Revista Condomínio. Edição 56

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Todo síndico lê!

REFORMA 56 JAN FEV MAR 2013

ANO 15

Temporais podem comprometer o condomínio

Cota-extra vilã ou mocinha?

Energia elétrica: verão sem desperdício Por que é tão difícil demitir um funcionário antigo?




Essa é nossa esperança. No último editorial, terminei dizendo que nos encontrávamos num momento especial e que o Brasil estava mudando. Continuo com essa sensação e esperança. Ninguém acreditava que o José Dirceu fosse condenado. E ele foi! Ninguém acredita que ele vai ser preso. E ele vai! O homem mais importante e poderoso do PT foi condenado por corrupção, formação de quadrilha e atentado contra a Constituição, para perpetuar seu grupo partidário no poder. O julgamento foi público, com ampla defesa dada aos acusados, e o povo brasileiro pôde ver a enorme sujeira – inaceitável – de grupos políticos inescrupulosos que usam o poder em benefício próprio. Quiseram desmoralizar o Supremo Tribunal Federal ao defender que era um julgamento político, mas não era verdade e não conseguiram. A repercussão do mensalão continua presente, e novos acontecimentos surgem do lodo da política suja e revoltante, cujo povo brasileiro não suporta mais. Uma nova operação da Polícia Federal está em curso, a Operação Porto Seguro, que prendeu e indiciou várias figuras importantes do Governo que se aproveitam de seus altos cargos e posições políticas influentes para agir em prol do enriquecimento próprio e de terceiros. Rosemary Noronha, ex-secretária de José

Dirceu e chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, há vários anos, indica e consegue nomear parentes e até o diretor de uma agência reguladora. Os detalhes nós conhecemos, pois a imprensa livre a tem divulgado amplamente. Mais uma vez, Dirceu nega sua relação com a acusada, mas uma foto publicada em novembro passado mostra Rosemary na casa de praia de Dirceu, juntamente com sua namorada, Ivanisse. Rosemary tem sido blindada para não ser ouvida em juízo, mas não escapará, pois a força do mensalão continua pressionando esse tipo de apuração, dos “maus feitos”, expressão da presidente Dilma. Vamos ressaltar a atuação dos juízes do Supremo, que não se deixaram influenciar por quem os nomeou, com destaque, sobretudo, para o relator ministro Joaquim Barbosa, atual presidente do Supremo que, de origem modesta e cor negra, quebrou, com sua cultura, inteligência e destemor, o preconceito racial, enchendo os corações dos brasileiros de alegria e esperança de um futuro mais justo, provando o que nunca até hoje tinha acontecido, que os poderosos também podem ir para cadeia. Certamente, não vamos acabar com a corrupção, mas um julgamento como esse, que nunca tinha ocorrido no Brasil, foi muito importante para mostrar que, contrário a que todos os brasileiros pensam, a punibilidade existe. NEWTON MENDONÇA

Presidente da CIPA

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ENTREVISTA

O mensalão vai mudar o Brasil?

[capa] Energia elétrica: verão sem desperdício

Todos os anos, durante os meses de verão, o assunto “desperdício” vem à tona. Com o calor carioca, aumenta o uso de ventiladores e condicionadores de ar, geladeiras e freezers, a sauna e a piscina funcionam durante um período maior. O que fazer para evitar o desperdício? Leia nossa matéria de capa para saber!

Uma publicação:

Rua México, 41 - 2o andar CEP 20031-905 Centro - Rio de Janeiro Tel.: [21] 2196-5000 Fax: [21] 2533-2449


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[CONDOMÍNIO] Por que é tão difícil demitir um funcionário antigo? Essa questão faz parte de inúmeras outras inevitáveis na administração de um condomínio. Saiba como proceder ao ler esta matéria.

Além do uso uniforme ser um dos cartões de visitas do condomínio, os trabalhadores do edifício se sentem estimulados em ter um misto de boa aparência e conforto e o visitante sai do condomínio com uma boa primeira impressão. Você concorda? Leia a matéria e responda.

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[CONDOMÍNIO] Cota-extra: vilã ou mocinha?

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[reforma] Temporais podem comprometer o condomínio: saiba como evitar estragos Quantas vezes aquele toró de final de tarde não acabou estragando seus planos? Mas mais do que atrapalhar a ida à praia ou o passeio ao ar livre, as chuvas de janeiro e fevereiro podem causar sérios transtornos aos condomínios se os síndicos não estiverem atentos. Saiba o que fazer para evitar ou minimizar os estragos lendo esta matéria.

DIRETORIA Revisão ANDREA BIVAR

Vice-presidente MÁRIO MENDONÇA

Fotografia Ariel Subirá

Diretora da Unidade de Negócio e Condomínio DEBORAH O’DENA MENDONÇA

Marketing e Publicidade SAMY GRUBMAN marketing@cipa.com.br

Diretora de Locação, Seguros e Novos Negócios MARIA TERESA MENDONÇA DIAS

Colaboraram neste número Claudia Silveira Lia Rangel MILTON DE MENDONÇA TEIXEIRA paulo ferreira renata Fernandes STELLA MARIS C. MENDONÇA

redacao@cipa.com.br

Fernando Moraes

Fernando Moraes

Áthila Bertoncini

Errata: As fotos publicadas na edição 54, sobre o projeto Ilhas do Rio, na coluna Ecodicas, saíram sem os devidos créditos. As fotos são de Fernando Moraes e Áthila Bertoncini.

Todo síndico lê!

56 ANO 15

(MTb: 18731)

Fernando Moraes

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Presidente NEWTON MENDONÇA

Redação e Edição VIVIEN BEZERRA DE MELLO

[CONDOMÍNIO] Vícios de Construção: morando com o inimigo Mais comuns do que se pensa, os chamados vícios de construção, aparentes ou ocultos, podem inviabilizar o uso parcial ou completo do imóvel. É dor de cabeça garantida não apenas para proprietários, como para síndicos. Saiba como proceder lendo este texto.

Normalmente, a taxa serve para cobrir os gastos com uma obra necessária, ou seja, destinada à conservação. Mas em muitos casos ela é utilizada para quitar despesas ordinárias como pagamento de salários, férias ou de um reajuste na conta de luz, por exemplo. Entenda mais sobre o assunto lendo este texto.

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Paulo Rodrigues

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[CONDOMÍNIO] Uniformes, um dos cartões de visitas do condomínio

reforma

temPorais Podem comPrometer o condomínio: saiba como evitar estragos

condomínio cota-extra: vilã ou mocinha?

Energia elétrica: verão sem desperdício Dicas simples para reduzir o consumo e fortalecer o caixa do condomínio Por que é tão difícil demitir um funcionário antigo?

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Conceitos e opiniões em artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores. A reprodução parcial ou total de qualquer parte desta publicação é permitida desde que seja citada a fonte e previamente autorizada, por escrito, pela editora. A empresa reserva-se ao direito de não aceitar publicidade sem fundamentar motivação de recusa. A Revista Condomínio e etc. esclarece que: - Não se responsabiliza por qualquer dano, direto ou indireto, sofrido por usuários ou terceiros, advindos da exibição e/ ou conteúdo dos anúncios publicados pelos anunciantes, incluindo a divulgação de dados, preços e imagens. - Não atesta, verifica ou inspeciona os serviços e produtos dos anunciantes, nem é responsável por qualquer dano, direto ou indireto, que o contratante possa sofrer ao realizar uma negociação com os anunciantes. Esta publicação está em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pelo Decreto Legislativo nº 54, de 18 de abril de 1995, e em vigor desde 1º de janeiro de 2009.

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informe

A nova Lei do Aviso Prévio Como você quer seu condomínio em 2013?

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Quem vai sair de férias? O síndico prevenido tem que ficar de olho no que pode acontecer durante os meses de férias. Por vezes um morador ou outro viaja e se esquece de tomar alguma providência, como suspender a entrega do jornal. Imprevistos como vazamentos também acontecem, por isso, o indicado é que os moradores que forem se ausentar por períodos prolongados deixem com o síndico ou mesmo com o zelador um telefone de contato em caso de emergência.

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Atenção, síndicos, à nova regra para demissão de funcionários! A Lei nº. 12.506, de 11 de outubro de 2011, instituiu a proporcionalidade do aviso prévio conforme o tempo de serviço do trabalhador na mesma empresa. Observe: Redação Anterior: CLT- Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato, deverá avisar a outra da sua resolução, com a antecedência mínima de: (…) II – trinta dias aos que receberem por quinzena ou mês ou que tenham mais de doze meses de serviço na empresa. Previsão Constitucional: CF/88 – Art. 7º- São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

(…) XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; (…) Redação Atual: Lei 12.506, Art. 1º - O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias.

Questões Trabalhistas no Condomínio Salário, alimentação, aviso prévio, benefícios, demissão, férias... Essas são apenas algumas questões que estão sempre na ordem do dia dos condomínios residenciais e comerciais. O aspecto trabalhista é um dos que mais afligem os síndicos e administradores. Para auxiliar os gestores de condomínios, o Sindicato da Habitação lançou a segunda edição do livro Consultando o jurídico: questões trabalhistas no condomínio, cujo texto está organizado em formato de perguntas e respostas, embasadas por tre-

chos de leis e jurisprudências. De acordo com Solange Santos, gerente do Departamento Jurídico do Secovi Rio, a intenção é não só fornecer um rico material de consulta, como também atualizar sobre os temas não abordados na primeira edição. Para os representados em dia com o pagamento das contribuições, a publicação pode ser retirada gratuitamente na sede da instituição. Para os demais, o valor do produto é R$ 50 e pode ser adquirido através da loja virtual, no portal (www. secovirio.com.br).


Práticas para um condomínio seguro 3 Cenas de tragédias como a do Edifício Joelma, em São Paulo, em 1974, ficaram gravadas para sempre na memória de muitos brasileiros. Mas o que poucos sabem é que minimizar os danos causados por incêndios é possível com ações simples. Mesmo com tanta tecnologia, a desinformação e a falta de treinamento podem ser fatais. É importante saber que para haver fogo são necessários três elementos: o combustível, que queima; o comburente, ou seja, o oxigênio; e o calor, que é uma condição favorável para que haja a reação entre o combustível e o oxigênio, liberando energia em forma de chamas. Evite que esses três andem juntos sem que você queira.

O síndico deve ter em mente que observações simples podem ser valiosas. Por isso, tenha sempre uma equipe treinada para ações de emergência; capacite seus funcionários para atuar preventivamente; mantenha os extintores sempre em boas condições de uso; teste periodicamente o sistema de bombas e mangueiras de incêndio; mantenha as escadas de escape livres; nunca tranque portas que façam parte do sistema de escape; fique atento às mudanças na carga elétrica do prédio; faça revisões periódicas nas tubulações de gás; cheque a iluminação e a sinalização de emergência; e mantenha sempre à mão o telefone do Corpo de Bombeiros.

IPTU aumenta 5,78%. Desconto à vista é de 7% A partir de janeiro, os carnês do IPTU 2013, com reajuste de 5,78%, serão enviados aos proprietários de imóveis na cidade do Rio para pagamento já em fevereiro. A cota única terá 7% de desconto, mas o contribuinte poderá parcelar em 10 vezes. . O reajuste para 2013 é menor do que o do IPTU 2012, que fechou no valor de 6,56%. A taxa é baseada no Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), divulgado pelo IBGE, composto por cálculo de gastos pessoais, de alimentação, saúde e educação e até vestuário. Para 2014, os cariocas deverão preparar o bolso porque o imposto poderá sofrer aumento de 30%. O acréscimo é

por conta do projeto de lei do prefeito Eduardo Paes, que será encaminhado no ano que vem à Câmara de Vereadores. A proposta baseia-se na atualização do valor dos imóveis de todas as regiões da cidade, 15 anos defasada. O município pretende cobrar a taxa em localidades que hoje são isentas. Se o projeto for aprovado na Câmara, mais de 1 milhão de imóveis passarão a pagar o tributo. Hoje só 40% (728 mil) pagam. A porcentagem saltará para 97% O reajuste salgado entraria em vigor já para o IPTU 2013, mas o prefeito decidiu adiá-la para o ano seguinte diante do pouco tempo para a análise do projeto pelos vereadores.

IGP-M tem alta de 7,82% no acumulado de 2012 O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e usado para reajustar alguns contratos de aluguel, variou 0,68% em dezembro. A taxa foi calculada com base nos preços coletados entre os dias 21 de novembro e 20 de dezembro. No acumulado de 2012, entre janeiro e dezembro, o índice teve variação de 7,82%. Em novembro, o IGP-M teve decréscimo de 0,03% e, em dezembro de 2011, havia caído 0,12%. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em dezembro, variação de 0,29%, acima do resultado de novembro, de 0,23%. O índice relativo a material, equipamento e serviços registrou variação de 0,26%. No mês anterior, a taxa ficou em 0,22%. O índice que representa o custo da mão de obra registrou elevação de 0,31%. Na apuração do mês anterior, o índice tinha variado 0,24%.

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capa

Com apenas seis meses de gestão, o síndico Anselmo Coutinho conseguiu, com diversas ações, reduzir a conta de luz do condomínio de R$ 3,2 mil para R$ 1,7 mil

Energia elétrica: verão sem desperdício Dicas simples para reduzir o consumo e fortalecer o caixa do condomínio O ano era 2001 e o Brasil enfrentava a pior crise energética de que se tem notícia. Em quase todo o país os consumidores foram pegos de surpresa por uma medida radical do Governo: seriam obrigados a economizar 20% nas contas de luz. A meta foi alcançada: de junho daquele ano a fevereiro de 2002, o consumo residencial caiu 25%. A média por residência na região Sudeste

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baixou de 199 kWh/mês para 145 kWh/mês. Se o remédio pareceu amargo no começo, a mudança de mentalidade da população provou que as dificuldades podem ser superadas com inteligência, criatividade e jogo de cintura. Mudanças de hábito, como troca de eletrodomésticos velhos por equipamentos mais eficientes, uso de lâmpadas econômicas, instalação de sen-

sores de presença, revezamento na utilização dos elevadores e impulso no mercado de energia solar, são apenas algumas das consequências positivas desse delicado momento de nossa história. Mas todos os anos, durante os meses de verão, o assunto “desperdício” vem à tona. Com o calor carioca aumenta o uso de ventiladores e condicionadores de


O síndico Lauro Oliveira envia regularmente circulares contra o desperdício: “No verão, o gasto de energia elétrica costuma aumentar até 20%”

ar, geladeiras e freezers, e a sauna e a piscina funcionam durante um período maior. Os banhos ficam mais demorados. O horário de verão, instituído pela primeira vez no Brasil em 1931 e 1932, ajuda a amenizar o problema: a redução média de 4% a 5% do consumo de energia no horário de pico (das 18h às 21h), no período de outubro a fevereiro, gera benefícios para o setor elétrico e a sociedade em geral. Nos edifícios, é preciso atenção redobrada. E os síndicos têm papel relevante na gestão do consumo energético. Até porque este é um item que representa 11% do gasto mensal dos condomínios, segundo levantamento do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio). De acordo com informações contidas em

uma cartilha lançada pela entidade na época do racionamento (edição esgotada), a iluminação inteligente deve estar entre as prioridades. Uma das medidas mais eficazes é a instalação dos sensores de presença, o que pode gerar uma economia de 60%. No condomínio Reneé Balassiano, em Todos os Santos, o síndico Lauro Oliveira está atento. “No verão, o gasto de energia elétrica costuma aumentar até 20%, mas, ao longo do ano, já vou enviando circulares para pedir aos moradores dos 16 apartamentos que verifiquem vazamentos, o que pode sobrecarregar as bombas de recalque e aumentar o consumo”, afirma o gestor, que paga mensalmente de conta de luz um valor entre R$ 300 e R$ 400. Há 10 anos no cargo, ele revela que o prédio de quatro andares, administrado pela CIPA desde sua inauguração, em 1985, não chegou a ter muitos problemas na época do racionamento. “Eu já fazia parte do conselho em 2001 e lembro que não houve grandes transtornos. Nós desligamos o único elevador nos horários menos movimentados e, além disso, instalamos minuterias nos andares para evitar que as lâmpadas ficassem permanentemente acesas.”

Medidas inteligentes para economizar A alternativa encontrada pelo síndico foi providencial, mas os sensores substituem com vantagem as minuterias coletivas, já que acendem apenas as lâmpadas do ambiente em que é detectada a presença de pessoas. Esse sistema utiliza o infravermelho passivo para acionar a iluminação ambiente, que é apagada imediata e automaticamente no instante em que o transeunte deixa o local. Quem explica é Sérgio Soares, diretor técnico da Seven Powers, especializada em serviços técnicos, incluindo projetos elétricos. O empresário, que também é engenheiro elétrico e atua no segmento há

30 anos, pondera que a economia depende de como a solução é utilizada. “Se os sensores forem instalados em um corredor de passagem de um prédio residencial com dez unidades apenas, o número de pessoas que vai transitar por ele será bem menor que em um edifício comercial. Assim, a economia pode não chegar a 60%”, diz Soares, acrescentando que, desde a época do racionamento, em 2001, a procura dos síndicos pela alternativa aumentou 80%. “Hoje é muito comum. A maioria dos prédios tem sensores em portarias, garagens, corredores dos andares e escadas.” Marcus Azevedo, diretor da ConJAN_FEV_MAR 2013

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trol Service, especializada em automação predial, reforça que o custo dos sensores de presença varia entre R$ 35 e R$ 70 por unidade. O preço da instalação depende da edificação, mas fica na média de R$ 150. É importante o síndico avaliar o grau de cobertura do produto (varia de 160 a 360 graus) para saber se estará adaptado ao ambiente para o qual se destina. Outro aspecto a ser considerado é a carga de lâmpadas suportada pelo sensor. “Além da redução do consumo, muitos síndicos adotam a solução para aumentar a segurança nas partes comuns mais desertas”, explica Azevedo. Associar a instalação desses equipamentos à substituição das lâmpadas incandescentes e das fluorescentes tubulares pode surtir efeito ainda mais expressivo. Conforme esclarece Ronald Sidi, sócio da Solux Energia Solar, a solução mais moderna, econômica e ecológica é o Led. “O tempo de vida útil desse material é nove vezes maior que o das fluorescentes. O investimento se paga em um ano”, esclarece, lembrando que é possível reduzir o consumo entre 50% e 90% com essa tecnologia e com as lâmpadas sem eletrodos.

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Iluminação eficiente

A conta de luz representa 11% do gasto mensal dos condomínios

Se seu condomínio estiver com problema de caixa, fique tranquilo: há muitas outras soluções que requerem apenas boa vontade e poder de iniciativa do síndico. Um manual sobre o uso racional de energia elétrica elaborado pelo Secovi-SP, em parceria com a Eletropaulo, em 2005, apresenta uma série de medidas para racionalização que podem ser adotadas com muito pouco (ou nenhum) investimento.

A publicação ensina: é importante priorizar a iluminação natural, abrindo janelas, cortinas e persianas de ambientes como hall social, sala de visitas, salão de festas e salão de jogos. O síndico pode instruir os empregados a desligarem as lâmpadas de ambientes não ocupados, salvo aquelas que contribuem para a segurança. É importante limpar regularmente paredes, janelas, pisos e forros. Uma superfície limpa reflete melhor a luz natural, diminuindo a necessidade de iluminação artificial. Luminárias, lâmpadas e demais equipamentos de iluminação precisam ser regularmente limpos. Substituir, quando possível, os difusores transparentes das luminárias – se estiverem amarelados ou opacos – por material de acrílico claro com propriedade que impeça o amarelecimento. Isso permitirá melhor distribuição da luz. Quando a decoração do local não for importante, retirar o acrílico e o globo e instalar lâmpadas eficientes. Preocupados com a questão estética no hall social e na entrada, muitos síndicos


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luz de emergência

Lâmpadas embutidas não são uma boa solução para quem quer economizar energia

não atentam para o fato de que as lâmpadas embutidas no teto não são uma boa solução para quem quer economizar energia. Isso porque a eficiência do conjunto fica reduzida, além de provocar aquecimento excessivo e reduzir o tempo de vida útil das lâmpadas pela falta de ventilação adequada. A recomendação, portanto, é instalar a lâmpada fora do rebaixo. Em locais onde houver muitas lâmpadas acesas, há que se verificar a possibilidade de desligamento alternado. Nas garagens, o recomendável é iluminar constantemente apenas as áreas de circulação dos veículos, e não os boxes. Rebaixar as luminárias instaladas entre as vigas do teto também aumenta o nível de iluminação.

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Elevador: o grande vilão? Em 2001, no auge do racionamento de energia elétrica imposto pelo Governo Federal, os edifícios do Rio de Janeiro tiveram que aprender a lidar com um problema complicado: o alto consumo gerado pelo acionamento dos elevadores. A solução encontrada para baixar o gasto foi amarga, mas a única possível naquele momento: alternar o funcionamento do social e do de serviço. No começo, os moradores torceram o nariz para a ideia. Com o tempo, a medida se tornou parte do dia a dia. Virou hábito. A orientação dos advogados do segmento, entretanto, é estabelecer o período

Para evitar problemas em elevadores durante apagões, é importante dispor de luz de emergência no interior da cabine

de funcionamento de cada equipamento em reunião de assembleia, de acordo com a conveniência dos moradores. Mas alguns especialistas em transporte vertical discordam dessa solução. Eles não aconselham paralisar o elevador, pois, entre outras coisas, a lubrificação pode ficar prejudicada (a graxa endurece). A economia de energia muitas vezes é insignificante, especialmente se considerarmos os transtornos da paralisação de um equipamento. Nos elevadores mais novos, com acionamento eletrônico, não compensa o desligamento. Síndico do Condomínio Campobello, com dois blocos administrado pela


CIPA, em Campinho, Anselmo Coutinho recebeu dos técnicos a orientação de modernizar os quatro elevadores em vez de optar pelo revezamento. Ao custo total de apenas R$ 1,2 mil, ele conseguiu o funcionamento inteligente, sem paradas desnecessárias. “Quanto mais peso um elevador transporta, mais energia é necessária para a tração. Se dividirmos o peso entre vários equipamentos, a força de tração diminui. Além disso, descobri que as lâmpadas da cabine consomem muita energia, então substituí todas por modelos econômicos. Fez uma grande diferença”, conta, lembrando que a eletricidade consumida pelos elevadores correspondia a 40% da conta de luz do condomínio. Morador do condomínio com dois prédios (oito andares cada um), com 128 unidades, desde sua inauguração, em 2005, Anselmo, que assumiu a função há quase dois anos, revela que o foco de sua administração, logo no começo do mandato, se voltou para a redução do desperdício. A primeira ação foi verificar vazamentos em todas as unidades.

