Revista Ferramental Edição 110

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EDITORIAL

NO TOPO DO MUNDO! POR CHRISTIAN DIHLMANN

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erta vez Roberto Monteiro Spada me disse que uma das chaves para o sucesso é a constância de propósito. O filósofo chinês Confúcio também afirmava que "não importa quão devagar você vá, desde que você não pare." Estas citações ressoam com a ideia do mindset de crescimento de que o progresso contínuo é mais importante do que a velocidade. Essa é uma “dica” que vem me perseguindo por anos. Ela, aliada a outra chave chamada planejamento, traz resultados incríveis e consistentes. Portanto, para crescermos, tanto no campo pessoal quanto profissional, precisamos de planejamento e constância de propósito. Assim também, em qualquer conjuntura econômica empresarial, a estratégia de crescimento precisa ser muito bem definida, preferencialmente no momento de sua fundação. Entretanto, muitos empreendedores e investidores não se atentam de maneira relevante à estratégia de crescimento do negócio, carregando todo o sistema para o modo de estagnação. E, no planejamento, as metas não têm limites. Digo isso pois precisamos pensar “grande”. Em recente visita ao Burj Khalifa, prédio mais alto do mundo que está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, fui brindado com duas importantes reflexões: - A obra, que detém números astronômicos em termos de recursos financeiros e desafios a serem atingidos, foi concluída em apenas cinco, reforço, cinco anos. Isso mostra que, para além dos recursos físicos e financeiros, a boa gestão traz ótimos resultados. E, lá, no topo do mundo, me vieram diversas obras no Brasil, de grandes rodovias a pequenas pontes, que demandam décadas para serem “concluídas”. Podemos traçar um paralelo dessa situação com muitas outras “obras” em nosso maravilhoso país, em campos da saúde,

da segurança, da educação e centenas de outros exemplos. Definitivamente, já passou da hora do cidadão brasileiro “assentar” bons gestores nas instituições públicas; - Quando se está no topo do Khalifa, no 148º andar, olhando para baixo se enxerga tudo muito pequeno e como “aquilo” é insignificante. A conclusão natural é que atingimos o auge e que somos o mais bem sucedido dos seres humanos, muito maiores do que aqueles que estão abaixo. Entretanto, se tivermos humildade e olharmos para cima, é possível ver a imensidão ainda não conquistada e o quanto somos nós os “insignificantes”. Dali é possível ver o quanto ainda temos a desenvolver e conquistar. Os investidores em Dubai já perceberam isso e estão planejando superar o recorde atual de 830 metros construindo um novo prédio, já em preparação, que terá 910 m de altura. Parabéns ao arrojo, determinação, coragem e foco deles. Assim precisamos avançar. Em nossa casa, nossa empresa, nossos governos e nossa entidade. A revista Ferramental vem participando ativamente do planejamento, preparação e crescimento do setor ferramenteiro nacional, que é o objetivo central da empresa. Levar informação de qualidade, contribuir com a formação técnica e gerencial, propor inovações e divulgar amplamente resultados é o ponto focal. E estamos sempre com “um olho para baixo e outro para cima”, analisando o passado, realizando o presente e visualizando o futuro.

Por isso participamos, de forma cooperativa e colaborativa, com todas as ações da ABINFER – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais, seja na construção do projeto Podium, o maior e mais completo roteiro para estabelecer um Complexo Econômico-Industrial de Ferramentarias, seja nas participações junto a ISTMA – Associação Mundial de Ferramentarias, recentemente na Conferência Mundial de Ferramentarias na Cidade do Cabo, África do Sul, seja no “melhor programa de formação de ferramenteiros do mundo” junto ao SENAI SP, e no planejamento do ENAFER 2024 – Encontro Nacional de Ferramentarias a ser realizado de 6 a 7 de junho do próximo ano na cidade de Joinville, SC. Neste, inclusive com um Encontro da ISTMA Americas, reunindo países como Canadá, México, EUA, Argentina, Colômbia, Bolívia, Chile, Paraguai e Brasil. Uma agenda propositiva gigantescas com resultados positivos imensuráveis. Que 2024 seja o ano da verdadeira largada ruma ao topo do mundo!

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SUMÁRIO

CONTEÚDO 06 11 16 24 32 40 48

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EXPRESSAS

Informes objetivos sobre acontecimentos do setor

ROTA 2030

Rota Tech eleva debate sobre os novos desafios do setor automotivo

PROCESSOS

Comparação entre o método dos tubos e o de elementos finitos na determinação da força axial no forjamento de polia de alumínio AA6061

PROCESSOS

Molde em alumínio para alta produção - estudo

GESTÃO

Mulheres na indústria automotiva - caminho sem volta

PROCESSOS

Guia de padronização para o projeto da montagem de moldes de injeção

GENTE & GESTÃO

Eliminando o papel de vítima e assumindo o sucesso

ORGULHO DE SER MEMBRO

PROUD TO BE MEMBER

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AMBIENTAL

O risco invisível dos passivos ambientais

ENFOQUE

Novidades tecnológicas do mundo da ferramentaria

CIRCUITO BUSINESS Cursos, eventos e feiras

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CONEXÃO WWW

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ESPAÇO LITERÁRIO

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OPINIÃO

Indicação de websites

Indicação de livros

A importância da redução dos juros para o setor industrial


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A Revista Ferramental é distribuída gratuitamente em todo Brasil, bimestralmente. É destinada à divulgação da tecnologia de ferramentais, seus processos, produtos e serviços para os profissionais das indústrias de ferramentais e seus fornecedores: ferramentais, modelações, empresas de design, projetos, prototipagem, modelagem, softwares industriais e administrativos, matérias-primas, acessórios e periféricos, máquinas ferramenta, ferramentas de corte, óleos e lubrificantes, prestadores de serviços e indústrias compradoras e usuárias de ferramentais, dispositivos e protótipos: transformadoras do setor plástico e da fundiçao, automobilísticas, autopeças, usinagem, máquinas, implementos agrícolas, transporte, elétricas, eletroeletrônicas, comunicações, alimentícias, bebidas, hospitalares, farmacêuticas, químicas, cosméticos, limpeza, brinquedos, calçados, vestuário, construção civil, moveleiras, eletrodomésticos e informática, entre outras usuárias de ferramentais dos mais diversos segmentos e processos industriais. A Ferramental tem como pressuposto fundamental que todas as informações nela contidas provêm de fontes fidedignas, portanto, recebidas em boa fé. Logo, não pode ser responsabilizada pela veracidade e legitimidade de tais informações. Quando da aceitação para a publicação, o autor concorda em conceder, transferir e ceder à editora todos os direitos exclusivos para publicar a obra durante a vigência dos direitos autorais. Em especial, a editora terá plena autoridade e poderes para reproduzir a obra para fins comerciais em cópias de qualquer formato e/ ou armazenar a obra em bancos de dados eletrônicos de acesso público. As opiniões dos artigos assinados não são necessariamente as mesmas da revista Ferramental. A reprodução de matérias é permitida, desde que citada a fonte. Tiragem: 4.000 exemplares.

www.revistaferramental.com.br ISSN 1981-240X DIRETORIA Christian Dihlmann - Jacira Carrer REDAÇÃO Christian Dihlmann Jornalista Responsável Gisélle Araujo Cemin - SC/02466 jornalismo@revistaferramental.com.br COLABORADORES Dr. Adriano Fagali de Souza Dr. Cristiano V. Ferreira Dr. Jefferson de Oliveira Gomes Dr. Rolando Vargas Vallejos Dr. Carlos Maurício Sacchelli Luís Eduardo Albano PUBLICIDADE Coordenação Nacional de Vendas Nicholas Dihlmann (47) 99709-0020 contato@revistaferramental.com.br GESTÃO Administração Jacira Carrer (47) 98877-6857 adm@revistaferramental.com.br Circulação e Assinaturas circulacao@revistaferramental.com.br EDITORAÇÃO B3 Marketing - contato@b3marketing.com.br FOTO DE CAPA Montagem artística. Imagem gerada pela revista Ferramental, de Joinville/SC IMPRESSÃO Tipotil Indústria Gráfica - www.tipotil.com.br EDITORA GRAVO LTDA Rua Jacob Eisenhut, 467 - Tel. (47) 3031-3900 CEP 89203-070 - Joinville/SC

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EXPRESSAS

NOVIDADES E ACONTECIMENTOS DA INDÚSTRIA TEMAS ESTRATÉGICOS SÃO DEBATIDOS NO KOMBINADOKOMBIGODE Com a proposta de trazer assuntos atualizados e pontuais, o projeto KombinadoKombigode é um espaço para o debate social sobre questões que afetam a vida dos trabalhadores e surgiu da união entre uma paixão antiga e uma nova: a Kombi e o Rádio. Um veículo de transporte e outro de comunicação. A Kombi marcou a história de muitas famílias brasileiras, que fizeram dela um meio de locomoção dos filhos, nas numerosas famílias da década de 70, e de sobrevivência, para o transporte de materiais de pequenos comércios, entre outras atividades. Ela já foi clandestina, no vai-e-vem das periferias desabastecidas de ônibus adequados, com um cidadão pendurado na porta gritando os destinos: Jaçanã, Tucuruvi, Imirim! A história da Kombi também se entrelaça a do Brasil, dos milhares de trabalhadores, que vieram para São Bernardo do Campo e viram na produção da fábrica da Volkswagem um meio de transformação de suas vidas. Essa transformação também chegou ao criador do projeto, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, que como trabalhador se apaixonou por aquele ambiente fabril e, inevitavelmente, pelo resultado do trabalho coletivo, entre eles: a velha senhora (apelido alemão) a Kombi. A Vovó Izabel, uma homenagem que fez a sua mãe, é um modelo T1 Corujinha (apelido aqui no Brasil) 1971 e está com Bigode desde 2017. E a trajetória do rádio ao KombinadoKombigode resultou da conhecida competência de Bigode de ser bom de prosa. O convite surgiu de um amigo, Guina Moreira, que o despertou para esse mundo do rádio, na Paraty FM, onde apresenta, com Flávia Acciarito, o Programa Aprem Comunicação, todos os sábados.

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Essa contagiante experiência levou a reformar a Vovó Izabel, com o objetivo de transformá-la em um estúdio de gravação, de ser o cenário que abrigaria os convidados, que seriam as estrelas do programa. Há pouco mais de cinco meses, no ambiente aconchegante da Kombi, como o colo de uma mãe, conversa sobre futebol, indústria, racismo, inclusão social, saúde, política, emprego, qualificação profissional e, é claro, mais uma paixão na minha vida: a ferramentaria. Para falar sobre esse tema da ‘indústria de todas as indústrias’, o convidado foi Christian Dihlmann, presidente da ABINFER (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais). Segundo ele, o setor é essencial para contribuir com a inovação, o lançamento de novos produtos e a produtividade. Dihlmann destacou a importância do diálogo entre os diversos atores sociais, entidades, trabalhadores, indústria, governos federal, estaduais e municipais, universidades, institutos de pesquisa e concluiu: ‘ferramentaria é tecnologia todo dia’. Todas as entrevistas podem ser conferidas no canal KombinadoKombigode, no YouTube. Vamos juntos acelerar essa ideia! Fonte: youtube.com/ @kombinadokombigode

NOVO BRASIL MAIS PRODUTIVO E A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DA INDÚSTRIA

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Promover o salto tecnológico de micro, pequenas e médias empresas industriais brasileiras é o foco principal do novo programa Brasil Mais Produtivo, oficialmente lançado em novembro pelo Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. “Trata-se do maior e mais impactante programa de produtividade e transformação tec-

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nológica para micro, pequenas e médias empresas industriais já implantado no Brasil, conectado com a política de neoindustrialização inovadora, sustentável e indutora do desenvolvimento social”, afirma o Ministro. “Com isso, ganhamos em competitividade e geramos emprego e renda de alto valor agregado – tanto na indústria como nos serviços”. A nova fase do programa vai destinar R$ 2,037 bilhões para o engajamento digital de 200 mil indústrias, com atendimento direto a 93,1 mil empresas nos próximos três anos. Para fortalecer ainda mais a iniciativa, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços (MDIC) articulou e trouxe para dentro do programa as instituições financiadoras BNDES, Finep e Embrapii, que agora se somam às parcerias já consolidadas com ABDI, Sebrae e SENAI – esses dois últimos como executores e com aporte de recursos próprios. Com a união inédita de vários parceiros estratégicos, o novo Brasil Mais Produtivo oferecerá um ciclo completo de acesso ao conhecimento. As empresas atendidas vão entrar em uma Jornada de Transformação Digital que passa por aperfeiçoamento da força de trabalho, requalificação, melhores práticas de gestão, digitalização, otimização de processos produtivos e aumento de eficiência energética, culminando com crédito a juros baixos ou recursos não-reembolsáveis para adoção de tecnologias ligadas à indústria 4.0 e às “smart factories”, ou fábricas inteligentes. Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o programa vai construir um ecossistema de produtividade excepcional no país. “É um passo importante para posicionarmos o que queremos para a indústria brasileira, já que enfrentamos graves problemas de produtividade. O programa se difere de outros pela visão sistêmica e capacidade de investimento, pois


EXPRESSAS

une consultoria a ação educacional para que os trabalhadores da indústria se apropriem do conhecimento e tenham autonomia para continuar o processo depois da saída do consultor", acrescenta Alban. Já a gerente de Transformação Digital da ABDI, Adryelle Pedrosa, destaca que os empresários entendem a importância da inovação, sabem que precisam agir e estão abertos a transformar seus negócios. Estima-se que, de todas as empresas atendidas nesta nova fase do Brasil Mais Produtivo, ao menos 8,2 mil alcancem a chamada “fronteira tecnológica” ao final do processo – com instalação de sensores digitais na linha de produção, interligação de sistemas por computação em nuvens, utilização de Big Datas, IoT (internet das coisas), impressão 3D e inteligência artificial. BNDES, Finep e Embrapii serão especialmente importantes nessa fase. Já o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio

Exterior do BNDES, José Luis Gordon, destaca que a participação no novo Brasil Mais Produtivo reforça a missão do banco no apoio às micro, pequenas e médias empresas. “A digitalização de processos e a inserção de novas tecnologias de manufatura avançada são essenciais para a recuperação da produtividade, ajudando também a promover a integração da indústria com o setor de serviços de valor agregado”, disse ele. “Essa parceria entre as diversas instituições, com a utilização dos recursos e instrumentos de maneira complementar, está totalmente alinhada à nova política industrial. E a união de esforços permitirá a ampliação do impacto no apoio à inovação e digitalização”. Para o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Embrapii, Igor Nazareth, os maiores trunfos do novo Brasil Mais Produtivo são o olhar abrangente sobre as necessidades internas das empresas para promover

ganhos de produtividade e a transformação digital, e o encadeamento de diferentes instrumentos e instituições para oferecer um apoio completo. “As etapas iniciais do programa apoiam os primeiros passos das empresas na melhoria de processos e na transformação digital. A Embrapii entra nas etapas mais avançadas para complementar o que é oferecido pelos demais parceiros. O Brasil Mais Produtivo existe desde 2016. De lá para cá, as instituições parceiras têm atuado separadamente em duas frentes: enquanto o Sebrae presta consultorias ao setor de Comércio e Serviços, o SENAI atende a indústria. Na nova configuração, as unidades do SENAI e do Sebrae atuarão de forma coordenada, identificando as metodologias que melhor se aplicam às empresas atendidas, com técnicas para promoção de manufatura enxuta e eficiência energética, adoção de melhores práticas de

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produtividade e digitalização da gestão do negócio. Nas etapas de apoio à transformação digital propriamente dita, o primeiro passo será a elaboração de diagnóstico da maturidade para adoção de tecnologias industriais inteligentes, seguido de elaboração de projeto customizado, solução de financiamento e acompanhamento da implantação. O presidente do Sebrae, Décio Lima, destaca que, para a indústria voltar a crescer, é fundamental apoiar as micro e pequenas empresas desse setor. “O Sebrae vai preparar esses empreendedores tanto para as oportunidades como para os desafios da nova política industrial. Os pequenos negócios são peça-chave para a neoindustrialização brasileira. O Sebrae tem o compromisso da inovação, da sustentabilidade e inclusão”. Ele lembra que o programa prevê várias etapas e que caberá ao Sebrae, junto com outros parceiros, a sensibilização de 200 mil empresas. A porta de entrada para todas as empresas que pretendem participar do Brasil Mais Produtivo, inclusive dos setores de comércio e serviços, que continuarão a ser atendidos normalmente, é o site da ABDI, que vai direcionar os interessados para as modalidades do programa e para as respectivas páginas dos parceiros Sebrae e SENAI. Para esta nova fase do programa, o SENAI desenvolveu uma plataforma digital com materiais, cursos e ferramentas de produtividade e transformação digital que facilitarão o aprendizado e a aplicação contínua por parte das empresas. A modernização tecnológica das pequenas e médias empresas faz parte da Nova Política Industrial Brasileira,

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que está em construção no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e é guiada pelo conceito de missões. São seis as missões definidas pelo CNDI. Entre elas, a que mais se alinha ao novo Brasil Mais Produtivo é a Missão 4, que busca “aumentar a produtividade da indústria brasileira por meio da incorporação de tecnologias digitais, especialmente as desenvolvidas e produzidas no país”. O novo Brasil Mais Produtivo terá quatro modalidades de atendimento até 2027, a saber: Plataforma de produtividade - Até 200 mil micro, pequenas e médias empresas terão acesso a cursos, materiais e ferramentas sobre produtividade e transformação digital; Diagnóstico e melhoria de gestão - Até 50 mil micro e pequenas empresas receberão orientação e acompanhamento contínuo de Agentes Locais de Inovação e outros instrumentos do Sebrae para aumento da produtividade, além de projetos setoriais do Sebrae que também serão oferecidos; Otimização de processos industriais - Até 30 mil micro e pequenas empresas, até 3 mil médias empresas serão atendidas por consultoria em Lean Manufacturing ou Eficiência Energética e aperfeiçoamento profissional do SENAI; Transformação Digital - 360 empresas apoiadas com desenvolvimento de tecnologias 4.0. Até 8,4 mil MPMEs serão beneficiadas com soluções desenvolvidas por empresas provedoras de tecnologias 4.0, via chamadas Smart Factory, além da possibilidade de contratação de pós-graduação em Smart Factory do SENAI com desconto. Ainda, 1,2 mil médias empresas serão contempladas com um plano completo de transforma-

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ção digital, da elaboração do projeto de investimento ao acompanhamento. Fonte: gov.br/mdic COMPLEXO ECONÔMICOINDUSTRIAL DE FERRAMENTARIA - PODIUM Ocorreu em 13 de novembro a entrega da proposta do Programa Podium Complexo Econômico-Industrial de Ferramentaria para o Vice-Presidente da República e Ministro da Indústria Geraldo Alckmin e para o Ministro do Trabalho Luiz Marinho e equipes de ambos os Ministérios. Baseado nos principais problemas identificados no setor ao longo dos últimos 20 anos, foi elaborado, conjuntamente entre ABINFER - Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais, ABIMAQ - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e SMABC - Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, uma proposta de política industrial estruturante para ferramentarias. O codinome Podium é um desafio para trazer o setor da 20 posição no ranking mundial para um pódio de 5 lugares (de primeiro a quinto) no quesito competência de fornecimento. O nome técnico é Complexo Econômico-Industrial de Ferramentaria (CEI-F) e remete a estruturação do setor em 11 postos-chaves. Você pode conhecer o projeto na íntegra baixando o arquivo no site da ABINFER, na aba Projeto Podium (https:// podiumabinfer.org/). Os 11 pilares remetem: à formação profissional (resgate do valor do ferramenteiro como profissional altamente capacitado); à produtividade técnica (utilização máxima da capacidade produtiva e dos recursos dos ativos produtivos); à governança gerencial e estratégica (administrar custos com indicadores para atingir lucratividade e perpetuação do negócio); às finanças (reoxigenação financeira para viabilizar o fluxo de caixa); à internacionalização (equilíbrio inicial e superávit na sequência); e à sustentabilidade (ferramentaria verde com os devidos cuidados no impacto ao meio ambiente). Enfim, ações de

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EXPRESSAS

INDÚSTRIAS ATUAM PELA SAÚDE MENTAL Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) indicam que os transtornos mentais são a terceira maior causa de afastamento do trabalho no País: no ano passado, 209.124 brasileiros tiveram que interromper suas atividades profissionais para tratar doenças como ansiedade e depressão. O patamar é superior aos 200.244 afastamentos registrados no ano anterior. A percepção de que a pandemia tornou mais aguda a incidência de problemas psicológicos e psiquiátricos em trabalhadores levou o SESI/SC a lançar em 2021 um conjunto de soluções para ajudar as empresas a lidarem com a situação, que incluem oferta de atendimento psicológico, workshops e treinamento para gerentes e lideranças, campanhas de conscientização e criação de ferramentas de avaliação e monitoramento do ambiente de trabalho.

