Revista Setor Agro&Negócios

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ANO 6 / Nº 15 2022

Diante de cenários econômicos mundiais adversos, executivos de grandes companhias revelam como têm transformado produtos em resultados. O incentivo na conexão entre pessoas está entre as estratégias de quem lidera no mercado que atingirá seu primeiro trilhão em 2022.



EDITORIAL GESTÃO EFICIENTE NO AGRO PASSA PELA CONEXÃO ENTRE AS PESSOAS S eja na vida pessoal ou profissional, compreender o que significa e como desempenhar uma boa gestão é fundamental para obter resultados satisfatórios. No mundo agro, é cada vez mais comum encontrar gestores antenados a uma gestão eficiente, seja numa propriedade rural ou numa empresa pequena, média ou grande. Pensando nisso, a Setor Agro & Negócios conversou com experts no assunto - das empresas Bayer, Beckhauser e John Deere - para compreender como eles têm transformado produtos em resultados positivos palpáveis diante de cenários econômicos mundiais adversos, especialmente durante e pós-pandemia. Um dos principais pontos em comum entre eles é a necessidade de conexão entre as pessoas, desde os produtores rurais, até os colaboradores da própria empresa e os clientes. Ainda na linha de gestão, apresentamos uma entrevista especial com um pouco da história e das experiências da Vetanco, contada por meio do olhar do diretor técnico/comercial, Tiago Urbano, que está na empresa há mais de 16 anos. Recém-lançado pelo governo federal, o Plano Safra 2022/2023 também é um dos assuntos desta edição. E, outra publicação recente do Executivo Federal ligada ao agro, tornou-se foco da revista: o mercado de créditos de carbono, que começou a ser regulamentado no Brasil. O objetivo é deixar nosso leitor informado e antenado sobre as possibilidades de integração entre sustentabilidade e incentivos econômicos em prol da diminuição dos gases do efeito estufa. Chamamos também um time de especialistas para desenvolver o especial “Agronomia 4.0”. São engenheiros agrônomos com anos de experiência e estudos que debatem sobre dois aspectos: Agronomia e Agrônomo: pro-

tagonistas na transformação do agronegócio brasileiro; e sobre como será a Agronomia do futuro. Mais uma parte deste conteúdo também estará no site e na próxima edição impressa. As principais novidades das empresas e dos inovadores no Agro também estão por aqui, bem como reflexões do nosso time de colunistas sobre a inflação de alimentos e a segurança-alimentar, o bem-estar animal, um olhar mais específico para a suinocultura e para as cooperativas,além de dicas para inovação e vendas na área.

CARTILHA FOCADA NA SAÚDE DO PRODUTOR Pensando nos cuidados para proteger a saúde de quem alimenta o mundo, a Agro & Negócios ainda tem mais uma novidade nesta edição: a cartilha “+ Saúde no Campo”. A parceria, com a Unimed Chapecó e com a Aurora Alimentos, é inédita em Santa Catarina e tem o objetivo de estar mais perto dos produtores(as) e alertá-los(as) sobre a necessidade de cuidar da saúde ao longo da vida. A cartilha está anexa a esta 15ª edição da revista e também será entregue aos produtores através das cooperativas. O principal objetivo é orientar sobre a adoção de hábitos saudáveis, a realização de exames periódicos regulares, a alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos, atitudes essenciais para manter o equilíbrio do corpo e da mente. Rafaela Menin - Editora

EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO RUA RUI BARBOSA, 1284-E CENTRO | CHAPECÓ (SC) CEP: 89.801-148 (49) 99975-2025 www.setoragroenegocios.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO PAULA CANOVA MTB 02111 JP paula@setoragroenegocios.com.br DIRETORA COMERCIAL RAFAELA MUNARETTO MTB 05726 JP rafaela@setoragroenegocios.com.br EDITORA RAFAELA MENIN MTB SC3706JP jornalismo@setoragroenegocios.com.br REPORTAGENS RAFAELA MENIN DIRETORA DE ARTE BIA GOMES CAPA GUSTAVO FAGUNDES COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ANTONY LUENENBERG, DÊNIS CRISTIANO RECH, ELDEMAR NEITZKE, FELIPPE SERIGATI, FILIPE ANTONIO DALLA COSTA, LEYDER NUNES, MONIQUE REGINA BONIKOWSKI, MB COMUNICAÇÃO, ROBERTA POSSAMAI, RODRIGO CAPELLA. REDES SOCIAIS @SETORAGROENEGOCIOS (FACEBOOK, INSTAGRAM E LINKEDIN)

A Revista Setor Agro&Negócios é uma publicação quadrimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, instituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não representam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.

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SUMÁRIO

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JULHO DE 2022

CAPA

GESTÃO: O SEGREDO ESTÁ NA CONEXÃO Executivos de grandes empresas revelam como têm transformado produtos em resultados positivos diante da crise mundial. O incentivo na conexão entre pessoas está entre as principais estratégias.

42 ESPECIAL

AGRONOMIA 4.0: O FUTURO É AGORA! As tecnologias tomam conta do presente dos agricultores e profissionais que atuam no campo e já apontam cenários para o futuro. Mas, afinal, o que significa atuar com Agronomia 4.0? Um time de experts auxilia nas respostas, destacando o protagonismo da Agronomia e do engenheiro agrônomo para o futuro do setor.

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ENTREVISTA

VETANCO

Tiago Urbano revela como a empresa tem se destacado em produtividade e qualidade.

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M ERCADO DE CARBONO Sustentabilidade aliada aos incentivos econômicos

24 AGROCERES PIC Moderna UDG reforça investimentos em estrutura de genética líquida no Brasil 26 QIMA/WQS Conheça o programa Global Markets

INOVADORES

56 Franquias podem ser bom negócio para expansão 57 M ais crédito para investimentos em inovação 62 P lano Safra: volume 36% maior para 2022/23

38 AVICULTURA Vaxxinova tem novo assessor técnico

EVENTOS

40 VACCINAR Time comercial do Sul reforçado

50 D ia C Aurora Coop ressalta as riquezas do cooperativismo

EMPRESAS

41 SYNGENTA SEEDS Novas lideranças no Brasil e na América Latina

72 F uturo, inovação e tecnologia no 1º Congresso Catarinense de Sementes

9 OUROFINO SAÚDE ANIMAL Melhor grande empresa para trabalhar no agro

TECNOLOGIA

9 ALERIS ANIMAL NUTRITION Dez anos de trajetória na nutrição animal

FOTOS: DIVULGAÇÃO E ADOBE STOCK

MERCADO

16 COBB-VANTRESS Iinvestimentos de R$ 50 mi em Minas Gerais 18 INOBRAM Solução inteligente para monitoramento de silos 20 PANOZON Citricultura e os benefícios do ozônio

48 S istemas digitais impactam na gestão do negócio 49 P rodutividade vive novo salto com robôs

46

C RIPTOATIVOS Alta nos fertilizantes abre portas para tecnologia

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WEB AGRO Conteúdos que preparam líderes para um mundo em constante disrupção

NOVO SITE NO AR

Você já conferiu o novo portal de notícias da Setor Agro&Negócios? Com um layout inovador, responsivo e que permite uma leitura agradável, o www.setoragroenegocios.com.br vem superando as expectativas de acesso e de permanência dos internautas na página. E não era para menos! Através de conteúdos exclusivos e de alta qualidade, apresentamos um panorama completo do agronegócio brasileiro. Nesta nova fase da plataforma multimídia, o grande diferencial são os conteúdos focados no desenvolvimento pessoal, profissional e empresarial.

