Revista Amplie - Cultura Pop

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Sobre a Amplie

Muito prazer! Somos a Revista Amplie: Jornalismo em parceria com a comunidade.

A Amplie nasceu do desejo de quatro mulheres de colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso de Jornalismo, criando um espaço de aprendizado e produção de conteúdos relevantes. Hoje, nossa equipe cresceu e conta com várias pessoas dedicadas a todas as etapas de produção da revista. O que começou como um projeto pessoal evoluiu para uma iniciativa de extensão vinculada ao Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais.

Nosso objetivo é expandir horizontes para o leitor, trazendo temas diversos que conscientizem e promovam reflexões sobre o mundo em que vivemos. Sabemos que a informação é uma ferramenta poderosa e, quando transmitida de forma consciente, tem o potencial de transformar realidades.

Nesta edição, o tema é Cultura Pop, mas esse é apenas um dos vários temas que já dominaram as páginas da Amplie. Esperamos que a pluralidade desta e das outras edições te permita encontrar uma voz que dialogue com a sua, com os seus gostos e sua vida, seja para gerar reconhecimento, debates ou reflexões.

Sumário

Os Games Cresceram… e se Afastaram da Gente

Fandoms em ação

Brasil no meio da batalha cultural 0 0 0 4 6 8

Das telas para o prato 1 1 1 0 2 4

O privilégio de viver em Todo Mundo

Copaganda A onda do rato 20

Quando Harry

GelBoys e o retrato da geração Z

Narrativas que atravessam a alma

A força do Hallyu no Brasil 32

Os Games Cresceram… e se Afastaram da Gente

Saudades dos bons tempos em que me apaixonei pelo mundo dos jogos. Aguardava a semana inteira para que, no domingo, pudesse comprar três jogos de PlayStation 2 por apenas R$10. Desde então, minha paixão por games só cresceu - assim como os preços dos consoles e jogos.

Não é de hoje que videogames são um artigo de luxo. A indústria, que arrecada mais do que cinema e música somados, é inacessível para as classes mais pobres ou países emergentes como o Brasil. Foi aí que a pirataria cumpriu um papel importante na formação de um público fiel: ela democratizou o acesso. Só que essa realidade começou a mudar com a oitava geração de consoles - PlayStation 4, Xbox One e Wii U - que dificultaram (ou praticamente impossibilitaram) o desbloqueio para jogos piratas. Resultado? Jogos originais ou nada.

Hoje, o cenário é ainda mais desanimador. O custo e o tempo de desenvolvimento aumentaram drasticamente. GTA VI, por exemplo, tem lançamento previsto para 2026, treze anos após seu antecessor. Desde 2020, a Rockstar foca totalmente na nova versão, com investimentos que já ultrapassam US$1 bilhão. Embora seja esperado que esse valor seja recuperado em poucos dias, a maioria dos estúdios não tem a mesma sorte.

Para reduzir prejuízos, surgiram os “jogos como serviço”, modelo que aposta em títulos gratuitos com vendas internas. Talvez você não reconheça o termo, mas com certeza conhece alguém que joga Fortnite. O sucesso foi tanto que empresas gigantes correram

muito? No Brasil, é ainda pior. Como a indústria de games costuma aplicar uma conversão direta sem considerar a realidade econômica local, os preços disparam. Um jogo como Mario Kart World, que nos EUA custa US$80 (já criticado por lá), chega ao Brasil por R$500.

Empresas gigantescas como EA (FIFA, Battlefield), Microsoft (Xbox, Game Pass) e Sony continuam promovendo demissões em massa, mesmo com lucros bilionários. Enquanto os grandes estúdios não repensarem sua lógica de preços abusivos, ignorarem a realidade econômica de países periféricos e insistirem em modelos de produção insustentáveis, continuarão afastando os jogadores comuns que sustentaram essa indústria por décadas. No fim das contas, os engravatados que priorizam lucros imediatos em detrimento do acesso e da diversidade podem estar apertando, com as próprias mãos, o botão de game over da sua reputação - e talvez do futuro dos games como os conhecemos.

FANDOMS FANDOMS

quando ser fã se torna

“Essa conexão emocional com artistas se torna porta de entrada para debates públicos,...”

Por Amanda Dutra

Nos últimos anos, os fandoms deixaram de ser apenas comunidades afetivas para também se tornarem um lugar com bastante força política e social. Formada majoritariamente por jovens, essas comunidades digitais têm se organizado para criar campanhas, influenciar eleições, promover boicotes e se tornar cada vez mais uma voz ativa em pautas sobre direitos humanos.

As redes sociais, como X (antigo Twitter), Instagram e TikTok, são as mais usadas pelas comunidades. Nelas, grupos se organizam para engajar mutirões de mensagens que se espalham e atingem um público imenso. Além disso, a estética visual dos conteúdos, com memes,

hashtags e vídeos, cheios de referências pop e humor, se tornam mais acessíveis e atrativos, mesmo para quem não é da comunidade.

A pesquisa “Era dos Fandoms” (Monks & Floatyvibes, 2024), mostra que cerca de 38% dos brasileiros se consideram fãs. Para muitos, essas comunidades funcionam como um espaço de identidade e pertencimento. A estrutura desses grupos com códigos próprios, intensa produção de conteúdos e relações afetivas, resulta em uma organização eficiente que não é vista às vezes em movimentos tradicionais. Ainda sobre a pesquisa, 40% dos fãs brasileiros afirmam que não imaginam suas vidas sem acompanhar os ídolos ou universos que possuem admiração, o que mostra o potencial de mobilização dessas redes. Esse potencial se confirma em ações concretas. Em junho de 2024, o fandom da cantora Anitta se mobilizou nas redes sociais contra o Projeto de Lei 1904/24, que propunha comparar o aborto após 22ª semana de gestaçao ao crime hediondo de homicído.

Armys (fãs do BTS) distribuem, durante banda sul coreana nos cinemas, conscientização política. / Crédito:

EM AÇÃO EM AÇÃO

torna ato político

“...o que aumenta as formas de participação em causas sociais.”

durante a transmissão de um show da ‘título de army’ em campanha de Twitter @kth_hey

A iniciativa contou com apoio da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e gerou resultado com coleta de assinaturas para impedir a proposta.

Já o grupo brasileiro “Army Help The Planet” –fãs do grupo sul-coreano BTS – criaram a campanha #TiraOTítuloArmy para incentivar os jovens a regularizarem seus títulos de eleitor. Além disso, projetaram mensagens em prédios de São

Paulo para conscientizar a importância do voto em candidatos engajados com pautas ambientalistas.

Logo, a cultura pop não apenas influencia comportamentos, mas também transforma em linguagem política acessível. Os fandoms atuam como tradutores culturais, transformando discursos políticos em conteúdos virais como forma de engajamento juvenil. Essa conexão emocional com artistas se torna porta de entrada para debates públicos, o que aumenta as formas de participação em causas sociais.

Se antes a política era vista como algo fechado e separado do entretenimento, hoje ela se junta ao imaginário pop. O fandom deixa de ser visto como algo fútil, e passa a ser notado

como uma ferramenta de transformação social. E na era das redes sociais, em que tudo é conteúdo e engajamento, o fã deixa apenas de ser fã e se torna um novo tipo de formador de opinião, mostrando que a cultura pop e suas comunidades podem andar de mãos dadas com a política, tornando-a acessível para os jovens da geração atual e futura.

