Revista InterBuss - Edição 12 - 19/09/2010

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InterBuss

ANO 1 Nº 12 19/09/2010

RJ APRESENTA PINTURA QUE SERÁ PADRÃO EM TODA A FROTA MUNICIPAL Tradicionais pinturas e algumas outras novas, como a da Litoral Rio, estão com os dias contados; a partir de 30/10, começam a aparecer primeiros ônibus com novo layout padrão

• SÃO JOSÉ DO RIO PRETO Cidade poderá ter plebiscito para escolher novo sistema de transporte municipal • ENTREVISTA Emerson Dorneles, do Memória Gaúcha


ESPECIAL RODOVIÁRIAS E TERMINAIS. AGORA VOCÊ VAI SABER DE VERDADE ONDE PODE, ONDE NÃO PODE E COMO FAZER PARA FOTOGRAFAR COM SEGURANÇA NÃO PERCAM, NA PRÓXIMA SEMANA REVISTA

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INFORMAÇÃO COM QUALIDADE


NESTA EDIÇÃO

ESSA É A NOVA PINTURA DOS ÔNIBUS DO RIO DE JANEIRO, AGORA PADRONIZADA

Foto: André Andrade / Ônibus Expresso

A Semana em 10 Tempos • Página 5

Foto da capa: Diego Almeida Edição número 12 • Domingo, 19 de Setembro de 2010 • Concluída às 14h21 • Esta edição tem 28 páginas

EDITORIAL • Entrevistas e Entrevistados ..................... 4 A SEMANA EM 10 TEMPOS ......................................... 5 MATÉRIA DA SEMANA • A USP e os ônibus ....... 10 COLUNISTAS • José Euvilásio Sales Bezerra .................. 12 ESPECIAL • Televisão Brasileira, 60 anos, e os ônibus ......... 13 PÔSTER • Induscar Caio ............................................ 14 COLUNISTAS • Adamo Bazani ........................................ 16 DIA SEM CARRO • Experimente ônibus por um dia ........ 17 ENTREVISTA • Emerson Dorneles ..................................... 18 COLUNISTAS • Marisa Vanessa N. Cruz ......................... 21 FOTOS DA SEMANA • As melhores do Portal InterBuss.. 22 MURAL • Os sociais da Revista InterBuss ............ 23 DIÁRIO DE BORDO • Refúgio dos Bandeirantes........... 24 VÁ, MAS VISITE • Cidade de Atibaia/SP ............ 26

Revista na Rede Os sites do grupo Portal InterBuss são atualizados frequentemente com novos conteúdos. Fiquem atualizados com eles: • REVISTA ELETRÔNICA Acesse nosso conteúdo também na revista eletrônica, todos os dias, 24h por dia, em: www.portalinterbuss.com.br/revista • NOTÍCIAS Veja notícias do setor de transportes atualizadas diariamente em nosso blog: www.portalinterbuss.com.br/noticias • GALERIAS DE IMAGENS Nossas galerias são atualizadas semanalmente com fotos, desenhos e conteúdos enviados por diversos colaboradores de todo o Brasil. Veja em: www.portalinterbuss.com.br/galeria Tudo no site: www.portalinterbuss.com.br


EDITORIAL

A entrevista e o entrevistado: as mais diversas repercussões Na semana passada, a Revista InterBuss publicou uma entrevista com o professor e colecionador Wesley Araújo, que faz parte da equipe do site ValeSPBus, site esse que tem mais de dez anos de trajetória dentro do colecionismo brasileiro. Até o momento, esse foi o conteúdo que mais repercutiu entre nossos leitores. De todas as manifestações que recebemos, quase a totalidade foi favorável ao que nosso entrevistado disse, e alguns ainda se arriscaram a dizer que se identificaram muito com o que foi dito ali, e outros disseram que gostariam de ter a coragem que Wesley teve de dizer algumas coisas, pois era a mais pura verdade. As entrevistas da Revista InterBuss são sempre feitas com pessoas ligadas à área de transporte, sejam elas colecionadoras, frotistas, empresários do setor, funcionários e colaboradores, enfim, não há um padrão a ser seguido para a escolha do convidado da semana, além de que nem em todas as edições haverão entrevistas, como pôde ser visto em edições anteriores. A seção de Entrevistas não é fixa e pode ou não sair a cada edição. Recebemos, juntamente com os elogios, duas críticas, inclusive uma delas questionando a capacidade da equipe do Portal InterBuss de fazer um conteúdo de qualidade por conta de algumas declarações feitas por Wesley questionando alguns métodos de

REVISTA

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A Revista InterBuss é uma publicação semanal do site Portal InterBuss com distribuição on-line livre para todo o mundo. Seu público-alvo são frotistas, empresários do setor de transportes, gerenciadores de trânsito e sistemas de transporte, poder público em geral e admiradores e entusiastas de ônibus de todo o Brasil e outros países. Todo o conteúdo da Revista InterBuss provenientes de fontes terceiras tem seu crédito dado sempre ao final de cada material. O material produzido pela nossa equipe é protegido pela lei de direitos autorais e sua reprodução é autorizada após um pedido feito por escrito, e enviado para o e-mail revista@portalinterbuss.com.br. As fotos que ilustram todo o material da revista são de autoria própria e a reprodução também é autorizada apenas após um pedido formal via e-mail. As imagens de autoria terceira têm seu crédito disponibilizado na lateral da mesma e sua autorização de reprodução deve ser solicitada diretamente ao autor da foto, sem interferência da Revista InterBuss. A impressão da revista para fins particulares é previamente autorizada, sem necessidade de pedido.

outros sites sobre ônibus no Brasil. A equipe da Revista InterBuss é diferente da do Portal InterBuss. A revista é feita por jornalistas formados, experientes na área, e conta também com colunistas da mais alta confiabilidade e credibilidade no colecionismo brasileiro. Para se ter uma ideia, nossas colunas têm recebido constantes elogios por conta do conteúdo de alta qualidade. Contamos também com as matérias espetaculares do jornalista Adamo Bazani, da Rádio CBN, que todas as semanas colabora com reportagens muito lidas e que têm se tornado referência para muita gente. Por contarmos com conteúdo de alta qualidade, sempre redigido por pessoas idôneas, os textos não passam por nenhum tipo de corte ou censura. As entrevistas passam pelo mesmo processo, o que garante liberdade e identidade aos nossos convidados. Ainda antes da entrevista ser feita, Wesley questionou se poderia fazer algumas citações de nome, e recebeu a resposta de que sim, sem nenhum problema, uma vez que ele estava totalmente livre para fazer suas declarações. A Revista InterBuss está sempre ao dispor de todos os nossos leitores. Estamos prontos para receber críticas, sugestões, elogios ou qualquer outra manifestação. Por isso estamos em uma democracia, prontos para ouvir e sermos ouvidos. PARA ANUNCIAR Envie um e-mail para revista@portalinterbuss.com.br ou ligue para (19) 9636.1087 e converse com nosso setor de publicidade. Você poderá anunciar na Revista InterBuss, ou em qualquer um dos sites parceiros do grupo InterBuss, ou até em nosso site principal. Temos diversos planos e com certeza um deles se encaixa em seu orçamento. Consulte-nos! PARA ASSINAR Por enquanto, a Revista InterBuss está sendo disponibilizada livremente apenas pela internet, através do site www.portalinterbuss.com.br/revista. Por esse motivo, não é possível fazer uma assinatura da mesma. Porém, você pode se inscrever para receber um alerta assim que a próxima edição sair. Basta enviar uma mensagem para revista@portalinterbuss.com.br e faremos o cadastro de seu e-mail ou telefone e você será avisado. CONTATO A Revista InterBuss é um espaço democrático onde todos têm voz ativa. Você pode enviar sua sugestão de pauta, ou até uma matéria completa, pode enviar também sua crítica, elogio, ou simplesmente conversar com qualquer pessoa de nossa equipe de colunistas ou de repórteres. Envie seu e-mail para revista@por-

Do Leitor Edições anteriores Desejo receber informações e alertas de novas revistas InterBuss. Gostaria de receber também as edições de 1 a 9. Aguardo contato. Grato pela atenção. Um abraço. Eduardo Pereira Mafalda São Paulo/SP Resposta da redação: Obrigado pelo contato Eduardo! As edições anteriores da Revista estão disponíveis para leitura online ou download no site www.portalinterbuss.com.br/ revista. As edições de 1 a 5, no formato blog, deverão ser disponibilizada em breve para todos os leitores, no mesmo endereço.

Contatos em geral Você também pode enviar seu contato diretamente para cada um de nossos colunistas e repórteres. Basta verificar logo no início ou no final o contato de cada um deles e enviar uma mensagem. Caso não haja nenhum canal de relacionamento disponível na matéria, você pode enviar sua mensagem para o colunista ou para o repórter através do e-mail revista@portalinterbuss.com.br e nõs faremos o encaminhamento da mensagem à pessoa desejada. Na Revista InterBuss, você nunca fica sem contato ou sem resposta. Em até 72h respondemos sua mensagem. Este espaço é para você deixar a sua opinião sobre nosso conteúdo. Para isso, entre em contato através do e-mail revista@portalinterbuss.com.br. Na próxima edição, publicaremos sua opinião neste espaço. talinterbuss.com.br ou contato@portalinterbuss.com. br. Procuramos atender a todos o mais rápido possível. A EQUIPE INTERBUSS A equipe do Portal InterBuss existe há nove anos, desde quando o primeiro site foi ao ar. De lá pra cá, tivemos grandes conquistas e conseguimos contatos com os mais importantes setores do transporte nacional, sempre para trazer tudo para você em primeira mão com responsabilidade e qualidade. Por conta disso, algumas pessoas usam de má fé, tentando ter acesso a pessoas e lugares utilizando o nome do Portal InterBuss, falando que é de nossa equipe. Por conta disso, instruímos a todos que os integrantes oficiais do Portal e Revista InterBuss são devidamente identificados com um crachá oficial, que informa o nome completo do integrante, mais o seu cargo dentro do site e da revista. Qualquer pessoa que disser ser da nossa equipe e não estiver devidamente identificada, não tem autorização para falar em nosso nome, e não nos responsabilizamos por informações passadas ou autorização de entradas dadas a essas pessoas. Qualquer dúvida, por favor entre em contato pelo email contato@portalinterbuss.com.br ou pelo telefone (19) 9636.1087, sete dias por semana, vinte e quatro horas por dia.


