relax com amigos na piscina, na praia, em sunsets e nos warm-ups de verão. Onde encontrar? Nas principais delicatessens, empórios e supermercados de todo o Brasil.

DRINK: COISINHA ARRETADA Por: Mauro Gustavo Melo A cachaça, símbolo etílico do nosso País, entra neste drink em homenagem ao povo do Nordeste. Suas notas refrescantes de limão e os aromas do Allspice, também conhecida como Pimenta Jamaicana – especiaria que remete aos aromas e sabores do cravo, canela e noz-moscada – podem surpreender você e seus convidados em uma tarde de calor. Anote a receita: INGREDIENTES 45ml de Cachaça envelhecida em Amburana; 10ml de Martini Rosso 20ml de Limão Taiti; 20ml de Xarope de Allspice; Angostura Bitter MODO DE PREPARO Em um copo baixo, combine todos os ingredientes exceto a Angostura, adicione gelo e misture suavemente. Com cuidado, acrescente gelo picado por cima. Decore com uma fatia de limão, uma folha grande de hortelã e duas pimentas jamaicanas. Finalize com gotas de Angostura por cima do gelo picado para aromatizar.

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Paulo Bezerra de Melo

| R$113


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EMPÓRIO BAIANO

Empório com gosto e cheiro da Bahia Por: Taciana Antunes | Publicitária e jornalista Fotos: Juliano Mendes da Hora

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O aconchego é de casa do interior, um mundo que parece passar mais devagar

ara preparar a autêntica comida baiana, é preciso paciência, além de talento. É com calma e constância que se mexe o vatapá para não desandar o preparo. E assim, o cheiro verde – cebolinha, coentro, salsa, tudo misturado – também vai caindo devagar na panela, enquanto a baiana Tatiana Passos explica as diferenças entre a mariscada e a caldeirada. Os dedos de unhas pintadas de vermelho acarinham o gengibre em pó que está presente em praticamente todas as receitas dessa culinária repleta de surpresas deliciosas e marcantes. Um altar da Bahia está incrustado na Zona Norte do Recife no Empório Baiano, que foi inaugurado

em janeiro deste ano pela empresária com o marido Marcelo Reis, pernambucano de coração e carioca de nascimento. Casados há seis anos, depois de morar em Brasília, resolveram voltar para o Recife, deixar o mundo da publicidade e se dedicar ao negócio próprio, um sonho de muito tempo e que já faz sucesso no cenário gastronômico do Recife. “Tem gente que vem de todos os cantos da cidade, muitos são baianos que sabem que aqui vão encontrar a comida baiana de verdade”, comenta Tatiana, orgulhosa. Ela faz questão de ressaltar que todos os ingredientes e temperos são originais de Salvador. Um trabalho de logística cuidadoso que merece dedicação em tempo integral, mas que vale a pena, pois, quem conhece e aprecia a comida baiana sabe identificar os sabores, reconhecendo as texturas e as nuances em cada prato. Esse é o grande diferencial do Empório Baiano, pois a qualidade da comida depende diretamente de cada ingrediente, desde o camarão seco defumado até a farinha que serve para fazer a famosa “farofa de macumba”, bem amarela, forte e de sabor inigualável. Identidade e Personalidade – Tatiana aprendeu a cozinhar com a mãe, dona Maria Conceição, ainda criança, em Salvador, e pegou o gosto pela culinária. Marcelo tem

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sangue de comerciante nas veias, sabe “se virar” desde sempre. Ambos dividem a responsabilidade de administrar e levar adiante o restaurante. A ideia inicial, há 10 meses, era abrir um “point do acarajé” no Recife. Mas, por acaso, Marcelo encontrou uma casa para alugar onde outro restaurante havia funcionado. “A cozinha estava praticamente pronta, parece que esperando a gente”, lembra Tatiana. Daí para abrirem as portas do Empório foi um pulo. Em dois meses, tudo pronto e o estabelecimento começou a funcionar para trazer no cardápio as iguarias da terra de todos os santos. O cliente encontra o acarajé e o abará que trazem toda a identidade baiana conhecida e reconhecida no mundo todo. O pititinga, peixe pequeno servido assado, só se encontra mesmo por aquelas bandas de Salvador e aqui no Empório. A carne de fumeiro e a lambreta disputam as atenções dos paladares mais exigentes. Já o bobó de camarão chega à mesa borbulhando e dá água na boca. Nesse cantinho da Bahia, a pimenta fica ao gosto do freguês, na dose certa para animar ainda mais a experiência de saborear uma comida que não tem igual. Cheia de personalidade e repleta de significados. E ainda tem as sobremesas, claro, para arrebatar de vez os corações com a Cocada de Peu (cocada de forno com sorte de nata goiaba). Um