2W EVENTOS

Conectando marcas e profissionais do agronegócio Em uma das novas abas do nosso novo portal de notícias , você conhece a 2W Eventos. Depois de consolidar a Setor Agro&Negócios entre as principais plataformas multimídias do segmento, entregar produtos e serviços de marketing com foco em audiência e mercados especializados, decidimos utilizar este know how para criar, organizar e entregar eventos para o agronegócio. Idealizada pelas jornalistas Paula Canova e Rafaela Munaretto, a 2W Eventos é especializada na organização de eventos presenciais e virtuais, entre eles Feiras, Congressos, Simpósios, Dias de Campo, Palestras e Cursos. Entregamos soluções completas desde o planejamento, estratégias para apoiadores e patrocinadores, organização financeira, contratação de fornecedores, captação de recursos, atendimento e follow up.

Estratégia completa para o seu negócio Para um público exigente e qualificado, a Setor Agro&Negócios entrega soluções completas, abrangendo ações on e off-line. Com uma equipe de profissionais especializados na comunicação para o agronegócio, unimos o jornalismo a estratégias de marketing para produzir conteúdos de relevância, aproximando as marcas de seu público-alvo. Fale com a gente e confira o que reservamos para você !

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mais de

35%

dos suínos no Brasil consomem Dysantic atualmente A base para um programa eficiente de redução de antimicrobianos na suinocultura

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EMPRESAS

CAMLIN FINE SCIENCES

FOTO: DIVULGAÇÃO

Referência na produção de antioxidantes multiespécie

A multinacional indiana Camlin Fine Sciences (CFS) tem sido reconhecida como autoridade quando o tema é aditivo antioxidante destinado para a indústria de alimentação animal, levando seus produtos para mais de 80 países. “São inúmeros aspectos que sedimentam

esta nossa posição junto ao mercado e fazem da CFS referência global na produção de antioxidantes para diversos segmentos industriais”, enaltece o diretor da Unidade de Negócios Nutrição Animal América Latina Sul da CFS, Roberto Vituzzo. O primeiro ponto destacado pelo profissional é a produção verticalizada de antioxidantes tradicionais como TBHQ (terc-butil hidroquinona), BHA (hidroxianisol butilado) e ASP (palmitato de ascorbila). “Fabricamos desde a matéria-prima até o produto final e, neste processo, somos a única dentre as cinco maiores produtoras do mundo de hidroquinona”, ressalta Vituzzo. Entre as soluções contidas no portfólio, a empresa destaca a linha Xtendra®, antioxidantes tradicionais com mais de 30 apresentações que promovem estabilidade oxidativa do produto.

SIILHALAL

A SIILHalal - Certificação Halal Brasil - acaba de ampliar seu escopo de serviços para o mercado de certificação Halal. A novidade vem da Agência de Acreditação Halal (HAK, Ancara/Turquia), que, em nota oficial, se mostrou satisfeita, e é a única instituição autorizada a credenciar organismos de avaliação de conformidade Halal na Turquia, seguindo sistemas e padrões do Instituto de Padrões e Metrologia para Países Islâmicos (SMIIC), órgão afiliado da Organização de Cooperação Islâmica (OIC). "Seguimos trabalhando com foco e compromissados com cada sistema que mantemos acreditação com seriedade e isso nos faz crescer ano a ano de forma sustentável. Mas, acima de tudo, servir as empresas para que atendam as regulamentações, sejam elas nacionais ou internacionais, a Jurisprudência Islâmica, levando para os praticantes da fé islâmica um selo Halal de confiança", afirma o CEO da SIILHalal, Chaiboun Darwiche. O mercado islâmico movimenta, segundo últimos dados da The State of Islamic Economic Report, US$ 4,8 trilhões ao ano e com expectativa de crescer 18% até 2024 nos mais diversos setores: alimentos, cosméticos, fármacos, vestuários, entretenimento, turismo e serviços financeiros. Fundada em 2008, a SIILHalal é uma empresa especializada em Serviço de Inspeção Islâmica que atua como Certificadora Halal para diversos segmentos industriais. O trabalho inicia na linha de produção até a embalagem de produtos permitidos para o consumo islâmico, bem como na fiscalização para que empresas, produtos e processos sejam fabricados dentro das normas e regras ditadas pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência Islâmica.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Certificadora Halal Brasil recebe acreditação da HAK e amplia escopo de serviços


ALERIS ANIMAL NUTRITION

Empresa muda para SCL Agro A Scala Nutrição Animal - que atua há mais de 27 anos no ramo de nutrição para animais de grande porte - irá exercer suas atividades em outros segmentos do agronegócio. Por essa razão, a empresa está realizando o rebranding da marca, que passará a se chamar SCL Agro. "Como parte integrante do mercado, identificamos novas oportunidades de negócios, que contribuirão para o crescimento sustentável do agronegócio em diversos aspectos, incluindo a cadeia leiteira", afirma Samuel Costa, gerente geral da SCL Agro. Criada em 1994 para atender os fornecedores de leite do Laticínio Scala, a Scala Nutrição Animal inicialmente produzia rações fareladas tradicionais de qualidade. Ao longo dos anos, a empresa foi ampliando sua operação e incluiu as linhas de rações para bovinos de corte, equinos, aves e suínos em seu portfólio. Este ano a empresa incluirá em suas atividades produtos e soluções voltados à agricultura e também rações para pets, além de oferecer soluções tecnológicas aplicáveis ao agronegócio.

Dez anos de trajetória na nutrição animal “As páginas viradas até aqui comprovam que estamos no caminho certo”, destaca o CEO da Aleris, Daniel Nazarian de Morais em referência aos dez anos da Aleris Animal Nutrition. O executivo salienta que, da ideia à concepção, a Aleris surgiu do empreendedorismo de profissionais com vasta bagagem no mercado de levedura e cientes de que poderiam contribuir com o setor oferecendo soluções estruturadas sob conceitos tecnológicos diferenciados. “Elevamos a significância e propriedades da levedura de forma transparente e efetiva. Em outras palavras, a Aleris nasceu com o propósito de desmistificar as propriedades e importância desta rica matéria-prima que durante quase três décadas foi utilizada como ‘bala de prata’ para diferentes desafios”, recorda Daniel. Partindo deste viés, a Aleris se projetou desenvolvendo produtos inovadores, tecnológicos e fórmulas especiais. Linhas de produtos comparadas à jovialidade estruturada pela companhia. O empenho na pesquisa proporcionou à Aleris atratividade de mercado devido ao reconhecimento do setor em que atua sobre a qualidade e eficiência das soluções contidas no portfólio, predicados que regem as operações até hoje. Ao refletir sobre os próximos dez anos, o CEO projeta mais investimentos em nutrição de precisão. “Estamos preparados e buscaremos cada vez mais assertividade das nossas formulações”, finaliza.