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curto, médio e longo prazos para tornar forte e competitiva a indústria “mãe” da Indústria de manufatura nacional. Elogios tecidos por ambos os Ministros sobre o conteúdo e a qualidade do material entregue. O MDIC fará a análise apurada da proposta para avaliar o avançamento para a etapa 2 do programa, que será o detalhamento de cada etapa sugerida. Agradecemos a todos que contribuíram com a construção da proposta, seja propondo ações,

seja aportando recursos financeiros, seja participando da reunião de hoje. A esperança de que possamos avançar rapidamente é grande e traduzida nas palavras do Vice-Presidente: “um trabalho excelente e de cunho estruturante para um setor altamente estratégico para a industrialização do Brasil”. Vamos juntos construir, validar e colocar as ações em marcha. Fonte: abinfer.org.br

l a e d i o r i e c r O pa e d o ã ç u d o r p para a

MOLDES & MATRIZES! NOV / DEZ 2023 // REVISTAFERRAMENTAL.COM.BR // 9

www.grobgroup.com


EXPRESSAS

O balanço da iniciativa é positivo. Mais de 50 empresas catarinenses de todos os portes estabeleceram parcerias com o SESI/SC e mantêm hoje programas para acolher funcionários com transtornos emocionais e auxiliá-los a superar a crise e se recuperar. O objetivo é reduzir o sofrimento dos colaboradores e prevenir o impacto de afastamentos ou da perda de produtividade na vida das companhias. “Após a pandemia, as demandas em relação à saúde mental dos trabalhadores aumentaram muito”, reconhece Thiago Braz Novaes, médico do trabalho e responsável técnico do ambulatório de saúde da Docol, fabricante de torneiras e registros para cozinhas e banheiros, cuja sede e planta industrial em Joinville abrigam 1.800 funcionários. O novo Coronavírus, ele explica, desestabilizou os indivíduos de múltiplas maneiras. “Além dos efeitos do isolamento social, a redução da atividade econômica na pandemia levou muita gente a ter problemas financeiros. Outras pessoas tiveram Covid e enfrentaram sequelas prolongadas da doença ou perderam pessoas próximas. Percebemos um volume maior de queixas dos nossos funcionários, como crises de ansiedade, estresse e problemas de insônia”. Há mais de uma década, a OMS previu que a depressão será a principal causa de afastamento do trabalho no planeta no ano de 2030. “Esta temática não é nova no País, que já convive com índices alarmantes de problemas mentais”, diz Fabrizio Machado Pereira, diretor de Educação, Saúde e Tecnologia da FIESC. “O que temos discutido, dentro da agenda de saúde mental das companhias, é que não se deve esperar 2030 para ver se a previsão da OMS vai se confirmar ou não. Já temos um problema grande instalado e é difícil enfrentá-lo, porque ele tem causas multifatoriais. E nem estamos falando de uma doença só, mas de vários transtornos diferentes”, afirma. De acordo com dados do estudo internacional Carga Global de Morbi-

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dade, que tem colaboração de mais de 1.800 pesquisadores de 127 países e é patrocinado pela Fundação Bill e Melinda Gates, a ansiedade é o transtorno mental mais prevalente entre os brasileiros com 20 anos ou mais, com 46,5% dos casos, seguido por depressão (24,4%), transtorno bipolar (7%) e transtorno de déficit de atenção (5,7%). A deterioração da saúde mental tem resultado em um aumento de desfechos trágicos. Conforme a Pesquisa Nacional da Saúde, o número de suicídios no País cresceu de 6.780 em 2000 para 13.835 em 2020 – um patamar de mortalidade superior ao causado pela AIDS (10.666 óbitos naquele ano) e ou pela leucemia (6.738 mortes). Um estudo recente lançado pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) transformou em números os impactos econômicos e sociais causados pelos transtornos mentais em trabalhadores. Dados compilados pelo estudo indicam que 20% das pessoas ocupadas no Brasil sofrem problemas relacionados à saúde mental e, em decorrência desses transtornos, perdem o equivalente a 51 dias de vida saudável por ano, que resultam em absenteísmo ou em diminuição da produtividade no trabalho. A pesquisa mostrou que a redução da capacidade produtiva causada por

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transtornos mentais gera uma perda no Produto Interno Bruto (PIB) próxima a R$ 180 bilhões por ano – se essas doenças não existissem, o PIB do País poderia ser 2,8% maior do que é. As perdas econômicas vão além. Levando em conta dados de 2019, geraram redução de R$ 166 bilhões nas rendas das famílias e de R$ 26 bilhões na arrecadação do Governo. E são estimativas conservadoras, diz o estudo, já que se acumulam evidências de agravamento da saúde mental após 2019, por conta da pandemia. As ações propostas às indústrias pelo SESI catarinense têm focos objetivos. “Não há receita pronta, mas existem caminhos que têm se mostrado bastante promissores, que estamos construindo em conjunto com as empresas”, afirma a psicóloga Daniela Zanatta, business leader de Saúde Mental no Trabalho no SESI/SC, referindo-se a iniciativas como ampliar o atendimento psicológico na empresa, preparar gestores para identificar e acolher funcionários com transtornos, ou coletar continuamente dados sobre as condições emocionais dos trabalhadores e o clima da organização. Fonte: Fiesc (fiesc.com.br)


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ROTA TECH ELEVA DEBATE SOBRE OS NOVOS DESAFIOS DO SETOR AUTOMOTIVO POR FUNDEP

Evento realizado pela Fundep contou com a participação de representantes da cadeia automotiva para apresentar resultados dos projetos das Linhas IV, V e VI do programa Rota 2030 e traçar novos caminhos para as indústrias brasileiras nar o desenvolvimento tecnológico e a competitividade da indústria automotiva nacional. A programação abrangeu 22 palestras e painéis dispostos em três trilhas de conhecimento. Na área dos estantes, o público pôde conferir os resultados dos 21 projetos das 3 linhas e conversar com as equipes dos ICTs e das empresas parceiras.

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indústria automotiva nacional está diante de um dos momentos mais desafiadores de sua história. Demandas mundiais como a descarbonização e a transição energética intensificaram a necessidade de investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento de novas tecnologias. Mas, o setor vem se mostrando empenhado em promover mudanças e em se manter competitivo. Esse cenário balizou os principais debates da segunda edição do Rota Tech – Amostra Tecnológica do Rota 2030, realizado pela Fundação de Apoio da UFMG (FUNDEP), nos dias 25 e 26 de outubro, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo – SP. O objetivo foi apresentar os resultados das iniciativas desenvolvidas no âmbito das três linhas do Rota 2030, coordenadas pela Fundação: a Linha IV – Ferramentarias Brasileiras Mais Competitivas; a Linha V – Biocombustíveis, Segurança Veicular e Propulsão Alternativa à Combustão; e a Linha VI – Conectividade Veicular. A segunda edição da amostra alcançou sucesso de público, reunindo 527 representantes da indústria, de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), de startups, de entidades setoriais e do governo para compartilhar experiências, mapear caminhos e oportunidades e direcionar ações para impulsio-

HORIZONTE DE MUITAS OPORTUNIDADES E DESAFIOS A abertura oficial foi prestigiada pelo presidente da FUNDEP, professor Jaime Arturo Ramírez, e pela diretora da Unidade Técnica de Materiais Avançados do IPT, Sandra Lúcia de Moraes, que deram as boas-vindas aos participantes. Ramírez destacou o empenho das empresas e dos ICTs envolvidos nos projetos do programa Rota 2030, prestes a encerrar seu primeiro ciclo: “Passamos por momentos desafiadores importantes e tivemos resultados promissores. Acredito que o segundo ciclo terá questões ainda maiores e, para continuarmos evoluindo, precisamos olhar para os problemas de forma tridimensional, tendo em vista a complexidade da cadeia.”

O primeiro painel da programação seguiu o ritmo da fala do presidente da FUNDEP com o tema “Perspectivas para o 2º Ciclo do Rota 2030”, que contou com a mediação da

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gerente de Programas da FUNDEP, Ana Eliza Cruz Braga, e com as participações do vice-presidente Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), João Irineu Medeiros, do presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Cláudio Sahad, do presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Marcus Vinícius Aguiar, e do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (ABINFER), Christian Dihlmann. “Graças ao programa, estamos mais preparados em termos de estrutura e know-how. Esse ecossistema criado é fundamental para darmos os próximos passos, com equilíbrio socioeconômico e ambiental”, analisa Irineu. Dihlmann ressaltou que a ABINFER tem participado do programa desde o início, com resultados exponenciais alcançados. “As ferramentarias têm grande importância para a cadeia automotiva. No entanto, vivemos hoje desafios que precisamos solucionar com urgência, como o apagão de mão-de-obra”, afirma. Na visão de Aguiar, o governo precisa estabelecer um programa de estado a longo prazo, a fim de promover a mobilização de recursos de forma mais planejada e estratégica. “Precisamos reduzir o tempo de desenvolvimento e implementação de tecnologias nos veículos, a fim de tornarmos nossa indústria mais competitiva”, diz. Sahad destacou a vantagem competitiva nacional na área de biocombustíveis e chamou a atenção para o impacto da carga tributária no desenvolvimento do setor. “Nossos veículos flex estão completando vinte anos de mercado e, nesse tempo, produzimos mais de 40 milhões de unidades desse tipo. Hoje, 80% a 85% de nossa frota é de veículos bicombustíveis. Isso é um diferencial no mercado mundial”, alerta.

TRILHAS DE DEBATES E APRESENTAÇÕES A apresentação da plataforma Conecta Mais foi um dos pontos altos da Trilha Linha IV. De acordo com o consultor da FUNDEP, Vitor Assun, a primeira fase do Conecta Mais superou a meta de empresas cadastradas e de contratos assinados. “Em breve, os inscritos terão acesso a todas as jornadas por meio do aplicativo que, além de facilitar as conexões entre as empresas participantes, vai agilizar processos como o envio de documentações”, garante.

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O painel “Cases do Conecta Mais – soluções de sucesso para o desenvolvimento das ferramentarias”, apresentado no Espaço Tech, demonstrou, com as participações de representantes das ferramentarias Stampway e G. Bechelli, a satisfação com os resultados da aplicação da metodologia. “O grande trabalho agora é consolidar e desenvolver uma sistemática para que esse método seja incorporado de forma integrada dentro das empresas. É preciso trazer um fator evolutivo e trabalhar para uma mudança de mentalidade dentro das indústrias”, argumenta Anderson Bobbo, diretor da Stampway. A Trilha da Linha IV também contou com outros debates relevantes para as ferramentarias, como o painel “Cluster tecnológicos e o setor ferramental”, que dentre outros convidados, esteve o prefeito de Joinville – SC, Adriano Bornschein Silva, que falou sobre as conquistas e desafios do território, que é hoje o município brasileiro com o maior adensamento de ferramentarias. O Espaço Tech foi palco de diversas apresentações da Linha IV, entre elas a palestra de Carlos Sakuramoto, Gerente de Tecnologia e Inovação da Engenharia de Manufatura, da General Motors, e Emília Vilani, pesquisadora, do ITA, “Desafios de ferramentarias de estampagem: a contribuição dos projetos ‘Demonstradores’ para uma avaliação do setor". Foram apresentados ainda os painéis “Rota in Curso: panorama e novos passos do programa de capacitação de profissionais de ferramentarias” e “Desenvolvimento de uma cultura de inovação e colaboração no setor ferramental”. A trilha da Linha V destacou, no Auditório Rota, a importância da atuação das mulheres no painel “Mulheres no desenvolvimento tecnológico: cenário e desafios no setor automotivo”, que contou com as participações da diretora do Smart Campus FACENS, Regiane Relva, das pesquisadoras Mona Lisa Moura, da UECE, e Emília Villani, do ITA, e da gerente de P&D da HION Tecnologia, Cynthia Thamires. Elas falaram sobre os desafios da carreira e suas contribuições para o setor automotivo. Já no Espaço Tech, a Linha V abordou o tema “Economia circular na indústria automotiva” e “Projetos de desenvolvimento de centros estratégicos de competência”. DESCARBONIZAÇÃO Um dos temas mais atuais no setor automotivo, a descarbonização foi foco dos painéis da Linha V, coordenada pela Fundação, “O impacto de políticas de descarbonização para o setor automotivo: desafios regulatórios e ambiente” com as presenças de Erwin Franieck da SAE Brasil, Paulo Villarim, do BNDES, Leonardo Amaral da Stellantis e Gustavo Doubek da UNICAMP e “Do berço ao portão: pegada de carbono de veículos leves fabricados no Brasil”, que contou com as participações de Gustavo Bicalho, da Stellantis, de Juliana Picoli, da FGV, de Guarany Osório, da FGV, de Joaquim Seabra, da Unicamp e de Mário Monzoni, da FGV. Para Osório, um dos pilares para o estabelecimento do processo de descarbonização é uma governança bem defi-


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nida. Segundo ele, a FGV lançou um comitê consultivo para trabalhar o tema, com o objetivo de levantar hipóteses, testar e coletar dados junto ao setor para obter informações fidedignas da realidade brasileira. “É um grande projeto, que tem uma meta de entregar 18 produtos para o mercado e tudo isso será cumprido em 24 meses. Neste trabalho, serão avaliados 8 veículos”, informou. Igualmente relevante, foi a discussão em torno da importância das relações entre atores da cadeia para a evolução dos projetos, a exemplo dos painéis “O papel das organizações híbridas no desenvolvimento de projetos colaborativos de inovação” e “A relação indústria e Universidade como ferramenta de desenvolvimento tecnológico”.

Os desafios de conectividade e a aplicação de recursos de inteligência artificial com segurança guiaram as discussões da trilha da Linha VI, nos painéis “Os desafios da conectividade veicular para o setor agrícola” e “Aprendizado federado: aplicações a partir da conectividade veicular”. A “Cibersegurança e privacidade na era dos carros conectados: Um olhar sobre cidades inteligentes”, tema da palestra ministrada pelo gerente técnico de PD&I em Internet das Coisas e Sistemas Embarcados do IPT, Leandro Avanço, trouxe algumas perspectivas também sobre a indústria de base tecnológica. “Algumas ideias para o futuro do desenvolvimento, pensando em conexão e sustentabilidade, será o desenvolvimento de componentes com materiais recicláveis, frutos da economia circular. Mas, quando pensamos em um conceito como esse, temos que levar em consideração que ele deve abranger toda uma cadeia de valor, e não apenas um produto ou matéria-prima”, expôs.

tados do trabalho realizado pelas equipes desenvolvedoras e empresas parceiras, o que gera visibilidade e abrangência às ações. Nesta segunda edição, a amostra apresentou nove projetos e iniciativas na Linha IV, onze da Linha V e dois da Linha VI. A Linha VI, por exemplo, destacou na amostra as iniciativas desenvolvidas na frente de conectividade veicular, dentre elas o projeto “Conecta 20230: Ecossistema conectado e cooperativo para detecção de pedestres em travessias”, coordenado pelo Centro Universitário Facens. O coordenador do projeto, professor da Facens Roberto Netto, afirma que as expectativas para os resultados do projeto são grandes diante das parcerias firmadas com renomadas instituições, além das empresas Stellantis e TIM. “O Rota Tech é um momento muito oportuno de trocas de conhecimentos e de entendermos quais são os desafios e as expectativas da indústria, a fim de que possamos direcionar todos os esforços a fim de atendermos às demandas do mercado e da sociedade”.

REALIZAÇÃO O Rota Tech é realizado pela Fundep, com apoio do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Centro Universitário FEI, Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) e Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais (ABINFER).

VITRINE DE PROJETOS Considerado a vitrine de projetos e inciativas do programa Rota 2030, o Rota Tech é um momento de mostrar os resul-

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Multicavidades

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PROCESSOS

COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO DOS TUBOS E O DE ELEMENTOS FINITOS NA DETERMINAÇÃO DA FORÇA AXIAL NO FORJAMENTO DE POLIA DE ALUMÍNIO AA6061

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P O R M A U R Í C I O K I N I Z J Ú N I O R - R A FA E L G U S TAV O S C H R E I B E R

ois métodos muito utilizados para determinar a força axial necessária no processo de forjamento são o Método da Fatia Elementar e o Método de Elementos Finitos (MEF). O Método da Fatia Elementar é um método analítico, no qual a região de deformação plástica da peça é dividida em fatias elementares, sendo estabelecidas para cada fatia equações de equilíbrio nas direções principais x, y e z. A distribuição das tensões e o valor das forças de conformação no processo são determinadas pela soma das contribuições individuais de cada fatia (Rodrigues; Martins, 2010). O formato da fatia pode variar de acordo com o processo de conformação que está sendo analisado, podendo se dividir em “Método das Tiras” para peças em formato plano de perfil constante, ou ainda em “Método dos Discos” ou “Método dos Tubos” quando a análise trata de peças com simetria axial (Corrêa; Schaeffer, 2018; Schaeffer, 2004). O desenvolvimento deste método começou na década de 1920 com as contribuições von Karman, Hencky e Siebel (Rodrigues; Martins, 2010), mas ficou completamente estabelecido em 1953, após as contribuições de Sachs e Hoffman (Schaeffer, 2004). A resolução analítica pode conduzir a resultados de baixa precisão, já que exige que se tenha de fazer aproximações e aceitar hipóteses simplificadores (Rodrigues; Martins, 2010). Este método oferece a vantagem de fácil aplicação com auxílio de pla-

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nilhas de cálculo, o que pode atender a muitas situações de modo satisfatório (Corrêa; Schaeffer, 2015). No entanto, este tipo de método exige algumas hipóteses simplificadoras como: considerar que o material é homogêneo e isotrópico; que o comportamento do material em cada fatia é perfeitamente plástico; que a deformação plástica é uniforme; que as tensões de cisalhamento originadas pelo atrito sejam desconsideradas; e que o efeito do atrito não influencia na geometria final da peça (Rodrigues; Martins, 2010). No FEM, associado com análise computacional, é realizada a divisão do volume da peça em um conjunto finito de elementos e então se resolve um grande conjunto de equações aplicadas aos elementos e seus nós (que conectam os elementos entre si). Para aplicação deste tipo de análise o componente é dividido em uma malha de elementos finitos com diferentes formados, de acordo com a geometria da peça (Norton, 2013). A vantagem do FEM está em sua versatilidade, já que permite a análise de qualquer processo de deformação plástica independente da geometria da peça, do tipo de material e das condições de atrito no processo (Rodrigues; Martins, 2010). O desenvolvimento do MEF ocorreu no final da década de 1950, no entanto, as suas primeiras aplicações na área de deformação plástica só ocorreram no final da década seguinte por meio de Kobayashi, Zienkiewicz, Woo, Yamada, Marçal e colaboradores (Rodrigues; Martins, 2010). Com o uso do MEF é possível detectar e solucionar problemas por

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meio da simulação, antes da realização do processo de fabricação, diminuindo custos na etapa de desenvolvimento do produto (Abdullah; Samad, 2007). Oliveira (2001) realizou o forjamento a quente de alumínio AA6061-T6 para fabricação de garfo para cardan de veículo automotor. Neste trabalho o valor de força de pico obtido por meio do FEM foi de apenas 5,7% superior ao valor obtido pelo Método Experimental. No trabalho de Martello (2007) foi realizado o forjamento a quente de alumínio AA6351 para fabricação de uma biela. Neste trabalho as forças de conformação foram obtidas pelo FEM e pelo Método Experimental e, em ambos os casos foi atingido um valor de pico de força muito próximo, com apenas 7% de diferença. No entanto, o gráfico de força em função do tempo para cada método apresentou diferenças significativas. Nos estudos de Marques et al. (2014), em que foi realizado forjamento a quente de flanges de alumínio AA 6361 por meio de billet maciço e vazado, foram comparados os valores de força máxima de forjamento obtidos pelo Método dos Tubos, pelo FEM e pelo Método Experimental (medindo a força exercida pela prensa). Os valores de força máxima estimados para forjamento com base no billet maciço apresentaram 21% de erro para o Método dos Tubos e 17% para o FEM, em relação aos valores experimentais. Enquanto para o billet vazado o erro foi de apenas 4% para o Método dos Tubos e apresentou previsão exata com o MEF.


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Santos et al. (2016) realizaram um projeto para fabricação de pás de turbinas Pelton opor meio de forjamento a frio de aço ABNT 1010. Neste trabalho foi estimada a força de forjamento por meio do Método da Fatia Elementar (usando o Método das Tiras) e pelo MEF. A diferença entre a força de pico estimada pelo Método das Tiras em comparação ao MEF foi de 27%. Na pesquisa de Pinto (2017) em que foi realizado o projeto para fabricação de olhal duplo cruzado por forjamento a quente de aço S355J0. A estimativa da força máxima no processo foi realizada por meio do Método das Tiras e por meio de MEF, sendo que no Método das Tiras o valor de força foi de 39.8% acima do MEF na primeira etapa (pré-forma), mas de apenas 0,7% acima do MEF na etapa final. Este trabalho tem como objetivo a comparação entre dois métodos na

determinação das forças necessárias para o forjamento a quente de uma polia de alumínio AA6061. Para isso foram analisados os resultados de força estimados pelo Método da Fatia Elementar, por meio do Método dos Tubos; e pelo Método de Elementos Finitos (FEM), por meio de simulação computacional com o software QForm. METODOLOGIA A presente metodologia pauta-se na determinação da força axial (Fz) do forjamento de uma polia plana. A geometria da polia é mostrada na figura 1. A polia possui simetria em relação ao seu eixo central, bem como em relação ao plano médio de sua altura (40 mm). O diâmetro externo é de 125 mm, com um rebaixo na parte central com diâmetro variando de 70 mm até 80 mm, em uma profundidade de 12,5 mm a partir de cada face.

Figura 1: Dimensões principais da polia plana (Fonte: arquivo dos autores)

O material selecionado para a polia foi o alumínio AA6061, dada sua ampla aplicação na indústria em geral. Para a fabricação desta peça foi considerado o forjamento a quente, a uma temperatura de 450ºC, a fim de minimizar os esforços envolvidos, tendo como desvantagem uma pior precisão dimensional e um acabamento superficial inferior quando comparado ao trabalho a frio. No tocante ao equipamento uti-

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lizado para o processamento, considerou-se uma prensa hidráulica, com velocidade constante de 50mm/s, a fim de ser possível ter uma taxa de deformação variável e de fácil determinação. O coeficiente de atrito foi considerado igual a 0,5 seguindo a lei de Coulomb. A curva de escoamento para o referido material, considerando a referida temperatura de trabalho, foi empregada tanto para o Método dos Tubos quanto para o MEF, e extraída de Oliveira (2001), conforme indicado na equação 1.

Em que σeq representa a tensão equivalente (MPa), T é a temperatura (ºC), φ é a deformação (-) e φ. é a taxa de deformação (s--¹). Para o cálculo analítico foi empregado o Método dos Tubos, por se tratar de uma peça cilíndrica. Esse método consiste em dividir a peça em tubos concêntricos, com diâmetros variáveis e, a partir dessas divisões, calcular as respectivas deformações, tensões e forças. A figura 2 mostra a divisão da polia simples utilizada com base no Método dos Tubos.

Figura 2: Divisão da polia para aplicação do Método dos Tubos (Fonte: arquivo dos autores)

Para calcular a tensão equivalente por esse método, foi empregada a equação 1. Para o cálculo da deformação, foi empregada a deformação verdadeira na altura, como mostrado na equação 2. Já para a taxa de deformação, foi empregada a equação 3.

