Revista Setor Agro&Negócios

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Vol. 3, Nº 5 2019

MERCADO

Confira a opinião de especialistas sobre os rumos do novo governo

SANIDADE Brasil em alerta contra a peste suína

NUTRIÇÃO IN OVO

Conheça os benefícios da técnica de melhoramento para aves

CONEXÃO SEM FRONTEIRAS

Os caminhos que levam commodities agrícolas, também desenham novas perspectivas para o agronegócio. Brasil, Paraguai e Argentina unem forças e tornam-se gigantes de mercado.


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CARTA DA EDITORA

2019: AGRO FORTE E SEM FRONTEIRAS Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio com perspectiva de crescimento em 2%. Novo recorde de safra. Maior inserção do setor no mercado internacional. Ambiente de otimismo e retomada do consumo interno. Você precisa de mais argumentos para acreditar que mais uma vez, o setor mostrará sua incrível capacidade de superação e permanecerá como protagonista da economia brasileira? Dois mil e dezenove mal começou e a cadeia produtiva já se articula para alcançar grandes resultados. De um lado, o governo que promete a criação de acordos bilaterais e conquistas de novos compradores. No Ministério da Agricultura, uma equipe bem preparada e com embasamento técnico planeja ações para desburocratização e fortalecimento do setor. Do outro lado, produtores otimistas e empresas que preveem maiores investimentos. Realmente, 2019 promete. Mas antes de comemorar, é preciso lembrar que o segmento ainda tem deveres de casa pendentes, e que precisam ser resolvidos rapidamente. O primeiro é preparar-se para um ano de ajustes na economia mundial, o que reflete diretamente na desaceleração do consumo. Tratando-se de Brasil, o agronegócio ainda sente os reflexos do embargo à carne, um processo de recuperação que anda em marcha lenta. Problemas estruturais e de logística também estão na lista de correções urgentes. Sem falar nos valores pagos ao produtor que precisam de revisões emergenciais. Diante de um cenário promissor, mas que necessita de atenção, o jargão “a união faz força” deve ser lema para os integrantes da cadeia produtiva. Governo, entidades de classe, produtores e iniciativa privada devem trabalhar em conjunto para que as perspectivas tornem-se realidade, e melhor ainda, superem os marcos já traçados. Nos últimos 10 anos, as exportações dos produtos agropecuários renderam ao Brasil US$870 bilhões, montante que permitiu equilíbrio à economia brasileira. Os produtos são comercializados

para mais de 200 países. Atualmente, a China é a maior compradora. Mas não precisamos ir tão longe para acompanhar um movimento, que vem transformando o agronegócio. Chamada de ‘celeiro do mundo’, a América do Sul é considerada a maior produtora e exportadora de grãos do mundo. Mantendo-se na liderança do agronegócio, o Brasil vem ganhando grandes aliados e junto com Paraguai e Argentina desenha novas perspectivas de crescimento para o setor. Estudo realizado pela americana Bain & Co apontou que o Agro do Mercosul é o que mais cresce no mundo até 2050. Brasil, Argentina e Paraguai são protagonistas do Projeto Agro Sem Fronteiras, que lançamos nesta edição. O objetivo da iniciativa pioneira é mostrar a grandiosidade deste movimento que já registra reflexos positivos e perspectivas de fortalecimento do agronegócio para todos os envolvidos. Disponível em plataforma multimídia, o Projeto Agro Sem Fronteiras se estenderá por um ano e acompanhará todos os desdobramentos deste processo, através de série de reportagens, conteúdos especiais para internet e cobertura de eventos. Além do Agro Sem Fronteiras, esta edição também marca o lançamento de nosso portal de notícias, mais uma ferramenta que passa a integrar nossa plataforma multimídia e que foi criada para valorizar o agronegócio brasileiro e reforçar as ações de divulgação de nossos parceiros. Assim como o setor em geral, iniciamos 2019 animados, com muitas novidades e vontade de trabalhar. Temos uma extensa agenda de eventos em que participaremos levando nossa marca e de nossos clientes, estamos preparando conteúdos especiais para canais on e off-line e projetamos estratégias para expansão de nossa plataforma. O setor merece conteúdo de qualidade. E essa missão, cumprimos com maestria! Que 2019 seja o melhor ano da vida de todos nós ! Desejo-lhe uma ótima leitura

Paula Canova . Editora

EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO RUA RUI BARBOSA, 1284-E CENTRO | CHAPECÓ (SC) CEP: 89.801-148 (49) 99975-2025 (49) 98418-9478 www.setoragroenegocios.com.br

DIRETORA DE REDAÇÃO PAULA CANOVA | MTB 02111 JP redacao@setoragroenegocios.com.br DIRETORA COMERCIAL RAFAELA MUNARETTO | MTB 05726 JP comercial@ setoragroenegocios.com.br REPORTAGENS DARLEI LUAN LOTTERMANN TUANNY DE PAULA

DIRETORA DE ARTE BIA GOMES

REPRESENTANTE COMERCIAL R3 PRODUÇÕES - (49) 99987–0580

PROJETO GRÁFICO DOGLISMAR MONTEIRO

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ALEXANDRE BARBOSA DE BRITO, BRUNO SALDIVIA, CHEF MULLER, ELDEMAR NEITZKE, FELIPPE SERIGATI, GILMARA ADADA, JACIR JOSÉ ALBINO, LUIZ VICENTE SUZIN, MARCELO GROSSI MACHADO, MARCELO LARA, MB COMUNICAÇÃO, PATRÍCIA DE C. A. MARCHIZELI, ROBERTA POSSAMAI, WANDERSON ADRIANO BISCOLA PEREIRA

CAPA AGENCIA AHAZO PROJETOS ESPECIAIS LA VIA COMUNICAÇÃO – JAQUE BASSETTO, VERUSKA TASCA

A Revista Setor Agro&Negócios s é uma publicação quadrimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, instituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não representam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.

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FOTO: SHUTTERSTOCK

SUMÁRIO

OPINIÃO

Classe média rural é meta para CNA Página 78

JANEIRO DE 2019 FOTO: SHUTTERSTOCK

SUÍNOS 26 PESTE SUÍNA AFRICANA Brasil em Alerta 32 ARTIGO TÉCNICO Efeitos da fitase na melhoria de aspectos reprodutivos de suínos

AVES 36 TECNOLOGIA Benefícios da nutrição in ovo 38 ARTIGO TÉCNICO Nutrição: Os desafios da produção de aves livres de antibióticos

BOVINOS

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CAPA

ESPECIAL FOTO: SHUTTERSTOCK

Conexão sem fronteiras: Brasil, Paraguai e Argentina se unem para fortalecer o agronegócio

Dúvidas de leitores esclarecidas por experts na editoria FALE COM O ESPECIALISTA

42 MAR DE LEITE Oscilações no mercado 46 ARTIGO TÉCNICO A febre do leite e o período de transição

GRÃOS 54 SAFRA Novo recorde em 2019 56 PIPOCA Coperaguas é a maior produtora/ exportadora do país

COOPERATIVAS 72 CRÉDITO RURAL Menor taxas de juros aumenta competividade

48

É HORA DE REINVENTAR O AGRO Cooperalfa investe em tecnologia para revolucionar o campo

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SUSTENTABILIDADE

Energia Fotovoltaica é sinônimo de economia para produtores rurais

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ECONOMIA 62 ANÁLISE DE MERCADO Disputa comercial entre EUA e China 64 MERCADO O que esperar do novo governo

NOVIDADE 70 FUSÕES E AQUISIÇÕES Gigantes na indústria agrícola 76 O AGRO MUDOU E você está acompanhando esta evolução?


auroraalimentos.com.br | facebook.com/auroraalimentosoficial

A soma de todos nós.

Em abril, a Aurora completa 50 anos reforçando sua convicção de que reunir talentos, conhecimento e dedicação é mais do que um modelo de negócio, é o próprio caminho para o sucesso. E há meio século, o cooperativismo é o grande protagonista dessa história que é contada por mais de 100 mil famílias no campo e na cidade. O resultado você já conhece: grandes produtos nas mesas de consumidores no Brasil e no mundo. AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 7


FEEDBACK ASSINE A REVISTA

ARTIGO TÉCNICO

O artigo sobre Monitoramento da qualidade de ejeção de leite foi muito esclarecedor. Entendi como funciona os processos de ordenha e as principais anomaIias e parâmetros que podem ser monitorados diariamente.

Quer receber a revista na comodidade de sua casa ou local de trabalho? Envie um e-mail para comercial@ setoragroenegocios.com.br. A primeira edição é cortesia!

João Dalacorte – Pecuarista São MigueI das Missões, RS

SUGESTÃO DO LEITOR

A equipe da Revista Agro&Negócios desenvolve um trabalho de excelência a respeito das publicações, e por isso sugiro para a próxima edição uma reportagem sobre a produção de Ostras no litoral Catarinense, já que a capital é a maior produtora de ostras e mexilhões do país. Maria Miguel – Leitora Florianópolis - SC

ESPECIALISTA RECOMENDA A Revista Agro & Negócios me impressionou desde a primeira edição. Apresenta uma excelente qualidade gráfica, com imagens e textos esmeradamente distribuídos, o que torna muito agradável a leitura. O exímio conteúdo técnico, elaborado por profissionais especializados, contribui para a completa informação dos leitores, auxiliando principalmente produtores,

técnicos, estudantes e empresários a se atualizar sobre importantes temas relacionados ao agronegócio; especialmente quanto à economia, produtos e serviços, e sanidade animal, vegetal e ambiental. Como docente universitária, costumo recomendar a leitura da Revista Setor Agro&Negócios aos meus alunos, como material complementar de estudo para as disciplinas às quais ministro. Além disso, já tive oportunidade de colaborar com alguns materiais técnicos para a revista, o que me deixa bastante lisonjeada e grata. Parabenizo os editores e equipe pela excelência do trabalho e desejo ainda mais sucesso nas próximas edições. Marcella Z. Troncarelli Médica Veterinária - DVM, PhD. Pós-doutora em Medicina Veterinária Preventiva pela FMVZ UNESP Botucatu-SP Atuação: Docente do Curso de Medicina Veterinária no Instituto Federal Catarinense Campus Concórdia, Coordenadora do Grupo de Estudos Pro Latte.

Você já acessou nosso Portal de Notícias? Clique em www.setoragroenegocios.com.br e fique por dentro das novidades do mundo Agro.

PAIXÃO PELO AGRO

A paixão pelo agronegócio está na veia de milhares de produtores espalhados por este enorme Brasil. Confira o belo depoimento enviado à nossa Redação, por Régis Feldmann Da Silva, de Passo Fundo (RS) "Escolhi a botina porquê minha vaidade está abaixo da fome das pessoas . Porquê o trabalho árduo não me assusta. Escolhi estar no campo para garantir o conforto dos que moram nos grandes centros. Escolhi aumentar a produtividade, em prol da natureza e da extinção da fome no mundo. Escolhi acima de tudo, a simplicidade, a sabedoria e a resignação do produtor rural."

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LAVOURA DE CAFÉ

Revista Setor Agro&Negócios

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Revista Setor Agro&Negócios

Recebemos também o registro de Zenio Filho, com seus colegas Beto, Sergio Tavares e Paulo Edson. O produtor Zenio mostra com orgulho sua plantação de café, em Três Pontas, Minas Gerais.



PRODUTOS

VALLEÉ

Combate à infecções Para casos de emergência, a Valleé apresenta o Oxitrat LA Plus. O produto funciona como um antibiótico, eficaz principalmente contra bactérias Gram-positivo e Gram-negativo. Ao ser usado, o medicamento promove ação antitérmica e analgésica para combater casos de anaplasmose, feridas infecciosas, difteria, podridão dos cascos, metrite e artrite infecciosa.

ESPAÇO AGRODIGITAL

Aceleração de ideias Inspirada na inovação e na agilidade das startups, a BASF inaugurou em sua sede em São Paulo o Espaço AgroDigital. O ambiente poderá ser usado por funcionários da empresa para desenvolver e colocar em prática soluções digitais voltadas para o agronegócio da América Latina. BOA COLHEITA

FOTO: PIXABAY

Yara lança programa de fertilizantes

PECUÁRIA LEITEIRA

Programa Dairywise para gerenciamento de fazendas Levando em conta os problemas em relação à mão de obra no setor de pecuária leiteira, a Lely desenvolveu o programa Dairywise, uma ferramenta para o gerenciamento da fazenda. O programa específico para pecuária leiteira é baseado em princípios simples, que observam a situação da propriedade e oferecem ferramentas que, quando implementadas, promovem melhorias contínuas na produção. “As técnicas do programa devem ser entendidas como uma caixa de ferramentas que podem ser aplicadas a qualquer tipo de prática na fazenda, tais como as rotinas de alimentação e ordenha, tarefas de saúde e reprodução e gerenciamento do pessoal”, explica o gerente de Vendas para o Brasil da Lely, João Vicente Pedreira.

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Sempre inovando no setor de nutrição de plantas, a Yara lançou um programa de relacionamento direcionado a cooperativas e revendas. O sistema busca aproximar e incentivar os parceiros a se desenvolverem e crescerem no mercado através de uma série de benefícios como campanhas de incentivos, capacitações, acesso a ferramentas digitais, entre outros que proporcionam soluções para a colheita. O Boa Colheita valoriza e recompensa os parceiros que trabalham com programas nutricionais e produtos de alto valor agregado da companhia, oferecendo aos agricultores as melhores e mais modernas soluções em nutrição de plantas. NUTRON

Tecnologia para suínos na etapa de creche A transição da dieta líquida para a ração pode comprometer a integridade intestinal dos leitões recém-desmamados. Pensando nisso, a Nutron - marca de nutrição animal da Cargill - desenvolveu o Rapid Neopigg, uma solução que leva em consideração os desafios de adaptação dos leitões. Para isso, o programa analisa e oferece melhores estratégias ao produtor para a transição da alimentação dos animais.


A Revista Setor Agro&Negócios inova mais uma vez e lança o projeto pioneiro

AGRO SEM FRONTEIRAS

Conheça a conexão entre Brasil, Paraguai e Argentina no Agronegócio SÉRIE DE REPORTAGENS COBERTURA DE EVENTOS INTERAÇÃO NAS REDES SOCIAIS NOTÍCIAS ATUALIZADAS NO PORTAL DE NOTÍCIAS

Faça parte deste grande movimento! APOIO


ENTREVISTA

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA FPA

Uma das ferramentas que precisamos trabalhar fortemente é o seguro rural 12 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019


Menos burocracia

E MAIS PRODUÇÃO

Dois mil e dezoito foi um ano que muitos empresários e produtores rurais gostariam de esquecer. Após um período de grandes prejuízos, polêmicas e cortes nas exportações, Tereza Cristina assume o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com o desafio de acelerar novamente o setor responsável por equilibrar a economia brasileira. Tabelamento de frete, lei dos agrotóxicos, código florestal e licenciamento ambiental estão entre os “deveres de casa” da nova ministra. Bem recebida por entidades, setor privado e produtores rurais, Tereza Cristina deve utilizar-se da larga experiência para planejar as ações do setor nos próximos quatro anos. Engenheira agrônoma e empresária de 64 anos, até 2018, a ministra era coordenadora da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e deputada federal pelo Democratas do Mato Grosso do Sul. Confira a entrevista exclusiva que Tereza Cristina concedeu à redação da Revista Setor Agro&Negócios:

Qual é sua principal bandeira frente ao Ministério? Vamos melhorar o ambiente de negócios para o produtor rural, para que ele possa gastar mais o seu tempo na produção e menos na burocracia. Queremos abrir novos mercados e promover ações governamentais para resolver, por exemplo, o problema da degradação de terras. Temos mais de 10 milhões de hectares de terra no Brasil que precisam ser renovados e podem entrar novamente na produção. Trabalharemos com projetos que ao encerrar o período de governo, poderão ter continuidade porque são projetos grandes e ambiciosos, mas necessários para a produção brasileira. Por muitos anos, Meio Ambiente e agricultura seguiam caminhos opostos. Atualmente já existe maior sinergia entre os setores. Na sua opinião, é possível avançar no agronegócio, preservando o meio ambiente? Com certeza. O grande preservacionista do Meio Ambiente é o produtor rural. A maioria dos produtores pratica a consciência ambiental. Existe uma polêmica em torno deste assunto, mas o produtor rural é o maior inves-

tidor na preservação ambiental porque em sua propriedade, (entre 20% a 80% da área, dependendo do bioma), é mantida e preservada e ele faz todo o custeio deste processo.

mentos. Mas para isso, precisamos encontrar uma forma de que o seguro cubra a grande maioria das atividades agropecuárias.

Quais as estratégias para fortalecer as relações comerciais com países que já compram produtos brasileiros e abrir novos mercados para exportação? Para darmos prosseguimento aos acordos é necessário manter a qualidade, dar credibilidade aos nossos produtos e mostrar que o Brasil é um produtor incrível de proteína animal e vegetal, em volume e qualidade. Temos mercados muito grandes que ainda não atingimos e que temos capacidade de produção para atendê-los.

Como a senhora avalia a nova lei sobre o uso dos agrotóxicos? A lei oportuniza mais agilidade para que os produtores brasileiros possam ser competitivos, inclusive em relação aos países vizinhos. Temos países próximos ao Brasil de quem importamos alimentos que usam estes mesmos agrotóxicos ou outras moléculas que nós ainda não podemos ter acesso pela morosidade com que os nossos registros são aprovados. Esta lei deve dar agilidade, modernidade, governança e transparência para o registro de novas moléculas no Brasil.

O crédito rural ainda é inacessível para alguns produtores. O que deve ser feito para ampliar este benefício? Uma das ferramentas que precisamos trabalhar fortemente é o seguro rural. A medida que o produtor puder dispor do seguro, teremos uma quantidade enorme de crédito e a grande maioria poderá acessar linhas diferentes que serão muito mais utilizadas por diversos seg-

A reforma agrária também está na pauta em seu Ministério? A reforma agrária, o crédito fundiário e a assistência técnica terão atenção especial. Nós queremos colocar o pequeno produtor, principalmente os assentados que ainda vivem na subsistência, na produção comercial para atender aos seus municípios e programas, como o da merenda escolar.

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CAPA

CONEXÃO

SEM

FRONTEIRAS

Os caminhos que levam commodities agrícolas através de rotas comerciais, também desenham novas perspectivas para o agronegócio do Mercosul. Ultrapassando limites territoriais, estão empreendedores rurais que buscam novas oportunidades, indústrias que se fortalecem e um mercado que torna-se referência para o mundo. // Los caminos que llevan commodities agrícolas a través de las rutas comerciales, también llevan emprendedores rurales que buscan nuevas oportunidades en otro país. Sobrepasando límites territoriales, están emprendedores rurales que buscan nuevas oportunidades, industrias que se fortalecen y un mercado que se convierte en referencia para el mundo. Tradução Jorge Infante

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edición el Proyecto Agro Sin Fronteras, que muestra la conexión entre Brasil, Paraguay y Argentina. Durante un año, mostraremos los resultados de este intercambio comercial de éxito. Acompañe también nuestro portal de noticias y Redes Sociales y quédate dentro de esta pionera iniciativa.

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FOTO: SHUTTERSTOCK

Lançamos nesta edição o Projeto Agro Sem Fronteiras, que mostra a conexão entre Brasil, Paraguai e Argentina. Durante um ano, mostraremos os resultados deste intercâmbio comercial de sucesso. Acompanhe também nosso portal de notícias e redes sociais e fique por dentro desta Lanzamos en esta pioneira iniciativa.


