Empreendedor 137

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PERFIL: RUI ALTENBURG

CRESCIMENTO EM BOA COMPANHIA

ATALHO PARA VENDER MAIS

DO QUINTAL PARA A MEGAPRODUÇÃO

Ano 12 • Nº 137 Março 2006 • R$ 8,90

NEGÓCIOS DO CLIMA

Empreendedor

www.empreendedor.com.br

LICENCIAMENTOS

ISSN 1414-0152

Ano 12 • Nº 137 • março 2006

MERCADO PET


2 – Empreendedor – Março 2006


Março 2006 – Empreendedor – 3


A revista Empreendedor é uma publicação da Editora Empreendedor

Nesta Edição

Diretor-Editor Acari Amorim [acari@empreendedor.com.br] Diretor de Marketing e Comercialização José Lamônica [lamonica@empreendedor.com.br]

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Clima gera lucro

Redação Editor-Executivo: Nei Duclós [nei@empreendedor.com.br] Repórteres: Alexsandro Vanin, Carol Herling, Fábio Mayer, Sara Caprario e Wendel Martins Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz Fotografia: Ader Gotardo, arquivo Empreendedor, Carlos Pereira, Casa da Photo e Index Stock Foto da Capa: Index Stock Produção e Arquivo: Carol Herling Revisão: Carla Kempinski

Novos negócios aproveitam os resíduos e contribuem para o abrandamento do aquecimento global, resultado direto da intensificação do efeito estufa por causa da emissão de gases como o metano e, principalmente, o dióxido de carbono. Segundo estimativas do Banco Mundial, o Brasil poderá ter uma participação de 10% no mercado de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o equivalente a US$ 1,3 bilhão em 2007.

Sedes São Paulo Diretor de Marketing e Comercialização: José Lamônica Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Borba Executivos de Contas: Alessandra G. Alexandre e Vanderleia Eloy de Oliveira Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis 01239-010 - São Paulo - SP Fone: (11) 3214-5938 [empreendedorsp@empreendedor.com.br] Florianópolis Executivo de Contas: Waldyr de Souza Junior [wsouza@empreendedor.com.br] Executivo de Atendimento: Cleiton Correa Weiss [cleiton@empreendedor.com.br] Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C 9º andar - 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Fone: (48) 3224-4441

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante Diretora: Luzia Correa Weiss Fone: 0800-48-0004 [assine@empreendedor.com.br] Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan. Gráfica. Editora . Ctp Distribuição: Distribuidora Magazine Express de Publicações Ltda. Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.br

ANER 4 – Empreendedor – Março 2006

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O nicho dos licenciamentos

Uma dúvida freqüente no meio empresarial é como ampliar as vendas. Uma solução que facilita isso é por meio do licenciamento, contribuindo para aumentar acima de 40% a comercialização de um produto e não onera o licenciado, pois os royalties variam de 4% a 10%. Esse mercado cresce anualmente de 10% a 12% e a expectativa é aumentar exponencialmente a cada ano. Em 2005, movimentou R$ 2,5 bilhões entre distribuidores para mercado e revendedores.

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O ânimo pet Renovação no mercado pet brasileiro: profissionalização da mão-de-obra, investimento em modernas ferramentas de gestão e administração, vitória da criatividade para descobrir novos nichos de mercado e constante preocupação com a qualidade dos produtos e serviços. Foi-se o tempo em que bastava gostar de cachorro para fundar um pet shop. Hoje são necessárias sofisticadas pesquisas de mercado para saber qual é o melhor ponto, sensibilidade do empreendedor para entender os consumidores e um atendimento rápido para não perder clientes para a concorrência.

INDEX STOCK

Rio de Janeiro Triunvirato Comunicação Ltda. Milla de Souza [triunvirato@triunvirato.com.br] Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ Fone: (21) 2221-0088 Brasília JCZ Comunicação Ltda. Ulysses C. B. Cava [jcz@forumci.com.br] SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Fone: (61) 3426-7315 Paraná Merconet Representação de Veículos de Comunicação Ltda. Ricardo Takiguti [comercial@merconet.srv.br] Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 - conjunto 01 Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Fone: (41) 3257-9053 Rio Grande do Sul Alberto Gomes Camargo [ag_camargo@terra.com.br] Rua Arnaldo Balvê, 210 - Jardim Itu 91380-010 - Porto Alegre - RS Fone: (51) 3340-9116 Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda. Hamilton Marcondes [hmconsultoria@hmconsultoria.com.br] Rua Ribeiro de Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem 51021-310 - Recife - PE Fone: (81) 3327-3384 Minas Gerais SBF Representações Sérgio Bernardes de Faria [comercial@sbfpublicidade.com.br] Av. Getúlio Vargas, 1300 - 17º andar - conjunto 1704 30112-021 - Belo Horizonte - MG Fone: (31) 2125-2900

INDEX STOCK

Escritórios Regionais


Março/2006

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Entrevista: Sujit Chowdhury

Copa da Alemanha: Cachaça bate um bolão INDEX

STOCK

Incorporada à cultura e à história nacional, a cachaça vai dividir espaço com a tradicional cerveja do país sede da Copa do Mundo de futebol, em 2006. O destaque dado à cachaça não é de agora, a Alemanha já é o principal comprador desse destilado brasileiro, mais de 30% das exportações realizadas são para lá. Mas o evento vai contribuir para reforçar a terceira colocação no ranking internacional de destilados e ampliar o volume das vendas destinadas a esse país, conforme a expectativa de alguns produtores.

Caderno de TI Segurança: Ruídos perigosos

“Não é que o empreendedor brasileiro tenha menos idéias do que os americanos e europeus, falta-lhe um ambiente favorável”, diz S u j i t C h o w d h u r y, CEO da World Trade University e coordenador do 10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores. Ele alerta para a necessidade de parcerias sólidas entre o setor público e privado para a construção desse ambiente, a começar por educação, acesso ao crédito e impostos coerentes.

– Os vírus que atormentam os negócios .............................. 47 Valor: Drible nos custos – O terminal burro volta com força ....................................... 50 Tendência: Registro de domínios – O alcance da VeriSign .......................................................... 51

LEIA TAMBÉM Cartas ........................................................................... 7 Empreendedores ........................................................... 8 Não Durma no Ponto .................................................. 14 Pequenas Notáveis ..................................................... 42 Empreendedor na Internet ........................................ 82

GUIA DO EMPREENDEDOR ...................... 67 Produtos e Serviços ................................................... 68 Do Lado da Lei ............................................................ 70 Leitura .......................................................................... 72 Análise Econômica ...................................................... 76 Indicadores .................................................................. 77 Agenda ......................................................................... 78

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Perfil: Rui Altenburg Herança multiplicada A sede da Altenburg ficava no fundo da casa na qual a família morava em Blumenau, Santa Catarina, e permaneceu ali por 66 anos. A lembrança da infância e da adolescência de Rui foi marcada pelas atividades da fábrica criada por sua avó, Johanna, em 1922, bem antes dele nascer. Ele acompanhou de perto toda a trajetória da empresa, que no início fabricava apenas acolchoados e mais tarde se consagrava no país como uma das maiores indústrias desse mercado. Atualmente, tem capacidade produtiva para confeccionar mais de um milhão de peças de cama, mesa, banho e decoração por mês. Março 2006 – Empreendedor – 5


Editorial

de Empreendedor para Empreendedor

Assinaturas Para assinar a revista Empreendedor ou solicitar os serviços ao assinante, ligue 0800-48-0004. O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 106,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 85,44. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30. Se preferir, faça sua solicitação

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Anúncios Para anunciar em qualquer publicação da Editora Empreendedor, ligue: São Paulo: (11) 3214-5938 Rio de Janeiro: (21) 2221-0088 Brasília: (61) 3426-7315 Curitiba: (41) 3257-9053 Porto Alegre: (51) 3340-9116 Florianópolis: (48) 3224-4441 Recife: (81) 3327-3384 Belo Horizonte: (31) 2125-2900

Reprints Editoriais É possível solicitar reimpressões de reportagens das revistas da Editora Empreendedor (mínimo de 1.000 unidades).

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Correspondência As cartas para as revistas Empreendedor, Jovem Empreendedor, Revista do Varejo, Cartaz, Guia Empreendedor Rural e Guia de Franquias, publicações da Editora Empreendedor, podem ser enviadas para qualquer um dos endereços abaixo: São Paulo: Rua Sabará, 566 - 9º andar - conjunto 92 - Higienópolis - 01239-010 - São Paulo - SP Rio de Janeiro: Rua da Quitanda, 20 - conjunto 401 - Centro - 20011-030 - Rio de Janeiro - RJ

ás notícias podem ser insumo para novos negócios. O que está atrapalhando precisa de soluções. Estas conquistam novos espaços quando se trata do clima, com suas surpresas amedrontadoras dos últimos anos, em que o efeito estufa ganha prioridade no mundo que sofre as conseqüências da exploração contínua. O que nossa matéria de capa reporta é o passo adiante ao diagnóstico. Não basta saber que a terra da queima de fósseis para combustível está com os dias contados. É preciso ir adiante, encontrar o caminho para que o desenvolvimento sustentável, fundamental para a sobrevivência das novas gerações, seja real e não a velha utopia de décadas passadas. A partir de fatos é que se configuram empresas voltadas para a energia limpa, o uso da biomassa para substituir o petróleo, entre outras providências. As empresas que surgem nesse rastro de transformações possuem o perfil da modernidade nos negócios, pois como os problemas são novos e emergentes, não é com velhas mentalidades que vão se produzir resultados à altura

M

da situação em que nos encontramos. Já vivemos o tempo em que é preciso parar de repisar o óbvio, ou seja, de que não é mais possível insistir em esquemas ultrapassados de empreendedorismo. As mudanças se impuseram no mercado e não é só no clima que elas se manifestam. Podemos ver a mesma tendência em nichos tradicionais, como o atendimento aos donos de animais de estimação. No lugar de cercar as empresas desse segmento com soluções já comprovadas, chegou a hora de mudar radicalmente, para benefício não só dos donos dos animais, como dos que se arriscam a abrir uma loja de pet ou oferecer serviços que se destaquem no cardápio oferecido. Há uma forte contaminação das novas idéias por todo o lugar e ninguém mais escapa desse avanço formatado na experiência e no estudo. Na área das franquias, por exemplo, como destaca a seção Leitura, os caminhos para não errar estão colocados em primeiro plano, por meio de obra que lança luzes sobre um nicho que é um exemplo de eficácia no mundo empresarial. Nei Duclós

Brasília: SETVS - quadra 701 - Centro Empresarial bloco C - conjunto 330 70140-907 - Brasília - DF Rio Grande do Sul: Rua Arnaldo Balvê, 210 Jardim Itu - 91380-010 - Porto Alegre - RS Santa Catarina: Av. Osmar Cunha, 183 - Ed. Ceisa Center - bloco C - conjunto 902 88015-900 - Centro - Florianópolis - SC Paraná: Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 -

Cedoc O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessados fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar em contato pelo telefone (48) 3224-4441 ou pelo email imagem@empreendedor.com.br.

conjunto 01 - Boa Vista - 82560-460 - Curitiba - PR Pernambuco: Rua Ribeiro Brito, 1111 - conjunto 605 - Boa Viagem - 51021-310 - Recife - PE Minas Gerais: Av. Getúlio Vargas, 1300 17º andar - conjunto 1704 - 30112-021 Belo Horizonte - MG Os artigos deverão conter nome completo, assinatura, telefone e RG do autor e estarão sujeitos, de acordo com o espaço, aos ajustes que os editores julgarem necessários.

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Cartas para a redação Correspondências por e-mail devem ser enviadas para redacao@empreendedor.com.br. Solicitamos aos leitores que utilizam correio eletrônico colocarem em suas mensagens se autorizam ou não a publicação de seus respectivos e-mails. Também pedimos que sejam acrescentados o nome da cidade e o do Estado de onde estão escrevendo.


Cartas Aprendizado Tenho 21 anos e estou fazendo o segundo semestre de contabilidade na Universidade Federal do Pará. Estive lendo algumas das matérias do repórter Alexsandro Vanin quando encontrei o e-mail e resolvi escrever. Esse semestre estou fazendo uma matéria que despertou enormemente meu interesse pelo assunto empreendedorismo, e a partir de então busco tudo que está relacionado com o tema. Eu me sinto um pouco perdida sem saber direito por onde ou como começar. Ficaria muito feliz se o sr. Vanin entrasse em contato comigo. Michelle Feio

Belém – PA

Resposta do repórter Alexsandro Vanin: Olá, Michelle. Os primeiros passos você já deu: interessar-se por empreendedorismo e buscar informações sobre o assunto. Procure assimilar tudo o que encontrar sobre o tema em revistas, livros, sites e vídeos. Na internet, você encontrará informações de qualidade no Portal do Empreendedor (www.empreendedor.com.br), do Sebrae (www.sebrae.com.br) e do Instituto Endeavor (www.endeavor.org.br). Quando você sentir que sua base sobre o assunto já é mais consistente, sugiro algum curso básico sobre empreendedorismo, como o IPGN, do Sebrae, que tem a vantagem de ser à distância e gratuito. Depois vá se aprofundando, faça cursos sobre Plano de Negócios e gestão de pequenos negócios, marketing, financeiro, etc. Liderança também é um tema importante para você. E procure estar sempre bem informada sobre o que está acontecendo, principalmente na área de economia, políticas públicas e negócios. Comece a ver as notícias com outros olhos, é importante estar sempre atenta, porque a oportunidade para empreender pode estar onde você menos espera, quando você menos espera. Sinta-se à vontade para manter contato. Uma vez por mês (geralmente no dia 15, às 15h) é feito um bate-papo virtual entre a redação da Revista Empreendedor e seus leitores. Cadastre empreendedor@empreendedor.com.br em seu MSN Messenger. Você também pode aderir à comunidade Site Empreendedor, no Orkut, onde temas de interesse são debatidos por seus integrantes. Espero ter ajudado.

Liderança Muitas coisas que estão na reportagem sobre Liderança, na Empreendedor 136, eu ouvi ao vivo de um amigo meu. Por exemplo: a de que o elogio é público e a crítica, privada. Esse é um tipo de sabedoria que vale a pena ter acesso. Enfrentei um problema com uma chefe quando fui chamada a atenção por algum motivo. O problema é que toda equipe estava presente. Se fosse um reparo justo, feito de maneira profissional, tudo bem. Mas as palavras tinham aquela carga de reprimenda doméstica, execrável. Isso chegou até a ajudar a me decidir por um outro emprego. Se soubesse o que responder, usar as palavras com essa síntese, me teria saído bem melhor. Mariana Tardelli Speranza

São Paulo – SP Março 2006 – Empreendedor – 7


Empreendedores

Felipe Lobo Faro

Novos talentos

Rosa Estrella e Zacarias Xavier

Marketing promocional Segundo dados da Ampro (Associação de Marketing Promocional), essa é a atividade que mais cresce no mercado de comunicação, ultrapassando inclusive a publicidade. Só em 2005, a média foi entre 10% e 20%. A agência In Loco Marketing Promocional reflete essa tendência ao registrar um aumento de 328% de faturamento em relação a 2004. Para a empresária Rosa Estrella, a criação do departamento de novos negócios foi decisiva. “Nossa carteira de clientes foi ampliada e estamos inaugurando uma

nova filial em Porto Alegre”, diz. A In Loco tem matriz em Florianópolis e filial em Curitiba e, com a inauguração da unidade gaúcha, a empresa passa a ser a única do Sul do país com atuação e estrutura nos três Estados. Entre os clientes da agência estão a Brasil Telecom, BrTurbo, I Best, Teka, Beto Carrero, Vonpar, Siemens e Confea. “Só para a Brasil Telecom, por exemplo, realizamos mais de 100 ações promocionais em 2005”, diz o empresário Zacarias Xavier. www.inloconet.com.br

Leila Maria Furlan

Vinhos, cama, mesa e banho Com quase 40 anos de tradição no mercado de vinhos e bebidas finas, a Bacco’s ampliou seu segmento “casa” (em operação desde 2003) para atender aos gourmets de cama, mesa, banho e adega. À frente desta renovação está a empresária Leila Maria Furlan, que escolheu pessoalmente as mais de seis mil peças – todas importadas – à venda. “Antes nós só entrávamos com a bebida na mesa, agora a gente não só põe a mesa completa – com prato, talheres, copos, guardanapos, candelabro, velas e travessas – como deixa ainda mais bonito o quarto, a sala e o banheiro”, diz. A loja oferece desde objetos de decoração, livros de gastronomia, porcelanas, cerâ-

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micas francesas, copos austríacos e produtos de aromaterapia até artigos de delicatessen, como chocolates suíços Lindt e patês de foie gras. Ao contrário do que a expansão sugere, a Bacco’s não se transformou em um grande magazine. “Continuamos a atender pessoalmente aos clientes, dos modernos que adoram buscar novidades aos tradicionais freqüentadores da adega”, diz Leila. Além dos mais de mil rótulos devidamente armazenados em adegas climatizadas, a Bacco’s também comercializa bebidas de diversos países e ministra cursos básicos de enologia e degustações específicas com a orientação de enólogos e sommeliers. www.baccos.com.br

O Grupo Traffic, que há mais de 20 anos atua no segmento esportivo e de entretenimento, criou mais um clube-empresa de futebol do país, o Desportivo Brasil. Com o objetivo de formar e preparar jovens talentos do futebol para atuação em clubes profissionais do Brasil e do exterior, a empresa oferece capacitação total a meninos de 13 a 20 anos. O trabalho inclui treinamento técnico, aprimoramento físico, desenvolvimento educacional e psicológico para a formação dos jogadores. Para Felipe Lobo Faro, diretor de desenvolvimento de negócios do Grupo Traffic, o projeto vai além das quatro linhas do campo de futebol. “A capacitação destes meninos, de forma geral, dará a eles a oportunidade de um futuro promissor, ainda que não como um jogador profissional”, diz. O novo time, segundo o empresário, estabeleceu parceria com o Miami FC (time da primeira divisão da United Soccer Leagues) para promover o intercâmbio profissional e agregar experiência internacional aos jogadores de ambas equipes. www.traffic.com.br


Armando Hess de Souza

Paixão pelos tecidos

Dieter Witecy e Solange Rettmann

Andar sobre a água Os 40 anos de residência nos Estados Unidos e o trabalho em mercados competitivos como Europa e Ásia possibilitaram ao empresário Dieter Witecy ter um feeling para novidades de sucesso. Em parceria com a esposa, a empresária Solange Rettmann, Dieter usou a criatividade e trouxe para o público nacional produtos que viraram febre em festas, shows e eventos. O primeiro deles foi a máquina Unhas Mágicas, que imprime desenhos personalizados em unhas de crianças e adolescentes e também pode ser utilizada para ações de marketing direto em empresas e pontos-de-venda. Recentemente, o casal trouxe com exclusividade uma máquina que imprime imagens em pétalas de flores (alugadas para casamentos e festas de aniversários) e bolas de plástico que possibilitam caminhar sobre a água ou em grandes multidões. Antes de vender os produtos, o casal testa comercialmente o potencial de cada novidade, e ao fazer a venda dá o treinamento necessário para operar as máquinas. www.unhasmagicas.com.br

Aos 80 anos de existência, a Têxtil Renaux S.A., uma das mais tradicionais empresas têxteis do Brasil, mudou sua estrutura executiva e societária, dando continuidade ao processo de profissionalização de gestão iniciado há dois anos. O conselho de administração da empresa empossou Armando Hess de Souza, ex-presidente da Dudalina S.A. e exsecretário estadual de planejamento de Santa Catarina, como presidente, cargo que até então não existia. Entre os principais desafios do empresário – que adquiriu uma significativa participação societária na companhia – está o de reposicionar estrategicamente a Têxtil Renaux e potencializar a marca no mercado de moda. Experiência não falta: durante os 13 anos em que comandou a Dudalina, Armando consolidou a empresa na posição de líder de moda masculina no Brasil e re-

ferência mundial em seu segmento, sendo hoje a maior camisaria da América Latina. www.textilrenaux.com.br

César Cini

Portas de alumínio A Cinex, empresa líder no segmento de portas de alumínio e vidro para móveis na América Latina, levou o seu showroom itinerante – o Cinex On The Road – para a Semana de Qualidade, promovida pela Companhia Brasileira de Alumínio na cidade de Alumínio/SP. O empresário Antonio Ermírio de Moraes, presidente do Grupo Votorantim (do qual faz parte a CBA), viu de perto e parabenizou o empresário César Cini por levar o espaço para outros locais. “Antonio Ermírio elogiou bastante nossos produtos e a iniciativa de desenvolver o Cinex On The Road”, diz. A empresa, que já exporta seus produtos para

Argentina, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai, Porto Rico, Colômbia, Bolívia, Estados Unidos e Canadá, inaugurou uma fábrica no México, que demandou investimentos de US$ 1 milhão e que deve faturar, em seu primeiro ano de operação, cerca de US$ 1,2 milhão. www.cinex.com.br

Antônio Ermírio elogia produtos de César Cini (à direita) Março 2006 – Empreendedor –9


Entrevista

Sujit Chowdhury

Uma chance para o Brasil

CARLOS PEREIRA

Chega de empreender por necessidade em ambiente hostil, diz um especialista esperançoso no potencial brasileiro

por

Alexsandro Vanin

O Brasil é um país de empreendedores. Mas não é o melhor lugar do mundo para se empreender. Se os brasileiros encontrassem em sua terra as mesmas condições apresentadas em países como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, é provável que o país se tornasse campeão nessa área. Falta uma educação favorável, que ofereça

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as habilidades necessárias para se abrir e sustentar um negócio, falta uma política tributária justa, um sistema ágil e que forneça as ferramentas para que as empresas obtenham sustentabilidade. “Não é que o empreendedor brasileiro tenha menos idéias do que os americanos e europeus, falta-lhe um ambiente favorável”, diz Sujit Chowdhury, CEO da World Trade University e coordenador do 10º Congresso

Mundial de Jovens Empreendedores. Nesta entrevista exclusiva, Chowdhury alerta sobre a necessidade de parcerias sólidas entre o setor público e privado para a construção desse ambiente, a começar por educação, acesso ao crédito e impostos coerentes. Apesar disso, reconhece o potencial econômico e empreendedor do Brasil, justamente o que atraiu o Congresso Mundial de Jovens Empreen-


DIVULGAÇÃO

dedores a um país da América do Sul pela primeira vez (entre 15 e 17 de março, no Anhembi, em São Paulo). O evento, que nesta edição apresenta o tema “Let’s Make a New Deal” (Vamos fazer um negócio novo), é um programa da Unidade Especial das Nações Unidas (UNDP – United Nations Development Program) e tem como objetivo contribuir para o crescimento econômico e sócio-cultural de países em desenvolvimento, por meio do intercâmbio empresarial, da criação de parcerias e geração de novos negócios entre empreendedores de pequenas e médias empresas de diversos países. Empreendedor – Qual é sua opinião sobre o empreendedorismo brasileiro?

Sujit Chowdhury – O Brasil é um país de empreendedores, mas é baseado prioritariamente na necessidade. Em outros países em desenvolvimento, como a China, por exemplo, ele é baseado muito mais pela oportunidade. No Brasil, falta uma certa atitude de suporte por parte do Estado, não são fornecidas habilidades e ferramentas suficientes. Como os brasileiros empreendem simplesmente por falta de oportunidade de emprego, esse empreendedorismo não é sustentável. As pessoas começam, mas logo os negócios fecham as portas – muitas das empresas brasileiras acabam não sendo bem-sucedidas ainda no primeiro ano. Isso porque o apoio dado aos jovens ainda não é suficiente – tanto do Governo, como de instituições – para manter a estabilidade que seria necessária para um empreendimento ser bem-sucedido. Empreendedor – O empreendedor americano ou europeu é melhor do que o empreendedor brasileiro? Quais competências o empreendedor brasileiro precisa desenvolver para aumentar suas chances de abrir um negócio ren-

tável e durável?

Chowdhury – Não existe essa diferença, o que ocorre é que o ambiente brasileiro não é favorável à sustentabilidade de uma empresa como nesses países. Lá o Estado fornece uma base que sustenta, e aqui se tem que lutar contra a maré. Essa é principal diferença. Falta no Brasil uma parceria entre o Governo Federal e os Go-

Os brasileiros são incríveis: têm imaginação, trabalham duro e são extremamente criativos. O Brasil tem tudo pra crescer, o que precisa é de um ambiente nutritivo

vernos estaduais, políticas públicas, políticas educacionais. Eles não provêm ao empresário essa base de sustentação necessária. Veja bem o tempo que o empreendedor brasileiro precisa para registrar sua empresa. Nos EUA, é necessário menos do que 24 horas, na Europa uma semana, talvez duas, em média – na França é preciso esperar de quatro a seis semanas, enquanto na Inglaterra o prazo é de 24 horas. Não é que o empreendedor daqui tenha menos idéias, falta-lhe um

ambiente favorável. Mas os brasileiros são incríveis, eles têm imaginação, têm uma mente fértil, são extremamente criativos, imaginativos, trabalham duro mesmo. O Brasil tem tudo pra crescer, se desenvolver, mas o que precisa é exatamente isso: um ambiente nutritivo, que abrace a causa. Estou falando também do desenvolvimento da educação, de um projeto educacional em compasso com a economia. As universidades ou escolas técnicas têm que estar atentas ao mercado para prover profissionais que supram a demanda, porque não adianta você formar 40 engenheiros se está precisando de um arquiteto. É preciso estar atento a isso, fazer um projeto educacional para que saia de dentro desse nicho um profissional que o mercado requer. Empreendedor – Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos jovens empreendedores? A idade atrapalha?