A SEMANA EM 10 TEMPOS DE 12 a 18/09/2010

População de Mogi das Cruzes reclama do transporte na cidade Mais de um ano e meio depois da retirada da Mito Transportes da cidade, o sistema encontra-se precário, com o número de reclamações cada vez maior entre os usuários

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Foto: Wesley Araújo

Nos últimos dias, a reportagem do jornal Mogi News conversou com usuários do transporte coletivo em vários bairros da periferia da cidade. A maioria dos entrevistados reclamou de problemas e cobrou mais energia do prefeito Marco Bertaiolli (DEM) para que o atendimento seja mais eficiente. No Jardim Piatã II, bairro que fica na divisa com a cidade de Itaquaquecetuba, as moradoras Eunice Alves da Mota e Márcia Daniele dos Santos citaram o enorme intervalo entre as viagens como sendo uma das principais deficiências. “Os ônibus que vem para esse bairro circulam com intervalos de três horas ou mais. Sobra aos moradores a opção de usar os ônibus que vão para Itaquá ou caminhar até o Piatã I (a região possui topografia bastante acidentada) para viajar com mais rapidez”, comentou Eunice. A vizinha Márcia observou que os coletivos que entram no Piatã II circulam somente com motoristas. “A falta de cobrador costuma atrasar as viagens, principalmente quando a gente está retornando da cidade”. Elas destacaram ainda a falta de coberturas em praticamente todos os pontos de parada do bairro. “É preciso melhorar bastante, pois o preço da passagem é caro”, acrescentou Eunice. Moradora do Jardim Piatã I, a dona de casa Edna Santos de Oliveira disse que em relação a dois ou três anos, o serviço melhorou: “Não tenho do que reclamar. Tem vários horários e nunca fiquei na mão”, argumentou. No distrito de Jundiapeba, os moradores mostraram insatisfação. A cozinheira Maria de Fátima de Souza disse que os coletivos que passam próximo da sua residência e seguem para o centro da cidade estão, invariavelmente, lotados. “Avalio que a Prefeitura poderia colocar mais ônibus para atender a população. O prefeito precisa verificar esses problemas, é para isso que ele foi eleito, não foi?” A moradora Leonice dos Santos Lopes também reclamou do excesso de lotação e de intervalos estendidos aos finais de semana e feriados. “O atendimento precisa ser melhorado porque a passagem está caríssima. Em

Prefeitura e população pediram ônibus novos, que vieram, porém sistema piorou Suzano, as pessoas pagam R$ 2 para viajar. Acho também que a Prefeitura poderia liberar as lotações, isso ajudaria a reduzir os ônibus lotados”, salientou a entrevistada. Para a aposentada Catarina Silva Honório, o atendimento está atendendo as expectativas. Ela reside na altura do número 1,6 mil da estrada Guilherme Garijo, próximo do Jardim Margarida, divisa de Mogi com Suzano. “A minha filha usa ônibus todos os dias para ir e retornar do trabalho e ela nunca reclamou de atrasos ou excesso de lotação”. Sindicato A circulação de coletivos somente com motoristas, que fazem também a função de cobradores, não está prevista no contrato firmado entre a Prefeitura e as concessionárias, segundo informações do Sindicato dos Condutores Rodoviários de Mogi e Região. No entanto, no município, segundo o

próprio sindicato, pelo menos 15 microônibus das duas empresas circulam sem os cobradores e os motoristas desempenham o papel dos auxiliares. “Na maioria das cidades e em São Paulo, a circulação dos ônibus menores sem cobrador já faz parte da rotina das empresas e dos usuários. Em Mogi, os motoristas e cobradores não re-clamam e os condutores até que acham bom, pois eles têm um acréscimo nos vencimentos por causa da segunda atividade”, argumentou o vice-presidente da entidade sindical, Felix Serrano de Barros. Também não existem outros problemas (na relação empresas, trabalhadores e sindicato), segundo informou Félix. “O maior problema para o sindicato é quando as empresas não querem dar aumento salarial a que os trabalhadores têm direito. Em Mogi, as empresas estão cumprindo os dissídios”. (Mogi News)

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A SEMANA EM 10 TEMPOS

Foto: Jorge Ciqueira

Campo Grande entregará 59 novos ônibus no Dia Sem Carro

Novos veículos para Campo Grande já estão a caminho das garagens Na próxima quarta-feira (22), a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e vários parceiros promovem, pelo quarto ano consecutivo, o evento “Na cidade sem meu carro”. Nesta data, o diretor do órgão, Rudel Espíndola Trindade Júnior chegarão ao paço municipal de bicicleta. Em seguida, junto com secretários, empresários do transporte coletivo e imprensa seguirão de ônibus para o Terminal Bandeirantes, onde serão entregues 59 novos ônibus para a população. “Na cidade sem meu carro” tem como objetivo sensibilizar as pessoas sobre a necessidade de adotarem atitudes que contribuam para a preservação do meio ambiente incentivando o uso do transporte coletivo, da bicicleta e da caminhada como meios adequados de sustentabilidade. A iniciativa consiste em ações com o objetivo de: refletir sobre os problemas causados pelo modelo de mobilidade centrado no

automóvel; despertar nos cidadãos a consciência sobre o uso racional e solidário do automóvel para combater a poluição e reduzir os gastos públicos; estimular o uso do transporte coletivo. O evento visa, ainda, estimular o desenvolvimento de novas tecnologias; apoiar as iniciativas municipais; informar os cidadãos sobre alternativas de mobilidade sustentável no planejamento urbano e no uso de combustíveis renováveis e não poluentes; incentivar a adoção de alternativas sustentáveis como o transporte a pé e de bicicletas. Todas as secretarias da Prefeitura de Campo Grande receberam um ofício sobre a importância de todos os servidores municipais participarem dessa mobilização, indo para seus locais de trabalho utilizando, preferencialmente, o transporte coletivo. O ato de entrega de ônibus, marcado para as 9:00 horas, terá a presença do Clube

Empresas divulgam linhas do ABC para Est. Tamanduateí As obras da estação do Metrô Tamanduateí estão na reta final, mas ainda não há previsão para começar a operar. A população do Grande ABC terá três linhas de ônibus para chegar à nova estação. A Prefeitura de São Caetano divulgou o itinerário de duas delas. A Estação Tamanduateí, que integra a Linha 2 Verde, a mesma que atravessa a Avenida Paulista, é a parada de Metrô mais próxima da região. As três linhas intermunicipais que transportarão os passageiros do Grande ABC até o Metrô partirão de Santo André (Príncipe de Gales e Vila Palmares) e São Caetano (Jardim São Caetano). As linhas serão administradas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e operadas pelas viações Padre Eustáquio, Santa Paula e Tucuruvi Transportes e Turismo. Apenas a empresa Tucuruvi não divulgou o itinerário. Confira ao lado as ruas por onde irão passar os coletivos em Santo André e São Caetano. A expectativa é de que os ônibus comecem a funcionar quando a estação iniciar as operações. A assessoria de imprensa do Metrô afirmou que está em fase de testes e não há previsão para a inauguração. O novo corredor permitirá também integração com a Linha 10 Turquesa, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que serve o Grande ABC. O bilhete de integração entre os ônibus e as estações do Metrô e da CPTM custará R$ 4,60. (Diário do Grande ABC) do Setinha, que levará os alunos da Escola Municipal José Dorilêo de Pina que, com a participação de 60 crianças, vem desenvolvendo trabalho sobre o trânsito desde fevereiro deste ano. Depois da inauguração, haverá um piquenique com o Setinha, no Horto Florestal. (Correio do Estado)

Sem organização, embarque em terminal de Manaus vira bagunça Passageiros enfrentam tumulto e chegam a se machucar para entrar nos ônibus que passam pelo Terminal de Integração 3 (T3), no bairro Cidade Nova, zona norte de Manaus. Na ausência de fiscais para organizar as filas, os veículos trafegam lotados com pessoas penduradas nas portas. Na manhã de sexta-feira, quando ocorriam tumultos na maioria dos pontos de embarque, a reportagem flagrou um único fiscal do Instituto Municipal de Trânsito

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(IMTT) no T3 que não tomou nenhuma iniciativa para evitar o transtorno. “Na semana passada, minha mão ficou imprensada na porta de ônibus. Esperamos horas nas filas, mas muitos dos usuários não respeitam porque falta quem coíba esse desrespeito”, disse. O fiscal do IMTT ouvido pela reportagem negou a ocorrência de tumulto para entrar nos ônibus. “Não ocorre aglomeração na entrada e não há desrespeito aos que estão

nas filas”, disse o fiscal Orígenes Magno. A assessoria do IMTT disse que reconhece o problema e prometeu reforçar a fiscalização no T3. Contou que os fiscais do terminal foram advertidos verbalmente por permitirem as irregularidades. Informou ainda, que enviou oficio para as empresas de ônibus responsáveis pelas seis linhas em que usuários foram flagrados pendurados nas portas com os veículos em movimento. (D24AM)

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O NOVO TRANSPORTE DO RIO DE JANEIRO

Prefeitura divulga modelo de pintura padronizada para ônibus municipais

Foto: Divulgação

Ônibus no Rio de Janeiro: briga fiscal para renovação de frota em massa A prefeitura do Rio de Janeiro apresentou a nova pintura dos ônibus da cidade, que será padronizada e com detalhes que indicarão cada região da cidade. Com isso, os tradicionais layouts, muitos com décadas de história, irão desaparecer no prazo de até um ano Todos os ônibus da cidade estarão padronizados em até um ano. O modelo foi apresentado ontem pelo prefeito Eduardo Paes, durante cerimônia de assinatura do contrato com os quatro consórcios que atuarão no Rio. A nova roupagem dos veículos poderá ser vista nas ruas a partir de 30 de outubro, quando terá início o Bilhete Único Carioca. O município será dividido em quatro grandes regiões e cada concessionária terá exclusividade em uma delas. “A padronização dos ônibus será progressiva nos próxi-

mos meses, e a transformação será logo percebida nas ruas”, avisa o secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão. A cor das tarjas estampadas na lateral, traseira e frente dos veículos indicará a área: na Zona Sul e Grande Tijuca, será azul; na Baixada de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio, amarelo, e nas zonas Norte e Oeste, serão, respectivamente, vermelho e verde. “Teremos um ganho estético enorme. Não há nada mais feio do que esses ônibus horrorosos, cada um pintado com uma cor. Em alguns casos, o mau gosto chega a ser assustador”, disse Paes.