“Trinta por cento de nosso consumo de eletricidade estava relacionado com o funcionamento das bombas d’água, que passavam 80% do dia ligadas por conta dos vazamentos. Depois da inspeção e da troca gratuita de peças nas caixas de descargas dos apartamentos, as bombas passaram a funcionar apenas durante 30% do dia”. “Substituímos as quatro unidades (duas em cada bloco) por versões eletrônicas com melhor performance e menor consumo de energia. O gasto total foi de cerca de R$ 11 mil”, ratifica. Para completar o conjunto de ações contra o desperdício, o síndico trocou todas as 80 lâmpadas das áreas comuns por modelos econômicos, com custo total de R$ 2 mil. “Não fiz todas essas mudanças ao mesmo tempo, foi tudo programado e aprovado pelos moradores”, alegra-se o gestor, que, em seis meses à frente do cargo, viu a conta de luz do condomínio baixar de R$ 3,2 mil para R$ 1,7 mil. “A Light até nos procurou para ver o que estava acontecendo, a queda foi muito brusca”, diverte-se.

Sistema hidráulico Entre os equipamentos condominiais mais comuns, a bomba de recalque, citada por Anselmo, também é considerada por muitos síndicos um das vilãs. Na realidade, ela não é a verdadeira culpada, e sim as diversas modalidades de desperdício que esvaziam os reservatórios superiores (caixas-d’água), tornando necessário o acionamento frequente para transportar a água da cisterna até o alto do prédio. Economizar energia significa, então, reduzir o desperdício de água ficando atento aos vazamentos. De qualquer forma, a manutenção desses equipamentos é fundamental. Para Henrique Marin, da Iguatemi Equipamentos e Serviços, eles estão entre os mais importantes da edificação. “A inspeção mensal é fundamental para evitar prejuízos financeiros e também o custo humano, que é as famílias ficarem sem água”, afirma. “Uma bomba hidráulica, se bem cuidada, pode durar de cinco a dez anos. Em 80% dos casos, ela para de funcionar por causa de problemas nos perifé-

Entre os equipamentos condominiais mais comuns, a bomba de recalque é considerada por muitos síndicos um das vilãs

ricos, principalmente na parte elétrica”, esclarece Marin. O custo mensal da manutenção depende da quantidade de bombas instaladas em um edifício, mas fica na média de R$ 80 por equipamento. Se o equipamento estragar, o custo pode ser mais elevado: um produto novo chega a custar R$ 2 mil. Outro ponto do qual os síndicos não podem descuidar diz respeito às JAN_FEV_MAR 2013

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bombas da piscina que, em condições normais, funcionam durante períodos mais longos do que o necessário para o tratamento da água. Por displicência ou esquecimento, acabam ficando ligadas mais tempo que o necessário. Para não comer mosca, é importante consultar a empresa de manutenção da piscina a respeito do tempo mínimo indispensável para o tratamento adequado. E, claro, cobrar do porteiro-chefe a vigilância quanto ao cumprimento do que for estabelecido. E já que o assunto é piscina, não se pode deixar de falar nas saunas, as campeãs do consumo. Até mesmo o uso eventual delas implica elevado gasto de energia. Portanto, se a conta de luz de seu condomínio está vindo alta demais, preste atenção, esse pode ser o motivo. O que fazer? Bem, o jeito é arriscar uma queda de popularidade e eliminar total ou parcialmente seu uso, conforme o que tiver sido combinado na reunião da assembleia geral extraordinária que deliberar sobre o tema.

O que fazer em caso de apagões? Divulgado em 2010, o Plano Decenal de Expansão de Energia do Ministério de Minas e Energia apontou que o investimento necessário para suprir a demanda energética do país até 2019 será de R$ 952 bilhões. Muito tem sido feito para evitar situações complicadas como o racionamento de 12 anos atrás. Mas, apenas em 2012, diversos apagões aconteceram no Rio de Janeiro. Para os condomínios, ficar sem luz é bastante complicado. Além do risco de acidentes com os moradores, as dependências ficam mais vulneráveis a assaltos. Por isso, caso ocorra um blecaute, é fundamental que o síndico tome as rédeas e contorne a situação de forma segura e eficiente. Especialistas são unânimes: o portão de ingresso de veículos é o ponto mais vulnerável a invasões durante apagões. A atenção deve ser redobrada em condomínios de grande porte, que possuem vários blocos, maior número de apartamentos e tráfego quase ininterrupto de veículos.

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O Secovi Rio orienta iluminar essa área com luz de emergência potente e com autonomia maior do que o tempo previsto para o apagão. Se possível, adquirir gerador para manter o ponto de luz e/ou o funcionamento automático do portão. Uma medida segura é deslocar pelo menos um funcionário, que deve dispor de uma boa lanterna, para permanecer próximo ao portão durante todo o período do apagão. Ele deve reconhecer os veículos e moradores que ingressarem, garantindo que ninguém transponha o portão após a passagem do veículo. Os portões de entrada de pedestres também são muito vulneráveis. Moradores e porteiros têm que ficar atentos ao fluxo de entrada e saída de pessoas, impedindo que desconhecidos entrem sem autorização. Nos prédios cuja abertura de portão é automática, o gerador ou o nobreak senoide permite a continuidade do acionamento. Esses equipamentos permitem também manter o sistema de comunicação interna (inter-


fones) e o circuito fechado de TV funcionando. Em qualquer situação, a existência de um ponto de luz forte perto dos portões é condição básica para o trabalho de porteiros e auxiliares. A potência dos geradores varia de 1, 2 ou 3 kVA até 400 kVA ou mais. Os mais possantes, que permitem o uso de elevadores, por exemplo, custam a partir de R$ 12 mil ou são alugados por algo em torno de R$ 1 mil mensais. Os menores, de 3 a 5 kVA, têm preços variados – entre R$ 4 mil e R$ 8 mil – e permitem o uso da iluminação da portaria, dos portões de ingresso (pedestre e veículos), da mesa de interfones, das luzes nas escadas etc. A instalação depende de mão de obra qualificada para conectar o gerador aos circuitos que vai alimentar. É importante pedir referências precisas do profissional que vai fazer a instalação. Nos elevadores, a reação de alguns passageiros presos na cabine durante uma queda de energia é responsável pela esmagadora maioria dos acidentes, inclusive os fatais. O motivo mais comum é a tentativa do passageiro de sair por conta própria ou com o auxílio de pessoas não gabaritadas. Salvo nos casos (pouco comuns) em que haja gerador com potência suficiente para suportar o funcionamento de um ou mais elevadores, eles devem ser interditados. É importante dispor de luz de emergência no interior da cabine: qualquer parada por falta de energia acionará a lâmpada. Se imaginarmos uma pessoa idosa e/ou hipertensa – ou uma criança – presa no elevador com a cabine às escuras, teremos a dimensão da importância desse dispositivo. Nas escadas e nos corredores, embora o trânsito de moradores não seja recomendável durante a falta de luz, nem sempre é possível evitá-lo. Emergências médicas,

acidentes domésticos provocados por velas acesas, o número de imprevistos cresce no escuro. Além de obrigatória, de acordo com a Lei nº 2.917, de 29 de outubro de 1999, a instalação de luz de emergência é indispensável. Itens suplementares de segurança, como corrimãos e fitas antiderrapantes, também são obrigatórios e evitam acidentes sérios.

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notas

MTE prorroga obrigatoriedade dos novos Termos de Rescisão de Contratos O Ministério do Trabalho e Emprego prorrogou, para o dia 1º de fevereiro de 2013, a obrigatoriedade do uso dos Termos de Homologação de Rescisão do Contrato de Trabalho (THRCT) para contratos superiores a um ano ou do Termo de Quitação de Rescisão do Contrato de Trabalho (TQRCT), no caso de contratos inferiores a um ano. O objetivo da utilização dos termos

é facilitar o entendimento e o preenchimento das informações a serem prestadas pelo empregador. Com o novo texto, o empregador terá que preencher as informações conforme solicitado no Termo de Quitação de Rescisão do Contrato de Trabalho (TRCT), aprovado pelo MTE. Caso não seja feito dessa forma, o documento não será homologado.

Outra alteração foi em relação às rubricas nas vias do documento. A partir da publicação da portaria, passam a ser facultativas as rubricas, desde que seja respeitada a ordem numérica das vias. Nos atos de liberação de seguro-desemprego e da conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a Caixa Econômica Federal exigirá os novos termos.

A Lei nº 12.744/2012 regulamenta o mercado de locações corporativas de longo termo A Presidência da República sancionou a Lei nº 12.744, que trata das locações sob encomenda, modalidade muito conhecida em outros países sob a denominação de “build to suit”. A Lei nº 12.744/2012, publicada no Diário Oficial da União, 20/12, regulamenta um novo mercado: o mercado de locações corporativas de longo termo, que conquista a necessária segurança jurídica, busca pavimentar os investimentos no mercado de locações e abre espaço na inserção desse novo mercado ao sistema de recebíveis financeiros. O texto sancionado, anteriormente aprovado nas Casas Legislativas, foi iniciativa apresentada pelo deputado Júlio

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Lopes (PP-RJ). Durante a tramitação, o Secovi Rio e todos os Secovis que integram a Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI) apoiaram diretamente sua aprovação. O envolvimento de todos foi fundamental, já que esse segmento de mercado é extremamente promissor e a participação coletiva nas diversas etapas de discussão e desenvolvimento do projeto de lei perante o Congresso Nacional possibilitou um resultado final positivo. Foi vetado o trecho que estabelecia a obrigação de registo do contrato das locações por encomenda por ter sido considerado oneroso e contrário à finalidade do projeto.


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Condomínio por Renata Fernandes

Uniformes, um dos cartões de visita do condomínio É só fazer o teste. Experimente passar pelas portarias dos edifícios dando uma boa espiadela lá para dentro, tomando cuidado para observar a vestimenta do porteiro, a apresentação do segurança, o jeitão de se vestir do rapaz que cuida das plantas no jardim. Depois demore alguns minutos pesando suas impressões. Pode ter certeza de que os condomínios que mantêm os funcionários uniformizados deixam uma impressão mais positiva. O uniforme dos funcionários é o cartão de visitas. E não apenas isso. Os trabalhadores

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do edifício se sentem estimulados em ter um misto de boa aparência e conforto, e o visitante sai do condomínio com uma boa primeira impressão. Se é essa a que fica, vale a pena caprichar no visual. Gabriele Santos, que, há nove anos, é síndica do condomínio comercial Park Palace, na Barra da Tijuca, sabe disso. “O uniforme veio para evitar a discriminação, mas a padronização passa a imagem de organização. Ele deve ser mais um agente para contribuir com a imagem da empresa e do funcionário”, afirma com segurança.

É por isso que lá a síndica deu atenção redobrada à aparência de sua equipe. Na hora de escolher modelo e tecido dos uniformes, ela levou em conta cada detalhe e não deixou de pedir a opinião de um consultor, que acredita ser fundamental: o próprio funcionário que vai trabalhar com a roupa diariamente. “Entendo que eles devem sentir prazer ao utilizar o uniforme. É importante verificar a atividade desempenhada pelo funcionário diariamente, para unir padronização e conforto. Se eles se sentirem bem, todos ganham”, revela.


Delmy Guimarães, assessora de condomínios da CIPA: “O funcionário, quando está uniformizado, passa uma mensagem em relação ao prédio”

Gabriele criou critérios para a escolha dos uniformes que levam em conta uma série de detalhes e normas para sua boa utilização e manutenção. Cada função ganhou uma vestimenta diferente e apropriada e, além da opinião dos funcionários, a síndica estudou qual seria o melhor tecido, cor e modelo para cada uma das atividades desempenhadas. “Adquirir uniformes de qualquer tecido visando apenas ao custo não e aconselhável, pois, além de a durabilidade ser comprometida, o funcionário não costuma zelar por algo de que não goste. Procuramos utilizar tecidos leves e de fácil manutenção (amarrotam menos). A cor também é importante, pois alguns tecidos desbotam com mais facilidade”, opina.

O síndico Mauro Martins, do condomínio Villa Verde, é a favor dos uniformes clássicos

A preocupação com o visual é tanta que os vestiários do condomínio foram aparelhados com ferro e tábua para passar. Por lá a mensagem é clara: a aparência de todos precisa ser impecável. “Cada funcionário recebe três conjuntos de uniforme (que são substituídos a cada seis meses),

juntamente com o EPI, bem como todas as instruções necessárias para utilizá-lo e mantê-lo. Caso sejam danificados em tempo inferior a seis meses, é de inteira responsabilidade do funcionário sua reposição”, explica a síndica. Os critérios podem parecer rígidos, mas Gabriele garante que,

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64 anos de tradição e qualidade

Gabriele Santos, do condomínio Park Palace, criou normas para a utilização dos uniformes

depois das regras estabelecidas, a rotina passa a fluir de forma natural. “Depois de criados o padrão e a rotina, conseguimos manter, sem cobranças exaustivas, a apresentação impecável do funcionário”, revela. O síndico Mauro Martins, do condomínio Villa Verde, no Jardim Botânico, precisa administrar apenas três funcionários no condomínio, mas não se esquece da aparência da equipe. “Faz diferença na imagem do condomínio”, garante. O uniforme funciona como uma extensão do treinamento que os profissionais recebem para atender aos moradores e visitantes. “Faz parte de um ritual. Eles são treinados para ser gentis, receber bem todos que chegam, devidamente uniformizados. Faz parte da liturgia desse atendimento uma boa apresentação. E ainda cobramos que quem trabalha no prédio precisa estar também bem barbeado e com o cabelo aparado”, opina o síndico, que já está no segundo ano de seu segundo mandato. No Villa Verde, cada funcionário recebe quatro mudas de uniforme, que é composto por camisa, calça, sapato e um suéter com a logomarca do edifício, para o inverno. As peças são todas trocadas a cada ano e meio mais ou menos. E se o funcionário desempenha mais de uma função, tem mais de um modelo de uniforme. É o caso do faxineiro que cobre as folgas e os horários de almoço do porteiro. Quando entra na portaria, já

está com a vestimenta apropriada para receber os moradores. “Ele ganha extra para ser auxiliar de porteiro e, quando deixa a portaria, tira seu ‘traje de gala’”, conta Martins. A cor dos trajes no prédio do Jardim Botânico já sofreu modificações ao longo do tempo. A camisa branca foi substituída pela azul. “Além de ser uma cor bonita, dura mais e fica mais apresentável”, garante. E o modelo precisa ser clássico ou dá para inovar e adotar uniformes mais modernos? O síndico não tem dúvidas. “Se você começar a inventar demais, daqui a pouco vai ter funcionário trabalhando de bermuda, e isso não vai funcionar. Tem toda uma liturgia mesmo que precisa ser cumprida”, opina. Para o síndico, quanto mais prática for a vestimenta, melhor. E ele não se esquece de que é importante escolher roupas adequadas ao clima da cidade. “Geralmente, as portarias não têm ar-condicionado. Isso quer dizer que eles trabalham em um calor terrível boa parte do ano. Tem que ser um tecido fininho, que ‘respire’ melhor, sem ter uma aparência de fino demais. Um tecido leve, porém elegante”, descreve. E Martins já tem na ponta da língua o modelo que considera ideal. “Uma camisa de manga curta e calça mais arrumada, de tergal, bem apresentada. Assim, eles ficam bem, e o traje leva em conta esse problema fundamental do Rio de Janeiro: o calor”, aposta.

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Tanto no condomínio Park Palace como no Vila Verde, os funcionários recebem uniformes clássicos, de qualidade e de fácil manutenção. Todos recebem as instruções necessárias para utilizá-los e mantê-los. O resultado é um visual impecável

Há mais de 15 anos diretor da empresa Avental 10, especializada na confecção de uniformes para diferentes profissões, Alan Mynssen afirma que os tecidos mais recomendados para a confecção de uniformes são tricoline e Oxford, para os funcionários que trabalham na portaria, e brim profissional, para os que precisam fazer serviços mais pesados, como limpeza e manutenção. Além disso, Mynssen acredita que os síndicos devem optar por tecidos e modelos adequados às estações do ano. “O uso de uniformes pelos condomínios é muito importante para organização, segurança, qualidade e conforto no dia a dia de seus colaboradores”, afirma o diretor, que aconselha a troca do uniforme a cada seis meses.

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Delmy Guimarães, assessora de condomínios da CIPA, aconselha um visual mais clássico para quem está compondo o uniforme de sua equipe. “A primeira impressão é a que fica. Se o porteiro está bem uniformizado, é o cartão de visitas do condomínio. E um visual clássico interfere menos no ambiente. A equipe uniformizada demonstra o cuidado do síndico em relação ao prédio, a seus moradores e ao conforto de seus funcionários”, garante. Delmy lembra ainda que os uniformes facilitam a comunicação, porque já passam uma mensagem direta sobre a função desempenhada pela pessoa dentro do edifício. “Quem chega ao condomínio já sabe a quem vai se dirigir”, reforça.

A assessora aconselha o fornecimento de um uniforme completo, que inclua sapato e meia, além de camisa, calça e um casaco para os dias de frio, trocados periodicamente, para estarem sempre com aparência de novos. Para ela, a boa aparência aumenta a satisfação dos funcionários. “Com certeza eleva a autoestima. Passa uma impressão de seriedade”, afirma. Agora, depois de ler esta matéria, experimente fazer o teste sugerido no primeiro parágrafo. Um passeio atento pelas portarias da cidade revela o que Delmy não cansa de repetir: “O funcionário, quando está uniformizado, passa uma mensagem em relação ao prédio. É o portador do primeiro impacto.”


Gavin Spencer/stock.xchng

atualidade

Comércio terá que informar tributos nas notas fiscais ao consumidor Os impostos incidentes sobre produtos e serviços terão que ser discriminados nas notas fiscais ou afixados em cartazes em todos os estabelecimentos comerciais do país. É o que prevê projeto de lei aprovado no dia 13 de novembro de 2012 pela Câmara dos Deputados, que seguirá para sanção presidencial. De autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a proposta prevê a divulgação dos valores aproximados dos impostos correspondentes à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência contribui para a formação dos preços de venda. Pelo projeto, a apuração do valor dos tributos deverá ser feita em relação a cada mercadoria ou serviço, separadamente, inclusive nas hipóteses de regimes jurídicos tributários diferenciados dos respectivos fa-

bricantes, varejistas e prestadores de serviços. De acordo com o texto aprovado pelos deputados, o estabelecimento que descumprir a norma estará sujeito a multa, apreensão do produto e até interdição, total ou parcial, de estabelecimento, obra ou atividade. Depois de sancionadas, as empresas terão prazo de seis meses para se adequarem às novas regras. Deverão ser discriminados, nas notas fiscais, tributos como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) e Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR), entre outros.

Reajuste do Bilhete Único passa a ser obrigatório em fevereiro de 2013 O decreto estadual nº 43.993/2012, publicado dia 17/12/2012, no Diário Oficial do Estado, determina que o valor do Bilhete Único passará de R$ 4,95 para R$ 5,20. O novo valor, calculado com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que, nos últimos 12 meses, foi de 5,534%, entra em vigor na data de publicação do decreto, porém, passa a ser obrigatório a partir de 3 de fevereiro de 2013.

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CONDOMÍNIO

Cota extra: vilã ou mocinha?

Nem sempre a cobrança é bem-vinda, mas pode ajudar a resolver problemas Especialistas no segmento imobiliário afirmam que a estipulação da cota extra deve seguir critérios objetivos, respeitando-se a convenção do condomínio e, claro, a lei. Normalmente, a taxa serve para cobrir os gastos com uma obra necessária, ou seja, aquela destinada à conservação, algo que não possa ser adiado e coloque em risco a vida dos moradores. Mas, em muitos casos, ela é utilizada para quitar despesas ordinárias, como pagamento de salários, férias ou reajuste na conta de luz, por exemplo. Se uma obra urgente precisa ser feita e o condomínio não possui um fundo de reserva, o síndico pode, inclusive, instituir a cota extra sem necessidade de aprovação da assembleia, conforme determina o parágrafo primeiro do artigo 1.341 do Código Civil: “As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, independentemente de autorização, pelo síndico ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino.” Nesse caso, entretanto, recomenda-se prestar contas da contratação através do envio de cartas a todos moradores ou, se possível, pela apresentação de laudos técnicos em uma reunião posterior que comprovem a necessidade e urgência da intervenção.