Swifties (fãs da Taylor Swift) colaram cartazes com “Swiftie não vota no Milei” nas paredes do Estádio Monumental, em Buenos Aires, onde artista se apresentaria. Crédito: folhape.com.br

Brasil no meio da batalha cultural

Os EUA e o Leste Asiático estão batalhando pela nossa atenção

A cultura pop consumida no Brasil está permeada de produções estadunidenses. De acordo com o Observatório do Cinema e do Audiovisual (OCA), em 2024, 85,5% das sessões de cinema no Brasil foram ocupadas por filmes estrangeiros, sendo a maioria deles dos Estados Unidos. Tal fenômeno não surgiu de forma natural, mas é resultado da combinação entre o forte investimento das empresas norte-americanas e a ausência de medidas protetivas por parte do Brasil. As empresas americanas dos setores de filmes, música, livros, games, entre outros, investem massivamente a décadas em divulgação. Veja o exemplo de Barbie, ícone da cultura pop: a Warner investiu 150 milhões em marketing, cinco milhões a mais do que o valor gasto para produzir o longa.

O governo americano também atua impulsionando essas indústrias. Um exemplo é o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que apoia e investe em diversas produções consideradas positivas para o país. A Marvel, marco da cultura pop, está entre os estúdios que já receberam incentivo.

Os EUA se beneficiam da cultura pop não só economicamente, mas também como ferramenta de influência global. É o chamado soft power, conceito desenvolvido por Joseph Nye, que se refere à capacidade de um país influenciar outros por meio da atração e da persuasão. No entanto, o domínio consolidado das produções americanas na cultura pop está começando a se desgastar, principalmente, devido ao Leste Asiático. O Japão sempre foi um concorrente forte, seja nos games com a Nintendo, seja nas animações como Naruto. Enquanto a Coreia do Sul entrou na disputa com k-dramas dominando o streaming e o K-pop com milhares de fãs no Brasil. E a China, que no momento trava

Créditos: Divulgação/Marvel Studios

Barbie foi um dos maiores fenômenos da cultura pop dos últimos tempos
Créditos: Reprodução/Mattel/Warner Bros

Black Myth: Wukong traz uma história 100%, mas agradou mesmo quem não conhecia sua cultura

Créditos: Divulgação/Game Science

uma guerra econômica com os EUA, também vem se preparando para expandir sua influência cultural. Segundo o historiador e youtuber Ian Neves, em uma visita à China promovida por um programa de intercâmbio do governo chinês com comunicadores da América Latina, os representantes chineses perguntaram como a China era vista nos países desses convidados e como tinha sido a recepção ao Black Myth: Wukong, jogo de grande sucesso chines. Isso demonstra uma preocupação clara: entender como são percebidos lá fora e como podem melhorar sua imagem, ou seja, como podem fortalecer seu soft power. A China também surpreendeu o mundo com Ne Zha 2, que se tornou a animação de maior bilheteria apenas com o público interno. Isso fez muita gente se perguntar se os blockbusters chineses logo serão exportados para o mundo como os americanos.

Apesar disso, segundo Ian Neves, os chineses demonstraram mais interesse em promover uma troca cultural do que em adotar uma postura imperialista semelhante à dos EUA. Ainda assim, considerando o histórico brasileiro com outras potências, o historiador entende que o Brasil tem todos os motivos para manter um olhar atento e cético em relação à expansão da influência chinesa. Em meio a esse embate entre os EUA e os países do Leste Asiático, o Brasil precisa proteger e investir no mercado cultural interno, entre a águia e o panda, o cachorro caramelo é muito mais pop.

Créditos: Divulgação/Netflix

Créditos: Reprodução/Naughty Dog

O PRIVILÉGIO DE

Lady Gaga é uma artista cuja expressão é multiplataforma. A moda em sua carreira constitui um elemento identitário fora da curva e um convite à reflexão sobre o seu papel.

A moda é, como diversas expressões artísticas, um espaço para debates filosóficos, sociais e políticos. Se, em 2025, você ainda precisa de uma prova para isso, fique por aqui para conhecer a trajetória de um dos seus maiores expoentes da atualidade. Em 2006, o personagem Nigel de O Diabo Veste Prada, longametragem satírico que tensiona muito dos sensos comuns sobre o mundo fashion, soltou aspas que mudaram para sempre minha visão sobre a área: “O que eles [designers] criaram [peças] é muito maior do que arte, porque você vive sua vida nelas”.

Nigel, Diretor de Arte da Revista Runway, em O Diabo Veste Prada (2006) / Créditos: IMDB

VIVER EM ARTE

Stefani Germanotta (Lady Gaga) tensionou paradigmas quando pisou na cena em 2005 para ficar. Além da apresentação vocal, sua atenção à entrega estética instiga reflexão, a ampliação de repertórios e, sobretudo, inspira uma postura de confiança frente às adversidades. Quem assegura isso são seus fãs, os little monsters de carteirinha. O comunicador e jornalista pela federal de Viçosa (UFV), Caio Caliel (26) é um homem gay que se encantou com a artista nova-iorquina aos 11 anos de idade. Em entrevista, ele remonta a infância da cantora, que sempre se sentiu diferente por conta de seus gostos, aptidões e aparência na escola. Essa rejeição perdurou até os primórdios da sua carreira, mas ela escolheu vesti-la como armadura e fazer dela elemento central de sua arte: celebrar as diferenças. Para Caio, isso foi e segue sendo essencial para que possa se sentir confortável em expressar sua identidade.

Astro (23) e Stela Maris (23), melhores amigos de infância, têm uma experiência semelhante. Para ambos, a expressividade de Lady Gaga através da moda foi essencial para que esta fosse uma seara a qual se interessavam em explorar. No

caso de Stela, sobretudo para expressar seus gostos e valores: “Ela propõe esse exercício de investigação e experimentação. O que tem a minha cara? Como posso agir sobre mim?” afirma a estudante.

Para Astro, o impacto também reflete em sua identidade, experimentação por normas de gênero e até mesmo em sua trajetória profissional. Artista não-binário, Astro enxerga que nem todos podem desfrutar da autoexpressão com segurança, mas acredita que a cantora acessibiliza uma moda mais eloquente e instiga a pesquisa de referências, como no seu caso. Esses são apenas recortes de relatos ricos em emotividade e peso político que pude colher diante do desafio de compreender a magnitude do impacto da moda da cantora na vida de quem a acompanha. No entanto, fica claro que se trata de muito mais do que apenas roupas. Stefani convida todos a fazer delas mais do que peças utilitárias; uma oportunidade de viver cercado por arte.

Astro é um artista plural e este ensaio foi sua primeira experiência com projetos profissionais de moda / Créditos: acervo pessoal
Stela e Astro curtiram o “Todo Mundo no Rio” ao vivo com amigos, realizando juntos um sonho de infância / Créditos: acervo pessoal

Todo Mundo no Rio

A vinda de Madonna e Lady Gaga para o Brasil

Quem aí já ouviu falar sobre “Todo mundo no Rio”? O evento, que teve início no ano de 2024, tem como finalidade trazer grandes nomes da música para um show gratuito na praia de Copacabana e já contou com a presença de duas queridinhas do mundo pop: Madonna e Lady Gaga. Ambos os shows lotaram a praia e foram bastante favoráveis para o giro econômico na cidade do Rio. Afinal, com a cidade repleta de turistas de todos os cantos do Brasil, a procura por hospedaria, restaurantes, bares, entre outros comércios, aumentou consideravelmente.