Campanhas para evitar confusão O presidente da federação das empresas de ônibus, a Fetranspor, Lélis Teixeira, adianta que, para evitar confusão com as novas cores e linhas de ônibus, haverá campanhas educativas: “Vamos informar como identificar os veículos”. Lélis conta que os empresários vão investir na compra de 600 ônibus articulados para circular nos corredores exclusivos para ônibus, BRTs, até 2012. “Com veículos apropriados e boa infraestrutura, mudaremos totalmente o transporte público do Rio”, garante. (O Dia)

Consórcios assinam contrato para novo sistema O prefeito do Rio, Eduardo Paes, assinou nesta sexta-feira (17) o contrato com os quatro consórcios vencedores da licitação para operar os ônibus municipais nos próximos 20 anos. A capital foi dividida em quatro áreas e os veículos terão cores diferentes, representando cada uma delas. Com a assinatura, as empresas de ônibus terão status de concessionárias e serão passíveis de sanções por parte da prefeitura, em caso do descumprimento das regras, como a má prestação de serviços. Outras mudanças, além das cores

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padrões, estão previstas como a implantação de câmeras de vídeo, tacógrafos eletrônicos e o uso do rastreador GPS para acompanhar a movimentação da frota. Algumas linhas de ônibus também devem ser remanejadas de áreas onde há excesso de veículos para regiões onde o transporte é precário. Novidades em outubro O novo sistema começa a funcionar no dia 30 de outubro, juntamente com o Bilhete Único Carioca. A passagem também subirá para R$ 2,40, no entanto, portadores do cartão

de integração poderão pegar uma segunda condução em um intervalo de duas horas sem pagar mais por isso. A integração não vale para ônibus especiais (com ar-condicionado). Terminais também serão reformados Segundo a Secretaria Municipal de Transportes também estão previstas a remodelação dos terminais rodoviários, com instalação de novos sanitários nos pontos finais e equipamentos de fiscalização. Até 2016, toda a frota de ônibus da cidade deverá ser renovada. (G1)

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A SEMANA EM 10 TEMPOS

Transporte de S. J. Rio Preto tem estudo para implantação de novo sistema em 2011

Foto: Luciano Roncolato

O estudo desenvolvido pela empresa Logitrans, de Curitiba, para identificar o melhor sistema de transporte coletivo a ser implantado em Rio Preto, a partir de 2011, vai sugerir ao prefeito Valdomiro Lopes (PSB) e ao secretário de Trânsito, Aparecido Capello, a inserção de cláusulas no edital da licitação que garantirão o “controle social” da concessão das linhas de ônibus. Os serviços prestados pelo consórcio ou empresas vencedoras da licitação estarão sujeitos à avaliação dos usuários, através de pesquisas. De acordo com o engenheiro Antonio Carlos Marchezetti, diretor de operações da Logitrans, uma das cláusulas do edital da licitação deverá garantir a avaliação anual do grau de satisfação do usuário. “Se em dois ou três anos (a administração municipal) perceber que o usuário está insatisfeito, o contrato deve ser rompido. O povo não pode passar 10 anos aguentando uma empresa que não está atendendo bem”, afirmou. “O serviço é para o usuário, que deve dizer se está bom ou não, mediante regras bem claras estabelecidas no contrato”, completou. Na semana passada, a empresa concluiu a fase de coleta de dados sobre o atual sistema de transporte coletivo de Rio Preto. Marchezetti disse que foram realizadas 30 mil entrevistas com usuários de ônibus. “Agora, vamos apurar como o sistema está se comportando e depois vamos discutir as alternativas para a futura concessão”, disse ainda. O engenheiro falou que o conteúdo das entrevistas vai revelar como os usuários de ônibus se deslocam na cidade. A Prefeitura de Rio Preto vai pagar R$ 138,6 mil à Logitrans pelo estudo que indicará o novo sistema de transporte coletivo a ser adotado no município. O diretor de operações da empresa afirmou que até o final deste mês concluirá a primeira fase do estudo, que envolve a análise das entrevistas. Ainda como sugestão para garantir o “controle social” da concessão das linhas de ônibus, o estudo vai indicar ao prefeito e ao secretário de Trânsito a implantação na internet de um sistema on-line de atendimento ao usuário de ônibus. “O usuário entrará na internet, escolherá a linha que ele vai pegar e saberá em quan-

Terminal Urbano de São José do Rio Preto: contrato da Circular Santa Luzia acaba em 2011 tos minutos o ônibus vai passar em determinado ponto. A fiscalização também deverá ser moderna. Com sistemas de GPS é possível saber a hora que o ônibus deveria estar no ponto e se não estiver é aplicada uma multa on-line. São coisas extremamente modernas”, disse. O estudo também estabelecerá a oferta mínima de serviços. “Os níveis de espera devem ser aceitáveis para a população. É inaceitável que num bairro tenha ônibus de hora em hora. Isso é quase que um serviço de rodoviária. Esses detalhes deverão constar na licitação”, destacou Marchezetti. Monopólio O diretor de operações da Logitrans adiantou ao Diário que o resultado do estudo encomendado pela Prefeitura de Rio Preto não garantirá a quebra do monopólio do transporte coletivo da cidade, dominado pela Circular Santa Luzia, que controla 95% das linhas de ônibus. “Algumas cidades aumentam (o número de empresas) já outras, diminuem. Rio Preto vai ser um caso particular e vamos discutir com a sociedade para ver o que é melhor. Vamos desenhar um sistema que atenda aos anseios da população de Rio Preto e não copiar de outro local”, disse.

Capello se esquiva de comentar plebiscito O secretário de Trânsito de Rio Preto, Aparecido Capello (PSB), se esquivou de comentar o projeto de decreto legislativo que será votado na Câmara de Rio Preto, na quarta-feira, e prevê a realização de um plebiscito para definir se o novo sistema de transporte coletivo da cidade será público, com ônibus e funcionários da Prefeitura, ou particular, como o atual. Procurado pela reportagem, ontem, Capello transferiu a responsabilidade. “Quem está cuidando da nova concessão é o procurador-geral (Luiz Tavolaro)”, afirmou o secretário. Tavolaro está em férias e não foi localizado. Capello também se recusou a falar sobre o estudo desenvolvimento pela empresa Logitrans para indicar o novo modelo transporte coletivo para a cidade. Concessão O contrato de concessão entre a Prefeitura e a Circular Santa Luzia, em vigor há 20 anos, vencerá em fevereiro de 2011. Com base no resultado do estudo, a Prefeitura vai elaborar o edital da nova concessão. Não há data prevista para o início do processo licitatório. (Diário da Região)

uma ameaça à presença dos cobradores nos coletivos que fazem trajetos urbanos intermunicipais. As informações são do jornal Folha de S.Paulo. A resolução, publicada nesta semana, estipulava que a necessidade dos cobradores fosse analisada junto com as alternativas de cobrança de bilhetagem eletrônica. A EMTU opera 650 linhas somente na Grande

São Paulo. A empresa havia informado que iria “estudar as alternativas de cobrança automatizada das tarifas com ou sem cobrador”. “A ausência do cobrador dificulta a vida do motorista, que precisa manipular dinheiro. Isso provoca atrasos. E onde ele foi tirado não teve redução de tarifa”, diz Francisco Mendes da Silva, do sindicato dos rodoviários no ABC paulista. (Terra)

EMTU-SP cogita, depois desiste de tirar cobradores O governo de São Paulo cancelou a criação de um grupo para analisar “a necessidade da existência de cobrador” nos ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU). A Secretaria dos Transportes Metropolitanos alegou a “necessidade de adequações” nos “termos” da resolução, que foi algo de críticas de líderes sindicais. A categoria dos metroviários vê a medida como

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Fotos: José Euvilásio Sales Bezerra

Apesar do aumento de viagens, frota de ônibus não cresceu em São Paulo A capacidade dos ônibus do transporte público na cidade de São Paulo cresceu 1% entre 2005 e 2009, enquanto o número de viagens aumentou 15% no mesmo período, de acordo com dados da SPTrans, empresa que gerencia os ônibus na capital. Dos 450 mil lugares em coletivos existentes em 2005, a prefeitura afirma ter criado mais 5.000. Já o total de viagens passou de 2,5 bilhões para cerca de 2,9 bilhões por ano. Foram 362,8 milhões de viagens a mais no total anual. Apesar desse aumento, relacionado à adoção do Bilhete Único, o tamanho da frota não cresceu nos últimos três anos. Em relação a 2007, havia 33 ônibus a menos circulando na capital em julho passado, segundo os dados mais recentes da prefeitura, reunidos pela ONG Movimento Nossa São Paulo. Há três anos, existiam em uso no município 14.983 ônibus. A SPTrans diz ter renovado no período 57% da frota, o que gerou a criação dos 5.000 lugares. Na outra ponta, dados do Detran (Departamento de Trânsito) mostram que, entre janeiro de 2008 e junho de 2010, as ruas de São Paulo ganharam mais 530.561 carros (aumento de 12% da frota). Diante de pesquisas Ibope que mostraram desaprovação da população quanto à qualidade do serviço dos ônibus em 2008 e 2009, especialistas ouvidos pelo R7 defendem mais investimentos em transporte público e infraestrutura. Para Cláudio Barbieri da Cunha, professor da escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e coordenador da pós-graduação em engenharia do transporte, três fatores podem explicar a manutenção do número de coletivos: os ônibus podem estar parados por estarem velhos; pode ter havido uma racionalização do sistema, priorizando ônibus mais eficientes, e a melhora da economia pode ter levado os usuários a trocar o

Ônibus em São Paulo: frota está com 33 veículos a menos em relação a 2007 ônibus pelo transporte individual na primeira oportunidade. O professor não descarta a possibilidade de as três razões contribuírem para a estabilidade da frota. O especialista diz que o maior uso de transporte individual prejudica os ônibus, que compartilham a via com os carros. O presidente da ANTP (Associação Nacional do Transporte Público), Aílton Brasiliense Pires, concorda que há migração dos usuários de ônibus para o transporte individual e acrescenta que a expansão das linhas de metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) também contribui para a redução dos coletivos. Pesquisa Ibope Pesquisas Ibope/Nossa São Paulo, de 2008 e 2009, mostram que o tempo de espera e a conservação da frota de ônibus foram desaprovados. Os entrevistados deram notas entre um e dez para vários aspectos do trânsito.

