Revista da Madeira - Edição nº 152

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Quality as our hallmark

The foreign market remains a good option for Brazil’s wood industry. The first half repeated positive growth rates in several products, a 12% growth from the same term last year. The products include wood panels, plywood, sawn wood, doors. Traditional importing markets such as the United States, Mexico and China continue increasing their purchases, which is a trend that should be kept in the long term. This factor has eased the economic crisis that hit the country two years ago; therefore, the foreign market for wood industries must be regarded as a good alternative. In the meantime, industries must be prepared for quality and good standing. In fact, the Brazilian industry should also target other emerging markets for wood products, and businesspersons must be in the know, focus on value-added products and find specific market niches. This is an attitude that must not be adopted only amidst domestic economic slowdown, without forgetting that quality must be our hallmark.

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mercado externo continua sendo uma boa opção para a indústria da madeira do Brasil. O primeiro semestre repetiu índices de crescimento positivo em vários itens, e no conjunto apresentou 12% de incremento em relação ao mesmo período do ano passado. Alguns itens se destacam como painéis de madeira, madeira compensada, madeira serrada, portas. Os mercados importadores tradicionais como Estados Unidos, México, China continuam ampliando suas compras. E esta é uma tendência que deve se manter por um bom tempo. Esse fator é que tem amenizado a crise econômica que atingiu todo o País há dois anos. Assim a opção do mercado externo para as indústrias do setor deve ser perseguida como uma boa alternativa. As indústrias, entretanto tem que estar preparadas para qualidade e regularidade. Outros mer-

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Clóvis Rech Editor Responsável/ Editor in Chief

Sumário / Summary 32 Casas de Madeira / Wooden Houses Mercado Externo / International Market 38 Pellets / Pellets Madeira na Construção/ Wood in Construction Colheita e Transporte/ Harvesting , Transportation 40 Cavacos / Chips Portas / Doors 48 Serrarias / Sawmills

Expediente

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EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Foto capa: Maraí Senkevics Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br

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Edição 152

Editorial

cados emergentes para produtos de madeira também tem que ser alvo para nossa indústria. O empresário tem que estar atendo, focar em produto de valor agregado e buscar nichos específicos de mercado. Essa deve ser uma atitude continua e não somente em períodos de retração interna. Nunca esquecendo que qualidade tem que ser o nosso diferencial.


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73% de participação na compra. Já o maior comprador de compensados tropical produzidos no Brasil é a vizinha Argentina (45%). Os países com destaque na importação individual deste item são: Estados Unidos (10%), México (8%) e França (7%). Do total exportado, no entanto, 29% são vendidos para diferentes países. A Coréia do Sul, com 42%, é a grande compradora de laminados de pinus. A malásia aparece em segundo lugar com 30%. De acordo com a Abimci, apesar do cenário econômico interno mostrar retração por dois anos seguidos, as exportações têm diminuído os impactos negativos na balança comercial. Atento às oportunidades e às movimentações dos mercados, o setor industrial madeireiro aproveita o bom momento do crescimento da economia norte-americana, um dos principais destinos das exportações de madeira do Brasil. Exportações de toras No mesmo ritmo, as exportações de toras também vem apresentando crescimento considerável nos últimos anos. No Terminal de Contêineres do Porto de Rio Grande, do Grupo Wilson Sons, as exportações de toras registraram crescimento recorde de 208% no primeiro semestre de 2017. Entre janeiro e junho deste ano, foram movimentados 1.303 contêineres (cntr), ante 423 cntrs no mesmo período de 2016. A mercadoria é vendida para países do Extremo Oriente (que abrange a China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão

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o embalo das boas vendas ao mercado externo de produtos de madeira no ano passado, o bom desempenho vem se repetindo neste ano. A madeira bruta aparece em primeiro lugar no ranking das exportações brasileiras do setor florestal nos seis primeiros meses de 2017, com alta de 37,8% em tonelagem na comparação com o mesmo período do ano passado conforme relatório do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). A lista conta ainda com madeira laminada, que teve uma alta de 21,7%, serrada (18,3%), compensada (12,4%) e móveis e suas partes (0,8%). Os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador individual de compensados de pinus produzido no Brasil, com 34% de participação nesse mercado, seguidos de perto pela Europa, responsável por 30% das compras. Os Estados Unidos também lideram a importação de portas brasileiras com

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e Taiwan). Entre os fatores que impulsionaram esse crescimento está a implantação do projeto de estufagem de toras no ano passado. Ao chegar ao terminal, as toras são medidas e certificadas, passam por tratamento térmico de fumigação e, depois, são estufadas nos contêineres.

Para o diretor presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti foi criada uma solução completa em que gerenciamos todo o processo de execução, fornecendo suporte para o exportador, A localização do terminal, próxima a florestas de pinus e eucalipto, também foi um importante diferencial para atração das cargas.

Papel e celulose De janeiro a junho de 2017, as exportações de celulose cresceram 6,8% na comparação com mesmo período do ano passado, atingindo 6,8 milhões de toneladas; e as de papel progrediram 1% com quase 1,1 milhão de toneladas negociadas. Este desempenho positivo fez com que a receita das


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Exportação exportações chegasse a quase US$ 4 bilhões no primeiro semestre deste ano, um crescimento de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado, contribuindo para que a balança comercial do setor atingisse um superávit de US$ 3,6 bilhões, um avanço de 9,1%. Receita de exportações – De janeiro a junho de 2017, as exportações de celulose alcançaram US$ 3,0 bilhões (+9,8%), as de papel US$ 925 milhões. Cerca de 42% da celulose exportada pelo Brasil teve como destino a

China no primeiro semestre de 2017, representando uma receita de US$ 1,3 bilhão, um aumento de 25,5% em re-

lação ao mesmo período de 2016. Os países latino-americanos continuam

como os principais mercados dos segmentos de papel e neste período, com receitas de exportações de US$ 593 milhões (+10,0%) A produção brasileira de celulose superou as 9,5 milhões de toneladas, crescendo 5,0% no período de janeiro a junho de 2017 em relação a 2016; e a de papel registrou 5,1 milhões de toneladas (-0,7%). Já as vendas domésticas de papel alcançaram 2,6 milhões de toneladas, apresentando uma queda de 1,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. RM

Wood exports remain on the rise

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he positive trend of expor ted wood products over the la st year continues to date. R aw wood ranks first among Brazilian expor ted products in the forestr y sector over the first half of 2017. In other words, a 37.8% increa se in tons with respect to the same term la st year, according to a repor t from the M inistr y of Industr y, Foreign Trade and S er vices (MDIC by its initials in Por tuguese). The list includes laminated timber (21.7%), sawn timber (18.3%), ply wood (12.3%), furniture and par ts (0.8%). The United States remains the major individual impor ter of pinus ply wood from Brazil, with 34% of involvement in that market, followed by Europe, which buys 30% of this product. Additionally, the United

States is Brazil’s major impor ter of doors (73%), while A rgentina is the countr y ’s major impor ter of tropical ply wood (45%), followed by the United States (10%), Mexico (8%), and France (7%). Howe ver, out of total expor ts, 29% is sold to other countries such a s S outh Korea (42%) and Malaysia (30%), which rank first and second, respectively, among the major impor ters of pinus laminated timber. D espite Brazil’s economic downturn for more than t wo continued years, expor ts have reduced negative impacts on the trade balance. Aware of market oppor tunities and trends, the wood industr y makes the best of Nor th A merica’s increa sed economy, one of Brazil’s major expor t destinations.

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At the same pace, logs expor ts have considerably surged over the la st years. At the Terminal of Containers of R io Grande Por t, Group Wilson S ons, logs expor ts had a record high of 208% over the first half of 2017. In Januar yJune this year, a s many a s 1,303 containers were shipped, a s compared to 423 containers shipped during the same term in 2016. Products are sold to Far Ea st countries including China, S outh Korea, Nor th Korea, Japan, and Taiwan. Growth wa s stimulated by the implementation of logs heating process la st year. The logs are mea sured and cer tified upon their arrival at the terminal, where the y ultimately undergo a thermal treatment of fumigation and are later heated in the containers.



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na cidade de Nova York. Construído em 2014, um prédio de 30 metros de altura em oito andares está entre as estruturas modernas de madeira mais altas do mundo. Localizado na cidade de Prince George, no Canadá, o prédio, de propriedade do governo da Columbia Britânica, abriga o Centro de Design e Inovação em Madeira da Universidade do Norte da Columbia Britânica. O prédio foi construído com madeira laminada colada, cortadas precisamente por lasers, evitando o lançamento de mais de 400 toneladas de dióxido de carbono ao não usar concreto e aço, materiais que utilizam muita energia. O edifício segura mais 1100 toneladas de CO² colhidas da atmosfera pelas árvores da Columbia Britânica. No total, é o suficiente para compensar as emissões de 160 lares por um ano. A construção em madeira tem atraído o interesse político, em parte por causa dos benefícios econômicos para as comunidades rurais cercadas por florestas. Mas transformar esses projetos pioneiros em uma tendência global não será fácil. Os custos de construção são geralmente altos e a indústria de construção global é quase que inteiramente focada em concreto e aço, particularmente quando se trata de grandes edifícios. E os benefícios climáticos de se construir com madeira dependem de uma suposição questionável: a de que as florestas mundiais serão gerenciadas sustentavelmente. Alguns pesquisadores receiam que colher mais madeira poderia prejudicar os ecossistemas de florestas, particularmente em países em desenvolvimento que já possuem práticas de exploração madeireira ruins e frequentemente ilegais. “Se iremos cortar madeira, temos que fazê-lo de maneira que não apenas sustente a florestas, mas também sustente a biodiversidade e tudo o mais”, afirma Oliver.

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construção em madeira tem raízes antigas, mas apenas nas últimas duas décadas cientistas, engenheiros e arquitetos começaram a reconhecer seu potencial para moradia e uso comercial, bem como para evitar o aquecimento global. Ao substituir o concreto e o aço por madeira de florestas manejadas, a indústria da construção poderia frear até 31% de emissões de carbono global, de acordo com uma pesquisa de Chad Oliver, um ecologista florestal da Universidade Yale em New Haven, em Connecticut. Com o tempo, tal mudança poderia ajudar a humanidade a tirar o CO² da atmosfera, potencialmente revertendo o curso das mudanças climáticas. A construção de edificações altas em madeira já está acontecendo. A Noruega estabeleceu um recorde mundial de altura no final de 2015, com uma torre de 52,8 metros; ele foi superado em setembro de 2016 por um dormitório de estudantes de 53 metros na Universidade da Columbia Britânica, em Vancouver. Este ano, a Áustria passará na frente com o edifício HoHo, de 84 metros, em Viena, formado por um hotel, apartamentos e escritórios. Os Estados Unidos viram seu primeiro edifício alto em madeira subir em Mineápolis, Minnesota, em 2016, e outros estão a caminho em Portand, Oregon, e

Tecnologia Madeireira Aço e concreto não eram uma opção quando monges budistas construíram um templo de 32 metros no Templo da Lei Florescente, em Ikaruga, Japão, há 14 séculos. Eles colocaram sua fé na madeira, assim como fizeram os monges no templo Sakyamuni, em Yingxian, China. Erguido em 1056, a estrutura alcança assombrosos 67 metros em direção ao céu. Estes templos estão em pé até hoje, um testemunho da força e durabilidade da madeira. Quilo por quilo, a madeira é mais forte que o aço e o concreto, e prédios

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Revista da Madeira em madeira são geralmente bons em suportar terremotos. Mas a madeira desenvolveu uma reputação durante os séculos, por causa das catástrofes que colocaram abaixo cidades como Londres, Nova York e Chicago antes de surgirem as modernas estratégias de contenção do fogo. Na verdade, em caso de incêndio, a madeira mantém sua integridade estrutural de maneira muito melhor que as alternativas não inflamáveis favorecidas pelos modernos códigos de construção. Ela carboniza a uma taxa previsível, e não derrete como o aço ou se enfraquece como o concreto. “O fato é que levou muito tempo para as pessoas perceberem que consegue aguentar o fogo melhor que o aço”, diz Guido Wimmers, que preside um programa de mestrado em engenharia madeireira na UNBC. De acordo com alguns cálculos, a era moderna das construções altas em madeira começou 20 anos atrás, com um simples experimento na Universidade Técnica de Graz, na Áustria. Pesquisadores colaram camadas

de pranchas-padrão perpendicularmente

uma à outra e descobriram que alternar a direção da textura da madeira tirava as imperfeições e pontos fracos de qualquer prancha. O resultado, conhecido como madeira laminada colada, é um painel forte e leve. Ele pode ser feito da largura que se deseja e cortado com precisão submilimétrica na fábrica, o que acelera o tempo de construção e reduz o desperdício. Dada a força desses painéis, não há limite, teoricamente, de quão altos edifícios de madeira podem ser. “Ele transforma a madeira de um material suburbano para um material muito urbano”, diz Michael Freen, o arquiteto em Vancouver e defensor da construção em madeira. Wimmers conta que o objetivo inicial da tecnologia era fazer um melhor uso de produtos de madeira de segunda linha. “A indústria da construção em madeira estava sumindo lentamente, então eles começaram a se reinventar”, diz. Então, o mercado de tecnologias avançadas de madeira – incluindo vigas que são coladas ou pregadas para aumentar a força – expandiu conforme países europeus desen-


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volviam regulações duras sobre eficiência energética e emissões de gases do efeito estufa, forçando arquitetos a reduzirem as pegadas de carbono em suas edificações. Estima-se que na Europa, a madeira agora é usada em 25% das construções residenciais, 5 a 10% a mais do que na década de 90. A ciência da segurança e da engenharia também evoluiu. O abeto – espécie de madeira da camada exposta no centro de design – queima 39 milímetros por hora. O código de construção da província requer que a estrutura seja capaz de aguentar pelo menos uma hora de incêndio em qualquer andar, por isso optaram por pisos feitos de um painel de cinco camadas que poderia suportar o sacrifício de uma parte sem perder sua integridade estrutural. Enquanto isso, o grupo de Wimmer está colaborando com o Projeto Madeira Alta, fundado pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, para melhorar a resistência de edifícios altos de madeira a terremotos. O trabalho da associação mostrou que edifícios podem suportar terremotos tão bem ou melhor quanto o concreto e o aço, e os pesquisadores começaram a testar uma estrutura de dois andares em um simulador de terremoto na Universidade da Califórnia, em San Diego. O objetivo deles é testar um edifício de dez andares até 2020.

penado. Muitos dos edifícios substitutos estão sendo construídos em madeira, porque é mais provável que sobrevivam a outro grande terremoto e os conectores de aço podem ser substituídos com relati-

va facilidade se danificados. As questões do desempenho a longo prazo e a viabilidade econômica desses edifícios permanecem em aberto. A madeira é suscetível ao mofo e danos causados pela água, por exemplo, e há um grande risco de incêndio durante a construção. Em setembro de 2014, um edifício em madeira quimicamente sustentável de 26 milhões de dólares foi destruído por um incêndio de causa elétrica – em parte porque as portas e janelas corta-fogo ainda não estavam instaladas para conter as chamas. Ainda assim, defensores veem um futuro promissor para a madeira. “Estamos ainda refinando as tecnologias madeireiras, mas até agora não encontramos grandes problemas que não possamos resolver”, afirma Iqbal. RASTREANDO O CARBONO Uma das grandes características da construção em madeira é o potencial de ajudar a frear o aquecimento global. A pesquisa de Oliver sugere que o homem atualmente colhe apenas 20% do crescimento florestal global a cada ano, e mais madeira poderia ser extraída sem a redução do montante total de carbono estocado nessas florestas. O eventual impacto climático dessa retirada depende do uso final. Se a madeira fosse apenas queimada para se obter energia, o CO2 que a árvore absorveu anos antes, imediatamente retornaria para a atmosfera. Replantar florestas eventualmente tira esse CO² do ar, então a ideia da energia de madeira neutra em carbono é uma questão de tempo. É também controversa: alguns dizem que as políticas atuais na Europa exageram nos benefícios climáticos do combustível de madeira e criam incentivos perversos para cortar árvores. Mas esse debate não se aplica às edificações em madeira.

