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nes ta edi ç ã o

18 | Olé

No mês em que se iniciam as Olimpíadas, a Revista Empreendedor foi atrás do que o Brasil está fazendo para que os grandes eventos desportivos que acontecerão no País nos próximos anos – Copa do Mundo e Olimpíadas, entre outros – gerem bons negócios e deixem uma boa herança para os brasileiros. Além das questões de infraestrutura, o que o Brasil está preparando para encantar, surpreender e emocionar o mundo? A sua empresa está preparada para lucrar com os megaeventos e, mais importante do que isso, continuar ganhando depois deles? Saiba como prorrogar o jogo e fazer bonito. 26 | Restaurante Friccó Proprietário espera uma melhoria do movimento, mas vê como principal benefício a herança de uma cultura de aprimoramento constante nos serviços

38 | Burocracia Longa espera

46 | Projeto de loja Top House Exclusive

Advogado fala sobre a necessidade de atualização do Código Comercial Brasileiro para se ter segurança jurídica.

Numa pesquisa sobre o tempo para abrir uma empresa, realizada pelo Banco Mundial em 183 países, o Brasil ocupa a 179ª posição. Entre os Brics, é o mais lento, uma demora de quatro meses para concluir o processo. Saiba quais medidas estão sendo tomadas para reduzir a espera.

Ao entrar na Top House Exclusive, em Florianópolis, a impressão que se tem é de estar em uma galeria de arte, combinando ambiente exclusivo para uma marca italiana e espaço próprio.

Como abordar pessoas suspeitas de furto no estabelecimento sem correr o risco de ser processado por danos morais e gastar com defesa jurídica? Confira como se prevenir dos prejuízos com furtos internos e externos. empreendedor | julho 2012

32 | Micromed Invenções inovadoras na área de medicina diagnóstica e esportiva atraem o interesse de instituições internacionais e atletas profissionais e amadores

12 | Entrevista Felipe Lückmann Fabro

34 | Varejo Furtou! E agora?

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30 | Photonita Empresa desenvolve sistemas ópticos avançados estratégicos para a segurança pública antes, durante e depois dos megaeventos desportivos

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NÃO DURMA NO PONTO banho de loja pense grande megafone empreendedorismojá.com

42 | TI Dentro da lei Ter uma estrutura de TI irregular pode trazer inúmeros prejuízos (multas e perda de dados e equipamentos por causa de vírus e outros problemas de segurança) e até mesmo obstáculos à exportação. Veja como se livrar destes riscos e as vantagens do uso de softwares legais.

50 | Perfil Lojista Eduardo Balarotti Rede de lojas de materiais de construção do Paraná, sexta maior do Brasil, investe firme na expansão em solo catarinense, atraída pelo boom imobiliário do estado.

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franquias PRODUTOS E SERVIÇOS leitura AGENDA


edi to Ria l

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novação e criatividade são fundamentais para qualquer negócio, a qualquer época. sem elas, não há competitividade. Mas é ainda mais crucial diante de megaeventos desportivos, principalmente a copa do Mundo da fifa 2014 e as Olimpíadas do rio em 2016, que atrairão milhares de turistas e a atenção de todo o mundo, mobilizando a circulação de investimentos públicos e privados que devem deixar um legado favorável à sociedade e aos negócios. são milhares de oportunidades, e é preciso estar preparado para aproveitá-las, lucrando não apenas durante os eventos mas também depois. E quem estiver pronto vai colher vitórias antes mesmo dos jogos começarem. Com o aumento significativo da demanda garantido, não há momento melhor – e mais necessário – para se investir em inovação. Para dar um olé na concorrência e ganhar clientes, é preciso desenvolver e aplicar tecnologias que acelerem os processos sem que haja perda de qualidade – e que preferencialmente levem a uma melhoria dos produtos e serviços. isso vale tanto para as empresas quanto para a organização dos eventos e a infraestrutura voltada a eles. E o poder público brasileiro também não pode perder esta oportunidade de fomentar negócios inovadores, criativos e rentáveis e a cultura de melhoria e inovação constante. Este é um dos objetivos do Programa 14bis, do Ministério dos Esportes, que tem como lema “como encantar, surpreender e emocionar o mundo em 2014 e 2016?”. quase dois anos após seu lançamento, no entanto, o programa mal saiu do plano de voo e corre o risco de não decolar. Vamos torcer para que eles tenham tempo de entrar em jogo. Quem já entrou firme na preparação é o Sebrae. Com o Programa Sebrae 2014, a instituição já colocou em treinamento 2 mil empresas e espera triplicar este número, para que os micro e pequenos empreendedores consigam participar de pelo menos 25% das oportunidades de negócio geradas pela copa. O objetivo, no entanto, vai além disso. Estimulados por estas oportunidades, os empresários devem sanar deficiências para que possam melhorar seus produtos e serviços e conquistar sustentabilidade econômica para seus negócios. não perca tempo. no próximo ano já teremos a copa das confederações. Leve seus funcionários para a concentração, inicie os treinamentos e fique aquecido para entrar no jogo quando a oportunidade surgir. Você precisa fazer bonito, pois ela pode ser única – e bilhões de pessoas estarão de olho. Alexsandro Vanin

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A Revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

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não du R M a no P o nt o

PoR Que as Pessoas não FaZeM o Que PRecisa seR Feito Todo líder, vez ou outra, se pergunta: por que as pessoas não fazem o que precisa ser feito? É comum a frustração diante das coisas que não saem conforme o combinado. Também dos subentendidos. E dos vieses entre o que foi planejado e o executado. O fato é que não são poucas as vezes que, até com certo enfado, o líder repete a mesma e renitente indagação para si mesmo: afinal, por que as pessoas não fazem o que precisa ser feito?

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Elas não podem

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“as pessoas não fazem o que precisa ser feito porque não conseguem” – esta é uma conclusão muito comum. “O que lhes falta é competência!” Destaca-se a falta de conhecimento ou de habilidade, de domínio de alguma técnica ou expertise quanto a certa aptidão. não é, porém, uma explicação muito aceitável, pois as pessoas são competentes por natureza, dotadas de múltiplas inteligências e capacidade de aprendizado. a questão é que poucos líderes conhecem o conjunto de competências dos seus colaboradores. Obstinados por resultados, eles se esquecem de prestar atenção ao que produz, de fato, resultados. com isso, perdem a grande chance de identificar o repertório de conhecimentos e habilidades de cada pessoa, e ainda mais os talentos e dons submersos, aguardando apenas uma oportunidade para se revelar. Embora a ignorância em si seja uma boa explicação para o fato das pessoas não fazerem o que tem de ser feito, essa ainda não é a melhor resposta. Existem muitas competências disponíveis e tan-


Elas não se comunicam

Comunicação costuma ser uma resposta com muitas adesões. Faça o teste. Pergunte à sua equipe qual é o problema número um da sua empresa e eles responderão sem titubear, de bate pronto: comunicação! É bem verdade que a falta de comunicação é muito comum, da mesma forma que muitos chefes costumam ter apenas duas conversas com seus subordinados: quando os admitem e quando os demitem. Nenhuma outra entre esses dois eventos. No primeiro, juras de amor de sonhos futuros; no segundo, frustração e ressentimentos. Nesses casos, comunicação é uma boa resposta à ardilosa pergunta. Conversa-se pouco nas empresas e, quando se conversa, são mais reações do que reflexões. Mas se você é um líder que se reúne habitualmente com a sua equipe, esclarece os objetivos, discute as metas, avalia os resultados, então é bem possível que não esteja aceitando de bom grado essa justificativa simplória. Então, será que a comunicação merece mesmo estar em primeiro lugar como real motivo para que as pessoas não façam o que precisa ser feito?

Elas não percebem

Não existe realidade objetiva, ou seja, algo absolutamente semelhante para todos. Cada um de nós vê o mundo à sua maneira. Até aí nenhuma novidade. O problema é que as pessoas não reagem à realidade, mas à sua imagem de realidade. Assim, agem e reagem de acordo com suas criações do que consideram ser realidade. Elas se comportam, portanto, de acordo com essas imagens, que podem ser de boa qualidade (quando se aproxi-

mam da realidade) ou de má qualidade (quando se distanciam da realidade). Por que, então, as pessoas têm percepções diferentes da mesma realidade? Porque o cristal do olho de cada uma muda em função de seu conjunto de crenças e valores. É esse conjunto de crenças e valores que está por trás das diferentes percepções individuais. É desse conjunto de crenças e valores que cada pessoa herdará a sua lente, através da qual fará uma leitura particular do mundo, para o bem ou para o mal. Portanto, o desafio do ser humano é melhorar a qualidade de sua própria percepção. Para isso, terá que fazer mudanças em seu conjunto de crenças e valores. A esse fenômeno transformador dá-se o nome de ‘metanoia’. Somente por meio da ‘metanoia’ uma pessoa conseguirá mudanças consistentes em sua percepção, ou seja, em sua forma de olhar a realidade e, em decorrência disso, em seus comportamentos. É o único jeito de garantir a ocorrência de mudanças consistentes. Esse é, portanto, o maior desafio de um líder: moldar seu próprio conjunto de crenças e valores, bem como criar condições para que o mesmo aconteça com sua equipe.

O líder é um gestor de percepções

Por não compreender isso, muitos líderes atuam apenas sobre o comportamento das pessoas. Ora punindo, quando elas agem de maneira que ele julga inadequada, ora recompensando, quando ocorre o desejado. Com isso, os líderes se limitam a dois meios: a recompensa e a punição. Adestradas assim, as pessoas respondem de maneira igualmente limitada aos desafios, restringindo suas capacidades de gerar resultados. É certo que ao líder cabe gerenciar recursos, empreender negócios e assegurar resultados. Todas essas funções serão mais bem-sucedidas se ele com-

por Roberto Adami Tranjan

Educador da Cempre Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953/www.cempre.net roberto.tranjan@cempre.net

preender seu maior desafio: ser um gestor de percepções. De si mesmo e dos outros. Isso implica que não vai recorrer às recompensas e às punições, método tradicional para induzir as pessoas a fazer o que se espera delas. Antes, como um bom líder educador, atuará no conjunto de crenças e valores de cada pessoa. É aí que ocorre a verdadeira mudança. Na verdade, as pessoas se comprometem com aquilo em que acreditam e dão valor, não com algo que não compreendem nem tem significado para elas. Comprometimento é a energia psíquica e emocional capaz de motivá-las a fazer o que precisa ser feito. Uma vez comprometidas, elas abrem seus ouvidos àquilo que está sendo comunicado. Uma vez comprometidas, buscam aprender aquilo que é necessário para se tornarem ainda mais competentes. Por isso, antes de se ressentir porque seus colaboradores não fazem o que precisa ser feito, assuma seu principal desafio como líder: ser um gestor de percepções. Com uma nova e aberta mentalidade. Fruto da metanoia.

As pessoas se comprometem com aquilo em que acreditam e dão valor, não com algo que não compreendem nem tem significado para elas. Comprometimento é a energia psíquica e emocional capaz de motivá-las a fazer o que precisa ser feito

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tas outras ainda potenciais. Então, o que explica o fato das pessoas não fazerem o que precisa ser feito?

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entRevi s ta por Cléia Schmitz cleia@empreendedor.com.br

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Felipe Lückmann Fabro

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lei PRóPRia

Relação comercial precisa ter princípios e regras específicas para que se tenha segurança jurídica no País

Está em tramitação desde março passado na Câmara dos Deputados o projeto de lei que propõe a criação de um novo Código Comercial Brasileiro (PL 1572/11). O objetivo é sistematizar e atualizar a legislação que trata especificamente sobre as relações entre pessoas jurídicas. Hoje, quem cumpre esta função é o novo Código Civil Brasileiro, promulgado em 2003. Mas, para muitos especialistas, o direito comercial e o direito civil são duas áreas distintas e a falta de um Código Comercial dificulta as transações comerciais, traz insegurança jurídica e compromete o desempenho econômico dos negócios brasileiros. A proposta, levada à Câmara dos Deputados pelo parlamentar Vicente Cândido, foi formulada por um grupo de juristas comandado pelo professor Fábio ulhoa, autor do livro O futuro do direito comercial. Entre eles, o advogado Felipe Lückmann Fabro. Na entrevista a seguir, Fabro explica a importância do Código Comercial e destaca as implicações que a sua falta traz às empresas. “As relações comerciais precisam ter princípios e regras próprias. Hoje, o empresário faz um contrato e não tem certeza nenhuma de que vai ser cumprido porque eles são constantemente revistos pela Justiça”, explica Fabro. O texto do projeto de lei já conta com cinco livros e mais de 670 artigos. “É um assunto que deve ficar um bom tempo na pauta da Câmara. Mas eu espero que menos que o Código Civil, que levou 27 anos para ser aprovado. Como o projeto de lei está numa Comissão Especial, a tendência é que seja mais rápido porque não pula de comissão em comissão. Quando a Comissão Especial aprová-lo, a decisão vai direto para o Plenário”, explica Fabro.


Por quê? Fabro – Primeiro para simplificar a vida das empresas. Hoje, um empresário que queira, por exemplo, registrar o nome da empresa, terá que percorrer os 27 estados da federação e apresentar requerimentos com normas e prazos diferentes em cada um deles. A proposta do novo Código é fazer um único registro. Também queremos simplificar a vida das sociedades limitadas. A legislação atual acabou criando quóruns e exigências iguais para uma padaria da esquina e para empresas do tamanho e complexidade da Vale, por exemplo. Por conta disso, o microempresário acaba muitas vezes vivendo na informalidade. Como em geral ele não dispõe de uma assessoria jurídica, não consegue acompanhar as exigências da lei. Por exemplo: o dono da padaria decide comprar o terreno do lado de seu estabelecimento. A lei diz que, dependendo do regime de casamento, ele tem que pedir autorização da esposa e fazer uma ata registrando a deliberação de compra do terreno. Todo empresário faz isso? Acreditamos que não. A complexidade acaba criando desconhecimento e muitas situações de ilegalidade. Outro argumento em defesa do novo Código Comercial é de que a atual legislação gera insegurança jurídica. Por quê? Fabro – O empresário hoje faz um contrato e não tem garantia de que ele vai ser cumprido pelas outras partes. Isso porque com a atual legislação o juiz pode interpretar que houve, por exemplo, uma

Queremos resgatar a função social da empresa que é fomentar negócios e gerar empregos mudança de cenário e que por conta disso o outro empresário não tem mais a obrigação de cumprir o contrato. O novo Código Comercial quer limitar a interferência do Poder Judiciário, fazendo cumprir os contratos dentro dos princípios normais de uma relação comercial. Com isso, queremos resgatar a função social da empresa que é fomentar negócios e gerar empregos. Hoje, por conta da insegurança jurídica, o preço dos produtos e serviços vai às alturas. Por que a passagem aérea no Brasil é a mais cara do mundo? Porque as companhias não sabem se eu vou conseguir pagar. E se eles forem à Justiça vai demorar anos para receberem. Quanto maior o risco, maior o lucro. Eu estou convencido de que, quanto mais seguras forem as relações jurídicas, menores os preços. Porque o empresário sabe que vai receber, que não vai haver outra interpretação da Justiça. Onde mais o Código Civil deixa a desejar quanto às relações comerciais? Fabro – Nós precisamos atualizar a legislação para o nosso tempo, para contemplar, por exemplo, o comércio eletrônico. Quantas vezes uma empresa dá ordens de pagamento e de compra pela internet? A GM (General Motors), por exemplo, tem um programa em que ela precisa ter no estoque pelo menos 1 mil parafusos. Quando esse número cai a 999, o sistema automaticamente abre a possibilidade de compra, faz uma cotação e já emite uma ordem de compra. Nós não temos regulamentação para esse procedimento. Se eu tiver que cobrar, o e-mail não serve como um contrato. Será preciso ficar seis, sete anos discutindo judicialmente para provar que é um contrato sim. Isso ocasiona mais custos. Hoje, o Código Civil exige documento impresso, em duas vias, assinada por você, assinada por mim. Isso está fora da realidade. Atualmente, as empresas fazem tudo pela internet, mas se houver um conflito entre as partes, quem não tiver um papel e uma assinatura vai ficar no prejuízo. O Código Civil tramitou

por 27 anos e já nasceu velho em 2003. E por que não promover essas mudanças atualizando o Código Civil? Fabro – Porque entendemos que o Código Civil trata da relação entre pessoas. E, como a própria Constituição brasileira diferencia, as relações entre empresas têm regras próprias. São regras mais dinâmicas, com prazos de prescrição menores. O projeto do Código Comercial traz uma mudança no conceito de empresário. Hoje, empresário é aquele que exerce atividade econômica organizada. Nossa proposta é que só seja considerado empresário aquele que se registra. Por quê? Para tentar trazer os negócios brasileiros para a formalização. Se o empreendedor quiser ter a proteção daquele capital que ele colocou no negócio, terá que se registrar no sistema. A formalização vai garantir que ele possa pedir, por exemplo, a recuperação judicial caso o negócio não dê certo. Ou seja, se o empresário quiser gozar da proteção e dos privilégios da lei, terá que se registrar. Isso não acontece na atual legislação? Fabro – Hoje, qualquer um que exerça a atividade econômica, ainda que não tenha registro, é considerado empresário. Por isso, o novo Código cria uma distinção entre cooperativa empresarial e cooperativa não empresarial. Há muitas cooperativas que funcionam como verdadeiras empresas, mas têm uma série de dispensas de tributos. É uma concorrência desleal com o empresário que paga todos os seus impostos. Por isso, a proposta do novo Código traz a cooperativa empresarial, que vai funcionar como empresa e, portanto, vai recolher tributos em condições de igualdade com aquele que exerce a atividade de forma lucrativa, e a cooperativa não empresarial, que vai continuar no registro civil de pessoa jurídica.