Chowdhury – O principal obstáculo é como e onde obter a informação certa para fazer a coisa certa: onde posso conseguir um empréstimo bancário, onde conseguir um financiamento, com quem vou me associar, com quem me ligar? O banco vai pedir um fiador ou uma garantia de pagamento. Em outros países, como EUA, Canadá e alguns da Europa, é o contrário do Brasil. Existe um facilitador no processo de suporte financeiro. Aqui você tem que ter um background que sustente o seu financiamento, e lá não, lá eles são esse suporte, o banco mesmo ajuda no processo de abertura da empresa. Outro problema sério é o sistema tributário do Brasil, que não ajuda. A idade não é um empecilho. Pode até ser em determinados campos da indústria e do comércio, mas na maioria das vezes não. Mas tenho visto muito no Brasil que se a pessoa é muito jovem e vai pedir um empréstimo no banco, isso é considerado um abMarço 2006 – Empreendedor – 11


Entrevista

Sujit Chowdhury

surdo, ele é rejeitado. A mesma coisa acontece quando vai pedir suporte numa associação ou vai entrar numa sociedade. Então, se é muito jovem, as pessoas olham desconfiadas aqui no Brasil, isso é uma barreira, não por falta de competência, mas por preconceito de certos setores. Empreendedor – Em quais áreas os jovens empreendedores têm se destacado mais? A internet ampliou as oportunidades de negócios para o jovem que deseja empreender?

Chowdhury – Existem dois grandes campos em que a procura dos jovens empreendedores é maior: no campo da manufatura (tecidos, roupa, calçados) e no campo de serviços (terceirização, principalmente tecnologia da informação). Mas depende do país. Por exemplo, na China é principalmente a manufatura, por causa da mão-de-obra mais barata. Já na Índia, nos EUA e Canadá é a área de tecnologia. Tudo varia de país para país. Nos países mais desenvolvidos é o sistema de tecnologia de informação, e nos países em desenvolvimento, manufatura leve. Sem dúvida, a internet tem essa função de facilitador, ela facilita tanto o lado de quem começa quanto de quem dá o suporte. Definitivamente é o meio mais fácil de começar um negócio, onde quer que seja. Veja esses dois exemplos de pessoas que estarão no Congresso Mundial: uma boliviana que tecia suéteres tirou algumas fotos com sua máquina digital, montou um site básico e vende seus produtos para pessoas do Canadá, Austrália, Europa. Sem esse acesso, ela estaria presa dentro do próprio país. Outro exemplo é o de uma parisiense que vende flores e conseguiu exportar para outros países da Europa por causa da internet. Sem esse recurso, ela não conseguiria exibir seu produto para todas essas pessoas.

12 – Empreendedor – Março 2006

Empreendedor – Como equilibrar a facilidade em abrir um negócio na internet com a formação do jovem para empreender? Ou seja, a facilidade não faz parecer desnecessária uma formação maior para administrar o próprio negócio?

Chowdhury – É claro que a internet ajuda, mas ela pode também vir a deteriorar tudo que já se construiu, porque ela tem muita informação, mas nem tudo que está ali é útil. Se você

É apenas a atitude empreendedora que faz com que você seja um risktaker, uma pessoa que gosta de correr riscos, porque só assim é possível ter futuro nos negócios

for por um lado inútil, o seu trabalho vai todo por água abaixo. Nem sempre se aprende na escola a ser empreendedor. Grandes empreendedores, como Bill Gates, largaram a escola para se dedicar a uma idéia. Então não há como saber o que é legal e o que não é se você não tem uma atitude de empreendedor. São duas coisas importantes para ser um bom empreendedor: tem que ter atitude e habilidade –

e isso pode ser aprendido tanto na escola quanto na internet. Mas é apenas a atitude empreendedora que faz com que você seja um risk-taker, uma pessoa que gosta de correr riscos, assumir riscos, porque só quem assume riscos é que tem futuro nos negócios. Empreendedor – Como o senhor avalia iniciativas como a do inglês Alex Tew, criador da página The Million Page. Negócios desse tipo tem futuro ou são efêmeros?

Chowdhury – Tem casos muito específicos sobre o uso da internet. Ela é excelente, mas se você sabe o que está procurando, senão pode ser uma grande perda de tempo. Para a maioria das pessoas a internet é uma ferramenta, então não tem como começar um negócio a partir dela. Tem que usá-la a seu favor, e não como um negócio. Para outro tipo de pessoa a internet é o próprio negócio: o e-Bay (site de comércio eletrônico), por exemplo. Para você é uma ferramenta, mas para o dono do e-Bay é um negócio, mas isso é para poucas pessoas. A coisa mais importante é saber o que está procurando, o que e quem você está acessando, para confiar no que a internet diz. Empreendedor – Neste mês, ocorre o Congresso Mundial dos Jovens Empreendedores, em São Paulo. Por que ele será realizado no Brasil?

Chowdhury – Vários países estavam interessados em sediar esse congresso. Era preciso um lugar que não só fosse legal, mas que causasse um grande impacto. Um dos motivos foi a vitalidade da economia brasileira, que está indo bem, e a quantidade de jovens que existe no Brasil. Grande parte da população está na média dos 30 anos, e isso é uma coisa boa para quem é empreendedor pela criatividade, pelo desenvolvimento da mente, pelo trabalho duro, e o Brasil tem um grande


CARLOS PEREIRA

todos os lugares que têm interesse em investir no Brasil. São empreendedores super selecionados, que estão vindo realmente para trocar e compartilhar experiências e idéias. No site do Congresso, cada empreendedor desse tem duas páginas de perfil. Você sabe quem vai participar e quais são os interesses dessa pessoa, ou seja, você lê esses perfis e já sabe exatamente com quem você quer conversar, com quem quer fazer negócio, quem vai procurar. Então serão formados grupos de interesse antes mesmo do evento. Empreendedor – Então serão promovidos muitos contatos que dificilmente aconteceriam sem essa oportunidade?

potencial para o desenvolvimento. Não é só o interesse que o Brasil tem em sediar, mas também o interesse que outros países, os outros participantes têm em investir no país que serve como sede. Esse interesse não seria o mesmo nos EUA, porque ninguém tem interesse em investir lá como teria aqui. Isso também é levado em consideração, o grande potencial de investimento de fora que pode vir para o Brasil, e também do Brasil pra lá. Empreendedor – E que benefícios os jovens empreendedores e empresários em geral podem obter ao participar do evento?

Chowdhury – O mais importante é a possibilidade de se fazer negócios com empreendedores do mundo inteiro. Eles estão trazendo mais ou menos 300 empreendedores de 60 a 80

países. Essa possibilidade e essa facilidade de um empreendedor daqui fazer negócio com alguém de fora é muito importante e única. É praticamente impossível para um empreendedor médio brasileiro visitar esses 60 ou 80 países e encontrar 300 empreendedores em potencial. Além do benefício de fazer negócio com outros países, há a oportunidade de aprendizado. Porque dentro desse congresso terão 28 workshops sobre diversos temas, importação, exportação, financiamento, franquias e comércio exterior. Ou seja, um leque de possibilidades imperdível. E quem vai dar esses workshops não são palestrantes normais, mas pessoas que já tiveram essas experiências. Eles não vão trabalhar com teorias, mas com a prática. Estão trazendo também agentes financeiros, banqueiros, investidores de

Chowdhury – Isso porque é um précongresso e um pós-congresso. O que seria esse pré-congresso: justamente a leitura desses perfis e a promoção do encontro de interesses. Um belga que queira comprar álcool ou algodão vai procurar algum empresário brasileiro que venda esses produtos para ele poder importar, por exemplo. Esse contato pode ser feito uma ou duas semanas antes do congresso e ser realizado durante, porque lá eles vão se encontrar, vão ficar cara a cara. Ele já vem com o objetivo focado, e o brasileiro também. Esse é um dos grandes benefícios. Também tem o durante, que seriam os workshops, mesas redondas, todas essas coisas de congresso que a gente conhece; e tem o pós-congresso: os perfis das pessoas que participaram ficam por mais um ano no site para futuros contatos. Não acaba ali. De repente você conhece alguém que interessa manter contato, mas aquele não é o momento, não surgiu a oportunidade, mas daqui a pouco, um, dois ou três meses, surge a chance de entrar lá e ter contato com essa pessoa.

Linha Direta Sujit Chowdhury 1 (202) 789-1998 Março 2006 – Empreendedor – 13


Não Durma no Ponto Trabalho em penca, num mundo de desemprego Esses dias me pediram um artigo destinado às pessoas que estão procurando emprego. Com uma recomendação expressa e muito clara: nada de filosofia e sim dicas práticas e também que falasse dos setores da economia mais promissores, ou seja, mais empregadores. Entendi o recado: pragmatismo para leitores que não têm tempo a perder. Estão desempregados e, portanto, têm um problema concreto para ser resolvido. E abstrações filosóficas não ajudariam em nada. Recusei, polidamente, alegando falta de espaço na agenda apertada. Na verdade, não queria tratar do assunto sob aquele prima encomendado. Só aceitaria a incumbência se pudesse escrever algo com a seguinte epígrafe: “por que, infelizmente, vocês continuarão desempregados”. Nem arrisquei a sugestão, porque o tom pareceria provocativo, embora a intenção não o fosse. E, de qualquer forma, o conteúdo caminharia no sentido contrário ao da recomendação. Confesso que não fiquei satisfeito com a minha decisão. Contribuir traz sempre um sentimento positivo e acontece o contrário quando a gente se omite. Mais ainda quando nem sequer esclarece as reais razões da negativa. Continuei pensando a respeito e resolvi utilizar esse generoso espaço da Empreendedor para refletir sobre o assunto, sem a preocupação de ser ou não “filosófico”. Acontece que tem algo de superficial nessa objetividade implícita na demanda de quem pediu o artigo. Noto essa mesma reivindicação ao final de uma palestra de uma ou duas horas ou de um seminário de um ou quatro dias. As perguntas que me fazem, nos momentos conclusivos, são sempre as mesmas. Mas como? Qual é a dica? Dá para resumir tudo isso em cinco itens? Afinal, responda logo: o que eu devo fazer? É o anseio por uma lista de providências, por uma técnica, por um roteiro, por uma receita. É o velho ima-

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ginário mapa da mina. O que precisa ser compreendido é que uma lista de providências cria tão somente situações como as de que é vítima aquela atendente de telefone que, diante de um impasse que não esteja contemplado no script decorado, fica paralisada, sem saber como resolver o problema do cliente. E aí está o xis da questão: as empresas necessitam de pessoas capazes

As pessoas se desconhecem como seres de muitas inteligências e imenso potencial

de resolver problemas e que tenham uma visão positiva (e criativa!) do seu papel. Onde estão elas? Provavelmente buscando respostas simples para questões complexas. E acreditando, de fato, que tais respostas estejam fora delas, disponíveis em algum lugar, manual, revista, livro, internet. Vivemos um incrível paradoxo: de um lado existe uma legião de desempregados, enquanto ao mesmo tempo, de outro, as empresas procuram desesperadamente profissionais qualificados. Entenda-se por profissional qualificado aquele capaz de resolver problemas, e isso nada tem a ver necessariamente com experiência, habilidade, qualificação acadêmica, pós-graduação, MBA, etc. Onde estão eles? O problema dos currículos, em geral, é que eles declaram o que as pessoas fizeram ou acre-

ditam que sabem fazer. Discorrem sobre as experiências e habilidades, cursos e escolaridade. Dizem, portanto, o que as pessoas fazem, não o que as pessoas são. Está aí a primeira distorção: o fazer prevalece sobre o ser. Mas o fazer, numa era de explosão tecnológica como a que vivemos, é efêmero. Muitos fazeres foram substituídos pelo computador e perderam o seu valor do dia para a noite. Então, o que existe de mais perene em cada indivíduo, é o ser. Acostumados a servir como mão-de-obra e a trocar o trabalho pelo tempo, as pessoas se fixaram demais nas aptidões, mas se desconhecem como seres de muitas inteligências e imenso potencial. A tragédia pessoal resulta disso: elas não sabem quem são. E uma pessoa que não se reconhece ou não sabe quem é, está fadada ao desemprego ou a empregos e empreendimentos medíocres pelo resto da vida. Não perca, porém, as esperanças, o leitor que se reconhece nessas condições! A minha intenção é contribuir para que esse quadro seja revertido. E o que falta, ao contrário do que desejava quem me pediu aquele artigo que eu recusei fazer, é um pouco mais de filosofia sobre o trabalho e sobre a vida. Quando se deseja uma receita de bolo, queremos respostas para os nossos comos, nossas urgências, nosso imediatismo, nossas conveniências, nossa sobrevivência. Com isso, deixamos de lado os porquês. Trocamos o essencial pelo fundamental. Emprego é fundamental, mas o trabalho, em nossa vida, é essencial. Queremos ser práticos e objetivos, mas isso só é adequado para a resolução de problemas do cotidiano, não servem para resolver o problema de uma vida inteira. Pensar no essencial é ter uma percepção de onde se está, uma visão de onde se pretende chegar e estabelecer uma estratégia para fazer esse percurso.


por Roberto Adami Tranjan Educador da Cempre – Conhecimento & Educação Empresarial (11) 3873-1953 – www.cempre.net – roberto.tranjan@cempre.net

Parece um exercício simples, não é? Mas poucos o fazem, mergulhando fundo na tarefa. E por quê? Porque é uma tarefa intransferível e não há respostas prontas e disponíveis por aí – estão todas dentro da própria pessoa. É um processo eminentemente individual, que implica confiança e fé em si próprio. Muitas vezes, a busca de um receituário é uma forma de não encarar todos esses porquês e de querer, ainda que inconscientemente, postergar a ação ou evitar a responsabilidade. É uma maneira de não se comprometer. Na maior parte das vezes, a busca de um mapa da mina é pela busca de respostas fora de nós mesmos. É uma fuga ao verdadeiro problema e uma renúncia ao conhecimento legítimo. Então, a pergunta que deve ser feita diante dos dilemas profissionais é: você quer mesmo prosperar na carreira profissional ou pretende apenas se defender na selva da sobrevivência? Tem, mesmo, a disposição de oferecer os seus dons e talentos para algum tipo nobre de trabalho ou vai se limitar a servir como mão-de-obra provisória para empregos sem identidade? Conquistar um trabalho realizador não é algo que acontece fora de nós, mas em nosso interior, desde que reconheçamos nossas aptidões e talentos e nos conectemos com as necessidades percebidas lá fora. Criar a imagem adequada – No meu último livro, o Pegadas, discorro sobre os sete tipos profissionais e identifico aqueles que estão mais adequados aos mercados de sobrevivência e aqueles apropriados aos mercados de prosperidade. Infelizmente, reconhecemos com facilidade e até apreciamos os tipos preparados para a sobrevivência. Pouco ou quase nada aprendemos sobre os tipos direcionados à prosperidade. Muitas vezes sequer temos idéia de quem sejam.

O guerreiro – É aquele que transforma o trabalho numa luta. Para ele, ir para o trabalho é o mesmo que ir para a guerra. E, uma vez nele, vê inimigos por todos os lados. Sente-se perseguido e revida diante das ameaças. O jogador – É muito competitivo. O trabalho, para ele, é como uma maratona que precisa ser vencida, custe o que custar. Com isso, não mede esfor-

Conquistar um trabalho realizador não é algo que acontece fora de nós

ços para dar cabo dos supostos adversários. Ele considera essa história de trabalho em equipe, conversa para boi dormir. O que vale é cada um por si. Esses perfis são típicos daqueles que lutam pela sobrevivência e têm dificuldades de arranjar bons empregos e de prosperar na carreira. Os perfis a seguir são aqueles com maior chance de arranjar os melhores empregos e prosperar nos seus empreendimentos. O curioso – O curioso quer saber, quer aprender, quer compreender. Antes de se meter em uma tarefa, quer ter informações sobre sua importância, significado e a que se destina. E não consegue fixar-se apenas na tarefa. Quer saber em que ela contribui para o resultado final. Como uma criança, o curioso é um abelhudo e se mete também onde não é

chamado. Com isso, consegue criar as suas próprias oportunidades. O perito – O perito é aquele que identificou uma necessidade ou um problema e desenvolveu competências para lidar com ele. Avesso à superficialidade, é um eterno aprendiz e reconhece o conhecimento como uma moeda forte no trabalho. Procura e gosta de aprender. O artista – Para o artista, o trabalho é uma atividade divertida, em que ele pode exercitar toda a sua verve criativa. O artista recusa repetir-se todos os dias, em trabalhos rotineiros e mecânicos. Para ele, qualquer que seja o trabalho, deve ser elaborado como uma obra de arte, seja uma planilha eletrônica, uma visita ao cliente ou a remessa de uma mercadoria, entre outras inúmeras alternativas. O solidário – Para o solidário, o trabalho é um meio através do qual pessoas prestam auxílio a outras. É, portanto, uma relação de ajuda. Por isso, coloca-se a serviço de quem precisa e faz isso com elevado padrão de excelência. O solidário enxerga a realidade e os seus problemas não como entraves, mas como desafios para novas realizações. O cultivador – Para o cultivador, o mundo é uma grande obra inacabada. Existe muito a ser feito, existem coisas a consertar, a criar e a recriar. O cultivador é aquele que descobriu que está nesse mundo para fazer alguma diferença e que precisa colocar os seus talentos à disposição da construção e reconstrução. Sim à filosofia – Emprego é transitório, trabalho é projeto de uma vida. É a matéria-prima com a qual construímos nossas vidas. Existe sempre um bom trabalho à nossa espera, embora muitas vezes nos pareça bem difícil encontrá-lo. Mas, acredite, ele não só existe como permanece disponível, muito mais perto do que possamos imaginar: bem onde o nosso coração está. Março 2006 – Empreendedor – 15


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Tendência

Novos negócios do clima Com as mudanças climáticas em andamento, surgem soluções empresariais para que no futuro se possa viver num planeta menos hostil

Alexsandro Vanin

INDEX STOCK

por

No Norte do Brasil, a maior fabricante de óleo de palma da América Latina, a Agropalma, começou a produzir biodiesel – o combustível do futuro, por ser de fonte renovável e incomparavelmente menos poluidor do que os combustíveis fósseis. No Sul do país, produtores de suínos instalam biodigestores como parte do tratamento de dejetos e forma de obtenção de energia. Iniciativas como essas pipocam por todo o território nacional, mas o que elas têm em comum? Além de envolverem famílias de pequenos agricultores, são negócios que visam o aproveitamento de resíduos e o abrandamento

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do aquecimento global, resultado direto da intensificação do efeito estufa por causa da emissão de gases, como o metano e, principalmente, o dióxido de carbono, um subproduto da selvagem queima de petróleo, carvão e gás natural (fontes não-renováveis) desde o início da Revolução Industrial. Há 10 ou 15 anos, existia muita divergência entre os cientistas se o efeito estufa estava sendo intensificado pela ação do homem ou se era apenas um comportamento natural do planeta. Hoje, no entanto, é consenso que a queima intensiva de combustíveis fósseis pelos homens tem gerado um acú-

mulo excessivo de gases de efeito estufa na atmosfera, intensificando o fenômeno e provocando o aquecimento global, comenta Gilvan Sampaio, meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), órgão oficial brasileiro para o assunto. “Não há mais dúvidas de que existem mudanças climáticas em andamento”, afirma. No século 20, houve um aumento de 0,6ºC na temperatura média global, o que acarretou numa elevação de 20 cm no nível do mar, alterando ecossistemas e inundando ilhas oceânicas, entre diversas outras conseqüências não menos catastróficas. E


Aquecimento global Sinais

Conseqüências

– 2005 foi o ano mais quente desde o início dos registros, no final do século 19 – Cinco dos anos mais quentes dentre o período registrado ocorreram na década passada – O século 20 no Hemisfério Norte foi o mais quente dos últimos 1.200 anos – A temperatura média global aumentou 0,6ºC no século 20 – A concentração de CO2 na atmosfera é mais de 30% superior do que a registrada em 1800 – A concentração de CO2 na atmosfera é a maior dos últimos 650 mil anos – A maior parte das geleiras de regiões temperadas e na Península Antártica está se retraindo – De 91 geleiras suíças analisadas, 84 diminuíram em comprimento e volume – A porção congelada do Oceano Ártico tem perdido 40% de sua espessura nos verões e outonos das últimas duas décadas – As duas maiores geleiras da Groelândia começaram recentemente a derreter a uma velocidade duas vezes superior a registrada na década de 1990 – Elevação de 10 cm a 20 cm no nível do mar – Alagamento de ilhas do Pacífico e deslocamento de seus habitantes

– Elevação de 1,4ºC a 5,8ºC na temperatura média global até 2100 – Tempestades mais intensas – Secas e enchentes mais freqüentes e violentas – Fenômenos meteorológicos severos mais intensos e freqüentes – Ondas de calor mais quentes e freqüentes – Derretimento de geleiras e calotas polares – Elevação do nível dos oceanos – Alterações na Corrente do Golfo – Leve aumento da acidez de águas oceânicas – Alagamento de regiões costeiras e ilhas oceânicas – Colapsos de ecossistemas – Extinção de espécies animais e vegetais – Alterações na produção de alimentos e intensificação de quebras de safra – Diminuição das fontes de água potável – Aumento de vítimas de fome e sede – Maior incidência de doenças tropicais (possíveis pandemias) e alergias

Fonte: Agências internacionais de notícia, WWI e Cptec/Inpe

as previsões são ainda piores, caso nada seja feito para reverter o processo, alerta Sampaio. Num futuro próximo, o Brasil deve enfrentar cada vez mais fenômenos meteorológicos severos e registrar um aumento da temperatura média. No final do século 21, a temperatura média do país deve sofrer um aumento de 2ºC a 4ºC e o nível do mar subir de 20 cm a 40 cm. Isso implicaria em noites mais quentes, períodos prolongados de dias secos e ondas de calor, gerando problemas para áreas como agricultura, pecuária e geração de energia. Globalmente, haveria um número maior de

tempestades, derretimento de geleiras e maior incidência de doenças, principalmente as tropicais. O tema não chega a ser novidade. Svante Arrhenius, Prêmio Nobel de Química, previu ainda no início do século 20 que se a concentração de dióxido de carbono aumentasse, como conseqüência da era industrial, ocorreria uma elevação gradual da temperatura terrestre. Mas foi apenas na última década desse século que o problema começou a ser debatido de forma global, culminando com o estabelecimento do Protocolo de Quioto, em 1997, acordo entre diversos países que

estipulou algumas estratégias para reduzir as emissões de dióxido de carbono – e que foram postas em prática apenas no ano passado, sem a participação dos Estados Unidos, país responsável por mais de um terço das emissões. “Os mecanismos do Protocolo de Quioto para mitigação das emissões de gases do efeito estufa são uma resposta tímida ao enfrentamento da questão, mas constituem uma oportunidade de negócio que tem sido utilizada de forma pouco proveitosa”, diz Bráulio Pikman, diretor de Energia e Mudanças Climáticas da ERM Brasil, joint venture entre a americana Março 2006 – Empreendedor – 19


Tendência ERM e o grupo brasileiro Semco para atuação em consultoria ambiental. Segundo ele, os critérios de análise dos projetos MDL são extremamente rigorosos, e a falta de conhecimento de como ocorre o processo de aprovação acarreta atrasos e negativas. Informações precisas podem ser encontradas no portal das Nações Unidas, no endereço www.unfccc.int. O próprio presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reconheceu recentemente a problemática do aquecimento global em virtude da queima descontrolada de combustíveis, e sinalizou a importância de buscar fontes alternativas. Já é alguma coisa, mas é preciso tomar atitudes práticas. Cada iniciativa, mesmo que isolada, colabora para uma melhoria do quadro, levando-se em conta que a atmosfera e os oceanos são sistemas dinâmicos, em que a alteração de uma variável leva a mudanças de outras, e não necessariamente no mesmo local. “Estamos completando um ano de Protocolo de Quioto. Foi um ano difícil, comum quando se inicia algo, mas a AgCert apresentou um desempenho excelente, seja em projetos em operação ou encaminhados ou simplesmente pela conscientização da sociedade. O trabalho da Agcert é um grão de areia, mas é importante que pequenas iniciativas se multipliquem”, afirma Josefa Garzillo, gerente de novos negócios da consultoria ambiental AgCert Brasil.

CO2

Energia limpa “Créditos de carbono”, a moeda das empresas que não atingem as metas de redução O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é o mais favorável ao Brasil entre os instrumentos criados. Nesse mercado, projetos em países em desenvolvimento que envolvam aterros sanitários, manejo de resíduos, eficiência energética e biocombustíveis, entre outros, e resultem na redução da emissão de gases de efeito estufa valem “créditos de carbono”, moeda valiosa para empresas de países industrializados que não conseguirem atingir as metas de redução (8% a menos do que era emitido em 1990, a ser atingida no período de 2008 a 2012). Segundo estimativas do Banco Mundial, o Brasil poderá ter uma participação de 10% no mercado de MDL, o equivalente a US$ 1,3 bilhão em 2007. O primeiro projeto de MDL brasileiro aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) foi o NovaGerar, que consiste no aproveitamento do metano extraído do aterro de Nova Iguaçu (RJ) para obtenção de energia. Atualmente o país conta 26 metodologias aprovadas e mais de 90

Dióxido de carbono

INDEX STOCK

Níveis na atmosfera 500 mil anos pré-revolução industrial 200 ppm a 270 ppm Revolução industrial a 1980s 270 ppm a 280 ppm 1990s 360 ppm 2000s 379 ppm Incremento médio 2 ppm/ano

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Granjas de suínos: investimentos no uso do gás metano produzido

projetos em análise (perde em quantidade apenas para a Índia). “É importante que os projetos MDL não sejam um fim em si mesmos”, adverte Pikman. Segundo ele, a gestão integrada de emissões atmosféricas de gases de efeito estufa e poluentes regulados é um tema de mais alcance do que os mecanismos de Quioto e constitui um caminho natural para grandes empresas preocupadas com a governança corporativa. Essa gestão se firma em três etapas: diagnóstico corporativo, composto pelo inventário de emissões e atribuição de responsabilidades internas; comunicação das emissões de acordo com padrões internacionais, para obtenção do reconhecimento dos valores informados por organismos oficiais nacionais e internacionais; e gerenciamento das emissões

Principais emissores (2002) EUA* 5,9 bilhões de toneladas (36,1% do total) UE 3,4 bilhões de toneladas China** 3,1 bilhões de toneladas Rússia 1,5 bilhão de toneladas Japão 1,2 bilhão de toneladas Índia** 800 milhões de toneladas*** * Não signatário do Protocolo de Quioto ** Não obrigados por Quioto a reduzir emissões *** (1994) Fonte: ONU


com implantação de metas de redução e participação dos mercados em que isso signifique valor (MDL e Chicago Climate Exchange, por exemplo). “A gestão integrada das emissões atmosféricas pode transformar-se em muito mais do que um bom negócio”, diz Pikman. Receitas advindas de ações de eficiência energética, mitigação das emissões de poluentes regulados e projetos MDL podem multiplicar ganhos e agregar benefícios intangíveis, como maior reconhecimento da marca, redução de riscos sociais e a satisfação dos stakeholders (pessoas e empresas que, de alguma maneira, são influenciadas pelas ações de uma organização). Esse tem sido o caminho escolhido por várias agroindústrias. A Sadia obteve aprovação de projeto de queima de gás metano em biodigestores instalados em granjas de suínos próprias e de integrados. Os investimentos no projeto e na estrutura física e implantação do sistema somam R$ 65 milhões, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse valor deve ser revertido, num prazo de até cinco anos, apenas com a venda de créditos de carbono, conforme informações do diretor de relações com investidores da Sadia, Luiz Gonzaga Murat. Os recursos restantes (o projeto tem validade de 10 anos para o mercado de MDL) serão destinados aos integrados para aplicação em outros programas de sustentabilidade.

