Decorar 166 - Fernanda Rubatino

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Fernanda Rubatino

Visitação quarta a domingo das 11h às 17h, com permanência até às 18h

Visitas mediadas com educadores quartas, quintas e sextas às 11h, 14h, 15h e 16h e aos sábados, domingos e feriados às 14h

Rua Portugal 43

Jardim Europa

São Paulo SP

emaklabin.org.br

redes sociais @emaklabin

@romanzza.moema (11) 98332-3732

Rua Alameda dos Nhambiquaras, 1636, Moema, SP

@romanzzaperdizes (11) 98202-2182

Avenida Sumaré, 1401, Perdizes, SP

@romanzzasaudesp (11) 99359-0748

Avenida Jabaquara, 1146, Vila da Saúde, SP

PARA QUEM VIVE O MELHOR DA VIDA

SUMÁRIO

design de interiores | 14

Gisele Pacheco

coluna | 26

Silvia Grilli

design | 27

Design em foco

arquitetura | 30

Passos Arquitetura

entrevista | 34

Sierra Móveis

reforma | 36

Lúcia Manzano

decorar + | 39

Renata Ferreira Interiores

coluna | 40

Márcia Holland

exposição | 42

CASACOR SP 2025

arquitetura | 48

Diego Aquino

decorar + | 51

Studio Più

educacional | 54

Belas Artes

decorar + | 57

Daiane Altinolfi

opinião | 58

Juliana Fabrizzi

coluna | 60

Miguel Croce

conheça | 62

PASSOS ARQUITETURA | 30
GISELE PACHECO | 14
DIEGO AQUINO | 48
LÚCIA MANZANO | 36
by Alicante
saiba mais

LAR, DESIGN E EXPRESSÃO

Chegamos à edição 166 celebrando mais uma vez a força da arquitetura e do design de interiores como protagonistas da vida contemporânea. Nesta edição, nosso grande destaque de capa é o projeto da arquiteta Gisele Pacheco, que transformou uma residência em São Bernardo do Campo em um lar sofisticado, jovem e acolhedor. São dez páginas que revelam em detalhes como escolhas inteligentes de cores, mobiliário e acabamentos podem imprimir personalidade sem abrir mão da funcionalidade.

Na sequência, reunimos outros nomes de peso que dão forma e voz à arquitetura atual: Diego Aquino apresenta soluções criativas em um apartamento em Brasília; Thiago Passos mostra a força de um projeto elegante e atemporal; e Lucia Manzano assina uma reforma que redefine os limites entre estética e praticidade.

As colunas também enriquecem esta edição, com reflexões de Márcia Holland, Silvia Grilli e Miguel Croce, cada uma trazendo olhares singulares sobre o design.

O campo educacional ganha espaço com a Belas Artes, instituição que reafirma sua vocação em unir tradição e inovação, enquanto nossa entrevista exclusiva com Gustavo Tissot, da Sierra Móveis, revela os bastidores de uma das marcas mais admiradas do mobiliário nacional.

E não poderíamos deixar de lado a CASACOR São Paulo, maior mostra de decoração da América Latina, que nos conecta diretamente às tendências globais.

Boa leitura e inspiração!

Attos Henrique | @attosss

www.revistadecorar.com.br

@revistadecorar

facebook.com/revistadecorar TV Decorar

direção geral | publisher Sandra Leise Minchillo sandra@cidad3.com.br

editor

Attos Henrique jornalismo@cidad3.com.br

diretor de arte e diagramação Pedro Candaten arte@cidad3.com.br

estagiário de marketing Jonas Ferreira marketing@cidad3.com.br

comercial

Sandra Leise sandra@cidad3.com.br

Sugestões de pautas jornalismo@cidad3.com.br

Colaboradores

André Mortatti

Bianca Versolato

Camila Santos

Carolina Mossim

David Aranha

Everton Lopes

Fran Parente

Márcia Holland

Maura Mello

MCA Estúdio

Miguel Croce

Ricardo Duran

Robson Figueiredo

Silvia Grilli

Thiago Travesso

de•cor•ar é uma publicação de Cidad3

Avenida Brasil, 2125 - Jardim América, 01430-000, São Paulo - SP

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista sem a expressa autorização do Cidad3.

COLUNISTAS

MÁRCIA HOLLAND

Formada em artes, arquitetura e urbanismo, possui mestrado e doutorado na área de cores, além de especializações em neurociência e metodologias de projeto. Para se aprofundar nas questões de cores e percepção, participou de programas de aperfeiçoamento nas universidades de Harvard, Montreal, Salamanca, SUNY-NY e Inteligência Artificial pela UNICAMP. Membro do CMG USA - Color Marketing Group, atua como consultora em diversos setores produtivos e é professora universitária há 40 anos. Atualmente, ocupa o cargo de diretora de pesquisa do Portal de Tendências.

MIGUEL CROCE

Arquiteto e urbanista pela FAU-USP e pelo IST Lisboa, atua desde 2013 entre arquitetura, interiores e mobiliário. Desenvolve projetos autorais e residenciais de alto padrão, sempre com foco em soluções personalizadas que conciliam estética, praticidade e custos. Colabora com o Studio Gaibola em projetos high-end com ênfase em espaços expositivos de arte. Já trabalhou no RADDAR, participando do projeto de requalificação do Estádio do Pacaembu, e colaborou com Sol Camacho na elaboração de material didático para a Universidade de Ohio.

SILVIA GRILLI

Designer formada em Desenho Industrial, com especialização em Design de Interiores na Scuola Lorenzo de Médici, em Florença, construiu uma trajetória marcada por mais de 30 anos de inovação. Atuou em empresas e estúdios no Brasil e na Itália, onde estagiou com Enzo Mari. Fundadora de seu próprio estúdio de design, acumula prêmios e coleções de móveis presentes nas principais lojas do país. Hoje se dedica a pesquisas, curadoria, palestras e ao desenvolvimento de linhas autorais, além de lecionar como professora convidada no Senac e no IED.

O conforto dos móveis é o verdadeiro luxo.

Peças exclusivas que celebram o viver bem. @hindimoveis

Projeto por Trigo Arquitetura Fotografia por Sidney Doll

design de interiores | Gisele Pacheco

ENTRE O CONTEMPORÂNEO

E O PROVENÇAL

EM SÃO BERNARDO DO CAMPO, A ARQUITETA GISELE PACHECO TRANSFORMOU UMA RESIDÊNCIA

EM UM LAR SOFISTICADO, JOVEM E ACOLHEDOR COM TOQUES DE COR ESTRATÉGICOS

Atransformação de uma casa já mobiliada em um verdadeiro lar personalizado foi o desafio abraçado pela arquiteta Gisele Pacheco. Com 25 anos de experiência, ela soube imprimir a identidade dos moradores em cada ambiente, com a criação de espaços que respiram sofisticação e acolhimento. “Eles já haviam feito outros projetos comigo e, desta vez, queriam uma casa jovem e alegre, ideal para receber familiares e amigos”, conta Gisele.

O norte criativo foi a substituição de acabamentos por materiais nobres e a aposta em cores claras, com pequenos pontos de cor em ambientes estratégicos. As salas integradas seguem uma paleta neutra, destacando-se pelo uso de pedra natural no painel do estar, que garante atemporalidade ao espaço.

A cozinha é o grande xodó da família. Com inspiração provençal, recebeu um tom azul suave aliado à praticidade da bancada em lâmina sinterizada, resultando em um ambiente charmoso e funcional. Entre os ambientes sociais, merece destaque a adega em madeira, desenhada para armazenar vinhos, cristais e garrafas especiais, incluindo ainda uma adega climatizada. Esse espaço se tornou ponto de encontro em reuniões e celebrações.

Foram seis meses entre projeto e execução para que a residência se tornasse realidade. “A casa é o nosso melhor lugar do mundo. E meu foco na arquitetura de interiores é justamente criar espaços que acolham, emocionem e tragam praticidade ao dia a dia”, enfatiza a arquiteta.