Segundo dados da Prefeitura do Rio de Janeiro, mais de 500 mil turistas desembarcaram na cidade durante os dias um e três de maio. O show de Lady Gaga contou com cerca de 2.1 milhões de pessoas, tendo os mais diversos públicos, e se consagrou como o maior show de sua carreira até então. A passagem da cantora movimentou R$600 milhões na economia da cidade, segundo a prefeitura. De acordo com o prefeito, Eduardo Paes, no mundo, foram mais de 1.5 bilhões de pessoas impactadas pelo show: Mother Monster dominou o spotify no Brasil, mesmo semanas após sua vinda.

No ano de 2024, quem veio para a praia foi a rainha do pop, Madonna, e seu show atraiu cerca de 1.6 milhões de pessoas. Dados da prefeitura do Rio apontam que houve um impacto econômico estimado em R$293.4 milhões, o que superou os

investimentos feitos pela administração. Diferente da Gaga, o show de Madonna foi muito criticado pelo público conservador, mas mesmo assim, não deixou também de ser um sucesso. A plateia era composta, majoritariamente, de quem viveu as décadas dos anos 80, 90 e 2000 e o show também foi o maior da carreira da diva pop.

As expectativas para o próximo ano são altíssimas. O evento tende a continuar durante o mandato do prefeito Eduardo Paes, que se encerra no ano de 2028. Recentemente, o prefeito abriu uma enquete no aplicativo “X” para que o público votasse na atração para o próximo ano. Nomes como Rihanna, Beyoncé, Coldplay e U2 foram citados na enquete

e, até o momento, quem segue liderando o ranking popular é a Queen B. Quem será que vai abalar a praia de Copacabana no próximo ano?

O sucesso estrondoso do evento “Todo mundo no Rio” evidencia não só a força do entretenimento, mas também o imenso impacto da cultura pop na sociedade contemporânea. A presença de artistas como Madonna e Lady Gaga transforma a música em um verdadeiro fenômeno social, capaz de mobilizar multidões, fomentar a economia local e promover o Brasil no cenário internacional. Mais do que shows, esses eventos se tornam marcos culturais que unem diferentes gerações, estilos e origens em uma celebração coletiva.

Foto:

Das telas para o prato: A estética gastronômica que está bombando!

De comidas icônicas das séries e desenhos aos bolos vintages regados a glacê. Descubra como a comida cativou um espacinho no coração dos amantes da cultura pop!

Você já reparou que a cultura pop sempre influenciou na maneira em que nos vestimos ou nas músicas que escutamos? Isso é inegável, certo?! Porém, no decorrer dos anos, ela vem ganhando espaço em algo bem mais íntimo: a nossa comida.

Muito mais do que uma simples distração, seriados, memes e filmes começaram a sugerir visualmente tendências gastronômicas, convertendo doces e pratos em emblemas afetivos. Vai me dizer que você nunca sonhou em provar o ratatouille do ratinho Remy? Ou nunca quis experimentar a torta de manteiga escocesa do Pica-pau? Ou então recriar os famosos Waffles Eggo da personagem Eleven de Stranger Things? Ou ainda, pensou em provar o hambúrguer de siri do Bob Esponja?

Mais do que alimentos, estes pratos nos aproximam do ambiente das histórias que assistimos. Atualmente, a tendência de reprodução a partir das obras cinematográficas ganhou mais um companheiro delicioso: bolos vintage, que são recheados de estéticas e referências antigas.

Com muitas camadas de glacê e chantilly compondo o topo e cores vibrantes, os bolos Y2K, abreviação que se tornou viral para se referir a cultura Year 2000 (anos 2000), nos recordam a nostalgia e se adequam à moda maximalista contemporânea. A estética exuberante, quase “kitsch”, mostra como a gastronomia se cruza com a cultura pop de uma maneira muito única.Tentar reproduzir aquela receita da sua série favorita ou encomendar um bolo temático para o seu aniversário na estética Y2K vai além de seguir uma tendência popular. Essas ações despertam memórias afetivas e representam o desejo coletivo de reviver momentos marcantes de uma era específica, é uma forma de participação ativa e uma tentativa de experienciar sensações que nos conectam a tempos passados.

A cultura “newtro”, que combina elementos novos e retrô, exemplifica essa procura por inovação a partir de algo antigo, reinterpretando o passado com um olhar mais contemporâneo.

Na gastronomia, isso se molda nos pratos e doces que remetem a décadas anteriores, como os bolos decorados com personagens de desenhos animados dos anos 90, que ressurgem como símbolos de nostalgia compartilhada. Essas escolhas culinárias não são apenas sobre sabor, mas sobre criar experiências sensoriais que nos fazem viajar no tempo.

Ao provar um prato inspirado em uma obra querida ou ao compartilhar uma sobremesa que remete à infância, estamos, de certa forma, mantendo viva aquela magia das histórias e momentos que algum dia nos tocaram. A interseção entre o que assistimos pela tela e o que tentamos reproduzir reforça a busca contemporânea por experiências e atividades que vão muito além do consumo passivo da mídia. Evidenciando assim, o desejo social de fazer parte de uma estética narrativa, transformando um universo fictício em uma pequena extensão da realidade.

Imagem Pica-pau e torta. / Créditos: Blog Cozinha Curiosa· Receitas, Vinhos e Experiências
Butter Scotchy Original/ Créditos: Shoppe

Cercada de referências em uma fachada teatral, Halsey explora sua vulnerabilidade e o ato de personificação em seu 5º álbum

Com uma estética sonora carregada de influências de estrelas da música, ‘The Great Impersonator’ se apresenta como uma viagem frenética, porém serena –melancólica, mas caótica – refletindo os altos e baixos vividos pela cantora nos últimos anos.

O quinto trabalho de Halsey é cercado por diversas referências que a acompanharam durante sua trajetória. Cada faixa é influenciada por algum artista que fez/faz parte da vida da cantora, como: David Bowie, Britney Spears, Amy Lee e Stevie Nicks, que serviram de inspiração para a construção deste álbum. O disco feito no “espaço entre a vida e a morte”, como descrito pela cantora, é um turbilhão de emoções.

Lançado em 25 de outubro de 2024, o álbum segue a estética adotada por Halsey desde o começo da sua carreira, o que hoje em dia poderíamos chamar de messy girl – uma personalidade mais despojada

Foto: Halsey/Divulgação

ou uma forma de rebeldia que abraça o caos e a bagunça. Porém, como é de se esperar, depois de dois anos afastada da música devido ao nascimento de seu primeiro filho e o diagnóstico de duas doenças autoimunes: lúpus e leucemia, a cantora assume sua forma mais madura ao conversar com seus ouvintes sobre seu passado, presente e as expectativas para o futuro.