Em que φh é a deformação verdadeira na altura, h1 é a altura final da seção (após conformada) em mm, h0 é a altura inicial do material (billet) em mm, φ é a taxa de deformação em s-1 e v é a velocidade de deformação da prensa em mm/s. Ainda, foi necessário determinar a tensão no sentido vertical ou eixo Z, denominada σz, sendo calculada com

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base na equação 4, em que µ é o coeficiente de atrito (sem unidade de medida) e Δr é a variação (diferença) entre o raio da externo da fatia analisada e o raio externo da fatia anterior.

Para o cálculo da força axial, na direção Z, foi empregada a fórmula simples de tensão, definida com base na equação 5, em que Fz é a força axial na direção Z (N) e Ap é a área projetada da fatia analisada (mm²).

A área da fatia é dada pela área circular compreendida entre a fatia abordada e a anterior, conforme a equação 6, em que rn é o raio externo da fatia analisada e rn-1 é o raio externo da fatia anterior; vale ressaltar que por questões físicas, rn > rn-1.

As dimensões da geratriz foram determinadas pela lei da constância de volume, levando em consideração excedente de material para preenchimento da zona de rebarba no fechamento das matrizes. Sendo assim, a geratriz utilizada apresentou formato cilíndrico com dimensões Ø 101 mm (aproximadamente 4”) x 50 mm (aproximadamente 2”). Já em relação ao método computacional, o software empregado foi o QForm, desenvolvido especialmente para simulações de processos de conformação, dentre eles, o forjamento, tanto a quente quanto a frio. Assim, a partir de um desenho em CAD das matrizes (superior e inferior) bem como da geratriz (tarugo ou billet) ocorre a simulação no programa. Como a peça é simétrica em relação ao seu eixo central, bem como em relação ao plano médio da altura, as matrizes são iguais e o desenho a ser utilizado representa somente um quarto (¼) da peça total, conforme mostrado na figura 3. Nesse caso, as linhas amarelas representam os planos de simetria desenvolvidos para a peça.

Figura 3: Planos de espelhamento utilizados no Método de Elementos Finitos (Fonte: arquivo dos autores)


VENDAS

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Com isso, é possível espelhar o resultado em relação aos planos no próprio QForm, reduzindo o tempo computacional com cálculos desnecessários, haja vista a simetria da peça. Ainda, a consideração é de que uma das matrizes (inferior) mantém-se fixa enquanto a outra (superior) se desloca ao seu encontro. O deslocamento total da matriz móvel é feito de modo a respeitar a geometria final da polia. A representação do processo é mostrada na figura 4. Em cinza, têm-se o material bruto (billet), enquanto as matrizes são representadas em azul, tanto a superior quanto a inferior. Além disso, destaca-se o sentido de movimentação durante o processo.

Figura 4: Representação do processo e elementos envolvidos (Fonte: arquivo dos autores)

Para permitir comparar e validar os resultados obtidos, é importante analisar a malha empregada na simulação computacional. Assim, para a referida análise, foi utilizada na peça (billet) uma malha com fator de adaptação mínimo e máximo de 1 e 15, respectivamente, com ângulo máximo de distorção do elemento de 151º, enquanto nas matrizes, foi utilizado um fator de adaptação variando de 1 a 20. Com isso, foi possível que o elemento se adaptasse a regiões com maior quantidade de arestas, como cantos das ferramentas, diminuindo seu tamanho nessas posições, enquanto em regiões com menor quantidade de arestas, foi utilizado um tamanho de elemento maior. A partir das condições mencionadas, foram obtidos 32158 nós e 141003 elementos para a simulação, somando tanto os

nós e elementos das matrizes quanto os da peça. Houve uma maior concentração de elementos principalmente nas regiões em que houve uma mudança brusca de geometria. Os resultados gerados via software são exportados de modo a gerar os gráficos necessários para visualizar o processo, como força x tempo. Ainda, são geradas imagens da tensão resultante ou equivalente na peça, permitindo a avaliação dos esforços com base na região de atuação das ferramentas. A variação percentual (VP) para cada valor encontrado para o Método dos Tubos em relação ao valor encontrado para o MEF foi determinada pela equação 7, na qual XMEF é o valor da variável obtido com a abordagem pelo MEF e XMT é o resultado da variável obtido com o Método dos Tubos.

DISCUSSÃO DE RESULTADOS Com base no Método dos Tubos foi obtida a força axial de 849,6 kN (86,6 tonf), bem como uma deformação máxima (em módulo) de 3,38 e uma taxa de deformação máxima de 3,5 s-1, ambas na zona da rebarba. A tensão axial máxima (σz) calculada foi de 80,6 MPa, ocorrendo na zona de rebarba, entre os elementos 14 e 15 (figura 2). Em contrapartida, a tensão equivalente máxima foi de 48,9 MPa, a qual ocorreu nos elementos 9 a 12. A tabela 1 mostra as principais variáveis calculadas pelo Método dos Tubos para a polia simples. A partir da tabela 1 foi calculada a força axial total, Fz, de 849,6 kN, sendo esta a soma da força em cada tubo da peça.

Tabela 1: Variáveis calculadas pelo Método dos Tubos (Fonte: dados da pesquisa)

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Para o MEF foram obtidas as tensões, conforme indicado nas figuras 5 e 6. Para a tensão equivalente, verificou-se uma maior concentração de tensão na região central e na zona de rebarba, por possuírem maior deformação total na altura do billet. Na figura 5, faz-se presente novamente a referida simetria mostrada anteriormente, justificando a abordagem de somente 1/4 de seção, com o posterior espelhamento dos resultados. Com base na análise da figura 5 verificou-se que a tensão equivalente (σeq) desenvolvida na peça, com base no Método de Elementos Finitos, variou de 17,4 MPa (regiões em azul) a 63,6 MPa (regiões em vermelho), porém, grande parte da peça fica com tensões em valores intermediários a esses valores (zonas em verde).

(A)

Figura 6: Tensão na direção (eixo) “Z” desenvolvida sobre a peça (Fonte: dados da pesquisa)

A figura 7 apresenta o resultado das deformações sofridas pela polia durante seu forjamento. Na figura 7 fica evidente que as maiores deformações se concentram na região da zona de rebarba, em que há uma maior diferença entre a dimensão final e a dimensão inicial. As menores deformações se localizaram na região mais alta da polia, por ser o local em que houve a menor variação de altura.

(B)

Figura 5: Tensão equivalente desenvolvida sobre a peça (a) com a visualização das matrizes de forjamento e (b) sem a visualização das matrizes (Fonte: dados da pesquisa)

Quanto à tensão desenvolvida na direção axial (σz) possui expressiva magnitude, conforme indicado na figura 6. Com base na análise, sua variação foi de -454,3MPa (tensão compressiva) a 22,5 MPa (tensão de tração). Tal variação pode ser observada pelo fato de as regiões em contato com o movimento principal da ferramenta, em que há a formação da polia propriamente dita, estão submetidas a um esforço de compressão, por estarem sendo pressionadas pela matriz superior, enquanto as regiões de rebarba, as quais se deslocam para fora da matriz, estão sujeitas a um esforço de tração.

Figura 7: Distribuição de deformação plástica na polia simples (Fonte: dados da pesquisa)

O valor máximo de deformação plástica encontrado pelo método FEM foi de 3,58. Referente à taxa de deformação, a figura 8 permitiu visualizar como ocorreu sua distribuição. Com base na Figura 8, verificou-se que as menores taxas de deformação ocorreram na parte mais alta da polia e na região central, todavia, na zona de rebarba ocorreu um aumento considerável desse parâmetro. Isso pode ser explicado pelo deslocamento do material e seu escoamento para fora das matrizes, formando a zona de rebarba.

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Figura 8: Distribuição da taxa de deformação na polia simples (Fonte: dados da pesquisa)

Já a figura 9 mostra o gráfico de força axial (Fz) x tempo, considerando o tempo de processamento total da simulação de aproximadamente 694 ms. Notou-se o crescimento gradual da força conforme o processo se desenvolve, porém, subitamente, após a metade do tempo de processo, ocorreu o crescimento dessa força, até atingir uma força máxima de aproximadamente 951,6 kN. Esse comportamento no gráfico pode ser explicado pelo preenchimento da zona da rebarba, zona na qual são exigidas as maiores deformações. Um comportamento semelhante é observado nos estudos de Martello (2007).

(equação 7). Sendo assim, neste caso a força prevista pelo Método dos Tubos foi menor que a prevista pelo MEF. Nos estudos de Marques et al. (2014), a diferença entre o Método dos Tubos e o MEF foi de 4,1% em um caso (com billet maciço) e 4,2% para outro caso (com billet vazado). Ou seja, em uma situação o Métodos dos Tubos apresentou um valor menor e em outro caso um valor maior que o MEF. Para os estudos de Santos et al. (2016), que comparam o Método da Tiras com MEF a variação percentual entre os valores de força foi bem mais elevado (27%), enquanto que no trabalho de Pinto (2017) e a variação foi de 39.8% na etapa de pré-forma e 0,7% na etapa final. Com base nesses estudos verifica-se que a resolução analítica pode conduzir a resultados dentro de uma grande faixa de variação, sendo que os valores obtidos no presente estudo podem ser considerados dentro de uma margem aceitável, já que apresentaram variação percentual de apenas 10,73% abaixo do obtido no MEF.

CONCLUSÃO Com o presente trabalho, foi possível desenvolver a análise do processo de forjamento a quente de uma liga de alumínio AA 6061 na temperatura de 450ºC a partir de duas abordagens: o Método dos Tubos e o Método de Elementos Finitos. Aplicando os mesmos parâmetros para ambos os métodos, como coeficiente de atrito, curva de escoamento do material e velocidade de processamento, foi possível obter resultados convergentes, sendo o principal parâmetro analisado a força axial (Fz). Os valores encontrados de força axial necessária para o processo foram de 951,6 kN para o Método de Elementos Finitos e 849,6 kN para o Método dos Tubos. Com isso, a variação encontrada foi de -10,73%., haja vista que se tomou o FEM como base para o cálculo da variação. Assim, concluiu-se que a divergência entre os métodos Figura 9: Força axial versus Tempo para o processo (Fonte: dados da pesquisa) é aceitável e condizente com outros valores encontrados na Comparando os modelos empregados, foi possível literatura. Todavia, ressalta-se que para a aplicação do observar que estes se aproximam, ainda que o Método Método da Fatia Elementar seria necessária uma maior dos Tubos possua a desvantagem de não prever a força a margem de segurança quanto aos limites do equipamento cada instante, mas sim, o panorama final. Enquanto para o utilizado para forjar a peça, por possuir um valor reduzido Método dos Tubos a força axial máxima necessária prevista de força em comparação ao outro método. foi de 849,6 kN, para o MEF o pico de força é de 951,6 kN, o que corresponde a uma variação percentual de -10,72 %. AGRADECIMENTOS O valor negativo é explicado pela referência adotada para Os autores agradecem ao Instituto Federal de Santa Cataricálculo da variação – devido a precisão maior do FEM, na e à SIXPRO (representante do QForm) pelo apoio durante este foi usado como base para a determinação da variação a pesquisa.

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Maurício Kiniz Júnior - Engenheiro Mecânico pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e Pós-Graduando em Automação Industrial pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Atuação na indústria, na área de projetos mecânicos, com ênfase em máquinas de conformação mecânica e como docente no curso de Engenharia Mecânica do IFSC. mkmk.junior@gmail.com http://lattes.cnpq.br/7846754808500073. Rafael Gustavo Schreiber - Professor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) Campus Lages. Doutor e Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia de Minas, Meta¬lúrgica e de Materiais (PPGE3M) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) na área de conformação mecânica. Especialista em Docência na Educação Profissional e Tecnológica pela Faculdade SENAI CETIQT. Graduado em Engenharia Mecânica pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). rafael.schreiber@ifsc.edu.br http://lattes.cnpq.br/5659815716062847.

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PROCESSOS

MOLDE EM ALUMÍNIO PARA ALTA PRODUÇÃO – ESTUDO P O R VA LT E R E S T E VÃ O B E A L - A R M A N D O S Á R I B E I R O J Ú N I O R -

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C R I S T I A N O VA S C O N C E L L O S F E R R E I R A

indústria, como um todo, depende de etapas de transformação dos materiais utilizados para a produção de bens. Principalmente para materiais poliméricos, os ferramentais são essenciais para dar forma ao material, de forma repetitiva e com qualidade. Nesse contexto, a competitividade da indústria depende de ferramentais fabricados com menor tempo, menor custo e maior qualidade. Por meio do suporte do programa Rota 2030, foi investigada a aplicação do alumínio como material a ser empregado para as cavidades de injeção de polímeros, por meio da comparação entre dois moldes, um fabricado com liga de alumínio 7075 e o outro com o tradicional aço ferramenta AISI P20. O objetivo foi comparar o desempenho dos dois materiais e quais são os impactos da aplicação do alumínio nas cavidades de injeção com relação ao projeto do molde, tempos e custos de fabricação, tempos de injeção e qualidade final das peças injetadas. O projeto envolveu as etapas de definição de uma geometria de estudo, projeto de molde em aço, projeto de molde de alumínio, realização de simulações em softwares CAE (Computer Aided Engineering) estruturais

e reológicas dos moldes projetados, fabricação dos moldes, injeção de peças e análise de resultados. A peça utilizada foi adaptada a partir de um modelo fornecido pela empresa Ford Motor Company. A peça foi simplificada, como ilustrada na Figura 1, para evitar a necessidade da utilização de gavetas no molde. No entanto, as características de geometria mais complexa que um corpo de prova, com fechamento não plano e outros detalhes foram mantidos para manter a característica de uma peça real. No início do projeto foram identificados os diferenciais do molde em alumínio em relação ao de aço. Observou-se que os diferenciais envolvem cuidados com pontos de concentração de tensões, desgaste superficial, amassamento em decorrência da força de fechamento e, principalmente, de pressões de compactação elevadas, além da capacidade de resfriamento do molde.

IMPACTO NO PROJETO DOS MOLDES Uma vez definida a geometria da peça foi iniciado o projeto dos ferramentais envolvendo o detalhamento dos sistemas de resfriamento, de extração, de injeção e partição dos moldes. Inicialmente, foram realizadas análises reológicas, térmicas, mecânicas e termomecânicas em quatro programas distintos de elementos finitos, considerando as propriedades dos materiais AISI P20 e Alumínio 7075. Estas análises tiveram como objetivo avaliar, comparativamente, o uso dos moldes fabricados com ambos os materiais sob os seguintes aspectos: valores dos tempos de ciclo; análise de tensões e deformações nos moldes devido ao gradiente térmico, força de fechamento e pressão de compactação; análise e projeto dos sistemas de resfriamento; avaliação da influência da espessura da peça nos parâmetros de injeção e; avaliação do uso de moldes de alumínio na injeção de peças

Figura 1: Peça fabricada em moldes de aço P20 e Alumínio

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fabricadas com materiais semicristalinos e amorfos. Além dessas análises, foi realizado um estudo para verificar o efeito da utilização de sapatas com diferentes geometrias para minimizar as tensões devido às forças de fechamento. As análises reológicas mostraram que os tempos totais de ciclo determinados para o molde de alumínio foram significativamente menores comparados aos necessários para fabricar a peça no molde de aço. As análises revelaram ainda que a presença de pontos de concentração de calor (hot spots) foi determinante no cálculo do tempo de resfriamento do aço. Para o molde de alumínio, no entanto, este efeito foi minimizado pela alta condutividade térmica do material, não afetando de forma significativa o tempo necessário para completar o ciclo de injeção. Na tabela 1 estão representados diversos parâmetros associados aos moldes de aço e de alumínio. Um aspecto importante refere-se ao menor tempo de resfriamento do molde de alumínio, o que impacta na redução de 47,43% do tempo total do ciclo de injeção. Este aspecto é fundamental para a análise da viabilidade financeira e produtividade do emprego do molde de alumínio para injeção de peças plásticas. Além disto, observou-se uma redução de 16,8% nos níveis de empenamento da peça com o uso dos moldes de alumínio para a geometria estudada, ou seja, através da simulação não houve perda de qualidade dimensional da peça estudada com o uso do molde de alumínio.

As avaliações termomecânicas revelaram que há o risco evidente de ocorrência de deformações permanentes no molde de alumínio devido às forças inerentes ao processo de injeção, o que pode acarretar perda prematura do molde. Entretanto, diferente das expectativas iniciais, a pressão de compactação revelou-se ser a principal causa dos altos valores de tensões e deformações e, portanto, a recomendação é que este parâmetro seja minimizado quando do uso de moldes de alumínio. Cabe registrar que os limites elásticos dos materiais é 800 MPa para o aço P20 e 500 MPa para a liga de alumínio utilizada no estudo. Outro aspecto avaliado nas análises termomecânicas foram as deformações apresentadas pelos moldes. De acordo com a literatura, quando do fechamento do molde de injeção, a separação das placas porta cavidades do molde é frequentemente tolerada com uma faixa aceitável sem causar rebarba, em torno de 0,075 mm. A análise realizada no projeto mostrou que o molde de alumínio tende a abrir mais que o de aço, independente da condição de resfriamento. A abertura

máxima do molde de aço é de 0,032 mm, enquanto para o molde de alumínio é de 0,079 mm. Com base nesses resultados, foram implementados reforços nos moldes de alumínio para aumentar a rigidez dos mesmos. Para isto, foi realizado um estudo para avaliar como a utilização de sapatas, em diferentes configurações, influencia a distribuição de tensões no molde de alumínio. Assim, foram consideradas as tensões máximas nas sapatas, na matriz e no postiço macho. Na análise realizada foram considerados moldes sem o emprego de sapatas, com sapatas curtas e com sapatas longas, conforme mostrado na figura 2. A análise realizada mostrou que a melhor opção é a utilização de sapatas curtas, uma vez que minimiza a tensão no postiço macho e na matriz. Além disso, apresenta menor tempo de usinagem. Uma vez definido o tipo de sapata (curta) foi realizada uma análise para definir o tamanho das áreas da sapata do molde. A análise mostrou que, quanto mais área de sapata tanto melhor para suportar os esforços e também minimizar o tempo de usinagem e montagem.

Figura 2: Configuração de moldes analisados com relação ao uso de sapatas

Tabela 1: Resultado de simulação de molde de aço e molde de alumínio

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PROCESSOS

Com relação ao sistema de resfriamento, foram realizadas análises visando a simplificação do molde de alumínio. Para isto, ocorreu a otimização dos parâmetros de processamento do material injetado, considerando as características do molde de alumínio. O resultado, como apresentado na figura 3, mostra uma redução substancial do tempo de arrefecimento (e do tempo de ciclo) utilizando molde de alumínio, em comparação com o molde de aço. Também pode ser notada na figura 3 a simplicidade do sistema de resfriamento do molde de alumínio se comparado àquele utilizado no molde de aço. Essa simplicidade reflete em menos tempo de fabricação quando comparado ao molde de aço, tendo um desempenho de resfriamento da peça maior. A análise permitiu mostrar uma redução de 26,9% a 41,5% do tempo de ciclo de injeção, desconsiderando o tempo de abertura e fechamento do molde. Com base nestas análises foi concluído o projeto do molde em alumínio (esquerda) e em aço P20 (direita), conforme ilustrado na figura 4. No caso é possível identificar o posicionamento de sapatas para reforçar o molde de alumínio, quando do fechamento do mesmo na injeção da peça. Em ambos os moldes, os machos são postiçados em placas de aço 1045.

Figura 3: Comparação do sistema de resfriamento para o molde de aço e molde de alumínio

MANUFATURA DOS MOLDES Na sequência ocorreu a fabricação dos moldes, a qual envolveu a programação em CAM (Computer Aided Manufacturing), a fabricação de eletrodos em grafite e cobre-eletrolítico. Também foram fabricadas todas as placas e cavidades. Os tempos associados à fabricação dos ferramentais foram contabilizados, assim como os custos. Na tabela 2 tem-se os custos de fabricação da matriz de aço e de alumínio, considerando o custo do porta-molde, materiais acessórios e processo de manufatura.

