20 minute read

Depoimentos

Next Article
Pele

Pele

DEPOIMENTOS

Neste momento de pandemia do novo Coronavírus, as marcas tiveram que criar estratégias para se adaptar à situação e compreender as novas necessidades dos consumidores. A convite da Apex, as marcas parceiras da empresa, mostram o que estão fazendo para transformar o período que estamos vivendo.

Advertisement

Roberto Vaz Diretor Geral da Nupill Cosméticos

ANUPILL vem mantendo sua estratégia de venda, baseada no poder aquisitivo do brasileiro. Acredito que, inicialmente, o consumidor de cosméticos terá um pouco de receio em fazer compras presenciais nas perfumarias e drogarias, porém, com a evolução de vacinas e tratamentos contra a Covid-19, ele retomará esse hábito de compra, pois até o momento nada substitui a experiência de aquisição de um cosmético no ponto de venda. Quanto à mudança na jornada de compra dos clientes, no começo houve uma correria em busca de itens de higiene. A NUPILL já possuía há mais de 10 anos uma linha de álcool gel, o que foi fundamental para a manutenção da nossa fábrica e equipe de colaboradores.

Nesse período, iniciamos uma venda substancial para o Canal Farmacêutico. Além disso, percebemos que as redes de farmácia que já possuíam expertise nas vendas online se adaptaram rapidamente às medidas de isolamento social. As perfumarias, porém, tiveram mais dificuldade, mas contaram com a ajuda das indústrias e dos distribuidores na flexibilização dos prazos de pagamento.

Mesmo antes da pandemia, o Brasil já passava por uma recessão, mas nossa marca traz ao consumidor excelentes opções por um preço justo. Somos uma empresa totalmente nacional, não precisamos nos basear em preços dolarizados. Apesar de percebermos que a renda do brasileiro terá uma redução drástica, estamos conseguindo atrair novos consumidores. Os produtos de higienização facial vêm se destacando no mix.

A experiência do consumidor nesse período de crise é fundamental. Sempre estivemos antenados com as movimentações do nosso público e agora não será diferente. A situação econômica fará com que o consumidor avalie muito antes de comprar e temos que considerar esse comportamento.

Estamos focados em aumentar nossa distribuição para atingirmos o maior número de pontos de venda (PDV) possível. A comparação dos nossos produtos com os da concorrência precisa acontecer no PDV para que o consumidor possa experimentar e, assim, migrar para nossa linha. Temos um mantra: “Pagar mais pra quê?”

O e-commerce já vinha crescendo e teve um grande impulso com o isolamento social. Minha preocupação nesse quesito é a falta de estrutura de entrega no Brasil, que tem gerado atrasos recorrentes. No entanto, estamos atentos para este formato e temos muitos parceiros nessa forma de distribuição direta para o consumidor.

Desde 2016, a Blant trabalha um novo conceito de negócio. Desenvolvemos e fabricamos produtos que vêm agregar benefícios e cuidados essenciais à saúde das unhas, lábios, pés, mãos e trazer bem-estar às nossas consumidoras. Antes da pandemia já usávamos todos os canais de mídias digitais como meio de comunicação. No período de isolamento social, fortalecemos e investimos ainda mais no WhatsApp, no Instagram, no Facebook, na divulgação por meio de influencers, no e-commerce e em informativos através do nosso blog, além de manter comunicação de marketing diária com nossos parceiros e equipe de vendas. Tornamos mais sólida também a parceria com as “adesivetes”, que são microempreendedoras responsáveis pela produção de adesivos artesanais e películas de unhas em casa. Os resultados estão sendo incríveis e estamos surpresos com o crescimento da procura pelos produtos Blant em todas as regiões do Brasil e fora do país também. O mix desejado pelos consumidores não mudou, porque toda nossa linha é voltada para o cuidado, saúde e prevenção e promove os resultados esperados.

A experiência do consumidor é altamente importante nesse momento de crise. O consumidor está mais antenado, exigente e consegue passar um feedback rápido sobre sua satisfação ou reclamação através das mídias digitais. É preciso estar atento e conectado para responder instantaneamente quaisquer dúvidas.