OUROFINO SAÚDE ANIMAL

FOTO: DSM/DIVULGAÇÃO

Eleita a melhor grande empresa para trabalhar no agro A Ourofino Saúde Animal foi eleita, no mês de junho, como a melhor empresa de grande porte para trabalhar no agronegócio no Brasil, pela consultoria Great Place to Work (GPTW). O reconhecimento foi entregue para as 40 melhores empresas do setor, em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Globo Rural e apoio da Tamer Comunicações. Este ano, a Ourofino completa 35 anos de história e o reconhecimento do GPTW chega para reafirmar o compromisso da empresa em desafiar o pensamento convencional e gerar soluções sustentáveis para a cadeia de proteína animal e bem-estar dos animais de companhia. "Buscamos evoluir sempre pautados nos nossos valores de Jogar Para Ganhar, Cuidar das Pessoas e Conectar com o Mundo. Nos inspiramos nos nossos fundadores, Norival Bonamichi e Jardel Massari, para o trabalho de um time de alta performance onde todos nós impulsionamos a Ourofino, refletindo nos nossos clientes e mercados", comenta Kleber Gomes, CEO da Ourofino Saúde Animal. A consultoria GPTW atua globalmente no apoio às organizações para promover uma cultura corporativa de confiança, alto desempenho e inovação. De médio porte, a melhor empresa para se trabalhar no agronegócio é o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC); e de pequeno porte é a empresa Cropchem.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

SCALA NUTRIÇÃO ANIMAL


ENTREVISTA

VETANCO DO BRASIL

INOVAÇÃO E FOCO NAS PESSOAS

Q

uando Tiago Urbano ingressou na Vetanco, há mais de 16 anos, a empresa empregava apenas sete pessoas no time brasileiro. Atualmente, com mais de 50 colaboradores, o diretor técnico/comercial destaca que a preocupação com o bem-estar dessas pessoas tem sido um dos pontos-chave para a Vetanco e, consequentemente, destacar-se em produtividade e qualidade e posicionar-se no mercado brasileiro do agronegócio. A inovação dos produtos, respeitando a sustentabilidade e a segurança alimentar, e a forma de se comunicar com os clientes também norteiam as ações da empresa. Desta forma, a Vetanco conseguiu crescer da Argentina para mais de 40 países nos últimos 35 anos - entre eles o Brasil, em 2001 -, como um laboratório veterinário internacional que desenvolve, fabrica e comercializa produtos controlados e seguros para a melhoria da produtividade e segurança agroalimentar.

Por Rafaela Menin

A Vetanco já passa dos 20 anos de fundação no Brasil e você acompanhou praticamente toda essa história, afinal, são mais de 16 anos trabalhando na empresa. Como era a Vetanco quando o Tiago chegou e que Vetanco é possível ver hoje? Quando cheguei na Vetanco, em meados de 2005, trabalhávamos em um pequeno escritório na Rua Guaporé, em Chapecó. Considerando as equipes do Administrativo e do Comercial, éramos ao todo sete pessoas. Hoje, somos mais de 50 pessoas no time Vetanco. Além de, obviamente, aumentarmos o tamanho da equipe, construímos um excelente Centro de Distribuição no Distrito Industrial de Chapecó, onde está nosso centro administrativo e nossa armazenagem de produtos. Também abrimos uma filial na

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cidade de Vinhedo (SP), onde armazenamos parte dos nossos produtos para atender as regiões Sudeste, Norte e Nordeste com mais qualidade e agilidade. Aumentamos muito também a quantidade de produtos e serviços que oferecemos aos nossos clientes. Quanto a preocupações e valores que tínhamos e que ainda temos em nosso cerne, posso destacar a nossa valorização e preocupação com o bem-estar de nossos colaboradores. Sabemos que somente bons produtos e serviços não fazem o sucesso de uma empresa, o que realmente faz com que uma empresa seja bem-sucedida são as pessoas. Sabemos também que pessoas felizes são mais produtivas, adoecem menos e se empenham muito mais nas suas atribuições, por isso nos preocupamos tanto com a

qualidade de vida de nosso time. Outros valores como profissionalismo nas relações comerciais, agilidade na solução de problemas, busca contínua da produtividade e responsabilidade social sempre foram presentes na Vetanco e hoje fazem parte de nossa missão. Em um dos vídeos que se comemora os 20 anos da Vetanco, completados em 2021, a empresa afirma que "inovação, parceria e foco nas pessoas e nos processos são o maior objetivo". O que significa inovação na Vetanco? Como a empresa tem inovado no agronegócio? Nós da Vetanco entendemos que inovar vai muito além de apresentarmos novos e inovadores produtos ao mercado. Atualizarmos nosso portfólio de produtos de forma


FOTO: DIVULGAÇÃO

A VETANCO NÃO ESTÁ NA PONTA DA CADEIA PRODUTIVA, SOMOS UM ELO DA INDÚSTRIA QUE TRANSFORMA PROTEÍNA VEGETAL EM PROTEÍNA ANIMAL. OS VERDADEIROS PROTAGONISTAS DESSE NEGÓCIO SÃO OS NOSSOS CLIENTES. QUANDO CONSEGUIMOS MELHORAR OS RESULTADOS PRODUTIVOS E FINANCEIROS DE NOSSOS CLIENTES, AÍ SIM ESTAMOS FAZENDO A DIFERENÇA PARA O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO”

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ENTREVISTA

ENTENDEMOS QUE INOVAR VAI MUITO ALÉM DE APRESENTARMOS NOVOS E INOVADORES PRODUTOS AO MERCADO. ATUALIZARMOS NOSSO PORTFÓLIO DE PRODUTOS DE FORMA ALINHADA COM AS EXPECTATIVAS E NECESSIDADES DE NOSSOS CLIENTES É IMPRESCINDÍVEL, MAS TAMBÉM PODEMOS INOVAR NA FORMA COMO NOS COMUNICAMOS E ATENDEMOS NOSSOS CLIENTES” alinhada com as expectativas e necessidades de nossos clientes é imprescindível, mas também podemos inovar na forma como nos comunicamos e atendemos nossos clientes. Em termos de programas, recentemente criamos o Vigilance Program, que auxilia nossos clientes da avicultura a enfrentarem o desafio constante com bactérias multirresistentes. Dentro da mesma linha de trabalho, apresentamos para nossos clientes da suinocultura o Prevention Program, que direciona nossos clientes ao uso racional de antibióticos para o tratamento de diversas enfermidades, sem, contudo, terem perdas produtivas que comprometam os seus negócios. Ainda na linha da inovação, quais produtos considerados inovadores foram entregues ao mercado pela Vetanco? A Vetanco é amplamente reconhecida pelo Vetancid Pó, pois esse foi um dos primeiros produtos que trouxemos para o mercado brasileiro e que, rapidamente, tornou-se uma referência no controle de cascudinhos na avicultura. Mais recentemente agregamos o Vetancid Pó Potencializado a essa linha, fortalecendo ainda mais nossa liderança nesse mercado. Ainda em termos de inovação, há alguns anos apresentamos para o mercado da suinocultura o Dysantic, fruto de uma parceria entre a Vetanco SA e a Dr. Bata LTD, uma empresa húngara mundialmente reconhecida pelo desenvolvimento de fitobióticos a inativadores de micotoxinas. O Dysantic é um produto composto por extratos herbais, o qual proporciona fantásticos resultados produtivos na suino-