Gases de efeito estufa Vapor d'água (H20) Ozônio (O3) Dióxido de carbono (CO2) Metano (CH4 ) Óxido Nitroso (N20) Clorofluorcarbonos (CFCs) Hidrofluorcarbonos (HFCs) Perfluorcarbonos (PFCs) Hexafluoreto de Enxofre (SF6)

Biogestor: de cada metro cúbico de dejeto tratado são obtidos de 6 a 8 metros cúbicos de biogás

Solução completa No entanto, os recursos obtidos com a venda de créditos de carbono podem viabilizar a adoção de novas tecnologias e práticas ambientais sustentáveis, sugere Mário Lanznaster, diretor da Coopercentral Aurora, de Chapecó (SC), a maior abatedoura de suíOs dejetos suínos, quando entram nos de Santa Catarina. Essa coopenaturalmente em decomposição no rativa ainda não tem projetos próprimeio ambiente, liberam metano, um gás os de MDL, mas estuda e avalia o 21 vezes mais poluente do que o dióxi- mercado há dois anos, informa Lucido de carbono. Pesquisas realizadas ana Frasseto Campos, do departamenpela Universidade Federal de Santa Ca- to de Engenharia Ambiental. O desentarina (UFSC) comprovam a eficiência volvimento desses projetos fica a cardo biodigestor na redução da emissão go de cada produtor, com o acompade metano e geração de energia: de cada nhamento dos técnicos de cada coometro cúbico de dejeto tratado são ob- perativa filiada que auxilia na avaliatidos de 6 a 8 metros cúbicos de bio- ção dos projetos e contratos com as gás. Mas Paulo Belli, responsável pelo consultorias especializadas. Já a Coopercampos, estudo, é enfático: “a aplide Campos Novos (SC), cação isolada de biodigesque atua na área de agrotores resolve o problema negócio há 35 anos, e da emissão de gases de desde 1998 trabalha com efeito estufa, mas não sosuinocultura, desenvolluciona a poluição do solo ve um programa próprio e da água.” Segundo ele, de tratamento. Atualé preciso uma solução mente a cooperativa completa, que envolve soproduz 235 mil porcos luções tecnológicas (biopor ano, e até o final do digestores, lagoas de traano chegará a 316 mil. tamento e filtros, que geOs animais são vendidos rem um circuito fechado), vivos para os frigorífipolíticas públicas e ges- Lanznaster: novas cos Pamplona e Aurora, tão das bacias hidrográfi- tecnologias e práticas cas e aqüíferos. ambientais sustentáveis mas um abatedouro pró-

As vantagens de somar tecnologia, políticas públicas e gestão das águas

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Tendência Combustível verde A palma fornece o insumo para energia renovável

prio deve entrar em operação em 2008. A idéia é aumentar o plantel até que ele consuma toda a produção de grãos da cooperativa (atualmente um terço é destinado para a suinocultura) e passar a beneficiar a carne, um plano de R$ 20 milhões. “A carne suína é um produto de maior valor agregado e não está tão sujeita à influência do tempo quanto os grãos”, diz Adori Bernardi, assessor da diretoria. A diversificação, no entanto, trouxe o problema da destinação dos dejetos suínos para a Coopercampos. A alternativa encontrada começou a ser implantada em setembro de 2004 e até o final de 2006 deve ser concluída. Dos 56 produtores integrados, 18 já contam com biodigestores instalados, das quatro granjas apenas uma ainda não conta e a quinta granja, em construção, já será inaugurada com a solução implantada. As granjas utilizam geradores de energia, inclusive para aquecimento das creches. A sobra do esterco processado no biodigestor é utilizada como adubo orgânico e a água para irrigação na propriedade, constituindo um ciclo fechado. A operação no mercado MDL é feita em parceria com a AgCert, responsável pela aprovação dos projetos e venda dos créditos de carbono, cuja receita é dividida igualmente entre a AgCert, a Coopercampos e os produtores integrados. A cooperativa espera ter o retorno do investimento, de R$ 5,8 milhões, em até seis anos, sem contabilizar a econo-

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Coopercampos, de Campos Novos: receita da venda dos créditos de carbono é dividida com a AgCert e os produtores integrados

mia de energia elétrica (70%) e a compra de lenha e gás (100%). A AgCert Brasil Soluções Ambientais, filial da consultoria irlandesa, desenvolve e implanta planos técnicos para reduzir emissões de gases de efeito estufa. No caso da suinocultura, área atendida desde 2003, estão em operação 170 projetos e cerca de 200 se encontram em fase de construção. A atuação da AgCert envolve o trabalho educacional dos criadores, a documentação e aprovação de projetos MDL, a construção de biodigestores e a operação e manutenção do sistema por 10 anos – depois desse período os equipamentos passam a ser propriedade do produtor. O gás e sua utilização para aquecimento ou geração de energia elétrica, ou simplesmente para sua queima, são do proprietário. Os recursos obtidos com a venda de créditos de carbono são utilizados para o pagamento da infraestrutura instalada e, do restante, 10% são destinados para o produtor e a outra parte para a AgCert.

Os dejetos – nesse caso, esgoto – também são a matéria-prima da Gerar (Geração de Energia Renovável e Aproveitamento de Resíduos), empresa fundada há três anos e residente na incubadora da Coope/UFRJ. Um dos sócios iniciou suas pesquisas sobre energia renovável no final dos anos 90 e em 2000 doutorou-se na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na área de planejamento energético. Ele e seu orientador vislumbraram o potencial comercial e de mercado para energia renovável, e no ano seguinte envolveram-se em pesquisas sobre produção de biodiesel a partir de óleos vegetais. A partir daí foi desenvolvido um plano de negócios mais abrangente, incluindo além da energia renovável, o aproveitamento de resíduos – na própria UFRJ foi identificada uma pesquisa sobre produção de biodiesel a partir de esgoto. Em 2003 a Gerar desenvolveu os equipamentos e o plano comercial para o processo, atualmente sendo testado em duas estações de tratamento de esgoto, etapa que deve ser concluída até o final deste semestre. Já está em negociação a implantação do processo em estações de tratamento de cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal. A expectativa é de estar operando em três estações até o final deste ano e nos dois anos seguintes chegar a 15 unidades, estas maiores e com maior potencial de produção de biodiesel e de créditos de carbono, informa Andréa Borges de Souza Cruz, diretora-executiva. “Projetos de energia renovável e tratamento de resíduos são passíveis de aceitação no mercado de MDL, mas projetos de pequena escala tornam-se inviáveis pelo custo; o ideal é operar o sistema em


estações médias e grandes”, diz. No caso da Agropalma, a matériaprima utilizada para a produção de biodiesel são ácidos graxos. Fundada em 1982, a empresa inaugurou uma refinaria de óleo em 1997 – até então produzia apenas óleo bruto. A expansão proporcionou um produto de maior valor agregado, mas em compensação gerou um problema: a destinação dos resíduos graxos, subproduto do refino, de odor desagradável e coloração intensa. A saída inicial foi vender o material para indústrias saboeiras, mas como elas ainda precisavam tratar o material (retirar o cheiro e a cor) o preço era muito baixo. Isso quando não havia oferta de sebo bovino no mercado e os resíduos graxos encalhavam. Nos piores casos, a Agropalma chegou a ter mais de uma tonelada de resíduo graxo estocada. Em 2001, a empresa iniciou pesquisas para encontrar uma solução alternativa para a destinação do produto e, em parceria com a UFRJ, descobriu que a partir do material poderia ser obtido biodiesel. O processo permite o aproveitamento de 95% dos ácidos graxos e resulta num combustível puro, isento de

glicerina e mais barato. A patente mundial foi registrada em nome do pesquisador, mas a Agropalma tem o direito de uso exclusivo do processo por 20 anos. “De um problema nas mãos passamos a ter um negócio lucrativo”, diz César Modesto, gerente-geral. O combustível produzido pela Agropalma é de alta qualidade. “É o biodiesel premium”. Entre outras vantagens, o biodiesel de palma possui estabilidade oxidativa seis vezes maior do que o de soja. A refinaria de biodiesel tem capacidade instalada de 8 milhões de litros por ano, mas atualmente a produção é três vezes menor. Segundo Modesto, um aumento só deve ocorrer se houver uma expansão na produção de óleo de palma (e conseqüentemente no volume dos resíduos graxos) ou se ácidos graxos fossem comprados no mercado, o que não está nos planos da empresa. O investimento no projeto foi de US$ 1,3 milhão.

Perspectivas O biodiesel da Agropalma possui o selo “Combustível Social”, o que habilita a empresa a participar dos leilões

do Governo, conforme regras do Programa Nacional de Biodiesel. A palma utilizada no processo é produzida por pequenos agricultores, que até dezembro de 2005 formavam um grupo de 150 famílias instaladas em propriedades de 10 hectares cada. Hoje cada uma obtém uma renda mensal de R$ 1,8 mil a R$ 2 mil com a produção da planta. “Essas famílias sobreviviam com uma renda de R$ 60 por mês; o biodiesel proporcionou a elas maior qualidade de vida e perspectiva de futuro”, diz Modesto. Cada família recebe do Governo Federal uma ajuda de custo de um salário mínimo até a primeira safra, e sementes, insumos e assistência técnica da Agropalma – recursos pagos posteriormente em condições facilitadas. As famílias são selecionadas pelas prefeituras e o Governo do Estado providencia a regularização das terras. O Programa Nacional de Biodiesel estabelece uma tributação diferenciada para o combustível produzido a partir de matéria-prima cultivada por agricultores familiares, por meio de cooperativas e associações, e ainda varia de acordo com o tipo de oleaginosa utili-

Por que usar biodiesel? Cada vez mais o preço da gasolina, diesel e derivados de petróleo tende a subir. A cada ano o consumo aumenta e as reservas diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada ameaça de guerra ou crise internacional, o preço do barril de petróleo dispara. A queima de derivados de petróleo contribui para o aquecimento do clima global por elevar os níveis de dióxido de carbono na atmosfera.O efeito estufa, que deixa nosso planeta mais quente, devido ao aumento de dióxido de carbono na atmosfera – para cada 3,8 litros de gasolina que um automóvel queima são liberados 10 quilos de dióxido de carbono na atmosfera. Fonte: Agência Brasil

Plantação de palmas, no Pará: subproduto do óleo de dendê gera biodiesel Março 2006 – Empreendedor – 23


Tendência zada e de onde ela é produzida. Segundo o presidente Lula, em material divulgado pela Agência Brasil, o programa vai aumentar a renda do trabalhador rural e diminuir os gastos do Governo com importação de petróleo e controle da poluição. Uma lei federal determina a obrigatoriedade da adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel a partir de 2008 e aumenta o percentual para 5% a partir de 2013. A primeira etapa exigirá uma produção de 840 milhões de litros e a segunda 2 bilhões de litros, mas um levantamento do Ministério de Minas e Energia aponta um total de 34 usinas em operação até 2007, com capacidade de produzir 1,12 bilhão de litros. Para Lula, o país tem condições para ser o principal fornecedor mundial do produto, posição ocupada hoje pela Alemanha, onde toda a cadeia é isenta de impostos. O país tem em sua geografia grandes vantagens, por se situar em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e temperaturas médias anuais, além de disponibilidade hídrica e regularidade de chuvas.

Protocolo de Quioto O Protocolo de Quioto foi estabelecido em dezembro de 1997. Fixou uma redução global de 8%, em relação ao que era emitido em 1990, a ser atingida no período de 2008 a 2012. Essa meta representa, aproximadamente, uma redução mundial nas emissões de 200 milhões de toneladas de carbono por ano. Além de estabelecer as metas de redução, também criou instrumentos de flexibilização para facilitar o cumprimento dessas metas, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Por esse mecanismo, o desenvolvimento de projetos que resultem em redução de emissão valerão créditos que poderão ser vendidos aos países industrializados que não conseguirem atingir sua meta. Ou então, os países industrializados poderão patrocinar projetos de “seqüestro de carbono" da atmosfera, como reflorestamento ou a implantação de fontes alternativas de energia, nos países menos desenvolvidos.

INDEX STOCK

Técnica tupiniquim A Petrobrás desenvolveu uma nova tecnologia para produzir o biodiesel com grande ganho de rendimento e custo a partir de sementes de oleaginosas –a mamona, por exemplo, planta que pode ser produzida em qualquer região do país. Em vez de gerar biodiesel a partir do óleo, a nova técnica extrai o combustível da própria semente que é fonte do óleo, o que diminui os custos do processo. A tecnologia desenvolvida no mundo inteiro, principalmente na Europa, parte do óleo vegetal. Esse cenário para o Brasil não funciona bem porque um litro de óleo vegetal custa mais caro do que um litro de diesel. A grande vantagem da tecnologia desenvolvida pelo Centro de Pesquisas da Petrobrás (Centeps) é o fato de usar como matériaprima a oleaginosa e não o óleo. Segundo Carlos Khalil , pesquisador responsável, o preço do óleo dentro da semente é muitíssimo mais barato do que o preço do óleo já refinado. Pelo novo processo, conhecido

24 – Empreendedor – Março 2006

como transesterificação (reação química com um álcool, na presença de um catalisador, que produz biodiesel e glicerina), converte-se a semente diretamente em biodiesel de alto grau de pureza. A oleaginosa mais utilizada é a mamona, apesar de bons resultados com soja, amendoim, girassol e outras fontes. Isso torna o produto competitivo com o diesel de petróleo e com uma grande vantagem, por ter como matéria-prima uma fonte renovável que vem da cadeia agrícola. Para Khalil, é preciso se preocupar com a regionalização do biodiesel, verificar as potencialidades da produção de cada região do país. Ele alerta, no entanto, que em boa parte do território brasileiro ainda há disponibilidade para o plantio de novas culturas e, entre as possibilidades, a mamona se sobressai. A grande diferença é que, na semente da mamona, encontram-se até 54% de óleo. Para se ter uma referência, a soja só tem 18% de óleo. Fonte: Agência Brasil

Linha Direta Adori Bernardi (49) 3551-0009 Andréa Borges de Souza Cruz (21) 2590-3428 andrea@gerar.com.br Braulio Pikman (11) 5095-7900 braulio.pikman@erm.com César Modesto (91) 4009-8008 cesar@grupopalma.com.br Gilvan Sampaio sampaio@cptec.inpe.br Josefa Garzillo (11) 2127-0488 jgarzillo@agcert.com Mário Lanznaster e Luciana Frassetto de Campos (49) 3321-3000 Paulo Belli (48) 3331-7741 belli@ens.ufsc.br


Março 2006 – Empreendedor – 25


Mercado

A carona dos licenciamentos Trabalhar com marcas conhecidas corta por Fábio Mayer caminho para aumentar as vendas

26 – Empreendedor – Março 2006

INDEX STOCK

Uma dúvida freqüente no meio empresarial é como ampliar as vendas. Uma solução que facilita isso é por meio do licenciamento, contribuindo para aumentar acima de 40% a comercialização de um produto e não onera o licenciado, pois os royalties variam de 4% a 10%. “É mais direto e eficaz até do que a propaganda, porque o personagem já está consagrado junto ao público, é a própria mídia, enquanto que na propaganda a mensagem precisa ainda ser feita e transmitida”, diz Sebastião Bonfá, presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), entidade que reúne agentes licenciadores, licenciados e empresas ligadas ao setor. “É só colocar licenciamento no produto para começar a vender imediatamente.” Não há exagero na afirmação do presidente da Abral. O mercado cresce anualmente no Brasil de 10% a 12% e a expectativa é aumentar exponencialmente a cada ano. Em 2005, movimentou R$ 2,5 bilhões entre distribuidores para mercado e revendedores. “Não está contabilizado nesse número as vendas diretamente para o público consumidor, mas ainda há muito o que crescer.” De acordo com Bonfá, nos Estados Unidos, por exemplo, essa área de atividade gera US$ 100 bilhões anuais. “Normalmente o Brasil detém 10% em quase tudo relacionado ao mercado norteamericano, se fôssemos analisar e comparar dessa maneira deveríamos ter 300 mil empresas licenciadas.” Nos últimos quatro anos, o desenvolvimento do ramo foi mais rápido e próativo, mas ainda aquém do esperado pela Abral. Hoje, atuam no país cerca de mil


Entenda o licenciamento

Identificar personagens que tenham afinidade com as estratégias da empresa. Ter uma boa distribuição e plano de marketing para divulgação dos produtos. Fornecer relatórios mensais de vendas para pagamento dos direitos autorais. Para o empreendedor que deseja entrar nesse mercado e adquirir a licença, a dica é visitar o site da Abral (www.abral.org.br) para saber mais sobre as firmas que licenciam, personagens e estimativas de vendas. A entidade também fornece orientações para os que querem licenciar seus personagens e saber, por exemplo, se eles são e como os tornar licenciáveis. Procurar sempre um agente de licenciamento.

O QUE É? Processo legal pelo qual o detentor, criador ou autor de uma marca, nome, logotipo, imagem ou qualquer outra propriedade intelectual, legalmente protegidas, autoriza ou cede o direito de seu uso em um produto ou serviço, durante um determinado período de tempo, em uma área geográfica específica, em troca de um pagamento definido ou de uma série de pagamentos na forma de royalties ou importância fixa.

empresas licenciadas e 400 licenças disponíveis distribuídas entre 63 agências licenciadoras. “É uma pena que o grande mercado brasileiro não tenha ainda percebido as vantagens do licenciamento.” Pessoas famosas, filmes e desenhos, personagens de histórias em quadrinhos, livros e marcas consagradas são exemplos de modelos de licenciamento em todo o mundo. Geralmente, tem como alvo o público infanto-juvenil de diversas áreas de atividade, como moda e calçados, cadernos, brinquedos, cosméticos, decoração e confecção. “Tudo o que a criança lê, brinca, come e veste, como fraldas”, diz Bonfá. A Gulliver Manufatura de Brinquedos, que está há 35 anos no mercado, aposta nas miniaturas. A empresa nacional, fundada por Mariano Lavin Ortiz em 1970, e localizada na cidade de São Caetano do Sul, São Paulo, sempre foi conhecida por sua especialidade em fabricar esse tipo de produto. O primeiro brinquedo foi o Forte Apache, miniaturas pintadas artesanalmente que tinham como tema o velho oeste americano. O próprio nome foi escolhido como uma homenagem ao romance de “As viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, que conta a história da minúscula população do reino de Lilliput. A empresa teve dois posicionamentos distintos nesse mercado, antes e depois da abertura das importações de brinquedos no país. “Já tínhamos no período anterior alguns contratos de licenciamento de super-heróis da Marvel, mas éramos vistos basicamente como

COMO LICENCIAR?

uma indústria fabricante de brinquedos em miniaturas”, diz Paulo Benzatti, gerente nacional de vendas da Gulliver. No segundo momento, há 13 anos, a empresa mudou completamente o foco de atuação. Foi a primeira a importar produtos e fazer parcerias com a Hasbro, a ToyBiz (que fabrica toda a linha Marvel) e a francesa Smoby (maior fabricante européia de brinquedos). “Começamos a trabalhar fortemente com personagens, principalmente figuras de ação baseadas em grandes produções de cinema e séries de TV.” Para Benzatti, a mudança de rumo foi determinada por uma tendência de os produtos se tornarem mundiais, no qual os lançamentos são feitos praticamente em todos os lugares ao mesmo tempo, e do comportamento do consu-

Fonte: Abral

midor, que prefere produtos atualizados. “Sentíamos que o setor iria passar por essa transformação. Resolvemos que também queríamos uma fatia desse mercado de produtos importados ou então teríamos que nos conformar com uma participação menor.” Atualmente a empresa produz e importa brinquedos de primeira infância, pré-escolares, séries de TV, personagens de cinema e personagens para colecionar como: Homem Aranha, Senhor dos Anéis, Robocop, Máscara, XMen, Meninas Super Poderosas, Guerra nas Estrelas, Quarteto Fantástico e King-Kong. Com o sucesso dos filmes, temas que estão na moda e são bastante explorados, o produto oferecido passa a ter peso na decisão de compra. “As campanhas dos filmes, das séries

Benzatti, da Gulliver: figuras de ação baseadas em grandes produções Março 2006 – Empreendedor – 27


Mercado

Leitor do personagem Smilinguido: alvo da estratégia de vendas coordenada por Jubiracy Alves da Silva

e a própria exposição da marca no mercado como um todo também provoca uma demanda natural e, é claro, a gente pega uma carona.” O reforço da imagem por meio do licenciamento é uma estratégia que a empresa adota para ter maior êxito nos resultados. Associar a Gulliver a grandes produções fez com que ela tivesse um crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Nos últimos cinco anos, a empresa praticamente dobrou o faturamento, alcançando em 2005, R$ 40,4 milhões. Isso sem fazer propagandas mais agressivas. “Continuamos fazendo o marketing direto por meio de campanhas em TV e material de apoio a PDVs, por exemplo, para provocar demanda pelos nossos produtos, e utilizamos o marketing indireto quando assinamos um contrato de licenciamento”, diz Benzatti. O investimento há dois anos em propaganda e marketing foi em torno de R$ 1,2 milhão. Com outra tática, a Editora Luz e Vida prefere licenciar seus personagens: Smilingüido e Sua Turma e A Turminha Querubim. A empresa, sediada na capital paranaense, tem 51 anos de existência, sendo os últimos 26 anos dedicados a essa área de atividade. “Lançamos o livro Diaa-dia com o Smilingüido, agora em novembro, que trata de valores universais, como amor, amizade, perdão, compreensão e preservação da natureza. Mas o que tem um peso muito forte e que

28 – Empreendedor – Março 2006

puxa mesmo as vendas são agendas, marca páginas, CDs, camisetas”, diz Jubiracy Alves da Silva, coordenador comercial e de representantes da empresa. Esses produtos, juntos, vendem 50% do que a empresa comercializa com o personagem. Criado por Márcia D’Haese e Carlos Tadeu Grzybowski, em 1980, a formiga Smilingüido surgiu com o objetivo de levar mensagens de ânimo e esperança às pessoas em geral. Mas foram as crianças da faixa etária de 4 a 6 anos que consagraram o personagem. Hoje, Smilingüido e Sua Turma estão presentes em cinco mil pontos-de-venda em todo o Brasil e é tema de 800 itens diferentes. Ao todo são 18 licenciados que produzem desde gibis, estojos escolares, cadernos, mochilas, lancheiras, bolsas, sombrinhas, capas de chuva, álbuns de fotos e de figurinha, roupa de cama e banho, meias, material para festas, canecas de cerâmica, copos de vidro decorados e brinquedos. Outros personagens da Luz e Vida, dessa vez em parceria com a Cartoon Pro, de Londrina no Paraná, fazem parte de A Turminha Querubim. Lançados em maio de 2001 para atender a faixa etária de 0 a 7 anos, são crianças com aspectos angelicais, sem ser realmente anjos, que vivenciam divertidas aventuras, próprias dessa fase da vida. A Turminha ilustra cartões, mini livros, livros de atividades com jogos e desa-

fios, mochilas, cadernos e possuem CDs de música infantil e para bebês. Smilingüido e A Turminha Querubim são exportados para 18 países da América do Sul, Central, Europa, Estados Unidos, Nova Zelândia, Japão, Egito e Moçambique. “Estamos prestes a abrir um escritório em Miami, que vai nos auxiliar a prospectar novos mercados e distribuidores em todo o mundo”, diz o coordenador comercial e de representantes da empresa. Nesse mercado, Silva alerta que é preciso ter alguns cuidados, principalmente os contratuais. Isso é importante, na opinião dele, para que os personagens não percam a identidade e as características inerentes ou que tenham um comportamento e atitudes diferentes. “No nosso caso, o fundamento de ter os produtos licenciados com os personagens é que eles cumpram o objetivo de levar mensagens de transformação para as pessoas.”