finale perfeito. Desde a inauguração, a aceitação foi grande e, aos poucos, o restaurante recebe mais e mais clientes. Redes sociais e a propaganda boca a boca divulgam o lugar e trazem cada vez mais pessoas para conhecer e para se apaixonar pelo atendimento, pela comida e pelo clima do Empório. Da cozinha até o salão, sente-se o aconchego de casa do interior, um mundo que vive em outro ritmo, onde o tempo nos prega peças e parece que passa mais devagar. As referências para os sentidos é o cheiro do azeite de dendê, a madeira rústica das mesas, as cores nas fitas do senhor do Bonfim.

Caldinho de surumarão (sururu com camarão) com casquinho de caranguejo e molho de pimenta da casa

O casal Tatiana e Marcelo só fica encabulado na hora das fotos. Mas, mesmo assim, não escondem o quanto estão realizados

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EMPÓRIO BAIANO

“Tem gente que vem de todos os cantos da cidade, muitos são baianos que sabem que aqui vão encontrar a comida baiana de verdade”

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Tacia n

Sobremesa: Cocada de Peu (cocada de forno com sorte de nata goiaba)

Proximidade e Afeto – O calor da pimenta mais forte traz à memória um passeio em Salvador, nas ladeiras do Pelourinho. Enquanto a pimenta biquinho refresca a boca nos levando à infância, quando o doce era um prêmio para os sentidos. Cada detalhe é essencial para um resultado primoroso na mesa. Entre os pratos criados por Tatiana Passos, está o Baião de 10 (charque, carne de sol, carne fumeiro, a An

O cheiro verde – cebolinha, coentro, salsa, tudo misturado – vai caindo devagar na panela

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bacon, calabresa, feijão, arroz, queijo coalho, macaxeira frita, ao olho de queijo) e uma geleia de abacaxi com pimenta que é imperdível. E como o que é bom sempre pode melhorar, o Empório Baiano já reserva algumas novidades para o cardápio a partir de dezembro. Entre eles a maniçoba e a empada de carne de siri que chegam para conquistar admiradores. Descontraído e simpático na conversa, o casal Tatiana e Marcelo só fica encabulado na hora das fotos. Mas, mesmo assim, não escondem o quanto estão realizados e nem o quanto gostam de receber os clientes. Muitos viram amigos, frequentam o restaurante assiduamente e atravessam a cidade, se for preciso. Baianos e recifenses, em busca do melhor que a culinária baiana tem a oferecer. E no Empório Baiano isto é garantido de se encontrar: a comida de qualidade superior, a proximidade e o afeto que permeiam esse lugar.

SERVIÇO EMPÓRIO BAIANO Rua Manoel de Carvalho, 471. Aflitos. Recife-PE. Fone: (081) 3040-6939 Horário de Funcionamento: Terça e Quarta: 18h - 23h | Quinta e Sexta: 12h 23h | Sábado: 11h - 23h | Domingo: 11h - 17h


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BOTECO GOURMET Em novembro, inaugurou no Recife o mais novo conceito de Boteco Gourmet da cidade. Localizado no coração do tradicional bairro dos Aflitos, o Boteco 14 traz uma proposta peculiar. Com arquitetura inspirada nos bares americanos e culinária tipicamente brasileira, seu cardápio possui a assinatura do renomado chef Rapha Vasconcellos, no qual é reinventada a concepção sobre o querido petisco. Todos os pratos serão feitos artesanalmente, com temperos e segredos exclusivos do chef. Dentre os favoritos teremos mini hambúrgueres, caldinhos e gratinados. Um saboroso petisco com dois chopps não saem mais que R$ 30,00 (trinta reais) por pessoa. O Boteco 14 fica na Av. Santos Dumont número 490, Aflitos.