Notas abaixo de 5,5 refletiam insatisfação da população, de acordo com o critério do Ibope. O “tempo médio de espera nos pontos de ônibus” teve nota 4,2, em 2008, e quatro, em 2009. “Conservação e manutenção da frota de ônibus” teve notas 4,7, em 2008, e cinco, no ano passado. A SPTrans cita outra pesquisa e aponta melhora da avaliação. “A edição deste ano da pesquisa da ANTP (referente a 2009), que avalia o transporte público na região metropolitana de São Paulo, aponta que os ônibus municipais tiveram uma evolução de dez pontos percentuais comparativamente com 2008, atingindo 50% de avaliação excelente ou boa”, diz a nota. A empresa municipal ressalta a ampliação do Bilhete Único comum, de duas para três horas, e o investimento de R$ 162,8 milhões em reformas e requalificações nos corredores de ônibus da cidade. Os textos da assessoria de imprensa da SPTrans ainda ressaltam o aumento na capacidade dos ônibus desde 2005, de 5.000 novos lugares. (R7)

posta atual, adquirem vantagens, como a de permanecer explorando o transporte público por até 35 anos. As empresas de ônibus urbano que operam na cidade neste momento estão realizando o serviço sem concessão – a autorização venceu em fevereiro deste ano. Uma mobilização reuniu cerca de 50 estudantes e trabalhadores, no Largo da Alfândega, no Centro de Florianópolis, com a distribuição de panfletos contra as licitações. Os manifestantes defendem que o projeto de

lei deveria ter sido mais discutido antes da aprovação. O grupo caminhou até a Câmara, participou da sessão e fez barulho a cada voto favorável ao projeto. Mas foi depois do fim da seção que o clima esquentou. Até as 21h30min, nenhum vereador conseguiu sair de carro da Casa: em protesto ao resultado, dezenas de pessoas sentaram-se em frente ao portão da garagem do prédio e até queimaram um ônibus feito de papelão para o protesto. (Diário Catarinense)

Florianópolis poderá ter licitação para transporte Com algumas alterações do projeto original, a Câmara de Vereadores aprovou, nessa semana, a lei que autoriza a realização de um processo licitatório para escolher as empresas responsáveis pelo transporte público em Florianópolis. Isso quer dizer que, se o prefeito sancionar a nova regra, as empresas interessadas em prestar este tipo de serviço em Florianópolis terão de participar de uma seleção – o que não ocorre há pelo menos 10 anos. Por outro lado, de acordo com a pro-

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MATÉRIA DA SEMANA

OS ÔNIBUS QUE TRANS

FUTURO DO

Foto: Revista Eu Rodo - Volvo/1983 - Acervo Jorge Ferreira

Os veículos também foram materi

Adamo Bazani Hospitais de referência, uma prefeitura, clínicas odontológicas, veterinárias, áreas de produção tecnológica, um serviço próprio de segurança pública, quase uma centena de edificações de médio e grande portes, mais de 15 mil e 200 trabalhadores, duas linhas de ônibus internas que transportam 120 mil pessoas por semana com cerca de 15 veículos, aproximadamente 20 linhas regulares oriundas de diversas regiões, 33 quilômetros de vias, grande quantidade de estrangeiros de 44 países pelo menos, um Conjunto Residencial com sete blocos que abrigam cerca de 1500 pessoas de baixa renda e uma área territorial de 4 quilômetros quadrados. Esses números vistos isoladamente fazem com que qualquer imagine que se referem a uma cidade desenvolvida. E não deixa de ser,

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mas não é bem uma cidade nos moldes de uma comarca de município independente. Tratase da Cidade Universitária Armando Sales de Oliveira, ou simplesmente a Cidade Universitária da USP, na região do Butantã, na zona Oeste de São Paulo. E realmente, esses dados não são nada modestos, o que faz com que não seja nenhum exagero classificar a USP como um mundo à parte dentro do Município de São Paulo. A Cidade Universitária tem o mesmo tamanho do município de Águas de São Pedro, no interior do Estado de São Paulo e segundo o IBGE, é maior que muitas cidades brasileiras. E assim como onde há uma grande concentração de pessoas e dinâmicas atividades sociais, culturais, econômicas, existe também uma notória necessidade de transportes coletivos. Como em qualquer cidade, a Armando Salles de Oliveira – USP, precisou desenvolv-

er um sistema próprio de transportes coletivos além de oferecer estrutura para receber ônibus de diversas regiões. Aliás, não só da cidade de São Paulo e Região Metropolitana. Há ônibus fretados vindos do Litoral Paulista e de vários municípios do interior. Os ônibus na história da USP sempre tiveram um papel fundamental. Primeiro porque eles literalmente transportaram (e continuam nessa função) parte das grandes mentes formadas e formadoras do País e também porque em vários momentos da USP, não foram apenas responsáveis pela locomoção, mas também uma espécie de material didático gigante de muitos estudantes, pesquisadores e professores. É que ao longo do tempo, tecnologias limpas e alternativas ao petróleo, sistemas de segurança e monitoramento em geral, foram testados nos famosos ônibus azuis, amarelos, brancos e cinzas

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SPORTAM O

O PAÍS

ial didático

que operam dentro da instituição, ou melhor, do mundo do conhecimento dentro de São Paulo. A USP foi criada oficialmente em 1934, na época do interventor do estado Armando Sales de Oliveira. Após a derrota em armas, mas com vitória moral da Revolução Constitucionalista de 1932, São Paulo precisava criar uma nova elite intelectualmente ativa para que o Estado continuasse sendo um dos principais na área do conhecimento do País, e também para manter a relevância econômica e cultural paulista. Assim, foi criado um grande movimento para que São Paulo tivesse uma referência não só nacional, mas mundial em pesquisa e saber. Uma dessas pessoas pertencentes a esse movimento era Sérgio Milliet, filósofo, sociólogo e poeta, que na época resumiu bem o propósito da USP. “De São Paulo não sairão

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mais guerras civis anárquicas, e sim ‘uma revolução intelectual e científica’ suscetível de mudar as concepções econômicas e sociais dos brasileiros”. A cidade Universitária, antiga fazenda Butantã, começou a crescer, no entanto, depois dos anos de 1960. Muitos afirmam que era uma estratégia do governo militar para tirar do centro da cidade os estudantes que faziam manifestações contra o regime. O fato é que os ônibus com a pintura da USP são uma marca de São Paulo. Já foram a gás natural, como em 2001, pequenos e grandes, como este Gabriela Volvo B 58, de 1983, na foto e continuam fazendo parte da história do conhecimento no País. Os ônibus a gás natural, de 2001, no total de seis veículos, eram dotados de um sistema de GPS inovador para a época desenvolvido

pelos alunos da própria USP. Um estudo coordenado pelos professores Cristina Guarnieri, Eduardo Barbosa, Cláudio Possani, Guilherme Biasi e Adilson Simonis, surpreendeu a própria reitoria da USP. Como o transporte dentro da cidade Universitária é gratuito, não havia catracas e outras formas de validadores e controladores de acesso dos passageiros. Os números eram estimados por contagem, muitas vezes de voluntários de diversos cursos. Os professores que coordenaram o estudo decidiram sistematizar a contagem de passageiros. Só aí que os responsáveis pela cidade universitária perceberam a importância e a magnitude dos transportes internos por ônibus. Desde estudo, de 2006, que se chegou ao número de 120 mil pessoas transportadas por semana nos veículos que prestam serviços para a instituição. Há duas linhas que fazem trajetos em sentidos opostos dentro da Cidade Universitária. A linha 1, que responde por 48% da demanda a e linha 2 que transporta 52% dos usuários dentro da universidade. Na linha 2, por exemplo, os pesquisadores encontraram um número de passageiros de dar inveja a muitos empresários de ônibus, operadores da cidade de São Paulo. Numa única viagem, de pouco mais de 20 minutos, foram transportadas 286 pessoas no ônibus. É sem dúvida um Índice de Passageiro por Quilômetro muito mais atraente que muitas linhas do sistema convencional de qualquer cidade. Os estudos resultaram num aumento da oferta de ônibus na cidade universitária que ocupa hoje a que foi a Fazenda do Butantã. As linhas urbanas municipais e de fretamento transportam uma demanda ainda maior, o que prova que o ônibus não é apenas um veículo e sim um elemento social de oportunidades, que na supostamente simples tarefa de transportar ou nas mais complexas transformações tecnológicas, ajudam no acesso físico e prático à educação e ao conhecimento. Prova disso é o Programa Caminho da Escola, que pretende facilitar o acesso das crianças e adolescentes em áreas cujas condições de trafegabilidade, com solos irregulares e mal cuidados, à educação, com ônibus como se fossem “off road” preparados para enfrentar as condições de operação mais severas. Não basta ter uma boa escola, se não há quem leve até ela de maneira confortável e digna. Não basta ter um ótimo professor, se não houver um excelente motorista que leve os alunos com tranqüilidade para a aula deste mestre. Sendo assim, como na USP, ou na região mais distante, com uma escola de madeira a quilômetros, os transportes públicos mostram seu papel como facilitadores na formação da sociedade.