Sobre o e-commerce, as empresas que não se adequarem a esse novo modelo de negócio serão superadas por aquelas que são inovadoras e que estão em sintonia com o consumidor.

Tânia Cardoso Diretora Comercial e de Marketing da Blant Cosméticos

Gabriel Beleze de Oliveira CEO da Skelt

Acreditamos que nosso posicionamento como marca começa de dentro para fora, por isso desde que estourou a pandemia nossa prioridade foi estabelecer o home office para a equipe. Cerca de 90% do nosso time está seguro, em sua casa, sem data prevista para retorno. Estão no escritório apenas os que precisam de estrutura física, respeitando o protocolo de distanciamento e o uso de máscara. Falando de branding, sentimos que o momento é sobre empatia e de deixar a parte comercial um pouco de lado em alguns momentos, trazendo conteúdos e mensagens que aliviem e confortem o dia a dia das pessoas. Criamos um quadro no nosso IGTV do Instagram chamado “#quarentenando com Skelt”, onde as pessoas encontram dicas de profissionais sobre diversos assuntos, como exercícios físicos, receitas, meditação, cuidados com a pele e o mais importante: orientações de como manter- -se emocionalmente estável num momento tão delicado. Outra frente com viés filantrópico é em parceria com a Pólen – uma fintech que usa a tecnologia para conectar empresas a iniciativas de impacto social – e destina parte do lucro de nossas vendas via e-commerce para instituições sociais que combatem a Covid-19 ou beneficiam os movimentos negro e LGBTQIAP+.

Sem dúvidas não seremos, e já não somos, mais os mesmos por causa da pandemia. E mesmo quando tudo isso passar algumas coisas irão ficar. A maneira como nos relacionamos com as pessoas e com as marcas não será mais a mesma. Cada vez mais os consumidores irão priorizar marcas que se posicionam e agem pensando no coletivo.

Com grande parte das lojas revendedoras Skelt fechadas, o e-commerce passou a ser o principal canal de vendas. Os poucos consumidores que ainda tinham resistência e se viram obrigados a comprar online com certeza passarão a adotar essa prática com mais frequência. Nossos best-sellers continuaram sendo os produtos mais procurados. Já notamos um cenário de melhora e otimismo refletido em nossas vendas no e-commerce.

Mesmo durante a crise aumentamos nossa equipe de Customer Experience – área responsável por toda a interação e atendimento ao cliente. Sentimos que os consumidores ficaram mais fragilizados e sensíveis devido ao isolamento e ao clima de recessão, então aprimoramos o treinamento e processos internos desse time para minimizar ao máximo as frustrações do público com relação à marca. Aproveitamos esse período para reformular nossa área logística também, para acelerar o tempo de envio dos nossos pedidos, melhorando a experiência de compra.

Mais do que nunca, humanizar o atendimento durante as interações virtuais é fundamental para que o consumidor se sinta acolhido, ouvido e respeitado. A Skelt já tinha essa proposta e os impactos trazidos por este novo cenário nos motivaram a aprimorar estas frentes. O aprendizado nunca acaba e nossos clientes nos ensinam a sermos melhores todos os dias.

Nesse momento, de um “novo normal”, a aposta da Glatten foi tentar entender o comportamento do consumidor. Percebemos que o tempo livre que as pessoas tinham em casa foi para explorar ainda mais o consumo por meio de pesquisas na internet. Enquanto várias empresas cortaram gastos em investimentos em marketing e mídias sociais, nós investimos cinco vezes mais e lançamos novos produtos, o que foi essencial para a marca ficar ainda mais em evidência num mercado que se mostra tão vivo e competitivo.

Acredito que o consumidor vai continuar preferindo produtos que atendam suas exigências em vez de usar como critério para comprar apenas produtos “mais em conta”. Nem sempre o atrativo de um preço baixo vence a longo prazo. Num primeiro momento pode ser tentador, mas se não atender às expectativas do cliente não irá gerar recompra. Unir qualidade e preço é um desafio constante para as indústrias e o grande diferencial da Glatten tem sido oferecer um produto excelente com preço justo.