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Figura 4: Projeto do molde de alumínio (esquerda) e em aço P20 (direita)

Tabela 2: Custos de fabricação dos moldes


PROCESSOS

Figura 8: Representação gráfica do conceito Smart Services [Adaptado de Boos, et al (2017)]

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PROCESSOS

Os resultados mostram que apesar do custo do porta-molde ser maior para o alumínio, tem-se uma redução de custos de manufatura de 28%. No caso deste molde (peça do estudo de caso), o molde de alumínio foi 20% mais barato que o molde de aço. ANÁLISE DO CUSTO DAS PEÇAS Uma análise importante envolveu o custo do processo de injeção das peças, conforme descrito na tabela 3. Na análise foi considerado um custo de injeção de R$ 150/h, o custo de matéria prima do polímero de R$ 12,00/kg (referência: polipropileno) e os custos do molde aço e alumínio, descritos na tabela 2. Para realizar esta análise foram levados em conta os tempos de ciclo de injeção observados quando da injeção de um lote de peças, considerando as condições de regime do processo. A utilização do molde de alumínio permitiu uma redução de 15,49% do custo da peça, se injetadas 10 mil peças. É importante avaliar que esta diferença pode ser maior, considerando que existe a possibilidade de

reduzir o tempo de injeção da peça no molde de alumínio em relação ao molde de aço. Estes resultados foram obtidos considerando uma redução de tempo de ciclo de 5,8 s. Na tabela 4 está apresentada uma simulação considerando diferentes valores de redução do tempo do ciclo de injeção no molde alumínio em relação ao molde de aço e o seu impacto sobre o % de redução de custo da peça de alumínio. Para isto, foram simuladas as diferenças de 5,8 s (situação atual) e, possíveis situações futuras para tempos de 7, 8, 9 e 10 segundos. No caso da produção de 10.000 peças, o % de redução do custo da peça é e 15,49% para uma diferença de tempo de ciclo de injeção em molde de alumínio em relação ao de aço de 5,8 s. Se esta diferença for de 10 s, a redução do custo da peça é de 18%. ANÁLISE DAS PEÇAS INJETADAS Para avaliar as diferenças no desempenho dos moldes de aço e alumínio, foram realizadas injeções de peças nos moldes fabricados. O material de injeção foi um composto comercial de

polipropileno, talco e borracha de Etileno-Propileno-Dieno com pigmento preto (PP20%TA+EPDM), muito parecido com o material previsto para a injeção original da peça de referência. A análise do processo de injeção considerou duas abordagens. A primeira concentrou-se na determinação do tempo mínimo de resfriamento necessário para produzir peças plásticas isentas de defeitos superficiais em ambos os moldes. A segunda envolveu a análise das variações de comportamento dos moldes em relação à temperatura do molde e à força de extração. Para investigar o tempo de resfriamento mínimo foi empregada a seguinte estratégia. Molde de aço Foram investigados vários tempos de resfriamento durante a fase de experimentação dos moldes. Inicialmente, 20 peças foram injetadas com um tempo de resfriamento de 20 segundos. Após avaliação, verificou-se que essas peças não apresentavam defeitos visuais. Posteriormente, o tempo

Tabela 3: Análise do curso do produto injetado, em função da variação da produção

Tabela 4: Impacto da diferença do tempo de ciclo de injeção no molde de alumínio sobre o custo da peça (% de redução de custo da peça injetada em alumínio)

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PROCESSOS

de resfriamento foi reduzido para 15 s e o procedimento foi repetido. No caso, ao usar o tempo de 15 segundos, as peças plásticas exibiram defeitos visuais. Áreas próximas ao ponto de injeção assumiram uma forma esférica de plástico ainda não solidificado. De posse deste resultado, uma nova tentativa foi realizada com um tempo de resfriamento de 18 segundos, e, nesse caso, não foram observados defeitos visuais. Subsequentemente, o mesmo procedimento foi repetido para um tempo de resfriamento de 17 segundos. Entretanto, a injeção nesta configuração apresentou problemas, pois as peças plásticas ficaram presas à placa fixa. Molde de alumínio De maneira análoga, foram produzidas 20 peças utilizando um tempo de resfriamento de 20 segundos. Posteriormente, a qualidade das peças foi avaliada e não foram identificados quaisquer defeitos visuais. Nesse contexto, o tempo de resfriamento foi reduzido para 15 s, sem que defeitos

visuais fossem detectados. Porém, a redução do tempo de resfriamento para 10 s resultou na ocorrência de defeitos visuais. Diante disso, procedeu-se com um novo ensaio, utilizando um tempo de resfriamento de 12 s, o qual não revelou defeitos visuais. Portanto, para garantir o tempo mínimo de ciclo, foi realizado um ensaio com tempo de resfriamento de 11 segundos, o qual apresentou problemas relacionados à solidificação do material. Com base nesses resultados, foi possível concluir que, para os parâmetros de injeção utilizados no experimento, o tempo mínimo de resfriamento necessário para o molde de aço é de 18 s, enquanto para o molde de alumínio é de 12 s. Excluindo os tempos relacionados à abertura e ao fechamento do molde, o uso dos moldes de alumínio resultou em uma redução de 27% no tempo de ciclo em comparação com os moldes de aço. Esse tempo ainda exclui o tempo de estabilização da temperatura do molde de aço que é muito maior que o do alumínio.

Resultados referentes a temperatura e forças de extração A medição da temperatura dos moldes durante a injeção foi realizada utilizando termopares posicionados nos machos, que possuem maior concentração de calor. O molde de aço apresentou maiores valores de temperatura, por volta de 37°C, enquanto o molde de alumínio apresentou valores máximos de aproximadamente 29°C. É importante ressaltar que essas perfil de valores de temperatura tendem a variar à medida que diferentes regiões do molde são avaliadas. O molde de alumínio apresentou maiores forças de extração. Como no molde de alumínio o resfriamento do plástico é mais rápido do que no molde de aço, a contração da peça é maior para um mesmo tempo de resfriamento. Uma outra razão para a força ser maior é que o alumínio tem expansão térmica maior que o aço, resultando em tensões adicionais e maior força de atrito entre o molde e a peça plástica na hora da extração.

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PROCESSOS

CONCLUSÕES Os estudos realizados mostraram que existe uma redução do tempo do ciclo de injeção do molde de alumínio em relação ao molde de aço. Esta redução pode ser potencializada com o desenvolvimento de novos estudos, novas geometrias e novas parâmetros de processo. Além disto, a redução do ciclo de injeção mostra um impacto significativo no custo da peça injetada, somado ao custo menor do molde de alumínio e menor tempo de fabricação. Outra vantagem está no uso do molde de alumínio em peças que mostram a presença de concentradores de calor, fenômeno este minimizado pela alta condutividade térmica do alumínio. Como desvantagem, as análises termomecânicas indicaram que a injeção de peças em que seja necessária alta pressão de compactação pode ser um fator limitante para o uso de moldes de alumínio. A pressão de compactação, recalque, foi identificado como principal causa de tensões atuantes no molde durante o processo injeção. Peças técnicas, sem requisitos de acabamento superficial com textura tendem a ser mais atrativas para moldes de alumínio, caso o material a ser injetado não seja muito rígido e com cargas. Ainda são necessários estudos mais específicos sobre tratamentos superficiais aplicáveis para cavidades em alumínio que possam proporcionar aumento da vida útil do molde e acabamentos decorativos. Do ponto de vista do projeto de moldes utilizando alumínio como material das cavidades, as recomendações são: • Utilizar sapatas para dissipar a energia de contato entre macho e matriz ao redor do fechamento do molde; • Aumentar a superfície de fechamento do molde para ajudar na redução da pressão de contato durante fechamento, injeção e recalque; • Simplificar o sistema de refrigeração de forma a evitar problemas de redução da rigidez estrutural e congelamento antes do preenchimento da cavidade, entre outros defeitos de injeção. Essa redução pode ser de 50% em relação ao mesmo projeto em aço; • Usar um anel de material isolante (preferência cerâmico) no apoio do 30

bico de injeção de forma reduzir a condutividade entre o bico e o ponto de injeção e proporcionar o congelamento no ponto de injeção; Prever estratégias para garantir que a peça fique presa a cavidade de desejo, evitando a extração manual que podem danificar o molde.

Pela fabricação do molde: • Usar ferramentas adequadas para a usinagem de alumínio, estudando os parâmetros de corte de podem ser muito mais agressivos que os utilizados em aço; • Reduzir o número de setups através de fixações referenciadas e um bom planejamento de processo; • Ter cuidado com o acabamento manual, pois o alumínio é muito menos duro que o aço e requer menos força e menos retirada de material para ajuste. Durante a injeção das peças; • Ser cuidadoso com a força de fechamento e a injeção de recalque, subindo a pressão aos poucos até ajustar o ciclo. Finalmente, ainda se destaca a falta de dados mais variados com o estudo de outras geometrias e outros materiais. No universo de moldes de injeção, cada peça traz desafios diferentes. Dependendo da geometria e material a serem injetados, o molde de alumínio pode se tornar mais interessante que o molde de aço, mesmo para alta produção. Desta forma, quanto mais informações forem obtidas e mais ciclos de injeção forem realizados, mais será possível identificar e orientar sobre a capacidade de um molde com cavidades de alumínio. Obviamente que isso, levando em consideração ganhos reais de custo e tempo, visando a competitividade da indústria nacional. AGRADECIMENTOS O desenvolvimento do demonstrador de molde de alumínio para alta produção ocorreu no âmbito do Programa Rota 2030 do Governo Federal descrito na lei No. 13.755/2018 e é coordenado pela FUNDEP. Os executores do projeto são as universidades SENAI CIMATEC, UFBA e UFSC. Agradecemos também aos parceiros do projeto pelo suporte

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prestado: ESSS Engineering Simulation and Scientific Software Ltda.; Ford Motor Company Brasil Ltda., Moldit Brasil Ltda.; Open Mind Tecnologia Brasil Ltda.; Renault do Brasil S.A.; SMRC Fabricação e Comércio de Produtos Automotivos do Brasil Ltda. e Union Indústria de Moldes e Comércio Atacadista de Máquinas Eireli. Uilize o QR Code ao lado para ler as referências Valter Estevão Beal, Dr. Eng Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1999), Mestrado (2002) e Doutorado (2005) em Engenharia Mecânica, ambos pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente é membro da Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas, Professor Associado e Líder Técnico em Desenvolvimento de Produtos Industriais no SENAI CIMATEC em Salvador, Bahia. Trabalha coordenando projetos de inovação em diversas áreas com empresas de diferentes portes e nacionalidades. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica, com ênfase em Metodologias de Projeto, Projeto Mecânico, Simulação, Fabricação e Impressão 3D/ Manufatura Aditiva. valtereb@cimatec.fieb.org.br lattes.cnpq.br/1079662152082050 Armando Sá Ribeiro Junior, Dr. Eng - Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia (1991), mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995), doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2003) e pós-doutorado na Norwegian University of Science and Technology (2014-2015). É Professor Titular da Universidade Federal da Bahia e líder do Gitec - Grupo de Inovação Tecnológica da UFBA. Tem experiência na área de Engenharia Mecânica, com ênfase em projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: análise não-linear utilizando o método dos elementos finitos e desenvolvimento de produtos. asrj@ufba.br lattes.cnpq.br/2238167425213912 Cristiano Vasconcellos Ferreira, Dr. Eng. - Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1995), mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997), doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002). É Professor Associado do Centro de Engenharias da Universidade Federal de Santa Catarina. Atua desenvolvendo projetos de pesquisa nas áreas de Gestão de Desenvolvimento de Produtos e Tecnologia, Gestão de Projetos, Gestão da Inovação, Modelos de Negócio e Tomada de Decisão. Trabalhou no SENAI CIMATEC - Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia - de 2003 a 2010 exercendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. cristiano.v.ferreira@ufsc.br lattes.cnpq.br/2854174439495045


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G E S TÃO

MULHERES NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA – CAMINHO SEM VOLTA

A

POR DEILA MENDES -

indústria automotiva está inovando tanto tecnologicamente quanto humanamente, e as mulheres desempenham um papel fundamental nessa mudança. No entanto, de acordo com dados da Pesquisa de Diversidade Automotiva 2021 realizada pela Automotive Business, apenas 20% dos cargos gerenciais na indústria automotiva são ocupados por mulheres. Felizmente esse número está aumentando e as mulheres estão cada vez mais presentes em áreas técnicas como engenharia, produção e qualidade. A igualdade de gênero provou ser benéfica para as empresas. Um estudo do Boston Consulting Group com mais de 1.700 empresas descobriu que as empresas com mais igualdade de gênero em seus conselhos tiveram um desempenho financeiro significativamente melhor do que aquelas que não possuem. Não apenas aproveitam o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções, mas também trazem novas visões, ideias e perspectivas. À medida que mais mulheres entram na indústria, elas se tornam modelos e inspiração para outras mulheres que buscam carreiras em tecnologia, ajudando também a quebrar os estereótipos. Além disso, devido à falta de oportunidade, as mulheres se sentiram na obrigação de buscar mais conhecimento, se especializando além dos pré-requisitos exigidos. Por consequência, estão desempenhando um papel importante no mercado de trabalho, não só ocupando cargos gerenciais e de liderança, mas também técnicos, trazendo ideias inovadoras para o setor. Isso aumenta a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero e diversidade na equipe, tornando a participação feminina fundamental para o desenvolvimento. Escolas e universidades também são importantes no aumento da proporção de mulheres na indústria automotiva, incentivando-as a estudar ciência, tecnologia, engenharia e matemática. As companhias podem se beneficiar de estágios e programas de entrada para jovens profissionais, oferecendo oportunidades de obter experiência prática e construir redes profissionais que podem ajudá-las a progredir em suas carreiras.

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WESLEY APARECIDO

Em suma, a representação feminina na indústria automotiva é essencial para criar um ambiente de trabalho mais diversificado e inovador, trazendo uma perspectiva única e valiosa. Mas para isso é necessário um esforço coletivo por parte das empresas, escolas e universidades. Juntos, podem criar uma indústria automotiva mais inclusiva para o futuro. Alguns relatos de mulheres que superaram as barreiras e estão se destacando em suas posições são inspirações e esperanças para esta fato tão em destaque no mundo atual.

LAURA SOLIS TOMAZ DA SILVA, FRESADORA, DA FERRAMENTARIA NA VOLKSWAGEN DO BRASIL Depoimento: Com o passar do tempo, vem se tornando mais comum a presença feminina no meio automotivo. Essa diversidade evidencia vários benefícios para o setor, principalmente em um meio que é culturalmente masculino. E isso traz para nós, mulheres, mais coragem e determinação para buscar diferentes oportunidades e quebrar barreiras. A representatividade se tornou uma grande ferramenta de transformação social, assim a ideia de que as mulheres podem fazer o que quiserem e onde quiserem estar cada dia mais presente, aumentando o número de mulheres no meio automotivo.


PROCESSOS

VANESSA RODRIGUES, FERRAMENTEIRA NA GENERAL MOTORS Depoimento: A necessidade de ser aceita e de atender aos padrões impostos pela sociedade é algo que pode fazer parte da vida de muitas mulheres em todos os âmbitos. O grande desafio é adequar ambientes que até ontem eram masculinos, como um simples banheiro feminino, que até pouco tempo atrás não existia na nossa Ferramentaria. No meu curso de Ferramentaria só existia eu de mulher, portanto, a mudança também começa em sala de aula, na divulgação que pode ser feita para trazer incentivo dos cursos profissionalizantes para mulheres, um pontapé inicial para quebrar paradigmas dessa profissão. Acredito que as organizações que, assim como a GM, escolhem a pluralidade e a diversidade, se tornam catalizadoras de inovação, promovem um ambiente equilibrado e, certamente, geram melhor performance, com resultados benéficos para ambas as partes. CAMILLA DE OLIVEIRA VALIM, ENGENHARIA DE ORÇAMENTOS NA DELGA "Não há limite para o que nós, como mulheres, podemos realizar." – Michelle Obama Camilla, 25 anos e formação técnica em Mecatrônica e bacharel em Engenharia Industrial Mecânica ambos pelo Centro Universitário ENIAC. Atualmente cursando MBA Executivo em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Possui também alguns cursos e certificações voltados para a área de projetos, softwares, engenharia e estampagem. Depoimento: O meu interesse pela engenharia sempre se mostrou presente. Desde pequena eu queria ser engenheira civil e este foi o meu pensamento até o início do ensino médio, onde eu comecei a realizar o curso técnico em mecatrônica. Depois de ter as primeiras aulas, pude perceber que a engenharia mecânica seria o meu destino. Eu tive ótimos conteúdos e experiências durante o curso e o apreço pela mecânica foi cada vez maior e consolidou a minha decisão. Em meados de 2015, tive a oportunidade de ingressar no mercado automotivo, na empresa Autokiniton (antiga Tower International). Lá vivi os melhores e mais desafiadores 7 anos da minha vida pessoal e profissional. Iniciei como jovem aprendiz aos 17 anos e ao longo dos meses, tive a chance de ingressar na área de orçamentos (na qual eu não imaginava a infinidade de informações e conhecimentos que estariam por vir). Fui a primeira mulher orçamentista a fazer parte da equipe e em todos os anos que por lá estive, pude aprender com profissionais incríveis e que sempre estiveram ao meu lado, me incentivando e contribuindo para

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G E S TÃO

a minha formação. A equipe sempre foi composta por homens e o fato de eu ser mulher nunca foi um problema, muito pelo contrário, sempre fui tratada de forma igual e íntegra e muito bem valorizada e reconhecida pelas minhas capacidades técnicas e trabalhos desenvolvidos. Eu sempre soube que ingressar no universo automotivo seria um desafio bem grande, onde sempre teria que me esforçar mais, estudar mais e me dedicar mais, ser overachiever para poder estar à altura dos meus colegas, pelo simples fato desse universo ser masculino e que ter mulheres atuando nele, seria minoria. De certa forma, foi e é mesmo. Desde o início do curso de engenharia já havia essa pressão pelo número de mulheres matriculadas ser menor comparado ao dos homens, entretanto, eu não deixei isso me intimidar e conclui o meu curso com êxito e ainda recebi um prêmio de melhor trabalho de conclusão de curso (TCC) da engenharia industrial mecânica para o 2° semestre de 2019. Isso me encorajou ainda mais e provou que mulheres são capazes de fazer o que quiserem, de ser o que quiserem e de estar onde quiserem. No início de 2022 fui convidada pelo Grupo Delga a fazer parte da equipe de orçamentos e aceitei o desafio. Fui recebida de forma muito respeitosa e gratificante, e sou tratada de igual para igual perante os demais colegas, com as mesmas responsabilidades, as mesmas atribuições e o mesmo reconhecimento. O time é acolhedor e muito solícito. Podemos sempre contar uns com os outros, sem nenhum tipo de julgamento ou discriminação. Trabalhamos sempre em equipe, com muito respeito e valorizando o potencial de cada um. Sou feliz em fazer parte desse time de mulheres que optam por ingressar no mercado automotivo. Mulheres estas que são fortes, corajosas, inteligentes, independentes e capazes de desempenhar qualquer função e enfrentar qualquer desafio. Mulheres que encorajam outras, defendem e batalham pelo seu espaço e o seu reconhecimento. Sou feliz pela minha escolha profissional e acadêmica, por poder agregar e compartilhar meus conhecimentos e principalmente, por ser reconhecida pela pessoa que eu sou e a profissional que eu me tornei Anseio por um futuro próximo em que a igualdade, pela qual tanto temos lutado, seja uma questão cultural enraizada na sociedade. Em que todas as empresas, independentemente de seus segmentos, tratem a questão da igualdade de gênero de forma rotineira e justa. Acredito que, assim, seremos testemunhas de um aumento significativo do número de mulheres ocupando posições operacionais, técnicas e de liderança, fortalecendo a diversidade e promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva.

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BRUNA ARAÚJO DA SILVA, ENGENHARIA DE MANUFATURA NA DELGA Bruna, 30 anos, formada em Engenharia Mecânica pela Universidade do Grande ABC, atualmente cursando MBA em gestão de Projetos e alguns cursos ligados a área de desenvolvimento de produto e processo e possuo certificação Green Belt/Six Sigma.

Depoimento: Em 2009 iniciou meu interesse pela indústria, justamente quando visitei a fábrica que meu pai trabalhava como torneiro mecânico, e naquele tour vi uma única mulher coordenando um setor totalmente “masculino” e ver aquilo foi motivador, me mostrando que eu poderia ser o que eu quisesse, onde eu quisesse. Nesta época meu irmão já estudava Engenharia e também foi um dos meus incentivadores. No ano seguinte, comecei a estudar para ingressar no curso de Engenharia Mecânica, e surgiu minha primeira dificuldade pois neste período meu pai ficou desempregado e não iria conseguir me ajudar com os estudos. Com muita garra, persistência e fé consegui uma bolsa de estudos integral, e ali foi o início de um sonho que antes parecia distante. Em 2011, no meu primeiro dia da faculdade, já senti a diferença, pois as mulheres eram minoria, sendo 35 homens para 3 mulheres na sala. Porém ali foi onde eu tive a certeza de que teria que dar o meu melhor para conseguir alcançar meus objetivos. Neste mesmo ano, já estava procurando estágios, pois como nunca havia trabalhado no setor industrial, sabia que além de ser mulher e sem experiências,


G E S TÃO

seria um pouco mais complicado ingressar no ramo. Foi quando, pela primeira vez, pensei em desistir, pois participei de um processo seletivo em uma empresa, no qual passei em todos os testes, porém no dia da última etapa que era a entrevista com o gestor da área, cheguei na empresa, e a pessoa do RH me informou que eu não iria seguir no processo com as seguintes palavras: “Você foi a melhor candidata, passou em todas as etapas, porém, o gestor não quer que eu contrate mulheres”. Ali vi meu mundo desabar, pensei em não seguir na faculdade, em trocar de ramo. Porém reuni todas as forças e segui em frente, e coloquei como objetivo que nenhuma dificuldade iria me parar. No mês seguinte, consegui o meu primeiro estágio, em uma indústria do ramo de painéis elétricos, onde aprendi muito e após um ano, já fui efetivada. Em 2012 ingressei em um programa de estágio na Volkswagen, que foi de suma importância para minha carreira profissional e onde eu tive a certeza de que era a engenharia minha escolha certa. Também realizei meu sonho de trabalhar em uma montadora. No ano seguinte, em 2013, estava participando do processo seletivo na Delga Diadema, para ingressar como estagiária na engenharia de manufatura. Após algumas etapas de testes e entre 10 participantes apenas 1 mulher, eu fui selecionada.

A Delga foi meu maior desafio, no começo não foi nada fácil, tive que enfrentar preconceitos, inclusive de colegas do mesmo setor, que mediam minha competência pelo simples fato de ser mulher. Mas eu não desisti, ali sabia, que estava construindo minha carreira profissional e nada iria me parar. Realizei alguns sonhos, dentre eles fazer um intercâmbio em Toronto, no Canadá. E tudo isso com esforço e pelo fruto do meu trabalho. Tenho que salientar que tive grandes “professores” na Delga, a minha maior motivação era aprender, colher experiências e dar o meu melhor. Passei por todas as etapas, como estagiária, assistente, analista e hoje Engenheira de Processos. Atualmente sou Coordenadora do grupo de melhoria contínua, gerando ganhos significativos para a empresa em diversos projetos aplicados e isso me faz sentir realizada. Sou extremamente feliz pela minha escolha, por não ter desistido, por tudo que enfrentei para chegar até aqui e hoje ser reconhecida pela minha jornada e por todo meu esforço. Uma dica que posso dar para todas as mulheres: Não tenha vergonha dos seus sonhos, enfrente suas inseguranças, não deixe que ninguém defina o seu sucesso! Podemos ser tudo o que queremos ou sonhamos. E por fim, não desista jamais!

