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Entrevista

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Tecnologia

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Dica SAÚDE ESPERTA

Como lidar com o

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estresse e a ansiedade

A intensa demanda de afazeres diários, a cobrança por uma produtividade sem limites, e a sensação de que estamos seguidamente correndo contra o tempo para dar conta das responsabilidades com eficiência alimentam os sentimentos de ansiedade e estresse.

A psicóloga Julia Gerhardt fala dos impactos dessa rotina acelerada em nossa saúde mental, como identificar que esses sintomas estão se instalando e formas de buscar equilíbrio para viver dias mais leves.

Por que estamos tão ansiosos?

A ansiedade pode ser entendida como um sintoma moderno, muito ligado ao imediatismo exigido nos processos. É interessante procurar entender que, a partir da modernidade, foi vendida uma ideia de mundo e de temporalidade que não condiz com o real e com o que de fato se pode fazer. Isso pode ser profundamente angustiante. O resultado de uma equação que não tem saída, lançando as pessoas em uma posição de desamparo e de muita ansiedade.

E unido a isto, todos nós atravessamos uma pandemia de vírus gripal que tirou um número gigantesco de vidas em todo o mundo, nos colocando ao encontro de nossas questões sintomáticas enquanto atravessávamos um luto coletivo, que possivelmente ainda estejamos vivendo. A pandemia escancarou nossas vulnerabilidades, tanto individuais quanto coletivas. Retornamos agora ao convívio social, dentro de alguma “normalidade” em nossas rotinas, e somos pressionados a responder a demandas em um universo economicamente opressivo. É possível observarmos e sentirmos diariamente um ritmo que tem levado as pessoas à exaustão. Diante deste cenário há um aumento expressivo nos sintomas e síndromes ansiosas.

Como os problemas da rotina, mesmo que pequenos, a longo prazo acabam gerando estresse?

Penso que talvez não sejam os problemas da rotina unicamente que tenham gerado sintomas intensos de estresse e ansiedade, mas talvez essa resposta esteja mais ligada à forma como as pessoas são demandadas diante dos problemas rotineiros. Cada vez mais as pessoas são levadas a produzir a própria temporalidade, baseada na demanda opressiva e imediatista do mercado e dos imperativos de produção e excelência. Temos nos afastado da noção de tempo de cada processo e de cada sujeito. Como os processos naturais, por exemplo. Temos produzido tecnologias que aceleram a produção de grãos, de carnes e demais alimentos.

Nesse sentido podemos pensar que, com o avanço do acesso às tecnologias e suas facilidades, tem se tornado cada vez mais evidente as demandas por uma performance de velocidade e produtividade de todas as pessoas, o que tem se mostrado uma forma de adoecimento.

O excesso de exigências nos deixa assim?

O excesso e os tipos de exigência. Qual será o custo de sustentarmos as exigências e demandas do outro?

Como podemos perceber que o estresse e a ansiedade estão se instalando?

Cada pessoa sofre e goza à sua maneira, portanto, poderá perceber-se em sofrimento dentro ou fora de seus limites individuais. Mas é importante estar atento a si mesmo, às formas como tem encarado a própria realidade, aos efeitos que as demandas do mundo têm incidido sobre si. Se tem sido possível atender a estas demandas, a que custo, e se está disposto a pagar este preço. Têm sido cada vez mais frequentes os sintomas ansiosos, depressivos, de desamparo e de raiva que têm se mostrado, infelizmente, em episódios de fúria e agressividade. Estes episódios podem ser problemáticos e resultar em violências discursivas, físicas ou ainda perversas nas relações. Há ainda os sintomas de esvaziamento de sentidos e de si mesmo que têm sido crescentes, colocando as pessoas em um lugar de embotamento ou de medicalização que pode inibir a percepção de si. Todas estas são manifestações comuns da chamada síndrome de burnout, crescente diagnóstico atual.

O ritmo intenso de trabalho ao qual somos submetidos e a ideia de que precisamos ter todas as horas do dia preenchidas, sermos produtivos o tempo todo, têm qual impacto na nossa saúde mental?

Parece-me que impera um acordo coletivo de performances que não condizem com a realidade e que cada vez mais se distanciam dela: um corpo e um rosto ideais que exigem uma quantidade aparentemente interminável de mutilações e substâncias injetáveis para serem alcançados; uma rotina produtiva e feliz na qual sentimentos fundantes da experiência humana como, por exemplo, a tristeza, não pode mais ocupar lugar, não pode mais ser sentida, falada, pensada, olhada – nem por nós mesmos, nem por outros; e uma ideia de produção constante que é violenta e tira de cena a falta, o espaço, o vazio, aquele hiato onde podemos desejar para que possamos construir sentidos diante do que podemos produzir. Produção em termos opressivos, imediatos e capitalistas pode esvaziar os sujeitos de sentidos, levando a sintomas depressivos.