Fotos: Bianca Versolato

design de interiores | Gisele Pacheco

No living, a parede de destaque, revestida com mosaico de pedra natural em padrão irregular da Santa Bárbara Acabamentos, cria um ponto focal marcante que dialoga com a paleta terrosa do mobiliário fornecido pela Hindi Móveis

design de interiores | Gisele Pacheco

O living integrado tem sofá caramelo complementado por prateleiras em madeira natural com objetos decorativos dourados e plantas

design de interiores | Gisele Pacheco

Ao adentrar a casa é possível ter uma vista panorâmica dos ambientes sociais, todos integrados. A iluminação linear no teto e os pendentes dourados criam camadas de luz, enquanto o tapete da Santa Mônica com textura delimita a sala de TV com sofás em tons neutros

A transformação realizada por Gisele Pacheco revela sua sofisticação nos detalhes: o painel de TV integrado à marcenaria, o sistema de climatização discretamente posicionado no teto, e a escada com guarda-corpo de vidro que adiciona transparência ao conjunto

Fotos: Bianca Versolato

A adega personalizada em madeira natural com iluminação LED integrada, foi projetada para acomodar vinhos, cristais e garrafas especiais. O espaço conta com adega climatizada embutida e poltronas verdes em couro que criam um ambiente íntimo, perfeito para degustações

Fotos: Bianca Versolato
A cozinha com inspiração provençal destaca-se pelos armários em tom azul suave que dialogam com a bancada em revestimento calacata gold de•cor•ar
Fotos: Bianca Versolato
A generosa mesa circular acomoda cadeiras de tons neutros e formas orgânicas, enquanto o pé-direito duplo com claraboia garante abundante luz natural ao ambiente. Um detalhe que chama atenção é o banco Coral, assinado pelo designer Emerson Borges

design de interiores | Gisele Pacheco

A ilha central da cozinha serve tanto para preparo quanto para refeições casuais. Os armários azuis em estilo provençal se estendem até o teto, maximizando o armazenamento, enquanto os eletrodomésticos em aço inox garantem funcionalidade ao ambiente gourmet

A cozinha tem layout linear que otimiza o espaço pela distribuição inteligente: eletrodomésticos integrados, coifa em aço inox e puxadores que reforçam a horizontalidade

Fotos: Bianca Versolato

design de interiores | Gisele Pacheco

A cozinha em se integra naturalmente à sala de jantar, criando um ambiente acolhedor onde cada refeição se transforma em celebração

O diálogo entre a cozinha provençal e a sala de estar revela a harmonia do projeto, onde o painel de pedra natural conversa com as linhas elegantes

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Fotos: Bianca Versolato

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100 ANOS DO ART DÉCO: UM

ESTILO CUJA ATEMPORALIDADE

PERMANECE VIVA NO DESIGN

No início do século 20 o presidente da Société des Artistes Décoratifs da França, Rene Guilleré, propôs um evento internacional a fim de reafirmar a supremacia do design francês perante a concorrência alemã da Bauhaus. A ideia de inovação foi refletida nas diretrizes da exposição, que exigiam obras inéditas e excluíam qualquer reprodução de estilos históricos. Ali nascia um novo estilo, impulsionado por movimentos artísticos de vanguarda, mas acima de tudo uma nova proposta de ornamentação na Arquitetura e nas Artes. Historicamente o Art Déco teve como marco principal a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em Paris em 1925.

Assim como as demais obras influenciadas pelo estilo, a arquitetura Art Déco combina um elementos tradicionais com um desenho mais limpo, artesanato e materiais finos como jade, laca e marfim. Como sucessor dos movimentos Arts and Crafts e Art Nouveau, o Art Déco também recebeu influência do Cubismo e foi fortemente inspirado na estética oriental de

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países como China e Japão. Toda essa mescla de linguagens foi considerada “luxuosa”, tendo sido incorporada pela burguesia enriquecida do pós-guerra.

A exuberância do estilo Art Déco, pontuada por geometria ornamental, cores puras e materiais nobres, foi rapidamente assimilada na moda, na joalheria, na arquitetura e na decoração. Surgido nos “loucos anos 1920”, logo após o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e num período de profundas transformações no mundo como automóveis produzidos em massa, crescimento da aviação comercial, popularização do rádio e expansão do cinema, o Déco representa uma proposta de modernidade e um legado que resistiu ao tempo.

A partir dos anos 1930 o estilo passa a dialogar mais estreitamente com a produção industrial e a possibilidade da reprodução em massa. Nesse período, o Art Déco assume uma postura mais moderada, incorporando materiais como concreto e aço inoxidável. É neste

momento que surgem as obras arquitetônicas mais icônicas do estilo como o Rockfeller Center e o Empire State, todos em Nova York, trazendo à tona uma nova linguagem para os arranha-céus que cortavam o skyline da cidade na época, representando uma sociedade moderna e tecnológica.

No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro é um expoente do estilo, apresentando algumas obras importantes como o Teatro Carlos Gomes, a Estação Central do Brasil e a própria escultura do Cristo Redentor, que é considerada a maior escultura do estilo existente até hoje. As composições do estilo Art Déco exploram fortemente as formas geométricas, destacam-se pela aplicação de verdes e avermelhados, estampas sofisticadas, tapeçarias com franjas e detalhes em dourado. Todos estes elementos estão presentes no design atual, afirmando sua atemporalidade. A abundância de obras publicadas sobre este estilo é uma prova de sua contínua importância na evolução da Arte, da Arquitetura e do Design.

Foto: Attos Henrique

DESIGN EM FOCO

O design ganha força no Brasil com criações que vão além da funcionalidade. Designers exploram contrastes ousadosdo cristal brutalista à madeira artesanal - dialogando com memórias afetivas e reinterpretando códigos clássicos. Confira!

SERTÃO VIRA MAR

O f.studio lança a coleção “O Sertão Vai Virar Mar”, uma narrativa poética sobre a jornada entre terra árida e águas prometidas. Criada pela dupla Fernando e Flávia, a linha combina vidro soprado, latão maciço e mármore em peças que celebram a travessia do sertanejo. Da luminária Barquinho, com base que lembra bolha e cúpula em velas dobradas, aos castiçais Cruzeiro do Sul que materializam constelações em latão, cada item conta histórias de sonhadores em movimento. A coleção transforma elementos da natureza nordestina em objetos funcionais carregados de simbolismo.

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TEXTURA E EQUILIBRIO

A cadeira Castanha do Estúdio Carmine é feita em madeira maciça Tauari, com texturas entalhadas à mão, que simboliza o ato de revelar a beleza oculta na natureza. Inspirada na cultura brasileira, a cadeira equilibra forma e conforto e está disponível com assento e encosto em madeira, assento estofado ou com ambos estofados.

ESCULTURA FUNCIONAL

Criado pelo designer Geovani Baroni, o espelho ‘Pedra No Ar Branco’ é uma obra que desafia a gravidade. A peça conta com um espelho prateado suspenso por uma corda de algodão em macramê, enquanto duas esculturas em bronze maciço, moldadas por fundição artesanal, conferem um contraste de texturas e materiais.

CONVITE AO ACONCHEGO

O sofá Afeto criado pela designer Mariana Prestes para a marca Verse foi inspirado em memórias de infância, bordados e crochês. A elegância bicolor e a combinação de texturas criam uma experiência visual e tátil única. Com design que remete ao retrô, mas com uma linguagem contemporânea, a peça foi pensada para gerar conforto e criar momentos de convívio, como uma reunião em família.

FORMAS MODERNAS

A mesa Arco integra a coleção Alvorada, resultado da parceria entre a +55design e os designers Sig Bergamin e Murilo Lomas. Combinando madeira, couro e vidro, a mesa se destaca pelas suas linhas curvas que remetem ao design modernista.

VOLUME E LEVEZA

A cadeira Bulbo, de Eduardo Trevisan, combina a robustez da madeira maciça Tauari com um design de linhas suaves e orgânicas. A peça equilibra volumes generosos e contornos bem definidos, transmitindo uma sensação de resistência e acolhimento.