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Matriz - Rua Patagônia, 45 - São Bernardo do Campo - SP - CEP-09666-070 - PABX: 0**11 - 4176-6969 - FAX: 0**11 - 4361-5366 Filial SBC - Rua Eugênia Sá Vitale, N 479 - CEP-09665-000 - vendas@superfinishing.com.br / superfinishing@superfinishing.com.br


G E S TÃO

JAQUELINE PAIVA DE LIMA BERNARDES, COMPRADORA NA GENERAL MOTORS “Meninas quando são bem orientadas, amadas, guiadas e nutridas por pessoas a sua volta, podem chegar aonde querem! Jaqueline, 39 anos, formada em Administração de Empresas pela ESAN/FEI, pós-graduada em Comércio Exterior também pela FEI, e com MBA Executivo em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV, além de diversos cursos como Lean Manufacturing, Green Belt/Six Sigma, entre outros. Depoimento: Acredito que eu sou um exemplo do que é possível quando meninas tem sua base forte desde a infância! Iniciei minha caminhada pelo setor automotivo nos anos 2000, e não foi fácil! Comecei efetivamente na Karmann-Ghia do Brasil, onde fiquei por quase 10 anos no PCP, Engenharia e Logística. Migrei para a Ford, onde tive a oportunidade de trabalhar em Compras por uma década. Posteriormente, fui para o ramo de óleo e gás, também em Supply Chain, e retornei para o automotivo como sistemista. Atualmente estou na GM do Brasil na área de Compras atuando na parte estratégica de redução de custos e lean. Ajudar a mudar um ambiente quase que 100% masculino, onde qualquer mulher era vista como a secretária de departamento, foi uma tarefa difícil, a base de muita paciência, estudo, aprendizado, resiliência e postura. Busquei durante esses meus 23 anos no setor automotivo aprender, conhecer e galgar meu espaço. Permaneço sempre em um eterno aprendizado, e ver que hoje as mulheres, assim como eu, ocupam cargos de liderança, coordenação, e estão à frente de muitas organizações, fez valer a pena todo este esforço. Me sinto honrada de fazer parte de um movimento que continua buscando seu lugar. Mostrando que tem competência, conhecimento e paixão por tudo que faz e se envolve. Acredito que o desafio maior nesta jornada até aqui é, que por ser mulher, somos sempre muito questionadas por nós mesmas e por pessoas externas, nos indagando se realmente deveríamos estar ali, se está certo o que estamos fazendo, se é realmente isso que queremos. Pois eu digo, que você bem como eu, trabalhou muito para chegar até aqui! Então, sim! Você está onde deveria estar! Continue buscando suas metas e seja qual for o seu objetivo, você pode chegar lá se estiver disposto a trabalhar. JESSICA DA SILVA PEREIRA, PREPARADORA DE PROJETO DE FERRAMENTAS NA FERRAMENTARIA DA VOLKSWAGEN DO BRASIL Depoimento: Hoje presenciamos as mulheres conquistando seu espaço dentro do setor automotivo, não

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somente na área administrativa, mas também em áreas técnicas. Temos mulheres encarregadas pela gestão de projetos, operando máquinas e projetando ferramentas, por exemplo. Lugares esses que até pouco tempo eram predominantemente masculinos. A evolução do setor necessita dessa representatividade, pois ela abre portas para mulheres talentosas. BÁRBARA FARIA MOLINA, ANALISTA JR. DE ENGENHARIA NA GENERAL MOTORS Bárbara, 23 anos, recém-formada em Engenharia Mecânica Automobilística pelo Centro Universitário FEI. Depoimento: Sempre tive uma ligação com o setor automotivo pois meu pai trabalhar nesse ramo. A paixão por automóveis sempre se fez presente na minha vida e da minha família. Essa inspiração e o desejo por desafios que me levaram a escolher essa profissão. Quando entrei na General Motors, como estagiária, em fevereiro de 2021, na engenharia de desenvolvimento de ferramentais para, entre outras atribuições, trabalhar com simulação de estampagem, eu não imaginava o tamanho do desafio que estaria por vir e como seria surpreendida positivamente. Atuando há pouco mais de 2 anos na GM, em nenhum momento enfrentei barreiras, profissionalmente falando, por ser mulher. O ambiente que eu trabalho hoje é completamente confortável e acolhedor. Acredito que muito da evolução no quesito de como lidar e acolher mulheres em ambientes predominantemente masculinos se dá ao fato de a GM constantemente expor aos seus funcionários a importância da diversidade. A GM tem o objetivo de ser a empresa mais inclusiva do mundo. Dessa forma, diversas ações e campanhas enfatizam que a companhia tem tanto um ambiente inclusivo quanto uma postura de zero tolerância para qualquer atitude de preconceito ou assédio no ambiente de trabalho. Hoje, já no mercado de trabalho, acredito que o maior desafio é a quebra paradigmas intrínsecos em


G E S TÃO

nós, mulheres. Como grande parte das pessoas com quem nos relacionamos durante nossa criação (família, professores etc.) ainda possuem uma visão do ambiente de trabalho no ramo automotivo ser predominantemente masculino, passível de julgamentos, assédio ou preconceito, criamos uma certa proteção e receio de cometer algum erro ou deslize. Penso que a igualdade no número de mulheres ocupando vagas no ramo automotivo será uma consequência de todos os esforços que a sociedade está promovendo para um mundo sem preconceitos, e para contribuir com esse processo, é necessário que nós, mulheres, comprovemos nossas capacidades e conhecimentos, mostrando que a vontade de fazer acontecer, independente do gênero. ANA CAGNOTTO, AUXILIAR DE FERRAMENTEIRA NA GENERAL MOTORS Depoimento: Os desafios de ser mulher já são de conhecimento de muitos, porém ser mulher metalúrgica e atuar na Ferramentaria, área em que a aceitação de mulheres é muito recente, os desafios são dobrados. Meu contato com a ferramentaria começou aos meus 16 anos, quando surgiu a oportunidade de fazer esse curso no SENAI, estagiando em uma outra empresa, antes de ingressar na GM. Os desafios de ser a primeira mulher da Ferramentaria foram gigantes no estágio, dentre eles, não ser reconhecida como capaz de exercer o meu trabalho foi o mais doloroso. Pessoas que vinham pedir ajuda para resolver seus problemas passavam reto por mim e procuravam o homem mais próximo, muitas das vezes nem um “bom dia” eu recebia. Se me procurassem para fazer algum serviço, eu só o executava se o meu superior afirmasse que eu era capaz de fazer aquilo e, ainda, me olhavam surpreendidos. Após esse estágio de dois anos, tive outra dificuldade: conseguir um emprego, me candidatei a inúmeras vagas e empresas, ouvi que a ferramentaria não era área de mulher, que nela só trabalham homens. Ao passo que, enquanto isso, todos os meus colegas de turma estavam empregados ou estavam sendo chamados para diversas entrevistas. Eu raramente era respondida e apenas a GM me chamou para uma entrevista. Nós, mulheres dessa área, sempre temos que provar que somos capazes de fazer tudo, todos os dias e incentivar mais mulheres a seguirem na área. Não será fácil, mas se seguirmos juntas, nos ajudando, construiremos um futuro próspero e tranquilo para as próximas gerações de ferramenteiras. BIANCA MONTEIRO PASSAGEM, FERRAMENTEIRA NA FERRAMENTARIA DA VOLKSWAGEN DO BRASIL Bianca, 23 anos, cuja trajetória no ramo industrial começou no Senai Volkswagen em 2016, onde realizou

curso de Aprendiz de Mecânico e Técnico em Mecatrônica. Ao final do curso, teve oportunidade de ser efetivada na área de Ferramentaria. Logo em seguida cursou a faculdade de Tecnologia em Fabricação Mecânica, sendo a única mulher da turma a me formar.

Depoimento: Hoje trabalho no setor de tryout da Ferramentaria e realizo atividades como ajustes de estampos, trabalhos com ponte rolante e empilhadeira. Já faz cinco anos que atuo nesse setor e digo que todos os dias aprendo com meus parceiros de trabalho novas maneiras de executar o serviço. É gratificante trabalhar em um lugar onde podemos contribuir com nossas ideias e nossas experiências sendo homens ou mulheres. Hoje eu vejo que nós, mulheres, podemos sim ter as mesmas formações, funções, capacidades e responsabilidades que qualquer homem. Podemos fazer o que queremos e onde queremos, basta ter esforço e dedicação. Tenho orgulho de trabalhar na Volkswagen, principalmente pela inclusão e oportunidade que nos últimos anos vêm sendo cada vez mais presentes, além da possibilidade de expor meu ponto de vista e ser valorizada pela profissional que venho me tornando.

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G E S TÃO

RAPHAELA GALLEGO, AUXILIAR DE FERRAMENTEIRA NA GENERAL MOTORS Depoimento: Como mulher atuante na área de Ferramentaria, posso afirmar que enfrentamos desafios e preconceitos de gênero que, inicialmente, podem parecer barreiras intransponíveis. No entanto, também temos a oportunidade de desempenhar um papel fundamental nesse setor técnico e inovador. Desafios como esses não nos impedem de progredir e alcançar excelência na profissão. Acredito que o papel das mulheres na Ferramentaria vai além do rompimento de barreiras, pois trazemos perspectivas diversas, habilidades de resolução de problemas e uma abordagem colaborativa para enfrentar os desafios da indústria. A diversidade de pensamentos e talentos é essencial para impulsionar a inovação e as mulheres têm muito a

contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de ferramentas e processos. Se você é uma mulher interessada nessa área técnica e desafiadora, saiba que você é muito bem-vinda! Aqui encontrará um time forte e unido, disposto a apoiá-la e encorajá-la a ir além do que imagina. Juntas, vamos moldar o futuro da Ferramentaria e provar que não há limites para o talento e capacidade feminina. Trabalhando neste setor, inspiraremos as próximas gerações de mulheres e o caminho pode até ser desafiador, mas com determinação, conhecimento e paixão, impulsionaremos as mulheres a obter grandes conquistas. Portanto, que o setor de ferramentaria continue abraçando a diversidade, pois ela é a força matriz para a inovação e o progresso.

Deila Mendes Melo – Formada em Administração com

Wesley Aparecido da Silva – Engenheiro de aplicação

ênfase em comércio exterior pela Universidade Presbiteriana

AutoForm, possui mais de 14 anos de experiência na área de

Mackenzie. Há 05 anos fazendo parte do time AutoForm do

ferramentaria, onde atuou em diversas atividades nas áreas

Brasil e atualmente é responsável pela área de Marketing. +55

de estamparia, ferramentaria, engenharia de processos e

11 4122 6777/ +55 11 95467 3250

desenvolvimento. Cursando engenharia de Matérias pela

deila.mendes@autoform.com.br

Universidade Federal do ABC. Atualmente é responsável pela transformação digital da indústria na aplicação de conformação de chapas e conjuntos grafados e soldados, treinamento e suporte do software. +55 11 4121 6772/ +55 11 97764-5602 wesley.aparecido@autoform.com.br

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MBE

FAZER MAIS COM MENOS POR CARLOS RODOLFO SCHNEIDER

P

or definição, a eficiência do gasto do setor público é menor do que a do setor privado, por vários motivos, como as necessárias amarras e controles que precisa haver na área pública, a descontinuidade de projetos quando da mudança de governo, as pressões políticas para alocação de recursos, a falta de capacidade de gestão de muitos entes públicos, conduzidos por interesses que pouco tem a ver com eficiência e com foco no interesse público. Então, quanto mais recursos são transferidos da sociedade para o Estado, via aumento de arrecadação de impostos, como estamos vendo hoje no Brasil, maior a ineficiência na alocação de recursos do país, e consequentemente menor a produtividade e a competitividade da economia. O Brasil tem a maior carga tributária entre os países em desenvolvimento, o que potencializa o problema de má alocação de recursos. O Estado, que deveria arrecadar para servir a sociedade, cada vez mais serve-se dela. Estudos têm demonstrado que nós temos a pior relação do planeta entre impostos cobrados e retorno à sociedade. As despesas correntes, isto é, os gastos para manter a máquina pública, tem crescido nos últimos anos, chegando a 20% do PIB, forçando o aumento da carga tributária, que passou de 25% na década de 90 para a faixa de 33% a 35% nos últimos anos. Para investimentos, essenciais para o crescimento do país, praticamente não tem sobrado recursos públicos. O Estado precisa aprender a gastar com mais eficiência o enorme volume de recursos que já arrecada. Temos que entender que o avanço vem de gastar melhor e não de gastar mais. Na educação, por exemplo, gastamos perto de 6% do PIB, mais do que países que são referência e tem as melhores colocações no teste PISA, onde estamos entre os últimos colocados. Isso vale para a saúde, para a segurança

e outros serviços públicos. Ter preocupação com a política social e com o crescimento econômico, para a geração de empregos, é proposta legítima de um plano de governo. A forma de promover as duas coisas é que faz toda a diferença. Experiências de diversos países demonstraram que a via do aumento de gastos alimentado por majoração de tributos tem gerado resultados muito mais tímidos e de alcance curto do que a via da redução de gastos alicerçada em aumento de sua eficiência. A primeira alternativa é a mais fácil, mas alimenta a inflação, pressiona a taxa de juros, o que acaba inibindo o crescimento e prejudicando justamente os mais pobres. Os atalhos sempre parecem a solução mais simples, mas, se quisermos preparar o país para um crescimento mais robusto e consistente, temos que estar dispostos a pavimentar o nosso caminho. Sem dúvida a responsabilidade social é pauta obrigatória quando se discutem prioridades do país, especialmente no prover igualdade de oportunidades, além de serviços de saúde, educação e segurança adequados. Mas a solução não deve vir por meio de extração de mais recursos da sociedade, isto é, de aumento de carga tributária, que já é muito elevada. Uns mais, outros menos, todos já pagamos demais. É preciso um esforço para fazer mais com menos.

Carlos Rodolfo Schneider Empresário, um dos idealizadores do Movimento Brasil Eficiente (MBE). Membro do Conselho Político e Social da Associação Comercial de São Paulo – ACSP e do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação da Confederação Nacional da Indústria – CNI. crs@brasileficiente.org.br

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PROCESSOS

GUIA DE PADRONIZAÇÃO PARA O PROJETO DA MONTAGEM DE MOLDES DE INJEÇÃO POR MICAELA SANCHES GALÍCIO - ANDRÉ LUIZ DA ROCHA COUTINHO -

A

R É G I S KO VA C S S C A L I C E

o concluir o projeto conceitual de um produto inicia-se o detalhamento de todas as suas dimensões e especificações. Esse processo pode ser feito de forma irrestrita, seguindo somente os conhecimentos técnicos do projetista, ou seguimento um padrão, estabelecido por órgãos externos ou pela própria empresa. Estes padrões são registrados em normas contendo especificações técnicas que serão tomadas como regras ou definições de características que assegurem que os resultados atendam aos propósitos necessários [1]. Por meio da por meio da padronização é possível reduzir os custos do produto, uma vez que há redução nos custos de projeto das peças e de montagem. Também há redução no tempo de desenvolvimento e aumento da qualidade e da confiabilidade. Este artigo tem por objetivo apresentar o procedimento de padronização desenvolvido especificamente para o projeto de moldes de injeção. Por se tratar de uma proposta desenvolvida no contexto do Projeto ROTA 2030, sua aplicação é primeiramente voltada ao setor automotivo, porém facilmente aplicável a outros setores. Moldes de injeção são dispositivos usualmente projetados especificamente para cada peça a ser produzida, gerando ferramental de diferentes tamanhos ou capacidades, mas similares na forma, função dos sistemas e componentes, materiais e processos de manufatura. Esta similaridade leva a possibilidades de racionalização ou padronização do projeto e da produção desses moldes. Assim, os moldes ou seus componentes podem ser oferecidos na forma de uma família de itens na qual os valores dos parâmetros, de um tamanho para outro, seguem séries de números normalizados. Diversas são as vantagens do oferecimento de produtos de tamanhos seriados para as ferramentarias e matrizarias. Para o projeto do molde, a possibilidade de reuso de desenhos de itens previamente desenvolvidos e testados, além de reduzir o tempo total do projeto, aumenta a confiabilidade geral do molde. Para a produção, a manufatura das peças que compõem o molde pode ser feita em lotes, portanto com maior eficácia em termos de custo, resultando, ao longo do tempo, em uma maior qualidade e confiabilidade. Um exemplo destes benefícios pode ser encontrado em empresas, incluindo ferramentarias, que devido à alta padronização de seus produtos já trabalham com um estoque de itens pré-preparados que funciona como um “supermercado” onde o ferramenteiro coleta os itens

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a serem usinados e já os organiza em pallets dedicados a cada molde. As vantagens para o usuário do molde, a exemplo dos sistemistas e montadoras do setor automotivo, tem-se como vantagens moldes mais competitivos, com entregas mais rápidas, maior confiabilidade e com fácil a obtenção de peças de reposição. Como desvantagem, há a possibilidade de aquisição de moldes com capacidade um pouco acima do tamanho ótimo, principalmente, se o escalonamento entre os tamanhos ofertados é grande. Outro exemplo observado em ferramentarias, inclusive no exterior, é o uso das horas ociosas das máquinas e operadores para a produção de itens padronizados como placas de ajuste e batentes. PROCEDIMENTO PROPOSTO Os moldes fabricados em ferramentarias especializadas, principalmente aquelas ligadas a grandes empresas como as do setor automotivo, são projetados com base no caderno de encargos estabelecido pela empresa contratante. Esses cadernos de encargos possuem informações consideradas necessárias pelas contratantes para que molde atinja os padrões de qualidade por elas exigidos, incluindo elementos básicos de padronização, tais como conectores, olhais e mangueiras, até elementos mais específicos como guias e extratores. Esses elementos são usualmente itens comprados no mercado e formam o ponto central da padronização do molde. Níveis mais complexos de padronização podem ser estabelecidos pela própria ferramentaria, criando-se uma série de itens de tamanho seriado incluindo colunas, guias e outros componentes específicos para a empresa. Desta forma cria-se um ambiente mais produtivo, onde horas inativas passam ser dedicadas à produção de itens padrão para o supermercado (estoque) de peças da empresa. É importante destacar que, dado às características únicas de cada peça, cada molde também terá peças de características únicas. Por outro lado, quanto mais especializada for a empresa (por exemplo, uma ferramentaria focada na produção de moldes para para-choques de carros), maior será a possibilidade de se padronizar itens e maior será o benefício da padronização. Para auxiliar às ferramentarias no estabelecimento de sua padronização, foi proposto o processo ilustrado na figura 1. O primeiro passo necessário para iniciar a padroniza-


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ção é decidir se as peças em questão serão separadas por diferentes montadoras (ou contratantes) ou não (1), ou seja, a ferramentaria desenvolve moldes para diferentes clientes. Caso afirmativo, é necessário verificar se as montadoras já possuem um padrão próprio (2), que deve ser adotado em caso afirmativo (3). Ao aplicar o padrão já existente na montadora, verifica-se a existência de sistemas ou peças que ainda precisam ser padronizadas (4). Caso não existam, o padrão já está estabelecido para esta montadora e o processo pode ser finalizado. Caso ainda haja a necessidade de estabelecer um padrão para outras peças (3) ou não haja um padrão pré-estabelecido pela montadora (2), deve-se primeiro analisar se há tipos de moldes diferentes (5), como, por exemplo, uma diferenciação de categorias por tamanho ou número de placas, e se os moldes diferentes influenciam no processo de padronização (6). Caso positivo (5 e 6), deve-se escolher uma categoria inicial a ser trabalhada (7) antes de selecionar quais serão os itens a serem padronizados (8) e realizar a aplicação das séries de tamanhos (8). O procedimento proposto se utiliza das séries de Renard para estabelecer escalas geométricas de tamanho de peças, que são mais vantajosas que as lineares, usualmente utilizadas por proverem um agrupamento mais eficaz de tamanhos de peças.

Uma vez obtida a série de tamanhos da peça estudada, deve-se analisar se o resultado faz sentido (10), verificando se a escala não necessita de algum pequeno ajuste de arredondamento (como, por exemplo, avaliar se um valor de 4,8 não seria mais interessante como 5,0). Considerando que a série de tamanhos possa ser considerada satisfatória (11) mas ainda existam outros itens a padronizar, o processo retorna à seleção de itens a padronizar (8), repetindo-se o mesmo processo até que não haja mais peças interessantes à padronização. Isso permite estabelecer níveis de padronização ao longo do tempo, iniciando a padronização com peças mais simples, seguindo para níveis mais complexos, conforme a empresa passa a se acostumar com o nível de padronização atual. Cabe ressaltar que o grau de padronização (número de variantes do item padrão) é definido pela empresa. Considerando que a série de tamanhos possa ser considerada satisfatória (11) e que não existam mais itens a serem padronizados (12), todo o conjunto da peça pode ser avaliado (13). É necessário realizar uma análise da peça padronizada com todas as outras do conjunto, a fim de verificar se as séries de tamanho foram aplicadas corretamente (um exemplo é o furo da guia, que deve ser feita a análise para conferir se todos os tamanhos adotados na padronização são compatíveis). Caso tenham sido encontradas séries de tamanhos consideradas incompatíveis na análise

Figura 1: Processo de padronização

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de conjuntos, recomenda-se retornar à aplicação de série de tamanhos para as séries consideradas problemáticas, selecionando-se um Rn compatível, realizando o processo novamente, até que as séries estejam compatíveis. Outra opção é criar peças em tamanho seriado também para os itens considerados problemáticos. SÉRIE DE TAMANHOS ADAPTADA AO PROJETO DE MOLDES O uso de séries de números preferenciais, também chamadas de séries de fabricação, séries de Renard ou séries de tamanhos seriados, é um recurso indispensável para o projeto padronizado do molde de injeção e resulta em vantagens para o fabricante e, também, para o usuário do ferramental. No caso do fabricante, é possível efetuar o projeto sob princípios únicos e reprodutíveis, levando a economias de escala, melhor uso de eventuais ociosidades de maquinário e, conforme o conhecimento da peça padrão aumenta, um aumento contínuo da qualidade da peça. Para o usuário, os produtos tornam-se mais atraentes e com maior qualidade, o prazo de entrega diminui e a aquisição de peças de reposição e complementação é facilitada [2]. Para definir a razão de progressão, ou seja, a razão em que o escalonamento será feito, é necessário utilizar as séries de números geométrico-decimais normalizados. As séries atualmente utilizadas pela ISO [3] são baseadas no trabalho de Charles Renard, em 1877, que desenvolveu uma série de tamanhos preferenciais que conseguiu substituir 425 tamanhos de cabos por 17 tamanhos, atendendo às

mesmas necessidades, fazendo dos comprimentos uma série geométrica onde, a cada cinco passos, a unidade de comprimento do cabo aumentava em fatores de dez [4]. Ao desenvolver séries de fabricação, é obrigatório que as leis de similaridades de Renard sejam seguidas, bem como a adoção dos números normalizados geométrico-decimais adequados [2]. A similaridade, em relação aos valores de variáveis físicas do projeto, representa uma razão que permanece constante ou invariável. Dessa forma, as semelhanças podem ser de comprimento, tempo, força, corrente elétrica, temperatura, intensidade luminosa, dentre outras variáveis [2]. No caso de moldes de injeção de polímeros, a escala baseada em Comprimento (L) é a mais adequada para o projeto geométrico das peças. As séries normalizadas são representadas por R5, R10, R20 R40 e R80, onde o número que acompanha a letra R é a quantidade de passos em uma série. As séries básicas de padronização estão apresentadas na tabela 1. Ao realizar o escalonamento de tamanhos de uma peça, deve-se, primeiramente, definir a gama de tamanhos que serão abrangidos pela família, definindo quais os menor e maior tamanhos serão ofertados e qual será o escalonamento adotado. A escolha da faixa de tamanhos (N=n+1) deve ser definida de acordo com as necessidades do consumidor, levando em consideração que quanto menor o escalonamento, maior a possibilidade de encontrar o tamanho mais adequado à sua necessidade [1]. No caso das séries geométrico-decimais, uma vez feita a escolha, a série é definida diretamente na tabela 1.