Linha Direta Jubiracy Alves da Silva (Editora Luz e Vida) (41) 3233-4032 sac@luzevida.com.br Paulo Benzatti (Gulliver) (11) 3026-9224 gulliver@gulliver.com.br Sebastião Bonfá (Abral) (11) 3021-7616


Março 2006 – Empreendedor – 29


Mercado Empreendedor do nicho PET se especializa para continuar a crescer até 10% ao ano por

Wendel Martins

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Companhia animada

30 – Empreendedor – Março 2006


O que eles têm em comum é o amor pelos animais. Christiane é dona da Dolly Poppy, uma simpática poodle. Ricardo mantém em casa dois filhotes de cocker spaniel, Naila e Kiara. Ana Paula tem um basset chamado Mimo. Régis adora um pastor alemão, dois vira-latas, quatro pássaros e um papagaio chamado Rico. Já a psicóloga Roberta é mais radical: além de ser dona de oito cães, montou um hotel para 50 cachorros. Estes são exemplos de executivos e empreendedores que transformaram a paixão por bichos em profissão e negócios. Christiane se inspirou na sua cachorrinha para criar a Pipi Dolly’s e fabrica sanitários para cães. O químico Ricardo é sócio-diretor da RS Informática, desenvolve software para o varejo e há cinco anos percebeu que os lojistas tinham uma necessidade de aplicativos de gestão de pet shops. Ana Paula herdou a Nutripeixe, que fabrica alimentos para peixes e tartarugas e se esforça para modernizar a produção da empresa por meio de investimento em pesquisa e tecnologia. Régis é proprietário da Alvorada, que há meio século produz acessórios para animais de pequeno porte e há uma década lançou uma franquia pet shop de sucesso. Eles também sintetizam as renovações no mercado de pet brasileiro: a profissionalização da mão-de-obra, o investimento em modernas ferra-

mentas de gestão e administração, a vitória da criatividade para descobrir novos nichos de mercado e a constante preocupação com a qualidade dos produtos e serviços. Foi-se o tempo em que bastava gostar de cachorro para fundar um pet shop. Hoje são necessárias sofisticadas pesquisas de mercado para saber qual é o melhor ponto, sensibilidade do empreendedor para entender os consumidores e um atendimento rápido para não perder clientes para a concorrência. Existem várias explicações para o crescimento contínuo desse mercado interno: entre 8% e 10% pelos próximos cinco anos. Um setor gigantesco (29 milhões de caninos e 13 milhões de felinos no Brasil, cerca de 800 milhões em todo mundo), o aumento da expectativa de vida aliado à redução das taxas de natalidade e o crescimento do número de idosos, além da falta de segurança nas grandes cidades.

Ração Mesmo com a exportação como tendência, ainda é priorizado o mercado interno. Um dos exemplos é a ração para animais, que em 2005 movimentou cerca de cinco milhões de toneladas de ração no mercado global e gerou dividendos de US$ 5,4 bilhões em exportação. O Brasil não alcançou sequer 0,5% deste bolo. A Associação Nacional dos Fabricantes de

Alimentos para Animais de Estimação (Anfal Pet) tem uma estratégia para que as vendas externas se tornem realidade, aproveitando a forte imagem que o país tem lá fora na área de alimentos. Mas José Edson Galvão de França, diretor executivo da entidade, acredita que esse é um trabalho de pelo menos uma década. O primeiro passo foi dado no ano passado, quando a Anfal Pet assinou um convênio com a APEX Brasil para incentivar as empresas brasileiras a participarem de eventos internacionais. “Visando criar uma cultura exportadora, buscamos junto ao Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ações para facilitar e desburocratizar o processo de exportação, e também evitar barreiras aos nossos produtos em função de problemas sanitários”, diz França, que acredita numa meta de 100 mil toneladas para exportação em 2007. Mas a alta carga tributária é o principal vilão contra o crescimento desse mercado, que ainda é considerado supérfluo na legislação atual. Os impostos chegam a 49,9%, bem acima dos 15,25% dos insumos agrícolas e dos 7% da básica. Por isso, apenas 41% dos animais de companhia comem alimentos industrializados – o que gera para o país um desperdício de 2,05 milhões de tonela-

SEGMENTO Alimentos Medicamentos e produtos de higiene Serviços Equipamentos Acessórios Logística * em milhões de dólares

2003

2004

2005

%

600 73,68 16 3,64 47,5 507,37

733,62 80,7 17,6 4 50 607,82

879,23 88,77 19,36 4,4 55 719,18

49,79 5,03 1,1 0,25 3,11 40,73

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Pet no Brasil

Março 2006 – Empreendedor – 31


Mercado das de arroz, carnes, leite, entre outros. O alto custo da ração é fator limitante para a parcela da população de baixa renda, mesmo com os produtos econômicos representando 80% do total vendido no país. “Se esta carga caísse para os níveis internacionais, de 7% a 18%, nós conseguiríamos mais 20% do mercado das classes C e D, sem lançamentos de novos produtos, apenas repassando a redução dos impostos”, diz França, que se prepara para o lançamento de uma marca da entidade que busca a qualidade.

Carga Tributária Direta sobre o faturamento

IMPOSTO

Pet Food

Alimento humano básico

0%

10%

0%

9,25%

9,25%

0%

ICMS

Diferido (Máx. 6%)

18%

7%

Total

15,25%

39,9%

7%

0%

10%

0%

15,25%

49,9%

7%

IPI PIS/COFINS

Substituição Tributária no ICMS Total Geral

Insumos Pecuários

Patas no banheiro O local certo para as necessidades existe e é feito de plástico Outra empresária que também começa a ter idéias de exportação é Christiane Costa Campello, da Pipi Dolly’s – um feito para uma empresa de apenas quatro anos e que conta com uma estrutura enxuta, apenas dois funcionários. Para se embrenhar no selvagem mercado estrangeiro é necessário mais do que um produto inovador e sim espírito empreendedor e faro para bons negócios, qualidades que a Christiane já provou ter. A idéia de criar a empresa “não veio do dia para a noite”, mas surgiu da singela necessidade de sua cachorrinha, virou um produto e hoje explora um nicho de mercado inédito no país: o de banheiro para cachorro. “Já existiam os tapetes higiênicos que eram caros, e me irritava o mascote molhar as patas e deixar marquinhas no piso. Não existia nada similar no mercado”. Ela então desenhou dois protótipos, o primeiro em madeira e o segundo em metal, que fez sucesso entre as amigas “cachorreiras”. “Muitos diziam que os cães não eram aptos a entender qual o local certo para suas necessidades. No entanto, questionava

32 – Empreendedor – Março 2006

Christiane e o Pipi Dolly’s: faro para a inovação

esse argumento, pois eles são adestrados a usar jornal”. A empresária estruturou a empresa em um ano e meio e lançou o produto, em plástico, com a estratégia de vender com exclusividade para os pet shops de todo o país. “Tivemos paciência para entrar no mercado e de lá para cá todos os anos estamos lançando novos produtos”, diz Christiane, que comercializa cerca de três mil unidades por mês e agora investe em acessórios – tanto para fêmeas como para machos – que agregam valor ao produto original. Para entrar no mercado norte-americano ela enviou amostras a atacadistas e espera novas encomendas. Além de ter entrado com pedido de patente

americana, a exemplo do que fez no Brasil. Ela só reclama da demora em conseguir o registro de propriedade intelectual – sete anos no Brasil – e de um concorrente que copiou o design de seu produto. “Ele vende 40% mais caro e com qualidade inferior”, diz a empresária, que garante ganhar a pendenga judicial. O que caracteriza Christiane e a distingue de muitos outros empreendedores é que “toda a formação do negócio foi feita com investimento próprio, mesmo escasso, sem empréstimos bancários ou de financeiras; o necessário foi ter empenho e perseverança a fim de criar um produto que priorizasse a higiene dos cães e das casas de seus donos”.


Como criança na escola

Há quem diga que é por pura carência afetiva que proprietários de animais tratam cães e gatos como membros da família. “Nossos clientes deixam seus mascotes com a gente como se fosse uma criança na escola. Confiança é um fator primordial no nosso negócio”, diz Francisco Venturi Régis, do Pet Shop Alvorada. Por isso, a empresa não se interessa em projetos de táxi dog, que exige um alto capital para investimento e manutenção da frota ou parcerias com terceiros, o que inclui o risco de danos e acidentes: só mantém o serviço onde a demanda é alta. Ele aposta sim na transparência total com os clientes e todas as lojas seguem a mesma comunicação visual, “sempre envidraçadas e com funcionamento às claras”. Uma das novidades é um sistema de câmeras em fase piloto que permite assistir tudo o que acontece em três unidades das 14 franqueadas. Em futuro próximo, o empresário pretende expandir essa idéia para toda a rede e dispor o serviço na internet. Criar soluções inovadoras não é um mero detalhe, faz parte do plano de expansão da Alvorada, que faturou US$ 1,1 milhão em 2005, espera crescer cerca de 20% e vai abrir cinco lojas este ano. Régis elegeu o Nordeste como alvo preferencial e pretende inaugurar uma franquia em João Pessoa já no primeiro trimestre. Também está a caminho uma loja em Recife e a idéia, a longo prazo, é abrir unidades em todas as capitais da região. O empreendedor esperou a hora certa para impulsionar os negócios da empresa: ficou dois anos sem abrir unidades, esperando passar a febre de novos pet shops em todo o Brasil. Hoje ele visualiza um momento de seleção natural: somente os estabelecimentos mais qualificados e profissionais

vão permanecer no mercado. “A oferta está desequilibrada com a demanda e por isso estão fechando mais empresas do que abrindo”. São cerca de oito mil pet shops no Brasil, cinco mil só no Estado de São Paulo. Em meio a tanta concor-

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Carência define clientes que deixam mascotes em lojas especializadas

rência, Régis investe num treinamento refinado dos colaboradores, contando inclusive com sala de aula numa loja laboratório em São Paulo, onde são testadas todas as novidades que depois vão para a rede. “Temos estoque de candidatos especializados e preparados, o que é essencial para a nossa arrancada”. Além disso, toda loja tem um veterinário residente, “que não fica trancado no consultório e está sempre disponível para consultas e informações” e um atendimento rápido, “já que não temos sala de espera”. A rede de franquias também permite um mercado cativo para os produtos da Alvorada, pioneira na criação e produção de acessórios para pequenos animais (cães, gatos e roedores) e é líder absoluta na linha de acessórios para pássaros. Fundada em 1948 e administrada por Régis desde 92, a fábrica vende 300 itens para todo o Brasil, investiu em maquinário de injeção de plástico próprio e pretende ampliar os ganhos em exportação. Com sólida atuação na América do Sul – em especial no Chile – pretende entrar no mercado europeu e namora os Estados Unidos. “Temos preço e qualidade, agora precisamos investir em logística”, diz Régis, que está fechando contrato com depósitos em Portugal e Miami.

Pet Shop Alvorada: lojas seguem a mesma comunicação visual, sempre envidraçadas e com funcionamento às claras

Março 2006 – Empreendedor – 33


Mercado Informática na coleira Softwares customizados e medicamentos para o consumo interno ampliam soluções Tecnologia é a área em que Ricardo Soares se sente à vontade. Há dez anos a RS Informática vende softwares para varejo. Numa visita ao seu pet shop, ele ouviu uma reclamação típica: os programas de gestão para lojas pet não agradavam. “Não existiam programas atualizados e especializados para esse mercado. Ou eram defasados ou se destinavam a veterinários”. Em 1999 ele lançou o Autopet, que além de fazer a automação comercial, tem funções específicas para o segmento: desde controle de estoque e cadastro de clientes, passando por uma agenda para banho e tosa, até um módulo que serve de agência matrimonial para cães e gatos. A estratégia comercial da empresa é vender o programa a baixo custo e cobrar uma mensalidade pela atualização. “Viemos com uma pro-

posta diferente, de crescer junto com o mercado, justamente para evitar o que vinha acontecendo, quando o desenvolvedor abandonava a solução”, diz Soares. Uma vantagem desse conceito é que o software evolui para atender necessidades específicas: a pedido dos clientes, a empresa embutiu a função de enviar mensagem de texto para o celular. Outra vantagem é que o custo da licença varia de acordo com a quantidade de funcionalidades que o dono de pet shop deseja: cerca de R$ 400 para a versão Lite e R$ 900 para Premium. A men-

Autopet de Ricardo Soares: comprometimento reforçado e dinheiro em caixa para investir

Bom gosto no aquário Peixe como hobby pode ter a cor e o sabor realçados Uma alternativa é investir em produtos de maior valor agregado, para clientes de outra faixa de renda. É o caso da Nutripeixe, que tenta diminuir a dependência dos produtos de combate, como são chamados internamente os populares. Eles correspondem a 50% da receita da companhia, segundo a diretora administrativa Ana Paula Jovenato. Mas essa estratégia também gera um dilema: o incremento na

34 – Empreendedor – Março 2006

salidade também acompanha essa lógica, varia de R$ 50 a R$ 140. A recepção dos lojistas foi boa – hoje o software corresponde a 40% do faturamento da companhia – e a RS Informática já pensa em exportá-lo para a Europa, a começar por Portugal. Ao manter o cliente sempre atualizado, a RS Informática achou uma maneira de reforçar um comprometimento e, ao mesmo tempo, ter dinheiro em caixa para investir em pesquisa. Mesmo em mercados e tamanhos diferentes, a Schering-Plough também segue esse conceito. A empresa investe em ciclos de atualização clínica para os formadores de opinião,

receita leva a empresa a outro patamar de tributação, já que a companhia integra a faixa do Simples Paulista – tem faturamento estimado em R$ 1 milhão. “Isso limita o nosso trabalho, mas não tem como evitar”, diz ela, que espera para este ano um aumento no preço dos produtos por causa da carga tributária. Uma das ações da Nutripeixe – empresa que tem em seu portfólio 35 produtos, desde os de preço mais acessíAna Paula, da Nutripeixe: 35 produtos, com destaque para os mais sofisticados


como médicos veterinários e donos de pet shop. “Percorremos doze cidades no ano passado, levando informação sobre a leishmaniose”, diz Gláucia Penteado Gigli, gerente de produtos de pequenos animais. Outra ferramenta de fidelização é fornecer equipamentos exclusivos para veterinários e promover campanhas, como a de vermifugação em condomínios de São Paulo, direcionando esforços para orientar moradores e proprietários de animais de estimação sobre os principais cuidados com cães e gatos. Essa presença no dia-a-dia, quase um trabalho de extensão, permite que a empresa conheça mais o mercado nacional e desenvolva produtos adaptados à realidade brasileira. Um dos mais conhecidos é o antibiótico Flotril, cuja pesquisa e desenvolvimento foi inteiramente nacional, na fábrica de Jacarepaguá (RJ). “Esse produto não existe lá fora. Apesar de uma multinacional, temos a flexibilidade para melhor atender as necessidades do mercado”. A Schering-Plough foi duas vezes eleita como melhor laboratório farmacêutico do Brasil na pesquisa 2005 da ABMA – Associação Brasileira do Mercado Animal.

veis até os mais sofisticados – é investir em pesquisa e controle de qualidade. “Nosso cliente padrão é o pai que compra um peixe para o filho, mas estamos tentando capturar o consumidor que tem peixes como hobby e se dedica a realçar a cor e agradar o paladar do animal”, diz Ana Paula. Essa atenção para os peixes ornamentais vem acompanhada de uma pesquisa feita pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp), realizada no campus de Jabuticabal, que testa as rações em quesitos como sabor e acidez. A Universidade também analisa amostras de matérias-primas enviadas pelos fornecedores, de acordo com o controle de qualidade da empresa.

Amigos para viagem Roberta Carvalho Bueno de deita, rola, senta, finge de morto” e Abreu, dona do Cãontry Canil Ho- treinamento para guarda, onde o cão tel, atende clientes que precisam via- fica capacitado para proteger seu jar, mudam de cidade ou não têm dono contra algum tipo de ataque. espaço em casa para cuidar do aniOutro serviço que a empresa dismal. As diárias custam põe é o agility, quando o em torno de R$ 30 a cão com o condutor parR$ 40, de acordo com ticipa de competições em o peso do animal. uma pista com obstácu“Nossos funcionários los reguláveis e de equisão treinados para ter líbrio. Roberta também boa desenvoltura com tem fisioterapia na piscio público que precisa na do hotel para tratar de atenção, muitos lianimais com fraqueza gam todos os dias muscular entre outros para saber do cachorproblemas. Mas o granro”. Roberta, que já foi de projeto, que ainda perdona de pet shop, manece na gaveta, é onde “trabalhava de abrir uma pousada para mais e ganhava de que o dono se hospede menos”, também conjunto com o animal. A Roberta, da Cãontry: ta com um veterinário diárias conforme o parte da estrutura já está “sempre alerta” e dis- peso do animal pronta, só falta o dinheipõe de serviços como ro para terminar as adestramento de companhia – “que obras. “Meus sonhos vêm virando resão os comandos básicos, como alidade. Vou trabalhar para isso”.

Linha Direta Ana Paula Jovenato (16) 3638-2520 anapaula@nutripeixe.com.br Christiane Costa (51) 3225-1841 christianecosta@pipidollys.com.br Francisco Venturi Régis (11) 5051-3511 alvorada@alvoradapetshop.com.br

José Edson Galvão de França (11) 3541-1760 galvao@anfalpet.org.br Ricardo Soares (19) 3289-5111 ricardo@rs-info.com Roberta Carvalho Bueno de Abreu (11) 4026-1407 roberta@caontry.com.br Março 2006 – Empreendedor – 35


Copa da Alemanha

Cachaça no país da cerveja O destilado que identifica o Brasil não vai faltar na festa internacional do futebol por

Fábio Mayer

36 – Empreendedor – Março 2006

A mistura de cachaça com futebol só pode dar samba. Incorporada à cultura e à história nacional, essa bebida típica do Brasil vai dividir espaço com a tradicional cerveja do país sede da Copa do Mundo de futebol, em 2006. O destaque dado à cachaça não é de agora, a Alemanha já é o principal comprador desse destilado brasileiro, mais de 30% das exportações realizadas são para lá. Mas o evento vai contribuir para reforçar a terceira colocação no ranking internacional de destilados e ampliar o volume das vendas destinadas a esse país, conforme a expectativa de alguns produtores. A exportação da cachaça para a Alemanha, feita pela Fazenda Vaccaro, por exemplo, representa hoje 15% do total das vendas da empresa. Neste ano, com o evento mundial de futebol, o objetivo é se consolidar definitivamente no mercado europeu. “A Alemanha está se preparando para a Copa do Mundo e quer celebrar esse evento com grande festa, a cachaça brasileira não pode faltar”, diz Herbert Rugel, sócio-gerente da empresa. A estratégia da empresa é aproveitar este momento e fornecer cachaça de alambique produzida de forma orgânica (sem uso de produtos químicos), artesanal e com tecnologia moderna. Localizada no município baiano de Rio de Contas, que fica a 1.300 metros do nível do mar, a empresa conta com a altitude para melhorar a qualidade do produto. “Solos de média fertilidade e clima frio e seco, na época da safra, garantem matéria-prima excelente para produção de cachaça. As temperaturas baixas também são importantes para uma fermentação harmônica.” A apresentação da bebida e as novidades associadas ao produto são feitas geralmente em feiras. Uma das que Rugel participa desde 2003 é a BioFach, feira de produtos orgânicos realizada na cidade de Nuremberg, na Alemanha. A edição deste ano, que


Dados de exportação Ano 2005 2004

Total Exportado (litros) 10.860.157 10.270.874

Exportação p/ Alemanha (litros) 3.289.946 2.731.903

Participação 30,29% 26,60%

Ranking mundial de destilados (em milhões de garrafas de 0,7l) Vodka 1900 Soju (destilado de arroz) 1500 Cachaça 1250 Fonte: Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDAC)

aconteceu em fevereiro, trouxe boas perspectivas de resultados. “Esperamos aumentar nossas vendas para a Alemanha, Itália, França e Suíça e estamos prestes a fechar contratos com empresas da Espanha e de Portugal, onde já estamos bem avançados nas negociações.” Foi também com a participação nas edições anteriores da Biofach que os sócios da Fazenda Vaccaro sentiram a necessidade de fornecer quantidades menores para clientes na Alemanha. A solução foi abrir, em 2004, uma importadora nesse país para receber e distribuir a cachaça fabricada pela empresa no Brasil. “Como sou alemão isso não foi complicado. Essa importadora também está certificada e legaliza nossa cachaça como produtor orgânico na União Européia.” Por causa da demanda de empresas do nicho de alimentos, outras iniciativas foram as criações de uma linha para indústria que não pode utilizar embalagens de vidro e de miniaturas para frigobar destinadas a hotéis internacionais. A cachaça é um exemplo de produto original do Brasil e um dos símbolos nacionais. Na avaliação de Juan Quirós, presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a bebida vai ganhar um espaço maior no mercado internacional, principalmente com o produto fabricado de forma

Kunz: parcerias para trabalhar o produto e dividir custos

Rugel: cachaça certificada como produto orgânico na União Européia

artesanal e orgânica. Com sua cachaça de alambique, a Cooperativa de Produção e Promoção da Cachaça de Minas (Coocachaça), criada em 1999, também pretende aumentar o fluxo de exportação do produto para a Alemanha. Na opinião de Aureliano Pires, diretor comercial e de marketing da cooperativa, os alemães, maiores consumidores de cachaça fora do Brasil, já perceberam a diferença entre a que é feita em escala industrial e a cachaça artesanal. “Esse produto é mais elaborado e de melhor qualidade com índice de ressaca muito pequeno, que não dá aquele mal súbito no dia seguinte”, diz. Agora em março, na cidade alemã de Dusseldorf, a Coocachaça participa do Projeto Vendedor Cachaça para mostrar duas marcas produzidas pelos seus 80 associados. O evento é uma ação Apex-Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) e a Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca), e tem o objetivo de reunir empreendedores para uma rodada de negócios. Pires acredita que essa é uma oportunidade para estreitar o relacionamento com distribuidores e potenciais parceiros na comercialização da cachaça. A Alemanha também vai servir como porta de entrada na Europa. A expectativa é aumentar as vendas devido à Copa Março 2006 – Empreendedor – 37


Copa da Alemanha do Mundo também para outros países como Portugal, Espanha e França. “O Brasil fica muito em evidência nessa época de Copa. Vai melhorar a visibilidade até mesmo nos Estados Unidos, onde o futebol também vem crescendo”, diz. Outra empresa que vai participar da rodada de negócios é a Fante Indústria de Bebidas. Atualmente, a Fante realiza exportações esporádicas para a Alemanha, normalmente por meio de promoções específicas feitas para grandes redes de supermercados. “A empresa é de médio porte e temos dificuldade para entrar no mercado europeu porque é necessário muito investimento. Apesar de ter a procura da cachaça também tem bastante oferta, principalmente das grandes empresas”, diz Júlio César Kunz, responsável pelas negociações e contatos de exportações da empresa. Quando o negócio é fechado, normalmente são vendidas cerca de quatro mil caixas de cachaça. “O que esperamos dessa feira é encontrar parceiros que estejam dispostos a trabalhar com nosso produto e dividir o ônus para abrir o mercado”, diz. A meta de Kunz é aproveitar a imagem da Copa para divulgar o produto, que com uma melhor visibilidade vai contribuir para o crescimento das exportações. “Neste ano esperamos ter um grande crescimento nas exportações com uma política mais definida, colocar os pés na Europa com mais firmeza e ampliar nossa participação no Mercosul”.

Origens Trazida da Nova Guiné pelos portugueses, a cana-deaçúcar começou a gerar riquezas no Brasil por volta de 1532. Era questão de tempo para os brasileiros descobrirem que a fermentação do caldo extraído da planta, e em seguida destilado, transformava-se em uma bebida muito apreciada desde aquela época, a cachaça. A produção atual do Brasil chega a 1,5 bilhão de litros por ano, sendo que 70% desse valor é feito de maneira industrial e 30% artesanalmente. As vendas externas do produto aumentam cerca de 10% ao ano e são destinadas para mais de 50 países. A bebida é feita de duas formas:

Artesanal Também chamada de cachaça de alambique, tem como principais diferenças, em relação a que é feita em escala industrial, a colheita da cana, sempre manual, e a fermentação, realizada de maneira natural e sem aditivos químicos. Geralmente são utilizados alambiques de cobre para a destilação, que ajuda a separar a “parte nobre” da bebida, depois levada para a maturação ou “envelhecimento” em barris ou tonéis de madeira (por exemplo: carvalho e jequitibá).

Industrial Quando realizada dessa forma, permite uma grande capacidade produtiva. A destilação se dá por meio de colunas de aço inoxidável e é contínua, os intervalos são comuns apenas na cachaça artesanal. São usados aditivos químicos na fermentação para acelerar o processo.