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Cota extra sem fim

O advogado Marcelo Borges, DIRETOR JURÍDICO da Abadi, afirma que, para o caso de obras urgentes, o síndico pode estipular cotas extras sem autorização de assembleia

De acordo com o diretor jurídico da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Marcelo Borges, nessas situações, o gestor tem a obrigação de contratar o serviço. “Caso aconteça algum problema, ele pode ser responsabilizado civilmente. Se o síndico levar o assunto para reunião da assembleia e as pessoas não concordarem com a obra, pelo menos terá feito sua parte. Nesse caso, a ata registrada serve como prova de que ele não foi omisso”, reforça.

Muitos moradores reclamam quando a cobrança extrapola o tempo previsto. Em alguns casos, ela se torna praticamente uma “cota fixa”. Borges explica que, normalmente, quando usadas para pagar obras mais vultosas, as cotas extras têm o tempo de duração já definido no momento da contratação do serviço, quase sempre pago em prestações fixas. “Mas pode acontecer, por exemplo, um aumento repentino na conta de luz ou de água e o condomínio não ter caixa para arcar com o custo. Aí a cota extra se torna permanente para cobrir o consumo”, afirma o especialista. Nesses casos, ele sugere que o valor da cota seja incorporado ao condomínio na previsão orçamentária para o ano seguinte, ou seja, o síndico deve propor aumento da taxa condominial. Para o advogado Hamilton Quirino, especialista em direito imobiliário, o excesso de cotas extras pode ser sinal de que algo não vai bem. Ele acredita que a constante existência de saldo devedor decorre da falta de um bom orçamento ou da alta inadimplência. “Para evitar a situação, devem-se estudar detidamente a receita e a despesa e votar um orçamento condizente


Com apenas 31 anos, a síndica Marina Lavigne conseguiu quitar altas dívidas sem cobrar cotas extras

com a realidade. Se o problema decorrer da inadimplência, é preciso agilizar a cobrança através de protestos das cotas vencidas e do imediato ingresso de ações judiciais”, orienta.

Remédio não tão amargo Com apenas 31 anos, a síndica Marina Lavigne, que administra o condomínio do edifício Lucinha, com de nove andares e 108 unidades, no bairro do Riachuelo, está fazendo uma revolução. Marinheira de primeira viagem, ela assumiu a função há dois anos e, já nos primeiros meses, começou a colocar as coisas em ordem. Com muito jogo de cintura, poder de negociação, diálogo e algumas cotas extras, a gestora, que é analista de sistemas, conseguiu reverter o quadro de déficit permanente para um saldo credor de R$ 10 mil mensais. Com 30 anos de vida, o prédio estava pedindo socorro. Marina conta que a edificação estava há mais de dez anos sem obras de manutenção. Para completar, os índices de inadimplência estavam num nível que deixaria qualquer gestor de cabelo em pé. O primeiro problema a ser enfrentado foi uma dívida de R$ 170 mil com a Cedae em contas atrasadas. Como ela não conseguiu o parcelamento, a única alternativa foi criar um caixa. A solução foi encontrada com a adoção de uma medida simples: a inspeção de vazamentos em todos os aparta-

mentos. Com algumas trocas de peças e pouquíssimo custo, Marina conseguiu uma façanha: baixou a conta de água pela metade, de R$ 16 mil para R$ 8 mil. “Só que o rateio continuou com o valor mais alto, e com o saldo, eu quitava uma conta atrasada da Cedae até zerar a dívida em um ano”, orgulha-se a síndica do condomínio administrado pela CIPA. Passado o período mais crítico, a síndica finalmente pôde começar a pensar nas obras de que o condomínio tanto precisava. Na primeira etapa, foram gastos R$ 35 mil em melhorias no playground e na garagem, sem cotas extras. Atualmente, está em andamento a pintura da fachada, dos corredores internos, das áreas de serviço das escadas e das vagas na garagem, além de uma reforma da portaria. Como a conta vai ser mais salgada (R$ 240 mil), Marina não viu outra solução senão sugerir a cota extra, que foi aprovada por todos os moradores. “Vamos ratear mensalmente R$ 10 mil durante 24 meses”, conta a síndica, que precisou lançar mão de cotas extras também para o pagamento de férias de funcionários e dívida com o INSS. O valor da taxa condominial varia de R$ 180 a R$ 445, e os moradores não reclamam. “Estamos cuidando de nosso patrimônio”, brada a jovem síndica, já pensando nos próximos projetos: modernização dos elevadores e instalação de medidores individuais de água. JAN_FEV_MAR 2013

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A síndica profissional Guiomar Lopes Rodrigues recomenda: “Para aprovar uma cota extra, o síndico deve mostrar os problemas claramente, mas também apresentar as soluções e os custos

Justificando a cobrança da cota extra Uma cota extra deixa de ser um fantasma quando a cobrança é justificável e quando o síndico consegue ser organizado o suficiente para comprovar sua necessidade. Esse é o caso de Guiomar Lopes Rodrigues Braga, de 53 anos, pedagoga e síndica profissional há dez anos. Num dos condomínios comandados por ela, o condomínio Yeda, em Copacabana, a situação estava bastante complicada. Por ser da década de 1950, o prédio, com dez andares e 40 apartamentos administrado pela CIPA, apresentava diversas necessidades urgentes, entre elas modernização do PC de luz e reparo nos elevadores. Perspicaz, Guiomar, que assumiu a função em junho de 2012, começou a fotografar as áreas onde haviam sido encontrados os problemas e solicitou laudos técnicos que confirmavam a urgência das intervenções. Munida do máximo de informações, preparou material explicativo e fotos das áreas comprometidas do condomínio em Datashow e convidou engenheiros para participarem das reuniões da

assembleia. “Provei que aquelas obras eram realmente urgentes e necessárias; consegui que os moradores aprovassem as intervenções de imediato”, revela a gestora, que precisou ainda regularizar a situação do condomínio no que diz respeito ao equipamento contra incêndio, com custo de cerca de R$ 15 mil, valor devidamente aprovado pelo conselho fiscal, ciente da urgência da ação. Para as outras obras que, juntas, custaram R$ 52,4 mil, a solução foi estabelecer cotas extras. “Recomendo aos síndicos que precisem lançar mão desse recurso que, nas reuniões, mostrem os problemas claramente, mas apresentem também as soluções e os custos. O morador precisa saber exatamente onde está pisando”, alerta Guiomar. O valor da taxa condominial é de R$ 550,67, excetuando-se as cotas extras. Para a obra do PC de luz, definiu-se um sinal no valor de R$ 175 por unidade e nove parcelas de R$ 106,73. No que diz respeito aos elevadores, o sinal, por apartamento, ficou em R$ 83,33, mais quatro parcelas de R$ 27,88. JAN_FEV_MAR 2013

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BEM DITA! – a coluna de boas notícias Stella Maris Mendonça (smarismendonca@gmail.com)

IVETTE FERRERO/stock.xchng

Feliz ano novo para vocês, queridos(as) leitores(as), na sempre esperança de boas notícias que nos impulsionem no caminho reto. Vamos a elas.

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Rádio Maluca, o programa-show que você vê pelo rádio um programa especial para um sábado em família Você já ouviu falar da era do rádio? Rádio Maluca é a versão moderna de um programa de auditório que funciona como nos velhos tempos. O objetivo é trazer o rádio às novas gerações e recuperar a tradição dos programas de auditório, ao vivo, com a participação da plateia e dos ouvintes. Cenários teatrais, sonoplastia caprichada e figurinos maluquinhos exercitam a imaginação do pequeno ouvinte da Rádio Maluca, único programa do Brasil para crianças e famílias. Transmitido ao vivo pelas Rádios Nacional e MEC AM, com entrada franca, o programa atrai muita gente nas manhãs de sábado, das 11h às 12h, no Teatro do Sesi (Av. Graça Aranha, 1, Centro), porque o da Rádio Nacional, onde o programa tem acontecido há muitos anos, está em obras, juntamente com todo o prédio do edifício A Noite.

O teatro Sesi é muito bem cuidado, tem bons equipamentos de som e luz, ar-condicionado e um charmoso hall, que inclui um café superbacana. Está localizado per-


tinho do metrô da Cinelândia – ao sair na direção Pedro Lessa é só entrar por ela ou pela Santa Luzia e encontrar a Av. Graça Aranha, paralela à Rio Branco. Nos arredores há outras tantas atrações culturais e alguns bons restaurantes, o que possibilita uma esticada com almoço em família após o espetáculo. Idealizado, escrito e apresentado por Zé Zuca, cantor, compositor, ator e radialista, a Rádio Maluca é uma usina de novidades, uma central de brincadeiras, de histórias e do que de melhor se faz em música para a garotada. O apresentador abre o microfone para que crianças e famílias brinquem de rádio. O programa tem diversos quadros. No “Vou te provocar”, Zé Zuca pode começar perguntando às crianças, por exemplo, para onde iriam se tivessem um tapete voador. No “Músico mirim”, apresenta crianças cantoras e instrumentistas. No “Repórter mirim”, pequenos repórteres mostram matérias escritas por eles mesmos. Cada sábado, novas atrações musicais no quadro “Grande figura”, como Chicas, Hélio Ziskind, Bia Bedran e Be Bossa Kids. E mais: atores, escritores ou grupos de atores que contam a história do dia. Por tudo isso é que Zé Zuca diz: “Rádio Maluca é um programa que você vê pelo rádio.” O público que vai assistir ao programa deve chegar com meia hora de antecedência. Quem não conseguir entrar no auditório por estar lotado, pode sintonizar o dial na Nacional AM, 1.130 kHZ, ou Rádio MEC AM, 800 kHZ, ambas transmitem ao vivo, simultaneamente. Há ainda a opção de acompanhar o programa pela internet: www.mec.com.br/online, todos os sábados, das 11h às 12h.

Dois depoimentos sobre o programa: “Que sucesso maravilhoso! Malu e Eliza tentaram ir, mas estava tão cheio que não conseguiram entrar, acabaram ouvindo pelo rádio e disseram que foi sensacional!” (Karla Boechat, cantora e professora de canto; grupo Mulheres de Hollanda);

“As crianças cantam, dançam, respondem entrevistinhas, sempre vai uma atração para contar histórias e outra para tocar/cantar. O carnaval é uma maravilha! Vale conferir! Dá uma olhadinha na plateia... tem até bebê de colo!” (Sandra Goulart, no Facebook, para uma amiga).

Atenção! Em janeiro, há férias coletivas da equipe e, em fevereiro, a Rádio Maluca volta ao ar. Coapresentação e sonoplastia de palco: Mariano. Assistência de produção: Priscilla Silveira. Assistência de palco: Roger Sorim. Horário: sábados, das 11h às 12h. Local: Teatro do Sesi – Centro – Rio de Janeiro. Endereço: Av. Graça Aranha, 1, tel.: 2563-4163 (bilheteria). Transmissão: Rádio Nacional AM, 1.130 kHZ, e Rádio MEC AM, 800 kHZ. Contatos: 2117-7820/8893-3208 ou zezuca@terra.com.br Na internet: www.ebc.com.br Para saber mais: http://rmaluca.blogspot.com

Lançado Lima Barreto e Dostoiévski: vozes dissonantes, de André Dias Após cinco anos de pesquisa, André Dias lançou Lima Barreto e Dostoiévski: vozes dissonantes (Editora da UFF, 242 p. R$ 32). No prefácio, o professor Luís Felipe Ribeiro comenta que o autor privilegiou os valores e a ideologia presentes na obra desses dois autores a suas formas e estruturas narrativas. O livro é uma busca desenfreada pelas contradições, perplexidades e paradoxos presentes em suas obras. Mesmo geograficamente tão distantes e vivendo histórias tão distintas, Lima Barreto e Dostoiévski tinham em comum quase um vício pela realidade marginal, segundo o pensamento dominante. No livro, André Dias revela o cuidado desses autores com uma narrativa capaz de descrever um mundo que, embora fosse real, parecia ficcional aos olhos de uma camada da população que “fazia três refeições por dia”. Isso porque as cenas descritas eram dissonantes das experiências cotidianas dessa população de abastados que vivia alienada dos problemas sociais de seu tempo.

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Por toda a obra, fica explícito o esforço de Lima Barreto e Dostoiévski em romper com a cegueira de “conformados” e “satisfeitos” mais afeitos a uma literatura que acredita num real evidente do que aquela que pretende levá-los ao avesso de seus avessos. Um caminho que eles percorrem sem articular com esferas do poder político e ideológico, tampouco com um radicalismo de intelectuais que se pretendem verdadeiros “representantes do povo”. Ao descortinar uma vertente social da obra desses autores, André Dias nos faz lembrar José Saramago e seu célebre Ensaio sobre a cegueira, num exercício de reflexão sobre a sociedade e suas mazelas.

Compartilho com vocês o trecho do texto de Leonardo Boff sobre Oscar Niemeyer – nossa homenagem ao grande artista. “Seu comunismo está muito próximo daquele dos primeiros cristãos, referido nos Atos dos Apóstolos, nos capítulos 2 e 4. Aí se diz que “os cristãos colocavam tudo em comum e que não havia pobres

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entre eles”. Portanto, não era um comunismo ideológico, mas ético e humanitário: compartilhar, viver com sobriedade, como sempre viveu, despojar-se do dinheiro e ajudar a quem precisasse. Tudo deveria ser comum. Perguntado por um jornalista se aceitaria a pílula da eterna juventude, respondeu coerentemente: “Aceitaria se fosse para todo mundo; não quero a imortalidade só para mim.” Um fato ficou-me inesquecível. Ocorreu no início dos anos 80 do século passado. Estando Oscar em Petrópolis, me convidou para almoçar com ele. Eu havia chegado naquele dia de Cuba onde, com Frei Betto, durante anos, dialogávamos com os vários escalões do governo (sempre vigiados pelo SNI), a pedido de Fidel Castro, para ver se os tirávamos da concepção dogmática e rígida do marxismo soviético. Eram tempos tranquilos em Cuba que, com o apoio da União Soviética, podia levar avante seus esplêndidos projetos de saúde, de educação e de cultura. Contei que, por todos os lados que tinha ido em Cuba, nunca encontrei favelas, mas uma pobreza digna e operosa. Contei mil coisas de Cuba que, segundo Frei Betto, na época, era “uma Bahia que deu certo”. Seus olhos brilhavam. Quase não comia. Enchia-se de entusiasmo ao ver que, em algum lugar do mundo, seu sonho de comunismo poderia, pelo menos em parte, ganhar corpo e ser bom para as maiorias. Qual não foi meu espanto quando, dois dias depois, apareceu, na Folha de São Paulo, um artigo dele com um belo desenho de três montanhas, com uma cruz em cima. Em certa altura, dizia: “Descendo da Serra de Petrópolis para o Rio, eu, que sou ateu, rezava para o Deus de Frei Boff para que aquela situação do povo

cubano pudesse um dia se realizar no Brasil.” Essa era a generosidade cálida, suave e radicalmente humana de Oscar Niemeyer. Guardo uma memória perene dele. Adquiri de Darcy Ribeiro, de quem Oscar era amigo-irmão, um pequeno apartamento no Alto da Boa Vista, no Vale Encantando. De lá se avista toda a Barra da Tijuca até o fim do Recreio dos Bandeirantes. Oscar reformou aquele apartamento para seu amigo, de tal forma que, de qualquer lugar que estivesse, Darcy (que era pequeno de estatura) pudesse ver sempre o mar. Fez um estrado de uns 50 centímetros de altura. E como não podia deixar de ser, com uma bela curva de canto, qual onda do mar ou corpo da mulher amada. Aí me recolho quando quero escrever e meditar um pouco, pois um teólogo deve cuidar também de salvar sua alma. Por duas vezes se ofereceu para fazer uma maquete de igrejinha para o sítio onde moro, em Araras, Petrópolis. Relutei, pois considerava injusto valorizar minha propriedade com uma peça de um gênio como Oscar. Finalmente, Deus não está nem no céu, nem na terra, está lá onde as portas da casa estão abertas. A vida não está destinada a desaparecer na morte, mas a se transfigurar alquimicamente através da morte. Oscar Niemeyer apenas passou para o outro lado da vida, para o lado invisível. Mas o invisível faz parte do visível. Por isso, ele não está ausente, mas está presente, apenas invisível. Mas sempre com a mesma doçura, suavidade, amizade, solidariedade e amorosidade que permanentemente o caracterizaram. E de lá onde estiver, estará fantasiando, projetando e criando mundos belos, curvos e cheios de leveza.”


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atualidade

Despesas com ITBI e cartório podem ser incluídas em financiamento da Caixa Econômica Os gastos com cartório e com o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), agora, poderão ser incluídos no total financiado para a compra da casa própria pela Caixa Econômica Federal. A novidade foi anunciada no dia 13/12/2012 pelo banco e já está funcionando. De acordo com a Caixa, podem ser incluídas taxas de registro e escritura, entre outras despesas cartorárias e de ITBI, até o limite de 4% do crédito tomado. Segundo o diretor executivo de Habitação e Governo do banco, Teotônio Rezende, “com essa nova opção, a Caixa amplia ainda mais o acesso à moradia própria, proporcionando planejamento e facilidade de pagamento das despesas”. Para ter acesso ao crédito imobiliário, os interessados devem procurar qualquer uma das agências da rede ou correspondentes do Caixa Aqui. Até a primeira semana de dezembro, a Caixa alcançou R$ 93,7 bilhões em contratações do crédito imobiliário. O volume atingido supera em 33,1% o valor contratado até o mesmo período de 2011. Até o fim de 2012, a Caixa estima ter atingido a marca de R$ 100 bilhões em contratos de financiamento imobiliário.

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condomínio Por Paulo Ferreira

Elevadores Da atualização tecnológica aos cuidados com a manutenção O elevador, com frequência, passa despercebido pelos moradores do prédio. Quer dizer, ele é parte tão intrínseca ao cotidiano das pessoas que elas só atentam para sua existência quando ele dá problemas – e causa pânico – ao, literalmente, ficar parado – com gente dentro – quando deveria estar circulando. Nesses momentos, o condomínio é acionado para soluções pontuais, mas especialistas e síndicos ouvidos pela Condomínio etc. dizem que é muito melhor agir preventivamente: se os elevadores estão deixando de cumprir sua função – transportar com segurança –, chegou a hora de, mais do que conservar, fazer a manutenção e, porque não, moder-

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nizar um elemento tão essencial do prédio. Está lá: a Lei municipal nº 2.743, de 7/1/1999, do Rio de Janeiro, que dispõe sobre fabricação, instalação e conservação de aparelhos de transportes na cidade, obriga todo prédio com elevador de passageiros e de carga a manter contrato de conservação com empresa credenciada pelo órgão competente (GEM e Crea). As empresas também devem oferecer oficina com área mínima e equipamento seguro de responsabilidade civil, engenheiro mecânico responsável, atendimento 24 horas e emissão de relatório de inspeção anual. Mas na hora de decidir fechar um contrato, o que fazer primeiramente, como

perceber se o elevador merece conservação, manutenção ou mesmo modernização? “O contrato entre uma empresa especializada em manutenção de elevadores e o condomínio pode ser basicamente de dois tipos: de conservação, cujo preço só inclui o valor dos serviços, sendo as peças eventualmente necessárias orçadas à parte; e de manutenção integral, em que o preço é bem maior, porém, engloba o valor da mão de obra e de peças. Ambos têm que garantir que o elevador será verificado, preventivamente, a cada 30 dias, no máximo, com atendimento 24 horas para emergências”, explica o diretor comercial da Infolev, Fábio Aranha.


Aranha argumenta ainda que a maior dúvida dos condomínios é escolher a empresa que prestará o serviço. “Um contrato que não inclua o valor das peças pode ter problemas com orçamento de itens nem sempre necessários. Já os contratos com peças inclusas, corre o risco de a empresa só trocar peças em situações extremas”, diz. “Para a escolha de uma boa empresa, não basta ver o porte dela; nem mesmo o fato de ser uma multinacional garante estar livre desses problemas. O Rio de Janeiro tem cerca de cem empresas cadastradas na Prefeitura (GEM, da Rioluz) que estão aptas a fazer conservação e manutenção de elevadores.” A preocupação com o bom estado dos elevadores levou o condomínio Capri, em Copacabana, a modernizar sua estrutura – que antes era eletromecânica e, desde então, é elétrica – há dez anos. Os três elevadores atendem muito bem aos moradores dos 44 apartamentos do edifício. Há um ano, a síndica Maria das Dores Brito também providenciou a troca dos motores da porta. As cabines foram recauchutadas, mas uma coisa ela manteve: as portas pantográficas antigas, parte da constituição original e que ela conserva com carinho: “As portas pantográficas são douradas, belíssimas”, elogia. “Nada de portas de metal, que dão aquela sensação de sufocamento, de que estamos num caixão”, brinca. De fato, dona Maria das Dores não precisava ter aberto mão das portas pantográficas. Há, inclusive, empresas que se dedicam a cuidar da parte estética das cabines. “Existe um revestimento certo para cada elevador. Por exemplo, em elevadores

A síndica Maria das Dores Brito defende: reformas dos elevadores sim, mas sem abrir mão das belas portas pantográficas douradas

bem antigos, com portas pantográficas, e prédios com aspecto mais conservador, sugerimos um revestimento de laminado melamínico com imitação de madeira. Da mesma forma que indicamos um redesign de aço, com espelho, piso de granito, ventilador com sensor de presença para os condomínios com aspecto mais moderno”, indica Márcio Cordeiro, diretor comercial da Embelezart Elevadores. Segundo Cordeiro, o processo é simples e altera a estrutura original da cabina. Novos acabamentos da cabina, como parede, teto, piso e botoeira, são substituídos por itens mais modernos, que dão a sensação de que o equipamento é novo: “Esse serviço é cada vez mais utilizado pelos condomínios; além de proporcionar mais conforto aos usuários, pode valorizar os imóveis do edifício. Já o prazo de execução é bem inferior em relação à modernização tecnológica, pois, para reformar um elevador

de seis passageiros, gastam-se, em média, três dias. Depois de reformado, se ele for de aço, a manutenção é bem simples, basta apenas um pouco de vaselina e, no forro, um pano úmido.” Mas há casos em que o binômio manutenção–conservação e embelezamento já não servem mais. É necessário ir além: modernizar. No condomínio Bonaparte, na Tijuca, os moradores decidiram, há cerca de dois anos, modernizar completamente os dois elevadores do prédio. O síndico Menache Reznik disse que essa foi a primeira grande transformação dos elevadores do prédio, que é de 1976. “Houve troca da cabine e dos comandos da porta; o sistema eletromecânico foi substituído pelo elétrico. Além de o equipamento funcionar com muito mais eficiência, o prédio se beneficiou com a economia de energia dos novos elevadores”, explica Reznik, e aconselha: “Antes de fechar um

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O síndico Menache Reznik: modernização completa dos elevadores – mais eficiência e economia de energia com os novos equipamentos

contrato com uma empresa, é necessário se certificar de que o serviço oferecido por ela depois da visita do técnico inclua tudo que é necessário para a modernização seguir seu curso, para depois não haver contratos à parte para incluir peças e equipamento não previstos no contrato original.” E como saber a hora de modernizar?