CAPA

A

lcançar o ápice de produção é uma missão árdua. Manter-se no topo é ainda mais desafiador. Na corrida pela permanência no ranking dos maiores exportadores de proteína animal do Brasil, o déficit de milho é o grande inimigo de criadores e indústrias de Santa Catarina. Para suprir esta falta, as cadeias produtivas de suínos, aves e leite do Estado compram anualmente 4 milhões de toneladas do cereal do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Não é segredo que um dos grandes gargalos da produção agrícola é o frete. E ao percorrer cerca de 2 mil quilômetros, os grãos chegam em território catarinense com alto valor, o que encarece, e até inviabiliza a atividade. Abandonar o topo não está nos planos dos catarinenses e por isso o setor se mobiliza para encontrar alternativas. A implantação da Rota do Milho, que prevê a importação dos grãos do Paraguai, passando pela Argentina, promete dar fim a este pesadelo que assombra o segmento. O novo percurso, reduzido em 350 quilômetros, refletirá diretamente no custo de produção. As primeiras cargas devem atravessar a fronteira nos próximos meses. Maior produtor nacional de carne suína, Santa Catarina responde por mais da metade da venda do produto no exterior. O Estado mantém a segunda colocação na produção e comercialização internacional de aves. E quando o assunto é leite, os números também surpreendem. Em dez anos, a produção cresceu 82%, elevando sua posição para quarto lugar no ranking nacional. Atualmente o Estado produz em média três milhões de toneladas por ano de milho, porém, utiliza sete milhões para alimentação de suínos e aves. Ao adquirir produtos mais baratos e retomar sua competividade, não são somente os catarinenses que lucram. A cadeia produtiva como um todo cresce, contribuindo para que o agronegócio continue sendo o alicerce da economia brasileira. Nos últimos 10 anos, as exportações do setor renderam ao Brasil US$870 bilhões, com embarques para mais de 200 países. Atualmente, a China é a maior compradora. Mas não é preciso ir tão longe para entendermos a importância do intercâmbio comercial para a sustentação do mercado. // Las cadenas productivas de cerdos, aves y lácteos de Santa Catarina, buscan en la proteína animal, principalmente el maíz, en otros estados de Brasil. Anualmente 4 millones de toneladas recorren más de 2 mil kilómetros para atender las necesidades de la producción catarinense, Sin embargo, todo ese camino recorrido encarece la actividad.

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CELEIRO DO MUNDO

ROTA DO MILHO // RUTA DEL MAIZ

// CELEIRO DEL MUNDO Chamada de ‘celeiro do mundo’, a América do Sul é considerada a maior produtora e exportadora de grãos do mundo. Mantendo-se na liderança do agronegócio, o Brasil vem ganhando grandes aliados e junto com Paraguai e Argentina desenha novas perspectivas de crescimento para o setor. // Llamada de granero del mundo, América del Sur es considerada la mayor productora y exportadora de granos del mundo. Al mantenerse en el liderazgo del agronegocio, Brasil viene ganando grandes aliados y junto con Paraguay y Argentina diseña nuevas perspectivas de crecimiento para el sector. Un estudio realizado por la estadounidense Bain & Co apuntó que el Agro del Mercosur es el que más crece en el mundo hasta el 2050.

A Rota do Milho é um dos exemplos de conexão entre os três países, que já está em fase avançada. Ela se baseia em uma conexão transfronteiriça que abre novos caminhos para chegada de insumos a Santa Catarina. Esta estratégia vem sendo articulada por diversas lideranças dos três países. Além de Santa Catarina, o Sudoeste do Paraná e Oeste do Rio Grande do Sul também sentirão os reflexos positivos da rota. “Hoje temos um déficit de milho em torno de 3,5 milhões de toneladas/ano. Apesar das políticas do governo e iniciativa de cooperativas, estas cargas de milho são necessárias para nos mantermos competitivos no mercado”, destaca o coordenador regional Oeste do Sebrae/ SC, Enio Alberto Parmeggiani. // La ruta del maíz es unos de los ejemplos de conexión entre estos países que ja están en fases avanzadas en Paraguay. La ruta tiene como base una conexión transfronteriza que habré nuevos caminos para la llegada de insumos a Santa Catarina a través de los países vecinos Paraguay y Argentina. Para el agronegocio catarinense, esta alternativa pasa a ser la mejor opción para solucionar la demanda de granos. Actualmente el estado produce en media 3 millones de toneladas por año de maíz, sin embargo, utiliza 7 millones para alimentación de cerdos y aves. Además de esto, una ruta que antes era de 2 mil kilómetros recorridos, ahora pasa a tener su trayecto reducido para 350 kilómetros.

Estudo realizado pela americana Bain & Co apontou que o Agro do Mercosul é o que mais cresce no mundo até 2050. IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO PARA OS 3 PAÍSES

BRASIL

PARAGUAI

ARGENTINA

20%

15%

10,4%

Soja, carne de frango e bovina, açúcar, Principais produtos celulose, café e exportados farelo de soja

Algodão, cana, soja, milho, tabaco, mandioca e frutas

Trigo, milho e carne bovina

China, Estados Unidos, Argentina, Japão e Principais destinos Países Baixos

Brasil, Argentina, Rússia e Itália

Brasil, Índia, Vietnã, Estados Unidos e China

Participação do agronegócio no PIB

*Informações baseadas em levantamentos de 2018.


COMO FUNCIONARÁ A ROTA Pelo novo trajeto, os caminhões carregados com milho partem do Porto 7 de Agosto, em Carlos Antonio López, no Paraguai, seguem em balsa pelo rio Paraná, chegando até o Porto Piray, na Argentina, e entram no Brasil pela aduana de Dionísio Cerqueira, no Extremo-Oeste de Santa Catarina.

Porto 7 de Agosto

Para Enio Parmegianni, rota do milho é essencial para manter a competividade do agronegócio catarinense

Aduana de Dionísio Cerqueira

FOTO: MB COMUNICAÇÃO

Porto Piray

MUITO MAIS QUE NEGÓCIOS // MUCHO MÁS QUE NEGOCIOS

Suprindo necessidades, trocando experiências e estreitando relações comerciais, o agronegócio do Brasil, Paraguai e Argentina aproxima-se cada vez mais. Essa troca perpassa fatores econômicos e hoje oferece a produtores, profissionais da área técnica e empresários a oportunidade de prosperar.

O QUE O BRASIL COMPRA DOS PAÍSES VIZINHOS

Trigo

Soja

Malte

Carne bovina in natura

QUE PARAGUAI E ARGENTINA BUSCAM NO BRASIL

Batatas

Milho

Manteiga

Fumo

Café

Rações para animais

Fumo

Sementes de cereais

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UMA PARCERIA QUE TODOS GANHAM // UNA SOCIEDAD EN QUE TODOS GANAN

Historicamente, o Brasil é um dos principais importadores da produção paraguaia. Hoje, o Paraguai vive uma onda de investimentos estrangeiros e a alta competividade, que resulta principalmente dos baixos impostos e custos trabalhistas, já rendeu ao país, o apelido de “ China do Brasil”. Carlos Paredes é do Banco Central Del Paraguay e afirma que além do agronegócio, toda base industrial do país melhorou muito com os investimentos brasileiros. Segundo ele, 80% das empresas instaladas são brasileiras e a maior imigração de brasileiros é para o Paraguai. “Hoje são mais de 500 mil brasiguaios que estão no Paraguai, localizados não só próximo a fronteira, como também em todo o Paraguai”, destaca. // El intercambio entre Brasil y Paraguay genera lucros y desenvolvimiento para ambos países. Esa relación ha sido muy amistosa y satisfactoria para los dos lados, pues se trata de una acción de “gana–gana “, Sin embargo, para que esa sociedad se solidifique es necesario una infraestructura de logística, con mejora en la carreteras y la desburocratización en las áreas de fronteras.

80% das empresas instaladas no Paraguai são brasileiras. Hoje, mais de 500 mil “brasiguaios moram no Paraguai. // El 80% de las empresas instaladas en Paraguay son brasileñas. Hoy, más de 500 mil "brasiguayos viven en Paraguay. 18 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

Na opinião de Milvo Zancanaro, responsável pelas relações internacionais da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), esse intercâmbio é muito importante para a indústria catarinense e brasileira na medida em que ela passa a produzir parte da sua produção no Paraguai, país que tem custos baixos. “A oportunidade seria produzir parte do que importamos da China. O Paraguai se mostra competitivo quando comparado com outros países e também tem acordos comerciais mais amplos do que o Brasil, o que lhe confere um grande diferencial”. Essa relação tem sido muito amistosa para os dois lados, pois, trata-se de uma ação de “ganha-ganha”. “Com esse movimento que vem acontecendo, deixamos de importar para produzir no país vizinho, assim a indústria brasileira se torna competitiva”, explica Zancanaro. Contudo, para que essa parceria se solidifique é necessária uma infraestrutura de logística, com melhoria das estradas e a desburocratização nas áreas de fronteira.

FOTO: MB COMUNICAÇÃO

CAPA

POR QUE INVESTIR NO PARAGUAI? Entre os benefícios que o governo paraguaio oferece para empresas que se instalam no país, estão:

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ISENÇÃO DE IMPOSTOS e de direitos aduaneiros;

LIBERAÇÃO DE RESERVAS bancárias ou depósitos especiais para importar bens de capital; GRANDES ÁREAS de florestas naturais, pastagens e terras férteis;

ENERGIA HIDROELÉTRICA abundante e relativamente barata;

BAIXOS CUSTOS trabalhistas;

CUSTOS FISCAIS inferiores aos dos países vizinhos;

ACESSO AOS MERCADOS internacionais através dos rios Paraná e Paraguai (com custos de frete competitivos), e um sistema de estrada com pontes internacionais.


// UNA CIUDAD DE BRASIGUAIOS

Naranjal é uma cidade do Paraguai com população de 10 mil habitantes. Praticamente 90% é de descendência brasileira. A cidade tem muitos traços do Brasil em todos os sentidos, desde a língua falada (português), até costumes culinários e de vida. Para se ter uma ideia o prefeito da cidade é natural do Paraná. Edoard Schaffrath lembra que o primeiro contato com as terras paraguaias foi ao lado do pai, em 1978. A região chamou muito atenção pela fertilidade e pelo baixo custo das terras, tanto que o pai comprou alguns hectares para cultivar. As idas ao país vizinho se tornaram frequentes já que necessitava fazer o desmonte da mata nativa e assim iniciar o cultivo. Schaffrath se formou em Agronomia e antes de mudar-se para o Paraguai, morou em Chapecó (SC) e na Colômbia. A ida definitiva aconteceu em 1988 para trabalhar em uma empresa de assistência técnica e produtos químicos. As condições de infraestrutura eram precárias e de difícil adaptação. Mas ele acredita que todas as mudanças são um desafio e a escolha foi acertada. “Não existia carro 4x4, sempre ficávamos pre-

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Edoard Schaffrath é brasileiro e vive no Paraguai desde 1988. Identifcou-se tanto com os países, que além de produtor rural, hoje também é prefeito da cidade de Naranjal

sos na estrada quando chovia. Num raio de 150 quilômetros eram apenas dois engenheiros agrônomos, então tínhamos muito trabalho. Não exigia transgênicos e as formas de aplicação eram muito rudimentares”, relembra. As cooperativas também são muito fortes por lá. Atualmente são sete cooperativas que integram a UNICOOP. Em Naranjal, 30% dos agricultores são sócios da cooperativa da cidade. A maior fonte de renda é a soja, depois o milho safrinha, óleo de canola, cultivos de trigo e aveia. // Naranjal es una ciudad de Paraguay que tiene 10 mil habitantes y prácticamente 90% de ellos es de descendencia brasileña. La pequeña ciudad presenta diversos trazos de Brasil, desde la culinaria hasta las costumbres de vida. Edoard Schaffrath es alcalde de la ciudad y también brasileño. El decidió vivir en Naranjal después de conocerla a través de visitas y descubrir la fertilidad que en aquella región podría resultar. Formado en Agronomía, encaro el desafío de trabajar por aquel pedazo de suelo y de desenvolver su agricultura. Además de eso, las cooperativas son muy fuertes por allá, Son siete cooperativas que integran la UNICOOP y 30% de los agricultores son socios. La mayor fuente de renta de la región es la soya, después el maíz safrinha, aceite de canola, cultivos de trigo y avena.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA UNICOOP

UMA CIDADE DE BRASIGUAIOS

COOPERATIVAS DA DIVERSIDADE // COOPERATIVAS DE LA DIVERSIDAD Assim como no Brasil, o cooperativismo é um dos grandes alicerces do agronegócio paraguaio. A Unicoop é uma central formada por sete cooperativas. Atualmente são aproximadamente 5,7 mil membros e uma disseminação grande de etnias que integram esse grupo, entre eles paraguaios, brasileiros, alemães e japoneses. A produção se concentra no plantio da soja, trigo, milho, girassol e canola, e outros parceiros também têm indústria de laticínios. “Quando o movimento cooperativista iniciou, a maioria dos cooperados eram produtores brasileiros que se agruparam para formar cooperativas. Até hoje, são eles que apoiam o setor, deixando o legado de trabalho para seus filhos, que são de nacionalidade paraguaia e que continuarão a trabalhar no setor agrícola”, conta a assessora de comunicação da Unicoop, Nelida Benitez, que ressalta ainda o legado deixado pelos brasileiros na constituição de um setor aquecido e competitivo. // Así como en Brasil, el cooperativismo es una de las grandes bases de Paraguay. La UNICOOP es una central formada por siete cooperativas e mas de 5,7 mil miembros. Los brasileños asociados están más concentrados entre el departamento de Alto Paraná, Canindeju y la región Este del país. La producción se encuentra en las plantaciones de soja, trigo, maíz, girasol, canola y en la industria láctea.

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UMA EMPRESA QUE ACOLHE OS BRASILEIROS

// UNA EMPRESA QUE ACOJE A LOS BRASILEÑOS

Todos os dias, brasileiros, paraguaios e argentinos, atravessam as fronteiras para buscar oportunidades de comercializar produtos, fortalecer marcas e expandir negócios. E para auxiliar neste processo, algumas empresas se especializaram para receber investidores internacionais. A Urgos é uma empresa paraguaia voltada para o setor agrícola, criada exclusivamente para trabalhar com empresas estrangeiras. A proposta é oferecer um serviço abrangente no desenvolvimento de toda a cadeia do agronegócio com assistência técnica e logística. “Contamos com profissionais especializados na área técnica, acompanhando clientes desde o primeiro momento para o desenvolvimento de seus negócios através de assessoria técnica, regulatória e de controle; estudos e viabilidade de mercado, no território paraguaio” explica a médica veterinária Leticia Correa, que atua na Urgos como assistente técnica e encarregada pelo marketing empresarial. Na visão da médica veterinária, a aproximação entre Paraguai e Brasil transformou-se em uma conexão de desenvolvimento mútuo. As empresas tornaram-se mais competitivas porque os países apostaram na industrialização para o mundo. Isso se deve às políticas econômicas, fiscais e governamentais que sustentam esse desenvolvimento orientado para o investimento estrangeiro. // Todos los días brasileños, paraguayos y argentinos cruzan las fronteras del país para buscar oportunidades de comercialización de productos. Para auxiliar en ese movimiento que crece, algunas de las empresas están se especializando para recibir inversionistas internacionales. La Urgos es una empresa paraguaya creada exclusivamente para trabajar en esa área y tiene como propuesta ofrecer un servicio de asistencia técnica y logística para la cadena del agronegocio. Na visão da médica veterinária Leticia Correa, da Urgos, a aproximação entre Paraguai e Brasil transformouse em uma conexão de desenvolvimento mútuo

HERMANOS ARGENTINOS

// HERMANOS ARGENTINOS Na Argentina o intercâmbio também acontece e muitos brasileiros já tem o país como casa. Porém, as relações comerciais com a Argentina ainda engatinham e estão em fase de projeto e estudo pelas autoridades brasileiras. Contudo, a migração de brasileiros para Argentina já acontece há alguns anos. Jenaro Yohann Nasi é natural do Rio Grande do Sul, da cidade de Horizontina e hoje reside em Pozo Azul/ ARG. Lá dedica-se a plantação de fumo, milho e gado de corte. Ele lembra que a mudança de país aconteceu em 1976. Foi quando seu pai se naturalizou e regularizou todos os documentos. “Meu pai veio em busca de terras maiores e mais produtivas. Hoje produzimos de tudo um pouco”, conta. A maior parte da população da cidade de Pozo Azul é brasileira, segundo Jenaro. Lá a família conquistou uma vida melhor. Para se ter uma ideia, quando chegaram, há 20 anos, não tinham praticamente nada. Hoje, entre todos os irmãos, possuem mais de 2 mil hectares de terra e aproximadamente 2,5 mil cabeças de gado e uma vida econômica estável.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

CAPA

Jenaro Yohann Nasi em sua lavoura de fumo

// En la Argentina el intercambio también acontece y muchos brasileños ja tienen el país vecino como casa. Sin embargo, las relaciones comerciales están en fases iniciales de estudio por las autoridades brasileñas. Sin embargo, la migración de brasileños ja sucede hace algunos años. Jenaro Yohann Nasi es natural de Rio grande do Sul/Brasil. De la ciudad de Horizontina y hoy es residente en Pozo Azul/Arg. En ese lugar se dedica a la plantación de fumo, maíz y cría de ganado de corte.

VANTAGENS DA INTEGRAÇÃO ENTRE BRASIL E ARGENTINA » Com a topografia similar, o maquinário apropriado para cultivar em Misiones é o mesmo que o usado em SC (largura de trabalho, escala e potência). Além disso, com preço e facilidades financeiras. » A genética do milho usada em SC é mais apropriada para Misiones do que os desenvolvidos na Argentina. » Replicar o modelo de produção integrada em Santa Catarina em Misiones; » Gerar alternativas para a produção de erva-mate, chá, arborização e tabaco; » Conseguir um modelo de alta produtividade, exportador, baseado na agricultura familiar;

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

» Misiones é a província com a maior proporção de agricultores familiares no país; »O tamanho médio das propriedades força a manutenção de produções intensivas e lucrativas para serem sustentáveis.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Terras argentinas são alvo dos brasileiros para explorar o plantio do milho

AINDA EM ESTUDOS // AÚN EN ESTUDIOS

A relação do Brasil com a Argentina ainda é recente, mas os hermanos querem replicar o modelo Paraguaio compartilhado com o Brasil, devido aos potenciais da região de Misiones, localizada no Nordeste do país. A área dispõe de mais de 400 mil hectares de terras produtivas que estão abandonadas por falta de mão de obra. Se para os Argentinos, a área é desprezada, para o Brasil, pode tornar-se a “galinha dos ovos de ouro”. Quem explica é o presidente da Fecoagro, Claudio Post, destacando que o local é estratégico para o transporte de milho até Santa Catarina. “Levaríamos tecnologias brasileiras para a região de Missiones, desenvolvendo o território e trazendo milho para cá”, revela. O processo está em estudos, levando em conta questões políticas e de trâmites para exportação e importação. “Precisamos levar sementes, adubos e maquinários. Para isso acontecer, é preciso da autorização do governo e condições políticas mais favoráveis para que essa parceria aconteça”, explica Post.

