Revista FADESP #9

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Publicação da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa Ano 3 | n° 9 | Fevereiro / Março / Abril 2023

Ricardo Galvão

Presidente do CNPq fala sobre o momento de reconstrução da Ciência & Tecnologia no Brasil, além de detalhar os pilares de sua gestão: a Amazônia terá atenção e grandes investimentos.

CEMITÉRIO DA SOLEDADE

Alçado à condição de parque, resultado encanta

PARÁ 2050

Planejamento a longo prazo do estado tem reforço da FADESP

INTERIORIZAÇÃO E REUNI

Chegamos à conclusão da democratização do ensino superior

REVISTA

ÍNDICE

Editorial PG 03

Patrimônio histórico PG 04

Opinião PG 08

PARÁ 2050 PG 10

Entrevista capa PG 12

Nova apoiada PG 16

Memória interiorização PG 18

Intitucional PG 20

Por dentro da FADESP PG 22

EXPEDIENTE

DIRETORIA

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Financeiro e Contábil

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Gestão de Projetos

Cláudia Coelho

Recursos Humanos

Armando Hage

Tecnologia da Informação

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Secretaria Geral

CONSELHO EDITORIAL

Prof. Dr. Doriedson do Socorro Rodrigues - CUNTINS/UFPA

Prof. Dr. Marcos Monteiro Diniz - ICEN/UFPA

Profa. Dra Maria Ataíde Malcher - NITAE2/UFPA

Prof. Dr. Roberto Ferraz Barreto - FADESP/UFPA

Lorena Filgueiras - ASCOM/FADESP

EXPEDIENTE REVISTA

Editora-chefe

Lorena Filgueiras (Ascom/FADESP)

MTb/DRT-PA 1505

Reportagens

Brena Marques - Ascom/FADESP

MTb/DRT-PA 3371

Lorena Filgueiras - Ascom/FADESP

Fabiana Cabral

Flávia Ribeiro

Projeto gráfico e diagramação

André de Loreto Melo

Revisão

Fabrício Ferreira

Analista de TI

Raphael Pena

Tiragem

2.000 exemplares

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RICARDO GALVÃO Crédito: Andressa Anholete

O momento é de reconstrução

Após décadas de abandono, o Cemitério da Soledade, necrópole municipal, tombada pelo patrimônio histórico, foi alçada à condição de parque, após um minucioso (e extremamente respeitoso) período de restauro – um projeto que foi administrado pela FADESP e que nos orgulha deveras, por toda sua importância para a população da cidade e história.

Inicio minhas palavras por esse projeto, evocando a máxima de que com recursos, interesse, reunião de esforços, além do pensamento democrático de acesso e “desinvibilização”, é possível fazer coisas grandes e grandiosas.

Jussara Derenji, arquiteta e diretora do Museu da UFPA, fala sobre a restauração, proteção e importância do patrimônio histórico para todos. Agradeço a generosidade com que adornou a 9ª edição da Revista FADESP.

Outra joia dessa coroa é a entrevista com o novo presidente do CNPq, o físico Ricardo Galvão. Com sua generosidade habitual, recebeu-nos em Brasília, para entrevista e fotos, além de nos proporcionar quase uma hora de reflexões necessárias acerca da importância da educação científica para os cidadãos brasileiros, bem como do momento de reestabelecimento das bases sólidas que servem de sustentáculo a todos nós, brasileiros. Bem humorado e disposto a trabalhar arduamente, ele nos revelou um pouco de sua paixão pessoal por abelhas. A entrevista está muito boa –espero que gostem! Nesta edição, concluímos nossa série de matérias sobre a interiorização do ensino superior no Pará. Gostaria de ressaltar as palavras de Gilmar Pereira, vice-reitor da Universidade Federal do Pará, sobre a consolidação deste processo tão importante, por meio do REUNI. E faço ainda uma menção sobre quão significativo foi empreender essa jornada: Pereira, que iniciou sua vida em um chão de fábrica, como operário que era, trabalhava o dia inteiro para poder cursar sua primeira graduação de noite: hoje é o vice-reitor da maior Universidade de toda a Pan Amazônia.

Outros projetos FADESP demonstram nossa versatilidade e reforçam nossa vocação para o desenvolvimento da região. Acreditamos estar no caminho certo e não estamos sós!

Desejo uma excelente leitura!

EDITORIAL 3
Foto: Paulo Castro

Destino, memória e saudade

Melancólico, nostálgico, precioso - são muitos os adjetivos que definem o pequeno relicário público, localizado no centro da capital paraense, dedicado à saudade. Por meio de um projeto da FADESP, o cemitério da Soledade conquistou mais um: revitalizado, possibilitando visitas e que todos o conheçam melhor e possam voltar no tempo.

Pelas alamedas do Soledade, sob a sombra de mangueiras centenárias, a história se escancara a cada passo. Túmulos e mausoléus se destacam na paisagem do lugar que, recentemente, foi alçado à condição de parque, e contrastam com os prédios contruídos ao redor. Um dia, lá em 1850, essa era uma área afastada de tudo, ideal para receber as vítimas de duas graves epidemias, uma de febre amarela e outra de cólera.

Depois de séculos de abandono e destruição, o governo do Estado começou o processo de restauração desse tesouro encravado no coração da capital. A primeira parte do trabalho foi entregue no dia do aniversário de Belém, um presente para a memória viva da cidade, resultado de um trabalho desafiador realizado por muitas mãos.

"Através da parceria com a Universidade Federal do Pará, com o laboratório de conservação e restauro, nós tivemos a grata oportunidade de entregarmos esta obra. Essa primeira fase contou com um restauro de mais de sessenta túmulos de estruturas mortuárias, além de toda a organização para que o parque pudesse receber a

visitação. Agora nós temos uma segunda fase que é o restauro das demais estruturas mortuárias", conta o secretário de Cultura do Estado, Bruno Chagas.

"Nós tivemos vários desafios, mas eu acredito que dá pra pontuar dois. O primeiro é o levantamento arqueológico. Por se tratar de um cemitério, evidentemente que nós encontraríamos, além dos restos mortais, outros artefatos

que permeiam a cultura, o folclore do ambiente que é o cemitério. Nós tivemos esse desafio, tivemos um trabalho minucioso através da equipe de arqueologia da Secretaria de Cultura, em parceria também com a Universidade Federal do Pará. O segundo foi o desafio do restauro em si, resgatar a originalidade dos elementos arquitetônicos do cemitério foi um grande desafio encontrado principalmente pela equipe da Universidade Federal. Mas acima de tudo preservarmos as características do cemitério para que ele não deixasse de ser esse grande centro de devoção e de atração ao público que vai pra lá, não apenas para contemplar a estrutura e a história, mas acima de tudo para exercer a sua fé", concluiu Bruno.

Nos túmulos mais simples ou nos mais elaborados mausoléus, detalhes que resistiram ao tempo. Nas pequenas sepulturas, rentes aos chão, cercados feitos de ferro, em desenhos trabalhados que sofreram todo tipo de ação, seja da natureza, seja do ser humano. As estruturas se mantém imponentes, firmes, quase uma fortaleza no entorno daquele pedacinho de terra que guarda uma história. E

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PATRIMÔNIO
HISTÓRICO Por Fabiana Cabral Fotos: Paulo Castro Foto: Carol Langanke Bruno Chagas

história não falta nesse quarteirão.

De escravos a generais, o Soledade preserva as lembranças de personalidades que despertam a devoção popular ou simplesmente a curiosidade.

Preta Domingas, Anastácia, a escrava, o pequeno Zezinho e Raimundinha Picanço, são alguns dos túmulos mais visitados que passaram pelo cuidadoso trabalho feito pela equipe do Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação da Ufpa (Lacore), que reúne 81 pessoas entre docentes, alunos de graduação e pós-graduação e servidores técnicos, além de outros 52 profissionais de uma empresa prestadora de serviços.

A coordenação do projeto foi das professoras Thais Sanjad, Roseane Norat e Flávia Palácios e contou com as subcoordenações em campo dos arquitetos restauradores Alexandre Loureiro, Pâmela Bahia, Amanda Loureiro, Carolina Gester e Mayra Martins.