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cultura e que hoje é uma referência no mercado de fitobióticos. E nossa última e mais importante inovação foi a BiotechVac Salmonella, a primeira vacina de subunidade desenvolvida para o setor avícola no mundo, a qual auxilia no controle da Salmonella spp. na cadeia avícola e que rapidamente está se consolidando nos diferentes segmentos da avicultura. A Vetanco também afirma que "pesquisa, produz, desenvolve e comercializa produtos seguros para alimentos seguros." Então, é possível inovar no agronegócio e apostar em segurança alimentar e sustentabilidade? Certamente! Como mencionei anteriormente, sermos inovadores pode ter diversos significados e, nós da Vetanco, procuramos inovar em todos os aspectos possíveis, seja em nosso portfólio de produtos, seja nos serviços que prestamos aos nossos clientes ou mesmo na forma como interagimos e nos comunicamos com o mercado. Todo esse direcionamento que gera inovações deve estar alinhado com as demandas de nossos clientes e do mercado como um todo. Para tal, a sustentabilidade e a segurança alimentar são pilares que sustentam e norteiam todas as nossas ações, desde a Pesquisa & Desenvolvimento de novos produtos, até o correto uso dos produtos que direcionamos às granjas. Quando a empresa afirma que os objetivos também são "parceria e foco nas pessoas e nos processos", quais são os diferenciais? Em que medida esses também são os maiores objetivos da empresa?

Analisando essa pergunta sobre três diferentes aspectos, podemos dizer que investimos em parcerias de longo prazo, prezamos pelas pessoas, as quais fazem com que as coisas aconteçam e nos empenhamos muito em melhorar e facilitar os processos que compõem nosso negócio. As parcerias são fruto de ações estratégicas da Vetanco SA, na figura de nosso CEO Jorge Winokur, que está sempre atento às novidades e desenvolvimentos ao redor do mundo. Através dessas incursões, posso destacar três parcerias de grande sucesso: a parceria firmada com a Dr. Bata LTD da Hungria; a parceria com pesquisadores da Universidade de Arkansas, nos EUA; e a Bioinnovo, uma parceria público-privada entre o INTA e Vetanco SA. Foco nas pessoas e nos processos pode ser analisado de um mesmo prisma, pois temos uma grande preocupação em manter o bem-estar das pessoas que compõem nosso time, tratando a todos com muito respeito e igualdade. Como estamos sempre atentos às necessidades e sugestões de nosso time, procuramos


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nosso escritório, pela forma carinhosa como nossos colegas se tratam, pelo reconhecimento, por parte de nossos clientes e até concorrentes, de que a Vetanco é uma empresa "legal" para se trabalhar. Isso tudo se converte em Produtividade e Qualidade.

melhorar e facilitar todos os processos ouvindo as sugestões daqueles que realmente executam as atividades. O "foco nas pessoas" parece ser uma constante também internamente. Este é um diferencial da empresa? Prezamos muito por todos os que compõe o nosso time. Além de uma política de remuneração e benefícios condizentes, procuramos estimular que nossos colaboradores se aperfeiçoem constantemente, oferecendo a todos o pagamento parcial de cursos que estejam interessados em fazer. Estimulamos e financiamos também a prática de esportes, de atividades físicas e cuidados com a saúde em geral. Temos também uma biblioteca coletiva que visa estimular a prática da leitura. Estamos sempre atentos às necessidades individuais do time, seja nos aspectos familiares ou laborais. Dessa forma, entendemos que as pessoas têm que estar bem em todos os aspectos de suas vidas. Se estão passando por um problema pessoal, damos todo o apoio e suporte ao nosso alcance para superarem esse obstáculo.

SOMOS UMA EMPRESA GRANDE, MAS NOS ENXERGAMOS COMO UMA EMPRESA PEQUENA, FAMILIAR, DAQUELAS ONDE TODOS TEMOS VOZ ATIVA E SOMOS ESCUTADOS” Posso dizer que somos todos muito felizes e satisfeitos em nosso ambiente de trabalho, isso fica demonstrado em nossa Pesquisa de Clima que é realizada todos os anos pelo setor de Gestão de Pessoas e que sempre nos traz respostas e resultados muito positivos. A Vetanco se beneficia disso tudo de diversas formas: pelo clima amistoso dentro de

Quais são os diferenciais para uma boa comunicação com as pessoas, desde internamente até com os clientes e o público do agro em geral? Temos um setor de Comunicação e Marketing bem robusto, composto por especialistas em MKT, designers e jornalistas. São pessoas de grande conhecimento em suas respectivas áreas, mas também com excepcional entendimento da Vetanco e do mercado no qual ela está inserida. Buscamos assim, utilizar as mais diversas ferramentas que temos ao nosso alcance para nos comunicarmos internamente, através de inúmeras ações de Endomarketing, e com o mercado suinícola e avícola, utilizando um linguajar e os meios de comunicação mais apropriados e efetivos para nossos diversos públicos. Como a Vetanco contribui para o futuro do agronegócio, especialmente no Brasil? Buscamos sempre colocar nossos clientes em primeiro lugar, como o centro do nosso negócio. Buscamos entender suas necessidades e anseios, para só assim, sermos realmente relevantes para eles. A Vetanco não está na ponta da cadeia produtiva, somos um elo da indústria que transforma proteína vegetal em proteína animal. Os verdadeiros protagonistas desse negócio são os nossos clientes! Quando conseguimos melhorar os resultados produtivos e financeiros de nossos clientes, aí sim estamos fazendo a diferença para o agronegócio brasileiro. Ainda, mantemos sempre um "jeito simples e humilde" de ser, sem soberba ou arrogância. Somos uma empresa grande, mas nos enxergamos como uma empresa pequena, familiar, daquelas onde todos têm voz ativa e somos escutados, onde todos têm acesso direto aos proprietários da empresa e os assuntos são tratados buscando o melhor para as pessoas e para a empresa. O termo "cabeça de dono" é bastante clichê, mas posso assegurar que isso resume o comportamento geral do nosso time.

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EMPRESAS

AGCO INVESTE NO CRESCIMENTO DA

AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA Companhia investirá R$ 340 milhões para fabricação de novos modelos de plantadeira, ampliação da linha pesada de tratores e melhorar a sustentabilidade

A

AGCO, fabricante e distribuidora mundial de máquinas agrícolas e tecnologia de agricultura de precisão reforça seu compromisso com o agronegócio brasileiro, a partir de investimentos de R$ 340 milhões em novas tecnologias e linhas de montagens em suas fábricas no país. O anúncio foi feito pelo Presidente e CEO da AGCO, Eric Hansotia; e pelo Gerente Geral AGCO e Vice-presidente Massey Ferguson América do Sul, Rodrigo Junqueira. “Os agricultores enfrentam hoje uma pressão significativa para produzir mais alimentos usando menos insumos. Estamos comprometidos em fornecer as tecnologias inovadoras de agricultura de precisão que eles precisam para aumentar a renda agrícola, minimizando os insumos e o impacto”, afirma Hansotia.