A relação do Brasil com a Argentina ainda é recente, mas os hermanos querem replicar o modelo Paraguaio compartilhado com o Brasil // La relación de Brasil con Argentina es reciente. Por lo mismo, los hermanos argentinos quieren implantar un modelo paraguayo de desenvolvimiento que viene realizandose con Brasil principalmente en la región de Misiones, ja que el área dispone de más de 400 mil hectáreas de tierras productivas y abandonadas por falta de mano de obra. El local es una óptima oportunidad para el transporte de maíz para Santa Catarina. El proceso está en estudios, hasta por cuestiones políticas y de cómo serán realizadas las transacciones para exportación e importación.

Um dos integrantes da equipe que está à frente do projeto é o coordenador da Subsecretaria de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Territorial de Misiones, Jerónimo Lagier. Segundo ele, a ideia é produzir um milhão de toneladas de milho em Misiones para vender em Santa Catarina, com base em um esquema de associativo, ou seja, acordos entre grupos de agricultores de Misiones e cooperativas dos dois países. O diretor Nacional de Programas de Desenvolvimento Regional de Misiones, Walter Kunz, e também autor do projeto, salienta que o todos os trâmites ainda estão em fase inicial e que o caminho para tornar-se realidade, ainda é longo.

O início do Projeto Agro Sem Fronteiras já apresenta um pequeno recorte de como a relação entre os três países vem fortalecendo o agronegócio. Derrubando preconceitos, estreitando relações e abrindo novos caminhos, este intercâmbio promete revolucionar. Acompanhe em nosso portal de notícias e nas redes sociais, as novidades do projeto. Se você faz parte do agro destes países e quer contar sua história, envie um e-mail para redacao@setoragroenegocios.com.br. Não perca os próximos capítulos ! // El inicio del Proyecto Agro Sin Fronteras ya presenta un pequeño recorte de cómo la relación entre los tres países viene fortaleciendo el agronegocio. Derribando prejuicios, estrechando relaciones y abriendo nuevos caminos, este intercambio promete revolucionar. En el caso de las redes sociales, las novedades del proyecto. Si usted forma parte del agro de estos países y quiere contar su historia, envíe un e-mail a redacao@setoragroenegocios.com.br. ¡No te pierdas los próximos capítulos!

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VITRINE

BIORIGIN

ProWean Rumi

DOW

Nova diretora Comercial

A coordenadora de marketing, Natalia Rodrigues, a coordenadora de vendas e marketing do Brasil, Marielle Gomes e o gestor de divisão, Alessandro Rocha, da Biorigin, destacam o lançamento do ProWean Rumi. Inovador no mercado da bovinocultura leiteira, é uma solução completa que favorece a saúde e o desempenho antes, durante e após o desmame. O produto reúne os benefícios dos beta-1,3/1,6-glucanos purificados, dos carboidratos funcionais e do selênio orgânico, sendo uma solução prebiótica 100% natural. Estudos mostram que ProWean Rumi favorece as defesas naturais e tem potente efeito prebiótico, resultando em melhor absorção de nutrientes e consequente desempenho produtivo.

A Dow anunciou Veronica Perez como a nova diretora Comercial para o negócio de Soluções Industriais na América Latina após mais de 20 anos atuando em diversas áreas na empresa. A executiva será responsável pela gestão dos resultados financeiros do negócio, pela liderança da estratégia bem como o foco no desenvolvimento de iniciativas que visam o crescimento nos segmentos de tintas e revestimentos, agronegócio, bioetanol, lubrificantes, limpeza, petróleo e gás, mineração, aditivos para combustíveis e papel e celulose.

OLIGO BASICS

Óleos funcionais

A Oligo Basics é referência mundial na fabricação de óleos funcionais para a nutrição animal. A gerente nacional MG/SP, Priscila Alvarez e o gerente nacional de vendas, Marco Antonio Lopes de Oliveira ressaltam os benefícios dos produtos.

SAFEEDS

Orientada pela segurança alimentar, a Safeeds aditivos para nutrição animal foi re-certificada mais uma vez com zero não conformidade em seu processo de Gestão da Qualidade. A Certificação nos requisitos de Boas Práticas de Fabricação (BPF) segundo a norma: GMP – Codex Alimentarius foi executada pela empresa SGS, referência mundial na certificação de empresas. Esta já é a quinta vez que a Safeeds passa pela auditoria da SGS, e pelo quarto ano consecutivo sem nenhuma não conformidade. Na foto, o diretor administrativo, Paulo Guerra e o gerente de mercado, Fabrizio Oristanio.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Gestão da Qualidade


O Programa Nacional de Encadeamento Produ vo do SEBRAE é uma estratégia para aumentar a compe vidade por meio de relacionamentos coopera vos estabelecidos entre grandes companhias e pequenos negócios. O Projeto Encadeamento Produ vo Coopera va Alimentos: suínos, aves e leite, prepara os pequenos negócios, fornecedores destas cadeias. A Coopera va Central Aurora Alimentos é a empresa âncora e parceira do projeto.


VITRINE

IMEVE

Grande equipe

Equipe Imeve que para 2019 promete muitas novidades. A empresa 100% brasileira, conta com profissionais especializados e profundamente engajados na pesquisa para o desenvolvimento de aditivos probióticos, medicamentos para grandes animais, suplementos e produtos para a linha PET. Na foto, gerente nacional de vendas, Wellington Rossetto, gerente técnico comercial, Renato Giacometti, gerente regional Centro-Oeste, Fabricio Marcorio, gerente regional Sudeste, Wagner Corrêa e a coordenadora de Marketing, Thais Milena.

WISIUM

Programa alimentar para a nutrição de leitões

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TORTUGA

Premiação

Produtores de diversos estados Brasileiros participaram no mês de dezembro, em Guarulhos, da cerimônia de Premiação Nacional Qualidade do Leite Começa Aqui! 2018. O evento prestigiou aqueles que obtiveram altos níveis de qualidade na produção de leite.

BASF

Guia Exame de Sustentabilidade

A BASF recebeu o prêmio do Guia Exame de Sustentabilidade, na categoria Direitos Humanos. A indústria também ficou entre as companhias que se destacaram como as mais sustentáveis do setor químico. “Nosso propósito já dá a importância do tema dentro da empresa: criamos química para um futuro sustentável”, afirma o presidente da BASF para a América do Sul, Manfredo Rübens. A promoção da diversidade e da inclusão, que levou a empresa a se destacar na categoria Direitos Humanos, é um valor essencial para a BASF.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

A Wisium, marca global da Neovia com foco em premixes, aditivos e serviços, acaba de lançar a Wean Up, uma linha inovadora em conceitos de nutrição de precisão, com ração pronta, núcleos e concentrados para a completa nutrição de leitões. De acordo com Silvano Bünzen, Gerente de Produtos de Suínos da Wisium, a linha segue os padrões globais de excelência Wisium e foi adaptada para as exigências de clima e performance do mercado brasileiro. “A Wean Up inclui níveis nutricionais ideais, aditivos especiais e matérias-primas selecionadas que garantem benefícios para todas as fases de produção”.


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FALE COM O ESPECIALISTA

SUÍNOS

ESPECIALISTA

Como funciona o manejo na maternidade de suínos?

FOTO: AGROSTOCK

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Você tem dúvidas sobre manejo, nutrição ou sanidade em sua propriedade? Profissionais altamente capacitados podem lhe ajudar. Envie sua pergunta através de nossas redes sociais e ela poderá ser respondida neste espaço.

Amanda Oltramari, Marau (RS)

GILMARA ADADA Med. Veterinária formada na universidade do estado de SC UDESC em 2008 Assistente técnica comercial Suínos, SC - VETANCO gilmara@vetanco.com.br

Na maternidade a prioridade é o atendimento às necessidades das matrizes e de seus leitões. Matrizes gestantes deverão ser transferidas higienizadas para a maternidade com antecipação a data prevista do parto para sua adaptação, estando as salas previamente limpas e desinfetadas. A duração do parto normal é em média de 6 horas, sendo fundamental que o mesmo seja acompanhado. Logo após o nascimento recomenda-se o corte e desinfecção do cordão umbilical dos leitões, enxugá-los com pó secante e orientá-los à ingestão do colostro. A uniformização de leitegadas deve ser feita ainda no primeiro dia de vida, entre 12 e 24 horas pós-parto. A ração para matriz vai sendo incrementada ao longo dos dias, sendo importante o adequado consumo para que a mesma tenha a capacidade de produzir leite para atender toda a leitegada. No terceiro dia de vida, é realizada a aplicação de ferro dextrano e geralmente também de coccidiostático. Também pode ser feito o desbaste da cauda, castração cirúrgica e desgaste dos dentes. Normalmente no sétimo dia se inicia o fornecimento de ração aos leitões. É essencial disponibilizar aos leitões ambiente com temperatura em torno de 32°C. Protocolos vacinais variam entre granjas, sendo que atualmente as principais vacinas utilizadas em leitões são contra Circovírus suíno e Mycoplasma hyopneumoniae. Aos 14 dias de lactação, é realizada vacinação nas matrizes contra parvovirose, leptospirose e erisipela. E por fim, o desmame, ocorre em média entre os 21 e 28 dias de idade dos leitões.

Qual a doença mais comum que acomete suínos de produção e como preveni-la? Mariana dos Santos Ribeiro, Passo Fundo (RS)

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Não é possível definir uma única doença, mas é possível dizer que os principais alvos de enfermidades são o trato digestivo e respiratório dos suínos. E. coli tem grande prevalência, uma vez que está presente como habitante natural do intestino. Na parte respiratória fala-se hoje em um complexo respiratório suíno, onde temos como agente primário o Mycoplasma hyopneumoniae. Como agentes oportunistas podemos citar Pasteurella multocida, Haemophilus parasuis eStreptococcus suis. Confira no quadro ao lado dicas para prevenção.


A prevenção se baseia principalmente nos aspectos ligados à qualidade dos alimentos e ao manejo: • Respeitar a lotação das instalações; • Limpeza, desinfecção e vazio sanitário; • Garantir ambiente adequado (ventilação, gases); • Evitar a mistura de animais de diferentes origens; • Minimizar ao máximo os fatores causadores de estresse; • Definir protocolo correto de vacinas como forma preventiva;

• Usar adequadamente antimicrobianos e aditivos naturais (uso indiscriminado de antimicrobianos destrói a microbiota e altera imunidade).

FOTO: SHUTTERSTOCK

• Disponibilizar adequada quantidade e acesso a alimento e água;

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PESTE SUÍNA AFRICANA

Brasil em

ALERTA

Somente na China já foram sacrificados 900 mil animais.

A

confirmação do surto de peste suína africana (PSA) na China, e em pelo menos sete países europeus, incluindo Rússia e Bélgica, ligou o sinal de alerta em todo mundo. O continente mais afetado foi o asiático, onde a doença foi diagnosticada em várias províncias de diferentes regiões, como Jiangxi, Yunnan e Sichuan, na China, a maior região criadora de suínos do país. A doença foi encontrada em um javali morto na cidade de Baishan, na província de Jilin, no noroeste do país. A China, maior produtor de carne suína do mundo, abateu 900 mil porcos até o momento após os surtos de peste suína. A confirmação desenterrou os medos em relação ao assunto no país, onde a doença está erradicada desde 1984. Contudo, é importante ressaltar que o território não fica imune de novos surtos da doença e os cuidados devem ser intensificados a partir de agora. De acordo com o professor da Universidade Estadual de Londrina, do Laboratório de Virologia Animal, Amauri Alfieri, quando se fala em doenças infecciosas, especialmente as doenças virais, sempre há risco de introdução ou reintrodução em áreas onde não há circulação do agente infeccioso. “Atualmente, existem diferentes “oportunidades” para a rápida disseminação de doenças entre diferentes regiões de um mesmo país e até mesmo entre diferentes países de diferentes continentes. Um dos principais fatores que podem contribuir para a propagação de doenças infecciosas é o comércio internacional de animais e de produtos de origem animal”, comenta. Outra preocupação refere-se aos padrões de turismo, que atualmente são mais intensos que há alguns anos. Por falta de conhecimento e, em algumas situações, por negligência, pessoas podem trazer produtos de

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origem animal na bolsa ou bagagem. “Pode ser um simples lanche comprado no aeroporto ou, até mesmo, uma lembrança de um país que visitou”, acrescenta o professor.

SEGURA DESDE 1984

Historicamente, surtos da PSA são descritos em países da África, Europa e Ásia há muitas décadas. Aqui no continente americano, surtos da doença foram relatados em Cuba, República Dominicana e Haiti na década de 1970. No Brasil, o primeiro surto de PSA ocorreu em 1978, no estado do Rio de Janeiro. Estudos indicaram que a origem do foco se deu pela ingestão de restos de alimento de aviões procedentes de Portugal e da Espanha, países nos quais havia a presença da doença. Posteriormente, novos relatos de animais apresentando sintomatologia clínica semelhante à PSA ocorreram entre 1978 e 1981 em todas as regiões geográficas brasileiras. Entretanto, o Brasil foi declarado livre da PSA em dezembro de 1984 e desde então não houve mais relatos da doença no país.

FOTO: SHUTTERSTOCK


COMO REFORÇAR A FISCALIZAÇÃO • F iscalizar o descarte adequado de resíduos alimentares de navios e aeronaves comerciais; • M aior rigor na inspeção de bagagens de passageiros; • A tenção diferenciada em relação aos requisitos sanitários para a importação de suínos vivos, material genético, produtos, subprodutos e insumos; • Dar agilidade ao envio e processamento de amostras biológicas para diagnóstico e a sensibilização dos produtores e fiscalização dos padrões de biosseguridade das granjas comerciais de suínos; • Com relação à biosseguridade de granja, é importante que sejam adotadas boas medidas, 24 horas por dia, durante os sete dias da semana, ao longo dos 365 dias do ano; • Conduzir treinamentos, capacitação técnica e cursos de reciclagem aos colaboradores que trabalham direta e indiretamente no manejo dos animais.

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PESTE SUÍNA AFRICANA

risco de transmissão da doença para o homem pelo contato entre pessoas e suínos e/ou pelo consumo da carne suína. A segurança alimentar não fica comprometida com a ocorrência da doença.

PREOCUPAÇÃO Javalis são reservatórios naturais do vírus pois convivem com a infecção sem manifestar a doença

FOTO: PIXABAY

ANIMAIS SELVAGENS

O Brasil foi declarado livre da PSA em dezembro de 1984 e desde então não houve mais relatos da doença no país. Para manter esse status de carne segura, o governo brasileiro tem concentrado esforços na prevenção da PSA. Em setembro de 2018, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) determinou reforço na fiscalização realizada pelos servidores do Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) e do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários (DFIP) para evitar a entrada do vírus no Brasil. Adicionalmente, foi encaminhado ao Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) um ofício recomendando maior atenção a emissões de autorização de importação de produtos que possam disseminar o vírus da doença, como rações para animais. A professora Raquel de Arruda Leme, que atua no Laboratório de Virologia Animal da Universidade Estadual de Londrina, afirma que é importante salientar que existem preocupações de biosseguridade nacional e de biosseguridade de granja. O sucesso das medidas depende do comprometimento de todos os atores da cadeia produtiva. As questões de biosseguridade nacional incluem proteção das fronteiras e portos, mo-

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vimentação de animais e produtos de origem animal, alimentos, pessoas e tudo mais que gira em torno disso. Raquel esclarece que, embora seja de grande impacto para a suinocultura, esta é uma doença exclusiva de suínos e não há riscos para a saúde pública, ou seja, não há

Uma das maiores preocupações é com os suínos asselvajados (javalis). Esses animais são reservatórios naturais do vírus, ou seja, convivem com a infecção sem manifestar a doença. São animais de vida livre, cuja população tem crescido cada vez mais em diferentes regiões do mundo. Aqui no Brasil, até pouco tempo atrás, as populações de javalis se concentravam nas regiões Sul, Sudeste e Sul do Mato Grosso do Sul. Porém, atualmente, já há relatos da presença desses animais nas regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste do país. A professora Alice Fernandes Alfieri, da Universidade Estadual de Londrina, que também atua no Laboratório de Virologia Animal, explica que a partir do momento em que a PSA for detectada em rebanhos suínos brasileiros, as ações a serem adotadas são aquelas regulamentadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e demais órgãos competentes envolvidos. Portanto, a primeira medida a ser adotada é a rápida notificação de casos suspeitos da doença aos serviços veterinários oficiais e o isolamento imediato do rebanho. Professora Alice destaca que é preciso ter em mente que a suinocultura brasileira não está imune a esses desastres sanitários. Com relação à sanidade, particularmente com relação às doenças de controle oficial, é preciso estar sempre em estado de alerta.

SINTOMAS • Doença é altamente contagiosa entre os suínos; • Caracteriza pela manifestação de febre alta (40 a 42 °C); • Hemorragia no nariz, orelhas, patas e abdômen, sangramento no reto; • Perda de apetite e depressão, além de problemas respiratórios.


SE CONFIRMADO, O QUE ACONTECE? • O abate rápido de todos os suínos contactantes e o descarte adequado de carcaças e resíduos; • Limpeza e desinfecção completas das instalações e equipamentos; • Designação da zona infectada, com controle da movimentação de suínos; • Investigação epidemiológica detalhada, com rastreamento de possíveis fontes de infecção e disseminação do vírus; • Vigilância da zona infetada e área circunvizinha.

Não há risco de transmissão da doença para o homem pelo contato entre pessoas e suínos ou pelo consumo da carne suína. “Para isso, precisamos ter uma defesa sanitária animal robusta em todos os níveis: nacional, estadual e municipal”. Entretanto, ela salienta que, embora o risco de introdução da doença no Brasil, os surtos da PSA em outros países não deve impactar o comércio de carne suína de origem brasileira, que continua sendo segura.

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ARTIGO TÉCNICO

SUÍNOS

EFEITOS DA FITASE NA MELHORIA DE

ASPECTOS REPRODUTIVOS DE SUÍNOS FOTO: ARQUIVO PESSOAL

R Por Alexandre Barbosa de Brito Médico Veterinário, PhD em Nutrição Animal

otineiramente me perguntam como uma fitase atua na redução de problemas endógenos dos animais, como é o caso da melhoria de aspectos reprodutivos em suínos. De forma geral as fitases possuem um papel bem delineado no modelo biólogico, pois sua ação se fundamenta na retirada de fósforo do anel de fitato, reduzindo a escala de ésteres e incrementando o volume de inositol. Esta escala de transformação é acelerada quanto maior for a dosagem da enzima utilizada e sua atratividade para com o substrato. A ação sobre o IP6 (anel de fitato integro) e em seus ésteres seguintes (IP5 => IP4 => IP3 => IP2 => IP1) são provenientes exclusivamente pela ação desta enzima, sendo que fitases distintas podem possuir cinéticas distintas. Se esta é a finalidade de uso de uma fitase (retirar fósforo do anel de fitato), como seu emprego pode ajudar a melhorar aspectos reprodutivos na suinocultura? Como uma ação de quebra de fitato se relaciona com melhoria de desenvolvimento tecidual reprodutivo em animais em reprodução, motilidade espermática, entre outros? Esta resposta refere-se a melhoria de solubilidade de alguns microelementos pela ação destas enzimas no anel de fitato. Para iniciar a composição deste raciocínio devemos ponderar em como o fitato interfere na digestibilidade mineral

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no intestino dos suínos. Este anel de fósforos e carbonos possui a propriedade de quelação com Ca, Zn, Se e Fe, reduzindo muito a solubilidade destes minerais em pH acima de 6 (pH onde inicia-se a absorção no trato gastrointestinal dos animais). O IP6 é realmente deletério na redução desta solubilidade, como demonstrado no trabalho de Toreti et al. (2018), onde os autores avaliaram o tratamento de fitase em alimentos à base de soja quanto a ação no anel de fitato e melhoria de solubilidade de minerais. Os autores observaram uma melhoria de solubilidade in vitro de 2.0 para 20.8% para o Ca, 2.2 para 37.1% para Fe e 38.8 para 67.4% para Zn (P<0.05), quando não se usava ou usava-se a fitase nestes alimentos, respectivamente. Isso demonstra o grande papel desta enzima no aproveitamento de minerais (além do fósforo) em dietas ricas em fitato. Em um pH ácido, independente-

mente do tipo de éstere de fitato, os minerais tendem a estar solúveis, por isso a ação de uma fitase de alta afinidade para com seu substrato e de forma rápida se torna imprescindível na faixa de pH de 2-6. Para exemplificar esta ação, em outro estudo, Xu et al. (1992) demostraram que existe uma piora na solubilidade de Ca e Zn de 10 e 98%, respectivamente, com a simples alteração de uma escala de pH 4 para 5 pontos. Para o Ca, a solubilidade chega a apenas 40% em pH 6 (faixa de pH onde normalmente se inicia o processo de absorção e aproveitamento de nutrientes) quando se tem o fitato integro (IP6).

