Pará+ 119

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Sigla Bric conseguiu se estabelecer dez anos após sua criação s países do Bric – Brasil, Rússia, Índia e China – são vistos como as futuras superpotências da economia mundial. Há uma década, economista criou a abreviatura, que há pouco se tornou Brics, incluindo a África do Sul. Um bom marketing é essencial. Disso, Jim O’Neill já sabia em 2001, quando anunciou a tese de que Brasil, Rússia, Índia e China desempenhariam um papel importante no futuro. A partir das iniciais dos países, o então economista-chefe do grupo financeiro Goldman Sachs criou a sigla Bric e declarou os quatro como os tijolos (brick, em inglês) que construiriam a economia global. O sucesso do neologismo de O’Neill foi imediato. Hoje, dez anos depois, a sigla é uma componente fixa das previsões econômicas e empresariais. Até mesmo pequenos investidores podem investir em fundos do Bric, oferecidos por quase todos os bancos.

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Apenas uma jogada de marketing? “Em termos de marketing foi algo muito inteligente”, diz Markus Jäger, analista do centro de pesquisa Deutsche Bank Research em Nova York, que elaborou diversos relatórios sobre o desenvolvimento

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por Andreas Becker

Além de Brasil, Rússia, Índia e China, hoje a África do Sul faz parte do chamado Brics

dos países do Bric. “Mas há também algo por trás disso. Os países ganham cada vez mais importância, não apenas econômica, mas também política”, diz Jäger. No entanto, desde o início houve controvérsias sobre se há ou não sentido em reunir os quatro países em uma sigla. Juntos, eles respondem por 40% da população mundial e um quarto da superfície terrestre. Os quatro Estados são, porém, economi-

camente muito diferentes, segundo Rolf Langhammer, professor e vice-presidente do Instituto de Economia Mundial de Kiel, no norte da Alemanha. “A China é um exportador de bens industriais, e a Rússia, um exportador exclusivo de matériasprimas. Em comparação com os demais, a Índia continua sendo uma economia fechada”, explica. O Brasil, por sua vez, exporta tanto matérias-primas como bens industriais. “Esses países têm em comum o fato de serem países emergentes e mercados atraentes, já devido à sua dimensão. Trata-se de grandes economias”, afirma Langhammer. População numerosa e elevado crescimento econômico – essa combinação torna os quatro países interessantes para os investidores. E justamente para investidores foi escrita a análise sobre os países do Bric por O’Neil. Desde a crise econômica de 2008, o crescimento nos países do Bric também diminuiu. Porém, comparados com o crescimento das tradicionais nações industriais, os números dos emergentes ainda são impressionantes, considera Jäger. Para os próximos cinco a dez anos, ele prevê um crescimento anual de 8% para a China, 7% para a Índia, e cerca de 4% para o Brasil e a Rússia. Em comparação, de acordo com cálculos do Banco Mundial, os países industriais crescem uma média de 1,6% neste ano.

Crescimento elevado apesar da crise A crise econômica mostrou que os países do Bric ainda estão longe de assumir a liderança da economia mundial, diz o professor de economia Langhammer. Não é como se os quatro substituíssem os países industriais como motor de crescimento global. “Isso não funcionou. Os países estão muito ligados à economia mundial e aos 38

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