A companhia, que detém as marcas Fendt, Massey Ferguson, Precision Planting e Valtra, vai aumentar a capacidade de montagem de tratores de linha pesada na unidade Mogi das Cruzes (SP), ampliando sua área de 42.000m² para 57.000m² e criando um centro logístico inteligente para armazenamento de peças, com AGVs (sigla em inglês para Veículo Guiado Automaticamente) e robôs colaborativos. “É o primeiro passo para ter no futuro a fabricação nacional dos tratores Fendt Vario 900 e MF 8700 S Dyna-VT. Nosso objetivo é transformar a fábrica de Mogi das Cruzes em uma das mais tecnológicas do grupo no mundo”, explica Junqueira. Na fábrica de Ibirubá (RS), os recursos serão utilizados para a fabricação dos novos modelos da plantadeira Momentum. Projeto 100% nacional, o implemento foi lançado em 2019 e revolucionou o mercado de plantadeiras no Brasil, abrindo um novo segmento de máquinas transportáveis, de alto rendimento e que entregam um resultado altíssimo para o produtor. Além da ampliação da área de 7.000m² para 20.000m², a unidade gaúcha receberá

modificações para tornar o processo de fabricação mais sustentável. A iniciativa é pautada na estratégia de sustentabilidade AGCO, que busca oferecer soluções focadas no agricultor para alimentar nosso mundo de forma sustentável. Serão implantados sistema de reaproveitamento de água, painéis solares e novo processo de pintura, com menor emissão de voláteis orgânicos, melhor ergonomia para o colaborador, mais automação e ganho de 40% na capacidade de peças pintadas.

ZERO EMISSÕES

A AGCO também informa que, a partir deste ano, suas operações no Brasil vão utilizar apenas energia de fontes renováveis. A iniciativa inclui as nove unidades da empresa no país, entre fábricas, centros de distribuição e escritórios, que consomem 42 mil MWh por ano. Essa mudança contribuirá positivamente para as metas declaradas da AGCO de reduzir a intensidade das emissões de gases do efeito estufa em 20% e atingir 60% de energia renovável nas operações globais.

FOTO: DIVULGAÇÃO

ESTAMOS COMPROMETIDOS EM FORNECER AS TECNOLOGIAS INOVADORAS DE AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA AUMENTAR A RENDA AGRÍCOLA, MINIMIZANDO OS INSUMOS E O IMPACTO” ERIC HANSOTIA, presidente e CEO da AGCO.

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EMPRESAS

COBB-VANTRESS ANUNCIA INVESTIMENTOS DE

R$ 50 MI EM MG Líder global em genética avícola investe em unidade de produção de pintinhos de um dia, em Prata, no Triângulo Mineiro, para ampliar sua capacidade de atendimento na América do Sul em aportes que ultrapassam R$ 160 mi no país

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Cobb-Vantress, líder global em genética avícola, anuncia investimento de R$ 50 milhões em uma unidade de produção de pintinhos de um dia, em uma área de 16 hectares adquirida pela companhia no município de Prata, no Triângulo Mineiro. A iniciativa deve gerar 60 empregos diretos na região, estima o médico veterinário e diretor de Produção de Incubatórios da Cobb-Vantress na América do Sul, Eduardo Costa. "Este projeto prevê a construção de um incubatório de ovos férteis com a finalidade de produzir aves matrizes de um dia para produção de frango de corte atendendo ao mercado nacional e exportações", explica o executivo. De acordo com ele, a construção do incubatório em Prata faz parte do plano de expansão da Cobb-Vantress em toda a

América Latina e tem como objetivo absorver a produção das granjas de Minas Gerais, que já estão em obras, para expandir a sua capacidade produtiva, com um investimento total ultrapassando R$ 160 milhões. A empresa tem outras unidades instaladas no Estado, em Itapagibe e Campina Verde, no Triângulo Mineiro. A região do Triangulo Mineiro está entre as mais produtivas e promissoras do estado e a cidade de Prata está estrategicamente localizada às margens da BR153, favorecendo muito a logística de aves e ovos. "Além da produção de proteína animal saudável e sustentável, uma das missões da Cobb é promover o desenvolvimento das comunidades onde está inserida, por meio da geração de empregos, renda e ações sociais", comenta Costa.


SOBRE A COBB-VANTRESS EXPANSÃO NO MERCADO SUL-AMERICANO

A Cobb, que já vinha registrando crescimento orgânico nos últimos anos, viu uma aceleração da sua expansão de mercado desde o final de 2020, quando lançou o macho reprodutor mais eficiente do mercado, ressaltou Costa. "Nosso crescimento na região, que já vinha em bom ritmo, aumentou bastante a partir da introdução do CobbMale. Com excelentes resultados em ganho de peso diário, conversão alimentar e rendimento de carcaça, mesmo com uso de ração

de menor custo, esta ave teve uma aceitação acima das expectativas", afirmou. Ele pontua o acerto da empresa em disponibilizar este produto em cenário de recordes semanais nos preços da soja e do milho, principais insumos de produção, o que contribuiu com a competitividade do produtor. "Os custos subiram muito, apertando as margens do produtor. E isso levou a um aumento da procura por aves mais eficientes e com bom desempenho mesmo com uma ração mais barata. Este quadro contribui com o nosso crescimento de mercado", encerrou Costa.

A CONSTRUÇÃO DO INCUBATÓRIO FAZ PARTE DO PLANO DE EXPANSÃO DA COBB-VANTRESS EM TODA A AMÉRICA LATINA.

A Cobb-Vantress torna a proteína de qualidade factível, saudável e acessível em todo o mundo. Nossa pesquisa e tecnologia inova a indústria global. Com sede em Siloam Springs, Arkansas, somos a empresa produtora de aves de corte de pedigree mais antiga do mundo. Distribuímos aves para mais de 120 países. Para mais informações, acesse a nossa página www.cobb-vantress.com, ou as nossas redes sociais na América do Sul, como Facebook (www.facebook.com.br/ cobbamericadosul), LinkedIn (www.linkedin.com/company/ cobbamericadosul/) ou Instagram (www.instagram. com/cobbamericadosul).

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EMPRESAS

SOLUÇÃO INTELIGENTE PARA MONITORAMENTO DE SILOS

“E

ntregar ao mercado agroindustrial soluções em tecnologia e inteligência de dados, com o objetivo de impulsionar a produtividade em granjas de produção animal”. Este é o resultado que se pode esperar da cooperação entre as empresas InoBram e PecSmart. Com sinergia de propósito, valores, pessoas e comprometidas em fortalecer e acelerar o desenvolvimento do agronegócio, agora as granjas podem obter equipamentos e sistemas inovadores para gestão, controle e auxílio nas tomadas de decisões em toda Acesse cadeia produtiva. www.inobram.com.br/ Deste engajamento entre as empresas, é smartfeed lançado no mercado o SmartFeed - Sistema Inteligente para Monitoramento de Silos. O SmartFeed é uma solução inovadora, desenvolvida para calcular automaticamente a quantidade de ração no interior do silo de armazenamento e, através da sua tecnologia de comunicação, informar o peso estimado de ração para o produtor e para a integração. Auxilia na otimização e na gestão de estoques de ração da granja, já que é possível saber a quantidade de ração no silo a qualquer hora e de qualquer lugar.