Nascida em 1994 em Nova Jersey, nos EUA, a cantora percorreu uma longa jornada até o momento atual e se manteve fiel ao estilo sonoro. Seu primeiro grande trabalho foi o disco ‘Badlands’, lançado em agosto de 2015, que certamente marcou uma geração de

adolescentes que escutavam Evanescence, Lana Del Rey, Fiona Apple, Paramore, entre outros nomes do cenário alternativo/pop rock.

Durante seu tratamento, em 2021, a cantora enfrentou dois anos intensos: inúmeras idas ao hospital, perda excessiva de peso, o medo constante da morte e do tempo perdido. Tudo isso enquanto lidava com a maternidade, como relata nas faixas ‘The End’ e ‘I Believe in Magic’. As faixas subsequentes são construídas a partir da calmaria e da aceitação de que talvez o pior pudesse acontecer, mas que se acontecesse, ela gostaria de ser acolhida em seus últimos momentos. Para além disso, evidenciam como o nascimento de seu “pequeno gêmeo” trouxe a ela a esperança e a força para enfrentar o tratamento.

Em outra parte do álbum, na 15ª faixa, ‘Hurt

Embora tenha dito que “nunca morreria” – a piada sempre foi ela mesma, que agora corre contra o tempo. Em sua letra mais comovente, afirma: “Comecei a acreditar no amor no dia em que conheci meu pequeno gêmeo. Acho que posso começar a tentar, porque não tentei desde então”.

Feelings’, a cantora revisita o passado ao refletir sobre sua tentativa de romper com comportamentos tóxicos herdados do pai, enquanto busca afirmar sua identidade e independência. A canção ganha um toque especial ao evocar a sonoridade de Halsey em seu álbum de estreia, com vocais iniciais e uma produção que transportam o ouvinte diretamente para 2015.

Talvez este não seja seu melhor trabalho, especialmente por suceder seu disco mais aclamado pela crítica, ‘If I Can’t Have Love, I Want Power’. Ainda assim, apresenta à audiência uma vulnerabilidade e maturidade que combinadas geram uma comoção que, no final, atende seu objetivo, um desabafo profundo e reflexivo acerca de sua vida.

Em outubro de 1997, o papa João Paulo II visitou o Rio de Janeiro. Cinco meses antes, em 7 de junho, a Folha de São Paulo publicava “Visita do papa faz PM ocupar morro no Rio”, onde explica que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) estaria passando seus dias no Turano para, esperançosamente, estancar a violência no local antes da vinda do papa. Matérias como essa fazem o que Justin Charity denomina de “Copaganda”, uma junção da palavra cop, policial em inglês, e propaganda. Ele explica que muitas vezes a mídia exibe retratos positivos, dóceis ou mesmo cômicos da polícia e dos militares a fim de mudar como estas instituições são vistas. Assim, as consequências da violência policial e do abuso de poder acabam apagadas da memória coletiva, sendo substituídas por histórias sobre a

Tropa de Elite (2007) não recua diante da realidade da polícia do Rio de Janeiro. “Quem quer ser policial tem que escolher: ou se corrompe, ou se omite, ou vai pra guerra”, diz Capitão Nascimento, protagonista do longa. A época ele foi elogiado e aplaudido por “ir pra guerra” com os criminosos que “infestavam” o Turano, mesmo que para isso precise violar os direitos humanos dos moradores da região. André Dick, em seu Artigo O Bope em ritmo de rock,

das nuances da segurança pública com cuidado o suficiente. O resultado é o descrito por Justin Charity: uma memória coletiva que lembra de agentes da segurança pública com carinho, não importa o quanto eles matem.

“Homem de preto, qual é sua missão? Entrar pela favela e deixar corpo no chão” diz a música O Bope vai te Pegar, da trilha sonora de Tropa de Elite, que tocava em todo lugar em 2007.

Bruno Barreto, cineasta, diz ter se decepcionado com Tropa de Elite justamente porque a história humaniza o Bope, mas não aqueles que estão contra ele. O público sente empatia pelo Capitão Nascimento muito mais do que aqueles que ele tortura, e na figura dele o discurso do bom policial entre os corruptos se perpetua. “Quando se trata de um assunto tão importante quanto à segurança pública, é preciso ter cuidado.”, diz Bruno. E talvez esse seja o ponto. Tropa de Elite não é o primeiro (nem o último) filme clássico que não tratou

rato

Quando a Disney QUASE fez um épico sul americano

Em seus cem anos de estúdio, a Disney explorou diversos cantos do mundo, incluindo a América Latina. Considerando que somos um grande mercado consumidor da empresa, nada mais justo que haja uma obra inspirada na região. Estamos falando, obviamente, de “A Nova Onda do Imperador” (2000). O clássico irreverente, icônico no Brasil devido à sua dublagem, se passa no Peru, na época do Império Inca. Entretanto, o filme não tira proveito de sua ambientação fascinante, pouco explorada na mídia. Com exceção do aspecto gráfico, não há nada que defina a localização e o período histórico, ou seja, com pequenas alterações, o filme poderia se passar em qualquer lugar do mundo, fazendo com que seja curiosa a escolha, aparentemente aleatória, da civilização andina. Isso foi algo que sempre me intrigou: o que motivou a Disney a escolher esse cenário?

A resposta para essa pergunta veio à tona com o redescobrimento do documentário “The Sweatbox” (2002), da cineasta Trudie Styler. Retratando o desenvolvimento de “A Nova Onda do Imperador” desde sua conceituação, o documentário mostra o verdadeiro pesadelo que foram os seus bastidores, o

Comparação da vila de Pacha e Machu Picchu (Peru) / Créditos: people.com

que fez com que a Disney o tirasse do ar diversas vezes. Logo, nota-se que a ideia original não poderia ser mais diferente do filme que conhecemos. Inicialmente dirigido por Roger Allers, a história seria um drama épico nos moldes de clássicos do estúdio (como “O Rei Leão”, também dirigido por Allers), inspirado na mitologia inca e no clássico “O Príncipe e o Mendigo” com o título de “O Reino do Sol” (referência direta às crenças incas).

Na trama inicial, acompanharíamos a história do imperador Manco, um déspota arrogante, e Pacha, um pastor humilde e sonhador, que, ao se encontrarem e perceberem que são idênticos, trocam de lugar. Pacha acaba sendo descoberto pela feiticeira Yzma, que o transforma em uma lhama para matá-lo e invocar o deus Sunpai para destruir o sol. Em meio a isso, Pacha conhece Nina, noiva de Manco, que se apaixona pela “nova versão” de seu prometido e Manco desenvolve uma amizade com Mata, uma moleca que irá o ajudar a derrubar Yzma.

Vilões poderosos, mocinhos descobrindo

seu lugar no mundo e romances improváveis guiados por números musicais, se isso não é um clássico Disney, eu não sei o que é. Intrigado pela trama, Sting concordou em fazer a trilha sonora. Entretanto, fazer o épico peruano se mostrou mais difícil do que se imaginava: os produtores executivos detestaram o resultado inicial, dizendo que ele tinha um tom estranho que não definia se o filme era comédia ou drama. Allers e outros membros se sentiram ofendidos e, desde então, as diferenças criativas aumentaram, resultando na saída de Allers e no redirecionamento da obra para uma comédia que seria uma releitura do conto “As novas roupas do imperador”. No fim, praticamente tudo da ideia original foi descartado, com exceção da ambientação e de algumas músicas. Como um amante de história pré-colombiana, não consigo deixar de lamentar que quase tivemos um clássico inspirado nesta mitologia e que, ao menos pelo que parecia, estava sendo feita por pessoas legitimamente interessadas em criar algo respeitoso.