No caso do efeito no tecido reprodutivo de suínos, a melhoria da solubilidade destes minerais (em especial Se, Zn) terá um impacto realmente positivo em vários aspectos, como a motilidade espermática em cachaços.


FOTO: SHUTTERSTOCK

Já para o Zn, ocorre uma redução de solubilidade total neste mesmo pH. Com doses usuais de fitase (500 FTU/kg) a maioria das enzimas promove uma parcial ruptura de dois fósforos, formando-se um volume considerável de IP4. Esta ruptura poupa fontes de fósforo como farinha de carne ou fosfato bicálcico reduzindo o custo de formulação. Porém para a melhoria de solubilidade de minerais, não existe uma grande melhora. Para que se observe uma importante melhoria neste aspecto, devemos objetivar uma maior produção de IP3 (ou ésteres menores), desta forma, doses maiores de fitase são realmente necessárias. O ideal seria passar de 1500 FTU/kg (conceito de Superdosing). Se a produção do éstere IP3, ou inferior, ajuda na solubilidade de Se, Zn e Fe em pH superior a 6.0, todas as vantagens em se ter maior aporte destes micronutrientes se torna claro. No caso do efeito no tecido reprodutivo de suínos, a melhoria da solubilidade destes minerais (em especial Se, Zn) terá um impacto realmente positivo em vários aspectos, como a motilidade espermática em cachaços.

Stewart et al. (2018) publicaram um trabalho relacionando o uso de Superdosing de fitase em cachaços (machos reprodutores) em período de produção com relação à melhora na concentração de sêmen e eficiência reprodutiva destes animais. Para isso, os autores utilizam trinta cachaços (9 a 12 meses de idade, PIC 280) com um programa alimentar de 2,5 kg/d de uma dieta comercial a base de milho e farelo de soja contendo 500 FTU/kg de uma E.coli fitase comercial, formulada para liberar 0,15% de P.disp. e 0,16% de Ca. 500 FTU/kg E.coli fitase comercial 2,5 kg/d

0,15% P.disp 0,16% Ca

Os machos foram bloqueados pela idade e aleatoriamente escolhidos para consumir dois tipos de dietas, sendo: Dieta 1 – Controle, ou; Dieta 2 – Superdosing com acréscimo da mesma E.coli fitase para gerar 3.000 FTU/kg. O sêmen foi coletado semanalmente de todos os 30 cachaços durante 12 semanas, sendo avaliados a motilidade e morfologia deste ejaculado. De forma geral a concentração de espermatozoides no ejaculado foi maior nos cachaços que consumiram a Superdosing de fitase (P = 0,03), resultando em uma tendência de mais 3 doses (2,8 bilhões de células/dose) produzidas por ejaculado (P = 0.10) e em um aumento de 13% no volume total de sêmen coletado. De acordo com os autores, estes resultados foram provenientes, possivelmente, devido a uma melhor utilização do perfil de microminerais usados nos turnos reprodutivos destes machos.

P = 0,03

2,8 bilhões de células/dose

13%

Estes conceitos são provenientes de uma série de estudos que estamos realizando no mundo, com grande ênfase no Brasil.

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FALE COM O ESPECIALISTA

AVES

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA EMBRAPA SUÍNOS E AVES

Você tem dúvidas sobre manejo, nutrição ou sanidade em sua propriedade? Profissionais altamente capacitados podem lhe ajudar. Envie sua pergunta através de nossas redes sociais e ela poderá ser respondida neste espaço. ESPECIALISTA

Porque as galinhas caipiras param um tempo de botar ovos? Mauricio Meira, Morretes (PR)

JACIR JOSÉ ALBINO Técnico Agropecuário e Ciências Contábeis, atua no Núcleo de Comunicação Organizacional – Embrapa Suínos e Aves.

As galinhas de raças mais rústicas (raças de quintal), naturalmente fazem uma parada na produção de ovos após um ciclo de postura. É um período de descanso do sistema reprodutor para posterior início de um novo ciclo. Outro ponto a considerar é a redução da postura de galinhas criadas em sistemas menos tecnificados onde não há a oferta de iluminação artificial. Sabendo que a luz oferece estímulo luminoso necessário para início e manutenção da postura, a galinha criada em sistemas menos tecnificados, tende a diminuir a produção de ovos naturalmente no inverno, quando há redução do fotoperíodo natural e o sistema produtivo não fornece estímulo luminoso artificial compensatório.

Crio galinhas caipiras. Como trabalhar o manejo e quais as técnicas para promover o crescimento mais rápido? Fabio Sakregenski, Ponte Preta (RS)

FOTO: PIXABAY

O sucesso na criação de aves está relacionado à vários fatores, que incluem por exemplo o planejamento da criação, escolha dos animais, biosseguridade do sistema, manejo nutricional das aves, manejo correto do lote, entre outros. A correta atenção a estes fatores de criação promove o sucesso da criação. O produtor deve buscar as informações necessárias para o manejo das aves, neste caso caipira ou coloniais. Um bom material é a cartilha sobre produção de ovos em sistema de base ecológica, disponível no site da Embrapa Suínos e Aves, na seção Soluções Tecnológicas/Poedeira Colonial Embrapa 051.

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AVES

BENEFÍCIOS DA

NUTRIÇÃO

IN OVO Pouco conhecida no país, a nutrição in ovo é um sistema que injeta uma série de nutrientes no embrião do frango. O propósito dessa técnica é aumentar a qualidade de vida do animal, para que ele esteja saudável para o abate.

O

Brasil é o 3º maior produtor de frangos de corte do mundo. Ao ano chega a produzir mais de 13 mil toneladas e a exportar cerca de 3 mil toneladas, segundo dados da Embrapa. Esses números só apontam para a qualidade da carne produzida em solo nacional, que a cada ano ganha mais mercado. Porém, para chegar a esse patamar muitos critérios são levados em conta. Um deles é o melhoramento genético e nutricional do animal, que começa desde a sua fase embrionária. Isso mesmo. Apesar da fase adulta ser a mais importante para o frango, os olhares se voltaram para a sua fase primária de desenvolvimento, no qual o frango passa 30% de sua vida. Com isso, profissionais da área estudam alternativas que poderiam aumentar o potencial do animal. O resultado é a técnica chamada de nutrição in ovo. Conforme explica o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Fernando Rutz, a nutrição in ovo consiste em inserir nutrientes no fluído amniótico do ovo embrionado. “O processo ocorre em torno de 3 dias antes da eclosão. Neste estágio do desenvolvimento, o embrião irá ingerir os nutrientes junto com

o líquido amniótico. Assim, os nutrientes inoculados no fluído alcançarão o intestino sem qualquer problema”, explica. Ao nutrir o embrião enquanto ele está em crescimento, acelera o desenvolvimento entérico e a sua capacidade de digestão. O processo surgiu de uma ideia de propiciar um condicionamento dos genes beneficiando o metabolismo e desempenho dos frangos. Tudo isso foi pensado baseado no princípio de que a primeira alimentação é a mais importante. A qualidade do pintinho recém-nascido é um fato determinante para a saúde, viabilidade e desempenho produtivo do frango. “A alimentação in ovo contempla todos estes aspectos. Por exemplo, reduziria a proporção de pintos de má qualidade ao chegarem na granja”. Apesar de apresentar resultados positivos cientificamente, a nutrição in ovo ainda está em âmbito de investigação, ou seja, ela não foi adotada comercialmente no país. Isso se deve a alguns entraves que permeiam a tecnologia e a sua execução. Porém, o professor Fernando argumenta que os resultados são promissores para o futuro do setor.

FOTO: SHUTTERSTOCK

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VANTAGENS DA NUTRIÇÃO IN OVO umenta a reserva A de glicogênio;

elhora o ganho M de peso 2–5%;

elhora a M qualidade do pinto;

elhora a conversão M alimentar em 2%;

Desenvolvimento intestinal precoce;

elhora o M rendimento muscular;

elhora o M esqueleto;

elhora a resposta M imunológica.

Técnica propicia condicionamento dos genes beneficiando o metabolismo e desempenho dos frangos. AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 37


ARTIGO TÉCNICO

AVES

NUTRIÇÃO:

OS DESAFIOS DA PRODUÇÃO DE

AVES LIVRES DE ANTIBIÓTICOS FOTO: ARQUIVO PESSOAL

A Patrícia de C. A. Marchizeli Nutricionista técnico comercial de aves na Agroceres Multimix

demanda pela produção de aves livres de antibióticos vem crescendo rapidamente. O que no passado parecia algo muito distante, hoje se mostra como uma preferência pelos consumidores de todo o mundo, e no futuro, a tendência é que se torne uma exigência, já que o consumidor é quem dita as regras para o produtor. Os nutricionistas têm papel muito importante na produção dessas aves. Os ingredientes utilizados nas rações devem passar por rigoroso controle de qualidade, além de possuir alta digestibilidade. Os nutrientes devem ser criteriosamente balanceados e o objetivo principal deve ser o de modular a microflora intestinal, pois a mesma promove o bom funcionamento do sistema imunológico da ave. Porém, o maior equívoco é imaginar que a nutrição será o único fator responsável para o sucesso dessa produção. Uma combinação de fatores é quem influenciará esse sucesso.

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Há vários aditivos disponíveis para substituir os antibióticos promotores de crescimento, e outro erro comum cometido pelo produtor é a procura por uma única solução (aditivo alimentar). É necessário entender os desafios de cada sistema de produção, para então escolher quais aditivos melhor funcionarão para aquela situação. Desta maneira, os nutricionistas precisam estar mais presentes e em comunicação com toda a cadeia de criação das aves para poder orientar o melhor programa de aditivos a ser utilizado. Como principais aditivos, conhecidos como promotores de crescimento alternativos, temos como exemplos: os probióticos (Bacillus subtilis, Bacillus licheniformes, Lactobacillus, Bifidobacterium, etc.), microorganismos vivos capazes de reduzir as bactérias patógenas e manter o equilíbrio da microflora; prebióticos (leveduras, mananoligossacarídeos etc.), auxiliam na proliferação dos probióticos, como se fossem “ali-

mentos” para os mesmos; ácidos graxo de cadeia curta (ácido butírico), boa fonte de energia para a proliferação celular do revestimento intestinal que age como uma barreira contra a entrada de microorganismos patógenos, além de diminuir o ph do intestino, tornando-se desfavorável para o crescimento desses patógenos; enzimas (fitase, carboidrase, protease etc.) melhoram a digestibilidade dos nutrientes e reduzem os efeitos nocivos dos fatores antinutricionais dos alimentos; ácidos orgânicos (ácido cítrico, ácido fórmico, ácido propiônico, ácido acético etc.), acidificam o ph da ração e ajudam a controlar a multiplicação de patógenos no intestino; óleos essenciais (óleo de orégano, tomilho, timol etc.), melhoram a digestão, possuem propriedades antioxidantes e antimicrobianas e podem estimular a resposta imune; entre outras opções. Todos esses aditivos descritos possuem o mesmo objetivo, o de


FOTO: AGROSTOCK

Produzir aves sem antibióticos, requer uma revisão aos procedimentos básicos de manejo e biossegurança, evitando as oportunidades que as aves têm de se contaminarem em qualquer fase de sua vida.

estabelecer um ambiente intestinal em equilíbrio (microflora intestinal saudável). A produção de aves livres de antibióticos, apresenta desafios para os produtores, que atualmente adotam estratégias distintas com uma diversidade de resultados. Essa produção cria a necessidade de relações cotidianas mais estreitas, ou seja, maior comunicação e interação entre os responsáveis pela nutrição, manejo, fábrica, incubatório, matrizeiro, etc., a fim de identificar problemas e resolvê-los precocemente. Retirar os antibióticos promotores de crescimento da ração, substitui-los pelos aditivos citados anteriormente e não alterar a forma com que se gerencia toda a produção de aves, certamente não trará os mesmos resultados zootécnicos. Produzir aves sem antibióticos, requer uma revisão aos procedimentos básicos de manejo e biossegurança, evitando as oportunidades que as aves têm de se contaminarem em qualquer fase de sua vida. Isso significa que os produtores precisam estar mais conscientes da limpeza de suas operações (desde o incubatório, matrizeiro, fábrica de ração e integração). Um erro comum na criação destas aves é concentrar-se apenas no controle/prevenção à coccidiose e clostridiose. Esses, certamente, são os principais problemas de saúde das aves, mas a realidade é que eles são a consequência e não a causa do problema real.

Condições ambientais adequadas, como: temperatura ideal, velocidade de ar e umidade relativa de acordo com a idade, são fatores básicos que devem ser considerados para produzir aves sem estresse. Aves que sofrem devido ao calor, frio, ar seco ou úmido, excesso de amônia, Co2 etc., podem afetar o consumo de ração, motilidade intestinal e causar redução na digestibilidade dos nutrientes. Além disso, o estresse compromete o sistema imunológico da ave, tornando-se susceptível a doenças. A boa ventilação do aviário é fundamental para manter a cama seca e minimizar a condensação e a formação de aglomerados que favorecem os problemas sanitários. É necessário estabelecer um período mínimo de vazio sanitário entre um lote e outro. Esse período deve ser o ideal para que se possa fazer a lavagem e desinfecção correta dos equipamentos e perfeita fermentação/ troca da cama, além de permitir aos produtores lotes suficientes em um período de um ano para sua viabilidade econômica. Devido à crescente pressão na redução dos custos na criação, outro equívoco é aumentar a densidade das aves alojadas. Mais aves/m² proporciona piora na qualidade da cama, piores condições atmosféricas no galpão, maior probabilidade de riscos na carcaça, menor peso ao abate entre outros fatores

negativos que levarão a maior probabilidade de desafio sanitário. Oferecer água limpa (reduzir a presença de bactérias), na correta vazão e temperatura também são fatores importantes, pois devemos lembrar que a ave ingere água na proporção do dobro do que comem. A nutrição das matrizes é fundamental para o desenvolvimento adequado de sua progênie. Além da transferência de nutrientes, as matrizes também transmitem imunidade, portanto, é necessário que a saúde intestinal dessas aves esteja adequada. Como estratégia nutricional, é importante iniciar um programa de alimentação que promova um intestino saudável, o mais rápido possível. Conseguir estabelecer uma microflora saudável precocemente evita que bactérias indesejáveis se tornem resistentes dentro do intestino. Existem inúmeros conceitos de como melhorar a produtividade em sistemas de produção de aves sem antibióticos. O ponto mais importante é que a nutrição é tão importante quanto as práticas de manejo, biossegurança, ambiência etc., ou seja, torna-se necessária uma visão geral de toda a cadeia. A gestão de cada local e os fatores ambientais podem influenciar facilmente na eficácia das combinações dos substitutos aos antibióticos promotores de crescimento.

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FALE COM O ESPECIALISTA

BOVINOS

ESPECIALISTA

MARCELO GROSSI MACHADO

FOTO: AGROSTOCK

Zootecnista, Mestre em Nutrição e Produção de Ruminantes Gerente Técnico Nacional de Gado de Leite da Tortuga DSM

Pensando no produtor, quais as tendências para o setor de bovinocultura de leite em 2019? Natália Lopes, Uberlândia (SP)

A visão para o produtor a médio e curto prazo é complexa devido ao consumo ainda não ter reagido e nossas importações estarem acima da média normal para os países do Mercosul. Vemos três quedas sucessivas de preço. Porém, como sempre ressaltamos que como isso impacta em cada fazenda depende muito da composição e eficiência de custos. Milho fubá mantém altista e farelo de soja em queda. Expectativas de custo alimentar são de estabilidade ou queda. Os eficientes continuam reclamando pouco e os ineficientes muito. A tendência de concentração do mercado (mais leite e menos produtores) continua firme.

O que o produtor de leite pode fazer durante o Inverno para manter o mesmo nível de produção que as outras estações do ano?

Qual o plano de biosseguridade e biossegurança mais indicado para a bovinocultura de leite?

Anacleto Miotto, Barra do Rio Azul (RS)

Laura Carniel, Chapecó (SC)

Isso varia muito de região para região. Como vejo que você é do Rio Grande do Sul imagino que esteja falando que a vacada sai para o pastejo e vai da silagem/fechado no cocho mas que se atrasarmos podemos pegar pastos passados, correto? Algumas maneiras são: realizar planejamento prévio das pastagens visando manter quantidade e qualidade (adubação, manejo de pré corte etc) e para não faltar, aumentar suplementação de ração para reduzir dependência da ração, investir em maior e melhor irrigação e reduzir pastejo nos momentos ruins de pasto fazendo o final do pastejo com categorias solteiras (novilhas etc).

Pensando em controle de entrada e disseminação de doenças e pragas não há sistema ideal ou plano padrão. Isso varia de região para região e para ser honesto pensa-se muito pouco nisso em bovinos ao contrário de aves e suínos. Em geral citamos uso de pedilúvio/cal nas entradas das instalações, especialmente de animais jovens (bezerreiro), rodolúvio nas entradas com líquido e uso de quebra vento natural (árvores).

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FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Você tem dúvidas sobre manejo, nutrição ou sanidade em sua propriedade? Profissionais altamente capacitados podem lhe ajudar. Envie sua pergunta através de nossas redes sociais e ela poderá ser respondida neste espaço.


VIVA UMA EXPERIÊNCIA ÚNICA ENTRE CONFORTO E TECNOLOGIA

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BOVINOS

MAR DE LEITE O Brasil é o 4º maior produtor de leite. Nos últimos anos, o mercado sofreu oscilações devido a crise econômica, mas para 2019 se mantém confiante na crescente que começou a despontar em 2018.

P

resente na mesa dos brasileiros, o leite e seus derivados fazem um longo trajeto para chegar até ali. Enquanto aos olhos comuns parece algo simples, para a cadeia produtiva, esse caminho é demorado e cheio de desafios. Principalmente nos últimos anos, pois a crise econômica do país afetou o mercado, provocando grandes oscilações. Apesar disso, pequenos produtores, indústrias e associações continuam se esforçando para elevar a produção brasileira. Segundo o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/

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Cepa), Tabajara Marcondes, em 2018 o saldo produtivo se manteve crescente, apresentando números perceptivelmente melhores que dos últimos dois anos. “Para 2019, o comportamento do mercado vai depender muito de como a economia vai reagir com as mudanças de outros setores”, comenta.

COMPROMISSO COM O CRESCIMENTO

Além do comprometimento individual de cada produtor, algumas associações assumiram o papel de promover o aumento do mercado leiteiro, entre elas a Associação

“Atualmente se exporta para mais de 50 países, mas importantes mercados como China e México ainda são um desafio”


FOTO: SHUTTERSTOCK

Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos). Com o objetivo de auxiliar as indústrias e produtores no aumento de competitividade e produtividade, a entidade fez um trabalho de projeção da produção leiteira para os próximos 10 anos. O diretor executivo da Viva Lácteos, Marcelo Martins, esclarece que os resultados apresentaram uma necessidade de promoção de produtos lácteos, principalmente no mercado interno. “Esse incentivo de consumo reflete diretamente na economia da área, pois quanto maior, melhores resultados irá apresentar”. Além disso, a importação e exportação tem ligação direta com o crescimento da

PRODUÇÃO DE LEITE EM SC CRESCE MAIS DE 100% Como 4º maior produtor de leite do mundo, a atividade está presente em todo território nacional. Os principais Estados produtores, de acordo com o censo agropecuário do IBGE de 2017, são Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Eles representam 77,4% da produção leiteira do país. Tabajara aponta para os números apresentados pelos três estados do Sul, particularmente para Santa Catarina, que apresenta a maior taxa de crescimento, 103,1%. “Não deve demorar muito tempo para que esta região se torne a maior produtora de leite do Brasil, superando a região Sudeste”, aponta ele.

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BOVINOS

Produtos zero lactose, isotônicos e com propriedades nutracêuticas são tendências para o setor e podem elevar a economia da cadeia leiteira” MARCELO MARTINS, diretor executivo da Viva Lácteos FOTO: RACHEL ALMEIDA

produção leiteira. No passado, o Brasil foi um grande importador, principalmente de leite em pó. No final da década de 90, comprava-se no exterior o correspondente a 20% do consumo total. Posteriormente essas importações foram sendo substituídas pela produção nacional, que cresceu em uma média de 4% ao ano. Atualmente apenas 5% da demanda vem de fora, principalmente da Argentina e do Uruguai. Já se falando em exportação, muitos caminhos ainda precisam ser trilhados. Marcelo explica que é preciso ampliar os acordos de equivalência sanitária e fortalecer as ações de promoção dos produtos lácteos no exterior. “Atualmente se exporta para mais de 50 países, mas importantes mercados como China e México ainda são um desafio”. Por outro lado o analista Tabajara acredita que a preocupação deveria se voltar para o mercado interno. Entre 2007 e 2013 o país deu um salto no consumo de lácteos, passando de 140 litros por habitante ao ano para 175 litros por habitante ao ano. Após esse período, o consumo per capita ficou estagnado.

LEITE – COMPARATIVO DOS DADOS DOS CENSOS AGROPECUÁRIOS 2006 E 2017 ESTADO

PRODUÇÃO (BILHÃO DE LITROS)

CONSUMO DE LÁCTEOS AO ANO NO BRASIL

PARTICIPAÇÃO %

2006

2017

Var. %

2006

2017

MG

5,720

8,887

55,4

27,8

29,5

RS

2,458

4,000

62,7

12,0

13,3

habitante

PR

1,829

3,431

87,6

8,9

11,4

2007

SC

1,396

2,835

103,1

6,8

9,4

GO

2,088

2,658

27,3

10,2

8,8

SP

1,271

1,500

18,1

6,2

5,0

RO

0,639

0,864

35,1

3,1

2,9

BA

0,787

0,844

7,3

3,8

2,8

MT

0,554

0,746

34,7

2,7

2,5

PA

0,476

0,601

26,2

2,3

2,0

Subtotal

17,219

26,366

53,1

83,7

87,6

Outros

3,349

3,748

11,9

16,3

12,4

Brasil

20,568

30,114

46,4

100

100

2017 – Dados do período/ano de referência: 1/10/2016 a 30/09/2017 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário

44 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

140L/

175L/ habitante 2013

A necessidade de suprir a produção de lácteos interna também altera os valores de mercado, o que pode tornar a área mais atrativa e produtiva. O diretor executivo da Viva Lácteos explica que as estratégias estão voltadas para as mudanças de hábito de consumo, ou seja, o país tem uma demanda significativa de leite fluído, mas baixo consumo de derivados. “Para reverter esse cenário, há a necessidade de investir em inovação tecnológica em produtos e processos. Produtos zero lactose, isotônicos e com propriedades nutracêuticas são tendências para o setor e podem elevar a economia da cadeia leiteira”, finaliza Marcelo.


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AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 45


ARTIGO TÉCNICO

BOVINOS

A FEBRE DO LEITE E O PERÍODO DE TRANSIÇÃO:

O QUE O PRODUTOR

A febre de leite pode atingir até 30% das vacas recém paridas, sendo que para cada caso clínico visível, podem ocorrer 5 casos subclínicos.

46 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

FOTO: PIXABAY

PRECISA SABER


a três dias para ser efetivo. Assim, a queda rápida dos níveis sanguíneos de cálcio acarreta paresia (fraqueza muscular), incoordenação motora, e as vacas afetadas deitam. Além disso, a hipocalcemia reduz a ruminação, e indiretamente contribui para o aparecimento de deslocamentos de abomaso, de retenção de placenta e consequentemente infecções uterinas e de cetose. O decúbito prolongado aumenta o risco de ocorrerem mastites. O desequilíbrio de cátions e ânions na dieta, durante o período pré-parto é a principal causa de hipocalcemia. São denominados cá-

sinais e sintomas apresentados pelo animal e dependendo da situação até mesmo através da dosagem de cálcio sanguíneo. O médico veterinário deverá diferenciá-la de outras enfermidades que podem acometer a vaca nesse período. Após o diagnóstico correto, o médico veterinário optará pelo tratamento mais adequado para cada caso, o que é essencial para o sucesso do tratamento e redução das taxas de recidiva da febre do leite. A prevenção desta enfermidade torna-se muito importante. Assim, o método mais eficaz para se evitar a incidência da febre do leite é o forne-

Estima-se que a febre do leite reduza 14% do leite produzido na lactação vigente da vaca e diminua a vida útil do animal em até 3,4 anos. tions aqueles minerais com carga positiva (o sódio, o potássio, o cálcio e o magnésio) e ânions aqueles (cloro, enxofre e fósforo). Comumente, muitos alimentos usuais dos bovinos são catiônicos, como é o caso do feno de alfafa, da silagem de milho e o farelo de soja. Outro fator, também associado à dieta é o fornecimento diário de mais de 100g de cálcio durante o período seco. Assim, a avaliação da dieta dos animais por um profissional especializado é importante. Estima-se que a febre do leite reduza 14% do leite produzido na lactação vigente da vaca e diminua a vida útil do animal em até 3,4 anos. Além disso, as vacas recuperadas podem apresentar inúmeros problemas reprodutivos, cetose, mastite, distocias, retenção de placenta e apresentam um risco 4,8 vezes maior de desenvolverem um deslocamento de abomaso. O diagnóstico para a doença deve ser realizado pelo Médico Veterinário, que se baseará na história clínica,

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

E

m bovinos leiteiros o período de transição refere-se ao intervalo entre as três semanas pré-parto e as três semanas pós-parto. Esse período é muito desafiador, em virtude das alterações metabólicas, fisiológicas e anatômicas que ocorrem nas vacas. Nele ocorrem diversas doenças que levam a uma queda na eficiência produtiva, redução na produção de leite, no desempenho reprodutivo e aumento na taxa de descarte de animais. No final da gestação, a vaca reduz a ingestão de alimento, como uma resposta fisiológica ao parto. O parto em si e o início da lactação oferecem ao animal, um grande desafio para manter o balanço energético fisiológico e as concentrações de nutrientes, o que pode levar ao aparecimento de enfermidades como: distocias, cetose, retenção de placenta, infecções uterinas, mastites e a febre do leite. Entre estes, a febre do leite, ou febre vitular, ou hipocalcemia pós-parto é caracterizada por um desequilíbrio metabólico importante para vacas leiteiras. A febre do leite pode atingir até 30% das vacas recém paridas, sendo que para cada caso clínico visível, podem ocorrer 5 casos subclínicos. Essa afecção é mais comum em vacas com mais de 3 lactações. A raça Jersey é mais predisposta, mas vacas da raça Holandesa e novilhas também são acometidas. A enfermidade ocorre comumente nas 48 horas após o parto, porém pode ocorrer antes do mesmo ou até 72 horas após. Antes do parto, as fêmeas têm uma maior dificuldade de manter o equilíbrio de seus níveis de cálcio. Ressalta-se que uma vaca que produz 10 litros de colostro, perde por volta de 23 gramas de cálcio em uma única ordenha, ou seja, nove vezes a quantidade de cálcio que possui disponível. Caso nesse período a vaca não consiga repor o cálcio sanguíneo, ocorrerá a hipocalcemia. No pós-parto a vaca deve conseguir repor a quantidade de cálcio que foi mobilizada durante o parto e na produção do colostro, entretanto esse processo pode demorar um período de dois

Wanderson Adriano Biscola Pereira Médico Veterinário, com Mestrado em Medicina Veterinária (Clínica Médica Veterinária) pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp (2006) e Doutorado em Medicina Veterinária (2008) pela mesma instituição. Atualmente é professor do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense, Campus Concórdia (SC)

cimento aos animais das dietas aniônicas no período de 14 a 21 dias antes do parto. Essas dietas são ricas em microelementos como enxofre e cloro e atuam estimulando a reabsorção óssea de cálcio e ativando a absorção do cálcio pelo intestino. Outra forma de prevenção é a administração das soluções nutritivas orais contendo cálcio, antes ou imediatamente após o parto, fazendo com que o níveis séricos de cálcio se elevem nos dois dias seguintes após o parto e em especial em vacas acima da terceira lactação. A prevenção da febre do leite, é a melhor opção para minimizar o aparecimento dessa enfermidade e diminuir os prejuízos que esta acarreta. Assim, a participação de um Médico Veterinário qualificado é essencial para auxiliar na tomada da decisão que será mais indicada para cada propriedade e para cada produtor, contribuindo tanto para promoção da saúde do rebanho quanto para minimizar os custos de produção.

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 47


COOPERATIVA

É HORA DE RE INVENTAR

O AGRO O AGRONEGÓCIO ESTÁ EM CONSTANTE EVOLUÇÃO E A ATUALIZAÇÃO DO CAMPO JÁ COMEÇOU. 48 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019


FOTO: SHUTTERSTOCK

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FOTOS: ASSESSORIA DE IMPRENSA COOPERALFA

COOPERATIVA

A

tecnologia e a inovação ultrapassaram as fronteiras de grandes centros urbanos e invadiram com força o agronegócio brasileiro. Não raro, o sistema produtivo torna-se altamente mecanizado e computadorizado, oferecendo conforto e qualidade de vida para o homem do campo. Essa crescente busca por inovação não é por acaso, é exigência de mercado. Propriedades rurais transformaram-se em empresas e, mais do que nunca, saber administrar e gerenciar é fundamental para o sucesso da fazenda. A Agricultura de Precisão (AP) inaugurou uma nova era no agronegócio, onde a tecnologia transformou-se em ferramenta indispensável na rotina agrícola. O método é baseado na observação, monitoramento e gestão de todos os insumos necessários e, principalmente, da plantação. Antigas planilhas rabiscadas à mão, cederam lugar

aos sensores inteligentes que possibilitam o monitoramento total das plantas, espeExpectativa de cialmente públicodos é desistemas de plantio e adubação. entraram em cena os drones 15Também mil pessoas que entre as funções, são utilizados para contagem, medição da altura da plantação e detecção de pragas. Sem falar no Big Data, que favorece a troca de informações, agilizando as assertivas decisórias, que passam a ser muito mais baseadas em dados do que no feeling. Porém, é impossível integrar esta revolução sem um alicerce. Essa sustentação vem das cooperativas, que exercem papel fundamental. Quem caminha junto, cresce mais rápido e com maior eficiência. Na Cooperalfa, a inovação é norte para ações, projetos e decisões que fundamentam o crescimento da entidade e desenvolvem as famílias. Segundo o presidente Romeo Bet, a modernização está presente

Propriedades rurais transformaram-se em empresas e, mais do que nunca, saber administrar e gerenciar é fundamental para o sucesso da fazenda. 50 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

desde a forma de transmitir informações através de cursos, por exemplo, até o auxílio na gestão dos sistemas de produção dos associados. Além da reinvenção nos diversos serviços que a Cooperativa fornece, há uma constante releitura e percepção de mercado para os devidos ajustes e oferta dos produtos com a marca da cooperativa.

CAMPO DEMONSTRATIVO ALFA

O Brasil avança ano após ano e o ritmo de atualizações dos agricultores deve ser constante. Por isso, ganham força eventos focados no produtor e suas necessidades. Desta forma e com esse viés, a Cooperalfa realiza a 23ª edição de 22 a 24 de janeiro na Linha Tomazelli – Chapecó (SC), e a 13ª edição no Norte de SC, de 12 a 14 de fevereiro em Bela Vista do Toldo, o Campo Demonstrativo Alfa (CDA). Estão previstos 15 mil convidados nos dois encontros, todos associados e familiares Alfa. O coordenador do evento, agrônomo Alexandre Rogério Ramos, antecipa que serão realizadas três exposições especiais no período da tarde, transmitidas ao vivo via Facebook, Instagram e Youtube. Ramos, que é Mestre em Zootecnia, acrescenta que o evento entra em um novo


PROGRAME-SE

TEMA

O tema “Quem conhece, se CDA 2019 reinventa” aborda diversos 22 a 24 de janeiro na questionamentos como: Linha Tomazelli – Qual é meu sonho? - Onde Chapecó (SC) quero chegar na proprieda12 a 14 de fevereiro de? - Eu e minha família soem Bela Vista mos felizes no que fazemos? do Toldo (SC) - Já fizemos um diagnóstico? - Temos tudo sob controle? - E o nosso futuro? De acordo com o coordenador do evento, o CDA 2019 ajuda o agricultor a “se encontrar”, a realizar seus objetivos, ou mesmo, seguir no caminho de suas atuais conquistas.

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

ciclo e, na versão 2019, proporciona aos visitantes novas formas do “pensar”, do “aprender”, do “gerenciar” e do “executar” as atividades do campo. “Seremos, como sempre, propulsores para novas ideias, de mudar para o melhor, de encorajar e enfrentar os desafios que chegam até nós a cada dia”, ressalta.

O tema, segundo Romeo Bet, foi definido ouvindo o sentimento de muitas pessoas em relação ao agronegócio e a função da Cooperalfa em promover as devidas evoluções tecnológicas no campo. “Cremos que quem se renova e não perde o foco, vai mais longe e com sustentabilidade”, salienta o líder cooperativo. Quando ele fala de “conhecer”, se refere à possibilidade de ter contato com as novidades tecnológicas, principalmente por estar atento ao futuro, da forma que serão geridas as propriedades, buscando os três pilares da sustentabilidade: o social, o econômico e o ambiental. Para o presidente, a reinvenção acontece a todo momento. Mesmo de maneira quase imperceptível, o ambiente leva as pessoas a mudar. “Estando consciente disso, a melhor forma de se “reinventar” é conhecendo as particularidades pessoais de cada unidade

produtiva. Como fazer isso? Desde o jeito de produzir, até a plataforma negocial. Tudo isso passa por sistemas de gestão de números e índices, de valores, do planejamento feito com a família e equipe técnica, e principalmente, para vivermos em cooperação, base para uma sociedade saudável”, observa. Sobre o que as pessoas podem esperar do evento, Bet informa que a evolução é a espinha dorsal do campo demonstrativo. A programação conta com temas pertinentes, atuais e aplicáveis à realidade; mostrando tudo o que a Cooperalfa proporciona ao associado e cliente. “Somos diferentes por sermos cooperativa. Assim, apresentamos apenas o que testamos ou conhecemos”, finaliza.

“Cremos que quem se renova e não perde o foco, vai mais longe e com sustentabilidade”, Romeo Bet, presidente da Cooperalfa

REINVENÇÃO E MERCADO Aumento na produtividade, maior segurança alimentar e qualidade de vida para o produtor. Estas são apenas algumas das vantagens que o avanço tecnológico vem trazendo para o campo. “O mercado lá fora busca cada vez mais que os processos de produção no campo sejam mais sustentáveis e seguros. Todos os avanços devem se basear na sustentabilidade ambiental para contribuir com os desafios da segurança alimentar e das mudanças climáticas”, comenta o engenheiro agrônomo da Epagri, Ruan Benvenutti. Ele destaca que os diversos avanços proporcionam ótimos ganhos de produtividade, facilitando a gestão e diminuído custos. “Com o uso de tecnologias é possível utilizar a quantidade mínima requerida em cada área específica. Também se consegue tratar cada planta de maneira única e diferenciada”. Acrescenta ainda que esses avanços conseguem detectar os gargalos na produção e aumentar o número de plantas

por hectare, elevando assim a produtividade da plantação. É possível, ainda, reduzir o consumo de água, fertilizantes e pesticidas. Já para o setor de proteína animal, o engenheiro salienta o conforto e bem-estar animal, sendo esse critério primordial para exportar a proteína animal. “O Brasil se destaca nesse setor como maior exportador de carne no mundo, isso é resultado de qualidade de conversão alimentar, conforto térmico e ambiental dos espaços, evitando que o animal passe por estresse e tenha qualidade de vida”. O status que o Brasil possui neste setor, reconhecido internacionalmente, também é resultado da evolução e do processo de aprimoramento, desde a propriedade rural até a unidade de processamento. Realmente, tecnologia e agronegócio estão intimamente ligados e esta relação, caminha para tornar-se cada vez mais próxima. E você, já iniciou a mudança?

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 51


OPINIÃO Por Luiz Vicente Suzin

FOTO: FREEPIK

COOPERATIVAS PROFISSIONALIZADAS

A

evolução com sustentabilidade das cooperativas deve-se muito à atuação do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), que prioriza o quinto princípio do cooperativismo mundial – educação, a formação e a informação. Educação e cooperativismo formam um binômio inseparável especialmente porque se adota o conceito pleno da educação continuada. O Sescoop/SC vinculado à Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) – foi constituído em 1999 e consolidou-se como o grande propulsor para a profissionalização do sistema cooperativo catarinense. A partir de 2000, estruturou-se em equipamentos, materiais e pessoal para a consecução dos objetivos propostos. Atuando nas áreas de formação profissional, promoção social e monitoramento, tem importância singular na difusão da cultura cooperativista. O Sescoop é uma entidade integrante do “Sistema S”, mantida com recursos de natureza pública com gestão privada que organiza, administra e executa o ensino de formação profissional e a

52 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

promoção social dos dirigentes, do quadro funcional e dos cooperados. As metas estão focadas na busca incessante da profissionalização da gestão das cooperativas para atendimento das exigências do mercado, além de contribuir para o aprimoramento do processo de planejamento estratégico e participativo nas cooperativas. Nos mercados onde atuam, as cooperativas precisam ser eficientes e competitivas como as empresas mercantis porque a beleza e a importância social de sua doutrina não as protegem dos rigores e da hostilidade própria do universo econômico. Portanto, assim como o investimento em tecnologia e inovação nos processos, a formação profissional está entre os aspectos amplamente valorizados. Em 2018, cerca de 37 milhões de reais foram investidos pelo Sescoop, tendo seus principais programas situados nas linhas de formação e capacitação profissional, promoção social, monitoramento e desenvolvimento de cooperativas, ações centralizadas, ações delegadas, auxílio educação, programa Cooperjovem, programa jovens lideranças coopera-

tivistas (JovemCoop), mulheres cooperativistas, jovem aprendiz, programa de desenvolvimento da gestão de cooperativas (PDGC), formação para conselheiros administrativos e fiscais para cooperativas de crédito (FORMACRED), monitoramento e auditoria em pequenas cooperativas, etc. Dirigentes, conselheiros, associados e suas famílias são o público-alvo da educação cooperativista que tem como matéria-prima do conhecimento todos os temas da atualidade, desde a doutrina, a legislação, o mercado, a economia nacional, até os desafios da transnacionalização da economia e da competição global, passando pela inovação e atualização tecnológica, aperfeiçoamento profissional dos cooperados, etc. A ação do Sescoop é essencial para manter Santa Catarina – com seus mais de 2 milhões de cidadãos cooperados – na vanguarda do cooperativismo brasileiro.

Luiz Vicente Suzin Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP/SC)

Cooperativas precisam ser eficientes e competitivas como as empresas mercantis


COOPERATIVAS sA iva

pe cuárias d o Est gr o ad

Tradicionalmente, o primeiro quadrimestre no agronegócio brasileiro é marcado por grandes eventos de campo. Reunindo milhares de produtores e profissionais da área técnica, as feiras apresentam tendências e inovações do mercado. Confira alguns eventos que separamos para você:

ITAIPU RURAL SHOW

de

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ação d a s

Catarina

EVENTOS DE CAMPO MOVIMENTAM PAÍS

o

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FECOAGRO

www.fecoagro.coop.br

FECOAGRO: Integrando as Cooperativas Agropecuárias de SC

CAMPO DEMONSTRATIVO COPERCAMPOS

PINHALZINHO (SC) 30 de janeiro a 02 de fevereiro O objetivo do Itaipu Rural Show é mostrar aos participantes as tecnologias e tendências do agronegócio. Em sua 21ª edição, o evento é direcionado às propriedades rurais do país. Participam mais de 300 empresas de diferentes segmentos, todas ligadas ao agronegócio. “Neste foco voltado a agricultura familiar, o Itaipu Rural Show é o maior do país”, comenta o presidente da Cooperitaipu, Arno Pandolfo. O acesso ao parque é gratuito.

CAMPOS NOVOS (SC) 26 a 28 de fevereiro Para a 24ª edição do evento, a Copercampos está investindo mais de R$ 1,5 milhão na construção de estruturas fixas para o restaurante e estandes. O evento reúne pesquisadores, profissionais de todas as áreas ligadas ao mundo agropecuário e mais de 140 empresas dos diversos segmentos do agronegócio oportunizando conhecimento, compartilhando pesquisas, apresentando tecnologias e tirando dúvidas.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA COOPERITAIPU

EXPODIRETO COTRIJAL

SHOW RURAL

CASCAVEL (PR) 4 a 8 de fevereiro O Show Rural Coopavel terá, em sua 31ª edição, 520 expositores e expectativa de movimentação financeira entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. “O Oeste do Paraná é essencialmente agrícola e historicamente o Show Rural Coopavel dá contribuições para fortalecer e ampliar as produtividades de várias culturas, gerando mais renda para as cidades, aos agricultores e a vários segmentos da cadeia do agronegócio na região”, observa o coordenador-geral, agrônomo Rogério Rizzardi.

NÃO ME TOQUE (RS) 11 a 15 de março A Expodireto Cotrijal é uma das maiores feiras do agronegócio internacional. Focada em tecnologia e negócios, contribui de forma decisiva para o desenvolvimento do setor como um todo. O evento atrai visitantes de mais de 70 países. São 250 mil pessoas que passam pelo parque em cinco dias, ávidas por ver o que os cerca de 500 expositores oferecem, nas áreas de máquinas e equipamentos agrícolas, produção vegetal, produção animal, agricultura familiar, meio ambiente, pesquisa e serviços voltados ao campo.

AGRISHOW

RIBEIRÃO PRETO (SP) 29 de abril a 03 de maio Principal feira do setor na América Latina, a Agrishow reúne soluções para todos os tipos de culturas e tamanhos de propriedades, além de ser reconhecida como o palco dos lançamentos das principais tendências e inovações para o agronegócio. São 25 anos de sucesso absoluto, reunindo mais de 800 marcas expositoras e mais de 159 mil visitantes qualificados em 440.000 metros de área, trazendo o que há de mais novo em tecnologia agrícola.

Semeando Confiança

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 53


GRÃOS

NOVO

RECORDE

Segundo dados da Conab, para este ano o plantio de grãos irá aumentar em 4,2% em relação à safra anterior

54 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

FOTO: RAWPIXEL

de safra em 2019


O

ano recém iniciou e produtores de grãos de todo Brasil estão otimistas. Novos recordes devem ser registrados na safra 2018/2019, com produção de 237,3 milhões de toneladas. A diferença representa um aumento de 9,5 milhões de toneladas em relação à safra passada ou 4,2% em termos percentuais. O milho e a soja permanecem como principais culturas produzidas pelo país, além do arroz e do algodão. Os quatro produtos correspondem a 95% da produção. A Conab estima que a soja pode alcançar na safra 2018/2019 um crescimento de 1,7% na área de plantio e redução de 0,4% na produção, atingindo 118,8 milhões de toneladas. O milho primeira safra teve aumento de 0,4% na área a ser cultivada e deve resultar em uma produção de 27,5 milhões de toneladas. Com este desempenho, a expectativa é que o produto tenha um desempenho 12,9% superior à obtida em 2017/18, registrando uma produção de 91,2 milhões de toneladas, quando somadas as duas safras do grão.

95% da produção 1,7% na área de plantio 0,4% na

produção

0,4% na área a ser cultivada 2017/18

2018/19

12,9%

superior

118,8 milhões

de toneladas

27,5 milhões

de toneladas

91,2 milhões

de toneladas

Segundo o gerente de Levantamento e Avaliação de Safra da Conab, Fabiano Vasconcellos, o milho e a soja são commodities e têm seus preços estipulados pelo mercado internacional. “Por apresentar uma comercialização com flexibilidade e transparência, além de contar com boa rentabilidade, os produtores brasileiros mantêm a preferência

por esses produtos. Além disso, com a maior demanda para a produção de proteína animal, esses produtos têm uma participação importante no PIB brasileiro”, ressalta. Para o cultivo de soja, os dados da Conab apontam uma contínua tendência de crescimento da área plantada para as oleaginosas, podendo atingir 1,7% em relação à safra passada. No Mato Grosso, considerado maior produtor de oleaginosas, as chuvas favoreceram o plantio e irão resultar na antecipação da colheita em âmbito estadual. Já Paraná e Rio Grande do Sul também apresentam crescimento no plantio de soja. O primeiro Estado chegando a plantar uma área de 5.453,9 mil hectares e o segundo, 5.777,5 mil hectares para a safra. O plantio de milho, por outro lado, apresenta números moderados. Conforme os dados apontados pela Companhia, a produção se apresenta pontual para o atendimento de demandas internas, como por exemplo para a ração de animais. A área plantada na primeira safra atingiu 5.104,3 mil hectares, representando incremento de 0,4% em relação à temporada 2017/18. No Estado de Minas Gerais a área cultivada apresenta 771,2 mil hectares e em Santa Catarina 335 mil hectares. Além disso, para a atual safra acredita-se em um aumento na produção de outros grãos, como o amendoim, o girassol e a mamona.

Maior demanda na produção de proteína animal impulsiona aumento nas áreas plantadas. O MELHOR CLIMA PARA O PLANTIO

Para os meses de janeiro e fevereiro, o prognóstico climático do Inmet indica um volume de chuvas abaixo ou próximo à média na Região Sul. Já nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, a previsão apresenta uma tendência de chuva dentro da faixa normal ou acima. Essas variações climáticas são o principal desafio para o produtor manter a colheita em crescimento. “O agricultor não consegue controlar o clima, porém podemos observar que eles estão investindo em melhores tecnologias para o manejo do solo, a fim de obter um maior rendimento na área plantada”, explica Fabiano.

MAIORES PRODUTORES DE GRÃOS DO BRASIL Os maiores produtores de grãos do Brasil, segundo o terceiro levantamento divulgado pelo Conab em dezembro/2018, são Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso do Sul. Eles correspondem a cerca de 75% da produção nacional.

MT GO MS

75%

da produção nacional

PR RS

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PIPOCA

COPERAGUAS

É A MAIOR

PRODUTORA/ EXPORTADORA FOTO: SHUTTERSTOCK

DO PAÍS

Líder na produção de milho pipoca no país, a cooperativa investe alto em tecnologia e qualidade, conquistando o mercado internacional de pipoca milho. Plantio anual atinge 11 mil hectares.

56 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019


O

som da pipoca estourando na panela no fim da tarde já é um barulho comum na cozinha de muitas famílias. O alimento que entretém o lazer dos brasileiros, antes de chegar em suas casas, passa por um longo processo de produção e distribuição. As bolinhas alaranjadas, apesar de parecerem duras e resistentes, são sensíveis e precisam de muito cuidado na hora do cultivo. Sem medo de investir nessa área, a Coperaguas abraçou o grão e investe constantemente em tecnologia e novos híbridos importados, focada em obter qualidade no produto final. Conforme explica o presidente da cooperativa, Ademir Zanella, a cultura do milho pipoca é semelhante a do milho comum, porém é uma cultura mais sensível, que requer mais cuidados porque é uma planta menor, mais suscetível a doenças e também mais exigente em adubação. “O milho pipoca requer uma altitude elevada, acima de 600 metros e clima de dias ensolarados e noites frias, com chuvas regulares”. O ciclo de cultivo desse grão dura em torno de 120 dias, desde o plantio à colheita. Ademir ressalta que a fase final é a mais importante. “A colheita deve ser feita com colheitadeiras especiais, para que não haja

a quebra ou a trinca do grão, pois isso é determinante para a expansão da pipoca e esse é o fator chave para comercialização”. E todo esse interesse da Coperaguas em investir no grão surgiu através de uma pesquisa no mercado internacional, que identificou potenciais compradores ao redor do mundo e também Os dois principais fatores de qualidade uma análise do da pipoca Butterfly para comercialização mercado doméstié dada pelo: co, que cresce 10% ao ano. “Hoje o Grupo 1) tamanho de grão Coperaguas é o maior 2) expansão (o quanto o grão produtor/exportador de piexpande após estourado) poca do Brasil, plantando de 10 a 11 mil hectares desta cultura”, comenta Ademir. Assim, competindo com os maiores prosão enfrentados. Dentre eles o custo de produtores mundiais, Estados Unidos, Argentina, Europa (França e Espanha), África do dução, pois comparado a outros países o do Sul, o Brasil vem ganhando espaço no merBrasil é bem maior. “Além disso, o custo locado devido a sua qualidade. “Atualmente gístico para exportação e impostos no país exportamos o milho pipoca para mais de também são dificuldades que enfrentamos 15 países e o Brasil já é o segundo juntamente com a concorrência de outros países fornecedores, que oferecem produtos maior vendedor/exportador de A produção de pipoca no Brasil com qualidade inferior e preços baixos”. pipoca no mercado internase localiza em quatro Estados: cional, somente atrás da Sem desanimar desses percalços, a CoMato Grosso (85% da produção se Argentina”, comenta o peraguas acredita que com o crescimento concentra no MT), Rio Grande do Sul, presidente. contínuo do mercado interno, de 10% ao Goiás e São Paulo. Porém, para cheano, e a conquista de novos mercados no gar até as mãos comércio internacional será firmada pela qualidade do produto, principal preocupados estrangeiros, ção da cooperativa. alguns desafios

MT

85%

GO SP

da produção RS

Assim, competindo com os maiores produtores mundiais, Estados Unidos, Argentina, Europa (França e Espanha), África do Sul, o Brasil vem ganhando espaço no mercado devido a sua qualidade.

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 57


SUSTENTABILIDADE

ENERGIA FOTOVOLTAICA

GANHA VEZ

NO AGRO Sinônimo de economia para produtores rurais, sistemas têm retorno do investimento estimado em cerca de cinco anos. A garantia mínima é de 25 anos. Por Karina Echer

58 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

A

energia solar mostra-se, cada vez mais, uma grande parceira dos produtores rurais. Considerada uma alternativa sustentável e eficaz para aliviar os altos custos com a produção, propriedades rurais estão se reestruturando diante da possibilidade de gerar a sua própria energia através do sol. Além de oferecer autonomia ao consumidor na produção de energia, o sistema fotovoltaico possibilita otimizar os lucros das propriedades, já que seu principal objetivo é gerar economia na fatura de energia elétrica, que apresenta tarifas cada vez mais altas. Foi por conta disso que o empresário rural Félix Dariva decidiu investir na tecnologia. Dariva conseguiu economizar 85% da sua conta de luz após um primeiro teste de instalação de um sistema fotovoltaico. O morador da linha São Roque, no interior do município de Chapecó (SC), adquiriu inicialmente um sistema composto com apenas


10 painéis solares, na finaR$ 2.500,00 com a conta de lidade de analisar como luz, pagou R$385,00 de a captação e geração fatura já no primeiro mês. “Acabamos invesde energia se comDe acordo com dados da portaria em sua tindo na energia solar Associação Brasileira de Energia propriedade. por essa rentabilidaSolar Fotovoltaica (ABSOLAR), Após alguns mede e essa análise de 12,2 Megawatts de energia ses, Félix percebeu custo benefício, que distribuída estão sendo geradas em propriedades rurais no Brasil. os resultados mais oferece um retorno Esta energia limpa, que satisfatórios financeiro muito representa 5,4% obtidos com o sistemais rápido.”, afirma de toda a potência ma e optou pela amFélix. Cerca de um ano instalada no país. pliação. Um novo projedepois, em dezembro de to capaz de suprir toda a 2018, a fatura de energia demanda da propriedade e elétrica da propriedade rural custou ao proprietário R$205,00. alimentar a produção leiteira e a fábrica de ração instaladas na propriedade Diante da economia gerada, o produtor foi desenvolvido pela empresa de engenhaconseguiu calcular que em cerca de cinco anos o valor investido no produto será reria responsável pela instalação. Dariva investiu na compra de um novo siscuperado. Além disso, a longo prazo o contema fotovoltaico e passou a ter 160 painéis sumidor tem outras vantagens ao aderir e gerar cerca de 43,2 kW na propriedade. Este um sistema fotovoltaico, como os créditos investimento trouxe retorno imediato. Após energéticos que podem ser utilizados por a nova instalação, no início de 2018, o produaté 5 anos, na própria unidade geradora ou tor que costumava gastar mais de em outras localidades consumidoras.

NO BRASIL

A longo prazo o consumidor tem outras vantagens, como os créditos energéticos que podem ser utilizados por até 5 anos, na própria unidade geradora ou em outras localidades consumidoras.

160 painéis

43,2 kW

2.500,00

R$

205,00

FOTOS: DANIEL PAULUS

FOTOS: SHUTTERSTOCK

R$

Propriedade do produtor rural Félix Dariva

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 59




ANÁLISE DE MERCADO

Por Felippe Serigati e Roberta Possamai

DISPUTA COMERCIAL ENTRE ESTADOS UNIDOS E CHINA: NO MÉDIO PRAZO, NÃO HAVERÁ VENCEDORES

62 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

No entanto, mesmo com essa retórica agressiva contra os produtos chineses, o déficit comercial entre os Estados Unidos e a China manteve a tendência de alta observada nos últimos anos e continuou a crescer em 2017, atingindo -US$ 396,1 bilhões.

A principal explicação do aumento do déficit comercial dos Estados Unidos em relação à China é a política fiscal expansionista norte-americana, caracterizada pelo aumento dos gastos e redução de tributos que, combinados, levaram à ampliação do déficit público.

DÉFICIT COMERCIAL DOS EUA EM RELAÇÃO À CHINA (US$ BILHÃO) 0,0 -50,0 -100,0 -150,0 -200,0 -250,00 -300,00 -400,0

2017

2015

2013

2011

2009

2007

2005

2001

1999

1997

2003

Fonte: COMTRADE

1995

-396,1 1993

-450,0

FOTO: SHUTTERSTOCK

-350,0

1991

A

disputa comercial iniciada em meados de março de 2018 entre os Estados Unidos e a China tem potencial para prejudicar a atividade econômica global e, portanto, a economia brasileira. Além dessa disputa envolver as maiores economias do planeta, esses países são de relevante importância para o comércio internacional. Enquanto a China é o maior exportador mundial (responsável por 14,2% das exportações do mundo em 2017, o que equivale a US$ 2,26 trilhões, de acordo com o COMTRADE), os Estados Unidos são os maiores importadores do planeta (responsável por 14,7% das importações em 2017 ou US$ 2,41 trilhões). Ou seja, claramente, essa é uma “briga de cachorro grande”, e os efeitos dessa disputa podem atingir adversamente a todos. A retórica agressiva do presidente americano Donald Trump, desde que ele assumiu a presidência em 2017, em relação ao comércio internacional, tem como objetivo fortalecer a indústria americana em detrimento dos produtos importados, sobretudo, os produtos chineses. Isso porque a China é a principal origem das importações americanas, respondendo, em 2017, por 21,9% das importações americanas, o que equivale a US$ 526,0 bilhões.


A partir da política fiscal expansionista, a economia norte-americana vem ficando cada vez mais aquecida, fazendo com que a economia cresça, ao mesmo tempo em que a taxa de desemprego vem reduzindo e a inflação aumentando. Com esse aquecimento, a demanda interna por produtos, inclusive por importados e, sobretudo, de origem chinesa, vem aumentando. Como resposta ao elevado déficit comercial em relação à China, os Estados Unidos têm imposto maiores barreiras comerciais a alguns produtos chineses. Entre os produtos chineses que tiveram aumento de suas tarifas estão produtos intermediários que afetam diretamente a indústria norte-americana, tais como: computadores, componentes eletrônicos e ferramentas mecânicas. Como retaliação aos Estados Unidos, a China também tem elevado as barreiras comerciais aos produtos norte-americanos, tais

como soja, carne bovina e suína e alguns tipos de frutas e peixes. Assim, no meio desse atrito comercial entre as principais economias do mundo, a pergunta que surge é: Quais são os impactos para o agronegócio brasileiro? Possivelmente, os impactos devem atingir o nosso país tanto no curto como no médio prazo. No curto prazo, as barreiras impostas por parte da China aos produtos americanos pode ser uma oportunidade para o Brasil, uma vez que somos competidores dos Estados Unidos em diversos produtos, principalmente, no caso da soja. Porém, no médio prazo, o cenário é menos desfavorável. Além da possibilidade dessas barreiras comerciais serem revertidas rapidamente e tudo voltar ao que era antes, há o fato de que um atrito comercial entre as duas maiores economias do planeta faz com que a economia mundial cresça menos, o que é ruim para todos os países do mundo, inclusive o Brasil.

Além disso, essa batalha comercial, com imposição de barreiras e aumento de tarifas, faz com que o comércio internacional fique mais caro. Logo, quanto mais caro for transacionar bens e serviços, de modo geral, menor é a demanda por eles. Ou seja, mais uma vez, todos perdem com esses atritos. Dessa forma, apesar de não estar claro quais os ganhos que o Brasil pode ter nessa batalha comercial entre Estados Unidos e China, é fato que o país não deve adotar uma retórica mais agressiva contra a China, tal como fez o país norte-americano. Já que, além da China ser um dos principais parceiros comerciais do Brasil, o país tem que ampliar o número de parceiros comerciais e não criar atritos com os parceiros já existentes.