HAPPY HOUR ÀS MARGENS DO CAPIBARIBE Que tal tomar um café ou fazer um happy com os amigos em uma paisagem inspiradora? Então não deixe de conhecer o Deltaexpresso no Cais do Imperador, franquia comandada pelos empresários Hector Spagnol, Lilly Spagnol e Carlos Valença. Situado às margens do rio Capibaribe, está localizado do outro lado do rio, em frente ao Paço Alfândega. Trata-se da primeira loja no conceito Coffee & Bar, com 'cardápio de bar', regado a bebidas, petiscos e cafés. São drinks e coquetéis à base de licores, uísques e espumantes, além de cerveja, tequila, vodka e cachaça, entre outras opções. Já os petiscos variam com opções de bruschettas, nachos com dips exclusivos. O espaço funciona desde o café da manhã e segue com opções para todos os horários. Endereço: Av. Martins de Barros, s/n. Santo Antônio, Recife-PE. Horário de funcionamento: De segunda a quarta: 7h às 20h / Quinta a domingo: 7h às 22h.

SUSHI NA ESTEIRA Chega ao Recife Antigo, nos Armazéns do Porto, o restaurante de comida oriental Love Japan. Com novo conceito, são pratos da cozinha nipônica e pratos executivos com toques orientais servidos na esteira para seus clientes. Já comum fora do país e no eixo Sudeste, a esteira de sushis é uma forma rápida e dinâmica de servir os clientes e incentivar a experimentação das novidades gourmet da casa. Quem assina o cardápio da casa é o chef consultor Douglas Van Der Ley, famoso por suas criações gastronômicas com toques contemporâneos. O restaurante é comandado pelo casal Carolina e Flávio Catão e tem o objetivo de oferecer comida de qualidade com preços democráticos. Destaques também para os sushis vegetarianos que inicialmente serão três versões. A casa conta também com varias opções de entradas, pratos quentes, combinados, temakis e sobremesas. O espaço abre de segunda a quinta das11h ás 23h, sexta e sábado das 11h a 1h e aos domingos das 11h às 22h. Endereço: Armazéns do Porto, Armazém 12, Bairro do Recife. Telefone: (81) 3224.0634

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Daniel Prates

PITADAS


NOVOS PRATOS NO ENTRE AMIGOS PRAIA O Entre Amigos Praia está com novos pratos criados pelo chef Paulo Maranhão, com opções desde a entrada até o prato principal, não esquecendo a sobremesa para lá de especial. O cardápio executivo serve até três pessoas, no almoço e, além dos pratos com frutos do mar, o cliente pode escolher entre carne e frango nas novas opções. Para entrada, a pedida é a Fonduta de Queijo Massdam e Espinafre ou o Tartar de Salmão Defumado com Mix de Verdes, além da inovação no preparo do polvo. E se você não abre mão de carne vermelha, outra novidade é o Filé Mignon Rústico ao Gorgonzola. Outra novidade é o Galeto Marroquino, que vem acompanhado com o Cuscuz Marroquino. Por fim, a sobremesa é a grande surpresa: cocada quente com um toque inusitado de limão, acompanhada de uma bola de sorvete de creme. Se depender do sabor, está mais do que fixada no cardápio da casa. Abre a partir das 11h30 até o último cliente. Avenida Boa Viagem, 760. Pina. Recife-PE.

DICIONÁRIO DE TEMPEROS A Kitano, marca de condimentos naturais desenvolveu o Dicionário de Temperos Kitano. O objetivo é ajudar os consumidores a explorar as infinitas possibilidades que as combinações dos temperos Kitano oferecem. São 92 páginas que contam a origem e as curiosidades de cada variedade, além de oferecer sugestões de receitas práticas para o dia a dia. Dividido em cinco capítulos, que acompanham a divisão das linhas do portfólio da marca – ervas, especiarias, pimentas, temperos e uso culinário –, o dicionário convida os leitores a aguçarem os sentidos, evocar suas emoções, brincar com sabores e experimentar o inesperado, para adicionar um sabor inesquecível a pratos familiares. O conteúdo poderá ser conferido progressivamente na página do Facebook da Kitano (www.facebook.com/KitanoBrasil/?fref=ts).

SADIA & JAMIE OLIVER O famoso chef Jamie Oliver é o novo parceiro da Sadia, que lança nova linha de produtos, a “Pratos para Cozinhar Sadia & Jamie Oliver”. A linha chega para movimentar uma categoria de alimentos que movimenta cerca de R$ 460 milhões por ano. A ideia é incentivar os brasileiros a cozinharem com mais prazer e se alimentarem melhor. Preparados com ingredientes naturais e certificados em sua origem, os lançamentos são resultado de uma parceria firmada com o chef inglês para incentivar que as pessoas retomem o contato com a culinária e tenham uma vida mais equilibrada. A parceria também contempla adequação e certificação de plantas industriais e granjas e um projeto educacional para promover hábitos saudáveis. São cinco opções de pratos à base de frango: Frango Crocante com cream cheese, Filé Crocante com parmesão, Filé de Frango Crispy com molho rústico de tomate e Frango ao Molho Mediterrâneo.

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COZINHA DIGITAL

Aplicativos facilitam o preparo de receitas Talles Ruan

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ozinhar nunca foi tão fácil e a culinária está recheada de possibilidades no preparo de receitas. Para cozinhar bem, não é preciso anos de estudo ou um talento natural para preparar uma comida saborosa. É preciso apenas conhecer

algumas noções básicas na cozinha e utilizar o auxílio especial da tecnologia. Separamos algumas dicas de aplicativos que podem ajudar na hora de preparar uma refeição para a família ou amigos.

PRA NÃO SE PERDER NA COZINHA Para quem não consegue se organizar na cozinha, o aplicativo Guia da Cozinha traz soluções práticas no preparo de receitas. Aprenda a preparar massas, saladas, bolos e até sorvetes com este app. Todas as receitas são classificadas por tempo de preparo e número exato de porções que rende. Também é possível indicar pratos para os amigos ou parentes compartilhando nas redes sociais direto do celular. Disponível para iOS e Android.

PARA COMER FORA E para quem não quer cozinhar, e prefere comer fora, o aplicativo Gula Recife oferece um guia de restaurantes que podem ser consultados à mão, em qualquer lugar. No menu o usuário poderá escolher entre as diversas opções como categorias, destaques, mapa, etc. Dentre as informações, é possível acessar promoções, telefone, fanpage do estabelecimento, localização e mapa via GPS. O app está disponível para iOS e Android.

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ESCOLHA O VINHO CERTO O Vivino é a maior comunidade de vinhos do mundo. Sua principal função é facilitar a escolha de vinhos para os apreciadores, e sua utilização é bem simples: basta tirar uma foto do rótulo de qualquer vinho ou carta de vinhos de um restaurante, que instantaneamente o usuário é apresentado às classificações, média de preços, opiniões, notas de degustação e harmonização com pratos. Disponível para iOS, Android e Windows Phone.

UMA BOA COMIDA TÍPICA Uma oportunidade para desbravar as regiões brasileiras através da culinária é com o aplicativo Sabores do Brasil. Com ele você consegue acessar as receitas típicas de diversos pontos do País. O app apresenta também uma lista de classificação do tipo de receitas, além de apresentar os pratos mais acessados, como Lombo à Mineira, Arroz de Carreteiro, Pernil de Porco assado e Camarão à Paulista. O aplicativo está disponível para celulares Android.

CULINÁRIA SAUDÁVEL O aplicativo Chef Fit é ideal para quem procura um estilo de vida mais saudável. Com ele, você pode preparar receitas para emagrecer e cuidar da saúde ao mesmo tempo. Existem várias categorias como bebidas, café da manhã e chefs convidados. As receitas são altamente detalhadas e fáceis de seguir. Os ingredientes são livres de glúten, lactose, soja e açúcar refinado. O app está disponível para iOS e Android.

ALIMENTAÇÃO VEGANA Este aplicativo veio para salvar as pessoas que sempre encontram dificuldades na hora de elaborar pratos veganos. O Espinapp Free é o aplicativo que reúne 136 receitas veganas, divididas em categorias como lanches, sopas, bebidas, bolos e tortas. Todas as receitas apresentam o passo-a-passo com fotos dos pratos. Agora você pode construir pratos mais saudáveis. Disponível para Android.

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SABOR CULTURAL

A cruel e doce vida de “Garçonete” Ivelise Buarque

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vida nem sempre é doce, mas com certeza traz consigo surpresas acalentadoras. É o cerne da questão no enredo de “Garçonete”, produção independente norte-americana que estreou no Sundance Film Festival de 2007. Escrita, dirigida e ainda contracenada pela atriz Adrienne Shelly (falecida antes da projeção da obra), retrata a história de Jenna (personagem de Keri Russell), uma jovem garçonete presa a um casamento infeliz com o troglodita e possessivo marido, Earl Hunterson (Jeremy Sisto), com apenas dois sonhos: mudar o seu destino e fazer tortas. Trabalhando no Pie Joe’s Diner, realiza um trabalho cotidiano e ainda dá asas ao seu dom de criar tortas especiais, inspiradas nos problemas e nas circunstâncias de sua vida. Seus amigos e colegas de trabalho Dawn e Becky (Cheryl Hines e Adrienne Shelly) e Joe (Andy Griffith), incentivam e

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ajudam a criativa boleira em seu plano de largar do controlador e possessivo esposo, até o momento em que a jovem descobre uma inesperada e indesejada gravidez. Inicialmente, a situação coloca todo o sonho a perder e inspira a criação de uma torta salgada, a "Baby Bad", com queijo e presunto, inventada após confirmação do seu estado. Mais do que um jogo de reviravoltas e encorajamento singular, “Garçonete” coloca em destaque um personagem coadjuvante que impera na história americana: a torta, em especial a de maçã (a mais popular). Convencionalmente intitulada “American Pie” e que virou título até de série cômica cinematográfica, a torta de maçã é a sobremesa tradicional preferida dos americanos e um dos símbolos maiores desta gastronomia, o que a coloca como um prato indispensável no importante feriado do Dia de Ação de Graças. Originária da Inglaterra,


antes dos Pilgrims levarem as primeiras sementes de maçã à América do Norte, foi reinventada no país com a chegada da produção da fruta e a partir da lenda de um dos seus heróis, John Chapman, conhecido como Johnny Appleseed, cuja lenda se mistura à fatos verídicos. Conta-se que este excêntrico amante da natureza viajou descalço sobre a terra durante 50 anos de sua vida, através do centro-oeste americano, jogando e distribuindo sementes e mudas de macieira para quem quisesse cultivar um pomar de maçã no chão, aonde quer que passasse. Com mais de 25 anos de idade até a sua morte aos 71 anos, em 1845, ele viajou milhares de milhas plantando árvores de maçã e iniciando viveiros para macieiras. Hoje sabemos que os benefícios terapêuticos da maçã estão mais do que comprovado, em virtude da sua riqueza em fibras, flavonóides antioxidantes, vitaminas e minerais que contribuem. Fora isso, a Torta de Maçã é uma das iguarias mais gostosas do país que mistura ingredientes que compõem uma a massa base (farinha de trigo, açúcar refinado, sal, manteiga sem sal e água bem gelada) que é recheada com um miolo doce que integra maças médias (descascadas e cortadas em fatias finas), açúcar (cristal ou mascavo), canela em pó, noz moscada (ralada na hora), suco de limão, amido de milho e manteiga (cortada em cubinhos). Os aromas e o calor agregados a tradicional torta americana mostram que a vida sempre pode ser doce.

SERVIÇO

Título original: WAITRESS É uma comédia dramática americana de 2007, escrita e dirigida por Adrienne Shelly, que destacou o brilhante trabalho da atriz Keri Russell, conhecida inicialmente por algumas pontas nas telonas e pelo seu trabalho como a personagem Felicity, na série homônima que a lançou para a fama. Direção: Adrienne Shelly Produção: Michael Roiff e Jeff Rose Fotografia: Matthew Irving

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Wilton Marcelino

HARMONIZAÇÃO

Consultoria para harmonizar queijos e vinhos F

ocada em fornecer informações importantes aos seus clientes, e de olho nas festas de fim de ano, a Rede Pão de Açúcar treinou seus consultores em queijos e vinhos e os coloca à disposição dos consumidores para tirar dúvidas. O serviço de consultoria de harmonizações está disponível em todas as lojas de Pernambuco para os que

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buscam opções que agradem seus convidados. Os consultores das lojas são profissionais capacitados tanto pelo especialista em queijos Fernando Oliveira como pelo especialista em vinhos Carlos Cabral e dão dicas de combinações e apresentam os melhores produtos e ofertas de acordo com cada ocasião. Carlos André, consultor de vinhos