CRISTAL BRUTALISTA

A coleção “Four Seasons” de Olga Treivas é composta por quatro vasos de cristal incolor. Descrita como “brutalismo - mas de cristal”, a linha celebra a dureza do material, contrariando sua fragilidade e elegância tradicionais. Os vasos são inclinados de 5 a 40 graus e sua base angular, combinada com diferentes técnicas de lapidação, representa a transição entre os estados da natureza.

arquitetura | Passos Arquitetura

PAVILHÃO FAMILIAR

COM TRAÇOS SUAVES, SOLUÇÕES INTELIGENTES E UMA PALETA INSPIRADA NA PATAGÔNIA, O PROJETO DO ESCRITÓRIO PASSOS ARQUITETURA TRANSFORMA O COTIDIANO DE UMA FAMÍLIA

EM UMA EXPERIÊNCIA DE FLUIDEZ E IDENTIDADE

Entre volumes suaves e tons naturais, o living principal se revela como o coração da casa. A marcenaria em carvalho claro, aliada à iluminação difusa e ao mobiliário de linhas orgânicas, constrói uma atmosfera de serenidade. Elementos modulares favorecem a flexibilidade do uso, enquanto superfícies contínuas e texturas aconchegantes criam um cenário onde a funcionalidade é protagonista

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Fotos: André Mortatti

arquitetura | Passos Arquitetura

Assinado pelo escritório Passos Arquitetura, o Apartamento MC, em São Paulo, materializa o desejo de um casal com três filhos pequenos por um lar que refletisse sua identidade e rotina. Para além das demandas de uma família numerosa, o projeto precisava abrigar também a equipe fixa que auxilia no dia a dia, sem abrir mão da fluidez e do conforto. Com 270 m², o imóvel passou por uma transformação para refletir uma nova forma de habitar. Uma das decisões centrais foi eliminar um dos dormitórios para ampliar a área social e, assim, o living passou a ser coração pulsante do apartamento. Essa mudança permitiu criar um grande pavilhão que conecta os ambientes de maneira fluida e orgânica. A planta foi reorganizada a partir de dois blocos contrastantes, que equilibram densidade e leveza. De um lado, estão os espaços mais introspectivos como jantar, sala íntima e corredores, marcados por madeira natural e iluminação quente. Do outro, áreas como sala de TV, entrada e circulação de serviço ganham uma atmosfera mais clara e iluminada. Na contramão da tendência de cozinhas integradas, a proposta aqui foi manter o ambiente fechado, por conta da alta frequência de uso e da presença de até três funcionários em tempo integral. Ainda assim, a arquitetura estabelece conexões visuais por meio de painéis deslizantes, materiais translúcidos e iluminação contínua, que costuram os espaços com suavidade. A paleta de materiais e cores foi inspirada em uma viagem dos moradores à Patagônia. O desejo da cliente de viver em um lugar onde se sentisse “livre, mas abrigada” norteou a escolha por tons suaves, como branco e carvalho natural, que remetem à vegetação densa e às paisagens nevadas da região andina.

“Nosso conceito foi conectar todos os ambientes, não apenas por portas, mas por transparências. Instalamos bandeiras de vidro acima das divisórias para manter o olhar fluido e acompanhar o movimento da casa mesmo de cômodos separados”, explica o arquiteto Thiago Passos.

O living ampliado revela a paleta patagônica em tons de branco e carvalho natural. O forro de madeira e as transparências criam conexões visuais fluidas, materializando o desejo dos moradores

Inserida no bloco introspectivo do projeto, a sala de jantar combina madeira natural e iluminação quente. Os materiais translúcidos garantem conexões visuais com os demais ambientes, mantendo a fluidez do apartamento mesmo nos espaços mais reservados

A iluminação valoriza o uso de barrisóis, lonas tensionadas translúcidas que simulam a luz zenital e criam uma atmosfera difusa e acolhedora. A solução foi adotada para contornar o pé-direito mais baixo, causado pela infraestrutura do ar-condicionado central, e resultou em forros fragmentados que distribuem luz com leveza e ampliam a percepção espacial

Mantida fechada por questões funcionais, a cozinha não perde a conexão com os outros ambientes graças aos painéis translúcidos e à continuidade da paleta de cores. O ambiente concilia as demandas de uma família numerosa com a presença da equipe de apoio doméstico

A inspiração na Patagônia atinge sua expressão mais pura no banheiro master, onde o branco remete às paisagens nevadas e o carvalho natural aquece o ambiente. As superfícies translúcidas e a luz abundante criam um refúgio que equilibra liberdade e acolhimento

Fotos: André Mortatti

SIERRA MÓVEIS EXPANDE HORIZONTES

Com mais de três décadas de história, a Sierra Móveis é referência no mobiliário de alto padrão, unindo tradição artesanal, matérias-primas nobres e inovação constante. Para marcar uma nova fase, a marca inaugura em São Paulo um office corporativo exclusivo, pensado para receber arquitetos, designers e grandes parceiros do setor. Conversamos com Gustavo Tissot, vicepresidente do Grupo Sierra, que compartilhou os valores que sustentam a empresa e os diferenciais do novo espaço. Confira!

A Sierra Móveis é reconhecida por sua tradição e excelência no mobiliário de alto padrão. Quais valores e pilares sustentam a marca desde sua fundação até os dias de hoje?

Desde 1990, a essência da Sierra sempre foi unir design, qualidade e propósito. Fazer móveis vai além de criar peças bonitas, trata-se de entregar experiências e construir relações sólidas. Ética, atenção às tendências, distribuição seletiva e respeito às pessoas sempre fizeram parte do nosso DNA. Também não abrimos mão da inovação, da sustentabilidade e de valorizar quem faz diferente. Produzimos de forma artesanal, com matérias-primas certificadas e processos que garantem que cada peça tenha alma. É isso que mantém a Sierra relevante e desejada há mais de 30 anos.

A inauguração do novo office corporativo em São Paulo marca um novo momento da empresa. O que motivou essa expansão?

São Paulo é o coração do mercado corporativo e concentra projetos estratégicos da América. O objetivo não foi apenas “ter presença”, mas criar um ponto de encontro exclusivo para profissionais e clientes que buscam projetos de alto padrão. O office também funciona como um business center de apoio aos nossos

Gustavo Tissot, vice-presidente do Grupo Sierra

lojistas que atuam em toda a América Latina, Portugal e Estados Unidos.

Como esse novo espaço traduz a identidade da Sierra?

O office é a Sierra em versão concentrada. Cada detalhe foi pensado para transmitir o que nos move: design sofisticado, materiais nobres e acabamento impecável. As amostras de pisos, painéis e esquadrias não estão ali só para exposição, mas para proporcionar uma experiência prática. É um espaço para vivenciar, co-criar e se inspirar.

Quais são as principais novidades que a Sierra apresenta no novo office?

Além do mobiliário de luxo que já é conhecido, estamos trazendo três novas linhas que ampliam nossa atuação e oferecem soluções completas para o mercado:

Linha de Pisos em Madeira Maciça – com durabilidade, conforto e sofisticação.

Linha de Painéis de Revestimentos –ideais para valorizar paredes e criar identidade visual forte.

Linha de Esquadrias – portas e janelas de madeira maciça com tecnologia de alto desempenho em isolamento térmico e acústico.

Essas linhas conversam entre si e com o mobiliário, permitindo criar projetos totalmente integrados, da estrutura ao acabamento final.

O mercado de luxo está cada vez mais atento à sustentabilidade. Como a Sierra vem se preparando para esse novo cenário?

O novo consumidor busca exclusividade, personalização e consciência ambiental. Mantemos nossa produção fatto a mano, mas incorporamos tecnologia para maior precisão e eficiência. Todas as nossas matérias-primas são certificadas e os processos respeitam o meio ambiente. Além disso, buscamos oferecer soluções integradas, olhando o projeto como um todo. Queremos ser reconhecidos não apenas pela beleza do design, mas também pela inteligência e sustentabilidade das nossas entregas.