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José Euvilásio Sales Bezerra O Cobrador de hoje

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a reconhecer o itinerário já que, infelizmente, nem sempre o treinamento em uma linha é feito no tempo adequado; passa informações aos passageiros a respeito do itinerário e avisa aos que não conhecem o local aonde vão sobre o ponto correto em que devem descer; auxilia portadores de deficiência física e idosos a entrar e sair dos veículos; conduz os passageiros para outros carros, em casos de quebra ou de ocorrências de trânsito onde o motorista não possa estar presente; informa à garagem ou ao fiscal do ponto final sobre pontos de trânsito e eventuais atrasos; observa os passageiros que descem pela porta traseira do veículo, onde nem sempre a visão do motorista é facilitada. Enfim, várias funções importantes. Ainda bem que o Governo do Estado de São Paulo teve a sensibilidade de voltar atrás em sua decisão. Custos devem ser reduzidos sim. Mas não a todo o custo. ASTERISCO

O posto de Cobrador: sempre ameaçado de extinção

O bilhete eletrônico paulistano do fim dos anos 90 Na semana que passou, o Governo do Estado de São Paulo (GESP) anunciou a criação de um “grupo de estudos” visando a “necessidade de existência da função cobrador”. Dois dias depois, provavelmente devido à má repercussão do assunto, o “grupo de estudos” foi extinto. Foi mais uma das várias vezes em que se cogitou a possibilidade de extinção da função. Quem viveu na cidade de São Paulo no fim dos anos 90 se lembra bem o que é a extinção do cobrador. Era o início do sistema de bilhetagem eletrônica na cidade. Os primeiros bilhetes eram do tipo Edmonson, como os usados no Metrô e nos ônibus da Metra no Corredor Metropolitano. Os validadores “engoliam” os bilhetes e liberavam a catraca. Com a disseminação desse sistema, não demorou muito para algumas empresas extinguirem a função do cobrador que, para elas, haviam sido substituídos pelos validadores. Só que aconteceu algo que não estava previsto: sem a presença do cobrador, muitos – e eram muitos mesmo – “espertos” simplesmente pulavam a catraca

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sem o mínimo constrangimento, viajando sem pagar. As empresas que operavam com o bilhete eletrônico e sem cobrador começaram a ter muito prejuízo devido à evasão e terminaram por recontratar os cobradores. Em muitas linhas da Região Metropolitana de São Paulo os cobradores chegaram a ser extintos. Eram linhas, em sua maioria, com baixa demanda. Nessas linhas o motorista acumulou a função de cobrador. Esse acúmulo é extremamente prejudicial ao passageiro, já que o motorista perde muito tempo parado no ponto cobrando a passagem de quem entra no veículo. Sem falar nas vezes em que ele cobra e dirige ao mesmo tempo. Um verdadeiro perigo. Mas, com a licitação de 2006, por contrato, nenhuma linha podia mais ser operada sem a presença do cobrador. Mas, além de cobrar a passagem, a função de cobrador ganhou outras atribuições: ele pode auxiliar o motorista, dando sinal de braço para os carros de passeio, quando deixa o corredor a esquerda, para poder converter à direita; ajuda os novos motoristas

* A linha 1-Azul do Metrô paulistano recebeu, depois de anos, seu primeiro trem novo: o H52 que, assim como os da linha 3, foi fabricado pela CAF. Nas próximas semanas devem ser colocados em operação mais alguns da série “H”. Todos os trens dessa série possuem ar condicionado, câmeras de segurança, luminoso com os nomes das estações, piso antiderrapante e portas largas. Por enquanto, este trem está rodando somente nos horários de vale, para verificação de sua performance e a observação de possíveis problemas técnicos. Quando estiver perfeitamente ajustado, estará rodando em período integral. ** E falando em Metrô, na semana que passou ocorreu uma falha elétrica na linha 2-Verde. Essa falha também prejudicou o sistema de ventilação, o que causou mal-estar em pelo menos cinco pessoas. Mais uma falha em poucos dias... *** Sobre a coluna da semana passada, faltou mais uma consideração: a prefeitura de Mauá poderia ser mais criteriosa no momento da elaboração da licitação. Permitir que duas empresas do mesmo grupo que já opera o outro lote de linhas na cidade concorram à licitação do lote 2, convenhamos, foi uma falha enorme. Falha essa que prejudica o certame até hoje. **** Uma das notas da “Asterisco” da coluna da Edição nº 10, falei sobre uma linha nova de ônibus municipal em Itapecerica da Serra, a “Jd. Serra Linda – Parque Paraíso”. Na semana seguinte à coluna, alguns motoristas de lotação da região fecharam uma das vias de acesso ao bairro, em protesto contra a linha concorrente. Segundo a prefeitura, em entrevista ao SPTV da TV Globo, tão logo seja realizada a nova licitação das linhas das cooperativas, esta será repassada a elas. Essa eu quero ver.

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ESPECIAL

TV BRASILEIRA E ÔNIBUS:

VEÍCULOS DE MASSA HÁ 60 ANOS As transmissões completaram neste sábado 60 anos. Episódios que dão orgulho e vergonha da TV no Brasil não faltam. Nestas seis décadas, os ônibus também esquentaram as telinhas Adamo Bazani Os dois são considerados veículos e veículos de massa. Estão aí para atender a população independentemente de classe social e região coberta. Os donos de ambos negócios conseguiram um poder econômico e social tão grande que, se não podem mudar, poder influenciar e muito os rumos seguidos pela sociedade e por que não dizer que podem colaborar para a queda e crescimento de governos. Quer mais uma coincidência? Ambos passaram a ser tipicamente brasileiros a partir dos anos de 1950. Um, no entanto, é veículo de comunicação, outro, é veículo de transporte, mas os dois estão no dia a dia de todos o brasileiros. Estes meios tão diferentes e tão semelhantes ao mesmo tempo são os ônibus e a televisão. As relações entre os dois veículos vão mais além dessas semelhanças. Os ônibus quase toda a semana acabam ocupando a televisão brasileira. Atualmente, inclusive ele até é um reality show, mas na maioria das vezes, o que aparece nas telas das casas do brasileiro é o ônibus sendo vítima e vitimando. Passageiros inconformados com as situações precárias dos transportes, acidentes por imprudência de motoristas, descuido de algumas empresas em relação a manutenção e também as péssimas condições de conservação das estradas. Mas por que ligar a história do ônibus com a da TV. As duas histórias têm pontos em comum, como a influência em relação a vida da população e até os poderes constituídos. E as lembranças dos ônibus que estrelaram na TV vêm bem a calhar, já que neste sábado, dia 18 de setembro de 2010, a TV no Brasil completa 60 anos de transmissões. Cheios de altos e baixos, orgulhos e vergonhas, mas considerada uma das de maior destaque do mundo.

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Imagem rara cedida pelo historiador Marco Antônio da Silva. Um monobloco Mercedes Benz O 321, usado em gravações pela TV Record, nos anos de 1970. Duas coicidências, a Mercedes, fabricante de ônibus mais antiga em operação no Brasil, e a TV Record, a emissora mais antiga em funcionamento. Foi num 18 de setembro que tudo começou. Uma menina com trajes de índio dizia: “Boa noite, está no ar a TV do Brasil”. A TV Tupi iniciava as transmissões em 1950. O primeiro programa foi o Show do Taba, que teve a participação de Lolita Rodrigues. A chamada dama da TV brasileira, Hebe Camargo também participou do início do veículo de comunicação. Assis Chateaubriand, fundador da TV Tupi, provavelmente, não imaginaria que a TV no Brasil ganhasse tamanha influência e tivesse as atuais proporções. Assim como vários donos de empresas de ônibus, que dirigindo suas jardineiras, enfrentando as dificuldades de comunicação entre um bairro e outro, uma cidade e outra, talvez não imaginariam que algumas viações hoje se tornariam impérios. E assim como as empresas de ônibus iam crescendo com o desenvolvimento econômico e urbano a partir dos anos de 1950, década inclusive que a Mercedes Benz fez o que é considerado o produto que marcou a escala de produção do genuíno ônibus no Brasil (os monoblocos), as TVs também foram surgindo. Em 1950 foi a TV Tupi, em 1954,

a TV Record (a mais antiga em funcionamento), em 1960 ,a TV Excelsior, 1965,a TV Globo, com o surgimento de outras redes locais e nacionais até 1981 com a criação da TVS, hoje SBT, de Silvio Santos. Como faz parte da sociedade, o ônibus também faz parte da TV, com aparições tímidas e outras triunfais. Exemplo era a simpática Marinete, uma jardineira que era personagem da novela Tieta, da Rede Globo. E os mais antigos apaixonados por ônibus aguardavam numa propaganda da Shell, um ônibus da Itapemirim, rasgar um enorme painel branco e aparecer triunfantes. A Itapemirim que tinha uma propaganda com um menino sentado do lado do ônibus grande com uma miniatura nas mãos, réplica perfeita. Qual busólogo nunca invejou este menino? A Cometa tinha propagandas também. E das telonas para as telinhas, marcaram muito a Sessão da Tarde filmes com ônibus como estrelas, exemplo, Velocidade Máxima, As Peripécias do Ônibus Atômico e Priscila, a Rainha do Deserto. Fica aqui nossa homenagem a estes dois veículos fundamentais na sociedade: o ônibus e a TV brasileira.

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Caio Induscar



Adamo Bazani STJ mantém decisão favorável para empresa Leblon operar em Mauá COLUNISTAS

Foto: aAdamo Bazani

Decisão de Ministro do Superior leva em conta a necessidade de mudanças no sistema de transportes da cidade. Ainda cabe recurso

Ônibus Marcopolo Sênior Midi, Volkswagen 15-190, da Empresa Leblon, veículo 0 km aguardando na garagem para prestação de serviços

O atual presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Ari Pargendler, manteve nesta quarta-feira a decisão do seu antecessor, ministro Celso Asfor, que possibilita que judicialmente a empresa Leblon Transporte opere no Lote 02 de Mauá, em 18 linhas na cidade. A decisão foi do colegiado. A empresa foi vencedora da licitação aberta em 2008, mas as viações que perderam o certame, TransMauá e Estrela de Mauá, entraram na Justiça contra a licitação. Em Brasília, o mais recente instrumento jurídico usado pelas empresas de Baltazar José de Souza, que já detém o lote 01 de Mauá, pela Viação Cidade de Mauá, foi um agravo de instrumento. As alegações dos advogados da TransMauá e Estrela de Mauá, de que a licitação não estaria de acordo com parâmetros legais e de concorrência, foram rejeitadas pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça. A postura de Ari Pargendler vai ao encontro do posicionamento do presidente anterior. A reportagem teve acesso exclusivo à decisão de julho deste ano que foi mantida nesta quarta-feira. Nela, o ministro considerou que as