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O diretor da Premium LV Rio Elevadores, Marcos Ventapane, esclarece: “Quando os elevadores já têm cerca de 20 anos, é bom começar a pensar na possibilidade de modernização. Entre as muitas vantagens, além de maior segurança, está o consumo de energia, que cai. Um elevador mais moderno consome cerca de 30% a 40% me-

nos energia que um elevador antigo.” Ventapane diz que, atualmente, muitos condomínios têm investido na estética e no embelezamento das cabines, porque chama a atenção dos moradores e dá aquela sensação de modernização. Ele, no entanto, ressalta que o que não é visto é de vital importância para o bom funciona-


Fabio Aranha da Infolev: “O Rio de Janeiro tem cerca de cem empresas cadastradas na Prefeitura (GEM, da Rioluz) que estão aptas a fazer conservação e manutenção de elevadores”

mento dos elevadores e cita exemplos de tecnologias “invisíveis” que fazem toda a diferença: “Há equipamentos moderníssimos que interligam, por exemplo, os elevadores. Ou seja, quando alguém chama o elevador, só um deles atende o chamado, poupando a energia do deslocamento que o outro faria. Há, ainda, programas que li-

gam e desligam os elevadores em horários predeterminados e que avisam a empresa quando o elevador apresenta defeito. Além disso, há pesadores de carga – que impedem o deslocamento do elevador quando há excesso de peso – e equipamento que respeita a acessibilidade, como botões em braile e digital voice.” “As inovações dos elevadores vêm principalmente com a implementação da tecnologia eletrônica digital. Podemos

destacar o quadro de comando, que é o ‘cérebro’ do elevador. Os modelos atuais multiprocessados, além de mais confiáveis, são mais eficientes, pois reduzem cerca de 40% o consumo de energia elétrica”, enumera Fábio Aranha, da Infolev. “Indicadores digitais valorizam o ambiente. Os mais modernos são com tela de LCD que, além de indicar os andares e o sentido do carro, mostram outras informações. Já existe sistema de anúncio por voz com opção de

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mensagens programadas de acordo com o horário ou conforme a data.” Aranha diz que, para facilitar a manutenção, é possível o técnico obter informações como os últimos registros de falhas ocorridas, inclusive com gráficos, através de um software acessado de um notebook. Além de programar o funcionamento conforme a necessidade específica de cada prédio, ele argumenta que uma das novidades mais recentes é o monitoramento de falhas via SMS (torpedo), que envia automaticamente ao técnico de campo uma mensagem para o celular com o tipo de problema que está ocorrendo, data e hora do incidente, para que o pronto atendimento seja providenciado. “Para um edifício ser um empreendimento de sucesso, ele precisa oferecer um ambiente agradável para seus ocupantes, além disso, seus sistemas elétrico e mecânico, principalmente os relacionados com transporte vertical, precisam garantir serviço seguro e confiável. Edifícios de múltiplos andares não podem ser eficientes sem um sistema de transporte vertical que funcione adequadamente.

Serviço Infolev – www.infolev.com.br infolev@infolev.com.br Premium LV Rio Elevadores www.premiumlvrioelevadores.com.br Embelezart Elevadores www.embelezartelevadores.com.br

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Pronto! Aconteceu o que se temia: o elevador parou e tem gente presa lá dentro. Essa é uma preocupação recorrente dos grandes condomínios, principalmente com a chegada do verão e o aumento no consumo de energia. Se você é uma das “vítimas”, o que fazer? Não se apavore e siga as instruções a seguir: mantenha a calma, pois a cabina é o local mais seguro; solicite ajuda pelo interfone e aguarde o resgate, que só pode ser realizado pela empresa de manutenção ou, em último caso, pelo Corpo de Bombeiros; não tente sair sozinho da cabine, forçando a abertura da porta; o resgate não pode ser realizado em hipótese alguma por vizinhos, pois a situação é de grande risco de acidente e pode ser fatal. Fontes: Fábio Aranha (Infolev) e Marcos Ventapane (Premium Elevadores).

Todo cuidado é pouco com a manutenção dos elevadores, como mostra esta reportagem. Que o digam os usuários do elevador que caiu do nono andar de um prédio comercial na Rua da Passagem, 123, no dia 5 de dezembro. O acidente por pouco não resultou em tragédia: das sete pessoas feridas, a com mais gravidade teve a perna muito machucada. O elevador que despencou ficou um ano em uma reforma de modernização e tinha sido liberado há 15 dias. A empresa responsável pela reforma ainda

não sabe as causas do acidente e vai se pronunciar depois da vistoria. Segundo funcionários e usuários do prédio, os quatro elevadores costumam dar problemas, e pessoas, com frequência, ficam presas neles. Para evitar acidentes e até mesmo tragédias, é preciso fazer a manutenção periódica do equipamento. Recomenda-se também acompanhar de perto as obras de modernização realizadas pelas empresas, que devem ser registradas nos órgãos competentes.


Comportamento por Lia Rangel

A política da boa vizinhança é a melhor opção O síndico pode ter papel fundamental e atuar como mediador nas brigas entre vizinhos Conviver em comunidade não é fácil, e todo mundo já está cansado de saber disso. Às vezes, é difícil lidar com nossos familiares, e com desconhecidos pode ser ainda mais complicado. Muitos são os motivos que geram desarmonia entre vizinhos. O barulho é o recordista de reclamações, com destaques para o salto alto da vizinha de cima, a guitarra do adolescente que mora ao lado, o latido do cachorro, o canto dos pássaros engaiolados, a furadeira e o liquidificador ligados em horário inapropriado e aquela obra que parece não ter fim. Fora os problemas sonoros, sobram pretextos para quem quer arrumar confusão. Pode ser infiltração, vaga na garagem, animais de estimação, lixo no corredor e mais um monte de motivos – que podem ser fúteis ou realmente relevantes – que acabam colocando o síndico em situações muito delicadas. Afinal de contas, qual o papel do síndico nas brigas entre vizinhos? O síndico tem inúmeras atribuições e muitos acreditam que tentar mediar essas confusões está entre elas. Para a síndica de um condomínio localizado no Méier, que prefere não se identificar, o papel do síndico vai além dos serviços administrativos e burocráticos. “Eu gosto de atuar como conciliadora nessas situações, porque, às

vezes, o que falta é apenas uma conversa”, afirma. Ela conta que um morador reclamou dos filhos do vizinho de cima, que costumavam jogar bolinha de gude à noite. O morador solicitou que a síndica o acompanhasse até seu apartamento para ouvir o barulho. “Eu pensei: bolinhas de gude nem devem fazer tanto barulho assim. Mas quando fui até o apartamento dele, pude constatar que é muito irritante ter que ouvir aquele barulho, principalmente depois de chegar de um dia de trabalho. Foi quando percebi que essa ex-

periência, de se colocar no lugar do outro, é a melhor forma de resolver conflitos. Na mesma hora, expliquei o motivo e chamei os moradores para ouvirem o barulho no apartamento debaixo. Eles perceberam o quanto era incômodo, se desculparam e nunca mais houve outro problema entre eles”, afirma. Mas nem tudo são flores, a mesma síndica conta que outro morador tinha um cachorro de grande porte em seu apartamento e que, às vezes, o animal fugia, o que causava pavor nos demais moradores. “Esse cachorro já deu susto em algumas crianças, até já correu atrás de uma, mas, felizmente, nunca aconteceu nada grave”, diz. O problema é que os outros condôminos se revoltaram com a situação e não toleravam mais a presença do animal no prédio, alegando que poderia ser um risco à vida de todos. Nesse caso apenas a conversa não foi suficiente, pois o morador insistia em manter o cachorro em seu apartamento, sob o argumento de que não tinha com quem deixar o animal. “Convocamos uma assembleia e conseguimos que a maioria aprovasse uma norma que proibia a permanência de animais de grande porte que oferecessem risco aos moradores”, conta. Continua na p.42

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Para que mediações como essa aconteçam de maneira correta, é preciso que as normas de comportamento que ditam as regras do condomínio estejam definidas de maneira muito clara e sejam de fácil entendimento. A partir daí, basta fazer com que o regulamento seja cumprido, já que fica subentendido que, ao aceitar morar em determinado condomínio, a pessoa aceita também as condições estabelecidas nas convenções anteriores. Entretanto, nem todos os síndicos pensam assim. Para a síndica de um condomínio localizado na Barra da Tijuca, que também não quis se identificar, o síndico deve atuar apenas nas questões administrativas e referentes à estrutura predial. “Em nosso condomínio, quase não temos problemas entre os vizinhos, mas quando acontece, prefiro não me meter. Cuido apenas do que diz respeito ao condomínio”, diz. O psicólogo Wellington Muniz afirma que para que a convivência entre condôminos seja mais tranquila, todos precisam saber respeitar o espaço do outro. “É aquela velha história, meu espaço termina quando começa o do outro. E entre vizinhos, pode-se dizer isso literalmente. Ter bom senso e não fazer com ninguém o que não gostaria que fizesse comigo são boas dicas para prolongar a convivência em sociedade”, garante. O artigo 1.277, § 1, do Código Civil, diz que o proprietário ou possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. Sendo assim, torna-se importante a intervenção por parte do responsável pelo prédio ou condomínio, seja na figura do síndico ou de algum administrador.

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Alguém precisa mediar os conflitos A advogada Lisbeth Nascimento diz que o importante mesmo é que o condomínio não se omita e que preste assistência. “Mesmo não sendo sua obrigação, como o síndico é quem convive diariamente com os moradores, o mais indicado é que ele mesmo tente intermediar essas brigas e solucioná-las para evitar problemas ainda maiores”, garante. Para o psicólogo Wellington Muniz, ao mediar conflitos, o síndico pode ganhar a confiança e o respeito dos condôminos. “Trazer o problema para si mostra que o síndico se importa com a tranquilidade em seu condomínio e zela pela boa convivência entre os moradores, o que pode fazer com que ele seja respeitado e ouvido em situações extremas”, diz. Nos casos de brigas, quando a aplicação

do regulamento é dificultada, as normas não são cumpridas e as conversas não funcionam, o síndico pode se valer do Código Civil mais uma vez, pois as brigas podem ser consideradas práticas antissociais e, dessa maneira, os envolvidos na briga podem ser multados. O valor, que pode ser até dez vezes maior que o da cota condominial, e o período para pagamento são decididos em uma assembleia extraordinária, convocada para resolver apenas aquele assunto. Quando a multa é aplicada, o condômino infrator tem o direito de se defender, também em uma assembleia geral, em que pelo menos três quartos dos moradores precisam comparecer para avaliar a ocorrência e autorizar ou não a aplicação da multa. Caso a conversa, a tentativa de conciliação e a multa não funcionem, o síndico pode acionar a Justiça.

Jogo de cintura e bom senso Para que a convivência condominial seja mais pacífica, todos os moradores precisam conhecer a convenção e o regulamento interno e, para isso, o síndico pode dar uma mãozinha divulgando essas regras e as do Código Civil. Isso pode ocorrer nos quadros de aviso ou através de circulares. Assim, ninguém vai alegar que desconhece as normas. Para Marineide Mesquita, assessora da CIPA há 15 anos, é importante que o síndico peça para que o morador incomodado registre sua reclamação no livro de ocorrências do condomínio. “Essa medida é muito importante para que o síndico fique respaldado e tenha como provar a existência da queixa”, diz. A assessora, que está no mercado imobiliário há 25 anos, conta que, geralmente, uma conversa resolve essas questões. “Uma boa conversa pode solucionar qualquer problema, mas caso o síndico não queira se envolver diretamente, ele pode solicitar que a administradora do condomínio envie uma carta para os vizinhos brigões”, finaliza.

Marineide Mesquita, assessora da CIPA: é importante que o síndico peça para que o morador incomodado registre sua reclamação no livro de ocorrências do condomínio


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ENTREVISTA

por stella maris mendonça

DIVULGAÇÃO

smarismendonca@gmail.com

Cynara e o Quarteto em Cy

uma marca indissolúvel

Cynara scolymus é o nome de uma planta exótica de folhas espinhosas, coroada por flores púrpuras, que emagrece, ajuda o fígado e apura o sangue. Sua fruta ainda é afrodisíaca, reduz o colesterol e regula a glicemia, por causa da cinaropicrina, substância encontrada em suas folhas. Os médicos árabes medievais a chamavam al-Kharsaf e aqui ela é a alcachofra. Chama-se também Cynara a cantora que veio da Bahia em 1963 para estimular plateias repletas nos festivais da canção e trazer a dose certa de doçura através de vasto repertório da fina flor de nossa MPB. Quem não se lembra de Carolina e seus olhos fundos e de Uma sabiá que hei de ouvir cantar? E quem não conhece o Quarteto em Cy? As vozes do grupo transitaram por notáveis compositores, como Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi, Chico Buarque, Tom Jobim e Edu Lobo. Em sua história, mais 46

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de 30 discos no Brasil e no exterior. Com uma carreira sólida e inabalável por mais de 40 anos, o Quarteto em Cy se mantém como um dos mais expressivos grupos vocais deste país. A cantora, arranjadora e compositora Cynara de Sá Leite Faria iniciou a carreira no Quarteto em Cy, com suas irmãs Cyva, Cybele e Cylene, no show de 30 de junho de 1964 no Bottle's Bar do Beco das Garrafas, em Copacabana. Desligou-se do grupo três anos depois e, com Cybele, formou a dupla Cynara e Cybele, que defendeu Carolina (de Chico Buarque) no II Festival Internacional da Canção, da TV Globo, no Rio de Janeiro, em que foram classificadas em terceiro lugar. Em 1968, as duas cantaram a música vencedora do III FIC: Sabiá (de Chico Buarque e Tom Jobim). No meio de muitas viagens e reestruturações do grupo, destacam-se a apresentação, em 1989, no Japão – um


arquivo quarteto em cy

festival de bossa nova, shows na boate Kay e um especial para a TV japonesa, ao lado de Carlos Lyra e Leila Pinheiro – e, em 1992, na Espanha, nas comemorações dos 500 anos do descobrimento da América, com Carlos Lyra, Gilson Peranzetta e Maria Creusa. Em 1997, o quarteto voltou a se apresentar no Japão e, no mesmo ano, recebeu o Prêmio Sharp de Música como o melhor grupo vocal do ano. Cynara, em trabalho solo, gravou o LP “Pronta pra consumo”, dirigido por Ruy Faria, com quem foi casada. No repertório, duas músicas de sua autoria: Oração do astronauta (com Sidney Miller e Ruy Faria) e Sem direção (com Ruy Faria). Participou, ainda, do Festival da Canção de Juiz de Fora (MG), em que classificou em primeiro lugar a canção Casaco marrom, de Renato Corrêa, Danilo Caymmi e Gutemberg Guarabyra. De 1972 a 1984, voltou a participar do Quarteto em Cy. De 1984 a 1987, período em que o quarteto ausentou-se do cenário artístico, idealizou e escreveu os arranjos vocais e atuou como cantora, ao lado de Bia Paes Leme, Soraya Monte Nunes e Luciana Medeiros, no grupo Chovendo na Roseira, que interpretava exclusivamente obras de Tom Jobim. O conjunto gravou o CD “Grupo Chovendo na Roseira interpreta Tom Jobim”, pela Som Livre. Como coordenadora musical da TV Manchete produziu os programas Bar academia, Um toque de classe (com Artur Moreira Lima), Som maior (juvenil), Clube da criança (com Xuxa) e Programa do Miéle

(musical de humor), todos sob a direção geral de Mauricio Sherman. Em 1987, retomou sua participação no Quarteto em Cy, com a volta do grupo à cena. No ano seguinte, produziu, com Luciana Medeiros, o LP independente de Luís Armando Queiroz, com arranjos de Cristóvão Bastos. Também em 1988 foi convidada por Artur Moreira Lima para participar do projeto Sexta Básica, em que produzia shows semanais que mesclavam repertório popular e erudito, durante três anos, na Sala Cecília Meireles. De 1990 a 1993, idealizou, produziu e apresentou o programa diário de música

instrumental nacional e internacional Circuito Instrumental, transmitido pela Rádio MEC. Além de integrante do Quarteto em Cy, vem atuando também como arranjadora vocal do grupo. Sua biógrafa, Inahiá Castro, autora de As meninas do Cy, declara: “Escrever a biografia do Quarteto em Cy é um desses privilégios que a vida nos oferece e que, com o tempo, descobrimos que se tratou de um presente infindável, uma caixa de surpresas que não se esvazia. É um trabalho que não se esgotou com a conclusão do livro, simplesmente porque fala da história de vida e música de artistas que não se esgotam nunca. Elas têm uma capacidade divina de reinvenção, resultado do profundo amor e respeito que têm pela música. O mesmo sentimento e atitude elas devotam a todos os que as rodeiam, de familiares e amigos a profissionais que as acompanham. Contar a história desta que é, sem dúvida, uma das maiores referências vocais de nosso país é discorrer também sobre capítulos fundamentais da história da música brasileira, mostrando a importante participação que o Quarteto em Cy teve e tem. O livro não tem a pretensão de esmiuçar detalhes da carreira do grupo; isso seria impossível, a menos que ele pudesse ser apresentado em diversos volumes, mas eu espero ter conseguido registrar a grandiosidade artística e humana e o grande legado musical que essas eternas meninas deixam para a história.” Conversamos com Cynara.

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Condomínio etc. – Como foi o início da história do Quarteto em Cy na Bahia? Cynara – Éramos quatro irmãs, inicialmente – Cyva, Cybele, Cynara e Cylene. Participávamos de teatro infantil com obras de Monteiro Lobato e também de programas de rádio, como a Rádio Sociedade da Bahia, em Salvador. Sempre ouvimos muita música. Nossa mãe tocava bandolim; nosso pai adorava cantar e gostava de acordeão. Ouvíamos a Rádio Nacional e os programas de auditório, com Ângela Maria, Dalva de Oliveira, Linda e Dircinha Batista, Nelson Gonçalves, Francisco Alves e tantos outros. Cetc. – E a vinda para o Rio? C – Cyva, irmã mais velha, veio primeiro para fazer curso de teatro com Adolfo Celli e nos chamou em seguida, em 1963. Cetc. – Que importância tem a Bahia, território de pura magia, na música popular brasileira e nas artes, em geral? C – “A Bahia nos deu régua e compasso”, como bem falou Gilberto Gil, que é nosso conterrâneo, pois morou em Ibirataia, nossa cidade. A mãe dele, dona Claudina, é madrinha da minha irmã Cylene e o pai dele, Dr. Gil, foi médico de nossa família naquela época, final dos anos 1950. Portanto, fomos amigos de infância e adolescência. Gil nos acompanhou no acordeão em muitos eventos escolares. É um grande amigo.

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Cetc. – Influências da música internacional? C – Não tivemos muita influência de músicas internacionais, pois morávamos no interior da Bahia e lá ouvíamos muito rádio, além do que, no fim dos anos 1950 para começo de 1960, a gente teve muita influência da música brasileira que ouvíamos na Rádio Nacional. Cetc. – Por que foi formada a dupla Cynara e Cybele? E qual a diferença de cantar em dupla e em quarteto, em termos de sonoridade, escolha de repertório, administração de conflitos... C – A dupla Cynara e Cybele foi formada em 1967, em nossa volta de Los Angeles, onde estivemos por quase seis meses, quando fomos participar do programa do Andy Williams, na NBC TV. Decidimos, então, que não voltaríamos a morar lá, como de fato aconteceu com o Quarteto em Cy já com outra formação. Chico já era nosso amigo e nos convidou, a mim

e a Cybele, para cantarmos Carolina, em 1967, quando ganhamos o terceiro lugar no Festival Internacional da Canção. Já no ano seguinte, ele de novo nos convidou para, dessa vez, cantar Sabiá, dele e do Tom, no Festival Internacional da Canção, e que acabou sendo a vencedora. Cantar em dupla é mais difícil, vocalmente falando, pois a sonoridade fica mais exposta, mas, em nosso caso, não tivemos problema porque nosso timbre (por sermos irmãs) sempre foi muito harmônico. A escolha de repertório também sempre foi muito democrática. Quando uma não gosta de determinada música, preferimos não cantá-la. Tem de haver unanimidade para que o som seja o melhor e mais bonito possível. Administrar conflitos é muito natural em grupos. E, no fim das contas, tem de prevalecer o melhor para o grupo em si, e não para os integrantes individualmente falando. Há que ter um consenso. No começo tivemos problemas, mas depois tudo ficou mais claro.


Cetc. – O grupo se dissolveu algumas vezes, sendo reformulado com novas pessoas, mas se mantem até hoje. Fala um pouco disso. C – Todas as vezes que paramos por algum motivo, cada uma de nós ficou na mesma área de atuação. Eu fui trabalhar como coordenadora musical da TV Manchete e lidava diariamente com música. Assim, não tive problemas de saudades. Curti minha nova carreira e pude voltar, em seguida, com mais experiência. Tudo isso uso até hoje no trabalho como arranjadora e produtora musical do Quarteto. As pessoas que entraram em determinadas épocas também atuaram muito bem. O Quarteto em Cy tem uma marca indissolúvel. Cetc. – Como foi a convivência e compartilhar trabalhos com Tom, Vinícius e Toquinho? C – Esse convívio foi enriquecedor para nós. Vinicius se tornou nosso padrinho quando sugeriu o nome do grupo – Quarteto em Cy. Ele e o Carlinhos Lyra fizeram uma reunião especial para nos batizar, com as primeiras sílabas de nossos nomes. Cada um deles (Tom, Vinicius e Toquinho) foi fundamental para nosso conhecimento da música brasileira. Além disso, foram grandes amigos. Com Vinicius e Toquinho convivemos amiúde e, com o Tom, eu e a Cybele tivemos momentos grandiosos em nossas carreiras. A jornalista paulista Inahiá Castro escreveu nossa biografia, As meninas do Cy. Lá todos poderão conferir nossas vidas –

não só sobre a carreira como também sobre a família, pois somos irmãs (pelo menos no começo da história do Quarteto) e a história revela fatos curiosíssimos. Aguardem. Sairá pelo selo Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de S. Paulo. Cetc. – Vocês cantaram e gravaram nos Estados Unidos, no Japão, na Espanha... Qual o país mais receptivo e respeitoso com o músico brasileiro? C – Gravamos dois LPs nos anos 1960, em Los Angeles, com arranjos de Oscar Castro Neves e Bill Hitchcock. Acabam de ser editados aqui no Brasil pelo selo Discobertas, de Marcelo Fróes. São CDs maravilhosos, com produção de Aloysio de Oliveira, produtor e parceiro do Tom em músicas como Inútil paisagem e Dindi, que, aliás, estão nos discos. Temos nossa discografia editada no Japão. Por isso acho que o Japão nos acolhe com um carinho mais que especial, entre todos os países por onde andamos. Já fomos três vezes lá e sempre foi maravilhoso. Cetc. – Torci muito por vocês em Carolina e Sabiá nos II e III Festivais Internacionais da Canção. O que representaram aqueles festivais em sua carreira? C – Representaram muito em nossa carreira, principalmente na minha e na de Cybele. Foram experiências incríveis, principalmente por estarmos em plena ditadura e termos cantado uma música tão erudita como Sabiá: um choque para o público que a vaiou, mas um presente para nós que a cantamos.

Cetc. – O jornalismo foi totalmente abandonado ou, como produtora, exerceu, indiretamente, essa atividade? C – Nem cheguei a fazer o curso, apenas pensei em fazê-lo porque meu pai era jornalista e me encanto por notícias e informação. Mas, de alguma forma, a exerço por estar sempre à procura de informações em geral, inclusive na política. Cetc. – Quantos discos gravou e quais os de maior sucesso? C – Gravamos, mais ou menos, 38 discos, fora as participações. Perdi a conta, juro. Em nosso site e em nossa biografia, virá a discografia completa, até com resenhas sobre cada disco gravado. Cetc. – Agora fala do MPB4. C – O MPB4 é nosso grupo irmão. Somos da mesma geração e temos um gosto musical bastante parecido. Eles começaram em 1965 e nós, no ano anterior, em 1964. Encontramo-nos bem no comecinho de nossas carreiras e, daí para a frente, não nos largamos mais. Volta e meia fazemos shows e discos juntos. Agora, eles ficaram sem o Magro, que faleceu em junho, e isso nos entristeceu demais. Mas eles vão continuar, pois a música é forte o bastante para lhes dar força e ânimo. Cetc. – Como anda o Quarteto em Cy hoje? C – Estamos com o novo projeto, Como dizia o poeta, que acabamos de estrear no Memorial da América Latina, em São Paulo,

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Divulgação

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e vamos levá-lo para todo o Brasil. É sobre Vinicius, claro, homenageando-o por seu centenário, que será em 2013. Já demos o pontapé inicial em nossas homenagens. Nesse show, temos a presença da filha do poeta, Georgiana de Moraes, e da Wanda Sá. Contamos histórias e cantamos muitas músicas inéditas e passagens de nossas vidas e convivência com o poeta querido. Em outubro, fomos à Virada Cultural do Paraná, onde fizemos shows nas cidades de Cianorte e Campo Mourão, com o Vocal Brasileirão, grupo vocal maravilhoso de Curitiba. Foram shows lindos. No fim, de novembro fomos a Vitória, Espírito Santo, e, em dezembro, para Itajaí, em Santa Catarina. Como vê, o Quarteto em Cy está em plena atividade. Hoje somos as três irmãs, Cyva, Cybele e Cynara, e a Sônia, que está no grupo desde 1968, quando o Quarteto foi pela segunda vez para os Estados Unidos, (ficando eu e a Cybele no Brasil), antes do sucesso com o Samba do crioulo doido, de Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta. Cetc. – Quem curte hoje na MPB? C - Curto Adriana Calcanhoto, Zeca Baleiro, Casuarina e, sempre, meus contemporâneos: Gal, Nana, Bethânia, Paulinho, Edu, Chico, Francis, Baden, Tom, Toquinho, Vinicius, Dori, Caymmi etc. Como vê, nossos ídolos ainda são os mesmos...

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1964: Quarteto em Cy – Quarteto em Cy (forma). 1965: Vinícius/Caymmi no Zum Zum – com o Quarteto em Cy e o conjunto Oscar Castro Neves (elenco). 1965: Caymmi and the girls from Bahia – Quarteto em Cy e Dorival Caymmi (Warner Brothers). 1966: Som Definitivo – Quarteto em Cy e Tamba Trio (Forma). 1966: Os Afrossambas – Quarteto em Cy, Vinicius de Moraes e Baden Powell (forma). 1966: The girls from Bahia/Pardon my english – Quarteto em Cy (Warner Brothers). 1966: Quarteto em Cy – Quarteto em Cy (elenco). 1967: De marré de Cy – Quarteto em Cy (elenco). 1967: ¡Revolución con Brasilia!/The girls from Bahia – Quarteto em Cy (Warner Brothers). 1968: Em Cy maior - Quarteto em Cy (elenco). 1972: Quarteto em Cy- QUARTETO EM CY (ODEON) 1974: Saravá, Vinicius! Vinicius de Moraes en São Paulo Con Toquinho y Quarteto em Cy - Quarteto em Cy (Musical Hall). 1975: Antologia do samba-canção – Quarteto em Cy (Phonogram/Philips). 1976: Antologia do samba-canção/ volume 2 – Quarteto em Cy (Phonogram/Philips). 1977: Resistindo ao vivo – Quarteto em Cy (Phonogram/Philips). 1978: Querelas do Brasil – Quarteto em Cy (Phonogram/Philips). 1978: Cobra de vidro – Quarteto em Cy e MPB4 (Phonogram/Philips). 1979: Quarteto em Cy – em 1.000 quilo-hertz – Quarteto em Cy (Polygram/Philips).

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1980: Flicts – Quarteto em Cy, MPB4 e Sérgio Ricardo (Polygram/Philips). 1980: Quarteto em Cy interpreta Gonzaguinha, Caetano, Ivan, Milton – Quarteto em Cy (Polygram/Philips). 1981: Caymmis, Lobos e Jobins/Caminhos Cruzados – Quarteto em Cy (RGE). 1983: Pontos de Luz – Quarteto em Cy (Som Livre). 1989: Cláudio Santoro Prelúdios e canções de amor – Quarteto em Cy (part. especial) (PAN/Coca-Cola). 1990: Os Afrossambas – Quarteto em Cy, Vinicius de Moraes e Baden Powell (Ideia Livre/Banco BMC). 1991: Chico em Cy – Quarteto em Cy (Fama/CID). 1992: Bossa em Cy – Quarteto em Cy (Nanã/BMG). 1993: Vinicius em Cy – Quarteto em Cy (CID). 1994: Tempo e artista – Quarteto em Cy (CID). 1996: Brasil em Cy – Quarteto em Cy (CID). 1997: Bate-boca – Quarteto em Cy e MPB4 (Mercury/Polygram). 1998: Somos todos iguais – Quarteto em Cy, MPB4 cantam Ivan Lins e Djavan (Mercury/Universal Music). 1999: Gil e Caetano em Cy – Quarteto em Cy (CID). 2000: Vinicius – a arte do encontro – Quarteto em Cy E MPB4 (Som Livre/ Universal Music). 2001: Falando de amor pra Vinicius ao vivo - Quarteto em Cy e Luiz Cláudio Ramos (CID). 2001: Hora da criança – Quarteto em Cy (CID). 2002: Quarteto em Cy – Quarteto em Cy (CID). 2004: Quarteto em Cy quarenta anos – Quarteto em Cy (Mercury/Universal). 2006: Samba em Cy – Quarteto em Cy (Fina Flor).


Reformas por Lia Rangel

Os benefícios do fechamento dos dutos de lixo Além de eliminar ratos, baratas e o mau cheiro, o fechamento dos dutos condutores de lixo dos condomínios pode ser sustentável Aquelas lixeiras localizadas em cada andar do prédio ainda estão presentes em muitos condomínios, e quem nunca entupiu um duto coletor de lixo que atire a primeira pedra. Seja com um saco de lixo maior do que a largura do duto, com caixa de pizza, com entulho de obra, com papelão ou qualquer outro tipo de lixo, é muito fácil bloquear a passagem e muito trabalhoso liberar o duto novamente. Além disso, o lixo acumulado em qualquer lugar – mesmo que seja em um duto – é ambiente ideal para a proliferação de mosquitos, ratos e baratas, além de causar muito mau cheiro. A síndica do condomínio Solar da Barra, localizado na Barra da Tijuca, Regina Laginestra, recebeu recentemente o prêmio Secovi Rio na categoria Condomínio Cidadão por desenvolver uma série de ações sustentáveis em seu condomínio, entre elas o fechamento dos dutos de lixo. Ela conta que antes mesmo de ser síndica sempre teve curiosidade para saber o que acontecia quando jogava o lixo no duto, até que um dia, ela teve a oportunidade de ir até a garagem ver como era e ficou apavorada. “Quando abri a porta, vi muitas baratas e ratos. Um absurdo! Como a gente podia morar em um condomínio que tinha

O condomínio Solar da Barra, sob a batuta de Regina Laginestra, recebeu recentemente o prêmio Secovi Rio na categoria Condomínio Cidadão por desenvolver uma série de ações sustentáveis em seu condomínio, entre elas o fechamento dos dutos de lixo

essa nojeira?”, indagou. Em 1998, ela conversou com o síndico de outro condomínio, que havia fechado o duto e implantado a coleta seletiva, e ficou com vontade de saber mais sobre o assunto. Até que, em 2000, motivada pela curiosidade e pela vontade de conscientizar as pessoas a pre-

servarem o ambiente através da mudança de hábitos e comportamentos, ela fundou o Instituto Ambientalista Reviverde com a intenção de prestar consultoria sobre educação ambiental, além de implantar e gerenciar o sistema de coleta seletiva de resíduos recicláveis.

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Carlota Costa, supervisora do Condomínio 900: “Nossos funcionários recolhem o lixo pela manhã e à tarde; e, a cada 15 dias, os funcionários da cooperativa de reciclagem passam para recolher o que foi separado”

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De acordo com o dito popular, casa de ferreiro, espeto de pau. Regina já trabalhava na área, mas seu prédio ainda mantinha os dutos em funcionamento e não fazia coleta seletiva do lixo. “Em meu condomínio, eu não conseguia introduzir a coleta seletiva porque o síndico não achava importante”, lamenta. Em 2010, ela decidiu se candidatar, foi eleita como síndica e finalmente conseguiu fechar o duto de lixo do prédio e implantar a coleta seletiva. A síndica garante que a principal vantagem é a higiene. “Os sacos de lixo costumam ser bem finos e o duto é feito de PVC. Com o tempo, o PVC vai ressecando, criando buracos que rasgam os sacos de lixo e fazem com que ele se acumule ali, além de grudar nas paredes”, diz. Mas a segurança também está em jogo. Regina citou o caso da síndica de outro condomínio, que procurou o Instituto Reviverde após um morador jogar restos de lixo de churrasco no duto – incluindo as cinzas do carvão ainda com brasas –, que provocou um incêndio no duto, fazendo o teto de gesso desabar e surgirem milhares de baratas, para desespero dos moradores.

Além da higiene e da segurança, há também a questão da valorização. Regina garante que o prédio que faz coleta seletiva tem um diferencial e é mais valorizado na hora da compra e da venda.

Pouco investimento financeiro e muita colaboração O investimento para fechar o duto coletor de lixo é baixo e, além de eliminar insetos e roedores, tem como retorno a adoção de uma nova cultura no condomínio, trazendo maior consciência ambiental para os moradores. “A separação do lixo é importante para o meio ambiente. Nossa bandeira é fechar o duto e implantar a coleta seletiva”, afirma Regina. O primeiro passo da Reviverde, quando há a intenção de se fechar um duto, é fazer uma avaliação completa do sistema no condomínio. Depois disso, o instituto traça um planejamento e aponta as melhores opções para a mudança do sistema de recolhimento de lixo, que podem variar de um condomínio para outro. Segundo Regina, a Reviverde também


gerencia todas as etapas da implantação da coleta seletiva. Torna-se imprescindível o fechamento dos dutos para que os moradores deixem de descartar o lixo misturado por ali. Depois são instalados, em todos os andares, cestos com tampa para descartar o lixo comum (resto de comida e lixo de banheiro) e cestos para descartar o lixo reciclável. Na garagem, também são instaladas bombonas para a separação do lixo reciclável, geralmente latinha, ferro, plástico duro, PVC, papelão e vidro.

Reciclagem é a alma do negócio Carlota Costa, supervisora do Condomínio 900, localizado em São Conrado, que também fez a obra de fechamento do duto de lixo, afirma que seu condomínio é adepto da reciclagem e conta com uma sala só para isso. “Nossos funcionários recolhem o lixo pela manhã e à tarde e, a cada 15 dias, os funcionários da cooperativa de reciclagem passam para recolher o que foi separado.” Depois dessa primeira fase, foi preciso conscientizar moradores, empregadas domésticas e funcionários do condomínio, e isso é feito através de palestras. “São enviados convites para todos os apartamentos. A partir daí, fazemos apresentação em Power Point; depois, servimos um lanche e distribuímos brindes ecológicos”, afirma Regina. O lixo passa a ser recolhido duas vezes por dia, e o lixo reciclável separado pelos faxineiros, diariamente. Regina conta que como o lixo é recolhido por andar, é possível saber quando algum morador não o está separando corretamente, e quando isso acontece, eles enviam uma cartinha cheia de cuidados para todos os aparta-

mentos do andar solicitando a colaboração de todos e explicando, mais uma vez, como e de que maneira o lixo deve ser separado. Com a colaboração de todos os moradores e funcionários é possível fazer com que esse programa funcione em pouco tempo. O lixo reciclado é vendido ao sucateiro, que passa no condomínio toda semana. O dinheiro arrecadado geralmente é revertido para os funcionários. Carlota Costa conta que a cada três meses é realizada uma reunião de reciclagem, na qual eles fazem uma palestra para reforçar a importância da separação correta do lixo. Nela também ocorre distribuição de brindes e cestas básicas entre os funcionários do condomínio e as empregadas domésticas.

Lei municipal sobre coleta seletiva A Lei Municipal 4.969/08, artigo 12, diz o seguinte: “Fica estabelecida, para os geradores dos resíduos, pessoas físicas e jurídicas, públicas e privadas, a obrigatoriedade de separação e acondicionamento do lixo a que se referem os incisos I e IX do art. 7º da Lei Municipal nº 3.273, de 6 de setembro de 2001, no local de sua produção, em sacos de cores distintas, determinadas pelo órgão ou entidade municipal competente, conforme o tipo de resíduo. Segundo o inciso I, § 3º, do art.12, a imple-

mentação da coleta seletiva já deve estar funcionando a pleno vapor desde o final de 2012, sob pena de multa inicial de R$ 50,00 (cinquenta reais).” Com a obrigatoriedade da coleta seletiva, a obra de fechamento do duto, além de manter o condomínio mais limpo, pode facilitar o cumprimento da lei. Carlota Costa disse que, quando seu condomínio passou a fazer a coleta seletiva, eles ainda não haviam fechado os dutos de lixo. “A princípio, colocamos apenas cadeados nas lixeiras, mas isso não funcionava muito bem, pois, mesmo com as palestras, quando chegavam empregadas novas, que desconheciam a nova prática, acabavam forçando os cadeados e descartando o lixo pelo duto, fazendo com que tivéssemos ainda mais trabalho.” A obra de fechamento do duto de lixo é bem simples, segundo Regina Laginestra: basta retirar a porta, fechar com tijolo, fazer o acabamento com azulejo e prontinho, adeus aos problemas com ratos e baratas. “Não existe nenhuma lei que obrigue o condomínio a fechar os dutos de lixo, mas o bom senso diz que isso não funciona, tanto que os prédios construídos há pouco tempo não têm duto coletor”, afirma a síndica. Regina, que já implantou esse sistema de coleta de lixo em aproximadamente 80 condomínios, diz que, às vezes, esse movimento surge entre os próprios moradores, mas não acontece se o síndico não estiver disposto. “O síndico precisa querer fazer isso. Muitos concordam que é mais prático, mas é importante que eles saibam que não há desvantagens, apenas melhorias. Quando o síndico é consciente, basta ter boa vontade”, finaliza.

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jurisprudênciaS

Fique por dentro das decisões de nossos tibunais DES. FERNANDO FERNANDY FERNANDES – Julgamento: 19/5/2010 – DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL. Agravo inominado. Ação de preceito cominatório. Condomínio. Alteração da fachada por meio de envidraçamento de varanda de unidade residencial. à convenção de condomínio devem obediência todos os condôminos. sentença de primeiro grau que julgou procedente o pedido do condomínio. irresignação do réu. agravo inominado a que se nega provimento. 0167433-12.2009.8.19.0001 – APELAÇÃO. Cupim DES. CELSO PERES – Julgamento: 28/3/2012 – DECIMA CÂMARA CÍVEL. Agravo interno na apelação Cível. Responsabilidade civil. Imóvel que apresentou infiltrações e infestação por cupim. Inércia do condomínio réu, representado por seu síndico, que não logrou êxito em manter as partes comuns do prédio em regular estado, o que poderia impedir a proliferação da praga na unidade do apelado. Danos morais comprovados pelo farto conjunto probatório acostado aos autos. Valor arbitrado em R$ 10.000,00 (dez mil reais) que atende as peculiaridades do caso, bem como os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Manutenção do decisum. Decisão do relator que se apoia em jurisprudência sedimentada desta Corte Estadual e da Corte Nacional. Inexistência de qualquer natureza teratológica na decisão. Improvimento do recurso. 0154495-82.2009.8.19.0001 – APELAÇÃO.

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DES. HELENA CÂNDIDA LISBOA GAEDE – Julgamento: 17/1/2012 – DÉCIMA OITAVA CÂMARA CÍVEL. Agravo interno. Decisão monocrática ementada como a seguir: apelação cível. ação de obrigação de fazer c/c ação de reparação de danos materiais e morais. condomínio. telhado do edifício com praga de cupins. anterior desmoronamento comprometendo outra unidade residencial que não a da autora. obras realizadas pelo síndico que restaram mal acabadas como o próprio afirma em assembleia geral. ausência de resolução do problema. reparos urgentes que devem ser efetuados. arts. 1.331 e ss do cc. inexistência de danos morais. mero aborrecimento cotidiano. sucumbência recíproca. provimento parcial do recurso, nos termos do art. 557, 1º-a, do cpc. desprovimento do recurso. 0113661-76.2005.8.19.0001 – APELAÇÃO. DES. ROBERTO DE ABREU E SILVA – Julgamento: 1/3/2011 – NONA CÂMARA CÍVEL. CONDOMÍNIO. DANOS À UNIDADE IMOBILIÁRIA. NÃO COMPROVAÇÃO. A responsabilidade civil dos condomínios edilícios é subjetiva, por força da regra geral esculpida no art. 186 do CC/02, devendo o condômino lesado comprovar o fato, o nexo de causalidade, o dano ocorrido e a culpa do condomínio. O autor comprovou por fotos que o dano ocorreu, ou seja, a existência de cupins no imóvel, mas não logrou êxito em comprovar o nexo de causalidade, isto é, que foi o condomínio réu quem deu causa ao evento danoso e, con-

sequentemente, não comprovou imperícia, imprudência ou negligência do apelado, sendo estes os exteriorizadores da culpa. O ônus da prova é do autor, nos termos do art. 333, I do CPC, sendo, por isso, irrelevante que o réu tenha desistido da prova. A comprovação do fato constitutivo do direito é providência a ser perseguida pelo autor da demanda. Registre-se que a legislação brasileira, ciente da necessidade de realização de provas em caráter urgente, sob pena de perecimento, colocou à disposição das partes a possibilidade de manuseio da medida cautelar nominada e satisfativa da produção antecipada de provas, nos termos do art. 846 e seguintes do CPC. Por fim, mesmo para os beneficiários de justiça gratuita existe a necessidade de condenação em custas e honorários advocatícios, cuja cobrança restará suspensa nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50 e súmula 41 do TJRJ. DESPROVIMENTO DO RECURSO. Vazamento de gás 0004577-87.2008.8.19.0211 – APELAÇÃO. DES. ZÉLIA MARIA MACHADO – Julgamento: 19/6/2012 – QUINTA CÂMARA CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. INSTALAÇÃO DE GÁS CANALIZADO. VAZAMENTO. LOCAL QUE NÃO COMPORTAVA INSTALAÇÃO. FALHA DO SERVIÇO EVIDENCIADA. RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DO SERVIÇO. DANO MORAL CONFIGURADO. 1 - A CEG ofereceu o ser-


viço de instalação de gás canalizado no ano de 2001 aos moradores do condomínio, tendo a autora permitido que a concessionária instalasse aquecedor em seu banheiro e pago pelo serviço. 2 - Seis anos após, instada a verificar vazamento ocorrido, preposto da concessionária lacrou a saída de gás no banheiro por desobediência às normas mínimas de segurança. 3 - Evidenciada a falha do serviço, deve a ré indenizar a autora pelos danos sofridos, estando o valor arbitrado em consonância com os parâmetros do proporcional razoável e com as circunstâncias do caso concreto. 4 - Sentença que deve ser mantida. Desprovimento do recurso. 0096613-65.2009.8.19.0001 – APELAÇÃO. DES. ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA – Julgamento: 5/6/2012 – NONA CÂMARA CÍVEL. Apelação cível. Direito do consumidor. serviço de fornecimento de gás. conversão do gás manufaturado para gás natural. exigência de substituição das instalações. vazamento na tubulação interna do edifício. interrupção da prestação do serviço. medida de segurança. longo período sem a prestação do serviço que não pode ser imputada à concessionária. ausência de falha no fornecimento. danos morais. inocorrência. reforma da sentença. Os serviços de natureza essencial devem ser prestados de forma contínua, entretanto, sem se olvidar das regras técnicas de segurança. Constatado vazamento nas instalações do condomínio onde reside a consumidora, com fuga superior a 5 litros por hora, ou seja, acima do permitido pelos padrões técnicos exigidos pela ASEPRJ - Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado

do Rio de Janeiro, é lícito à concessionária interromper a prestação do serviço até que haja condições mínimas para a continuidade do serviço de maneira segura. O regulamento, editado pelo Decreto Estadual nº 23.317/97, aplicável às instalações de gás canalizado, dispõe, em seu item 29, serem as ramificações internas do sistema de responsabilidade do proprietário do imóvel. A obrigação de prestação continuada do serviço não pode pôr em risco a coletividade. Inexistência de nexo causal entre a conduta lícita do fornecedor e eventuais danos morais experimentados pela consumidora. Reforma da sentença. Conhecimento e provimento do recurso. Acessibilidade 0028309-90.2009.8.19.0202 – APELAÇÃO. DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO – Julgamento: 24/7/2012 ¬– DÉCIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL. Responsabilidade civil. desavença entre condôminos por vaga de garagem. dano moral inexistente. Três apelações da sentença que julgou procedentes, em parte, os pedidos formulados por tetraplégico em face do condomínio em que reside e de condômino, visando melhorar suas condições de acessibilidade. Recursos dos réus: preliminar. A ilegitimidade ativa restringe-se exclusivamente ao pedido de que o condomínio disponibilize outra vaga de garagem para deficiente físico, além daquela assegurada na sentença. No mais, independentemente de ser ou não proprietário da unidade em que reside, o autor tem pleno direito de pleitear a adoção de medidas visando melhorar suas condições de acessibilidade. No mérito, a pretensão

autoral encontra amparo nos artigos 1º e 4º da Lei Municipal nº 3.311, de 3/12/2001, cuja aplicação não pode ser obstada pela convenção condominial. Recurso do autor: preliminar. A vaga que foi assegurada ao autor na sentença está indiscutivelmente vinculada ao apartamento em que reside com seus genitores, de modo que somente estes, na qualidade de proprietários daquela unidade, é que teriam legitimidade para pleitear uma vaga extra. No mérito, os aborrecimentos narrados pelo autor não configuram violação aos atributos de sua personalidade. Inexistência de dano moral a ser indenizado. Recursos desprovidos, nos termos do voto do desembargador relator. APELAÇÃO 2ª Ementa DES. CLÁUDIA TELLES DE MENEZES – Julgamento: 20/10/2011 ¬– QUINTA CÂMARA CÍVEL 0373371-04.2009.8.19.0001 Agravo Interno. Decisão da relatora que deu parcial provimento à apelação cível interposta pelo agravante, na forma do art. 557, § 1º, a, do cpc. medida cautelar inominada. condomínio edilício. morador proibido de ter acesso ao prédio pela entrada social utilizando triciclo motorizado. aparelho destinado ao auxílio na locomoção do morador. acessibilidade que deve ser garantida ao portador de necessidades especiais. ausência de motivos que justifiquem a vedação imposta pelo síndico. não comprovação da situação de perigo alegada. honorários sucumbenciais que devem ser fixados em atenção aos critérios elencados no art. 20, § 4º do cpc. adequação. desprovimento do recurso.

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notas

Preço de imóveis sobe 200% no Rio O preço dos imóveis no Rio disparou quase 200% nos últimos cinco anos. De janeiro de 2008 a outubro de 2012, a variação média acumulada do preço de venda dos imóveis no município foi de 191%, de acordo com o relatório de novembro do Índice FipeZap. No mesmo período, a variação do preço dos aluguéis na região foi de 110,7%. Apesar disso, em novembro, a taxa de aluguel no Rio caiu 0,39%, enquanto o valor para venda teve ligeira alta de 0,9%. Foi a primeira vez desde setembro de 2008 que o preço anunciado do metro quadrado subiu menos que 1% em um mês. O Leblon continua na liderança da lista de bairros mais caros do Rio – com o metro quadrado a R$ 19.445 –, seguido de Ipanema, Lagoa, Gávea e Jardim Botânico. Já

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os bairros mais baratos são Anchieta – R$ 1.100 o metro quadrado –, Senador Camará, Pavuna, Cavalcanti, Engenheiro Leal, Vaz Lobo e Brás de Pina. Para o consultor Marco Quintarelli, a melhor estratégia sempre é economizar para comprar a casa própria. “Vale mais a pena investir em um imóvel que será seu do que pagar aluguel. Se a pessoa não tiver recursos no momento, não precisa ficar afobada. O ideal é poupar e buscar uma aplicação que dê um bom retorno”, aconselha. Já o vice-presidente de locações do Sindicato da Habitação (Secovi Rio), Antônio Paulo Monnerat, acredita que a tendência dos aluguéis é estabilizar. “Os preços não devem disparar tanto e tendem a seguir a inflação”, afirma.


Selo Verde incentiva condomínios a reciclar lixo e óleo usados

Luiz Morier

A consciência ecológica nos condomínios cariocas ganhou um grande aliado e incentivador: o Selo Verde. O documento premia edifícios que atendem a critérios de sustentabilidade, como a coleta seletiva solidária e o Programa de Reaproveitamento de Óleo Vegetal (Prove). Concedido pela Secretaria do Ambiente, o selo verde foi lançado em novembro por Carlos Minc, no Encontro de Síndicos, e é uma parceria da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) e do Sindicato da Habitação (Secovi Rio) para estimular a sustentabilidade nos edifícios. No Encontro, que reuniu aproximadamente 600 síndicos, também foram feitas inscrições dos interessados em participar do projeto de implantação da coleta seletiva. A iniciativa também tem o objetivo de estimular o emprego verde e apoiar a estruturação das cooperativas de catadores de material reciclável na cidade.

Copa e Jogos já mexem com mercado A pouco mais de um ano da Copa 2014, o evento já rendeu R$ 75 milhões em negócios para micro e pequenas empresas nacionais, somente em 2012. O valor, segundo Luiz Barreto, presidente do Sebrae, pode chegar a RS 100 milhões, quando os dados do ano forem finalizados. Mapeamento do Sebrae listou, ao menos, 930 segmentos com potencial de crescimento. Mas todas as 12 cidades-sede, Rio de Janeiro entre elas, já se beneficiaram da criação de empregos em sete setores-chave da economia: construção civil, turismo, hotelaria, serviços, meio ambiente, tecnologia da informação e petróleo e gás. Os salários chegam a RS 20 mil. O movimento começou nas áreas de construção civil e energia, pela busca de mão de obra qualificada. Agora, a vez é da hotelaria, que terá de contratar pessoal para dar conta dos 20 mil novos quartos que serão só na capital fluminense até as Olimpíadas de 2016.

Minha Casa, Minha Vida já entregou 1 milhão de unidades A presidente da República, Dilma Rousseff, anunciou, em 4 de dezembro de 2012, a entrega de um milhão de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV). Em cerimônia no Palácio do Planalto, foi feita a apresentação do balanço do programa, que já contratou mais de 2 milhões de unidades habitacionais, até 28 de novembro, totalizando R$ 155 bilhões em investimentos. No Rio de Janeiro, a Caixa entregou 248 unidades do Residencial Mangueira para famílias com renda de até R$ 1,6 mil (Faixa I), que recebeu investimento total de R$ 11.983.506,17 milhões. Na segunda fase do programa, já foram realizados, até o dia 28 de novembro, mais de R$ 74 bilhões em financiamento para a contratação de 1.067 mil novas unidades habitacionais. Até 2014, a previsão do Governo é contratar mais 1,3 mil moradias, com recursos da ordem de R$ 85 bilhões.

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entrevista

Stella Maris Mendonça smarismendonca@gmail.com

Só 30 contos

novo livro de Pablo Kaschner e Mário Mendonça Uma menina carente que pede livros nos sinais de trânsito; um garçom que lê Schopenhauer; um aprendiz de músico que leva seu vizinho ao suicídio lento; uma jovem virgem em crise... São situações de Só 30 contos (que custa R$ 30), lançado pelo autor aos 30 anos e que mescla humor, surpresa, sensualidade, poesia. Difícil (e fácil) falar de livro de filho e irmão, mas coube-me essa tarefa e vamos tentá-la. Vale con62

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ferir as entrevistas com Pablo Kaschner, o escritor, e Mário Mendonça, o ilustrador. E vale comprar o livro – gostoso, ágil, emocionante, erótico e casto. Pablo Kaschner é radialista, roteirista da Conspiração Filmes, biógrafo do personagem Chaves (Chaves de um sucesso, editora Senac Rio) e do Seu Madruga (Seu Madruga – vila e obra,


editora Mirabolante), coautor do jornal A marmota, das coletâneas Humor, tô vivo!, Crônicas, contos e gozações e Tudo junto e sepa rado, trabalhos desenvolvidos nas oficinas de humor do escritor Márcio Paschoal, responsável pela orelha de Só 30 contos, “Pablo Kaschner consegue misturar, com rara maestria e desfaçatez, humor e temas leves com escritos mais sérios e dramáticos. O risco dessa opção é ver seus textos hilários comoverem às lágrimas e seus dramas resultarem em sonoras e incômodas gargalhadas.” Também o Casseta Cláudio Manoel, no prefácio de Só 30 contos, diz: “Se você não conhecia Pablo Kaschner, aqui você tem 30 maneiras de aproveitar. E aposto que vai gostar de todas. Trinta contos que contam e todos só por 30 contos! Saia contando vantagem! Você soube escolher um livro em que o autor faz honrar cada conto gasto, contando os contos com a arte de quem sabe as histórias contar. Pode contar com isso!” Mário Mendonça é um ícone da arte sacra no Brasil, mas seus desenhos sobre Dom Quixote, os eróticos, suas pinceladas sobre a amada terra mineira e seu museu aberto ao

público, em Tiradentes, apontam para um artista pleno, vivo, um contador de histórias voraz, afiado na palavra e no traço, que nos deixa ajoelhados diante de seus Cristos e nos faz cair de Rocinantes e Quixotes apaixonantes. Sobre ele, já se disse muito, mas, para ele, só tenho um gesto: aplauso. Vamos aos entrevistados.

Cetc. – Como avalia o resultado do livro? PK – Fiquei bastante satisfeito. É sempre uma realização ver o resultado final, o objeto livro, com cheiro, textura, um projeto gráfico bem resolvido, ilustrações tão bonitas, uma capa que teve minha cara, já que gosto de colagens... Enfim, o “bebê” não nasceu com cara de joelho, muito pelo contrário!

Condomínio etc. – Pablo, fale da ideia de publicar Só 30 contos valendo R$ 30 aos 30 anos. Pablo Kaschner – Sempre gostei de contar histórias em contos curtos; é um formato que me atrai, seja pela concisão, seja pelo tipo de linguagem, mais direta e sem muitos rodeios. O que fiz foi selecionar e reunir alguns textos que escrevia para a oficina literária da qual faço parte já há alguns anos. Decidi lançar o livro quando tivesse 30 anos, que é uma data redonda. Fui selecionando os escritos e, coincidentemente, resultaram em 30 mesmo. Quanto ao preço, foi uma forma de fazer um jogo de palavras com o livro, que se chama Só 30 contos.

Cetc. – Você se considera um escritor? É essa sua profissão definitivamente? PK – Profissão, não digo, pois não se pode subsistir dos direitos autorais da venda de livros. É muito mais uma realização pessoal, de colocar os escritos pra circular, dar a cara à tapa e perceber a reação dos outros. É bem gratificante ver como coisas que você criou tocam as pessoas. Cetc. – Em Chaves de um sucesso e Seu Madruga: vila e obra você tinha um norte, uma proposta concreta. Como foi se desprender para se jogar na literatura? PK – Acho que cada área tem seu encanto. Na biografia, o que se trabalha mais é a pesquisa – o que gosto muito, por sinal

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Cetc. – Qual o lugar do ilustrador de livros em sua trajetória como artista plástico, já que é um contador de histórias e que, ao ilustrar, conta histórias com suas imagens? MM – Comecei minha carreira de artista como ilustrador. O primeiro livro que ilustrei, Nas barbas do Tedesco, o fiz com 17 anos. Era também um livro de contos de humor sobre nossos pracinhas na Itália.

–, bem como a forma como ela vai ser passada ao leitor. Na obra ficcional, tem-se mais liberdade para inovar na linguagem e nos temas, e isso é quase como trabalhar sem chefe, pelo simples prazer (pasmem!) de trabalhar. Cetc. – O Brasil é o oitavo produtor de livros no mundo, mas seus escritores raramente podem viver de seu trabalho. Fale sobre a questão do direito autoral do escritor neste país. PK – Em média, o autor fica com 10% do preço de capa do livro. Quem não conhece o mercado fica impressionado com o quão baixo é esse percentual. Mas cada parte tem sua justificativa: as livrarias ficam com 50% porque a distribuição é fundamental para o sucesso comercial de um livro; a editora, com cerca de 40%, já que arcou

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com os custos de produção e impressão dos livros. Há formas alternativas de lançamento, divulgação e venda. Talvez o caminho esteja por aí. Cetc. – Mário, como recebeu o convite para ilustrar Só 30 contos? Mário Mendonça – Com muita alegria. Cetc. – Como foi o processo de criação? Algum problema com os temas mais picantes? MM – Foi assim: li e tirei os melhores momentos. Não tive problemas porque o espírito dos contos não é erótico, mas alegre e divertido. Cetc. – Gostou do resultado do livro? MM – Gostei muito, tanto como ilustrador como leitor. O livro veio para ficar.

Cetc. – Em 2013, quando completa 50 anos de pintura, como avalia sua caminhada? MM – É caminhada. Ainda tenho muito pela frente e muito por aprender. Cetc. – Que projetos desenvolve no presente e quais os para o futuro? MM – Meus maiores projetos, tanto no presente quanto para o futuro, são pintar, pintar e pintar cada vez mais. Cetc. – Umas palavras sobre o Instituto Mário Mendonça, em Tiradentes. MM – O instituto é minha maior alegria. Está sendo muito visitado, principalmente por pessoas de outros estados e do exterior. Um casal de Recife escreveu no livro de visitantes: “Este é um trabalho importante para a humanidade.” Vejam só! Neste ano, inauguraremos o pavilhão em homenagem a Dom Quixote, com mais de 40 desenhos que fiz na década de 1970. Pretendemos que o próximo seja em homenagem ao pintor Aluísio Carvão.


informe

Estatísticas de Imóveis Ofertados Por Tipo Imóvel Aluguel

Por Tipo Imóvel Venda 0%

7%

7%

14% 31%

15% 18%

20%

22%

0%

outros

874

Apart. (3 quartos)

1.640

Apart. (2 quartos)

631

Apart. (2 quartos)

1.433

sala

518

Apart. (4 quartos)

686

Apart. (3 quartos)

422

casa

612

casa

206

Apart. (1 quarto)

482

Apart. (1 quarto)

191

outros

1.857

total 2.842

Por Bairro Imóvel Aluguel 0%

48%

18%

Por Bairro Imóvel Venda

total 6.710

Por Finalidade

0%

13%

4%

2%

13% 24%

15%

35%

45%

28% barra da tijuca

36%

36% 1.014

barra da tijuca

1.267

223

copacabana

865

venda

centro

180

recreio

843

aluguel

copacabana

150

botafogo

363

lançamento

84

flamengo

304

temporada

recreio

tijuca outros

1.188 total 2.839

outros

49%

3.061

671 2.845 85 77 total 9.717

total 6.703

fonte: abadi

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reforma

Águas de verão Temporais podem comprometer o condomínio: saiba como evitar estragos No verão é assim: o dia começa lindo, o sol brilhando forte e as pessoas animadas com o fim de semana que virá. Mas a alegria pode ir por água baixo com as mudanças bruscas de tempo causadas pela alta umidade nessa época do ano. Quantas vezes aquele toró de final de tarde não acabou estragando seus planos? Mas mais do que atrapalhar a ida à praia ou o passeio ao ar livre, as chuvas de janeiro e fevereiro podem causar sérios transtornos aos condomínios se os síndicos não estiverem atentos.

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Os problemas, de acordo com a arquiteta e consultora do Secovi Rio Adriana Roxo, podem variar de simples goteiras e manchas de umidade a infiltrações sérias, alagamentos, quedas de muros de proteção e curtos-circuitos. Portanto, todo cuidado é pouco. “No momento em que a chuva está acontecendo é complicado adotar qualquer medida. Sendo assim, o mais importante é realizar a manutenção preventiva nos períodos de estiagem”, ensina Adriana.

Durante todo o ano, a cada três meses, o síndico deve verificar as condições do telhado ou da laje, se as telhas estão bem fixadas e sem rachaduras. Importante ver se as calhas – tubulações que escoam a água dos telhados – e os ralos estão limpos. Nos lugares muito arborizados ou com vento forte é comum as folhas causarem entupimento. Mas o problema pode ser gerado também por frutos, sacos plásticos trazidos, terra, restos de material de reforma, reboco caído ou até mesmo pequenas aves.


O vento pode provocar destelhamentos. “A limpeza pode ser feita pelos próprios funcionários, é preciso criar esse hábito. Não precisa contratar um técnico especializado para isso.” O problema, segundo a especialista, é que poucos síndicos costumam visitar essa parte do prédio. Se mesmo os telhados em perfeito estado podem ser pegos de surpresa por uma tempestade inesperada, imagine quando existem falhas. O síndico do Condomínio Rio Antigo, Kopler Haschelevici, que comanda um condomínio com cinco andares e nove apartamentos em Botafogo, já passou por maus bocados por causa das águas de verão. Em sua primeira gestão, há seis anos, um temporal de janeiro encontrou um prato cheio nas calhas da cobertura, causando forte infiltração no rebaixamento de gesso do apartamento. “Estavam tomadas por folhas e ferrugem, então a água acabou infiltrando e sujando todo o apartamento. Depois do ocorrido, fizemos a faxina e substituímos algumas calhas. A limpeza do imóvel ficou por conta do condomínio”, conta Kopler, que reside no edifício desde 1980. Tudo transcorria dentro da normalidade até que, dois anos depois, a imprevisibilidade da natureza voltou a assombrar o condomínio administrado pela CIPA. Mais uma vez, o apartamento da cobertura foi atingido. “Além das calhas danificadas, as telhas quebradas facilitaram a infiltração. Novamente a unidade sofreu vários danos. Aí decidimos que era hora de fazer uma obra”, lembra o síndico. Durante dois meses, o condomínio passou por consertos no telhado e teve as

Segundo o síndico Kopler Haschelevici, de Botafogo, as chuvas de verão causaram sérios problemas no telhado e na cobertura em duas ocasiões

calhas substituídas. A tubulação externa de escoamento de águas pluviais, que era de ferro, foi trocada por PVC ao custo total de R$ 10 mil. Bem pouco se levarmos em consideração o prejuízo causado pelas chuvas anteriores. “Hoje fazemos vistorias periódicas para ver se está tudo limpo e em bom estado de conservação”, garante. Adriana reforça que, em situações como as descritas pelo síndico, não existe outra alternativa senão esperar a chuva passar. “Pode ser perigoso iniciar qualquer reparo. Se houver infiltrações, é recomendável interromper o fornecimento de energia porque os cabos de alimentação de força passam pelas lajes e isso pode gerar um grave curto-circuito. Essa tem que ser a

primeira medida, e só depois o síndico deve pensar no que fazer”, orienta a arquiteta. O engenheiro civil e diretor técnico da Ricel Engenharia, Luiz Otávio Gomes Ribeiro, ratifica: “Para os reparos, as superfícies têm que estar limpas e secas. Enquanto estiverem úmidas, não há o que fazer.” Ele esclarece que os telhados são compostos por três partes: a estrutura, que é o elemento de apoio da cobertura e pode ser de madeira, de metal etc.; a cobertura, que tem a função de vedar e é composta por telhas de diversos materiais (cerâmica, fibrocimento, concreto, aço, metal, cobre etc.); e os condutores, utilizados para o escoamento conveniente das águas de chuva (calhas, coletores, rufos e rincões).

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Problemas na fachada e no subsolo Para os condomínios sem varandas ou algum outro item que proteja o apartamento, as chuvas fortes de verão podem ser bastante desagradáveis. Isso, claro, se houver problema de vedação nas janelas. “Normalmente a vedação externa é feita com silicone, argamassa ou outro material. Uma revisão anual nesses pontos é importante, mas isso pode ser feito por dentro das unidades. Não é preciso instalar andaimes, a não ser que haja necessidade de avaliar outros itens, como revestimentos externos ou marquises”, esclarece Adriana. Gomes, da Ricel, afirma que, para as fachadas sem revestimento, a própria pintura já serve como proteção. “É a maneira mais simples e eficaz de impermeabilizar uma edificação, por isso, o síndico tem que estar atento à manutenção, por meio de revisões a cada três anos”, diz. “Qualquer tinta para aplicação externa é boa, desde que seja bem aplicada. Antes da pintura, a

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superfície precisa estar perfeitamente limpa e seca, caso contrário, o prédio estará vulnerável a infiltrações”, complementa. Outro problema bastante comum durante o período de chuvas fortes é a infiltração das garagens. Adriana Roxo explica que, nas áreas de subsolo, geralmente existem duas bombas responsáveis por enviar a água utilizada na limpeza e das chuvas para o poço de água servida. Ou seja, esses equipamentos são de extrema importância. “Normalmente há duas porque os condomínios alternam o uso para não gerar desgaste. Se durante uma chuva forte uma delas parar de funcionar, a firma de manutenção, que já atende o condomínio durante o ano, instala uma bomba provisória.” As canaletas das garagens também devem ser permanentemente vistoriadas, já que o entupimento pode ser perigoso. Diariamente são trazidos terras e outros detritos pelos pneus dos veículos, além de

pequenos objetos que caem no chão. Para prevenir problemas, a limpeza dos poços de água servida deve ocorrer, no mínimo, uma vez ao ano, preferencialmente antes do início das chuvas. Quanto aos muros de arrimo, eles podem colapsar se estiverem muito encharcados. Ou então serem derrubados por terra ou lama. “Se apenas uma parte ficar de pé, o resíduo precisa ser retirado e o síndico deve entrar em contato com uma empresa de engenharia para avaliar os danos e propor soluções”, diz a arquiteta. A parte que permanecer de pé pode ser completada com chapas metálicas ou de madeira reforçada. Se não houver possibilidade de escoramento, a medida mais sensata é retirar todos os moradores do local e alertar a Defesa Civil. Serviço Ricel Engenharia – (21) 2262-3688


notas

Governo anuncia medidas para desonerar folha de pagamento e estimular a construção civil Preocupado com o fraco desempenho da economia, o Governo aproveitou a solenidade de entrega simbólica de um milhão de moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, no Palácio do Planalto, em dezembro, e anunciou um conjunto de medidas para estimular a construção civil. O setor foi incluído na desoneração da folha de pagamento, portanto, passará a pagar menos impostos e terá acesso a uma linha de financiamento de capital de giro na Caixa Econômica Federal em melhores condições. Além disso, a equipe econômica avalia elevar o valor máximo dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habi-

tação (SFH) de R$ 500 mil para R$ 750 mil. Segundo estimativas do Ministério da Fazenda, só a desoneração da folha dará alívio de R$ 2.850 bilhões em 2013 ao setor. Já o impacto do corte de impostos da

construção na arrecadação federal será de R$ 508 milhões. Ao todo, as desonerações chegarão a R$ 45 bilhões neste ano. Entre as medidas anunciadas ontem estão a substituição da contribuição patronal de 20% para o INSS sobre a folha por uma alíquota de 2% sobre o faturamento; a redução do Regime Especial de Tributação (RET) da construção, que unifica impostos federais de 6% para 4%; a ampliação do chamado RET Social, que tem alíquota de 1%, com o aumento do valor máximo do imóvel de R$ 85 mil para R$ 100 mil e uma linha de capital de giro na Caixa com juros de 0,94% ao mês.

Apagão de mão de obra nos condomínios Entre janeiro e outubro de 2012, a taxa de condomínio sofreu um aumento de 7,72% no país, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, bem acima da média do indicador, que registra inflação de 4,38% no período. A maior alta registrada em oito anos – o pico, de 9,74%, é de 2003 – tem como vilão um problema que afeta outros setores da economia: a falta de mão de obra. “Com a qualificação da mão de obra, se torna difícil encontrar profissionais para cargos mais operacionais”, diz Leonardo Schneider, vice-presidente de Assuntos Condominiais do Sindicato da Habitação (Secovi Rio).

Segundo Schneider, a folha de pagamento representa até 40% dos custos do condomínio e, com o bom momento da economia e o nível de renda elevado, a negociação dos dissídios tem sido dura e os reajustes chegam a algo entre 7% e 10%, geralmente. Contratos de manutenção também estão pesando nas contas. Levantamento feito pelo Departamento de Pesquisa do Secovi Rio revela que o bairro que sofreu o maior aumento, de novembro de 2011 a novembro de 2012, foi a Barra, com variação de 26,13%; Jardim Botânico, com 20,22%; Lagoa (15,78%); Flamengo (11,94%) e Méier (11,83%) completam a lista dos cinco mais.

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condomínio por Paulo Ferreira

Por que é tão difícil demitir um funcionário antigo? Qual a melhor forma de lidar com um funcionário antigo mas que já não pode trabalhar: demissão ou realocação de funções?

O síndico João Gualberto e seu Cremildo: depois de mais de 25 anos de bons serviços prestados ao condomínio, seu Cremildo finalmente pôde gozar da aposentadoria

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Seu Fulaninho, funcionário do prédio, já está no prédio há um tempão. Alguns dizem que ele estava na turma que ajudou a erguer o edifício. Conhece os moradores pelo nome e já convive com, pelo menos, três gerações de moradores. É tratado com carinho pela turma, ganha afagos das vizinhas mais prendadas e, no fim do ano, faz aquela festa com o bolso mais gordinho por conta das caixinhas de Natal. Mas seu Fulaninho já não está mais aguentando. Disposição há, mas a saúde não é mais a mesma: com a idade avançada, não tem força para serviços mais pesados e, se colocado na portaria, tem a atenção prejudicada pela visão mais fraca ou pelas sonecas que se multiplicam. Está na hora de seu Fulaninho dar sua vaga para outro, mas como fazer? Como abrir mão da confiança que todos depositam nele? E como ele vai tocar a vida? É sozinho, sem família e, muitas vezes, mora no prédio. Ele vai conseguir se virar? Essas são questões inevitáveis na administração de um condomínio. Muitos prédios da cidade contam com funcionários

que têm no edifício mais do que um trabalho, um ofício, sua razão de viver. Muitos, inclusive, moram em apartamentos funcionais. A questão de como conduzir esses casos passa pela aposentadoria seguida de desligamento, até remanejamento de função, em que eles podem usar seu conhecimento para orientar outros funcionários e auxiliar o síndico na administração. Nesses casos, funciona o “cada caso é um caso”. O artigo 1.348 do Código Civil determina que entre as atribuições do síndico esteja a gestão, o que inclui contratação e demissão de trabalhadores, além da determinação de colaboradores. É recomendado, no entanto, que o síndico se respalde em casos especiais, principalmente quando envolvem despesas, como indenização por demissão e cotas extras. “O síndico tem a prerrogativa, mas deve analisar cada caso. Se a rescisão for onerosa para o condomínio, se vai gerar custo e cota extra, ele deve convocar uma assembleia para discutir a questão com os moradores”, aconselha a assessora da CIPA Marineide Mesquita.


O síndico Amadeu Neiva: a indenização dada ao antigo funcionário ajudou-o a abrir o próprio negócio

Demissão, não importa a situação, nunca é agradável de conduzir. Ainda mais nos casos em que o funcionário é antigo, tem bom relacionamento com os moradores e sempre cumpriu seus deveres. Por isso, a melhor forma de condução é o cuidado. O síndico João Gualberto, do condomínio Alphard, no Leblon, e os moradores do local acabaram de se despedir do senhor Cremildo. Com 72 anos, trabalhou por mais de 25 no prédio. Lá já fez de tudo: foi faxineiro, porteiro e, até então, trabalhava como vigia noturno. A função passou a exigir muito de Cremildo por conta da idade – sua visão já não é mais a mesma e os tempos de cochilo entre os estados de atenção aumentaram. João Gualberto já não tinha como manter o querido funcionário e fez tudo para deixá-lo confortável: auxiliou-o em todo o processo da aposentadoria e os moradores ainda se cotizaram para caprichar num fundo extra que foi dado junto com a rescisão. “Não foi demissão, foi um desligamento”, explicou Gualberto, que teve, inclusive, cuidado no uso das palavras para conversar com seu Cremildo. “Ele entendeu a situação, e nós, infelizmente, não tínhamos como aproveitá-lo.”

Todo o processo de mudança de função deve ser conduzido de forma clara”, alerta Cristiane Menezes, da Saad Advogados

João Gualberto garante que Cremildo tem lugar cativo no coração dos moradores. Para Cremildo, não será difícil passar por ali vez ou outra: ele mora com a família ali perto, na Cruzada São Sebastião: “Ele é amigo do prédio e será sempre bem-vindo.” Muitas vezes, o condomínio decide dar a funcionários em idade mais avan-

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çada outras tarefas, como as administrativas, que exigem mais experiência e menos esforço. A iniciativa é válida. No entanto, é necessário ter cuidado. “Todo o processo de mudança de função deve ser conduzido de forma clara”, alerta Cristiane Menezes, da Saad Advogados. “Muitas vezes, o funcionário ganhou, ao longo do tempo, várias atribuições. No limite, o prédio o demite e paga todos os seus direitos. No entanto, se as atribuições e mudanças de função não foram registradas em carteira, o funcionário pode ingressar na Justiça contra o condomínio.” Para Cristiane não há problema em manter o funcionário trabalhando mesmo depois de aposentado. O importante é que o condomínio registre absolutamente todas as transições de cargos e funções. “O funcionário pode se aposentar, e o condomínio deve pagar todas as despesas referentes aos direitos trabalhistas. Ele pode continuar trabalhando e, mais adiante, requerer nova aposentadoria ou até aumento da aposentadoria. É uma vantagem para o trabalhador também. E o condomínio continua com uma pessoa de confiança.” A advogada também diz que funções administrativas, como chefe de portaria, são ótimas para serem ocupadas por funcionários mais antigos. Afinal, experiência é o que não lhes falta: “Ainda sim, é preciso ter tudo muito claro. Deve-se sempre evitar acúmulo de função para que o funcionário depois não conteste na Justiça.

As funções devem constar em carteira e, atenção, o funcionário não pode ganhar menos do que ganhava no cargo anterior.” Há casos em que problemas de receita podem precipitar a dispensa de funcionários. O síndico Amadeu Neiva, do condomínio Bougainville, na Tijuca, dispensou, há um ano, seu vigia noturno, que trabalhava no prédio há 18 anos. Seu Luís já estava em vias de se aposentar e seu Amadeu aproveitou a oportunidade para enxugar o quadro de funcionários: além de seu Luís, outro vigia foi dispensado. Hoje não há mais vigia e a entrada à noite no prédio é automatizada. Seu Luís acabou beneficiado com a indenização que recebeu: ele abriu um pequeno negócio onde mora, em Santa Cruz da Serra. “De vez em quando, ele vem visitar o prédio e cumprimentar os moradores”,

conta Neiva. “Foi uma história bonita: o irmão dele trabalhava aqui e precisou sair. Indicou seu Luís, que até então vivia de biscates e pequenos serviços.” Cotas extras para incrementar a indenização do querido funcionário são permitidas se decididas em assembleia e se estiver previsto em convenção. “Essas situações muitas vezes acontecem no caso daquele funcionário que mora no prédio e deve desocupar o apartamento. Esse dinheiro extra pode ajudá-lo a ter uma chance de se realocar e começar outra fase na vida”, explica Cristiane. E a preocupação com pesadas indenizações por causa do longo tempo na função? “As indenizações não costumam ser tão altas quanto se pensa. Em geral, ficam entre dois e três salários mínimos”, tranquiliza a advogada.

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ARTE condomínio por Cláudia Silveira

Cilene Medeiros: queixas incluem esteiras queimadas e armações expostas

Morando com o inimigo Especialistas ensinam o que fazer em casos de vícios de construção

Mais comuns do que se pensa, os chamados vícios de construção, aparentes ou ocultos, podem inviabilizar o uso parcial ou completo do imóvel. É dor de cabeça garantida não apenas para proprietários, como para síndicos. Evitá-los nem sempre é possível, mas uma boa dose de atenção e acompanhamento profissional pode fazer diferença. É o que ensina o engenheiro civil e consultor Antero Jorge Parahyba. “Uma coisa viciada é imprópria para a utilização da forma a que se destina”, resume. A lista de vícios de construção é extensa e se expressa notadamente no dia a dia de quem mora ou utiliza o espaço. São portas, janelas e basculantes que não fecham; azulejos quebrados que comprometem a imagem do imóvel; chuveiro sem caimento de água para o ralo do box; metais e louças de banheiro, cozinha e área de serviço com vazamento visível debaixo de bancas, rabicho e sifão; juntas de pisos e paredes irregulares que, à primeira vista, 74

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passam despercebidas principalmente por moradores ou síndicos inexperientes, apenas para citar alguns exemplos. Porém, nem sempre é possível detectar problemas pertinentes à construção do imóvel. Imagine que você está em seu apartamento novinho em folha, já morando, e percebe uma infiltração de seu imóvel para o do vizinho do andar debaixo. Certamente, quando examinou o apartamento e pegou as chaves, não havia como notar a existência do vazamento, já que não morava lá. Temos aí, portanto, um comum vício de construção. Imaginemos ainda que, em dia de forte ventania, o revestimento externo comece a cair sobre sua cabeça, seu carro... Ou começou a chover, você estaciona seu carro, e o acúmulo de água passa do playground para a garagem exatamente onde está o automóvel porque a impermeabilização não está boa. Temos aí mais dois casos típicos de vício de construção, cuja correção esta-


rá diretamente ligada à atuação do síndico. Problemas como os enumerados anteriormente expõem diferenças entre os projetos adquiridos das construtoras e os entregues a seus legítimos donos, sejam eles de unidades habitacionais ou o próprio condomínio. A cada uma dessas partes caberá o direito à reclamação, amigável ou, se for o caso, recorrer à Justiça pelo ressarcimento dos danos causados ou pela recuperação do que estiver danificado. A arquiteta Adriana Roxo destaca que outra falha comum é a não entrega de subsídios sobre a operacionalização. “O construtor tem que entregar as informações sobre como o usuário vai operar aquele bem. O síndico tem que saber como a bomba da água funciona, por exemplo. Ele terá uma série de dúvidas que devem ser sanadas com um manual, fornecido pelos construtores, tanto da edificação quanto de cada unidade. A falta de informação constitui um vício, a legislação diz isso. Verificamos não só a parte física, mas a parte documental para ver se está de acordo com o que deveria ser entregue”, afirma. A especialista recomenda ainda vistorias preventivas, em função da vida útil dos materiais. “Um exemplo ocorre com a pintura externa, que não dura mais de quatro, cinco anos; dependendo do local onde está, se o ambiente for agressivo, de frente para o mar, com muito vento, pode durar menos. Se o síndico deixar para pintar só depois que começar a aparecer o descascamento e a infiltrar para dentro das unidades, será preciso não apenas pintar, mas uma recuperação maior, haverá dano maior”, alerta.

Problemas na estrutura dos prédios estão por todo o lugar. Esteiras precisaram ser trocadas para atender à demanda

Briga que parece sem fim De problemas como os descritos pelo engenheiro Antero Parahyba e pela arquiteta Adriana Roxo, a síndica Cilene Magalhães Medeiros, de um condomínio em Botafogo, entende bem. Com apenas dois anos e meio, o conjunto de três blocos com 145 unidades coleciona inúmeros vícios de construção, cuja contenda é “candidata” a acabar nos tribunais. Um problema bem oneroso para o condomínio foi detectado no funcionamento das esteiras de ginástica. “A construtora vendeu um projeto com academia instalada e entregou esteiras de uso residencial em um condomínio onde residiriam mais de 300 pessoas. Ela tinha que ter colocado esteiras de uso profissional. O que aconteceu? Em menos de dois anos os motores elétricos não suportaram a carga, não fo-

ram dimensionados para a grande quantidade de pessoas.” O salão de festas põe em risco a segurança dos moradores. A porta, de acordo com o projeto original, deveria ser de correr, mas “por economia”, segundo a síndica, foi instalada uma porta que não atende à especificação inicial. “Essa porta não abre até o canto e é de blindex. Imagina no salão de festa infantil, com criança correndo, a porta transparente, num ângulo de 90 graus... Vai ter criança se machucan-

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do! Quando reclamamos, o argumento da construtora foi de que isso deveria ter sido visto na entrega. Já fizemos várias notificações. Esse é um pacote de problemas que poderia ter sido identificado na entrega do imóvel”, comenta. A lista de queixas não para por aí. Os tais “vícios ocultos” também são vilões no condomínio, com suas fissuras, até então desconhecidas, mas agora aparentes. “A construtora colocou uma camada superficial de argamassa na cobertura da laje do piso da garagem e a ferragem está exposta. Contratamos um profissional altamente especializado em estruturas e pedimos um laudo sobre os problemas estruturais.” A síndica afirma já ter enviado três e-mails solicitando uma reunião com a diretoria da construtora PDG/CHL “pela quantidade de problemas que já apareceram aqui”. “Quero apresentar o laudo, mas a construtora sequer respondeu minhas mensagens. Não é um problema grave agora, mas precisa ser tratado, porque, com o tempo, vai entrando água, danificando a armação e pode comprometer a estrutura do prédio. Vamos tentar amigavelmente que a construtora resolva os problemas, caso contrário, vamos contratar uma empresa para resolvê-los e cobrar da PDG na Justiça”, garante. A rede elétrica também causou transtornos. De acordo com Cilene Medeiros, o projeto de um dos blocos foi “subdimensionado”. “Na hora em que os aparelhos de ar-condicionado foram ligados no verão do ano passado, a energia começou a cair, havia sobrecarga. Tivemos que contratar um profissional da área para fazer uma avaliação do projeto e apresentá-la à construtora, que refez o projeto, obteve a aprovação

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Antero parayba: “Uma coisa viciada é imprópria para a utilização da forma a que se destina”

da Light e alterou o projeto elétrico de um dos blocos. Esse problema, pelo menos, a princípio, a construtora resolveu.” Até o balcão do bar na piscina apresenta defeito por ser confeccionado de MDF, não resistente à ação da água. “O balcão está podre. Aí, quando reclamamos à construtora, disseram que nós é que estávamos errados, porque não tínhamos que jogar água no chão!”, conta indignada. Para evitar tantos transtornos como os enfrentados por Cilene Medeiros, o engenheiro Antero Parahyba ensina como o síndico deve agir: “O síndico deve reclamar oficialmente à construtora no período da garantia, que é de cinco anos, por escrito, protocolado. No documento, deve constar o que ele viu, o que está ocorrendo e pedidas as providências. O mesmo vale para os donos dos apartamentos”, ensina Antero. Porém, quando o prazo de garantia chega ao fim, outros cuidados devem ser tomados, segundo o especialista: “Depois desse período, antes de o síndico mandar fazer o conserto, é interessante acionar um

consultor especializado – engenheiro ou arquiteto – para elaborar um laudo sobre a situação e notificar a construtora. Embora já tenham se passado os cinco anos, pode se tratar de vício oculto. Isso ocorre quando determinado componente da construção foi executado em divergência com o projeto, causando o problema mesmo depois da garantia. Se o projeto é apresentado de uma forma, mas foi executado de outra e o vício só se manifestou no sexto ano, por exemplo, por ser oculto, o prazo passa a contar depois da descoberta dele. O Código de Defesa do Consumidor estipula 90 dias para reclamar esse vício”, conclui. Procurada pela revista Condomínio etc. para dar sua versão dos fatos apresentados, a PDG deu a seguinte declaração: “A PDG informa que vem prestando a assistência técnica necessária, bem como todos os esclarecimentos e orientações para o bom funcionamento do condomínio. A empresa está à disposição para realizar uma reunião buscando um bom entendimento sobre as demandas do condomínio.”


mercado

Crédito para mercado imobiliário, pela primeira vez, supera o de automóveis O crédito destinado para o setor habitacional e imobiliário superou o do setor automotivo pela primeira vez no Brasil. A virada ocorreu em agosto e a diferença tem aumentado, revelam dados do Banco Central que foram elaborados pelo Estadão Dados (núcleo de jornalismo de dados do Estado). Em setembro, as operações de crédito para compra de imóveis por pessoa física e jurídica chegaram a R$ 334,6 bilhões, enquanto o setor automotivo ficou com R$ 319 bilhões. “O Brasil vem tirando um atraso no crédito imobiliário. Antigamente era muito difícil conseguir um financiamento”, afirmou Luís Eduardo Assis, economista e ex-diretor do Banco Central. “Houve essa mudança por causa da estabilidade da economia brasileira e da possibilidade de retomada do imóvel.” O aumento do crédito imobiliário tem sido impulsionado pela pessoa física. Por esse recorte, o saldo já é maior do que o do setor automotivo desde janeiro. Este ano, até outubro, as operações de crédito imobiliário aumentaram R$ 57,3 bilhões, enquanto as do automotivo cresceram R$ 533 milhões. O Brasil passa por uma mudança estrutural. O setor imobiliário foi beneficiado pela redução das taxas de juros, pelo crescimento do emprego e pelo aumento da massa de rendimento real dos ocupa-

dos, que, em setembro, foi estimada em R$ 42,2 bilhões, segundo o IBGE. É um crescimento de 8,6% em um ano. “Com a taxa de juros para crédito imobiliário em queda e prazos maiores, há maior demanda por crédito imobiliário. O déficit habitacional também influencia nessa melhora”, disse Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Por outro lado, o setor automotivo sofre uma ressaca da enxurrada de crédito que houve em 2009 e 2010. No auge da crise financeira internacional, o Governo reduziu impostos – como IPI – para ajudar na recuperação da economia. Na toada dessa política, os prazos para financiamento também foram alongados. Como reflexo dessas medidas, houve aumento da inadimplência, o que fez com que as concessões fossem travadas este ano. Em outubro, segundo dados do BC, a inadimplência no setor foi de 5,9%, abaixo dos 6% de setembro, mas 1,2 ponto porcentual maior que o verificado em outubro do ano passado. “Alguns bancos ficaram bem expostos em seus processos de concessão de veículos. É natural que haja essa retração para limpar um pouco essa carteira e diminuir a inadimplência”, diz Dorival Dourado, presidente da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).