INDEX STOCK

Linha Direta

38 – Empreendedor – Março 2006

Aureliano Pires (Coocachaça) (31) 3482-0097 coop@coocachaca.com.br Herbert Rugel (Fazenda Vaccaro) (71) 9912-2686 hrugel@cachacaorganica.com.br Júlio César Kunz (Fante Ind. Bebidas) (54) 3292-3000 fante@fante.com.br


Março 2006 – Empreendedor – 39


Perfil

Rui Altenburg

40 – Empreendedor – Março 2006


O pescador cresce em silêncio Sem alarde, e com muita paciência, Rui Altenburg conseguiu atingir a marca de um milhão de peças de cama, mesa, banho e decoração por mês

por

Fábio Mayer

A paciência é uma virtude de um bom pescador e isso Rui Altenburg tem de sobra. É assim que planeja, enfrenta e vence as dificuldades nos negócios e também alcança o êxito nas pescarias. É preciso saber o momento certo, esperar, deixar a linha correr, mas sem perder o controle da situação e agir com firmeza na hora de buscar os resultados. Ele cresceu acostumado com esse tipo de cuidado aplicado à produção têxtil. A sede da Altenburg ficava no fundo da casa na qual a família morava em Blumenau, Santa Catarina, e permaneceu ali por 66 anos. A lembrança da infância e da adolescência foi marcada pelas atividades da fábrica criada por sua avó, Johanna, em 1922, bem antes dele nascer. Ele acompanhou de perto toda a trajetória da empresa, que no início fabricava apenas acolchoados e mais tarde se consagrava no país como uma das maiores indústrias desse mercado. Atualmente, tem capacidade produtiva para confeccionar mais de um milhão de peças de cama, mesa, banho e decoração por mês. Rui, 56 anos, ajudou a dar continuidade e a perpetuar o empreendimento familiar. Ele ingressou na fábrica com 21 anos, um ano depois que concluiu os cursos técnicos de Me-

cânica Industrial e Processos Industriais pela Escola Técnica Tupy, na cidade catarinense de Joinville, em 1969. Nessa época, também iniciou o curso superior de Administração de Empresas, para se preparar e participar mais ativamente das decisões, e tempo depois substituir os pais, Arno e Anna, à frente do negócio. Era a terceira geração da família a assumir a Altenburg. “Estou na fábrica há 36 anos e espero continuar mais algum tempo no comando, também estou apostando na geração subseqüente, a dos meus filhos, para mais adiante assumirem o negócio”, diz. Tamanho é o gosto pelo negócio, que fez do trabalho seu principal hobbie. De vez em quando se “desliga” completamente para relaxar e precisa recarregar as energias. Nesses momentos prefere trocar o ambiente de negócios pelo mar e uma boa pescaria. Mas é verdade que nessa área não é possível ficar muito tempo fora da empresa. Com a concorrência predatória, tanto nacional quanto externa – artigos de origem asiática, por exemplo – é necessário disputar cada palmo desse mercado. Mas os produtos importados levam uma vantagem, são como peixes grandes, mas extremamente ágeis, por praticamente estarem livres ou carregados com menos ônus que os nacionais. “Não podemos comparar os cus-

tos na China com os que temos aqui no país, nem carga tributária, encargos sociais e trabalhistas, juros, e fundos de incentivos para aquisição de tecnologia, aí há um descompasso e é onde a indústria nacional não tem condições de competir”, diz. Para a indústria têxtil brasileira não ser engolida, o Governo fechou recentemente um acordo com o chinês, que limita de forma crescente as importações de 70 produtos têxteis da China para o Brasil até 2008. Em algumas situações, ele avalia que as importações devem ser estimuladas, como é o caso de tecnologia, equipamentos e de matérias-primas. Na opinião dele, as empresas nacionais só vão buscar soluções fora se encontrarem condições favoráveis ou se forem mais modernas e oferecerem maior produtividade. “Não podemos afirmar que existe diferença de qualidade do que é produzido aqui e lá. Eles têm produtos excelentes como os tecidos de mil fios por polegada quadrada.” Mas em casos de produtos prontos para o consumo, por exemplo, ele acredita serem prejudiciais para o Brasil e que as taxas de importação deveriam ser mais altas. “Hoje temos a mesma alíquota praticamente para os dois casos.” Somente com investimentos constantes em inovações é possível surpreender e fisgar os clientes e se destacar nessa área. É necessário criar Março 2006 – Empreendedor – 41


Perfil

Rui Altenburg

1922

Johanna Altenburg cria a Altenburg Indústria Têxtil, iniciando a produção de acolchoados, costurados manualmente e com enchimento de lã de carneiro, plumas ou penas de algodão natural.

1946

Arno Altenburg, filho de Johana, e sua esposa Anna Noroschny Altenburg, assumem a administração da empresa.

1970

O filho do casal Arno e Anna, Rui Altenburg, ingressa na empresa, promovendo aperfeiçoamentos na linha de produtos e processos industriais existentes.

1976

A empresa começa a utilizar materiais sintéticos na produção como o nylon.

1985

Com a necessidade de ampliar os negócios e atender a crescente demanda, foi preciso construir uma nova fábrica, que passou a contar com uma unidade de beneficiamento de fibras de poliéster.

1986

Há mudança da sede da empresa e também um aumento na combinação de artigos têxteis oferecidos ao mercado.

2000

Investimentos constantes em pesquisas de mercado e novas tendências, para oferecer produtos com padrões e acabamentos modernos.

2002

Incorporada uma nova unidade ao grupo Altenburg aumentando a área construída.

2005

A empresa lança na feira Texfair o “Sempre Liso”, produto que dispensa ferro elétrico.

Rui: roupa de cama que utiliza um tecido que dispensa o ferro elétrico

42 – Empreendedor – Março 2006

condições dentro da empresa para que isso aconteça. As idéias são compartilhadas com os membros da equipe com o objetivo de incentivá-los a pensar em soluções que aliem conforto e satisfação aos consumidores, procurando de alguma forma apresentar algo diferente. A prática incorporada na política organizacional e vivenciada no dia-a-dia por todos, sempre trouxe resultados. Um exemplo é a linha de roupa de cama que utiliza um tecido que dispensa o ferro elétrico, fica “Sempre Liso”, nome dado ao produto, e não precisa ser passado. “É um trabalho árduo para a dona de casa passar roupa, principalmente peças grandes, como as roupas de cama.” Na maioria das vezes, os lançamentos são realizados em feiras de negócios. As feiras ajudam a acompanhar os principais mercados do mundo, observar as inovações, como novos tipos de tecnologia, de tecidos e de materiais para enchimento de travesseiros, acolchoados e edredons, prospectar eventuais oportunidades de negócio e ficar a par das tendências. Mas nem todos os produtos novos são mostrados pela primeira vez ao público exatamente dessa forma. “Hoje somos obrigados a lançar até mais de uma coleção por ano, quando o produto está maduro para ir ao mercado.” Mas para Rui não basta ter uma equipe motivada e atualizada com as novidades do mercado. Os projetos sociais contam muito e precisam ser incentivados. Resíduos têxteis, tecidos que possuem pequenas falhas, ou retalhos, que sobram nos cortes, são doados para moradoras de bairros carentes que se ocupam em fazer artesanato. O projeto batizado de Arte Social tem o apoio da Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Blumenau (Semascri), em Santa Catarina. A meta é dar oportunidade de trabalho para a camada da sociedade menos favorecida, contribuir para a elevação da autoestima dos participantes do programa


e reciclar a matéria-prima. A ação social promovida pela Altenburg contribui ainda para valorizar o produto perante os clientes. Uma pesquisa do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social mostra que 74% dos consumidores preferem comprar produtos de empresas que invistam em responsabilidade social. O estudo, Cenário Brasileiro do Marketing Relacionado a Causas, Atitudes e Comportamento do Consumidor, aponta também que 84% deles recomendam produtos que destinem um percentual das vendas a uma causa. “É uma satisfação poder cooperar. Procuramos levar uma oportunidade de renda a essas pessoas menos favorecidas e que não têm trabalho”. Rui costuma utilizar outras ferramentas de marketing para a divulgação dos produtos. “Mas não de uma forma agressiva, procuramos ser discretos quando adotamos estratégias de marketing para o lançamento e divulgação dos produtos.” Os investimentos mensais são da ordem de 1,5% a 2% do faturamento e são direcionados para campanhas voltadas a diferentes públicos e classes sociais. “Tendemos oferecer produtos de valor agregado, mas não deixamos de atender o mercado B ou C ou até o D. Só não temos interesse em trabalhar em um mercado extremamente popular.” Com os produtos oferecidos e os serviços prestados pela Altenburg, Rui recebeu pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Mérito Lojista – Categoria Cama, Mesa e Banho, concedido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). “O prêmio é realmente um reconhecimento do mercado, mas não é um mérito meu apenas, é uma conquista de toda a equipe.”

Contatos Um dos caminhos que escolheu foi o de criar uma rede de contatos, que contribui para realizar bons negócios. Foi assim que Rui conseguiu fazer as

exportações chegarem entre 8% e 10% do faturamento. A empresa atende todo o território nacional e vende para os Estados Unidos e países da América do Sul de forma geral, América Central, Europa, Oriente Médio e África. “Este ano será muito difícil atingirmos as nossas metas em exportação, devido à situação do dólar, pois tivemos que aumentar os preços nessa moeda e sem dúvida vai dificultar nossa condição de competir em outros países.” Porém, essa não é a primeira e nem vai ser a última adversidade que enfrenta no mercado. Muitas vezes é preciso mudar o anzol, a linha e até o local da pescaria. As alterações podem levar um tempo, mas se estudadas e colocadas em prática com cautela têm maiores chances de sucesso. O que influenciou as mudanças é que a Altenburg era uma empresa sazonal. Praticamente fabricava artigos para o inverno, como acolchoados e travesseiros. “Entendemos que produzir somente para uma estação no Brasil era complicado, pois não se necessita de um acolchoado durante o ano todo. Era preciso fornecer outros produtos para nivelar o faturamento.” Quando assumiu a parte de produção na Altenburg iniciou um processo de departamentalização da empresa e isso gerou, na época, algumas resistências internas. O objetivo era estruturar melhor a empresa para que pudesse crescer. “Com meu ingresso, primeiramente dividimos em duas áreas maiores: a parte da produção, que eu assumi, e meu pai ficou com a parte comercial, tanto na área de compras com na de vendas”, diz. Em dois anos, Rui absorveu lentamente outras áreas, como a de suprimento, de vendas, de representantes e mais adiante também a financeira, até a integração total delas, assumindo a direção da empresa, em 1973. “Felizmente fomos bem-sucedidos nesses trabalhos, nos quais os respectivos responsáveis em cada área passaram a se comprometer cada vez

mais com os resultados.” Depois de mudar a mentalidade e princípios de produção, também surgiram outras como a de suprimentos. Havia uma carência de alguns tipos de tecidos. Como a importação não era muito comum, tinham que desenvolver os produtos dentro das possibilidades que o mercado oferecia e se virar com aquilo que estava disponível. Por exemplo: havia uma limitação de tamanho, pois os tecidos eram estreitos com medida entre 65 por 140 cm. “As capas de edredons tinham emendas, só mais tarde, na década de 80, começou a ter oferta também de tecidos largos (entre 220 a 250 cm)”. Com os problemas sendo resolvidos e a demanda em pleno crescimento, Rui teve que investir na ampliação da fábrica. “Em 1985 iniciamos um projeto para a reinstalação da empresa em áreas mais amplas. Porque ali na antiga sede não tinha mais espaço para ampliações, pelo menos não para os projetos que tínhamos em mente.” Recentemente, destinou 3 milhões de Euros em recursos para a compra de novos equipamentos e para ampliar a área construída. A empresa tem hoje duas unidades industriais e uma rede call center, tudo isso conquistado com muita perseverança de um empreendedor que acreditou no próprio sonho e no de sua família.

RUI ALTENBURG Idade: 56 anos Local de nascimento: Blumenau (SC) Formação: Administração de empresas Empresa: Altenburg Ramo de atuação: Indústria têxtil Ano de fundação: 1922 Cidade-sede: Blumenau (SC) Faturamento: R$ 140 milhões (2005) Número de funcionários: 800 Telefone: (47) 3331-1511 E-mail: altenburg@altenburg.com.br Março 2006 – Empreendedor – 43


Pequenas Notáveis Editado por Alexandre Gonçalves

RECONHECIMENTO

Em evento realizado em Brasília, no dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, o Sebrae prestou uma homenagem especial a 10 mulheres brasileiras (duas por região) com a entrega do Prêmio Mulher Empreendedora. A premiação, dividida nas categorias Pequena Empresa, Associação e Cooperativas, é promovida em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e a Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil (BPW Brasil). O objetivo é reconhecer experiências de mulheres que desenvolvem seus pequenos negócios baseados em muita força de vontade e garra, gerando emprego e renda em suas localidades. As 10 vencedoras ganharam uma viagem para participar do Fórum Mundial de Marketing, que acontece nos dias 6 e 7 de junho, em São Paulo. Além disso, duas receberam uma viagem para Lisboa, em Portugal, onde participam de um evento mundial de empreendedorismo. O total de projetos inscritos ao prêmio neste ano foi 84% maior que na edição do ano passado. (Com informações de Beatriz Borges/Agência Sebrae)

MÁRCIA GOUTHIER/AGÊNCIA SEBRAE

Sebrae premia as mulheres mais empreendedoras

As vencedoras do Prêmio Mulher Empreendedora Categoria

Categoria

Micro e Pequena Empresas: Nordeste: Renata Almeida, Bless Cosmetics (PB) Centro-Oeste: Rozélia dos Santos Silva Mendes, Flor do Cerrado (DF) Sul: Adriana Muller, Itaporã Pedras e Esculturas (PR) Sudeste: Maria Helena Bastos, Café da Helena (SP) Norte : Floraci Pacheco Dias , Restaurante da Flora (AP)

Associação e Cooperativas: Nordeste: Rosenilda N. Rozendo (BA) Centro-Oeste: Wânia de Lima, Associação de Mulheres Organizadas Reciclando Peixe (MS) Sul: Maria Preichardt, Associação de Artesãs Artes do Mar (SC) Sudeste: Hada Rubia Silva, Cooperativa Mista de Coleta Seletiva e Reaproveitamento (RJ) Norte : Antônia Maria Bezerra, Associação das Mulheres Trabalhadoras Rurais de Buritis do Tocantins (TO)

TOME NOTA LIVRO – Empresas de Pequeno Porte – Gestão Estratégica e Política de Pessoal é o título do livro que o professor Eugênio de Britto Jardim lançou na Bienal do Livro, realizada em São Paulo no início de março. Vencedor do Prêmio Nacional Belmiro Siqueira, concedido pelo Conselho Federal de Administração, o livro procura transmitir, numa linguagem acessível, as principais informações a respeito da humanização dentro de pequenas empresas. Para maiores informações: www.sebraego.com.br

NA INTERNET – Ainda no primeiro semestre deste ano, deverá entrar no ar o portal do Programa Empreender. A proposta foi analisada por facilitadores e coordenadores da iniciativa. Atualmente profissionais que atuam no projeto em vários Estados brasileiros estão avaliando a nova ferramenta disponível no endereço experimental www.empreender.org.br. O Empreender é desenvolvido em todo o país com o apoio do Sebrae e a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e procura estimular a geração de emprego e renda, o associativismo e o aprimoramento gerencial das empresas do mesmo setor e região, através de cursos, palestras, oficinas, missões empresariais e treinamentos.

CORREÇÃO: O endereço correto para ler a reportagem sobre o casal Wilson Martins e Maria da Costa Xavier, de Natal, é www.empreendedor.com.br/casal

44 – Empreendedor – Março 2006


O espaço da micro e pequena empresa OPINIÃO

Os verdadeiros desafios dos pequenos

No atual contexto de reestruturação industrial, estamos assistindo a convergência de dois tipos de fenômenos distintos e ao mesmo tempo complementares: uma sensível mudança nas relações interorganizacionais, principalmente das micro, pequenas e médias empresas (MPME’s), voltadas para maior cooperação em várias atividades (redes de cooperação produtiva); e a formação de aglomerados de empresas em uma dada localidade ou região (chamados de clusters regionais ou arranjos produtivos locais). As políticas públicas focalizadas na promoção destes arranjos e redes se mostram imprescindíveis aos países em desenvolvimento como o Brasil, onde 52,8% da força de trabalho estão nas micro e pequenas empresas. Estas, por seu turno, apresentam, segundo dados do SEBRAE, uma elevada taxa de mortalidade. Cerca de 39% somente no primeiro ano de atividade. O debate em torno do fenômeno das aglomerações de empresas e, em particular, a emergência dos chamados arranjos cooperativos locais, no cenário da reestruturação industrial deste início de milênio, devem ser abordadas sob um contexto mais amplo, onde significativas mudanças, tanto de ordem técnica-econômica como também socioinstitucional, vêm ocorrendo recentemente nas sociedades contemporâneas. Tais mudanças podem estar associadas a uma transição de um conjunto de paradigmas, em especial ao de produção industrial. A proximidade geográfica de produtores de uma mesma cadeia produtiva pode, em muitos casos, facilitar a geração e a difusão de conhecimentos relevantes para a ocorrência das eficiências coletivas (e não apenas as eficiências individuais dos ato-

por João Amato Neto

res econômicos). O que pode, também, gerar impactos positivos no processo de desenvolvimento auto-sustentado de um dado local e de uma região. A existência de universidades, escolas técnicas e centros/institutos de pesquisa proporcionam maior acesso ao conhecimento diferenciado de base científica e tecnológica. Desta forma, pode-se vislumbrar para as empresas de menor porte uma série de vantagens derivadas dessas aglomerações e das interações interorganizacionais, referentes, principalmente, à possibilidade de difusão de conhecimentos tácitos devido à proximidade espacial entre os agentes. Logicamente que essas possibilidades dependem do contexto social e de como as instituições presentes em uma localidade interagem. Tal conhecimento tácito permite, como bem observou o economista Alfred Marshall há mais de meio século, que “os segredos das empresas deixem de ser segredos e acabem pairando no ar, de modo que até as crianças possam aprender inconscientemente”. A clássica frase destaca a facilidade do processo de circulação de informações no interior de um dado cluster de empresas por meio de canais próprios de comunicação ou fontes especializadas, podendo provocar um transbordamento de tecnologia e de conhecimento, fenômeno este conhecido na literatura por spillover tecnológico. No caso brasileiro, ainda que não se

encontrem no mesmo nível dos distritos industriais das regiões da chamada Terceira Itália (Emiglia-Romana, Lombardia e Vêneto), identificamos alguns exemplos destas aglomerações de sucesso: Vale dos Sinos, produtor de calçados femininos no Rio Grande do Sul e o de cerâmica de revestimento em Santa Catarina. Já no Estado de São Paulo, merecem destaque os clusters couro-calçadistas em Franca, Jaú e Birigui, o de móveis em Votuporanga, e o de cerâmica de revestimento de Porto Ferreira e o de Santa Gertrudes. O fenômeno das aglomerações de empresas e das redes de cooperação interorganizacionais de MPME’s nos faz refletir sobre as reais possibilidades da formação de arranjos cooperativos para inovação e produção: parecem se constituir em verdadeiros desafios, sob uma nova perspectiva de desenvolvimento sócio-econômico de regiões e nações. A falta de maior grau de confiança e de canais de comunicação eficazes entre as diferentes categorias de agentes, que devem compor tais arranjos, são os principais obstáculos que se apresentam no seio deste desafio. De forma mais objetiva, vale dizer que os maiores desafios se encontram nas fronteiras entre as ciências básicas, ciências aplicadas/ tecnologia, indústria e mercado.

João Amato Neto é professor livre-docente do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, coordenador do núcleo de pesquisa “Redes de Cooperação e Gestão do Conhecimento” e consultor da Fundação Vanzolini

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46 – Empreendedor – Março 2006


Caderno de Nº 5

IND

EX

ST

OC

K

´ Ruídos perigosos Aumenta o arsenal ´ para gerenciar disponível os riscos na rede Uma rede sofre de excesso de males. Todos eles atendem por nomes ruidosos: vírus, spyware, trojan, worm, spam, phishing, crackers e botnets. Assim como no mundo real, o melhor remédio é a prevenção, pois o dinamismo da economia e dos negócios exige di-

ligência de processos dentro das empresas e conexão permanente com a internet. Deixar uma rede interna desprotegida traz prejuízos para o seu proprietário e também para terceiros, que podem estar sendo atacados pelos computadores transformados em uma rede zumbi (botnet). A maior parte das pragas é originada por códigos maliciosos instalados nas máquinas. Segundo Carlos Affonso, diretor regional da Módulo Security, eles podem afe-

tar a integridade, a confidencialidade e a disponibilidade de uma rede. O autor pode ser externo (crackers, concorrentes desleais e excolaboradores insatisfeitos) ou interno (colaboradores). Para Affonso, o maior risco reside nos funcionários e ex-funcionários que conhecem o sistema de segurança utilizado ou que são despreparados para utilizar a rede. Se o primeiro passo quando se fala em saúde pessoal é fazer um bom diagnóstico, não é diferente

Março 2006 – Empreendedor – 47


TI quando se fala em segurança de rede. “A segurança é um adjetivo, envolve vários segmentos para se obter a segurança no todo, o que torna os gastos na área infinitos”, diz Affonso. Para evitar gastos desnecessários ou errados, é preciso identificar os pontos críticos em função do objetivo do negócio e determinar o que é prioritário e o que pode ser implantado paulatinamente. Segundo José Roberto Antunes, gerente de engenharia de sistemas da McAffe, existem ainda guias e normas de segurança para a construção de redes, como a ISO 17799, e ferramentas que avaliam o risco, que precisa ser gerenciado ininterruptamente. A partir do diagnóstico e do gerenciamento de risco, é possível fazer um planejamento para a área, aprimorando defesas já existentes e protegendo níveis ainda não cobertos.

soal, detecção de intrusos e controle de privacidade nos desktops. A intermediária consiste na implantação de um sistema de prevenção de invasão (IPS) no servidor, que além das ferramentas do nível anterior, conta com definição de perfil e evita o José Antunes, da uso indevido das máMcFee: defesa quinas. Já a camada planejada avançada opera em nível de gateway, contanVladimir Amarante, especialista do também com ferramentas como da Symantec, calcula que o inves- anti-spam, antiphishing, filtragem timento em segurança para uma de conteúdo e criptografia. Existem rede de 50 computadores pode ainda os dispositivos móveis (lapvariar de R$ 5 mil a R$ 20 mil, de- tops, PDAs, etc.), que precisam de pendendo do nível de proteção e proteção extra por operarem fora produtos escolhidos. A camada de ambientes seguros. Segundo mais inferior exige a instalação de Amarante, uma tendência de merantivírus, antispyware, firewall pes- cado é que as soluções sejam inte-

GLOSSÁRIO

INDEX STOCK

Botnet (rede zumbi): as redes zumbi são formadas por computadores infectados com algum tipo de código malicioso (bot) que permite a um hacker controlar o PC da vítima remotamente. Essas redes virtuais são geralmente utilizadas para lançar grandes campanhas de spam e

adware (pop-up publicitário que abre sem autorização), espalhar cópias de vírus pela web e organizar ataques de negação de serviço (DoS) a websites pré-determinados, entre outros crimes. Cracker: ciberpirata que quebra a segurança de um sistema, de forma ilegal ou anti-ética. Hacker: termo originário do inglês usado para designar pessoas que criam e modificam softwares e hardware de computadores, sem agir com má fé. Phishing: tipo de fraude projetada para roubar sua identidade. Em um phishing scam, uma pessoa mal-intencionada tenta obter informações, como números de cartões de crédito, senhas, dados de contas ou outras informa-

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ções pessoais convencendo você a fornecê-las sob pretextos enganosos. Esquemas de phishing normalmente surgem por meio de spam ou janelas pop-up. Spam: mensagem eletrônica nãosolicitada enviada em massa, muito utilizada com fins publicitários. Spyware: programa automático de computador, que recolhe informações sobre o usuário, seus costumes na internet e transmite esta informação a uma entidade externa na web, sem o seu conhecimento e o seu consentimento. Muitos vírus transportam spywares, que visam roubar certos dados confidenciais dos usuários, como logins bancários. Trojan (Cavalo de T róia): proTróia): grama que age como a lenda do


segurança gradas, isto é, ofereçam proteção para cada camada conforme sua necessidade e nível de exigência, por ter um custo de licenciamento mais baixo. Na batalha contra invasores e códigos maliciosos, são necessárias mais duas frentes, além da tecnologia da informação, que abrange a criptografia e outras ferramentas já citadas: processos operacionais internos – corrigir ou eliminar aqueles que expõem pontos vulneráveis da rede – e conscientização pessoal, por meio de políticas e normas de uso. Apesar da quantidade de pragas, Affonso acredita que a segurança é cada vez maior. “Hoje temos agências reguladoras e uma disponibilidade crescente de soluções, mas o mais importante é a conscientização do perigo e a mudança de cultura dos empresários e usuários em geral”, diz.

cavalo de Tróia, entrando no computador e liberando uma porta para um possível invasor. São disfarçados de programas legítimos e, diferentemente do vírus ou dos worms, não criam réplicas de si. Vírus: código malicioso que, como um vírus biológico, infecta o sistema, faz cópias de si mesmo e tenta se espalhar para outros computadores, utilizando-se de diversos meios. Worm (verme): programa autoreplicante, semelhante a um vírus. A diferença é que o vírus infecta um programa e necessita deste programa hospedeiro para se propagar, enquanto o worm é um programa completo e não precisa de outro para se propagar.

Segurança certificada A brasileira Módulo Security é a primeira empresa do mundo a conquistar o ISO 27001 A Módulo Security, empresa brasileira de segurança da informação, acaba de carimbar seu passaporte para o mercado mundial. Ela é a primeira organização do mundo a obter a recém-lançada certificação ISO 27001, o que atesta o cumprimento de um determinado conjunto de normas, requisitos e processos para a implementação de sistemas de gestão de segurança da informação (SGSI). Com o selo, a Módulo vai intensificar a internacionalização de suas operações. “A ISO 27001 é um espelho, uma vitrine para as empresas clientes”, diz Carlos Affonso, diretor regional. A empresa, com 20 anos de mercado, já comercializa produtos nos Estados Unidos, Portugal, Argentina, Venezuela e Chile. Neste ano, em que é esperado que 5% do faturamento venha de exportações, serão investidos US$ 1 milhão no projeto de expansão, que inclui a abertura de um escritório em Nova York e a ampliação das ofertas nos Estados Unidos e América Latina. O carro-chefe é o Check-up Tool, software de análise de

riscos e gestão do conhecimento em segurança da informação. O tempo recorde de certificação – apenas quatro meses após a norma ter sido lançada (outubro de 2005) – é creditado à aplicação do Checkup Tool, que segundo Alberto Bastos, sócio-fundador, agiliza o processo de auditoria em aproximadamente 50%. A ferramenta faz a análise de riscos para ativos tecnológicos (software e hardware) e não-tecnológicos (pessoas, processos e ambientes). A partir dos relatórios gerados pelo programa, é possível identificar áreas, departamentos, processos, sistemas e regiões geográficas mais críticas, além de parâmetros de evolução de riscos e de eficácia das medidas tomadas, o que permite priorizar e otimizar os investimentos. Com a experiência adquirida, a Módulo passa a oferecer um serviço de consultoria para certificação na ISO 27001 e uma série de cursos para a norma. Segundo Bastos, até o final do ano, pelo menos 20 empresas brasileiras estarão certificadas. “A segurança da informação passou a ser percebida como estratégica para o negócio de qualquer companhia e, a exemplo do que já ocorreu com outras normas ISO, vai haver um aumento da procura por um certificado aceito e reconhecido mundialmente”, diz Fernando Nery, sócio-fundador.

