Revista Condomínio. Edição 74

Page 1

cipa.com.br

Todo síndico lê!

JUL_AGO_SET 2017

74

De olho na manutenção elétrica Sistemas elétricos ultrapassados colocam o condomínio em risco

Prefeitura quer IPTU mais caro no Rio de Janeiro




O Brasil está sendo passado a limpo

NEWTON MENDONÇA Presidente da CIPA

4

www.condominioetc.com.br

Foi muita sorte a Dilma ser eleita presidente em 2014, pois se o Aécio tivesse ganhado a eleição, não teríamos descoberto essa imensa roubalheira que estava sendo praticada há mais de 30 anos em todos os níveis e setores do Governo, em conluio com praticamente todos os setores da iniciativa privada. Não fosse a tão grande incompetência da ex-presidente, que mantinha um ministro da Fazenda orientado pelo “modelo econômico” próprio e com total subserviência a ela, o Brasil não chegaria ao fundo do poço e não teríamos tido o impeachment. Isso é um paradoxo, mas é uma realidade. Visto por esse ângulo, devemos ter muita esperança e ficar bastante ativos para apoiar a Lava Jato e todas as demais ações do Ministério Público e da Polícia Federal. Sem o instrumento legal da delação premiada, tão comum no momento, não teríamos chegado ao próprio presidente da República, que teve seu encontro gravado por um delator. Alguns acham que esses últimos delatores da JBS tiveram benefícios demais, porém, no futuro, verão que eles serão exemplarmente castigados em seu patrimônio e no de suas empresas, tanto aqui, no Brasil, como em outros países em que operam. É uma questão de aguardar. Tanto é que já foi fixada uma multa de R$ 11 bilhões, que se constitui na maior multa financeira aplicada mundialmente. A descoberta desses ladrões de colarinho branco e a prisão de muitos deles dão ao povo brasileiro uma sensação que nunca tivemos e achávamos que nunca teríamos: estamos lavando nossa alma. Sérgio Cabral e seus “colaboradores” diretos numa cela comum em Bangu; Palocci, Marcelo Odebrecht, Cunha e tantas outras

importantes figuras estão sendo – ou já foram – condenados. Muitos outros estão sendo investigados ou chamados a depor, até coercitivamente, e já respondem a processos, como é o caso do próprio Lula, em que é réu em cinco deles. Temos também a ex-presidente Dilma, governadores, senadores e deputados incriminados por gravações e documentos trazidos por delatores, que certamente serão julgados e, provavelmente, condenados. O foro privilegiado está caindo, o que trará esses personagens para a Justiça comum, fato que os deixa menos protegidos e torna o tempo para a condenação menor. Como já disse, a sociedade precisa ficar atenta, pois toda hora surgem manobras políticas intentadas pelos políticos com o intuito de protegê-los. Não podemos deixar de atuar para que isso não venha a acontecer! Vamos para a rua se for necessário, porém, hoje as redes sociais na internet também são um grande instrumento de pressão. Não sei se quando este artigo for publicado e você, nosso querido cliente, o estiver lendo o presidente Temer ainda estará exercendo o poder... Porém, tenho certeza de que nossa Constituição estará sendo cumprida e que seguiremos aprovando as reformas tão necessárias, pois elas serão feitas pelo Brasil e estão acima dos interesses políticos partidários. Novas denúncias estão para surgir e surgirão cada vez mais revelações estarrecedoras!!! Tenho certeza de que chegaremos finalmente ao grande chefe de toda essa grande conspiração, que visava à manutenção do poder e que acabaria ferindo frontalmente nossa democracia. Estamos passando o Brasil a limpo...


8

[capa] De olho na manutenção elétrica Sistemas elétricos ultrapassados oferecem risco de incêndio. É preciso fazer manutenção elétrica e cumprir as exigências necessárias ao perfeito funcionamento da rede elétrica condominial. Veja como modernizar seu condomínio – com baixo custo – nesta matéria.

14

26

48

[Manutenção] Limpeza é prevenção

52

[conservação] Entupiu mesmo Tudo pode entupir em um condomínio. As razões vão desde acidentes até o descarte inadequado de lixo. E quando o velho e bom desentupidor não resolve, o negócio tem que ser profissional. Veja algumas situações curiosas nesta matéria.

[Comportamento] Invadiu geral Salões de festas, quadras de esportes, playgrounds, piscina, churrasqueira, corredores, garagem, escadas e recepção são áreas de uso comum. Por serem espaços compartilhados, é preciso respeitar as normas de uso. Entenda um pouco mais sobre isso lendo esta reportagem.

[ECONOMIA] O negócio é economizar A lavagem de carros a seco ganha espaço nos condomínios e vem proporcionando economia de água. Quem mais comemora são as pessoas que sequer tinham carro e que pagavam pela água que lavava os carros dos vizinhos. Inspire-se lendo esta reportagem.

Uma publicação:

Rua México, 41 – 2o andar – Centro CEP 20031-905 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449 DIRETORIA Presidente Newton Mendonça Diretora MARIA TERESA MENDONÇA DIAS

Limpar a fachada é se antecipar a problemas que, na maioria das vezes, nem conhecemos. Com uma simples limpeza o síndico pode ser alertado de defeitos que estão apenas no começo. Entenda o que fazer lendo esta reportagem.

62

[Manutenção] Vazou em algum lugar Como detectar vazamentos de água silenciosos? Sem dúvida alguma o ponto de partida é a conta de água. Agir rápido é qualidade inerente dos síndicos atentos. Leia esta reportagem e saiba um pouco mais sobre o tema.

72

[segurança] Tá sentindo o cheiro? Cheiro de gás nunca é normal. É sinal de que é preciso fazer a autovistoria de gás urgente. Não colocar a vida de toda a coletividade em risco é dever do síndico. Leia esta matéria e fique por dentro do assunto.

PARA ANUNCIAR LIGUE

Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO Tao da Comunicacao Ltda. AGO SET 2 010 taodacomunicacao@gmail.com

2196-5176

www.condominioetc.com.br revista@condominioetc.com.br

Revisão Endora Produção de Texto www.andreabivar.wix.com/endora

Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa.

Fotografia Ariel Subirá MARIZA LIMA Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br Colaboraram neste número Lia Rangel STELLA MARIS C. MENDONÇA

16 mil exemplares

A Revista Condomínio etc. esclarece que: • Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. • Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes.

Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

JUL_AGO_SET 2017

5


informe

Caixa suspende financiamento com juro baixo da casa própria A Caixa Econômica Federal voltou, no fim de junho, a suspender a linha de financiamento habitacional pró-cotista, que oferece aos trabalhadores que têm conta do FGTS juros mais baixos na compra da casa própria. O banco havia paralisado novas contratações no início de maio por falta de recursos, mas reabriu a modalidade depois que o Ministério das Cidades realocou R$ 2,54 bilhões do programa Minha Casa Minha Vida para atender à demanda na linha pró-cotista. Em 2017, essa linha contava com um orçamento inicial de R$ 5 bilhões, mas os valores já foram contratados integralmente para este ano, segundo a Caixa.

Alívio para imóveis na orla O Governo estuda acabar com as taxas de foro e de ocupação cobradas de imóveis localizados em terrenos de marinha. No Rio, há quase cem mil nessa situação. Para famílias de baixa renda, o terreno será doado. Edifícios de classe média terão de pagar pela posse da área. Em mais uma frente aberta para tentar melhorar a imagem do presidente Michel Temer, o Governo estuda transferir a posse de imóveis localizados em terrenos de marinha para os moradores desses locais.

6

www.condominioetc.com.br

Justiça derruba cálculo de ITBI com base em pesquisa de mercado Compradores de imóveis têm conseguido, na Justiça, mudar o critério da Prefeitura de São Paulo para calcular o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). A busca pelo Judiciário vem se tornando frequente desde a crise no mercado imobiliário, que colocou em prática uma antiga fórmula de cálculo do imposto, mais benéfica para a arrecadação.

Pacote de “bondades” prevê R$ 2 bilhões para o Rio Do total destinado ao Avançar – plano lançado pelo presidente Temer para substituir o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) –, R$ 5,91 bilhões, ao Estado do Rio, R$ 1 bilhão vão para o programa Minha Casa Minha Vida e R$ 563 milhões, para obras no setor de transporte. As áreas de saúde, educação e cultura também serão beneficiadas. Ao todo, serão atendidos 357 projetos no Rio. Em boa parte deles, no entanto, Temer vai inaugurar apenas uma etapa.

CIPA patrocina Encontro de Síndicos da Barra da Tijuca

A CIPA patrocinou mais uma edição do já consagrado Encontro de Síndicos. Esse último foi nos dias 23 e 24 de junho, na Barra da Tijuca. Promovido pela Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) e pela Câmara Comunitária da Barra da Tijuca, que comemora 25 anos de atuação, o evento foi mais uma oportunidade de intercâmbio de experiências e informações entre os fornecedores do setor e os tomadores de decisão dos principais condomínios do Rio de Janeiro. Foram dois dias de atividades e os visitantes puderam participar de palestras e fóruns sobre a melhoria e modernização de infraestrutura condominial, além de terem contato com diversas empresas de serviços em uma feira exclusiva. Alguns dos temas abordados foram: Contratações e Terceirizações; Convivência em Condomínios; Vistoria Predial; Inspeção de Gás e Responsabilidades Inerentes aos Condomínios, além do tradicional workshop jurídico e um painel de perguntas e respostas.


mais vantagens para os clientes! Projeto de arborização transforma bairros do Rio de Janeiro “O Rio Planta, Eu Cuido”. Esse é o nome de um projeto criado pela Fundação Parques e Jardins (FPJ) da cidade do Rio de Janeiro, a fim de ampliar a arborização urbana. Com o objetivo de desenvolver a conscientização ambiental da população, o projeto tem, ainda, uma missão didática: ensinar aos alunos da rede municipal do Rio de Janeiro noções de preservação ambiental, botânica e ecologia. Mas não são só os alunos que atuam nesse projeto. “O Rio Planta, Eu Cuido” conta também com a participação da população, que adota as novas árvores plantadas e atua como verdadeiros agentes multiplicadores em prol do meio ambiente. A parceria com os moradores tem sido fundamental para o sucesso do programa. Apesar de levar mais verde às ruas e contribuir para a qualidade de vida e o bem-estar dos moradores, “O Rio Planta, Eu Cuido” enfrenta grandes desafios. Superar a rejeição de parte da população e sobreviver às depredações que ocorrem nas ruas são alguns exemplos dos obstáculos enfrentados. Dessa forma, a missão do projeto é reverter tais fatores, promovendo a arborização e garantindo sua conservação, através de um canal direto de comunicação com os cidadãos adotantes.

Sempre pensando no bem-estar de seus clientes, a CIPA oferece o Clube Partiu CIPA, um clube de vantagens criado em parceria com a Partiu Vantagens, que visa proporcionar acesso a descontos exclusivos em mais de 500 estabelecimentos comerciais como restaurantes, salões de beleza, academias, lojas etc. Com o Clube Partiu CIPA, o associado pode encontrar os melhores estabelecimentos próximos a ele e ainda pagar muito menos pelos produtos e serviços adquiridos, tendo uma economia de 20% a 50%, além da possibilidade de aproveitar as centenas de promoções diárias oferecidas. Para usufruir dos benefícios, basta baixar um aplicativo gratuito pelo Google Play ou

Apple Store e inserir um código individual. Síndicos CIPA, incluindo um dependente que more na mesa residência, ganham acesso ao clube gratuitamente. Está esperando o quê? #Partiu baixar o aplicativo!

Qual o meio adequado para a alteração da forma de rateio das despesas do condomínio? O Departamento Jurídico do Secovi Rio explica que a Lei 4.591/64 e o Código Civil são expressos em determinar que o critério de rateio das cotas condominiais será pela fração ideal de cada unidade, salvo se houver disposição em contrário na convenção. Ou seja, a comunidade pode adotar o critério da fração ideal ou outro que desejar, porém, sempre deverá ser observado aquele que estiver previsto na convenção. Portanto, para a modificação do critério de rateio é obrigatória a modificação da convenção do condomínio, através de deliberação assemblear com item específico e aprovação por dois terços dos condôminos.

JUL_AGO_SET 2017

7


capa por Lia Rangel

Todo condomínio tem uma série de assuntos que garantem, além da segurança de condôminos e funcionários, a sanidade do síndico, e um deles é a manutenção das instalações elétricas. Imagine um condomínio inteiro sem energia por causa de um deslize do síndico? Imagine, ainda, a fúria dos moradores ao descobrirem que todo o transtorno poderia ter sido evitado apenas com o cumprimento das datas propostas para revisões e manutenções? Pense, ainda, nas inúmeras reclamações dos moradores: comida estragada; doentes que talvez precisem de energia elétrica para eventuais tratamentos com máquinas; eletrodomésticos queimados e mais uma série de infortúnios que é melhor nem listar. Para nem precisar se preocupar com essas situações, o síndico precisa estar muito atento ao calendário de manutenção elétrica e deve cumprir todas as exigências necessárias para o perfeito funcionamento da rede elétrica condominial.

8

www.condominioetc.com.br

De olho na manutenção elétrica Sistemas elétricos ultrapassados colocam o condomínio em risco


Vanderlei acredita que a reforma das instalações elétricas de seu condomínio já esteja chegando ao fim

O síndico Vanderlei de Carvalho, que há três anos está à frente do Condomínio Beach, na zona central do Rio de Janeiro, conta que conduz uma obra de reforma nas instalações elétricas do prédio desde o início de seu mandato. “Nosso condomínio é residencial, composto por um bloco com 25 apartamentos e cerca de 80 moradores. Nunca havia sido feita nenhuma vistoria ou manutenção nas instalações elétricas. Então decidimos, eu como síndico e o conselho, mudar toda a parte elétrica do condomínio. Com base na verificação de que as instalações elétricas estavam velhas e com sobrecarga, resolvemos trocá-las e modernizá-las com a instalação de um sistema trifásico e aumento de carga. Na verdade, todo o processo tornou-se uma novela, pois já faz dois anos e meio e ainda não terminou, embora eu acredite que já esteja sendo finalizado. Primeiro, a decisão de modernização foi aprovada em assembleia; depois, abrimos licitação, escolhemos a empresa que nos pareceu mais habilitada e que apresentava melhor preço. Quando decidimos executar o serviço, concluímos que seria fundamental deixar o sistema elétrico o mais moderno e eficiente possível. Infelizmente, problemas sempre existem,

como a demora na conclusão do serviço e exigências de ordem técnica e burocrática da Light. O importante mesmo é buscar empresas com experiência, credibilidade e certificadas pelo CREA, pois só assim há a possibilidade de que as dores de cabeça sejam menores. Uma empresa especializada e certificada pelo CREA é fundamental para a segurança de um serviço bem-feito”, diz Vanderlei. Coincidentemente, a síndica Marilena da Rocha, responsável pelo Condomínio Alexandre, localizado na zona norte do Rio, conta que também está tendo dificuldades para finalizar uma obra de reforma nas instalações elétricas de seu edifício, iniciada ainda na gestão anterior. O condomínio misto possui três lojas comerciais e 44 unidades. “Depois de morar 38 anos no condomínio, resolvi assumir essa responsabilidade e fazer algumas mudanças. Uma delas foi tentar agilizar o processo de reforma das instalações elétricas. Assumi o condomínio em outubro do ano passado e essa obra já estava rolando desde março de 2016. Quando completei um mês à frente do condomínio, recebi uma carta da Light informando que o PC não estava dentro das normas. Fui atrás da empresa contratada, conversei com o responsável e ele simples-

JUL_AGO_SET 2017

9


Vanderlei acredita na importância de buscar empresas com experiência, credibilidade e que sejam certificadas pelo CREA

mente me ignorou e nada fez. Eu cheguei a cobrar inúmeras vezes, mas não obtive nenhum retorno. Nós havíamos parcelado o valor da obra e ainda faltava uma parcela a ser paga, no valor de R$ 6 mil. Deixei claro que só faria esse último pagamento após a homologação, mas a empresa simplesmente abandonou tudo e me deixou

10

www.condominioetc.com.br

na mão. Agora, já contratamos outra empresa que está nos auxiliando no processo de legalização que ainda é necessário. Após esse episódio lamentável, fiz uma reunião e informei que, a partir de agora, só trabalharemos com empresas idôneas, e não com ‘firminhas’ de terceira, que não cumprem o combinado. Nesses seis meses

como síndica, busco muita orientação e indicações de empresas na revista da CIPA, pois acredito que são idôneas e cumprem o prometido. Também conto com a ajuda de meu assessor de Condomínio na CIPA, que me orienta bastante. Estou tentando fazer o melhor, e ainda há muitas coisas que quero realizar aqui, mas, agora, só com empresas confiáveis”, diz. Além da vontade de sempre fazer o melhor, como a síndica Marilena, é importante que o síndico tenha sempre em mente a grande vantagem de manter as manutenções e reformas necessárias em dia. A manutenção preventiva, especialmente em instalações elétricas, é sempre mais segura, rápida e econômica do que a corretiva. Ao menor sinal de problema, é fundamental que o síndico haja proativamente, evitando transtornos e prejuízos maiores.


E como saber a hora de fazer a manutenção? Sérgio Soares, diretor técnico da Seven Powers, empresa especializada em instalação elétrica em geral, manutenção e reforma de PC, que atende a todo o Rio de Janeiro, explica que a manutenção elétrica predial poderá ser feita anualmente, porém, dependendo do estado e da complexidade das instalações, é recomendável fazê-la de seis em seis meses. “Ao realizar a conservação preventiva, que apontará os pontos nevrálgicos da instalação e permitirá as correções, o síndico pode evitar sobrecarga, gastos desnecessários com energia e até incêndios. Os condomínios precisam modernizar o PC de acordo com as normas atuais da Light, se as instalações elétricas não estiverem em conformidade com a NBR-5410. Em geral, as instalações elétricas apresentam alguns sinais de que podem dar problema, como queda de tensão, desligamento de fusíveis e aquecimento de fiação. Estes são os mais comuns, mas como a eletricidade é invisível, existem outros sinais que um bom técnico saberá detectar. Ao não realizar a preservação adequada, o condomínio corre muitos riscos, algo como um motorista que pretende fazer uma viagem com a família e não revisa seu carro antes. É fundamental destacar a importância da contratação de uma empresa especializada, pois, além de contar com uma equipe técnica, ela utiliza

equipamentos adequados para detectar e sanar problemas, de forma que pode dar garantia do serviço feito, sem contar que ela tem, ainda, um engenheiro especialista, registrado no CREA. Para finalizar, gostaria de dizer que a energia é o coração do prédio; sem energia, até água falta aos moradores”, explica. Eduardo Mataranga Teixeira, sóciogerente da Matarangas Engenharia e Sistemas, empresa que oferece serviços elétricos, hidráulicos e estruturais, entre outros, afirma que a manutenção preventiva tem por objetivo evitar que situações de risco ocorram, além de ser menos onerosa que a corretiva. “Um dos objetivos da autovistoria é buscar a adequação dos prédios em relação a seus sistemas. Quanto ao sistema elétrico, de acordo com a NBR 5674 – Manutenção de edificações –, é aconselhável fazer, a cada seis meses, o teste dos disjuntores e dos contatos e, se for necessário, efetuar reparos. A cada ano, é importante rever o estado do isolamento das emendas dos fios, verificar e reapertar todas as conexões do quadro de distribuição. Em relação a tomadas, interruptores e pontos de luz, é fundamental, a cada dois anos, reapertar as conexões e verificar o estado dos contatos elétricos, substituindo as peças que apresentarem desgaste. O sistema elétrico é o grande vilão, sobretudo, dos edifícios antigos,

JUL_AGO_SET 2017

11


visto que a modernidade necessita de mais demanda energética por causa da quantidade de aparelhos elétricos que se tem hoje em dia. Muitas vezes, os circuitos entram em colapso de modo silencioso, não sendo percebido pelos condôminos. Dessa forma, é aconselhável o estudo de um novo projeto elétrico visando ao aumento da carga do condomínio para que equipamentos elétricos não queimem, disjuntores não desarmem e até mesmo o quadro de distribuição não sobreaqueça e leve a um incêndio”, explica. Segundo o sócio-gerente da Matarangas Engenharia e Sistemas, a modernização do PC de luz é aconselhável de acordo com o tempo da edificação, mas não exclui a necessidade da troca de peças quando o problema ocorrer em prédios novos. “Vale lembrar que é melhor fazer a readequação – pelo fato de o sistema se encontrar fora do padrão atual – do que ocorrer um problema mais grave, como um incêndio. Quando o quadro possuir disjuntores do tipo faca, sinais de curto-circuito ou quadro de madeira, a modernização necessária deverá ser efetuada de acordo com as normas em vigor. Outro ponto importante é que, ao notar o desarme dos disjuntores quando são acionados diversos aparelhos juntos, o aumento de carga deve ser estudado. A principal vantagem é que, com a carga dimensionada corretamente, o sistema está fora de perigo em relação ao aquecimento. Em geral, os sinais mais comuns de problemas na instalação elétrica são o aquecimento dos fios e das tomadas; a ineficiência do sistema com piques de luz; choques elétricos; quedas de energia

12

www.condominioetc.com.br

A modernização do PC de luz é aconselhável de acordo com o tempo da edificação, mas não exclui a necessidade da troca de peças quando o problema ocorrer em prédios novos

com o disjuntor desarmando e cheiro de queimado. É importante ressaltar que os condomínios correm risco ao não fazerem a manutenção adequada das instalações elétricas, como superaquecimento dos fios, choques elétricos, curtos-circuitos e até mesmo incêndio. Também devemos salientar que o condomínio tem o dever de realizar qualquer obra – seja de reparo, seja de instalação – com um profissional habilitado e, preferencialmente, um engenheiro. É muito importante que esses serviços sejam

feitos por empresa especializada e que tenha profissional com registro associado ao CREA-RJ. Essa é a garantia de que teremos o profissional qualificado e responsável para a realização dos serviços. Ao longo de nossos mais de 21 anos atuando no setor de manutenção predial, nos deparamos com síndicos que ainda realizam serviços com autônomos sem capacitação e, nesses casos, não estão assistidos pelas garantias legais de cada serviço prestado”, explica Eduardo Mataranga Teixeira.