MUDANÇA AMBIENTAL GLOBAL Asif Iqbal, um engenheiro civil que está trabalhando no projeto, veio da Nova Zelândia para a UNBC, onde viu em primeira mão os estragos do terremoto de 2011 em Christchurch. A maioria dos prédios de concreto com reforço de aço permaneceu em pé, mas cerca de 1800 deles ficaram danificados totalmente, devido ao concreto quebrado e aço em-

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Além do carbono sequestrado na madeira em si, a construção em madeira oferece futuras economias de emissões. Quando os pesquisadores contabilizaram o impacto ambiental do centro de design, eles levaram em conta a manufatura e o transporte de cada material – desde a cola derivada de combustível fóssil às placas de compensado. No todo, as emissões relacionadas à construção representaram 12% daquelas para um edifício equivalente em concreto, em grande parte devido às diferenças no uso de combustível fóssil. “Quando você compara um edifício de madeira com um de concreto, a madeira vence sempre”, diz Jim Bowyer, engenheiro emérito na Universidade de Minnesota, em St. Paul. O centro de design pode ter uma pegada de carbono unicamente baixa no início, mas com o tempo seu impacto ambiental crescerá, conforme seus requerimentos de aquecimento, resfriamento e iluminação geram emissões de gases do efeito estufa. O uso diário de energia e manutenção representam 80 a 90% das emissões durante a vida útil de um prédio típico e, infelizmente, com o centro de design, não é diferente. A consequência é que seus benefícios climáticos a longo prazo são relativamente modestos. Mas a maioria dos prédios avançados hoje, que combinam tecnologias e designs eficientes energeticamente com geração de energia renovável on-site, podem eliminar as emissões durante a vida da estrutura. Nessas situ-

ações, a construção e os materiais – as “emissões incorporadas” do edifício – representam 100% do impacto climático de uma edificação, dando à madeira uma vantagem importante e crescente. “Estamos indo em direção a edifícios realmente baixos em energia”, afirma Jennifer O’Connor, presidente do Instituto Athena de Materiais Sustentáveis, uma or-

ganização de pesquisa sem fins lucrativos, em Ottawa. OLHANDO PARA O FUTURO O movimento da construção em ma-

deira está, por agora, focado em sua maioria na Europa e na América do Norte. Nos Estados Unidos, mais de 80% das casas já têm madeira na composição. Ainda, com

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a indústria nacional de madeira extraindo atualmente cerca de um terço do crescimento florestal anual, há capacidade de se expandir a construção em madeira em estruturas comerciais e industriais médias sem reduzir o volume de carbono armazenado nas florestas. Bowyer está conduzindo uma avaliação com especialistas convocada pelo Conselho Americano de Madeira, um órgão industrial em Leesburg, na Virgínia. A equipe descobriu que os Estados Unidos poderiam quase dobrar a quantidade de carbono sequestrada em edifícios a cada ano, compensando as emissões de nove usinas de energia a carvão. Em contraste, os construtores europeus ainda contam muito com o concreto e o aço: um relatório do governo finlandês de 2010 estimou que meros 4% de aumento no uso anual da madeira em construções na Europa evitariam 150 milhões de toneladas de emissões de carbono, quase tanto quanto a Holanda emite por ano. Mas, para se ter um verdadeiro impacto global, o movimento deve se expandir para países em desenvolvimento, onde o manejo de florestas ainda é um desafio. As florestas tropicais ainda sofrem impactos negativos causados pela agricultura e pecuária. A Indonésia, por exemplo, tem lutado para deter a destruição das florestas tropicais pela indústria do óleo de palma. E apesar de o Brasil ter conseguido enormes melhorias no manejo florestal na última década, a demanda por carne e soja está mais uma



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vez impulsionando o desmatamento na Amazônia. Alguns temem que a construção em madeira signifique mais problemas para alguns dos ecossistemas mais preciosos do mundo. Oliver argumenta que o impulso para a construção em madeira poderia ajudar países em desenvolvimento a estabelecer indústrias sustentáveis que realmente protegem as florestas, se forem monitoradas em paralelo com esforços para reforçar a governança. O desafio é assegurar que as florestas manejadas mantenham todos os ecossistemas cruciais, incluindo o habitat antigo e as clareiras. A Turquia também tem um plano de gerenciamento de florestas abrangente que daria um empurrão inicial na moderna construção em madeira. Os números do governo indicam que o país ergueu 956 milhões de metros quadrados em construções entre 2004 e 2014, e apenas 0,13% desse total era estruturado em madeira. Mesmo assim, 27% do país tem florestas e 7 milhões da população mais pobre da Turquia vive nessas áreas. O plano do governo é criar uma nova cadeia de valor para a madeira, começando com as vilas nas áreas rurais e irá até o setor de construção.

Conforme a construção em madeira amadurece, enfrentará um desafio final: o que acontece quando um edifício é

desativado e derrubado. Os templos budistas podem durar séculos, mas o que se considera geralmente para muitos edifícios modernos – incluindo o centro de design em Prince George – é que eles sobreviverão enquanto forem úteis e depois serão substituídos depois de décadas. Se

a madeira é descartada em aterros e deixada para apodrecer, seu carbono lentamente voltará para a atmosfera. Mas, se a madeira é reciclada – reusada em projetos futuros de construção, por exemplo –, os benefícios climáticos ficam seguros com ela. Defensores da madeira estão impulsionando estratégias de longo prazo que promovem a reciclagem e outras opções neutralizadoras de carbono. Mantido adequadamente, não há razão para não durar tanto quanto um templo budista. Como alternativa, ele está focando em fazer essa indústria emergente decolar por meio de um curso de treinamento online que será traduzido para 30 idiomas, dando a qualquer interessado – de arquitetos e engenheiros a construtoras – um entendimento mais técnico sobre a construção em madeira. “Precisamos globalizar a conversa”, diz Green. “Esta é a única esperança para acelerar esse setor para ser competitivo com o concreto e o aço, que já têm uma vantagem de 150 anos.” RM

Jeff Tollefson Revista Nature, de Nova York.

Wood construction on the rise

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ood construction is as old as the hills, but it was not until two decades ago that scientists, engineers and architects began recognizing their potential in housing, commerce, and global warming prevention. By replacing concrete and steel with forestry wood, the construction industry might cut carbon emissions by 31% globally, according to a research by Chad Oliver, a forest ecologist from Yale University, Connecticut. Over time, this move might help mankind draw CO2 from the atmosphere, thus potentially reducing climate change. Tall wood buildings are a reality. In this connection, Norway broke a world record in 2015, with a 58.2-meter high tower, which was surpassed in 2016 by a 53-meter high student residence at British Columbia University, Vancouver (Canada). This year, Austria will top the list with the HoHo building, which will stand 84 meters tall in Vienna, housing a hotel, apartments and offices. The United States’ first tall wood construction was erected in Minneapolis

(Minnesota) in 2016, and some other are under way in Portland (Oregon) and New York City. Although wood construction has aroused political interest because of the economic benefits for rural communities surrounded by forests, turning these pioneer projects into a global trend will not be that easy. Construction costs are generally high and the construction industry largely uses concrete and steel, particularly in tall buildings. Climate benefits from wood buildings hinge on a questionable assumption: world forests will be managed in a sustainable manner. Some researchers are afraid that harvesting more wood might damage forest ecosystems, mainly in underdeveloped countries that adopt poor and usually illegal wood exploitation practices. Modern tall wood buildings began appearing 20 years ago upon a simple experiment at the Graz University of Technology, Austria. Experts vertically glued layers of standard planks and found that alternating wood texture direction removed flaws and weak points from any plank. The result, known as glulam, is a strong, lightweight panel,

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which can be made conveniently long and cut with submillimeter accuracy in the factory, thus speeding up construction time and reducing waste. Given the panels’ strength, there are theoretically no limits for how tall wood buildings can be. The advanced wood technology market, including beams which are glued or nailed to increase strength, spread as European countries developed strict regulations on energy efficiency and greenhouse gas emissions, thus compelling architects to cut carbon footprints in their buildings. Wood use for construction in Europe is estimated at 25% of residences, that is, 5% to 10% more than in the 1990s. Security and engineering science also evolved. Fir, a wood species whose layers were shown at the design center, burns 39 millimeters per hour. The province’s construction code number requires that any floor of the structure be able to withstand at least a one-hour fire. For this reason, they built floors with five-layer panels that might sacrifice a part of the structure rather than the whole building.


F.V. de Araujo is in the timber business for over 100 years, leading in reforestation and industrial wood products. We are able to supply customer requirements in timber or panel products in various different qualities, sizes and specifications, adopting ecological and sustainable practices.

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tante, o Eucalyptus representa 64% e o Pinus, 36% do total. O economista ainda destaca que a colheita de todo este volume gerou um valor de R$ 3,6 bilhões (53% do total dos serviços), enquanto o transporte, de R$ 3,2 bilhões (47% do total). Importante observar que os valores combinados dos serviços de colheita e transporte florestal são superiores ao próprio valor total da madeira em pé em 17%. Observa-se uma grande concentração do montante movimentado pelo setor nas regiões Sul e Sudeste, que somam 76% do total. Essas regiões são caracterizadas por já possuírem uma cultura florestal, com grandes polos produtores de madeira e indústrias de todos os portes capazes de absorver quantidades consideráveis dessa matéria -prima. Outras regiões, como o Nordeste e o Centro-Oeste, vem emergindo no mercado de madeira proveniente de florestas plantadas, nesses casos, com o crescimento das áreas plantadas de Eucalyptus e a instalação de indústrias de grande porte (principalmente do setor de Celulose & Papel). Este montante, contudo, pode ser ainda maior. Vários são os fatores que explicam essa constatação, dentre os quais se destacam: • O atual nível de consumo das indústrias vem registrando ociosidade – maior no setor de madeira sólida e painéis reconstituídos, e, menor no setor de papel e celulose. Assim, o volume movimentado de madeira possui espaço considerável para crescimento, afetando o mercado de serviços de colheita e transporte. Esse movimento de retomada, quando ocorrer, também impactará

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studos recente revela que o volume consumido de madeira em tora no Brasil, em 2015, foi de 122,3 milhões de m³, abrangendo as espécies de Eucalyptus e Pinus utilizados para fins de processamento mecânico (desconsiderando lenha e carvão vegetal). Os estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina são os três maiores consumidores de madeira em tora do país, acumulando um volume de 62,9 milhões de m³ (51% do total). Também os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul somam 34,2 milhões de m³ de madeira em tora (28% do total). Os demais Estados juntos acumulam uma participação relativa de 21% no total consumido. De acordo com informações do economista nando Scheffler, Coordenador de Projetos da Consufor, o valor da madeira consumida na condição em pé, determinado através do produto entre o volume e seus respectivos preços ponderados, atinge um valor global de R$ 5,8 bilhões/ano. Neste mon-

Luís Fer-

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Revista da Madeira nos preços da madeira em pé; • A lenha para uso no agronegócio e também os volumes de carvão vegetal não foram considerados no montante consumido. É certo que o consumo de lenha e carvão vegetal é considerável, estimado em mais de 70,0 milhões de m³, entretanto, pelas características da colheita e transporte desses produtos – bastante distintas da madeira para processamento mecânico – optou-se por não considerá-los nesta aproximação. Estudos elaborados especificamente para regiões de interesse e especialmente, de companhias interessadas em controlar essas etapas do abastecimento industrial podem assegurar o completo conhecimento de seus custos. Outros aspectos determinantes para as empresas são: conhecer as vantagens e desvantagens em terceirizar a etapa de colheita ou de transporte; considerar melhorias dos sistemas de colheita e transporte próprios; identificar a influência e condições da infraestrutura e manutenção nos custos, dentre outros. RM

Wood harvesting, transportation amount to R$ 7 billion a year

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ecent research found that the volume of wood logs consumed in Brazil totaled 122.3 million m³ in 2015, including species such as Eucalyptus and Pinus used for mechanical processing (except firewood or charcoal). The States of Paraná, São Paulo and Santa Catarina are Brazil’s three major consumers of wood logs, with a volume of 62.9 million m³ (51% out of total), followed by the States of Minas Gerais, Rio Grande do Sul and Mato Grosso do Sul, with 34.2 million m³ (28% out of total). Consumption by the rest of the states reaches 21%. The value of consumed sound wood, which is determined by the product’s volume and weighted prices, hits a total value of R$ 5.8

billion/year. Regarding this amount, Eucalyptus and Pinus stand for 64% and 36% out of total, respectively. In this connection, harvesting amounted to R$ 3.6 billion (53% out of total services), while transportation hit R$ 3.2 billion (47% out of total). It is noteworthy that forestry harvesting and transportation exceed the very total value of sound wood by 17%. The forestry sector in the country’s southern and southeastern regions concentrate 76% of the total volume of wood logs consumed. These regions are known for their forestry culture, with large wood-producing hubs and industries able to transform considerable quantities of the raw material.

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Nevertheless, this amount might be even higher, which is explained by the following factors: • Consumption level in industries currently stands idle in, to a greater extent, the sectors of solid wood and reconstituted panels and, to a lesser extent, in the sectors of cellulose and paper. Now the volume of transported wood might well surge, thus affecting harvesting and transportation market. This upturn is expected to have an impact on sound wood. • Firewood for agribusiness use and charcoal were not included in the amount consumed. The consumption of these two products is significant, which is estimated at over 70 million m³.




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a) Interior – seco b) Interior – molhado ou molhável c) Exterior – abrigado às intempéries d) Exterior – exposto às intempéries 4) Perfil de desempenho da porta A norma de portas de madeira estabelece cinco perfis de desempenho conforme a localização de uso e o local de instalação da porta, levando em conta o esforço e as situações às quais ela será submetida. a) PIM – Porta interna de madeira b) PIM RU – Porta de madeira resistente à umidade c) PEM – Porta de entrada d) PEM RU – Porta de entrada resistente à umidade e) PXM – Porta externa de madeira 5) Padrão dimensional da porta O padrão dimensional da porta considera medidas padronizadas das folhas da porta segundo sua massa. A norma estabelece quatro padrões que devem ser adequados de acordo com o uso e a ocupação da porta: a) Leve (de 6 a 10 kg/m²) b) Médio (acima de 10 até 20 kg/m²) c) Pesado (acima de 20 até 30 kg/m²) d) Superpesado (acima de 30 kg/m²) 6) Desempenho adicional Determinados projetos exigem performances adicionais, como desempenho acústico e resistência ao fogo. Para essas situações, a norma estabelece critérios que direcionam a porta para que ela atenda a esses requisitos. A porta com desempenho acústico possui seis classes de desempenho correspondente ao valor do índice Rw. As portas resistentes ao fogo, para entrada de unidades autônomas, podem ser classificadas como PRF30 e PRF60, que correspondem ao tempo de resistência do fogo. • Acústica a) PIA C1 (de 21 dB até 24dB) b) PIA C2 (de 25 dB até 28 dB) c) PIA C3 (de 29 dB até 32 dB) d) PIA C4 (de 33 dB até 36 dB) e) PIA C5 (de 37 dB até 40 dB) f ) PIA C6 (Maior ou igual a 41dB) • Fogo a) PRF 30 (30 minutos) b) PRF 60 (60 minutos) 7) Padrão de aparência Depois que todos os critérios que conduziram à escolha correta da porta para a aplicação desejada foram cumpridos, resta decidir o padrão estético a partir das diferentes opções de acabamento oferecidas pelo mercado. 8) Qualificação do fornecedor Com a definição da especificação do produto, o próximo passo é buscar no mercado um fornecedor que possua a qualificação e comprovação do desempenho da porta. Para as portas de madeira, recomendase que seja solicitado ao fornecedor o Certificado de Conformidade do Produto ABNT NBR 15930-2. RM

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Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) lançou recentemente o Guia “Esquadrias para Edificações – Desempenho e Aplicações” com o objetivo de orientar profissionais do setor na especificação, instalação e manutenção desses itens, de forma a garantir o desempenho e durabilidade de janelas, portas e elementos de fachada. A publicação contempla informações em conformidade com as normas técnicas da ABNT NBR 10821 (Partes 1 a 5) – esquadrias para edificações e ABNT NBR 15930 (Partes 1 e 2) – portas de madeira para edificações. O material foi desenvolvido por meio de uma ação proposta pela CBIC, com participação da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT), de representantes dos Sindicatos da Indústria da Construção Civil (Sinduscons) do País, do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi), do Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI) e das entidades de fabricantes de esquadrias como a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci). Entre as especificações das portas em madeira para edificações estão: 1) Ocupação da edificação O nível de exigência do uso da porta muda conforme o tipo de edificação, que pode ser privado, coletivo ou público. Para atender a esse desempenho, deve-se considerar a quantidade de ciclos de abertura e fechamento da porta. A frequência de uso da porta, de acordo com sua ocupação, é classificada conforme o tráfego. a) Privada – Tráfego Moderado b) Coletiva – Tráfego Regular c) Pública – Tráfego Intenso 2) Tipo e uso da porta O tipo de uso da porta leva em consideração o nível de desempenho e ocupação da edificação. Há vários tipos de porta, sendo os principais para usos residencial, corporativo, de hotelaria, hospitalar, comunitário (educacional) e institucional. a) Residencial b) Corporativo, hotelaria c) Hospital, educacional, institucional 3) Local de instalação Durante a concepção do projeto, deve ser especificado pelo projetista o local de instalação das portas. No interior das ocupações, as portas estão protegidas da ação do tempo e podem ser instaladas em locais secos ou molhados ou molháveis (ocorrência de respingos, como lavabo). Já a porta de uso exterior está sujeita às intempéries e pode estar abrigada ou exposta.

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gas dinâmicas absorvendo impactos que dificilmente seriam com outro materiais; tem fácil trabalhabilidade permitindo ligações simples; boas características de absorção acústica. Tendo um bom isolamento térmico; custo reduzido e é renovável, desde que convenientemente preservada; e apresenta diversos padrões de qualidade e estéticos. Na medida em que técnicas modernas foram sendo adotadas na tentativa de melhoria de suas qualidades,

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madeira é uma matéria-prima importante e versátil em vários setores da atividade humana, pois pode ser aplicada a diversas situações. A aplicação da madeira na construção civil é o material mais utilizado depois do aço. Sua aplicação é de forma temporária, na instalação do canteiro de obras, nos andaimes, nos escoramentos e nas fôrmas. De forma definitiva, é utilizada nas esquadrias, nas estruturas de cobertura, nos forros e nos pisos. Diversas pesquisas têm sido desenvolvidas no sentido de tratar a madeira para sua utilização em diversas etapas construtivas. As madeiras em seu estado natural têm características próprias que podem ser alteradas com tecnologia moderna. Algumas destas características mais importantes são: - resistência mecânica tanto à esforços de tração como à compressão, além de resistência a atração na flexão Tem resistência mecânica elevada em relação ao seu peso próprio pequeno; tem resistência à choques e car-

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Revista da Madeira passou a ser mais utilizada visto que estes procedimentos melhoram sua qualidade, Podendo ser utilizada em

auxiliar. Pode ser usada também em diversos tipos de construção como em estradas de ferro, galerias, pon-

Construção civil pesada interna Engloba as peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas

diversas etapas desde as fundações até os acabamentos, passando tanto pela estrutura como por material

tes, etc., Entre os principais usos da madeira estão:

e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura, onde tradicionalmente era empregada a madeira de pero-


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ba-rosa Construção civil leve interna Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como forros, painéis, lambris e guarnições, onde o aspecto decorativo da madeira não é fator limitante. A referência é a madeira de pinho-do-paraná Construção civil leve em esquadrias Abrange as peças de madeira serrada e beneficiada, como portas, venezianas, caixilhos. A referência é a madeira de pinho-do-paraná Construção civil: assoalhos domésticos. Compreende os diversos tipos de peças de madeira serrada e beneficiada usado em pisos (tábuas corridas, tacos, tacões e parquetes). Já entre as espécies mais utilizadas temos: Andiroba – moderadamente resistente. Uso: estacas marítimas; pontes, obras imersas em ambiente de água doce, postes, dormentes ferroviários; estrutura pesada de construção civil; Embarcações Aroeira – uso na carpintaria, marcenaria de luxo, compensado, cabos de ferramentas, artesanato, peças torneadas, tacos e tábuas de assoa-

lhos, venezianas, marcos de portas e janelas, molduras, rodapés, lambris, escadas, móveis, puxadores, carrocerias, barris, tonéis, réguas. Angelim – uso em peças de decoração para exteriores e interiores, escadas, pisos, vigas. Construção civil e naval, dormentes, estacas, tacos de assoalhos, vigamentos, etc. Apresenta-se resistente ao ataque de fungos e cupins. Pau-amarelo – resistência muito boa ao ataque de fungos, cupins e insetos de madeira seca. Uso: tacos, cabos de ferramentas, portas, marcenaria de luxo, tábuas, portas, carpintaria, móveis, dormentes, objetos torneados, construção naval, assoalhos, pontes. Peroba – rosa – usos na construção civil, como vigas, caibros, ripas, marcos de portas e janelas, venezianas, portas, portões, rodapés, molduras, tábuas e tacos para assoalhos, degraus de escadas, móveis pesados, carteiras escolares, produção de folhas faqueadas, construção de vagões, carrocerias, dormentes, fôrmas para calcados. Pinho – uso na construção civil,

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móveis, etc. Cerne e alburno pouco diferenciados, brancoamarelado, uniforme; superfície lisa ao tato; medianamente lustrosa; cheiro pouco intenso e agradável de resina; textura fina e uniforme. Densidade, resistência mecânica e retratibilidade média e boa trabalhabilidade. Jatobá – muito resistente a fungos e cupins. Uso: construção civil, estacas, carroçaria, postes, tonéis, carpintaria, dormentes, móveis finos, laminados, assoalhos, tanoaria, vigamentos, cabos de ferramentas, arcos de instrumentos musicais, construção de pianos, compensados, etc. Maçaranduba – resistente ao ataque de fungos e cupins subterrâneos. Resiste bem à umidade. Uso: ar livre, trabalhos hidráulicos, tacos, objetos decorativos, cabos de ferramentas, móveis, implementos agrícolas, instrumentos musicais, tacos para assoalhos, peças torneadas, dormentes, construção civil e naval, cais para embarcações, torneados, chapas, etc. Sucupira – durável e resistente ao ataque de fungos e cupins de madeira seca. Uso interior, exterior,



fungos manchadores ou emboloradores. E o segundo é preservá-la contra a ação dos organismos xilófagos. Neste caso deve-se efetuar um tratamento químico temporário para poder protegê-la contra a ação destes microrganismos. Na armazenagem ao ar livre , deve-se ter o cuidado de escolher um local bem drenado, ventilado, livre de vegetação ou detritos que possam restringir a movimentação do ar principalmente ao próximo ao solo e também locais que não apresentem riscos de incêndios. As pilhas de madeira devem ser colocadas sobre suportes a uma distância mínima de 40 a 50 cm do solo.

ve uma maior e melhor proteção à madeira em relação àquelas estocadas ao ar livre. Além de fornecerem uma maior proteção contra as intempéries, os galpões dispensam gastos extras com lonas para coberturas temporárias e com mão de obra para colocação, retirada e manutenção deste tipo de cobertura. Vem de longa data a relação confituosa do brasileiro com a madeira. Da febre do descobrimento que quase deu fim ao pau-brasil até hoje, cinco séculos se passaram e ainda não alcançamos a maturidade para lidar com esse precioso recurso natural. Mesmo com uma população menor que a do estado de São Paulo,

bruscas no TU podem ocasionar sérias perdas originadas de possíveis defeitos ou ainda pelo ataque de microrganismos xilófagos (fungos e insetos). Uma variação rápida e desigual do TU pode causar rachaduras e empenos. Dois cuidados são importantes no armazenamento. O primeiro é protegê-la contra a ação das intempéries. Existem situações em que a madeira é empilhada sem tabiques ou separadores. Nestas situações a água da chuva fica armazenada nos pequenos espaços entre as tábuas, favorecendo o aparecimento de

A madeira para telhado deve ser estocado em lugares secos e de forma que possam ficar empilhadas em números baixos e sempre na horizontal para não empenarem. Aconselhamos como medida de precaução colocar todo material de madeira a ser usado no telhado para secar ao sol. Após bem secas a madeira já pode ser usada pois a dilatação necessária que iria obter com o tempo já fora concluída assim você não corre o risco da dilatação quebrar telhas e até mesmo entortar o telhado. A estocagem em galpões promo-

o Chile tem um mercado madeireiro dez vezes mais desenvolvido que o nosso. De dez anos para cá, esse cenário vem se transformando: multiplicaram-se pelo país iniciativas que apostam em formas racionais de dispor desse insumo. A madeira frente à construção civil apresenta diversas peculiaridades. Dentre as vantagens ambientais considera-se que a madeira é um recurso natural e o consumo energético por metro quadrado é duas vezes menor que a de alvenaria. Outra vantagem ambiental seria a economia em recursos hídricos (considerada

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pisos, escadas, cabos de ferramentas, construção civil e naval, móveis, tacos para assoalhos, bilhar, tanoaria, dormentes, estacas, carpintaria, postes, laminados, esquadrias, lambris, vigas, caibros, ripas, dormentes, etc. Planejamento De acordo com o planejamento da obra, os materiais adquiridos com antecedência devem ser estocados, mas certos tipos de materiais merecem algum tipo de cuidado especial. A armazenagem é uma das principais fases do processamento da madeira. Desde o seu corte até o uso final, a madeira passa por várias etapas. O principal cuidado é o controle do teor de umidade (TU). Mudanças

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insignificante), pois a água não é empregada em nenhuma etapa de seu processo industrial. Adicionalmente a madeira é um material que oferece propriedades térmicas, acústicas, além de madeira proporciona conforto térmico por ser um material isolante, sendo considerada o maior comparativamente com os metais ou concreto. Quanto à resistência ao fogo, a madeira é um material inflamável, porém durante um incêndio oferece alta resistência mecânica e estabilidade estrutural. Para isso é prevista uma espessura maior nas dimensões da seção transversal das peças estru-

turais de madeira. Com relação à resistência mecânica é importante destacar que existem produtos variados de madeira com diversas capacidades de resistência, sendo que alguns deles, como a madeira laminada colada, possuem alta resistência mecânica podendo ser comparada ao concreto. Considerando-se uma viga de madeira e outra de concreto, com o mesmo volume, nota-se que ambas possuem a mesma resistência, porém a estrutura de madeira é mais leve. Em termos de isolamento acústi-

co, otimiza-se a capacidade da madeira utilizando-se paredes duplas ou ainda acrescentando cita-se o pequeno desperdício de materiais, considerando que os componentes da obra são pré-fabricados, o tempo de construção é menor, uma vez que a edificação exige alicerces bastante simples. Em se tratando de custos, também apresenta características únicas como simplicidade, elegância e charme através de sua variedade de cores, texturas e diferentes odores. RM Neilson Jones Marcio Cleiton

calil@brarewood.com.br

Wood in Civil Construction

T

h e d i f f e re n t a p p l i ca t i o n s o f wo o d i n va r i o u s a re a s o f t h e hu m a n a c t i v i t y h a ve l e d i t to b e co m e a n i m p o r t a n t ra w m a te r i a l. I n t h e c i v i l co n s t r u c t i o n i n d u s t r y, i t ra n k s s e co n d a s t h e m o s t u s e d m a te r i a l, o n l y b e i n g s u r p a s s e d by s te e l. I t i s te m p o ra r i l y u s e d f o r p u t t i n g u p co n s t r u c t i o n s i te s, s ca f f o l d s, f o r mwo r k s, a n d f o r s h o r i n g. I t i s a l s o p e rm a n e n t l y u s e d f o r f ra m e s, l i n i n g a n d f l o o r s. S e ve ra l s t u d i e s h a ve b e e n ca r r i e d o u t to d e ve l o p a p ro p e r u s e o f wo o d a t d i f f e re n t co n s t r u c t i o n s t a g e s. M o d e r n te c h n o l o g y h a s m a d e i t p o s s i b l e to m o d i f y n a t u ra l p ro p e r t i e s o f wo o d s u c h a s m e c h a n i ca l re s i s t a n ce to te n s i l e s t re s s a n d co m p re ss i o n , a s we l l a s re s i s t a n ce to b e n d i n g s t re s s. S o m e o t h e r p ro p e r t i e s o f wo o d a re : h i g h m e c h a n i ca l re s i s t a n ce re l a t i ve to i t s ow n we i g h t ; e a s y wo r ka b i l i t y, w h i c h a l l ow s s i m p l e j o i n s ; a co u s t i ca l a n d t h e r m a l i n s u l a t i o n ; l ow co s t, i f p ro p e r l y

co n s e r ve d. A l s o, wo o d re s i s t s s h o c k s a n d d y n a m i c c h a rg e s t h a t wo u l d n o t b e re s i s te d by o t h e r m a te r i a l s ; i t i s re n e wa b l e, o f f e r i n g d i f f e re n t q ua l i t y a n d a e s t h e t i c s t a n d a rd s. Th e a p p l i ca t i o n s o f wo o d i n c re a s e d a s m o d e r n te c h n i q u e s we re a d o p te d, l e a d i n g to a n i m p rove m e n t i n i t s q ua l i t y. Thu s, n o t o n l y i s i t u s e d a s a u x i l i a r y m a te r i a l, but it is also used in diff e re n t co n s t r u c t i o n s t a g e s a n d a s p a r t o f t h e s t r u c t u re, ra n g i n g f ro m t h e f o u n d a t i o n p ro ce s s to t h e f i n i s h i n g wo r k s. Wo o d h a s d i f f e re n t a d va n t a g e s to c i v i l co n s t r u c t i o n : a s p e r i t s e co l o g i ca l a d va n t a g e s, i t i s a n a t u ra l re s o u rce, w i t h l e s s e n e rg y co n s u m p t i o n p e r s q ua re m e te r t h a n m a s o n r y. A l s o, a l o n g w i t h i t s a co u s t i ca l p ro p e r t i e s, a s a n i n s u l a t i n g m a te r i a l, wo o d p rov i d e s m o re t h e r m a l co m f o r t t h a n m e t a l s a n d co n c re te. Wi t h re g a rd s to f i re re s i s t a n ce, n o t w i t h s t a n d i n g b e i n g a f l a m m a b l e m a te r i a l,

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wo o d h a s h i g h s t r u c t u ra l s t a b i l i t y a n d m e c h a n i ca l re s i s t a n ce. Th a t i s w hy s t r u c t u ra l wo o d e n p i e ce s a re s e t w i t h l a rg e r t ra n s ve r s a l d i m e n s i o n s. A s to m e c h a n i ca l re s i st a n t, i t i s i m p o r t a n t to p o i n t o u t t h a t i t va r i e s d e p e n d i n g o n t h e d i f f e re n t wo o d p ro d u c t s. Fo r e xa m p l e, C ro s s La m i n a te d Ti m b e r ’s re s i s t a n ce co u l d b e a s h i g h a s co n c re te. L i ke w i s e, w h e n co m p a r i n g a wo o d b e a m to a co n c re te b e a m , a l t h o u g h b o t h a re e q ua l l y re s i s t a n t, t h e s t r u c t u re o f t h e f o r m e r i s l i g h te r. Aco u s t i c i n s u l a t i o n , o n t h e o t h e r h a n d, i s i m p rove d by u s i n g d o u b l e wa l l s a n d e ve n by a d d i n g wa s te m a te r i a l. S i n ce t h e m a te r i a l u s e d i n t h e wo r k i s p re fa b r i ca te d and the foundations of the s t r u c t u re a re s i m p l e, t h e co n s t r u c t i o n t i m e i s s h o r te n e d. La s t l y, w h e n i t co m e s to co s t s, i t s co l o r s, te x t u re a n d f ra g ra n ce a re h i g h l i g h te d by i t s s i m p l i c i t y, e l e g a n ce, a n d charm.



Revista da Madeira

Interessante notar também que a produtividade setorial da indústria de serrados tem aumentado gradualmente desde 2015. Este é um fator positivo para o setor de madeira sólida, o que demonstra que, na média nacional, as empresas que estão atualmente em operação têm demonstrado esforço competitivo para otimizar sua capacidade produtiva. Embora o estoque de empregos continue a cair gradualmente em razão da crise política e econômica do país, o nível de produção industrial têm se mantido estável, no referido período. • PREÇO DE VENDA A CONSUFOR estima que ao término de 2017, a produção nacional de madeira serrada seja aproximadamente 3% maior do que a registrada em 2015. Cabe lembrar que este incremento na produção, representa uma nova perspectiva setorial para o país, uma vez que até 2015 os níveis nacionais de produção de madeira serrada eram de queda constante. Por outro lado, os preços médios nacionais de madeira serrada devem encerrar o ano de 2017 com tendência de crescimento, uma vez que atualmente são cerca de 10% maiores do que os registrados em Janeiro de 2015 . Interessante notar que em 2015 houve um rally de preços no início do 2º semestre. Contudo, ao longo de 2016 e início de 2017 os preços voltaram a patamares mais equacionados. Com base na análise do preço de venda, a 2017 deve encerrar com com boas perspectivas para a indústria brasileira de madeira serrada, que gradualmente deverá a observar bons movimentos de demanda no mercado doméstico e no internacional. Como mão de obra é um importante vetor de custo no processo fabril de ambas as indústrias analisadas, a relação de produtividade Tonelada fabricada X Quantidade de Trabalhadores se torna um importante variável de decisão estratégica. É evidente que este não é o único indicador a ser considerado para a definição de estratégias da companhia, mas é fundamental para compreender como a competitividade empresarial pode influenciar nos resultados gerais do negócio. Em razão disso, a necessidade de mão de obra (que é um fator de produção assim como insumos e capital) deve ser objeto de constante análise, com o objetivo de estabelecer uma constante evolução positiva entre produção/trabalhador. Só o aumento da competitividade e produtividade permitem às empresas permanecer ativas no mercado cada vez mais acirrado.

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Indústria de Madeira Serrada no Brasil é a que representa o maior universo de empresas dentro do setor de base florestal. É também a mais fragmentada e com maior diferencial entre os participantes, uma vez que reúne desde as grandes serrarias (com capacidade instalada próxima dos 250 mil m³ de madeira serrada por ano) até as micro indústrias, que fabricam anualmente menos de 5.000 m³ de madeira serrada. Por sua importância no contexto setorial, vamos nesta breve artigo analisar a competitividade desta cadeia produtiva, sob a ótica de 2 drivers: a produtividade da mão de obra e o preço de venda. • MÃO DE OBRA A produtividade setorial de mão de obra mede a proporção entre o volume produzido anualmente pela indústria, e a quantidade de mão de obra necessária para realizá-la. A produtividade média atual da indústria nacional de madeira serrada é menor que há 10 anos. Em 2006, a produtividade setorial média era de 235 m³ de serrado por trabalhador. Atualmente, é de 164 m³ . A justifica para tal movimento é que de 2006 em diante, a velocidade de retração da produção nacional de madeira serrada foi bem superior à taxa de redução do número de empregos no setor . A elevada redução da produção se deu principalmente na madeira amazônica, fruto da forte contração do mercado de manejo florestal sustentável, por diversas razões. Cabe lembrar também, que o período de 2004 e 2005 representou o ápice das exportações nacionais de madeira serrada, em razão das boas condições do mercado internacional e do câmbio muito favorável ao exportador brasileiro.

Marcio Funchal diretor de Consultoria da Consufor

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de pinho-do-paraná (Araucaria angustifolia), muito utilizada durante décadas. Uma outra categoria abrange a madeira serrada e beneficiada para forros, painéis, lambris e guarnições. Também é comum o uso de madeiras leves ou médias em portas e janelas (pinho-do-paraná, cedrinho, ipê), além de madeiras médias ou densas para tacos e assoalhos (ipê, angelim, amendoim, entre outros). Hoje, a preocupação com o desenvolvimento sustentável tem feito com que as madeireiras procurem recursos mais viáveis como a utilização de madeiras provenientes de reflorestamento que sejam certificadas, tão eficientes quanto as nativas, acrescentando o fato de que a extração é controlada e não agride o meio ambiente. “Uma vez dominada a técnica de utilização, a madeira de reflorestamento não possui limitações de uso para edificações. É tudo uma questão de conhecer suas propriedades e de suplantar preconceitos contra sua utilização”, observa o engenheiro Everaldo Pletz, professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e Unipar (Universidade Paranaense). É preciso incentivar o uso de madeiras provenientes de reflorestamento, exigindo das madeireiras o selo FSC (Forest Stewardship Council) de certificação ambiental que assegura que a madeira é de origem responsável. Os vigamentos, tábuas de fechamento externo e deck são produzidos com itaúba e os assoalhos, com cumaru. Os caixilhos são de cedro rosa e o forro e tábuas de fechamento interno, de angelim-pedra.

A Revista da Madeira

o definir um projeto com madeira é preciso que os arquitetos e os engenheiros envolvidos tenham plenos conhecimentos das propriedades das espécies mais apropriadas, considerando fatores como a localização do empreendimento e os agentes biológicos a que a construção será exposta.

Tratamento da madeira O processo de conservação deve ser iniciado no tratamento da madeira e prolongado até a manutenção, e requer técnicas específicas, de acordo com as propriedades em questão. “As técnicas de preservação química consistem em introduzir, por meio de processos adequados, produtos químicos dentro da madeira, tornado-as tóxicas aos organismos que a utilizam como fonte de alimento”, explica o biólogo Sérgio Brazolin, Chefe do Isso é fundamental para evitar futuras deteriorações ocasionadas pela ação do intemperismo e o ataque de fungos e insetos. Dessa forma, é possível determinar o tipo de construção, os detalhes dos sistemas de proteção e os construtivos que irão assegurar a vida útil da edificação. Dentre as fontes de matéria-prima mais usadas, há madeiras provenientes de florestas plantadas - que se destinam a produzir madeira para as indústrias de madeira serrada, cuja exploração apenas pode ser realizada por meio de projetos aprovados pelo Ibama, e as de florestas nativas - exploradas para atender o mercado com o manejo florestal ou da exploração extrativista. Na construção civil essas madeiras podem ser utilizadas de diferentes formas, tanto para usos temporários, como fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos, quanto para usos definitivos, como nas estruturas de cobertura, esquadrias (portas e janelas), forros e pisos. No agrupamento destinado à construção civil pode-se encontrar peças de madeira serrada na forma de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura, onde tradicionalmente é empregada a peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Já as divisórias leves externas e internas reúnem peças de madeira serrada na forma de tábuas e pontaletes, além das ripas e caibros usados em partes secundárias de estruturas de cobertura, como a madeira

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Agrupamento de Preservação de Madeiras do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Entretanto, para que a aplicação química seja eficiente, alguns fatores devem ser observados. As madeiras de baixa durabilidade natural necessitam de uma proteção extra ou preservativo que assegure a longevidade do produto. Dentre os mais utilizados estão os oleosos, os oleossolúveis, que contêm misturas complexas de agentes fungicidas e/ou inseticidas à base de compostos de natureza orgânica e/ou organometálica, e os hidrossolúveis, que contêm misturas mais ou menos complexas de sais metálicos. Apesar dessas opções é sempre recomendado o uso de produtos preservantes higiênicos, de proteção satisfatória e, principalmente, que não agridam o homem e o meio ambiente. A aplicação desses produtos na madeira pode ser realizada sem pressão - a impregnação é superficial - ou com pressão - a impregnação é profunda e realizada por meio de uma autoclave, disponível em usinas de preservação de

madeiras que garantem maior penetração do produto. Os tratamentos realizados sem pressão conferem à madeira uma proteção limitada contra organismos xilófagos, sen-

do recomendados para a preservação de peças que estarão sujeitas a baixos riscos de deterioração biológica. Seja uma residência, uma edificação

maior ou uma obra-de-arte, todo cuidado é pouco. Além da deterioração ocasionada pelas intempéries, muitos são os microorganismos e insetos que se alimentam das macromoléculas encontradas no lenho dessas madeiras . Os fungos, por exemplo, necessitam desses compostos orgânicos. A infecção da madeira geralmente ocorre quando a árvore é abatida e pode prosseguir em diferentes estágios até a utilização final, sendo agravada conforme o material é exposto à umidade. Dentre os fungos xilófagos existentes, há alguns grupos diferenciados conforme as estratégias de ataque às madeiras, como os emboloradores, os manchadores e os apodrecedores. Os emboloradores são responsáveis pelo bolor encontrado nas superfícies das madeiras, resultado de uma alta produção de esporos que podem variar de cor de acordo com a espécie do fungo. Já os manchadores podem provocar manchas profundas no alburno das madeiras, ocasionadas pela presença de hifas pigmentadas ou de pigmentos liberados pelos fungos. Os

Sistema Construtivo

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Sistema Construtivo

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apodrecedores podem provocar profundas alterações nas propriedades físicas e mecânicas das madeiras devido à progressiva destruição das moléculas que constituem a madeira. Outros biodeterioradores comuns são insetos como os cupins (madeira seca, subterrâneos e arborícolas) e as brocas-de-madeira. Os cupins-de-madeira-seca e as brocas podem ser facilmente confundidos por expelirem resíduos das peças atacadas, mas pertencem a ordens distintas de insetos xilófagos. No caso de construções em contato com a água do mar ou salobra (trapiche, defensa de pontes, carreira de barco, entre outros) podem ocorrer ataques de perfuradores marinhos (crustáceos e moluscos) comprometendo a durabilidade da estrutura em madeira. Por isso é importante conhecer as propriedades das madeiras, para que no momento da concepção do projeto a especificação seja feita de maneira adequada, utilizando-se de todas suas atribuições para eliminar os riscos de biodeterioração. Atualmente, o IPT e a ABPM (Associação Brasileira de Preservadores de Madeira) estão revisando a NBR 7190 - Estruturas de Madeira, item preservação de madeiras. Nessa revisão é possível encontrar um sistema de classe de risco que objetiva auxiliar os especificadores quanto à madeira mais apropriada para determinado uso na construção civil, incluindo os riscos biológicos e agentes deterioradores passíveis de atuarem na peça. Utilizadas em pontes, viadutos e passarelas, as estruturas de madeira ou mistas de concreto são comuns em vias rurais e urbanas. Normalmente, as construções são executadas com madeiras pesadas e de alta resistência que suportam cargas elevadas como a itaúba, jatobá, cumaru, maçaranduba, angico e o eucalipto citriodora. Na região Sul as madeiras mais usadas são as de reflorestamento, como o Eucalipto - classes de resistência C40 a C60 - e o Pínus - C20 a C30. No Norte e Nordeste, dá-se preferência ao jatobá, maçaranduba e piquiá, todas de classes de resistência alta - C50 a C60, observa o professor Carlito Calil Júnior, do Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira da Escola de Engenharia de São Carlos - USP. Para assegurar a eficiência das estruturas mistas (madeira e concreto) é necessária a adoção de um sistema de solidarização entre os materiais. Esse sistema pode ser rígido ou semi-rígido (flexível) e é responsável pela transferência de esforços de cisalhamento, garantindo a atuação conjunta dos materiais.

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Sistema Construtivo O sistema rígido consiste na aplicação de pinos metálicos inclinados e colados na madeira com adesivo epóxi, que impede o deslocamento das peças. Já o semiflexível pode ser obtido por conectores metálicos como pregos e parafusos e é mais econômico que o anterior. Nesse tipo de obra-de-arte utilizam-se madeiras brutas (toras), serradas ou laminadas e coladas. Entretanto é fundamental que a madeira em questão esteja devidamente tratada com preservantes que prolonguem a durabilidade e evitem a degradação. Uma forma de garantir a conservação é o isolamento máximo da umidade e, preferencialmente, manter a madeira limpa, longe de lixo e vegetação. “As partes mais suscetíveis de uma ponte são regiões em contato com a água, como o tabuleiro (água de chuva), o encontro dos pilares com a fundação e as estacas de madeira no nível da água”, esclarece Calil. Como dicas básicas deve-se diminuir a ação do sol por meio de medidas arquitetônicas; Isolar a construção das fontes de umidade ou, no mínimo, limitar a permanência da água sobre a madeira; Limitar o uso de aberturas e furos por onde a água possa penetrar e infiltrar; e criar barreiras que impeçam a absorção de água por

W

capilaridade Também deve-se usar madeiras com

teores de umidade compatíveis com o meio em que serão aplicadas; Usar madeira que apresente durabilidade natural compatível com a classe de risco requerida, ou que tenha recebido tratamento químico adequa-

do; Utilizar peças de madeira cujas faces superiores sejam inclinadas; Criar pingadeiras naturais; e Evitar o represamento e facilitar a drenagem de água Além disso, elaborar medidas diferenciadas para locais que favoreçam a condensação da água (por exemplo, vidros em esquadrias de madeira); Facilitar a limpeza e a ventilação das peças; Dificultar a ocorrência de sujeira e lixo sobre a construção; Dimensionar adequadamente as peças de madeira para o alojamento dos elementos de ligação, evitando o aparecimento de fissuras; Proteger os topos das peças de madeira Preferir peças cujas dimensões transversais sejam as menores possíveis, porque os problemas de secagem, que comprometem a durabilidade da madeira, crescem na medida em que essas dimensões aumentam; Tratar os elementos metálicos em contato com a madeira contra a corrosão - quando necessário; e Evitar o uso do material em locais destinados a armazenamento de produtos químicos (sais, fertilizantes), pois os mesmos oferecem riscos significativos de corrosão RM

Eliane Quinalia

Wood Construction systems

hen designing a project that involves the use of wood, architects and engineers should take into consideration not only the properties of the most appropriate species, but also the location of the project and the biological agents to which it will be exposed. All of that is imperative to prevent future deterioration by wind and water, fungi or insects. Thus, establishing the type of construction and the details of both the protection and construction systems will guarantee the useful life of the structure. Wood is one of the most used materials in the construction sector. It is obtained from either planted or native forests. On the one hand, planted forests are established for the production of wood for the lumber industry. They can only be exploited under previous approval by the Ibama Institute (Brazilian Institute for the Environment and Natural Resources). On the other hand, native forests are exploited to supply market through forest management or extractivism. In the civil construction industry, wood is temporarily used to put up concrete formwork, scaffolds and for shoring, whereas it is also used for permanent roof structures, door and window frames, linings, and floors.

The different types of wood used in civil construction include, among other, lumber beams, rafters, planks, and boards for roof structures, where peroba-rosa (aspidosperma polyneuron) is mainly used. Light partition walls are made of timber boards and pillars, along with slats and rafter that are used in secondary components of roof structures, with the Parana pine (araucaria angustifólia) being a main resource thorough decades. Moreover, another type of wood is processed lumber, which is used for lining and panels. Light lumber is also used for doors and windows (Parana pine, cedar tree, ipe). Dense wood is used for hardwood flooring and floors (ipe, angelim, peanut tree). Beams, rear-closing boards, and decks are made with itauba wood, whereas floors are made with cumaru wood. The frames are made of pink cedar, and the lining and front-closing boards are made of angelim-stone. An increasing concern for sustainable development has made logging companies look for more viable resources such as certified wood from reforestation areas, which are as efficient as native wood. Wood extraction from reforestation areas is controlled and does not harm the environment.

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As per preservation, it should be started during the wood treatment process and continue during maintenance, following the appropriate techniques required by the wood’s unique properties. Whether it is a residence, a bigger building structure or a work of art, no matter how much care is taken, it would be insufficient since deterioration is not only generated by wind and water, but also by microorganism and insects that eat the macromolecules found in the wood, as it’s the case of fungi, which take advantage of such organic substances. The wood is often infected when the tree is cut down, and infection may remain during the different stages up until the final use, when it could worsen as it is exposed to moisture. There are severe types of xylophagous fungi; some are notable due to the harm they cause on wood, as it’s the case of mould fungi and blue-stain fungi. Other common biodeterioration species are termites (drywood, underground, and arboreal) and woodboring beetles. All in all, when designing a project, an adequate description of the wood properties is fundamental in order to avoid biodeterioration risk.



lógica nesse setor. Tanto a densificação mecânica da madeira (por meio da peletização) como a torrefação (por meio da temperatura) são tecnologias modernas de conversão da biomassa vegetal em um biocombustível mais eficiente, contornando as fragilidades desse material. A combinação dos dois processos tecnológicos, torrefação da biomassa seguida de peletização (chamada de TOP Process), produz os pellets torrificados que é apontado como a evolução natural dos atuais biocombustíveis sólidos. Quanto maior o tempo e a temperatura desse pré-tratamento térmico realizado na biomassa florestal, mais escuro tornam-se os pellets torrificados. A alta temperatura libera a água e os materiais voláteis do material, e os componentes macromoleculares (celulose, hemiceluloses e lignina) são parcialmente degradados causando dois efeitos: (a) volatização de algumas substâncias, tornando os combustíveis mais estáveis, com baixas emissões de gases do efeito estufa, como o CO2; (b) degradação da estrutura fibrosa da biomassa, deixando -a mais frágil e mais fácil de moer, economizando energia nesse

Revista da Madeira

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biomassa vegetal in natura tem características inapropriadas para sua utilização como recurso energético. O elevado teor de umidade, baixo poder calorífico, higroscopicidade natural, baixa densidade a granel e heterogeneidade de formas resultam em baixa eficiência na conversão, além de dificuldades na moagem, estocagem e transporte. A pe-

letização de resíduos florestais resolve parte desses problemas, e a torrefação desenvolve-se como mais uma inovação tecno-

processo de uniformização das partículas, antes da peletização. Com isso, os pellets torrificados tornam-se um biocombustível sólido mais uniforme, mais resistente, com baixo teor de umidade, com elevado poder calorífico e maior densidade energética. No transporte a longa distância, biocombustíveis com alta densidade energética (PCI x Dgranel) carregam mais energia por m3, que significa na prática, economia nos custos do frete. Com esse upgrade na qualidade do biocombustível, é possível usá-los eficientemente em processos de cogeração, gaseificação e usinas termoelétricas. Os pellets torrificados não adsorvem umidade (são hidrofóbicos) e nem sofrem degradação biológica, por isso podem ser guardados por longos períodos. Mas, será que essa inovação tecnológica é viável em escala industrial aqui no Brasil? Para responder essa pergunta, vamos analisar alguns cenários, por meio da metodologia SWOT, que apresenta os

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Revista da Madeira pontos positivos, negativos, oportunidades e ameaças para esse segmento. Não há dúvida que a tecnologia ainda é recente e os custos de produção dos pellets torrificados ainda são elevados, em virtude dos gastos energéticos dos processos. Entretanto, o baixo custo dos resíduos agroflorestais, disponíveis em grande quantidade no Brasil, aliado aos acordos climáticos de redução das emissões de dióxido de carbono, assinados recentemente na COP21, sinalizam aumento da procura por biocombustíveis modernos como esse. O número de artigos científicos, com esse tema torrefação, cresceram exponencialmente nos últimos 5 anos. Isso sinaliza que mais gente e mais empresas estão pesquisando e desenvolvendo esse assunto. Sustentabilidade, ecologia industrial, energia renovável, recursos energéticos de baixo carbono são precursores da onda de inovação desse século. Por isso, o momento é favorável para desenvolver esse segmento, apresentar novas tecnologias e investir em biocombustível mais sustentáveis. RM


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lidade dos cavacos, como: picagem em equipamentos adequados, lavagem e classificação dos cavacos, separação de contaminantes, estocagem dos cavacos em pilhas cobertas ou não, etc. • No próprio talhão florestal, com o uso de colheitadeiras ou picadores móveis, com abate e picagem das árvores em sequência, sendo que os cavacos podem ser soprados diretamente para caçambas ou caminhões baú para transporte imediato após a produção. • Em pátios intermediários de processamento com localizações pré-definidas, usualmente às margens de talhões onde as árvores estejam sendo abatidas pela colheita. Nesses locais, se colocam equipamentos robustos e produtivos, que são capazes de executar diversas operações, tais como: desgalhamento, descascamento, traçamento, picagem, classificação e limpeza dos cavacos e carga de veículos transportadores dos cavacos. As operações de picagem (“chipping”) realizada na área florestal e o transporte dos cavacos para unidades industriais de consumo devem ser muito bem orquestradas para que se alavanquem vantagens operacionais e eficiências no uso de diversos equipamentos e processos que são sequenciais: colheita das árvores, transporte das árvores para a unidade de picagem, conversão a cavacos e depois transporte dos cavacos para a unidade industrial consumidora. Existem quatro tipos principais de sistemas de colheita florestal e cada um deles tem suas peculiaridades, as quais precisam ser bem casadas com as operações de picagem a cavacos desses materiais colhidos. É ainda possível existirem operações híbridas entre os diversos sistemas de colheita, picagem e transporte, sendo que as decisões sobre o que adotar são dependentes das condições locais e das estratégias empresariais. Os sistemas de colheita florestal relatados como mais frequentes são os seguintes: • Sistemas de toras curtas (“cut-to-length”): onde as diversas operações auxiliares no processamento das toras (destopo, desgalhamento, traçamento e até descascamento) são executadas no interior do talhão da floresta. As toras são produzidas em comprimentos pré-definidos e variando entre 1 a 7 metros; sendo depois levadas às fábricas. É o sistema mais usual para fábricas de celulose e papel, painéis de madeira, etc. • Sistema de toras longas (“tree-length”): onde o desgalhamento e o destopo são feitos no talhão, mas os troncos em seu comprimento comercial são transportados para as margens do talhão, onde são traçados em toras de comprimentos mais longos (entre 3,5 a 7 m) e empilhadas. Existem situações onde se procede ao descascamento dos troncos na beira do talhão, em operação que antecede o traçamento. Em geral, esse sistema de descascamento gera grandes volumes de casca, que depois são problemáticos para disposição e espalhamento sobre o solo, a

As decisões sobre converter a cavacos ou não, ou então, em onde fazer o cavaqueamento do material florestal são funções de diversos fatores, dentre os quais os mais importantes são: a necessidade de se ter obrigatoriedade ou não de se converter esse material em cavacos e a que custo. Algumas das utilizações dos materiais produzidos pelas florestas plantadas, mesmo os de árvores integrais, não necessitam de conversão a cavacos, como seria o caso do uso dos mesmos para gaseificação, produção de carvão vegetal ou uso como lenha em toretes. Em outros casos, a produção de cavacos pode ser alternativa à do uso de toretes, como podem ser diversos dos possíveis usos de materiais para processos termoquímicos (torrefação, gaseificação, etc.). Entretanto, a grande maioria dos usos dos materiais lenhosos produzidos pelas florestas implica em se converter as toras ou os resíduos da colheita em fragmentos ou partículas menores, como é o caso mais comumente praticado, que é a conversão em cavacos. A grande vantagem da transformação em cavacos é a facilidade de manusear e transportar um material muito mais uniforme e homogeneizado (cavacos), pois diversos componentes florestais de diferentes pesos e formatos (cascas, galhos, raízes, ponteiros) são picados e convertidos em algo muito mais simples e homogêneo em dimensões e densidade. Outro ponto crítico para se definirem estratégias de gestão operacional de empresas, que decidem produzir cavacos, é saber onde se colocar a operação de picagem ou fragmentação dos materiais: na floresta, ou na fábrica? Existem basicamente três alternativas para isso: • Na própria fábrica usuária da biomassa florestal, pois existem algumas facilidades em atividades que melhorariam a qua-

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Revista da Madeira

menos que exista algum tipo de comercialização para retirada dessas cascas. • Sistema de árvores inteiras (“full-tree harvesting”): onde a árvore integralmente e com toda sua parte aérea é levada para uma área de processamento, adjacente ao talhão de colheita, onde sofre todas as operações requeridas. • Sistemas de produção de cavacos (“chipping”): onde as árvores são convertidas em cavacos no campo e não nas fábricas. As árvores podem ser previamente

preparadas pelo desgalhamento, destopo ou até mesmo descascamento e depois picadas. Existem também picadores ou colheitadeiras florestais que abatem as árvores e convertem toda a parte aérea das mesmas em cavacos. Finalmente, existem ainda equipamentos robustos para extração dos tocos/raízes do solo, limpeza e fragmentação em cavacos desse material. Quando a opção é pela produção de cavacos a partir de árvores integrais ou

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semi-inteiras, existem algumas características típicas desses sistemas que precisam ser conhecidas, ou seja: • Todos os sistemas existentes e com viabilidade técnica e econômica são complexos e exigem equipamentos, operadores e manutenções em altos níveis de qualificação. • Os cavacos obtidos são definitivamente mais irregulares e mais contaminados dos que os obtidos nas fábricas usando toras lavadas e previamente descascadas. • Há que se orquestrar muito bem as sequências de eventos para maximizar eficiências e reduzir custos. • O sistema de produção de cavacos na área florestal se colocará direta e intrinsecamente associado ao sistema de colheita florestal e ao sistema de transporte dos cavacos para as unidades usuárias. Não há como se estocar cavacos no mato, embora se possam estocar toras esperando para serem picadas. • As unidades usuárias dos cavacos devem estar localizadas nas proximidades das áreas de produção dos mesmos, pois os custos de transporte de materiais muito volumosos como os cavacos podem destruir os ganhos obtidos na área florestal. • A remoção de materiais florestais ricos em nutrientes para fora da área florestal implicará em adequados estudos de balanços nutricionais das florestas e das exportações e reposições de nutrientes por esse tipo de processamento. • Conforme o sistema que se venha a adotar, podem sobrar grandes volumes


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de resíduos depositados nas proximidades das áreas de processamento no campo. São casos comuns: acúmulo de cascas, de galharia, de tocos e de cavacos perdidos esparramados pela área toda. • Existe uma associação muito íntima entre o teor de umidade do material a ser processado e as eficiências e qualidades das operações. Por essa razão, tanto as condições climáticas como os tempos decorridos entre o abate das árvores e o processamento em cavacos precisam ser bem conhecidos e os efeitos negativos minimizados. Cada caso terá suas próprias especificidades e merecerá avaliação individualizada própria. Quando se tem como objetivo a produção de cavacos de árvores integrais na área florestal, é preciso ter consciência que essas sequências de operações não devem ser realizadas por amadores ou iniciantes no assunto. Os investimentos são altos e as qualidades obtidas dos cavacos podem ser muito variadas, às vezes até inapropriadas para atendimento das especificações de uso. Por exemplo, basta

que o teor de areia seja elevado demais em cavacos para uso energético, que eles se tornam inadequados para queima em caldeiras de biomassa. Alguns produtores rurais podem ficar encantados com a ideia de produzir cavacos “para ganhar uma fortuna” e se aventuram nesse processo, comprando pequenos picadores móveis para picar galhos, árvores finas, resíduos florestais, etc. Na maioria das vezes, as operações

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acabam sendo descontinuadas, pois são ineficientes, onerosas, demandam muito uso de mão-de-obra e de combustíveis. Esses pequenos picadores de campo, como são assim chamados, são muito indicados para picar resíduos de podas de árvores em municipalidades e árvores finas de desbastes florestais. Porém, têm baixa eficiência e costumam ter baixo uso de suas disponibilidades, ficando muito tempo parados. Também, quando muito exigidos com materiais inadequados, acabam resultando em manutenções seguidas. Muitas vezes, o produtor rural faz inadequadas avaliações de mercados, de distâncias a percorrer, de custos de manuseio e transporte. Com isso, os custos incorridos acabam destruindo as receitas de venda, resultando em fracasso como negócio. Portanto, sugere-se que sejam feitas avaliações prévias em análises de viabilidades técnicas e financeiras.


Revista da Madeira Em geral, a produção de cavacos de árvores integrais vem sendo feita por grandes produtores ou usuários de materiais lenhosos, na maioria das vezes para fins energéticos como cavacos ou para produção de péletes ou briquetes. Tem-se como aceitação prática que a forma mais rápida e fácil de usar a árvore integral é transformando suas partes arbóreas (aéreas e/ou subterrâneas) em cavacos. Os cavacos são materiais mais homogêneos em composição, formatos e dimensões. São também mais facilmente manuseados, transportados e estocados. Isso já sabemos, mas é bom reforçar. As principais vantagens da produção de cavacos de árvores integrais na área florestal são as seguintes: • Maiores facilidades de manuseio, transporte e estocagem dos materiais mais homogêneos que são os cavacos, como previamente já relatado. • Maior produtividade em biomassa florestal pela mesma área de terra pelo uso adicional de galhos, ponteiros, casca, raízes, etc. • Menor necessidade em novas áreas plantadas pelo ganho em produção de biomassa por unidade de área.

• Redução dos custos da silvicultura nas plantações subsequentes, pois a área fica mais limpa e em alguns casos, o solo fica pré-preparado (como no caso da extração de raízes). • Uso de materiais lenhosos que eventualmente estejam sendo gerados e descartados como resíduos. • Flexibilidade no uso de materiais

mistos, por exemplo, colhidos de plantios mistos, utilização de material do sub-bosque, etc. • Redução de riscos com incêndios e pragas, devido redução de biomassa volumosa e seca, que pode se acumular sobre o solo. É o caso da redução de população da praga conhecida como cascudo

serrador da acácia negra. • Utilização de materiais lenhosos, que tenham sido tornados inadequados devido a algum desastre natural, como incêndio, quebra de árvores pelo vento, inundações, etc. • Oferecimento de novas alternativas aos produtores rurais, mas antes se recomendam adequados estudos de viabilidade. As principais desvantagens de produzir cavacos de árvores integrais na área florestal são as seguintes: • Matéria-prima muito irregular em formato, qualidade, dimensões, etc. • Os custos elevados em investimentos e nas operações exigem altos níveis de eficiência produtiva (disponibilidade, uso do tempo, manutenções adequadas, rendimentos exemplares, etc.). • Operações não devem ser sazonais, pois os investimentos para serem pagos com retorno demandam máxima utilização dos equipamentos (máximas disponibilidade e utilização dessa disponibilidade). • Sistemas são menos adequados para regiões muito acidentadas, embora se possam planejar bem as instalações


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dos postos intermediários de processamento do material em cavacos. • Sistemas sujeitos às condições climáticas e com necessidade de operações noturnas, para máximo uso da capacidade produtiva. • Operações com maiores riscos em segurança operacional, demanda por pessoal qualificado e treinado. • Máquinas muito robustas e com mobilidade mais difícil (não válido para todos os sistemas). • Qualidade dos cavacos mais difícil de controlar, conforme variarem as florestas e as partes das árvores que forem picadas. • Maior agressão ao sítio florestal devido à concentração de atividades antrópicas e uso de máquinas pesadas capazes de danificarem o solo (erosão, compactação, etc.). • Custos altos com reposição de nutrientes extraídos do solo, bem como em práticas de conservação do mesmo. Em geral, os pátios de processamento costumam gerar grandes quantidades de rejeitos (restos de galhos, ponteiros, cascas, terra e pedras, toretes esfacelados, etc.). Isso vai fazer com que outras operações subsequentes sejam realizadas para espalhamento desses restos vegetais sobre o solo, de preferência de volta ao talhão, de forma ampla e bem distribuída. Os equipamentos de picagem ou fragmentação podem ser móveis ou semi-estacionários.

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ecisions on chipping forest material or where to carry out chipping depend on several factors, including the following question: Is it necessary to make chipping compulsory and at what cost? In terms of use, materials produced in planted forests, including those obtained from whole trees, need no chipping. However, wood used for gasification, charcoal production or firewood in logs must be chipped. In other cases, chipping can be an alternative to logging, thus diversifying potential use of materials for thermochemical processes (torrefaction, carbonation, etc.). In the meantime, most of uses of woody materials produced in planted forests imply that logs or waste from harvesting must be turned into fragments or smaller particles; in other words, they must be chipped. The great advantage of chipping includes easy handling and transportation of more uniform and homogenized material (chips), because several forest

Os picadores móveis são espécies de colheitadeiras que fazem “quase tudo”, pois abatem as árvores e picam tudo o que podem delas.

Os picadores semi-estacionários dependem de um posicionamento estático dos mesmos na beira do talhão durante o tempo em que as árvores estejam sendo colhidas por outros tipos de equipamentos. Quando a colheita do talhão termina, eles podem ser movidos para a beira do próximo talhão que vai ser colhido. Em todos os casos, a logística para manuseio, carga, transporte dos cavacos é vital. Três problemas que podem ser críticos costumam ser: falta de sintonia entre as operações de corte das árvores e sua picagem; recebimento dos cavacos em veículo inapropriado e transporte irregular dos cavacos produzidos para a unidade consumidora.

Whole-tree chipping

components of different weights and shapes (barks, sticks, roots, pointers) are cut and transformed into a more simple and homogenous product in size and density. Another critical point for mapping out operating management strategies in companies that decided to produce chips, is to know where to carry out material cutting or fragmentation: in the forest or in the factory? In this regard, there are three alternatives: • Factory that uses forest biomass, • Forest, • Intermediary processing sites with preestablished locations Chipping in forests and chips transportation to consuming industries must be properly stage-managed in order to gain operating advantages and efficiency in the use of several equipment and implementation of sequential processes: tree harvesting, tree transportation to chipping units, chipping, and later chips transportation to consuming industries.

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Lembrar que essa picagem no campo de materiais irregulares das árvores integrais resulta em cavacos que possuem baixas densidades aparentes base seca. As densidades a granel dos cavacos de campo dos eucaliptos costumam ser inferiores a 150 kg a.s. por metro cúbico de cavacos, principalmente devido às cascas de menor densidade e dimensões irregulares dos mesmos. Os cavacos podem ser produzidos por três tipos de sistemas de fragmentação: picadores de discos, fragmentadores a tambor e fragmentadores a rotor. O tipo de cavaqueador vai depender do material a picar e da qualidade requerida nos cavacos. As exigências para cavacos a usar em bioenergia são menos restritivas do que os cavacos para produção de celulose e para alguns painéis de madeira (MDP, por exemplo). De maneira geral, os cavacos obtidos em picadores de campo não costumam apresentar as mesmas qualidades dos cavacos produzidos em fábricas a partir de toras lavadas e descascadas. Existem formas de minimizar os efeitos negativos da degradação biológica desse tipo de cavacos: a melhor é uso imediato dos mesmos após produção, sem estocagem. RM Celso Foelkel Eucalyptus Online Book

There are four main types of forest harvesting systems, each with their own peculiarities, which must be combined with chipping of harvested materials. Plus, there are maybe hybrid operations between different harvesting systems, chipping and transportation; thus, decisions on what system to choose depend on local conditions and business strategies. The most frequent harvesting systems are as follows: • Cut-to-length • Tree-length • Whole-tree harvesting • Chipping With whole-tree chipping being the aim in forests, we must be aware that these operating sequences must not be carried out by amateurs or beginners. Investments are high, and quality from chips may be varied, and even unappropriated at times to meet use specifications. For instance, high sand levels in chips for energy purposes make them inadequate for burning in biomass furnaces.



de tempo, aguardando nesse caso, que as condições climáticas sejam favoráveis ao transporte até o pátio das respectivas indústrias se comparado, por exemplo, com outras regiões do Brasil. Na Região Norte as serrarias hoje, cada vez mais distantes dos locais de colheita, são obrigadas a manter um grande estoques de toras, de forma que o seu fluxo produtivo não seja prejudicado. É de conhecimento também que um número significativo de serrarias não fazem uma correta gestão de seus estoques de matéria-prima bruta, o que conduz à perdas, diretas ou indiretas. Entre os fatores que mais contribuem com essas perdas figuram: 1°) Toras armazenadas em contato direto com o solo (terra), agregando assim materiais abrasivos e outros que as tornam susceptíveis frequentemente à deterioração.

Revista da Madeira

(1a)

O

modelo de concepção de uma serraria é em geral específico à um local, ou à uma região ou até mesmo, à uma serraria tida como modelo, e repousa, sobre um postulado de resolução de problemas em virtude das inúmeras variáveis associadas à esse tipo de unidade de processamento mecânico da madeira. Sabendo que esses problemas podem variar de uma serraria a outra e isso se aplica igualmente, em relação à formação e à qualidade da mão-de-obra. Por exemplo, uma serraria “A” poderá ser confrontada com problemas associados com as técnicas de produção de compensados, enquanto tudo vai muito bem com a secagem em secadores industriais. Consequentemente, a formação continuada do pessoal não será incluída em seu programa de capacitação nesse setor. Por outro lado, uma serraria “B” poderá não encontrar problemas com as técnicas de desdobro, mas terá dificuldades com aquelas associadas à secagem de sua madeira serrada. Nesse caso, ela incluirá em seu programa de capacitação de pessoal, as técnicas de secagem em secadores industriais em seu programa de capacitação continuada. Uma indústria de processamento mecânico da madeira emprega um número de técnicas de transformação considerável. Ressalta-se que essa rubrica, não tem a pretensão de fornecer todas essas técnicas, mas por outro lado, as informações aqui apresentadas abordam unicamente os aspectos mais relevantes da transformação mecânica da madeira, notadamente as etapas primária e secundária. O principal objetivo é o de fornecer informações gerais sobre os principais elementos da transformação mecânica da madeira afim de facilitar um diálogo bilateral, como, por exemplo, entre os participantes de um programa de capacitação concernente à esse tema e o profissional com a missão de capacitá-los. Antes de quaisquer considerações específicas sobre a indústria de serraria propriamente dita, é preciso abordar certos aspectos preliminares, mas de grande importância dentro contexto global. As toras na sua forma bruta destinadas às serrarias, são temporariamente, armazenadas no pátio. A permanência das mesmas nesse local depende principalmente do ritmo segundo essa matéria-prima dá entrada no mesmo para em seguida serem consumidas no processo de transformação mecânica, que poderá variar entre algumas semanas e até meses dependendo de uma série de fatores. Em países tropicais como o Brasil, por exemplo, na Região Amazônica, como a colheita e o transporte da madeira (toras) é sazonal em virtude das condições climáticas, essa é sem dúvida, uma agravante significativa para contribuir para que essas toras sejam armazenadas por um período maior

(1b)

2°) As toras são empilhadas sem a devida proteção ou abrigo contra as intempéries, o que provocará inevitavelmente a incidência de trincas e/ou rachaduras

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Revista da Madeira drecedores

seccionamento de tora com qualidade superior (5b)

(1a)

Toras apresentando trincas e/ou rachaduras decorrentes de uma má gestão do pátio

6°) Ausência de uma sistema de aspersão de água sobre as toras em uma pilha, pelo menos nas horas ou nos períodos mais quentes do dia ou do ano, prevenindo possíveis perdas de qualidade por trincas e/ou rachaduras e por degradação de fungos

(1b)

3°) Ausência de conectores para prevenir trincas e aplicação de produtos selantes, nas toras (silicone, breu etc.). Tratamento das toras no pátio por aspersão d´água a céu aberto

Seção transversal de toras mostrando a incidência de fungos de manchamento (Cerastomella sp) (1a) madeira serrada apresentando manchas provocadas pelo mesmo fungo de manchamento (1b)

5°) Seccionamento impreciso das extremidades das toras deixando excesso de material lenhoso, que poderia oferecer condições para a infestação de fungos apodrecedores e/ou de manchamento. (5a)

Utilização de conetores e/ou produtos selantes nas seções transversais das toras para evitar o desenvolvimento de trincas

4°) Inexistência da aplicação de produtos prevenindo o ataque de agentes causais de deteriorações diversas (5b)

Seção transversal de uma tora mostrando degradação provocada por fungos apo-

Seccionamento de toras de qualidade superior (5a) e

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Existem três variáveis associadas com as atividades fúngicas e/ou insetos: temperatura, umidade e oxigênio. Assim as condições que favorecem a atividade desses organismos devem ser de conhecimento do gestor de forma que ele possa agir de forma adequada. Dentro deste contexto, o Quadro 1 apresenta o efeito combinação entre o teor de umidade médio das toras e a forma de armazenamento e os seus reflexos nos riscos de degradação da madeira, sejam elas com origem nos fungos apodrecedores (podridão parda, podridão branca e podridão mole) e/ou com insetos lignívoros (ex. cupins, cerambicídeos) estão associadas diretamente com as atividades fúngicas e também dos insetos. Influência da combinação do teor de umidade médio das toras e a forma de armazenamento na intensidade da degradação das toras No caso da proteção das toras mediante a aplicação de água na forma de spray, recomenda-se que o empilhamento das mesmas seja realizado de preferência em local gramado ou revestido com qualquer vegetal do mesmo porte. Todavia, caso não haja um sistema de captação e recuperação da água para posterior reuso, as vias de circulação interna do pátio em pouco tempo estarão impróprias para a circulação de veículos e outros equipamentos. Para evitar esse problema, recomenda-se então utilizar as costaneiras que possam ser descartadas para que se possa improvisar uma cobertura adequa-


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da, podendo inclusive revesti-las com terra ou até mesmo cascalho possibilitando assim um suporte apropriado. Com as restrições ambientais com relação ao uso da água é preciso ter em mente que o volume de água necessário no processo de aspersão das toras é consideravelmente elevado e em consequência esse processo poderá ter custo elevado. Todas essas circunstâncias podem comprometer a qualidade e o produto. Di-

para separar as diferentes camadas de toras que sobre estes serão depositadas para a construção das pilhas. Em geral não existe um número fixos de toras/pilha. Esse número dependerá principalmente do diâmetro mesmas. No caso de toras com diâmetros de cerca de 1,0 metro ou mais, os empilhamentos mais usuais são de 30 toras, com a configuração de 12 toras na base, 10 toras na camada intermediária e 8 toras na camada superior. Lembrar que por questões operacionais

ser analisada do ponto de vista econômico, para avaliar qual seria o impacto financeiro no custo de produção. • Utilizar conetores de plásticos seja na forma de “S”, quadrada ou retangular com o mesmo propósito do item anterior ; • Fazer a fumigação das toras também sob a mesma cobertura plástica que o item anterior, utilizando para isso um produto fungicida e inseticida, o mais ecológico possível (solúvel em água e fluorado), de forma a prevenir a incidência de fungos ; • Eliminar das toras impurezas abrasivas e outras e também a casca antes do desdobro e, • Seccionar as toras em seus comprimentos respectivos, cuidando-se para obter um corte perfeito (vertical) evitando com isso pontos favoráveis à incidência de fungos e/ou insetos além de preservar que as peças derivadas do desdobro tenham que ser submetidas à cortes de padronização de dimensões acarretando com isso, perdas de rendimento • Fazer o armazenamento das toras completamente imersas em água

Armazenamento das toras por imersão em água

retamente, irão contribuir para aumentar o volume de produtos conexos lenhosos (resíduos). A vida útil dos equipamentos de cortes será reduzida pela presença sistemática de resíduos abrasivos durante o processamento. Assim, o somatório de todas essas agravantes será um fator importante no aumento do custo unitário de produção . Visando assim prevenir e/ ou minimizar todos esses fatores, algumas medidas são sugeridas e entre essas estão previstas: • Preparar adequadamente o piso do pátio com terra (evitar saibro ou cascalho) e sobre este dispor tabiques separadores

as pilhas deverão comportar uma mesma espécie segundo uma classe diamétrica pré-estabelecida. Algumas serrarias utilizam uma base em madeira roliça ou não de forma que sobre essas, as toras seriam armazenadas. Todavia, o que irá fatalmente ocorrer é que se a madeira da base, estiver infestada de fungos apodrecedores e/ou insetos lignívoros, esses fatalmente irão passar para as toras sobre o respectivo suporte • Recobrir cada pilha com uma lona plástica e as vaporizar frequentemente afim de minimizar as trincas e/rachaduras de topo. A adoção desse processo deverá

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O princípio desse método consiste em depositar as toras no interior de um espelho d´água. Este método apresenta um custo de manutenção bem inferior aos demais desde que as toras já estejam imersas. Esse método propicia um maior período de conservação das toras desde que as toras cuja madeira possui densidade menor do que 1,0 g/cm3 e por essa razão irão flutuar, tenham a sua partes expostas constantemente umidificada. Caso contrário, a incidência de fungos será inevitável. Finalmente, outra dificuldade inerente à esse método é a retirada das toras para atender ao fluxo produtivo da serraria. Em alguns locais o procedimento consiste em realizar o armazenamento



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das toras classificadas por comprimento, diâmetro e espécie no pátio e, o desdobro, segue a idade cronológica das mesmas em relação ao tempo de armazenamento. Outras serraria, trabalham no ritmo do fluxo industrial, ou seja, a madeira que dá entrada no pátio equivale ao fluxo de produção, mas com um ligeiro percentual de

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segurança para eventualidades. Dessa forma evita-se custo e cuidados de prevenção, pois as toras praticamente são desdobradas com curto período de tempo desde o corte até o desdobro. Em resumo, o importante é que cada uma das unidades de serraria, adotem um procedimento de gestão de pátio de toras quem mais lhes convir. Outra operação preliminar que também deverá ser considera concerne ao seccionamento das toras. Essa operação poderá ser executada no próprio local de corte, mas muitas serrarias executam esse procedimento nos pátios. Com isso, os comprimentos dos

fustes serão estabelecidos em função de possíveis defeitos das toras, tais como, tortuosidade, excentricidade do cerne, presença de apodrecimento, marcas de fogo, fendilhamentos e/ou trincas decorrentes da operação do abate e esse seccionamento pode até ser realizado para atender demandas específicas concernentes à comprimento de determinadas peças para fins de construção civil ou outros. O seccionamento das toras no pátio reduz significativamente as perdas que poderiam advir de um seccionamento aleatório no local de corte da madeira. RM Luiz Carlos Couto coutoluizc@gmail.com PhD. DEF/UFVJM

Magno Alves Mota magnoalmot@gmail.com acadêmico DEF/UFVJM

Fernando Paiva Scárdua scardua@ufvjm.com

Dr. Unb. Laércio Couto laércio.couto45@gmail.com Tecflora

Principles for Sawmill Management

anagement models for sawmills are usually conceived to suit a specific place, region or even models of other sawmills. These models are based on a problem-solving premise that covers the innumerable variables associated with that type of mechanical wood processing unit, but taking into account how problems can vary from one sawmill to another, which applies equally to training and the quality of the workforce. For example, if a sawmill faces difficulties regarding plywood production techniques while still having its industrial dryers working perfectly, the new training on production techniques should not be included in the training program of the drying sector. Similarly, sawmills may not have difficulties regarding the unfolding techniques, but rather with the drying techniques necessary for the drying of lumbers. In that case, the learning of drying techniques using industrial dryers should be included in the staff training program. A mechanical wood processing industry employs a considerable number of processing techniques. The present article, however, does not pretend to list all such techniques, but to simply address the

most relevant aspects of the mechanical transformation of wood, notably the primary and secondary processing stages. The main objective of this article is to provide general information on the main elements involving the mechanical processing of wood in order to foster a bilateral dialogue between, for instance, the participants of a training program concerning this matter, and the professional entrusted to train them. Before any specific considerations regarding the sawmill industry itself, it is necessary to mention certain preliminary aspects that, in a global context, are of great importance. Raw logs destined for sawmills are temporarily stored in log yards. The period of time logs are stored depends mostly on the time it will take to transport and process them. Such operation could take a few weeks or even months, depending on a number of factors. In tropical countries, such as Brazil, specifically in the Amazon region, where the harvesting and transportation of timber (logs) is seasonal due to climate conditions, logs can be stored for a longer period of time in comparison to other Brazilian regions, since weather conditions must be favorable in order for logs to be

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transported to their final destination. Nowadays, in the North Region of Brazil, sawmills are increasingly distant from extraction sites; therefore, they are required to stockpile large quantities of logs to ensure their continuous operation. It is known, however, that a significant number of sawmills do not efficiently manage their raw material stocks, which ends up causing them direct or indirect losses. For this reason, it is important that sawmills start to introduce management procedures that suit their needs in order to better administer their log yards. Another preliminary operation that should also be taken into consideration is the sectioning of logs. This operation can be executed at the extraction site itself, however, many sawmills carry out this procedure in the yards. The lengths of the stems will be determined by the possible defects of the logs, such as tortuosity, core eccentricity, decay, fire marks, cracks, and slits resulting from the extracting operation. Logs can be sectioned into specific pieces to use for civil infrastructures or other purposes. Sectioning the logs in the yards significantly reduces the risk of losses resulting from randomly sectioning logs at the logging site.



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A Acacia mangium é uma leguminosa arbórea originária da região nordeste da Oceania, mas muito usada no Sudeste Asiático para diversos fins. No Brasil, a espécie se espalhou por vários estados, especialmente por sua rusticidade e aptidão de se desenvolver em ambientes muito degradados. Mas o impacto do plantio consorciado de eucalipto com acácia era, até então, pouco conhecido. A pesquisa revela que, em solos pobres e de baixo nível de fertilidade, esse sistema de plantio apresenta os melhores resultados, ou seja, onde as espécies demonstram mais “complementariedade” do que “competição” entre elas. A capacidade de fixar o nitrogênio do ar da espécie Acacia mangium é um exemplo dessa interação, e faz com que o aporte desse nutriente seja muito alto nos dois primeiros anos do plantio, o que acaba suprindo as plantas até o final do ciclo. Potencial Os pesquisadores avaliam que o consórcio tem potencial de uso para o pequeno produtor que planta eucalipto para fins locais de produção de energia e comércio de madeira, por exemplo. Estudos de viabilidade do consórcio em larga escala também estão sendo conduzidos por uma rede de pesquisa que envolve outras instituições além da Embrapa, além de diversas empresas do setor florestal. Apesar dos benefícios conhecidos do consórcio, sua adoção por grandes empresas do setor florestal é complexa, pois exige adaptações no processo produtivo que vão desde equipamentos utilizados na colheita até os processos industriais envolvidos na produção da polpa de celulose e do papel, por exemplo. Outro gargalo é a obtenção de materiais genéticos superiores de Acacia mangium, os quais poderiam ser obtidos no Sudeste Asiático. No Brasil pouco se conhece sobre o potencial de uso dessa leguminosa. O pesquisador Fabiano Balieiro explica que a Acacia mangium é bastante utilizada no Sudeste Asiático pelas indústrias moveleira e de papel e celulose, assim como para a produção de carvão vegetal. Sua escolha para a pesquisa foi devido ao seu potencial econômico, já conhecido no exterior, e ao seu potencial como fixadora de nitrogênio. Outras leguminosas, exóticas e nativas, também podem e devem ser testadas no futuro. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o setor florestal brasileiro de árvores plantadas ocupa uma área de 7,8 milhões de hectares, sendo responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no País. Os plantios de eucalipto representam 72% da área total de árvores plantadas e apresentaram um crescimento médio anual de 2,8% nos últimos cinco anos. RM

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studo elabora pela Embrapa confirma que plantar leguminosas em consórcio com eucalipto elimina a necessidade de aplicação de adubo nitrogenado Os cientistas analisaram o impacto da leguminosa arbórea Acacia mangium na plantação de florestas de eucalipto. A produção de madeira foi similar à obtida com o monocultivo que recebeu adubação. A economia com fertilizantes foi em torno de R$ 500 por hectare, considerando uma aplicação de 100 quilos de nitrogênio por hectare nos plantios. “Ao combinar essas duas espécies, temos um custo menor de implantação, aumentamos a produção de biomassa e a diversidade de formas de vida no solo”, explica Guilherme Chaer, pesquisador da Embrapa e um dos responsáveis pelo estudo. Além da economia com fertilizantes, outro fator positivo desse consórcio é que a curva de incremento em diâmetro das árvores mostra que o eucalipto não apresenta sinais de estagnação até os 60 meses, diferentemente do monocultivo. Consequentemente, a idade de corte pode ser estendida, permitindo a produção, em prazo relativamente menor, de peças de eucalipto apreciadas pelo mercado de madeira serrada, no qual toras com maior diâmetro são requeridas e alcançam maior valor comercial. Os pesquisadores constataram, ainda, uma série de benefícios ecológicos, como o aumento do carbono, da fertilidade e da diversidade de microrganismos do solo. A pesquisa comparou quatro tipos de manejo ao longo de seis anos: monocultivo de eucalipto tradicional com uso de adubo nitrogenado, semelhante a 99% dos plantios do País; monocultivo de eucalipto, mas sem uso de adubo nitrogenado e dois consórcios de eucalipto com a Acacia mangium sem uso de adubo nitrogenado, porém com variação na densidade de plantas por hectare.

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ção dos recursos sociais e econômicos de um país, visando o desenvolvimento; para tanto, os governos deverão ser capazes de planejar, formular e implementar políticas e cumprir suas funções”. A boa governança passa por quatro requisitos: Administração do setor público - diz respeito à melhora da capacidade de gerenciamento econômico e de prestação de serviços sociais. Marco legal - este é um elemento crítico em face da síndrome da ilegalidade que caracteriza muitos países em desenvolvimento, como o Brasil. Essa dimensão envolve uma série de regras conhecidas previamente, cujo cumprimento é garantido em um órgão judicial independente e de procedimentos para modificá-las, caso não sirvam mais aos propósitos inicialmente estabelecidos. Transparência – envolve a disponibilidade de informações sobre as políticas governamentais, bem como a transparência dos processos de formulação de políticas governamentais; Participação- envolve a oportunidade para que os cidadãos possam influenciar a tomada de decisão sobre as políticas públicas. Governo e iniciativa privada somente teriam esta visão estratégica de governança caso se reconheça que o setor florestal demanda uma discussão mais ampla, numa visão de desenvolvimento sustentado, equiparando a silvicultura como uma atividade agrícola. Técnicos, especialistas e investidores teriam a noção exata do “negócio ou empreendimento florestal”, sem as surpresas e situações de momento. O marco legal que rege o setor florestal é marcado por uma série de distorções. Além do Código Florestal (Lei 12.651/12) e da Lei Mineira (20.922/13), existe uma infinidade de deliberações normativas, portarias, resoluções que cria um enredamento jurídico extremamente complexo, às vezes contraditório, inconstitucional e, muitas das vezes, extemporâneo. Tudo para não dizer que este marco legal é extremamente discriminatório em relação aos demais segmentos do agronegócio (pecuária e agricultura), onde existe um ministério próprio (Ministério da Agricultura) e secretarias estaduais que utilizam uma legislação muito mais racional e sensata, sempre ligada ao setor. A título de exemplo, a Tabela 1 mostra um paralelo entre as ati-

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a contramão da crise econômica que assola o país, o agronegócio ostenta maturidade e competência, graças, principalmente, às tecnologias utilizadas. A cada ano, recordes de produção e produtividade são registrados, confirmando que este é um país que, em se plantando, tudo dá. Quando o tempo ajuda e o governo não atrapalha, tem-se a certeza de lucro certo, com renda, riqueza, empregos e motivos de comemoração. Por isso, o agronegócio é pop, é lucro, é tudo. O sucesso do momento. A silvicultura, braço direito do agricultura e pecuária, sempre demonstrou a sua força e a sua importância no cenário econômico. Ocupando apenas 0,6% do território nacional consegue uma renda superior à obtida com a pecuária, que ocupa quase 30,0% da área do País. Tal situação acontece porque possui condições adequadas de clima e solo, aliadas à competência, capacidade técnica, gerencial e administrativa de todos os segmentos da indústria de base florestal. Nesse ponto, o Brasil tem, de sobra, todas as vantagens comparativas e competitivas em relação a qualquer país. Infelizmente, faltam governança e um marco legal. Segundo o Banco Mundial, em seu documento Governance and Development, governança “é a maneira pela qual o poder é exercido na administra-

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vidades agrícolas, pecuária e florestas plantadas. Legislação não falta para que o setor conquiste a isonomia em relação aos outros segmentos do agronegócio. Basta ver do Decreto 8.375/14 que define a política agrícola para as florestas plantadas. Art. 1º Este Decreto estabelece os princípios e os objetivos da Política Agrícola para Florestas Plantadas relativamente às atividades de produção, processamento e comercialização dos produtos, subprodutos, derivados, serviços e insumos relativos às florestas plantadas. Art. 2º Consideram-se florestas plantadas, para efeito deste Decreto, as florestas compostas predominantemente por árvores que resultam de semeadura ou plantio, cultivadas com enfoque econômico e com fins comerciais. Art. 6º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento coordenará o planejamento, a implementação e a avaliação da Política Agrícola para Florestas Plantadas e promoverá a sua integração às demais polí-

ticas e setores da economia. No mesmo diapasão, o art. 72 do Código Florestal (Lei 12.651/12) estabelece que o exercício das atividades da silvicultura, em regiões de uso alternativo do solo, tem o mesmo efeito jurídico que o exercício das atividades agrícolas. Art. 72. Para efeitos desta Lei, a atividade de silvicultura, quando realizada em área apta ao uso alternativo do solo, é equiparada à atividade agrícola, nos termos da Lei no 8.171, de 17 de janeiro de 1991, que “dispõe sobre a política agrícola”. As disparidades entre os setores agropecuário e de florestas plantadas evidenciam que mudanças urgentes são necessárias. Todas as normas precisam ser revistas a fim de garantir a sobrevivência do setor florestal no País. Além de discriminatório, o marco legal que rege o setor florestal é repleto de uma infinidade de deliberações normativas, portarias, resoluções que cria um enredamento jurídico extremamente complexo, às vezes, contraditório, e, muitas das vezes, extempo-

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râneo. Crises e incertezas afugentam os investimentos e agravam as situações de renda e empregos para todos os envolvidos. Governo e iniciativa privada precisam de governança para que o setor florestal seja reconhecido como uma atividade de desenvolvimento sustentado. Basta que a silvicultura seja considerada como uma atividade agrícola, como a lei já a reconhece. Cumpra-se a lei. Neste propósito, caberia aos ministérios e secretarias do meio ambiente a incumbência de coordenar ações e formular políticas públicas, ligadas exclusivamente às atividades de conservação e preservação. Os analistas ambientais, biólogos, engenheiros florestais e os técnicos afins poderiam apresentar programas e atuar sem os conflitos com o setor produtivo, quase sempre em prejuízo a um dos segmentos (produção X conservação), pela visão unilateral dos profissionais envolvidos. RM José de Castro Silva

Engenheiro Florestal, Doutor, Professor Aposentado da UFV e Advogado


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Pesquisas transforma biomassa em energia

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esquisadores da Embrapa Agroenergia (DF) estão desenvolvendo tecnologia nacional para obter e transformar a biomassa em energia. Para converter essa matéria-prima em combustíveis e vários produtos com origem renovável, o trabalho dos cientistas está centrado na engenharia genética de microrganismos que atuam como biofábricas. A equipe obteve material genético inédito de fungos e bactérias para utilizar com essa finalidade. O primeiro desafio está em desconstruir a parede celular de vegetais para extrair açúcares, o que é feito com a utilização de um coquetel de enzimas, substâncias normalmente obtidas para uso comercial pelo cultivo de microrganismos. Nos laboratórios da Embrapa Agroenergia os cientistas já estão trabalhando com três fungos, obtidos por bioprospecção e engenharia genética, cujas enzimas alcançam rendimentos promissores do ponto de vista industrial.

Os coquetéis de enzimas extraem principalmente dois tipos de açúcares da biomassa: glicose e xilose. O primeiro é simplesmente adicionado aos tanques de fermentação das usinas e a levedura Saccharomyces cerevisiae o converte em etanol. Já a xilose tem uma estrutura química diferente, e esse microrganismo não consegue consumi-la para transformá-la em outros compostos. Utilizar açúcares em vez de petróleo e derivados para obter diferentes produtos é um futuro que já chegou. O açúcar já começa a ser a base em diferentes processos biotecnológicos para produção de compostos químicos. E, com isso, o Brasil, grande produtor dessa commodity a baixo custo, atrai a atenção. A Amyris, companhia de biotecnologia norte-americana, instalou em Brotas (SP), ao lado de uma usina de cana-de-açúcar, sua unidade de produção de uma molécula chamada farneseno. Uma vez convertida nesse composto por uma bactéria modificada geneticamente pela empresa, o açúcar da cana vira óleo e lubrificantes para motores e indústrias. A mesma estratégia foi adotada pela TerraVia, que em vez de bactérias utiliza microalgas. E, assim, a cana-de-açúcar se transforma em outros valiosos tipos de óleos, que já estão principalmente em cosméticos e devem chegar logo ao mercado de alimentos e rações.

Bayer consolida herbicida pré-emergente Lançado ano passado e registrado para uso em florestas de eucalipto e pinus, o herbicida Esplanade, é uma nova alternativa aos produtores florestais. O herbicida é capaz de manter o solo limpo em até 150 dias – em média – após o plantio com apenas uma aplicação. Segundo Ricardo Cassamassimo, do setor de marketing da Bayer no Brasil há locais em que este número de dias sem mato é bem maior. Por isso, no setor florestal, a meta da Bayer este ano no Brasil é difundir esta nova molécula que, comercialmente, atende pelo nome de Esplanade. Cassamassimo diz, ainda, que o herbicida já vem sendo utilizado em uma área de 20 mil

hectares de florestas plantadas pelo Brasil. Outro detalhe do Esplanade é o bom funcionamento com outros defensivos, principalmente no controle de plantas daninhas. “Na hora em que a semente do mato sai, ele bloqueia essa saída, não deixando emitir raízes. Assim, o mato fica sem acesso aos nutrientes. A outra vantagem é o que o mato não disputa nem a água”. O produto permite reduzir pelo menos uma aplicação, otimizando os custos com o manejo florestal. Como o Esplanade dura mais tempo protegendo plantios florestais, a economia é muito maior que a redução de uma aplicação. O produtor florestal, economiza com força de trabalho, óleo diesel, maquinário em geral e água. Hoje, a Bayer tem oito produtos no portfólio florestal. De acordo com Ricardo Cassamassimo, o objetivo da Bayer é trabalhar próximo aos clientes produtores de florestas e empresas prestadoras de serviços, com a finalidade de levar soluções integradas.

MS projeta 1 milhão de hectares plantados Em 2016 foram plantadas 50 mil hectares a mais, o que totalizou 920 mil hectares de árvores plantadas O crescimento médio esperado para 2017 é de 10% em área plantada de eucalipto, o que resulta em uma marca de 1 milhão de hectares de florestas plantadas. No entanto, para que esse número seja realmente atingido, vários fatores precisam ser colaborativos.. O primeiro, o avanço florestal também sofre com a crise econômica. E isto está em números: o setor vinha representando uma média de 100 mil hectares por ano de florestas de eucalipto plantadas. “Por isso, nós fomos abençoados, em um período desses, ter esses investimentos como os anunciados”, disse. O segundo é o aumento da produção. Atualmente, 60% de toda floresta plantada do Estado é servida para abastecer as

duas fábricas de celulose instaladas em Três Lagoas (Fibria e Eldorado), sendo que a primeira delas deve inaugurar, em breve, a segunda linha de produção. Já os outros 40% restantes indicam a necessidade de diversificação da atividade. E a terceira é a competitividade. A logística é um dos melhores pontos para representar a competitividade do setor florestal, sendo que as indústrias de celulose trabalham muito próximas às essas áreas. Logo, de forma simples, quanto menor o raio, maior a competitividade. As duas fábricas produzem mais de 3 milhões de toneladas de celulose por ano, o que necessita de aproximadamente 10,8 milhões de metros cúbicos de madeira, o que equivale a 315 mil hectares de florestas plantadas.

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Nanotecnologia reduz custos no setor florestal

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ara baratear custos e melhorar os processos, pesquisadores da Embrapa Florestas estão trabalhando na utilização da nanotecnologia para aplicação no setor florestal e nas indústrias do segmento. Algumas das propostas desenvolvidas até agora foram apresentadas pelo pesquisador Washington Magalhães. A primeira tecnologia apresentada pelo pesquisador foi uma nova fórmula para tratamento de preservativo de madeira. Até o momento, o produto foi testado apenas na madeira de Pinus. Segundo Magalhães, o biocida tem um processo bastante fácil de preparar e trata-se de uma mistura física que promove maior interação entre as partículas e o preservativo. A principal inovação neste produto é

que é possível fazer liberação lenta do biocida, o que possibilita o controle. “Normalmente esses produtos, como os fungicidas, saem rapidamente da madeira quando estão em contato com a água. Usando a nanotecnologia, conseguimos que o produto fique mais tempo na madeira e somente seja liberado conforme a necessidade. Além disso, o preço é imbatível”, avaliou. A segunda solução apresentada foi a de nanocelulose, que utiliza a biomassa proveniente da floresta a partir da poupa de celulose, uma commoditie que já está no mercado. Com um tratamento mecânico simples, os pesquisadores conseguiram transformá-la numa suspensão em água de nanofibras, ou fibrilas de celulose. As

nanofibrilas têm diversas aplicações, como curativo de feridas. Além dessa, também é possível utilizar a tecnologia para aumentar a resistência de papel cartão para embalagens ou aplicá-la na produção do cimento, fazendo, assim, telhas com fibra vegetal, ao invés do amianto. Outro estudo é para a liberação lenta de nutrientes/fertilizantes para o solo. Muitas vezes as empresas, quando vão plantar florestas, acabam escolhendo solos menos apropriados para a atividade. Neste caso, ele reforça que a adubação pode ser um problema, já que os adubos convencionais, quando são aplicados no solo, rapidamente são lixiviados e se perdem. Assim, a planta não absorve todo o nutriente e é preciso aplicar mais. Neste cenário, os pesquisadores pensaram em trabalhar em um fertilizante que fizesse essa liberação lentamente, e utilizaram a nanotecnologia para possibilitar isso. Outra técnica, pensada para o setor industrial, foi a chamada “plasma fria”, que é utilizada para tratar superfícies. Trata-se de uma descarga luminescente de gás rarefeito. Os pesquisadores aplicaram uma descarga elétrica em um gás rarefeito e essa descarga acabou interagindo quimicamente com a superfície da madeira. Dessa forma, é possível mudar a característica da superfície desta madeira. Seria apropriado para produção de piso, por exemplo, quando se quer aumentar a adesão do último acabamento que vai por cima da madeira. Estão verificando inclusive a possibilidade de esta técnica substituir etapas, como o lixamento. “Não queremos dizer que ele vai transformar a superfície lisa; é que, muitas vezes, no processo de acabamento da madeira maciça ou MDF, as indústrias precisam lixar novamente o produto para poder aumentar a adesão do acabamento. Assim, ao invés de lixar, essa técnica poderia ser utilizada”, destacou.

Cultivos integrados incrementam carbono ao solo

O

s sistemas de cultivos que aliam grãos, forrageiras e árvores na região de transição cerrado-amazônia podem armazenar, no primeiro 1 metro de camada do solo, 16% a mais de carbono que áreas onde apenas a pecuária extensiva está presente. Isso representa 18 toneladas a mais de carbono por hectare, retidas no solo na forma de matéria orgânica. Esse é o resultado de pesquisa realizada pela Embrapa que aponta uma função importante da integração lavoura, pecuária e floresta (sistema ILPF) para minimizar a mudança global do clima e contribuir para os serviços ambientais da produção.

O estudo da Embrapa foi conduzido na Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT), e envolveu áreas de consórcio entre eucalipto e rotação soja, arroz de terras altas e braquiária em comparação com ambiente onde só havia pasto em estado de degradação. Os resultados mostraram que o sistema ILPF pode ser uma estratégia eficiente para acumular carbono no solo e assim contribuir para a recuperação de pastagens degradadas. A matéria orgânica é fundamental para a manutenção da produtividade de sistemas agropecuários. “As árvores no sistema ILPF sobre solos

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sem restrição de fertilidade, como o baixo teor de nitrogênio, podem proporcionar aumento de carbono em camadas mais profundas do solo (abaixo de 30 cm), de modo relativamente rápido, em três anos”, disse a pesquisadora Beáta Madari, coordenadora do estudo. Isso é resultado do acúmulo de matéria orgânica sob as fileiras de árvores, no caso eucalipto, e mostra, de um lado, a importância do componente arbóreo nesses sistemas para acumular carbono, que foi removido da atmosfera, no solo, e, por outro lado, a possibilidade e importância do manejo do carbono no solo em profundidade.


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Escola referência Um grupo de profissionais de diversas partes do Brasil lançou, em São Paulo (SP), o Núcleo de Referência em Tecnologia da Madeira – uma iniciativa inédita e pioneira no país, cujo objetivo é disseminar o uso responsável desta matéria-prima em projetos de arquitetura e engenharia por todo o Brasil. O Núcleo de Referência em Tecnologia da Madeira será uma associação que, neste primeiro momento, vai funcionar como uma escola e oferecer cursos para arquitetos, engenheiros, designers e profissionais de incorporadoras que queiram entender todas as potencialidades do uso da madeira em obras e como utilizá-la de modo inteligente, responsável, sustentável e contemporâneo. MDF A Turquia superou a Alemanha para converter-se no primeiro produtor de MDF na região. Na lista global a Turquia é agora o segundo maior produtor mundial de painéis de MDF despois do líder absoluto, China. No período 2016/17 continuaram os investimentos para incrementar a capacidade de produção de MDF na Turquia, com três fábricas novas em desenvolvimento, que aportam uma capacidade adicional de 1.120.000 m3. No final de 2016 a capacidade de produção de MDF / HDF da Turquia foi de 6.8 milhões de m3/ano. Deste total foi exportado aproximadamente 500.000 m3 de MDF, o que corresponde cerca de 13% da produção total. O principal mercado de exportação foi o Irã, seguido pelo Iraque. Bioplástico Uma equipe internacional de pesquisadores coordenada pelo Instituto de Materiais de Misiones (IMAM – Fac Ciências Exatas, Química e Naturais e CONICET) buscam desenvolver bioplásticos para impressões em 3D a partir de resíduos agro e florestal industrial com serrados de pinus e eucalipto e bagaço de cana de açúcar. Essa é uma proposta original se bem que existem iniciativas similares no mundo, mas esta é a primeira que é realizada com resíduos florestais. O projeto se intitula ValBio-3D e busca desenvolver tecnologias eficientes para a produção de biomateriais, integrando bioplásticos e nanoceluloses, que sejam biodegradáveis e recicláveis . Certificação O Instituto Austríaco de Análise Aplicada e Sistemas (IIASA) desenvolveu um mapa que mostra todas as florestas certificadas no mundo, com o objetivo de “fornecer transparência” e “identificar quais são as florestas tratadas” de maneira sustentável “e, portanto, os recursos extraídos dela, como energia de biomassa. Os organismos de certificação em todo o mundo oferecem “apenas números”, no entanto, agora este mapa, que também centraliza informações de todo o mundo “localiza onde esses florestas com uma resolução de 1 quilômetro.

Este mapa pode ser um guardião ambiental para garantir que, por exemplo, a biomassa convertida em energia não prejudica ainda mais a mitigação da mudança climática e os esforços de conservação da biodiversidade. China O Plano Diretor de Stefano Boeri Architetti para uma nova cidade verde que combate a poluição do ar já está em construção na China. A Liuzhou Forest City é a primeira cidadefloresta do mundo onde escritórios, casas, hotéis, hospitais e escolas serão inteiramente cobertos por verde de plantas e árvores. Uma vez concluída, a nova cidade acolherá 30 mil pessoas, absorverá quase 10 mil toneladas de CO2 e 57 toneladas de poluentes por ano, produzindo aproximadamente 900 toneladas de oxigênio. A cidade-floresta de Liuzhou será construída no norte de Liuzhou, na região montanhosa de Guangxi, na parte sul da China, em uma área que cobre 175 hectares ao longo do rio Liujiang. Estocagem Em sua nova linha em Três Lagoas, o pátio de estocagem de madeira da Fibria será um dos mais eficientes do mundo, por iniciar a operação com máquinas de alta performance que garantem produtividade e excelência operacional. O diferencial não está somente no tempo reduzido de carregamento e descarregamento, mas também no porte da máquina, que otimiza espaço dos estoques de madeira, melhora visão do operador e beneficia as operações de pátio. É o maior pátio de madeira do Brasil, com 193.000 m2, e pode ser comparado a extensão da Vila Olímpica no Rio de Janeiro. Tem capacidade para 11 milhões de m³ de madeira. Para se ter ideia de seu tamanho, no local do pátio seria possível colocar quase todo o concreto utilizado na construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. SIS Eucalipto Diferentemente de culturas agrícolas, as florestas não possuem sistemas de produção fixos. Cada povoamento exige um manejo específico, que envolve tratamentos variados como desbastes de diferentes tipos, intensidades e épocas, e variações na idade do corte final. Estes tratamentos variam em função de fatores como: objetivo industrial da produção, qualidade do local (solo, clima), material genético, espaçamento e densidade. O software SIS Eucalipto descreve como a floresta cresce e produz, conforme os regimes de manejo que o próprio usuário indica. O objetivo é orientar o produtor rural com tecnologias adequadas para o manejo e planejamento florestal, fornecendo informações que permitam otimizar a produção e aumentar a renda. Musgo Os efeitos maléficos da poluição do ar não é novidade para ninguém. A companhia Green City Solutions resolveu então desenvolver

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um produto que possa reduzir esse problema. Especializada em criar soluções para cidades mais sustentáveis, a empresa criou uma parede verde de musgo altamente tecnológica que promete ter o mesmo poder regenerativo do que uma floresta. A parede consiste em um quadro de três metros de largura e quatro de altura. A vegetação presente ali equivale a nada menos que 275 árvores, absorvendo diariamente 250 gramas de poeira, dióxido de nitrogênio e gases de ozônio – garante a empresa. Painéis Na última Assembléia Geral Anual da European Panel Federation – EPL, a entidade confirmou alta de 3% na produção total. A Alemanha se manteve como o maior produtor de aglomerado, MDF e OSB, enquanto a Finlândia encabeça a produção de contrachapados. Entre os indicadores de tendências a curto prazo se destacam os painéis de partículas (aglomerados), com um crescimento de 1,1%; e a madeira contrachapada, cuja fabricação se espera que aumente 3,5%. A ELP mostra um otimismo quanto ao futuro da indústria, ante a estabilidade e boas perspectivas em todos os mercados. Os fabricantes se mostram inquietos pela situação cada vez mais crítica da disponibilidade de madeira. Arranha-céu” Evento em SP quebra mitos sobre prédios com essa matéria-prima e marca anúncio da Amata Brasil sobre a construção de um prédio de 13 andares em madeira em São Paulo. O encontro teve o painel “Arranha-céu em madeira: é possível, é sustentável e é em larga escala” reuniu nove convidados que apresentaram a arquitetos, engenheiros e outros profissionais da construção civil um panorama histórico no Brasil e no mundo sobre o uso do material. A apresentação da Triptyque – feita pela arquiteta Carol Bueno – confirmou o boato no mercado de que há no Brasil um projeto de lançamento de um prédio feito totalmente em madeira. RS_Florestal Os dados apresentados pelo Relatório da Ageflor 2017, demostram que os 780,9 mil hectares cultivados com florestas plantadas correspondem a 2,7% dos 28,2 milhões de hectares do território gaúcho. Os plantios de eucalipto representam 54,6%, enquanto pinus e acácia representam 33,9% e 11,5%, respectivamente. No nível nacional, a área plantada do RS corresponde a 10% da área total de florestas plantadas do Brasil. O histórico da área plantada no RS não reflete aumento da área plantada, mas sim uma maior disponibilidade de dados e mudança na metodologia de levantamento das informações.




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