QUER SABER MAIS?

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EMPRESAS

OXIATIVA CF

Exportadora de produtos tropicais como laranja e limão, a empresa Be Fruit aposta no ozônio dentro das câmaras frias para desinfectar o ambiente e eliminar fungos, como a barba de papai-noel, temida pelos exportadores.

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FOTO: ADOBE STOCK

CITRICULTURA E OS BENEFÍCIOS DO OZÔNIO


FOTO: DIVULGAÇÃO

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á pouco mais de um ano, a empresa brasileira Be Fruit tomou a decisão de investir no equipamento Oxiativa CF 200, da empresa Panozon, que emite ozônio dentro de câmaras frias. O resultado veio rápido: a durabilidade dos produtos exportados aumentou, porque a empresa conseguiu diminuir diversos problemas, como o odor, a produção de etileno, além de conseguir eliminar fungos e bactérias. “Eliminamos a temida barba de papai-noel (doença fúngica), que todo exportador tem receio. Seguramos amostras de todo o contêiner que carregamos, e essas amostras durante todo o período de viagem do contêiner não apresentaram bolor. Então, o ozônio realmente está agindo dentro da câmara fria. O resultado é real, eu recomendo”, afirma Rogério Segura Fernandes, encarregado de Produção na empresa Be Fruit. Rogério conta que o ozônio agregou com todo o processo anterior, que já era realizado obrigatoriamente em frutas como o limão. “A fruta chega do produtor de caminhão, é descarregada na esteira, e já seguimos todas as normas de higiene. Após o descarregamento, as caixas são lavadas e retornam para o caminhão. E os limões passam por uma primeira lavagem, depois vão para o tanque com água e hipoclorito, passam por lavagem com detergente, enxágue e aplica-se outro desinfetante. Então, a fruta é classificada, escolhida, e vai para o tanque de imersão com fungicida. Depois disso é que vai para a área de limão limpo, na qual aguarda 48 horas até ser encerado, embalado e colocado na câmara fria”, relata. É a partir deste ponto, quando a fruta chega à câmara fria, que a empresa agregou o Oxiativa CF 200 e passou a diminuir inúmeros problemas e, consequentemente, melhorar a qualidade do produto e a quantidade exportada. “É neste ponto que o ozônio age, dentro da câmara fria, contribuindo para todo esse processo anterior e também para o próximo, que será de exportação. Eliminamos odores, mas muito mais do que isso,

CONHEÇA O EQUIPAMENTO regulamos a produção do etileno - que amadurece a fruta -, desinfectamos o ambiente e conseguimos eliminar vírus, fungos, mofos, como a barba de papai-noel, que é temida pelos exportadores”, relata Rogério. Além disso, o empresário ressalta que o Oxiativa CF 200 é um equipamento muito simples, que trabalha sozinho, tem sensores automáticos que regulam a quantidade de ozônio e a manutenção é simples. “Como o ozônio não tem cheiro, cor, temos um sistema de falha importante que nos avisa se há algum problema. Não precisamos ficar monitorando ele todo o tempo, funciona sozinho”, afirma.

A SOLUÇÃO DO OXIATIVA CF

Um dos maiores fatores que contribui para a vida útil dos alimentos são os micro-organismos, como fungos e bactérias, que atacam frutas, verduras, legumes e carnes, diminuindo

O OXIATIVA CF GERA OZÔNIO DENTRO DA CÂMARA FRIA, RETARDANDO O AMADURECIMENTO DE FRUTAS, LEGUMES E VERDURAS, COMBATENDO ODORES INDESEJADOS, ELIMINANDO FUNGOS E BACTÉRIAS”

POSSUI FÁCIL INSTALAÇÃO Conhecimento básico de elétrica, hidráulica e normas de segurança é suficiente AUTOMATIZA O TRATAMENTO Não precisa fazer trocas de refis ou sachês ASSISTÊNCIA TÉCNICA NACIONAL Maior qualidade no atendimento e manutenção do equipamento VIDA ÚTIL PROLONGADA Peças projetadas seguindo os mais rígidos padrões de qualidade SENSOR DE PRESENÇA DE OZÔNIO Com 5 diferentes níveis de ozônio, liga e desliga automaticamente quando o nível de ozônio dentro da câmara é atingido, oferecendo maior segurança para os funcionários e para os alimentos SENSOR DE FALHA DE OZÔNIO O único no mercado com sensor que mostra quando o equipamento não está gerando a quantidade de ozônio suficiente

MURILO VIEIRA, coordenador de vendas da Panozon

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EMPRESAS

COMO FUNCIONA O Oxiativa CF conta com sensores de última tecnologia, únicos no mercado, para controle do ozônio e indicação de falha de produção. Assim, a concentração de ozônio dentro da câmara fria permanece constante e garante que não haverá excesso ou falta do gás. O equipamento não gera resíduos nos alimentos, tem instalação fácil e rápida e se adapta a câmaras frias de todos os tamanhos. “Em uma câmara fria de 600 metros cúbicos, por exemplo, o investidor gasta em torno de R$ 6,8 mil para instalação do equipamento”, detalha o coordenador de vendas da Panozon. O baixo custo se deve ao fato de que a tecnologia de produção da máquina é 100% nacional, o que também facilita possível manutenção e assistência técnica. Além de não precisar de nenhum tipo de insumo adicional para funcionar, apenas uma fonte de energia e oxigênio ambiente. “A máquina é programada uma vez e trabalha automaticamente a partir deste momento. Não será necessário operar o equipamento posteriormente, apenas realizar manutenção anual, com custo em torno de R$ 250”, descreve Vieira.

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ELIMINAMOS A TEMIDA BARBA DE PAPAI-NOEL (DOENÇA FÚNGICA), QUE TODO EXPORTADOR TEM RECEIO. O OZÔNIO REALMENTE ESTÁ AGINDO DENTRO DA CÂMARA FRIA. O RESULTADO É REAL, EU RECOMENDO.” ROGÉRIO SEGURA FERNANDES, encarregado de Produção na empresa Be Fruit.

a vida útil desses alimentos. Focada em encontrar uma solução, a empresa Panozon - líder na América Latina em tratamento com ozônio - desenvolveu o Oxiativa CF, equipamento que gera ozônio dentro das câmaras frias, aumentando o shelf life (tempo de prateleira) dos alimentos. “O Oxiativa CF gera ozônio dentro da câmara fria, retardando o amadurecimento de frutas, legumes e verduras, combatendo odores indesejados, eliminando fungos e bactérias também de carnes, e aumentando o tempo dos alimentos sem que eles percam suas propriedades naturais”, detalha o coordenador de vendas da Panozon, Murilo Vieira. Vieira explica que o ozônio é um excelente oxidante bactericida, então ele elimi-

na qualquer tipo de contaminação em câmaras frias: “tanto aquelas já presentes no alimento, como possíveis contaminações que já estejam na câmara fria ou até mesmo nos funcionários que transitam entre os ambientes.” No caso das frutas, além do ozônio desinfectar a câmara fria, mantendo o alimento protegido, ele também retira o etileno, um gás liberado pela fruta para acelerar o processo de maturação. “Estamos falando de uma energia 100% limpa e natural, que não gera resíduos no alimento e não agrega produtos químicos. Desta forma, o consumidor também ganha com a aplicação de ozônio, já que consome alimentos com menos inserção de químicos”, afirma Vieira.


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EMPRESAS

AGROCERES PIC INAUGURA UDG E

REFORÇA INVESTIMENTOS EM GENÉTICA LÍQUIDA UDG Paranavaí, no Paraná, dá início a uma nova rodada de investimentos da companhia em seu negócio de Genética Líquida. Ao entrar em operação, unidade paranaense eleva a produção total da Agroceres PIC para 4,5 milhões de doses inseminantes por ano

R

eafirmando seu compromisso com a suinocultura brasileira e de olho vivo no aumento da competitividade de seus clientes, a Agroceres PIC, líder do mercado de genética de suínos, inaugurou, em julho, uma nova Unidade de Disseminação de Genes (UDG), na cidade de Paranavaí, noroeste do Paraná. O empreendimento é o primeiro movimento de um novo ciclo de investimentos da empresa para ampliação de sua estrutura de Genética Líquida, que prevê a construção de mais duas novas UDG’s no país nos próximos três anos. Com a inauguração da nova unidade em Paranavaí, a Agroceres PIC passa a contar com 6 UDG’s distribuídas pelo país, o que lhe permite ampliar o fornecimento do produto a seus clientes. “A venda de sêmen suíno, produzido em centrais de alto padrão tecnológico, é um negócio estabelecido no Brasil. A demanda por esse tipo de tecnologia é crescente entre os produtores, justamente

por ela se mostrar um insumo tecnológico efetivo para o aumento da produtividade nas unidades de produção”, comenta Alexandre Furtado da Rosa, diretor Superintendente da Agroceres PIC. Para se ter uma ideia, segundo o executivo, a genética líquida é capaz de aumentar entre 3 e 5% a taxa de parição das fêmeas suínas, uma marca nada desprezível para um segmento que tem margens apertadas como a suinocultura. De acordo com Furtado da Rosa, a meta da Agroceres PIC é atender 70% de seus clientes por meio do fornecimento de sêmen em, no máximo, 3 anos.

UM MODELO DE NEGÓCIOS EM ASCENSÃO

A comercialização de sêmen produzido em estruturas altamente tecnificadas, as chamadas UDG’s, é uma prática consolidada entre os grandes produtores mundiais de suínos e um negócio em ascensão no mercado brasileiro. Os expressivos ganhos de produtividade registrados no cam-

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Meta da Agroceres PIC é atender 70% de seus clientes por meio do fornecimento de sêmen em, no máximo, 3 anos, afirmou Alexandre Furtado da Rosa, diretor Superintendente da Agroceres PIC

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Com a operação po com a chegada dessa tecnologia reproda UDG Paranavaí, dutiva vêm estimulando a mudança de paa companhia drão tecnológico entre os produtores. consolida a maior estrutura de No Brasil, a genética líquida vem gaGenética Líquida da nhando terreno em ritmo acelerado desde América Latina. que foi lançada pela Agroceres PIC, em 2013. Os números da própria companhia demostram a crescente adesão dos suinocultores à tecnologia. Quando deu início a esse modelo de comercialização no Brasil, a Agroceres PIC produziu e entregou, aproximadamente, 200 mil doses de Genética Líquida. Oito anos depois, em 2021, a venda de sêmen saltou para cerca de 3 milhões de doses. A inauguração da nova unidade possibilitará à Agroceres PIC fortalecer sua atuação nessa área. Com a operação da UDG Paranavaí, a companhia consolida a maior estrutura de Genética Líquida da América Latina. Uma moderna estrutura que reúne 3.500 reprodutores de alto valor genético e responde por uma capacidade de produção de 4,5 milhões de doses de sêmen por ano, volume capaz de atender um plantel aproximado de 700 mil matrizes tecnificadas em todo o Brasil.

A UNIDADE DE PARANAVAÍ A UDG Paranavaí é um dos mais avançados centros de Genética Líquida do mundo. A unidade tem capacidade para alojar 800 reprodutores de altíssimo valor genético e potencial para produzir cerca de 1,2 milhão de doses inseminantes por ano. Construída a partir de parâmetros arquitetônicos em sintonia com o que existe de mais moderno na suinocultura global, a UDG Paranavaí conta com alta tecnologia embarcada de ponta a ponta, desde a coleta, passando pelo processamento, avaliação, armazenagem, até o transporte do sêmen. Todos os seus processos produtivos são certificados, o que garante máxima

qualidade, integridade e segurança às doses inseminantes. À exemplo das outras centrais da Agroceres PIC, a UDG Paranavaí conta com rigorosos protocolos sanitários. A unidade está instalada em área isolada, distante de unidades de produção de suínos. Os ambientes são totalmente climatizados e controlados com pressão de ar negativa. Filtros de ar impedem a entrada de agentes infecciosos e não há contato entre os profissionais que trabalham nos galpões de coleta e laboratório. A UDG Paranavaí vai operar com sistema de dupla quarentena, certificada pela Agência de Defesa Agropecuária do Pa-

raná (Adapar), o que não apenas reforça sua segurança sanitária, como possibilita um maior fluxo genético à unidade. “A inauguração da UDG Paranavaí representa uma conquista importante para nossas atividades de Genética Líquida. A nova unidade vai nos permitir aumentar o atendimento aos nossos clientes e, por extensão, o acesso a uma tecnologia capaz de agregar mais qualidade genética ao plantel brasileiro”, afirma Nevton Hector Brun, gerente de Produção da Agroceres PIC. De acordo com Brun, as primeiras doses inseminantes produzidas na nova unidade paranaense devem chegar ao mercado em setembro.

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EMPRESAS

QIMA/WQS

CONHEÇA O PROGRAMA

GLOBAL MARKETS A execução do programa de gestão de fornecedores prevê aumentar a segurança dos alimentos e uma série de outros benefícios

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segurança dos alimentos é um assunto que vem ganhando evidência. Com o fácil acesso à informação e um público cada vez mais atento, as exigências às boas práticas relacionadas aos produtos que chegam à mesa do cliente só crescem. Se de um lado temos consumidores vigilantes, do outro temos a indústria alimentícia com uma cadeia de fornecimento complexa e cheia de desafios, porém bastante empenhada em atender a todos os requisitos do mercado. "O objetivo é que o resultado seja positivo para todos os lados: para o consumidor, que começa a confiar na procedência do produto que está comprando; e para a empresa, que

melhor gerencia os riscos de contaminação de seus produtos, diminuindo os obstáculos até que sua mercadoria chegue às prateleiras do mercado e às casas de seus clientes", afirma Milena Fernandes, Gerente de Operações da QIMA/WQS.