Comprando na fonte e barateando custos Atualmente, em um cenário caracterizado por uma forte crise econômica que acaba afetando a receita de muitos condomínios, principalmente em razão do aumento da inadimplência da taxa condominial, buscar economizar nas obras é o objetivo de todo gestor. Os síndicos que querem gastar menos compram o material elétrico solicitado pelo engenheiro eletricista diretamente com representantes comerciais. É o que explica Mônica Caliman, sócia da empresa Caliman Representações, que presta um serviço muito personalizado, voltado para as necessidades de cada condomínio, além de buscar o melhor custo-benefício na compra de material. “Nós representamos sete empresas, entre fabricantes e distribuidores de material elétrico, Equipamento de Proteção Individual (EPI) e madeiras para grandes obras. Essa gama de fornecedores nos permite buscar as soluções mais adequadas para cada cliente. Um bom

preços e à qualidade do material. Também é comum que os clientes vejam preços de queima de estoque e fiquem animados, mas é importante que eles saibam que, muitas vezes, esses produtos saem de linha e é impossível encontrá-los para eventuais reposições, fazendo com que o barato saia bem mais caro no fim das contas. Nós estamos no mercado desde 1998 e disponibilizamos todo o corpo de engenharia dessas empresas que representamos para sanar as dúvidas do síndico e/ou do engenheiro responsável pela obra no condomínio. O melhor de tudo é que nossa consultoria não tem custo”, conclui Mônica Caliman. exemplo é que, às vezes, dependendo do material, o distribuidor tem um preço melhor do que o do fabricante, pois compra em grande quantidade, consegue baixar o custo e, consequentemente, o preço final para o cliente. Além de representar essas empresas, nós orientamos com relação aos

Serviço

Caliman Representações Tel.: 21 99227-5024 Matarangas Engenharia e Sistemas Tel.: 21 2436-6799 Seven Power Serviços Técnicos Tel.: 21 3553-2434/ 97022-3682

JUL_AGO_SET 2017

13


Comportamento por Lia Rangel

Invadiu geral Quando o uso do espaço comum é um problema Ser síndico de um condomínio não é das tarefas mais fáceis. A quantidade de serviços, detalhes e problemas a serem solucionados é assustadora e exige muita organização e competência para encarar o universo que é a administração de um condomínio. Lidar com pessoas já não é muito simples, e ter que aguentar ansiedades, problemas e frustrações dos moradores pode ser ainda mais complicado. Para obter êxito na função, o síndico deve ter como meta fazer com que todo o condomínio funcione perfeitamente e evitar queixas dos moradores. Falando nisso, uma reclamação muito comum entre os condôminos é a respeito do uso da área comum.

14

www.condominioetc.com.br


As áreas de uso comum são aquelas que estão à disposição de todos os condôminos, como salão de festas, quadra de esportes, playground, espaço gourmet, piscina, churrasqueira, corredores, garagem, escadas e recepção. A partir do momento em que esses espaços precisam ser compartilhados, é necessário que todos estejam cientes das normas de uso que acabam levando à boa convivência – ou não. Um problema muito corriqueiro com relação aos espaços comuns é que, na maioria das vezes, por não ter espaço suficiente dentro do apartamento, o morador se acha no direito de ocupar uma área que parece vazia. Muitas pessoas ignoram as regras da convenção ou do regimento interno do próprio condomínio e insistem em acumular objetos nos locais destinados à utilização de todos os moradores, o que é proibido em todos os condomínios. Bruno Morais é morador de um condomínio localizado na zona sul do Rio de Janeiro e conta que de vez em quando esbarra em objetos pelos corredores de seu condomínio. “Eu moro em um condomínio misto e, no meu andar, existem duas uni-

“A missão do síndico, no meu entender, é proporcionar aos moradores satisfação, por meio de suas realizações, valorizando e cuidando do patrimônio de todos, com o cumprimento das leis e das determinações em vigor”, Sandro Rodrigues

dades que sempre armazenam objetos do lado de fora. Uma deixa um carrinho de bebê e a outra, um carrinho de feira. Também já vi móveis nas escadas e mais uma série de objetos de uso pessoal que deveriam estar dentro dos apartamentos de onde vieram. Cheguei a reclamar formalmente e preenchi, inclusive, o registro de ocorrências na portaria. Depois de alguns dias de minha denúncia, não vi mais esses objetos no caminho. Parece que justificaram dizendo que havia pouco espaço no

apartamento e que tais itens não atrapalhavam nem obstruíam a passagem, mas mesmo assim é feio, esteticamente desagradável. Tinha vergonha quando recebia visitas e via aquelas coisas espalhadas, mas acho que agora o síndico conseguiu resolver o problema”, diz. Para evitar problemas como esse, o síndico deve disponibilizar cópia da convenção e do regimento interno aos moradores para que todos fiquem conscientes do que é permitido ou não no condomínio. Caso

JUL_AGO_SET 2017

15


Sandro Rodrigues acredita que não basta multar a unidade; é preciso que os moradores saibam a importância de seguir as regras

haja necessidade, outra dica é fazer campanhas específicas, por meio de circulares que devem ser enviadas a todos os condôminos, em que é explicado que, nesse caso, não é possível guardar objetos nas áreas comuns. Sandro Rodrigues é síndico, desde 2015, do Condomínio Marbella Residence Service, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, com 124 unidades autônomas. “Nosso condomínio é dividido em sete lotes contíguos, composto por nove prédios, que se dividem em sete condomínios autônomos, cada qual com sua personalidade jurídica e

16

www.condominioetc.com.br

representado por seu síndico que, por força da convenção, doou as partes comuns de seus condomínios e formou a área comum do Complexo Verano Residence Park, que, por causa de seus diferentes espaços de entretenimento e serviços variados, pode ser considerado um resort. Essa área comum é administrada por um representante da CIPA Síndica e pelo conselho dos sete síndicos, representantes legais de cada um dos condomínios. Os espaços comuns que costumam apresentar problema em razão de exagero dos moradores são, geralmente, os salões de festas, as churrasqueiras e o parque aquático. Algumas outras ocorrências também acontecem nas garagens, nos corredores, nas escadas e nos elevadores, mas essas são administradas diretamente pelo síndico do próprio condomínio, pois estão sob sua jurisdição. Algumas infrações são tratadas com avisos, pedidos de atenção às regras estabelecidas e até notificações, dependendo do grau de importância. Não estamos relevando ou minimizando fatos ou acontecimentos, estamos tentando esclarecer ao morador a importância daquela regra e as consequências de seu não cumprimento; não basta multar a unidade; procuramos orientar os moradores, mostrar a


ele como é importante seguir as regras, lembrar que tudo isso que está disponível para seu uso e gozo faz parte do patrimônio dele e que valoriza o próprio investimento”, explica. Rodrigues diz ainda que tenta “conscientizar os moradores de diversas maneiras, motivo pelo qual algumas regras, apesar de parecerem sem sentido, precisam e devem ser cumpridas; é o princípio coletivo. Certos casos somente são resolvidos com a aplicação de multas, como o uso indevido das vagas de garagem, o caso mais comum de desrespeito às regras, que afeta diretamente o condomínio, pois expõe aquele que autorizou, por bom senso, uma exceção. É preciso saber administrar e cobrar o cumprimento das regras, isso é importante, pois evita a necessidade de explicação daquelas concessões. O morador precisa entender que o síndico tem por obrigação cumprir e fazer cumprir a convenção, o regulamento interno e as leis em vigor, sob pena de não fazê-lo. Não foi o síndico que criou as regras, e se elas são inócuas ou ultrapassadas podem ser atualizadas e até mesmo suprimidas, bastando para isso seguir o que está descrito na convenção e/ou no regulamento interno”, ressalta. O síndico ainda avalia: “Temos uma missão árdua todo dia, mas é gratificante quando um dos moradores agradece alguma coisa que você tenha realizado

e que agradou. Hoje, consigo a aprovação de muitos moradores; na maioria das ações implantadas ou sugeridas, estamos em busca de excelência. A missão do síndico, no meu entender, é proporcionar aos moradores satisfação, por meio de suas realizações, valorizando e cuidando do patrimônio de todos, com o cumprimento das leis e das determinações em vigor”, diz. Sandro Souza, assessor de Condomínios da CIPA, explica que existem muitos caminhos para os casos de descumprimento das regras nos espaços de uso comum. “Acredito que o diálogo seja a melhor forma de solucionar problemas. No caso do uso indevido das áreas comuns, eu sempre sugiro que o síndico converse e explique que esses espaços são de uso coletivo e que não podem conter objetos pessoais dos condôminos. É importante que o síndico deixe claro que essas regras foram criadas para o bom convívio de todos e que é preciso segui-las em prol da harmonia coletiva. O síndico também deve providenciar comunicados que informem a proibição dos objetos nesses espaços. Caso o condômino insista em desobedecer às regras, ele deverá ser notificado. Se a notificação não surtir efeito, o condômino deverá ser multado e, por último, caso nada tenha dado certo e a ação seja respaldada pela convenção do condomínio, os objetos poderão ser retirados à revelia”, finaliza.

JUL_AGO_SET 2017

17


18

www.condominioetc.com.br


História

As festas juninas no Brasil são, em sua essência, multiculturais, embora o formato com que hoje as conhecemos tenha se originado nas festas dos santos populares em Portugal: a Festa de Santo Antônio, a Festa de São João e a Festa de São Pedro e São Paulo, principalmente. A música e os instrumentos usados (cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco etc.) estão na base da música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos para o Brasil pelos povoadores e imigrantes do país irmão. As roupas caipiras, ou saloias, são uma clara referência ao povo campestre que habitou principalmente o Nordeste do Brasil, e podem-se encontrar muitíssimas semelhanças no modo de vestir caipira no Brasil e em Portugal. Do mesmo modo, a decoração com que se enfeitam os arraiais iniciou-se em Portugal, junto com as novidades que, na época dos descobrimentos, os portugueses trouxeram da Ásia: enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora. A dança de fitas – típica das festas juninas no Brasil – origina-se provavelmente da Península Ibérica. No Brasil, a festa recebeu o nome de “junina” (chamada inicialmente de “joanina”, de São João) porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes chegadas em meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já havia sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras. As grandes mudanças no conceito artístico contemporâneo levaram à “adequação e atualização” dessas festas, em que ritmos e bandas não tradicionais aos tipicamente vivenciados são acrescentados às grades de programação de festas regionais, incentivando o interesse de novos públicos. Essa tem sido a aposta de vários festejos para agradar a todos, não deixando de lado os costumes juninos. Têm-se,

vivien bezerra de Mello

Um pouco da história das festas juninas

como exemplo, as festas no interior da Bahia, como a de Ibicuí, Amargosa e de Santo Antônio de Jesus, que, apesar da inclusão de novas programações, não deixam de lado a cultura nordestina do forró, conhecido como “pé de serra” nos dias de comemoração junina. A festa brasileira de São João é típica da região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João Batista, mas também a São Pedro, as chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, integram a tradição as comidas feitas com esse cereal, como canjica; pamonha; munguzá; milho cozido; pipoca e bolo de milho. São também pratos típicos das festas: arroz-doce; broa de milho; cocada; bom-bocado; quentão; vinho quente; pé de moleque; batata-doce; bolo de amendoim; bolo de pinhão etc. O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial – um largo espaço ao ar livre, cercado ou não, onde barracas são erguidas unicamente para o evento ou então um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais, acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.

JUL_AGO_SET 2017

19


Manutenção por Lia Rangel

Playground é coisa séria Cuidados básicos com A segurança garantem tranquilidade na hora de brincar

Qual é a área do condomínio em que as crianças mais gostam de passar o tempo? Essa pergunta não é difícil e nem precisa ser síndico para responder. Os playgrounds, ou parquinhos, fazem a alegria das crianças por causa da diversão que proporcionam. Além dos brinquedos, o local é perfeito para o desenvolvimento social e motor dos pequenos. Para os pais, o espaço é cômodo, prático e seguro. E o quesito segurança é fundamental em tempos de violência crescente se espalhando por todos os lados. Mas será que é fácil manter esse espaço limpo e organizado, com brinquedos em condições de uso e dentro das normas de segurança? Não. Deixar o parquinho em ordem não é tarefa fácil, assim como a maioria das obrigações dos síndicos, mas é perfeitamente possível administrá-lo bem, basta estar atento às necessidades do local. Há quatro anos Jorge Brandão é o síndico do Condomínio Letícia, localizado na zona sul do Rio de Janeiro, que possui um bloco com 41 unidades, três lojas e cerca de cem moradores. “Nosso playground tem

20

www.condominioetc.com.br

Para Jorge Brandão é mais vantajoso realizar a manutenção adequada do que reparar os brinquedos

150 metros quadrados e atende crianças de até 10 anos de idade. Há brinquedos específicos para bebês e crianças maiores, como balanço, escorregador, castelo, casinha e pingue-pongue. Nós realizamos a manutenção no local pelo menos uma vez por ano, e os principais brinquedos foram recentemente adquiridos. A limpeza é feita diaria-

mente, e os principais brinquedos estão em áreas protegidas. A vistoria nos brinquedos é realizada pela equipe de funcionários do prédio e, caso haja necessidade de reparos simples, executamos. Para que tudo corra bem, temos uma regra de segurança no play que não permite que crianças menores circulem por lá ou utilizem os brinquedos se estiverem desacompanhadas”, diz. O síndico ainda conta que realizou uma obra no espaço recentemente: “Há pouco tempo, fizemos obra no play e substituímos o rodapé da recepção, trocamos as luminárias e refizemos a pintura. Isso durou, aproximadamente, dois meses. Antes da obra e da compra dos brinquedos, fizemos algumas reuniões em que escolhemos, por meio de voto, os brinquedos que nos agradaram e que apresentaram o menor custo de aquisição. Isso garantiu a satisfação dos condôminos com o espaço. É importante lembrar que a preservação dos brinquedos é responsabilidade de todos. A preocupação em preservar o bom estado do equipamento por meio de seu uso cuidadoso é mais barato do que refazer e/ou reparar o itens”, explica Brandão.


O síndico Jorge Brandão reformou o espaço do playground do seu condomínio recentemente

Normas de segurança para playgrounds Em meados de 2012, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou algumas normas de segurança para equipamentos utilizados nos parquinhos. Entre os pontos principais, destacam-se, na NBR 16.071, as seguintes determinações: quando estiverem previstas temperaturas da superfície de contato do equipamento acima de 40 °C, deve haver cuidado na escolha do material, a fim de evitar riscos como consequência do contato direto com a pele; todos os componentes, partes e peças devem ser projetados de forma que a chuva possa escorrer naturalmente, evitando o acúmulo de água; os componentes e as peças de metal devem ser protegidos contra oxidação; os metais expostos ao contato com o usuário devem estar protegidos por um revestimento atóxico; as peças de plástico não podem apresentar trincas ou rachaduras;

as superfícies e os cantos acessíveis de madeira devem ter acabamento liso, livre de lascas, rebarbas ou farpas e não devem ter bordas afiadas e pontas agudas; se durante a manutenção for difícil determinar o momento em que o material se torna inadequado para uso, o produtor deve indicar a frequência de substituição da peça; as dimensões e o grau de dificuldade do equipamento devem ser adequados aos usuários ou à faixa etária a que está dirigido. Para Eonio Campello, diretor comercial da Renove Brasil, empresa especializada na venda e manutenção de brinquedos, gramas e pisos para plays, além de utilitários, o síndico deve ficar muito atento à limpeza do playground. “A higienização é muito importante, pois os plays, normalmente, são locais muito atraentes para gatos e gambás, que costumam deixar fezes e urina no espaço e

JUL_AGO_SET 2017

21


22

www.condominioetc.com.br


isso pode ocasionar uma série de doenças de pele. Aconselhamos a lavagem, higienização e supervisão periódica do espaço e dos brinquedos. Com relação à manutenção, indicamos sempre a compra de brinquedos e pisos normatizados pelos órgãos competentes, além de uma verificação diária das avarias. Em plays de madeira, é imprescindível verificar o nível de oxidação de fixações, correntes metálicas, cordas e balanços, além do surgimento de farpas, rachaduras e apodrecimento da madeira. No caso de brinquedos de fibra/metal, devem-se notar sempre as fixações do brinquedo e a lisura das superfícies, nas quais pode haver rachaduras e pontas. Nos brinquedos de plástico, é importante observar as fixações, rachaduras e quebras. Sempre lembrando que são fundamentais, tanto para a segurança quanto para a durabilidade do play, a especificação e o respeito às devidas faixas etárias. Também é imprescindível que a conservação desses brinquedos seja feita por uma empresa especializada que conheça as normas, os vícios e os defeitos críticos dos brinquedos, para que ela possa, assim, solucionar os possíveis problemas e evitar acidentes”, explica Campello. Marinez Palaroni, assistente comercial da Peri Móveis, empresa especializada no fornecimento de brinquedos para playgrounds, peças de reposição para brinquedos, grama sintética, brinquedos educativos e mobiliário escolar, explica que a manutenção básica dos playgrounds consiste em limpeza geral e em uma vistoria periódica para avaliar se há alguma parte dos brinquedos com peça danificada e, caso haja necessidade, que seja providenciada a troca.