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empresas que contestam a licitação utilizaram “premissas manifestantes e falsos argumentos” O Judiciário reconhece que a situação dos transportes coletivos é crítica e que são necessárias mudanças, conforme o texto: “..em apreço ao interesse público e com base no fato do próprio contrato de concessão com a empresa vencedora do certame ter sido assinado e publicado é indubitavelmente importante para o município de Mauá sob pena de ver os interesses de seus munícipes e o erário lesados, que o processo licitatório em análise não seja obstado, muito menos lesado” A decisão do ministro Asfor, mantida nesta semana pelo ministro Pargendler, ainda reconhece a situação dos transportes de Mauá. “..tamanha precariedade do sistema de transporte municipal já havia sido instaurado medida pra apurar as irregularidades na prestação do serviço” A informação foi confirmada pela Assessoria de Imprensa do Superior Tribunal de Justiça. A reportagem procurou o Grupo Leblon. Os responsáveis pela empresa só

devem se pronunciar com a publicação no Diário Oficial, mas consideram a decisão uma vitória e reconhecimento pela qualidade de serviços apresentada na licitação. A Empresa Viação Januária, que opera as 18 linhas da cidade, pertencente ao mesmo grupo de Baltazar José de Souza, confirmou que vai procurar as possibilidades jurídicas. De acordo com a Januária, os ônibus da empresa operam normalmente. Cabe recurso da decisão. BILHETAGEM: A questão da bilhetagem eletrônica é o principal empecilho para os ônibus da Leblon saírem da garagem. A Leblon, no entanto, está em processo adiantado quanto a elaboração do sistema que seja compatível para toda a cidade. Nesta semana a reportagem voltou à garagem e constatou os trabalhos. De acordo com a Prefeitura de Mauá, a empresa inda está no prazo legal para a intalação dos equipamentos. Na garagem da Leblon, há cerca de 80 ônibus 0 km. No próximo mês devem chegar mais veículos novos, acessíveis, articulados de grande capacidade, modelo Volvo B 12 M, carroceria Marcopolo Viale.

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DIA MUNDIAL SEM CARRO

Experimente usar ônibus, não é tão ruim assim Transportes públicos nas grandes cidades estão abaixo do esperado pela população, mesmo assim, ir de ônibus para o trabalho, ainda pode ser a melhor pedida Adamo Bazani

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Reprodução / Acervo Jorge A. Ferreira

A manchete de edição da Revista Quatro Rodas, de março de 1964, já chamava a atenção: “São Paulo está parando” Na foto, o Vale do Anhangabaú, tomado por veículos, alguns poucos ônibus e um mar de carros de passeio. O problema do excesso de carros de passeio já é bem antigo em São Paulo e as tragédias dos grandes congestionamentos, acidentes, doenças por causa da poluição e do sedentarismo já eram anunciadas. Fizemos um levanto nos registros do Detran de São Paulo, e no ano desta reportagem foram licenciados 12 mil 113 veículos. Se o tema já levantava preocupação da sociedade nesta época, imagine a situação que se encontra hoje o Estado de São Paulo, com 20 milhões 919 mil 988 carros na frota paulista, em julho de 2010. Desse totasl, 13 milhões 676 mil 615 são carros, 3 milhões 929 mil 370 são motos e 130 mil 337 ônibus. É natural que o número de ônibus seja menor que de carros de passeio, afinal, um ônibus convencional pode tirar até 35 carros das ruas, levando em conta que um carro anda em São Paulo com uma média de 2 pessoas e um ônibus padron transporta confortavelmente 70 pessoas, entre sentadas e em pé, ou seja, sem estar abarrotado. O problema está na proporção. A frota de carros de passeio cresceu muito mais que a oferta de transportes públicos. Num período de 10 anos, entre 1967 e 1977, o número de carros, ainda de acordo com o Detran, subiu 55 mil 430 unidades. Já a frota de ônibus, neste mesmo período, cresceu apenas 4 mil unidades, de 7 mil para 11 mil ônibus urbanos. Números como estes, não refletem apenas o crescimento da indústria automobilística, mas também falta de políticas públicas que valorizem o transporte público e dêem preferência aos tão menosprezados pedestres. Andar nas cidades é uma verdadeira maratona. Calçadas esburacadas, quando

Matéria da revista Quatro Rodas, de 1964, mostrava um Anhagabaú entupido de carros, já sinalizando que o trânsito estava se tornando caótico. O individualismo ainda prejudica não inexistentes, estreitas, por causa do alargamento das vias e muita falta de educação dos motoristas. O veículo que transporta 70 pessoas tem menos prioridade que o carro com apenas o motorista, o que é no mínimo um uso antidemocrático do espaço público, numa situação onde é a minoria que vence. O crescimento da indústria automobilística foi e é espantoso. O primeiro carro motorizado chegou ao Brasil em novembro de 1891, um Pegeout, comprado pelo jovem Alberto Santos Dumont, de 18 anos, mais tarde que se transformaria o Pai da Aviação. Ironicamente, ele foi o pai adotivo do automóvel no Brasil. A elite, como a família Matarazzo, fazia fila para importar carros, que já conferiam status. Tanto é que em 1919, a Ford instala seus negócios no País. O próprio criador da linha de produção de veículos no mundo, Henry Ford já vislumbrava: O automóvel está destinado a fazer do Brasil uma grande nação”. Entre 1950 e 1960, com a política desenvolvimentista e rodoviarista de Jus-

celino Kubitscheck, os automóveis tomam conta das grandes cidades e uam campanha forte de marketing liga o carro ao poder e status. Hoje a cidade de São Paulo tem 14.954 ônibus em 1967, o número da cidade era de 5 mil 800, um crescimento pífio frente a frota de carros de passeio. Todos sabem que é necessária uma remodelação dos transportes públicos pata torná-los mais atraentes. Mas a situação incrivelmente melhorou. Tanta gente que trabalha perto de casa, com uma linha de ônibus passando em frente, e se recusa a se misturar com a “gentalha do busão”. Muitos não sabem o que estão perdendo. Menor preocupação em relação a acidentes e menos custos. O dia mundial sem carro foi criado no final dos anos de 1990 para conscientizar o planeta sobre a necessidade de se depender menos do automóvel particular. Pois então, faça uma prova. Um testemunho, depois que “descobri” o trolebus no ABC, quase nunca vou de carro de minha casa ao centro de Santo André, isso há anos.

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ENTREVISTA

Emerson Dorneles A MEMÓRIA DO

TRANSPORTE GAÚCHO

Responsável pelo site Memória Gaúcha, espaço com centenas de fotos histórias do transporte do Rio Grande do Sul, Emerson faz um trabalho memorável, ganha respeito nas empresas e vira referência no hobby em todo o Brasil


Sempre em prol de um transporte de qualidade e defensor do hobby. Assim é Emerson Dorneles, que comanda o site Memória Gaúcha, um dos (se não o) mais importantes e completos espaços para a história do transporte coletivo do sul do Brasil, com fotos de diversas épocas. Em breve, o Brasil todo deverá ter de volta o Memória Nacional, com imagens e história dos ônibus de todo o Brasil. Com um espacinho em sua agenda, Emerson conversou com a Revista InterBuss e falou um pouco sobre sua experiência no hobby e as expectativas para o futuro. Vamos acompanhar.

mesmo de um parente presente na imagem.

Revista InterBuss - Há quanto tempo você está no hobby? Emerson Dorneles - Estou no hobby desde os 11 anos de idade. Já se vão pouco mais de 24 anos na busologia.

• Os colecionadores do Rio Grande do Sul aparentam ser muito unidos, ao contrário do que ocorre em outras regiões do país. Você recebe alguma ajuda para a manutenção do site, principalmente em questão de conteúdo? O pessoal aqui realmente é bem mais unido. Inclusive fazem isso por gostarem do hobby. O custeio do site é arcado por mim, mas a colaboração em fotos o pessoal vai atrás. Cada um da sua maneira coleta fotos, reportagens e informações. Acaba se tornando uma corrente para manter viva a memória do transporte coletivo. E a cada atualização presenciamos o empenho do pessoal.

• Como começou o seu apreço pelo transporte coletivo, principalmente por ônibus? Tudo começou com meu pai, que era motorista da Cia. Carris aqui de Porto Alegre. Ele não curtia muito a “ferramenta de trabalho” dele, porém eu comecei a curtir. Era a época de ouro, pois os motoristas podiam levar o ônibus pra casa no intervalo. Eu me divertia. • Como se deu a ideia de montar o site “Memória Gaúcha”, que completou 2 anos há alguns dias? O site Memória Gaúcha surgiu numa época onde estávamos carentes de imagens antigas. Muitas delas mofando em gavetas pelo Brasil afora. Então surgiu essa idéia de criar o site e colocar no mundo virtual o acervo antes que se perdesse em alguma mudança. As fotos originais continuam com seus proprietários, e ao mesmo tempo sendo compartilhada com todos. A cada atualização, uma surpresa. E nesses 2 anos recorrentes, foram milhares de colaborações, inclusive conquistamos a credibilidade e confiança de todos no mundo do ônibus sem distinção. • No começo você enfrentou alguma dificuldade para a criação do site? Enfrentei sim. Havia muita desconfiança, de que usaria as fotos e as creditasse em meu nome ou de outra pessoa. Havia um certo receio das pessoas em colaborar, pois eu estaria lidando com um tesouro deles. Hoje isso é outra realidade. As pessoas se sentem realizadas com a divulgação das imagens. Ou muitas vezes se identificam lembrando da infância, ou até

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• Hoje, dois anos depois, qual é a receptividade do site pelos colecionadores e empresários da área de transporte? O Memória Gaúcha abriu várias portas para nós. Cada garagem, cada empresário reconhece o site e o empenho nele depositado. Temos feitos viagens todo sábado para o interior do RS, e para nossa surpresa, a maioria já conhece o site. São garagens que nos dão receptividade plena, confiança e parceria. Para nós isso tem sido o grande sucesso do Memória nos dias de hoje.