Para o mercado empreendedor, ficou claro que os consumidores estão na internet. Não importa se você vende casas, seguros ou produtos de higiene pessoal, as pessoas estão no mundo digital e você também precisa estar lá.

A área que mais precisa de atenção é do atendimento personalizado. Hoje os pontos de vendas físico concorrem diretamente com a internet. Se não houver um bom atendimento e agilidade no processo de compra, o cliente vai procurar as lojas virtuais. As grandes magazines estão atendendo em menos de 24 horas. Uma farmácia, por exemplo, pode atender em minutos, sem que o cliente precise sair de casa. Quem oferecer uma experiência de compra rápida, segura e eficaz tende a ganhar mercado.

O que muda com a popularização do e-commerce é que o consumidor varejista entendeu que tudo está cada vez mais simples e descomplicado, e que ele não precisa se deslocar, pegar filas e, às vezes, receber um atendimento que possa deixar a desejar numa farmácia, perfumaria ou supermercado. Tudo isso se automatizou e está cada vez mais simples, basta o consumidor dar um clique e os produtos estão lá! Plataformas como o Uber e o iFood vieram mostrar isso. Agora é a vez do mercado de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal.

Fred Vandalete Diretor Comercial da Glatten Cosméticos

Dica CAPA ESPERTA

Sonia Hess

A TRAJETÓRIA DE UMA MULHER DE SUCESSO

Sônia Hess conta sobre a trajetória de sucesso à frente da Dudalina, o caminho trilhado em prol das causas sociais e o legado que quer deixar para o mundo.

Nós queremos que as mulheres somem forças e contribuam para transformar nossa sociedade. Esse é nosso sonho.

Em uma mesma semana, Sônia Hess participa de reuniões de planejamento, encontra lideranças, discute projetos, vai atrás da captação de recursos e realiza mentorias para empreendedoras. O dia a dia atribulado mostra que mesmo após ter deixado o mundo corporativo, em 2015, a ex-presidente da Dudalina não se rendeu à aposentadoria. Pelo contrário, essa mudança representou, na verdade, uma espécie de transição na sua vida pessoal e profissional.

Engajada com as causas sociais, ela atua em diversas organizações sem fins lucrativos, como o projeto Amigos do Bem, a Fundação Duda e Adelina, a Endeavor, o Instituto Ayrton Senna, a Fundação Dom Cabral, a Rede Mulher Empreendedora, além de ser mentora do programa Winning Women Brasil, da Ernest Young.

Para completar essa extensa lista, é vicepresidente do grupo Mulheres do Brasil, fundado em 2013. Na época, Sônia recebeu o convite da empresária Luiza Helena Trajano para ir até Brasília junto de uma comitiva formada por 40 mulheres. Em comum entre elas estava o desejo de incentivar o protagonismo feminino na construção de um país melhor. Esse sonho rapidamente se tornou algo concreto e deu tão certo que hoje o grupo já tem mais de 47 mil participantes no Brasil e no exterior, com comitês e programas que atuam em frentes como empreendedorismo, combate à violência contra a mulher, políticas públicas, saúde, educação, igualdade e muitas outras causas, sempre com foco na mulher. “O grupo cresceu muito. Nós queremos que as mulheres somem forças e contribuam para transformar nossa sociedade. Esse é nosso sonho”, conta Sônia.

Nessa empreitada, ela foi inspirada para o que viria a ser seu grande projeto do ano. Sônia estava fazendo mentoria para uma microempreendedora do Rio de Janeiro. Em meio à conversa, a moça relatou que estava cozinhando quentinhas para vender, com o auxílio da mãe, mas o fato de ter apenas uma geladeira a impedia de produzir mais e, consequentemente, de aumentar os

CAPA

lucros. “Com uma geladeira, ela conseguia armazenar 30 quentinhas. Se tivesse um freezer caberia 120, quatro vezes mais. Só que o investimento num freezer seria de R$ 2.300 e ela não tinha nem dinheiro, nem crédito para isso”, relata. Sua manicure passava por uma situação parecida. Para ganhar uma renda extra começou a fazer jogos americanos de crochê, porém também precisava de dinheiro para comprar linha. Daí surgiu a ideia de lançar uma modalidade de microcrédito só para mulheres.