Esboços

iniciais de “O Reino do Sol”

Créditos: disney.fandom.com/wiki

Moda em abundância:

o que o luxo, de prato cheio, diz sobre o desperdício?

Nos últimos anos, cada vez mais, a indústria da moda tem aderido alimentos como elementos visuais em campanhas publicitárias, desfiles de modas e em ensaios fotográficos. Bolos exageradamente decorados, frutas aos montes e até carnes cruas são os novos recursos estéticos contraditórios no mundo da moda. Essa tendência não é apenas uma composição visual, visto que se atrela ao consumo exagerado, ao luxo, à sensualidade e até ao desconforto.

Na moda, nada é o que aparenta ser. A questão é mais a fundo, dialogando com a abundância, vendendo desejos e, mais ousadamente, é uma forma de contrariar as normas. Marcas de luxo, como Gucci e Dolce & Gabbana já se integraram ao mundo alimenticio, trazendo esses elementos em campanhas e desfiles, de maneira lúdica ou de maneira grotesca e inusitada. Uma coisa é clara: nem sempre o objetivo é agradar ao público, e sim provocar.

Tecnicamente falando, os alimentos contém

texturas e significados culturais que atraem e isso é usado a favor das marcas. Tudo é para gerar impacto. E esse impacto vai muito além de vestimentas e desfiles, alcançando críticos que apontam o desperdício alimentar como um problema ético em tempos de insegurança alimentar.

A ética passa longe ao ser apontada a superficialidade de alimentos como adornos, principalmente quando modelos extremamente magras os exibem, é uma estética contraditória sobre prazer, culpa e controle alimentar. Essa representação reforça padrões estéticos inalcançáveis, romantizando a abundância de alimentos ao lado de corpos magros, o que passa a imagem de controle e restrição: onde o alimento é fetichizado, mas não é consumido.

Além disso, o uso de comida real transformada em ornamentos de luxo traz uma questão política: em um planeta que necessita de práticas sustentáveis, a moda exibe seus próprios excessos. O que para alguns é arte, para outros beira o inadmissível. Há uma linha tênue entre a provocação criativa e a insensibilidade social.

O uso de alimentos no meio da moda é ambíguo, celebrando o sensorial e expondo desigualdades. As marcas elitizam alimentos, priorizando o impacto visual e a provocação em massa, gerando um esvaziamento de todo o significado cultural. Até o que

Quando Harry conheceu a Sally...

Na primeira vez que eles se encontraram ela o odiou, na segunda vez ele não a reconheceu e na terceira vez eles se tornaram amigos.
Por Hamilton A. Silva

Harry e Sally, dois personagens complexos movidos por diálogos sagazes e encontros não programados que acontecem sem querer por dois anos, até que eles se rendem ao destino e se tornam amigos. Apesar disso ir contra a crença do Harry, já que ele acreditou por muito tempo que um homem nunca poderia ser amigo de uma mulher, pois sempre haveria o fator da atração em jogo. Essa é a dúvida que o filme põe em xeque, sendo já inserida em uma das primeiras conversas que acontecem quando os protagonistas se conhecem. Sendo essa uma situação caótica já que eles serão obrigados a partilhar longas horas em uma viagem de carro até Nova York. Quando o longa foi lançado em 1989 teve uma recepção amplamente positiva com diversos veículos de crítica especializada elogiando o tom cômico que Billy Crystal incorporou no cínico Harry Burns e o seu par Sally Albright que Meg Ryan se diverte ao dar tantas camadas de personagens quanto estilos de cabelos. A química entre os dois atores foi tanta que até os momentos de improviso se encaixam na trama, tanto que alguns deles foram mantidos na versão final do filme. Como quando Harry por motivo nenhum decide começar a falar com voz de pato e pede para que Sally entre na brincadeira, aquilo não estava no roteiro e isso se demonstra quando a atriz olha para atrás da câmera à procura da aprovação

do diretor para saber se deve ou não continuar a cena.

Além disso, muitas cenas do filme foram inspiradas na vida do diretor, Rob Reiner, que surgiu com a ideia inicial para a trama e apresentou para a roteirista, Nora Ephron. Ela rejeitou de primeira, mas posteriormente aceitou trabalhar a história e fez diversas entrevistas com o diretor que estava solteiro na época após um longo casamento. Algo que difere muito da ideia inicial do diretor da última versão do longa é o final, [ALERTA DE SPOILER] diferente do que acontece no filme, quando o diretor idealizou a história o Harry e a Sally não ficavam juntos e se casavam. Isso acontece pois por estar solteiro na época, Rob não estava acreditando no amor, mas tudo mudou quando no meio da produção ele conheceu a sua atual esposa.

Ainda sobre a produção, se você já viu o filme deve se lembrar das entrevistas que são inseridas entre atos. Elas são baseadas nas entrevistas reais

“Quando você se dá conta de que quer passar o resto da sua vida com alguém, você quer que o resto de sua vida comece o quanto antes.”

que a roteirista Nora Ephron fez enquanto estava escrevendo, sendo elas uma maneira dela quebrar o bloqueio criativo que surgia ocasionalmente. Outra relação real que inspirou ela foi a amizade entre o diretor e Billy Crystal que se ligavam por telefone para assistir filmes juntos pela TV, cena reproduzida por Harry e Sally com Casablanca (1942).

Voltando para a relação dos personagens título, eles são a resposta para a questão “Homens e mulheres podem ser apenas amigos?” pois apesar de posteriormente se apaixonarem, eles são amigos e a amizade deles era muito baseada na abertura que eles se davam para o diálogo. No fim o que o filme deixa, além da vontade do outono ser uma estação eterna, é a crença de que o amor surge apesar das vontades alheias. Pois se dependesse da vontade dos membros da produção e dos próprios personagens, Harry não teria se apaixonado pela Sally.

Narrativas

que atravessam a alma: quando a cultura pop cutuca feridas reais.

De Panem ao mundo devastado por fungos, Jogos Vorazes e The Last of Us Part II mostram como o entretenimento pode provocar reflexões profundas sobre desigualdade, empatia e escolhas morais.

A cultura pop é, muitas vezes, vista apenas como entretenimento leve, feito para passar o tempo, mas grandes narrativas conseguem fazer mais: nos confrontam, questionam e transformam. É o caso de duas obras marcantes — Jogos Vorazes e The Last of Us Part II — que, embora estejam em formatos diferentes (cinema/literatura e videogame) compartilham algo essencial: serem histórias populares que abordam questões sociais profundas e atuais.

Jogos Vorazes se passa em um mundo distópico no qual a Capital, rica e opressora, comanda os distritos empobrecidos por meio de um espetáculo violento: os Jogos, que colocam jovens para lutar até a morte em rede nacional. A protagonista Katniss Everdeen, sem querer, se torna o símbolo de uma revolução, questionando a desigualdade, a manipulação midiática e reivindicando o papel social da juventude. A obra é um espelho incômodo da realidade, expondo temas como pobreza, controle do Estado e o uso do entretenimento para alienar e silenciar as massas.

