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* Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
Aliar conservação ambiental à produção sustentável. Dispositivo legal cria mecanismos que incentivam a preservação das florestas estaduais e a produção sustentável Foto: Bruno Cecim /Ag. Pará
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Próximo
Com a entrega recente de dois mil certificados, o Governo do Pará alcançou, em um ano, a marca de 22 mil certificações pelo programa Capacita COP30, que oferece cursos gratuitos de qualificação e formação profissional nas áreas de turismo, gastronomia, infraestrutura e segurança. A iniciativa prepara mulheres e homens para atuar no mercado de trabalho e conquistar oportunidades com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em novembro deste ano, em Belém.
Agora, além de dar continuidade à oferta de cursos, o Governo do Pará também trabalha na criação de uma plataforma que vai conectar as pessoas certificadas às empresas interessadas em contratar essa mão de obra especializada. A tecnologia estará disponível nas próximas semanas.
O Governo do Pará também trabalha na criação de uma plataforma que vai conectar as pessoas certificadas às empresas interessadas em contratar, disseo o governador
Plataforma vai conectar alunos certificados a empresas
A plataforma será uma espécie de banco de currículos, no qual quem se qualificou pelo Capacita COP30 poderá se cadastrar. Ao mesmo tempo, empresas dos setores de turismo, hotelaria, serviços e gastronomia também poderão se inscrever no aplicativo para selecionar e contratar os profissionais.
“Este é o nosso desafio: agir para que essa mão de obra qualificada seja aproveitada pelas empresas, aqui no Pará. Vamos conectar quem está atrás de mão de obra com quem se qualificou”, frisou o governador Helder Barbalho, durante a solenidade de entrega dos certificados, realizada no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém.
Capacitação como legado da COP30
O chefe do Executivo estadual destacou ainda que o programa Capacita COP30 foi uma ideia da vice-governadora, Hana Ghassan, para garantir que, durante a conferência, a força de trabalho local seja priorizada.
“A Hana defendeu a capacitação dos paraenses para que, durante a COP30, não fosse aproveitada somente a mão de obra de fora do Estado. A qualificação profissional, por meio do Capacita, também é um legado da COP”, disse Helder Barbalho.
A vice-governadora Hana Ghassan, que também preside o Comitê Estadual da COP30, destacou o legado que o Capacita COP30 deixará em diversos setores, especialmente no turismo, que poderá ser um dos que mais gerarão empregos.
“Quero parabenizar a todos vocês que estão investindo no sonho de vocês ao se qualificar.
Ao fazermos isso, estamos fazendo parte da vida de vocês e ajudando a dar esse passo muito importante, que é a qualificação”, disse.
Moradores das ilhas e periferias também são beneficiados
Considerado um dos maiores programas de qualificação e formação profissional do país, o Capacita COP30 representa uma oportunidade para mulheres e homens de diversas faixas etárias e de todas as regiões do Estado. Os cursos são ofertados pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com o apoio de outros 25 parceiros, entre secretarias de Governo, instituições de ensino e entidades da iniciativa privada.
Em Belém, o programa beneficia tanto os moradores de bairros centrais quanto de áreas periféricas, além de pessoas que vivem nos distritos e nas ilhas. É o caso do líder comunitário da Ilha do Combu, Ednei Nascimento, que recebeu das mãos do próprio governador Helder Barbalho o certificado pelo curso de Gestão em Turismo.
“A COP30 já é vivida por nós, e essa capacitação ocorreu de forma presencial. Foi o segundo curso que fiz, o primeiro foi de marketing em Turismo”, comentou.
Na turma de Ednei estava a empreendedora Ana Cardoso, de 61 anos, que mantém um meio de hospedagem na Ilha do Combu.
“A iniciativa do Governo do Pará, por meio do Capacita COP30, atravessou o rio e chegou até a nossa comunidade. Foram mais de 40 horas de aula, no formato presencial, para que a gente pudesse desenvolver projetos próprios e garantir renda com práticas sustentáveis na ilha”, destacou.
Colegas no curso de Panificação e Confeitaria, Ednan Araújo, de 29 anos, e Valéria Santos, de 48, foram juntos buscar o certificado. Ambos compartilham o desejo de empreender com o conhecimento adquirido. Ela, moradora do bairro Parque Verde, já possui um negócio no ramo da alimentação fora do lar. “O curso me permitiu conhecer novas técnicas e receitas. Isso ampliou o horizonte para um novo caminho que posso seguir”, disse Valéria. Ednan pretende abrir uma pizzaria.
“Concluí o Ensino Médio e fiz o curso. A grade foi mais intensa do que eu teria em um cursinho particular. Agora, estou colocando essa formação no meu currículo e pretendo fazer novos cursos pelo Capacita COP30. Vi que há cursos também no formato de Ensino a Distância”, contou Grasielly de Nazaré.
A qualificação da mão de obra paraense é fundamental para garantir que os benefícios da COP30 cheguem diretamente à população
Na terça-feira (13/05), o programa Capacita COP30 iniciou uma nova etapa com a abertura de 1.200 vagas em cursos nas áreas de turismo, gastronomia e atendimento ao público. As aulas presenciais serão realizadas nas cidades de Belém, Castanhal, Salinópolis, Soure, Salvaterra e Santarém. Entre os cursos disponíveis estão: hotelaria e meios de hospedagem, marketing digital para o setor turístico, turismo digital, inteligência artificial aplicada ao turismo, inglês básico e avançado para negócios turísticos, cozinha amazônica, oratória, turismo receptivo, garçom e garçonete, hospitalidade e lazer, gestão de turismo sustentável, Libras básico, manipulação e conservação de alimentos e influenciador digital.
Para o secretário da Sectet, Victor Dias, a qualificação da mão de obra paraense é fundamental para garantir que os benefícios da COP30 cheguem diretamente à população.
“A qualificação profissional amplia oportunidades para a nossa população e garante que os benefícios desse grande evento internacional sejam sentidos de forma concreta pela sociedade paraense. Já estamos na nona oferta de cursos promovida pela Sectet, reafirmando nosso compromisso com a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a geração de renda para a nossa gente”, destacou.
Serviço
As inscrições para os cursos estão abertas e devem ser feitas por meio da plataforma oficial do programa: www.capacitacop30. pa.gov.br
(*) SECOM <<
destacará produção sustentável, inovação
De 5 a 8 de junho, o Pará vai sediar a Feira do Cacau e Chocolate Amazônia e Flor Pará no Hangar - Centro de Convenções da Amazônia, em Belém. Organizado pelo Governo do Estado e pelo Sistema Faepa/Senar, o evento busca destacar o Pará como protagonista de um novo modelo de desenvolvimento, aliando prosperidade econômica à preservação ambiental.
A expectativa é de reunir mais de 50 mil pessoas nos quatro dias de evento. Os atrativos estão na programação extensa com expositores de marcas locais, nacionais e internacionais, além de programação técnica que vai ampliar o debate sobre a produção sustentável, inovação e bioeconomia.
O evento reflete o trabalho do Pará para se tornar o maior produtor de cacau do país. Uma das estratégias incluem a Em -
presa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), que auxilia na obtenção e manutenção desse pos -
to por meio do acompanhamento da cultura e desenvolvimento de projetos para a viabilização de financiamento rural.