Logo, Sônia começou a articular sua rede de contatos em busca de apoiadoras para a iniciativa. Prontamente, conseguiu parceiras no Grupo Mulheres do Brasil. O banco Pérola, de Andrea Federmann e Alessandra França, focado em micro e pequenos empreendedores, também atendeu de imediato ao pedido para viabilizar a operação. Na Rede Mulher Empreendedora, idealizada por Ana Lúcia Fontes, encontrou mais gente disposta a dar suporte. Ainda se juntaram ao grupo a gestora financeira Denise Damiani e a publicitária Alice Coutinho, que deu nome ao projeto. Da união dessas seis mulheres, que dividiam o mesmo propósito, surgiu o Fundo Dona de Mim. “Um fundo de crédito idealizado por mulheres, com o objetivo único de impulsionar microempreendedoras individuais (MEI) especialmente impactadas pela crise econômica e social provocada pela pandemia da Covid-19”, como o próprio projeto se descreve.

O Dona de Mim oferece créditos de R$ 2 mil e R$ 3 mil, sem juros e sem taxas, com carência de nove meses, o mesmo tempo de uma gestação, para o início do pagamento, que se desdobra em 15 parcelas. Nesses nove meses, a microempreendedora vai ter acesso a cursos de administração financeira e a trilhas empreendedoras, por meio da Rede Mulher Empreendedora, para aprender a desenvolver seu negócio. “Para isso tudo acontecer precisaríamos conseguir investidoras e, nessa grande rede de networking, conseguimos criar um grupo que hoje já conta com mais de 60 mulheres. E nosso objetivo é chegar a 100 investidoras na primeira fase do projeto. Essas investidoras também serão acolhedoras das microempreendedoras. Cada uma terá a função de acolher um grupo de mulheres para ajudar e orientar.”

Sônia se enche de orgulho ao relatar os detalhes do projeto que se tornou a menina dos olhos dela. Conta, ainda, que quer ir além. “Já estamos trabalhando para criar mais braços e contemplar mais mulheres. Queremos instrumentalizar essas mulheres que cuidam das suas famílias e, na maioria das vezes, trabalham dentro de casa, para que se eduquem e se tornem independentes, se tornem donas de suas vidas, donas das suas escolhas e do seu destino.”

O trecho da música Prelúdio, de Raul Seixas, que também é o hino do Grupo Mulheres do Brasil, para ela traduz bem essa jornada. “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. Temos que buscar conexões, parceiros que possam estar juntos conosco.”

O trabalho é puxado e desafios não faltam, mas Sônia entende que seu legado é cuidar do próximo e devolver para a sociedade tudo que já aprendeu. Com sua força e determinação, ela tem inspirado todos os dias mulheres que buscam independência, que querem apostar em seus próprios negócios e que pretendem fazer a diferença no mundo, da mesma forma que foi inspirada pela mãe, Adelina Hess de Souza. “Minha mãe foi sempre minha principal referência. Gerou e educou 16 filhos, passou por inúmeras dificuldades e ainda construiu uma empresa de sucesso.”

EMPREENDEDORISMO QUE VEM DE BERÇO

Quando Sônia nasceu, na pacata cidade catarinense de Luiz Alves, os pais, Duda e Adelina tinham um negócio de secos e molhados. Naquele tempo era assim que se chamavam os comércios que funcionavam como uma espécie de mercearia, vendendo um pouco de tudo que era necessário para prover a casa.

De tempos em tempos, dona Adelina tinha a tarefa de reabastecer o estoque. Em 1957, não pôde viajar até São Paulo por estar grávida e seu Duda acabou indo no lugar da esposa. Acidentalmente, ele comprou uma quantia extra de tecido, produto que acabou encalhando na loja. Como uma empreendedora nata, dona Adelina transformou o infortúnio em oportunidade. Desmanchou uma camisa masculina para tirar de modelo, contratou duas costureiras, cada uma com sua máquina, para confeccionarem novas peças e colocou à venda. Naquele ano nascia a Dudalina, marca que carregava a junção do nome do casal. Aos poucos, o pequeno projeto foi ganhando força e, ao ver que daria certo, dona Adelina contratou mais mulheres para auxiliar no trabalho.