• Há algum tempo houve um outro projeto seu, o Memória Nacional, com fotos históricas de diversas localidades e que teve uma enorme repercussão positiva em todo o país. Como está esse projeto hoje e porque ele foi paralisado? O Memória Nacional quando foi criado, houve sim gente que aceitasse, mas também houve pessoas que rejeitaram o projeto. Inclusive intimidando a mim. Então dei um tempo, e coloquei dentro do Memória Gaúcha o Memória Nacional. Isso é provisório. Pretendo sim colocar em breve o projeto Memória Nacional em um site próprio, dividido por regiões. O primeiro passo que estou fazendo, é cadastrando pessoas de cada estado, para ajudarem na coleta de fotos, assim como temos feito aqui no Rio Grande do Sul. Já ouvi frases do tipo “ Que não tenho de meter o bedelho fora do estado do RS.” ou ainda... “Não queremos que pessoas de fora se metam em nosso estado..” e por ai vai. Mas com o tempo o Memória Nacional tomará forma, e assim como o Mória Gaúcha, o sucesso chegará. • Houve algum fato curioso marcante nesses dois anos de Memória Gaúcha?

Houve sim. No final do ano de 2008, recebi um acervo por email, para a atualização de final de ano. Acontece que ao cadastrar as fotos, me deparei com uma foto do Carris 127 em preto e branco. Acontece que quem tava na direção desse carro era meu pai, falecido no mesmo ano de 2008 (em agosto). Minhas pernas tremeram, e as lágrimas desceram. Para mim era inédita a foto, porém com um apreço especial. • Você também lidera o fórum Ônibus do Sul, o mais conceituado e sério do Rio Grande do Sul, com um enorme tráfego diário de mensagens. Como se deu a criação do fórum e como você consegue conciliar seu tempo com o comando da lista? O Grupo ÔNIBUS DO SUL é resultado de uma união forte e estável de membros de outras listas, entre eles Fernando Moretto, que considero meu braço direito. O Grupo é destaque pela união dos associados. Em 4 anos, possuimos 154 associados, abrangendo as regiões do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, bem como associados de outros estados. O Grupo ÔNIBUS DO SUL, é humilde, unido e a cada ano que passa é reconhecido ainda mais por méritos e credibilidade não só junto a busólogos, mas junto de empresários, setores rodoviários e empresas num todo. Seriedade e confança são palavras que denominam o grupo. Sobre o tempo disponível, afirmo que é curto, mas compensa o esforço. Às vezes tenho de correr contra o tempo para manter a estrutura atualizada. Mas vale a pena cada minuto. • Tem algum outro site ou fórum que você colabora de alguma forma? Quais são? Poderia citar vários nomes de grupos e sites, mas não caberia aqui. Então prefiro dizer que são vários e me sinto honrado em poder colaborar com todos eles. Aprendo a cada dia com cada um deles. E digo aqui: podem contar comigo sempre. • Hoje o acesso a garagens é mais fácil que antigamente, principalmente pela difusão do hobby. Quando você começou no hobby, como foram as suas primeiras tentativas de acesso às garagens? Houve muita dificuldade para reconhecimento de seu trabalho por parte dos empresários? Olha quando comecei na verdade a fotografar, o acesso aqui no RS era bem restrito, inclusive situações embaraçosas. Mas hoje o hobby nos proporcionou mostrar a que viemos. Não fui muito de insistir a entrar em garagens. Se dissessem que não, eu agradecia e ia embora. E por ironia do des-

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ENTREVISTA tino, muitas das garagens que antigamente fechavam os portões, foram as primeiras a abrir os mesmos por convite via email. A humildade tem de ser a chave de nosso hobby. Já presenciei fatos desagradáveis como busólogos sairem chingando por que não conseguiram acesso. Isso queima literalmente o filme. A simplicidade e honestidade também tem que ter. Os empresários reconhecem nosso trabalho, e inclusive utilizam de nosso acervo para colcoar a história deles nos sites das empresas. • Faça para os nossos leitores um panorama geral do hobby no Rio Grande do Sul hoje, e no que ele poderia melhorar. O hobby aqui no RS tem evoluido e muito. Exemplo claro é a própria Marcopolo ser a primeira encarroçadora a reconhecer e abrir espaço para nós. Isso é uma conquista. E o único ponto que vejo que tem de ser aprimorado no hobby aqui no RS, é o pessoal mais experiente ensinar aos que recém estão chegando, tudo que aprenderam, desde como se portar até como trabalhar em pról do hobby. No mais a união prevalece. • Quem te conhece sabe que você é um ferrenho defensor do transporte com qualidade. Quais as suas expectativas para a

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Copa do Mundo? Você crê numa rápida melhora até lá? Eu tenho como convicção que a Copa de 2014 será um tiro no pé do povo brasileiro. Tanta coisa a ser melhorada em nosso país, e irão gastar verbas altas para diversão. Em questão ao transporte tenho outra visão. A qualidade deveria ser prioridade em todos estados do Brasil. E deveria ser obrigatória. Não só quando vem um evento desses. A realidade do que vemos hoje, é ônibus lotado, horários atrasados, serviços de atendimento ao usuário precários, altas tarifas e empresários que só pensam em faturar. A melhoria na qualidade do transporte teria início quando os empresários começassem a pensar no usuário, não como passageiro, mas como um cliente. Esse é meu ponto de vista. • Mais uma eleição está se aproximando, e mais uma vez o transporte coletivo é deixado em segundo plano pelos candidatos. O que você acha desse posicionamento dos candidatos? Acredita que há outras prioridades? Todos nós sabemos que muitos candidatos que estão concorrendo são financiados justamente pelos empresários do transporte coletivo. Por isso não falam nada em questão a esse setor. Ou alguém auqi

acredita que algum candidato iria colocar o patrocínio de campanha a perder trazendo soluções que não agradam os empresários que bancam eles?? Está faltando sim vontade desses candidatos de governarem pro povo e não pra elite. Quando isso acontecer, o Brasil será bem melhor. • Deixe um recado para os nossos leitores. Peço encarecidamente a cada um que preserve nosso hobby a unhas e dentes. Que tornem a união dos busólogos mais forte a cada dia e deixem as concorrências de lado. E pensem bem antes de votar. Vamos pensar na melhoria do Brasil. Não venda seu voto por nada. Seja responsável. Um abraço à todos. CONHEÇA O MEMÓRIA GAÚCHA Se você ainda não conhece o site comandado pelo Emerson Dorneles, acesse agora mesmo o endereço www.memoriagaucha.com.br e faça uma viagem no tempo. O menu é dividido em décadas e você tem a oportunidade de fazer uma verdadeira viagem no tempo com as fotos de várias empresas de ônibus, muitas delas já extintas e outras ainda na ativa. Emerson também está à frente do site www.transcoletivo.com.br, que traz fotos atuais do transporte em diversas localidades.

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Marisa Vanessa N. Cruz A eficácia dos terminais integrados de ônibus

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À esquerda, ônibus sai do Terminal Vila Arens, em Jundiaí, cidade que conta com um sistema de integração total de suas linhas urbanas, através de terminais fechados localizados em pontos estratégicos Fotos: Marisa Vanessa N. Cruz

Abaixo, ônibus no Terminal municipal de Diadema, cidade que também possui sistema integrado com algumas linhas gratuitas para possibilitar a integração entre linhas base e linhas alimentadoras Em qualquer cidade existe um sistema de linhas de ônibus que ligam bairros ao centro ou a outro ponto. Mas nem sempre passageiros conseguem chegar ao seu destino pagando uma só passagem. E para evitar que usuários paguem dupla tarifa só para chegar a um local exato, existem duas opções para implantar um sistema de integração gratuita em um município: - Criar terminais integrados, cuja entrada será somente mediante pagamento de tarifa nas bilheterias ou catracas do terminal. Quem vem de ônibus para o terminal, é só descer e pegar outro sem gastar dinheiro. - Criar cartões magnéticos que possibilitam o armazenamento de informações específicas para o controle de integrações, limitando tempo e quantidade de embarques. A primeira opção, além de ser mais cara por envolver gastos com infra-estrutura e controle de usuários, permite a tranqüilidade do passageiro em embarcar ao outro ônibus sem preocupar com tempo e número de viagens, além de fazer pausa para descanso, ir ao sanitário ou fazer refeições com total segurança. E também, permite a integração para outros meios de transporte, como ônibus mais trem, pagando somente o complemento, como acontece em São Paulo. A desvantagem é que a transferência entre ônibus é feita somente dentro do terminal. Já a segunda opção não há necessidade de criação de terminais de ônibus, barateando o custo da implantação e contar com a sorte para vir o segundo ônibus dentro do intervalo de integração, desde que insira créditos no cartão magnético nos

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postos de recarga. Em ambos os casos, uma reestruturação de linhas sempre aparece em toda a implantação, desde que não prejudique os usuários. Agora, quais das duas opções eu acho melho para o usuário? Depende do município. Se a cidade for pequena, é melhor implantar o sistema de terminais integrados. Agora, se a cidade for enorme e possuir mais de um tipo de transporte público, o ideal é o controle por cartão magnético. Curiosidades Desde 2001, a cidade de Diadema possui 3 terminais de ônibus, sendo dois

sob o controle da EMTU onde passam linhas do corredor ABD da Metra, e um terminal aberto, com uma curiosidade: Linhas locais gratuitas desse terminal garantem o funcionamento do sistema, trazendo os passageiros para linhas alimentadoras, e os dois primeiros terminais possibilitam a transferência gratuita entre ônibus desde 1991. Outra cidade que também serve como exemplo é Jundiaí. Todos os seus 7 terminais de ônibus foram construídos especialmente para o sistema, facilitando o deslocamento do passageiro para qualquer ponto da cidade.

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AS FOTOS DA SEMANA A 10 melhores fotos da atualização de ontem do Portal InterBuss: www.portalinterbuss.com.br

1. Belo Irizar leito da Transnorte, por Diego Almeida • 2. LD da UTIL em Belo Horizonte, também por Diego Almeida • 3. Antigo Flecha Azul sai da garagem da Cometa de Belo Horizonte, por Rodrigo Emanuel • 4. Um dos G7 da Sertaneja também em Belo Horizonte, por Vanderlei Filho • 5. Mercedes-Benz O-500RSD de testes em operação pelo Expresso Luxo em Santos, na foto de Raphael Malacarne (continua...)

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6. Belo Mega Evolution sobre Scania F-94 da Jodi Itapeva, registrado por Reginaldo Vieira em Itapeva • 7. Mafersa em excelente estado de conservação, no registro de Matheus Novacki • 8. Um raro Comil Svelto sobre o desconhecido chassi Dimex, por Adam Xavier Rodrigues Lima na garagem da Alfretur, em Cubatão • 9. Belo G7 da Santa Cruz, por Maicon Igor Barbosa em São Paulo • 10. Excelente registro do Paradiso G6 da Viação Motta em Uberaba, por Rafael dos Reis Silva.