“A Feira do Cacau e Chocolate Amazônia e Flor Pará é uma vitrine fundamental para valorizar o trabalho dos produtores paraenses e mostrar ao Brasil e ao mundo a potência da nossa agricultura familiar. O Pará é hoje o maior produtor de cacau do Brasil em volume, seguido da Bahia. Juntos, os dois estados respondem por cerca de 95% da produção nacional, segundo dados da Ceplac. Nesse cenário, a Emater desempenha um papel estratégico ao oferecer assistência
técnica, promover a produção sustentável e apoiar a organização dos agricultores para poderem acessar mercados e agregar valor aos seus produtos. Eventos como este reforçam o protagonismo do Pará na bioeconomia e no desenvolvimento rural sustentável”, destaca o presidente da Emater, Joniel Abreu. Conforme os dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Pará (Sedap), o município de Medicilândia, localizado na Região de Integração do Xingu, também conhecida como Transamazônica, é o maior produtor de cacau do estado. O município produz mais de 44 mil toneladas de cacau por ano, o que corresponde a 34,69% da produção total do estado.
“O Pará não desmata um palmo sequer para plantar cacau. Inclusive nós temos legislação que não permite que desmate e que coloca o cacau como uma cultura para recuperação de áreas alteradas. Quem tem o passivo ambiental, se plantar cacau em sistemas agroflorestais, recupera sua área alterada e ainda aufere bons lucros”, explica o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Cacau (Procacau), engenheiro agrônomo, Ivaldo Santana.
“O modelo de cultivo do cacau na Amazônia paraense representa uma verdadeira transformação socioeconômica, diversificando a matriz produtiva do estado e garantindo a permanência digna de famílias
no campo por meio de uma fonte de renda sustentável e próspera. A cacauicultura
elevou-se à condição de programa estratégico estadual devido ao extraordinário potencial econômico que oferece aos seus produtores”, complementa.
Flor Pará
A programação do evento também dará destaque à cadeia produtiva das flores amazônicas. A Flor Pará valoriza o crescimento da floricultura na região, com ênfase no cultivo de espécies nativas como antúrios, helicônias e orquídeas, desenvolvido tanto por grandes produtores quanto por agricultores familiares. Essa atividade representa uma alternativa promissora de investimento e geração de renda.
Texto * Jamille Leão Fotos Divulgação, Fabiola Sinimbú/Agência Brasil
A apresentação do maior marco da bioeconomia do Brasil reuniu representantes do Estado e apoiadores do projeto para apresentar ao público-alvo os objetivos do Parque e o andamento das obras
OGoverno do Pará, por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), apresentou oficialmente recentemente (12/05), em São Paulo, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia. Direcionado a representantes do setor privado, acadêmico e do terceiro setor, o evento marcou uma etapa estratégica de preparação para a COP30, que será realizada em Belém, em novembro de 2025 –mesma cidade onde o Parque será sediado. Com 75% das obras concluídas, o Parque foi concebido como um polo tecnológico e produtivo para transformar o potencial da bioeconomia amazônica em oportunidades reais de desenvolvimento sustentável.
O projeto alia inovação, valorização da floresta e geração de valor econômico e social. “Nenhum negócio existe isoladamente. O Parque nasce com essa visão sistêmica, como um ecossistema completo de apoio, integração e aceleração. Ele é ‘bio’, porque valoriza a floresta e os saberes dos povos; e é ‘economia’, porque gera renda e desenvolvimento”, destacou o secretário de Meio Ambiente, Raul Protázio Romão.
Legado da COP30 e modelo autossustentável
A secretária adjunta de Bioeconomia da Semas, Camille Bemerguy, apresentou o Parque como uma das principais ações estruturantes do Plano Estadual de Bioecono-
A secretária adjunta de Bioeconomia da Semas, Camille Bemerguy, apresentou o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia
mia, o primeiro do Brasil, com 122 ações em andamento – mais de 20% já executadas.
“O Parque foi planejado para ser autossustentável, com governança multissetorial e operação gerida por instituições privadas especializadas. Ele funcionará como um grande acelerador de bionegócios, apoiando produtos e serviços florestais de alto valor agregado”, explicou.
Instalado em dois galpões no Porto Futuro II, em Belém, o espaço contará com um laboratório-fábrica para prototipagem de soluções bioeconômicas e um centro de negócios com serviços como planejamento estratégico, assessoria jurídica, branding e conexões com investidores.
de uma nova visão de desenvolvimento para a região. “Esse é um ponto de partida. Estamos criando as condições para uma nova economia na Amazônia. Daqui a cinco ou dez anos, queremos ouvir: ‘nos inspiramos no ecossistema de inovação do Pará’. Esse é o nosso compromisso.”
(*) SEMAS << Criando condições para uma nova economia na Amazônia
“Mais importante que a estrutura física é a inteligência por trás dela. O Parque tem função, tem estratégia, tem objetivo. E está pronto para inspirar outros ecossistemas”, completou Raul Protázio.
com o setor privado
Durante o evento, o governo apresentou o modelo de parceria com empresas privadas, que poderão participar desde a fase fundacional. Executivos de companhias como Nestlé, Mercado Livre e Carrefour Brasil participaram de um momento de networking com a equipe do projeto.
Patrícia Daros, diretora de Soluções Baseadas na Natureza da Vale, reforçou o potencial econômico da biodiversidade amazônica. “Estamos agregando valor a espécies como açaí, cacau e mandioca. O cacau da Amazônia já tem a tonelada mais valorizada que a do níquel. A floresta pode — e deve — ser vetor de uma nova economia baseada em ciência e respeito aos povos originários”.
Já o presidente da ASSOBIO, Paulo Monteiro, destacou o impacto do Parque na cadeia produtiva da sociobioeconomia. “O diferencial é poder testar e desenvolver produtos antes de construir uma fábrica. Isso reduz riscos e atrai investidores para apoiar as próximas startups da Amazônia”.
Referência
Encerrando o evento, Raul Protázio reforçou o papel do Parque como símbolo
Uma das finalidades é que o espaço seja um local de divulgação do modelo econômico e também a base de um ecossistema de apoio aos negócios. Empresas como a de Izete Costa, conhecida como dona Nena, que produz chocolate e outros derivados do cacau, na Ilha do Combu. Ribeirinha, nascida na comunidade Igarapé de Piriquitaquara, filha de agricultores, dona Nena cresceu percorrendo o Rio Guamá com os pais para comercializar o cacau nativo na parte continental de Belém. Com o passar dos anos, a mudança no clima e a acrescente demanda por outras culturas, a empresária viu uma diminuição dos cacaueiros na região.
Preocupada com a persistência do fruto na ilha e em busca de valorização desse recurso natural, dona Nena iniciou uma busca pela melhor forma de beneficiar o cacau e agregar valor à produção local. De forma artesanal, passou a produzir chocolates, a partir do que era plantado e colhido em seu quintal e nos dos vizinhos. Em 20 anos de trabalho, a empresa de dona Nena beneficia hoje 16 famílias, que, como ela, vivem do manejo sustentável da Floresta Amazônica, sem precisar desmatar ou deixar a região em busca de outras oportunidades.
Essas famílias têm acesso à água potável por meio de um sistema de captação da chuva, e o beneficiamento do cacau também financiou melhores condições de saneamento e infraestrutura para receber turistas, que fortalecem a cadeia produtiva sem a necessidade de atravessadores. A empresária tem muito orgulho desse trabalho, que permite a conservação do bioma, mas destaca que ainda não é uma realidade para o restante da região.
O Marajó será uma das regiões beneficiada com a iniciativa. Na tarde desta sexta-feira (16/05), representantes do BID estiveram na sede da Sedap para conversar com o titular da secretaria
Osecretário de Desenvolvimento
Agropecuário e da Pesca, Giovanni Queiroz, esteve reunido na tarde da sexta-feira (16/05) com a equipe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A missão encontra-se no Pará desde a última quarta-feira (14/05), quando visitou o arquipélago do Marajó. A visita se estendeu com a finalidade de avaliar a implementação de projetos de assistência técnica voltados à cadeia produtiva do açaí.
A iniciativa integra um programa piloto financiado pelo governo britânico para impulsionar atividades de baixo carbono na Amazônia. O valor dos recursos disponibilizados é na ordem de 850 mil dólares, cerca de 4.822.730 reais, segundo informou Giovanni Queiroz.
A missão serviu como um diagnóstico preliminar para alinhar as ações do BID às necessidades dos extrativistas, garantindo que os recursos sejam direcionados para impulsionar a economia local com foco em sustentabilidade.
A visita técnica no Marajó e posteriormente à sede da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) foi acom-
panhada pelo técnico da instituição, Victor Catuxo, que coordena o Programa Territórios Sustentáveis (PTS) pela secretaria. Durante a reunião, o BID informou sobre a finalidade dos recursos que serão destinados às ações em duas regiões: no nordeste do Pará será o sistema agroflorestal e no Marajó o açaí. O secretário elogiou a iniciativa e disse que o BID propôs
a parceria voltada às ações sustentáveis no Pará. “Vamos poder atender no mínimo seis municípios com três técnicos que eles irão ceder, todos qualificados; vamos atender o agricultor familiar e substituir áreas antropizadas por floresta produtiva que venha ao encontro de um anseio mundial, que é sequestrar carbono e fixar o homem no solo”, detalhou o secretário.
A comitiva do BID contou com a presença do especialista em projetos agrícolas Hernando Hintze e do consultor Fernando Souza. “O objetivo foi mapear as demandas dos extrativistas locais, visando estruturar políticas públicas que fortaleçam o manejo sustentável do açaí”, explicou o técnico Victor Catuxo. As agendas incluíram, segundo detalhou, reuniões com cooperativas, produtores e gestores públicos nos municípios de Breves e Melgaço. Em Melgaço, a equipe foi recebida pelo prefeito José Viegas, além de representantes das secretarias municipais de agricultura. Também foram realizadas visitas a áreas de cultivo para identificar desafios e oportunidades na produção.
Em visita ao arquipélago do Marajó com a finalidade de avaliar a implementação de projetos de assistência técnica
A missão serviu como um diagnóstico preliminar para alinhar as ações do BID às necessidades dos extrativistas, garantindo que os recursos sejam direcionados para impulsionar a economia local com foco em sustentabilidade, conforme explicou o servidor da Sedap.“A partir desse projeto piloto a gente vai começar a trabalhar atrelado diretamente às políticas do baixo carbono e necessariamente atrelado ao nosso grupo gestor estadual do ABC (Agricultura de Baixo Carbono do Estado)”, esmiuçou Catuxo.
(*) SEDAP <<
OGoverno do Pará deu mais um passo importante para aliar conservação ambiental à produção sustentável com a publicação do decreto nº 4.613, que regulamenta a Cota de Proteção Ambiental (CPA). A nova política cria mecanismos que incentivam a preservação das florestas estaduais, ao mesmo tempo em que oferecem caminhos para a regularização ambiental de propriedades rurais.
Com o decreto, o Pará passa a permitir que qualquer pessoa, física ou jurídica, possa colaborar financeiramente com a manutenção da floresta viva por meio da aquisição de títulos vinculados a Unidades de Conservação de Proteção Integral. Cada título é equivalente a 1 hectare – aproximadamente o tamanho de um campo de futebol – e os recursos arrecadados serão investidos em ações concretas de preservação.
O governador Helder Barbalho celebrou a medida como uma inovação que alia preservação e desenvolvimento. “Estamos dando um passo decisivo para unir conservação ambiental e produção sustentável. O Pará quer liderar uma nova economia, baseada no uso responsável dos nossos recursos naturais. Com as cotas, estamos garantindo proteção às nossas florestas e oferecendo aos produtores rurais um caminho viável e legal para se regularizarem”, afirmou.
O sistema está em fase de implementação e será responsável por gerenciar a emissão e controle desses títulos. Os fundos arrecadados serão utilizados para manter o funcionamento do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), elaborar planos de manejo, financiar projetos de preservação, e apoiar operações de comando e controle ambiental.
Além dos ganhos ambientais, o decreto também representa um avanço para o setor produtivo. A CPA Compensatória poderá ser usada por produtores rurais para a regularização de áreas de Reserva Legal - parcela da propriedade rural que deve ser mantida com vegetação nativa, conforme determina o Código Florestal Brasileiro. Essa compensação é permitida apenas para propriedades que tenham registros de supressão vegetal até 22 de julho de 2008. As cotas, contudo, não garantem qualquer direito de posse ou uso do território. Também não podem ser adquiridas por duas pessoas simultaneamente, o que assegura controle e rastreabilidade sobre os créditos gerados.
Cota de Proteção Ambiental (CPA): É um instrumento jurídico que visa fortalecer o financiamento das Unidades de Conservação (UCs) do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), por meio da captação de recursos junto a pessoas físicas e jurídicas interessadas em contribuir com a preservação da biodiversidade paraense
Atualmente, a manutenção das Unidades de Conservação é financiada com recursos do Tesouro Estadual. Com a criação
Nova política cria mecanismos que incentivam a preservação das florestas estaduais, ao mesmo tempo em que oferecem caminhos para a regularização ambiental de propriedades rurais
das cotas, o governo pretende ampliar o engajamento da sociedade na agenda ambiental, abrindo espaço para que cidadãos
Nova política cria mecanismos que incentivam a preservação das florestas estaduais, ao mesmo tempo em que oferecem caminhos para a regularização ambiental de propriedades rurais
e empresas contribuam voluntariamente com a proteção da biodiversidade paraense. Recursos naturais são ativos para a conservação
O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), Raul Protazio Romão, observa que “com a regulamentação da CPA, o Pará reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e abre caminho para transformar suas riquezas naturais em ativos de conservação com benefícios para toda a sociedade”, afirma.
“Essa é uma medida importante para a manutenção das nossas Unidades de Conservação, para o estímulo à recuperação da vegetação nativa e para o fortalecimento do financiamento ambiental descentralizado, ampliando as alternativas legais de compensação ambiental”, explica o presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará, Nilson Pinto.
A iniciativa foi apresentada durante reunião do Conselho Gestor do fundo na sede da Sedap. Também foi aprovada a realização de eventos importantes para a promoção e divulgação do cacau
Aintegração das atividades necessárias de apoio à Assistência Técnica e Extensão Rural à expansão da cacauicultura em 10 municípios da área do Programa Territórios Sustentáveis (PTS) e realização de eventos voltados à promoção e divulgação do segmento cacaueiro estiveram entre os projetos aprovados nesta quinta-feira (15), na reunião extraordinária do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Pará (Funcacau), que é coordenado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).
A reunião do Conselho Gestor do fundo foi realizada na sede da secretaria e contou com a participação do titular da Sedap, Giovanni Queiroz, que é o presidente do Condel do Funcacau. De acordo com os resultados do encontro, este ano serão realizados no Pará três eventos significativos que receberão recursos do Funcacau. O primeiro será a Feira do Cacau e do Chocolate da Amazônia
e Flor Pará, no período de 5 a 8 de junho no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia. O evento será realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) com o apoio da Sedap.
Já no período de 26 a 29 do mesmo mês, será realizado o Festival Internacional do Chocolate e do Cacau da Transamazônica, no município de Altamira, na Região de Integração do Xingu. Posteriormente, de acordo com as informações fornecidas na reunião, ocorrerá o CacauFest, tradicional programação que reúne especialistas e produtores no município de Medicilândia, também na RI do Xingu. O secretário Giovanni Queiroz enfatizou a importância desses eventos para a divulgação do segmento cacaueiro. Em relação à Feira do Cacau, que será realizada em Belém, o gestor reiterou o apoio da Sedap, que contribuirá com a cessão do Hangar e com a participação de seu corpo técnico. Citou, ainda, a importância dos festivais que ocorrerão na Transamazônica.
A coordenadora de Projetos Estratégicos da Faepa e presidente da Câmara Setorial do Cacau do Estado do Pará, Maria Goreti Gomes, informou que no evento de Belém já foi confirmada a participação de mais de 200 produtores que serão expositores e quase 200 que participarão das reuniões técnicas.
“Nós estamos esperando um grande público, como ocorre sempre, e a gente aproveita para convidar todo mundo que queira participar para nos dar o prazer de estar conosco; vamos ter exposição de mais de 100 marcas do Pará e de outros Estados”, anunciou Goreti.
O secretário Giovanni Queiroz enfatizou, também, a importância do projeto de atuação conjunta entre Sedap e Emater que objetiva a expansão da lavoura cacaueira a partir da elaboração de 300 projetos de crédito rural em 10 municípios.
O projeto foi proposto pelo titular da Sedap ao Funcacau com a finalidade de integrar as atividades de assistência técnica e extensão rural para beneficiar os agricultores familiares atendidos pelo Programa Nacional de Reforma Agrária e os povos de comunidades tradicionais, naqueles municípios que possuem concomitantemente ações do PTS e em áreas de zoneamento agrícola para implantação da cultura do cacau no Pará (realizado pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - Ceplac).
Durante a reunião com o Conselho Gestor, na sede da Sedap, foi aprovado o projeto que objetiva ações integradas entre a secretaria e a Emater
O gestor explicou que a Sedap é quem selecionará a área de atuação e indicará os produtores aptos ao projeto. A mobilização e orientação aos produtores informados pela secretaria será uma das ações que ficarão por conta da Emater, conforme estabelece o projeto proposto durante reunião do Conselho Gestor do Funcacau. De acordo com Wandenkolk Gonçalves, que representou a Emater – órgão ao qual assumiu esta semana o cargo de diretor técnico - a instituição como contrapartida colocará à disposição para execução do projeto a infraestrutura necessária como veículos, custeio da máquina e técnicos.
O secretário Giovanni Queiroz, titular da Sedap, presidiu a reunião do Funcacau que aprovou importantes projetos para a expansão da cacauicultura do Pará
O Funcacau entrará com recursos de R$ 900 mil em três parcelas para fazer a implementação da iniciativa, de acordo com Wandenkolk Gonçalves. “Eu acho que isso é um primeiro passo importante para estreitamento das relações com a Ceplac, com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), com os movimentos sociais representados pela Fetrafi e pela Fetagri – que são federações representantivas dos agricultores familiares e trabalhadores rurais – e mais a Faepa; o compromisso do Estado do Pará ficou caracterizado numa só direção seguindo a orientação do governador Helder Barbalho”, ressaltou o diretor da Emater.
(*) SEDAP <<
Encontro também soma forças no sentido de manter viva a cultura da preservação do maior conjunto arquitetônico à céu aberto do Brasil.
Aeducação está sendo encarada como uma das ferramentas mais eficazes para manter o zelo pelo imenso patrimônio histórico de Belém. Os passos para consolidar essa nova bandeira estão sendo firmados com parceria entre a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/Pará) e Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/Pará), além de historiadores, professores e estudantes, que se reuniram na noite desta quarta-feira, 14, durante o Workshop do Patrimônio Histórico, realizado no auditório do Palácio Antônio Lemos, sede do governo da capital paraense.
Segundo Aiuá Reis, superintendente da Semcult, o evento marcou o início de um calendário qualificado com ênfase na formação básica de profissionais da arquitetura que atuam em projetos de restauração no ambiente do patrimônio público de Belém. Ele adiantou que novas medidas administrativas estão sendo tomadas pela Secretaria no sentido de fortalecer, divulgar e fomentar o patrimônio, a partir do uso da informatiza-
ção e fluxogramas nos processos de solicitação de autorização de licença das obras.
A realização de oficinas e projetos técnicos também estão contidos no planejamento da Semcult para o setor do patrimônio público.
Com a realização da Conferência Climática Internacional, em Belém, (COP30), no mês de novembro, o assunto patrimônio público torna-se mais relevante, pois Belém possui um dos maiores acervos heterogêneos do patrimônio histórico a céu aberto do Brasil, o que naturalmente ganha notoriedade e interesse do público em visitar e conhecer.
“Esse encontro de hoje é o primeiro de uma sequência que iremos promover, visando atender os profissionais da área da arquitetura em ação conjunta com o Conselho e com o Iphan. A Semcult está se empenhando em buscar recursos e garantir orçamento para incrementar a gestão da fiscalização, políticas de incentivos e averiguar a questão dos imóveis irregulares”, disse o superintendente, que representou a secretária Cilene Sabino no evento. “A Secretaria também permanece de portas abertas para dialogar, sempre buscando o melhor para nossa cidade”, completou.
A superintendente do Iphan/Pará, Cristina Vasconcelos, destacou o Workshop como muito propício e somatória de forças, considerando os efeitos da COP-30, quando muitos conjuntos arquitetônicos como Ver-o-Peso, Alameda dos Mercedários e parques lineares da Tamandaré a da Doca estão passando por obras de requalificação. “Iniciativa maravilhosa da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria, porque se faz necessário esse debate não só na arquitetura, mas também da arqueologia, já que foi descoberta uma embarcação de trinta metros na escavação do parque linear da Doca, então, tudo isso é muito importante”, disse ela, que foi uma das palestrantes do evento.
Para quem ainda está na universidade, em formação na área da arquitetura, o workshop foi uma maneira de elevar o conhecimento sobre a riqueza do patrimônio histórico de Belém. As estudantes Eveline Castro e Maria Arlene disseram
que a COP-30 trouxe um novo olhar sobre o conjunto, que sofre com as intempéries do tempo. “Também é hora de falar sobre como as mudanças climáticas atingem esse patrimônio e como a COP-30 tá ajudando com esse novo debate e novo aquecimento”, disseram, apontando ainda a linha do
tempo do patrimônio, da década de 1960 como peculiar. “A arquitetura ‘raio que o parta’, após a Belle Époque, é muito interessante também”, completaram.
A capital paraense tem uma área superior a milhão de metros quadrados, um verdadeiro museu a céu aberto de palácios, palacetes, igrejas, casarios, teatros e praças numa salada mista de estilos como colonial, barroco, neoclássico, eclético, proto-moderno (anos 20), seguindo até nossos dias. O arquiteto do Departamento do Patrimônio Histórico da Semcult, Jorge Pina, explica que essa mistura de estilos torna Belém uma cidade diferente dos outros centros históricos do Brasil como Diamantina (MG), Ouro Preto (MG) e São Luís (MA) que possuem apenas o estilo colonial em suas obras. “A nossa riqueza cultural é incrível, por isso, precisamos avançar com a política da educação patrimonial nas escolas, nas comunidades para que essa memória não se perca”, disse ele.
Para se ter uma ideia da grandeza do patrimônio histórico de Belém, o polígono onde a maioria está situada abrange os bairros da Cidade Velha e Campina, onde estão 25 praças e muitos monumentos. Vale destacar que estão em fase de restauração: Ver-o-Peso, Alameda dos Mercedários, incluindo a igreja das Mercês, Mercado de São Brás, Ladeira do Castelo e parte da feira do açaí. “Por isso, é muito importante que os profissionais das áreas de restauração e reformas precisam estar qualificados para poder atuar no ambiente do centro histórico de Belém e a prefeitura de Belém está pronta para colaborar”, disse Jorge Pina.
Evento internacional reúne especialistas e autoridades no Pará para debater o futuro da pesca sustentável e fortalecer a cadeia produtiva do pescado na Amazônia
Com apoio do Governo do Pará por meio da Secretaria de desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), a 2ª edição do Congresso Internacional de Pesca e Fish Expô Brasil (IFC Amazônia), no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, visou expandir a produção de pescado com sustentabilidade e apoiar o desenvolvimento da pesca e aquicultura na Amazônia.
O governador do Pará, Helder Barbalho, acredita que a pesca significa um importante vetor de produção de alimento e vocação do estado como protagonista na pesca artesanal e cada vez mais criando condições e crescendo a produção pesqueira no estado.
“Hoje, o Pará se consolida por um lado a maior pesca artesanal e por outra apontando para ser um maior produtor de psicultura de todo o Brasil, isto representa geração de
emprego, oferta de alimento de qualidade para as pessoas e representa uma solução de sustentabilidade a partir de produções sustentáveis que garantem com que o uso da terra possa ser feito intensificando e diversi-
ficando as atividades produtivas e cada vez nós devemos apostar na atividade pesqueira no Estado do Pará”, conclui Barbalho.
Para o presidente e ex-ministro da pesca Altemir Gregolin o IFC, a melhor forma de contribuir com o pescado é mostrar que é a forma alternativa de produção de proteína para a Amazônia. “Tenho a certeza de que o Brasil será grande no cultivo do pescado, hoje somos o quarto maior produtor de tilápia do mundo, atrás apenas da China, Indonésia e Egito”. “Aqui no Pará temos 340 mil pescadores e nós estamos ao lado do pescador” iniciou o Ministro da Pesca, André de Paula. Ele acrescentou que o Ministério da aquicultura está mais uma vez ao lado do IFC e de forma especial na 2ª edição do IFC Amazônia, porque um evento como esse é trabalhado em todos os mercados no mundo inteiro.
O evento começou (23/04) e seguiu até o dia 25 de abril, com palestras, painéis técnicos e oportunidades de negócios para fortalecer a cadeia produtiva do pescado com foco em inovação, mercado e preservação e pode ser conferido no site www.ifcamazonia.com.br.
O IFC reuniu líderes, autoridades, especialistas e indivíduos engajados em encontrar soluções práticas e sustentáveis para desafios, como mudanças climáticas, transição energética, mercado de carbono, pesca sustentável e produção de peixes amazônicos entre ribeirinhos, pescadores, aquicultores, estudantes e pesquisadores. Ao longo do primeiro dia, as palestras trataram sobre alternativas sustentáveis aos modelos de desenvolvimento da pesca e aquicultura, com enfoque para tendências, desafios e estratégias para a região Amazônica, especialmente considerando que Belém será palco do maior evento climático do mundo, a COP 30.
“O Pará se consolida por um lado a maior pesca artesanal e por outra apontando para ser um maior produtor de psicultura de todo o Brasil”
Entre as temáticas tratadas, estiveram o mercado de carbono na aquicultura e pesca; o uso de biotecnologias; e a criação de uma marca para o Pescado da Amazônia. Em sua fala, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, INPA, Bruce Forsberg, reforçou que a piscicultura pode ser uma alternativa à bovi -
nocultura, pois reduz as emissões de gases de efeito estufa e libera a área desmatada para reflorestamento.“A piscicultura emite 580 vezes menos gases de efeito estufa e requer 27 vezes menos terra do que a bovinocultura para produzir um quilo de carne, o que resulta numa queda enorme de emissões de gases”, explica.
O secretário estadual Giovanni Queiroz participou do painel “Políticas Públicas para o desenvolvimento da aquicultura e pesca na Amazônia”. Segundo ele, o evento projeta os peixes do Pará e da Amazônia no cenário nacional e internacional. A Sedap participa com equipes técnicas da Diretoria de Pesca e das coordenadorias da Aquicultura e Pesca. Também marcam presença órgãos como a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Além dos debates técnicos e científicos, o evento contou com a participação de chefs renomados, que prepararam ao vivo pratos regionais com peixes da Amazônia. Seis chefs locais demonstraram o potencial gastronômico da biodiversidade amazônica e de seus pescados, promovendo a valorização da culinária paraense.
Representantes da Secretaria enfatizaram o reaproveitamento de materiais da pesca, do peixe, turismo comunitário e capacitação das comunidades para transformar resíduos em produtos de valor agregado
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) participou da 2ª edição do Congresso Internacional de Pesca e Fish Expô Brasil (IFC Amazônia), no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. O evento, realizado na sexta-feira (25), visa expandir a produção de pescado com sustentabilidade e apoiar o desenvolvimento da pesca e aquicultura na Amazônia. Além de vencer um prêmio na categoria Políticas Públicas do Prêmio IFC Amazônia 2025, a Semas, representada pelo secretário-adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental, Rodolpho Zahluth Bastos, abriu o painel do último dia do evento com o tema “Gestão comunitária dos recursos pesqueiros - Políticas e resultados dos acordos de pesca”.
A Semas pontuou estratégias para fortalecer a conservação da biodiversidade e implementar políticas públicas voltadas à pesca e à economia local, priorizando o desenvolvimento da pesca artesanal. Durante o primeiro painel, o secretário-adjunto da Semas ressaltou a necessidade de um olhar de longo prazo, destacando a importância de considerar as realidades locais, como o papel da pesca nos estados do Pará e Amazonas, e de envolver as comunidades e prefeituras na cogestão dos territórios pesqueiros comunitários.
Foram abordados também o avanço dos instrumentos de apoio, como a sinalização de territórios pesqueiros, que têm o objetivo de mitigar conflitos e garantir o cumprimento das regras de pesca. A integração de práticas de governança ambiental (ESG) também foi destacada, sugerindo a colaboração entre os setores privado e público, para gerar um impacto social positivo e apoiar iniciativas destinadas ao desenvolvimento da bioeconomia ribeirinha.
“O debate sobre a gestão sustentável dos recursos pesqueiros não pode ser tratado de maneira superficial ou com visão de curto prazo. Precisamos olhar para o futuro e implementar políticas públicas que envolvam as comunidades locais, os gestores municipais e o setor privado. A sinalização de territórios pesqueiros, a capacitação das comunidades e a integração de práticas de economia circular são fundamentais para criar novas oportunidades economicamente sustentáveis para os territórios comunitários de pesca. Estamos trabalhando para que, através de projetos concretos, possamos fortalecer a economia local, melhorar
a qualidade de vida das pessoas e garantir que as próximas gerações possam continuar usufruindo de um ambiente saudável e equilibrado”, frisou Rodolpho Zahluth Bastos.
Maria Cristina Andrade integra o Instituto Igarapé Nhamundá, localizado em Oriximiná, município da Região de Integração
Baixo Amazonas, oeste paraense, uma das regiões beneficiadas pelo Acordo de Pesca desde 2023.“Estamos na área do Acordo de Pesca do Igarapé Nhamundá, e desde a implantação do Acordo percebemos uma melhora significativa nos estoques pesqueiros e na fauna aquática, incluindo o peixe-boi. A comunidade tem se conscientizado da importância dessa área regulamentada pelo governo do Estado. Esse Acordo estava parado por anos, mas foi só a partir de 2021, com o novo governo, que ele foi finalmente implementado, trazendo benefícios essenciais para a renovação dos estoques e garantindo a sustentabilidade do modo de vida da população local”, disse a moradora.