Wilton Marcelino

Wilton Marcelino

da unidade Pão de Açúcar da Rosa e Silva, explica que a procura pelos produtos cresceu bastante este ano e tem aumentado ainda mais com a proximidade das festas de fim de ano. Estamos aqui para ajudar o consumidor a entender mais sobre esses produtos, trazendo dicas de harmonização entre eles, além de contar um pouco das características e curiosidades das principais uvas e queijos – mais doces ou picantes, com texturas, tipos e paladares tão variados, para as melhores opções harmonizações. Dentro da grande variedade de rótulos oferecidos, os clientes Pão de Açúcar encontram a premiada linha Club des Sommeliers. Com mais de 90 rótulos em seu portfólio e 15 anos de existência, o Club des Sommeliers é a maior marca de vinhos no Brasil e conta com uma seleção que passa por diversas uvas e regiões produtoras de todo o mundo e com a consultoria do enófilo Carlos Cabral, que visita pessoalmente cada vinícola e faz a seleção das uvas e safras para compor a linha. “O Club des Sommeliers tem extensa variedade de segmentos, desde espumantes e vinhos Reserva, até Porto e Gran Reserva. As possibilidades de harmonização são muitas e nossos clientes ficam satisfeitos

com as indicações”, afirma o consultor, Carlos André. Como não poderia faltar, além dos queijos e vinhos disponíveis, no período natalino a rotisserie das lojas também disponibiliza pratos típicos da época, sob encomenda. Tudo feito para que o consumidor encontre tudo o que precisa em um só lugar, com praticidade e qualidade.

O enófilo Carlos Cabral e sua equipe de consultores de vinhos

O especialista em queijos, Fernando Oliveira e sua equipe de consultores

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FERRO VELHO

Um Ferro Velho de dar água na boca. Pode? Goretti Santana | Jornalista, publicitária e colaboradora Fotos: Juliana Carvalho

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Uma casa simpática que chega com a proposta de ser um ambiente leve, moderno, descontraído

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as minhas lembranças de infância me vem um ferro velho pelas bandas onde morei. E nessas incursões econômicas de criança, juntando peças para vender e arrecadar uns trocados que, invariavelmente, eram revertidos em guloseimas. Essa relação quase improvável entre ferro velho e sabor me surpreende agora. E, foi com essa lembrança, que tomei o primeiro copo de cerveja geladíssima no Ferro Velho Botequim. Um bar agradável, no coração do Parnamirim, iniciativa dos jovens empresários Rodrigo França e Bruno Carrazzone. Uma casa simpática que chega com a proposta de ser um ambiente leve, moderno, descontraído,

como afirma Rodrigo. E é assim que é, com comidinhas gostosas, bebida boa, música também, atendimento primoroso e preços acessíveis. Ao nome sugestivo da casa, junte-se, logo de cara, a se ver da calçada, a decoração e a ambientação, com assinatura da decoradora Naide Lins, que apostou no reaproveitamento de materiais com um resultado bem bacana, harmonizando os vários ambientes externos e internos. Destaque para a adega no piso superior, iluminada com delicado neon azul. Um abuso. O ferro Velho é o local ideal para um final de expediente, para ir a dois ou em grupo, e para comemorações, o mezanino pode ser reservado com cartões individuais de consumo. Para beber, tem carta de vinhos com 32 rótulos, cervejas especiais e uma diversidade de drinques. Promoçãozinha nas terças, quartas e quintas com cerveja no balde e desconto beba quatro pague três. Dá pra perder? No cardápio tudo merece destaque. A apresentação dos pratos arrebata os cinco sentidos, mas tem ainda os que mereçam citação como o Camarão Empanado Ferro Velho, deliciosos camarões crocantes, servidos graciosamente equilibrados em rodelas de tomate com creme de queijo e molho teriyaki, por 42,00. Não deixe de pedir o Churrascão Ferro Velho, mix de maminha,