LINHA DIRETA Felipe Lückmann Fabro: (48) 3212-0400 www.gasparino.adv.br

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Quais são os principais argumentos em defesa da criação de um Código Comercial Brasileiro? Felipe Lückmann Fabro – O Código Comercial serve exclusivamente para disciplinar e regulamentar as relações entre empresas. É importante dizer que ele não interfere nas áreas trabalhista, tributária e relacionadas ao consumidor. Há uma grande discussão em torno da sua criação porque muitos juristas defendem que o Código Civil unificou o Código Comercial e, portanto, cumpre a sua função. Mas nós, que estamos trabalhando na formulação da nova lei, acreditamos que a relação comercial precisa ter princípios e regras próprias.

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eMPRee nded o R es

Clara Rejane Scholles – Pratical One

ideia PRoMissoRa com mais de 25 anos de experiência na área de logística, a administradora clara rejane scholles comanda desde o ano passado a Pratical One, desenvolvedora de soluções integradas para o segmento de transporte e distribuição de cargas. a empresa está instalada no Midi Tecnológico, incubadora de florianópolis mantida pelo sebraesc e gerenciada pela associação catarinense de Tecnologia (acate). E logo em seu primeiro ano de vida recebeu r$ 50 mil do Programa sinapse da inovação, desenvolvido pela fundação de amparo à Pesquisa e inovação de santa catarina (fapesc). “Ver o seu plano de negócio ser escolhido entre os 100 melhores de 1.175 ideias é ver uma etapa do seu empreendimento dando certo”, afirma Clara, CEO da Pratical One. a empresa desenvolve soluções que reduzem tempo e custo operacional dos transportadores e operadores logísticos. Em sua linha de serviços destaca-se um software arrojado que envolve toda a cadeia logística – do armador ao agente de cargas. Os recursos do sinapse da inovação serão aplicados no aprimoramento do software, desenvolvimento de ações de marketing digital e para a prospecção de novos clientes. “queremos que a Pratical One gere retornos adequados aos seus acionistas e que seja sustentável ao longo do tempo”, explica clara, que garante: “Vamos preparar a Pratical One para se tornar uma empresa com diferencial competitivo, que seja referência na área de Ti para a logística no brasil”.

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www.praticalone.com.br

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Marcus Vinicius Andrade – ICTQ

Reação eM cadeia

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Aos 25 anos, o empresário mato-grossense Marcus Vinicius Andrade teve que pedir dinheiro ao pai para abrir seu próprio negócio. Em pouco tempo, fez valer cada centavo do investimento. Ao completar três anos, o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade Industrial (ICTQ) é visto como uma referência em cursos de formação profissional com foco exclusivo no mercado farmacêutico. Em seu quadro de professores há nomes ligados a instituições e empresas de consultoria renomadas como Universidade de São Paulo (USP), Fiocruz, HSV Consultores e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O ICTQ mantém a sede em Anápolis (GO), cidade onde foi criado em 2008, além de escritórios em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro, principais polos farmoquímicos do Brasil. São 180 colaboradores, entre diretos e indiretos. “Nos adaptamos ao mercado de tal modo que nossos cursos são a visão e a concepção de profissionais que estão dentro da indústria farmacêutica”, garante Andrade, formado em administração de empresas. Segundo o empresário, o instituto está sempre ouvindo alunos e professores, um trabalho que tem feito muita diferença para o negócio. “Conseguimos aproveitar informações para alavancar o crescimento e o conceito da entidade”, afirma. “No caso de críticas, respondemos uma a uma. Essa fórmula ajuda em nosso desenvolvimento profissional e, claro, na observação das necessidades dos técnicos e executivos que nos procuram. São comuns os alunos que trazem amigos e colegas de trabalho para estudar conosco. Desenvolvemos uma reação em cadeia”, diz Andrade. Entre 2009 e 2011, o número de matrículas do ICTQ triplicou. www.ictq.com.br

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empr eended o r es

Vivian Tempel Wroclawski e Tânia Karine Kuaye – Lebeh

Roupas com história

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Que tal vestir-se bem fazendo o bem? Com este slogan as empresárias e amigas Vivian Tempel Wroclawski e Tânia Karine Kuaye criaram no final de 2011 a Lebeh, um brechó virtual que comercializa peças usadas de grifes famosas e reverte parte dos lucros das vendas para instituições beneficentes. Entre as marcas de roupas e acessórios vendidos pela loja estão Diesel, Gucci, Chanel, Dior, Prada, Marc Jacobs, Louis Vuitton e Tiffany. São peças novas e seminovas rigorosamente avaliadas por Vivian e Tânia para garantir qualidade e autenticidade das marcas. Todos os produtos são vendidos no sistema de consignação. Os fornecedores enviam as peças para a Lebeh que, após aprovação, negocia o preço de venda e os percentuais destinados a cada uma das partes, incluindo as entidades beneficentes parceiras. No momento, a Lebeh garante 5% do valor de cada peça vendida para as organizações Casas Taiguara, responsável por acolher crianças que moram na rua, e Casa do Sol, que desenvolve ações envolvendo crianças, adolescentes e adultos com necessidades especiais, ambas localizadas na cidade de São Paulo. “Percebemos que poderíamos doar um pouquinho de cada produto e ainda assim manter o negócio saudável, além de envolver os fornecedores das peças e nossos clientes nessa doação”, afirma Tânia. Ao fazer a compra, o cliente é informado sobre o percentual que está sendo doado e qual entidade será beneficiada. O site ainda traz informações sobre a história da peça, contada pelo próprio fornecedor. “Assim o produto deixa de ser algo frio e passa a compor um episódio da vida de alguém”, comenta Vivian. www.lebeh.com.br

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CA PA

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hora de

aquecer A Copa e as Olimpíadas são oportunidades de ouro para os pequenos negócios, mas é preciso se preparar com muita inovação e criatividade para continuar ganhando depois do apito final por Cléia Schmitz

Ricardo Mageste Vieira, gerente-geral da Feira dos Produtores de BH: mudanças já aumentaram o faturamento em cerca de 30%

O que um vendedor de peixe tem a ver com a copa do Mundo de futebol que o brasil vai sediar daqui a dois anos? há pouco tempo, o mineiro francisco batista de Melo, proprietário de uma banca de pescados na tradicional feira dos Produtores, em belo horizonte, achava que ele seria apenas um torcedor brasileiro de olho no hexacampeonato. hoje, ele já se vê como um empreendedor diante de uma oportunidade que pode impulsionar seus negócios – e não só durante os 30 dias em que acontecerão os jogos, mas também antes e, principalmente, depois do evento. francisco aprendeu a vender seu peixe – mais do que no sentido literal. Ele é um dos participantes do Programa sebrae 2014, criado para estimular os micro e pequenos empresários e os empreendedores individuais a aproveitar o aumento da demanda por produtos e serviços que a copa do Mundo vai gerar nas 12 cidades-sede do evento. a pro-

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cleia@empreendedor.com.br

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ca Pa Para a artesã Tita Araújo, a Copa será uma grande vitrine para expor seus produtos

Francisco Batista de Melo, proprietário de uma banca de pescados na Feira dos Produtores, em Belo Horizonte, é um dos participantes do Programa Sebrae 2014

nÚMeRos da coPa R$ 183 bilhões

é o valor que a Copa 2014 deve somar ao PIB brasileiro até o ano de 2019

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R$ 135,7 bilhões

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é o que se espera que o evento injete na economia brasileira

R$ 33,1 bilhões

é o investimento anunciado em infraestrutura para o Mundial

3,7 milhões de turistas

são esperados para a Copa 2014, dos quais 600 mil estrangeiros

Fonte: www.sebrae2014.com.br

posta do programa do sebrae está conectada a um dos legados esperados pelo País em relação aos megaeventos esportivos que o brasil receberá nos próximos anos: negócios mais competitivos, inovadores, criativos e, claro, mais rentáveis. a oportunidade não deve ser subestimada. “não podemos achar que todos os nossos problemas serão resolvidos com a copa do Mundo e as Olimpíadas, mas pode ter certeza que teremos muitos avanços. E a qualidade dos serviços, especialmente no segmento de turismo, é uma delas”, acredita jeanine Pires, presidente do conselho de Turismo e negócios da fecomercio de são Paulo. “Os eventos são grandes mobilizadores de circulação de investimentos públicos e privados. inserir as micro e pequenas empresas nestas oportunidades é o nosso desafio”, afirma Paulo alvim, gerente da unidade de acesso a Mercados do sebrae. O Programa sebrae 2014 tem mais de 2 mil empresas inscritas e a meta é chegar a 6 mil. “queremos que as MPEs participem, no mínimo, de 25% das oportunidades de negócios decorrentes da copa”, conta alvim. Em dois anos, francisco e outros 62 colegas da feira dos Produ-


tores já fizeram uma série de melhorias relacionadas à infraestrutura, organização e merchandising visual das lojas. Segundo Ricardo Mageste Vieira, gerente-geral da Feira, as mudanças aumentaram o faturamento em cerca de 30%. “As reformas trouxeram outros perfis de cliente para a feira. Agora, queremos incluí-la no guia turístico oficial de Belo Horizonte”, afirma o administrador. Gestor do projeto pelo Sebrae, Aristides Rocha Araújo explica que a Feira dos Produtores está localizada numa área estratégica para a Copa de 2014. A região receberá um centro de eventos e até o Mundial deverá se firmar como o terceiro polo hoteleiro da cidade. Além disso, o centro comercial está situado num corredor para o aeroporto de Confins. Francisco espera receber muitos turistas em sua peixaria durante a Copa, mas sabe que é preciso focar os resultados no pré e pós-evento. “Aprendi em uma missão empresarial que

fizemos no Mercado de São Paulo que turista não é só aquele que vem de fora, mas também os moradores que vêm dos bairros vizinhos.”

Leve à prorrogação Esta é uma mensagem que o Sebrae ressalta aos empreendedores. “A Copa é só um chamariz que pode potencializar os investimentos. A maior preocupação deve ser com a sustentabilidade econômica dos negócios e a melhoria dos serviços e produtos para os clientes”, explica Araújo. Em Pernambuco, os artesãos que participam do Programa Sebrae 2014 também estão se preparando para prorrogar os efeitos positivos do mundial de futebol. “O que nós recomendamos é que eles aproveitem a consultoria do Sebrae para resolver suas deficiências. Se focarem só na Copa, teremos muita gente frustrada”, alerta Fátima Gomes, gestora

Além da Copa de 2014, o Brasil vai sediar a Copa das Confederações (2013), a Copa América (2015) e as Olimpíadas e Paraolimpíadas no Rio de Janeiro (2016)

do projeto de artesanato do Sebrae/PE. Um dos maiores desafios, segundo Fátima, é melhorar as vendas do artesanato, já que a maioria dos artistas só se preocupa com a criação. Para estimular boas práticas de comercialização, o programa promove rodadas de negócios para aproximar os artesãos de hoteleiros, comerciantes, proprietários de restaurantes, arquitetos e decoradores. A proposta é inserir o artesanato pernambucano nos principais pontos de circulação de turistas, potencializando as vendas. “Além disso, incentivamos o desenvolvimento de um artesanato com referência cultural, mas que ao mesmo tempo trabalhe a inovação”, destaca a consultora do Sebrae. A artesã Tita Araújo é uma das participantes do Sebrae 2014 que tem investido em uma proposta inovadora. “Tenho um estilo próprio de envelhecimento de objetos com aplicação de flores que eu mesma desenvolvi há seis anos. E o melhor de tudo é que a técnica pode ser aplicada em diferentes superfícies. Inclusive, nesse momento estou decorando a parede de um restaurante”, afirma Tita. Para ela, a Copa do Mundo será uma grande vitrine. “Além de artesã, sou empreendedora e não fico parada esperando as coisas acon-

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Fátima: “Aproveitem a consultoria do Sebrae para resolver suas deficiências”

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JN2 desenvolve uma ferramenta para pequenas hospedagens que será útil antes, durante e depois dos eventos

Leonardo Neves e Fernando Juste, sócios da JN2

tecerem. já participei de feiras internacionais na itália e no Panamá e trabalho para colocar minha arte em destaque.”

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Hora de inovar

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segundo Pamella Gonçalves, cooordenadora de serviços a Empreendedores da Endeavor, os megaeventos esportivos são uma grande oportunidade do País investir em inovação. como haverá uma demanda garantida, o momento é propício para o desenvolvimento e aplicação de tecnologias que levem à aceleração dos processos sem perder a qualidade. “Eventos criam picos de demanda que costumam ser um problema para os empreendedores porque eles podem deteriorar a qualidade dos produtos e serviços. nessa hora, surge espaço para empresas inovadoras que oferecem tecnologias capazes de garantir a eficiência e estender ao máximo essa demanda”, explica Pamella. É o caso da mineira jn2, desenvolvedora de soluções para comércio eletrônico. Os sócios leonardo neves e fernando juste viram na copa de 2014 a


Somaggio, do Sapientia: “Precisamos mostrar ao mundo nossa capacidade de inovação. Não vamos exibir apenas nosso futebol”

oportunidade de oferecer ao mercado de pequenas hospedagens uma ferramenta para a venda de diárias pela internet, inclusive com transações internacionais. hoje, grande parte destes negócios perde clientes por não ter um sistema eficiente de reservas on-line, além de sites muito ruins. batizado de Guest 4u, o portal será lançado ainda em 2012 em 65 idiomas. Os usuários poderão usar o serviço logo após se cadastrar no portal, um processo tão simples quanto abrir uma conta no facebook. a mensalidade deve ficar em torno de R$ 69. a meta dos sócios da jn2 é chegar a 2014 com pelo menos 1 mil clientes. “É uma meta conservadora se levarmos em conta o volume de hotéis e pousadas existente no País. uma pesquisa do Ministério do Turismo indica que o número de hospedagens vai dobrar até 2014, chegando a 40 mil. E nosso público-alvo são as empresas com até 50 leitos, que representam 87% desses empreendimentos”, afirma neves. Para ele, um ponto importante do projeto é que a ferramenta será útil antes, durante e depois da copa. “além disso, o evento vai proporcionar alta taxa de ocu-

“Queremos que as MPEs participem de 25% das oportunidades decorrentes da Copa”, diz Alvim BERNARDO REBELLO

Paulo Alvim, gerente da unidade de Acesso a Mercados do Sebrae

pação, ou seja, o empreendedor terá um resultado que vai justificar o investimento em nossa tecnologia.” Para mapear e estimular o desenvolvimento de soluções inovadoras e criativas aplicadas à copa de 2014, a financiadora de Estudos e Projetos (finep) idealizou em 2008 o Programa 14bis. hoje, o projeto está ligado ao Ministério dos Esportes. O nome é uma alusão ao aeroplano apresentado pelo inventor brasileiro alberto santos Dumont em 1906, em Paris, o grande palco do mundo na época. “Em 2014, o brasil será o grande palco. Precisamos aproveitar essa oportunidade para mostrar ao mundo a nossa capacidade de inovação. não vamos exibir apenas nosso futebol”, declara o engenheiro carlos Eduardo somaggio, diretor-executivo do instituto sapientia, vinculado à fundação certi, de florianópolis. a certi foi contratada para desenvolver as ferramentas de suporte ao 14bis: um portal na web que funcionará como uma espécie de galeria de inovações e um showroom móvel e interativo para promover encontros de ofertas e demandas de inovação. “a proposta é que o 14bis atue

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Pamella, da Endeavor: momento é propício para o desenvolvimento e aplicação de tecnologias que levem à aceleração dos processos sem perder qualidade

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Authentic Feet espera que megaeventos deixem como legado um estilo de vida mais saudável aos brasileiros

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Jeanine: “É preciso pensar mais no pós 2014 e 2016 e fixar estratégias a longo prazo”

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como um cupido entre empresas com ideias inovadoras e empresas que demandam tais tecnologias”, afirma Somaggio. O engenheiro explica que o portal foi desenvolvido de forma que inventores de qualquer lugar do brasil possam cadastrar suas ideias e submetê-las a uma banca. “É uma forma de democratizar as oportunidades geradas pela copa do Mundo.” quem também está atenta à demanda dos megaeventos por tecnologias inovadoras é a Montreal informática. a empresa é detentora do maior cadastro de dados para identificação biométrica da américa latina, com 17 milhões de registros em oito estados brasileiros. O sistema automático de identificação por impressões digitais (Afis) é capaz de identificar corretamente cerca de 150 milhões de impressões digitais em segundos. a tecnologia, uma parceria com a alemã Dermalog Identification Systems Gmbh, é uma ferramenta importante para controle de fronteiras, mas pode ter outras aplicações como, por exemplo, controle de acesso aos estádios.