Carlos Affonso: ISO 27001 é uma vitrine para as empresas clientes Março 2006 – Empreendedor – 49


automação

TI

Espaços inteligentes Diversidade das soluções aquece mercado de automação predial e residencial

ADER GOTARDO

O objetivo dos processos de automação predial e residencial é permitir maior economia, como a redução de gastos com água e luz, melhorar a segurança e, principalmente, dar conforto e praticidade aos usuários. As soluções variam. Podem ser encontradas no mercado tanto as que possuem maior complexidade tecnológica quanto as de funcionamento simples e, muitas vezes, tão comuns que até passam despercebidas. Um exemplo são os sensores de movimento, instalados em corredores de diversos edifícios que acendem ou apagam a luz, no caso de ter ou não alguém por perto. A automação foi criada nos Estados Unidos na década de 70, a princípio para atender a área industrial, que na época tinha como demanda o desenvolvimento de módulos de comandos elétricos. Com o aperfeiçoamento da tecnologia, sua produção em escala e a conseqüente redução de custos, em partes pela miniaturização dos componentes, o mercado começou a ser viável também

A automação nas concentrações urbanas reduz gastos, melhora a segurança e gera conforto e praticidade aos usuários

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para a área comercial. “Agora, com o avanço da internet, expansão de celulares e aumento do medo nas grandes cidades, o item ‘segurança’ chamou a automação para os grandes centros urbanos; na seqüência veio o item conforto, atuando nos shoppings, residências e unidades comerciais”, diz Carlos Cesar Falci de Carvalho, supervisor da Bicsi Brasil, associação internacional de profissionais da área de Sistemas de Transporte de Informações. As soluções variam de acordo com o gosto do cliente. Pode-se ter como prioridade a comodidade térmica e, assim, automatizar um ar-condicionado para que funcione e mantenha uma determinada temperatura no ambiente. Ou o conforto acústico e luminotécnico, como o fechamento de uma janela para diminuir os ruídos sonoros e deixar o local menos iluminado. Isso permite a melhor visualização de um filme, quando as soluções são instaladas em casa, e facilita as projeções em uma sala de reuniões, no trabalho. Além disso, também há as soluções mais complexas, como fazer leituras de segurança através da retina, por exemplo, ou deixar um local devidamente preparado com som, luz e temperatura desejados antes da chegada do usuário, que os

aciona e controla por meio de códigos digitados em telefones. Há um amplo espaço para novidades, mas as principais tendências são voltadas para a crescente redução de custos. Fornecer soluções com esse foco é uma das estratégias de atuação no mercado da brasileira Atos Automação Industrial. A empresa é uma das primeiras a desenvolver uma tecnologia no Brasil usada para fazer a leitura de entrada e saída de informações. Isso é feito por meio de sensores que medem os pulsos em relação ao consumo em um condomínio, por exemplo, permitindo medir individualmente quanto se gasta de gás e água. “Cada morador poderá ter um controle maior sobre seu consumo e suas contas”, diz João Bottura, gerente de Desenvolvimento da empresa. O produto, batizado de BRiO – “BR” de Brasil e “I/O”, símbolo de Input e Output (entrada e saída em português) – foi lançado no final do ano passado. Em 2006, a expectativa é incrementar as vendas em mil unidades. Neste ano, a automação predial e residencial no país vai crescer em ritmo menor do que o mundial, conforme avaliação do supervisor da Bicsi Brasil. Na explicação de Carvalho, o motivo é a economia e, principalmente, a falta de preparo de profissionais dessa área de atividade, que se encontram em sua maioria nos grandes centros urbanos. “O mercado de automação predial e residencial ainda é muito incipiente no Brasil. Nos Estados Unidos, Europa e grande parte da Oceania já está mais sedimentado.” Para incentivar o mercado no país e a melhoria dos projetos de automação na área de sistemas prediais, algumas instituições começam a pôr em prática ações que visam preparar profissionais (engenheiros civis, arquitetos, engenheiros eletricistas e de telecomunicações) por meio do sistema interdisciplinar. “Em breve teremos disciplinas de automação e controle e sistemas prediais de automação e comunicação de dados para a preparação de engenheiros e arquitetos como pilares iniciais nesses projetos”, diz Carvalho.


tendência

´ Registro de dominios Uma atividade que cresce e pode virar um problema para o empreendedor que não acorda para seu próprio patrimônio O registro de domínio na internet é como a marca de um produto ou empresa: um patrimônio que precisa ser gerenciado por especialistas. Numa rede infinita de informações, em que pelo menos cem mil empresas brasileiras realizam algum tipo de operação via rede, como se destacar e ter visibilidade? Um dos caminhos para dar o primeiro passo são as orientações reunidas em guias, como: Escolha seu ponto com, de Ricardo Vaz Monteiro (Brasport, 116 páginas), físico formado pela USP e diretor da Nomer.com, empresa parceira, no Brasil, da multinacional Verisign, responsável pelo registro dos domínios ponto com e ponto net, em todo o mundo. Desde conceituações básicas sobre domínio, passando pelas armadilhas e fraudes do processo, pelas necessárias reservas que devem ser feitas e chegando à divulgação, o livro contém um roteiro seguro para o empreendedor que precisa entrar nesse universo para não perder mercado. Mas o passo decisivo é chegar a corporações como o Grupo de Serviços de Internet, que abrange as unidades VeriSign Serviços de Segurança (VSS) e de Informação (VIS). Os números impressionam. Só em certificados de websites a Verisign emitiu aproximadamente 139 mil certificados novos e renovados no quarto trimestre de 2005. No mesmo período, a unidade de Serviços de Informação dispunha de 40 milhões de nomes de domínios ativos ponto com e ponto net, num crescimento de 30% em relação ao ano anterior.

VeriSign: responsável por todos os endereços ponto com e ponto net O mercado dos países que formam a América Latina é o mais promissor, pois é o que mais cresce em todo mundo (mais de 40% só no ano passado). Segundo Erica Saito, gerente de marketing estratégico da divisão latinoamericana de Serviços de Informação, os registros de domínios são uma grande aposta da empresa estabelecida no Brasil (por enquanto a VeriSign cuida apenas de negócios de segurança digital, deixando a cargo de parceiras como a Nomer o trabalho com os domínios). Há um enorme potencial de novos registros, já que a cultura digital ainda não atinge porções importantes da população economicamente ativa. Os empreendedores, formais agora ou no futuro, que não acordaram para essa realidade, precisam saber do perigo que correm: não basta ter uma marca, é preciso que ela seja reconhecida na internet, senão outras pessoas poderão fazer o mesmo, ou seja, registrar o nome da sua firma e tentar ganhar dinheiro com isso. É uma espécie de chantagem: há uma corrida pelo registro, especialmente quando surge um novo

sucesso, ou quando se vislumbra uma boa vitória mais adiante. Quando o responsável pela idéia ou empreendimento vai fazer seu registro, já tem gente no lugar. Além disso, para Erica, é sempre bom ter os dois tipos de domínio: o ponto br e o ponto com. A VeriSign não cuida do ponto br, que está a cargo de um comitê gestor brasileiro, mas incentiva o ponto com, para que o empreendedor não tenha que arcar com prejuízo se alguém registrar no seu lugar. A VeriSign oferece serviços de infra-estrutura inteligente que protegem e permitem a interação por meio de voz e dados a qualquer momento, de qualquer lugar, em múltiplos dispositivos. Fornecedora líder desse tipo de serviço, assinou um acordo definitivo para a aquisição da 3united Mobile Solutions ag (3united), fornecedora líder de serviços de aplicações para comunicação sem fio sediada em Viena, Áustria. Operadoras, empresas de mídia, marcas e portais de várias comunidades usam serviços de aplicações móveis da 3united com sucesso des-

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TI

Programas peso pesado Além do Linux, outros softwares livres têm alcançado posição de destaque e liderança

Erica Saito: mercado da América Latina é o que mais cresce de sua fundação, em 1999. A empresa possui e opera uma rede que conecta diretamente mais de 50 operadoras sem fio, servindo mais de 400 milhões de clientes ao redor do mundo em mercados que crescem rapidamente no Leste Europeu, na região da Europa/Oriente Médio/ África e nos Estados Unidos. “À medida que a popularidade de aplicações e dispositivos de próxima geração aumenta, fornecedores de serviços estão usando serviços globais, seguros e confiáveis da VeriSign para transformar seus negócios e dar aos consumidores o que eles querem”, diz Vernon Irvin, vicepresidente executivo e gerente geral da divisão Communication Services da VeriSign. “A VeriSign é fornecedora líder de intelligent infrastructure services, que permite a entrega de comunicação, comércio e conteúdo rico, todos altamente integrados. A aquisição da 3united suporta esta estratégia e nos permite oferecer novos serviços que operadoras, portais de internet, empresas de mídia e marcas de varejo podem usar para fomentar sua receita e a fidelidade de seus clientes.”

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Em fevereiro, a IBM apresentou uma versão do seu banco de dados DB2 totalmente gratuita, inserindo algumas limitações. No ano passado, a Microsoft lançou uma versão free do SQL Server 2005, assim como a Oracle, que oferece sem custo o 10g Express Edition. Essa foi a solução que as três gigantes da informática, líderes no mercado de bases de dados, optaram por capitalizar frente a um concorrente também gratuito, rápido e estável, mas de código aberto chamado MySQL. De acordo com o instituto de pesquisas EDC, o MySQL vem ganhando usuários em número exponencial: é preferido por 44% dos desenvolvedores, há seis meses eram apenas 25%. Apesar dos técnicos em informática serem um público pequeno em termos comerciais, influenciam os tomadores de decisão em grandes e pequenas companhias. O fato de ser gratuito impulsionou a adoção do programa entre programadores. Segundo pesquisas realizadas em sites como Slashdot.org e Linux.com, o MySQL possui mais de 40% do market share para bancos de dados voltados à web, cerca de seis milhões de instalações entre websites, aplicações comerciais e datawarehouse (plataforma ou sistema de informação orientado à tomada de decisões empresariais que, armazenando de maneira integrada a informação relevante do negócio, permite a realização de consultas complexas com tempos de resposta rápidos). Mas foram as qualidades do programa que conquistaram grandes corporações como Yahoo!, Motorola, Silicon Graphics, Alcatel e até a NASA. “A perfomance do MySQL é absurda e o programa se torna mais confiável a cada versão. Já posso indicá-lo sem medo

para operações de risco”, diz Robson Paiva Gomes, sócio-diretor da RealSystems Brasil, parceira no Brasil da MySQL AB, proprietária do aplicativo. Gomes explica que a estratégia da companhia no Brasil tem duas linhas de trabalho. Uma é desenvolver o software e agregar receita através da prestação de serviços. A segunda etapa é tentar popularizar o banco de dados no país. “Ano passado trabalhamos em parcerias com a SUN, Novell, Red Hat, nos juntamos com os grandes players. Para 2006, queremos focar nos produtos. De dez ligações que recebemos, sete são em função do MySQL”. A RealSystems também se tornou parceiro certificado Mysql na Europa para explorar formas de utilizar a tecnologia de banco de dados da Mysql em aplicações de baixo custo. “O mercado europeu é um dos nossos focos, e temos a certeza que a parceria com a Mysql irá nos trazer bons frutos”. Outra empresa que investe no banco de dados é a EAC Software, que faturou cerca de R$ 2 milhões no ano passado e tem entre seus cliente companhias como TAM, CTBC, UOL, Ibest e Telemar. Ele explica que o MySQL não é um produto, mas uma família de produtos destinada a uma pequena aplicação até projetos de grande complexidade. “Muita gente acredita que o banco de dados não está preparado para uma missão crítica, mas isso não é verdade”, diz Helvécio Borges Filho, diretor da companhia, que abandonou o Phact, banco de dados desenvolvido internamente e comercializado no país e no exterior. “O MySQL tem facilidade de instalação e de uso, robustez e velocidade. É mais maduro que o nosso produto”. Apesar do código aberto, o MySQL também tem um licenciamento comercial, que permite usuários e processadores ilimitados, utilizados em qualquer plataforma upgrade para o resto da vida, diz Borges. “A princípio existe um certo espanto dos empreendedores, mas à medida que se


valor

Drible nos custos A vez do terminal barato com grande capacidade operacional

MySQL: banco de dados gratuito, rápido, estável e de código aberto aprofunda, ele entende que o código aberto dá mais garantia ao usuário, uma vez que o produto não sofrerá uma apropriação indevida, não será fechado em licensa proprietária ou ser descontinuado”. Além dos serviços de consultoria, a EAC Software também oferece treinamento para o produto, com material traduzido pela própria emrpesa. Pesquisas indicam que profissionais certificados recebem mais do que aqueles que não o são. “Recebendo sua certificação, você mostra que possui o conhecimento e a habilidade para receber mais responsabilidade e estabelecer credenciais profissionais. A Certificação é uma confirmação de sua experiência e conhecimento para o seu currículo”, diz Borges. Uma das vantagens do software livre é a vasta documentação sobre o funcionamento do programa disponível gratuitamente, além da comunidade que troca experiências sobre a utilização dos softwares. “Hoje tem moleque de 15 anos que usa o Linux muito bem e de quatro anos pra cá os analistas já aprendem sobre software livre na faculdade”, diz Gomes. Ele mesmo aprendeu o MySQl quando era dono do portal Mailbr, que tinha um orçamento pequeno e uma divulgação em chat. “Em um ano já conseguimos 700 mil usuários e o banco de dados se mostrou muito rápido”. Ele acredita que o Brasil já é um grande player em software livre em relação à Europa, onde poucas empresas utilizam o Linux, por exemplo. “É nossa índole curiosa, a gente arrisca um pouco mais naquilo que todos estão enxergando”.

sa solução está ao alcance de todos, dos pequenos negócios às grandes corporações, e até mesmo de usuários residenciais de computadores”. Ele aprendeu as diferenças entre O terminal burro, uma idéia sim- os clientes e apresentar um produto ples que já foi novidade nos anos 80, adequado para cada cenário, pois vem ganhando mais adeptos entre “temos um grande leque de alternaos empreendedores, impulsionado tivas, mas a melhor solução vem de pela versatilidade do software livre. acordo com a necessidade do comNesse conceito, os dados e aplica- prador”. Uma das possibilidades é tivos ficam armazenados num servi- reciclar computadores antigos, ou dor responsável pelo processamen- seja, transformar um hardware obsoto, acessíveis via rede por meio de leto em estações eficientes para cocomputadores de baixo custo. Na nexão a servidores. A companhia insépoca, foi adotado porque o hardwa- tala uma memória flash – similar à re era caro e escasso; hoje ganha usada em câmeras digitais – que força em função do baixo custo de substitui o disco rígido e contém um montar e manter uma rede. “Os pro- sistema operacional baseado em Litocolos de rede atuais são muito oti- nux, que faz a conexão com o servimizados, existem empresas que pre- dor. “Usando software livre o limite ferem terminais leves acessados pela das nossas soluções é a imaginainternet”, diz Luiz Cláudio Maia Fer- ção”. Ele diz que o Linux corresponreira, diretor da Thin Networks, em- de a apenas 10% das vendas, mas presa sediada em Brasília que vem que o uso do sistema vem crescenlucrando com a venda dessas solu- do. “O mercado vem solicitando esções. A empresa faturou US$ 2 mi- sas soluções, estamos apenas atenlhões em 2005, espera crescer cerca dendo a demanda”. Uma amostra da flexibilidade do de 35% este ano e já vendeu cerca de 70 mil estações. Entre seus clien- código aberto é o Ultra ThinClient, cates figuram empresas de grande por- paz de transformar um simples comte, como o Banco do Brasil, empre- putador em até dez estações de trasas de telecomunicações, como a balho totalmente independentes Brasil Telecom, universidades, além sem o uso de rede, apenas adicionando monitores, teclado Governo Federal. dos e mouses. Ferreira Um estudo da empregarante que consegue sa mostra que os gastos rodar aplicativos comercom equipamentos em ciais e de escritório e inum ano, levando-se em ternet até mesmo multiconta não apenas a commídia sem perda de depra da máquina, mas sempenho. “Desfazemos também custos com matotalmente a idéia de que nutenção, gastos com o Linux é um sistema energia elétrica e atualioperacional voltado apezações, garante uma renas para técnicos. Ele dução de 50% nas despossui uma interface bapesas de Tecnologia da seada em janelas basInformação. Outra meta tante amigáveis, de fácil é desmistificar a crença instalação e configurade que evolução infor- Luiz Cláudio, da Thin ção e ainda conta com matizada está associada Networks: US$ 2 muita segurança”. a grandes cifras. “A nos- milhões em 2005

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produtos

TI VoIP com a menor tarifa Segundo estudo realizado pela Consultoria IDC, o Brasil já conta 2 milhões de internautas usando telefonia VoIP e a expectativa é que dobre até 2009. O número de provedores também cresceu: mais de 30 operadoras encontram-se em atividade no país. De olho nessa expansão, a Leucotron Telecom criou o Skyvoice Reduz$Conta, que direciona todas as chamadas telefônicas do internauta para as operadoras com as menores tarifas. Antes de completar a ligação, o sistema analisa todas as opções disponíveis e direciona para a alternativa

mais barata, independente do código discado ou da operadora utilizada – convencional (fixa), VoIP ou Skype. O Skyvoice Reduz$Conta também pode funcionar como um tarifador, fornecendo relatórios periódicos das ligações realizadas e respectivos custos por ligação. O produto traz recursos adicionais, como secretária eletrônica, agenda eletrônica, múltiplos atendimentos de chamadas, conference call e gravação de chamadas recebidas ou realizadas. www.leucotron.com.br

Inventário eletrônico O software Centennial Discovery 2005, distribuído pela Multimídia Brasil, destina-se à localização, identificação e auditorias de hardwares e softwares de uma rede corporativa. Com o produto é possível reduzir custos e tempo na administração de redes em diversas plataformas e também gerar relatórios com informações sobre configurações específicas, níveis de utilização e detalhes de localização dos ativos de Tecnologia de Informação (TI). Com o sistema de visualização, um

usuário autorizado pode determinar instantaneamente quantos aplicativos instalados na empresa podem ser prejudiciais em uma blitz antipirataria, ou quais ativos podem ser transferidos e reaproveitados para evitar novos custos na renovação de licenças. O Centennial Discovery 2005 inclui auditoria dinâmica de hardware e suporte para o Active Directory e o AIX da IBM, sendo a única solução de gerenciamento de ativos de TI certificada pela NGS. www.mmbrasil.com

Documentos digitais A BRy Tecnologia, que desenvolve ferramentas de assinatura e datação digital, passou a atender o Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Através de um leilão realizado em dezembro de 2005, a empresa comercializou para o TJSC a Protocoladora Digital de Documentos Eletrônicos (PDDE), produto que produz com exclusividade no país. A tecnologia aplicada na PDDE, integrando hardware e software, permite a utilização dos documentos eletrônicos com garantia de integrida-

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de, tempestividade (qualidade ou característica do que ocorre no momento oportuno) e autenticidade do protocolo realizado. A novidade já é utilizada em empresas privadas e também em outros órgãos públicos, como o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, o Tribunal Superior do Trabalho e o Metrô de São Paulo. No TJSC, a tecnologia será aplicada na automatização e modernização dos processos, em especial a execução fiscal virtual. www.bry.com.br

IN

Crescimento do cybercrime A IBM anunciou recentemente o conteúdo do Índice Global de Segurança em Negócios 2005, que prevê, com base em indicadores anteriores, uma evolução na “cybercriminalidade” em 2006. O estudo mostra desde o aumento de invasões globais até ataques menores e mais furtivos dirigidos a organizações específicas, com propósitos de extorsão. O documento também aponta o crime organizado – cuja intenção é ganhar dinheiro – como maior responsável pelos ataques de spam e malware (softwares implantados com o objetivo específico de prejudicar os destinatários). “As empresas buscam soluções de segurança contra o crime digital, mas ainda há muito a ser feito", diz André Matias, diretor da Power Solutions e especialista em segurança de redes. Nas empresas com softwares e redes mais seguros, segundo Matias, os criminosos procuram atingir os funcionários para alcançar seus objetivos, por isso a conscientização das equipes diante do problema é fundamental. “A ‘cybercriminalidade’ envolve não só os ataques externos convencionais como o próprio funcionário da empresa, que é o elo mais fraco desta corrente”, explica Matias. www.ibm.com/br

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Franquia Total

Suplemento Especial da Revista Empreendedor – Ano V – Nº 54

O cheiro especial de uma loja agora é implantado por meio de serviço que aposta no sistema de franchising

A Biomist está no início do processo de expansão através do franchising. A empresa presta serviço na área de marketing olfativo, ou seja, desenvolve fragrâncias e instala equipamentos que faz com que as lojas ou empresas de qualquer tipo tenham um odor especial, escolhido de acordo com as necessidades pesquisadas para agradar o cliente. O consumidor passa na frente de uma loja e já sente a fragrância, sentindo-se atraído para a vitrine e, finalmente, para dentro do estabelecimento. Voltado para a classe A, o serviço é único no país e aí é que começaram a aparecer algumas dificuldades para formatar a franquia. Uma consultoria jurídica fez todos os trâmites formais, mas mesmo assim ainda é difícil conseguir padronizar o serviço nas cinco unidades franqueadas já existentes. “O negócio não exige especificamente uma cara, uma loja. Nosso negócio é prestar serviço para as corporações e isso acaba travando os procedimentos de transferência de know-how, mas nada que impeça nosso pleno crescimento”, diz Julio Yoon, executivo da Biomist. A empresa tem unidades em São Paulo, Brasília, Goiânia, Salvador e um máster-franqueado que atende Portugal e Espanha. “Nós estamos abrindo o mercado para esta novidade e depois passamos os clientes ou grandes contratos para os franqueados”, diz Julio. A empresa encontrou assim uma maneira mais eficaz de garantir sua expansão horizontal através do franchising. Em Curitiba (PR) e no Rio de Janeiro existem escritórios próprios que atuam para encontrar os nichos de mercado, fechar contratos e depois franquear. Para o Estado de São Paulo foi planejado agir em 20 regiões. A meta é

Olfato fisga o cliente INDEX STOCK

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Franquia Total ter mais 15 franqueados em 2006 e mais 20 em 2007. A empresa está empenhada em conscientizar o mercado da importância do marketing olfativo, pois o consumo é movido por momentos de compulsão e emoção, como diz o clássico lugar comum das pesquisas. Marcas e lojas como a Dumond, Via Uno, Kopenhagen, Bayard e Someday já estão apostando na novidade. Elas pediram o desenvolvimento de uma fragrância específica, de acordo com seu público-alvo e seu produto, e dizem estar sentindo no dia-a-dia os resultados através da reação dos clientes. Os aparelhos instalados podem ser programados para soltar a fragrância de 30 em 30 segundos ou de acordo com a vontade do lojista. A empresa tem 40 tipos de fragrâncias e um perfumista, dentro de um centro de pesquisa sediado em São Paulo, que desenvolve também novos odores de acordo com cada pedido. E já apareceu de tudo, pedido de cheiro de terra molhada, de pizza, etc. A Biomist mantém um suporte para os franqueados, que inclui treinamento de duas semanas ao franqueador, além de ter assessoria de imprensa, newsletter mensal com dados importantes de mercado e de como a empresa está se posicionando. O investimento inicial para quem tiver interesse em ser franqueado gira em torno de R$ 54 mil, incluindo o primeiro pedido de equipamentos.

Por que franquear? O franchising não é o fim, é o meio, é uma estratégia utilizada para garantir expansão com mais eficácia. Portanto, é um sistema complexo tanto para implantar quanto para gerir. Mas existem dezenas de bons motivos para escolher a franquia como maneira de ampliar a presença da marca no mercado e conseguir boas vendas. Alguns destes motivos podem servir de balizamento para definir se é mesmo a hora de franquear ou não*. * Pontos extraídos do artigo Por que franquear?, de Fernando Campora, no livro “Franchising. Uma estratégia para a expansão de negócios”, da Editora Premier Máxima.

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A tentação e a certeza Expandir o negócio via franchising precisa ser uma operação estruturada e implantada de forma correta Nem sempre uma marca que já é conhecida do mercado e possui uma fórmula de sucesso está preparada para entrar no sistema de franchising. É preciso avaliar se o modelo de rede condiz com as características da empresa e a partir daí definir ajustes que serão indispensáveis para torná-la uma franqueadora. O consultor Fernando Campora, sócio e diretor do Grupo Cherto, fala em avaliação de franqueabilidade que pode ser seguida como referência para iniciar um estudo de for-

Fernando Campora: critérios seguros de avaliação

matação de uma nova rede. Nessa avaliação, leva-se em conta alguns critérios principais, como a cultura, experiência e imagem da empresa, o modelo, a concorrência e a viabilidade financeira do negócio, assim como os padrões, sistemas e know-how. O potencial de crescimento e os riscos do negócio e da própria empresa também devem ser considerados na avaliação. Ao final de todo esse levantamento, o consultor sugere que seja feita uma ponderação sobre cada um dos critérios, indicando os pontos fortes e os principais desafios. Depois é preciso definir onde é possível melhorar e qual o plano de ação para ajustar pontos onde há deficiências. Com a avaliação favorável, o futuro franqueador precisa selecionar os modelos de negócio – financeiro e o de gestão de rede. O ideal é buscar a ajuda de profissionais especializados que orientem cada um destes pontos.