Fotos: Divulgação

Os painéis de revestimentos é uma das novidades da marca
As esquadrias da Sierra são produzidas em madeira maciça
A Sierra apresenta no Office em São Paulo sua linha de pisos em madeira maciça

A reforma da arquiteta Lúcia Manzano criou um ambiente fluido e luminoso, onde a poltrona Mole de Sergio Rodrigues se destaca em meio à paleta de brancos e verdes. O amplo caixilho original conecta interior e exterior, enquanto o mobiliário brasileiro reforça a identidade modernista da residência paulistana

LUZ E ESSÊNCIA

REFORMA RESGATA A ARQUITETURA MODERNISTA DA CONSTRUÇÃO COM INTEGRAÇÃO TOTAL, MOBILIÁRIO BRASILEIRO E UM JARDIM QUE SE TORNA PROTAGONISTA

Localizada em São Paulo, uma residência modernista de 300 m² ganhou nova vida pelas mãos da arquiteta Lúcia Manzano. Linhas retas, pé-direito alto e ambientes amplos eram a essência original da residência, mas anos de intervenções haviam fragmentado a planta e reduzido a entrada de luz natural. O projeto partiu de um objetivo claro: valorizar a arquitetura existente, eliminar

excessos e reorganizar o espaço de forma fluida. A área social foi completamente redesenhada para integrar salas de estar, jantar, home e cozinha por meio de um eixo central que se abre para o novo jardim nos fundos. A demolição de paredes internas e parte da edícula foi decisiva para criar amplitude e luminosidade, o que permitiu que a vegetação se tornasse pano de fundo para as aberturas da casa. Hoje, interior e exterior se encontram em equilíbrio, com um espaço verde que convida a permanecer. Na ambientação, peças de design brasileiro reforçam a conexão com a identidade modernista. A icônica poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, em couro caramelo, se destaca em meio à paleta clara de brancos e verdes, escolhida para valorizar a vegetação e realçar os pisos e caixilhos originais.

Fotos: Maura Mello
reforma | Lucia Manzano

A demolição de paredes internas criou um eixo central que integra todas as áreas sociais, revelando a escada original em mármore com guarda-corpo geométrico em metal. O piso de madeira em padrão geométrico preservado conecta visualmente todos os ambientes, da sala de estar ao fundo até a área de jantar

O espaço de TV integrado ao living revela o pé-direito alto e linhas retas da arquitetura modernista original. A abertura ao fundo conecta diretamente com o jardim, enquanto a poltrona Butterfly em couro bordô e o mobiliário brasileiro em madeira complementam a paleta de brancos e verdes do projeto

reforma | Lucia Manzano

A cozinha ganhou configuração em L com ilha central funcional, preservando o armário original em madeira complementando com nova marcenaria em verde suave. Os pendentes laranjas criam pontos de cor vibrante no ambiente, enquanto as banquetas em tons terrosos completam a paleta

A sala de jantar evidencia como o jardim se tornou protagonista do projeto e serve de pano de fundo exuberante através das amplas aberturas. O conjunto de mesa e cadeiras brasileiras em madeira e palhinha dialoga com o pendente verde e cria um mix harmônico de referências

INSPIRAÇÃO CARIOCA

PROJETO DE 75M² EM SÃO PAULO UNE CORES VIBRANTES PARA CRIAR AMBIENTE ACOLHEDOR

QUE CONECTA DUAS CIDADES

Neste projeto, a designer de interiores Renata Ferreira transfo-rmou um apartamento de 75m² em Perdizes para receber uma jovem que saiu do Rio de Janeiro para estudar em São Paulo. O desafio era criar um ambiente que diminuísse a distância entre sua cidade natal e o novo lar. Com estilo boho chic, a designer apostou na integração total dos ambientes sociais. A paleta mescla tons terrosos e vibrantes aplicados nos revestimentos de cada ambiente, enquanto as persianas de madeira trazem textura extra aos espaços. “A Portobello está sempre presente em meus projetos, é a marca que mais uso para revestimentos desde o início. Além de entregar uma qualidade superior, ela possui um atendimento pós-venda excelente”, destaca Renata sobre a parceria com a Portobello São Bernardo do Campo.

Amplitude e luz natural definem a sala de estar do projeto. O sofá coral, as persianas de madeira e o janelão criam um ambiente acolhedor, que traduz a descontração carioca em São Paulo

Unificando toda a proposta, o Yass Off White reveste os pisos da cozinha, área de serviço, lavabo e banheiro, para garantir a continuidade visual e amplitude aos ambientes

No banheiro, a dupla de revestimentos da Portobello Terralma Serido com Yass Off White resulta em uma composição equilibrada entre o terroso e o clean, enquanto a porta azul finaliza o conjunto com um toque de cor

Portobello Shop São Bernardo do Campo @portobelloshopsbc R. Continental, 405, Jardim do Mar, São Bernardo do Campo, SP Tel: (11) 3181-7373

Renata Ferreira Interiores @rf_interiores (11) 99918-6113 | (11) 99745-5858 renata@rfinteriores.com.br

Fotos: David Aranha

CMF: A ESSÊNCIA DAS CORES NO DESIGN DE INTERIORES CONTEMPORÂNEO

AS CORES NÃO

APENAS

PREENCHEM OS ESPAÇOS. ELAS MOLDAM PERCEPÇÕES, DESPERTAM SENSAÇÕES E CONSTROEM EXPERIÊNCIAS MEMORÁVEIS

OCMF – Cor-Material-Acabamento nasceu nos bastidores da indústria automotiva, ganha hoje protagonismo também na arquitetura. Lidar com CMF é entender que a cor, a textura, os padrões e os acabamentos possuem propriedades sensoriais, emocionais e cognitivas que impactam diretamente no comportamento dos usuários. Portanto, nosso papel como arquitetos e designers não se limita à estética — ele expande-se para criar bem-estar, conforto emocional e segurança sensorial.

A cor como protagonista sensorial

A cor exerce um papel central na construção da experiência sensorial dos espaços. Pesquisas recentes nas áreas de neurodesign e percepção visual comprovam que o cérebro humano interpreta os estímulos cromáticos de forma quase instantânea, antes mesmo de processar as informações volumétricas, espaciais ou de detalhamento arquitetônico. Ao ingressar em um ambiente, os estímulos cromáticos ativam primeiramente áreas do cérebro relacionadas ao aparato visual e, imediatamente, aos circuitos neurais e de memória. Dessa forma, a cor não apenas é percebida, mas sentida, criando uma resposta emocional que antecede qualquer julgamento consciente sobre proporções, formas ou mobiliário. Ao mesmo tempo, nenhuma cor é percebida de maneira isolada. O fenômeno cromático depende da interação da luz com os materiais, suas texturas, padrões e acabamentos — sejam eles foscos, polidos, acetinados, translúcidos ou rústicos. Portanto, a definição de uma paleta cromática no

Foto: divulgação

projeto de interiores não pode ser tratada como uma etapa isolada, tampouco como um elemento meramente decorativo no mood board. Ela deve ser pensada de forma integrada entre o usuário e como o espaço será qualificado em termos de cores, materiais e acabamentos.

O olhar além do óbvio: o CMF enquanto princípio

Ao incorporar o CMF em projetos, os profissionais passam a entender que a definição das cores não ocorre no fechamento do projeto: é uma decisão que nasce junto à forma e ao conceito. As cores, materiais e superfícies dialogam entre

si, construindo aquilo que chamamos de resultado perceptivo.

Imagine um espaço que deverá transmitir frescor e leveza. Não basta aplicar o verde “certo” ou escolher um azul qualquer. Cada indivíduo carrega códigos afetivos que estão associados às cores. Para alguns, o verde pode ser regenerativo e relaxante; para outros, pode evocar memórias desconfortáveis, dependendo de suas experiências pessoais. É por isso que o conceito de “Inventário de Cores”, desenvolvido e apresentado no meu livro, torna-se uma ferramenta indispensável. Ele permite mapear os códigos sensoriais, emocionais e culturais

dos usuários, garantindo que as escolhas cromáticas não sejam genéricas, mas profundamente alinhadas às necessidades emocionais de quem irá habitar ou trabalhar no espaço. Além disso, fatores como iluminação, textura, proporção dos materiais e até o entorno visual são determinantes na forma como a cor será percebida. A escolha da cor, portanto, torna-se uma decisão neurocientífica e estratégica, profundamente alinhada à criação de experiências afetivas, cognitivas e sensoriais nos espaços.