"A UFPA, como a maior universidade pública na Amazônia, tem e reconhece seu compromisso institucional com a produção do conhecimento, mas também seu papel social e capacidade de transformação que pode e deve ajudar a impulsionar de forma positiva e em diversos campos nosso estado e nossa região. O LACORE tem por objetivo atuar de forma interdisciplinar no

ensino, pesquisa e extensão e produzir conhecimento científico e tecnológico para a conservação-restauração do patrimônio cultural em suas diversas formas de apresentação na Amazônia, portanto, esse desafio está na gênese do que pensamos para este laboratório dentro de uma universidade pública e a maior da região. A obra, a partir de agora em suas novas etapas, deve seguir na continuidade da conservação-restauração de outros túmulos do acervo do agora Parque Cemitério da Soledade, o que permitirá uma maior capilaridade do projeto em sua prática restaurativa à medida que, durantes os dias úteis em que há visitação, os visitantes possam acompanhar esse processo. Para isso, a SECULT vem envidando esforços para ampliar as visitas mediadas e para que as informações do processo de restauração e outros importantes campos da obra, como das pesquisas arqueológicas, sejam acessadas pelo público em geral como parte das atividades de ações educativas", explicam as coordenadoras do LACORE.

Para que todo esse trabalho fluísse com tranquilidade, a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) tomou conta de um aspecto tão delicado quanto trabalhoso, mas indispensável ao bom

andamento de qualquer obra. Coube à Fundação a gestão financeira e administrativa desse trabalho monumental.

"Considero o Soledade uma joia incrustrada no coração da cidade e mais importante ainda que ele tenha sido devolvido para a cidade. Belém e seus cidadãos merecem esse presente, até porque o Soledade reúne exemplares únicos da arte funerária e conta histórias de um período muito singular da cidade. Por tudo isso, a FADESP fez toda a gestão administrativa e orçamentária do projeto, enquanto a equipe do LACORE podia ficar tranquila para colocar suas expertises em prática. O resultado não poderia ser melhor: um novo parque para a cidade, com importância histórica e, na prática, um exemplo muito bom do que Fundações de Apoio podem fazer", afirma Roberto Ferraz Barreto, diretor executivo da Fundação.

A pedagoga Elaine Palheta escolheu um sábado de pouco sol e temperatura amena para conhecer o cemitério parque. Foram horas analisando cada detalhe e em cada parada a vontade de conhecer mais a história de cada túmulo identificado crescia. "É muito >>>

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foto: equipe LACORE
Professor Roberto Ferraz Barreto Equipe do LACORE trabalhando na etapa de limpeza química com aplicação de emplastro de bentonita e posterior proteção da área emplastrada.

PATRIMÔNIO HISTÓRICO

interessante. O Pará precisa construir esse processo de preservação da sua história, essa parte não é valorizada, precisa ter esse resgate, sim. Eu penso que o Soledade é um bom resgate da nossa história, mas estou sentindo falta, onde já foi restaurado, é um pouco mais dessa história. As plaquinhas citam o nome, as datas de nascimento e falecimento, porém não tem a história daquela pessoa e tem algumas pessoas importantes, tem visconde que já foi presidente da Província do Grão Pará, mas tem muito pouco da história. Então eu penso que, por ser justamente um ambiente de determinado ponto da história do nosso estado, ele precisa trazer mais esse resgate pra gente, pra que seja um espaço realmente cultural de resgate da nossa história".

Como o processo de restauração do Espaço ainda está em andamento, a Secult explica que, em breve, haverá um incremento na disponibilização das informações. "O levantamento historiográfico foi feito em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e

Histórias que se cruzam Enquanto no Largo da Pólvora, hoje Praça da República, ficava o cemitério dos escravos, onde sequer foi erguida uma capela, no Soledade, além dos escravos, eram enterrados condenados à morte, excomungados e os avessos à religião católica. Aos de classes mais privilegiadas eram destinados túmulos dentro das igrejas, mas uma crise sanitária causada pelas epidemias de cólera e febre amarela fizeram as autoridades repensarem esse tipo de sepultamento com milhares de mortos em tão pouco tempo. Foi assim que um espaço público chamado de "Cemitério das Valas" foi delimitado, ganhou uma capela e passou a ser chamado de Nossa Senhora da Soledade.

Sem distinção de raça ou classe social, o cemitério foi inaugurado em em 1850 e nos poucos anos que ficou em atividade estima-se que tenha recebido cerca de 30 mil sepultamentos. Os jazigos e mausoléus construídos para guardar corpos e memórias dos entes queridos se traduzem em verdadeiras obras de arte, cheias de saudade, afeto

Artístico Nacional IPHAN, o departamento de patrimônio artístico e cultural do estado DPAC e a própria Universidade Federal do Pará. As informações que estão nas placas, apesar de serem poucas, são as informações que entendemos naquele momento serem necessárias para que a população pudesse se informar. Mas a história, o trabalho expográfico, o trabalho museológico continua sendo realizado. E o objetivo é realizarmos cada vez mais uma melhora do material e a entrega para população", disse o secretário.

"O Parque Cemitério da Soledade é um tesouro. Aqueles que, como nós, permitirem-se apreciar, sem preconceitos, esse acervo, serão surpreendidos, não por um ou dois, mas muitos encantos. Os detalhes, aspectos artísticos, históricos, da memória afetiva e popular estão ali representados. De fato, o Soledade é um museu a céu aberto, cercado de muita história e belíssimo acervo. Que saibamos todos apreciar e bem cuidar", concluem as coordenadoras do LACORE.

e muito simbolismo. Anjos, leões, vasos em fogo e flores transbordam sentimentos e desejos de imortalidade a quem teve a matéria enterrada naqueles palmos de terra.

O marajoara Antônio Lacerda Chermont, militar que foi presidente da Província do Grão Pará, mais conhecido como Visconde do Arari, foi sepultado em um mausoléu de estilo neoclássico, em posição de destaque, onde também estão outros membros da família.

O Visconde de Arari era pai de outra figura da política paraense: Justo Chermont, que foi governador do Estado e, posteriormente, senador da República.

Mas Justo, imponente como político, viu a dor dilacerar seu coração quando a filha Cecília, a quem chamava de princesa, morreu. A jovem morava em Paris e Justo mandou construir, no Soledade, um mausoléu digno de uma princesa para receber o corpo da filha. Com portões de ferro fundido, peças em mármore, vitrais e até janelas, a última morada de Cecília Chermont também recebeu um busto dela.

"O mausoléu da Cecília Chermont

tem vitrais, então a recuperação deu toda a atenção pra ele, foi muito bem recuperado e é muito interessante a gente sentir a história que era contada pelos avós e bisavós. Eu cheguei aqui e senti como um museu, um patrimônio nosso, resgatando nossa história. O impacto da reforma, principalmente desse mausoléu, que é o único que tem janelas, foi muito interessante porque era uma coisa que se dava pouca importância", conta Larissa Chermont, sobrinha bisneta de Justo e prima distante da 'princesa' Cecília.

Larissa, que é economista e professora da UFPa, descendente de uma linhagem política que marcou a história do Pará, vê o público e o privado se misturar de forma positiva.

"No nosso caso, pessoal, como família, é um resgate de lembranças das coisas que minha bisavó contava e aqui eu fiquei mais próxima. Então é uma satisfação pessoal e como cidadã sentindo a nossa história sendo resgatada", conclui.

Quem também não esconde a satisfação de ver toda essa transformação

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no cemitério parque da Soledade é a arquiteta Jussara Derenji. Foi dela, em 1993, a primeira proposta de transformar o Cemitério da Soledade em Museu de Arte e História, quando estava diretora de Patrimônio Histórico de Belém. Do projeto que ela doou à Fundação Cultural de Belém (Fumbel), apenas a recuperação da alameda central, que conduz à capela, foi realizada.

Jussara lembra que o estado do Cemitério, tombado como Patrimônio Paisagístico pelo IPHAN desde os anos 1940, entre os anos de 1993 e 1995, período em que ela o estudou e fez o projeto, era precário e alvo de muitos roubos e vandalismo. Na época, ainda existiam nos quatro cantos do cemitério as delimitações das irmandades às quais pertenciam. Hoje é possível ver as ruínas de apenas uma dessas áreas, na esquina da avenidas Serzedelo Furtado e Gentil Bittencourt.