“Há ainda uma rotina de cuidados que devem ser tomados para manter esses espaços preservados, como a fixação de normas de utilização, bem como a definição de faixa etária recomendável de cada brinquedo, o acompanhamento de um adulto no local e o estabelecimento de horários para funcionamento. Brinquedos que estimulam o desenvolvimento motor das crianças, como jogos de encaixe, quebra-cabeça, painéis psicomotores, kit de provas piagetianas, brinquedoteca e circuito motor, são uma ótima dica para manter o espaço ainda mais atraente. Sem dúvida, o síndico que valoriza o playground incentiva o desenvolvimento infantil de maneira segura e divertida”, diz. Seja se madeira, plástico ou qualquer outro material, o importante é que o síndico olhe com carinho e atenção para esse espaço que, além de proporcionar diversão para as crianças, vai estar presente na memória afetiva de todas elas para sempre, já que elas passam por muitos momentos felizes e marcantes nos playgrounds de seus condomínios. Lá são feitas amizades que podem durar a vida inteira, e essas memórias não merecem ser marcadas por episódios tristes, como acidentes ou doenças adquiridas no local. Por isso, síndico, esteja sempre atento às normas e à manutenção desse espaço que é fundamental na vida social de crianças que moram em condomínios. Serviço Peri Móveis www.perimoveis.com.br Renove Brasil www.renovebrasil.com

JUL_AGO_SET 2017

23


Mercado

Valor médio de venda de imóveis cai 0,15% em junho Os que estão à procura da casa própria podem comemorar: o valor médio da venda de imóveis residenciais no Brasil diminuiu 0,15% em junho deste ano, ante maio, em termos nominais. O número foi divulgado no início de julho pelo índice FipeZap, que acompanha o preço de venda de imóveis residenciais em 20 cidades brasileiras. Este é o quarto mês consecutivo de redução de preços no ano. Ao todo, os imóveis contabilizaram uma queda nominal de 0,23% em 2017. Das 13 cidades que acompanharam esse recuo, as principais foram São Caetano do Sul, com queda de 0,76%, Distrito Federal, com 0,60%, e Rio de Janeiro, com 0,49%. Já entre as sete cidades que registraram aumento no preço médio de locação, a variação foi mais intensa em Santos, com crescimento de 0,61%, Fortaleza, com 0,57%, e Florianópolis, com 0,51%. Em termos reais, considerando-se a inflação medida no último ano, o índice teve

24

www.condominioetc.com.br

uma queda de 2,69%. Isso porque, no acumulado dos últimos 12 meses, nove das 20 cidades pesquisadas apresentaram recuo, com destaque para: Niterói (-2,51%), Rio de Janeiro (-2,17%) e Distrito Federal (-1,92%). E entre as cidades que registraram elevação nos preços de venda, apenas em Belo Horizonte (+6,65%) e em Florianópolis (+3,16%) os aumentos superaram a inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 3,08%.

Rio de Janeiro: o metro quadrado mais caro Apesar do recuo nos valores do Rio, o metro quadrado mais caro do país continua sendo o carioca, que custa em média R$ 10,1 mil, contra R$ 8,6 mil do metro quadrado paulista, o segundo mais caro do ranking. Como já é sabido, o Leblon segue puxando a média de preço para cima e encerrou junho com o metro quadrado a R$ 20,9 mil. Na sequência está Ipanema, com R$ 19,9 mil por metro quadrado. Em terceiro lugar está a Lagoa (R$ 18,1 mil), seguida por Gávea (R$ 17,3 mil) e Jardim Botânico (R$ 15,8 mil). O bairro de Cavalcanti é o que encerrou o mês de junho com a média de preço mais baixa (R$ 2.276). Também estão entre os mais em conta Coelho Neto (R$ 2,4 mil), Pavuna (R$ 2,5 mil), Senador Camará (R$ 2,5 mil) e Inhoaíba (R$ 2,7 mil). Em São Paulo, o bairro mais caro para compra é o Vila Nova Conceição (R$ 16,4 mil) e o mais barato é a Cidade Tiradentes (R$ 2,7 mil).


JUL_AGO_SET 2017

25


LEGISLAÇÃO

Fechar ou não fechar? Eis a questão O fechamento das varandas ainda é objeto de discussão nos condomínios As varandas são objeto de desejo de muita gente. Um cantinho ao ar livre, local de brincadeiras para as crianças ou para o cachorro... Uma rede, talvez. Quem sabe algumas plantas? Uma horta? Perfeito! Perfeito até a página dois de alguns livros. Em determinados locais venta muito, em outros entra muita poeira e aí a varanda vira um problema, uma página a ser rasgada. E isso é possível em alguns casos. Sim, tudo é muito relativo. A síndica Maria Alair conta que, em seu condomínio, Maison de La Paix, na zona norte da cidade – que conta com a CIPA na administração –, houve o fechamento de varandas. O prédio, de 30 anos, tem cinco andares e 20 apartamentos. Só os 10 de frente é que possuem varanda. “Um morador solicitou o fechamento, então, levamos o assunto à assembleia e foi aprovado”, lembra ela. O modelo a ser usado também foi aprovado em reunião e registrado em ata para que houvesse um padrão a ser seguido e respeitado. Tudo nos conformes. Inclusive o parecer técnico também foi feito e respaldou a decisão: “Chamamos um especialista, que fez os cálculos para atestar se o peso da cortina de vidro seria suportado pela estrutura do prédio. O laudo afirmou que não havia risco, então, decidimos que quem quisesse poderia fechar. Isso foi em 2013, e até agora dois moradores já fecharam”, relata a síndica.

26

www.condominioetc.com.br


Palavra do especialista Carlos Lito, arquiteto que se especializou no fechamento de varandas, explica como se dá o processo: normalmente o síndico ou morador procura a vidraçaria especializada. Esta, se for uma empresa séria, recomenda um estudo técnico para dar o aval ao fechamento. O fato é que o síndico deve ter um laudo que ateste que foi feita uma avaliação de carga, dizendo que o prédio aguenta o peso do vidro em todas as varandas, mesmo que só duas ou três tenham vontade de fechar naquele momento; afinal, o futuro a Deus pertence, e amanhã todo mundo pode querer fechar sua varanda. Esse estudo técnico pode ser feito por um arquiteto ou engenheiro. “Antes mesmo de o estudo ser contratado, é importante que o síndico saiba se na zona residencial dele pode ser feito o fechamento. Por exemplo, em Botafogo e Copacabana não pode. Na Barra e no Recreio, pode”, alerta Lito. Segundo o arquiteto, “o prédio tem que passar pela avaliação de carga, pois ela vai atestar se ele comporta ou não o fechamento dessa fachada. Alguns prédios mais antigos não comportam. É importante respeitar o estudo para não colocar a vida das pessoas em risco. A lei diz que o síndico deve providenciar isso; ele precisa ter a certeza de que um acompanhamento técnico foi feito e que diga que o fechamento não compromete a estrutura do prédio”, esclarece.

nos conformes. Se estiver ele dá um Certificado de Aceitação. Do contrário, as adequações precisam ser feitas. Depois disso, se desejar, o proprietário pode ir ao Registro Geral de Imóveis para fazer a averbação do fechamento da varanda, que assegura que ela foi fechada em conformidade com as exigências técnicas e municipais”, conclui.

Síndica Maria Alair: “Chamamos um especialista, que fez os cálculos para atestar se o peso da cortina de vidro seria suportado pela estrutura do prédio. O laudo afirmou que não havia risco, então, decidimos que quem quisesse poderia fechar”

Detalhes tão pequenos... Detalhes fazem toda a diferença na hora de problemas legais, por isso é importante estar de acordo com as regras. Por exemplo, a Lei Complementar nº 145, de 6 de outubro de 2014, diz que o fechamento deve ser feito por um sistema de cortinas retráteis. “Mas se o proprietário coloca fechamento do tipo guilhotina, a responsabilidade é dele. O piso da varanda deve ser mantido abaixo do piso da sala, como em qualquer varanda; não se pode retirar o portal. Existem aspectos técnicos que devem ser respeitados”, esclarece Lito. O arquiteto diz ainda que é preciso ter o licenciamento da Prefeitura: “É algo burocrático, mas que tem que ser feito. É preciso abrir um processo na Prefeitura, que, no fim da obra, manda um fiscal avaliar se está tudo

Vidraçaria séria, serviço bem-feito O primeiro passo para fechar a varanda é ter uma empresa séria que oriente a pessoa interessada. Patrícia Dinis, da Vidraçaria Maracanã, não abre mão de um parecer técnico: “Quando o cliente não tem esse profissional, nós indicamos um de nossa confiança, que faz a avaliação e nos aconselha com relação a esse importante assunto, entretanto, isso pode ser tratado de forma bastante simples: o peso gerado pelo envidraçamento de sacadas mais significativo sempre será nos pontos de recolhimento dos vidros. Por isso, em nossos projetos, sempre tendemos a dividir esses pontos de recolhimento dentro da varanda em vários lugares, assim, diminuímos o peso acumulado e aumentamos as possibilidades de abertura pelo cliente”, explica. A Vidraçaria Maracanã está há 46 anos no mercado e já viu de tudo um pouco: varandas fechadas que viraram brinquedoteca, área fitness, varanda gourmet e até mesmo a simples ampliação da sala. Segundo a empresária, a proteção que o envidraçamento gera, além de dar maior conforto térmico e acústico, ainda protege toda a movelaria e

JUL_AGO_SET 2017

27


pinturas das paredes, ou seja, as vantagens são inúmeras. Quanto à proteção acústica, é importante dizer que ela não funciona como uma janela antirruído, “mas sua eficiência é muito grande, haja vista que a espessura do vidro é de 8 ou 10mm”, esclarece Patrícia. É importante seguir as regras do condomínio para não ter prejuízos. Patrícia diz que é raro, mas ela tem conhecimento de um morador de um prédio que quis antecipar sua instalação antes que houvesse um consenso no condomínio. “Ele havia utilizado uma tonalidade de vidro que não foi a escolhida pelos demais moradores, por esse motivo, toda a estrutura teve que ser desmontada e uma nova foi aplicada, com as tonalidades corretas para aquele empreendimento”.

Norma técnica A ABNT dispõe de uma norma técnica que regulamenta o fechamento das varandas, e é extremamente importante que essa norma seja seguida na íntegra. Segundo Patrícia, da Vidraçaria Maracanã, qualquer vidraçaria deve trabalhar com fornecedores que atendam tais normas, e as instalações devem ser feitas dentro delas. “A ABNT lançou, em fevereiro de 2014, a NBR 16.259, que é a norma técnica que abrange o envidraçamento de sacadas. Esta foi elaborada com a ajuda de diversos fabricantes, engenheiros, órgãos competentes e laboratórios de ensaios técnicos. A principal vertente da norma é a segurança do produto, que engloba desde os itens de fabricação até a própria aplicação ao vão”, esclarece. Segundo a especialista, a garantia do serviço pode variar de acordo com cada fornecedor. “Hoje praticamos uma garantia baseada nas regras da Associação dos Fabricantes de Alumínio do Brasil (Afeal), a qual prevê tempos distintos para a composição do sistema, ou seja, a instalação possui um prazo, os acessórios e as roldanas, outro prazo e perfis e vidros, outro período de garantia. Por isso é muito importante escolher um sistema ao qual a empresa possa dar tal suporte. Hoje muitas empresas que ainda não passaram de seu período de 28

www.condominioetc.com.br

maturação empresarial prometem tempos excessivos de garantia”, avalia. Segundo a ABNT NBR 16.259, os vidros do envidraçamento devem ser de segurança, isto é, podem ser temperados ou laminados (são dois vidros comuns com uma película aplicada entre eles). Já a manutenção, que também é extremamente importante, vai variar muito de acordo com o sistema instalado. Na avaliação de Patrícia Dinis, “é importante ver sempre a procedência do produto e se ele foi aprovado em testes, se existem laudos técnicos, se é um produto bem aceito no mercado... são muitos fatores que podem ou não gerar manutenção, e nós, da Vidraçaria Maracanã, trabalhamos com a base, fazendo sempre a melhor escolha das matérias-primas. Isso é determinante para evitar o prejuízo do retrabalho”. A orientação da Vidraçaria Maracanã é que os clientes não escolham o envidraçamento exclusivamente pelo preço. “O ideal é buscar a melhor relação custo-benefício, procurar mais de um orçamento, ver se a empresa é idônea e constituída verdadeiramente, se as equipes de instalação são treinadas, se existe alguma reclamação nas redes sociais e se trabalham com um produto testado em laboratórios de ensaio técnico. Muitos profissionais autônomos resolvem atender o consumidor, mas não possuem nenhuma formalidade empresarial e aí, quando há a necessidade de um apoio técnico, simplesmente desaparecem, deixando o consumidor final sem atendimento”, finaliza Patrícia Dinis. Serviço Vidraçaria Maracanã Tel.: 2502-7046 Carlos Lito Oliveira Tel.: 98809-0330


JUL_AGO_SET 2017

29


Meio ambiente POR Lia Rangel

Juntando o útil ao agradável Captação de água da chuva garante economia e o uso racional desse recurso natural

A escassez da água, que antes era só um pesadelo, já é um problema real há algum tempo e, por isso, existe muita gente engajada em conscientizar outras pessoas para que façam melhor uso desse recurso natural tão precioso e do qual nossas vidas dependem. Mesmo não sendo especialistas da área, muitos síndicos apoiam projetos de captação e aproveitamento da água da chuva, que trazem como principais benefícios a redução dos impactos sobre o patrimônio natural e, consequentemente, economia no valor da conta de água. Pedro Cantisano é síndico profissional responsável por três condomínios e, há cinco anos, está à frente do Le Parc Residential Resort, localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, que possui 13 blocos, 766 unidades e cerca de 2 mil condôminos. Cantisano conta como funciona sua estação de reúso de água: “Os condomínios da Barra da Tijuca possuíam estação de tratamento de esgoto que eram equipadas com tanques em que era recolhido o esgoto para ser tratado. Quando a Cedae concluiu

30

www.condominioetc.com.br

Jorge Rodrigues conta que o condomínio já possuía estação de captação e reaproveitamento de água e que seu uso é valorizado

a construção da rede de esgoto do bairro, todo o sistema de esgoto dos condomínios foi ligado diretamente a essa rede. A partir de então, as estações de tratamento de esgoto foram desativadas e os tanques

ficaram sem utilização. Foi quando resolvemos utilizá-los para captar a água da chuva e reaproveitá-la para a limpeza de pisos e sistema de irrigação dos jardins. A modificação feita para captar a água da chuva é muito simples e, dependendo da área do condomínio, não leva mais de 30 dias. Nós, por exemplo, redirecionamos toda a tubulação de captação das águas pluviais para os tanques da antiga estação de tratamento de esgoto e, em seguida, instalamos bombas para alimentar a rede de irrigação e de água de reúso. É possível detectar economia na conta de água imediatamente. Aconselho que outros síndicos desenvolvam projetos como esse, pois, além da grande contribuição para o meio ambiente, a economia adquirida proporciona a realização de outros projetos, como investir na compra de lâmpadas de LED. Vale ressaltar que a construção da rede de captação de água da chuva é um trabalho de baixa complexidade e que pode ser feito pela equipe de manutenção do próprio condomínio”, diz.


“Quando as estações de tratamento de esgoto foram desativadas e os tanques ficaram sem utilização, resolvemos usá-los para captar a água da chuva”, Pedro Cantisano

O síndico profissional Jorge Rodrigues é responsável pelo Condomínio Spazio Palms, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, que conta com três blocos, três torres, 310 unidades e tem cerca de 800 moradores. Rodrigues diz que a estação de captação da água da chuva já foi entregue pela construtora. “A estação, que é subterrânea, já fazia parte do projeto original do condomínio e, embora a água não seja potável, nós valorizamos e incentivamos seu uso. A água coletada é utilizada para lavar as garagens e regar o jardim. Ainda com a intenção de economizar, temos um projeto de drenagem da água dos aparelhos de ar-condicionado e seu reaproveitamento para os mesmos fins empregados nas caixas de reúso. É possível detectar a economia na conta de água, principalmente quando a demanda de consumo sobe e a conta não. Sugiro que outros síndicos invistam em estações como esta, pois, com certeza, a água é um bem vital que não pode ser desperdiçado”, explica. Segundo João Martani, diretor técnico da AJMartani Medição Individual de Água e Gás, empresa especializada na implantação de sistemas de medição individual de água e gás em condomínios residenciais e comerciais, com qualquer planta, configuração de estrutura e idade de construção, com o aumento da demanda por água disponível e de fácil acesso, é primordial que se antecipe às exigências nacionais para a conservação dos recursos, e uma excelente forma de

realizar isso é construindo uma estação de captação de água nos condomínios. “Além de garantir a sustentabilidade ambiental, diversas vantagens são observadas, como solução de abastecimento gratuito, favorecimento de que haja reserva de água para momentos de crise hídrica e diminuição dos custos mensais com água, haja vista a fonte alternativa proveniente da chuva. Vale lembrar que a água proveniente dessas estações pode ser utilizada para diversos fins, desde irrigação e limpeza geral até em vasos sanitários, máquinas e tanques de lavar roupa e para potabilidade, desde que tratada corretamente. Todo empreendimento pode efetuar a captação, o armazenamento, o tratamento e o reúso de água da chuva. Essa água é, geralmente, obtida nos telhados, direcionada por calhas ou tubulações, passando por um sistema de remoção de poluentes até o reservatório principal. Tal reservatório pode ser enterrado ou superficial, dependendo da disponibilidade de local. A partir dessa etapa, estuda-se para qual fim deseja-se utilizar a água e, posteriormente, verifica-se a área necessária para instalar os equipamentos de tratamento e fornecimento da água tratada para o empreendimento. Uma vez definidos os requisitos da área de telhado para a captação, o caminho das tubulações e o local de implantação do sistema – ao qual chamamos de diagnóstico preliminar e projeto de concepção – a execução se torna rápida, segura e com pouca intervenção, dependendo das condições

JUL_AGO_SET 2017

31


Cantisano conta que toda água captada é utilizada para limpeza de pisos e sistema de irrigação dos jardins

observadas, podendo levar poucos dias para os sistemas mais simplificados”, explica. Martani também esclarece que o custo de implantação do sistema varia de acordo com a quantidade de água necessária para ser captada em função de seu uso definido e sua respectiva qualidade. “Estima-se que esse custo inicial é amortizado em função dos benefícios do sistema quando em funcionamento, haja vista que vai poupar custos na conta de água. Como valor inicial, um investimento entre 7 e 20 mil reais atende grande parte dos condomínios. A redução na conta de água já é observada logo no primeiro mês após a implantação do sistema, porém, a amortização do investimento vai variar em função do uso pretendido com a instalação do equipamento, mas tem sido observado

32

www.condominioetc.com.br

que de seis meses a um ano o investimento se torna viável. Observa-se uma redução no consumo de água entre 10% e 80% quando é incluído o uso da água para vasos sanitários, limpeza de áreas comuns e irrigação de jardins. A água captada nessa estação pode ser utilizada para os mesmos objetivos que a água encanada, desde que tratada corretamente. Pode ser usada tanto para fins industriais como para fins residenciais, limpeza, higienização e irrigação. Em caso de necessidade, com a utilização de equipamentos para tratamento da água da chuva, esta pode ser usada com total segurança ambiental e sanitária”, explica. Martani também fala sobre a necessidade de manutenção. “Como todo sistema eletromecânico, essas estações precisam de manutenção preventiva e corretiva. É interessante prever uma periodicidade para manter a vida útil dos equipamentos instalados. Quando se quer a água com um grau de pureza elevado (para tomar banho, lavar roupas e até mesmo consumo humano), a manutenção deve ser mensal, mas, para uso geral, uma ou duas vezes por ano, pelo menos, é importante. Todo plano de manutenção é fornecido junto com o equipamento, de forma detalhada. Assim como as companhias municipais precisam de especialistas para definir a melhor rota para o tratamento da água, é primordial que sistemas menores, residenciais ou industriais, também tenham profissionais habilitados para definir a melhor solução. O local onde é captada a água da chuva contém impurezas, material orgânico e outros elementos que precisam ser eliminados corretamente, dependendo da utilização dessa água. Caso o tratamento não seja feito por profissionais do ramo, poderá acarretar

problemas sanitários graves. Dependendo da necessidade específica de algum condomínio, no momento em que são feitos a troca de prumadas hidráulicas e demais serviços de manutenção, pode-se prever o uso dessa água tratada em banheiros, áreas comuns e piscinas, entre outros locais. Podemos instalar sistemas automáticos para substituir a alimentação de água no empreendimento quando o reservatório estiver vazio, dessa forma, a probabilidade de faltar água no condomínio é muito baixa. Ademais, a empresa também fornece um sistema de tratamento específico para o que chamamos de águas cinza (máquina de lavar, pias e chuveiros)”, conclui.