“não temos dúvida do potencial de aplicação de nossas tecnologias para aumentar a segurança em eventos como a copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do rio de janeiro e o legado que seu uso deixaria para as gerações futuras”, afirma Eduardo coutinho, diretor-executivo da Montreal. Em fevereiro deste ano, o empresário recebeu a visita da presidenta Dilma rousseff e da chanceler alemã angela Merkel no estande de sua parceira Dermalog na cebiT, a maior feira mundial de tecnologia da informação, realizada em hannover, na alemanha. “no rio de janeiro, onde já identificamos 12 milhões de pessoas, nossa tecnologia é um sucesso”, destaca coutinho. já a authentic feet, grupo que tem mais de 170 lojas franqueadas de artigos esportivos no brasil, torce para que os megaeventos deixem como legado um novo estilo de vida aos brasileiros. O empresário adriano Obeid, sócio-diretor do grupo, acredita que a combinação entre a maior oferta de arenas esportivas e a euforia provocada pelos jogos é uma oportunidade única de impulsionar este mercado


Coutinho: tecnologia de ponta da Montreal Informática pode ajudar na segurança dos eventos

no Brasil. “Apesar do crescimento nos últimos anos, o mercado de artigos esportivos no Brasil ainda é irrisório. Para se ter uma ideia, corresponde a um terço do americano”, explica Obeid. “As principais marcas de esporte têm grandes planos para o Brasil. Espero que tudo isso inspire o brasileiro.”

Inglês rápido A intensa demanda pela qualificação profissional para a Copa tem recebido atenção especial do Grupo Multi, multinacional do mercado de ensino de idiomas, informática e profissionalizante. A holding é detentora das marcas Wizard, Yázigi, Skill, Alps, Quatrum, Microlins, S.O.S, Bit Company, People e Smartz. “Estamos conversando com o governo federal para fazer parcerias visando à qualificação de profissionais nas cidades-sede da Copa”, adianta Carlos Wizard Martins, presidente do Grupo Multi. A meta dos ministérios do Turismo e da Educação é qualificar 240 mil pessoas até 2014 por meio do Pronatec Copa (Programa Nacional de Acesso

ao Ensino Técnico e Emprego). No início deste ano, o Grupo Multi lançou o guia “2014”, que traz 2.014 frases, expressões e diálogos em inglês que um profissional precisa dominar para atender turistas estrangeiros. O livro vem acompanhado de uma caneta que lê microcódigos de barras e repete palavras e frases em inglês, auxiliando os estudantes na assimilação da pronúncia. Outro lançamento do Grupo Multi com foco nos megaeventos esportivos é o curso “To the Point”, da marca Yázigi. Com duração de 50 horas, das quais metade on-line, ele foi desenvolvido para atender profissionais como taxistas, motoristas, telefonistas, garçons, camareiras, balconistas, staff de suporte em estádios, socorristas, policiais, vendedores ambulantes e artesãos. “Só a qualificação desses profissionais e toda a lista de pré-requisitos estabelecidos pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) e pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) no caderno de encargos entregue ao Brasil já representam um grande avanço para o País. São coisas que terão que acontecer”, afirma Jeani-

ne, da Fecomercio de São Paulo. Segundo a especialista, esses eventos também trazem uma transferência de tecnologia e experiências de suas edições anteriores que certamente vão deixar um legado importante para o País. “Mas é preciso pensar mais no pós 2014 e 2016 e fixar estratégias a longo prazo.”

LINHA DIRETA Authentic Feet: www.authenticfeet.com.br Certi: www.certi.org.br Endeavor: www.endeavor.com.br Fecomercio/SP: www.fecomercio.com.br Feira dos Produtores: www.feiradosprodutores.com.br Grupo Multi: www.mh1.com.br JN2: www.jn2.com.br Montreal Informática: www.montreal.com.br Sebrae: www.sebrae2014.com.br Tita Araújo: www.titaaraujo.com.br

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Obeid, da Authentic Feet: “As principais marcas de esporte têm grandes planos para o Brasil. Espero que tudo isso inspire o brasileiro”

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pés no chão

Scarabotta espera uma melhoria do movimento, mas vê como principal benefício a herança de uma cultura de aprimoramento constante nos serviços por Mônica Pupo

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monica@empreendedor.com.br

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Otimista sim, mas com os dois pés bem firmes no chão. Essa é a filosofia de gestão de Sauro Scarabotta, proprietário do tradicional restaurante italiano Friccó, localizado no Bairro Vila Mariana, em São Paulo. Embora as projeções do Ministério do Turismo apontem que a capital paulista receberá algo em torno de 260 mil turistas estrangeiros e mais de 1,2 milhão de visitantes nacionais em virtude da Copa do Mundo de 2014 – gerando oportunidade para pelo menos 300 mil micro e peque-

nos negócios – o empreendedor prefere conter a empolgação. “Acredito que esses eventos esportivos sejam uma mola propulsora para os negócios, mas não espero mudar meu padrão de vida ou elevar o faturamento drasticamente”, diz o empresário e chef de cozinha. Na opinião de Scarabotta, a maior parte do dinheiro movimentado pelos eventos fica restrita às grandes empresas. “Não adianta ter muita expectativa. Afinal, os fluxos livres geralmente são captados por aqueles que investem numa divulgação em larga escala, com anúncios na grande mídia, o que não é o caso dos pequenos

empresários como eu, que dependemos muito mais do boca a boca para nos promovermos”, reflete. Se de um lado é preciso ter cautela, por outro é preciso focar na inovação. “A principal herança que a Copa do Mundo pode deixar é a cultura de buscar melhorias de forma constante”, diz o empresário. De olho nas oportunidades que virão, Scarabotta busca aumentar a credibilidade da casa a partir da obtenção de certificações específicas para o ramo de alimentação, a exemplo do Programa Alimento Seguro (PAS). Desenvolvida numa parceria entre


Sebrae, Senai e Senac, a iniciativa prevê redução de riscos de contaminação em cozinhas através da aplicação de metodologias e técnicas de capacitação, incluindo o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e a NBR – ISO 22.000. “Estamos na fase final, fazendo pequenos ajustes, como a instalação de uma tela mais fina no estoque de produtos secos”, detalha o empresário. Se tudo der certo, a certificação sairá em agosto. Além dessas ações, Scarabotta também pretende incrementar o atendimento. Para isso, já providenciou a tradução do cardápio para três idiomas (português,

inglês e espanhol) e possui alguns colaboradores bilíngues em sua equipe de 15 funcionários. “São Paulo é uma cidade internacional e está mais globalizada a cada dia, então é válido investir em diferenciais competitivos”, reflete o chef italiano, radicado no Brasil em 1994. Há 15 anos em operação, o Friccó começou como uma loja de congelados e rotisseria, mas precisou mudar o rumo da operação logo no início. “Percebemos que era complicado administrar a questão do estacionamento no caso da rotisseria, onde eram muitas pessoas chegando e saindo a todo momento”, relata Scarabot-

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Ao lado, Sauro Scarabotta, proprietário do restaurante italiano Friccó, em São Paulo

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Casa segue princípios do slow food, que valoriza a apreciação dos alimentos e a melhora da qualidade das refeições

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ta, que precisou de um tempo até se adaptar às imposições e restrições impostas pelo trânsito caótico da capital paulista. Com a mudança, a casa passou a servir os pratos à la carte, com destaque para o Friccó di Frango, tradicional receita da cidade italiana de Gubbio, terra natal de Scarabotta, localizada na região da Úmbria. “Por muito tempo mantivemos a venda de massas congeladas, até que veio o apagão de energia elétrica por volta do ano 2000 e tivemos que suspender a operação para reduzir o consumo de eletricidade”, conta o empresário, que a partir daí focou exclusivamente no serviço à la carte. Atualmente, a casa possui 98 lugares e abre para almoço e jantar. Aos poucos, o chef foi segmentando cada vez mais o conceito da casa a partir dos princípios do slow food, movimento gastronômico que, em contrapartida ao fast-food, valoriza a apreciação dos alimentos e a melhora da qualidade das refeições. “Costumo dizer que sou um ‘vegetariófilo’, pois priorizo o uso de ingredientes frescos e produtos da estação”, conta Scarabotta. Partindo dessa premissa surgiram iniciativas como o “Pic-nic do Friccó”, realizado mensalmente há três anos. Com a proposta de aproximar o urbano e o rural, Scarabotta leva os clientes até o campo

para mostrar como são produzidos determinados alimentos que serão degustados a seguir. “Já percorremos plantações de alcachofras, fazendas de cogumelos e criações de javali, entre outros passeios.” A julgar pela reputação, parece que as estratégias deram certo. No início do ano, a casa ganhou o prêmio Ospitalità Italiana, que reconhece os legítimos restaurantes italianos fora da Itália. Na ocasião, o restaurante paulistano concorreu com outros 56 estabelecimentos da região do Mercosul previamente classificados pela entidade, sendo 30 somente em São Paulo. Enquanto aguarda o movimento prometido pela Copa do Mundo, o empreendedor segue inovando. Agora o foco será a fabricação de pães e embutidos artesanais. Para evitar os problemas de estacionamento dos tempos da rotisseria, dessa vez os clientes terão cadastro e hora marcada para retirar os produtos, que serão entregues na porta do estabelecimento sem a necessidade de descer do carro. “Queremos segmentar cada vez mais, focando na essência do negócio, ou seja, em oferecer um bom pão e uma boa massa”, revela Scarabotta.

LINHA DIRETA Friccó: www.fricco.com.br


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Bem no alvo Empresa cria equipamento para identificar armas utilizadas em crimes e, assim, contribui estrategicamente para o sistema de segurança pública nacional durante os eventos esportivos de 2014 e 2016 por Raquel Rezende

raquel@empreendedor.com.br

Com uma história de 10 anos envolvida em pesquisa para produção de tecnologia, a Photonita, empresa que desenvolve, produz e comercializa sistemas ópticos avançados, trabalha com alta tecnologia, totalmente brasileira. Grandes corporações como Mercedes-Benz, Ford, GM, Volkswagen, Weg e Embraco, entre outras, estão no portfólio de clientes da Photonita. A empresa, incubada no Celta (Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas), em Florianópolis, também criou um sistema óptico, denominado Lepus, para identificação balística automatizada que auxilia os institutos de perícia no rastreamento de armas em nível regional e nacional.

O sistema Lepus recebeu R$ 3 milhões em investimentos. Parte dos recursos veio da própria empresa e a outra parte do governo federal, através da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos). Com a realização dos eventos esportivos no Brasil, o Lepus será mais uma ferramenta estratégica para integrar o sistema de segurança pública brasileiro. As grandes esferas municipais, estaduais e federais na área de segurança pública podem se beneficiar do sistema Lepus para conseguir identificar as armas envolvidas em crimes, através das marcas deixadas na munição disparada. Essas marcas revelam importantes informações para os peritos criminais, auxiliando na busca de criminosos. O Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal em Brasília já usa o sistema Lepus com esse objetivo. O

equipamento atende perfeitamente à Lei 10.826, que diz que toda arma produzida no País precisa ser cadastrada em um banco de dados. O sistema Lepus pode ser usado também em caso de conflitos armados para descobrir de qual arma partiu determinado disparo. Para realizar a identificação balística, o sistema Lepus faz um exame microcomparativo dos elementos da munição disparada. Por exemplo, quando uma arma é apreendida, os peritos podem comparar as marcas deixadas na arma com as marcas encontradas nos elementos de munição de vários outros crimes, descobrindo se a arma esteve envolvida. O equipamento, que oferece uma visão de 360 graus, é aplicado na aquisição e no armazenamento de imagens de projéteis e estojos deflagrados. O Lepus disponibiliza elementos gráficos para confron-

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raquel rezende

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Carlos Pezzotta, sócio e diretor de negócios da Photonita, empresa de sistemas ópticos avançados


Ponte para o mercado A história da empresa começou na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), no Laboratório de Metrologia e Automatização, com o professor Armando Albertazzi. “As soluções criadas dentro da universidade precisavam ir para o mercado, então a necessidade de criar uma empresa foi crescente”, conta Carlos Pezzotta, sócio e diretor de negócios da Photonita. O primeiro produto criado atendia o setor de óleo e gás e os recursos para desenvolver o invento vieram da Finep. Mais tarde surgiu uma demanda na área de medição baseada em óptica para a indústria automobilística e, sob encomenda, a empresa criou o BruniTest, equipamento capaz de

Um dos problemas que desestimula o trabalho de inovação tecnológica no Brasil é a proteção da propriedade intelectual avaliar aspectos de qualidade de motores de combustão, bombas e compressores. A Photonita segue desenvolvendo máquinas especiais, sob encomenda também, desde o projeto até a montagem, que é realizada na própria empresa. Na visão de Pezzotta, é muito importante a empresa diversificar seus investimentos em produtos que atendam a demanda de diferentes mercados. “Com a crise que começou em 2008 e se estende até hoje nos países europeus, a indústria automotiva ficou sem investir. E, consequentemente, ficamos um ano e meio sem vender o BruniTest”, conta. Nesse cenário, que muitas vezes é preciso se adaptar às incertezas, Pezzotta destaca o importante papel da Finep para o desenvolvimento de alta tecnologia no País. “Não há empresa no Brasil que trabalha com desenvolvimento de tecnologia sem o apoio da Finep. Por isso, os recursos precisam ser bem utilizados pelos empreendedores”, observa. Para ele, um dos problemas que desestimula o trabalho de criar inovação tecnológica hoje no Brasil é a proteção da propriedade intelectual. “É muito demorado e ineficiente o processo de registro de patente no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial)”, relata Pezzotta. De acordo com ele, o processo segue tramitando por cerca de oito anos até ser concluído. O processo de registro industrial de um dos produtos da Photoni-

ta, por exemplo, está desde 2003 no Inpi. Pezzotta acredita que o órgão federal ficou pequeno diante da demanda que existe hoje no País e precisa ser urgentemente reformulado. “Não adianta o governo federal colocar recursos na Finep para repassar às empresas se o Inpi não trabalhar junto agilizando o registro das patentes”, declara. Apesar de alguns entraves, Pezzotta avalia positivamente o mercado para as empresas desenvolverem produtos de alta tecnologia no Brasil. “Continua difícil, mas já foi mais complicado”, afirma. Ele diz que é preciso ter muita persistência, perseverança, saber que o tempo de desenvolvimento de um projeto é longo, os investimentos são altos e o retorno é incerto. E nessa caminhada a empresa ainda enfrenta diversos desafios, entre eles a busca por recursos financeiros, a contratação de mão de obra altamente qualificada e a luta para colocar o produto no mercado. Segundo Pezzotta, as empresas que compram alta tecnologia brasileira questionam muito antes de fechar o negócio. Por isso, a Photonita sempre conta com os sócios para vender seus produtos, pois essa foi uma maneira encontrada para transmitir segurança ao comprador de que ele terá suporte e acesso fácil aos proprietários da empresa em caso de qualquer problema. A garantia que a Photonita oferece de consertar o equipamento no prazo de uma semana também é outro diferencial competitivo em relação ao equipamento importado. “O caminho para criar e desenvolver tecnologia é árduo, mas vale a pena”, afirma Pezzotta.

LINHA DIRETA Photonita: www.photonita.com.br

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tos de imagens digitais, reconhecimento automatizado de munições semelhantes que estejam armazenadas numa base de dados e a possibilidade de conexão entre diversos institutos de perícia que utilizam o mesmo sistema. A Photonita desenvolveu o Lepus por causa de um perito criminal que chegou até a empresa com o problema de identificação balística. A indústria internacional até possuía opções para resolver a questão, mas os equipamentos estrangeiros não tinham condições de atender a demanda brasileira. Diante disso, a equipe de trabalho da Photonita – que reúne 14 pessoas, sendo cinco sócios, seis funcionários e três consultores, todos altamente qualificados, com cursos de mestrado ou doutorado, e somente um funcionário não tem curso superior, mas possui curso técnico e experiência no mercado –, após cinco anos de pesquisa, apresentou o Lepus como uma solução ao segmento de segurança pública.