O futuro da cor no morar contemporâneo O futuro da cor no morar contemporâneo não pode mais ser pensado apenas como uma escolha estética ou decorativa. A cor assume, cada vez mais, um papel estratégico, neurocientífico e sensorial, capaz de influenciar emoções, comportamentos e até a saúde mental dos indivíduos dentro dos espaços que habitam. Nesse contexto, observa-se uma mudança radical na maneira como as cores são escolhidas e aplicadas no design de interiores. O futuro do morar mesclam funções de habitar, trabalhar, socializar e descansar. O design regenerativo, conceito criado nos anos 1980, emerge como um dos pilares do morar contemporâneo, coloca o CMF como elemento fundamental na construção de narrativas sensoriais alinhadas à natureza e aos ciclos vivos. Portanto, o futuro da cor no morar contemporâneo é, antes de tudo, sensível, regenerativo, tecno consciente e emocionalmente sofisticado. Mais do que seguir tendências passageiras, os profissionais que dominam a linguagem da cor associada ao CMF estão desenhando espaços que cuidam, acolhem e despertam nas pessoas uma nova consciência sobre o habitar. Uma consciência onde a cor não é acessória — é matéria, é emoção e é estratégia neuro espacial.

coluna | Márcia Holland

exposição | CASACOR SP 2025

NATUREZA EM CENA

PELA PRIMEIRA VEZ SEDIADA NO PARQUE DA ÁGUA BRANCA, A 38ª EDIÇÃO

DA

CASACOR UNIU ARQUITETURA, DESIGN E NATUREZA COM O TEMA “SEMEAR SONHOS”

ACASACOR São Paulo 2025 chegou ao fim no dia 3 de agosto, mas os ecos de sua beleza e inovação ainda reverberam na cena do design nacional. Nesta edição, a mostra ocupou pela primeira vez o Parque da Água Branca, no coração da cidade, um espaço tombado com mata atlântica preservada e atmosfera bucólica. Com mais

de 10 mil m² de área construída, a mostra se espalhou de forma orgânica por construções históricas e pavilhões adaptados com o mínimo de interferência. A vegetação exuberante do parque, com suas trilhas sombreadas e sons da natureza, foi parte da experiência. Com o tema “Semear Sonhos”, os 73 ambientes apresentados exploraram

o desejo contemporâneo por conexões mais genuínas: com a natureza, com a memória afetiva e com a arquitetura que acolhe. A Revista Decorar traz uma cobertura exclusiva de ambientes que se destacaram na mostra e reforçaram a proposta de um design sensível e conectado com o entorno.

Estúdio Verso | Paola Ribeiro

Com 112m², o Estúdio Verso, assinado por Paola Ribeiro, é um refúgio urbano que convida à introspecção, à pausa e ao sonho. Inspirado nos pied-à-terres e guiado por uma estética sensível, o projeto propõe um morar contemporâneo fluido e multifuncional, integrando living, cozinha, quarto e banheiro em dois níveis que equilibram amplitude e acolhimento. A atmosfera combina texturas naturais, mobiliário assinado e peças garimpadas. A paleta neutra, a marcenaria sob medida e a iluminação bem dosada destacam a materialidade e promovem cenas de contemplação. Com soluções sustentáveis e o uso de materiais recicláveis, o projeto valoriza o design consciente e a conexão com a natureza, visível nas grandes janelas voltadas para o verde.

Fotos: MCA Estúdio

Living

do colecionador | Dado Castello

Com 100m², o “Living do Colecionador”, assinado por Dado Castello Branco, foi pensado como um espaço de acolhimento, memória e conexão. Dividido entre hall, living e copa-bar, o ambiente propõe um encontro entre design contemporâneo, arte e cultura. A composição reúne mobiliário assinado — com peças da ETEL, +55 Design, Entreposto, Sergio Rodrigues e Jequitibá, nova marca de Guilherme Castello Branco — e obras de arte de nomes consagrados, como Vik Muniz, Bob Wolfenson, Slim Aarons, Cristina Canale e Marcos Chaves. A ambientação destaca ainda referências à música e à literatura, e revela uma atmosfera intimista, elegante e afetiva.

Jardim Tropical | Elkis Paisagismo

Na estreia da nova fase do escritório ELKIS+, Gilberto e Caroline Elkis criaram um jardim tropical que propõe uma imersão sensorial e poética em meio à vegetação exuberante do Parque da Água Branca. O projeto celebra o encontro entre gerações, o diálogo com o bioma local e uma estética refinada que busca acolhimento e contemplação. Com trilhas sinuosas e vegetação abundante, o espaço reúne espécies tropicais como bananeira rosa (Musa ornata), costela-deadão, pacova, strelitzia e figueira, priorizando plantas nativas ou adaptadas ao clima paulistano. A composição privilegia a biodiversidade e cria um refúgio à altura do olhar, onde as paisagens se revelam em camadas.

Fotos: Fran Parente
Fotos: Carolina Mossim

A “Adega Legado”, assinada por Gabriel Rosa, é um rito de memória, pertencimento e resistência. Com 33m², o espaço resgata as origens africanas do vinho e propõe uma experiência sensorial que valoriza a identidade negra por meio da arquitetura. A madeira esculpida, a penumbra acolhedora e os elementos silenciosos, mas carregados de significado, transformam o local em um altar ao tempo e à ancestralidade. O vinho deixa de ser apenas uma bebida para se tornar símbolo de permanência e celebração. A proposta convida ao recolhimento e à contemplação, reafirmando o poder transformador da arquitetura como expressão de história, legado e continuidade.

Com 170m², a “Casa Paulistana”, assinada por João Panaggio, é uma das poucas estruturas construídas do zero na edição de 2025 e se destaca pelo reaproveitamento de materiais, como a estrutura metálica da CASACOR Rio, e pelo compromisso com práticas sustentáveis. A planta, baseada em um triângulo irregular, organiza os ambientes de forma fluida, com luz natural abundante filtrada por claraboias e aberturas precisas. Inspirado pelo modernismo tropical, o projeto valoriza materiais naturais e reciclados. O mobiliário reúne peças assinadas por grandes nomes do design brasileiro, enquanto a arte, elemento central da proposta, exibe obras de artistas contemporâneos do país.

Casa Paulistana | João Pannagio
Fotos: Camila Santos
Fotos: MCA Estúdio

Casa de Novela | Gabriel Fernandes

Com 90m², o ambiente assinado por Gabriel Fernandes propõe um olhar sensível, poético e feminino sobre o morar contemporâneo, inspirado no estilo de vida carioca e na estética das novelas. A “Casa de Novela” evoca memórias afetivas com referências ao Leblon e às personagens icônicas da teledramaturgia brasileira, como as Helenas de Manoel Carlos, figuras fortes, complexas e humanas. O projeto equilibra tradição e contemporaneidade com soluções que aliam suavidade e força, destacando elementos como a estante inspirada na fachada do Palácio Gustavo Capanema, que reinterpreta conceitos de conforto ambiental em linguagem moderna, e o teto que remete à laje do Museu de Arte Moderna do Rio.

Studio Oniria | Rodolfo Consoli

Com 65m², o Studio Oniria, assinado por Rodolfo Consoli, aposta em uma atmosfera dramática e sofisticada, marcada por tons avermelhados, tecidos como o veludo e uma curadoria precisa de peças de arte, mobiliário e objetos decorativos. O projeto tem como protagonista a cozinha em inox da linha Ino Doc., desenvolvida em parceria com a Evviva, que se destaca pela combinação com o mármore vermelho e pelo visual ousado. No living, móveis de Jorge Zalszupin, cortinas de veludo bordô e um lustre italiano dos anos 70 reforçam a elegância do ambiente. No quarto, o armário da linha Leggera, com portas de vidro e interior personalizado, complementa a proposta sensorial do projeto.