MURAL Colecionadores, frotistas e pessoas ligadas ao setor de transportes estarão aqui, todas as semanas Bus Brasil Fest 2009 Edição Campinas • Na parte final do evento, durante visita à garagem da empresa VB Transportes da área 1 de Campinas, Marisa Vanessa N. Cruz, colunista desta revista, Luciano Roncolato, do Portal InterBuss e Rosana Camargo. Atrás, Rafael Santos completa a foto.

2007 • Em visita à empresa Transguarulhense, localizada na cidade de Guarulhos, na Grande São Paulo, Rafael Cuesta e Sandro Alves ao lado de um Torino GV da empresa

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Envie você também a sua foto com sua turma e veja-a aqui. O e-mail é revista@portalinterbuss.com.br

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DIÁRIO DE BORDO

REFÚGIO DOS

Relato por Tiago de Grande

Fotos: Tiago de Grande

BANDEIRANTES

Linha: 467TRO – Santana de Parnaíba (Centro) x São Paulo (Lapa) Empresa: Auto Viação Urubupungá Carro: 20.742 (Caio Induscar Apache Vip – Volksbus 17-210) A linha 467 é uma linha de pouca demanda de passageiros, e com intervalos bem longos, mesmo ela sendo a única ligação direta comum entre Santana de Parnaíba e São Paulo, o seu trajeto é sobreposto por linhas que saem da Lapa rumo aos bairros de Cidade São Pedro, Várzea de Souza e Colinas da Anhanguera, todas seguem juntas pelo mesmo caminho até o bairro do Polvilho em Cajamar, onde se separam, porém desses bairros também saem linhas rumo a Santana, sendo assim a 467 é meio esquecida, na maioria das vezes por seu intervalo alto entre um carro e outro e por fazer o mesmo caminho que as outras com intervalos menores, mas mesmo assim é uma linha muito interessante, vale a pena conhecer. Ponto de Partida: São Paulo – Bairro da Lapa Localizado entre o Centro e as Zonas Norte e Oeste, o bairro da Lapa é um dos mais importantes de São Paulo. Com forte comércio popular em ruas como Barão de Jundiaí, Afonso Sardinha e 12 de Outubro, o bairro possui um terminal de ônibus municipais, duas estações de trem, e é ponto inicial de várias linhas metropolitanas que servem as regiões norte e oeste da Grande São Paulo, municípios de: Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira, Itapevi, Cajamar, Santana de Parnaíba, Caieiras, Franco da Rocha

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e Francisco Morato. No bairro da Lapa, está a Estação Ciência, um dos atrativos culturais mais conhecidos de São Paulo, além do Mercado Municipal da Lapa, um dos maiores da cidade. A viagem: Pra quem não conhece o bairro, procurar pontos finais de ônibus na Lapa, é uma aventura que muitas vezes pode se tornar cansativa, são muitas linhas quem saem do bairro e os pontos são espalhados por todo o bairro, após andar por alguns minutos encontrei a rua Clemente Álvares, onde ficam os pontos finais das linhas rumo a Cajamar e Santana de Parnaíba, logo o ponto da linha e o carro já estava parado lá com 3 pessoas na fila, hora de embarcar. Saindo do ponto, logo chegamos na rua Gago Coutinho, é a rua que vai ao lado da ferrovia, e após passar por ela, entramos numa parte residencial ainda no bairro da Lapa, para atingirmos a rua Brig. Gavião Peixoto e rua Monte Pascal, que dão acesso direto a Via Anhanguera. Nesse trecho o transito é complicado devido a obras, mas nada que venha a atrapalhar muito, e nesse trecho não houveram embarques nem desembarques. Após o novo trevo de acesso, atingimos a Via Anhanguera, e agora a viagem segue

por um bom trecho de rodovia, nos primeiros kms a Anhanguera está em obras, construção de novos viadutos e trevos de acesso para a Avenida Mutinga, Avenida do Anastácio e bairro de Vila Piauí, devido a essas obras o transito nesse trecho é complicado, com muitos estreitamentos de pista e desvios para as pistas marginais, atrasando um pouco a viagem, a situação só melhores após passarmos pelo trevo do km. 14, acesso a Vila Piauí, as obras terminam e agora sim temos a rodovia toda a nossa frente. A Via Anhanguera, apesar de ser uma rodovia, é servida nesse trecho por várias linhas de ônibus, tanto municipais de São Paulo, como metropolitanas, e segue assim até os limites do município. A primeira parada para embarque é no trevo do km. 18, já estávamos rodando sem parar a pelo menos 20 minutos, agora nesse trecho do km. 18 até o ponto do km. 25 onde tem uma secção de tarifa, começam a acontecer os embarques, devido a esse trecho passar próximo a bairros como: Parque Morro Doce, Sol Nascente, Jardim Britania e Vila Sulina. O ponto do km. 25, marca uma secção tarifária da maioria das linhas metropolitanas que passam por lá, nesse ponto o ônibus sempre para e um fiscal da empresa entra para fazer as conferencias, desse ponto até Santana a tarifa

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Ponto de Chegada – Santana de Parnaíba

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Fotos: Tiago de Grande

custa módicos R$ 2,60, quem pega entre a Lapa e esse ponto paga R$ 4,10. Após o fiscal conferir e algumas pessoas embarcarem, seguimos a viagem. O trevo do km. 25, é o ultimo pertencente a São Paulo, e logo após o pedágio do km. 26, saímos de São Paulo e entramos no município de Cajamar. Seguimos pela Anhanguera até o km. 29, onde há a saída para o bairro do Polvilho, passamos por baixo da pista e já entramos na Estrada Tenente Marques, que liga o km. 29 da Via Anhanguera até Santana de Parnaíba, passando por dentro de Cajamar, numa extensão de aproximadamente 13,5 km. O primeiro bairro em Cajamar, é o Polvilho, talvez o maior bairro da cidade, muito conhecido na região e com boa rede de comércio e serviços, a Estrada corta o bairro todo, e nesse trecho há os primeiros desembarques, e mais alguns embarques. Após passarmos pelo Polvilho, a paisagem muda um pouco, o que vemos são muitos bairros novos loteados e muitas casas em construção, e o lugar é deserto, ninguém passa na rua, e o movimento de carros também é bem pequeno. Após esse trecho, chegamos a divisa dos municípios de Cajamar e Santana de Parnaíba, mas não há indicação nenhuma, nem placas, apenas a inscrição: Parada da Divisa em um ponto de ônibus. A Estrada Tenente Marques, tanto no trecho de Cajamar quanto no trecho de Santana de Parnaíba, é em pista simples e com muitos buracos, porém no trecho pertencente a Santana, está sendo recapeada e recebendo novas lombadas. Alguns minutos após a divisa, o ônibus sai da Estrada, para entrar no bairro da Fazendinha, esse trecho é uma região com muitas subidas e descidas íngremes, na subida de entrada do bairro, o ônibus sofre um pouco, e na descida de volta a estrada, é necessário descer usando muito os freios. No bairro da Fazendinha, a grande maioria das pessoas desembarca, e o ônibus segue o restante da viagem praticamente vazio. Na volta a Estrada Tenente Marques, esse trecho final, ganha mais cara de rodovia, com pista simples, acostamento e com a mata ao lado e poucas moradias a beira, vale lembrar também das curvas do trecho que são bem fechadas, porém é um trecho curto, com menos de 10 minutos já avistamos a cidade de Santana de Parnaíba e passamos pela ponte sobre o Rio Tietê, que marca o fim da estrada e começo do perímetro urbano. Após passarmos pelas ruas estreitas do centro, chegamos no pequeno terminal de Santana, com exatos 53 minutos de viagem.

Vista de alguns dos pontos turísticos de Santana de Parnaíba A cidade histórica de Santana de Parnaíba faz parte do “Caminho dos Bandeirantes”, é banhada pelo Rio Tietê e além de ser uma cidade pequena, possui muitos atrativos que vale a pena conhecer, tais como: O Centro Histórico, com seu casario colonial preservado, a Praça da Matriz, com a Igreja e muitos barzinhos ao redor, o Cruzeiro, um mirante com vista de toda

a cidade e o Monumento aos Bandeirantes, uma homenagem aos fundadores da cidade, e o Museu Casa de Anhanguera, situado na casa que pertenceu ao Bandeirante. A cidade recebe o apelido carinhoso de “Berço dos Bandeirantes”, e a proximidade com a capital a torna uma ótima opção para um passeio de um dia, eu recomendo!

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V Á, M A S V I S I T E

Fotos: Tiago de Grande

ESTÂNCIA CLIMÁTICA DE

ATIBAIA/SP

Tiago de Grande Localizada a apenas 60km da Capital Paulista, a Estância Climática de Atibaia é conhecida pela sua produção de Morangos, que são comercializados em todo o país e também pela produção de flores e tapetes arraiolos, em Setembro a cidade sedia no Parque Edmundo Zanoni, a Festa das Flores e Morangos, com shows, e venda de flores, morangos e derivados. A cidade também possui outros atrativos tais como: Pedra Grande, um mirante com visão de toda a cidade e de cidades da Serra da Mantiqueira, onde é praticado o vôo livre, os bares e restaurantes da Avenida Lucas Nogueira Garcez, onde se concentra grande parte do agito noturno da cidade, e o Centro Histórico, com suas ruas limpas e casarões bem cuidados. Atibaia está localizada em uma região montanhosa na Serra da Mantiqueira, por isso o seu relevo é bem montanhoso, e nas partes mais altas da cidade a vista da região é de tirar o fôlego, como no pequeno mirante localizado no Centro Histórico, próximo a Igreja Matriz. Vale a pena conhecer essa pequena, porém muito aconchegante cidade e provar tudo que Atibaia tem de bom, os morangos, o clima de montanha, a ótima vida noturna, e outras coisas mais... A proximidade com a capital também a torna um ótimo destino, são apenas 60km seguindo pela Rodovia Fernão Dias sentido Minas Gerais, para quem é da região de Campinas o trajeto é pela Rodovia Dom Pedro I, sentido Vale do Paraíba, sendo de fácil acesso tanto para quem vai de carro quanto para quem vai de ônibus.

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