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salto de longa distÂncia Grandes eventos devem impulsionar negócios da Micromed, que espera crescer 80% até o fim de 2014 por Mônica Pupo

monica@empreendedor.com.br

fundada em 1993, a empresa brasiliense Micromed biotecnologia encontrou nos eventos esportivos a oportunidade que faltava para alavancar os negócios. Especializada na produção de equipamentos e softwares para testes e exames cardiológicos, a companhia conquistou o apoio da finep e deu início ao desenvolvimento de oito projetos inovadores no ramo da medicina diagnóstica e esportiva. a importância da iniciativa vai além de contribuir para o treinamento dos atletas brasileiros durante as competições. Úteis em pesquisas e para toda a sociedade, incluindo os atletas de fim de semana, as invenções da Micromed devem continuar gerando negócios e oportunidades a longo prazo,

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Micromed desenvolve projetos inovadores no ramo da medicina diagnóstica e esportiva

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tanto no mercado interno como externo. “a expectativa é crescer nossas operações em 80% até o final de 2014”, revela o gerente comercial alexandre raisky. conquistar clientes no mercado externo não é novidade para uma companhia que já atendeu até mesmo a nasa, em 1998. na ocasião, a Micromed foi procurada por fornecedores da agência espacial norte-americana em busca de tecnologia para realizar testes de esforço e medir o metabolismo dos astronautas em órbita. “nós tínhamos o programa aerograph, que começou a ser usado em missões espaciais”, conta. Dentre as inovações propostas pela empresa com foco na próxima copa do Mundo e nas Olimpíadas de 2016 está o bia step, primeiro medidor de lactato não invasivo do mundo, que permite

medir o nível de ácido lático produzido e metabolizado pelos atletas durante os treinos. a meta é encontrar o limite ideal de cada um para conseguir o melhor rendimento, sem ultrapassar o nível crítico de ácido. hoje, a medição é feita através da coleta de amostras de sangue retiradas do lóbulo da orelha ou do dedo da mão durante o exercício. com o equipamento, o teste será feito através de eletrodos fixados na perna do desportista. “Estamos em fase de pesquisa e, em no máximo dois anos, o bia step estará em produção”, estima o executivo. Outro destaque é o bia Mono, que consiste numa ferramenta inédita para medir a composição do peso corporal, identificando com exatidão percentuais de gordura e de músculos. além disso, estão em fase de desenvolvimento uma plataforma destina-


Solução tecnológica da empresa é utilizada em missões espaciais da Nasa – adquiridos por meio do programa de Subvenção Econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) – e contam com a parceria do Programa de Engenharia Biomédica da Coppe (Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A medicina desportiva será uma das principais áreas alavancadas pela passagem da Copa do Mundo e das Olimpíadas, por isso temos investido bastante em trazer novidades ao mercado e ajudar na capacitação de profis-

sionais da área desportiva”, aponta Raisky. O resultado dos investimentos constantes em inovação já pode ser comprovado no presente. Com crescimento médio anual na faixa de 25%, a empresa espera superar os 30% em 2012. “Estar posicionado como um fornecedor de tecnologia médica de alto poder diagnóstico a custos acessíveis ao mercado brasileiro nos permite disputar o crescimento impulsionado por estes eventos. O fato de investirmos constantemente em inovação significa que estamos prontos para oferecer o que nossos clientes precisam.”

LINHA DIRETA Micromed Biotecnologia: www.micromed.ind.br

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da a medir a altura do salto dos atletas, um aparelho inédito para medir a composição corporal e uma esteira ergométrica para teste de esforço físico com conexão USB. Chamada Centurion, a esteira já está à venda e é uma das principais apostas da companhia no cenário internacional. “Esse produto está se difundindo rapidamente e sendo bastante utilizado por serviços de medicina do esporte, academias e laboratórios de fisiologia por todo o Brasil”, comemora Raisky. Trata-se de uma evolução da linha ErgoPC, o carro-chefe da empresa. Com 80 funcionários, a Micromed possui, entre seus 20 mil clientes, alguns dos principais grupos médicos do Brasil, como Rede D’Or (RJ), InCor (SP) e Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Os novos projetos da companhia exigiram investimento de quase R$ 2 milhões

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vaRe j o

Furtou! saiBa coMo agiR Conheça as orientações para abordagem de suspeitos em estabelecimentos comerciais, de acordo com especialistas:

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4Dentro da loja, aproximar-se como se estivesse realizando um atendimento.

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4A abordagem reativa só deve ser realizada após a passagem pelos caixas e somente tendo 100% de certeza de que a pessoa ainda se encontra com o produto e o pagamento não foi efetuado. 4Conversar em uma sala reservada sobre o ocorrido e, caso não seja resolvido, chamar a polícia.


e agora? Especialistas indicam a melhor forma de abordar um suspeito de furto em uma loja, para não causar constrangimento

“Sorria, você está sendo filmado.” O alerta bem-humorado, frequentemente encontrado em estabelecimentos comerciais, mostra o quanto empresários do varejo estão se mobilizando para garantir mais segurança ao seu negócio. Mas é preciso cautela. se usados de forma exagerada, equipamentos de segurança e funcionários podem causar constrangimentos aos clientes e, como consequência, problemas judiciais para os varejistas. quando o consumidor se torna suspeito, é fundamental estabelecer o limite e o equilíbrio para efetuar a abordagem. cristiano Vargas, advogado e diretor da Vault, especializada em engenharia para ambientes seguros, explica que não existe nenhuma forma definida pela lei para agir nas situações de suspeitas de roubos e furtos no varejo. “apenas em flagrante, quando a abordagem é válida. uma atitude incorreta pode fazer com que as empresas sejam acionadas judicialmente, podendo ser processadas por dano moral”, afirma. Deve-se destacar que o simples disparo de alarme nos sistemas antifurtos localizados nas portas das lojas não causa motivo para incorrer processo por dano moral. Ter uma forma de atuação já definida previamente para identificar e reagir em uma atitude suspeita é o primeiro

passo para quem não deseja passar por algum problema. Especialistas do setor recomendam que funcionários e fiscais do estabelecimento sejam treinados para seguir um comportamento padrão de atuação nesses casos, antes mesmo do ato ilícito se concretizar. O consumidor já pode ser monitorado ao entrar na loja com comportamento suspeito. “Olhar desconfiado, olhar muito na direção das câmeras, uso de guarda-chuva em dias de sol e casacos em dias quentes, roupas muito folgadas e grandes, bolsas e sacolas grandes geralmente são atitudes de quem está planejando algo. além disso, deve-se ficar atento a quem circula muito pela loja ou duas pessoas que estão juntas e se separam ao entrar no local”, explica joão carlos da lapa, diretor comercial da Prátika consultoria. O principal é que a intimidade da pessoa não seja violada. O diretor de soluções e store performance da empresa Plastrom sensormatic, carlos Eduardo santos, tem grande experiência no assunto. Ele, que também é administrador do Portal Prevenir Perdas, indica que a abor-

É fundamental estabelecer o limite e o equilíbrio para efetuar a abordagem

dagem ao suspeito deve ser feita como se o funcionário estivesse realizando um atendimento. “Essa é a melhor forma de mostrar para a pessoa que você está vendo que ela foi percebida na loja sem causar constrangimento. Oferecer um serviço, uma sacola, um cartão da empresa é o ideal. Dentro da loja, jamais se deve acusar ou revistar alguém”, aconselha. se a situação não for resolvida e o cliente sair do estabelecimento mantendo a atitude suspeita é preciso ainda mais cautela. santos destaca a necessidade de algumas atitudes antes que seja realizada a abordagem reativa. Primeiro, o sistema de monitoramento por câmeras deve ter identificado a pessoa ocultando o produto. Deve-se então acompanhar a pessoa e não ter nenhuma dúvida de que o produto não foi devolvido e o pagamento não foi efetuado. “quando se tem a plena certeza da ocorrência dessas três situações, o indicado é convidar o suspeito a se dirigir até um local reservado na loja. caso não seja resolvido, o funcionário deve chamar a polícia, que vai ter autorização para revistar e realizar os demais procedimentos”, detalha.

Furtos internos O problema, no entanto, pode estar dentro da loja. a última pesquisa do Programa de administração de Varejo, da fundação instituto de administração

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por Ana Paula Meurer anapaula@empreendedor.com.br

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var ej o

(Provar/FIA), levantou que foram registrados quase R$ 8 milhões em furtos no varejo em 2010. Do total, 77% foram furtos externos e 20% internos, ou seja, cometidos pelos próprios funcionários. Nesse caso, João Carlos da Lapa recomenda que a empresa deixe claro no processo de seleção que fraudes e furtos são punidos na forma da lei, conforme os artigos 157 e 171 do Código Penal. Ele também explica que o Departamento de Prevenção de Perdas deve averiguar minuciosamente todas as suspeitas e denúncias, sempre agindo dentro da lei e com absoluta certeza. Todos os constrangimentos, perseguições e discriminações devem ser evitados. “Nos casos comprovados após um detalhado processo de sindicância interna, o autor da fraude ou furto comprovado pode ser encaminhado para a autoridade policial para que seja registrada a ocorrência. Nessa situação, pode ser demitido por justa causa para evitar a imagem de impunidade.” Câmeras, treinamento de funcionários, profissionais especializados e etiquetas eletrônicas são algumas das medidas que têm atraído um núme-

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Carlos Santos: abordagem deve ser feita como se o funcionário estivesse realizando um atendimento

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Todos os constrangimentos, perseguições e discriminações devem ser evitados ro cada vez maior de interessados em reduzir a principal causa de perda no varejo. A preocupação com a segurança acompanha o crescimento dos índices de criminalidade, que apontam que o investimento em ações preventivas contra essa prática passou a ser de fato uma necessidade. Com prejuízo de US$ 2,3 bilhões, o Brasil ficou em quinto lugar no ranking mundial de furtos e roubos de lojas nos mais diferentes segmentos do varejo referente a julho de 2010 a julho de 2011 – uma cifra correspondente a 1,69% das vendas brutas. Entre as opções de equipamentos disponíveis para a prevenção de perdas, o mais utilizado ainda é o alarme de segurança eletrônica, com 68%, enquanto o menos utilizado é o cadeado eletrônico, com 4% do total. Mas a eficiência de cada método está ligada diretamente à necessidade e ao perfil das lojas. “É dever de todas as empresas especializadas no assunto identificarem essa necessidade

e oferecerem a solução mais adequada. Nossa experiência nos mostra que muitas lojas utilizam soluções inadequadas à sua necessidade, o que acaba por não dar retorno ao investimento realizado nesses procedimentos e equipamentos”, afirma Paulo Roberto Soares, diretor da Paros Soluções Antifurto.

LINHA DIRETA Paros Soluções Antifurtos: www.parosantifurto.com.br Plastrom Sensormatic: www.plastrom.com.br Prátika Consultoria: www.pratikavarejo.com.br Portal Prevenir Perdas: www.prevenirperdas.com.br Provar: www.provar.org.br Vault: www.vaultbr.com

Vargas, advogado: “Atitude incorreta pode fazer com que as empresas sofram processo por dano moral’


banh o de loja

Questão de escolha Certamente você já escutou alguém se justificando com a seguinte frase: “Eu não tive escolha!”. Nesta frase está embutido um sentimento de falta de opção e muitas vezes também é um lamento, como se a pessoa estivesse de “mãos atadas”. Pensando em como é ruim não ter opções, rapidamente poderíamos concluir que tê-las sempre é bom e, mais ainda, que quanto maior o número de opções, melhor. Quando falamos de comércio, isso pode derivar em outra situação: dar opções demais ao cliente pode gerar, no mínimo, desconforto. Talvez você já tenha passado pela situação de tentar entender qual é o plano de telefonia mais adequado para você. Para mim, este é um ótimo exemplo de como

mais adequada para ela. Em uma situação de risco e os custos altos, se houver muitas opções, o comprador pode nem chegar à fase de avaliação, pois demandaria muito tempo e esforço de análise das opções e uma escolha errada poderia gerar arrependimento. Essa aversão ao arrependimento é um forte elemento do processo decisório e gera hesitação. Naturalmente, o processo decisório de compra não é igual para todas as categorias. O que uma pessoa leva em conta para decidir a compra de um lápis é bem diferente do que ela analisa para comprar um carro. A tendência é que quanto maior

o risco percebido, maior será o tempo gasto na escolha. Maiores riscos e valores demandam uma análise de vantagens e desvantagens mais aprofundada, assim como cenários das consequências da escolha. Chegamos a um paradoxo. Em tempos em que as pessoas querem tudo do seu jeito e no seu tempo, a necessidade de customização parece imperar. Na ânsia de atrair cada vez mais consumidores, não param de surgir os lançamentos de produtos, cada vez com mais opções de escolha. Aparentemente é o que todos querem, mas isso pode não ser tão positivo assim.

Ao contrário da situação de não ter escolha, que causa uma sensação de impotência, ter alternativas demais pode gerar paralisia. Quanto mais opções existirem, maior será a probabilidade de fazer a escolha que não seja a mais adequada

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fazer o cliente se sentir um ser anencéfalo enquanto tenta entender o mínimo necessário para a tomada de decisão de compra e não consegue. Evidentemente, esta maneira pouco permeável ao entendimento faz parte da estratégia de vendas, mas a que preço? Qual a satisfação gerada com tantas opções indecifráveis? Ao contrário da situação de não ter escolha, que causa uma sensação de impotência, ter alternativas demais pode gerar paralisia. Estudos de comportamento já detectaram que, quanto mais opções existirem, maior será a probabilidade de a pessoa fazer a escolha que não seja a

Por Kátia Bello

Kátia Bello é arquiteta, especialista em comunicação estratégica de varejo e sócia-diretora da Opus Design. katia@opusdesign.com.br

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lentos

BuR oc Ra c i a

Passos

Sistema para unificar e agilizar o processo de abertura de empresas no Brasil pouco evoluiu em quatro anos

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por Cléia Schmitz | cleia@empreendedor.com.br

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quem já abriu uma empresa no brasil sabe que é preciso uma boa dose de paciência para encarar a tradicional burocracia embutida neste processo. Mas algumas iniciativas recentes estão reacendendo a esperança de que essa via-sacra pode acabar. Em brasília, o sebrae, o Ministério do Desenvolvimento, indústria e comércio Exterior (MDic) e a junta comercial de Minas Gerais ( jucemg) anunciaram o início do projeto integrar, que vai implantar o registro e a formalização on-line de empresas no Distrito federal, sergipe, Paraná, rondônia, roraima, Tocantins, ceará, Pará e Paraíba. a meta é que o prazo para abrir um negócio não passe de nove dias. Em são Paulo, o governo do estado lançou em maio passado uma série de medidas de estímulo e favorecimento às micro e pequenas empresas, incluindo ações que devem reduzir o tempo de abertura ou fechamento de empresas em até cinco dias. O projeto integrar é inspirado no Minas fácil, programa da Jucemg que simplificou a legalização de empresas em Minas Gerais, reduzindo o tempo médio de abertura para três dias em belo horizonte e nove dias no restante do estado. O serviço integrou os principais órgãos públicos envolvidos no processo. hoje, os empreendedores mineiros conseguem formalizar suas empresas depois de atender quatro etapas: consulta de viabilidade, formulário do cadastro sincronizado (ferramenta que integra os procedimentos cadastrais), acesso ao módulo integrador (sistema que integra as informações) e apresentação dos documentos necessários para abertura do negócio. as três primeiras são feitas via web e

a última, presencialmente, em uma das unidades da jucemg. O serviço está presente em mais de 90 cidades mineiras. a jucemg repassará toda a metodologia do sistema Minas fácil às nove juntas comerciais que vão participar desta primeira fase do projeto integrar. a presidente da jucemg, angela Pace, explica que o prazo para implantação depende da disposição de cada um dos órgãos envolvidos. Mas a expectativa é de que em um ano e meio os empreendedores do Distrito federal e dos outros oito estados que estão assinando o convênio poderão registrar suas empresas via web. “O maior desafio é todos entenderem a importância da integração. a partir da hora que isso acontecer, o sistema trabalhará por eles”, destaca Pace. a proposta é de que o integrar abra caminho para a implantação da rede nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e negócios (redesim), criada por lei em 2007 com a proposta de unificar os procedimentos em todo o País. Em são Paulo, as medidas anunciadas pelo governo estadual também prometem desburocratizar a abertura de empresas. Entre elas, a assinatura de um convênio com a receita federal para que o empreendedor obtenha simultaneamente o número de inscrição no registro de Empresas (nire) e da inscrição na receita federal (cnPj) pela junta comercial do Estado de são Paulo ( jucesp). Estimase que com isso seja possível reduzir de 20 para sete dias o prazo de conclusão desses processos.


consulte Enquanto a Redesim não sai do papel na sua cidade, o jeito é gastar sola de sapato. O Sebrae disponibiliza em seu site um guia que mostra o caminho que o empreendedor terá que percorrer para legalizar seu negócio. Siga o roteiro: 1. Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoa Jurídica O primeiro passo é registrar o negócio, ou seja, fazer a “certidão de nascimento” da sua empresa, incluindo a escolha do nome (razão social). 2. Receita Federal Chegou a hora de cadastrar o CNPJ da empresa, ou seja, de registrar o negócio como contribuinte. O processo é feito no site da Receita e os documentos enviados por sedex. 3. Prefeitura Para o negócio começar a operar é preciso ter um alvará de funcionamento, concedido pelo órgão municipal. Em alguns estados, é preciso fazer primeiro a inscrição estadual. 4. Secretaria Estadual da Fazenda O próximo passo é fazer a inscrição estadual. Muitos estados têm convênio com a Receita Federal, o que permite que este procedimento seja realizado no momento da inscrição do CNPJ. 5. Previdência Social Mesmo sem funcionários, a empresa precisa fazer seu cadastro na Previdência Social. O prazo para este cadastramento é de até 30 dias após o início do funcionamento do negócio. 6. Notas Fiscais Por último, o empreendedor vai precisar de um bloco de notas que pode ser feito pelo órgão municipal ou estadual, dependendo do estado. Atenção: Não esqueça de registrar a marca de sua empresa – e possíveis patentes do negócio. Estes procedimentos são feitos pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi).

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Saiba mais: www.sebrae.com.br/ momento/quero-abrir-um-negocio

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bur oc ra c i a O estado também enviou à Assembleia Legislativa um projeto que reestrutura, moderniza e transforma a Jucesp em uma autarquia. O objetivo é que ela promova a modernização de seus serviços, a virtualização do atendimento aos empreendedores e a sua atuação como integrador estadual da Redesim, garantindo o registro de empresas pela internet.