Rodrigues diz que é possível detectar a economia na conta de água, principalmente quando a demanda de consumo sobe e a conta não

Serviço AJMartani – www.ajmartani.com.br


JUL_AGO_SET 2017

33


manutenção POR Lia Rangel

É simples, mas é limpinha...

A importância da limpeza periódica das caixas-d’água Para entender a importância da limpeza das caixas-d’água dos condomínios é preciso antes refletir sobre a relevância da água em nossas vidas. Não é necessário pensar muito para saber que não existe alimento sem água. Não existe energia sem água. Poderíamos passar um dia inteiro mencionando tudo que não existiria se não tivéssemos fácil e irrestrito acesso a esse recurso natural do qual nossas vidas dependem. Mas não adianta ter acesso a uma água suja, contaminada ou cheia de detritos. Precisamos de água com o mínimo de qualidade para evitarmos quaisquer tipos de contaminação, e, nos condomínios, a função de zelar pela qualidade da água é do síndico. Mais do que cuidado com os moradores e funcionários do condomínio, a limpeza das caixas-d’água é lei. A Lei nº 1.893, de 20 de novembro de 1991, estabelece a obrigatoriedade da limpeza e higienização dos reservatórios de água para fins de manutenção dos padrões de potabilidade. O art. 1º diz que todos os estabelecimentos do Estado do Rio de Janeiro, públicos ou privados, que mantenham reservatórios de água destinados ao consumo humano estão sujeitos às determinações da lei. Além dis-

34

www.condominioetc.com.br

A síndica Maria Helena Vernes explica que o processo de limpeza da caixa-d’água em seu condomínio se dá em duas etapas

so, também fica decretado que competirá ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA), como órgão técnico de controle ambiental, proceder à fiscalização. Já o art. 3º defende que os estabelecimentos são obrigados a realizar semestralmente a limpeza e higienização dos reservatórios da água destinados ao consumo humano, bem como providenciar a análise bacteriológica da água imediatamente após a limpeza. Outro ponto importante da lei é que os comprovantes originais da execução dos serviços de limpeza e higienização e dos resultados das análises da água deverão ser arquivados no estabelecimento pelo período mínimo de dois anos, a fim de que sejam apresentados à fiscalização do INEA sempre que solicitados. A lei ainda determina que os serviços de limpeza e higienização dos reservatórios e a coleta de amostras de água deverão ser executados por firmas registradas no INEA ou por pessoa física vinculada ao estabelecimento, desde que devidamente capacitada pela INEA. No Condomínio Landim, que possui quatro blocos, 32 unidades e cerca de 70 moradores, quem cuida de tudo é a síndica Maria Helena Vernes, que está no cargo há seis anos. “Nós realizamos a limpeza da


Maria Helena Vernes explica que já faz a limpeza das caixas-d’água de seu condomínio com a mesma empresa há muitos anos e que tem algumas vantagens por conta disso

caixa-d’água em duas etapas: a lavagem dos reservatórios e a lavagem das caixas-d’água. Primeiramente, dois dias antes da limpeza, bloqueamos a entrada de água da rua nos reservatórios, para que os moradores possam consumir a maior parte da água das caixas e, assim, evitamos o desperdício, pois fica só aquela água mais barrenta, do fundo da caixa. O reservatório é lavado primeiro, pois recebe a água da rua, que abastece as caixas. Após essa primeira etapa, realizamos a limpeza das caixas, para só depois liberarmos a entrada de água limpa”, explica. A síndica ainda conta que já trabalha com a mesma empresa há muitos anos. “Em time que está ganhando, não se mexe, não é?! E nós já contratamos o serviço da mesma empresa há muitos anos e, inclusive por isso, temos algumas vantagens, como preços especiais e boas condições de pagamento, além de conhecer o tra-

balho deles, que é muito bem-feito. Acredito que é importante realizar esse procedimento com uma empresa especializada, pois temos a garantia de um serviço bem executado e também recebemos o certificado de potabilidade, que é emitido através do teste que eles realizam”, diz. Jorgineia Severiano, diretora da empresa Hidro Klaimex, especializada em limpeza de reservatório de água, que atende a todo o Rio de Janeiro, explica como funciona o processo. “Primeiro, é necessário esgotar quase que totalmente a água do(s) reservatório(s), através de bombas submersíveis. Feito isso, é preciso esfregar toda a superfície interna com escovão de nylon e, em seguida, tirar totalmente a água com os resíduos remanescentes. Na sequência, deve-se enxaguar o recipiente com água limpa, eliminar novamente toda a água e, só então, aplicar solução de hipoclorito de sódio (10

JUL_AGO_SET 2017

35


Maria Helena Vernes está à frente do Condomínio Landim há seis anos

36

www.condominioetc.com.br

ppm) em toda a superfície do reservatório. Vale lembrar que é muito importante a ajuda de um funcionário do condomínio, que precisa esvaziar com antecedência os reservatórios para evitar o desperdício de água, então pedimos que ele feche a entrada de água da rua três dias antes do procedimento, para que, no dia da limpeza, a cisterna esteja quase vazia. O tempo em que esses procedimentos são realizados depende do tamanho dos reservatórios, mas, normalmente, leva cerca de quatro horas, embora tenhamos casos em que a limpeza é feita em dois ou três dias. Nós, da Klaimex, damos toda a assistência ao prédio, mas é necessário que algumas regras sejam seguidas para não prejudicar os moradores, sobretudo se o condomínio tiver apenas uma caixa que abasteça o prédio: não se deve usar a água enquanto a limpeza das caixas é realizada para não causar o esvaziamento da coluna, pois se ela for de ferro, pode haver entupimento. Somente quando o prédio tem duas caixas e um barrilete – que é toda a tubulação que se origina de um reservatório superior e que possui a função de alimen-

tar todos os ramais prediais através de suas colunas de distribuição – ele não fica sem água, pois enquanto limpamos uma caixa, a outra abastece as unidades. É bom ressaltar a importância de realizar esse serviço com uma empresa especializada, pois elas são preparadas para executar o serviço conforme as exigências do INEA. Para conseguir a licença para fazer esse trabalho precisamos cumprir uma série de exigências, que nos qualificam. Outro ponto importante é o teste de potabilidade da água, que é a garantia de que o condomínio está usando uma água de qualidade, pois, após a realização da limpeza, uma empresa também credenciada pelo INEA faz a coleta da água para a emissão da análise bacteriológica. Com essa análise em mãos, emitimos o certificado, que é assinado por um biólogo que atesta sua veracidade”, finaliza.

Serviço Hidro Klaimex Limpeza de Caixa-d’água – www.klaimex.com.br


JUL_AGO_SET 2017

37


Ecodicas POR Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Boomerang Soluções Ambientais A Boomerang Soluções Ambientais é uma empresa de consultoria ambiental especializada em gestão de resíduos e mitigação de impactos ambientais. Fundada em 2013 pela economista Ana Paula Vieira, a empresa vem atuando em grandes eventos no Rio de Janeiro. Em 2015, entrou na sociedade Kauan Ramalho que, formado em administração pela PUC de São Paulo e tendo trabalhado como auditor na PwC, após um intercâmbio em Dublin, decidiu empreender na área de tratamento de resíduos orgânicos. Ana Paula Vieira estudou ciências econômicas na UFRGS e atua, há mais de 13 anos, na produção e no planejamento de eventos de pequenos e grandes portes, bem como na coordenação de produção e direção artística em diferentes áreas como TV, cinema e shows e no atendimento a clientes de diversos setores. Condomínio etc. – Quais os desafios da Boomerang? Ana Paula Vieira – Nós acreditamos que uma correta gestão ambiental, além de proporcionar destino certo aos resíduos produzidos pelos eventos, permite a adequação às normas ambientais e sanitárias, bem como a garantia de uma melhor relação custo-benefício nas operações. Parte da excelência na gestão de eventos se deve à sólida rede nacional de rela-

38

www.condominioetc.com.br

com sabedoria em cada momento, escolhendo as emoções que sentimos e regulando o fluxo e o teor das vibrações que emitimos. Os bumerangues têm a forma das ações e dos comportamentos que você atira ao mundo e que vão voltar para você mais tarde, muitas vezes com seus efeitos multiplicados. Queremos jogar para o mundo boas ações ambientais.

cionamentos com ONGs socioambientais, fornecedores de produtos e serviços ecológicos/sustentáveis, fornecedores em geral do mercado de eventos, indústrias e cooperativas de reciclagem, entre outros. Cetc. – A que se deve a escolha do nome Boomerang? AV – O nome Boomerang (“bumerangue” em português) é uma referência ao efeito do movimento que acontece quando alguém treinado joga o objeto que pode voltar às mãos do jogador. O efeito bumerangue está sempre em franca atividade na vida das pessoas. Os exemplos que nos rodeiam são infinitos. Diante da prerrogativa de que tudo o que fazemos volta para nós ou contra nós, cabe-nos a opção de agir

Cetc. – Quais os principais trabalhos já realizados? AV – Fizemos o Carnaval de Rua do Rio de Janeiro – Limpeza da Boa/Antártica (os 40 maiores blocos de rua), de 2013 a 2017; a Jornada Mundial da Juventude – Guaratiba/Campus Fidei e Copacabana/Missa Campal, em 2013, evento com 3,6 milhões de pessoas; o Parque da Bola e Greennation Fest, em 2014; o Reveillon Copacabana (área VIP); os shows do The Police no Live Earth; Oi Rio Pro Mundial de Surf Profissional, em 2015; a Bienal do Livro do RJ, em 2015; Hospitality Maracanã, no Maracanãzinho, no Parque Olímpico e na Arena Rio; Live Site Barra e Deodoro; Villa Mix Festival RJ - Gun’s N Roses RJ; Shell Open Air RJ; A&B Rio Centro, entre outros. Com o case Gestão Integrada de Resíduos para a Bienal 2015, a Fagga Eventos conquistou o segundo lugar do Prêmio CAIO de Sustentabilidade 2016. Outro bom


resultado obtido foi a redução de 30% dos custos com destinação de todos os resíduos gerados em relação ao evento de 2013. Cetc. – A empresa tem atuação social? AV – A Boomerang trabalha em parceria com cooperativas de catadores de resíduos profissionais e regularizados, para promover a geração de renda e a inserção social, bem como aumentar a eficiência no trabalho de coleta e segregação dos resíduos nos pontos de geração. Cetc. – Que atitudes devem tomar os condomínios para proteger o meio ambiente local e do planeta, o condomínio maior? AV – A Boomerang está dialogando com condomínios residenciais e comerciais no Rio e em São Paulo para implantar um sistema completo de gestão de resíduos sólidos que integre o correto segregamento dos resíduos com a educação dos moradores. Em muitos casos, os condomínios são considerados grandes produtores de resíduos por causa das proporções que essas construções tomaram nos últimos anos. Do ponto de vista global, os grandes condomínios são responsáveis não só pela

geração de diversos tipos de resíduo, como também por um alto consumo de energia elétrica, água e emissão de poluentes como gás carbônico, em razão dos constantes deslocamentos para chegar a esses locais. Hoje, há diversas iniciativas que podem ser colocadas em prática de forma a minimizar os impactos causados pelos condomínios. A implantação de sistema de captação de água de chuva ou o reaproveitamento das águas cinza e negras, por meio do tratamento de efluentes, a troca das lâmpadas fluorescentes, nas áreas comuns, por lâmpadas LED ou mesmo o correto gerenciamento de resíduos, prezando pela segregação de cada tipo (orgânico, óleo de cozinha, recicláveis, eletrônicos e outros), podem diminuir significativamente a disposição de resíduos com potencial de reciclagem em aterros sanitários. Assim, a vida útil desses locais cresce, o impacto ambiental que eles causam diminui e eles passam a ter um novo papel na sociedade. Cetc. – Qual o papel da educação ambiental? AV – Em todos os projetos que elaboramos, treinamos fornecedores e os demais envol-

vidos para conscientizá-los do processo do trabalho ambiental e educá-los com relação a esse tema que, por mais importante que seja, ainda é recente e novo para muitos. A ação constante vai gerar, a longo prazo, um público mais participativo e exigente de boas práticas. O site da Boomerang Soluções Ambientais está em construção no link www.boomerang.eco.br e a página no Facebook www.facebook. com/boomerangsolucoesambientais é sempre atualizada. Dessa maneira, as pessoas acompanham as ações e acessam conteúdos relacionados à sustentabilidade.

JUL_AGO_SET 2017

39


Atualidade Por Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

6ª Conferência Green Rio 2017

A bioeconomia em debate Durante três dias de maio, 70 expositores comprometidos com a produção sustentável receberam mais de 3 mil visitantes que, além de desfrutarem da paisagem da Marina da Glória e de pores de sol douradíssimos, acompanharam palestras, painéis e a gestação de novos negócios na 6ª Conferência Green Rio 2017. Desde sua primeira edição, em 2012, paralela à Rio+20, a Green Rio tem se firmado como plataforma de negócios sustentáveis. Estivemos lá e trouxemos flashes para você.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, “bioeconomia é uma economia sustentável, não baseada no carbono, que se destina a oferecer soluções coerentes e eficazes para os grandes desafios sociais, como a crise econômica, as mudanças climáticas, a substituição de recursos fósseis, a segurança alimentar e a saúde da população”. Reconhecida como a economia do século XXI e em franca expansão, a bioeconomia movimenta mun-

40

www.condominioetc.com.br


dialmente 2 trilhões de euros e gera 22 milhões de empregos, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na conferência, o francês Jean Luc Ansel, presidente da Cosmetic Valley, a maior cluster de cosméticos da União Europeia, apresentou o projeto Cosmetopeia, que visa à criação de um registro de todas as plantas e do conhecimento tradicional utilizado para fins cosméticos. Ele busca parcerias com pequenas e médias empresas e quer promover o setor de cosméticos do Brasil e da América Latina no Salon Cosmetic 360, que acontecerá em outubro, em Paris. Em 2016, o Salon recebeu mais de 200 expositores de diversos países, entre eles o Projeto Estruturante Sebrae Cosméticos de Base Florestal da Amazônia, também presente na 6ª Conferência Green Rio. Vale lembrar que o Protocolo de Nagoya, emitido na Conferência de Nagoya em 2010, estabelece condições mais previsíveis para o acesso dos recursos genéticos e garante a repartição dos seus benefícios com quem os forneceu.

No segundo dia do evento, um painel sobre a bioeconomia na América Latina e no Caribe apontou a deficiência da educação como o grande obstáculo para mão de obra qualificada e inovações. Segundo Anisorc Brito, do Banco Centroamericano de Integración Económica, “o setor da biomassa pode ser mais bem aproveitado no continente. Somos os que menos produzem carbono fóssil. Temos de investir na pesquisa e continuar apoiando a produção de energia renovável”. O Uruguai, a Argentina e a Costa Rica têm alta percentagem de exportações bioeconômicas. A gastronomia peruana resgata ingredientes tradicionais. Isso é bioeconomia.

Ramiro Wahrhaftig, diretor de Coordenação da Itaipu Binacional, que fornece 17% da energia do Brasil e 66% do Paraguai, expôs o alcance social das ações da usina: “Pagamos royalties às 8 mil famílias prejudicadas pela construção da Itaipu; fortalecemos a população rural; incluímos a educação ambiental em todos os projetos; adquirimos 30% dos alimentos das escolas dos agricultores familiares (o município de Marechal Rondon, no Paraná, foi o primeiro a oferecer alimentos orgânicos nas escolas); ampliamos o uso da homeopatia e de plantas medicinais nos postos de saúde; utilizamos 30 veículos movidos a biometano produzido na região; plantamos 40 milhões de árvores; protegemos três comunidades indígenas guaranis; criamos hospital veterinário para animais em extinção e para os apreendidos (que são soltos após tratamento); e ganhamos, em 2015, o Prêmio Categoria

I de melhores práticas em gestão de água – Cultivando Água Boa.”. Ainda no mesmo dia, o Sebrae mostrou as iniciativas de bioeconomia que está apoiando no país. Também entrou em pauta o empreendedorismo jovem, que pôde ser constatado no espaço para startups de bioeconomia em que, entre outros produtos, era exibida uma prancha de stand up paddle produzida com garrafas pet.

A delegação alemã, liderada por Clemens Neumann, diretor de Bioeconomia e Florestas do Ministério da Agricultura da Alemanha, veio com o objetivo de discutir potenciais parcerias entre os dois países, com destaque para florestas, orgânicos, biomassa e bioenergia. Lá o conceito de bioeconomia é transversal, indo além do setor econômico. Os projetos envolvem o governo, consumidores, parceiros e setor privado. Para implementar a estratégia “Bioeconomia 2030” (quando nenhum supermercado poderá oferecer produto transgênico), o governo federal alemão disponibilizou 2,4 bilhões de euros para pesquisas. O Brasil é visto como um par-

JUL_AGO_SET 2017

41


ceiro importante para a cooperação internacional. Somos formados por seis biomas, temos um dos solos mais férteis do planeta com mais de 2 milhões de espécies e só conhecemos 15% dessa riqueza. Beatriz Costa, promotora do evento, sobre a questão da bioeconomia nos dois países, afirmou: “Vamos jogar juntos esse jogo. O Brasil, com sua biodiversidade e capital humano, pode tornar-se referência em bioeconomia. O consumidor consciente é indutor de políticas públicas. O Green Rio soma, não apenas mostra.”.

A última palestra abordou a alimentação saudável. O ator Marcos Palmeira, dono a Fazenda Vale das Palmeiras, que hoje produz alimentos orgânicos e que antes era uma área degradada, garantiu que “se as escolas onde estudam os filhos de produtores agrícolas comprassem os alimentos desses pais seria um ganho enorme para todos. O Rio de Janeiro tem um alto potencial que

42

www.condominioetc.com.br

deve ser explorado”. Uma boa notícia é que o município de Paraíba do Sul reduziu o açúcar e os embutidos da alimentação escolar e atingiu 100% de compra dos agricultores familiares. Outra constatação é que quando há hortas nas escolas, as crianças não deixam legumes no prato e ainda passam o hábito para os pais, que ficam constrangidos de não comer o que as crianças plantaram. Mônica, do site Comida do Amanhã, propôs: “Precisamos trazer o campo para a cidade todos os dias. Puxar a fantasia para dentro do alimento. Sabor e saber vêm do mesmo radical. Mais sabor e mais conhecimento. Podemos ensinar tudo com o alimento que tem muita importância simbólica. Os alimentos vêm do sol.”.

Para a chef Teresa Corção, os agricultores familiares são brava gente: “Estão todos os dias na terra, preparando o alimento e enfrentando todos os riscos.”. Teresa desenvolve o Projeto Mandioca e acredita

que a criança deve comer o que tem a ver com suas raízes familiares. “A mandioca foi domesticada pelos índios, citada na carta de Pero Vaz de Caminha e ganhou o mundo.”. E o dinamarquês Bent Mikkelsen, da Universidade de Aalborg, contou que em seu país há uma ligação entre o hábito alimentar e o aprendizado. “Temos o aplicativo que remete a um Pokémon GO, em que as crianças brincam de caçar alimentos saudáveis. O importante é criar o hábito.” Foram três dias intensos – encontros, troca de saberes, degustações deliciosas e de desejos que podem virar compromisso.