Fotos: MCA Estúdio
Fotos: MCA Estúdio

Com 89m², o projeto de Gleuse Ferreira homenageia a arte, cultura e natureza do sertão nordestino, refletindo a renovação que o verde traz após as chuvas. Inspirada pelo Parque da Água Branca e pelas memórias de sua terra natal, a arquiteta criou um espaço que une rusticidade e modernidade, valorizando artistas e artesãos locais. O ambiente destaca materiais naturais como o quartzito Del Mare na bancada da recepção e o revestimento cimentício no piso, preservando elementos originais com intervenções delicadas. A bilheteria funciona como um living acolhedor, com mobiliário de formas curvas, tapete roxo, papel de parede com folhagens e uma luminária inspirada nos balões juninos. Toda a marcenaria foi assinada pela Evviva, que entregou peças que reforçam a fluidez e o conforto do espaço, alinhadas à rica narrativa cultural do ambiente. A arte, presente em esculturas e obras, cria uma atmosfera visual e sensorial integrada e cheia de significado.

de•cor•ar

Fotos: MCA Estúdio

Restaurante

Com 260m², o Restaurante Casa Buriti integra gastronomia, design e natureza em um espaço que valoriza a arquitetura biofílica e a sustentabilidade, promovendo o reuso e a circularidade em todas as fases do projeto. A paleta de tons terrosos, terracota, azulmarinho e verde cria um ambiente conectado com o meio ambiente, complementado por materiais naturais como madeira, fibras vegetais e revestimentos de textura orgânica. A distribuição dos espaços prioriza a fluidez, convidando ao convívio e à contemplação, enquanto detalhes como peças artesanais e objetos handmade enriquecem o conceito de reencantar o cotidiano com beleza. A marcenaria, assinada pela Evviva, tem como destaque o lançamento da cor Cerrado, que traz leveza e sofisticação ao ambiente, e o móvel Leggera com portas de vidro, que traduz fluidez, transparência e versatilidade.

Fotos: MCA Estúdio

arquitetura | Diego Aquino

MENOS ESPAÇO, MAIS ESSÊNCIA

COM APENAS 72 M², APARTAMENTO EM BRASÍLIA ASSINADO POR DIEGO

AQUINO REVELA UM NOVO

OLHAR SOBRE O MORAR CONTEMPORÂNEO

A sala de estar reflete esse equilíbrio: o painel da TV, que evita soluções óbvias, combina pedra natural e iluminação planejada para criar uma ambiência confortável e elegante, que funciona tanto para o descanso quanto para receber

Enquanto muitos sonham com mais metros quadrados, uma família de Brasília decidiu seguir o caminho oposto e absolutamente intencional. Ao optar por um apartamento compacto, a proposta era viver com mais leveza, menos acúmulo e mais experiências. Um projeto que, nas palavras do arquiteto Diego Aquino, deveria ser “atemporal, marcante e com personalidade”. E foi exatamente isso que ele entregou. Com 72 m², o imóvel foi repensado em cada detalhe, com soluções sob medida que integram estética e uso real, traduzindo o estilo de vida dos moradores. “A ideia era

de•cor•ar

transformar um espaço compacto em um ambiente fluido e sofisticado, sem perder funcionalidade. Tudo tinha que ter propósito”, explica Diego. O espaço foi reorganizado com marcenaria estratégica, soluções de armazenamento ocultas e ambientes integrados com transições suaves. A cozinha americana tornou-se protagonista: além de prática, ela marca visualmente o projeto com a bancada esculpida em quartzito Apolo, que molda armários e define o volume central da casa. Na entrada, uma cristaleira com iluminação automática e espelho prata fumê cria um ponto focal. “Queríamos que cada

espaço surpreendesse e, ao mesmo tempo, acolhesse. Essa cristaleira faz isso desde o primeiro olhar”, pontua o arquiteto. A escolha dos materiais foi fundamental para trazer profundidade e identidade ao projeto. A base é quente e envolvente, madeiras naturais em tons médios aparecem em contraste com o toque texturizado do corte rockface nas pedras. A estrela da paleta, no entanto, é o intenso e sofisticado verde Guatemala, que aparece como protagonista na mesa de jantar e no bar, criando pontos de interesse visual que também expressam a personalidade dos moradores.

Fotos: Everton Lopes

O bar em verde Guatemala adiciona personalidade ao projeto, enquanto a marcenaria estratégica e soluções de armazenamento inteligentes otimizam cada centímetro do apartamento

A integração entre ambientes e a mesa demonstram como 72 m² podem ser transformados em um lar fluido e sofisticado. Madeiras naturais, texturas em pedra e soluções sob medida criam um projeto atemporal e funcional

A cozinha se destaca pela bancada esculpida em quartzito Apolo com veios naturais, que se harmoniza com os armários superiores em madeira clara e gabinetes inferiores em tons neutros. O ambiente integra eletrodomésticos embutidos e soluções de armazenamento estratégicas, com área de serviço que otimiza a funcionalidade do espaço compacto

arquitetura | Diego Aquino

| Diego Aquino

Já o quarto do casal se transforma em um refúgio pessoal, onde o conforto se alia à organização. Um dos destaques do ambiente é a penteadeira com espelho estruturado em metalon, ao lado da cama, peça que une delicadeza, funcionalidade e aproveitamento de espaço

Na área íntima, cada quarto carrega uma narrativa própria. O quarto do filho foi pensado para contemplar diferentes usos: estudar, jogar, descansar. Com armários cinza e uma paleta sóbria, o ambiente aposta em funcionalidade, sem perder identidade.

arquitetura

BOSSA PAULISTANA

STUDIO PIÙ TRANSFORMA APARTAMENTO DE 70M² EM REFÚGIO URBANO QUE

INDUSTRIAL À LEVEZA CONTEMPORÂNEA

Feito para receber sem restringir, o living apresenta uma solução criativa: puffs centrais que se mesclam com a mesa de centro, criando quase uma unidade só. O painel de TV no amadeirado absoluto da Mobille Tatuapé traz o contraste e a personalidade necessários para o ambiente

UNE FORÇA

No coração do Jardim Anália Franco, em São Paulo, um apartamento de 70m² se tornou a expressão perfeita de como a arquitetura pode traduzir identidade e estilo de vida. O projeto assinado pelo Studio Più, nasceu de um pedido aparentemente simples, mas profundamente sofisticado: criar um espaço que unisse a força do estilo industrial à leveza do contemporâneo.

O proprietário, um empresário paulistano luso-brasileiro que enxerga a arquitetura como expressão de identidade, buscava um refúgio onde cada detalhe carregasse bossa e personalidade. O resultado é um lar onde concreto e elegância convivem em harmonia, refletindo uma forma única de viver.

Bruno Chagas e Thainara Chagas, os irmãos à frente do Studio Più, partiram do desejo de unir a estética urbana ao conforto da vida contemporânea. O concreto aparente e as linhas retas revelam a inspiração industrial, enquanto a madeira clara, o couro e o toque das plantas trazem aconchego e equilíbrio necessários para transformar uma casa em lar.

A escolha por uma paleta neutra, pontuada por cores sutis, reforça a atmosfera sofisticada sem abrir mão da leveza. “Mais do que um espaço para morar, o apartamento traduz um estilo de vida: urbano, contemporâneo e acolhedor”, define a dupla criativa.

STUDIO PIÙ - Arquitetura e Interiores

Bruno e Thainara Chagas

@studiopiu www.studiopiu.com.br contato@studiopiu.com.br (11) 9 7146-2727

Fotos: Robson Figueiredo

O sofá e os puffs, desenhados pelo próprio Studio Più em parceria com a CASA4 DECOR, completam a composição do living com exclusividade

O living tem como protagonista a parede em concreto aparente, o verdadeiro cartão de visitas do projeto. Os móveis em couro caramelo criam o equilíbrio perfeito entre a força industrial e o aconchego contemporâneo

decorar + | Studio Più

No dormitório, a cabeceira antiga deu lugar a uma versão discreta e funcional da Mobille Tatuapé, com iluminação embutida que garante mais conforto ao ambiente

O que antes era apenas uma área técnica se transformou em um espaço de descompressão, com cores que contrastam com o restante do apartamento e a poltrona de massagem da Casa4 Decor como destaque

Respeitando a preferência do cliente pelo verde, os arquitetos preservaram o armário já existente em Verde Floresta e trabalharam toda a paleta de cores a partir dele. Destaque para o misturador de parede Duna Clássica Deca, fornecido pela Casa Mimosa Conceito

Fotos: Robson Figueiredo

SOB O SOL DA CRIAÇÃO

BELAS ARTES INAUGURA LABORATÓRIO DE ARQUITETURA QUE UNE TECNOLOGIA, TRADIÇÃO E CONVIVÊNCIA NO CAMPUS VILA MARIANA

No ano em que celebra seu centenário, o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo ganha um novo espaço dedicado à prática, experimentação e convivência dos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo. O laboratório, assinado pelo arquiteto Anderson Martins Vasconcellos, responsável pelos projetos internos da instituição, traduz em arquitetura a essência do curso: aprender pela vivência, pela troca e pela materialização das ideias.