Maratona burocrática De acordo com o último relatório do Banco Mundial sobre ambiente para fazer negócios, a maratona para registrar e legalizar uma empresa no Brasil leva em média 120 dias. Com esse desempenho, o País é o 179º no ranking formado por 183 países. Só ganha da Guiné Equatorial (137 dias), Venezuela (141), Congo (160) e Suriname (694). Nos outros países do Bric a burocracia é bem menor. Na África do Sul, o empreendedor precisa de 19 dias para abrir uma empresa; na Índia, 29; e na China, 38 dias. A boa notícia é que a situação já foi pior. Na pesquisa anterior, o tempo gasto por um empresário

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Angela Pace, da Jucemg: “Não competimos com outros estados, mas com outros países”

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“Temos casos de empreendimentos com 10 anos, mas ainda sem alvará. E pagando imposto municipal”, diz Silva brasileiro para registrar o negócio chegava a 152 dias. O relatório se baseia na maior cidade de cada país – São Paulo, no caso do Brasil. “O dado publicado pelo Banco Mundial não expressa a realidade brasileira quanto a prazo de abertura de empresas”, defende João Elias Cardoso, diretor do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), vinculado ao MDIC. Ele explica que o processo de registro e legalização de empresas envolve três subconjuntos de procedimentos: registro na junta comercial; inscrições na Receita Federal e nos órgãos arrecadadores estaduais e municipais; e, por último, obtenção de alvarás e licenças para funcionamento. “O primeiro e segundo subconjuntos são realizados, normalmente, em curto prazo. As juntas têm o prazo legal de dois dias úteis para decisão em processos que não se referem a sociedades anônimas, transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis, para os quais o prazo é de cinco dias úteis”, argumenta Cardoso. Segundo ele, os prazos mais dilatados estão relacionados à obtenção dos alvarás e licenças, que não impedem o início das atividades da empresa. Ou seja, para iniciar a compra e venda de produtos e serviços, basta obter o registro na Junta Comercial e o CNPJ nos órgãos tributários. Mas se a falta de licenças e alvarás não inviabiliza o início do negócio, certamente causa transtornos. “A empresa precisa estar com todos os documentos em dia para receber crédito”, exemplifica o presidente da Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Comicro), José Tarcísio da Silva. “Temos casos de empreendimentos com 10 anos, mas ainda sem alvará. E pagando imposto municipal. É uma contradição que precisa acabar e nós acreditamos na proposta da Redesim para unificar todos os procedimentos”, afirma Silva. O problema é que a Redesim caminha

a passos lentos. Em quatro anos, a principal conquista do Comitê Gestor da Redesim (CGSIM) foi a instalação, em 2009, do programa de formalização on-line do empreendedor individual (EI). Aliás, um grande feito. Mais de 2 milhões de EIs se cadastraram por meio do Portal Empreendedor de forma simplificada. Mas, em geral, os demais empresários continuam tendo que enfrentar muita burocracia para abrir suas empresas. No final de 2011, a adesão à Redesim era de 512 prefeituras em nove estados (Alagoas, Bahia, Maranhão, Santa Catarina, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rondônia). O Brasil tem mais de 5,5 mil municípios. “O desafio é muito grande. Basta dizer que envolve mais de 22 mil órgãos e entidades no País responsáveis pelo registro e legalização de empresas”, destaca Cardoso, do MDIC. A esperança é que projetos como o Integrar e o Via Rápida Empresa possam finalmente concretizar os anseios da Redesim. “Nós temos certeza de que isso é possível. E hoje temos um terreno muito próprio para isso. Em Ouro Preto (MG), por exemplo, os prefeitos, empresários e entidades estão encantados porque o Minas Fácil ordenou a vida de todo mundo”, afirma Angela Pace, da Ju­cemg. “E quando isso acontecer, finalmente poderemos falar de igual para igual com a comunidade asiática. Sim, porque nós entendemos que não estamos competindo com outros estados, mas com outros países. Precisamos tornar a abertura e a legalização de empresas mais ágeis para que a concorrência se faça de maneira dinâmica.”

LINHA DIRETA Comicro: www.comicro.org.br Junta Comercial de Minas Gerais: www.jucemg.mg.gov.br MDIC: www.mdic.gov.br


eMP Res á R io R i co e Fel i Z

Pense gR and e

linha de partida

dinheiro na compra de carros de último tipo, motos para os filhos, satisfazendo suas necessidades de ascensão social. no período de baixa, tem dificuldade de demitir os parentes e de baixar seu padrão de vida. Endivida-se e, a partir desse ponto, começa a culpar os governos, as instituições de apoio e os bancos que já não emprestam dinheiro para ele. O empresário trabalha muito e ganha dinheiro, mas sem a intenção de criar riqueza. no ciclo econômico desfavorável desmorona. EMPrEsa MOrcEGO – É a empresa que vive no escuro. O empresário não controla sua receita nem sua despesa e gasta de forma temerária o dinheiro que ganha. com o mesmo talão de cheques, indiscriminadamente, paga as contas pessoais e do fornecedor da empresa. não sabe se está ganhando dinheiro ou se está perdendo. O saldo do caixa é o único controle. um dia, no entanto, descobre que mesmo que vendesse todo seu patrimônio não conseguiria pagar as dívidas com os fornecedores. O empresário trabalha muito, mas mistura vida pessoal com a vida empresarial, papel de empregado com papel de dono; enfim, a empresa passa a ser uma expressão confusa do empresário. EMPrEsa áGuia – É aquela cujo empresário pensa grande e que desde a abertura da empresa tem a intenção prévia de prosperar até o limite da riqueza. É um empresário com espírito investidor. Este empresário faz toda a lição de casa, como guiar o olhar para a rota do dinheiro e para os investimentos que valham a pena. Ele monitora os possíveis ralos de sua empresa para conter custos. Ele trata com respeito e profissionalismo os seus fornecedores. E procura dar satisfação, atendendo às necessidades de seus clientes, fonte de riqueza e garantia de longevidade empresarial. feito isso, ele guia seu olhar, cheio de

Por Joel Fernandes

autor dos livros Eu quero ser empresário rico!, Empresário rico também vai para o céu e Sua pequena empresa: muito além da sobrevivência! e do site www.euqueroserempresariorico.com.br

adrenalina, para os resultados dos investimentos realizados. E eles têm que vir sempre subindo e em velocidade máxima, feito voo de águia. Preocupações e adrenalinas são próprias de quem empreende com espírito investidor e são até boas sinalizações, pois indicam que se fez um investimento importante em algo que vale a pena e que, se der certo, há de trazer liberdade financeira. LINHA DE PARTIDA – Definir a linha de partida é necessário para se avaliar o avanço e o êxito empresarial. quando não se tem dados concretos, como possuem os presidentes de grandes empresas, pode-se usar a percepção. ao percebermos onde está a nossa linha de partida, temos como agir em direção à empresa águia, própria de empresário com espírito investidor que tem em mente se tornar um empresário rico e feliz.

Definir a linha de partida é necessário para se avaliar o avanço e o êxito empresarial. Quando não se tem dados concretos, pode-se usar a percepção

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como se mede o êxito de um presidente de uma grande empresa? Por seu desempenho em relação à concorrência (cujos resultados são tornados públicos em empresas de capital aberto) e pelos resultados apresentados ao conselho de acionistas (receita, lucro, retorno do investimento). no entanto, esta medida precisa ser comparada pela situação inicial quando o executivo chegou à empresa, a qual podemos chamar de linha de partida. E como se mede o sucesso do dono de uma empresa por conta própria? Deveria ser da mesma forma, mas na pequena empresa não temos dados concretos de resultados para poder medir. Mas temos como caracterizar a linha de partida. Para tal, formatei uma pesquisa associando as características de alguns animais com a forma de administrar empresas. apliquei o teste com clientes de diferentes portes e setores da economia. Descobri que a maioria não se enxergava de maneira pura em nenhuma da figuras, mas se enquadrava em duas ou mais. Eis os diferentes tipos de empresas das quais estou me referindo: EMPrEsa cObra – Empresa cobra é aquela que só ganha o suficiente para cobrir suas despesas, tanto da empresa quanto da família do empresário. fica durante anos de sua existência sem crescer, sem inovar, sem se capacitar. Como cobra, fica se arrastando. O empresário e sua família trabalham muito, mas a empresa fica estagnada. saracura – É aquela que cresce quando o mercado cresce e diminui quando o mercado se retrai. se o mercado volta a crescer, às vezes consegue acompanhar, porém, na maioria das vezes, isto não acontece. Ou quebra ou fica se arrastando. nos períodos de crescimento o empresário contrata muita gente, especialmente familiares, e esbanja

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caro Barato sai

Além de indenizações e até prisão, uso de software pirata pode causar perdas materiais e diminuir a competitividade internacional por Mônica Pupo

monica@empreendedor.com.br

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vantagens do uso de soFtwaRes legais

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4Garantia Garantia contra a presença de vírus. Assistência global do fabricante/revenda. 4Assistência Garantia de atualizações periódicas dos 4Garantia produtos. Possibilidade de obter significativos descontos, 4Possibilidade conforme volume de produtos adquiridos. Atingir a maturidade enquanto usuário e consequente 4Atingir respeito cada vez maior por parte do fabricante. Proteção do negócio, segurança financeira e 4Proteção boa governança corporativa. Maiores vantagens competitivas e reputação global, 4Maiores com credibilidade nos mercados interno e externo. Fonte: Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes)


um dos principais entraves ao crescimento do mercado de Tecnologia da informação (TI), a falsificação de softwares também representa prejuízo certo para companhias que utilizam tais programas. no brasil, a taxa de pirataria digital atinge 54% do mercado e representa prejuízo de us$ 186 milhões para as empresas lesadas pela concorrência desleal. De perdas materiais a prisão, passando por indenizações e menor competitividade no mercado exterior, os riscos envolvidos estão longe de compensar uma suposta economia. além de evitar dores de cabeça e possuir preços cada vez mais acessíveis, os produtos licenciados contam ainda com garantia, assistência técnica e atualizações permanentes que justificam o investimento e mostram que, em se tratando de estruturas de Ti, o barato realmente sai caro. Previstas na lei dos direitos autorais (nº 9.610/98), as sanções penais em caso de pirataria digital variam conforme a finalidade e incluem prisão por até quatro anos, além de indenizações que podem comprometer – e até inviabilizar – a operação (leia mais abaixo). “O valor da indenização imposto às empresas autuadas pode atingir até 3 mil vezes o preço de

venda do software, mais o preço cobrado pelas cópias que forem apreendidas”, explica Manoel dos santos, diretor jurídico da associação brasileira das Empresas de software (abes). Em 2011, foram realizadas no brasil 680 ações de combate à pirataria de software, segundo dados da abes. Essas iniciativas resultaram na apreensão de 3,16 milhões de cópias ilegais, um crescimento de 81% se comparado ao volume apreendido em 2010. A gestão ineficiente das licenças de software pode ainda ocasionar diminuição da funcionalidade e precisão dos programas, comprometendo os resultados. além de não terem garantia, assistência técnica ou atualização, os softwares irregulares são mais propensos a falhas e deficiências, expondo os computadores a vírus, trojans, malwares e spams. Embora não seja possível traçar um perfil exato dos adeptos da pirataria corporativa, estima-se que 80% das micro, pequenas e médias empresas brasileiras utilizam algum tipo de software irregular, seja por desconhecimento da lei, falta de recursos ou má-fé. na maioria dos casos, a prática mais comum é a replicação do programa em uma quantidade de máquinas maior do que o número de licenças adquiridas.

Riscos do uso de soFtwaRes PiRatas

sanções Penais A Lei 9.610/98 estabelece que a violação de direitos autorais de programas de computador é crime, punível segundo a finalidade: (i) pirataria para uso próprio: detenção de até dois anos; (ii) violação praticada para fins de comércio: reclusão de até 4 anos; (iii) quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio: reclusão de até 4 anos.

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4Punições legais (prisão, pagamento de indenizações, comprometimento da carreira, falência do negócio, etc.). 4Risco de prejuízos incalculáveis pela presença de vírus no computador e consequente perda de arquivos. 4Ausência total de qualquer tipo de suporte. 4Intranquilidade decorrente da prática ilegal.

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ti

Sede da Audaces, em Florianópolis “Às vezes são os próprios funcionários que instalam programas ilegais, sem o conhecimento dos gestores”, diz Rodrigo Paiva, coordenador do grupo de trabalho de defesa da propriedade intelectual da Abes. Segundo a legislação brasileira, cabe ao proprietário responder por qualquer irregularidade que ocorra na companhia, inclusive as praticadas pelos colaboradores. A pirataria pode ainda comprometer os negócios de quem atua ou pretende conquistar mercados externos, em especial os Estados Unidos, principais compradores de cinco segmentos – metalurgia, mecânica, madeira, minerais não metáli-

cos e calçados –, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Alguns estados norteamericanos, a exemplo de Louisiana e Washington, estabeleceram leis que impedem a entrada de produtos em seus territórios caso a produção desses materiais seja considerada ilegal no que diz respeito às licenças de software. Seguindo o exemplo, representantes de outros 36 estados dos EUA declararam que suas regras sobre concorrência desleal também impedirão que empresas consideradas irregulares consigam vantagens competitivas. “Ambientes de TI em con-

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Passo a passo do software legal

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4Ao adquirir um programa de computador (software), o usuário não se torna proprietário da obra, está apenas recebendo uma licença de uso, que é uma permissão para o uso, de forma não exclusiva. 4Mesmo tendo adquirido uma cópia original, o usuário não possui o direito de realizar a exploração econômica do software (cópia e revenda, aluguel, etc.), a não ser que tenha autorização expressa do titular da obra. 4A pirataria de software é a prática de reproduzir ilegalmente um programa de computador, sem a autorização expressa do titular da obra e, consequentemente, sem a devida licença de uso. 4A execução de cópias não autorizadas de software, em computadores dentro de organizações, conhecida como pirataria corporativa, acontece quando se reproduzem softwares pelos empregados, para uso no escritório, sem a aquisição das respectivas Licenças de Uso, o que, mesmo se realizado em pequenas quantidades, pode significar multas vultosas, além de grande desgaste da imagem da empresa no mercado. 4Outra forma de pirataria acontece através de algumas revendas, que copiam integralmente o software, e o vendem a preços reduzidos ou gravam cópias ilegais nos discos rígidos dos computadores, oferecendo este software pirata como uma “gentileza” na compra do hardware. Fonte: Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes)

formidade podem dar vantagem competitiva à indústria brasileira como um todo”, enfatiza Paiva. Mais do que atuar na repressão, a função da entidade é conscientizar os empresários sobre a importância de manter uma postura preventiva em relação ao setor de TI. Para auxiliar os gestores, a Abes mantém o projeto Exporte Legal, com o objetivo de disseminar informações sobre as leis de concorrência desleal, além de incentivar as companhias a buscarem os fabricantes de softwares para revisar a situação atual de licenciamento e resolver possíveis pendências. “De fornecedores a varejistas, toda a cadeia produtiva pode ser afetada se um fabricante violar a lei”, ressalta Paiva.

Tendência de queda No caminho da legalidade, o alto preço dos softwares originais é apontado como principal vilão dos pequenos e médios empresários. Mas, segundo os consultores, o crescimento do setor de TI, com maior diversidade de títulos e competição entre os fabricantes, tende a baixar os preços cada vez mais. “Prova disso é que temos desde alfaiates a modelistas que utilizam nossas soluções, além de grandes empresas do ramo têxtil”, diz Paulo Henrique Delfino Cunha, gerente de relações institucionais da Audaces, fabricante catarinense de soft­ware, especializada em soluções para automação de confecções. No rol de clientes constam marcas como Lojas Renner, C&A, Animale, Cavalera, Farm e Marisol, entre outras. O carro-chefe da empresa é o software Audaces Vestuário, que permite confeccio-


Pirataria responde por 10% da base total de usuários do software da Audaces no Brasil, destinado ao ramo de confecções

“De fornecedores a varejistas, toda a cadeia pode ser afetada se um fabricante violar a lei”, diz Paiva mos interesse em mover ações judiciais. Quando detectamos uma empresa que utiliza nosso software pirata, em primeiro lugar tentamos regularizar a situação e estabelecer uma parceria”, explica Cunha. Além do Brasil, a companhia também enfrenta pirataria nos países para os quais exporta seus produtos, a exemplo de Colômbia e Argentina, onde o uso irregular estimado dos programas da companhia gira em torno de 5%. Para não correr o risco de comprar “gato por lebre”, os consultores recomendam checar todas as licenças de uso e suas devidas notas fiscais. Preço muito baixo e embalagens fora do padrão também podem revelar irregularidade. “A aparência

da mídia e da documentação é importante. No mercado, o software pirata é facilmente identificável pela baixa qualidade (tanto da embalagem quanto do suporte e da gravação). Porém, em algumas situações é possível que haja engano, principalmente quando os programas são baixados pela internet”, detalha Paiva.