A romantização do trabalho árduo é um dos fatores que mais tem contribuído para nos deixar tão exaustos?

Com certeza tem contribuído com a exaustão, com sentimentos depressivos e ansiosos. Além das ideações que podem rodear a ideia do trabalho árduo como uma forma digna de estar no mundo – o que por si já escancara a ambiguidade de uma forma de trabalho que rouba os dignos tempos do ócio e do descanso dos indivíduos trabalhadores – temos que considerar que o Brasil passa neste momento por um acúmulo de profundas crises nos âmbitos político, econômico, alimentar, sanitário e ambiental. Em um cenário sem precedentes, onde mais de 30 milhões de pessoas vivem a violência da insegurança alimentar e do desemprego, o discurso neoliberal que romantiza o trabalho árduo pode cair como uma luva se não estivermos atentos e pudermos ser resistentes diante de uma onda que nos toma e nos envolve nestes discursos. Quem paga – o alto – preço, somos todos nós.

Existe um movimento contrário também crescendo, de pessoas que arriscam mudar de emprego, de cidade, de estilo de vida em busca de uma pausa. Como você vê isso? São necessárias mudanças radicais para encontrar um equilíbrio ou essa busca é possível já com pequenos passos? O que podemos fazer para prevenir ou lidar com o estresse e a ansiedade?

Atualmente penso que não há nada mais radical e revolucionário do que resistirmos aos discursos neoliberais que podem nos empurrar para abismos de esvaziamento de nós mesmos. Esse esvaziamento muito bem serve ao capital. Pessoas adoecidas, ansiosas, depressivas, confusas. E o que serve ao capital pode paralelamente seguir contribuindo para essas formas de adoecimento. Entendo que devemos ser radicais sim, radicais no estabelecimento de limites diante do outro e diante de nós mesmos. É preciso pensarmos uma cultura da desaceleração. E para instituir o limite, é preciso que essas questões individuais e coletivas estejam menos confusas para cada pessoa e para os coletivos. Uma vez que a dúvida, a incerteza, o medo e, portanto, a ansiedade, sempre existirão na vida de todas as pessoas, o que podemos fazer é instituir o lugar do vazio, o lugar do desejo e a construção de sentidos que nos levem então a produzir no que nos cabe.

Procurar espaços de escuta, como a psicoterapia, a análise pessoal, grupos e coletivos terapêuticos, de estudos ou ainda de lazer para que se possa parar, falar, escutar e se escutar. Preservar ainda o lugar da solitude, tão fundamental e importante nos encontros e desencontros consigo mesmo.

Tudo isto pode ser fundamental na construção de ideais menos distantes, na construção de uma relação com o mundo e com o trabalho onde o sofrimento tenha lugar e onde a ansiedade possa representar possibilidade de movimento e não de paralisação e embotamento. O conforto, a felicidade, o sofrimento, o ócio, a ansiedade e a possibilidade de dizer “não” precisam ser direitos, precisam ocupar lugares, tudo isso significa podermos dar espaço à subjetividade.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

JULIA GERHARDT Psicóloga

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Produtos ideais para relaxar

Antidepressivo

LARANJA : reduz a ansiedade e estresse, dá ânimo e motivação. Auxilia em casos de desânimo e melancolia, trabalha a criatividade, promove coragem e auxilia a reduzir preocupações. Para utilizar os óleos essenciais pode ser usado um difusor ultrassônico. Através da vibração ultrassônica atomizada, proporciona um spray de partículas super finas, com cerca de 5 mícros, criando um grande número de íons negativos. Dessa forma é mais facilmente inalado e a ação de aromaterapia é mais eficiente! Além disso, possui lâmpada de LED com mais de 15 cores diferentes, atuando também como cromoterapia.

Relaxamento

LAVANDIN E LAVANDA: ambos auxiliam na redução do estresse, ansiedade e tensão. O lavandin promove a sensação de paz, conforto e bem-estar. Já a lavanda melhora a qualidade do sono.

Meditação

CRAVO FOLHA: remove a energia velha e negativa do ambiente. Calmante, fortalece o sentimento de segurança e auxilia com traumas e medos.

Terapia

PATCHOULI: pode ser usado em ambientes de terapia, pois equilibra as emoções, promove compreensão age também como antidepressivo.

Encontro com amigos

LIMÃO SICILIANO: para animar um encontro de amigos, relaxar e conversar, melhora o humor, dá ânimo e positividade. Limpa e acalma a mente, aumenta a atenção.

Outra opção são os colares difusores pessoais. Feitos artesanalmente, à mão, de cerâmica ou de vidro, são um acessório e tem a função de aromaterapia. Basta colocar um algodão no orifício e pingar o óleo essencial escolhido.

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