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Artigo Inteligência Emocional

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Pele

Pele

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Agosto de 2022, mais de 2 anos de pandemia, isolamento, preocupações com saúde, afastamento das pessoas, instabilidade econômica e política, muitas alterações para serem digeridas e assimiladas, mas vida que segue, pois já estamos num caminho de recuperação, de volta a normalidade - ou a nova normalidade - que talvez não seja mais como antes de 2020. No meu caso, bastante atípico, porque tenho, há 15 anos, minha residência oficial na China. Saí de lá em Setembro de 2019 e, depois de ter passado por um processo de 6 cirurgias de quadril e também

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por uma internação de 30 dias por covid, entubado e induzido ao coma, acabei ficando no Brasil e EUA por este período até agora, quando finalmente consegui novamente meu visto para retornar para casa na China. Durante 2 anos os vistos para China estavam suspensos e por isto não conseguia voltar.

Como não tinha voos do Brasil para China, sem antes uma parada em algum outro país, fui para os EUA, por 60 dias, para daí começar os procedimentos anti-covid exigidos para quem ingressa lá, no caso, aqui agora. Feito isto, voei para Shanghai, onde ao chegar passei por um período de 14 dias em quarentena, isolado num quarto de hotel escolhido por eles (os agentes de saúde do governo chinês), e depois mais 7 dias em hotel escolhido por mim, o que chamam de quarentena em casa, quando finalmente pude voar para o Sul da China, onde fica a minha casa.

Notem que foram 21 dias sozinho, em quartos de hotéis, sem sair do quarto, sem contatos externos, e com muito tempo para deixar os pensamentos fluírem, pelos mais diversos caminhos. Fazendo caminhadas diárias dentro do quarto, tipo 150 idas e voltas da cabeceira da cama até a porta do quarto, e por aí vai.

Altas emoções, tentando ajustar o emocional, pois sim, porque minha ida em 2007, quando decidi viver na China, foi bastante marcante. Sair do Brasil, do lado de todos que amo, de tudo que amo, foi muito intenso e levou tempo para curar as feridas, até estabilizar. Depois de alguns anos, com condições de fazer 6 viagens entre China e Brasil por ano, tudo foi se ajustando e fui me acostumando a esta nova realidade, de viver longe, mas estando bastante presente. Quando tudo parecia perfeito novamente, veio a viagem de 2019 e a alteração forçada do quadro, logo, novo ajuste emocional, pois tive que me afastar de tudo e todos que a estas alturas já amo na China, mas como já me considero bastante hábil nas transformações emocionais, imaginei que tiraria de letra, afinal, se reacostumar a viver perto da família e amigos do passado, não deveria ser tao difícil, não é? Enganam-se, pois com 15 anos vivendo numa cultura totalmente diferente, talvez inversa em muitos aspectos, acabei descobrindo que eu já havia mudado, e bastante, então, tive que ficar muito atento a todos meus movimentos, sentimentos, pois o habitat já estava alterado também, digo, assim como eu mudei, o próprio meio em que eu vivia no Brasil, e as pessoas, também. Além disto, conheci novos ambientes e novas pessoas, e muitas delas que valem ouro!

Segui com novos aprendizados e novos ajustes, até o dia em que saí novamente

Rugardo com esposa, filhos, noras e neta no Brasil

Rugardo e Christine após reencontro emocionante com a equipe do escritório na China Rugardo e sua esposa Christine nos EUA

e, cá estou, do outro lado do planeta, tentando voltar a realidade de antes de 2019, mas novamente vêm as diferenças, pois aqui a velocidade das mudanças é bem maior do que no Brasil, então, 3 anos aqui em termos de mudanças, significam 10 ou 15 anos no Brasil, e claro, mais uma vez descubro que eu mudei nos 3 anos longe daqui, logo, mais ajustes, mais atenção aos meus movimentos. Tudo outra vez. Entendi através de muitos anos de sofrimento, muitos livros lidos, muitos anos de terapia, 12 para ser mais preciso, que as pessoas têm dificuldades de aceitar mudanças, de mudar, então estou sempre atento a mim mesmo, antes de focar as situações e as outras pessoas, mas quando as mudanças são tão frequentes e drásticas, em função da localização geográfica e em função ao tamanho da diferença entre os dois povos, as duas culturas, sinto que estas mudanças são ainda mais intensas e difíceis, mas nada que não se possa dar conta, afinal, quem disse que a vida é fácil, não é? Bora ser feliz, em qualquer lugar, de qualquer jeito, pois parece que nem sempre estamos no comando do nosso futuro, que insiste em aprontar, e claro, falando quem também insiste em desafiá-lo, pois nunca fui do tipo que espera acontecer, sempre sendo um agente transformador.

Dito isto, vamos ao lado prático, ao profissional, aos negócios, pois sinto que estes se alteraram na mesma proporção, pois assim como as pessoas mudaram depois da experiência da pandemia, assim mudaram suas ideias e conceitos, e isto inclui os negócios. Pessoas mais ansiosas, empresas com dificuldade a se readaptar as mudanças de mercado, negócios online, home-office, aumento de demanda sem as empresas estarem preparadas, pois haviam acabado de encolher, então lá vamos com mais mudanças, mais experiências novas, mais emoções.

Além disso observamos também o aumento de preços de commodities, energia, mercados mais exigentes, falta de insumos, atraso de entregas, falta de contêineres, falta de espaços em navios, e por aí seguimos a luta.

Será que a busca pela estabilidade ainda é válida? Ou seria a adaptação as mudanças constantes, o caminho a buscar? Seria a inteligência emocional a mais importante neste próximo período da vida? Ou será que foi sempre o mais importante, mas só agora estamos mais atentos?

Perguntas, muitas. Já diz o ditado “quem viver, verá”. Boa sorte a todos nós e viva o hoje, pois o amanhã a Deus pertence.

Um grande abraço e até a próxima Rugardo Wentz

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

RUGARDO WENTZ Diretor da CKShine Intl Ltd rugardo@ckshine.cn

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