Com 9 anos de idade, Sônia já trabalhava na loja da família. Ser a sexta de 16 irmãos exigiu responsabilidade desde cedo. “A gente tinha nossos afazeres, ajudava na casa e na loja. Minha mãe dizia que eu era a melhor vendedora que ela tinha. Para mim foi tudo uma grande escola, porque aprendi muito desde cedo.”

Não demorou para a Dudalina ganhar popularidade. Quando os cômodos da casa já não davam conta de operar como salas de costura em horário comercial, o casal alugou a casa da frente para servir de fábrica.

Vaidade na medida certa Sônia é uma mulher segura e de presença. Praticidade é a palavra de ordem nos cuidados com a beleza. Creme hidratante não pode faltar. E na make ela sempre opta pelo básico, mas também adora ficar de cara lavada. Uma boa base, batom, lápis e sombra leve são os produtos favoritos quando quer estar mais produzida. “Eu diria que não tenho uma vaidade exacerbada. Cuido sim da pele, adoro tomar sol, mas não sou de sofrer por questões estéticas, tanto que nunca fiz nenhuma cirurgia plástica e nem teria coragem. Sou mesmo das soluções práticas”, conta.

Minha mãe foi sempre minha principal referência. Gerou e educou 16 filhos, passou por inúmeras dificuldades e ainda construiu uma empresa de sucesso.

Em certo ponto, a cidade de Luiz Alves também já ficava pequena para as necessidades e anseios da família. Com o negócio operando a todo vapor e a vontade de dar uma educação melhor aos filhos, escolheram Blumenau como o novo lar.

Sônia permaneceu no empreendimento familiar até 1977, quando surgiu a possibilidade de ir à Espanha. Um de seus irmãos havia comprado uma nova tecnologia para a Dudalina, criada por uma empresa de Barcelona, e precisava que alguém fosse até lá aprendê-la. Mesmo sem saber falar espanhol ou costurar, ela embarcou na aventura.

Ao retornar do estágio, cumpriu sua missão ao operacionalizar as mudanças na fábrica. O próximo passo seria percorrer um caminho independente. Recebeu a proposta da companhia espanhola para trabalhar numa empresa de Montes Claros, Minas Gerais, que havia comprado essa mesma tecnologia, e acabou aceitando. “Eu tinha 21 anos, foi uma bela experiência, porque saí daquele núcleo da empresa familiar e parti para algo diferente.”

Como uma verdadeira empreendedora, almejava novas conquistas e não parou por ali. Ficou em Montes Claros por um ano e depois partiu para Belo Horizonte, onde atuou em outras empresas. No final de 1983 se mudou novamente, desta vez para São Paulo, cidade que sempre a fascinou e onde vive até hoje. Tão logo se estabeleceu na terra da garoa, foi convidada pelos irmãos para trabalhar na área comercial da Dudalina. Naquele momento, os negócios já estavam sob o comando dos filhos de dona Adelina e alcançavam projeção nacional. Mal sabia ela que o auge de sua carreira se revelaria ali. Em 2003, Sônia foi nomeada presidente da companhia. Toda a semana viajava de São Paulo a Blumenau, numa rotina intensa de trabalho. “Eu era a primeira a chegar e a última a sair”, lembra. Na liderança, colocou toda a sua alma e energia, obstinada com a ascensão da empresa. Até que

CAPA

Passatempos prediletos

No tempo livre, Sônia busca refúgio cozinhando, assistindo filmes, na companhia da família e da sua maior paixão, que são seus oito netos. Também adora reunir os amigos em casa e viajar, algo que, inclusive, tem feito muita falta durante a pandemia. “Viajar é o melhor passatempo que existe. Gosto de viajar pelo menos quatro vezes ao ano para vários lugares. Independentemente se é pelo Brasil, na Europa, nos Estados Unidos, na Argentina, eu gosto de ver gente, de me movimentar.”