Ainda em relação à promoção de práticas de economia circular, Rodolpho Zahluth Bastos abordou o reaproveitamento de materiais da pesca, do próprio peixe, turismo comunitário e capacitação das comunidades para transformar resíduos da pesca em produtos de valor agregado como soluções para gerar oportunidades socioeconômicas.
A Semas encerrou sua participação com o técnico Kleber de Sá, painelista no Simpósio Internacional de Aquicultura, que falou sobre “Licenciamento ambiental com a nova política de desenvolvimento sustentável da aquicultura do Pará”, ao lado de Alan Pragana, coordenador de Aquicultura da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).
O IFC Amazônia 2025 ocorreu no Hangar, Centro de Convenções da Amazônia, em Belém, com Feira e Congresso, contou com o I Simpósio Internacional de Aquariofilia, em que o Projeto Aqua Brasil , uma iniciativa do MPA com a Universidade Federal do Recôncavo Baiano, foi protagonista. Esse Simpósio tratou de temas como sanidade na aquariofilia, mercado internacional, gestão, associativismo e conservação.
Além de representantes do MPA, também estiveram presentes autoridades da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Unesco, Embrapa, Sebrae, BNDES e mais instituições fundamentais para a pesca e aquicultura.
A Fish Expo, feira de tecnologia e negócios, recebeu o 6º encontro de Mulheres das Águas,
que traz os desafios e oportunidades do segmento, fortalecendo o espaço das mulheres. O MPA também ira participar do 23º Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca (Conbep), que também aconteceu no Hangar, paralelamente ao IFC. O Conbep tratou da engenharia de pesca e economia azul, sustentabilidade e enfrentamento às mudanças climáticas. O secretário-executivo do MPA, técnicos e pesquisadores participaram de painéis no evento. Além do espaço Corredor do Sabor, Cozinha Show, Inova Aqua e o IFC Bio Fashion, que estreou nesta edição.
Limpeza INTERNA de tanque de combustível DIESEL / GASOLINA e BICO de INJETOR
Alunos dos cursos de arquitetura e urbanismo e de engenharia civil do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia –UNIFAMAZ – realizam pesquisa científica que visa criar uma proposta de jardim com horta de espécies comestíveis, ornamentais e medicinais na Escola Estadual Alexandre Zacharias de Assunção, no bairro do Guamá, periferia de Belém.
A iniciativa, coordenada pela professora mestra engenheira e matemática Valéria Quemel busca verificar os benefícios sociais a partir da elaboração de uma proposta de paisagismo, contemplando arborização de pequeno porte e plantio de espécies ornamentais e bioativas - estas conhecidas popularmente como plantas medicinais. Contando com uma equipe de pesquisadores de várias áreas, como arquitetura e urbanismo, engenharia civil e administração, a docente assegura que o objetivo é “identificar as necessidades de paisagismo e cobertura vegetal da instituição, integrando o paisagismo e o plantio de plantas medicinais como estratégia de educação ambien-
tal, incentivando a iniciação científica de discentes do UNIFAMAZ, como forma de propiciar o ensino, a pesquisa e a extensão, além de promover o bem-estar da comunidade escolar que frequenta a instituição que receberá o projeto” a docente.
O resultado, garante ela, será uma área de convívio onde os alunos possam ter momentos de interação com a natureza.
Segundo a ela, a metodologia contemplou a realização de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, além de levantamento do entorno da instituição de ensino no Guamá, assim como pesquisa de campo com vistoria das áreas livres da escola, a fim de identificar o melhor local para implantação do jardim. Os pesquisadores também fizeram visitas a alguns órgãos públicos como a Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) e o Horto Municipal de Belém. “Os dados levantados apontaram para a escola Alexandre Zacharias de Assunção”, afirma Quemel, “por conta da necessidade de apoio para inclusão de iniciativas como esta no local”, pontua a coordenadora da pesquisa. Com o jardim, a comunidade passa a “absorver o entendimento da educação ambiental, mas também contando com um espaço harmônico, esteticamente agradável e propício ao convívio da comunidade escolar”, conclui. Ao final, os dados técnicos do projeto serão entregues à direção, a quem compete solicitar à Secretaria de Estado de Educação sua execução, já que a pesquisa não dispõe de recursos financeiros para sua construção.
Sobre o uso de plantas ornamentais e bioativas em ambiente escolar.
O emprego de plantas nos ambientes se justifica pelos efeitos positivos no bem-estar humano que elas podem proporcionar, com a liberação de oxigênio, a redução da temperatura ambiente, absorção de dióxido de carbono, e impedem o fenômeno conhecido como albedo, que é a reflexão de raios solares a partir de superfícies de cores claras. Além disso, a contemplação da natureza ou o contato com elementos que remetem a ela contribui para reduzir a agitação humana e produzir frequências mais adequadas no coração e na atividade cerebral.
Outro ponto positivo será a interação com a comunidade escolar, contribuindo significativamente para o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que promove a consciência coletiva quanto a preservação do meio ambiente no âmbito da 30ª Conferência das Nações Unidas Para as Mudanças Climáticas – COP 30, que acontecerá na capital paraense em novembro deste ano. A própria instituição já dispõe de um biodigestor, onde é produzido gás metano que é utilizado em sua cozinha. E a Revista Pará+, por meio de seu editor-chefe, Rodrigo Rhün, é incentivadora da pesquisa, uma vez que Rhün é um dos maiores importadores de biodigestores israelenses para o Brasil, e visa difundir e reforçar esse modelo natural também em Belém.
Para a professora doutora Liane Brito, coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo do UNIFAMAZ, “um projeto de paisagismo é importante para criar espaços que se tornam esteticamente mais agradáveis e funcionais”, pontua, “criando a relação biofílica que se espera com a introdução de elementos naturais à edificação”.
E em uma escola pública, prossegue, “o paisagismo pode melhorar o ambiente, o bem-estar e a aprendizagem dos alunos, além de valorizar a instituição e promover a educação ambiental”, conclui Brito.
Para a aluna Bárbara Helena, única integrante da pesquisa que é discente do curso de engenharia civil, “o projeto de iniciação científica surgiu da inquietação e necessidade de contribuir mediante a elaboração de uma proposta de paisagismo funcional em uma unidade de saúde onde há uma área degradada e inutilizada que poderia ser aproveitada para esse fim”, mas que, sentencia Helena, “por questões burocráticas, ficou inviabilizada.”
A proposta foi elaborada a partir de visitas a escola estadual Alexandre Zacharias de Assunção, com irrestrito apoio de sua
direção, para a elaboração da proposta de um projeto de paisagismo funcional onde os alunos de arquitetura e urbanismo e de engenharia civil do UNIFAMAZ criaram um croquis das áreas com a definição dos espaços que foram criteriosamente a partir de estudos de carta solar - que é um instrumento importantíssimo na concepção arquitetônica, pois define a melhor posição da edificação em relação ao sol, determinando a melhor funcionalidade, proporcionando o clima mais agradável em cada ambiente interior e exterior do imóvel.