The Last of Us Part II, por sua vez, propõe um mergulho nas zonas cinzentas da moralidade. O jogo acompanha Ellie e Abby, duas mulheres marcadas por perdas e escolhas difíceis. Ellie busca vingança pela morte de Joel, seu pai de criação. Já Abby é quem o matou, também por vingança. Ambas vivem impulsionadas por dor, afeto e sobrevivência, mas o jogo quebra expectativas: faz o jogador se colocar no lugar de ambas, sentir empatia e desconforto ao perceber que, talvez, não exista um lado certo. Essas obras mostram que heróis e vilões podem habitar o mesmo corpo e que decisões extremas, muitas vezes, nascem de sentimentos de amor ou de dor: Joel salva Ellie mesmo sabendo que isso pode custar o futuro da humanidade, Abby arrisca tudo por Lev, ainda que isso signifique

Por María Isabel Diogo

trair seu próprio grupo, e Katniss, embora celebrada como símbolo de esperança, também é vista por seus opositores como uma ameaça vingativa. Ao desafiar um sistema opressor, ela desperta admiração e medo. Suas ações, ainda que movidas por justiça, também carregam consequências imprevisíveis. Ninguém é totalmente certo ou errado. E talvez nisso esteja a força dessas narrativas. Ao promover empatia, provocar reflexão e apresentar personagens realistas em suas contradições, Jogos Vorazes e The Last of Us Part II ocupam um lugar relevante na cultura pop. Ambas as obras são protagonizadas por mulheres fortes, complexas e imperfeitas — Katniss, Ellie e Abby — que enfrentam traumas pessoais e dilemas morais. Elas representam não só a força feminina, mas também a importância da representatividade em narrativas de impacto. Essas são histórias que não apenas entretém, mas também provocam e emocionam. Talvez, essa seja uma das maiores potências da arte: nos obrigar a sentir, pensar e repensar o mundo.

Créditos: Divulgação/Lionsgate

Hitchcock e o Voyeurismo

A quebra da passividade do espectador de cinema

O cinema moderno e seus paradigmas trazem consigo um certo enfrentamento à lógica previamente estabelecida: o voyeurismo. Começaremos definindo esse termo no contexto audiovisual: o voyeurismo se trata de uma maneira de descrever uma relação passiva entre o espectador de cinema e o filme. Retira-o da experiência e trata-o como um observador de longe – alguém que não interage com o objeto de desejo (nesse caso, o filme), mas sim apenas observa-o. O voyeur (quem observa) não está nessa posição por vontade própria necessariamente, e sim é colocado nela pelo diretor. É ele que gera esse distanciamento do espectador, o que pode até criar uma falsa sensação de segurança, afinal, como pode o filme ultrapassar as barreiras da tela e

dialogar profundamente com o espectador, se lhe foi negado qualquer envolvimento minimamente ativo na trama do filme? Com o tempo, essa lógica foi sendo questionada por diversos cineastas como Alfred Hitchcock O diretor inglês busca

em seus filmes desafiar diversas concepções hegemônicas e questionar relações de seu tempo e, entre elas, está a relação voyeurística do espectador com o cinema. Isso pode ser observado como temática principal em dois de seus maiores

Foto: Reprodução Janela Indiscreta (1954)

Foto: Reprodução

filmes: Janela Indiscreta (1954) e Um Corpo Que Cai (1958).

Em Janela Indiscreta, o personagem principal atua como um espectador de cinema. Após sofrer um acidente, é forçado a tomar um papel passivo e passa a observar seus vizinhos através de sua janela. Ao decorrer do filme, uma trama se forma e um crime acontece no prédio à sua frente – tudo isso é uma clara analogia ao espectador e ao filme, com o espectador possuindo um papel passivo, conse -

guindo apenas observar o que ocorre à sua vista. Entretanto, ao longo do filme, o protagonista se envolve cada vez mais ativamente na trama dos vizinhos ao ligar para polícia ou ao enviar sua parceira para conferir de perto o apartamento. Tudo isso é realizado num papel mais ativo, contudo, ainda assim, protegido pela tela (ou a “Janela indiscreta”), até que, no clímax da obra, a sua passividade é completamente rompida ao ser confrontado face a face por seu vizinho, de -

monstrando a quebra definitiva da relação voyeurística do espectador do cinema moderno. Em Um Corpo Que Cai, ou “Vertigo”, algo similar ocorre com o protagonista. Todavia, ao invés de ser um espectador passivo, ele é manipulado a pensar que é um. O seu objeto de desejo, Judy Barton, é perseguida por ele e observada de longe, mas ela sabe disso, pois atua como uma atriz de um filme –alguém que está sempre sendo observada, mas que finge não saber que está. Em Vertigo, também há uma quebra da passividade do protagonista ao se encontrar obrigado a salvar Judy de um afogamento. Porém, nesse caso, essa quebra ocorre mais cedo, com o resto da obra focando em demonstrar como a pessoa pela qual o protagonista se apaixonou não passava de um personagem sendo interpretado por Judy. Dessa forma, Vertigo nos mostra como um espectador é manipulado o tempo inteiro a achar que está no controle, que está seguro, mas no fim, ele é quem está sendo manipulado – exatamente o objetivo de todas as artimanhas usadas para tal.

Corpo Que Cai (1958)

GelBoys e o retrato da geração Z:

Como a série tailandesa conseguiu realizar uma das melhores representações do cotidiano conectado da juventude atual

O cinema e o audiovisual como um todo, têm sido uma grande ferramenta para retratar a imagem de uma geração, e neste sentido, a juventude ganhou papel central em muitas dessas produções, tanto por ser um dos principais públicos-alvo quanto por ser uma de suas principais fontes de inspiração. Muitas foram as formas de retratar a noção do que é ser jovem e de como é descobrir os seus amores, ao mesmo tempo em que tenta encontrar seu lugar no mundo.

Dentro dessa perspectiva, a partir da década de 2010, os BLs, abreviação de Boys Love, produções asiáticas que se propuseram a

retratar o momento de descoberta da sexualidade e da exploração de um mundo desconhecido por adolescentes gays, se tornaram um fenômeno. Essas obras conquistaram grande espaço, principalmente na internet, conquistando fãs em todos os cantos do planeta e criando uma noção de comunidade para aqueles que consomem essas mídias.

Ao longo dos anos, muitas foram as séries produ zidas, e muitas as histórias e abordagens nelas encontradas. Recentemente, no início de 2025, foi lançada a série Gel Boys, dirigida por Boss Kuno (I Told Sunset About You), que rapidamente se concre tizou enquanto um grande sucesso para o gênero, ao contar a história de quatro garotos comuns que, através das suas interações no mundo real e virtual, acabam por se descobrirem ao mesmo tempo que descobrem o mundo à sua volta.

Na série, observamos Fou4Mod, que ao acompanhar Chian até uma manicure para fazer unhas de gel, uma febre popular entre meninos na Tailândia, acaba se apaixonando por ele. Porém, ao decorrer da trama, Chian descobre que estava apenas o utilizando para fazer ciúmes em Bua, seu amigo tiktoker, e como forma de revidar, Fou4Mod acaba por usar seu amigo Baabin para fazer o mesmo.

No enredo, a maior novidade é a utilização das redes sociais enquanto um personagem vivo. Aqui, os celulares não ocupam apenas momentos específicos da trama: são quase como uma parte do elenco principal. O primeiro contato entre Fou4Mod e Chian é quando um pergunta para o outro se quer que envie uma foto via airdrop. Depois disso, inicia-se uma sequência de interações que vão migrando entre o plano físico e cibernético: likes, mensagens com flertes sutis, a preocupação com o que postar, a busca pela foto perfeita para o “close friends” e o compartilhamento de vídeos casuais.

Essas são algumas das experiências presentes na produção que são tão comuns à geração atual de jovens e adolescentes e que, por muitas das vezes, são esquecidas nas mídias que os retratam. A tendência é trabalhar de forma que tudo aconteça no presencial, mas a nossa vida atual é um misto de dois mundos que acontecem, ao mesmo tempo, de maneira paralela e transversal, sempre se encontrando. Aqui, os criadores parecem compreender como funciona a vida dos jovens, de modo que as situações causam facilmente a sensação de identificação, mesmo que o retratado em tela seja uma realidade do outro lado do mundo, mas que, em um mundo globalizado, acaba sendo similar à vivência de toda uma geração.

Foto: Looke/Reprodução

Os shows mobilizaram fortemente os vendedores locais, impactando na economia da região com o aumento no fluxo de turistas. Desde então, o K-pop e o dorama se fizeram muito presente no Brasil,

tendo São Paulo como um “pedaço da Ásia”, como a Liberdade e o Bom Retiro (bairros asiáticos).

Atualmente, a cultura pop coreana “estremeceu” as mídias, não só os portais de notícia com a ida e volta do BTS do exército, mas também as redes brasileiras de TV, exibindo, pela primeira vez, doramas. Além disso, a Globo produziu a novela “Volta por Cima”, tendo como base um enredo de k-drama, no qual a trama se destrincha sobre a vida de uma adolescente fã de k-pop e seu cotidiano baseado nesse aspecto. Essa novela, apesar de estar refletindo a enorme influência que o Hallyu teve no Brasil, gerou revolta na “bolha de fãs”, pela novela ser totalmente estereotipada e não condizendo com a realidade. Apesar dessa visão estereotipada, os fãs não se preocupam em demonstrar seu amor e apoio à esta maravilhosa cultura. São Paulo, anualmente, possui um grande fluxo de turistas devido à shows, fanmeetings e eventos sobre a cultura. Recentemente, o grupo masculino de k-pop, Stray Kids, lotou o estádio do MorumBIS em dois dias consecutivos, somando mais de 120mil pessoas, além de um show no Engenhão, que reuniu cerca de 55mil fãs. Estas foram as primeiras apresentações do grupo no Brasil e se tornou a maior turnê de K-pop no país até então, além de estabelecer um novo recorde de público para um show de K-pop no Brasil. A crescimento da cultura pop coreana no Brasil não passa despercebida, trends no Tiktok, músicas em fundos de vídeos, colaborações com artistas brasileiros, como o feat da Anitta com o grupo TXT com a música “Back for More”, músicas de k-pop em estabelecimentos locais e entrevistas com idols e atores em programas brasileiros, como o idol Bambam, membro do GOT7, e o astro de K-drama Lee Junho, no The Noite com Danilo Gentilli. O Hallyu no Brasil já é uma realidade, e a tendência é só crescer.

Reprodução:

Porque a Netflix adaptação de na acertou Heartstopper

se

saiu bem com e não

por lugares incriveis ‘

Adaptações literárias sempre fizeram parte do mundo cinematográfico, e têm sido cada vez mais frequentes nos últimos anos, a exemplo do filme “É assim que acaba”, e a produção do filme “Os sete maridos de Evelyn Hugo”, livros muito populares que estão recebendo seu espaço no mundo audiovisual.

Por Mateus Baroni

Foto: Divulgação/Netflix

Foto: Divulgação/Netflix

Apesar do sucesso de muitas dessas produções, algumas não foram muito bem recebidas pelo público, como o filme da Netflix baseado na obra de Jennifer Niven “Por lugares incríveis”, a obra acompanha os jovens Theodore Finch e Violet Markey lidando com a depressão e o luto, respectivamente, enquanto mostra a união inesperada desses dois adolescentes. O longa falha em se aprofundar nos personagens e acaba deixando de lado muitos aspectos do livro que são essenciais para a construção da narrativa, criando lacunas que deixam o espectador sem entender certas atitudes e motivações.

Essa questão fica evidenciada quando notamos a importância que a família do Finch tem para a construção do protagonista, e que no filme, apenas a irmã mais velha se faz presente, excluindo outros 3 personagens que são pilares da trajetória dele. Em geral, o filme foi criticado por negligenciar elementos chave do livro e não os desenvolver tão bem quanto a obra literária. Em contrapartida, a mesma plataforma, conseguiu muitos elogios com a adaptação da obra de Alice Oseman, “Heartstopper”, que atualmente tem 3 temporadas lançadas e um filme confirmado para encerrar a história. A trama acompanha o romance e a jornada de autoconhecimento de Nick Nelson e

Charlie Spring, dois jovens que não aparentam ter muito em comum, mas que logo se aproximam. Após o lançamento da série, a obra cresceu em popularidade, elevando as vendas dos livros e dos espectadores que aguardavam a continuação da trama, contrastando com o caso da obra de Jennifer, que tem um livro muito bem avaliado e com grande popularidade, mas que não obteve sucesso na tentativa de trazer a história para o catálogo da Netflix. O enredo da série é extremamente fiel ao livro, mantendo sua essência e aprimorando outros aspectos da narrativa, introduzindo personagens e conflitos novos que auxiliam no desenvolvimento.

A recepção da obra de Oseman demonstra que o problema não se encontra na diferença entre as versões, pois é evidente que haverá alterações ao trazer a história de um livro para as telas, mas é preciso que o diretor saiba quais aspectos podem ser modificados para que a obra ainda seja fiel às ideias e conceitos apresentados anteriormente. Até mesmo a escolha entre produzir uma série ou um filme influencia o ritmo da obra e quanto conteúdo será perdido no processo. Heartstopper prova que há como introduzir novos elementos em uma história e desenvolver os personagens de maneira que acrescente valor à narrativa.

Novelas: Coração da cultura pop brasileira

A novela representa o Brasil, mas também inspira o brasileiro. Uma entrevista com Joelma Santana

Siqueira

Alex de Freitas Tardin

Enquanto brasileiros, não poderíamos fazer uma revista de cultura pop sem falar sobre elas: as novelas! Existe algo mais cultura pop brasileira do que isso? Elas atravessam gerações, moldam o imaginário coletivo, lançam modas, criam bordões e embalam nossas memórias com trilhas sonoras inesquecíveis.

Para conversar sobre esse fenômeno tão nosso, convidamos a professora Joelma Santana Siqueira, do departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa. Pesquisadora apaixonada por narrativas, ela dedica sua carreira ao estudo da literatura e de suas conexões com outras formas de arte.. Pesquisadora apaixonada por narrativas, ela dedica sua carreira ao estudo da literatura e de suas conexões com outras formas de arte. Nesta conversa, Joelma nos mostra que as novelas não são apenas entretenimento, são também memória, identidade e, claro, cultura pop da melhor qualidade.