LINHA DIRETA Abes: www.abes.org.br Audaces: www.audaces.com Business Software Alliance: www.bsa.org

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nar modelos e controlar máquinas de corte de tecidos. Sucesso de vendas, não por acaso o programa é um dos mais pirateados Brasil afora. “Já tivemos casos de profissionais envolvidos com isso, incluindo professores que adquiriam, reproduziam e comercializavam os softwares para os alunos, além de diversas empresas, em sua maioria pequenas e médias”, relata Cunha. Para o executivo, a pirataria responde por 10% da base total de usuários do software no mercado de vestuário brasileiro. A preocupação com a pirataria é tanta que, no ano passado, a Audaces tornouse a primeira empresa brasileira a entrar para a Business Software Alliance (BSA), associação internacional de produtores de software para a prevenção à pirataria. A partir do acordo, a associação auxiliará na busca de focos de uso ilegal do soft­ ware em empresas, recorrendo a medidas extrajudiciais ou processos. “Não te-

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PRoj et o de lo j a

top house exclusive Data de fundação: 2005 Cidade-sede: Florianópolis Segmento: Móveis e decoração Número de funcionários: 4

galeria

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ares de

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Nova loja da Top House Exclusive combina com harmonia ambiente exclusivo para marca italiana Italsofa e área para móveis nacionais por Mônica Pupo | monica@empreendedor.com.br


Grupo natuzzi, principal fabricante italiano de estofados em couro, reconhecido pelo design minimalista e contemporâneo. a loja é a primeira da região sul a obter exclusividade na venda da grife, presente em 120 países e com dez fábricas em operação, sendo duas no brasil, localizadas na bahia, porém abastecidas com insumos italianos. “além do visual inovador, as principais características das peças são o conforto e a qualidade da espuma e de todas as matérias-primas utilizadas na fabricação”, ressalta almeida, referindo-se às cerca de 50 diferentes densidades de espuma de alta resiliência, que prometem maciez e durabilidade sem deformar o estofado, e aos tecidos utilizados no revestimento, como algodão, sarja, linho e tecidos automotivos. a representação da marca italiana, inclusive, foi um dos principais motivos que levou o comerciante a investir na mudança e completa reformulação do ponto de venda, que se divide em duas áreas:

uma exclusiva da italsofa, que obedece a um padrão de layout especificado pelo fabricante italiano e, outra, onde estão expostas as demais marcas e produtos da Top house Exclusive, incluindo mobiliário interior e exterior, dentre outros artigos de decoração.

Ambientes dinâmicos Elaborado pela arquiteta simone Piva, o novo projeto da loja valorizou o pé-direito alto e a iluminação difusa para criar ares de galeria de arte, combinado a ambientes dinâmicos que valorizam elementos e cores tipicamente brasileiros. “a ideia era criar um novo conceito de loja, com mobiliário contemporâneo e peças despojadas, juntando os conceitos da italsofa com o da Top house Exclusive”, explica almeida, que soma mais de três décadas de experiência no varejo de móveis e objetos de decoração. Dessa forma, o ponto de venda ga-

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ao entrar na Top house Exclusive, em florianópolis, a primeira impressão que se tem é a de estar em uma galeria de arte. Pé-direito alto, iluminação cenográfica e paredes forradas por grandes telas são as principais características do estabelecimento. fundada em 2005, a loja de móveis e objetos de decoração mudou de endereço e de ares em setembro do ano passado com o objetivo de se alinhar ainda mais ao crescente – e exigente – mercado de luxo. instalada numa área de 800 metros quadrados dentro do principal complexo de lojas de decoração da cidade, o shopping casa & Design, a empresa aposta na seleção criteriosa do mix para continuar crescendo de forma consistente. “Trabalhamos apenas com produtos da melhor procedência, incluindo as principais grifes nacionais e estrangeiras de móveis e sofás”, ressalta o paulistano Ênio roberto de almeida, criador e gestor da loja. uma das marcas a que o lojista se refere é a italiana italsofa, pertencente ao

FOTOS VIVIANE MINORELLI

Pé-direito alto, iluminação cenográfica e paredes forradas por grandes telas dão ar de galeria de arte à loja

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fotos viviane minorelli

pr oj et o de lo j a

“Apenas dois meses após a reabertura já conseguimos alcançar a meta de vendas”, diz Ênio

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Ênio Almeida: “A intenção é integrar as artes aos móveis”

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nhou uma área onde predomina o puro design italiano, enquanto do outro lado sobressaem móveis de linhas e matériasprimas genuinamente nacionais. O projeto arquitetônico também se destaca pela reutilização de materiais de demolição da antiga loja, a exemplo de pedaços do piso de cimento integrados às paredes e madeiras do deque reaproveitadas no bar. Além dos móveis, outra atração do espaço são as exposições periódicas de artistas locais e estrangeiros, a exemplo da mostra “Mermaid in a Suitcase”, da artista plástica sul-africana Ishbel Macintosh, que marcou a reinauguração da loja. “A intenção é integrar as artes aos móveis, apresentando de forma indireta a correlação entre ambos”, explica o proprietário. Outra novidade é a inclusão de uma linha exclusiva de móveis para ambientes externos, presentes no mix desde o início do ano. De acordo com Almeida, a ideia surgiu a partir da demanda dos clientes, pois a procura pelo segmento tem crescido consideravelmente na região durante os últimos anos. “O alto padrão e a qualidade dos móveis também foram fato-

res fundamentais para que tomássemos a decisão de entrar neste ramo”, diz o comerciante, referindo-se aos produtos fabricados pela Art Forma, de Minas Gerais. O site interativo, no qual é possível visualizar fotos, vídeos e composições de ambientes com os produtos oferecidos, é outra aposta da loja para atingir clientes de outras cidades e estados, assim como o blog atualizado semanalmente. Com a mudança e as iniciativas, espera continuar crescendo de forma consistente a uma taxa média de 5% ao ano. “A longo prazo pretendemos elevar essa taxa para 10%”, revela o lojista, que no momento estuda a viabilidade de abrir filiais, localizadas provavelmente na região continental de Florianópolis. “Estamos motivados, pois apenas dois meses após a reabertura da loja já conseguimos alcançar a meta de vendas pretendida.”

LINHA DIRETA Top House Exclusive: www.tophouseinteriores.com.br


megafone

Efeito oxigênio

Da mesma forma que você se preocupa com sua saúde, sua empresa precisa se oxigenar para se manter ativa de demanda tempo e necessita de muita determinação. Esse é um ponto que coloca o seu negócio em risco. Oxigenar sua carteira é fundamental, pois se um dos seus clientes vai embora, como fica a estrutura da empresa? Na hora, a primeira reação é entrar em pânico e uma turbulência como essa pode causar doloridas consequências. Então, mãos à obra! Inicie esta prática dedicando algumas horas do seu dia para refletir a respeito da conquista de prospects potenciais, estratégias de aproximação e produtos diferenciados. Não fique feliz com os seus faturamentos, sempre busque ampliar as suas metas e desejos! O início é sempre mais difícil, mas se houver atitude de maneira contínua os resultados aparecem! Você vai precisar de paciência, determinação e muito bom humor para levar tudo adiante. Outra prática importante para a oxigenação da empresa é manter um diálogo franco com os atuais clientes. As tarefas do dia a dia acabam cegando algumas das atitudes mais simples e importantes para o seu negócio, que é ouvir. Outro dia conversando com meu amigo Henry Salomon, da Brandsupply, adorei uma frase que ele disse: “Geammal, ninguém se importa com você, e acabamos nos frustrando quando esperamos algo de alguém!”. Na hora, confesso, achei meio amarga a colocação, mas é a pura verdade! Este é meu verdadeiro amigo de 15 anos. Uma raridade nos dias de hoje é ter pessoas que falam a verdade para você e querem o seu melhor. Ninguém se importa conosco, com a nossa empresa, com a nossa família... Precisamos acordar com um sentimento de provocação e busca pelos nossos desejos! Eles não vão bater na nossa porta em uma manhã de sol!

Precisamos acordar com um sentimento de provocação e busca pelos nossos desejos! Eles não vão bater na nossa porta em uma manhã de sol!

por Rodrigo Geammal

Fundador e diretor-executivo da Elos Cross Marketing – agência brasileira pioneira no marketing de resultados de vendas, que tem o esporte e o entretenimento como conteúdo estratégico. rodrigo@eloscrossmarketing.com.br www.eloscrossmarketing.com.br (11) 3432-2028

Nesse sentido, se você deseja acompanhar os resultados do seu negócio, busque escutar os seus clientes! Provoque este saudável diálogo. Com toda certeza ele não vai acordar e falar tudo o que pensa sobre os seus serviços de forma didática e mensal! Este tipo de atitude será importante não apenas para conservar as boas práticas como também para expor a importância dele para seu negócio. Este exercício é complexo, pois nem sempre escutaremos aquilo que gostaríamos. O Bernardinho, técnico da seleção de vôlei, deve falar muito duro com sua equipe durante o intervalo das partidas, mas com certeza eles entendem que juntos buscam a vitória. A verdade é importante para quem deseja mudar e buscar sempre a excelência! Saber ouvir é uma arte nos dias de hoje. Pratique este exercício e, com toda certeza, novos resultados acontecerão na sua vida e na sua empresa!

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Adoro a vida de empreendedor, pois a quantidade de desafios que surgem no dia a dia é inúmera e muito diferente. Precisamos desenvolver várias especializações e, ao mesmo tempo, criar um olhar generalista. Nasci com a admiração pela vida comercial e um dos temas que mais gosto de dividir com meus amigos são as experiências relacionadas à oxigenação da empresa. Este é um papo pouco abordado nas faculdades e instituições de ensino e cada vez mais as pessoas acabam apreendendo na raça! Quando criamos nosso modelo de negócio temos que nos preocupar com todos os detalhes da sua abertura, e no momento que acaba este processo inicia-se a pressão pelas vendas! É preciso vender! E, muitas vezes, o empreendedor está estafado com a primeira fase e não consegue pensar em desenhar um planejamento comercial, que é fundamental! E é justamente nesse momento que o empresário precisa estar extremamente atento – afinal, essa é a primeira barreira que divide quem tem o oxigênio para continuar. Da mesma forma que você se preocupa com a sua saúde, fazendo uma boa alimentação, praticando exercícios físicos e mantendo uma agenda de boas conversas com as pessoas que ama, a sua empresa precisa dos mesmos cuidados para se manter ativa, sempre! Isso significa oxigenar! Um dos exercícios mais importantes que todo empresário precisa praticar na empresa é ter a disciplina de buscar novos clientes e nunca se manter satisfeito com o que tem atualmente na carteira! Essa é uma regra muito eficiente! Esse exercício – atrair novas contas para a carteira – é daqueles que não gera muito prazer, pois a complexidade é grande. Conquistar um novo cliente não é algo simples. A ativida-

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perf i l loj i s ta

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Eduardo Balarotti

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Cargo: Diretor comercial e de marketing Idade: 38 anos Formação: Administrador de empresas Empresa: Balaroti Data de fundação: 1975 Ramo: Varejo de materiais de construção Cidade-sede: Curitiba N° de funcionários: 2 mil


Expansão

barriga-verde Atuante em um dos setores que mais crescem no Brasil, a rede de materiais de construção paranaense Balaroti não para de expandir. Com a inauguração de mais uma loja no município de São José, na Grande Florianópolis, no último mês de maio, a rede passa a ter 18 pontos de venda, sendo 15 unidades no Paraná e três em Santa Catarina. Até o final do ano planeja abrir mais lojas em terras catarinenses: Florianópolis, Jaraguá do Sul, Blumenau e Itajaí são as cidades que estão na lista para receber os negócios do grupo. A expansão em Santa Catarina é considerada um marco na história da rede. O diretor comercial e de marketing da empresa, Eduardo Balarotti, afirma que o mercado catarinense é muito promissor e fundamental para a expansão da rede. “A região de São José e também de toda a Grande Florianópolis vivem um grande momento de crescimento, que apontam para cenários ainda mais promissores”,

justifica, ao se referir à escolha de São José para instalar a loja. O Balaroti acompanha o boom imobiliário desta região que recebe empreendimentos trazidos por grandes construtoras do Sudeste do País, como a Rossi e MRV. Além disso, o diretor comenta que a empresa sempre teve planos para ampliar sua atuação no estado catarinense. E diz ainda que por enquanto não tem planos para investir em outro estado. “Com esta nova loja, inauguramos uma nova etapa. E até o final do ano vamos pular de duas para seis lojas em solo catarinense”, afirma. A primeira loja do Balaroti em Santa Catarina foi inaugurada em Joinville, no ano de 2004. Mais tarde, em 2009, foi a cidade de Balneário Camboriú que recebeu um ponto de venda do grupo. A nova loja de São José tem 5 mil metros quadrados de área de venda, oferece cerca de 60 mil itens, que vão desde matéria-prima para construção, como

por Raquel Rezende

raquel@empreendedor.com.br

areia, brita e cimento, até acabamentos de alto padrão, entre eles cerâmicas, tintas, louças, metais, material elétrico, hidráulico e iluminação. Todos os itens são demonstrados no sistema de “self service”, possibilitando o contato do cliente com o produto acompanhado da presença de um vendedor. O Balaroti traz o conceito de “home center” para o ponto de venda, oferecendo espaço de entretenimento para as crianças, enquanto os pais estão na loja, cafeteria e estacionamento próprio com 200 vagas. A filial de São José também vai testar uma inovação, pioneira no País, com a implantação de um sistema para informatização de vendas instalado em computadores portáteis operados pelos vendedores para integrar todo o processo de venda, estoque e comunicação entre as lojas. O objetivo disso é proporcionar aos clientes uma redução do tempo de permanência na loja. Não somente os consumidores vão

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Boom imobiliário de Santa Catarina atrai a loja paranaense de materiais de construção Balaroti, sexta maior do País

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perf i l loj i s ta

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Todos os itens são demonstrados no sistema de “self service”, mas com o acompanhamento de um vendedor

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se beneficiar com a presença da rede na região, mas também os 100 funcionários contratados pelo grupo. Considerada uma das melhores empresas para se trabalhar em 2011, de acordo com o guia Você S/A e Exame, o Balaroti investe em política de recursos humanos. Oferta de treinamentos, participação nos resultados e um pacote de benefícios integram as ações da empresa para valorizar os colaboradores. A busca por aperfeiçoamento dos funcionários também ocupa a atenção da empresa. Por isso, foi criada a Universidade Balaroti com o propósito de oferecer treinamentos comportamentais e técnicos. E o desempenho nestas atividades tem peso importante na avaliação para promoções. “Estar entre as melhores empresas para se trabalhar no País é motivo de grande orgulho para nós”, afirma Eduardo Balarotti. Ele acredita que o trabalho de funcionários comprometidos, satisfeitos e estimulados é um dos grandes componentes do crescimento de uma empresa. “Por este motivo pensamos que eles

também devem ser estimulados sempre a crescer no trabalho”, explica. O relacionamento com os funcionários, segundo Eduardo, é bem claro e valoriza isso.

Respeito ambiental Outra preocupação da empresa é com a questão ambiental. Nas lojas novas, os projetos arquitetônicos foram criados seguindo padrões ambientalmente corretos. E nas lojas antigas algumas adaptações foram realizadas, como a colocação de claraboias para estimular a iluminação natural. Os funcionários receberam orientações relacionadas ao consumo consciente de água, separação de lixo, utilização de sacolas oxibiodegradáveis e reutilização de palets. A rede de materiais de construção é considerada a maior revenda do Estado do Paraná e a sexta maior do Brasil pelo “Top of Mind de 2010”, e quer consolidar ainda mais a participação nos mercados paranaense e catarinense. E a grande demanda

Funcionários comprometidos, satisfeitos e estimulados refletem no crescimento da empresa

por novas habitações, que estava reprimida, e a estabilidade econômica dos últimos anos contribuíram para o crescimento do grupo que começou em 1966, com a fundação de uma pequena indústria madeireira por Hélio Balarotti, Eduardo Balarotti e Rosenval Zaccar em Santa Tereza, município próximo a Cascavel, no Paraná. A expansão da marca aconteceu em 1975, com a comercialização de materiais de construção em um depósito de madeiras em Curitiba. Com o passar dos anos, a oferta de produtos foi ampliada e a ligação com materiais de construção foi natural. Hoje, a empresa tem 2 mil funcionários e segue com a tradição de manter o compromisso com os clientes, investindo em colaboradores comprometidos. “Sempre acreditamos no poder do trabalho. Mesmo em momentos em que o mercado vivia as incertezas de crises econômicas, prosseguimos investindo, com a abertura de novas lojas. Com responsabilidade, mas prosseguimos investindo”, diz Eduardo Balarotti.

LINHA DIRETA Balarotti: www.balaroti.com.br


cautel a

empreendedori smojá .com

Você é precavido ou temeroso? pouco de minha trajetória e refleti sobre as implicações daquela decisão. Pense, amigo leitor, na quantidade de decisões que você é obrigado a tomar, todos os dias, nos mais diversos cenários e situações. Para cada ato elegemos uma razão. Assim, inúmeras justificativas podem ser utilizadas sem que sejam objeto de uma análise mais profunda. Digo isso porque não é comum, em nossos dias, que nos interroguem abertamente sobre a natureza de nossas decisões. São precavidas ou temerosas? Emocionais ou racionais? Francas ou tendenciosas? Esta cliente especial, que admiro pela franqueza e ousadia, despertoume a vontade de me aprofundar sobre o tema, fundamental na área de gestão e negócios. O ser humano, em geral, apenas reage. A vida de competições nos oferece pouco tempo para análises, interpretações ou explicações. Em nossos dias, algumas palavras a mais podem criar no receptor a impressão de que somos prolixos, cansativos ou até mesmo dúbios. Dessa forma, procuramos impor velocidade ao raciocínio, mesmo perdendo em precisão e acuidade. No campo da linguagem, as armadilhas são muitas. Uma mesma frase pode significar coisas diferentes e gerar compreensões distintas em cada interlocutor. Nas empresas, a tecnologia digital e a luta concorrencial criaram ambientes de pressão, tensão e extrema velocidade. No geral, reagimos e não refletimos. Muitos gestores e empreendedores operam e executam, mas raramente planejam e ana-

A certeza absoluta é algo raro em nossas vidas, mas vale, em todos os momentos, minimizar a incerteza. E isso depende de pensamento e reflexão

por Marcelo Ponzoni

Publicitário e diretor-executivo da agência Rae,MP, que atua há 23 anos no mercado; e autor do livro Eu só queria uma mesa, da Editora Saraiva. (11) 5070-1294 – marcelo@raemp.com.br www.raemp.com.br

lisam os impactos futuros de suas ações. É por isso, talvez, que o mundo esteja enfrentando problemas tão graves em questões de sustentabilidade. Quem não pensa tem dificuldade em equilibrar as dimensões econômica, social e ambiental em seus projetos corporativos. Neste contexto, quero provocar o amigo leitor. Em suas atividades diárias, você está sendo precavido ou temeroso? Não fez por saber dos riscos ou por que teve medo do sucesso? Pense nisso com carinho. Ao olhar atentamente para dentro de si, você pode avistar as reais intenções por trás de suas decisões. E esse exercício é fundamental para as novas lideranças. A certeza absoluta é algo raro em nossas vidas, mas vale, em todos os momentos, minimizar a incerteza. E isso depende de pensamento e reflexão. Pensar é como malhar. Com o tempo, deixa de “doer” e você se acostuma. Os resultados são sempre positivos.

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A busca é sempre pelo equilíbrio. É o melhor de nosso estado físico e mental. Quem exagera ou minimiza expõe-se sempre ao risco. Na vida e nos negócios, as melhores decisões são tomadas quando encontramos o meio termo entre a ousadia e a prudência. É certo, no entanto, que esses processos de escolha são marcados por uma grande sequência de questionamentos internos, deflagrados em velocidade inimaginável em nossas cabeças. Pela força do exercício cotidiano, acabamos por oferecer respostas automáticas e padronizadas a essas questões. Em meu primeiro livro, Eu só queria uma mesa, procurei relatar com detalhes minhas experiências na infância e na juventude. Mais adiante, mostrei como elas influenciaram minhas decisões na vida adulta. Muitas de nossas reações e decisões têm a ver com as experiências vividas. Somos reflexo do que passamos e sofremos. Pensando nisso e a partir de uma conversa recente com uma cliente, determinei-me a escrever sobre o tema. Quando manifestei interesse em alterar algo previamente decidido, fui questionado por ela: “Marcelo, você está sendo precavido ou temeroso?”. Respondi, sem pestanejar, que estava sendo precavido. Porém, há uma linha muito tênue entre esse dois modelos de conduta. Em cada momento e cenário, um deles se evidencia. Em minha vida já cometi muitos erros, mas costumo estar convicto de que procurei a melhor solução para cada problema. Ao final daquele dia, revi um

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fra nq u i a

Sabor colorido

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Há dez anos no Brasil, a marca espanhola Fini, líder mundial no mercado de balas de gelatina, marshmallows e chicletes, está fazendo sua estreia no franchising. A meta é abrir 40 pontos franqueados ainda em 2012 e chegar a 300 unidades nos próximos três anos. Pensando em todos os empreendedores, a marca oferece modelos de franquias com formatos de quiosques que vão de 6 a 12 metros quadrados, com investimento mínimo de R$ 80 mil. Há também a opção de formato de loja, cujo investimento parte de R$ 120 mil. A franquia foi desenhada para convidar o consumidor a fazer parte da linha de produção de uma fábrica através de uma estratégica brincadeira na hora de escolher os seus produtos, gerando assim a experimentação self service. A marca está presente em mais de 80 países. www.mundofini.com.br

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veículos seminovos Estreante no franchising, a autofácil é a primeira franquia de loja de veículos do brasil. a meta dos irmãos lucio e Marcelo Mendonça, fundadores da marca, é abrir dez unidades franqueadas até o final de 2012 e chegar a 30 em 2013. a dupla tem experiência de oito anos no setor automotivo e administra uma loja própria desde 2009 em são josé do rio Preto, interior paulista. “a princípio queremos atingir o maior número de cidades no Estado de são Paulo e em seguida avançar para outras regiões, principalmente o nordeste”, afirma Marcelo. O investimento em uma unidade autofácil gira em torno de r$ 277 mil, incluindo taxa de franquia, projeto arquitetônico, marketing, capital de giro e estoque inicial baseado em 12 veículos de r$ 17 mil cada. “nosso foco é atender as classes b, c e D com carros mais populares. Porém, dependendo do valor disponível para investimento, podemos atender também a classe a, montando uma loja mais sofisticada e com um estoque de alto padrão”, complementa lucio. www.temautofacil.com.br

olho na bola

Marca de craque

a american rent a car desenvolveu um plano de expansão baseando-se na copa do Mundo de 2014. com o tema “american rent a car no País do futebol”, a meta é abrir franquias em todas as cidadessede do evento. “O objetivo principal desta ação é a captação de novos investidores, interessados em ingressar em uma rede de aluguel de carros que tem disponíveis as praças das cidades-sede da copa”, explica Errol albuquerque, gerente de expansão da rede no brasil. O valor inicial da taxa de franquia varia de acordo com a praça de interesse. O prazo de retorno é, em média, entre 24 e 36 meses. a american rent a car é uma marca americana de locação de veículos voltada ao segmento de turismo de lazer e negócios. no mercado nacional, está presente em são Paulo, recife, natal, joão Pessoa e florianópolis.

a rede de academias Pelé club desenvolveu quatro novos modelos de franquias com o objetivo de acelerar sua expansão pelo brasil. são eles: ginástica e musculação, aquático, quadra esportiva e campo. as modalidades podem ser acopladas umas às outras, de acordo com o interesse do investidor. com esse novo modelo, a rede espera abrir mais cinco unidades até o início de 2013, ampliando em 50% sua participação no mercado. “Percebemos que nossa franquia tinha um custo muito alto e decidimos dividir o negócio em módulos. Toda cidade com mais de 200 mil habitantes comporta uma franquia da Pelé Club”, afirma andré figer, presidente do Grupo figer, que gerencia as franquias da marca. segundo o executivo, o investimento mínimo com as mudanças passa a ser de r$ 1 milhão, contra r$ 2,3 milhões no modelo anterior.

www.peleclub.com.br

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www.americanrentacar.com.br

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F Ra nQu i a

Cardápio refinado

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a rizzo italian Gourmet, especializada em cozinha italiana, anuncia a abertura de 10 restaurantes até o início de 2013, o que representa dobrar o tamanho da rede. a previsão é encerrar o ano com um faturamento estimado em r$ 11 milhões – 57% maior do que em 2011. O plano de crescimento da rizzo italian Gourmet mira as praças do rio de janeiro, brasília, região nordeste e interior de são Paulo. nos próximos meses serão inauguradas seis unidades. “O nosso diferencial é que, apesar do conceito express, todos os pratos são sofisticados, levam ingredientes premiuns e com qualidade gourmet”, ressalta adriano bernardes, sócio-diretor da rede. a rizzo italian Gourmet oferece diversas opções de pratos entre risotos, massas, saladas e grelhados. as receitas são resultados de muitos experimentos feitos em parceria com o renomado bistrô le Marais, onde os sócios de rizzo também têm participação. com todo o requinte do prato, uma refeição rizzo Gourmet oferece ótimo custo-benefício: r$ 20 em média. www.rizzogourmet.com.br

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Milk-shake popular

Baterias no franchising

a Mil Milkshakes prevê a abertura de mais 30 lojas até o final de 2012. Com essa expansão, espera alcançar um faturamento de r$ 5 milhões neste ano. as praças prioritárias para as novas unidades são amazonas, rondônia, Minas Gerais, Mato Grosso, rio de janeiro e são Paulo, além de toda a região nordeste. atualmente, a rede tem forte atuação no interior paulista. a marca tem um cardápio com mais de 100 sabores de milk-shakes e comercializa, em média, 170 mil copos ao mês em toda a rede, formada por mais de 40 unidades. fundada em 1992 como sorvetes sóaki e franqueada como Mil Milkshakes em 2005, a marca popularizou o milk-shake no brasil ao estruturar o negócio em lojas de rua. até então, o produto era comercializado somente em sorveterias e lanchonetes. na última feira da associação brasileira de franchising (abf), realizada em junho, a marca cadastrou cerca de 600 empreendedores interessados no negócio. www.milmilkshakes.com.br

a baterias heliar, marca da Divisão Power solutions da empresa global johnson controls, se rendeu ao franchising e, desde maio, está operando dentro do sistema. a empresa estreou o novo modelo com cerca de 100 master franqueados. Para adquirir a franquia, o investimento necessário gira em torno de r$ 100 mil e a taxa de franquia é de r$ 20 mil. “há dois anos iniciamos a busca por um modelo que permitisse elevar nossos negócios a um novo patamar de desempenho. seguindo a tendência mundial de organização em rede, encontramos no sistema de franchising a solução ideal para dar continuidade ao processo de diferenciação de nossos serviços e valorização da marca heliar”, afirma Fábio Trigo, diretor da empresa. O jogador neymar é o garoto-propaganda da marca no brasil. O contrato de publicidade foi assinado no final de abril e continuará até agosto de 2014.

www.heliar.com.br


aposta no interior

Baixo custo O sonho de ter o próprio negócio pode ser realizado com r$ 7,5 mil. Esta é a proposta da amigo computador, primeira franquia brasileira de manutenção local de computadores e redes. a marca do Grupo Zaiom, um dos maiores grupos de microfranquias do brasil, planeja chegar a 30 operações até o final do ano. Uma das vantagens é que a franquia não exige ponto comercial, pois todo o trabalho é realizado na casa do cliente. Entre os serviços prestados destacam-se remoção de vírus, instalação de programas e impressoras, intranet e recuperação de dados. “O setor de manutenção de computadores é ocupado, em grande parte, por amadores. a amigo computador chegou para suprir essa necessidade, com técnicos treinados e qualificados”, explica o diretor da marca artur hipólito. O retorno estimado do investimento inicial é de 12 meses.

www.amigocomputador.com.br

oportunidade para pequenos empreendedores terem seu próprio negócio com mais padrão de qualidade”, explica fernando Massi, sócio-fundador da rede. O valor para realizar a conversão de uma clínica para o sistema de franquia da Ortodontic center é de r$ 30 mil. O empreendedor que não tem clínica preparada para a conversão vai precisar de r$ 200 mil para o investimento inicial, mais r$ 50 mil para o capital de

giro e r$ 45 mil para a taxa de franquia. são cobrados 7% de taxa de royalties e 2% de taxa de publicidade. O faturamento médio mensal é de r$ 300 mil e o lucro médio gira em torno de 25% do montante faturado. O prazo de retorno é de 18 a 24 meses. criada em 2002, a Ortodontic center tem 38 unidades em dez estados, além do Distrito federal. Em 2011, a marca faturou r$ 25 milhões.

www.ortodonticcenter.com.br

complemento escolar a Ensina Mais, microfranquia de complemento escolar com aulas de Português e Matemática, é uma nova oportunidade de negócio para quem se identifica com a área de educação. A marca do Grupo Prepara, conhecido no mercado pelas franquias Prepara cursos e aprenda idiomas, oferece metodologia de aprendizado individual com a utilização de recursos tecnológicos que garantem aulas interativas, dinâmicas e lúdicas. O público-alvo é a classe c e as mensalidades custam, em média, r$ 80. “nosso objetivo é levar educação e treinamento àqueles que realmente precisam de diferencial competitivo, seja na escola ou no mercado de trabalho”, afirma Rogério Gabriel, presidente da empresa. Para 2012, a expectativa é inaugurar 80 franquias da Ensina Mais em diferentes regiões do País. com r$ 35 mil é possível abrir uma unidade. O faturamento médio mensal é de r$ 15 mil e o prazo de retorno do investimento gira em torno de 24 meses.

www.ensinamais.com.br

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cidades com menos de 100 mil habitantes são o foco de expansão da Ortodontic center, rede de franquias de clínicas odontológicas que já tem mais de 10 unidades em cidades deste porte. uma ferramenta importante para esta estratégia é o Projeto Presence, modelo de negócios que consiste na conversão de consultórios para clínicas da Ortodontic center. “O projeto pretende revolucionar o setor odontológico, dando

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PR odu tos e s eR v iç o s

limpeza a gás

atualização sem custo O Mercado Eletrônico, especializado em transações entre empresas pela internet, oferece há mais de 10 anos o software as a service (saas). a ferramenta é uma solução de compras que permite a gestão on-line de todo o processo de compras das empresas, facilitando e otimizando a operação. com mais de 40 mil usuários mensais do serviço, a ferramenta coleta demandas, analisa os fluxos, explora contratos e aprova-os, de modo que você tenha valor em atendimento, redução de custos e gerenciamento de

nota fiscal. Nestlé, Philips, Grupo Accor, braskem, bunge, cTEEP, basf, Oi, Grupo Paranapanema, aEs Eletropaulo, saint-Gobain e Grupo Pão de açúcar estão entre os clientes da empresa. E para quem é cliente, o Mercado Eletrônico fornece a atualização da ferramenta, diferente dos concorrentes, sem que os usuários necessitem adquirir uma nova versão do software, nem pedir uma nova licença ou ter que efetuar download. O serviço é hospedado na nuvem, por isso é só acessar a interface on-line e a nova versão fica disponível. www.me.com.br

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Merchandising sob controle

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O ibope Media lança o Merchanview, serviço que mede as ações de merchandising na televisão. com uma nova métrica, criada em parceria com as emissoras de TV e agências de publicidade, o Merchanview monitora as ações em cinco redes de TV (band, Globo, record, rede TV e sbT), reportando o investimento publicitário e a audiência com base no Painel nacional de Televisão (PnT). “com critérios padronizados para valoração de acordo com o tipo da ação e gêneros de programa, o Merchanview será a nova régua para medição de merchandising”, explica Melissa Vogel, diretora de marketing da unidade

Monitor do ibope Media. Do início deste ano até 30 de abril foram contabilizadas 7.860 ações de merchandising pelo ibope. no total, foram 625 anunciantes em 112 programas. ao longo do período analisado foram expostos 1.112 produtos. O Merchanview mostrou que 50% das inserções foram em programas femininos e de auditório. Os reality shows tiveram 315 inserções, que corresponderam a 10% dos investimentos totais e 18% do GrP (Gross rating Points, ou pontos de audiência bruta). já as novelas tiveram 164 inserções, com 6% do investimento e 15% do GrP do período. www.ibope.com.br

a Wurth do brasil oferece ao mercado brasileiro o Dust cleaner, um novo gás de alta pressão desenvolvido para remover poeira e resíduos em locais de difícil acesso. O produto pode ser utilizado, por exemplo, para a limpeza de teclados de computadores, que juntam pó e uma série de sujeiras entre as teclas. Para fazer a limpeza não é preciso desmontar o teclado: basta pressionar a válvula que impulsiona o gás na superfície a ser limpa. O Dust cleaner também pode ser aplicado em outros equipamentos de informática, como cPus, scanners, copiadoras, impressoras além de equipamentos de laboratório e painéis automotivos. www.wurth.com.br


sorria O Digital sentry é um gravador de vídeo híbrido que suporta gravação e visualização de imagens provenientes de câmeras de segurança analógicas e iP. O aparelho comporta o gerenciamento de até 128 câmeras IP ou 64 câmeras analógicas e pode ser configurado como nVr, DVr ou híbrido nVr. se for utilizado o modo de gravação DVr, o gravador suporta resolução D1 a 30 fPs. além disso, possui até 18 Tb de armazenamento interno de vídeo ou 24 Tb com unidade externa. O novo gravador já está à venda e pode ser encontrado em rede de distribuidores autorizados da Pelco. www.pelco.com

Plástico vegetal

integrado ao novo conceito da Tim intelig, o Tim intelligence é o serviço de videoconferência ofertado pela operadora de telefonia para o segmento corporativo. com o propósito de conectar pessoas, por meio de um ambiente virtual, a ferramenta auxilia o trabalho de pequenas e grandes empresas, reduzindo custos em até 70%. O serviço chega ao mercado com o custo de r$ 2.490 mensais por um período de 36 meses. a operadora fornece equipamentos de vídeo

e iP dedicado de 4 Mbps para o serviço em clientes corporativos. O lançamento acompanha a tendência do mercado na busca por soluções que permitem aplicar recursos no foco principal do negócio, evitando gastos desnecessários com equipamentos e múltiplos fornecedores. a oferta foi desenvolvida a partir de uma parceria estratégica com a Polycom, líder global em comunicações unificadas baseadas em padrões abertos, que fornecerá a tecnologia necessária. www.tim.com.br

www.c-pack.com.br

ERRATA: em nota publicada na edição 209 (março/2012) sobre a lavadora de alta pressão G 2800 XC, da Kärcher, a imagem usada corresponde a outro produto do mesmo fabricante.

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conferências virtuais

O PE Verde é um tubo plástico flexível que pode ser utilizado para o envase de cosméticos e alimentos. O produto foi desenvolvido pela c-Pack e tem como matéria-prima o polietileno verde extraído da cana-de-açúcar. nesse processo, o melaço da cana é fermentado e destilado para produção do etanol, e por meio de uma desidratação o álcool é transformado em plástico. Diferentemente do polietileno produzido a partir do petróleo, o PE verde absorve gás carbônico da atmosfera ao invés de emitir gases poluentes, o que reduz o efeito estufa e o aquecimento global.