Tabela 1: Séries normalizadas [3]

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Outro recurso que também pode ser utilizado é a mudança de incremento. Com este recurso é possível alternar séries de maior e menor tamanho criando uma melhor transição entre as duas séries. A figura 2 ilustra um acoplamento imediato de duas linhas básicas.

Figura 2: Exemplo 1 de mudança de incremento [3]

Todas as séries apresentadas até o momento são consideradas séries geométricas decimais, sendo o valor da escala formadas pelo produto de uma determinada variável a por um fator constante φ, dado por

sendo n a razão dentro de uma potência de dez [2] e o número total de itens na série definido como N = n+1.

A série de números é, então, definida como:

Dessa forma, quanto maior o valor de n, maior a variação e menor o passo entre os elementos. Alternativamente, pode-se definir a escala com base nos valores máximos e mínimos inicialmente desejados para a variável a ser seriada. Para tanto, utiliza-se a relação do valor de um determinado parâmetro, dos produtos de maior e menor tamanho, de acordo com a seguinte equação [1]:

onde ϕ é o campo da série de tamanhos, φ é o escalonamento, Nmaior e Nmenor os valores mínimos e máximos desejados para a série, e n indica o número de termos adicionais da série subtraído. Este procedimento, no entanto, não resulta em uma escala decimal, somente em uma escala geométrica. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO Para ilustrar o procedimento de padronização são serão apresentados exemplos desenvolvidos com dados reais de uma ferramentaria, considerando-se um banco de dados de moldes contendo 41 moldes fabricados para 7 diferentes

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empresas. Como os exemplos consideram somente os componentes projetados pela própria ferramentaria, então pode-se considerar que o procedimento de padronização já se encontra no passo 8 da figura 1. Exemplo 1 – Centralizador de placas Para este componente, ilustrado na figura 3, o objetivo é a criação de uma série com cinco tamanhos para o diâmetro externo (D1) entre 25 e 60mm e para a altura (L) entre 20 e 30mm.

Uma última observação pode ser feita a partir da comparação entre o inicialmente planejado pela empresa e o resultado teórico obtido. Na tabela 3 estão os valores para comparação, onde se destaca uma grande semelhança entre os valores inicialmente planejados pela empresa com os calculados para D1. Já para L os resultados calculados provêm uma solução onde os valores vão crescendo em consonância com o crescimento de D1.

Tabela 3: Comparação de tamanhos de peças padrão – centralizadores de placas

Figura 3: Centralizador de placas

Para a obtenção da padronização neste exemplo será utilizada diretamente os valores normatizados da tabela 1, onde o valor da tabela é multiplicado pelo valor inicial da série. Os resultados são apresentados na tabela 2. Como neste caso são necessárias somente 5 tamanhos na série, o R10 já entrega um resultado adequado para o diâmetro externo, e a R20 para a altura analisada. Cabe ressaltar que o uso direto das séries de tamanho tabeladas, apesar de resultarem em séries geométricas decimais, frequentemente não gerem resultados ajustados para todo o tamanho desejado. No exemplo apresentado os valores finais ficaram em 62,5 e 32, ao invés de 60 e 30 conforme o inicialmente desejado.

Exemplo 2 – Bucha-guia Neste exemplo o objetivo é a formulação de uma série de 5 tamanhos para a peça, com diâmetro externo D2 variando entre 41 e 90 mm. Também se deseja o comprimento (L) da guia entre 67 e 344 mm, e diâmetro interno (D1) entre 25 e 60 mm. As cotas da peça são apresentadas na figura 4.

Figura 4: Bucha-guia

Para esta peça optou-se pela definição de séries não decimais. Utilizando a equação (3) : Para o diâmetro externo (D): ϕ = φn = Dmax/Dmin = 90/41 = 2,1951 φ = 2,19511/4 = 1,2172 Para comprimento (L): Tabela 2: Séries resultantes para o exemplo 1

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ϕ = φn = Lmax/Lmin = 344/67 = 5,1343


PROCESSOS

φ = 5,134311/4 = 1,5053

de Montagem e Tryout mais eficazes de moldes de injeção (Chamada Pública 01/2021).

Para o diâmetro interno (d): ϕ = φn = dmax/dmin = 60/25 = 2,4 φ = 2,41/4 = 1,2447 A definição final da série é feita utilizando a equação (2) sendo os resultados apresentados na tabela 4. Estes valores ainda são brutos, necessitando uma análise mais minuncionas para definir o arredondamento final dos valores e especificação final da série de tamanhos (conjuntos de D, L e d).

REFERÊNCIAS [1] Back, Nelson; Forcellini, Fernando. Projeto para manufatura. Florianópolis: PPGEM-UFSC, 1999. • [2] Pahl, Gerhard et al. Projeto na engenharia. Editora Blücher, 2005. • [3] ISO 3:1973-04 - Preferred Numbers - Series of preferred numbers. International Standards Organization (ISO). April 1973. • [4] Ignelzi, Verônica Ribas. Método de reprojeto de produtos por meio de modularização em empresa de grande porte com portfólio de produtos complexo. 2019. 97 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós Graduação em Engenharia e Ciências Mecânicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville, 2019.

Tabela 4: Valores calculados

CONCLUSÃO O uso de um procedimento técnico para a padronização de tamanhos de peças ajuda na redução das incertezas na proposição da série de tamanhos. Isso se deve, em grande parte, ao uso das séries de Renard, haja visto que elas provêm resultados com afastamento geométrico entre os tamanhos da série, o que é considerado mais adequado à geração de tamanhos seriados. É importante destacar que a possibilidade de aplicação do método é limitada pela variedade desejada de moldes. Por exemplo, ferramentarias mais especializadas em tipos específicos de produtos tendem a ter benefícios maiores em termos de padronização, uma vez que tendem a ter um reuso maior do projeto das peças nos moldes. Isso também vale para os materiais, sendo sua padronização facilitada quando há a tendência de se ofertar moldes de mesmo tamanho com mais frequência, viabilizando a criação de supermercados de peças em bruto. Além disso, ressalta-se que a definição final da série depende do atendimento das demandas dos clientes, tendo-se em mente a variedade de moldes que deve ser produzida. AGRADECIMENTOS Os autores externam agradecimento a toda equipe da Top Line Ferramentaria de Moldes Ltda. pelo tempo disponibilizado para a troca de ideias e as informações cedidas para os a realização deste artigo. Agradecemos também aos alunos da disciplina de Técnicas de Projeto Aplicadas ao Desenvolvimento de Moldes do programa de Pós-graduação em Engenharia e Ciências Mecânicas da Universidade Federal de Santa Catarina, que participaram das discussões sobre o tema. Também ao programa Rota 2030 – Projeto Melhoria da Competitividade das Ferramentarias através

Micaela Sanches Galício – Técnica em Informática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (2019) e graduanda de Engenharia Naval pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atua no como pesquisadora no projeto “Melhoria da Competitividade das Ferramentarias através de Montagem e Tryout mais eficazes de moldes de injeção” do Programa Rota 2030 (FUNDEP) desde 2021. galiciomicaela@gmail.com http://lattes.cnpq.br/3522645476105040 André Luiz da Rocha Coutinho – Profissional com mais de 14 anos de experiência nas áreas de Engenharia de Produtos e Engenharia de Processos, adquiridas em empresa multinacional do segmento de linha branca e empresa multinacional fabricante de autopeças. Vivência nas posições de projetista técnico, engenheiro de subsistema de refrigeração, líder técnico de projetos, líder comercial de projetos e engenheiro de processos, com grandes resultados de redução de custo e melhoria de qualidade. Habilidade na condução de projetos técnicos e comerciais, com forte relacionamento com áreas clientes e fornecedores. Experiência internacional de um ano na China em 2012 para desenvolvimento de fornecedores para componentes de refrigeradores. Experiência internacional a trabalho na Espanha em 2016 para treinamento em novas tecnologias de extrusão de polímeros. rocha.coutinho2@gmail.com http://lattes.cnpq.br/4318945981478384 Régis Kovacs Scalice – Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) em 1996, doutorado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2003 e pósdoutorado em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP) em 2005. Desde 2014 é professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) do Campus Joinville. É pesquisador da área de Desenvolvimento de Produtos, atuando principalmente no desenvolvimento de métodos e ferramentas de suporte ao desenvolvimento de produtos (DfX), no projeto de produtos modulares e projeto de ferramental. É coordenador geral do projeto “Melhoria da Competitividade das Ferramentarias através de Montagem e Tryout mais eficazes de moldes de injeção” do Programa Rota 2030 (FUNDEP) desde 2021. regis.scalice@ufsc.br http://lattes.cnpq.br/7242074413250683

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MERCADO LIVRE DE ENERGIA – FERRAMENTARIA MAIS COMPETITIVA

A

Com a abertura de mercado, o cenário é de expansão e traz oportunidades para reduzir custos com energia.

abertura do Mercado Livre de Energia, a partir de janeiro de 2024, através da modalidade Varejista, permitirá que qualquer consumidor conectado em média ou alta tensão (Grupo A), com demanda contratada acima de 30 kW possa adquirir energia elétrica nesse mercado, o que antes era restrito a consumidores com mais de 500 kW de demanda. Opção cada vez mais atraente para quem busca reduzir custos com energia elétrica, a mudança, amparada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), tem atraído a atenção de grande número de empresas. Um levantamento recente conduzido pela própria agência, em parceria com as principais distribuidoras de energia do país, revelou que, no próximo ano, mais de 5 mil consumidores já vão começar a usufruir desta opção. Isso será o começo, uma vez que o Mercado Livre de Energia estará acessível aos mais de 200 mil consumidores do Grupo A e a expectativa é que, a longo prazo, aproximadamente 72 mil clientes efetivamente migrem para esse modelo, também chamado de Mercado Livre Varejista. Vale destacar que essa é uma opção de economia ainda pouco explorada no ramo de ferramentarias, pois, conforme dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, agrega a carga de somente 16% das indústrias do setor. Porém, em um segmento onde a energia elétrica está entre os três maiores componentes do custo de produção, a abertura do mercado torna-se uma ótima oportunidade para as pequenas e médias indústrias que, até então, não tinham acesso a essa modalidade de contrata-

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ção de energia elétrica. A RBE, Comercializadora Varejista do Grupo H. Carlos Schneider, destaca-se neste cenário, com produtos e condições específicas para viabilizar a redução de custos com energia elétrica para essas empresas, com possibilidade de economia de até 35% em relação à conta de energia no mercado regulado. E, mais importante, de forma simples e com economia garantida pela RBE, o Mercado Livre Varejista estará disponível para as empresas a partir do próximo ano sem comprometer a qualidade da energia entregue ao consumidor, que continuará conectado à rede de energia onde ele já se encontra atualmente. Para atender com excelência esses potenciais clientes, a RBE tem investido nos últimos meses em uma série de iniciativas, incluindo a ampliação de sua estrutura interna para atender à crescente demanda. Também está desenvolvendo uma plataforma exclusiva para atender o mercado varejista, visando tornar o acesso ao Mercado Livre de Energia mais fácil e simples. “A abertura do mercado traz uma gama de oportunidades e novos desafios. Estando preparada para este cenário, a RBE, uma das principais comercializadoras varejistas habilitadas no sul do pais, oferece em sua estrutura produtos simples e descomplicados. Aliando isso tudo à tecnologia, conseguimos atender de forma nacional, oferecendo qualidade e economia aos nossos clientes”, afirma Rafael Stuchi, Head Trading da RBE. Saiba mais em: www.rbenergia.com.br


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G E N T E & G E S TÃO

ELIMINANDO O PAPEL DE VÍTIMA E ASSUMINDO O SUCESSO

O

P O R M I C H E L L E B O R C H A R D T - PA U L O S I LV E I R A

protagonismo é uma força motriz para o crescimento e a mudança, tanto a nível individual quanto coletivo. Ao compreender o papel do protagonismo em nossa busca por um futuro melhor, podemos enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem no caminho do desenvolvimento pessoal e social. Vamos destacar a importância de sermos os protagonistas de nossas próprias vidas e agentes de mudança em nossa sociedade. Quase todos nós, depois de alguns anos de trabalho, em um momento ou outro, paramos em um emprego que nos causa constante frustração e angústia. Apesar de quase sempre atribuirmos nossos problemas a conflitos de personalidade, a maioria dos problemas origina-se do fato de não termos nossas necessidades profissionais satisfeitas. Não estamos totalmente certos de o que ou como

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devemos fazer, não recebemos informações, feedback ou reconhecimento suficientes; ou não sentimos que podemos confiar em nossa liderança. Essas necessidades insatisfeitas, porém, são apenas uma parte do problema. Nossa resposta à situação é a outra parte. Em vez de assumir a responsabilidade pela satisfação das nossas necessidades, enfurecemo-nos com as pessoas que não conseguem fazer nada para solucionar o problema. Assumimos o papel de vítima e lamentamos nossa triste situação. Algumas pessoas são mestras em desempenhar o papel de vítima. Nem todas as vítimas ficam simplesmente sentadas, lamentando sua sorte; muitas trabalham com afinco, são perfeccionistas, grandes realizadoras, mais conhecidas como mártires. Nós vivemos em uma teia de autopiedade e ressentimentos que nos mantém estáticos. Acreditamos que o problema está inteiramente relacionado aos

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outros, de quem deve partir a solução. Podemos, na verdade, já ter sido vítimas em certas situações e por isso temos direito aos nossos sentimentos de raiva e ressentimento. No entanto, quando ficamos presos ao passado, revivendo antigas mágoas, ressuscitando constantemente todas as injustiças sofridas, punimos a nós mesmos. Gastamos energia revivendo o passado em vez de tomar atitudes na direção de nos libertarmos de situações que podem não ser boas para nós. Quando focamos no que os outros fizeram para nós, também deixamos de analisar a parte com a qual contribuímos para aquela ocasião. Ao enfatizar a outra pessoa, abdicamos da responsabilidade que temos de ser a melhor pessoa que podemos ser. Ficamos apontando nosso dedo para os outros e esquecendo de nossa parte em resolver o problema. Segundo palavras de um sábio,


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não existem vítimas, apenas voluntários com disposição para tal (exceto, é claro, no caso de crianças). Nosso potencial vem da percepção de que temos opções e podemos exercê-las. Renunciamos à nossa força quando nos permitimos ser imobilizados pelo medo, pela raiva e por ressentimentos. Por que alguém gostaria de continuar a ser vítima? Certamente deve haver alguma compensação. O motivo mais comum é que, quando nos vemos como vítimas, não precisamos assumir nenhuma responsabilidade pelo nosso bem-estar. Gastamos toda a nossa energia reclamando e procurando a comiseração dos outros. Alguns continuam a ser “os pobres maltratados” porque têm necessidade de que os outros abusem deles; o abuso dá credibilidade e valor ao modo como eles se sentem e o que acham que merecem. Qual o seu quociente de vítima? Muitas pessoas simplesmente recusam-se a ver suas imperfeições. Preferem viver iludidas em relação ao que são e a como o mundo exterior as vê. Aqui está um pequeno questionário para os corajosos, para aqueles que estão dispostos a fazer qualquer coisa para sair de uma situação profissional infeliz, mesmo que para tanto precisem olhar para dentro de si mesmos. Sim

Não

Você está constantemente projetando o que vai acontecer com você e com o seu emprego?

Você tenta manipular e controlar as pessoas que estão à sua volta?

RESPONSABILIDADES CLARAMENTE DEFINIDAS Você não conseguirá gostar do que faz nem obter sucesso profissional se não tiver uma noção clara das suas responsabilidades. Não basta apenas uma ideia vaga e geral. Sem uma definição precisa, você acabará brincando de adivinhar, fazendo o que acha que deve fazer – o que pode ser diferente daquilo que seu chefe espera que você faça.

Você dramatiza os eventos no trabalho e dá a eles uma proporção muito maior do que a real?

Sobre responsabilidades...

Você se preocupa muito com a sua situação profissional? Você sente pena de si mesmo por causa da sua situação profissional?

Você está constantemente em busca de aprovação no trabalho? Você culpa seu chefe ou outras pessoas por sua infelicidade? Você está constantemente se lembrando e lembrando outras pessoas do quanto você está se sacrificando pela empresa?

• • •

o comportamento que o está deixando paralisado? Se não sabemos o que devemos fazer, se não sabemos em que base seremos avaliados ou como está sendo nosso desempenho, passamos muito tempo e gastamos muita energia tentando descobrir as respostas. Ficamos tentando nos “segurar” e proteger nosso emprego ao invés de trabalhar e dar o nosso melhor. Separamos alguns princípios básicos de gestão que servem de guia. Para você que busca sair da zona de vítima e deseja mudar esse cenário de necessidades profissionais não satisfeitas, utilize essa lista para avaliar o ambiente em que você está hoje. Talvez você perceba que a organização está muito longe desses princípios, e seja o momento de pensar em novos rumos. Ou quem sabe apenas alguns pontos ainda precisam ser melhorados, e você pode contribuir para isso conversando com a sua liderança, compartilhando suas necessidades e propondo mudanças que ajudem a ambos. Para você líder, utilize essa lista como guia para uma gestão eficaz. Metodologias disruptivas, conceitos inovadores, tudo isso é importante e faz parte da evolução, mas lembre-se que você deve primeiro entregar o básico bem-feito. Entenda se você pratica essas lições com o seu time e seus liderados. Cada tema contará com um breve questionário de avaliação. Cada resposta assinalada na coluna “não”, indica um ponto de atenção e que necessita ajuste ou melhoria. Vamos à lista:

Se você respondeu “sim” a: 0-2 perguntas: Você está realmente em boa forma; você é humano. 3-5 perguntas: Você está no limiar da categoria das vítimas. 5-10 perguntas: Você é uma vítima inveterada.

Se sua pontuação no questionário foi alta, talvez você esteja perguntando como fazer para se livrar do “V” de vítima, que você vem carregando. O que fazer para mudar

Sim

Não

Você tem certeza de que sabe exatamente qual é o seu trabalho, pelo menos na maioria das vezes? Se for membro de uma equipe autogerenciável, você é regularmente comunicado de suas responsabilidades? Você compreende como o seu trabalho está relacionado às metas e aos objetivos da área? Você se sente dono das responsabilidades que lhe foram atribuídas e tem orgulho delas? O trabalho na sua área é organizado de modo a evitar ou minimizar duplicações? Você e seus pares compreendem quais são as responsabilidades de cada um?

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G E N T E & G E S TÃO

Se você respondeu “não” a mais de uma ou duas perguntas, provavelmente passa um tempo razoável tentando descobrir o que deve fazer. Você precisa ter suas responsabilidades esclarecidas. AUTORIDADE SUFICIENTE PARA CUMPRIR SUAS RESPONSABILIDADES Para cumprir suas responsabilidades e alcançar sucesso, você precisa ter autoridade para tanto. O nível de autoridade decisória delegado a você afetará diretamente o nível de responsabilidades que você terá condições de cumprir. Independentemente dos seus talentos, habilidades e desejos, se você não tiver autoridade, será incapaz de realizar seu trabalho. É como se você fosse um carro elétrico sem energia. Sobre autoridade...

Sim

ou tentando encontrar a saída. Os padrões de excelência encorajam-nos a exceder os limites impostos. Sem eles, procuramos não correr riscos e nunca descobrimos nosso verdadeiro potencial. Jamais conseguimos experimentar a alegria de realizar um trabalho extraordinário se não temos um padrão como guia. Sobre os padrões de excelência...

Sim

Não

Seu gestor já lhe disse quais são os padrões que você deve atingir no seu trabalho?

Os padrões são altos, ainda que realistas?

Não Você sabe o que é esperado de você?

Sua autoridade é igual à sua responsabilidade?

O seu líder revê com você os padrões da empresa, da área, da equipe e do seu trabalho regularmente?

Quando você foi contratado, disseram-lhe qual seria a sua autoridade?

Você é encorajado a atingir a excelência?

A descrição do seu cargo define claramente seu nível de autoridade?

O seu trabalho é um desafio para você?

Quando seu gestor delega a você tarefas de grande porte, os limites de sua autoridade são esclarecidos? As pessoas que trabalham com você sabem quais são os seus níveis de autoridade? Você tem certeza de que não está excedendo seus limites ou ficando aquém deles? Os seus níveis de autoridade aumentaram por você ter demonstrado capacidade de tomar decisões acertadas?

Se você respondeu “não” a mais de uma ou duas perguntas, provavelmente está frustrando sua capacidade de realizar seu trabalho. Você precisa conversar com seu chefe, mostrando a ele que necessita de mais autoridade – autoridade equivalente à sua responsabilidade. SABER QUAIS SÃO OS PADRÕES E DE SER ENCORAJADO A ATINGIR A EXCELÊNCIA Você não pode atender às expectativas do seu superior se não souber quais são seus padrões de desempenho. Também não pode experimentar uma sensação de orgulho no seu trabalho se não lhe pedirem para lutar a fim de atingir a excelência. Os padrões ou as diretrizes motivam-nos e permitem-nos saber como está o nosso desempenho. Quando eles são desconhecidos, gastamos energia tentando determinar se estamos colocando fogo no mundo

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Se você respondeu “não” a mais de uma ou duas perguntas, provavelmente é repreendido de vez em quando por não satisfazer as expectativas do seu chefe – expectativas que não lhe comunicaram claramente. Ou talvez você se esteja chateando no trabalho porque os padrões não são bastante altos. Qualquer que seja o caso, você precisa discutir o assunto com sua liderança. CAPACITAÇÃO NECESSÁRIA PARA ATINGIR OS PADRÕES DO CARGO Para você atingir os padrões definidos e cumprir as responsabilidades que lhe foram atribuídas, é preciso treinamento. Mesmo que você tenha grande conhecimento e larga experiência em outra empresa ou em outro cargo na empresa atual, tem de receber instruções para atender às exigências do seu cargo. O treinamento é essencial ao nosso crescimento e desenvolvimento profissional e para aumentar nossa sensação geral de confiança. Sobre capacitação... Você sente que sabe como realizar seu trabalho e tem consciência de que ele está sendo realizado corretamente? Você sente que foi colocado na posição atual sem nenhum ou pouco treinamento prévio?