A proposta de um projeto de paisagismo funcional demonstra-se relevante na escola escolhida, onde já se tem espaços ociosos que podem ser aproveitados para fins de paisagismo. Além disso, tornar o ambiente mais agradável, ameno, é uma maneira de proporcionar bem-estar e qualidade de vida aos alunos, professores e demais funcionários, assim como para quem visita a instituição, o que também
comtempla a comunidade em seu entorno. Para a fundamentação científica da pesquisa foram levados em conta alguns conceitos básicos de paisagismo funcional, que se caracteriza pelo cultivo de espécies ornamentais ou não, integrando diferentes tipos de plantas, sejam de uso alimentar, ornamental, aromático ou bioativas, popularmente conhecidas como plantas medicinais, que vegetais que dispõem da propriedade de produzir ações medicamentosas sobre outros seres vivos e cujo efeito pode manifestar-se pela sua presença em um ambiente ou pelo uso direto de substâncias delas extraídas. Sarah Assunção, odontóloga atuante na área, que também é aluna do curso de arquitetura e urbanismo e integrante da pesquisa, oriunda do município de Castanhal, Nordeste do Pará, afirmou que escolheu a odontologia “ainda muito nova, por achar uma profissão bonita”, mas que nunca se sentiu satisfeita na área, assegurou a pesquisadora. “A partir do momento em que minha famí-
lia comprou o nosso apartamento comecei a me envolver com o projeto de interiores do imóvel”, continua, “e passei a ter, com isso, mais contato com a arquiteta responsável pelo projeto”, finaliza. Ela ainda confidenciou que chegou a faltar aulas, sem o conhecimento dos pais, para poder acompanhar os trabalhos na nova residência
A partir da pandemia, a, até então, odontóloga, decidiu que “não iria viver o que não queria”, mudando radicalmente de atuação, matriculando-se no curso de arquitetura e urbanismo para, segundo ela, “fazer o que sabia que gostava”, embora, confessa, essa mudança tenha sido bem difícil e exaustiva, já que tem que trabalhar, estudar, e correr contra o tempo, onde se lhe impõe o choque de lidar com mundos acadêmicos diferentes. Para ela o uso plantas medicinais sempre fizeram parte da área de saúde, e isso lhe “permite ter uma visão mais sensível e multidisciplinar, inclusive ao desmistificar certos exageros ou mitos em relação ao bem-estar proporcionado pelo uso de espécies bioativas”, finaliza.
Em alguns momentos, a equipe precisou recorrer ao método de história oral como ferramenta de pesquisa, considerando a vivência da comunidade escolar como ponto de partida para todos os levantamentos que embasaram a pesquisa que contou com elaboração de questionário eletrônico, pesquisa de campo envolvendo representantes da direção, levantamento de dados topográficos, traçado preliminar de layout, identificação de pontos críticos de acessibilidade e mobilidade, verificação do estado da pavimentação atual e topografia, finalizando com a definição do plano de paisagismo, entre outras tarefas.
Para o diretor da instituição, professor doutor Adriano Mesquita, “a importância do projeto está em proporcionar melhor estética do ambiente escolar e qualidade de vida aos nossos alunos, visitantes e funcionários”, além disso, continua o docente, “as expectativas são que esse projeto possa ser aplicado por nossa gestão e contribuir para viabilizar um ambiente mais confortável, e que garanta bem-estar a todos que dele usufruem”.
Várias pesquisas realizadas, individualmente, por cada integrante da equipe, apontaram como uma horta inserida no ambiente escolar pode ser um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar, unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperativo. Com base nisso, os pesquisadores debruçaram-se sobre o estudo específico de cada espécie, a fim de entender sua relevância ao projeto de pesquisa, dentre elas a “Espada de São Jorge”, cujo nome científico é Sansevieria trifasciata, que é uma planta capaz de crescer em uma grande variedade de exposições ao sol (de áreas abertas ensolaradas completas a áreas sombreadas parciais). Além disso, essa espécie é tolerante à seca e ao calor. Outras espécies consideradas na implantação deste projeto de jardim funcional estão relacionadas ao clima amazônico, sendo nativas ou exóticas. Temos, por exemplo, algumas espécies que devem ser inseridas na proposta de paisagismo funcional, quais sejam: Espada de São Jorge, acerola, coentro, hortelã, alecrim, chicória, alface, rúcula, boldo, canapu, acerola entre outras.
Para a professora mestra engenheira e matemática Valéria Quemel, coordenadora da pesquisa, o desafio maior será a execução/
construção do projeto que somente pode ser realizado por meio da Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, mas destacou que “o empenho dos pesquisadores foi fundamental ao melhor resultado da iniciativa”, que o leitor pode conferir nas imagens abaixo.
Profa. Ma. Valéria Quemel – Coordenadora; Profa. Ma. Márcia Quemel – Pesquisadora voluntária Arquiteto André Castilho – Assessor técnico; Bárbara Helena - Pesquisadora voluntária; Camila Silva - Pesquisadora voluntária; Gustavo Gonçalves - Pesquisador voluntário; Sandro Destro Lima - Pesquisador voluntário e Sarah Assunção - Pesquisadora voluntária
As árvores ‘lembram’ os tempos mais chuvosos - nunca tendo conhecido chuvas abundantes que pudessem proteger as florestas jovens de hoje contra as mudanças climáticas
Nos últimos 25 anos, árvores têm morrido devido aos efeitos das mudanças climáticas ao redor do mundo . Na África , Ásia , América do Norte , América do Sul e Europa , o estresse da seca amplificado pelo calor está matando árvores que sobreviveram por séculos . Árvores velhas podem ter crescido por milênios inteiros que foram mais úmidos do que os últimos 20 anos. Somos cientistas que estudam a dinâmica florestal , ecologia vegetal e fisiologia vegetal.
Em um estudo recente, descobrimos que as árvores podem se lembrar de épocas em que a água era abundante e que essa memória continua a moldar seu crescimento por muitos anos após o fim das fases úmidas.
Esta pesquisa nos deixa otimistas de que as árvores jovens de hoje, que nunca conheceram as chuvas do século XX, não moldaram sua estrutura em torno da abundância de água e, portanto, podem estar mais bem equipadas para sobreviver em um mundo cronicamente seco.
Este estudo foi construído em quase 20 anos de pesquisa florestal em resposta aos primeiros sinais de alerta de perda florestal na década de 1990 no seco Vale do Rio Rhône, nos Alpes Suíços. Naquela época, os cientistas observaram que os pinheiros escoceses que estavam de pé por cerca de 100 anos estavam declinando e morrendo. Eles se perguntaram se a seca ou outros fatores climáticos estavam causando essa perda.
logo ao sul de Yosemite. A Sierra Nevada central e meridional foi particularmente atingida por besouros
Para lidar com essa questão, pesquisadores do Instituto Federal Suíço de Pesquisa Florestal, de Neve e de Paisagem projetaram um experimento ecológico. Para entender os impactos da seca, eles irrigariam uma floresta madura, dobrando a precipitação natural de verão, e então comparariam como essas árvores ricas em água se sairiam em comparação com aquelas que recebiam apenas precipitação natural.
O experimento Pfynwald , lançado em 2003, mostrou que as árvores sobreviveram em taxas mais altas em parcelas irrigadas. Após 17 anos de irrigação, a equipe descobriu que a irrigação não ajudou apenas as árvores a sobreviverem a fases secas – ela também aumentou suas taxas de crescimento.
Os efeitos do legado são as memórias das florestas
Árvores que passam por seca alteram suas folhas, madeira e raízes de maneiras que as preparam para condições secas contínuas. Madeira sob seca
pode ter células menores que são menos vulneráveis a danos futuros, e raízes podem aumentar em relação à área foliar. Essas mudanças estruturais persistem após a seca ter passado e continuam a influenciar o crescimento da árvore e sua capacidade de tolerar estresse por muitos anos.