Churrascão Ferro Velho, mix de maminha, queijo coalho, linguiças, frango, azeitonas pretas e fritas bem crocantes

queijo coalho, linguiças, frango, azeitonas pretas e fritas bem crocantes, tudo por 48,90, servido em porção generosa. Excelente. Também merece aplauso a Linguiça de Frango com Provolone. Acompanha farofa dourada, pimentões coloridos confitados e vinagrete agridoce, pela pechincha de 29,00. Acerta no pedido quem provar a Toscana de Cordeiro em ponto de churrasco na brasa servida com farofa de banana, vinagrete e pimentões coloridos. Para degustar pedindo perdão. A excelência da noite ficou para o Prime Suíno, vale pedir, o sabor é surpreendente. Suculenta carne suína chapeada na geleia de abacaxi com pimenta, guarnecida com farofa de banana e vinagrete agridoce. E quem não se encantar pelas delícias de boteco que o cardápio oferece, vai perder a empadinha, o kibe, pão de alho com crosta de queijo, pastelzinho e os deliciosos caldinhos de camarão e feijoada. Ou quem tem paladar curioso, vale conferir as sugestões de molhos, para incrementar o seu prato predileto ao seu gosto. Tem o Francês, combinação de vinho branco cebola, alecrim, pimenta e queijo; o Queijo Temperado, com base de requeijão, páprica picante, picles e azeitonas, além do Vinagrete de Alho Crocante e do Vinagrete Agridoce. Aos sábados, a partir das 12 horas, a casa serve feijoada especial e aos domingos, também a partir do

meio dia, é vez de se encantar com o cozido, todos a R$29,90 - para se fartar com a família, amigos e cervejas bem geladas. E para me despedir por hora dessa aventura gastronômica, o brinde especial vai para o Clericot. Um delicioso drinque que promete ser o queridinho do verão no cardápio do Ferro Velho. Uma combinação deliciosamente refrescante e leve de espumante, soda, licor de laranja, hortelã e frutas tropicais, divinamente servido em uma jarra generosa. Para tomar a qualquer hora do dia ou da noite neste clima delícia do recife. Serve quatro pessoas.

Clericot: espumante, soda, licor de laranja, hortelã e frutas tropicais, divinamente servido em uma jarra generosa SERVIÇO FERRO VELHO BOTEQUIM Rua Sebastião Alves, 273 – Parnamirim. Horário de funcionamento: de terça a sexta das 17h às 0:0h. Sábado das 12 às 0:2h e domingo das 12h às 18h. Reservas: 3204.0598 – 9 95488393 – 9 92441940 Instagran: @ferrovelhobotequim

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DOCE VIDA

O insuperável pudim de leite Por: Juliana Lopes | Jornalista e colaboradora

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pudim de leite lembra a minha infância. Todo almoço de domingo na casa da minha avó, além de ter bife à milanesa, arroz, purê de batata e guaraná, tinha o danado do pudim de leite condensado. Para mim, uma das melhores sobremesas que existem. Na minha opinião de formiguinha, ele é super versátil. Já comeu pudim com bolo? E

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se for bolo de rolo, ah, meu Deus! Fica mais gostoso. Ele também combina com sorvete (olhinhos brilham) e com queijo de coalho (juntar doce e salgado sempre é uma combinação perfeita). Mas também, se quiser, não precisa combinar com nada. É só colocar uma fatia (beeeeeeem) generosa no prato e ser feliz.


Mas como é que essa sobremesa tão simples e deliciosa surgiu? Lá fui eu pesquisar para compartilhar com vocês. Fiquei sabendo que é um doce típico de Portugal. Na realidade, os portugueses já se consideraram os pais do pudim de leite. Achavam que a sobremesa descendia da doçaria conventual desenvolvida no país a partir do Século 16. Mas, com o passar dos anos, os estudiosos da gastronomia portuguesa não conseguiram saber quando e onde o doce surgiu. A única convicção que eles tem é que os portugueses ensinaram o pudim de leite bem direitinho para os brasileiros. Tem uma lenda que conta que o pudim foi criado por um abade que não divulgava a receita para ninguém. Mas como o seu doce fazia muito sucesso, ele resolveu fazer uma competição entre os confeiteiros da época para ver se algum deles conseguia preparar o pudim perfeitamente como ele. No fim das contas, ninguém conseguiu fazer exatamente um pudim como o abade. Porém, os portugueses já tinham uma

ideia de como chegar a algo próximo. A receita do abade só foi revelada após sua morte, seu caderno de receitas desapareceu misteriosamente e o segredo veio à tona: açúcar, gemas, água e toucinho de porco faziam o Pudim de Priscos, um sucesso bem simples da culinária portuguesa. Nessa história, sendo verdade ou não, a questão é que o pudim agradou ao paladar de muita gente no mundo inteiro, tanto que aqui no Brasil se tornou uma sobremesa clássica. Além de tornar-se extremamente popular, o pudim ganhou derivações: chocolate, laranja, clara em neve, pão.Tem para todos os gostos! Eles são preparados em banhomaria, método que consiste em colocar o creme preparado com os ingredientes em uma forma caramelizada, a qual é colocada dentro de outro recipiente com água e levada ao forno. Bem, depois de ler tanto sobre o danado, está na hora de aprender a fazer.Tome nota aí da receita, que é super fácil.