Para ela, ver sua ideia original, mesmo com todas as mudanças necessárias à execução, sair do papel 30 anos depois, é gratificante.

"Tudo que é feito para o bem da

memória coletiva, da autoestima da população, da melhora no sentido de pertencimento, me deixa extremamente gratificada. É um trabalho de poucos especialistas, gerações que vêm se formando para contribuir para a melhoria da cidade. Não se pense que o novo parque celebra a morte. Estamos recuperando memórias, lembranças, tradições e até mitos. Estamos nos conscientizando de valores e de pensamentos que nos antecederam e fazem parte das nossas próprias atitudes e valores. Por último, mas não menos importante, é preciso tornar mais consistente e eficiente o trabalho de recuperação do pouco que restou de esculturas e metais trabalhados. Isso daria a dimensão artística, que foi um dos meus maiores motivadores para fazer esse projeto, e ainda não foi realizado. Espero que seja", almeja a profissional que concebeu a primeira ideia de toda essa transformação.

Roseane Norat, uma das coordenadoras do projeto de restauração, junto com as professoras Thaís Sanjad

e Flávia Palácios, lembra que o tratamento dado para a transformação do cemitério da Soledade em parque urbano é pioneiro no país. "Até a entrega desta primeira etapa são mais de três décadas em que apenas obras pontuais foram realizadas, o que levava a uma progressiva deterioração. Compreendemos que embora se saiba que ainda há o que se fazer, este é, sem dúvida, o melhor momento. E o reconhecimento como um Parque também exige a educação e sensibilização de parte da população para compreender a dimensão e importância desse projeto, não apenas por sua questão cultural, mas também como propulsora da economia, turismo e desenvolvimento social em nosso estado".

Serviço: Cemitério Parque da Soledade

Visitação: de segunda a quinta-feira, das 9h às 17h

Fechado: às terças e quartas-feiras Entrada gratuita

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Jussara Derenji

Aproprie-se, é seu.

Memória e preservação do patrimônio.

Existem inúmeras razões para a preservação do patrimônio construído, sem demérito da valorização e reconhecimento do patrimônio imaterial que nos últimos anos tem ganho protagonismo, e espaço, nas discussões sobre a elaboração de uma memória coletiva que se reflita em ações efetivas sobre o tecido urbano.

As possibilidades de Belém em ambos os campos, patrimônio material e imaterial, são claramente perceptíveis a quem as analisa, mas parecem ainda, em pleno século XXI, merecer apenas ações esparsas e sem inter-relações que possam conduzir a uma efetiva conscientização e apropriação pelos habitantes da cidade, a quem afinal se destinam.

O desaparecimento de alguns símbolos dessa esgarçada memória perturba a inércia generalizada que envolve as ações de preservação, mas não tarda em desaparecer em meio às preocupações imediatas, num dia a dia invadido, cada vez mais, pela informação imediata e volátil dos meios digitais.

No meu campo de conhecimento, o do patrimônio ambiental, constituído pela paisagem construída ou natural, predomina o material, ainda que se reconheça a presença e força do imaterial na constituição de significados simbólicos, e também na criação de novas leituras.

Alguns estudos de casos recentemente ocorridos, ou por desastre ou por ações diretas do poder público, merecem uma observação mais atenta. A queda de uma árvore centenária, a Sumaúma da Praça Santuário, ou a recuperação de um

palacete do século XIX, Palacete Faciola, são alguns deles, mas sem dúvida, o ineditismo da transformação do Cemitério da Soledade, abandonado há décadas no centro da cidade, se presta de forma cabal a essa análise e crítica.

No cemitério se reúnem as condições e possibilidades de constituir-se essa memória coletiva e partilhada da qual se espera que a população se aproprie e nela se reconheça, podendo então fazer com que a preservação não seja apenas uma responsabilidade estatal, mas constitua uma forma de pertencimento valorizada e desejada pela população.

O cemitério da Soledade teve um curto período de funcionamento como área de sepultamentos, foi o primeiro espaço organizado especificamente para esse fim na cidade, que já contava com mais de duzentos anos quando isso aconteceu. Surge numa fase em que, na Europa, então o espelho de toda a constituição urbana regional, apareciam os chamados cemitérios monumentais. Em amplas áreas das maiores e mais importantes cidades europeias, esses locais formavam grandes espaços abertos, arborizados, muitas vezes como em Gênova, no cemitério de Staglieno, usando elevações naturais do terreno para exibir verdadeiras galerias de arte a céu aberto. Neles se exibiam mármores e bronzes dos maiores escultores do período na criação de cenas completas ou estatuária isolada. Além da função específica, de cultuar memórias e lembranças, eram e ainda são visitados pelas esculturas de alto valor artístico. O cemitério de Belém foi tombado

pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, como Patrimônio Paisagístico, um dos primeiros casos dessa forma de reconhecimento de valor patrimonial no país, ocorrido em 1941, quando o órgão tinha apenas quatro anos de atividades.

As leituras desse espaço apresentam várias possibilidades, dentre elas a de sua principal característica para o tombamento, o paisagismo, hoje reduzido à preservação de mangueiras centenárias, mas que apresentam formas exuberantes e naturais por não terem sofrido as podas deformantes das remanescentes em vias públicas.

Os valores simbólicos elaborados por esse espaço transcendem, porém, aos aspectos bucólicos de suas espécies vegetais. O traçado em quadrantes se confirma nos quatro cantos antes delimitados e cercados por serem privativos, e responsabilidade de antigas irmandades. À semelhança da

8 OPINIÃO
Jussara Derenji* Fotos: Paulo Castro

cidade, o espaço do Soledade reproduz as diferenças sociais do período, nas alamedas frontais que se dirigem à capela, estão as grandes famílias, os membros ilustres: clérigos, políticos, militares e senhores de terras. Nos quadrantes posteriores a lembrança dos menos reconhecidos membros da mesma sociedade, igualados, todos, no destino final.

Quando, em 1995, propus a criação desse espaço como um Museu de Arte e História, procurava o reconhecimento do valor artístico de suas esculturas, muito bem exemplificadas em obras realistas e elaboradas, mas também chamar a atenção para as mensagens menos explícitas elaboradas em textos ou imagens com significados nem sempre perceptíveis na nossa era. Os pais amantíssimos, as esposas amadas, a inocência das crianças, os amigos perdidos, recebiam, cada um,

sua simbologia em flores, cornucópias, jarros, ampulhetas, tesouras cortando o fio da vida, árvores caídas ou flores fenecidas. Desgosto, tristeza e desalento eram entremeados pela exaltação dos valores, pela esperança de redenção. Nenhum símbolo talvez seja mais potente, nessas simbologias presentes no Soledade, do que a serpente que morde o próprio rabo, o símbolo do infinito, do eterno recomeçar. Não menos importante era mostrar o enlaçamento dessa multiplicidade de símbolos com a história regional, com as presenças, ilustres ou não, daquela cápsula do tempo, os cidadãos da cidade de Belém no final do século XIX. Afinal uma das maiores figuras aqui lembradas é a da escrava Domingas, em seu lugar de destaque como dos primeiros enterramentos e das mais bonitas homenagens feitas nesse local.

Foram precisas três décadas, variações e projetos, para que se concretizasse a proposta como Parque, local onde se reverencia a vida de uma cidade, em um tempo já passado, celebra-se a capacidade artística, lembranças e memórias que pertencem a todos os seus cidadãos.

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(*) Arquiteta, urbanista paisagista pela FAUSP e mestra em História pela PUCRS. Foi Diretora de Patrimônio Histórico de Belém e atual diretora do Museu da Universidade Federal do Pará. No Pará há 48 anos, tem cidadania de Belém e da cidade de Óbidos.

Mais próspero e saudável

O PARÁ 2050, plano estratégico do Governo do Estado e desenvolvido pela Secretaria de Estado de Planejamento e Administração, é um projeto gestado pela FADESP, com vias a garantir um futuro com melhores indicadores sociais, econômicos e ambientais.

