Revista Ferramental Edição 81

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INDÚSTRIA 4.0

DESAFIOS DA INDÚSTRIA 4.0 DIEGO TEIXEIRA - diego.steixeira@icloud.com

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amos analisar os desafios desta revolução tecnológica sob três óticas: desafios do país, das empresas e das pessoas. Como país precisamos de políticas e incentivos tanto da iniciativa pública, como da iniciativa privada. As empresas precisam se preparar para as mudanças, caso contrário estarão fadadas a desaparecer. As pessoas precisam de um mindset voltado para a evolução da sua capacidade de gerar valor para não se tornarem obsoletas. A indústria 4.0 parece um conceito um tanto quanto abstrato e demasiadamente complexo devido a diversas vertentes que vêm surgindo, entretanto ela é baseada num conjunto de tecnologias e metodologias que buscam tornar o processo de fabricação mais eficiente em diversos sentidos. Um grupo de trabalho alemão apresentou seu relatório na feira de Hannover em 2013 formado por um conjunto de recomendações para o governo da Alemanha para implementação da indústria 4.0 como parte do plano estratégico de alta tecnologia do país. Ele é composto por: interoperabilidade, virtualização, descentralização, informações em tempo-real, computação em nuvem e

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modularização. O nível de imersão na indústria 4.0 depende do tipo de indústria e do tamanho da mesma, pode ir desde uma mera automatização de processos até uma transformação total numa fábrica inteligente com todos os processos integrados, altamente flexível para atender as demandas do mercado e disponibilidade de informações para tomadas de decisão rápidas. O Brasil é um país com uma indústria de nicho, principalmente se não levarmos em consideração as multinacionais que possuem apenas montagem no país, como por exemplo algumas automobilísticas e de eletrodomésticos. Além disso, nossa indústria vem diminuindo sua participação no PIB a cada ano. Mesmo que isso venha mudando nos últimos anos, podemos contar nos dedos as empresas que são líderes em seus segmentos e conseguem competir globalmente com empresas de outros países. A consequência disso é que muitas empresas nascem para atender um segmento bastante específico, se desenvolvem através do seu know-how e aplicação de alguns processos de forma eficiente, elas continuam crescendo de forma regionalizada e então param, se

REVISTAFERRAMENTAL.COM.BR // JAN / FEV 2019

acomodam. Isso acontece porque competir com empresas de outras regiões é difícil, muitas empresas não querem sair da zona de conforto depois que chegam lá e existem diversos motivos para que isso aconteça, desde cultura empreendedora até a complexidade tributária e de logística para atender outras regiões do país. O governo tem o desafio de simplificar as coisas, não só para as indústrias que já estão estabelecidas, mas também para as que estão prontas para nascer e ainda não encontraram os meios. E isso vai além de incentivos fiscais e programas de financiamento, precisa começar na educação profissional e na criação de programas específicos de “importação” de tecnologias e metodologias, bem como adaptação das mesmas à nossa realidade. Já é possível perceber alguns movimentos nesse sentido, como a parceria com a FGV Projetos para criação da Agenda Brasileira para a Indústria 4.0, alguns créditos para financiamento e diversos cursos do SENAI sendo oferecidos. A responsabilidade das indústrias para se modernizarem é consigo mesmas, aquelas que não evoluírem estão fadadas a desaparecer. E não é exagero,


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