Sim

Não


G E N T E & G E S TÃO

O seu chefe investe regularmente no seu desenvolvimento, formal ou informalmente? Quando você se juntou a essa organização, seu on boarding (integração) foi adequado e suficiente? O seu chefe ou líder definem constantemente novos objetivos para você em termos de aprendizado? Você tem interesse real no seu trabalho porque sente que está sempre aprendendo e crescendo? Sua empresa atribui prioridade alta aos quesitos treinamento e desenvolvimento?

Se você respondeu “não” a mais de duas perguntas, provavelmente sente que está perdido ou então estagnado porque não está aprendendo nem crescendo. Você precisa obter a ajuda do seu líder para ter suas necessidades de treinamento satisfeitas. CONHECIMENTO E INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS PARA REALIZAR SEU TRABALHO Tentar realizar um trabalho sem as informações necessárias é como navegar sem bússola. Você fica seriamente limitado na capacidade de cumprir suas responsabilidades, exercer sua autoridade e usar sua experiência de maneira efetiva. É difícil obter sucesso – se não impossível – principalmente quando não temos em mãos as informações corretas, o que nos torna incapazes de tomar decisões seguras. Sobre conhecimento...

Sim

SCHUNK Joinville

EXPERIENCE

Venha explorar as últimas tendências em automação e xação no SCHUNK Experience, que acontecerá no Agora Tech Park Joinville - SC nos dias 10 e 11 de Agosto.

Não

Você recebe regularmente as informações necessárias para tomar decisões acertadas? As informações recebidas são completas e estão corretas? As pessoas na sua empresa mostram-se dispostas a compartilhar informações em lugar de ocultá-las por medo de perder autoridade? O seu gerente prevê com antecedência suas necessidades em termos de informações para evitar que você saia à cata delas?

Acesse o QRcode abaixo e se inscreva gratuitamente.

Você recebe informações sobre as metas e os objetivos da organização e sobre as metas e os objetivos da área? Você recebe antecipadamente informações sobre mudanças para ter tempo de ajustar-se a elas e de planejá-las? A maioria das informações que você recebe é necessária?

Se você respondeu “não” a mais de uma ou duas perguntas, provavelmente se sente impotente porque não tem as informações necessárias para realizar seu trabalho. Você deve ser mais categórico para obter as informações de que precisa.

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Hand in hand for tomorrow


G E N T E & G E S TÃO

FEEDBACK Para ter satisfação e sucesso no trabalho, é preciso receber feedback frequentemente. Ele permite que você saiba em que terreno está pisando e como está o seu desempenho em termos de satisfazer padrões e atingir metas e objetivos. Sem ele, você seria incapaz de fazer as mudanças e os aperfeiçoamentos necessários. Sobre feedback...

Sim

Você sente que seu gerente é sincero no reconhecimento que dá a você? Você se sente valorizado como pessoa? O reconhecimento que você recebe é equivalente a outros casos de realizações semelhantes?

Não Você recebe reconhecimento regularmente?

O seu gerente o aconselha regularmente?

O reconhecimento que você recebe o encoraja a trabalhar com os outros membros da sua equipe a apoiá-los?

Você recebe uma avaliação por escrito do seu desempenho pelo menos uma vez por ano? Se a resposta for sim, ela reflete realmente o seu desempenho?

Se você respondeu “não” a mais de duas perguntas, provavelmente sente que está sendo explorado e que não está sendo valorizado. Se você não está recebendo as promoções e aumentos salariais que se acha merecedor, é preciso saber por que – de uma maneira que não ameace seu chefe. Com relação ao reconhecimento e aos elogios verbais, procure você mesmo valorizar-se em vez de esperar esta atitude parta exclusivamente do seu chefe.

Você geralmente sabe quanto seu gerente o considera? Você recebe feedback quando faz coisas certas e quando faz coisas erradas? Você se sente valorizado e importante porque recebe feedback regularmente? O seu trabalho é um desafio para você?

Se você respondeu “não” a uma ou mais perguntas, provavelmente vive em um grande dilema: “Será que meu chefe acha que estou fazendo um bom trabalho ou não?”. Se você concluir que não está recebendo feedback suficiente, comente gentilmente o assunto com seu chefe. RECONHECIMENTO A maioria das pessoas tem forte necessidade de reconhecimento. Precisamos saber que somos importantes, que fazemos diferença. O reconhecimento é a recompensa que supre nosso desejo de continuar a fazer um trabalho excelente. É a validação de quem somos e da nossa contribuição. Para muitas pessoas, é difícil sustentar um alto nível de energia e desempenho sem alguma forma de reconhecimento de tempos em tempos.

Sobre reconhecimento...

Sim

Seu gestor trata-o como um vencedor?

Você recebe reconhecimento apropriado por suas realizações?

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Não

CONFIANÇA Relacionamentos confiáveis entre você e outras pessoas são essenciais para sua satisfação e sucesso no trabalho. A confiança reduz o medo de não corresponder; ela também é libertadora. Quando há confiança mútua, você fica livre para dedicar suas energias ao trabalho em lugar de usá-las para se proteger. Sobre confiança... Você confia no seu gestor? Ele é consistente em suas ações? Ele demonstra confiança dando a você liberdade para trabalhar sem ficar cobrando a toda hora? Você confia nas outras pessoas com quem trabalha? Em caso de dúvida, você é considerado inocente? Você é capaz de se concentrar no seu trabalho em vez de se preocupar em como as coisas ficarão? A pessoa a quem você se reporta confia em você e respeita suas decisões? Em situações de pressão, seu chefe permite que você execute seu trabalho em vez de colocar você de lado e fazer ele mesmo o serviço? Os outros membros da equipe confiam em você e respeitam suas decisões?

Sim

Não


G E N T E & G E S TÃO

Se você respondeu “não” a mais de duas perguntas, provavelmente fica na defensiva a maior parte do tempo. Você precisa determinar as causas da falta de confiança entre você e seu chefe e discutir o assunto abertamente. COMETER ERROS Para realizar todo o seu potencial e obter sucesso, você precisa receber permissão para cometer erros. Sem ela, você fica impossibilitado de correr riscos e explorar os limites da sua capacidade. Se você vive em constante medo do fracasso, não tem condições de dar o máximo de si ao trabalho. Você não tem chance de ter alegria no campo profissional se a qualquer instante o teto pode desabar sobre sua cabeça.

Quando você se sente respeitado, naturalmente vem o desejo de agradecer o respeito recebido com um desempenho exemplar. Sobre respeito...

Sim

Não

Você sente que é valorizado como pessoa?

O seu gestor respeita o seu tempo?

O seu líder honra a autoridade delegada a você?

O seu chefe é sensível às suas necessidades? Sobre cometer erros...

Sim

Não

Você sente que tem permissão para cometer erros dentro de certas normas e você sabe quais são essas normas? O seu gestor vê os erros como uma experiência de aprendizagem? O seu chefe encoraja e recompensa os riscos corridos? O seu líder lhe dá apoio quando você comete erros?

O seu direto à privacidade é respeitado? Você sente que tem o direito de expressar seus sentimentos sem retaliação? O seu chefe respeita as suas obrigações pessoais? Você sente que tem o direito de expressar seus sentimentos sem retaliação? O seu chefe respeita as suas obrigações pessoais?

Você está livre do medo de cometer erros? Você tem condições de garantir que seu chefe nunca irá embaraçá-lo na frente de outros por causa de um erro cometido? Os riscos são encorajados na sua organização?

Se você respondeu “não” a mais de uma ou duas perguntas, provavelmente prefere sempre ficar numa posição segura no trabalho e correr poucos riscos. Consequentemente, você com certeza está realizando apenas uma fração do seu potencial. Você precisa discutir suas preocupações com o seu chefe e pedir a ele que lhe dê algumas diretrizes sobre quais riscos são e quais não são aceitos. RESPEITO Sua autoestima e seu autorrespeito são as coisas mais preciosa que você possui. Quando são molestados, nada mais parece importar. Quando você sente que não está sendo tratado com o devido respeito, é difícil concentrar-se em qualquer coisa que não seja a raiva e a mágoa provocadas pela situação. Esse sentimento pode anular seu desejo de dar o máximo de si para a empresa.

Se você respondeu “não” a mais de duas perguntas, provavelmente não se sente valorizado como pessoa. Você precisa determinar seus limites – ou seja, determinar o tipo de tratamento que será ou não aceito. Quando as pessoas ultrapassarem os limites, você terá de encontrar maneiras educadas de fazê-las saber que o comportamento delas para você é inaceitável. O sucesso como consequência Falamos sobre: responsabilidades claramente definidas; autoridade suficiente para cumprir suas responsabilidades; saber quais são os padrões e de ser encorajado a atingir a excelência; capacitação necessária para atingir os padrões do cargo; conhecimento e informações necessárias para realizar seu trabalho; feedback; reconhecimento; confiança; cometer erros; e respeito. Pode parecer uma lista simples e óbvia, mas acredite, nos deparamos dia a dia com organizações “predadoras” e gestores totalmente despreparados para o papel que exercem. Lembre-se que quanto mais próximo desses princípios você estiver, seja como líder ou liderado, mais fortalecidas estarão suas carreiras, melhor será o desempenho, e mais condições você e sua equipe terão de atingir os objetivos. Através do protagonismo desbravamos novos hori-

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G E N T E & G E S TÃO

zontes, superamos desafios e moldamos o nosso próprio destino. Juntos, podemos construir um futuro mais brilhante e inspirador, onde o potencial humano é plenamente realizado por meio do engajamento ativo e da busca incansável pelo aprimoramento contínuo. Podemos apoiar as pessoas com quem trabalhamos de várias maneiras.

O que dermos será amplamente retribuído, talvez não de imediato, mas de uma forma ou outra o retorno virá. Tenha um excelente dia e hoje e sempre ... pois o mercado é do tamanho da sua competência, influência e reputação.

Michelle Borchardt Silveira - Administradora de empresas com MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Atua na liderança da área de Customer Success na TOTVS, nos pilares de engajamento, retenção e expansão. Com foco no compromisso genuíno e contínuo com a geração de resultados de negócio para o cliente, conduz estratégias de plano de sucesso, voz do cliente (VoC) e análise de churn. Palestrante nos eventos TDC Business e TDC Innovation. Coautora no livro "Jornada da Experiência do Cliente". Autora do livro "Atitude - A Virtude dos Vencedores" e outros títulos da Coleção Atitude. Voluntária na comunidade luterana, como membro do conselho e diretoria, e no trabalho com crianças. michelle.silveira@totvs.com.br Paulo César Silveira - Criador do conceito mundial da Venda Sustentável. Fundador e professor da Escola da Venda Sustentável. Apaixonado por vendas, com mais de 30 anos de experiência de mercado. Conferencista com mais de 2.800 palestras realizadas em todo o Brasil e em alguns países da América Latina. Contratado por mais de 200 empresas das 500 melhores empresas eleitas pela Revista Exame. Autor best seller de 26 livros. Autor dos livros “A lógica da venda” e “Venda sustentável – A lógica da negociação”. Obras adotadas por centenas de empresas para as áreas comerciais, gestão e estratégia. Professor convidado da FGV/SP, FIA FEA/USP, UDESC e UFRGS. Mentor e um dos responsáveis pela implantação do Projeto Aeroshopping Excelência em aliança com a INFRAERO, em todo o território nacional. Articulista com mais de 1.200 artigos publicados. Realizou mais de 850 processos de consultoria de campo para implantar tanto a Cultura da Venda, como a Gestão do Processo de Venda em empresas nacionais e multinacionais. LinkedIn: Paulo Cesar Silveira. Instagram: @realpaulosilveira falecom@paulosilveira.com.br

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A M B I E N TA L

O RISCO INVISÍVEL DOS PASSIVOS AMBIENTAIS POR DANIEL GROFF

A

LARA YUMI

o longo da história, o Brasil testemunhou a implementação de notáveis marcos regulatórios ambientais. Destaca-se, em especial, a promulgação da Política Nacional do Meio Ambiente (1981), antecedendo inclusive a atual Constituição Federal de 1988. As ciências ambientais evoluíram mundialmente, proporcionando um maior embasamento técnico e, consequentemente, enriquecendo as políticas voltadas ao meio ambiente. Entretanto, a aplicabilidade da ciência e legislação ambiental nas atividades econômicas foi desproporcional aos impactos negativos que essas operações causaram. Nesse contexto, foram acumulados passivos ambientais no solo e água subterrânea que perduram até os dias de hoje em áreas ocupadas por antigas indústrias, distribuidoras e postos de combustível, entre outras atividades com potencial de contaminação. Ademais, a falta de um controle ambiental efetivo tem contribuído para a contínua geração de áreas contaminadas. Essas contaminações podem acarretar riscos carcinogênicos para a saúde humana, expondo trabalhadores, moradores locais, entre outros receptores a concentrações alarmantes de contaminantes que ficam aderidos no solo e podem se dispersar por meio da água subterrânea. Deste modo, ao adquirir um imóvel, estes aspectos são de grande preocupação, visto que os passivos recaem sobre o proprietário do terreno. Atualmente, há diversos mecanismos preventivos de contaminação, bem como técnicas avançadas de investigação e remediação ambiental que permitem o conhecimento da contaminação e a recuperação do solo e da água subterrânea degradada, a níveis aceitáveis que não comprometam a saúde humana e ecológica. Diante disso, os processos de gerenciamento de áreas contaminadas surgem como uma forma de viabilizar o uso de uma área contaminada ou com potencial de contaminação, passando por uma avaliação ambiental e, caso necessário, sugere medidas de remediação para tornar a área útil novamente. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA Segundo a Resolução CONAMA Nº 420/09, o rito de investigação de áreas contaminadas se dá em

daniel.groff@ambitera.com.br lara.yumi@ambitera.com.br três etapas essenciais: I. Avaliação preliminar; II. Investigação confirmatória; III. Investigação detalhada somada a análise de risco à saúde humana. Assim como em um diagnóstico médico, as áreas potenciais e/ou contaminadas, passam por uma avaliação detalhada para identificar as fontes de contaminação, sejam elas ativas no momento ou que tenham estado presentes no passado, e que possam ter gerado um passivo ambiental. As etapas apresentadas a seguir são fundamentais para a coleta de informações necessárias para qualquer ação de recuperação da área e devem ser seguidas nessa ordem para garantir o sucesso do diagnóstico. Assim como no contexto médico, um diagnóstico bem elaborado resulta em um tratamento mais eficiente, o que implica em resultados mais rápidos e menor investimento.

Fonte: ABNT NBT 15.515-1

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A M B I E N TA L

AVALIAÇÃO PRELIMINAR - O QUE É? A primeira etapa consiste na busca de informações e evidências que possibilitem identificar fontes de contaminação, tanto as desativadas quanto as atuais, que apresentem potencial de contaminação para o solo e água subterrânea, seja dentro da empresa ou no entorno. Posteriormente, elabora-se um relatório seguindo as diretrizes da ABNT NBR 15.515-1, Resolução CONAMA Nº 420/09, dentre outros instrumentos técnicos e legais, classificando ou não, a área como suspeita de contaminação.

Fonte: CETESB, 2023

AVALIAÇÃO PRELIMINAR – ONDE E COMO? Para obter dados da área sob estudo e seu entorno, realiza-se uma vistoria no local, conduzem-se entrevistas com colaboradores e moradores locais, e analisa-se uma série de projetos e documentos da organização. Muitas vezes, informações de empresas que ocuparam o imóvel no passado podem ser encontradas em processos antigos de licenciamento ambiental, os quais podem ser acessados com a autorização do órgão ambiental. Ainda, são obtidas imagens aéreas históricas para avaliar atividades com potencial de contaminação que ocorreram na área e seu entorno. A colaboração entre a consultoria ambiental e os setores da empresa onde a diligência está sendo realizada permite uma avaliação temporal dos locais que ocorreram armazenagem ou manipulação de produtos químicos e resíduos perigosos, que podem ser considerados como áreas fontes de contaminação, para além daquelas que são prontamente identificadas na vistoria do empreendimento. Da mesma forma, as entrevistas com a vizinhança, aliadas a evidências oficiais, proporcionam um conhecimento mais eficiente de empresas que estiveram no imóvel e no entorno. É importante reconhecer que incertezas podem estar presentes nos processos de identificação de passivos ambientais. Portanto a metodologia estabelecida é aplicada para atenuar esses impasses e conferir mais confiabilidade no relatório. Ademais, as incertezas são declaradas no relatório e são pontos de fragilidade do estudo que devem ser conferidos nas etapas seguintes, caso ocorram. Sintetizando todas as informações levantadas nessa etapa, elabora-se o

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Modelo Conceitual da Área, onde são relacionadas as fontes de contaminação, substâncias químicas a serem avaliadas, mecanismos de exposição dos contaminantes aos receptores e ao meio ambiente. E por fim, sugere-se um plano de Investigação Confirmatória, uma vez que, foi identificado fontes potenciais de contaminação, é necessário verificar se há contaminantes no solo e água subterrânea. AVALIAÇÃO PRELIMINAR – QUANDO E POR QUÊ? Apesar da avaliação preliminar ser passível de solicitação pelo órgão ambiental para qualquer atividade que tenha potencial de contaminação, é recomendado realizar o estudo de forma preventiva. Essa abordagem confere segurança para identificar os riscos atrelados as operações pretéritas no imóvel e entorno, ou mesmo da própria empresa. Trazendo a analogia do diagnóstico médico, quanto antes identificar uma patologia ou potencial doença, maior a chance de sucesso no combate a esse quadro e medidas preventivas de resguardo. Experiências no mercado ambiental têm demonstrado que investir na identificação de passivos ambientais, resulta em menores custos com remediação, especialmente antes da contaminação atingir o lençol freático. CONCLUSÃO Em suma, em caso de classificação da área como suspeita de contaminação, segundo a legislação vigente, o estudo deve seguir para etapa de Investigação Confirmatória. Nessa fase, são realizadas análises laboratoriais de solo e água subterrânea, verificando a presença de contaminação. Caso não seja identificado indício de potenciais fontes de contaminação, o processo se dá por encerrado e não é necessário seguir para outras etapas de investigação. Por fim, são apresentados os principais aspectos ambientais


A M B I E N TA L

que representam riscos de contaminação e as medidas de controles ambientais que podem ser adotadas, tais como bacias de contenção de produtos químicos, central de resíduos perigosos, entre outras instalações e procedimentos de cautela.

Daniel Groff - Engenheiro Ambiental e Sanitarista com 5 anos de experiência na área ambiental. Atuou em startup de valorização de resíduos, indústrias metalmecânicas, a exemplo de General Motors do Brasil e Docol Metais Sanitários, além de liderar projetos em grandes consultorias. Proficiência em monitoramento e passivos ambientais, supervisionando mais de 45 diligências de áreas contaminadas para aquisição de terrenos, galpões e diagnósticos de indústrias da transformação incluindo clientes nacionais e internacionais.

Lara Yumi Fand Ykeizumi - Engenheira Ambiental e Sanitarista com Mestrado em Ciências Ambientais e uma trajetória de 10 anos de experiência. Especialização consolidada em licenciamento e monitoramento ambiental, atuando tanto no âmbito público quanto privado. Possui uma expertise que engloba todas as fases do processo de licenciamento, desde a obtenção da Licença Prévia até a supervisão contínua das operações. Demonstra uma liderança marcante na gestão integral de resíduos, efluentes e emissões, sempre em alinhamento com os parâmetros estabelecidos pelos órgãos ambientais, legislação vigente e os princípios dos Sistemas de Gestão Integrada. Apresenta uma diversificada experiência, com participação em projetos de distintos setores como indústria, construção civil e setor portuário.

Fone 47 99131-3585 @ambitera.eng ambitera.com.br

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ENFOQUE

SEMPRE LIGADO

Fique por dentro das novidades tecnológicas do mundo da ferramentaria. ÁGILE 2 A Agile² Consulting é uma consultoria voltada à melhoria dos processos industriais da área de usinagem. Por meio de tecnologias inovadoras de virtualização e digitalização de ativos produtivos, a ideia é customizar processos em busca do melhor desempenho das máquinas, além da adequação às necessidades da indústria 4.0. A equipe está preparada para: implementar estratégias que elevam a produtividade, a confiabilidade e a segurança; desenvolver projetos de modernização e customização para a engenharia; auxiliar tecnicamente a avaliação de novos equipamentos e tecnologias digitais; além de gerar insights na integração de sistemas para manufatura avançada. Com a vinda da 4ª revolução industrial, é necessário aperfeiçoar os processos produtivos para continuar no mercado, cada vez mais competitivo. As empresas estão em busca da automação para aumentar sua eficiência e a Ágile2 está preparada para alavancar os clientes a esse novo estágio.