Um pouco mais sobre a Cosmetopeia A proposta é resgatar tradições e retornar recursos para as regiões das matérias-primas. Muitas receitas foram perdidas, e a análise bibliográfica contribui para o estudo e a produção da cosmetologia. Normalmente, as práticas tradicionais envolvem higiene, saúde, cuidados, embelezamento e perfumaria. Exemplos: as meninas birmanesas se maquiam com blush natural de Thanaka (limonia acidissima rutaceae – madeira da família do limoeiro) para ficar mais bonitas e proteger-se do sol. Portanto, poderia ser fabricado um produto com base nessa matéria-prima. Na Oceania, as tatuagens são feitas com nogueira-de-iguape e podem estar relacionadas à proteção solar. O óleo de coco perfumado com gardênia (monoi) era reservado para os monarcas na Polinésia. Muitos produtos africanos – como amêndoas, sândalo e manteiga de karité – já foram incorporados à cosmética mundial. Mas poucos sabem que as máscaras de argila de Niger escondem os rostos em época de luto. Na América do Sul, os índios Skuhugawa usam o jenipapo também como repelente de insetos. Na Índia, Indonésia e Malásia, a árvore Aquilaria spp, por seu poder

medicinal e aromaterapêutico, pode valer mais que o ouro. Na região indopacífica, o Calophyllum inophyllum, ou tamanu, é um agente extraordinário de cicatrização, e diversas indústrias de cosméticos incluem seu óleo (conhecido como óleo de tamanu), derivado das castanhas (sementes), em cremes para a pele como agente esfoliador, rejuvenescedor e contra rugas. Na França, será feito estudo etnocosmetológico nas Ilhas Marquesas, território distante que guardou suas tradições. Os ingredientes mais procurados para a fabricação de cosméticos naturais no Brasil são: óleo de sementes de maracujá, andiroba, buriti, castanha-do-pará, copaíba e pracaxi; manteiga de cupuaçu, muru-muru e ucuúba; mel e derivados. O Sebrae recomenda que, para essa produção, a escolha das matérias-primas a serem utilizadas, assim como dos fornecedores selecionados, deve ater-se à sustentabilidade. Destinado a gerar conhecimento sobre a utilização de recursos da biodiversidade para fins cosméticos, o Projeto Estruturante Sebrae Cosméticos de Base Florestal da Amazônia estimula empreendedores. Vale a pena explorar o site do Sebrae.

JUL_AGO_SET 2017

43


Legislação

Decisão do STJ mantém fiança com a prorrogação do contrato de aluguel O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela manutenção da fiança em um caso analisado no fim de março deste ano em que houve a prorrogação de contrato de locação de imóvel urbano por prazo indeterminado – Recurso Especial nº 1.634.048 MG (2016/0080731-0), de 4/5/2017. Na ocasião, o tribunal entendeu que não deveria haver alteração da responsabilidade dos fiadores com o locador, uma vez que não houve denúncia da locação mesmo diante da decretação de falência do locatário. Dessa forma, seguindo os precedentes do próprio tribunal, admitiuse a prorrogação da fiança nos contratos locatícios alongados por prazo indeterminado, desde que haja previsão expressa no contrato de locação. Em 2007, houve um intenso trabalho dos Secovis, que atuaram com o STJ para esclarecer o escopo da Súmula nº 214, que dispõe: “O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu.”. Por maioria de votos, na ocasião, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que a Súmula 214 não se aplica à prorrogação de contrato de locação, mas ao aditamento sem anuência do fiador.

44

www.condominioetc.com.br

Para a Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI), os questionamentos acerca da fiança locatícia colocam em risco a segurança jurídica dos contratos. Por isso mesmo a entidade tem proposto alterações legislativas e realizado intervenções perante o Poder Judiciário na busca de fortalecer o papel estratégico do setor da habitação para o país.

A política de habitação brasileira resulta de inúmeros fatores, e a locação exerce papel fundamental nesse contexto. Segundo dados do IBGE, no período de 2004 a 2014, constatou-se um crescimento gradual dos domicílios alugados, de 15,4% para 18,5%. A representação da CBCSI busca fortalecer o setor de comércio e serviços imobiliários, defendendo os interesses empresariais e de condomínios com comprometimento, ética e transparência. A Câmara reúne 22 sindicatos da habitação e associações setoriais, sob a coordenação geral do Secovi Rio. Compõem a entidade os sindicatos de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal; além da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic), da Associação das Administradoras de Imóveis do Ceará (Aadic) e da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi). Fonte: Secovi Rio.


JUL_AGO_SET 2017

45


cidade

Projeto do Porto não pode ser descontinuado Um dos maiores legados da Olimpíada de 2016 para a cidade do Rio de Janeiro foi, sem dúvida, a revitalização da Zona Portuária. E quando se fala na recuperação dessa área não se deve pensar apenas na Orla Luiz Paulo Conde, nova frente marítima criada com a demolição da Perimetral, mas na região que, ao longo dos anos, foi se degradando à sombra do elevado. A profunda reforma urbanística no Porto, que hoje atrai cariocas e turistas, foi fruto de uma parceria público-privada firmada em 2011, durante o governo de Eduardo Paes, que envolveu a Prefeitura, a Caixa Econômica Federal e a concessionária Porto Novo, formada pelas construtoras Odebrecht, OAS e Carioca. No entanto, o futuro desse projeto de importância incontestável para a cidade – e que precisa avançar – parece ameaçado. Reportagem publicada em O Globo mostra que a concessionária Porto Novo já paralisou obras e enfrenta dificuldades para operar e manter serviços numa área de 5 milhões de metros quadrados que se espalha pelos bairros de Santo Cristo, Saúde e Gamboa. Calcula-se que a Porto Novo precisaria de R$ 5 bilhões nos próximos oito anos e meio. Mas as perspectivas não são boas. Com a recessão, o fundo da Caixa que adquiriu os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), emitidos pelo município do Rio como forma de viabilizar o projeto, não consegue revendê-los. Por isso, não tem feito os repasses mensais para as obras e a manutenção da região. Sem receber desde 10 de janeiro, a concessionária tem se limitado a tocar serviços como coleta de lixo, iluminação, operação e sinalização de trânsito, além de manter as instalações. Os efeitos da crise no mais novo cartão-postal da cidade começam a aparecer. “Já existe uma dívida de R$ 80 milhões este ano com a Porto Novo”, diz o presidente da Companhia de Desenvolvimento Ur46

www.condominioetc.com.br

bano do Porto (Cedurp), Antônio Carlos Mendes Barbosa. E completa: “Se a Caixa não pagar, a concessionária vai acabar parando. Pode suspender a varredura de ruas, a coleta de lixo, o controle do tráfego e dos túneis.”. Por meio da PPP do Porto, já foram investidos na região R$ 5 bilhões, que permitiram a realização de obras como a construção do Túnel Marcello Alencar e da Via Binário, importantes para desafogar o trânsito da cidade. Mas o maior mérito do projeto é ter devolvido ao Rio uma área central, à beira-mar, que estava esquecida. Catapultada por atrações como os museus do Amanhã e de Arte do Rio (MAR) e, mais recentemente, pelo AquaRio, tornou-se um novo polo de lazer e turismo. Mas ainda há muito que fazer. É preciso ocupar aquele espaço com comércio e, essencialmente, moradias, para que não sejam cometidos os mesmos erros do Centro. Para isso, é fundamental que o projeto não seja descontinuado. Diante da crise, Prefeitura, Caixa e concessionária precisam buscar uma saída que garanta a sobrevivência da PPP. Paralisar obras, suprimir serviços e engavetar projetos não seria bom para ninguém. Especialmente para o Rio e os cariocas. Fonte: O Globo, Editorial, 25/jun.


JUL_AGO_SET 2017

47


Manutenção

Limpeza é prevenção

Limpar a fachada é se antecipar aos problemas Ao que tudo indica, a prevenção é a solução para boa parte dos problemas que temos na vida. Isso se aplica à saúde, à vida financeira e até mesmo às relações humanas. O foco aqui nesta matéria é abordar a manutenção da fachada de um condomínio. Como se antecipar a problemas que desconhecemos? Para começar, Rafael Vieira, diretor da empresa Altura Manutenção Predial, indica uma limpeza na fachada. “O síndico atento às necessidades do condomínio sabe que não deve deixar o problema acontecer para resolver. Isso, além de gerar prejuízos de ordens diversas e graves, pode custar muito caro. Imagine um pedaço de reboco que cai e atinge alguém?”, exemplifica. Dependendo do tipo de fachada, uma boa limpeza uma vez ao ano possibilita que o técnico em serviço detecte infiltrações, rachaduras e outras coisinhas mais. Segundo Vieira, uma simples vistoria, que é o que sua empresa faz ao iniciar qualquer serviço de fachada, pode identificar problemas iniciais e resolvê-los de forma rápida, eficaz e barata. “Ao contratar uma limpeza de fachada o síndico atira no que vê e acerta no que não vê. Com a limpeza conseguimos nos antecipar aos problemas e identificar o que o condomínio realmente precisa. Já

48

www.condominioetc.com.br

O que acontece muitas vezes é que o síndico olha a fachada e acha que as manchas que vê são sujeira. E na verdade já é falta de tinta, de revestimento, desgaste do tempo. Nesse caso é preciso reformar.

Uma pintura simples resolve?

Todas as ações do síndico Roberto Luiz Barros são baseadas na prevenção

tive casos de ser chamado para lavar uma fachada pintada que precisava de reforma, então só a limpeza não se aplica, isso realmente não fica bom. A não ser que a superfície seja lavável. Já até perdi trabalho por conta disso, mas prefiro zelar pelo nome de minha empresa do que fazer um serviço malfeito”, ressalta.

Em tempos de crise é comum que as pessoas queiram economizar e fazer apenas o básico, uma pintura simples. O fato é que quando o técnico responsável fica cara a cara com a fachada ele percebe que uma pintura simples pode não resolver o que de fato está acontecendo. Rachaduras, infiltrações, pastilhas soltando, falta de rejunte... Vieira avisa: uma pintura nunca é simples. “Sempre tem manutenção. Em minha empresa usamos a técnica de rapel, que, além de não tumultuar o condomínio, é muito prática e rápida. Ao ir descendo pela fachada, o funcionário usa o método de percussão – vai batendo em cada área para identificar onde pode estar oco; se for alvenaria, já vai tirando o que não pode mais ficar ali. Até porque isso representa risco para quem passa lá embaixo”, avisa. O especialista da Altura Manutenção Predial costuma fazer, junto com o síndico,


uma anamnese predial antes de começar qualquer tipo de serviço: “Preciso saber quando foi feita a última manutenção, se ele tem conhecimento de alguma infiltração, se já caiu alguma parte da fachada e, principalmente, se a empresa anterior deu garantia do serviço. Isso é importantíssimo, afinal, meu trabalho pode nem ser necessário se estiver num período de garantia.”. Ponto pra ele, a honestidade em qualquer segmento de serviços deve ser valorizada. A garantia de uma pintura ou manutenção pode variar muito de acordo com o serviço feito, que vai desde pintura ou até mesmo obra de estrutura. Por isso, entre dois e cinco anos pode ser aceitável. Cada caso é um caso.

Limpeza é rapidinho A limpeza pode ser considerada uma coisa rápida, ainda mais se for feita com rapel. Mas dificilmente é só limpeza. “Na maioria dos casos tem uma reposição de pastilha, um rejunte desgastado”, explica Vieira.

Uma preocupação de alguns síndicos é em relação ao tipo de produto usado para a limpeza, para que ele não diminua o tempo de vida útil do revestimento. Quanto a isso, Rafael Vieira diz que o certo é usar produtos neutros, pois os mais ácidos reagem com os rejuntes, enfraquecendoos e, posteriormente, isso vai proporcionar infiltrações. De qualquer forma, o especialista alerta para que os síndicos sempre procurem empresas credenciadas para fazer o serviço: “É preciso ser registrado no CREA ou CAU. O responsável técnico deve emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ou o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) e todo funcionário tem que ter Atestado de Saúde Ocupacional (ASU) apto para trabalhar em altura. Isso porque ele faz exames médicos que atestam sua saúde para isso. Essa obrigatoriedade está na NR-35, que faz parte do conjunto de Normas da ABNT. O síndico deve exigir registro em carteira dos funcionários com o ASU”, finaliza.

JUL_AGO_SET 2017

49


O síndico Roberto Luiz Barros não abre mão do uso dos equipamentos de proteção individuais (EPIs) nem do seguro contra terceiros

Síndico prevenido vale por dois O síndico Roberto Luiz Barros, do Condomínio Visconde de Cayru, prédio comercial na zona central do Rio, é o que pode se chamar de síndico prevenido. Todas as suas ações são baseadas na prevenção. O condomínio tem 41 anos e ele atua como síndico há cerca de 10. Isso significa que ele conhece o prédio profundamente. No quesito fachada, Barros trabalha com a mesma empresa durante todo o tempo em que é síndico: “A Altura Manutenção Predial tem preço competitivo, experiência, seriedade e usa o rapel, que facilita muito, pois não tem aquele tumulto de andaimes no térreo, não atrapalha a portaria, nem o condomínio. Além de ser mais rápido”, enfatiza.

50

www.condominioetc.com.br

Barros contrata a empresa de dois em dois anos para vistoria e pintura. “A vistoria é importante para verificar os vidros e os brises, especialmente. Ela realiza a pintura quando é necessário, reforma as partes de concreto com desgaste e aplica silicone nas janelas em que ele possa estar desgastado ou mesmo gerando infiltrações. Todos os brises são verificados, e qualquer tipo de oxidação que possa ter ocorrido é consertada.” O síndico afirma que, com esse cuidado preventivo, nunca teve problemas de reboco caindo ou mesmo vidros soltando, o que geraria riscos, e outras situações similares e desastrosas que já lemos nos jornais. E outro detalhe: Barros não abre mão do uso dos equipamentos de proteção individuais (EPIs) nem do seguro contra terceiros. Afinal, prevenir é melhor do que remediar…

Segurança e prevenção contra acidentes • O síndico deve exigir o uso de EPI para todos os funcionários em serviço. • Devem constar em contrato seguros contra acidentes e de vida para os funcionários. • Locais que ofereçam risco aos transeuntes devem estar sinalizados e com passagem interrompida. • Funcionários da obra devem ser previamente identificados, com nome, RG e foto, para facilitar a entrada (ou não) na portaria. • Em caso de acidente de algum funcionário da obra no condomínio, este também pode ser responsabilizado. Por essa razão o controle e as garantias de segurança devem ser rígidos.

Serviço

Altura Manutenção Predial – tel.: 3173-0660


Legislação

O Tribunal de Justiça da Bahia concedeu, em maio último, provimento ao agravo de instrumento interposto pelo guardião de um cão da raça dobermann que vinha sendo compelido a se retirar de condomínio que tem em sua convenção condominial cláusula proibitiva de criação de determinados cães, a exemplo de cachorros de “raças sabidamente agressivas e/ou violentas, notadamente rottweiler, pit bull, dobermann, chow chow, fila brasileiro etc.”. Diante de cláusula claramente abusiva, que ofende preceitos constitucionais, bem como outros dispositivos legais, o guardião do cão ajuizou ação ordinária combinado com pedido de antecipação de tutela cumulada com reparação por danos morais em face do condomínio. Após indeferimento da liminar pela juíza de primeiro grau, foi interposto agravo de instrumento requerendo a concessão de tutela de urgência de modo a garantir a permanência do cão Max no condomínio, determinando-se que o condomínio agravado se abstivesse de aplicar qualquer multa ao condômino ou adotasse quaisquer medidas administrativas visando à retirada do cão do imóvel e da área coletiva do condomínio, até decisão ulterior no primeiro grau, tendo tido o recurso total provimento. Conforme a acertada decisão da desembargadora relatora Maria da Graça Osório Pimentel, o condomínio deverá

cumprir a decisão, sob pena de multa diária de R$ 500 (quinhentos reais). A advogada da causa, dra. Graça Paixão, avalia o resultado: “Essa é uma decisão de suma importância para a causa animal e para os guardiões de animais que vêm sendo importunados pela administração de condomínios cujas convenções condominiais são antigas. Não tendo sido atualizadas à luz dos avanços jurídicos, sociais, éticos e filosóficos, algumas convenções ainda trazem artigos que contrariam direitos protegidos constitucionalmente, sendo comuns no passado e ainda em alguns casos atuais convenções condominiais que, equivocadamente, proíbem os moradores de terem animais de estimação no condomínio, devendo, portanto, ser adequadas aos novos paradigmas sociais e jurídicos.”. A cláusula abusiva do referido condomínio baseia-se em suposições genéricas, sem nenhuma fundamentação científica ou dado da realidade, em preconceitos em relação a raças de cães que são estigmatizadas ou mesmo em dificuldades pessoais na relação com animais, projetando-se, tais percepções equivocadas, nas relações coletivas como no caso das regras de convivência comunitária. Portanto, trata-se de norma genérica, sobretudo quando o animal não oferece risco à saúde, tranquilidade e segurança dos demais condôminos. Diz a causídica: “Os direitos dos animais

freeimages.com/Lali Masriera

Cão de grande porte ganha, na Justiça, o direito de permanecer com seu tutor em condomínio

em condomínios já vêm, há muito, sendo amplamente respeitados na seara jurídica, havendo farta jurisprudência, que vem entendendo que, mesmo que a regra interna do condomínio seja contrária, o direito do guardião do animal está garantido, vez que a observância a uma lei federal é obrigatória e alcança a todos e uma convenção antiga não poderá se sobrepor às determinações de uma lei federal. Não se trata de gostar ou não de animais. Trata-se de conhecer as leis, a Constituição Federal e respeitá-las e de romper com velhos paradigmas que não mais podem coexistir com as novas exigências no que tange à relação ética com os animais não humanos.”. Para a também advogada da causa, dra. Carolina Busseni: “O Tribunal de Justiça da Bahia, ao reformar a decisão da juíza de primeiro grau, autorizando a permanência do cão Max no condomínio onde vive com seu tutor, demonstra que está na vanguarda do festejado Direito Animal. Os animais não humanos são seres sencientes, sujeitos de direitos que devem ser resguardados pelo Poder Judiciário.”.

JUL_AGO_SET 2017

51


conservação

Entupiu mesmo Quando o velho e bom desentupidor não resolve, o negócio tem que ser profissional

Entre as mil e uma possibilidades de situações que um síndico pode enfrentar e solucionar – sim, tudo tem solução – está a questão dos entupimentos. Tudo pode entupir, acredite. E como diz o sábio poeta desconhecido, “com estresse ou sem estresse o prejuízo será o mesmo”. Portanto, nada de estressar, o negócio é solucionar o problema da melhor forma. Segundo Gustavo Rodrigues, gerente da desentupidora Rio Lisboa, o que mais costuma entupir nos condomínios são as caixas de gordura e colunas de descida de gordura: “As pessoas têm o péssimo hábito de deixar restos de comida descer pela pia da cozinha; inclusive óleo. Isso mais cedo ou mais tarde vai causar um dano”, ressalta. Esse problema normalmente começa a dar sinais de vida com a água que não desce rapidamente e especialmente com aquele cheiro ruim que vem da pia. Ninguém gosta disso, mas poucos abandonam velhos hábitos. Rodrigues recomenda que o óleo de cozinha seja reciclado: “É fácil armazenar o óleo usado numa garrafa PET e encaminhá-lo para reciclagem. Há empresas que vão até os condomínios buscar esse material”, incentiva. O gerente da Rio Lisboa indica a manutenção preventiva na canalização de águas servidas para evitar entupimentos problemáticos: “Usamos a máquina roto-rooter nas colunas dos prédios. Ela tem um cabo flexível de 20 metros que pode entrar por uma pia 52

www.condominioetc.com.br

e consegue atingir até cinco andares, desobstruindo a canalização. A limpeza é mecânica”, explica. Apesar de o cabo ser flexível, o especialista avisa que encanamentos de ferro, os mais antigos, podem se romper: “Prédios com 50, 60 anos que ainda não reformaram seus encanamentos, substituindo o ferro pelo PVC, podem ter problemas com esse tipo de desentupimento.”. Nesses casos específicos, a Rio Lisboa pede que o síndico assine um termo de responsabilidade para assumir os riscos de um cano quebrado no ato do desentupimento. “O fato é que esse tipo de tubulação vai enferrujando e os próprios resíduos muitas vezes entopem a canalização. Esse “afunilamento” acontece não só na entrada da água como na saída também. Como o risco de romper o cano é muito grande, é preciso que o síndico fique ciente do problema e se responsabilize”, sinaliza.