Conhecidos como “ efeitos legados ”, esses impactos persistentes pós-seca representam uma memória ecológica de condições climáticas passadas no nível de árvores e florestas. Sabendo que as árvores mantêm uma memória persistente de fases secas passadas, os pesquisadores se perguntaram se elas também poderiam mostrar mudanças estruturais em resposta a períodos úmidos passados.
Onze anos após o início da irrigação de verão em Pfynwald, cientistas pararam de irrigar metade de cada lote em 2013 para abordar essa questão. As árvores anteriormente irrigadas, que naquele momento tinham cerca de 120 anos, passaram por um período duradouro de irrigação – mas agora esses tempos de fartura acabaram.
As árvores se lembrariam? Uma década depois, descobrimos.
Em uma manhã de março de 2023, dois de nós (Alana Chin e Marcus Schaub) nos encontramos em Pfynwald para coletar amostras de folhas e galhos muito frescos para que nós e colegas pudéssemos olhar dentro em busca de sinais de efeitos duradouros da riqueza hídrica do passado.
e continentais por meio de mudanças nos ciclos de água e energia
(1) A precipitação é reciclada por florestas e outras formas de vegetação e transportada através das superfícies terrestres para a outra extremidade dos continentes. (2) Fluxos ascendentes de umidade, compostos orgânicos voláteis e micróbios das superfícies das plantas (pontos amarelos) criam gatilhos de precipitação. (3) Os padrões de pressão do ar causados pelas florestas podem transportar a umidade atmosférica para os interiores continentais . (4) Os fluxos de água resfriam as temperaturas e produzem nuvens que desviam a radiação adicional das superfícies terrestres. (5) A interceptação de neblina e nuvens por árvores retira umidade adicional da atmosfera. (6) A infiltração e a recarga de águas subterrâneas podem ser facilitadas pelas árvores. (7) Todos os processos acima dispersam a água naturalmente, moderando assim as enchentes
No local, escalamos torres de acesso ao dossel para coletar folhas e galhos recém-crescidos de árvores de controle que nunca foram irrigadas; árvores que foram irrigadas todo verão desde 2003; e
árvores anteriormente irrigadas que não receberam água de irrigação desde 2013. Levamos nossas amostras para o Swiss Light Source , um sincrotron intensamente poderoso – um tipo de acelerador de partículas que produz os feixes de luz mais intensos do mundo. Esta instalação é o lar do TOMCAT , um raio X de altíssima resolução que nos permitiu olhar dentro de nossas folhas e galhos sem perturbar sua estrutura. A digitalização de nossas amostras levou a noite toda, mas quando saímos do prédio, tínhamos imagens capturando cada célula com detalhes extraordinários.
Descobrimos que as folhas novas de árvores irrigadas uma vez eram diferentes das árvores continuamente irrigadas e das árvores de controle nunca irrigadas. As folhas realizam fotossíntese que alimenta a sobrevivência e o crescimento de uma árvore.
Dentro delas, podíamos ver o legado da abundância de água passada, escrito no tamanho, formato e arranjo das células. Lendo essa assinatura celular, observamos que, às custas de estruturas que promoviam produtividade, árvores anteriormente irrigadas mostravam todos os sinais de estresse hídrico crônico – ainda mais do que árvores nunca irrigadas. Em sua anatomia, vimos por que essas árvores que tiveram facilidade por 11 anos úmidos agora estavam crescendo lentamente.
Cada célula em uma folha vem com uma compensação. As árvores devem equilibrar os investimentos em fotossíntese rápida com outros que promovam a sobrevivência das folhas. Em vez de construir as células usadas para coletar luz solar e enviar açúcar para o resto da árvore, as folhas nas árvores que foram irrigadas mostraram todos os indícios de estresse por seca que poderíamos pensar em medir.
Depois de receber água extra por um período de 11 anos e depois perdê-la, as árvores estavam produzindo folhas novas e minúsculas que investiam principalmente em sua própria sobrevivência. As folhas eram estruturadas para se protegerem de insetos e da seca e para armazenar reservas de água. Comparadas com as folhas de árvores que nunca conheceram irrigação, essas pareciam estar no meio da seca do século. Embora essa memória da água possa parecer negativa, ela provavel-
mente ajudou as árvores a “aprender” com as condições passadas para sobreviver em ambientes variáveis. As árvores anteriormente irrigadas não sabiam que os humanos tinham pregado uma peça nelas. Como árvores passando por mudanças climáticas, elas não tinham como saber que a água não voltaria. Quando as árvores passam por um evento de seca, a recuperação pode significar atingir um estado de “novo normal ”, no qual elas estão preparadas para sobreviver à próxima seca, com células menores e menos vulneráveis e maiores reservas de energia para “economizar” para futuros períodos de seca. Elas podem ter raízes mais profundas ou um conjunto menor de folhas para sustentar, ajudando-as a se preparar para um ambiente instável. Queríamos saber se o mesmo era verdade para árvores que tinham experimentado abundância de água. Elas estavam esperando em apuros que a água retornasse? Tempos difíceis podem criar árvores resistentes.
Em algumas florestas temperadas, como as que estudamos na Suíça, árvores velhas já conheceram níveis de abundância de água que agora se foram, graças às mudanças climáticas. Essa abundância passada pode ter bloqueado mudanças estruturais e epigenéticas nas árvores que são incompatíveis com o mundo mais seco de hoje. Se isso for verdade, então alguns dos eventos devastadores de mortalidade global de árvores de hoje podem ser, em parte, devido aos efeitos legados da abundância de água passada. Na maioria das florestas temperadas do mundo, no entanto, a coorte atual de árvores florestais jovens – aquelas que brotaram nos últimos 15 a 20 anos –conseguiu se estabelecer sob condições que antes seriam consideradas secas crônicas. Essas árvores jovens, que sobreviveram a um período de seca sem fim, formarão as florestas do futuro.
TOMCAT , um raio X de altíssima resolução que nos permitiu olhar dentro de nossas folhas e galhos sem perturbar sua estrutura
(a) Corte reconstruído de um grânulo seco composto de várias partículas.
(b) Avaliação da estrutura de porosidade (tamanho de poro codificado por cores) dentro da partícula circundada em (a).
No geral, nossas observações em Pfynwald nos deram algum espaço para esperança de que as árvores jovens que atualmente ocupam seu lugar em muitas florestas ao redor do mundo podem estar mais bem preparadas para lidar com o mundo como os humanos o moldaram. As mudanças climáticas nas últimas décadas as prepararam para tempos difíceis, sem a memória persistente da água.
Uma seção transversal de uma folha de um pinheiro escocês anteriormente irrigado. Em contraste com as folhas de árvores que nunca passaram por irrigação, as árvores que perderam água abundante dão mais ênfase a características como armazenamento de água (células pretas no centro) e proteção (grandes dutos de resina que parecem buracos circundando a folha) do que às células necessárias para produzir energia para o crescimento da árvore (células manchadas)
[*] Professora Assistente de Fisiologia Vegetal, Cal Poly Humboldt [**] Professora de Ciência de Sistemas Ambientais, Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique [***] Líder de grupo, Dinâmica florestal e ecofisiologia, Instituto Federal Suíço de Pesquisa Florestal, Neve e Paisagem (WSL)
Todas as pessoas dependem das florestas e de sua biodiversidade, algumas mais do que outras. As florestas fornecem mais de 86 milhões de empregos verdes e sustentam os meios de subsistência de muito mais pessoas. Em The State of the World’s Forests ( SOFO )