A empresa disponibiliza vários vídeos demonstrativos de aplicações reais na página eletrônica. (47) 99997-3734 agile2.com.br

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WALTER DO BRASIL A Walter do Brasil entrega ferramentas de corte de precisão máxima, acabamento superficial excepcional, alta confiabilidade de processo e economia: com as fresas de topo e ferramentas para fresamento da Walter, é possível realizar praticamente todas as tarefas de fresamento de forma eficiente e confiável. Sem restrições e com a alta qualidade exigida. Para fresamento na usinagem em geral, na indústria de moldes e matrizes, bem como na indústria automotiva, de energia e aeroespacial. Com fresas de topo de metal

tal duro e fresas com insertos intercambiáveis com materiais de corte altamente resistentes ao desgaste, como a Tiger-tec® Gold. As ferramentas de fresamento com insertos intercambiáveis são constituídas por um corpo básico com insertos de corte intercambiáveis. De acordo com a necessidade, estes são girados ou substituídos por completo. Deste modo, as fresas com insertos intercambiáveis alcançam alta eficiência e ampla aplicabilidade. Os insertos intercambiáveis em si são fabricados em metal duro, cerâmica ou outros materiais com elevada resistência ao desgaste. Eles tornam as fresas com insertos intercambiáveis tanto duráveis quanto versáteis, pois o corpo de fresa pode ser reequipado várias vezes e os insertos podem ser adaptados a uma ampla variedade de materiais. (15) 3224-5700 walter-tools.com

duro, aço rápido (HSS) ou com insertos intercambiáveis orientados para a aplicação, é possível combinar alta produtividade e resultados de trabalho de primeira classe, tanto no faceamento e fresamento a 90º, quanto em fresamento de canais e no fresamento em cópia. A base para tal, além da longa experiência no desenvolvimento e na fabricação de fresas de metal duro e ferramentas para fresamento com insertos intercambiáveis, é também o know-how concentrado de nossos colaboradores altamente qualificados, que se expressa em ferramentas para fresamento sempre novas e inovadoras. A Walter oferece fresas de me-

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SULMAX Alinhada com os princípios de inovação e excelência, a Sulmax atua no mercado há 16 anos fornecendo soluções em componentes para moldes, matrizes e dispositivos, além de uma completa linha de instrumentos de medição. Situada em Caxias do Sul-RS, um dos maiores polos metalmecânicos do país, a empresa é reconhecida no mercado pela agilidade no atendimento e logística eficiente, que somada ao seu amplo estoque, proporcionam um rápido atendimento as necessidades de todo o Brasil. Tem como visão ser referência no fornecimento de componentes


ENFOQUE

e ferramentas para as indústrias de moldes, matrizes e dispositivos, reconhecida pela eficácia no atendimento, inovação e pela qualidade dos seus produtos. Em sua missão pretende proporcionar a satisfação dos clientes, fornecedores e colaboradores, através da melhor eficiência no atendimento, bom relacionamento, conveniência de produtos e da prestação de adicionais, buscando continuamente a inovação, superando as expectativas. Está calcada nos princípios de: busca contínua de tecnologia e inovação; satisfação do cliente; equipe motivada; investimento permanente em pessoas; respeito ao meio ambiente e as pessoas; responsabilidade social; solidez econômica e financeira; transparência nos negócios; e valorização do ser humano. Em sua linha de lapidadoras, oferece o modelo pneumático SUR-120 Mod Recipro, com alto torque e baixos níveis de vibração e ruídos. Com curso de 1,2 mm, velocidade de 12.000 golpes/min, peso de 170g, diâmetro do corpo de 28 mm e comprimento de 180 mm, as lapidadoras Recipro possuem os cursos longos que permitem a lapidação de superfícies grandes e são ideais para trabalho de rebarbação e chanframento de peças fundidas. (54) 3223-0900 sulmax.com.br SUPER FINISHING Fundada em 1993, a Super Finishing do Brasil é especializada em soluções em tratamento de superfícies, para diversas aplicações e setores da indústria. A equipe de especialistas trabalha criteriosamente dentro dos requisitos de qualidade ISO 9001:2008. A empresa é certificada pela Lloyd's Quality Assurance, líder mundial em avaliação de normas e processos. A Super Finishing conta com tecnologia avançada em suas

instalações. São 8.500 m2 de fábrica e laboratórios de análises físico-químicas com equipamentos de ponta, para que profissionais comprometidos com a excelência, o atendimento personalizado e a qualidade de produtos desenvolvam soluções e prestem serviços de primeira linha, com controle de qualidade em cada etapa do processo. Tecnologia, conhecimento e compromisso com a excelência: é assim que a Super Finishing se torna referência em tratamento de superfícies, no Brasil e no exterior.

Em seu leque de serviços prestados, está o processo de reparos localizados SFP, método portátil de aplicação de depósitos metálicos a frio, em áreas localizadas, sem necessidade de tanques de banho, com alta velocidade e precisão absoluta. São 15 tipos de metais puros que podem ser aplicados sobre todas as ligas de metais utilizadas atualmente por diversos segmentos industriais. Também os revestimentos anticorrosivo e antiaderente à base de Bissulfeto de Molibdênio (MoS2) ou PTFE termocurados. Quando sujeitos a carga, apresentam baixo coeficiente de atrito. Os revestimentos têm alta resistência à corrosão e desgaste e são adequados para operações contínuas de temperatura (-40 a 175ºC). Podem ser usados em aço carbono, inox, alumínio, bronze e cobre. (11) 4176-6969 superfinishing.com.br

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ENFOQUE

YG-1 Fundada em 1981, a YG-1 tornou-se uma empresa forte e firme reconhecida mundialmente na indústria de ferramentas de corte. Com excelentes recursos humanos e tecnologia diferenciada, a YG-1 está sempre olhando para o futuro. A empresa oferta ao mercado uma ampla linha de ferramentas de corte para torneamento, da série de torneamento otimizado para ligas de aço, aço inoxidável, ferro fundido, alumínio e superligas. Alguns profissionais argumentam que o torneamento é fácil, mas com um engajamento contínuo impulsionando a geração térmica e desafios como corte interrompido, é essencial escolher as classes de pastilhas de torneamento mais adequadas de acordo com a situação da usinagem, equilibrando a resistência ao desgaste e a tenacidade para maximizar a produtividade. (11) 4496-2170 yg1.com.br PLMX O programa NX CAM, comercializado pela PLMX de São Caetano do Sul, SP, é o líder mundial em Manufatura Assistida por Computador. Ele fornece um conjunto completo de recursos de programação NC em um único sistema CAM, além de um conjunto integrado de aplicativos de software de fabricação. Essas aplicações facilitam a modelagem de peças, o design de ferramentas e a programação de inspeção – tudo baseado na comprovada tecnologia NX. Como principais diferencias, o sistema: aproveita as mais recentes tecnologias de máquina operatriz e processos de manufatura; economiza até 90% no tempo de programação automatizando tarefas rotineiras; acer ta logo da primeira vez no chão de fábrica, simulando e validando

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programas de NC no contexto do processo de máquina operatriz; reduz o tempo de usinagem e de programação NC; melhora o acabamento da superfície, a precisão e a qualidade das peças; reduz os erros e o tempo de produção; aumenta a taxa de sucesso na implantação de novas máquinas; e maximiza o uso de recursos de manufatura.

Tem aplicação em vários setores, como aeroespacial e defesa, automóveis e transpor tes, desenvolvimento de software, dispositivos médicos e produtos farmacêuticos, eletrônicos e semicondutores, energia e utilidades, máquinas industriais e equipamentos pesados, naval, mídia e telecomunicações, sendo adequado para utilização tanto em pequenas e médias como em grandes empresas.

de é uma necessidade. A tecnologia de digitalização de luz estruturada sem contato permite a rápida aquisição de dados com alto nível de detalhes. O design compacto e o peso reduzido do scanner permitem uso totalmente móvel, inclusive em condições desafiadoras de oficina. Mesmo sob condições de flutuação de temperatura, o scanner mantém um desempenho extremamente estável e confiável graças à estrutura de fibra de carbono. Disponível em várias configurações de sistema, garante desempenho eficaz e acessível de medição com scanner de área em todas as aplicações, incluindo controle de qualidade, engenharia reversa e criação rápida de protótipos. Também é compatível com um sistema de fotogrametria de ponta do DPA Series, permitindo que objetos consideravelmente maiores sejam capturados e digitalizados nos menores detalhes com a tecnologia de digitalização de luz branca do SmartScan. Os objetos são digitalizados em segundos, independentemente do tamanho e da complexidade, sendo disponibilizados diretamente como dados 3D de alta precisão em vários formatos padrão para processamento posterior.

(11) 3565-3808 plmx.com.br HEXAGON METROLOGY O scanner avançado de luz estruturada 3D com tecnologia Smart Phase Projection, da Hexagon Metrology, é compacto e móvel, proporcionando ótimos resultados de digitalização em superfícies escuras e brilhantes. Rápido e altamente preciso, o scanner óptico 3D SmartScan está entre as principais soluções de medição para geometrias de superfície complexas e peças frágeis ou deformáveis em que a portabilida-

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É compatível com o MI.Probe para medir áreas fora da linha de visão do scanner e com mesas giratórias e unidades rotativas inclináveis para medição semiautomática. (11) 5525-6000 hexagon.com


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CIRCUITO BUSINESS

CURSOS, EVENTOS E FEIRAS EVENTOS, FEIRAS E WEBINARS

JANEIRO 2024

JUNHO 2024

NOVEMBRO 2023

05 a 08 - Bhopal, Índia Indore Engineering & Manufacturing Expo - Tecnologias de Fabricação (+91) 89 5533 0467 tradeshows.tradeindia.com

03 a 07 - Bilbao, Espanha BIEMH - 31ª Feira Espanhola de Máquinas-Ferramenta (+34) 94 404 00 00 biemh.com

05 a 08 - Faridabad, Índia Indus Tech Expo - Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta (+91) 89 5533 0467 industechexpo.com

03 a 07 - Joinville, SC Jornada Internacional ISTMA America 2024 (47) 3227-5290 abinfer.org.br

FEVEREIRO 2024

04 a 06 - Stuttgart, Alemanha Cast Forge 2024 - Feira de Metalúrgia e Fundição (+49) 7025 9206-651 messe-stuttgart.de

06 a 10 - Cidade do Cabo, Africa ISMTA World 2023 - Conferência mundial e exposição de ferramentas especiais e usinagem sbs.co.za/istma2023 07 a 10 - Frankfurt am Main, Alemanha Formnext 2023 - Tecnologias em Manufatura Aditiva (+49) 711 61946-0 formnext.mesago.com 14 a 16 - Nuremberg, Alemanha SPS - Smart Production Solutions Feira Internacional para Automação Industrial (+49) 711 61946-0 sps.mesago.com 28 a 02/12 - Tóquio, Japão IPF - Feira Internacional do Plástico ipfjapan.jp/english 29 a 02/12 - Nuremberg, Alemanha Automechanika Shangai - Feira para Peças, Equipamentos e Serviços Automotivos (+852) 2238 9971 automechanika-shanghai.hk. messefrankfurt.com DEZEMBRO 2023 05 a 07 - Stuttgart, Alemanha Global Automotive Components and Suppliers Expo - Feira de Componentes e Fornecedores Automotivos (+44) 1306 743 744 globalautomotivecomponentsand suppliersexpo.com 06 a 09 - Jacarta, Indonésia Manufacturing Indonesia - 32 Feira Internacional de Máquinas, Equipamentos e Serviços de Manufatura (+62) 21 2525 320 manufacturingindonesia.com

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01 a 03 - Pordenone, Itália SamuMetal - Feira Internacional de Solda, Metalúrgia e Fundição (+39) 434 232 111 samuexpo.com ABRIL 2024 23 a 26 - Stuttgart, Alemanha Control - Feira Internacional para Garantia da Qualidade (+49)7025 9206-651 control-messe.de 23 a 26 - Wels, Áustria Intertool - Feira Austríaca de Tecnologia de Fabricação (+43) 1 72720 2022 intertool.at MAIO 2024 07 a 11 - São Paulo, SP Feimec 2024 - Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos (11) 3164-1160 feimec.com.br 14 a 17 - Stuttgart, Alemanha Grinding Hub - Feira Internacional de Retificação e Qualidade Superficial (+49) 711 18560 2641 grindinghub.de

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06 a 07 - Joinville, SC ENAFER 2024 - Encontro Nacional de Ferramentarias (47) 3227-5290 abinfer.org.br 18 a 20 - Stuttgart, Alemanha Electric & Hybrid Europe - Feira Européia de Tecnologia para Veículos Elétricos e Híbridos (+49) 7025 9206-651 messe-stuttgart.de AGOSTO 2024 13 a 16 - Joinville, SC Interplast 2024 - Feira e Congresso de Integração de Tecnologia do Plástico (47) 3451-3000 messebrasil.com.br SETEMBRO 2024 10 a 14 - Stuttgart, Alemanha AMB - Feira Internacional para o Processamento de Metais - Conformação (+49) 7025 9206-651 messe-stuttgart.de


CIRCUITO BUSINESS

17 a 20 - Chapecó, SC EletroMetalMecânica - Feira e Congresso de Tecnologia para a Indústria EletroMetalMecânica (47) 3451-3000 messebrasil.com.br CURSOS

JANEIRO 2024 TK Treinamento 29 - Leitura e interpretação de desenho mecânico 29 - Programação torno CNC (47) 3027-2121 tktreinamento.com.br FEVEREIRO 2024 TK Treinamento 03 - CAD SolidWorks básico 03 - Metrologia básica 03 - Programação fresamento CNC básico 19 - Programação fresamento CNC básico (47) 3027-2121 tktreinamento.com.br Revista Ferramental 06 - Gestão de custos na ferramentaria moderna 07 - Fresamento de alta performance na ferramentaria moderna (47) 99709-0020 revistaferramental.com.br SOB CONSULTA

Escola Técnica Tupy - Curitiba, PR Técnico em plásticos (41) 3296-0132 sociesc.com.br Faculdade Tecnológica Tupy - Curitiba, PR Tecnólogo em polímeros e Pós-graduação em desenvolvimento e processos de produtos plásticos (41) 3296-0132 sociesc.com.br

FC Educa - Joinville, SC • Lean Manufacturing • Administração de Compras e Fornecedores • Como Planejar Ações na Área Comercial • Consultoria em Vendas • Desenvolvimento de Lideranças • Estratégias de Negociação e Vendas (47) 3422-2200. fceduca.com.br INPAME - São Paulo, SP Operador de prensas e similares (in company) (11) 3719-1059 inpame.org.br IMA - Rio de Janeiro, RJ Especialização em processamento de plásticos e borrachas (21) 2562-7230 ima.ufrj.br Intelligentia - Porto Alegre, RS Racionalização de processos de manufatura, desenvolvimento gerencial (51) 3019-5565 intelligentia.com.br

SENAI Mário Amato - São Bernardo do Campo, SP • Materiais, moldes, processamento de plásticos • Projetista de moldes para injeção de termoplásticos (11) 4344-5028 meioambiente.sp.senai.br SENAI - Jundiaí, SP Tecnologia de moldes, operador de extrusora, técnico em plásticos (11) 4586-0751 sp.senai.br/jundiai SENAI Roberto Mange - Campinas, SP Técnico em construção de ferramentas (19) 3272-5733 sp.senai.br SKA - São Leopoldo, RS Curso: Curso básico e avançado de CAD e CAM 0800 510 2900 ska.com.br Sociesc - Joinville, SC Curso: Automação, mecânica, mecatrônica, metalurgia, plásticos 0800 643 0133 sociesc.com.br

PLMX Soluções - São Caetano do Sul, SP, Brasil Treinamentos: Solid Edge (11) 3565-3808 plmx.com.br Sandvik - São Paulo, SP Técnicas básicas de usinagem, tecnologia para usinagem de superligas, otimização em torneamento e fresamento (11) 5696-5589 sandvik.com.br SENAI - Joinville, SC Tecnologia em usinagem, mecatrônica, ferramentaria (47) 3441-7700 sc.senai.br

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E S PAÇO L I T E R Á R I O / CONEXÃO WWW

DICAS DE LEITURA Livros para você se inspirar

ALCANÇANDO EXCELÊNCIA EM VENDAS – SPIN SELLING Baseado em uma pesquisa de 12 anos e US$ 30 milhões da Huthwaite, ele desmistifica os métodos convencionais de vendas, que geralmente são adequados apenas para vendas menores ao consumidor. O autor introduz a estratégia SPIN Selling®, detalhando como ela é mais eficaz em vendas grandes. O livro desafia mitos comuns de vendas e treinamentos tradicionais, oferecendo evidências sólidas, gráficos claros, exemplos do mundo real e casos informativos. Ele é particularmente útil para aqueles que têm sucesso em vendas simples, mas enfrentam dificuldades em vendas maiores, fornecendo orientações sobre como corrigir e aprimorar suas abordagens de vendas. Possui 204 páginas. 1ª edição. 2023. ISBN 978-85-50823-38-6.

GERENCIAMENTO DE PROJETOS – O PROCESSO GERENCIAL O livro, publicado pela McGraw Hill em sua 6ª edição (2016) e disponível também em e-book, é uma compreensiva obra sobre gerenciamento de projetos com 608 páginas. Ele é dividido em 18 capítulos que abordam uma ampla gama de tópicos essenciais para a área, incluindo gerenciamento moderno de projetos, estratégias empresariais para a seleção de projetos, organização e cultura corporativa, definição, estimativa de tempo e custos de projetos, desenvolvimento de planos, gerenciamento de riscos, cronogramas, redução da duração de projetos, liderança eficaz, gerenciamento de equipes, terceirização, avaliação de progresso e desempenho, fechamento de projetos, projetos internacionais, supervisão, introdução ao gerenciamento ágil e carreiras na área. A obra inclui ainda apêndices com soluções de exercícios selecionados, exercícios de projetos computacionais e um glossário completo. ISBN 978-85-80555-66-0.

WWWEBSITES PODIUMABINFER.ORG ABINFER, ABIMAQ e SMABC estão colaborando com governos federal, estaduais e municipais para impulsionar o setor de ferramentaria no Brasil, usando uma abordagem sistêmica baseada em pilares de competitividade, que se desdobram em 11 projetos estruturantes. Isso inclui apoio governamental em vários níveis, recursos financeiros, e envolvimento de entidades e ministérios relevantes. O plano é implementado em duas fases: uma inicial de 6 meses e outra de longo prazo até 2031. Os objetivos incluem aumentar a competitividade e exportação do setor, reduzir importações, gerar empregos qualificados, aumentar a demanda por máquinas e equipamentos, elevar a renda média dos trabalhadores, aumentar a arrecadação de impostos, abrir novos negócios, reduzir endividamento empresarial, desenvolver polos tecnológicos, criar novos modelos de negócios replicáveis em outros segmentos industriais, e promover a sustentabilidade ambiental no setor metalmecânico.

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OPINIÃO

FERRAMENTARIA DO FUTURO – TOOL 4 FUTURE

A

Quarta Revolução Industrial, carrega um potencial transformador para diversas áreas da economia, incluindo a indústria de ferramentais. No entanto, para explorar integralmente os benefícios que a Indústria 4.0 oferece, é fundamental adaptar seus princípios e tecnologias à realidade e necessidades locais. A importância da "tropicalização" desses conceitos para a indústria brasileira, enfatiza o papel central da colaboração entre a Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais - ABINFER, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI e outros atores-chave na construção de um modelo nacional que impulsione a inovação e a competitividade no setor de ferramentarias de moldes no Brasil. A Indústria 4.0 representa uma abordagem inovadora para a manufatura. Essa abordagem integra tecnologias avançadas, como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial (IA), automação, análise de dados e realidade virtual, com o objetivo de criar ambientes de produção altamente eficientes, flexíveis e conectados. Busca ainda revolucionar a maneira como as ferramentarias trabalham otimizando a produção, reduzindo custos e aumentando a qualidade. É fundamental ressaltar a importância da avaliação da maturidade das ferramentarias antes de investir em tecnologias da Indústria 4.0. Embora o entusiasmo seja compreensível, a implementação prematura e descuidada dessas soluções pode acarretar riscos financeiros significativos. Cada ferramentaria tem necessidades, desafios e capacidades próprias, que determinam o sucesso da integração de tecnologias. Portanto, antes de investir, as empresas devem realizar

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POR REGINALDO BARCELOS

uma avaliação abrangente, identificando suas deficiências operacionais, estabelecendo metas claras e avaliando o potencial retorno sobre o investimento. O processo deve ser orientado por um plano estratégico que leve em consideração recursos disponíveis, capacidade de treinamento da equipe e adaptação da cultura organizacional. Somente por meio dessa avaliação e planejamento é possível garantir que os investimentos em tecnologias da Indústria 4.0 resultem em benefícios tangíveis e retorno financeiro. Os modelos de maturidade, como os propostos pela ACATECH (Academia de Ciências Técnicas da Alemanha) e o VDI (Associação de Engenheiros Alemães), desempenham um papel crucial na avaliação da prontidão das ferramentarias para adotar essas tecnologias. Esses modelos fornecem estruturas abrangentes e diretrizes para a avaliação da maturidade, ajudando as empresas a entender onde estão no espectro da adoção tecnológica e identificar áreas que necessitam de melhoria. Ao oferecer critérios objetivos para a avaliação, auxiliam as empresas a estabelecer metas realistas, alocar recursos de forma eficaz e priorizar iniciativas que maximizem o retorno sobre o investimento. Além disso, é necessário promover a integração da cultura de inovação e a capacitação da equipe, elementos cruciais para o sucesso na jornada. Neste contexto, ter um modelo de maturidade bem ajustado pode servir como um guia valioso para ferramentarias que buscam evoluir em direção à excelência tecnológica, garantindo que os investimentos sejam estratégicos e bem-sucedidos. A necessidade de tropicalização de modelos de maturidade é essencial

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quando se considera o contexto das ferramentarias instaladas no Brasil. As peculiaridades do ambiente de negócios no país, introduzem desafios específicos que devem ser levados em consideração ao adaptar esses modelos. A tropicalização envolve a validação dos modelos em relação às realidades locais, considerando a capacidade das ferramentarias de se adaptar e implementar os conceitos da Indústria 4.0. As ferramentarias no Brasil devem ser especialmente estratégicas em suas decisões, desenvolvendo resiliência e flexibilidade para enfrentar desafios desta mudança. A tropicalização desses modelos é uma resposta necessária às condições únicas que as empresas enfrentam no Brasil, permitindo que elas aproveitem as oportunidades de inovação, mantendo um olhar atento sobre a sustentabilidade de suas empresas. O desenvolvimento de um modelo nacional que se adapte às especificidades da indústria brasileira é uma tarefa que requer a colaboração e o envolvimento de diversos atores-chave. A participação ativa da ABINFER, fornecedores, parceiros institucionais, ferramentarias e compradores de moldes é essencial para o sucesso dessa iniciativa. A ABINFER pode liderar o processo, promovendo a integração de conhecimentos e práticas já consolidadas entre os fornecedores e parceiros institucionais.

Reginaldo Barcelos CEO da Elos Consultoria e Diretor da ABINFER barcelos@elosconsultoria.com.br


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