Nesta conversa, Joelma nos mostra que as novelas não são apenas entretenimento, são também memória, identidade e, claro, cultura pop da melhor qualidade.

AMPLIE: Professora, enquanto uma pesquisadora que estuda literatura e narrativa, o que você vê quando olha para uma novela? Dá para enxergar arte ali?

JOELMA SANTANA: Bem, nem toda novela tem um trabalho artístico refinado, mas muitas têm sim. Algumas têm personagens profundos, construídos com base em teorias literárias. Outras já partem do diálogo com a literatura, que às vezes é uma adaptação de romances literários, e são fiéis ao perfil do personagem e a algumas falas. Cada caso é um caso.

A: Alguma novela que tenha te marcado?

JS: Saramandaia tinha uma trilha sonora maravilhosa! Outra, mais recente para minha geração, era a novela Que rei sou eu?. Não acho que nenhuma das duas tenha uma relação direta com a literatura, mas são bons trabalhos.

Uma característica importante das novelas são os tensionamentos sociais que as tramas trazem. Pode não parecer, mas muitas vezes a novela está em diálogo direto com questões do mundo político e social. Mesmo sendo uma obra de ficção, ela se insere no contexto da sociedade e tem o poder de influenciar e até formar opiniões.

A: E por que elas moldam tanto o nosso cotidiano?

JS:Tem relação com o fato de o brasileiro ter sido muito fisgado para a telinha da televisão, antes mesmo de ter uma alfabetização ampla da população, com a chegada da TV e do rádio. Tem um trabalho de marketing, não é só artístico, é um produto de entretenimento. Então, é tudo planejado, desde os comerciais que passam naquele horário, quem vai ser o mocinho, como ele vai se vestir, é tudo pensado para o mercado consumidor das coisas que estão presentes ali na novela.

A: Então, de certa forma, novela é o espelho do Brasil?

JS: Sim, mas é uma via de mão dupla. A novela representa o Brasil, mas também inspira o brasileiro. Há exportações disso como Escrava Isaura, baseada num romance do século XIX, que fez sucesso na China e virou até material de estudo lá.

A: Pode-se dizer que a novela, como um produto midiático, cria também uma ideia de um Brasil estereotipado, até mesmo para os próprios brasileiros?

JS: Exatamente. Às vezes, a gente confunde o que é o Brasil com o que a novela mostra. Quando se passa no Nordeste, vira exótico. Quando é no Sudeste, parece o “normal”. A novela reforça visões regionais, muitas vezes estereotipadas.

A: Com streamings, redes sociais e novas mídias, você acha que as novelas perderam espaço na cultura pop?

JS: Perderam parte da centralidade, sim. Mas continuam relevantes. Ainda vemos reprises, readaptações, novelas que viraram clássicos. O consumo mudou, mas a presença permanece.

A: E a internet também criou novas formas de consumir?

JS: Com certeza! Hoje, os jovens editam trechos, fazem vídeos, memes. Mas isso não é uma novidade pois já acontecia de outras formas nos jornais, revistas, rádio… sempre houve esse “segundo suporte” para contar a novela.

Em um país onde as novelas embalam conversas no almoço, lançam tendências e influenciam até o cenário político, não dá pra negar: elas são parte essencial da nossa cultura. Ao longo da conversa, a professora Joelma Siqueira nos mostrou que, por trás de todo drama, bordão ou trilha sonora marcante, existe também arte, crítica social e identidade. Mais do que um simples entretenimento, a novela é um retrato (mesmo que às vezes distorcido ou até mesmo revelador) do Brasil que fomos, que somos e que imaginamos ser. E talvez seja exatamente por isso que, mesmo com tantas novas telas, elas continuem vivas, reinventadas, relembradas e, claro, assistidas.

Bate-bola rápido

A: Uma abertura inesquecível?

J: Saramandaia, por causa da música Pavão Misterioso, inspirada em um cordel do Nordeste.

A: Uma trilha sonora que daria tese?

JS: Velho Chico, que mistura tropicalismo, música de protesto e vários estilos brasileiros.

A: Novela das 6, das 7 ou das 9?

JS: A das 6 é leve e cômica (O Cravo e a Rosa, por exemplo), a das 7 parece a menos interessante, e a das 9 é sempre mais ousada.

A: Se fosse escrever uma novela…

JS: Seria uma sátira política, no estilo Que Rei Sou Eu?. Mas sei que seria difícil agradar, porque o público geralmente prefere histórias mais diretas, que espelhem o real.

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Entre tendências que surgem num clique, hits que viralizam em segundos e nomes que se tornam assunto em todas as redes, a cultura pop segue se reinventando. E a gente tenta acompanhar. Pra facilitar sua vida (e turbinar sua lista de favoritos), a Amplie preparou indicações que passam por música, filmes, séries, livros, festivais e até esportes. De sucessos que explodiram nas redes a produções que ainda podem ter passado batido, tem de tudo um pouco.

Livro

Impostora (Yellowface) - R. F. Kuang (2023)

“Yellowface” (publicado no Brasil como “A Impostora”) é um romance satírico de R.F. Kuang que acompanha June Hayward, uma escritora branca frustrada que rouba o manuscrito da amiga asiática Athena Liu após sua morte e publica como se fosse seu. A obra expõe, com ironia e crítica afiada, temas como apropriação cultural, privilégio branco, ambição, cultura do cancelamento e os bastidores da indústria editorial.

Evento Esportivo

X Games

Organizados e transmitidos pela ESPN, os X Games oferecem uma plataforma para atletas de alto nível mostrarem suas habilidades em modalidades radicais, como skate, BMX e motocross (nos de verão) e snowboard e esqui (nos de inverno). Além de possuir espaços de entretenimento interativos e imersivos para o público (X Games Experience).

The Town Festival

Lançado em 2023, no Autódromo de Interlagos, o The Town estreou como a versão paulistana do Rock in Rio, com estrutura imponente e uma curadoria que uniu grandes nomes da música nacional e internacional. Um festival bienal com cinco dias de duração e uma estética que mistura arte urbana, moda e cultura pop.

Música

Negona dos olhos terríveis

LINIKER Caju

Abracadabra

Two Men in Love

THE IRREPRESSIBLES Nude

Moldura

LADY GAGA Single IVYSON Retalhos

Ouro de Tolo

MARINA SENA Coisas Naturais

Cinema

Filmes

HOMEM COM H 2025

Drama biográfico

Séries

SOB PRESSÃO 2017

Drama

PÉROLAS NO MAR 2018

Romance/Drama

Play The Woman

CYNTHIA ERIVO I Forgive You

JURASSIC WORLD: RECOMEÇO 2025

Ação/Ficção científica

O DIA DO CHACAL 2024

Thriller/Crime

F1 - O FILME 2025

Ação/Esporte

UMA SEUL DESCONHECIDA 2025

Drama

DEPT. Q 2025 Thriller

Diretoria Geral Arte da Capa

Leonardo Amorim

Diagramação

Natália Lana

Beatriz Lara

Leonardo Amorim

Anna Bheatriz Nunes

Marketing Escritores

María Isabel Diogo

Ana Clara Acácio

César Valente

Élice Gomes

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Luana Singulano

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Mateus Bitarães

Extensão

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Revisão

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Ana Luíza Campos

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Cinema

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Gastronomia

Apoio: Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH)

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