Não dá mais Incrível como, nos dias de hoje, com tanta informação, as pessoas ainda cometem erros crassos ao dar destino a seu lixo. Rodrigues conta que casos recorrentes chegam à empresa todos os dias: entupimento de privada por descarte de preservativos, absorventes e cotonetes são mais comuns do que se pensa. “Mas já tive casos até de roupa íntima jogada na privada”,


Segundo o síndico Luís Carlos da Conceição Freitas, possivelmente uma obra ocorrida na cobertura ocasionou um entupimento irreversível no condomínio: os detritos produzidos devem ter entrado no encanamento. A solução foi construir nova canalização, dessa vez externa

lembra. Ele acha impressionante que as pessoas ainda descartem cabelo e fio dental no vaso sanitário. Há também quem ache que os cabelos que descem pelo ralo são inofensivos. Ledo engano. Cabelo tem que ir para a lixeira mesmo. Sobre isso o síndico Luís Carlos da Conceição Freitas, do Condomínio Conde de Cuiabá, na zona sul da cidade, pode falar com propriedade: “Determinado andar teve retorno de água no banheiro da suíte, que invadiu o quarto e estragou até a porta de um armário. Chamamos a empresa que faz a manutenção hidráulica do prédio que usou a máquina roto-rooter e tirou uma quantidade gigantesca de cabelo da tubulação”, lembra ele, que arremata observando que o condomínio teve que indenizar os estragos do apartamento atingido, afinal, não se podia identificar o responsável (ou responsáveis) pelo entupimento.

Esse prédio tem 32 anos, 5 andares, 10 apartamentos e cerca de 40 moradores e teve outro caso curioso: um morador teve problemas com retorno de água da mangueira do ar-condicionado. Imediatamente acionou o condomínio, que identificou que a mangueira do ar-condicionado dele estava ligada à tubulação de descida de água do terraço, o que não era exatamente o correto. “Mas a situação de qualquer forma acusava um entupimento na referida tubulação. Chamamos duas empresas e nenhuma conseguiu resolver. Nas tentativas vimos que muita terra descia no fim da canalização do terraço, que desembocava no play. Esta deveria ser exclusivamente para águas pluviais. Não fazia sentido tanta terra e um entupimento tão resistente”, lembra Luís. Ao avaliarem melhor a situação, perceberam que possivelmente

JUL_AGO_SET 2017

53


Caixas de gordura

Construir uma canalização externa muitas vezes é mais barato e mais viável do que quebrar um antiga e que passe por dentro das unidades

o encanamento passava por dentro das unidades. A solução foi construir nova canalização, dessa vez externa. Em função dessa forte possibilidade de responsabilidade, o proprietário da cobertura que havia feito recentemente uma grande reforma e usado o cano para escoar a água de seu ar-condicionado aceitou dividir o prejuízo com o condomínio. uma obra ocorrida na cobertura tenha ocasionado o problema – os detritos que ela produziu provavelmente entraram no encanamento e causaram um entupimento praticamente irreversível. Para desentupir, eles teriam que acessar o encanamento por dentro dos apartamentos até achar o local, ou os locais, de retenção. Isso representaria um quebra-quebra sem precedentes, afinal,

54

www.condominioetc.com.br

Com ou sem pressão? Entupimentos de privada são mais frequentes em dispositivos que usam a caixa externa de água. Isso é fato. Segundo Rodrigues, da Rio Lisboa, essas caixas economizam muito mais, mas têm menos pressão. Muitas vezes entopem por causa de excesso de papel higiênico. Daí a necessidade de usá-las com ainda mais responsabilidade.

A Rio Lisboa recomenda que os condomínios façam a limpeza preventiva de suas caixas de gordura a cada seis meses. “O caminhão vacol, que funciona a vácuo, suga todos os resíduos da caixa de gordura. Após seu completo esvaziamento, usamos desinfetante no local”, explica. A prevenção é importante, mas o entupimento das colunas tem a ver com o que os moradores jogam na pia. “Por exemplo: pode haver retorno de água na pia de uma unidade sem ela estar sendo usada. Normalmente as unidades mais próximas da caixa de gordura são as que sofrem com isso. O morador do 501 pode estar lavando louça e a água sair na pia do 101. Isso é comum em casos de entupimento de coluna. Por isso o uso da tela nas pias é importante”, avisa Rodrigues. Para finalizar, algo que confunde os moradores: retorno de espuma de máquina de lavar. Isso pode acontecer no tanque do vizinho do andar de baixo ou mesmo no térreo. O especialista explica que isso não é entupimento, é excesso de sabão usado na máquina mesmo. Nesse caso, menos é mais. Serviço

Rio Lisboa – tel.: 3082-7594


JUL_AGO_SET 2017

55


PAISAGISMO

Jardim de inverno De verdade ou de mentirinha, o seu jardim tem que brilhar

Faça frio ou calor, o jardim de inverno está sempre protegido. E se for bem cuidado, fica sempre lindo

A síndica Andrea Carloni prefere as flores naturais na portaria e as troca a cada estação

56

www.condominioetc.com.br

Não importa a estação do ano, as plantas podem ficar sempre lindas se forem bem cuidadas. E olha que estamos falando das plantas naturais e também das artificiais. Ambas precisam de cuidados. Claro que as artificiais necessitam de bem menos atenção, mas há que se tirar o pó periodicamente, por exemplo. Nanci Santos, da Raphia Paisagismo, é expert em jardins de inverno e valoriza como ninguém a importância de usar plantas na decoração de ambientes. A experiência dessa paisagista vai muito além dos ambientes internos, afinal, cada condomínio possui características e espaços próprios, sendo assim, para cada necessidade, um projeto diferente. “Trazer um pouco da natureza para dentro de um ambiente fechado.” Esta é a impressão de Nanci quando realiza um projeto paisagístico numa portaria, por exemplo. Quando ela é chamada para dar vida a uma ideia como essa, ela avalia vários fatores, mas basicamente independe da estação do ano: “Independentemente do clima, o jardim de inverno costuma ficar num local fechado, sem incidência de luz, sem circulação de ar. Há espécies que costumam ficar

muito bem nesses locais; bons exemplos são os filodendros, as samambaias, as jiboias e certas palmeiras”, exemplifica Nanci. Para preservar a harmonia visual, a paisagista diz que é importante manter o nível de altura entre as espécies alternadas. “Assim funciona na natureza. As plantas não têm a mesma altura, e a diferença entre elas é que nos reporta a um ambiente natural e harmônico”, diz. Outros componentes também são importantes na composição de um jardim de inverno. Entre eles a paisagista cita pedriscos, elementos naturais (argila expandida, cascas de pinus, pedras de mármore etc.) e vasos ornamentais. “A iluminação para esse tipo de ambiente é fundamental, principalmente à noite, para os ambientes que só recebem a luz do dia. Quando totalmente no escuro, é essencial que tenha focos de luz. Tudo isso complementa e valoriza a decoração”, explica.

Plantas artificiais Quando o ambiente é fechado, sem luz e abafado, o mais recomendável é que o paisagismo seja feito com plantas artificiais. “Eu comecei meu trabalho com


plantas artificiais. Eu tinha uma loja em Manaus que só comercializava essas plantas. Mas há 18 estou no Rio e fiz todos os cursos possíveis para entender o funcionamento das plantas naturais, e, dependendo do lugar, indico as naturais, as artificiais ou mesmo uma mistura entre ambas”, conta Nanci. A especialista da Raphia Paisagismo informa que as plantas artificiais custam, inclusive, de duas a três vezes mais caro do que as naturais. “Mas a maioria das pessoas rejeita as artificiais, até porque é difícil encontrar plantas com real aspecto natural”, enfatiza. De fato, há algumas plantas que fica óbvio que são artificiais, mas outras ninguém acredita que são “falsas”. Quem nunca colocou a mão numa para ver se realmente era de mentirinha que atire a primeira pedra. A planta artificial tem que parecer real, é o que acha Nanci: “Elas têm que parecer que sobrevivem ali, é importante que tenha essa naturalidade. Não pode soar como mentira. Gosto de algumas que têm o visual bem parecido com a natural, como a costela-de-adão e as zamioculcas, por exemplo”, conta. Mas a paisagista respeita a vontade do contratante: “Tenho clientes que, independentemente do local, só aceitam plantas naturais, mesmo sabendo que elas vão morrer. Preferem fazer a reposição. Nós, paisagistas, conhecemos as espécies e o locais em que elas costumam vingar. Eu sempre ensino como cada planta deve ser cuidada, isso no caso de o cliente não contratar a manutenção mensal”, esclarece.

Contrato mensal Quando um condomínio encomenda um projeto paisagístico, o ideal é que contrate a manutenção mensal, afinal, o olhar do paisagista é sempre mais atento e vai garantir a continuidade do projeto original. Do contrário, é comum que, aos poucos, o projeto vá se descaracterizando e que as plantas morram. Nanci diz que já aconteceu isso com um cliente dela: “Fiz o projeto de um jardim interno, ficou belíssimo. Eles que iriam fazer a manutenção. Cinco meses depois me ligaram, pois as plantas estavam morrendo. Resultado: prestei serviços para eles por 13 anos, até que a casa foi vendida”, lembra.

Pare, olhe, contemple Nos condomínios os jardins de inverno geralmente estão em local de passagem e são implantados para criar um destaque num determinado espaço. É importante parar, olhar, contemplar... Faz bem para a saúde, afinal, a vida da cidade pede um pouco de natureza. A síndica Andrea Carloni, do Condomínio Canova, zona oeste do Rio de Janeiro, está no cargo há quatro anos e mora ali há 16. O prédio tem 20 andares, 160 apartamentos e muita gente circulando pela portaria todos os dias. Com certeza eles merecem um visual bem caprichado por ali. Andrea optou por plantas naturais: “Antes eram plantas artificiais. Há três anos troquei tudo. Entre outras tenho ráfias, begônias e orquídeas. Quando as flores caem, coloco as plantas num orquidário, que fica à frente do prédio, e as substituo por outras da estação”, conta. A síndica revitalizou a portaria de uma forma geral - retirou o carpete e colocou granito, e se orgulha de ter feito tudo com baixo custo: “Foram dois meses de obras e conseguimos aproveitar muitas coisas que já tínhamos. Elas só precisavam de cuidados. Troquei lâmpadas dicroicas por LED também”, lembra. Mas o ponto alto foi a natureza dentro da portaria. Além das plantas, ela usou vasos ornamentais, pedras, casca de pinus... “Pesquisei muito; curto trabalhar com interiores e estou sempre de olho nas tendências”, arremata ela, que tem a assessoria de um especialista que vai ao condomínio uma vez por mês, verifica tudo e dá as orientações necessárias. “Obedeço religiosamente, pois confio nele e, dessa forma, está tudo sempre lindo!”, comemora. Nesse condomínio, além de o paisagismo ter lugar de destaque, a economia é um ponto forte: entre outras coisas, a água que rega as plantas é da chuva. Inspire-se! Serviço

Raphia Paisagismo - tel.: 99173-1669

JUL_AGO_SET 2017

57


BEM DITA! – a coluna de boas notícias POR Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

Hoje, a Bem Dita! declara definitivamente aberto um espaço para a poesia. Você, que escreve e esconde, que escreve e publica, que lê e escreve, que lê e não consegue escrever mas tenta... anime-se e mande seu poema! Numa coluna de boas notícias só podemos começar com O que é simpatia, de Casimiro de Abreu. E hoje temos ainda uma crônica do leitor e autor Felisberto Léo, que se dispõe a lhe enviar crônicas, quinzenalmente, para seu e-mail. E luminárias incríveis do arquiteto Marco Valiengo. O verso Simpatia é quase amor não pertence ao bloco carnavalesco, mas a Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de 1839 – Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860), que participou da segunda geração do Romantismo brasileiro. Era filho do fazendeiro português e traficante de escravos José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de Barra de São João, viúva do primeiro casamento, que com José Joaquim teve três filhos, embora

58

www.condominioetc.com.br

nunca tenham sido oficialmente casados. Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, em Casimiro de Abreu, propriedade herdada por sua mãe após a morte de seu primeiro marido, de quem não teve filhos. A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, é hoje distrito do município que leva seu nome a também chamada Casimiro de Abreu, em sua homenagem. O poeta recebeu apenas a instrução primária no Instituto Freese em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da Região Serrana do estado. Aos 13 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro para trabalhar e, em 1853, embarcou com o pai para Portugal, onde entrou em contato com o meio intelectual e escreveu a maior parte de sua obra. Em Lisboa, seu drama Camões e o Jaú foi representado e publicado logo depois, em 1856. Muito conhecidos são os versos do poema Meus oito anos: Oh! Que saudades que tenho/da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/que os anos não trazem mais!/

Que amor, que sonhos, que flores,/ naquelas tardes fagueiras,/ à sombra das bananeiras,/ debaixo dos laranjais!. Em 1857, retornou ao Brasil, escreveu para alguns jornais, fez amizade com Machado de Assis e continuou vivendo a boemia. Em 1859, publicou 71 poemas sob o título de Primaveras e ganhou fama pela beleza e densidade dos versos. Tuberculoso, retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje sede do município que recebeu o nome do poeta, e ali faleceu. Espontâneo e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais populares do Romantismo no Brasil. Apesar de ter morrido aos 21 anos, Casimiro nos deixou 118 poemas e uma obra cujos temas abordavam a casa paterna, a saudade da terra natal e o amor. Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas O Panorama (1837-1868) e A illustração luso-brasileira (1856-1859). É o patrono da cadeira número seis da Academia Brasileira de Letras, fundada por Machado de Assis.


O QUE É - SIMPATIA (A uma menina) Simpatia - é o sentimento Que nasce num só momento, Sincero, no coração; São dois olhares acesos juntos, unidos, presos Numa mágica atração. Simpatia - são dois galhos Banhados de bons orvalhos Nas mangueiras do jardim; Bem longe às vezes nascidos, Mas que se juntam crescidos E que se abraçam por fim. São duas almas bem gêmeas Que riem no mesmo riso, Que choram nos mesmos ais; São vozes de dois amantes, Duas liras semelhantes, Ou dois poemas iguais. Simpatia - meu anjinho, É o canto do passarinho, É o doce aroma da flor; São nuvens dum céu d'Agôsto, É o que m'inspira teu rosto... Simpatia - é - quase amor! Indaiaçu, 1857

Marco Valiengo Luminárias – luzes que são quase ideias Arquiteto formado pela FAU, Marco Valiengo cria e produz, desde 1990, luminárias exclusivas reconhecidas por seu design limpo e atemporal. A excelência no acabamento e o cuidado na escolha dos materiais são o ponto alto do trabalho do designer, que utiliza como matéria-prima para seu trabalho material como papel, tecido, madeira e laminados diversos. Atende lojas de iluminação, restaurantes, hotéis e condomínios, atuando também em parceria com decoradores e arquitetos.

divulgação

As 16 anos, escreveu O que é simpatia. Você também pode ouvir esse poema na voz do ator Juca de Oliveira no endereço eletrônico: https://www.youtube.com/ watch?v=RSC4Sj-h03Y

Ilumine-se no site http://www.marcovaliengoluminarias.com.br/

Biblioteca Comunitária Conceição Maria Lopes – sonho no concreto Em 2012, o professor de matemática Dilson Lopes de Jesus teve o sonho de construir uma biblioteca comunitária para auxiliar crianças e jovens carentes. O sonho se tornou realidade. Dilson recebeu R$2.700 do site de financiamento coletivo www. compartilhemais.com.br, colocou a mão na massa e, com pedreiros da localidade, construiu a biblioteca, de 6 m x 9 m, em terreno de 16 m x 27 m, em Manilha, no bairro Granja Cabuçu, à Rua C, lote P, quadra 36. O nome da biblioteca é em homenagem à sua mãe. O acervo é montado com doações, e os livros mais procurados são os infantis. “Realizamos atividades de capoeira, música, desenho, pintura, reforço esco-

lar; alimentamos cães de rua e plantamos mudas frutíferas. Tudo gratuito para a comunidade. Agradeço muito ao Dr. Rafael, representante do site compartilhemais. Graças a Deus tive a oportunidade de ver minha mãe realizar atividades de assistência em hospitais e asilos. Aprendi com ela!”, diz Dilson. O professor mantém o espaço com seu trabalho como professor da rede pública. Quem quiser conhecer, ajudar, dar ideias, doar, favor entrar em contato pelo telefone 98741-3094.

JUL_AGO_SET 2017

59


Cuide bem do seu trabalho por Felisberto Antonio Léo Parabéns para você que trabalha e votos de sucesso para quem ainda vai começar a trabalhar. As pessoas começam no trabalho das mais variadas formas e com as mais diversas idades. Muitas, desde cedo, já estão fazendo alguns trabalhos em casa, nos lugares onde moram, também na zona rural. Mas, modernamente, muitas pessoas se preparam primeiro, com uma educação adequada, para em seguida se aproximarem do mercado de trabalho e oferecerem seus serviços. Quanto à educação para o trabalho, posso afirmar que muitos se apresentam falando fluentemente duas línguas, dominando diversos programas de informática, com muitos conhecimentos adquiridos através de variados cursos e treinados para disputarem boas vagas para grandes empresas. Mas vamos falar das pessoas que chegaram e conseguiram uma oportunidade há mais de 20 anos e estão ainda hoje em-

60

www.condominioetc.com.br

pregadas. Esta é uma realidade. Nem todas as pessoas dispõem de recursos para fazer primeiro uma coisa e depois a outra. Eu mesmo fui ser contínuo de um banco com 16 anos e passei a estudar para terminar o segundo grau na parte da noite. O banco oferecia muitas oportunidades de carreira, pois as agências estavam proliferando e dando oportunidades para o nível superior. Mais investimentos na pessoa, mais oportunidades no mercado e mais crescimento das empresas facilitavam a expansão dos empregos. Era um momento em que também as empresas necessitavam mudar seus processos de trabalho, pois a renda dos trabalhadores exigia modernos supermercados, mais restaurantes e cadeias de fast-food em lugar dos botecos. O lado perverso do crescimento econômico amedrontava as pessoas que tinham receio de ir para a escola ou curso superior depois do trabalho, de não darem conta,

ou simplesmente achavam que “aquela onda” não era mais para elas. Nunca pensei em ser escritor. Coloquei nas crônicas o fervilhar das minhas ideias e pensamentos. Não posso ver uma palestra, um seminário ou um livro sobre iniciativa de pessoas que compro e devoro. Tudo o que sei ensino ao outro. Meu talento para contar histórias para crianças levo à catequese, às escolas públicas e às creches comunitárias. Dou muitas gargalhadas com elas e o Menino Maluquinho do Ziraldo. Também, pudera. Trabalho desde 1961 e estou louco para me reinventar. Receba esta e outras crônicas igualmente otimistas de Felisberto Léo, quinzenalmente, sem nenhum custo. Mande seu e-mail para cronicaquinzenal@gmail.com


freeimages.com/Palo Perez

Nota

A bandeira tarifária que será aplicada nas contas de energia em julho será amarela, o que significa um acréscimo de R$ 2 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o fator que determinou o acionamento da bandeira amarela foi o aumento do custo de geração de energia elétrica. O sistema de bandeiras tarifárias foi criado em 2015 como forma de recompor os gastos extras com a utilização de energia de usinas termelétricas, que é mais cara do que a de hidrelétricas. A cor da bandeira é impressa na conta de luz (vermelha, amarela ou verde) e indica o custo da energia em função das condições de geração. Quando chove menos, por exemplo, os

A bandeira tarifária nas contas de energia de julho será amarela reservatórios das hidrelétricas ficam mais vazios e é preciso acionar mais termelétricas para garantir o suprimento de energia no país. Nesse caso, a bandeira fica amarela ou vermelha, de acordo com o custo de operação das termelétricas acionadas. Neste ano, as contas de luz já tiveram bandeira vermelha, nos meses de abril e maio, e em junho a bandeira ficou verde. A Aneel já disse que deverá revisar, no ano que vem, a metodologia que define o acionamento das bandeiras tarifárias, para evitar mudanças bruscas de um mês para o outro. Ainda segundo a Aneel, o sistema de bandeiras tarifárias sinaliza o custo real da energia gerada, possibilitando aos consumidores o uso consciente da energia elétrica.

Dicas CIPA para seu condomínio economizar • Troque todas as lâmpadas por LED • Use temporizador em garagens, corredores e escadas • Faça rodízio no uso dos elevadores em horários de menos movimento • Faça manutenção preventiva nas bombas do condomínio; elas costumam gastar muita energia se desreguladas • Verifique a viabilidade de instalação de painéis solares.

JUL_AGO_SET 2017

61


MANUTENÇÃO

Vazou em algum lugar Como detectar vazamentos de água silenciosos?

Sem dúvida alguma o ponto de partida é a conta de água. Se o valor subiu assustadoramente, é hora de o síndico tomar as rédeas da situação e ter uma atitude. Não tem nem ideia de onde está vazando? Então é hora de fazer uma vistoria completa no condomínio em busca de possíveis causas. E rápido, porque não dá para esperar a próxima reunião de condomínio para ver o que fazer. O tempo urge, o vazamento está acontecendo e não está sobrando dinheiro. Claro que temos que avaliar que o uso irracional da água ainda é uma realidade em muitos lares e condomínios, mas isso não justificaria um aumento repentino. Então há que se considerar várias possíveis causas: caixas de descarga com defeito; colunas de água que alimentam os apartamentos rompidas; bombas de incêndio vazando; pinga-pinga em alguma unidade vazia; cisternas e caixas-d’água com impermeabilização vencida e até mesmo moradores que sabem de algum vazamento, mas estão sendo relapsos. Infelizmente, acontece e cabe ao síndico saber intermediar uma situação dessas e agir da melhor forma. Leandro Soares, da Revolution Serviços de Engenharia, diz que muitos condomínios têm problemas, pois acabam se esquecendo dos cuidados com os reservatórios de água: “A maioria se lembra de limpar os reservatórios de seis em seis meses, mas acaba sendo omissa em relação à revisão da impermeabilização. Não basta limpar, tem

62

www.condominioetc.com.br

Olho vivo

O síndico Almir Nogueira Freire Filho percebeu que havia algum vazamento pelo aumento repentino da conta de água

que verificar a impermeabilidade. É sempre bom fazer uma revisão nas caixas-d’água e nas cisternas; aconselho que seja de três em três anos. E a impermeabilização deve ser refeita a cada cinco anos para evitar as patologias estruturais tão comuns.”. As cisternas são um capítulo à parte: “Por serem enterradas, é uma água perdida que não se vê. Por isso é importante que seja feita a impermeabilização cimentícia, observando inclusive a necessidade de usar tela poliéster nos encontros de piso e parede e parede e parede”, explica Soares.

O Condomínio das Azaleias, administrado pela CIPA, teve alguns problemas por conta de vazamentos. É o que nos conta o síndico Almir Nogueira Freire Filho: “Percebemos que havia algum problema pela conta de água mesmo. Mas um dos detalhes que temos no condomínio é que toda leitura feita por agente externo, seja de água ou luz, é sempre monitorada por nós. E foi num desses momentos que percebemos a informação assustadora do aumento do consumo de água”, lembra. O condomínio teve duas situações distintas de vazamentos: “Uma delas foi na caixa-d’água superior. Tínhamos uma situação recorrente em que o automático da boia queimava. Como a boia parava de funcionar, vazava água. E no período da autovistoria, o engenheiro responsável também detectou o problema e nos ajudou a solucionar definitivamente a questão”, lembra. Já na segunda situação houve um personagem importantíssimo que ajudou a localizar a raiz do problema: Antônio Pinheiro, funcionário do condomínio. “Ele é um funcionário muito dedicado e está há muitos anos no condomínio”, ressalta o síndico. Além de ser excelente funcionário, ele ouve muito bem. Durante um horário de silêncio, Pinheiro conseguiu ouvir a água que corria por trás da parede. “Chamamos então um bombeiro hidráulico que nos aju-


dou nessa empreitada. Ele me assessorou na compra de material, deu informações técnicas e resolvemos o vazamento, que era na tubulação de água de incêndio”, finaliza. Após esses consertos, a conta de água voltou ao normal. E se depois de uma supervistoria a conta de água continuar muito alta, talvez seja hora de verificar se o hidrômetro está avariado. Também acontece, até porque a vida útil de um hidrômetro é de aproximadamente cinco anos.

Caçando vazamentos Mas e quando o síndico não tem um funcionário que ouve tão bem? Como achar um vazamento desses? Por essas e outras é que já existem empresas superespecializadas em caçar vazamentos. Testes hidrostático e de estanqueidade com o uso de aparelhos eletrônicos de sondagem por ultrassom; escâneres; inspeção endoscópica por vídeo e líquido penetrante, entre outras aplicações técnicas, não são ficção científica. Tudo isso existe e realmente funciona. A tecnologia está aí para diversos fins e também para ajudar os síndicos, claro.

Muitas são as causas de um possível vazamento, mas entre elas podemos investigar especialmente o envelhecimento (corrosão) da tubulação; consertos malfeitos; tubulações e conexões inadequadas ou de baixa qualidade; pressão excessiva da rede pública e impermeabilização vencida de reservatórios de água. Sem dúvida que os vazamentos invisíveis são os mais difíceis de identificar, até porque, na maioria das vezes, a água que vaza não aparece. Ela se infiltra por paredes, pisos, lajes ou pelo solo. Isso pode representar um grande prejuízo, pois, além da conta de água alta, a estrutura do imóvel pode ser afetada. Não se pode bobear com isso.

Bons hábitos Não se pode falar em água sem falar no seu bom uso. Nunca é demais lembrar que o síndico deve orientar funcionários e moradores a fazer bom uso desse precioso líquido. Um detalhe importante é que os comunicados do síndico devem ser direcionados também aos funcionários domésticos dos moradores, uma vez que sua atuação nas residências é bem significativa. Concorda?

Dicas de bom uso nas áreas comuns • Substitua a limpeza com a mangueira pelo balde ou mesmo pela vassoura. • Regue as plantas no início da manhã ou no fim da tarde. Nesses horários há menos evaporação, o que evita o desperdício. No inverno a rega não precisa ser diária. • Invista num sistema de utilização de água da chuva. Ela serve para a limpeza e rega de plantas. • Proíba o uso de mangueiras para a lavagem de carros. • Durante eventual falta de água, feche o registro de entrada. Isso evita que entre ar no encanamento e que ele passe pelo hidrômetro e seja contabilizado como água.

Serviço

Revolution Serviços de Engenharia Tel.: 2218-4805

JUL_AGO_SET 2017

63


64

www.condominioetc.com.br


JUL_AGO_SET 2017

65


informe

Estatísticas de Imóveis Ofertados Rio de Janeiro VENDA

Cobertura

10,2% Casa

7,4%

Casa de condomínio 6,8% Outros 3,8%

Apartamento Padrão

71,8%

Venda Tipo de imóvel

1Q

2 Qts

3 Qts

4 Qts

Total

(%)

4.812

20.509

17.788

6.255

49.364

71,8

Cobertura

123

1.205

3.486

2.207

7.021

10,2

Casa

130

1.377

1.940

1.607

5.054

7,4

Apartamento Padrão

27

659

1.543

2.458

4.687

6,8

Outros

Casa de condomínio

1.516

625

309

141

2.591

3,8

TOTAL

5.459

24.375

68.717

100

Locação

Outros

25.066 12.668

7,8%

Cobertura

6,2%

Casa 3,8% Casa de condomínio 3%

Apartamento Padrão

79,2%

LOCAÇÃO Tipo de imóvel Apartamento Padrão

1Q

2 Qts

3 Qts

4 Qts

Total

(%)

1.894

4.684

3.614

1.221

11.413

79,2

Outros

846

243

35

7

1.131

7,8

Cobertura

45

171

397

287

900

6,2

Casa

80

190

135

138

543

3,8

Casa de condomínio TOTAL

10

59

131

229

429

3

2.875

5.347

4.312

1.882

14.416

100

fonte: SECOVI RJ.

66

www.condominioetc.com.br


JUL_AGO_SET 2017

67


68

www.condominioetc.com.br


mercado

Temas polêmicos para o setor imobiliário no país A Agenda Legislativa e Projetos Prioritários, do Setor de Comércio e Serviços Imobiliários 2017-2018, apresentada pelo Sindicato da Habitação (Secovi Rio), em Brasília, contou com temas relevantes para o segmento. É o caso da elevada carga tributária, dos distratos, da segurança jurídica na locação, dos terrenos de marinha, da atuação dos corretores de imóveis, dos loteamentos com acesso controlado e da contribuição sindical. Esta é a segunda edição da publicação, que é o resultado de um trabalho do Secovi Rio em conjunto com 22 sindicatos da habitação e com associações setoriais. O documento selecionou 14 projetos de lei em andamento na Câmara dos Deputados e no Senado Federal que possam causar impacto, positivo ou não, na atividade imobiliária no país. O Projeto de Lei 1.220/2015, do deputado federal Celso Russomanno, por exemplo, determina que nos “contratos de compra e venda de imóveis adquiridos na planta é facultado à incorporadora a retenção de até 10% do valor pago pelo adquirente desistente do negócio, incluindo a taxa de corretagem”. Em 2016, o número de distratos representou 43,4% do total de imóveis vendidos naquele ano, o que tem gerado insegurança no mercado imobiliário. “Precisamos ter um viés de legislação nesse tema. A ideia seria uma lei federal para regular esse assunto”, diz Pedro Wähmann, presidente do Secovi Rio. A garantia na locação não ficou de fora. Projetos de lei, como o 693/1999, que extingue a exigência de fiador do contrato de locação e transfere ao locador a responsabilidade de pagamento dos tributos do imóvel, e o PL 795/2007, que desobriga o fiador no caso de dívida vencida e não paga se o credor não o informar do fato em até 15 dias, foram selecionados para a Agenda Legislativa.

Condomínios caros Segundo Wähmann, cada vez mais numerosos no Brasil, os condomínios

têm sido alvo crescente de proposições que podem aumentar o custo de sua manutenção, prejudicando ainda mais a população que mora em edifícios, já apertada pela crise. “Por outro lado, projetos que supostamente visam beneficiar os moradores de condomínios já nascem com erros conceituais. É o caso do PL 6.973/2017, do deputado federal Cícero Almeida, que pretende incluir na Lei 4.591/64 (Lei de Condomínios) o artigo que limita o reajuste da cota condominial à média dos índices de correção incidentes sobre as tarifas públicas e folha de pessoal. O entendimento, entretanto, é equivocado, pois todos os gastos do condomínio são livremente assumidos pelos condôminos para cobrir despesas necessárias à guarda, segurança, manutenção e conservação da propriedade comum”, explica Wähmann.

Mais de 500 mil postos de trabalho Lançada no ano passado, a Agenda Legislativa e Projetos Prioritários teve como objetivo dialogar com o Congresso Nacional, permitindo avanços em temas centrais para a cadeia produtiva da habitação. Em 2017, juntam-se a esse documento dados estatísticos sobre condomínios e a atividade de administração imobiliária, que pretendem mostrar a relevância econômica de um setor que representa 95 mil empresas e 180 mil condomínios edilícos, gerando mais de 500 mil empregos diretos e cerca de 1.750 mil indiretos para a economia do país. “Em um país com déficit habitacional estimado em 6 milhões de moradias, todos os esforços para desburocratizar leis são louváveis. Ao estabelecer um canal de comunicação transparente e direto entre o setor e o Poder Legislativo, o trabalho apenas começou. A efetividade da agenda tem como consequência natural a melhor resolução de gargalos do setor habitacional, um dos grandes impulsionadores da nossa economia”, destaca Pedro Wähmann, presidente do Secovi Rio.

JUL_AGO_SET 2017

69


70

www.condominioetc.com.br


JUL_AGO_SET 2017

71


segurança

Tá sentindo o cheiro?

Cheiro de gás nunca é normal, é preciso fazer a autovistoria

72

www.condominioetc.com.br


O fato é que a vistoria de gás nunca foi muito levada a sério. Isso desde sempre. Nem com a Lei da Autovistoria Predial o incentivo foi suficiente. Muitos condomínios não tiveram suas instalações de gás checadas durante sua autovistoria. Isso envolve os apartamentos. O seu teve? Afinal, uma explosão por conta de vazamento de gás coloca em risco muitas vidas e toda uma edificação. Por essas e outras é que foi criada uma lei exclusiva para esse fim. A Lei nº 6.890, de 18 de setembro de 2014, dispõe sobre a obrigatoriedade da inspeção quinquenal de segurança nas instalações de gás das unidades residenciais e comerciais supridas por gases combustíveis no Estado do Rio de Janeiro. Gilson Rodrigues, da Tecmeier, empresa especializada no assunto, diz que todos deveriam levar esse assunto mais a sério: “A pessoa vai viajar com a família, faz revisão do carro, tudo nos conformes. Mas o que ela não percebe é que o perigo está dentro de casa! A família está lá dentro a maior parte do tempo e correndo risco por conta de instalações que não são revisadas há muito tempo”, avisa.

Inspeção periódica x manutenção Inspeção e manutenção são coisas diferentes. Na inspeção exigida pela lei, o técnico vai verificar se fogão, aquecedor, rabicho e canalização estão instalados e funcionando conforme as normas vigentes. Vários itens são checados, por exemplo, se fogão e aquecedor estão instalados de acordo com as normas de segurança ou se a tubulação de gás de cada apartamen-

to não apresenta escapamento. O cliente então recebe um laudo dizendo se essa instalação está de acordo ou não. Caso não esteja, o cliente será orientado a realizar os reparos. A CEG e a CEG Rio não fazem esse tipo de serviço e a empresa a ser contratada deve estar habilitada pelo Inmetro. Já a manutenção é aquela visita destinada à realização de reparos no fogão, no aquecedor, na canalização interna, nas conexões, nos rabichos, ou seja, tudo que compõe a instalação interna de gás do imóvel. Rodrigues, da Tecmeier, diz que sua empresa detecta e resolve o problema. “Normalmente vemos mais problemas nas unidades autônomas do que nas áreas comuns dos condomínios, mas o importante mesmo é uma inspeção criteriosa, e que o cliente leve a sério a manutenção exigida. Para isso, nossa empresa tem preços competitivos e ainda facilita o pagamento. Não tem por que deixar a família correr riscos”, ressalta.

Testando... Quando a conta de gás sobe muito de um mês para o outro é hora de ligar o alerta. Mesmo sem cheiro de gás pela casa, pode estar ocorrendo um vazamento na tubulação. A Tecmeier realiza diversos testes, entre eles com o uso do manômetro, um equipamento que detecta escapamento de gás. “Fechamos o gás no fogão e no aquecedor do apartamento e depois vamos ao ponto de instalação (PI) do condomínio. O teste é feito com o manômetro durante 15 minutos aproximadamente. Nesse momento, vemos se há vazamentos entre o PI e o apartamento. Classifico essa situação de três formas: sem vazamento,

pequeno vazamento (até 5 litros/hora) ou grande vazamento. No caso do pequeno vazamento, podemos resolver com a aplicação de resina. Já no caso do grande vazamento, o indicado é a construção de nova tubulação de gás, de preferência externa”, explica ele, lembrando que o gás acumulado de vazamentos pode explodir a qualquer momento. Um detalhe que muitas pessoas não sabem é que todos os acessórios de fogão têm prazo de validade de cinco anos: “Não é só a mangueira. É também o adaptador, o registro amarelo... É preciso um olhar técnico para diagnosticar vazamentos. Quando a pessoa afasta o fogão para limpar, aquilo ali pode afrouxar e iniciar um vazamento silencioso e perigoso”, avalia o técnico da Tecmeier.

JUL_AGO_SET 2017

73


Se mesmo assim estiver tudo nos conformes e a conta apontar aumento de consumo, o cliente deve pedir à CEG um exame de medidor, é o que recomenda Rodrigues: “O medidor pode estar com defeito ou pode também ter havido falha humana na leitura. Acontece...”.

Funcionário atento, síndico ágil A síndica Lígia Moura, que conta com a CIPA na administração do Condomínio Márcia, na zona norte da cidade, relata que ocorreu um vazamento no PI: “Foi no final de 2016. Nosso funcionário José Ferreira é uma pessoa bem atenta e avisou sobre o cheiro de gás na área comum. Alguns moradores também mencionaram sentir o cheiro, então acionamos a inspeção de vistoria”, diz ela, que exerce a sindicatura pela segunda vez. A inspeção foi feita por meio da CEG. O prédio tem 10 andares e 29 apartamentos. “Ninguém se opôs a receber os técnicos, só foi difícil marcar com todo mundo, mas em uma semana conseguimos testar todas as unidades e consertar o que precisava”, lembra. Cada registro no PI, de cada apartamento, foi testado, e os que apresentaram pequenos vazamentos foram consertados com resina. “Uns três meses depois começamos a sentir cheiro novamente, então acionamos a mesma empresa e eles refizeram o serviço no registro que ainda estava vazando. Ainda estava na garantia de um ano que eles ofereciam pelo serviço”, conta aliviada.

74

www.condominioetc.com.br

A síndica Lígia Moura teve problemas com vazamentos de gás em seu condomínio e com a organização que lhe é peculiar, conseguiu resolver tudo da melhor maneira e sem cotas extras

A organização natural dessa síndica, que é secretária por profissão, ajudou na estruturação das despesas: não foi preciso fazer cota extra. Havia oito unidades com vazamento e o pagamento dos testes e do conserto foi parcelado em 12 vezes.

Risco de corte de gás O gás de um imóvel pode ser cortado no ato de uma inspeção. Isso pode acontecer por três motivos: quando a rede de distribuição interna do imóvel apresentar escapamento acima dos níveis permitidos, identificado através de um procedimento chamado teste

de estanqueidade; quando for verificada inexistência de ventilação inferior e/ou superior e volume do ambiente abaixo do permitido, em locais com aparelhos a gás; ou, ainda, quando o resultado do teste de monóxido de carbono (CO) ambiente ou no aparelho estiver fora dos parâmetros estabelecidos pela norma. É importante lembrar que somente empresas autorizadas e credenciadas pela CEG e que tenham registro no CREA ou CAU podem fazer inspeções e consertos. No fim, devem emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), no caso de engenheiros, ou o Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), no caso de arquitetos.


Secovi Rio participa de audiência que propõe alteração na legislação de vistoria do gás Um novo projeto de lei sobre a vistoria obrigatória quinquenal do gás para edifícios residenciais e comerciais será apresentado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj). A novidade foi anunciada em 12 de junho, durante audiência pública promovida pelas comissões de Defesa do Consumidor e de Defesa Civil para debater o assunto. O Secovi Rio esteve presente representado por Mônica Carvalho, coordenadora de Relações Político-Institucionais, e Laura Suárez, assessora do Poder Legislativo. Desde 2014, a Lei 6.890 determina a realização de uma vistoria quinquenal. “Durante a elaboração da lei em vigor, faltou um debate com o consumidor, com quem fiscaliza e com quem realiza o serviço”, afirmou o deputado Flávio Bolsonaro (PSC), presidente da Comissão de Defesa Civil. No decorrer da audiência pública foram debatidos possíveis lacunas na norma e eventuais conflitos com a Lei 6.400/13, que dispõe sobre vistorias prediais, colocando como responsabilidade dos condomínios e proprietários a contratação de empresas para vistoriar o sistema de gás. A Lei Complementar RJ nº 126/13 também dispôs sobre a obrigatoriedade de realização de vistorias técnicas nas edificações. Ambas foram regulamentadas pelo Decreto nº 37.426/2013. A Cartilha de Autovistoria e Avaliação Predial – elaborada em parceria pelo Secovi Rio, pela Prefeitura do Rio de Janeiro, pela Associação Brasileira de Administradoras de Imóveis (Aba-

di), pela Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) e pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ) – apresenta explicações simples sobre a inspeção, além de trazer dicas sobre a manutenção e a conservação predial. As principais falhas apontadas na Lei 6.890 são referentes aos responsáveis pela vistoria, aos padrões técnicos a serem atendidos e à imprecisão em relação à cobrança do serviço. Faltando dois anos e meio do prazo previsto para a regulamentação da medida, somente 2% dos domicílios e estabelecimentos com o serviço de gás encanado realizaram a vistoria quinquenal, segundo dados apresentados pelo presidente da CEG/Gás Natural Fenosa, Bruno Ambrust. O Secovi Rio reforça que os objetivos da legislação são a prevenção de acidentes e a preservação da vida. Nesse cenário, as iniciativas que buscam garantir a segurança do consumidor devem ser apoiadas, afastando qualquer tipo de confusão ou dificuldade para o cumprimento da norma. Assim, todas as características técnicas que impactam o tema devem ser consideradas para que questões individuais não se sobreponham ao aprimoramento normativo cabível. Acesse, na íntegra, a Cartilha de Autovistoria e Avaliação Predial neste link: http:// www.secovirio.com.br/media/Cartilha_Autovistoria_SecoviRio_e_Prefeitura.pdf

JUL_AGO_SET 2017

75


76

www.condominioetc.com.br


mercado

Prefeitura quer IPTU mais caro no Rio de Janeiro Confira o impacto em seu bolso

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, pretende aumentar a arrecadação municipal por meio de uma série de medidas fiscais, entre elas mudanças na cobrança de IPTU; revisão de isenções e descontos; reajuste da planta de valores de imóveis residenciais e não residenciais e alteração da alíquota. O aumento, a ser definido em um projeto de lei, está prestes a ser apresentado na Câmara de Vereadores para valer a partir de 2018. Segundo a fórmula para estimar o valor do IPTU divulgada pelo jornal O Globo, o impacto no bolso de quem paga o imposto seria na ordem de 60%. Com base nas informações anunciadas na mídia, o Centro de Pesquisa e Análise da Informação do Secovi Rio elaborou diversos cenários que comprovam aumento muito superior. Um apartamento em Copacabana, na Rua Barata Ribeiro, com valor venal de R$ 149.542,00, pagou, em 2017, R$ 1.379,00 de IPTU. Em 2018, o valor venal passaria para R$ 339.740,00 e o IPTU, para R$ 3.397,00 – nesse caso, um aumento de 146%! Resumidamente, a fórmula divulgada indica que a Prefeitura vai reajustar a planta de valores com o seguinte critério: um quarto do preço real do imóvel, com incidência da alíquota de 1% para imóveis residenciais e 2,5% para os não residenciais.