O conceito parte de um elemento central: o sol. Um grande círculo iluminado no teto, sobre uma mesa circular, conecta três áreas distintas do espaço, a de experimentação, a de estudos técnicos e tecnológicos e a de produção manual. “O sol simboliza a energia da criação. Ele nasce no centro e se expande, interligando todos os ambientes. A ideia é que o aluno esteja sempre sob essa luz, que representa conhecimento e inspiração”, explica Vasconcellos.

À direita do sol, está o laboratório técnico, equipado com impressoras 3D, cortadora a laser, túnel de vento e heliodon para simulação da incidência solar. É ali que os alunos exploram conforto térmico, acústico e estratégias ambientais, utilizando ferramentas de ponta. À esquerda, a maquetaria mantém viva a tradição manual da arquitetura, com bancadas altas, ferramentas diversas e armários especialmente projetados para armazenar maquetes.

A escolha das cores também é carregada de simbolismo. O amarelo representa o sol, enquanto o azul, intenso e vibrante, remete ao céu. “Quisemos criar uma atmosfera

que realmente remetesse à natureza, mas de forma abstrata. Esse azul, em especial foi um desafio, tivemos que buscar uma empresa que conseguisse produzi-lo na tonalidade exata, porque nenhuma marca comum atendia ao que queríamos”, revela o arquiteto.

Outro destaque é o piso sustentável em um dos espaços, feito de pneus reciclados triturados e moldados in loco. O material, além de trazer conforto acústico e resistência, carrega o valor simbólico da reciclagem e da inovação, temas tão presentes na formação contemporânea dos arquitetos.

O projeto vai além da ideia de laboratório, é um espaço de convivência que promove a troca entre alunos de diferentes etapas do curso, aberto tanto para o estudo individual quanto para o trabalho coletivo, dentro ou fora do horário de aula. “Quando eu estudava, adorava conversar com colegas de períodos mais avançados e entender o que vinha pela frente. Esse tipo de troca é fundamental na formação, e o laboratório foi desenhado para estimular exatamente isso”, comenta Vasconcellos.

Aberto durante todo o dia, o laboratório já inspira encontros e novas ideias no campus Vila Mariana. Entre pranchetas, maquetes e tecnologias de ponta, a Belas Artes celebra 100 anos reafirmando sua essência: formar gerações que unem tradição e inovação.

Foto: divulgação

O elemento central do novo laboratório de arquitetura da Belas Artes materializa o conceito solar. O círculo amarelo iluminado no teto projeta-se sobre a mesa circular, estimulando a convivência e troca de conhecimentos entre alunos de diferentes períodos no campus Vila Mariana

À direita do sol central, o laboratório técnico equipado com túnel de vento, heliodon e outras ferramentas avançadas permite aos alunos explorar conforto térmico, acústico e estratégias ambientais

O elemento solar central do laboratório se expande em anéis concêntricos de luz, irradiando conhecimento e inspiração da mesa circular para as salas de experimentação

À esquerda do sol central, a maquetaria mantém viva a tradição manual da arquitetura com bancadas altas, ferramentas diversas e armários de madeira especialmente projetados para armazenar maquetes. O piso de pneus reciclados oferece conforto acústico e sustentabilidade, enquanto o teto azul vibrante conecta este espaço ao conceito solar que unifica todo o laboratório

Fotos: divulgação

decorar + | Daiane Altinolfi | Portobello Shop Santo André

INTEGRAÇÃO INTELIGENTE

PROJETO DE DAIANE ALTINOLFI PARA APARTAMENTO EM MOEMA DESTACA SOLUÇÕES SOB MEDIDA E ACABAMENTOS PORTOBELLO EM UM PROJETO ELEGANTE E EFICIENTE

Com 150 m², este apartamento em Moema, São Paulo, foi reformulado para atender às necessidades de um casal que buscava amplitude, conforto e organização. Assinado pela arquiteta Daiane Altinolfi, o projeto apostou em um layout inteligente, com a sala de jantar deslocada para o terraço e a cozinha mantida fechada, mas com integração visual. Os interiores se apoiam em tons de cinza, madeira, espelho fumê e superfícies tecnológicas. Destaque para os revestimentos da Portobello, como o porcelanato Superquadra Concreto, aplicado em todo o piso, e a lastra Calacatta Puro Chain, que aparece no painel do home theater e na bancada da churrasqueira. “Valorizo fornecedores que entregam estética, durabilidade e inovação com consistência. A Portobello oferece soluções completas, com variedade de acabamentos e alto padrão técnico, que se alinham perfeitamente à proposta dos meus projetos e ao nível de exigência dos meus clientes”, afirma Daiane.

A cozinha fechada por muxarabi mantém conexão visual com o living através da elegante divisória vazada em madeira. O porcelanato Superquadra Concreto garante continuidade visual entre os ambientes

O living ampliado combina o porcelanato Superquadra Concreto no piso com a lastra Calacatta Puro Chain no painel do home theater, ambos da Portobello. A composição de materiais nobres e linhas retas cria um ambiente contemporâneo que equilibra funcionalidade e elegância atemporal

A transferência da sala de jantar para o terraço resultou em um espaço gourmet sofisticado. A lastra Calacatta Puro Chain da Portobello na bancada da churrasqueira conecta os ambientes, enquanto a marcenaria sob medida alia praticidade e elegância ao espaço externo

Daiane Altinolfi

Portobello Shop Santo André @portobelloshopsantoandre Rua das Esmeraldas, 334, Jardim, Santo André, SP Tel: (11) 2774-8600

@daianeantinolfi (11) 4872-2380 daianealtinolfi.com.br

Fotos: Thiago Travesso

O QUE É O RETROFIT?

JULIANA FABRIZZI, ARQUITETA ESPECIALIZADA NESSE TIPO DE OBRA, DÁ DICAS PRECIOSAS E EXPLICA A PRINCIPAL DIFERENÇA

ENTRE RETROFIT E REFORMA

Quem acompanha o universo da arquitetura e decoração certamente já se deparou com o termo retrofit, usado para definir a atualização de imóveis antigos. Mas, diferentemente de uma reforma convencional, o retrofit vai além da troca de revestimentos ou da modernização estética. “Trata-se de uma atualização inteligente, que preserva as qualidades originais do imóvel — como estrutura, charme arquitetônico e história — ao mesmo tempo em que o adapta às necessidades e tecnologias atuais”, explica a arquiteta Juliana Fabrizzi, à frente do escritório que leva seu nome.

Enquanto reformas comuns muitas vezes apagam a identidade do imóvel, o retrofit valoriza o que já existe. “É uma transformação com responsabilidade. A proposta é enxergar potencial onde outros veem limitações, criando soluções que aliem conforto, funcionalidade, estética e sustentabilidade”, afirma.

O grande diferencial está justamente em preservar elementos originais, como pisos de taco ou esquadrias, e reorganizar os espaços para atender à vida contemporânea — sem perder a essência. Para Juliana, isso torna o imóvel mais desejável e com identidade própria. “Mesmo em estruturas antigas, é possível incluir automação, iluminação estratégica e conforto térmico sem comprometer a estética”, destaca.