Você já deve ter ouvido falar, inúmeras vezes, que o Pará é um estado de dimensões continentais e não é apenas uma força de expressão. Segundo maior estado do país em extensão territorial, com uma área de 1 245 870,798 km², o Pará ocupa a décima-terceira maior subdivisão mundial. São 144 municípios, alguns gigantescos, como Altamira, considerado o quinto mais extenso do mundo.

Imagine, então, o quanto é complicado para quem está na capital Belém, por exemplo, conhecer e entender as necessidades em comunidades ribeirinhas do Tapajós, nas terras indígenas do Xingu ou nas mais distantes localidades do Marajó?

São modos de vida com especificidades únicas, com necessidades ímpares e problemas comuns que precisam ser resolvidos sem deixar de lado a diversificação da economia, preservação do meio ambiente, o fortalecimento das instituições do estado e, principalmente, a melhoria da qualidade de vida da população.

Esse é o objetivo do PARÁ 2050, um plano estratégico do Governo

do Estado, idealizado pela vicegovernadora do Estado, Hana Ghassan, quando ainda era secretária de Planejamento e Administração, e desenvolvido pela Secretaria de Estado de Planejamento e Administração (Seplad), com o apoio da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa ( FADESP ), que busca alternativas para transformar o Pará em um estado mais próspero e sustentável.

"Queremos construir um futuro mais justo e igualitário. Um estado desenvolvido economicamente, com igualdades sociais e que respeite seu patrimônio ambiental, mantendo a floresta em pé e, principalmente, alinhado às necessidades da população", afirmou a vice-governadora.

"De fato o PARÁ 2050 será um plano composto de uma complexidade e diversidade desafiadores, mas a partir

10 PARÁ 2050
Por Fabiana Cabral Fotos: divulgação Hana Ghassan foto: Marco Santos / Ag. Pará foto: Alex Ribeiro/Agência Pará

do diagnóstico de cada região e da escuta social regionalizada, os temas transformadores serão abordados a partir de cada dinâmica local, para que as forças de cada região sejam potencializadas e os maiores desafios de cada uma delas sejam tratados com base em critérios técnicos e preservando a identidade de cada território. A base central do Plano é o desenvolvimento sustentável. Com base em uma perspectiva de inclusão, pretende-se transformar indicadores sociais e desigualdades regionais históricas. Precisamos, para isso, ter eixos como educação, preservação do meio ambiente, desenvolvimento econômico, segurança, saúde e tantos outros sendo orientados de forma harmônica e complementar, em um modelo de governança compartilhada, sempre com foco na sustentabilidade", explica a secretária de Planejamento do Estado, Elieth Braga.

O PARÁ 2050 é baseado em uma visão de futuro que se concentra na diversificação da economia para impulsionar o crescimento econômico e o desenvolvimento social. Ele busca fomentar setores como o turismo, a agricultura, a pecuária, a pesca e a indústria, a fim de criar mais oportunidades de emprego e aumentar a renda dos moradores do Pará.

Mapear todas essas necessidades para que sejam transformadas em

políticas públicas requer um trabalho minucioso e organizado, que se inicia por meio da FADESP. "Nos sentimos muito honrados em ser parceiros de um projeto de tamanha magnitude e importância para o Estado, uma vez que o PLP2050 define muito do futuro do Pará e, atuar como a Fundação que gesta a parte financeira e administrativa do projeto, só evidencia o caráter dinâmico e multifacetado da FADESP, uma Instituição com 45 anos de existência e que se pauta pela transparência e eficiência", afirma o diretor executivo da FADESP, Roberto Ferraz Barreto.

Para esse trabalho de campo, a FADESP reúne uma grande equipe multidisciplinar formada por professores e bolsistas de praticamente todos os institutos da UFPA coordenada pelo professor Josep Pont Vidal. Ele explica que o trabalho realizado pela FADESP está no terceiro mês e que já foram feitos os primeiros relatórios de construção e matrizes de cenários, e demandas regionais, em entrevistas feitas com as fontes primárias e secundárias. A partir de todos os diferentes relatórios entregues será concebido o Plano Pará Estratégico para longo prazo.

"Dentro do Plano constam seis audiências públicas e consultas públicas. Este processo participativo se organizará nas doze regiões de integração, organizados a partir de eixos de trabalho. Está sendo enviado um questionário e simultaneamente se realizam entrevistas com as organizações públicas do Pará, prefeituras e organizações das sociedades civil organizada e do setor empresarial. Iniciamos um diálogo que precisa, sobretudo, uma atitude de compreensão e humildade por parte de todos, e capacidade de abertura frente a novas ideias, novas demandas, novas formas de agir e de pensar o mundo. E de pensar o mundo a partir da complexidade. Estamos num mundo com desafios, com incertezas, com contingências e isso requer uma abertura cognitiva e uma abertura que cada um deve tentar sair da sua zona de conforto. Isto é,

fazer um esforço para compreender as pessoas e compreender as entidades e as diversas inquietudes regionais do estado do Pará. É um trabalho de integração, pensado desde a base, de transparência, de comunicação, de informação, de formação e de criar uma semente para intentar a abrir novas formas de pensar, de agir, de se comunicar, de se informar e de perseguir de forma mais tolerante, mais aberta e democrática, diferente dos pontos de vista", pontuou Vidal. A concepção do PARÁ 2050 é de um plano de longo prazo, que se traduza em melhoria dos indicadores sociais, econômicos e ambientais até 2050, mas que já inicie as transformações no presente. "Principalmente as relacionadas a situações que dependam de maior articulação entre os entes públicos e privados que estarão lado a lado nesse processo inicial de construção e também que já se reflita a curto e médio prazo em iniciativas articuladas entre as esferas de governo, potencializando as ações hoje já desenvolvidas", explica Elieth Braga.

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Elieth Braga foto: Ascom Seplad e Secom Josep Pont Vidal foto: Paulo Castro

Reconstrução e ampliação do saber científico

Quando foi eleito uma das dez maiores personalidades da Ciência brasileira, pela Revista Nature, em 2019, o físico Ricardo Galvão ainda experienciava o dissabor de ter sido desmentido e desligado da presidência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), ao refutar, publicamente, a informação de que a Amazônia não estava sendo desmatada: os dados afirmavam que a degradação da região (e do bioma) eram 88% maiores do que no mesmo período do ano anterior. Ao defender, com veemência, que os dados científicos eram confiáveis, a capa da 9ª edição da Revista FADESP, chamou atenção de todo o planeta para um drama que, ao fim da gestão anterior, revelou-se ainda mais grave do que o imaginado e que o colocou, lado a lado, com Greta Thunberg, Victoria Kaspi e Sandra Diáz – figuras de extremo renome na pesquisa e preservação do meio ambiente. Já em novembro de 2022, ao ser convidado para compor a equipe de transição de governo, Galvão seria alçado ao maior cargo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, ao qual seu presidente se refere como “a casa do cientista brasileiro”. Em entrevista presencial, ocorrida na sede da Instituição, em Brasília, em que esteve muito à vontade, Ricardo Galvão esmiuçou os desejos e pilares de sua gestão, falou sobre a educação científica para o cidadão comum e sobre sua paixão por abelhas.

REVISTA FADESP: Presidente, antes de iniciarmos essa entrevista, quero parabenizar-lhe. É muito revigorante que o senhor esteja à frente do CNPq. Sei que o senhor também esteve na equipe de transição, mas queria começar por aí: como veio o convite? Qual foi seu sentimento diante dele?