INGREDIENTES Pudim: 1 lata de leite condensado; 1 lata de leite (medida da lata de leite condensado); 3 ovos inteiros. Calda: 1 xícara (chá) de açúcar 2 xícaras de água

Ele também combina com sorvete e com queijo de coalho. Mas também, se quiser, não precisa combinar com nada. É só colocar uma fatia (beeeeeeem) generosa no prato e ser feliz.

MODO DE PREPARO Pudim: Primeiro, bata bem os ovos no liquidificador. Acrescente o leite condensado e o leite, e bata novamente. Calda: Derreta o açúcar na panela até ficar moreno, acrescente a água e deixe engrossar. Coloque em uma forma redonda e despeje a massa do pudim por cima. Asse em forno médio por 45 minutos, com a assadeira redonda dentro de uma maior com água. Espete um garfo para ver se está bem assado. Deixe esfriar e desenforme.

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DOCE VIDA

Sabores compartilhados Por Juliana Lopes | Colaboradora

O

s olhinhos brilham quando você olha a vitrine da Delikata. E com as novidades do cardápio não seria diferente. Para celebrar os 15 anos da empresa, foram lançados cinco novos sabores de bolos trufados com chocolate tipo Suíço da Nestlé. E posso garantir para você, a boca enche d'água só de olhar. Tive o prazer de provar todos os sabores, que são: Chocolate com Amêndoas, Morango com Chantininho, Caramelo Salgado, Napolitano e Oreo. Sinceramente, fica difícil de decidir qual o melhor. Mas tive uma quedinha a mais (quase um tombo para falar a verdade) pelo sabor Oreo e o de Caramelo Salgado.A ideia de oferecer bolos trufados, segundo Clayton Rodrigues, um dos sócios da empresa, é levar maior sofisticação aos produtos. Mas as novidades para comemorar os 15 anos da Delikata não param por aí.Você já deve ter notado que com os avanços tecnológicos e o crescimento das redes sociais, o livro de receitas de família foi trocado por um celular ou computador que permite o acesso às mais variadas combinações culinárias. Nesse cenário, o sucesso das empresas passa também por sua percepção de que a decisão de compra de um determinado produto é escolha do cliente. Dessa forma, a Delikata resolveu fazer diferente. Além de lançar os cinco bolos exclusivos, vai compartilhar o “Modo de Fazer" dessas receitas com seu público. Essa decisão de compartilhar as receitas proporciona aos clientes conhecer o que há em cada torta que vai

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saborear e, além disso, contribui para que a marca estreite relacionamento com esses consumidores. O passo-a-passo de como montar todas as combinações será disponibilizado no canal oficial da Delikata no Youtube e divulgado nas redes sociais. OS SABORES - Para quem gosta de sabores mais refinados, a torta de Chocolate com Amêndoas faz as honras da casa. O sabor predominante da iguaria é uma trufa feita com chocolate meio amargo e tipo Suíço acrescidos de lâminas de amêndoas torradas. Se a busca é por algo que fuja um pouco do tradicional, a pedida é o Caramelo Salgado, bolo tradicional com três camadas de recheio que se alternam entre duas camadas de caramelo com flor de sal e uma de trufa de chocolate tipo suíço. O Morango com Chantininho também não deixa a desejar: bolo branco de chocolate especial com recheio e cobertura de trufa de chocolate tipo suíço e Chantininho com morangos frescos. Outro que também promete ser um dos queridinhos é o bolo Trufado Oreo, com recheio de trufa de chocolate branco com pedaços do biscoito e trufa de chocolate tipo suíço. Para finalizar, uma iguaria com aquele sabor de infância: o Bolo Trufado Napolitano, com três camadas generosas de recheio de trufa de chocolate tipo Suíço, trufa de chocolate branco e recheio de morango com cobertura trufada de chocolate.


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