Principais motivos

Interesse em crescer e expandir os negócios

Reduzir a exposição da empresa, reduzindo o capital próprio empregado em uma operação

Manter um gestor comprometido à frente do negócio

Fortalecimento de marca

Ganho de escala junto a fornecedores

Necessidade de controle sobre a rede

Criar barreiras para a concorrência

Ganhar segurança de longo prazo

Resolver dificuldade de gestão à distância

Retorno sobre o investimento


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Franquia Total Objetivos do milênio A BIT Company desenvolve diversas ações sociais para a qualificação profissional da comunidade onde as escolas da rede são implantadas. Neste início do ano, a rede aderiu à campanha do Movimento Nacional Pela Cidadania e Solidariedade e divulgará os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e assumidos por 191 países, inclusive o Brasil. Todos os alunos da Bit Company, de escolas da rede pública e particular parceiras, receberão um exemplar da Cartilha da Cidadania, criada para divulgar as metas da campanha. A rede de franquias vai promover também cursos gratuitos, doação de alimentos e ações de conscientização e inserção social e digital. A ONU colocou como objetivos até 2015 erradicar a extrema pobreza e a fome; atingir o ensino básico universal; promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. (11) 5908-4321

A prioridade é do aluno A rede de ensino de idiomas Skill lançou este ano a campanha “do seu jeito”, um pacote de cursos voltado para a necessidade de cada aluno, com foco no profissional. “São cursos direcionados para melhorar o desempenho de profissionais de várias áreas, desde secretárias até profissionais liberais, como médicos e advogados”, diz o coordenador de marketing da rede, Marcos Benutto. As habilidades do aluno são desenvolvidas

de acordo com sua necessidade. A proposta é desenvolver fala, leitura, compreensão e escrita, mas de acordo com cada prioridade, tendo em vista resultados mais rápidos que o ensino convencional. Benutto explica que a nova metodologia facilita a assimilação de uma forma mais tranqüila. Para a implantação do novo modelo, professores da rede passaram por um extenso programa de capacitação. (11) 5583-4900

Sorvete com goiaba Chega à rede de restaurantes TGI Friday’s no Brasil a parceria já consolidada em vários outros países do mundo com a marca de sorvetes Häagen Dazs. As empresas, ambas de origem norte-americana, acabam de lançar a Cheese Cake Brasileiríssima, sobremesa elaborada com sorvetes Häagen-Dazs e exclusiva para o TGI Friday’s. A novidade é constituída por duas bolas de sorvete Häagen Dazs sabor Strawberry Cheese Cake com cremosa calda de goiaba e dois tubetes de chocolate. Além desta recei-

ta, os sorvetes Häagen-Dazs passam a compor as demais sobremesas. Adriana Novaes, gerente de marketing do TGI Friday’s, acredita num aumento no volume de vendas de 30% ainda nos próximos seis meses. Já para a Häagen Dazs, a estimativa é que haja um incremento de 5% nas vendas atuais para o canal de food service, além da possibilidade de fortalecer a atuação da marca em outros Estados como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e na cidade de Campinas, localidades onde o Friday’s também atua. www.fridays.com.br

consumidoras de comida chinesa. As novas unidades serão instaladas também em São Paulo, especialmente na Zona Sul da cidade e na região do Grande ABCD paulistano. Mas os planos de expansão para Estados vizinhos, como o Rio de Janeiro, não estão descartados e podem ampliar ainda mais as previsões. “Realizamos pesquisas que apontam que essas regiões são pólos de investimentos e apresentam condições favoráveis à instalação de franquias, tanto pelas con-

dições econômicas quanto pelos hábitos alimentares. A China House está preparada para atender os mais variados perfis de clientes, inclusive oferecendo opções de pratos com baixas calorias e vegetarianos”, explica Jorge Torres, diretor de franquias da rede. O candidato a franqueado da China House deve investir inicialmente R$ 130 mil. Cada unidade da rede tem faturamento médio mensal de R$ 30 mil e tempo de retorno de 18 a 36 meses. www.chinahouse.com.br ou (11) 6239-9900

China vegetariana As estratégias de expansão da rede China House, restaurantes delivery de comida chinesa, prevê a abertura de mais quatro unidades este ano. A empresa ainda está em fase de negociação com possíveis empreendedores. Com seis unidades na capital paulista, a diretoria da China House acredita que os pratos ainda estão se popularizando. Segundo a empresa, atualmente quase 90% das pessoas consomem pizza e apenas cerca de 40% são

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HISTÓRIA DE EMPREENDEDORISMO

Adaptação ao mercado

Cara nova As novas unidades da rede Portobello Shop, planejadas para serem abertas este ano, já estarão com a nova comunicação visual da campanha que tem como slogan “Você pode”. Conforme o diretor de criação da agência Fórmula Grey, Wander Cairo Levy, a intenção é acentuar valores emocionais como o sonho, o desejo e a criatividade. E o mais importante, convidar o consumidor a entrar na loja sem receio. Hoje, com cinco unidades próprias, das 76 atuais da rede de franquias em todo o Brasil, a Portobello Shop prevê, segundo o diretor da empresa, Juarez Leão, a abertura de mais 29 lojas, incluindo um novo formato, mais compacto, novidade da marca para 2006. O investimento em marketing, segundo Leão, será de R$ 1,5 milhão. As peças de ponto-de-venda, mídia exterior, impressa, banners, jingles, flyers e marketing direto são pontuadas assim: Sonhou? Você pode. A imagem sempre remete ao sonho realizado, ao prazer atendido. Ainda há o serviço especializado da Portobello Shop, que agrega assessoria em decoração e arquitetura, projeto de assentamento e entrega programada. “A nossa proposta foi a de tornar o ponto-de-venda um forte canal de mídia”, diz Levy. No interior das lojas Portobello Shop, além de sinalizadores e displays, haverá uma série de cartazes sobre os serviços diferenciados que só a Portobello Shop oferece. 0800 704 5660

Fundada em 1990, na cidade de Blumenau (SC), a Cetelbras iniciou a implantação de uma rede de franquias em 1994 e agora, depois de se estruturar através da gestão de 21 unidades próprias e uma unidade piloto franqueada há cinco anos, a meta é abrir 12 unidades franqueadas e mais seis próprias em 2006. O faturamento em 2005 foi de R$ 5 milhões e a expectativa para este ano é um crescimento de 30%. “Estamos preparados e estruturados para oferecer aos futuros franqueados o sucesso que estamos obtendo ao longo destes 15 anos”, afirma Marco Antônio Gonçalves, diretor geral da Cetelbras. A rede oferece cursos profissionalizantes livres e está se especializando em cursos que usam a tecnologia da informação, ou seja, que possam ser aplicados no mercado de trabalho. Este ano estarão atuando no mesmo nível, cursos nas áreas administrativas e de desenvolvimento humano, seguindo solicitações do mercado. “Somos a única escola profissionalizante a participar do MSDN Academy Aliance da Microsoft, o que nos possibilita oferecer a nossos alunos todos os softwares da Microsoft”, ressalta o diretor. Na gestão da empresa, Marco Antônio conta que são utilizados sis-

temas desenvolvidos pela própria Cetelbras e que hoje são comercializados para outras empresas. Há o sistema chamado E-SIGA (Sistema Integrado de Gestão Academica) que proporciona controle financeiro, acadêmico, estatístico, cobrança, módulo de call center e, inclusive, com interação via internet, onde os alunos e pais podem acompanhar seu desempenho acadêmico e financeiro, totalmente integrado. Outro sistema, o POCnet, é uma ferramenta de comunicação e tarefas que possibilita acompanhar os 200 funcionários da empresa em 22 filiais. (47) 33219800 ou www.cetelbras.com.br

Mensagens positivas A rede Domino’s Pizza criou uma promoção para as lojas do Rio de Janeiro que virou mania entre a garotada. Na compra de uma das promoções, o cliente ganha um porta-copo com desenhos e mensagens que celebram a alegria de momentos simples da vida. Os por-

ta-copos fazem parte de uma coleção que conta com seis ilustrações diferentes e têm a assinatura da designer Joana Passareli. Ela buscou inspiração no dia-adia para criar os desenhos de cores vibrantes com mensagens positivas no verso. www.dominos.com.br

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F ranquia ABF Franquias brasileiras querem repetir sucesso no México A segunda participação de marcas brasileiras na Feria Internacional de Franquicias (FIF) aconteceu de 8 a 10 de março, no World Trade Center, cidade do México. Após o sucesso alcançado na edição passada, as redes brasileiras pretendiam dar continuidade ao processo de expansão na região. Duas das empresas que participaram do evento em 2005, Livraria Nobel e Global Franchise, já iniciaram suas operações neste país. As outras estão em negociações avançadas com parceiros locais. Segundo o diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo, Brasil e México têm costumes parecidos e os produtos e serviços brasileiros não precisam de grandes adequações para agradar o consumidor mexicano. “O grupo pretende prospectar franqueados em mais três feiras internacionais, mas o México é, sem dúvida, o mercado que mais desperta o interesse das redes”, completa. No Pavilhão Brasil, o visitante da

Serviço 29ª Feria Internacional de Franquicias Data: 8, 9 e 10 de março de 2006 Local: World Trade Center, Cd. de México/Centro de Convenciones y Exposiciones World Trade Center Av. Filadelfia S/N, Col. ápoles, México, D.F. 03810 N

feira conhecerá 11 redes de franquia brasileiras que desejam ingressar ou ampliar seus negócios no México. No estande da própria ABF, o visitante também poderá obter mais informações sobre o mercado brasileiro de franquias, que hoje ocupa a 6ª posição mundial. As franquias que colocaram em exposição suas marcas na 29ª Feria Internacional de Franquicias foram: China In Box, Vivenda do Camarão, Wizard, Bit Company, Global Fran-

chise, Benedixt, Movimento, Oceanic Cosméticos, Carmen Steffens e Showcolate. A estreante do grupo foi a franquia de roupas infantis Lilica Ripilica. A iniciativa foi uma continuidade ao projeto firmado entre a Associação Brasileira de Franchising (ABF) e o Governo do Brasil, através da Agência de Promoção de Exportação e Investimentos do Brasil (APEX), que visa apoiar a internacionalização das redes de franquia brasileiras.

SEBRAE realiza Rodada de Negócios na ABF Franchising Expo 2006 Uma das principais novidades da ABF Franchising Expo 2006, que será realizada entre os dias 7 e 10 de junho, em São Paulo, será a Rodada de Negócios promovida pelo SEBRAE. Durante a feira, os associados poderão participar da Rodada de Negócios organizada pelo SEBRAE em conjunto com a Associação Brasileira de Franchising (ABF). A principal finalidade da Rodada de Negócios é aproximar poten-

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ciais compradores e vendedores para que negociem produtos, realizem joint-ventures, sociedades, investimentos, transferência de tecnologias, etc. Ao participar das reuniões, as empresas podem identificar novos fornecedores e parcerias capazes de suprir as necessidades do seu processo de comercialização. As reuniões serão realizadas nos dias 8 e 9 de junho de 2006, das 14h às 20h, com duração de 30min cada,

no estande do SEBRAE, na feira da ABF em São Paulo. Para garantir uma vaga, os interessados devem preencher um formulário disponível na ABF. A partir das informações fornecidas pelas empresas, o SEBRAE irá identificar, em todo país, fornecedores que se adequam aos negócios das redes. Para solicitar a ficha de inscrição e esclarecer dúvidas, entre em contato com a ABF pelo tel.: (11) 3814-4200 ramais 17 e 24.


FRANQUIAS EM EXPANSÃO Wizard Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2098 franchising@wizard.com.br www.wizard.com.br

Sucesso educacional e empresarial A Wizard Idiomas é a maior rede de franquias no segmento de ensino de idiomas* do país. Atualmente, são 1.221 unidades no Brasil e no exterior que geram mais de 15 mil empregos e atendem cerca de meio milhão de alunos por ano. A Wizard dispõe de moderno currículo, material altamente didático com proposta pedagógica para atender alunos da educação infantil, ensino fundamental, médio, superior e terceira idade. Além de inglês, ensina espanhol, italiano, alemão, francês e português para estrangeiros. A Wizard é Nº de unidades: 1.221 franqueadas também pioneira no Áreas de interesse: América Latina, EUA e ensino de inglês em Europa Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, FI, EI, Braille. PN, AJ, FB, FL, CP, FM Taxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 32 mil Instalação da empresa: a partir de R$ 50 mil Capital de giro: R$ 15 mil Prazo de retorno: 24 a 36 meses

* Fonte: Associação Brasileira de Franchising e Instituto Franchising.

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre2006 Métodos Trabalho, TR- Treina- – Março – deEmpreendedor mento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto

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FRANQUIAS EM EXPANSÃO Worktek Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@worktek.com.br www.worktek.com.br

Conquiste sua independência financeira! A Worktek Formação Profissional faz parte do ProAcademix, maior grupo educacional do Brasil detentor das marcas Wizard, Alps e Proativo. Tratase de uma nova modalidade de franquias com o objetivo de preparar o jovem para o primeiro emprego ou adultos que buscam uma recolocação no mercado de trabalho. São mais de 30 cursos, entre eles, Office XP, Web Designer, Digitação, Curso Técnico Administrativo (C.T.A.), Montagem e Manutenção de Computadores, Secretariado, Operador de Telemarketing, Turismo e Hotelaria, Recepcionista e Telefonista, Marketing e Atendimento ao Nº de unidades próprias e franqueadas: Cliente. 70 Entre os diferenciais da Áreas de interesse:: Brasil Apoio: PA, PM, MP, PP, PO, OM, TR, PF, Worktek está a qualidade do material e do método de enFI, EI, PN, AJ, FB, FL, CP, FM sino, além do comprometiTaxas de Franquia: entre R$10 mil e R$ 25 mil mento com a recolocação que Instalação da empresa: a partir de vai além das salas de aula atraR$ 30 mil vés do POP, Programa de Capital de giro: R$ 15 mil Orientação Profissional. Prazo de retorno: 36 meses

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


Alps Negócio: Educação & Treinamento Telefone: (19) 3743-2000 franchising@alpschool.com.br www.alpschool.com.br

Oportunidade de sucesso Rede em ampla expansão Lançada em maio de 2001, a Alps faz parte do grupo ProAcademix, também detentor das marcas Wizard e Worktek. Atualmente, ela é a rede de franquias de idiomas que mais cresce no Brasil, com 101 unidades espalhadas por todo o país. O sistema Alps de ensino conta com metodologia desenvolvida nos Estados Unidos que utiliza avançadas técnicas de neurolingüística, em que o aluno é estimulado a desenvolver as quatro habilidades fundamentais para se comunicar na língua inglesa: conversação, compreensão auditiva, leitura e escrita. Assim, o aprendizado é feito de forma natural, rápida e permanente. A Alps conta com know-how administrativo e comercial, através de um sisteNº de unidades próp. e franq.: 101 ma exclusivo de enÁreas de interesse: América Latina, Estados sino, e dá assessoria Unidos, Japão, Europa na seleção do ponto Apoio: PA, PP, PO, OM, TR, FI, PN comercial, na adequaTaxas: R$ 10 mil (franquia) e R$ 12,00 por kit (publicidade) ção do imóvel e na Instalação da empresa: R$ 20 mil a R$ 40 mil implantação e operaCapital de giro: R$ 5 mil ção da escola. Prazo de retorno: 12 a 18 meses Contato: Ivan Cardoso

PA- Projeto Arquitetônico, PM- Projeto Mercadológico, MP- Material Promocional, PP- Propaganda e Publicidade, PO- Projeto de Operação, OM- Orientação sobre Métodos de Trabalho, TR- Treinamento, PF- Projeto Financeiro, FI- Financiamento, EI- Escolha de Equipamentos e Instalações, PN- Projeto Organizacional da Nova Unidade, SP- Solução de Ponto


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Guia do Empreendedor Páginas amarelas em pixels Comprar espaços milimétricos é a nova tendência para quem anuncia na internet O último conceito para quem anuncia via internet é a compra de pixels em sites específicos de propaganda. O pixel (abreviatura de picture element) é o menor elemento em um dispositivo de exibição (como um monitor, por exemplo), ao qual é possível atribuir uma cor. De modo geral, o pixel é o menor ponto que forma uma imagem digital, sendo que o conjunto de milhares de pontos forma a imagem inteira. A idéia consiste em agrupar esses pontos em blocos de 10 x 10 pixels em um site de propaganda até atingir dez mil blocos. Cada fração custa US$ 100,00, ou seja, US$ 1,00 por pixel. A referência para esta conta é o site www.milliondollarhomepage.com, criado pelo jovem inglês Alex Tew. Em poucos meses, Tew arrecadou US$ 1 milhão – dinheiro que pretendia investir em um curso universitário – e chamou a atenção de alguns empreendedores brasileiros. Um dos primeiros a apostar no conceito foi o estudante carioca de administração Adriano Braz, de 22 anos, que criou um site similar ao inglês, o www.paginamilionaria.com.br. Fenômeno entre os que almejam enriquecer com a internet no Brasil, Adriano declarou recentemente ao Blog Coluna Extra (www.colunaextra.blogspot.com) que segue as idéias de Tew, embora tenha motivações diferentes. “Quando ouvi falar da página do Tew, vi que ele tinha criado algo inusitado, e que isso chamou atenção depois de um certo tempo, mesmo considerando seu ‘bonito propósito’ [financiar os estudos] meio bobo”, diz. Mas o jovem empreendedor acredita no potencial da venda de pixels: “A internet tem um fator multiplicador incrível, e esta

é uma idéia inusitada que se for bem trabalhada pode ser uma boa tacada”. Em São Carlos (SP) um grupo de pesquisadores decidiu aproveitar a idéia e segmentá-la para um grupo específico de anunciantes – empresas de inovação e investimentos em tecnologia. A necessidade do projeto de desenvolvimento do site surgiu para suprir a carência de conexão entre empreendedores e investidores de inovação tecnológica, lotados em universidades, como também em pequenas e médias empresas, além daquelas de grande porte. “São Carlos é conhecida por ser um importante pólo tecnológico, mas sentíamos dificuldades em encontrar na internet dados sobre essas empresas”, diz Peterson Bernardo, um dos criadores do site www.brazilinnovation.com. “Em nossas pesquisas, descobrimos que existem muitas empresas e universidades com produtos de alta capacidade tecnológica e de mercado, que estão parados nas prateleiras por pura falta de divulgação”, diz. O objetivo de Peterson e seus amigos, além do lucro, é facilitar o trabalho de pesquisa e levar para os internautas invenções e resultados de pesquisas que considerarem de interesse geral. “Existe uma pele artificial feita à base de borracha que foi criada há mais de 20 anos com tecnologia 100% nacional, mas se eu entrar em um site de buscas e procurar por ‘inovação’, dificilmente o invento aparecerá. Queremos despertar o interesse por assuntos que o público não consegue ter acesso com tanta facilidade”, diz Peterson. Parte dos recursos arrecadados com a venda de pixels será destinada a uma instituição da cidade que cuida de crianças carentes para o investimento em tecnologia. “Achamos importante que as crianças aprendam desde pequenas a importância da inovação, como forma de despertar o lado criativo em futuros empreendedores”, diz Peterson. A meta da equipe do Brazil Innova-

Outdoor virtual do Brasil (acima) segue inspiração da iniciativa estrangeira

tion é transformar o site em um guia de referência para o setor. “Temos um milhão de pixels para vender e pretendemos fazer isso em menos de um ano para clientes que vão desde pequenas e médias empresas até grandes organizações”, diz Peterson Bernardo. “Com apenas um clique, a pessoa poderá encontrar desde o fabricante de aparelhos para a pesquisa e o responsável pela transferência tecnológica, até as universidades envolvidas e também como fazer para proteger essa inovação”, diz Heber Penow, diretor do projeto. Inicialmente, o site contará com quatro domínios ativos, sendo um deles de registro no Brasil que deverá figurar entre os primeiros resultados dos principais motores de busca. Empresas como a Innovatec’s (que realiza investimentos em pesquisas nas áreas de nanotecnologia, biodiesel, biotecnologia e nanomedicina) e a Proteu (que desenvolve equipamentos para laboratórios de pesquisa do Brasil e do exterior) já participam do projeto como clientes e incentivadoras. www.brazilinnovation.com www.paginamilionaria.com.br www.milliondollarhomepage.com Março 2006 – Empreendedor – 67


Guia do Empreendedor

Pool de soluções Criado a princípio para dar suporte aos clientes da Dzigual Golinelli, o estúdio DG Pix – que oferece serviços de fotografia, correção cromática, pré-impressão, impressão e produção de estúdio, entre outros – passou a atender clientes de São Paulo, Paraná e Santa Catarina no final de 2005. O foco da expansão está nas empresas que trabalham com catálogos impressos e virtuais, sites, CDs

interativos, livros e outras publicações e que possuem alta demanda em trabalhos, como fusões de imagens, provas para impressão e fechamento de arquivos. “Nossa meta de crescimento é de 10% a partir dessa abertura”, afirma Antonio Portinho, diretor da Dzigual Golinelli. Além de profissionais com especialização e experiência internacional – grande parte da equipe é formada em Design com especiali-

Operações centralizadas Padronizar os controles de processos, otimizar custos e aumentar a satisfação dos clientes. Esses foram os objetivos iniciais da Springer Carrier ao centralizar as operações de back-office das unidades da Argentina e do Chile no Brasil, além da implantação do software de gestão ERP R/3 da SAP na unidade brasileira. O projeto, denominado Athena e realizado em parceria com a IBM Business Consulting Services, foi concluído em 13 meses e recebeu um investimento de R$ 3 milhões. Entre os benefícios conseguidos pela Springer Carrier com a centralização estão a integração do sistema, ope-

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ração de um modelo de negócios único (com redução da complexidade operacional e, conseqüentemente, dos custos), planejamento integrado, redução do tempo de fabricação e maior controle e transparência nos processos. “O primeiro fechamento foi muito bom, levando apenas 16 horas para a conclusão de todos os processamentos de custos e relatórios contábeis, sobrando mais tempo para as respectivas análises”, afirma Orlando Jr., gerente de projeto da Springer Carrier. www.springer.com.br www.ibm.com/bcs

zação em Marketing, a DG Pix conta com o diferencial de centralizar em um mesmo local um pool de serviços que geralmente são realizados por diversos fornecedores, além de assessoria de marketing, criação e expertise em merchandising no ponto-de-venda. “Para nossos clientes significa mais controle e qualidade em todo o processo, agilidade e custos reduzidos”, diz Portinho. www.dzigual.com.br

Crescimento Planejado A VoxAge, especialista na automação por voz nos atendimentos receptivos e ativos a clientes, comemora os bons resultados obtidos em 2005. A empresa fechou o ano passado com crescimento de 35% – graças ao trabalho em processos de automação com interação por voz em diferentes plataformas – e projeta um aumento de 40% para este ano. A estratégia para alcançar as metas é ampliar a oferta de soluções com reconhecimento de voz – já utilizado com sucesso pelo SAC das Casas Bahia – aumentar a carteira de clientes e o número de funcionários. Atualmente, a VoxAge atende 35 empresas no Brasil, Europa e Ásia, e em 2005 passou a atender a NET, a Spring Wireless, a Wappa, a Datora e a japonesa Vision. www.voxage.com.br


Produtos & Serviços

HD portátil Armazenar arquivos de grandes extensões e com facilidade de compartilhamento é a proposta do HDD Photo Storage. Essa é uma das últimas novidades da Sony, lançada em primeira mão no país pela Nagem Distribuição. O produto tem a mesma funcionalidade de um HD externo, através de interface USB, e é compatível com a leitura dos cartões de memória Memory Stick, Memory Stick Duo e Compact Flash, que integram a linha de fotografia digital da Sony. Com 40 GB de espaço, o HDD Photo Storage pesa 300g, vem com bateria de Lithium-Ion com duração de 4 horas em stand by e pode ser utilizado para arquivar fotos, vídeos e músicas. Com garantia de um ano e manual de instalação em português, o equipamento pode ser uma alternativa para quem precisa liberar espaço em disco no computador ou transportar arquivos pesados sem perda de qualidade. www.nagem.com.br

Serviço gratuito Empreendedores de micro e pequenas empresas terão acesso, em breve, a um serviço gratuito de planejamento do negócio, que poderá ser adquirido, via download, nos portais do Banco do Brasil (www.bb.com.br) e do Sebrae Nacional (www.sebrae.com.br). Denominado “Solução de Gestão Empresarial para Pequenas Empresas”, o software trará um conjunto de soluções para gerenciar um pequeno negócio e será desenvolvido por uma empresa a ser contratada por meio de licitação pública. Pelo sistema, o usuário poderá controlar o fluxo de caixa, as contas a pagar e a receber e o nível de estoque, além de organizar o cadastro de fornecedores e clientes e realizar a contabilidade do negócio. O projeto receberá investimento de R$ 3,4 milhões, sendo R$ 1,8 milhão do Sebrae e R$ 1,6 milhão do Banco do Brasil, num convênio que integra a estratégia das duas instituições para

ampliar o atendimento às micro e pequenas empresas brasileiras por meio da inclusão digital. A parceria também

INDEX STOCK

envolverá o compartilhamento de marcas, segundo informa o analista da Diretoria de Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil, Silvio Roberto Sakata. “A idéia é que o site do Sebrae esteja dentro do site do Banco do Brasil e vice-versa, e que o sistema seja atualizado automaticamente nas duas bases”.