Ricardo Galvão: Como bem disseste, estive na equipe de transição, quando foi possível fazer um diagnóstico bem detalhado – não com todas as informações que queríamos, mas suficientemente detalhado da situação da Ciência & Tecnologia brasileiras no governo anterior. Tínhamos diferentes subgrupos de trabalho [ele refere-se ao período de transição, especificamente da área de C&T] e, por acaso, eu não fiquei no subgrupo do CNPq, que foi liderado

por um ex-presidente [da Instituição], mas deu para ter uma noção muito boa de todo o desmonte promovido no sistema nacional de Ciência e Tecnologia pelo antigo governo. Eu não esperava por isso, não esperava ser convidado para a presidência do CNPq. Sendo bem honesto, devido aos grupos que participei, esperava que fosse [convidado] para a Agência Espacial Brasileira ou para a Comissão Nacional de Energia Nuclear. Foi uma surpresa quando o atual Secretário Executivo [Luis Fernandes] me ligou perguntando: “professor, para onde o senhor quer ir? E antes que responda, o senhor aceita ir para o CNPq? ”. [Ele ri e continua] Foi uma surpresa e tive que esperar um pouco, afinal, tratase de uma instituição muito grande,

é a casa do cientista brasileiro. Muito do avanço do Brasil, dos estados do Norte, depende, fundamentalmente do CNPq. Pensei um pouco, fiz uma análise e jamais fugiria desse convite, e eles me deram razão, é claro. Sem falsa modéstia, sabia ter certa visibilidade e foi o farto argumento deles, porque teria um grande significado simbólico, comparando o anterior com o governo atual. Resolvi aceitar, com o compromisso de que eu teria certa liberdade – e foi toda a que eu queria – e na indicação de meus diretores...

Revista FADESP: ...além de ter de vir pra Brasília.

Ricardo Galvão: Além de ter de vir pra Brasília! Não que eu não goste

12 ENTREVISTA CAPA

daqui, mas já nos dois últimos dois anos, próximo da aposentadoria, e durante a pandemia, eu já estava trabalhando em casa, no meu pequeno sítio. Tinha feito planos com minha esposa de trabalhar em uma cidade pequena e foi uma mudança bem grande. Mas aceitei, estou aqui e para felicidade minha, quando entrei no CNPq, o desmonte aqui não foi como no restante da Ciência & Tecnologia. Tenho que prestar um tributo ao presidente anterior, o professor Evaldo [Ferreira Vilela] , que soube manter a Instituição, os servidores, que são muito qualificados, embora tenha havido uma redução drástica no quadro de pessoal – em dez anos, passou de 700 para 340 [servidores], ou seja, menos da metade. Mas o essencial do CNPq foi mantido e fiquei muito entusiasmado quando entrei e me emocionei muito em meu primeiro dia, ao conversar com alguns – muitos dos quais, eu já conhecia, em razão das relações que sempre tive. Estou muito esperançoso que possamos fazer muitas coisas!

Revista FADESP: Quais são seus pilares nessa reconstrução, professor?

Ricardo Galvão: É claro que com o que ocorreu no governo passado, criou-se uma expectativa muito grande na comunidade científica de nós mudarmos de rumo. Durante o período de transição, nós recebemos muitas propostas da comunidade científica, da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, dentre tantos outros. Então, quando assumi, compilei várias: da comunidade, minhas e das que vieram da transição. Minha primeira preocupação era ter uma diretoria sólida e competente – estou muito satisfeito: são quatro diretores,

advindos dos melhores quadros. Claro que junto com a diretoria, faremos mais propostas para implementação do CNPq – que precisam ainda ser aprovadas pelo Conselho Deliberativo. A primeira é que nós consigamos aumentar fortemente os investimentos e fomento à pesquisa e manutenção. No CNPq, nos últimos dez anos, houve um aumento na separação entre os recursos destinados a bolsas e os para projetos de pesquisa. Foi uma contingência orçamentária proposital, mas hoje, por exemplo, nós gastamos 90% de nosso recurso com bolsas e só 10% em investimento, inclusive em manutenção. De que adiantará, por exemplo, ter recursos para bolsas e não ter para laboratórios, projetos? Na Amazônia, especialmente. Este ano, já teremos de elaborar o Plano Plurianual e a PLOA, projeto de lei orçamentária

anual, então já queremos fazer esse esforço para aumentar os recursos em investimentos – com valores mais altos. Isso estamos articulando com a FINEP, que é quem gere o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Essa é uma das prioridades. A outra é que consigamos diminuir as questões de disparidade de gênero, raça e distribuição territorial. No que diz respeito a gênero, não estamos mal. As mulheres estão mais presentes nas bolsas de iniciação científica que os homens, mas nas bolsas de produtividade e pesquisa, que são mais avançadas, ainda são só 35%. Claro que isso representa e reverte uma questão histórica, mas, ao longo do tempo, esperamos que as mulheres aumentem substancialmente sua participação, tanto em número, como >>>

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ENTREVISTA CAPA

na liderança de projetos de pesquisa. A questão racial é mais difícil, pois não temos uma longa série histórica de dados. No entanto, estamos estudando uma maneira de fazer isso de maneira mais assertiva e que atenda a questões de qualidades na pesquisa. E tem também a questão de distribuição territorial – que possamos dar prioridade para regiões em que há menos presença, como a própria Amazônia, ou o Centro - Oeste.

Revista FADESP: O senhor poderia detalhar os investimentos para o Norte e a Amazônia?

Ricardo Galvão: Nós não temos os números ainda, mas houve inúmeras demandas. O professor Ennio Candotti [ex-presidente da SBPC] está há muitos anos em Manaus, acompanhando inúmeros projetos na região amazônica e a Fundação de Amparo local não consegue dar conta de todas as demandas – por isso, precisamos dar um pouquinho mais de prioridade para lá. Há também demandas no Centro-Oeste. Ainda estamos realizando estudos, para que possamos levantar tudo com cuidado. Finalmente, queremos implementar muito fortemente as cooperações internacionais e com as Fundações de Amparo à Pesquisa dos estados. Sabes que há um projeto, Amazônia +10, que é coordenado pela FAPESP, de São Paulo, mas há quase vinte Fundações de Amparo, de todos os estados brasileiros, colocando recursos para projetos na região. O CNPq ainda não participa disso e quero muito que entremos! Uma coisa importantíssima para sua região, que foi debatida na transição, e aceita pelo governo é que criássemos, dentro do Ministério de Ciência Tecnologia & Inovação, uma Subsecretaria para a Amazônia. Queremos implementar chamadas especiais para desenvolvimento sustentável e combater a fome na região amazônica. São intenções e tudo depende dos acordos com parceiros, recursos, assim por diante.

Revista FADESP: Quando se fala em desmatamento da Amazônia, talvez o grande público não se aperceba que

estamos falando também de manter a floresta em pé, mas falamos da sobrevivência do amazônida, dos povos tradicionais, quilombolas, caboclos. A tragédia dos Yanomami trouxe novamente luz a um tema sensível,

que é a proteção e preservação dessa ancestralidade. Como o senhor reagiu a essa notícia? É possível mensurar o prejuízo causado à região e ao bioma? Como enxerga o futuro da Amazônia, professor?

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Ricardo Galvão: A mensuração exata é muito difícil. A visita do presidente na região, juntamente com a ministra Marina Silva, teve um imenso significado simbólico! Estive esta semana conversando com a presidente do CNR [Consiglio Nazionale delle Ricerche], que é o equivalente ao CNPq italiano. Ela veio falar comigo e estava entusiasmadíssima com a possibilidade de trabalhar conosco em projetos na Amazônia. Há um ditado muito bom, em italiano, que diz tra il dire e il fare c'è di mezzo il mare e que significa “entre o falar e o fazer, há um mar no meio”. Temos de passar do discurso para as ações específicas. Tenho esperanças, mas há que se ter objetividade também. Espero que a vigilância na Amazônia seja intensificada. Na região, há 29 grupos criminosos atuando fortemente, inclusive através das fronteiras. Há que se ter vontade de trabalhar e competência. Repito que tenho muita esperança de que conseguiremos coibir e ter, como bem disseste, políticas assertivas para o desenvolvimento sustentável e que atenda aos povos amazônicos. Há projetos do professor Carlos Nobre [Amazônia 4.0] , do INPA, de Manaus, do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém, e de outras instituições. A professora Ima Vieira tem projetos importantíssimos. Precisamos fazer uma articulação – há muitas boas iniciativas, que carecem de ser melhor articuladas. Muita gente acaba se repetindo, sem articular ações que permitam maior fôlego. Sem isso, é difícil progredir e atender os amazônidas. O principal pra mim é a civilidade republicana em benefício da Amazônia.

Revista FADESP: A pandemia fez com que o tema Ciência fosse discutido nas camadas que, em tese, estão mais distantes dela e percebo que houve um enorme esforço da comunidade científica em simplificar, traduzir questões que eram imprescindíveis. Tomando esse viés como um norteador, qual sua avaliação sobre esse tema e como diminuir, cada vez mais, a distância que separa a população do fazer científico?

Ricardo Galvão: Essa é uma pergunta importantíssima! Temos um problema seríssimo que, embora seja um chavão, há que se reconhecer: o nível educacional da população brasileira é baixo, principalmente, em Ciências da Natureza – o que dificulta um pouco a comunicação. Nós fizemos um documento, assinando-o, com compromisso de melhorar a alfabetização científica da população brasileira. O cidadão comum precisa ter uma educação científica básica mínima para que possa discernir a respeito das políticas públicas que lhe são apresentadas. Esse nível é baixo – e não é só no Brasil. Esse índice tem caído nos Estados Unidos e mesmo em regiões da Europa. Parte disso deve-se às redes sociais, que têm méritos, mas despertaram na sociedade uma ansiedade muito grande por ter respostas rápidas e não-complexas. Na Ciência, precisamos ser mais profundos. A comunidade científica – e essa é uma preocupação nossa – precisa atuar melhor nas redes sociais, cuidando para que esse negacionismo científico intencional não vença, já que ele vai ao encontro do que as pessoas querem acreditar. Se uma pessoa acha que a queimada na Amazônia em nada interfere na vida dele e ele recebe uma notícia nesse

sentido, ele vai acreditar. Há que se trabalhar melhor na comunicação científica e nas redes sociais.

Revista FADESP: Falando em redes sociais, o senhor se define, em sua minibiografia do twitter , como cientista, apicultor, avô. Eu desconhecia esse seu lado de amante das abelhas. Como ele nasceu em sua vida?

Ricardo Galvão: É uma história interessante e devo-a ao meu pai, que ao se aposentar, passou a trabalhar em uma empresa como eletricista. Quando a empresa faliu, ele ficou bem desesperado. Morando em Niterói, ele e minha mãe fizeram curso para apicultor... e deixaram de ser depois da primeira picada de abelha! [ele ri] Desde criança, sempre gostei muito do campo e eu visitava muito o sítio do meu avô, em Botucatu. Meu fascínio pelas abelhas devese, não somente às propriedades farmacológicas, incríveis, mas à sua complexa organização social. Aquilo me encantava muito! Quando fui morar em São José dos Campos, em 1982, quis comprar uma pequena propriedade na Serra do Mar e quis preservar ao máximo e como faria isso? Por meios das abelhas. Por incrível que pareça, as primeiras picadas me fizeram apaixonar por elas!

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CENSIPAM é nova apoiada da FADESP

A Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) é a Fundação de Apoio do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM). O órgão faz parte do Ministério da Defesa e passa a ser a oitava instituição apoiada pela FADESP, além da Universidade Federal do Pará (UFPA, Instituição-mãe da Fundação), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Instituto Federal do Pará (IFPA), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Embrapa – Amazônia Oriental e Instituto Evandro Chagas (IEC).

O CENSIPAM atua na proteção, preservação e desenvolvimento da Amazônia Legal, por meio das ações de governo. Criado em 2002, o órgão integra o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), que, por sua vez, foi uma iniciativa do Governo Federal, que equipou a região com tecnologia de ponta, capaz de aperfeiçoar o monitoramento local, com destaque às aeronaves de sensoriamento remoto, estação e radares meteorológicos, plataforma de coleta de dados dos rios, equipamentos de comunicação, dentre outros instrumentos.

Hélcio Vieira Junior, diretor operacional do CENSIPAM, ressalta que

o principal papel do órgão na questão ambiental é qualificar os dados, promovendo a integração entre as diversas fontes de informação. “Hoje o CENSIPAM atua como produtor de conhecimento, uma ferramenta de inteligência ambiental disponível para atendimento de demandas dos mais diversos órgãos. Sua produção está estruturada ao redor dos eixos de meteorologia, hidrologia, monitoramento de crimes ambientais, incluindo desmatamento e queimadas, além de apoio às operações em campo, conduzidas por parceiros, no fornecimento de análises detalhadas da situação e dos crimes em andamento”, afirmou.

O CENSIPAM foi designado como ICT (Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação), necessitando do apoio externo. “Após um detalhado e rigoroso processo de seleção, o Centro escolheu duas fundações para celebração de parcerias, e a FADESP foi uma delas. Essa parceria tem o potencial de facilitar, em muito, a pesquisa científica e tecnológica, assim como a inovação. Com isso, quem sai ganhando é, principalmente, a população da região norte do Brasil, que contará com mais serviços e produtos ofertados por esse Centro Gestor e Operacional do SIPAM”, finalizou Hélcio Vieira.

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NOVA APOIADA Por Brena Marques Fotos: divulgação Hélcio Vieira Junior

Conheça algumas áreas de atuação do CENSIPAM:

• Meteorologia

Sendo o maior operador de radares meteorológicos do Brasil e contando com diversas estações meteorológicas de superfície, o Centro entrega previsões do tempo e de clima para toda a região amazônica. O mais novo produto meteorológico (ainda em desenvolvimento) é a previsão de tempo de curtíssimo prazo (até 4 horas) que possui altíssima precisão. Esse produto será disponibilizado inicialmente para a região amazônica em 2023 e, posteriormente, para todo o Brasil.

• Hidrologia

O conhecimento sobre os rios da Amazônia é vital para a logística e saúde da população. Para tanto, o CENSIPAM criou o sistema SipamHidro, plataforma web, baseada em uma arquitetura de serviços aberta e capaz de integrar dados, gerar informações e conhecimentos, visando monitorar, além de prognosticar Riscos de Natureza Hidrometeorológica.

O SipamHidro monitora eventos de inundação, tempestade, alagamento e descargas atmosféricas durante o período de cheia; e eventos de navegação, isolamento de comunidades e níveis de reservatórios das usinas hidroelétricas durante o período de estiagem.

• Painel do Fogo

Ferramenta criada a partir das necessidades levantadas por unidades de combate a incêndios. Permite, em um único ambiente web, a visualização, em tempo quase real, dos eventos individuais de fogo (EIF), assim como a caracterização desses eventos. Disponibiliza, também, uma ferramenta de apoio à decisão multicritério que prioriza os EIF, de forma a permitir o uso otimizado dos recursos disponíveis de combate ao fogo.

• Sipam-Sar

Sistema cujo objetivo é emitir alertas de desmatamento em quaisquer condições climáticas. Os demais sistemas de alertas disponíveis no Brasil são dependentes de sensores ópticos e, em condições de presença de nuvens, não conseguem identificar um desmatamento.

• Apoio às operações

O CENSIPAM criou também a metodologia de Localização de Garimpos (LOGAR), bem como de pistas de pouso (LOPIS). Esses ativos de Inteligência Tecnológica são utilizados para detectar, identificar, analisar e monitorar as atividades de extração mineral ilegal e de campos de pouso irregulares, possibilitando um direcionamento para o combate às atividades ilícitas na Amazônia Legal. Essa atividade é realizada usando-se técnicas de análise de imagens de satélites e cruzamento de dados de outros órgãos governamentais. Após a consolidação do relatório, as informações sobre os garimpos ilegais e pistas de pouso clandestinas são encaminhadas aos órgãos parceiros, como a Polícia Federal, por exemplo.

/ wikipedia
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foto: Jason Auch
foto: freepik
foto: freepik

A Revolução da Educação

Parte Final

Na terceira (e última) matéria sobre a interiorização da Educação Superior, a Revista FADESP aborda o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI, que intensificou o processo, transformando em realidade a educação superior e pública nos municípios mais distantes da capital.

Levar a educação superior pública para fora das capitais e regiões metropolitanas, qualificando cada vez mais pessoas - foi com esse objetivo que foi iniciado o processo de interiorização na região amazônica e que foi expandido e consolidado com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Se no Pará, hoje, os estudantes podem contar com 12 campi da Universidade Federal do Pará (UFPA), além de outras opções como a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), isso foi fruto de um trabalho iniciado há décadas.

Instituído pelo governo federal em 2007, o REUNI visava a permanência de estudantes, a promoção de inovações pedagógicas, diminuição das desigualdades sociais no país, dentre outras. “Foi, nas últimas décadas, o plano mais importante para a reestruturação, contratação de docentes, técnicos administrativos, ampliação e estrutura de campi, equipamentos, etc. Foi a partir de 2007 que os campi começaram a ter estrutura de campus

fisicamente e em número de professores”, comenta o Gilmar Pereira, vice-reitor da UFPA e ex-coordenador do campus de Cametá, na região Nordeste do Pará.

Gilmar Pereira esteve à frente do campus de Cametá entre 2005 e 2012, quando acompanhou toda a movimentação, desde as discussões para a implantação do REUNI aos im-

pactos que o programa trouxe. Para ter ideia do que as ações do programa representaram, o quadro de docentes e técnico-administrativos deu um salto de dez docentes e três técnicos administrativos, até 2007, para 75 docentes e 21 técnico-administrativos em 2015, naquele campus. “Praticamente triplicou o número de ofertas de vagas. O grande impacto foi senti-

MEMÓRIA INTERIORIZAÇÃO Por Flávia Ribeiro Fotos: divulgação
Gilmar Pereira, vice-reitor da UFPA.
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Universidade Federal do Pará foto: Acervo UFPA

do nos municípios fora da região metropolitana, culminando com a criação da UNIFESSPA e da UFOPA”, analisa. Ao ser instituído, o programa impunha regras e contrapartidas para a adesão pelas universidades. O que provocou questionamentos, preconceitos e críticas acerca da capacidade de atendimento das demandas. O professor relembra que foi feito um desenho da quantidade de faculdades, cursos, professores, dentre outros. “Houve um amplo debate, quando foi evidenciado que nós, do interior, já cumpríamos as regras do REUNI. O saldo foi positivo. Os campi são verdadeiras universidades, com mestrado e doutorado, algo que ninguém acreditaria na época que poderia acontecer porque naquele momento a estrutura era muito limitada. O Reuni foi um grande carro chefe de expansão”, destaca o vice-reitor.

Apesar de todas as mudanças trazidas, o professor ressalta que, a partir de 2016, o REUNI começou a ser fragilizado. “O teto de gastos impôs uma política muito prejudicial. O governo anterior também promoveu uma pauta de política e costumes que cerceou a expansão do pensamento e impôs uma visão muito limitante na forma de fazer ciência, que foi tratada como inimiga do Estado”, falou Pereira, referindo-se à gestão passada do governo federal.

Passadas algumas décadas, ele pontua a necessidade de uma política de avaliação do que foi a interiorização na Amazônia e de como a região foi transformada por meio de ações voltadas para a educação. “É uma sensação forte de dever cumprido e de gratidão. Eu me sinto muito feliz de ser membro do Conselho Universitário (UFPA), de defender a ciência como política de desenvolvimento para a região e para o Estado. O número de professores que formamos, que formaram novos alunos... Isso tudo não tem preço!” afirmou Gilmar Pereira.

INTERIORIZAÇÃO

As primeiras ações voltadas para a interiorização das atividades das universidades da Amazônia brasileira foram realizadas no fim da década de 1960, por meio das ações extensionistas dos Centros Rurais Universitários de Treinamento e Ações Comunitárias (CRUTACs). Já na década de 1970, as universidades da Região Norte e Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para a Formação Profissional (Cenafor), ofertaram cursos de Licenciaturas Curtas e Plenas no interior da Amazônia.

O 1º Projeto de Interiorização da UFPA foi implantado entre 1986 e 1989. Nesse período, todas as uni -

versidades da Amazônia estavam localizadas nas capitais dos estados, o que quase impossibilitava o acesso de quem morava em municípios mais afastados e não tinha condições de se deslocar.

Coube à Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) a responsabilidade de mediar e executar alguns contratos, principalmente os relacionados à aquisição de equipamentos, passagens fluviais, etc. “A Fadesp teve uma atuação importante na construção de prédios, na contratação de professores, no pontapé inicial entre 93 e 97. Foi uma atuação importante na interiorização, mas indireta no REUNI”, recordou Pereira.

19 foto: Ascom/Ufopa foto: Patrício Rocha (Ascom / Unifesspa)
UNIFESSPA, unidade Marabá. UFOPA, campus Rondon.

Esse foi o mote da campanha de aniversário da FADESP, que teve como peça central um vídeo publicitário exaltando a missão e importância da Fundação para a Região Norte. A campanha também ganhou painéis no Aeroporto Internacional de Belém, dando boas-vindas aos que chegavam à capital paraense. O objetivo da campanha foi dialogar com todos os públicos, mostrando que a Fundação está próxima da sociedade, expressando a força dos amazônidas e reafirmando o compromisso com o desenvolvimento da região.

O resultado final do VT você confere acessando o QR.

5° Congresso Nacional do CONFIES

O 5° Congresso Nacional do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (CONFIES) foi realizado nos dias 17 e 18 de novembro de 2022, em Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento promoveu debates em torno das restrições orçamentárias para Ciência e Tecnologia, o aumento da burocracia que emperra o desenvolvimento científico, entre outros temas. O congresso foi o primeiro presencial, desde o início da pandemia da Covid-19.

Revitalização prédio-sede

Com o propósito de promover mais comodidade aos colaboradores e melhor estrutura para receber pesquisadores e público em geral, foram feitos restauros no prédio-sede: revitalização da fachada e pintura externa/interna, além do redesenho do hall de entrada, com ajuste da central de atendimento.

PSE Forma Pará IFPA e UFOPA II

No dia 4 de dezembro de 2022, a FADESP conduziu a prova do Processo Seletivo Especial (PSE) 2023, do Instituto Federal do Pará (IFPA) e Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Mais de 4 mil candidatos, distribuídos em 10 municípios, concorreram a 460 vagas. O curso mais concorrido foi Direito/UFOPA (Almeirim), com mais de 750 inscritos, seguido por Administração/IFPA, em Oriximiná, com 564 candidatos. Em terceiro, esteve o curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, em Vigia, com 481.

Candidatos

realizam prova

do Concurso Público de Parauapebas

Mais de 42 mil candidatos: esse foi o total de inscritos para o Concurso Público da Prefeitura Municipal de Parauapebas. O certame, que ofertou 347 cargos para níveis médio e superior, realizou sua primeira etapa no dia 11 de dezembro de 2022 (nos dois turnos), para os cargos de professor, agente de trânsito e transporte, agente de combate às endemias, eletricista, fiscal de urbanismo, instrutor de Informática, técnico de laboratório, técnico de radiologia, técnico em edificações e técnico em segurança no trabalho.

A segunda etapa foi realizada no dia 18 de dezembro de 2022, em 22 escolas, para cargo de Agente Comunitário de Saúde. A FADESP, banca responsável pelo elaboração e execução do certame, publicará os resultados no portal, confira: www.portalfadesp.org.br.

Concurso Público de Rondon do Pará

A FADESP realizou o Concurso Público da Prefeitura Municipal de Rondon do Pará, no dia 15 de janeiro de 2023. Foram quase 3 mil inscritos concorrendo a 77 vagas (cargos da prefeitura, dentre eles para professores, servente e motorista). O certame foi realizado em 7 escolas do município, pelo turno da manhã (para o nível superior e fundamental completo). No turno da tarde, para nível alfabetizado. Para acompanhar as publicações e resultados, acesse: www.portalfadesp.org.br.

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INSTITUCIONAL
Na foto, representantes da FADESP no Congresso. Da esquerda para direita: o diretor executivo, Prof. Dr. Roberto Ferraz Barreto; o coordenador do setor Jurídico, Fellipe Pereira; e o coordenador do Financeiro, Marcelo Moraes.
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45 anos aproximando a Ciência da sociedade

Entrega de brinquedos

Fomentar a produção científica da Amazônia, contribuindo para o desenvolvimento da região, é a missão precípua da FADESP, além de sempre dedicar uma parte de seus esforços ao exercício da empatia e solidariedade. Portanto, ao receber o ofício da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire, localizada no bairro do Tenoné, com um pedido de brinquedos para as crianças que lá estudam, a Fundação abraçou a ideia, com o firme propósito de proporcionar um Natal diferente para muitas delas.