Outro ponto forte do retrofit é o viés sustentável. Ao invés de demolir e gerar entulho, ele reaproveita estruturas existentes, valoriza materiais originais e reduz o impacto ambiental. “É uma prática técnica, estética e, principalmente, responsável”, defende Juliana. restaurar em vez de substituir também economiza recursos naturais e evita desperdícios. Ao final, a decoração entra como a camada mais pessoal do

processo — costura a narrativa do projeto e reforça a autenticidade do espaço. Móveis de família, objetos garimpados ou obras afetivas criam contrastes intencionais entre o novo e o antigo. “Decorar um retrofit não é seguir tendências. É dar voz à história daquele lugar, com leveza, conforto e beleza.” Ideal para imóveis com valor histórico, afetivo ou arquitetônico, o retrofit exige

sensibilidade, planejamento técnico e uma equipe experiente. “Preservar com inteligência é tão sofisticado quanto inovar. Quando técnica, propósito e sensibilidade caminham juntos, o resultado é um imóvel único — atual, funcional e cheio de personalidade”, conclui.

Ambiente revitalizado com alma preservada: este projeto realizado por Juliana passou por um retrofit nos interiores, mantendo o piso original de madeira e as esquadrias, enquanto atualizações sutis trouxeram conforto e sofisticação à decoração

DIFERENÇAS ENTRE RETROFIT E REFORMA CONVENCIONAL:

Retrofit

Preserva a história e identidade

Integra o antigo e o novo com cuidado

Mais comum em imóveis com valor histórico

Exige sensibilidade arquitetônica

Reforma Convencional

Atualiza sem compromisso com o passado

Pode transformar tudo do zero

Pode ser aplicada em qualquer imóvel

Pode ser mais técnica e direta

Detalhes que contam histórias: o retrofit respeitou a essência do espaço, valorizando o piso original de madeira e inserindo uma estante com nichos abertos que acolhe livros, obras de arte e objetos afetivos da moradora

Foto: Ricardo Duran

MODOS DE SER SUSTENTÁVEL

Praticar sustentabilidade é um modo de ser na vida. Design sustentável não é só qualquer coisa feita de material reciclado, temos hoje muitos modos de decorar nossas casas de modo sustentável. Foi isso que quis mostrar na exposição “Design sustentável: Modos de ser” para a 3ª Semana de Sustentabilidade do Cidad3. Já faz alguns anos que os designers (pelo menos os sérios) vem mostrando modos de encarar esse desafio e adotando atitudes sustentáveis como parte do processo de criação. Nós, arquitetos, decoradores e designers trabalhamos com beleza - casas, ambientes e objetos bonitos - e podemos enxergar a necessidade de ser sustentável como uma ferramenta para criar beleza. A beleza se manifesta nas coisas de muitos modos: forma, função, cores, significado, história… e ser sustentável é mais um modo de criar beleza.

Na exposição de móveis dividi em 3 principais grupos: 1. Reúso e Circularidade 2.Origem e produção Consciente e 3. Inovação com propósito. Essa divisão é uma aproximação que ajuda a me guiar através da grande oferta de objetos que temos hoje. Vamos lembrar que ser sustentável não é uma condição binária em que algo é ou não é, mas sim uma gama extensa de possibilidades de ser.

Com Reúso e Circularidade eu quero pensar no ciclo de vida da matéria prima. Como ele pode ser usado no futuro? O material já foi outra coisa antes? É feito de modo a preservar sua

utilização no futuro? Nesta categoria estão os móveis antigos, como a cadeira Gobbi do Apartamento 61; estão também aqueles feitos a partir de outras coisas, como o Fogo de Chão da Loja Moringa, ou o banco Escamas, de Sofia Venetucci, feito a partir de sobras da indústria cenográfica; e a simpática cadeira Portuguesa, de Paulo Alves, feita a partir de batentes de peroba descartados.

Depois vêm Origem e Produção Consciente. A palavra aqui é Consciência. É conhecer se o objeto é feito do modo mais sustentável. Seja um móvel de madeira tradicional: de onde vem a madeira, é certificada? É reflorestamento? A fábrica trata bem seus funcionários? Ou caso seja um objeto artesanal: a produção respeita e remunera os artesãos? A cadeira do Pedro Luna trata de forma respeitosa e valoriza a arte da Ilha do Ferro. A cadeira “do avesso” do Maurício Azeredo utiliza respeitosamente diferentes madeiras brasileiras. Temos o banco infantil da Novidario, feito de tampinhas coletadas em escolas. Além de bonito, traz conscientização para as crianças. Também temos a cadeira Prosa, feita de Cipó-Apuí, material biológico de manejo tradicional.

Finalmente o grupo Inovação com Propósito. Aqui estão ideias novas, seja de material, componentes ou produção, que muitas vezes definem o objeto por sua originalidade. Muitos são experimentais e apontam caminhos para o futuro. As luminárias Ola feita de micélio é um

exemplo de como um novo material pode ter um uso tradicional. Temos os vasos de Anna Machado, construídos com impressão 3d com plástico feito de amido vegetal. A cadeira do duo Assimply, que é uma espécie de manifesto sobre a reutilização de detritos de obra em um ensaio estético. E as mesas feitas de resina de mamona do Studio Rain.

No mundo de hoje de infinitos conteúdos muitas vezes nos sentimos desorientados sem saber para onde ir, como exemplifica o professor Guilherme Wisnik com sua metáfora do Nevoeiro. Porém sabemos que a necessidade de criar um mundo sustentável vai permanecer após a neblina baixar. Gostaria que a exposição e esses conceitos possam servir como pequenos faróis na neblina, que nos ajudem a nos guiar na hora de escolher um móvel para casa. Gosto quando Kenya Hara, diretor de design da Muji, diz: “O trabalho do designer produz uma sensação de inspiração para a vida. Desperta em nós esperanças e ideias sobre a maneira como vivemos e nossos ambientes”

Todos nós donos de casa quando vamos escolher um móvel, seja para nós ou para um cliente, temos em nossas mãos uma ferramenta poderosa para criar um futuro sustentável para futuras gerações: o poder da escolha consciente das coisas que colocamos dentro de casa. Coisas que nos mostram novos modos de ser sustentável.

CONHEÇA

DIEGO AQUINO

Formado em Arquitetura pela North Dakota State University (EUA) e fundador do escritório que leva seu nome, com sede em Brasília. Com um portfólio de mais de 150 projetos entregues, o estúdio atua em projetos residenciais e comerciais de alto padrão. A marca se destaca pela abordagem sensorial, pelo uso de tecnologias imersivas e por uma curadoria estética precisa.

GISELE PACHECO

Pós-graduada em Design de Interiores pelo Centro Universitário SENAC e graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Anhembi Morumbi. Com mais de 25 anos de experiência, construiu uma trajetória sólida no desenvolvimento de projetos residenciais, comerciais e corporativos, unindo técnica e sensibilidade.

LUCIA MANZANO

Arquiteta e paisagista, com pós-graduação pela FAU-USP e Universidade Presbiteriana Mackenzie. Há 20 anos à frente de seu escritório, desenvolve projetos residenciais, reformas e interiores que integram arquitetura, paisagismo e iluminação desde o primeiro traço. Seu trabalho valoriza o conforto, a estética brasileira contemporânea e jardins tropicais que crescem e se transformam com o tempo.

PASSOS ARQUITETURA

Fundado por Thiago Passos, o escritório atua desde 2000 no desenvolvimento de projetos residenciais e comerciais. Ao longo de sua trajetória, passou por importantes parcerias, incluindo a criação da Ybypy Arquitetura, com escritórios no Brasil e em Xangai, até consolidar-se em 2017 como Passos Arquitetura.

CONTATOS

+55design 55-design.com

CASACOR casacor.abril.com.br

Centro Universitário Belas Artes belasartes.br

Diego Aquino Arquitetura @diegoaquino.arq

Eduardo Trevisan @trevisanedu

Estúdio Carmine estudiocarmine.com.br

Estúdio Geo @estudio__geo

F.Studio fstudioarquitetura.com

Gisele Pacheco Arquitetura giselepacheco.com.br

Juliana Fabrizzi Arquitetura julianafabrizzi.com.br

Lucia Manzano Arquitetura luciamanzano.com.br

Mariana Prestes @marianaprestes.design

Murilo Lomas @murilolomas

Olga Treivas @treivas

Passos Arquitetura passosarquitetura.com.br

Sierra Móveis sierra.com.br

Sig Bergamin @sigbergamin

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