Etiqueta faz a diferença O uso de etiquetas holográficas no Brasil é comum entre as empresas de telefonia celular, de informática e de CD’s e DVD’s, como forma de garantir ao consumidor a autenticidade do produto. Mas a maioria das empresas não emprega a tecnologia por considerar o custo muito alto, embora reconheça que o recurso agrega segurança e causa impacto visual nos clientes. Como forma de difundir a cultura do uso deste material, a Holotime está investindo em novas tecnologias que permitem a fabricação de etiquetas holográficas em quantidades menores. Um dos maiores atrativos do produto é a capacidade de ofere-

cer informações em camadas sobrepostas, que dá efeito tridimensional, além da quase impossibilidade de falsificação. “O brilho e os movimentos gerados pela técnica tornam a etiqueta um material que prende a atenção do observador por mais tempo, por isso várias campanhas de marketing têm utilizado este artifício em rótulos e etiquetas especiais”, diz Rafael Bluvol, gerente comercial da Holotime. A empresa oferece diversos efeitos para os adesivos, e de acordo com a opção do cliente, a equipe de criação da Holotime parte para a produção de opções personalizadas, que serão reproduzidas a partir de uma matriz. www.holotime.com.br Março 2006 – Empreendedor – 69


Guia do Empreendedor

Do Lado da Lei

O fiador do empreendedor DIVULGAÇÃO

É preciso ficar atento ao afiançar um imóvel. Isso implica responsabilidades que podem atingir o patrimônio dos envolvidos O surgimento de um novo negócio de comércio ou serviços exige, na mais das vezes, a instalação em uma localização física, em um estabelecimento. Este uso do local, do imóvel, não sendo próprio, é regulado por um contrato de locação e a retribuição do seu uso se dá pelo pagamento do aluguel ao proprietário. O aluguel é garantido pelo inquilino, aquele que usa o imóvel, normalmente através de uma terceira pessoa, no caso o fiador, e espera que o inquilino garantido pague seus débitos. Ocorrendo o não pagamento, este terceiro fiador pode ser acionado para honrar a dívida. Desde 1990 há uma lei no Brasil protegendo o bem de família e, portanto, o fiador não pode perder o imóvel que mora, em sendo o único, para honrar as dívidas do afiançado. Contudo, a exceção a esta proteção ao bem de família é justamente a fiança dada em contrato de locação comercial ou residencial. Por isso, os bens do fiador podem todos ser alcançados pela dívida garantida ao locador, dono do imóvel. Com a edição da Emenda Constitucional 26/2000, que incluiu no art. 6º da Constituição Federal o di-

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reito à moradia como um dos direitos sociais do brasileiro, tentou-se argüir de inconstitucional a exceção criada em favor dos locadores-credores de aluguéis em relação ao bem de família do fiador. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu a discussão no julgamento do Recurso Extraordinário 407.688, mantendo a decisão do então Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo. A decisão determinava a penhora do bem de família do fiador. No julgamento, os ministros do STF enfrentaram o dilema entre fazer prevalecer a liberdade individual e constitucional de alguém – sendo ou não fiador de uma locação, e responder por isso com seus bens – ou se o direito à moradia, previsto na Constituição, deveria prevalecer. A matéria foi decidida por sete votos a três a favor da constitucionalidade desta exceção e, portanto, os fiadores de imóveis alugados não terão a desculpa de proteger seu último bem imóvel com base no direito constitucional à moradia. Ocorre que esta decisão diverge de precedentes anteriores do Supremo Tribunal. O ministro Eros Grau

divergiu citando como precedentes dois Recursos Extraordinários (RE 352940 e 449657) relatados pelo ministro Carlos Velloso (que se aposentou), no que foi acompanhado pelos ministros Carlos Ayres Britto e Celso de Mello. Os três votos divergentes entenderam que a Constituição ampara a família e a sua moradia e que essa proteção está expressa no artigo 6º, “de forma que o direito à moradia seria um direito fundamental de 2ª geração”, o que tornaria indisponível o bem de família para qualquer penhora. Assim sendo, quando se der uma fiança em favor de outrem, em contrato de locação de imóvel, é importante que o fiador tenha em mente que corre o risco de perder todos os bens, inclusive o único imóvel destinado à moradia da própria família. De outra sorte, afiançando uma empresa, a alteração dos sócios não faz extinguir a fiança, pelo que muita atenção deve ser dada a esta opção de garantia.

Marcos Sant’Anna Bitelli Advogado (11) 3871- 0269


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Guia do Empreendedor

Vitrine de segredos As franquias estão por toda parte. Mas essa múltipla exposição não significa que possam ser entendidas à primeira vista por

Nei Duclós

Coisa rara: um livro na embocadura do mercado brasileiro, baseado na experiência do franchising entre nós, sistematizado por especialistas militantes e que coloca na mão dos leitores um pacote completo de esclarecimentos sobre esse tipo de negócio que depende de vários acertos em cadeia, para que não haja furo, ou seja, fracasso. Pelo sucesso que ostenta (lucratividade, baixa mortalidade, eficiência na briga com a concorrência, marketing potencializado, entre outras vantagens) o franchising desenvolvido no Brasil pode ser visto como uma parte poderosa de um modelo de gestão, que ainda está sendo formatado e passa ao largo das leis generalistas da administração e dos cases estrangeiros encarados como paradigmas. Claro que a fonte dos acertos são os grandes vetores da modernidade

dos negócios, mas é no embate diário, na tentativa e erro, no dinamismo e flexibilidade do sistema, que reside a eficácia e o charme de quem aborda esse assunto entre nós. O livro é amigável, sem cair nas falsas seduções da auto-ajuda. Ou seja, é consistente no que exibe e não acena com possibilidades fora de alguns princípios, colunas mestras de uma franquia bem sucedida. Os autores fazem parte do Grupo Cherto. Marcelo Cherto, presidente do Grupo e um dos fundadores da Associação Brasileira de Franchising, destaca o equilíbrio gerado pelas franquias entre três variáveis na estratégia de crescimento e ocupação de mercado: cobertura, controle sobre cada ponto-de-venda e o custo de capacitar e monitorar os canais de vendas. Cherto estende sua análise às franquias sociais, não se limitando à natureza tradicional dos negócios, alertando para as armadilhas e as pos-

Franchising – Uma Estratégia para Expansão de Negócios Autores: Marcelo Cherto, Fernando Campora, Filomena Garcia, Adir Ribeiro, Luís Gustavo Imperatore Editora: Premier Máxima 450 páginas – R$ 80,00

sibilidades desse nicho emergente. Na série de capítulos de sua autoria, ele aborda também o papel e a relação de franqueado e franqueador, compondo um quadro institucional dessas funções, em que os paradigmas existem em função da eficácia e não estão fundados em regras fixas, mas em caminhos corretos e definidos.

Trabalho prazeroso Direito ao lazer nas relações de trabalho Otavio Amaral Calvet LTR, 130 páginas, R$ 30,00 Obrigar o funcionário a reproduzir a célebre cena de Tempos Modernos, de Charles Chaplin, cuja função era apertar parafusos de maneira ininterrupta, é contra a lei. O autor, juiz do Trabalho do Rio de Janeiro, orienta os empreendedores sobre as garantias legais do trabalhador para ter acesso a condições favoráveis de lazer no ambiente profissional. Ele é da opinião de que deve haver uma relação mais amena e de respeito entre empregado e empregador. Esse e outros direitos, já aprovados, são analisados e explicados pelo juiz, o que faz deste livro uma boa aquisição para a biblioteca das empresas (toda empresa deve ter uma).

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Leitura Há diferença entre a imposição de conceitos e as idéias formatadas a partir do movimento do mercado. Em ambos sobressai o tom incisivo (quando se fala em negócios, não pode haver margens excessivamente mutantes, pela responsabilidade de quem lê e escreve), mas isso não significa camisa de força quando se trata de orientar com segurança quem aposta neste tipo de empreendimento. Na seqüência, Fernando Campora expõe os motivos para franquear, advertindo que se trata de um sistema complexo de estruturar e gerir e “só faz sentido se a empresa entrar no modelo pelos motivos corretos”. Ao mesmo tempo que expõe esses motivos – expandir, fortalecer a marca, ganho de escala, segurança a longo prazo, entre outros –, também faz uma lista dos motivos errados: aproveitar benefícios, conseguir resultado financeiro rápido, entre outros. Os demais autores aprofundam o tema. Adir Ribeiro aborda os programas de capacitação em redes de franquias; Luis Gustavo Imperatore escreve sobre processos e a necessidade de padrões; e Filomena Garcia sobre venda de franquia e seleção de franqueados.

Destaques Nem sempre vale a pena iniciar a expansão internacional diretamente via concessão de franquias. Há casos em que faz mais sentido estabelecer uma joint-venture com alguém local e implantar umas tantas unidades próprias para testar o mercado. Pág. 341

O trauma de empobrecer

Ninguém deve sequer pensar em se envolver numa operação de franchising sem a orientação de um bom advogado, que seja da mais absoluta confiança e que entenda bastante de negócios, de contratos em geral e de contratos de franchising em particular. Pág. 177

Riqueza familiar Como manter o patrimônio por gerações James E. Hughes Jr. Tradução: Vânia Buchala, André Setti e Eliana Alckmin 184 páginas R$ 29,00 Editora Letras & Lucros e Saraiva

Quanto menor o tamanho da rede e menor o volume de cidades atendidas, menor a capacidade da empresa conhecer em profundidade as variáveis do seu negócio e, portanto, maior o risco da análise.” Pág. 120

Patrimônio herdado corre o risco de evaporar se não houver planejamento. O autor, advogado especializado em segurança das grandes fortunas, baseia-se em casos reais de herdeiros de várias partes do mundo para orientar sobre uma administração cuidadosa. Ele descobriu que a máxima “pai rico, filho nobre e neto pobre” é encontrada no mundo inteiro, da Ásia à Irlanda.

Aquela sabedoria Você está preparado para o sucesso? Descubra o caminho para se tornar uma pessoa iluminada. Srikumar Rao Negócio Editora 240 páginas R$ 39,00 Livros assim sobram nas livrarias. Em qualquer página, está escancarada a falta de consistência: sua mente é preciosa, proteja-a; é burrice abrir mão da sua felicidade; o universo é um multiplicador de forças; tudo bem que a árvore esteja torta; e por aí vai. O autor é Ph.D em...marketing. Na capa, uma borboleta azul. Março 2006 – Empreendedor – 73


Informação e Crédito

Assinatura digital com validade A inovação apresentada pela Serasa na Telexpo 2006 possibilita mais segurança no uso de celulares nas transações financeiras

A

Serasa apresentou durante o Painel de Certificação Digital, na Telexpo 2006, um protótipo de assinatura digital de transações financeiras via telefone celular, uma inovação realizada em consórcio entre a Serasa, a operadora Claro, a provedora de microprocessadores para cartões Axal-

1

to, e o banco Bradesco. O resultado é a convergência entre certificação digital, dispositivos móveis e internet banking, com redução de custos e mais segurança, agilidade e transparência no ambiente virtual. O protótipo da utilização da certificação digital por meio do telefone celular está sendo desenvolvido com o

Bradesco, que tem um estudo de projeto para incorporar esse novo meio de aplicação para transações em seu internet banking. A Serasa participa como Autoridade Certificadora, emitindo os certificados digitais; a Claro como operadora de telefonia celular com tecnologia para absorver o aplicativo; a Axalto é a fabricante do chip que carrega o certificado digital e vai inserido no aparelho de telefone celular; e o Bradesco como banco que vai incorporar a inovação em seu internet banking. O diretor de Operações de Telemática da Serasa, Dorival Dourado, mo-


jurídica agora no celular derador do painel sobre o assunto na Telexpo 2006, explica que uma das grandes vantagens desse avanço é justamente agregar à mobilidade do celular todas as qualidades da certificação digital no meio virtual. Além disso, há uma redução de cerca de um terço dos custos, já que o certificado embutido no chip dispensa cartão e leitora. Para o presidente da Serasa, Elcio Anibal de Lucca, “essa inovação representa um grande passo em direção à maior segurança e confiabilidade em negócios na internet com a mobilidade do celular, utilizando a

mais avançada tecnologia, da qual o Brasil é vanguarda”. Desde a sua regulamentação com a MP 2200-2, o modelo de Certificação Digital estabelecido pelo Governo brasileiro, através da ICP-Brasil, tem sido amplamente utilizado pelo sistema financeiro nacional, pioneiro no uso da certificação digital. O Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB) foi o primeiro e grande usuário dessa tecnologia, em 2002. De lá para cá, vem se ampliando muito o uso e aplicação dos certificados digitais, seja dos Certificados de Assinatura (permitem a pessoas físicas e jurídicas a assinatura digital de documentos); dos Certificados de Servidor (servem para proteger websites, criando os chamados “sites seguros”); ou dos Certificados de Sigilo (executam a função de criptografia, ou seja, protegem dados ou textos de forma que somente destinatários designados tenham acesso). Com a assinatura certificada digitalmente, as instituições financeiras tornaram muito mais seguros e ágeis, com redução de custos, processos como contratos de câmbio, contratos de derivativos e emissão de cartas de fiança bancária, por exemplo. Adicionalmente, a utilização dos certificados digitais nas operações eletrônicas resultam na inversão do ônus da prova, e é um poderoso recurso para combate a fraudes virtuais. A Serasa, maior empresa do Brasil em pesquisas, análises e informações econômico-financeiras para apoio a decisões de crédito e negócios, foi a primeira empresa privada credenciada pelo Governo Federal para emitir certificados digitais no âmbito da ICP-Brasil, e está credenciada para emitir todos os tipos de certificados digitais previstos na legislação brasileira. Como Autoridade Certificadora, contribui para a realização de negócios no ambiente virtual com a máxima segurança.

Entenda a certificação digital Quando um cidadão tenta realizar algum tipo de transação ou serviço – financeiro ou comercial – é comum o estabelecimento pedir algum documento de identificação, para garantir a legitimidade do processo. Esse sistema de reconhecimento entre indivíduos, porém, pode ser realizado não só no mundo físico, mas também no mundo virtual, tarefa da certificação digital. Na prática, ela nada mais é do que uma carteira de identidade para o mundo virtual, um documento concebido eletronicamente que pretende assegurar a identidade e as informações transmitidas por determinado usuário. Entre seus principais benefícios está o acesso a serviços que anteriormente não eram possíveis via internet justamente pelo fato de a rede não proporcionar a segurança desejada. http://www.serasa.com.br/ certificados/index.htm 2


Guia do Empreendedor

PIB: o desafio continua... Ou os juros baixam em um ritmo mais acelerado ou a reeleição será uma possibilidade ameaçada Os resultados do crescimento econômico de um país são avaliados resumidamente por um indicador, o PIB (Produto Interno Bruto). Ele é a soma de todos os produtos e serviços produzidos em um determinado período de tempo. As medições acontecem, em geral, trimestral e anualmente, e no Brasil são realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. O que nos interessa, no entanto, é o que vem acontecendo com o nosso PIB e as expectativas para 2006. O ano que passou trouxe um resultado muito aquém do imaginado inicialmente pelo mercado e a diferença é ainda maior em relação ao discurso do Governo. O índice de 2,4% é mesmo pífio, fraquíssimo, principalmente quando nos situamos em relação a outros países. Ficamos com uma das últimas colocações no quesito crescimento. O vilão não é desconhecido, e responde pelo título de juros altos. Poderia responder também por equipe econômica extremamente conservadora, ou ultra-ortodoxia do Banco Central. É fato que o principal objetivo de um banco central é o de manter a estabilidade da moeda, mas a questão do desenvolvimento econômico também deve ser considerada, e o é em maior grau em outros países como

76 – Empreendedor – Março 2006

os Estados Unidos, por exemplo, o que significa uma procura pelo equilíbrio entre os monetaristas e os desenvolvimentistas. No nosso país é quase consenso entre os economistas que deveríamos ter um crescimento entre 4,5% e 5% do PIB para simplesmente manter os níveis de emprego e renda. E nos últimos anos não é isso que se tem visto. Já foi citada em inúmeras ocasiões a questão do “vôo da galinha”: crescimento mais acelerado em determinado ano com um número bem menor no ano seguinte. E esse vai-evem não interessa, até porque na média o crescimento acaba ficando abaixo do necessário. Entramos novamente em um ano eleitoral, e os últimos números do PIB ficaram bem abaixo do que gostaria o Governo. Esse era e continua sendo um ponto de apoio importantíssimo para o discurso de campanha. Será que o BC acabou jogando contra o palácio do planalto nos últimos dois anos por conta de uma independência efetiva? Nos parece que a resposta é óbvia e positiva. Mas e daqui para frente? Será que a possibilidade de reeleição do atual presidente se submeterá até o último momento à vontade e definições do comitê de política monetária do Banco Central? Essa pergunta enseja uma resposta negativa, afinal, o que mais importa para

um político são as eleições. Tudo o mais é decorrência ou meio para isso. Recentemente, um dos maiores bancos do país divulgou relatório com projeções para a taxa Selic, bem abaixo do que a grande maioria acredita. Enquanto o mercado apostava em 15,25%, essa instituição passou a apostar em “incríveis” 13,5% para o final do ano. Mas o que estaria justificando esse otimismo todo para a queda dos juros? Bem, primeiro temos hoje uma projeção de PIB que não é nada interessante para 2006, por volta de 3%, considerando-se os atuais indicadores econômicos e o perfil do BC, enquanto o Governo fala em até 5% de crescimento... Se conectarmos então a necessidade de um crescimento econômico maior, que impulsione a campanha eleitoral de Lula, teremos que ter em algum momento um rompimento da postura do Copom, ou uma ingerência clara do Governo para a maior redução dos juros. Não tem mágica: ou os juros baixam em um ritmo mais acelerado ou a reeleição será uma possibilidade ameaçada. “Particularmente” não acreditamos que o Governo esteja disposto a correr esse risco.

André Hahn Diretor-presidente da Leme Investimentos


Análise Econômica Carteira teórica Ibovespa NOME/TIPO AÇÃO

Acesita PN Ambev PN Aracruz PNB Arcelor BR ON Bco Itau Hold Finan PN Bradesco PN Bradespar PN Brasil T Par ON Brasil T Par PN Brasil Telecom PN Brasil ON Braskem PNA Caemi PN Celesc PNB Cemig ON Cemig PN Cesp PN Comgas PNA Contax ON Contax PN Copel PNB CRT Celular PNA Eletrobras ON Eletrobras PNB Eletropaulo Metropo PN Embraer ON Embraer PN Embratel Part PN Gerdau Met PN Gerdau PN Ibovespa Ipiranga Pet PN Itausa PN Klabin PN Light ON Net PN Petrobras ON Petrobras PN Sabesp ON Sadia SA PN Sid Nacional ON Souza Cruz ON Tele Centroeste Cel PN Tele Leste Celular PN Telemar Norte Leste PNA Telemar-Tele NL Par ON Telemar-Tele NL Par PN Telemig Celul Part PN Telesp Cel Part PN Telesp Operac PN Tim Participacoes ON Tim Participacoes PN Transmissao Paulist PN Unibanco UnN1 Usiminas PNA Vale Rio Doce ON Vale Rio Doce PNA Votorantim C P PN

PA R T I C I PA Ç Ã O I B OV E S PA

VARIAÇÃO % ANO (ATÉ JANEIRO/2006)

0,80 1,12 0,85 1,54 3,08 4,22 1,11 0,61 0,78 2,08 1,18 2,47 3,66 0,85 0,19 2,43 0,66 0,37 0,03 0,24 1,47 0,36 1,38 2,99 0,48 0,39 0,67 1,45 1,24 3,73 100,00 0,71 1,84 0,50 0,26 2,00 2,09 9,76 0,81 1,02 5,14 0,65 0,68 0,17 0,92 1,03 6,73 0,77 1,54 0,51 0,36 1,12 0,43 1,74 6,68 1,97 7,20 0,98

14,26 0,33 12,90 17,46 22,11 29,50 20,07 11,95 -2,15 5,57 30,68 -0,08 7,33 19,52 17,27 21,62 93,62 9,40 1,84 6,05 29,52 23,33 18,39 17,80 4,71 14,72 -6,32 -20,29 24,09 25,81 15,41 16,72 25,00 20,48 30,16 5,61 19,12 21,90 8,98 6,45 34,48 20,79 21,36 18,74 -1,26 4,69 -2,41 32,16 22,60 5,61 42,65 39,66 -3,33 28,71 28,78 9,37 7,94 12,07

Inflação (%) Índice IGP-M (fevereiro) IGP-DI IPCA IPC - Fipe

Janeiro 0,01 0,72 0,59 0,50

Juros/Aplicação

(%)

Fevereiro 1,14 1,08 0,57 1,03 -4,17

CDI Selic Poupança CDB pré 30 Ouro BM&F

Ano 0,93 0,72 0,59 0,50

Ano 2,58 2,53 1,31 2,32 1,30

até dia 28/2

Indicadores imobiliários Fevereiro 0,32 0,23

CUB SP TR

(%)

Ano 0,48 2,83

Juros/Crédito Fevereiro 21/fevereiro

(em % mês) Fevereiro 24/fevereiro

Desconto 2,44/4,58 Factoring 4,49/4,58 Hot Money 2,08/6,88 Giro Pré (*) 3,50

2,44/4,58 4,47/4,56 2,08/6,88 3,05

* taxa mês

Câmbio (em 3/3/2006)

Cotação R$ 2,1130 US$ 1,1917 US$ 116,21

Dólar Comercial Ptax Euro Iene

Mercados futuros (em 2/3/2006)

Abril

Maio

Junho

Dólar R$ 2,160 R$ 2,151 R$ 2,174 Juros DI 16,65% 16,46% 16,19% (em 3/3/2006)

Abril

Ibovespa Futuro

39.611 Março 2006 – Empreendedor – 77


Guia do Empreendedor

Agenda Em destaque INDEXSTOCK

9/3 a 19/3/2006

19ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO Parque Anhembi São Paulo/SP Telefone: (11) 4191-8188 site: www.bienaldolivrosp.com.br 14/3 a 17/3/2006

Revestir 2006 Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-7000 site: www.exporevestir.com.br

INDEXSTOCK

16/3 a 19/3/2006

Salão Internacional de Móveis e Decoração ITM Expo – São Paulo/SP Telefone: (55 11) 3151-4861 – site: www.exponor.com.br/salaodomovel Serão apresentadas as últimas novidades e tendências nacionais e internacionais do setor moveleiro e de decoração de alto padrão. O evento é considerado uma excelente oportunidade para expor os produtos, ampliar negócios e conquistar novos clientes. A feira recebe, todos os anos, visitantes profissionais qualificados, entre eles, lojistas, decoradores, arquitetos, importadores e designers de interiores.

14/3 a 17/3/2006

31/3 a 9/4/2006

Kitchen & Bath Expo

23ª Feira do Lar & Decoração

1/4 a 4/4/2006

Transamérica Expo Center São Paulo/SP Telefone: (11) 4613-7000 site: www.kitchenbathexpo.com.br

Hair Brasil 2006

15/3 a 18/3/2006

Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (11) 3063.2911 site: www.haibrasil.com O Hair Brasil 2006 – 5ª Feira Internacional de Beleza, Cabelos e Estética, é considerado o maior evento de atualização de conceitos, moda e lançamentos do setor de beleza. Este ano serão apresentadas novidades de mais de 400 marcas, além de informações nos congressos e shows. As principais redes de salões de beleza do país – como Soho, Maisson Payot, Studio W, Vimax Beauty, Hugo Beauty e Jacques Janine, já confirmaram presença nos shows do Hair Brasil.

78 – Empreendedor – Março 2006

Feira Internacional de Caprinos e Ovinos Centro Imigrantes São Paulo/SP Telefone: (11) 5073-7799 site: www.feinco.com.br 27/3 a 29/3/2006

Parque Barigüi Curitiba/PR Telefone: (41) 3335-3377 site: www.diretriz.com.br 4/4 a 8/4/2006

Feira Internacional da Indústria da Construção Expo Center Norte São Paulo/SP Telefone: (11) 3291.9111 site: www.feicon.com.br

Security Week – Brasil 2006

6/4 a 9/4/2006

Transamérica Expo Center São Paulo/SP (21) 2266-3130 site: www.securityweek.com.br

Centro de Exposições Imigrantes São Paulo/SP Telefone: (11) 5585.4355 site: www.cipanet.com.br

Reatech 2006

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor (www.empreendedor.com.br)


Março 2006 – Empreendedor – 79


80 – Empreendedor – Março 2006


Março 2006 – Empreendedor – 81


Empreendedor na Internet

www.empreendedor.com.br

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Site Empreendedor oferece conteúdo em formato RSS

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Desde o começo do mês de março, o site Empreendedor está oferecendo aos seus leitores conteúdo no formato RSS (também chamado de feeds), o que torna ainda mais prático e ágil o acompanhamento daquilo que é publicado no site. Através de endereços especiais e de programas ou sites específicos (veja sugestões mais abaixo) para a leitura de RSS, o internauta recebe as manchetes, um resumo e o link de cada novo conteúdo publicado no site. Por enquanto, o site Empreendedor está disponibilizando três endereços de RSS: – RSS-Conteúdo: traz as atualizações nas áreas Artigo, Entrevista, Perfil, Destaque, De Empreendedor para Empreendedor e Gestão (copie esse endereço http:// www.empreendedor.com.br/ rss.php?tipo=conteudo e cole no leitor de RSS). – RSS-Revista: mostra as atualizações da Revista Empreendedor, Revista do Varejo, Empreendedor Rural e Cartaz Arte & Cultura (copie esse endereço http:// www.empreendedor.com.br/ rss.php?tipo=revista e cole no leitor de RSS). – RSS-Agenda: que traz todos os eventos que estão para acontecer a um mês da data de geração do arquivo de RSS (copie esse endereço http://www.empreendedor.com.br/ rss.php?tipo=agenda e cole no leitor de RSS).

82 – Empreendedor – Março 2006

Sugestões de leitores de feeds FeedReader www.feedreader.com Um dos programas mais populares e práticos para a leitura de RSS. Download gratuito. Netvibes www.netvibes.com Este é um site que ajuda o internauta a organizar sua leitura de RSS. Basta fazer o cadastro grátis e depois adicionar os endereços de feeds do site Empreendedor clicando em “Adicionar conteúdo” e em seguida “Adicionar notícia”. É só colar o endereço RSS e clicar em “adicionar”.

No rodapé da página principal do site Emprendedor (www.empreendedor.com.br), você encontra os links de cada um dos feeds para copiar e colar no leitor de sua preferência (como mostra a imagem acima).

Saiba mais sobre RSS

pt.wikipedia.org/wiki/RSS

A enquete do mês de março do site Empreendedor questiona a respeito da participação em feiras e outros eventos comerciais. A pergunta da enquete é “Com que freqüência você participa (como expositor ou como visitante) de feiras e de outros eventos comerciais?”. As alternativas apresentadas são as seguintes:

Uma vez por ano

Mais de uma vez

Eventualmente

Nunca participa

Para votar, digite o endereço abaixo e escolha uma das alternativas. www.empreendedor.com.br /#enquete

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