4,4

2017

2,2

1,6

3,8 2,9

2018*

4,9

2,9

2,5

1,8

5,3

2016

2011

2010

6,2

2015

2,2

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7,4

2014

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2013

8,9

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9,6

Crescimento do PIB (% a.a.) Taxa de Desemprego (% da Força de Trabalho)

Fonte: FMI. *Dados de 2018 são previsões realizadas pelo FMI.

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

EUA: EVOLUÇÃO DO PIB E DA TAXA DE DESEMPREGO

Felippe Serigati Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). felippe.serigati@fgv.br

8,9

3,1 1,6

8,1

7,4

2,1

1,5

6,2

5,3

4,9

1,6

1,3

4,4

3,8 2,1

2,4

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

EUA: EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO E DA INFLAÇÃO

9,6

Taxa de Desemprego (% da Força de Trabalho) Inflação (% a.a.)

2018*

2017

2016

2015

2014

2013

2012

2011

2010

0,1 Fonte: FMI. *Dados de 2018 são previsões realizadas pelo FMI.

Roberta Possamai Mestre em Economia Agrícola pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). roberta.possamai@fgv.br

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 63


FOTO: ISTOCK

MERCADO

FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

O QUE ESPERAR DO

NOVO GOVERNO

64 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019


A

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA FPA

FOTO: AGROSTOCK

Os primeiros dias de 2019 estão sendo marcados por grande expectativa. Como o mercado do agronegócio se comportará? Um novo presidente e uma bancada do parlamento renovada influenciarão neste cenário? Como ficarão as exportações? A segurança no campo receberá reforços? Em uma reportagem especial, especialistas respondem a estas dúvidas e opinam sobre o futuro do agro brasileiro diante da nova conjuntura política.

eleição de Jair Bolsonaro (PSL) foi vista com bons olhos pelo setor que vem apostando alto em um cenário promissor. O apoio que o Presidente recebeu da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne 261 deputados federais e senadores, é uma das provas da confiança em um novo plano para a economia brasileira. Diretores de grandes empresas e representantes de entidades também declaram otimismo. “Entidades de classe e produtores apoiaram a candidatura à presidência de Jair Bolsonaro, que se elegeu com o discurso de um Estado menor para melhorar a eficiência do país, removendo barreiras para possibilitar o crescimento econômico. Dessa forma, compreender a pujança do agronegócio na economia e estimular as suas potencialidades fará com que o setor contribua ainda mais com a geração de empregos e renda para os brasileiros”, explica a economista, doutora em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora, Giana de Vargas Mores. Giana observa que as estimativas indicam que o Brasil se tornará o maior produtor de alimentos do mundo nas próximas décadas. Contudo, o agronegócio brasileiro passa por desafios para permanecer competitivo. “A população está se tornando mais urbana e o envelhecimento da população rural é uma preocupação recorrente, o que pode gerar barreiras para o processo de sucessão familiar nas propriedades rurais”. Ela também acrescenta que os ministros indicados para o novo Governo se destacam pela experiência técnica, o que reforça o engajamento com os assuntos inerentes às pastas. “A deputada Tereza Cristina possui experiência política e empresarial, pois, além de ter assumido cargos políticos, é produtora rural e formada em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa”. Já o doutor em Economia e mestre em Economia Rural (UFRGS); Leonardo Xavier Da Silva, ressalta a habilidade política de Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, ao liderar a Frente Parlamentar Agropecuária. “Normalmente conservadora, no que diz respeito aos assuntos ligados ao agronegócio, a sua formação técnica poderá dar a ela condições de construir uma estratégia para o agronegócio brasileiro, com menos entraves burocráticos”, afirma.

AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019 65


Na visão do economista, em um curto prazo de tempo poucas mudanças serão observadas em relação a negociações comerciais internacionais, especialmente aquelas vinculadas à carne brasileira. O momento das políticas comerciais internacionais é de aumento das restrições, a exemplo do que tem sido feito pelo governo dos Estados Unidos. As crises do setor poderão ser amenizadas com revisões em financiamentos, contratos de seguros agrícolas, incremento e incentivo ao uso de mecanismos privados de financiamento e de seguro da produção. Porém, a depender da origem dos recursos que eventualmente amortecerão crises na agropecuária, isso poderá piorar a situação fiscal do país.

PROPOSTAS DO GOVERNO Alguns itens do Plano de Governo de Bolsonaro para o Agro geraram polêmica. Declarações do presidente sobre leis ambientais e demarcações de terras já foram alvo de muitos debates, porém, de forma geral, as propostas agradaram o setor. Confira algumas propostas e a opinião do especialista:

Aceleração do processo de licenciamento ambiental

Bolsonaro quer reduzir a demora no licenciamento ambiental, procedimento administrativo pelo qual o órgão competente autoriza a instalação e a operação de empreendimentos e atividades consideradas poluidoras ou passíveis de degradação. A ideia é que a licença seja avaliada no máximo em três meses. Hoje, o prazo é de seis meses.

Na percepção de Leonardo Xavier Da Silva, a intenção do próximo governo não é flexibilizar as leis ambientais, mas agilizar as análises dos processos que têm impactos ambientais. O objetivo é dar transparência e velocidade às permissões dadas a órgãos como IBAMA e ICMBio, por exemplo. “Eu não espero o afrouxamento das regras, pois o sacrifício ambiental seria ainda mais danoso ao planeta”, observa. Contudo, se houver uma flexibilização, na opinião do economista, isso será muito problemático para o país. “O atual Código Florestal Brasileiro já foi um retrocesso para o meio ambiente brasileiro. Os principais compradores de produtos brasileiros já sinalizaram que um afrouxamento das leis ambientais provocará revisão de demanda sobre os produtos brasileiros. Os europeus, por exemplo, não querem comprar produtos agrícolas advindos da degradação da Amazônia. O Presidente, assim como a Ministra da Agricultura estão atentos a isso e não vão banalizar o cuidado com a natureza”.

Ampliação das fronteiras agrícolas e revisão das demarcações indígenas

São áreas de expansão das atividades agropecuárias sobre o meio natural onde, geralmente, se registram casos de desmatamento ilegal e de conflitos envolvendo a posse e o uso da terra. Bolsonaro diz que pode flexibilizar a legislação que regula a exploração econômica de áreas verdes preservadas, incluindo a Amazônia. Na opinião do professor Leonardo, a revisão de demarcação de terras indígenas deveria ser executada somente na hipótese de uso ilegal das mesmas. As reservas ambien-

Um afrouxamento das leis ambientais pode provocar revisão de demanda sobre os produtos brasileiros. O Presidente, assim como a Ministra da Agricultura estão atentos a isso e não vão banalizar o cuidado com a natureza LEONARDO XAVIER DA SILVA, economista

66 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

FOTO: PIXABAY

MERCADO

tais devem ser fortalecidas, pois são chave para a posição diplomática e econômica do Brasil, no cenário internacional.

Incentivo à geração de energia renovável

Em seu plano de governo, Jair Bolsonaro demonstra a intenção de diversificar a matriz energética brasileira para além do uso de combustíveis fósseis. Consta no documento que, a partir de uma política de incentivo às energias renováveis, o Nordeste será uma das regiões mais beneficiadas. Não há detalhamento, no entanto, de como o governo irá viabilizar essa diversificação.

Logística de transporte e armazenamento

De acordo com o Plano de Governo de Bolsonaro, é necessário melhorar a eficiência portuária e reduzir custos, além de atrair mais investimentos para atender a demanda crescente do país. A melhoria neste setor vai além das estruturas portuárias e deve ter integração com uma vasta malha ferroviária e rodoviária ligando as principais regiões, assim como é feito em outros países. O plano descreve como meta “a redução de custos e prazos para embarque e desembarque. O objetivo é chegar, ao final do Governo, com patamares similares aos da Coreia do Sul (porto de


Busan), do Japão (porto de Yokohama) e de Taiwan (porto de Kaohsiung)”. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) criou um documento em conjunto com o Conselho do Agro e que foi entregue ao Presidente. O documento cita investimentos urgentes em logística e infraestrutura. “Este talvez seja o maior gargalo para o objetivo de alimentar o mundo: nossa agricultura era costeira até meados do século passado, quando avançou para as fronteiras do Centro-Oeste, do Nordeste e do Norte. Mas a infraestrutura não acompanhou essa mudança. Será preciso cuidar de armazenagem, de rodovias, ferrovias, hidrovias e de portos, sempre priorizando volumes a serem transportados e não interesses políticos regionais”.

de combate à prática criminosa de invasões de terra. Trata-se não apenas de agilizar e exigir exemplar punição dos responsáveis por tais ilícitos, mas também de instaurar um regime mais célere e eficaz no cumprimento das ordens judiciais voltadas à reintegração e manutenção de posse. É preciso impedir medidas protelatórias, como audiências preliminares ou intervenções indevidas de autoridades governamentais, a exemplo do que tem ocorrido com a Ouvidoria Agrária Nacional.

Segurança no campo

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Francisco Turra, após um período turbulento – acumulado entre os anos de 2017 e 2018 – a expectativa geral é por um momento de maior calmaria para o setor produtivo. A começar pelos custos de produção. Os indicativos de produção de milho e de soja apontam para uma oferta menos apertada em relação

Apesar de citada no plano de governo, também não há detalhamento desta proposta no documento. A mesma também vai ao encontro com as sugeridas pelo documento da CNA. A entidade cita este tema, sugerindo a implementação de efetiva política

FOTO: SHUTTERSTOCK

Ampliação de mercados para venda da proteína animal é promessa do novo governo

PERSPECTIVAS PARA MERCADO DA PROTEÍNA ANIMAL

PRODUZIR COM SUSTENTABILIDADE A economista Giana de Vargas Mores também alerta que a oportunidade de atender mercados globais requer produzir com sustentabilidade. Nesse tocante, são elencados pontos importantes para o setor: avanços tecnológicos, planejamento, qualidade e padronização dos produtos, escala de produção, custos competitivos, empreendedorismo e profissionalismo, tecnologias e sistema de produção eficientes, organização das cadeias produtivas. A busca pela agregação de valor e por novas matrizes econômicas também deve ser observada. Ela também destaca que o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, espera-se um maior nível de inovação para que o agronegócio continue competitivo. Essa inovação deve basear-se na sustentabilidade ambiental de forma a contribuir com os desafios da segurança alimentar e das mudanças climáticas. Nesse sentido, os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente deverão seguir alinhados em termos de práticas e políticas, para que se possa atender aos pequenos, médios e grandes produtores rurais.

a 2018. “As perspectivas das exportações e dos custos produtivos apontam para um horizonte mais calmo para o Brasil, também há um inegável otimismo no setor com o novo momento político vivido pelo país. A eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República trouxe um clima positivo que há tempos o agronegócio não vivia”. Turra observa que as promessas do novo presidente são de maior apoio ao campo, desburocratização, liberdade de mercado, combate à violência no campo e nas estradas, privatização de estruturas importantes ao setor produtivo. Ele destaca que o primeiro grande avanço já foi anunciado, sendo a indicação de Tereza Cristina como Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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FUSÕES & AQUISIÇÕES

Por Bruno Saldivia

Acompanhando as tendências deste mercado extremamente globalizado, onde novos e grandes negócios são anunciados diariamente, lançamos a coluna Fusões e Aquisições. Bruno Saldivia, executivo de negócios da Nello Investimentos, traz as informações sobre investimentos, tratativas e acordos que movimentam o agronegócio. Confira novos artigos em www.setoragroenegocios.com.br

GIGANTES O

NO AGRO

mundo do agronegócio está acostumado e alinhado com o universo dos investimentos, por mais que isso não seja percebido de maneira clara. No setor rural se aplica o capital para então ver o retorno no futuro – período da safra – e esse processo muitas vezes é lucrativo, mas em alguns momentos não. A administração desse risco é o que vai definir onde aplicar, o quanto, a que taxa é coerente buscar o financiamento dessa atividade, e muitos outros fatores que nem sempre são levados em consideração. As formas de financiar operações ligadas ao agronegócio e a produção de alimentos são inúmeras, e usualmente ligadas a alguma forma de financiamento convencional através de dívida. Porém o mercado financeiro e grandes grupos empresariais de capital nacional ou internacional cada vez mais estão atentos ao setor, com o objetivo de participar desse processo de financiamento, e principalmente de fomento e estruturação dessas atividades. Nesse contexto o alinhamento da indústria de Fusões & Aquisições: M&A (da sigla em inglês para Merger &

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Acquisition) tem se aproximado do mundo Agro com grande intensidade, gerando oportunidades de crescimento e sustentabilidade das atividades na produção de alimentos de uma forma geral. Nesse ínterim, algumas situações mais evidentes têm se dado através da consolidação de alguns setores, com aquisições sendo feitas por grandes grupos de produção de grãos como é o caso do Grupo Amaggi. A presença do capital internacional no fomento das atividades de nutrição animal também tem se intensificado. Um bom exemplo é a Aquisição da Nutrizon pela Neovia Group (empresa do grupo americano ADM). Os setores que tem se destacado na atração de investimentos dentro do setor de Agro e Alimentos tem sido: GRÃOS ALIMENTOS ORGÂNICOS NUTRIÇÃO ANIMAL


DEFENSIVOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS AGROTECHS: Gestora de investimentos SP Ventures lançou em Maio/18 fundo de R$ 50 milhões para investir em 20 Starups do agronegócio. PROTEÍNA ANIMAL FERTILIZANTES: A grande concentração no mercado de fertilizantes tem preocupado os empresários do setor. Dos 7 principais players mundiais (Bayer, Basf, Monsanto, Syngenta, Dupont, Dow e ChemChina), há um processo de consolidação maior onde restarão apenas 4 grandes se aprovadas as fusões pelos órgãos regulatórios (Bayer/Monsanto, Dow/Dupont, Syngenta/ChemChina e Basf).

LATICÍNIOS: A suíça EMMI adquiriu uma participação de 40% na Laticínios Porto Alegre em 2018; Francesa Lactalis adquiriu a Itambé no final de 2017; Acqua Capital adquiriu participação na Lac Lélo de Santa Catarina;

FARINÁCEOS: Bunge anunciou em Agosto/18 a compra do Moinho Pacífico com capacidade de moagem de 700 mil toneladas.

Cada setor tem sido trabalhado com modelos de captação específicos, todos alinhadas dentro de uma Tese de Investimento adequada a cada negócio (falaremos mais sobre teses de investimentos no Agronegócio em nossa próxima coluna a ser publicada no portal). Por se tratar de um setor tido como commodities, o ganho constante de escala de produção e comercialização é a única maneira de se manter competitivo nesse mercado, e isso é motivo de preocupação perene dos produtores e empresários do setor. Nessa coluna vocês poderão acompanhar quadrimestralmente nas versões físicas da revista, e mensalmente no portal, uma visão alinhada com as oportunidades dentro desse importante canal de crescimento do setor, e informações para a tomada de decisão nos aportes de capital dentro do Agronegócio.

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CRÉDITO RURAL

Menor taxa de juros

AUMENTA competividade

das cooperativas As cooperativas de crédito estão atuando para contribuir com o investimento dos setores produtivos, oferecendo oportunidades de modernização, negócios, e ampliação da produção agrícola.

A

s linhas de crédito para agricultores deixaram de ser exclusivas dos bancos públicos e hoje expandiram para as cooperativas de crédito, que oferecem juros menores e mais possibilidades para aqueles que precisam investir no negócio. O recente lançamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2018/2019 e mais as linhas de crédito para o financiamento rural devem contribuir para a expansão do agronegócio brasileiro. A estimativa é de que o setor tenha crescimento de 3,17% neste ano, aponta o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro deverá crescer 2% em 2019 em relação ao ano anterior, após uma queda de 1,6 % em 2018 frente a 2017. De acordo com o Banco Central do Brasil, o segmento de cooperativas de crédito apresentou expressivo crescimento nos últimos anos. O aumento da participação de mercado das cooperativas é explicado principalmente pelo crescimento das operações de crédito voltadas para pessoa jurídica, com maior concentração na região Sul do país e nos municípios integrantes da fronteira do agronegócio. O segmento de cooperativas de crédito constitui fonte suplementar de oferta de crédito em sua área de atuação, o que pode melhorar as condições de competição bancária.

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Uma característica das cooperativas no mercado de crédito é a oferta de produtos com taxas de juros inferiores àquelas do segmento bancário. Segundo um estudo do Banco Central, uma possível explicação para essas taxas cada vez mais competitivas é a crescente profissionalização das cooperativas e o consequente ganho de escala. Aliado a isso, parte desse efeito observado nas taxas de juros poderia ser explicado pela desnecessidade de busca ao lucro, pelos benefícios fiscais e pela retroalimentação positiva entre cooperados e cooperativa. Nessa linha, cooperativas devolvem o lucro aos seus cooperados – chamado de “sobra”. Portanto, há uma retroalimentação positiva nesse processo: cobra-se menos dos cooperados, diminui-s e a quantidade de defaults, devolvem-se os resultados positivos para os cooperados e ganha-se eficiência, que novamente retorna aos cooperados sob forma de taxas de juros menores e devolução crescente de sobras.


Pensando neste cenário, as cooperativas de crédito estão atuando para contribuir com o investimento dos setores produtivos. O Sicoob MaxiCrédito disponibiliza soluções que atendem da agricultura familiar à empresarial. Com linhas de comercialização, custeio e investimento, a cooperativa tem a flexibilidade necessária para contribuir com a competitividade na cadeia produtiva dos seus associados. Além disso, disponibiliza linhas específicas de financiamento, seja através de linhas de repasse e recursos próprios, do BNDES ou do Fundo Constitucional do Centro Oeste.

Diretor financeiro do Sicoob MaxiCrédito, Mauro Zoleti de Morais ressalta a importância dos financiamentos para desenvolvimento da atividade

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA

O QUE É POSSÍVEL FINANCIAR Máquinas agrícolas;

Animais para cria e recria;

Projetos de melhoria genética;

Recuperação de pastagens;

Tratores e colheitadeiras;

Implantação de sistemas de armazenagem e de irrigação;

Em 2017, o Sicoob MaxiCrédito liberou para carteira de crédito rural da cooperativa R$ 198 milhões, crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Para o diretor financeiro da instituição, Mauro Zoleti de Morais, o agronegócio é um importante motor da economia e, por isso, as cooperativas devem apoiar o setor. "O Sicoob MaxiCrédito, desde sua fundação, apoia os produtores rurais com a disponibilização de crédito, pois entende que isso soma ao desenvolvimento sustentável das comunidades locais, um dos propósitos do cooperativismo", afirma.

Adequação e correção de solo;

Ações de preservação ambiental, entre outras finalidades.

R$ 198 milhões carteira de crédito rural em 2017

12%

em relação a 2016

Taxas cada vez mais competitivas resultam da crescente profissionalização das cooperativas e o consequente ganho de escala.