A lista de hobbies contempla ainda a leitura. Religiosamente, ao menos 40 minutos do dia dela são dedicados aos livros. Entre os títulos favoritos estão as biografias. “Gostaria de ter o dom de escrever, assim como meu pai, que era poeta. Acho fantástico ler as histórias da vida das pessoas.” Tamanha é a admiração pela memória escrita, que contratou a renomada romancista gaúcha, Letícia Wierzchowski, para contar a história de amor dos pais Duda e Adelina. A expectativa é lançar o livro virtualmente em novembro deste ano e em 2021 estrear nas grandes livrarias do país.

DICAS DE LEITURA DA SÔNIA:

• A casa das sete mulheres, de

Letícia Wierzchowski • A teoria do Bambu, de Ping Fu • O momento de voar, de

Melinda Gates • Steve Jobs, de Walter Isaacson • O banqueiro dos pobres, de

Muhammad Yunus • Minha história, de Michelle Obama • A mulher que inventou a beleza:

A vida de Helena Rubinstein, de

Michèle Fitoussi

em 2010, deu um verdadeiro salto na administração da camisaria.

O desejo de expandir e consolidar a marca a levaram a apostar em um novo nicho. A Dudalina deixaria de ser exclusiva para o público masculino e lançaria uma linha de camisas voltada para mulheres. “Foi um grande sucesso”, recorda Sônia.

Além da indústria fabril, em 2011 a marca iniciava sua operação no varejo. Com uma rede de lojas pelo país, no exterior e status de grife, as peças caíram no gosto das mulheres executivas. Em três anos, a linha feminina passou a responder por 35% do faturamento.

A manobra permitiu que a Dudalina se transformasse em uma das maiores marcas de moda do Brasil, com crescimento exponencial nas vendas e nos lucros. Desempenho excepcional que atraiu os holofotes para a mulher à frente do império da família Hess. Sônia se tornou uma das pessoas mais importantes do meio corporativo brasileiro. Em 2013, ganhou da revista americana Forbes o título de sexta mulher mais poderosa do país.

Os resultados impressionantes chamaram a atenção de fundos de investimento e a família optou por vender a companhia. No final de 2014 acontecia a fusão com a Restoque. Sônia permaneceu na empresa até maio de 2015.

LEGADO

A trajetória profissional já estava para lá de consolidada, quando ela sentiu que tinha cumprido seu dever como empresária e decidiu seguir para o terceiro setor. “A filantropia já estava presente na minha vida. Ainda na Dudalina nós tínhamos o instituto, que promovia oficinas de capacitação e doava kits de retalhos para entidades usarem como matéria-prima para trabalhos de patchwork. Sempre disse que para você ser um bom empresário, você tem que gostar de gente. O comprometimento é com as pessoas”, exalta Sônia.

Ajudar mulheres pelo incentivo à capacitação e ao empreendedorismo é algo que agora ocupa a maior parte da agenda dela. “Atuo em vários projetos, mas o fundo Dona de Mim é no momento o que mais exige minha dedicação. O Grupo Mulheres do Brasil, comandado pela extraordinária Luiza Helena Trajano, também é fantástico. Tiro meu chapéu para essas guerreiras quando vejo tudo o que elas fazem, cuidam dos filhos, da comunidade, buscam formas de sustento. Me inspiro em pessoas do bem”.

Nessa nova etapa da vida, pós mundo corporativo, Sônia tem a certeza de que está no rumo certo para deixar sua contribuição pessoal ao mundo. “A gente vai se adaptando. Você pode renascer, fazer coisas novas e ressignificar sua vida o tempo todo. Deixei o meu legado na Dudalina enquanto empresa e hoje quero deixar meu legado pessoal, da Sônia, que quer transformar a vida de muita gente no Brasil todo. Gosto muito de uma frase do Médicos Sem Fronteiras que diz que só um ser humano é capaz de salvar a vida de outro ser humano. É essa forma que eu vejo de deixar meu legado.”

Sempre disse que para você ser um bom empresário, você tem que gostar de gente. O comprometimento é com as pessoas.

This article is from: