DINÂ MI C A EMPREEN D E D ORA
Máscaras harmônicas
Combinar autoconhecimento com aplicabilidade (saber sobre e saber como) leva a uma relação de alto desempenho
empreendedor | outubro 2010
As Personas, muitas vezes chamadas máscaras, são partes de nossa manifestação no ambiente organizacional, social ou familiar. São formas como desenvolvemos nossas estratégias de nos relacionarmos com o outro. Elas são integrantes de nossa identidade e definem aspectos importantes de nossa personalidade. Elas não podem ser enquadradas como boas ou más. A utilização que fazemos delas faz com que elas se tornem positivas (adequadas) ou negativas (inadequadas). É comum nos referirmos às outras pessoas ou elas se referirem a nós com expressões do tipo: “João é agressivo, nunca escuta o que se fala, é arrogante. Parece que está sempre com o nariz empinado.” “Paulo nunca se posiciona, nunca desce de cima do muro.” “Maria é muito emotiva, parece que vai derreter. Não se pode falar nada.” “Sílvia parece que tem sangue de barata, está sempre distante, não se envolve, nunca participa.” Em todos os níveis de uma organização a qualidade do trabalho que executamos está diretamente ligada à qualidade de nossas relações. Podemos dizer que o segredo do sucesso de uma organiza-
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Empresas de sensibilidade, em sintonia com a necessidade de mudanças vigentes, descobriram que sua sobrevivência exige atenção, respeito e valorização da afetividade
ção não está vinculado às “coisas” (equipamentos, tecnologia, instalações, etc.) que ela dispõe. Mas a capacidade que as pessoas têm de se relacionarem de modo positivo e sinérgico. De alguma maneira ainda estamos presos a uma crença de que ser profissional quer dizer desligar o lado emocional, limitando-se a ser racional. Como se isto fosse possível e benéfico. Essa forma-pensamento nos distancia da afetividade, qualidade que permeia as exigências do novo cenário das corporações como a criatividade, flexibilidade, trabalhos em equipe, comprometimento e motivação, além de várias outras competências necessárias à contínua competitividade das empresas. Felizmente, as empresas de sensibilidade, em sintonia com a necessidade de mudanças vigentes, começaram a descobrir que sua sobrevivência exige atenção, respeito e valorização da afetividade. Percebem que planejar não é uma ação desvinculada da emoção. A emoção é quem dá valor à ação oriunda do pensamento. Um dos caminhos para desenvolvermos a afetividade na realidade organizacional e consequentemente uma atuação de alto desempenho é reconhecendo as máscaras que desenvolvemos através de nossa história pessoal e profissional. E em seguida é nos capacitarmos para utilizar este conhecimento de forma mais produtiva de tal maneira que possa dar sustentação a uma atuação mais eficaz no ambiente de trabalho. A combinação de autoconhecimento com aplicabilidade (saber sobre e saber como) é o que podemos denominar Relação de Alto Desempenho. Esta Relação exige um trabalho permanente de autodesenvolvimento em que os indivíduos que compõem a empresa estejam preparados para facilitar a existência de um ambiente onde as pessoas tomam contato com o que possuem de mais humano: sua subjetividade e seus sentimentos. Qualidades únicas para o ser humano.
por Luiz Fernando Garcia
Consultor especialista em manejo comportamental e empreendedorismo em negócios. Fone: (48) 3334-5585 www.rendercapacitacao.com.br
Já conseguimos fazer as máquinas reproduzirem a ação humana e o pensamento. Mas nenhuma máquina é capaz de reproduzir a emoção humana. As organizações têm sido o palco da opressão e da desqualificação da afetividade, uma vez que há dois séculos são projetadas e administradas sob um modelo mecanicista e reducionista. Foram ignoradas as dimensões subjetivas, afetivas e profundas das empresas. Essa concepção restritiva que ainda predomina na maioria dos ambientes de trabalho explica a padronização da emocionalidade, a apatia, a desmotivação, o descuido e a falta de dignidade que são encontrados em muitas empresas. O modelo mecanicista leva à despersonalização das relações interpessoais, a ponto dos funcionários serem vistos como recursos e tratados em manuais administrativos. Há cegueira para o mundo intrínseco do homem e tabu ante a manifestação da emoção no ambiente de trabalho. Uma Persona rigidamente constituída nos embota o sentimento. Mas tomarmos consciência disso permitirá lidar com nossos excessos, nossas vulnerabilidades e potenciais. Desta forma, a cada passo que buscamos conhecer e reduzir os excessos de nossas máscaras, uma forma mais harmônica e equilibrada começa a se instalar no nosso dia a dia, favorecendo diretamente o relacionamento que o ser humano estabelece com a empresa na qual oferece os seus serviços ou a força de seu trabalho.