A coordenadora do setor de Compras da Fundação, Raquel Sousa, fez a entrega de 250 brinquedos à diretora da EMEFPF no dia 21 de dezembro e revelou ter ficado muito emocionada com o gesto.

"Realizar compras e contratar serviços com transparência e agilidade é a principal missão do Setor de Compras, mas poder participar de uma compra que envolve o universo infantil, estimulando memórias de Natal na escola, com a promoção social de doação de brinquedos, é acolhedor e estimulante. Fazer parte do time FADESP é também vivenciar momentos mágicos, proporcionando expectativa em realidade", enfatizou Raquel Sousa.

Campanha solidária arrecada alimentos para a CALF

Ainda no final do ano, a FADESP realizou mais uma campanha solidária de arrecadação de alimentos, que foram doados à Casa de Acolhimento Luz da Fraternidade – CALF, localizada no bairro da Cabanagem, em Belém.

Os quase 700 quilos de alimentos não-perecíveis e proteínas animais foram entregues pelo diretor adjunto da Fundação, Alcebíades Negrão.

Compliance Integridade

O ano de 2023 iniciou com mais novidades e um avanço significativo para a governança interna da FADESP, por meio do ciclo inicial de entrevistas para diagnóstico e implementação efetiva do programa de Compliance .

As reuniões foram realizadas com diretores e coordenadores das áreas – que, posteriormente, serão cruzadas com as entrevistas (não identificadas) de todos os colaboradores: as análises de todas identificarão vulnerabilidades em processos internos ou mesmo no ambiente de trabalho, permitindo detectar (ou evitar) e mitigar possíveis irregularidades, garantindo maior transparência e efetividade na gestão. O objetivo é analisar a situação atual da fundação, sua estrutura, contratos e relacionamentos; identificação das normas aplicáveis, e a correção de desconformidades, evitando conflitos internos e/ou externos.

A implementação do programa passará por outras etapas, seguindo cronograma ao longo dos próximos meses, com atividades de qualificação e capacitação dos colaboradores nas normas do compliance , além das avaliações individuais e coletivas de cada setor.

FADESP está no WhatsApp!

Pesquisadores, estudantes, parceiros e fornecedores têm à disposição mais um canal de comunicação com a FADESP: o WhatsApp. Com objetivo de promover mais dinamismo e agilidade no relacionamento com os clientes, a novidade faz parte do planejamento com vistas à modernização da Instituição, que completou 45 anos em novembro de 2022.

É só chamar no: (91) 4005.7440

Concurso Público do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Rondon do Pará / SAAE – 2022

O Concurso Público do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Rondon do Pará (SAAE) foi realizado no dia 29 de janeiro de 2023. Foram mais de 800 inscritos concorrendo a 34 vagas destinadas ao preenchimento de cargos do quadro de servidores: braçal, zelador, fiscal de campo, encanador de rede, ajudante de operador, ajudante de encanador, auxiliar geral, pedreiro, eletricista, auxiliar de escritório, auxiliar de administração, auxiliar de atendimento, almoxarife e assistente de administração.

A Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) foi a banca selecionada para elaboração e execução do certame, garantindo transparência e lisura a todo o processo. A aplicação da prova foi dividida em dois turnos: das 8h às 12h, nível fundamental incompleto e nível médio. Das 15h às 19h, para nível alfabetizado e nível fundamental completo.

O resultado definitivo, publicado dia 28 de fevereiro de 2023, está disponível no endereço: www.portalfadesp.org.br.

Bienal das Amazônias

O diretor executivo da FADESP, Prof. Dr. Roberto Ferraz Barreto, esteve presente no lançamento da primeira edição da Bienal das Amazônias, realizado no dia 25 de janeiro de 2023. A Fundação garantiu apoio institucional ao evento.

A capital paraense foi escolhida para promover mostras de obras dos estados e países da Amazônia Legal em diversos espaços públicos, além de museus e galerias de Belém até 2024, aprofundando o olhar sobre a produção artística da região amazônica e proporcionando essa troca entre criadores e espectadores.

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Da esquerda para a direita, o corpo curatorial da Bienal: Vânia Leal, especialista em História da Arte; Sandra Benites, curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP); Roberto Ferraz Barreto, diretor executivo da FADESP; Keyna Eleison, diretora artística do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e Lívia Conduru, diretora executiva da Bienal das Amazônias.

Processo Seletivo Público Simplificado da Prefeitura

Municipal de Novo Progresso (2022 / On-line)

A Prefeitura de Novo Progresso ofertou 358 vagas no Processo Seletivo Público Simplificado on-line . Os candidatos concorreram a vagas de níveis fundamental (completo e incompleto), médio e superior. No dia 5 de janeiro de 2023 foi publicado o resultado definitivo do certame no portal FADESP.

Desligamento e realocação do Datacenter FADESP

Prefeitura de Belém retoma Processo Seletivo Público

A FADESP anunciou retomada das atividades de execução do contrato n° 006/2020 (ref. Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal da Saúde – SESMA, e a Secretaria Municipal de Administração – SEMAD), cujo objeto é a realização do Processo Seletivo Público para seleção de candidatos para cargos de Agente Comunitário de Saúde – ACS e Agente de Combate à Endemias – ACE.

Em razão da Pandemia de Coronavírus, o certame foi suspenso (Decreto nº 95.955 – PMB, de 2020). Banca responsável pelo certame, em breve, a FADESP publicará novo cronograma: www.portalfadesp.org.br.

Gestão de TI tem

novo coordenador

Para realizar a reforma da sala que acomoda o Datacenter da FADESP - instalação física que armazena dados digitais e outros equipamentos de TI (que dão suporte às operações das empresas e organizações), foi realizada uma operação de desligamento e mudança da estrutura durante o carnaval. A equipe de TI da Fundação adotou medidas para garantir a integridade dos dados e segurança cibernéticas, além de receber consultoria especializada, especialmente designada para acompanhar o momento. Com o religamento bem-sucedido, o Data Center já está em funcionamento.

Concurso Público da Prefeitura Municipal de Oriximiná

No dia 24 de fevereiro de 2023 foi publicada a reabertura das inscrições do Concurso Público da Prefeitura Municipal de Oriximiná: 14 vagas para nível superior, 57 para médio e 1 para fundamental completo.

A prova objetiva será realizada no dia 23 abril de 2023, em dois turnos: das 8h às 12h para nível médio. Das 15h às 19h para níveis fundamental e superior.

Para acompanhar os resultados, acesse: www.portalfadesp.org.br

Armando Hage, novo coordenador de Tecnologia da Informação da FADESP, é graduado em Licenciatura Plena em Matemática (UEPA -1996), Especializado em Análise de Sistemas (UFPA-1999), Especializado em Sistemas de Banco de Dados (UFPA2003), Mestre em Engenharia Elétrica, área Computação Aplicada (PPGEE-UFPA-2007), possui Certificado (ITIL, COBIT, CSPO, Business Mentoring and Innovation/Boston-USA) e atua há 30 anos no mercado de tecnologia e também como professor Universitário.

“Assumi este novo desafio após excelentes resultados em ações e cargos anteriores, e fico feliz em afirmar que estamos indo bem. Desde o início, trabalhei em melhorar a coordenação das equipes, com um forte foco na comunicação e colaboração entre os membros. Como resultado, os números têm sido muito positivos, com melhores indicadores em diversas áreas”, conta Armando.

O novo coordenador tem experiência na área de Ciência da Computação, atuando principalmente nos temas de inteligência artificial, processamento de linguagem natural, free software, biblioteca digital e sistema de informação gerencial. Já trabalhou em grandes empresas e órgãos governamentais, como a Prefeitura Municipal de Belém (PMB), Banpará, Cobra Tecnologia (BASA), UEPA, UFPA, Stefanini It Solutions (Tribunal de Justiça do Estado do Pará), FADESP (Projeto Detran).

“Sei que há desafios pela frente, mas acreditamos que podemos superá-los juntos, com trabalho duro e colaboração. Além disso, estamos otimistas, acreditamos que as tecnologias emergentes podem nos ajudar a enfrentar desafios e alcançar novos patamares”, finaliza Armando Hage.

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