Caso seja confirmada a metodologia de reajuste informada pela imprensa, os bairros mais antigos do munícipio do Rio de Janeiro deverão ter um aumento mais significativo, visto que a planta de valores não é reajustada desde 1997.

Insegurança no mercado imobiliário Preocupado com o impacto do reajuste do IPTU no orçamento dos cariocas, o Secovi Rio tem acompanhado esse assunto desde a posse do prefeito e busca, com o Poder Executivo, uma oportunidade de apresentar suas considerações e estudos especializados sobre o mercado imobiliário. A Coordenação de Relações PolíticoInstitucionais do Secovi Rio já contatou parlamentares para assegurar a defesa dos interesses dos cidadãos cariocas, garan-

tindo que as modificações nos critérios de cobrança do IPTU estejam de acordo com a norma legal e, acima de tudo, não impactem excessivamente no orçamento das famílias. Caso as mudanças sejam aprovadas, o mercado imobiliário do Rio sofrerá consequências graves. No segmento de locação, o aumento pode gerar inadimplência e comprometer a relação locador-locatário, representando um duro golpe para as finanças de proprietários e inquilinos de imóveis. No segmento de compra e venda, as transações ficarão ainda mais difíceis, uma vez que os possíveis compradores hesitarão em fechar negócios por conta do imposto elevado, sem contar com o aumento do ITBI anunciado pela Prefeitura. Vale lembrar, ainda, que, com o imóvel vazio, quem paga a conta é o proprietário. Além disso, se o IPTU deixa de ser pago, aumentam ainda mais os executivos fiscais, as cobranças judiciais, a penhora e o leilão de imóveis.

Como seria o aumento? Quer saber qual a estimativa de IPTU de seu imóvel em 2018? Tenha em mãos seu carnê, verifique o número de inscrição e preencha o formulário no link https:// pt.surveymonkey.com/r/iptu2018 Fonte: Secovi Rio.

JUL_AGO_SET 2017

77


78

www.condominioetc.com.br


Economia

Para reduzir juros de financiamentos, Governo vai mudar lei de sigilo bancário Para tentar reduzir o custo de crédito no país, o Governo prepara projeto de lei para alterar a lei de sigilo bancário. A proposta é deixar claro que, ao fornecerem dados financeiros e de crédito de seus correntistas para gestores de bancos de dados (como Serasa ou Boa Vista SCPC), os bancos não estarão quebrando o sigilo. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a minuta do projeto já está pronta. Com essa medida, o Governo espera destravar o Cadastro Positivo – o histórico de bom pagador que auxilia os consumidores (pessoas físicas e empresas) a conseguirem taxas de juros mais baixas na hora de negociar um empréstimo ou comprar um produto parcelado. A ideia é que pessoas que sempre pagaram em dia seus empréstimos são um risco menor para quem empresta o dinheiro. Portanto, teriam direito a um juro menor. Criado em 2011, o Cadastro Positivo, porém, não funcionou na prática. E parte desse fracasso é explicada pelo fato de os bancos terem resistência a abrir os dados

de crédito de seus clientes, pelo temor de estarem infringindo o sigilo bancário. E é isso que o Governo quer reverter. Segundo fontes, o Brasil tem hoje cerca de 5,5 milhões de consumidores inscritos no Cadastro Positivo, mas o potencial é de 150 milhões (pessoas físicas e empresas). Com as mudanças, o Governo quer chegar perto desse patamar. Órgãos de defesa do consumidor, porém, questionam a medida. Dizem que não há garantia de que haverá queda de juros e dizem também temer a falta de transparência em relação ao funcionamento do mecanismo e ao uso dos dados. O repasse de dados sobre o histórico de crédito para o Cadastro Positivo será o sétimo item de uma lista de ações que não constituem violação do sigilo bancário. A lei em vigor já prevê que não viola o sigilo, por exemplo, a troca de informações entre bancos para fins cadastrais e comunicação às autoridades competentes de ilícitos penais sobre operações com recursos de prática criminosa.

A mudança na lei do sigilo vai abrir também o caminho para a edição de uma medida provisória (MP) que permitirá o fim da necessidade de autorização prévia do consumidor para entrar no Cadastro Positivo. Hoje, o consumidor precisa autorizar a inclusão de seu nome nos bancos de dados. Com a MP, o modelo se inverte: todos farão parte do cadastro, com a possibilidade de solicitar a exclusão. Além disso, a área econômica quer incluir outros dois pontos na MP: o fornecimento de dados de pagamentos de serviços públicos (água, luz e telefone) e o fim da chamada responsabilidade solidária: se houver mau uso dos dados cedidos pelos bancos, apenas a instituição que solicitou os dados poderá ser punida. Procurada, a assessoria de imprensa do Banco Central informou apenas que o Cadastro Positivo está na Agenda BC+, que, segundo o banco, é atualizada constantemente. O Estado de S. Paulo.

JUL_AGO_SET 2017

79


ECONOMIA

O negócio é economizar Lavagem de carros a seco ganha espaço nos condomínios

Lavar carros com água é coisa do passado. Afinal, água está cara à beça e seu uso indiscriminado ainda é rotina. Quantos condomínios ainda permitem que os moradores lavem seus carros na garagem? Quem nunca chegou à garagem e ficou apavorado em ver tantas poças de água encharcando o local? Ok, alguns vão se defender dizendo que a lavagem só é permitida com baldes. Mas será que isso realmente evita o desperdício? Tendo em vista que a maioria esmagadora dos condomínios rateia igualmente a conta de água, será justo que as pessoas que não têm carro paguem pela lavagem do carro de outrem? Outros vão dizer que a lavagem instituída é um complemento de renda para porteiros e faxineiros e já é feita dessa forma há muito tempo, e retirar essa benesse deles seria uma tremenda injustiça... Lançada a polêmica no ar, agora nos resta avaliar as alternativas. O síndico Sullivan Rodrigues, responsável pelo Condomínio Life, na zona oeste, fala sobre sua experiência: “Aqui temos 624 unidades divididas em 12 blocos, cerca de 2.400 mo80

www.condominioetc.com.br

radores. Como o empreendimento é relativamente novo – tem cerca de sete anos –, a convenção já é mais atual também nesse sentido. Aqui nunca foi permitido lavar carros dentro do condomínio.”. Se imaginarmos que esse síndico é uma pessoa que está sempre inventando moda para oferecer aos moradores cada vez mais qualidade de vida, é fácil assimilar que uma alternativa muito interessante foi colocada para votação em assembleia: “No início de 2016, ofereci a opção de trazermos uma empresa que lavasse carros a seco para dentro do condomínio. A adesão foi maravilhosa, o projeto foi aceito e está até hoje com uma superadesão”, comemora. A empresa contratada paga determinado valor para estar no condomínio e oferecer seus serviços aos moradores. “Agora temos comodidade e alguma renda extra para o condomínio. A intenção principal nem é a renda, mas, sim, proporcionar comodidade para o morador e por um preço abaixo de mercado, que é o que conseguimos aqui”, enfatiza Rodrigues.


Lavando a seco no condomínio Paulo Fábio Queiroz, diretor executivo da empresa que presta o serviço de lavagem de carros a seco ao Condomínio Life, diz que os funcionários só usam a água do condomínio para lavar as mãos mesmo, até porque o sistema não usa água. E não é balela: “Não usamos nem máquinas na limpeza básica; a aplicação do xampu e demais produtos é manual. Só polimento, aspiração ou lavagem dos bancos precisam de máquinas. E elas não necessitam de água”, ressalta. A equipe precisa basicamente do espaço de uma vaga para realizar a limpeza, e ele explica que ter um ponto fixo só para esse fim é mais adequado, pois, dessa forma, a empresa desloca menos equipamentos para atender à demanda interna. “Quanto mais equipamentos, mais despesas eu tenho e, nesse caso, é preciso aumentar o custo”, explica. Nesse sistema tudo é muito moderno: o agendamento da lavagem pode ser feito por aplicativo de celular, computador e tablet e o pagamento também pode ser feito on-line. “Não pode é ficar sem cuidar do carro. Nós oferecemos um centro de estética automotivo dentro do condomínio com todas as facilidades de que o morador gosta”, conta Queiroz. Os serviços são para todos os gostos e bolsos. Tem gente que só quer o carro limpinho. Tem gente que adora cuidar do carro e quer tudo do bom e do melhor para seu carro. No Condomínio Life os custos variam entre R$ 25 e R$ 60. Depende se

o carro é grande, pequeno, se a lavagem é básica, se é completa... Há planos mensais, semestrais e anuais. Os preços caem quando o contrato é mais longo. Na lavagem básica, o carro é limpo por fora, aspirado e ganha silicone dos pneus.

Na lavagem completa, além do básico, o carro é encerado, recebe produtos específicos para o painel e para os bancos de couro. Com essa técnica, que é mais duradoura, o carro fica protegido por duas semanas. Segundo Queiroz, todos os produtos usados

JUL_AGO_SET 2017

81


O síndico Sullivan Rodrigues, do Condomínio Life, apostou na lavagem de carros a seco dentro do condomínio em 2016: “A adesão foi maravilhosa, o projeto foi aceito e está até hoje com uma superadesão”

são de uso profissional, nenhum danifica o carro: “O acabamento e a durabilidade são superiores ao da lavagem convencional. O conceito é comodidade com qualidade. O agendamento pelo sistema é importante e dá desconto. Há um preço na loja e outro pelo sistema, e os funcionários não aceitam pagamento em dinheiro, somente cartão e boleto bancário, e também emitimos nota fiscal. Tudo é feito da melhor forma para todos”, avalia.

Sobre a lavagem a seco A lavagem a seco de veículos, também conhecida como lavagem ecológica, foi inventada pelo brasileiro Lito Rodriguez, que começou os primeiros experimentos em 1995, chegando à formulação ideal no ano seguinte, quando depositou a patente do produto e do sistema de lavagem a seco. Atualmente, essa incrível tecnologia está sendo exportada para diversos lugares, inclusive os Estados Unidos e países da Europa e da Ásia. A lavagem sem a utilização de água preserva, em média, mais de 300 litros de água para cada carro de passeio lavado. A lavagem a seco, idealizada para o tratamento de automóveis em lava-rápido (lava a jato), concessionárias e locadoras de veículos, postos de combustível e estacionamentos em geral, atualmente também é utilizada para a limpeza de aviões, motocicletas, barcos e até fachadas de vidro em grandes edifícios. 82

www.condominioetc.com.br

O Desperdício em números Lavar um carro com a mangueira consome 320 litros de água. Segundo a ONU, cada pessoa necessita de 110 litros ao dia para consumo e higiene pessoal. Para cumprir essa meta, é necessário mudar os velhos hábitos e rever nossos desperdícios diários, como lavar carros, lavar a louça com a torneira aberta, demorar muito no banho e limpar calçadas com água limpa.


Jurisprudências 0068194-59.2014.8.19.0001 – APELAÇÃO 1ª Ementa. Des. ALCIDES DA FONSECA NETO – Julgamento: 19/4/2017 – 20ª CÂMARA CÍVEL. Apelação cível. Ação de cobrança de cotas condominiais. Regularidade da exigência. Inclusão de serviço em prol da segurança da coletividade. Manutenção da sentença. Sentença que, diante da regularidade da cobrança exigida pelo condomínio autor, julgou procedente o pedido exordial para condenar os réus ao pagamento da cota vencida em agosto de 2013, bem como das vincendas, custas processuais e advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Os réus apelantes sustentaram que a cota condominial exigida pelo autor apelado incluía valor indevido, referente ao selamento da canalização de gás, serviço não solicitado pelos condôminos. Presunção de licitude sobre as cobranças condominiais realizadas por condomínio regular, ainda que a título extraordinário. Isso porque, nas relações jurídicas entre o condomínio e os condôminos, é dos moradores o

dever de custeio das despesas feitas em prol da coletividade, a teor do inciso I, do artigo 1.336, do Código Civil de 2002. Frise-se que o selamento da canalização de gás, embora prestado individualmente, traduz serviço que se reverte em prol da segurança da coletividade, com a finalidade de consertar vazamentos. Dessa forma, impõe-se a manutenção da sentença atacada, que condenou os réus apelantes ao pagamento da cota condominial vencida em agosto de 2013, inclusive a despesa sob a rubrica “resina seladora”. Desprovimento do recurso. 0472638-36.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO 1ª Ementa. Des. MARCOS ALCINO DE AZEVEDO TORRES – Julgamento: 22/3/2017 – 27ª CÂMARA CÍVEL CONSUMIDOR. Apelação. Concessionária de gás. Suspensão emergencial do serviço. Vazamento decorrente de avaria na tubulação particular de condomínio residencial. Prova suficiente do fato de terceiro (CDC, art. 14, § 3º, inc. II). Pronto atendimento. Reparo

efetuado em cerca de 24h. Prazo razoável, considerando as circunstâncias. Forçosa interrupção do fornecimento durante as providências de conserto, para a segurança dos próprios usuários, que não ofende o princípio da continuidade insculpido no art. 22 do CDC. Disposição literal do art. 6º, § 3º, inc. I, da Lei nº 8.987/95. Breveza da indisponibilidade que, em todo caso, seria incapaz de configurar o dano moral (Súmula nº 193 - TJRJ). Desprovimento do recurso. 0037298-48.2010.8.19.0203 – APELAÇÃO 1ª Ementa. Desa. MARGARET DE OLIVAES VALLE DOS SANTOS – Julgamento: 6/4/2016 – 18ª CÂMARA CÍVEL. Apelação cível. Indenização. Vazamento de gás em interior de unidade condominial. Laudo pericial que constatou como causa do vazamento de gás o desgaste da tubulação de abastecimento de gás do imóvel condominial construído há mais de 30 anos. Comprovada a necessidade de substituição integral da tubulação de gás a partir do relógio medidor, localizado no pavimento térreo do imóvel, até a unidade

JUL_AGO_SET 2017

83


condominial do autor. Tubulação localizada em área comum do imóvel cujo custo da substituição deve ser suportado pelo condomínio réu. Obra necessária e urgente, sendo devido o reembolso ao condômino que a realizou às suas expensas. Artigo 1.315, parágrafo único do C/C 1.341, § 4º, Código Civil. Ausência de comprovação de que o condomínio tenha atuado de forma dolosa ou abusiva, já que não foi convocada assembleia para que os condôminos deliberassem sobre a solução a ser adotada. Conduta do pessoal do síndico, que não pode ser transferida aos demais condôminos. Acolhimento parcial do recurso para afastar a condenação do réu à reparação por dano moral. 0452133-24.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO/ REMESSA NECESSÁRIA. 1ª Ementa Des. PEDRO FREIRE RAGUENET – Julgamento: 6/6/2017 – 21ª CÂMARA CÍVEL. Administrativo. Civil. Instalação de “cortina de vidro” na varanda dos autores. Pretensão de possibilidade do envidraçamento sem pagamento de contraprestação. Procedência. Irresignação. Declaração de nulidade de auto de infração. Afronta ao princípio da correlação ou congruência. Sentença extra petita. Divergência entre o pedido e o provimento de mérito. Retirada de parcela do julgado. Princípio do aproveitamento dos atos processuais. Fixação das condições para o fechamento de varandas nas edificações multifamiliares nos limites do município réu, pela Lei 145/2014. Imóvel localizado na Barra da Tijuca, zona oeste deste município. Possibilidade. Inteligência dos artigos 1º e pará-

84

www.condominioetc.com.br

grafo único e 2º da referida lei. Cobrança de contraprestação ou mais valia em virtude do fechamento da varanda. Artigo 4º, do Decreto nº 39.354/2014. Liminar deferida em ação civil pública movida pelo MPERJ em face do MRJ para afastamento da cobrança. Impossibilidade de exigência de contraprestação pela municipalidade até o julgamento definitivo da lide. Honorários recursais que são majorados em 2% sobre o valor fixado anteriormente, nos termos do art. 85, §§ 2º, 6º e 11º do CPC/2015. Reforma da sentença, em menor parte, de ofício. Desprovimento do apelo. 0038898-31.2010.8.19.0001 – APELAÇÃO. 1ª Ementa. Des. CAETANO ERNESTO DA FONSECA COSTA – Julgamento: 31/5/2017 – 7ª CÂMARA CÍVEL. Direito civil e administrativo. Instalação de cortina de vidro retrátil. Possibilidade. Jurisprudência do E.TJRJ bem sedimentada. Ato do particular que não importa em real fechamento de varanda, acréscimo de área construída ou alteração de fachada. Inconformismo do município. Inexistência de nulidade do decisum. Sentença proferida sob a égide do Código de Processo Civil de 1973. Agravo retido não reiterado. Não conhecimento do agravo retido. Desprovimento do recurso. Cuida a hipótese de ação de obrigação de não fazer c/c pedido de antecipação de tutela, pelo rito sumário, manejada em face do Município do Rio de Janeiro, com o objetivo de compelir o réu a se abster de aplicar qualquer tipo de multa ao autor, bem como de exigir a retirada ou a demolição de sistema de cortina de vidro retrátil instalado no imóvel. Em casos análogos, há

firme jurisprudência deste E. TJRJ pela possibilidade de instalação de cortinas de vidro retráteis. É ato do proprietário/condômino que não importa em real fechamento de varanda, acréscimo de área construída ou alteração de fachada. Não há que se falar em nulidade da r. sentença. Nega-se provimento à apelação interposta pelo Município do Rio de Janeiro. 0059618-12.2016.8.19.0000 – AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1ª Ementa. Desa. PATRÍCIA RIBEIRO SERRA VIEIRA – Julgamento: 29/3/2017 – 10ª CÂMARA CÍVEL. Agravo de instrumento. Decisão que indefere pedido de antecipação de tutela para que seja determinado ao réu que se abstenha de aplicar qualquer multa em relação à instalação de “cortina de vidro” retrátil nas varandas dos imóveis das autoras, bem como de exigir a sua retirada ou demolição, suspendendo os respectivos procedimentos administrativos. Presença dos requisitos necessários à antecipação da tutela de urgência, na forma do disposto no artigo 300 do Código de Processo Civil. Plausibilidade do direito ante a jurisprudência deste Tribunal de Justiça, no sentido de que a instalação de “cortina de vidro” não importa em alteração da fachada e não configura fechamento definitivo da varanda, do chão ao teto. Risco de dano que se configura em razão da possibilidade de sanção no processo administrativo em curso, inclusive com determinação de retirada do equipamento instalado. Precedentes. Recurso a que se dá provimento.


JUL_AGO_SET 2017

85


86

www.condominioetc.com.br




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.