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PR odu tos e s eR v iç o s

teste de contaminação O 3M Molecular Detection system é um equipamento que permite detectar com maior rapidez e agilidade a contaminação de alimentos por microorganismos como salmonella, E. coli 0157 e listeria. O aparelho é portátil e pode ser adaptável a qualquer ambiente de laboratório. com o 3M Molecular Detection system, diferentes microorganismos podem ser verificados em uma mesma rodada de testes feitos a partir da amplificação isotérmica de Dna. O kit de testes para detecção de salmonella da 3M recebeu a certi-

ficação AOAC (Association of Official agricultural chemists), associação científica sem fins lucrativos que testa e certifica métodos de análise. “Com o 3M Molecular Detection system (MDs) trazemos uma inovação ao mercado de segurança alimentar, a qual, de maneira simples e confiável, permite economia de tempo, agilidade na tomada de decisões e maior produtividade na detecção de micro-organismos patogênicos”, destaca o gerente da divisão food safety da 3M, Marcelo leonardo.

www.3m.com

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ligações gratuitas

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a blasterPhone oferece serviço de ligações gratuitas por meio de números fixos, denominados “números de acesso”, nas cidades de são Paulo, rio de janeiro e brasília. as chamadas podem ser feitas de qualquer aparelho telefônico (fixo ou celular) e a ligação é feita por VoIP, tecnologia que permite a transmissão de voz sobre protocolo de internet. ao acessar o site da blasterPhone, basta escolher a opção “serviços e Produtos” e clicar em “serviços Gratuitos” para utilizar o sistema. O usuário é orientado a ligar para um dos números de acesso, disponíveis no site, e depois seguir as instruções para realizar a chamada gratuita. além de ligações para são Paulo, rio de janeiro e belo horizonte, podem ser realizadas chamadas para números fixos e celulares em 28 países, dentre eles japão, china, Taiwan e Estados unidos. O serviço pode ser utilizado das 10h às 12h e das 20h às 22h. www.blastervoip.com.br

simulador de decisões O Planeje-se é um manual on-line que auxilia os empreendedores na tomada de decisões. criado pelos especialistas em gestão Marcos Martins e fernando alvite, da M11 consultoria, a ferramenta é direcionada a pequenos empresários e os orienta a melhorar seus processos em áreas como vendas, compras e finanças. O manual está disponível na internet e basta o empreendedor preencher dados sobre a empresa para que o sistema simule automaticamente caminhos a serem seguidos para se alcançar uma melhor gestão do negócio. O serviço custa r$ 60 e, ao pagar pelo uso, o empreendedor tem acesso ilimitado ao sistema e ainda pode fazer uma consultoria mensal em uma das cinco áreas cobertas pelo Planeje-se. O usuário pode também enviar perguntas por email para os consultores. “a decisão continua sendo tomada pelo empresário, mas com a ferramenta ele passa a ter um melhor direcionamento. O sistema ajuda o pequeno empresário a gerenciar melhor o negócio e a solucionar os problemas de rotina com mais eficiência e rapidez”, afirma Marcos Martins, da M11 consultoria. www.planejese.com.br


l eit uRa

Pesquisadores oferecem uma compreensão mais profunda e completa sobre a liderança com base na teoria evolucionista a arte de liderar pessoas tem sido objeto de estudo do homem ao longo de praticamente toda sua história. são muitas as pesquisas e livros publicados sobre o tema, geralmente baseados na psicologia da liderança. com o objetivo de oferecer uma compreensão mais profunda e completa, a obra recua até o início dos tempos para descobrir como a liderança surgiu e se modificou ao longo de vários milhões de anos até os dias de hoje. “Isso nos permite identificar os ingredientes da boa liderança e compreender por que a má liderança floresce”, explicam os autores. Pesquisador do instituto de antropologia cognitiva e Evolucionista da universidade de Oxford, Mark van Vugt já publicou suas pesquisas nas principais revistas científicas da área. Já Anjana Ahuja é Ph.D. em física espacial pelo imperial college de londres e foi colunista do The Times por 16 anos, além de prestar consultoria para entidades como a royal society, a british science association e o british council. no livro, os especialistas apresentam as diferentes espécies de líder e teorias de liderança, além de descobertas e conceitos inéditos relacionados a tipos de liderança já conhecidos. inclui ainda um questionário, com base na teoria evolucionista da liderança, para que os leitores possam identificar que tipo de líder são, variando entre O Guerreiro, O batedor, O Diplomata, O árbitro, O administrador e O Professor.

Mark van Vugt e Anjana Ahuja Editora Cultrix – R$ 48

“Deixando de lado as ideias atuais sobre liderança para percorrer os caminhos nômades dos nossos ancestrais e, através dos olhos deles, ver o mundo como era antes da agricultura e da urbanização, todos os dados contraditórios e confusos sobre liderança começam a se combinar. Para sobreviver na savana, nossos ancestrais tiveram que ficar juntos. Essa estratégia de sobrevivência – a vida em grupo – nos tem sido inculcada ao longo da evolução. Teorizamos que a liderança e a seguidança evoluíram para ajudar os nossos ancestrais a resolver problemas de coordenação social trazidos pela vida em grupo, como coletar alimentos e encontrar um lugar seguro para dormir. E a partir dessa premissa simples, muito pode ser explicado. Todos os tipos de líderes que conhecemos no âmbito da política e da administração – os pomposos, os inescrupulosos, os gananciosos, os magnânimos – têm a sua participação no roteiro da teoria evolucionista da liderança. O que conecta esses tipos é o desejo básico de liderar, e, o que é mais importante, o que une seus subordinados é o desejo de serem liderados.”

Posso ajudar? 31 dicas para não vender

o poder dos quietos

a abordagem simples, direta e bem-humorada é a principal característica do livro que, na quinta edição, já se transformou em manual para profissionais de marketing e vendas. Cansados de ouvir profissionais lembrando apenas do que é certo fazer para ser na hora de vender, os autores reuniram erros clássicos da área de vendas. a começar pela clássica abordagem “Posso ajudar?”, utilizada até hoje por muitos vendedores, considerada uma das principais maneiras de afastar o cliente da loja. Entre outras dicas, a obra sugere que o vendedor se controle após falar o preço do produto, deixando o cliente pensar em vez de metralhá-lo com informações sobre descontos que acabarão com sua comissão. “não entregue todas as cartas que tem na manga antes da hora. se você pode dar descontos e oferecer melhores condições de pagamento para fechar a venda, faça isso aos poucos. saiba mais sobre as reais condições de compra do cliente”, diz o livro.

a obra apresenta a introversão como ingrediente fundamental para a criatividade e a inovação. Embasada por pesquisas e estudos científicos, a autora afirma que nossa sociedade vem transformando escolas e escritórios em instituições dedicadas a extrovertidos – arquétipo que tem se revelado um grande desperdício de talento. algumas das maiores ideias humanas – da teoria da evolução aos girassóis de Van Gogh e os computadores pessoais – vieram de pessoas essencialmente quietas que sabiam como se comunicar com seus universos interiores. sem os introvertidos não haveria a teoria da relatividade, os noturnos de chopin ou o Google.

Cláudio Diogo e Eloi zaneti – Tekoare Edições – R$ 30

Susan Cain – Editora Agir – R$ 29,90

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seleção natural

naturalmente selecionados

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ANÁLISE ECONÔ MICA

Novas projeções com a crise da Europa Ações preventivas do BC, tomadas com a antecedência necessária, acabaram por suavizar o impacto da crise e sem dúvida elevar o crescimento do PIB brasileiro

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A crise de confiança na Europa que teve origem nos problemas fiscais da Grécia e que acabou afetando rapidamente Portugal, Irlanda e, posteriormente, num novo estágio, Espanha e Itália, já completa dois anos – a duração do problema e a sua magnitude surpreendem. Todos foram atingidos pelo aumento da aversão ao risco e pela diminuição da confiança como um todo, elevando o custo de captação tanto de países como de empresas. A cada início de ano analistas e economistas se dobram para tentar acertar as projeções anuais dos principais indicadores econômicos, e diante da longa duração da crise europeia, todos estão

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mudando seus números – e eu estou incluído nesta lista. A sorte do Brasil neste ano é que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, por ter sido um dos primeiros a detectar que a crise seria mais duradoura, surpreendeu todos dando início a um ciclo de afrouxamento monetário. Logo após o anúncio da medida, alguns agentes do mercado – lista na qual me incluo novamente – se posicionaram de forma receosa e até pessimista traçando contrapontos à medida, mas o fato é que as realizações do plano acabaram por suavizar o impacto da crise e sem dúvida elevar o crescimento do Produto Interno Bruto brasileiro. Esse crescimento efetivo já será ruim este ano, perto de 2%, mas seria muito pior sem a antecipação do Banco Central, lembrando que a maioria das projeções para o PIB brasileiro no início deste ano girava em torno de 4,5%.

por Paulo Petrassi Leme Investimentos

Como consequência direta desta drástica mudança de expectativa de crescimento da economia brasileira, outra variável econômica que sofreu forte alteração foi a taxa de juros da economia para o fim do ano. No início tínhamos como parâmetro algo em torno de 10%, que contrasta com as projeções atuais de até mesmo 7% para o fim de 2012 – estando o cenário externo preocupante e o desaquecimento da economia local permitido esta mudança. O que podemos concluir é que infelizmente o Brasil hoje também se encontra refém desta crise na Europa, e fica muito difícil traçar cenários e projeções de indicadores econômicos mesmo que a curto prazo. Temos, portanto, que fazer o dever de casa (desoneração fiscal, queda de juros e investimento em infraestrutura) e torcer para que a situação da Europa melhore rápido.

O que podemos concluir é que infelizmente o Brasil hoje também se encontra refém desta crise na Europa, e fica muito difícil traçar cenários e projeções de indicadores econômicos mesmo que a curto prazo


Nome Classe Ação All Amer Lat ON Ambev PN B2W Varejo ON BMF Bovespa ON Bradesco PN Bradespar PN Brasil Telec PN Brasil ON Braskem PNA BRF Foods ON Brookfield ON CCR Rodovias ON Cemig PN Cesp PNB Cielo ON Copel PNB Cosan ON CPFL Energia ON Cyrela Realty ON Duratex ON Ecodiesel ON Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo PNB Embraer ON Fibria ON Gafisa ON Gerdau Met PN Gerdau PN Gol PN Ibovespa Itausa PN ItauUnibanco PN JBS ON Klabin S/A PN Light S/A ON Llx Log ON Lojas Americ PN Lojas Renner ON Marfrig ON MMX Miner ON MRV ON Natura ON OGX Petróleo ON P.Açúcar-Cbd PNA PDG Realt ON Petrobras ON Petrobras PN Redecard ON Rossi Resid ON Sabesp ON Santander BR UNT N2 Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tam S/A PN Telemar N L PNA Telemar ON Telemar PN Telesp PN Tim Part S/A ON Tim Part S/A ON Tim Part S/A PN Tran Paulist PN Ultrapar PN Usiminas ON Usiminas PNA Vale ON Vale PNA Vivo PN

Participação Bovespa

Inflação (%)

Até 29/06 Tipo de Ativo

1,104 Ação 0,979 Ação 0,701 Ação 3,902 Ação 3,130 Ação 0,993 Ação 0,390 Ação 2,726 Ação 0,596 Ação 1,341 Ação 0,622 Ação 0,802 Ação 1,134 Ação 0,685 Ação 1,539 Ação 0,598 Ação 0,784 Ação 0,441 Ação 1,866 Ação 0,589 Ação 1,311 Ação 0,890 Ação 0,743 Ação 0,530 Ação 0,755 Ação 1,498 Ação 1,648 Ação 0,660 Ação 2,574 Ação 1,211 Ação 100,000 Ação 2,315 Ação 4,015 Ação 0,934 Ação 0,404 Ação 0,541 Ação 0,914 Ação 1,207 Ação 1,098 Ação 0,546 Ação 1,440 Ação 1,233 Ação 0,845 Ação 3,773 Ação 0,808 Ação 2,745 Ação 2,206 Ação 8,517 Ação 1,283 Ação 1,163 Ação 0,352 Ação 1,097 Ação 2,359 Ação 0,443 Ação 1,041 Ação 0,225 Ação 0,268 Ação 0,923 Ação 0,155 Ação 0,125 Ação 0,170 9 0,840 Ação 0,229 Ação 0,486 Ação 0,592 Ação 2,462 Ação 2,925 Ação 11,956 Ação 0,793 Ação

Índice

Junho

Ano

IGP-M IGP-DI IPCA IPC - Fipe

0,66 0,49 0,08 0,23

3,19 3,41 2,32 1,80

Juros/Aplicação (%) CDI Selic Poupança Ouro BM&F

Junho

Ano

0,64 0,64 0,50 2,33

4,59 4,52 3,29 8,80

Indicadores Imobiliários (%) CUB SP TR

Junho

Ano

1,73 0,00

2,88 0,15

Juros/Crédito (%) Desconto Factoring Hot Money Giro Pré (taxa mês)

29/Junho

28/Junho

1,58 3,66 3,13 1,79

1,58 3,69 3,13 1,79

Câmbio

Até 29/06

Cotação Dólar Comercial Ptax R$ 2,0213 Euro US$ 1,2668 Iene (US$ 1,00) $ 79,8200

Mercados Futuros Dólar Juros DI

Até 29/06

Agosto

Setembro

R$ 2,048 8,25%

R$ 2,060 8,00%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro

29/06 54.700

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Carteira Teórica Ibovespa

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Bem na foto

agenda

De 14/08/2012 a 16/08/2012

20ª Feira Internacional de Imagem

Expo Center Norte – Pavilhão Azul São Paulo – SP – www.photoimagebrazil.com.br Em 2012, a PhotoImage Brazil chega à sua 20ª edição reunindo os principais fabricantes nacionais e internacionais e uma audiência qualificada composta por fotógrafos profissionais e compradores de todo o Brasil. A PhotoImage Brazil é a maior feira de fotografia e imagem da América Latina envolvendo tecnologia, inovação e negócios e trazendo os principais lançamentos e tendências do mercado. Os visitantes terão a oportunidade de encontrar a melhor qualidade em produtos, serviços e equipamentos digitais para foto e vídeo: câmeras, filmadoras, impressoras e acessórios da mais alta tecnologia.

De 17/07/2012 a 20/07/2012

9ª Feira de Móveis do Estado de São Paulo

Interior Eventos – Mirassol – SP www.movinter.com.br

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57ª Franchising University

Hotel Mercure – Cerqueira César – SP www.cherto.com.br

De 23/08/2012 a 25/08/2012

3ª Feira Internacional de Bares, Hotéis e Restaurantes

Quadra de Juquehy – São Sebastião – SP www.equipousada.com.br

Considerada ponto de referência no setor, a Movinter é o principal evento do setor moveleiro do interior de São Paulo. A feira é realizada em Mirassol, região que é destaque na indústria nacional moveleira e reúne 54% das empresas que produzem o móvel nacional. Em um raio de 500 quilômetros do ponto de realização da Movinter, concentra-se 61% do consumo de móveis e artigos para o lar do País.

O programa intensivo de formação de executivos em franchising da Cherto Consultoria é um treinamento destinado a quem deseja franquear o seu negócio ou mesmo trabalhar em uma empresa franqueadora. Aborda aspectos legislativos, conceitos de marketing, estratégias de gestão, consultoria de campo, expansão da rede e escolha do ponto comercial. O curso inclui apresentaçao de cases e uma visita de benchmarking.

De 31/07/2012 a 5/08/2012

De 7/08/2012 a 10/08/2012

De 12/09/2012 a 15/09/2012

Minascentro – Belo Horizonte – MG www.feiradobebeegestante.com.br

Centro de Exposições Expominas Minas Gerais – MG www.fiee.com.br

Centro de Convenções da Bahia Salvador – BA www.feiraconstruir.com.br/ba

38ª Feira da Moda Gestante, Infantil e Infanto-Juvenil

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De 6/08/2012 a 10/08/2012

Com cerca de 100 expositores, o evento oferece variados produtos, promoções e facilidades de compra para os visitantes. Enxoval completo, móveis e decoração infantil, moda para gestantes, bebês e crianças, moda lingerie para gestantes, brinquedos e fotografias são algumas das atrações.

14ª Feira Internacional da Indústria Elétrica e Eletrônica

Com cerca de 200 expositores, o evento apresentará produtos e serviços relacionados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, equipamentos industriais, acionamentos, componentes elétricos e eletrônicos e materiais elétricos de instalação.

A Equipousada é considerada o maior evento de hotelaria e food service do litoral de São Paulo. A feira promove o desenvolvimento de novos negócios, gerando oportunidade de vendas entre fornecedores de produtos e serviços para a indústria hoteleira e cerca de 800 estabelecimentos comerciais, compradores de bares, restaurantes, hotéis, pousadas, condomínios e shoppings na região.

Feira Internacional da Construção

Arquitetos, engenheiros, mestres de obras, construtores e lojistas de toda a região poderão conferir o melhor da construção em uma das mais importantes feiras do mercado. Exclusivo para profissionais do setor.


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