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HISTÓRIA EM ÔNIBUS GEORGE ANDRÉ SAVY | escritorpiloto@gmail.com
Relembrando o Grupo Alitur 2016 é um ano que não pode passar despercebido ao falar sobre o Grupo Alitur – Aliança de Turismo, composto na década de 70 pelas empresas Piccolotur, Ensatur e Rápido Serrano. Em 2016, completa-se vinte anos sem a pintura criada em 1976 para os ônibus das três empresas, e que durou exatamente vinte anos, de 1976 a 1996. A década de 70 foi de ousadia e criatividade na área de comunicação visual das empresas de ônibus em todo o Brasil, rompendo com as tradicionais faixas retas dos anos 60 e o “padrão de pintura da Mercedes” nos monoblocos. Assim surgiram designs com imensa variedade de figuras geométricas, estilos e desenhos representativos dos locais atendidos; cidades litorâneas, serranas, etc. O Grupo Alitur, união de duas famílias, Piccolo de Jundiaí e Chedid de Bragança Paulista, marcou presença na região de Jundiaí e Campinas com a padronização da “pintura das ondas” em suas frotas, renovadas maciçamente com a compra de vários monoblocos e Marcopolo III entre os anos de 1976 e 1978. Junto à renovação, a ampliação dos serviços. A Piccolotur, por exemplo, em 1980 atendia nada menos que 30 indústrias na região. Somente a Metalúrgica Krupp em Campo Limpo Paulista, em média 20 ônibus seguiam diariamente para a indústria. E foi naquele ano que a empresa de Jundiaí construiu uma nova garagem na Vila Hortolândia, ampla, chamada de “Cidade Piccolotur” pela imprensa quando cobriu a inauguração. A garagem nova comportou a imensa frota, que se espalhava pelas ruas do Jardim Primavera na década de 70 onde estava a garagem antiga que não dava conta do aumento constante no número de veículos. Logo em seguida, estreando a nova garagem, o grupo compra os primeiros ônibus da Volvo, sendo um de luxo para excursões (Piccolotur) e outro simples para o serviço intermunicipal na Rápido Serrano. Na Ensatur – Empresa Nossa Senhora Aparecida de Turismo – a frota igualmente crescia. A Clark era a indústria historicamente atendida pela empresa, transportando funcionários para várias cidades do entorno, mas a Ensatur se destacava mesmo era no atendimento aos aeroportos. Além desses serviços, a força da Ensatur estava nas excursões curtas e o fretamento religioso, principalmente Aparecida. Todo final de semana se en-
16 interbuss | 24.04.2016
contrava ônibus da Ensatur no pátio da Basílica, atendendo a romeiros de todas as cidades da região de Campinas. Do alto era possível identificar, pela “pintura psicodélica” das ondas nas cores marrom, laranja e amarela, os ônibus do grupo Alitur. Veículos da Piccolotur e Ensatur, nas datas de grande demanda de passageiros em viagens intermunicipais (Natal e final de ano, ou carnaval), reforçavam a frota da Rápido Serrano. Era comum ver Ensatur e Piccolotur fazendo as rotas São Paulo a Águas de Lindóia ou Jundiaí a Amparo nessas épocas. Na década de 90, com a falência de muitas indústrias e mudanças para outras regiões e estados, a frota destinada ao serviço de fretamento industrial diminuiu consideravelmente. E finalmente em 1996, completando vinte anos da
“pintura das ondas”, o Grupo Alitur decide mudar a imagem de seus veículos, o que ocorre no ano seguinte, juntamente com o fim da Ensatur. De 1982 a 1985, Jesus Abi Chedid, então proprietário da Ensatur, esteve também no comando da Auto Ônibus Jundiaí, empresa que teve as linhas cassadas pela prefeitura. Tal como nos veículos urbanos e suburbanos da Rápido Serrano, os urbanos em Jundiaí possuíam as cores do grupo na pintura das faixas retas, somente os veículos rodoviários possuíam a pintura das ondas. Por vinte anos as cores marrom, laranja e amarela marcaram a região. Em 2016 lembramos que já se foram vinte anos sem elas, mas permanecem na memória daqueles que viveram aquela época.