CUSTEIOS AGRÍCOLAS E PECUÁRIOS

O custeio agrícola destina-se à aquisição de insumos, realização de tratos culturais e colheita, beneficiamento ou industrialização do produto financiado, produção de mudas e sementes certificadas e fiscalizadas. No custeio pecuário, nas despesas do dia a dia, estão incluídas a compra de medicamentos e vacinas, a limpeza e a reforma de pastagens e a silagem. As atividades aquícolas e pesqueiras (industrial ou artesanal) também são beneficiadas. Independentemente de ser pequenos, médios ou grandes produtores, existem diversas linhas Pronaf, Pronamp e agricultura empresarial (grandes produtores). No custeio, é possível o financiamento de despesas normais do ciclo produtivo de lavouras e explorações pecuárias. Através das linhas do BNDES, o Sicoob possui o Pronaf Mais Alimentos (inclui-se o Pronaf Eco que financia as placas solares na agricultura), o PRONAMP, e as de maior porte, como por exemplo Moderagro, Moderfrota e Inovagro. Luiz Miguel Folster Dal Piva, especialista e coordenador de crédito rural do Sicoob MaxiCrédito, explica que na modalidade de investimentos também são ofertados os financiamentos de construções, reformas, aquisição de máquinas e equipamentos, formação de lavouras permanentes, aquisição de animais para reprodução e cria, obras de irrigação, proteção, correção e recuperação do solo dentre outros.

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CRÉDITO RURAL

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

Nascemos no campo e transformamos esse orgulho em crédito, isso faz toda a diferença para o empreendedor do campo continuar crescendo ainda mais LUIS FRANCISCO SANDER, diretor executivo do Sicredi Região da Produção RS/SC/MG. AO LADO DO PRODUTOR RURAL

O Sicredi, como primeira instituição financeira cooperativa, possui diversas linhas de créditos para o Agronegócio, beneficiando principalmente produtores rurais, pessoa física ou jurídica e cooperativas de produtores rurais. O diretor executivo do Sicredi Região da Produção RS/SC/MG, Luis Francisco Sander, destaca que o Sicredi sabe da força que vem do campo e da importância para o desenvolvimento do país. Por isso, posiciona-se sempre ao lado do produtor rural, oferecendo diversos pro-

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dutos e serviços adequados ao negócio. “Temos orgulho de onde surgimos. Nascemos no campo e transformamos esse orgulho em crédito, isso faz toda a diferença para o empreendedor do campo continuar crescendo ainda mais”, reforça o diretor.

SEGMENTO EM CRESCIMENTO

O pequeno e médio produtor rural e a agroindústria familiar são os segmentos mais atendidos pelo Sicredi no Brasil. Como exemplo, neste ciclo do Plano Safra 2018/2019 a estimativa é disponibilizar mais de R$ 206 milhões em crédito rural, para a área de atuação do Sicredi Região da Produção RS/SC/MG. A expectativa é de superar os números do ciclo anterior, com operações de liberação nas linhas de custeio para público de Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) e demais produtores, comercialização e investimentos. “No Sicredi o agricultor encontra apoio para executar qualquer necessidade da propriedade, como as operações para custear as despesas para produção

agropecuária, linhas de investimento para melhorar infraestrutura, equipamentos e maquinário para a propriedade e ainda a opção de comercialização, antecipando a venda do produto. Todos pensados no desenvolvimento do agronegócio”, explicou o Diretor Executivo, Luis Francisco Sander. No ciclo anterior 2017/2018 o Sicredi Região da Produção RS/SC/MG fechou o período com mais de 4.600 operações. Do recurso, mais de 116 milhões foram para Pronaf beneficiando 4.222 famílias. Ao todo no Brasil, o Sistema Sicredi está disponibilizando mais de R$ 16,18 bilhões em crédito rural para o Plano Safra 2018/2019, com a expectativa de gerar cerca de 214 mil operações, entre custeio e investimento. No fechamento consolidado nacional do ciclo Safra 2017/2018, o Sistema Sicredi liberou mais de R$ 11,6 bilhões, com resultado 16% superior a safra anterior, com a efetivação de 195 mil operações. No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, mais de R$ 6,93 bilhões estão disponíveis para o agronegócio, com estimativa de realizar cerca de 114 mil operações. Desse total, R$ 5,93 bilhões vão para custeio, comercialização e investimento em linhas do Pronaf, do Pronamp e demais. E mais, R$ 1 bilhão será direcionado para operações com fontes do BNDES.


PLANO SAFRA 2018/2019

R$ 16,18 bilhões em crédito rural

214 mil

Confinamento Compost Barn, com a ajuda do crédito Rural do Sicredi. “Nada mais impede que o agricultor se torne um empresário, um empreendedor do campo. A evolução e a tecnologia servem para isso, aliando à confiança que tenho nas pessoas que trabalham comigo. Ter um parceiro como o Sicredi para realizar esses nossos sonhos é o que faz a diferença”, destacou.

operações

A agricultura familiar (que engloba o pequeno e médio produtor rural) e a agroindústria familiar seguem como o setor mais atendido pelo Sicredi no Brasil. E no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, este segmento representou 92,3% das operações realizadas no ciclo 2017/2018, que se encerrou. Segundo o BNDES, o Sicredi é a 3ª instituição financeira na liberação de crédito rural e a 1ª no segmento da agricultura e agroindústria familiar no Brasil. Lauri Klein, associado do Sicredi Região da Produção RS/SC há 24 anos é exemplo de produtor que investiu no seu negócio com os recursos disponíveis na cooperativa. A propriedade familiar localizada no município de Nova Boa Vista/RS agrega renda com produção de leite, suínos e grãos. Recentemente o agricultor investiu no sistema de

PCA Grãos, Procapagro Cotas Parte, Procapagro Giro, Prodecoop, Pronamp Custeio, Pronamp Investimento, Pronaf B,

RELACIONAMENTO PRÓXIMO

A Cresol opera em todas as linhas de crédito disponíveis, mas a maior expertise da cooperativa é o crédito rural, sobretudo os direcionados à Agricultura Familiar. Dentro das linhas de crédito destaca-se o Pronaf e Pronamp, mas também são disponibilizadas essas linhas de crédito: ABC Ambiental, ABC (Demais Finalidades), Inovagro, Moderagro, Moderfrota Grandes, Moderfrota MPME, Moderinfra, PCA,

Pronaf Caminhonetes, Pronaf Custeio Pronaf Investimento.

Sobre às facilidades oferecidas, Maicon Mistura, coordenador do Departamento Comercial da Central Cresol Sicoper, salienta que por ser uma cooperativa de crédito que atua, sobretudo em cidades de pequeno e médio porte, a Cresol possui um atendimento e um relacionamento muito próximo ao seu cooperado. Segundo ele, isso permite conhecer e compreender as necessidades e desejos dos mesmos, facilitando o acesso qualificado ao crédito consciente, bem como acompanhamento da aplicação nos empreendimentos financiados. Além disso, a cooperativa oferta toda a gama de soluções financeiras que possibilitam ao cooperado manter uma reciprocidade com sua cooperativa, bem como centralizar suas transações financeiras.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

Um dos focos das linhas de crédito da Cresol é a agricultura familiar. Entre elas, o Pronaf e o Pronamp.

Maicon Mistura, coordenador do Departamento Comercial da Central Cresol Sicoper, destaca a proximidade da instituição com o cooperado

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OPINIÃO Por Eldemar Neitzke

O AGRO MUDOU. E VOCÊ ESTÁ

ACOMPANHANDO ESTA EVOLUÇÃO Eldemar Neitzke É formado em Administração, com Mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais

O

Brasil foi colonizado por vários povos, que chegaram para desbravar um país inóspito, com clima diversificado, muita mata, água abundante e terras virgens, com o sonho de criarem raiz e iniciar as novas comunidades e gerações. A região Sul, teve como os primeiros imigrantes os açorianos, italianos, e alemães, que vieram em busca de novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Os que aqui chegaram, encontraram muitas dificuldades, afinal, a região não possuía infraestrutura nenhuma. Assim, esse povo com muita garra e determinação, iniciou a colonização da região Sul. Aos poucos surgiram as cidades, estradas e a topografia foi mudando. Muitos obtiveram sucesso, era uma época onde os fatores de produção, terra, capital e trabalho eram determinantes para esse crescimento. Com o passar dos anos, o crescimento da população e as necessidades de fornecimento de alimentos, a abertura de novas frentes agrícolas foi necessária, pois ainda existiam recursos naturais e diversidade climática favorável a exploração pecuária e agricultura. Porém, aos poucos esse modelo extrativista foi sendo exaurido, sendo necessário investimentos para recuperação de solos, pastagens, para obter-se resultados econômicos com as atividades.

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Para os que aproveitaram essas facilidades iniciais e usaram do bom senso e equilíbrio, os recursos e investimentos, ampliaram suas propriedades e capacidade de produção. A crise inflacionária dos anos 80, deixou muitos empresários em situações delicadas, clima pouco favorável e mercado fechado ao consumo internacional. Com a chegada dos anos 90 e um novo cenário econômico, abertura de mercado, surgimento das culturas transgênicas e melhoramento genético da pecuária, tivemos uma nova onda de modernidade que influenciou muito o nosso agronegócio. O movimento de migração dos brasileiros aos países vizinhos, iniciado na década de 60, em especial ao Paraguai, aumentou com a construção da Barragem de Itaipu, com o preço das terras nesse país e a mudança da lei local que permitia então a compra de terras por estrangeiros. Assim, o modelo já implantado no Sul, foi transferido ao nosso vizinho e hoje temos exemplos nesses países de empresários do agronegócio que obtiveram sucesso nessa época. Porém, hoje independentemente de país ou Estado, temos novos desafios para atingir os objetivos econômicos A globalização exige de todos um constante reinventar-se, visão holística do negócio, observar movimentos e tendências globais, além da gestão da empresa, pois os fatores

de produção de hoje são a terra, capital, trabalho e o conhecimento. É o conhecimento, informação, profissionalização que ditam as regras, não tendo muito espaço para a falta de planejamento, de estratégias e gestão financeira e dos recursos humanos. A informação que em 1950 era transmitida a 8 km por hora a cavalo, hoje está sendo levada globalmente a 8470 km/segundo, com a utilização da internet. Os empresários que querem continuar a obter sucesso nesse mercado precisam estar atentos, muito bem informados e assessorados de profissionais nas áreas que não são de seu domínio, identificar qual foi e continua sendo o seu fator de sucesso, para perpetuar por muitos anos na atividade. O mundo precisa de proteína, que precisa ser produzida com excelência frente às normas internacionais de sanidade e resíduos.


FOTO: 123RF

Temos recursos disponíveis, que é a terra e principalmente água de qualidade, mas é fundamental essa reflexão de todos envolvidos na cadeia, para que possamos obter o máximo de produtividade, em equilíbrio econômico e do nosso meio ambiente, sendo exemplo de profissionais que aqui desbravaram novas fronteiras, aprendizado passado aos demais estados do Brasil e países vizinhos, que com muita garra e competência serão os exemplos de sucesso para as próximas décadas. Essa caminhada profissional, permitiu que cultivasse várias amizades nos países que fazem divisa com o Brasil, como a Argentina, Uruguai e o Paraguai. Eles salientam algumas facilidades e oportunidades que ainda não vivenciamos no Brasil. Talvez por sermos um país jovem com menos de 200 anos de república e pouco mais de 30 anos de democracia, muitas oportunidades ainda devam surgir. Temos facilitadores desse processo como um clima favorável e topografia que possibilitam um contínuo crescimento.

Um aspecto que desperta curiosidade é como esses profissionais conseguiram obter sucesso em outros países, com culturas e línguas diferentes da sua. Buscando informações junto a amigos que estão vivendo no exterior, o que foi possível concluir é que em especial esse conjunto de países segue as mesmas tendências. São países onde a atitude e o trabalho profissional se fazem necessários. Existe pouco espaço para quem ainda quer se aventurar sem muito conhecimento de mercado, gestão e informações técnicas. Como no Brasil, temos a necessidade eminente de transformar as propriedades do agronegócio em verdadeiras empresas de sucesso, usando uma gestão profissional, utilizando informações e tecnologia de ponta, que processem viabilizar os custos fixos, imobilizados e assim garantir a rentabilidade da empresa. Em qualquer país, cidade que se tenha objetivo de conquistar sucesso financeiro, sempre será fundamental a visão de implantação de modelos de negócios que permitam rentabilizar os investimentos.

A globalização exige de todos um constante reinventar-se, visão holística do negócio, observar movimentos e tendências globais, além da gestão da empresa .

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OPINIÃO Por Marcelo Lara

Classe média rural é meta para CNA,

ASSISTÊNCIA TÉCNICA É A FERRAMENTA

Marcelo Lara Jornalista Especializado em Agronegócio lararural@gmail.com asssessoria@laranews.com.br

D

epois de um ano turbulento, o balanço preparado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil revelou um otimismo contagiante para o que vem pela frente. Em 2018 o que colocou um freio no meio do caminho do agronegócio foi o ambiente fora da porteira, por razões políticas, econômicas e cenário imprevisível e com soluções improvisadas por um governo sem força em fim de mandato. E com a alta dos insumos, o crescimento foi abaixo do que se

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esperava: o PIB do setor encerra em queda de 1,6%. O levantamento aponta as principais altas de preço de insumos: sementes em 22%, diesel subiu 19%, milho 18% e energia elétrica 10%. Tivemos toda aquela insegurança jurídica com as questões ideológicas atropelando o bom senso e as definições técnicas e legais já consolidadas no mundo. Como foi o caso da exportação de animais vivos no porto de Santos com protestos e decisões judiciais sem o menor sentido,

isso que era pensando no bem-estar animal. O movimento, além do prejuízo econômico, prejudicou os próprios animais retidos no porto. O mais grave foi mesmo a greve dos caminhoneiros que mexeu com todos os índices, desde o câmbio até a inflação e criou um monstro com o nome Tabela de Frete, uma tentativa antiga, que na greve anterior foi rejeitada, mas dessa vez, o governo com a “faca no pescoço” decretou o tabelamento. Pelo menos em uma ação jurídica da CNA foi possível


FOTO: SCHUTTERSTOCK

A aposta agora está cada vez mais pragmática para 2019: buscar países que realmente precisam importar, que têm demanda. Fortalecer relações com países asiáticos é urgente.

suspender a aplicação de penalidades para quem não cumprir a tabela, multas que chegavam a R$ 10,5 mil. Esta interferência no mercado não é boa para ninguém e cria um risco de piorar ainda mais a situação dos próprios caminhoneiros. Por outro lado, novamente o agronegócio mostra para a sociedade que somos produtores de alimentos para o mundo e representamos 7,2 % das exportações mundiais. A aposta agora está cada vez mais pragmática para 2019: buscar países que realmente precisam importar, que têm demanda. Fortalecer relações com países asiáticos é urgente. É lá que está o crescimento, o aumento de consumo. Diversificar, promover a imagem do agronegócio, negociar acordos, reduzir barreiras, abrir as porteiras burocráticas das exportações, bora vender. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já foi mais do que clara e colocou o Brasil no compromisso, vale lembrar sempre para que o planejamento siga um curso favorável para a produção brasileira. O cálculo é simples: em 2050 teremos que dividir os alimentos produzidos no mundo com mais 2 bilhões de habitantes, os produtores brasileiros vão ter que alimentar 40% desses novos integrantes do planeta. A estratégia adotada é preparar o terreno para que em 2030 a produção que hoje está em 238 milhões de toneladas pule para 400 milhões de toneladas com uso de tecnologia e com sustentabilidade. Para chegar nestas metas, os investimentos vão ter que acompanhar, começando pela logística, passando pela infraestrutura e na base da produção o pilar que é a assistência técnica e no final o Seguro Rural para evitar dívidas por perdas de produção. Essa é uma receita ideal. O presidente da CNA, João Martins aposta no crescimento da classe média rural. Tirar da prateleira as tecnologias e inovações desenvolvidas pela pesquisa nacional. Mudaram o estatuto do SENAR em 2015,

para garantir Assistência Técnica e Gerencial. Dos mais de 4 milhões e 300 mil produtores no Brasil apenas 300 mil respondem por 84 % da produção. A meta é colocar mais 400 mil produtores na mesma eficiência. O desafio lançado para os técnicos é de mudar a realidade de 90 mil propriedades em dois anos. É um grande passo, um exemplo comparativo foi feito dentro do projeto chamado Campo Futuro com dados de produtores de leite no Rio Grande do Sul. Um grupo que não teve assistência técnica e gerencial fechou o ano com um resultado negativo de R$0,13 centavos por litro de leite, já os produtores que participaram da ATeg, com gestão bem trabalhada conseguiram uma margem de lucro líquida de R$ 0,16 centavos por litro. Na parte política temos uma mudança estrutural do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Tudo aponta para termos um novo estilo, mas teremos que esperar a adequação com a entrada de novas secretarias e demandas. O grande desafio é garantir uma base de dados inteligente, investir em tecnologia de informação, comunicação e assim desburocratizar todos os processos. De outro lado as políticas públicas para o setor. Preocupação sobre como vai ser a aposta na mais importante ferramenta que é o seguro rural. Se seguir a forma que está colocada não vamos avançar como deveria. Reduzir o percentual por produto para usar o mesmo recurso e dividir o bolo para aumentar o número de produtores vai deixar muita gente de fora e prejudicar principalmente as pequenas propriedades, como no caso das frutas. O governo precisa ousar mais, garantir recursos sem contingenciamento acima de R$ 1 bilhão para estimular a concorrência, dar credibilidade aos investidores internacionais e transformar o seguro rural em um insumo indispensável para os produtores rurais, que faça parte do planejamento de cada safra assim como é a compra de sementes.

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RECEITA AGRO

Por Cheff Mueller

A proteína animal e os grãos estão entre os principais assuntos abordados na Revista Agro&Negócios. Para valorizar estes produtos que são o foco de grande parte de nossas reportagens, a partir desta edição, o renomado Cheff Mueller prepara receitas exclusivas trazendo a carne e os grãos como ingredientes principais. O conteúdo inédito que mostra a conexão entre Brasil, Paraguai e Argentina inspirou a deliciosa receita que apresentamos nesta edição.

Frango ao molho de Milho

Dicas do Cheff Mueller

Ingredientes

» 02 peitos de frango; » 100g de queijo gorgonzola; » 200g de milho verde; » 01 cebola pequena picada; » 100 ml suco de uva branco integral; » 50g bacon picado; » 01 copo de requeijão cremoso; » 100g de creme de leite; » Salsa e cebolinha; » Couve de Bruxelas; » Physalis; » Orégano; » Sal Rosa do Himalaia; » Mix de pimentas a gosto.

80 AGRO&NEGÓCIOS | JANEIRO 2019

Modo de preparo

Tempere o peito de frango com o orégano e a pimenta.Acenda a chama de seu fogão e, em uma panela bem aquecida adicione algumas gotas de água potável para frigir o peito de frango e reserve. Em uma frigideira previamente bem aquecida, adicione algumas gotas de água potável para frigir a cebola, o milho, o bacon e acrescente também o suco de uva branco integral, o requeijão cremoso, o creme de leite, o queijo gorgonzola e antes de reduzir ao ponto ideal, coloque os pedaços de frango junto ao molho e acrescente o sal.

Você pode servir este prato guarnecido de physalis, couve de bruxelas, batatas, cenoura ou brócolis e seus respectivos talos, cascas e folhas. A couve de bruxelas, por exemplo,contém o sulforafano isotiocianato feito de glucosinolatos. Estes poderosos compostos não só desencadeiam a atividade anti-inflamatória em nosso sistema cardiovascular, mas também previnem e ajudam a reverter os danos dos vasos sanguíneos. Ao regular a inflamação no corpo, a couve de bruxelas pode contribuir contra o aparecimento de ataques cardíacos, doenças isquêmicas do coração e arteriosclerose. Além disso, o colesterol mencionado anteriormente também pode diminuir a possibilidade de obstrução arterial. Já o sal Rosa do Himalaia contém em torno de 84 minerais que são essenciais para manter o corpo humano em equilíbrio eletrolítico, o que por si só é impressionante!


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