O Estado de São Paulo, José Roberto de Toledo e Luiz Guilherme Gerbelli, dezembro de 2012.

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Atualidade

O paraíso (dos felinos) é aqui! Condomínio carioca dá exemplo de como cuidar de animais abandonados com o apoio dos moradores O comitê de recepção é grande e acolhedor, ninguém estranha os “forasteiros” – eu, por exemplo. Os primeiros a chegar são Simão, Menino, Cabeção, Jairo... Eles são alguns dos 50 gatos que vivem hoje em perfeita harmonia com os cerca de 2,1 mil moradores de um condomínio em Botafogo, na Zona Sul carioca. A experiência – considerada modelo – já rendeu prêmio à síndica Sônia Lessa, oferecido pelo Secovi Rio em 2008. Nos últimos 32 anos, ela se dedica a cuidar dos felinos no local que escolheu para viver – e onde encontrou seus “primeiros habitantes”. Um exemplo para ser admirado e seguido. A história dos bichinhos no condomínio, cujo nome prefere não revelar, data da década de 1960, quando lá existia o Hospital dos Imigrantes e uma quantidade de gatos desconhecida por ela. Uma década depois, por ocasião da construção dos prédios – um total de sete – lá permaneceram, dando início a colônias somente recentemente controladas e cuidadas pelos “vizinhos” seres humanos. São 35 mil metros quadrados que abrigam um bosque de aproximadamente 5 mil metros quadrados e onde encontramos a maior parte dos cerca de 50 bichanos existentes no lugar. Lá há três comedouros – espécie de “casinhas” com ração e água em abundância –, além de outros dois espalhados pelo condomínio para os demais “habitantes” do lugar. “Antes de começarmos, para valer, nosso trabalho de proteção animal, em 2004, eram uns 80 animais. Os moradores já eram engajados, porém, temos hoje a participação do condomínio na causa, que fornece ração, castração e cuidados veterinários. Isso aconteceu quando o então prefeito Cesar Maia baixou o Decreto 23.989/2004, que cria o conceito do animal comunitário, e aí o pessoal da defesa animal se sentiu mais fortalecido. Temos trabalhando efetivamente uns dez moradores, mas indiretamente há muita gente. Nunca vi ninguém ser 78

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contra. Hoje as pessoas têm mais receio de maltratar, isso dá delegacia!”, adverte Sônia Lessa, síndica há 11 anos. A paixão pelos felinos é tão explícita por lá que mesmo hoje, com a implantação dos comedouros, moradores mantêm o hábito de distribuir punhados de ração por diversos pontos do condomínio. “Em todo lugar que você vá sempre tem esse grupinho, então, esse grupinho vai dar um jeito de pegar esse animal e castrar”, conta rindo. O trabalho de esterilização foi fundamental para a garantia da saúde dos animais e a tranquilidade dos moradores, segundo ela. “Eu acho que a alma desse negócio de defesa animal é a castração, o controle da natalidade. E de quebra vêm vacinação, cuidados básicos de veterinária, pronto-socorro. Com a castração, o condomínio que não gosta de bicho vai ter menos bicho. É um plano que se tem a médio prazo para resolver esse problema da superpopulação felina”, ensina. A conversa era, vez por outra, interrompida pela chegada de mais um gatinho. Três, quatro, dez... Assim íamos contando e conversando, enquanto circulávamos pelo hábitat da turminha. Um enorme com uns 12 quilos, um grupinho amarelo, outros com, pelo menos, 15 anos e ainda os assustados pelo recente abandono.


“Até moradores jogam fora mesmo. Tem uma médica que deixou a Pink aqui e o condomínio a assumiu. É uma gata com problema urinário, come ração especial – dada por meu filho –, tem problema físico”, afirma. Naquele dia, Pink já havia tomado sol pela manhã e estava em seu abrigo – um dos três gaiolões colocados junto ao reservatório de água. “Se ela ficar solta, vai se enfiar embaixo dos carros. Aí, o morador sai e pode matá-la”, explica Jairo da Silva. “A Iara e a Margarida também ficam aqui à noite porque são bobinhas”, completa. Pois seu Jairo, como é carinhosamente chamado pelos moradores, é uma espécie de “anjo da guarda” da bicharada. Funcionário do condomínio há 21 anos – “Eu saí, depois voltei”, conta –, é cuidador dos animais e do bosque. É ele quem, todos os dias, às 5h10, com nada menos que 69 anos, chega para a primeira tarefa do dia: alimentar os bichanos. “Eles (os gatos) vão me encontrar no portão.” Seu Jairo é uma figura carismática, falou sorrindo durante os minutos em que contou como é sua rotina. “Depois de alimentar primeiro os do bosque, porque são os mais comilões e é onde há mais gatos, por isso de manhã não há mais ração, vou tirar meu cochilo e volto às 7h para bater meu ponto”, conta às gargalhadas. E chama cada gatinho pelo nome... O mais velho morreu recentemente, aos 19 anos. A moradora e veterinária Vanessa Ornela dos Santos é uma das colaboradoras. Coube a ela a tarefa da vacinação antirrábica. “Foi em tempo porque uma criança

Lílian Queiroz: “Faltam câmeras para inibir o abandono e a crueldade dos atropelamentos”

estava brincando com um gatinho e foi arranhada, mas o bichinho tinha acabado de ser vacinado contra a raiva”, lembra. “A vacina foi financiada pelo condomínio. Então, é preciso haver um síndico que entenda a necessidade dessa despesa, é uma questão de saúde pública. Além disso, com 50 gatos, você não vai ver ratos. É claro que fazemos um controle de pragas, tudo aqui é bem gerido, e temos até uma unidade de acúmulo de lixo, um esquema da Prefeitura para coletar nosso lixo.” Bem, para financiar as despesas é preciso, claro, de dinheiro. Mas isso não foi problema. Com inovação, Sônia Lessa descobriu como faria isso: “Para os cuidados veterinários, os comerciantes aqui da

Seu Jairo é cuidador dos animais e do bosque há 21 anos

região, para colocarem a mala direta deles – da pizza, da farmácia, por exemplo –, pagam R$ 10 por bloco. Isso dá R$ 70 reais pelo condomínio todo. Juntamos essa verba, que é oficial, entra no livro-caixa, a usamos para os cuidados veterinários essenciais, inclusive para a castração. A comida, o condomínio dá, custa pouco mais de R$ 1 por apartamento. Já coloquei isso no orçamento, em atendimento à lei.” Prestes a deixar o cargo – a próxima eleição será em janeiro de 2013 –, Sônia Lessa alerta que o futuro síndico deverá manter o trabalho feito até aqui, sob pena de “não ter sossego”. “Vou tomar conta, com certeza, para nada fazer contra os bichos e manter esse projeto.” Está dado o recado.

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Carolina Souza: “Gatos podem ser tão perigosos para o homem quanto um bife malpassado”

Sônia Lessa: “A alma desse negócio de defesa animal é a castração”

Abandono e maus-tratos moram ao lado O mesmo bairro – Botafogo – abriga histórias nem tão felizes. Em um condomínio muito próximo ao de Sônia Lessa, uma batalha diária e desgastante, segundo a presidente da ONG Oitovidas e também odontopediatra Lílian Queiroz, tem sido travada para manter os gatos da área. “Uma pequena parte dos moradores contrários à presença dos gatos abandonados, inclusive por outros moradores, frequentemente retoma nova discussão sobre a retirada dos felinos”, afirma. A Oitovidas tem feito um trabalho de “monge budista”, como define Lílian, embasada em estudos como os da Feral Cat Coalition, ONG localizada em San Diego, Califórnia, nos Estados Unidos, que defendem a não retirada das colônias de seu local de origem. “Logo após a retirada, vêm ratos e outros pequenos animais; em seguida, nova colônia volta a se formar, com outros gatos famintos. Em nosso condomínio, a Oitovidas tem castrado, alimentado e oferecido cuidados veterinários sem ajuda financeira ou mesmo de voluntários do próprio condomínio.” Lílian afirma que, de fato, existem populações de gatos em todo o aglomerado urbano, mas por irresponsabilidade humana. “Na natureza, sem o homem, realmente tudo ocorre ordenadamente. Com a entrada dos humanos, a desordem no meio ambiente é geral. O que controla a quantidade de felinos numa colônia em ambiente urbano são 80

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a esterilização e a inibição do abandono. O controle da colônia também é feito pelo encaminhamento de filhotes e gatos dóceis para o programa de adoção responsável, trabalhado em redes sociais e no site da instituição”, explica. Nos últimos 12 anos, quando se mudou para o condomínio, onde também atua no controle da população e na defesa dos felinos, mais de 3,5 mil gatos conseguiram lar e aproximadamente 5 mil foram esterilizados na região graças ao desempenho da ONG. Segundo ela, ao contrário do que se pensa, gatos domesticados abandonados à própria sorte em grandes metrópoles não têm como se alimentarem sozinhos. “Contam apenas com a água da chuva e, para comer, os poucos pequenos animais que caçam. Passam a procurar comida no lixo, ficam doentes e viram foco de doenças.” Além da falta de comida, a condição de saúde precária e atos criminosos contra os felinos eram comuns. “Quando cheguei ao condomínio havia mais de 300 gatos doentes e em franca proliferação. Hoje, mesmo com o abandono diário, a colônia está pela metade. Mas faltam câmeras para inibir o abandono, assim como a crueldade dos atropelamentos, alguns propositais”, critica. Lílian Queiroz explica que “não existe um só local para onde, depois de retirados, eles possam ser levados


em segurança”. “Na maioria dos abrigos, pouquíssimos sobrevivem, pelo estresse do confinamento em gaiolas lotadas de animais doentes, cheios de viroses. Muitos deles podem ser comparados aos campos de Auschwitz. A Oitovidas não tem abrigos, porque acredita que os animais não merecem ter sua liberdade cerceada por interesse de humanos antropocentristas.”

Falta de informação, obstáculo para a convivência pacífica A principal causa da objeção a gatos está, possivelmente, na falta de informação ou mesmo em informações erradas sobre zoonoses. A avaliação é da veterinária Carolina Souza Antônio. Segundo ela, “precisamos desmistificar alguns pontos nesse sentido”. A primeira doença que todos associam aos bichanos é a toxoplasmose, alerta. “Inclusive médicos humanos, inadvertidamente, orientam seus pacientes, em espe-

cial mulheres grávidas, a se desfazerem de seus gatos e cães para evitar o contágio. Ora, quem em sã consciência comerá as fezes de seu gato ou a carne de seu cachorro?!”, questiona. De acordo com a especialista, menos de 1% da população de gatos participa dessa transmissão, e geralmente só se infectam uma vez na vida, pois produzem anticorpos contra o Toxoplasma gondii após a primeira infecção. “Além disso, as fezes só serão fonte de infecção se forem ingeridas a partir do segundo dia de exposição no ambiente. Os gatos são culpados pela transmissão da doença, quando, na verdade a principal e mais comum causa é a ingestão de carne mal cozida e de verduras mal lavadas.” Outras zoonoses transmitidas pelos felinos são algumas verminoses que podemos prevenir com esquemas de vermifugação e doenças fúngicas, como a esporotricose e a dermatofitose. “A esporotricose é causada por um fungo que vive nos solos; ao enterrarem suas fezes, os gatos carreiam o fungo nas unhas e o transmitem através das arranhaduras.

Portanto, o homem pode se contaminar também manuseando a terra sem utilização de luvas, por isso o apelido de ‘doença do jardineiro’. Os sinais são feridas na pele que não cicatrizam sem o antifúngico e, se orientado por um médico veterinário, o tratamento é bastante satisfatório e o potencial zoonótico é reduzido. A dermatofitose também é uma doença de pele causada por fungo, porém mais superficial e facilmente tratada se bem orientado pelo veterinário”, explica. A veterinária Carolina Souza garante: “Em resumo, os gatos podem ser tão perigosos para o homem quanto uma alface mal lavada, um bife malpassado ou um espinho de planta com terra. Não há motivos reais e concretos para temermos essa relação. Basta entendermos as particularidades da espécie, respeitando-as, e darmos a assistência de que todo ser que dependente de nós precisa, alimentos de boa qualidade, prevenção de doenças com vacinação, castração para evitar gestações indesejadas e diminuir o abandono e levar o bichano ao veterinário com regularidade para o acompanhamento de sua saúde.”

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ARTE

mรกrio Mendonรงa

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mariza lima

Evandro Carneiro Fico muito à vontade e satisfeito ao falar sobre o escultor Evandro Carneiro, pois começamos juntos nossa carreira de escultor e pintor em 1963, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2013, celebramos nosso jubileu de ouro na arte, além de uma gratificante amizade. Nos cursos livres do MAM, Evandro sempre se destacava, trazendo trabalhos para serem analisados. Nós dois movimentávamos as aulas, uma vez que trabalhávamos muito e levávamos o produto desse trabalho para ser avaliado, sobretudo, pelo rigor de um dos professores, o excelente Ivan Serpa. Cada um seguiu seu caminho, pesquisando e crescendo em nosso meio. Evandro continuou seus estudos, dessa vez na Escola Nacional de Belas Artes. Um ano depois, venceu seu primeiro concurso, instituído pelo jornal Diário de Notícias para a Campanha Nacional da Criança. No afã de progredir, passou a estudar também com a escultora Celita Vaccani. Em 1988, “Dédalo”, escultura de sua autoria de grandes dimensões, foi inaugurada no Palácio dos Leilões e recebeu o prêmio Otávio de Gouveia Bulhões. A partir de então, Evandro passou a expor no Rio e em São Paulo. Um “Cristo crucificado”, também em grandes proporções, está entronizado na Igreja de São Sebastião, em Petrópolis, Rio de Janeiro. Atuou no Laboratori Artistici di Scultura in Marmo Carlo Nicoli, em Carrara, Itália, cidade dos mármores de Michelangelo. Trinta anos depois de frequentarmos o curso de Ivan Serpa, Evandro volta ao Mu-

seu de Arte Moderna, dessa vez com uma mostra individual, evento que representa consagração de sua carreira. Para coroar uma longa amizade, o Instituto Mário Mendonça, em Tiradentes, MG, inaugurou uma magnífica escultura de Evandro Carneiro, chamada “Dom Quixote” - que ilustra este texto - no mais recente pavilhão, unicamente dedicado ao Cavaleiro da Triste Figura. A respeito da magnífica obra de Evandro Carneiro, escreve o crítico Mario Margutti: “Este Dom Quixote é uma das esculturas mais figurativas já criadas por Evandro Carneiro. Em geral ele se dedica à figuração estilizada, a um passo da abstração. Mas nesta obra aventurou-se em um processo de modelagem realista. Como criador expressivo que é, esculpiu cavalo e cavaleiro em ritmos matéricos diferentes. E assim Evandro nos ensina que, dentro da alma alucinada do personagem que marca o início da Literatura Moderna, pulsa um coração obstinado que não desistirá de consertar os ‘desarranjos do mundo.’” A presença da escultura de Evandro no Pavilhão Dom Quixote, tal qual guardião do espaço e dos desenhos que lá estão, confere ao Instituto Mário Mendonça uma imensa honra, que só poderia existir como fruto de tão bela amizade. Quis o destino, ao qual somos agradecidos, que nos encontrássemos novamente 50 anos depois. Vida que passa depressa!

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história

por milton teixeira

O rei não está nu No Império Romano, o hábito do banho diário era muito arraigado entre os cidadãos, mas com a queda dos césares, no século V, a Igreja mandou fechar as termas romanas e, por quase 1.500 anos, tomar banho virou tabu. Na Europa ocidental, o cidadão comum da Idade Média tomava cerca de quatro banhos ao ano, quando também trocava de roupa, época que geralmente coincidia com a mudança das estações do ano. Esse costume pouco salutar perdurou por quase toda a Europa até fins do século XVIII. Mas é forçoso dizer que, entre os membros da nobreza, o horror à água era muito maior. Os nobres europeus achavam-se acima do bem e do mal, de modo que, como se consideravam puros, não necessitavam banhar-se. Conta-se que o rei Luís XIV, da França, viveu mais de 70 anos com poucos banhos, talvez uns cinco, um deles tomado em público, todo vestido, num chafariz do Palácio de Versailles. Seu sucessor, Luís XV, somente se banhou às vésperas de falecer – e, quem sabe, não morreu disso? Luís XVI foi para a guilhotina sem banho, bem como sua esposa, a rainha Maria Antonieta. O grande Napoleão Bonaparte mandava cartas para a esposa, Josefina, para pedir que jamais se banhasse, pois gostava de sentir “o cheirinho de mulher” que exalava! Na corte portuguesa a coisa não era diferente. O povo português até que era conhecido por ser limpo e banhar-se com frequência, mas seus reis não. Até a vinda da família real para o Brasil, nem D. João, nem sua esposa, D. Carlota Joaquina, tinham tomado um banho completo. Uma das filhas de D. João mandou expulsar do

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palácio uma aia que lhe oferecera uma lavanda para as mãos. A princesinha retrucou que aquilo era um insulto, pois nunca tocara em nada sujo na vida! Entretanto, verdade seja dita, no Brasil, D. João tomou banho. Tomou um só, mas tomou. A história desse único banho, razoavelmente documentada, passa por verídica e merece ser descrita aqui. Numa tarde de verão em 1811, D. João repousava debaixo de uma árvore na Fazenda Real de Santa Cruz. Como era uma fazenda de gado, com muitos carrapatos pelo mato, um não lhe respeitou a real perna esquerda. Mal tirado, a mordida infeccionou. O príncipe real era diabético e sofria de erisipela. Isso tudo mais a falta de asseio provocaram tal ferida que logo o fez convocar seu clínico geral para uma consulta. O sábio médico sugeriu que D. João lavasse o cancro por alguns dias, no que foi atendido com certa relutância pelo desasseado príncipe. Por algum tempo, as dores serenaram e a ferida diminuiu, apenas para voltarem com maior virulência. D. João deixara de lavar a perna! O médico do paço tomou então uma medida radical. Não adiantava apenas lavar a ferida, mas, sim, todo o corpo. D. João teria de tomar um banho completo e, naquela época, isso significava banho de imersão! O fato provocou até protestos dos áulicos, e o velho rei protelou a medida por seis anos, até que, não aguentando mais a dor e o incômodo, resolveu cumprir a ordem médica. Ele conseguiu obter por empréstimo, e depois comprou, uma bela chácara próxima ao Palácio de São Cristóvão, na Praia do Caju, e que pertencia a seu

amigo, o fornecedor oficial de vinhos do paço José Tavares Guerra. Obtida a casa, passou-se para os detalhes do real banho. Providenciou-se um barril com furinhos, pois o rei recusava-se a entrar dentro d’água sem proteção. Achava o monarca que os caranguejos e siris eram muito perigosos e poderiam bicar seus reais pés, ocasionando novos problemas. Seguindo o hábito da época, D. João não tomou banho despido, mas com uma camisola, como era o costume nos balneários europeus. Um grupo de guardas carregou o barril com o rei encamisolado dentro até certa distância da margem, onde foi baixado até a água chegar à borda. Outros guardas policiavam a praia e impediam a aproximação de curiosos. A viajante Rose de Freycinet, única testemunha idônea do curioso episódio, informa que o banho se deu em fins de 1817. Um só e nada mais. A infecção cedeu, a perna esquerda sarou e o rei logo depois peregrinou até a Ilha de Paquetá para agradecer o milagre da cura a São Roque, padroeiro dos perebentos que possuía linda capela na dita ilha. Hoje a Praia do Caju não existe mais, tragada por vários aterros; a Baía de Guanabara está tão poluída que ninguém mais pensa nela como local de banhos, quanto mais medicinais. Resta-nos apenas de pé a Casa de Banhos de D. João ou, mais corretamente, Casa do Banho de D. João, restaurada e que abriga, desde 1977, o Museu da Limpeza Urbana, da Comlurb, local onde está preservada a memória do primeiro banho real e, porque negar, o início efetivo da poluição das águas da Baía de Guanabara.


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