GESTÃO DE FORNECEDORES: PRINCÍPIO BÁSICO PARA NEGÓCIOS DO SETOR ALIMENTÍCIO

Sob um olhar leigo, a gestão de fornecedores pode parecer um sistema simples de organização. No entanto, é um processo bastante complexo que, ao contrário do que pode parecer a princípio, não se trata apenas


GLOBAL MARKETS: EVOLUÇÃO GRADATIVA O Programa Global Markets utiliza uma sistemática evolutiva para preparar de forma gradativa as companhias para uma certificação mais completa através de etapas a serem atingidas. A cada nível alcançado, novas oportunidades de crescimento se abrem. Atualmente a QIMA/WQS disponibiliza quatro programas Global Markets: GFSI GLOBAL MARKETS O protocolo GFSI Global Markets (GMaP) é o programa desenvolvido pela GFSI, composto por um kit de ferramentas que contém uma lista de verificação com requisitos de segurança de alimentos para ser utilizada como autoavaliação e como critério de auditorias. É importante ressaltar que esse programa não é uma certificação acreditada. Isso quer dizer que não há emissão de um certificado após a realização da auditoria por uma empresa independente. Ele foi criado como um programa introdutório para a obtenção de uma certificação em uma das normas de segurança de alimentos reconhecida pelo GFSI, de forma evolutiva, durando em média três anos. A adesão ao GMaP pode favorecer o desenvolvimento de negócios, viabilizando o comércio local, regional e internacional.

O Programa Global Markets utiliza uma sistemática evolutiva para preparar de forma gradativa as companhias para uma certificação mais completa através de etapas a serem atingidas

da escolha e gerenciamento de provedores para o seu negócio. O programa de gestão de fornecedores é um princípio básico para qualquer empresa do ramo alimentício. Seja uma padaria de bairro ou uma cadeia de restaurantes de grande porte, qualquer organização que tenha que comprar insumos ou que tenha qualquer tipo de relação comercial com provedores de suprimentos, precisa, impreterivelmente, de estruturação, considerando qualidade e segurança em cada etapa desses vínculos comerciais. De modo simplificado, a gestão de fornecedores é o gerenciamento da

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O programa reconhece e incentiva o desenvolvimento de sistemas de segurança de alimentos em pequenas empresas, fabricantes de alimentos ou produção primária, onde esses sistemas de gestão ainda são imaturos. O BRCGS START! oferece aos pequenos produtores de alimentos a oportunidade de demonstrar os degraus reconhecidos para uma eventual certificação completa BRCGS, evidenciando aos seus clientes o compromisso da empresa com a segurança de alimentos.

Pertencente ao grupo de marcas IFS (International Featured Standards), o IFS Global Markets tem como objetivo facilitar o acesso ao mercado, criar aceitação mútua ao longo da cadeia de abastecimento e fornecer um sistema de referência para a orientação, desenvolvimento e avaliação de pequenas empresas, além de auxiliar com os primeiros passos para a implementação e consequente obtenção da certificação. O programa consiste em duas listas de verificação de diferentes níveis e um protocolo de avaliação para conduzir, paulatinamente, o processo de melhoria contínua e a implementação de um sistema completo de gestão de segurança de alimentos. SQF FUNDAMENTOS Varejistas de alimentos e grandes indústrias exigem de seus fornecedores um programa robusto de segurança de alimentos para proteger sua marca e manter a confiança do consumidor. Com isso em mente, a SQFI (SQF Institute) criou uma solução para fornecedores de pequeno e médio porte, indústrias de alimentos ou produção primária, que não possuem um programa de gestão de segurança de alimentos ou desejam levar seu programa existente para o próximo nível. Construído como uma abordagem passo a passo, o programa SQF Fundamentos foi desenvolvido usando o kit de ferramentas do programa GFSI Global Markets para auxiliar as empresas a criarem uma cultura de segurança de alimentos em seu local, incluindo a implementação de um plano APPCC e boas práticas da indústria. É um programa prático e acessível, com soluções sob medida para pequenas empresas. Como é possível verificar, todos esses programas possuem caráter evolutivo e compartilham do mesmo objetivo de proporcionar uma certificação futura de terceira parte. O que diferencia uns dos outros é que cada um visa proporcionar uma introdução às normas específicas de certificação, utilizando linguagem, abordagem e sistemas de classificação e/ou pontuação específicos de não conformidades.

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cadeia de suprimentos em todas as fases, desde a prospecção e avaliação dos provedores à manutenção do relacionamento com eles. Essa relação envolve o monitoramento de suas atividades, como constância da qualidade e segurança nas entregas, adequados prazos logísticos e gerenciamento de estoques.

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EMPRESAS

APOIO ÀS PEQUENAS EMPRESAS

Há pouco mais de uma década, em 2008, a Iniciativa Global de Segurança de Alimentos (em inglês Global Food Safety Initiative - GFSI) identificou que as pequenas empresas estavam encontrando obstáculos no desenvolvimento dos seus sistemas de gestão de segurança de alimentos. “É importante entender que, ao citarmos empresas pequenas, não nos referimos ao porte, e sim àquelas empresas que têm dificuldade de implementar programas específicos e mais complexos, como o APPCC, em seus sistemas de gestão de segurança de alimentos", explica Milena Fernandes. A falta de conhecimentos técnicos, falta de recursos financeiros ou falta da informa-

O ponto primordial ao executar um programa de gestão de fornecedores é aumentar a segurança dos alimentos

ção para implementar esses programas de gestão foram alguns dos principais problemas identificados pela GFSI. No propósito de apoiar essas empresas em desenvolver

seus sistemas de gestão e prepará-los para a obtenção de uma certificação de segurança de alimentos reconhecida, a GFSI criou o Programa Global Markets.

VALORES GERADOS PELO GLOBAL MARKETS O ponto primordial ao executar um programa de gestão de fornecedores é aumentar a segurança dos alimentos, mas os benefícios não se resumem a isso. “Falando dos benefícios, uma empresa que implementa um sistema de gestão de segurança de alimentos e o torna cada vez mais robusto, consegue gerenciar melhor seus riscos de contaminação, diminuindo consequências negativas, como um recall. Consegue também acesso a novos mercados e constrói uma sólida cultura de segurança de alimentos na organização, que vai favorecer o alinhamento às abordagens públicas e privadas, devido a sua conformidade com as legislações vigentes e aos padrões exigidos pelas normas de certificação”, destaca Milena Fernandes.

OS PRIMEIROS PASSOS PARA IMPLEMENTAR O PROGRAMA

Para todos os programas de Global Markets, o primeiro passo é se familiarizar com o protocolo, fazendo um treinamento de interpretação com uma empresa especializada e, assim, realizar uma autoavaliação para verificar se atende aos requisitos. Essa autoavaliação permite que a companhia defina o nível em que deve iniciar no programa: básico ou intermediário. A etapa seguinte é consultar uma certificadora, como a QIMA/WQS, para solicitar uma auditoria independente. Para determinar o programa mais adequado, alguns fatores devem ser considerados:

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• Exigência de cliente – Alguns clientes exigem de seus fornecedores um determinado programa de Global Markets, bem como o nível de avaliação (básico ou intermediário). • Certificações de segurança de alimentos – Se a empresa está em busca de uma certificação de segurança de alimentos, o ideal é que construa o seu sistema de gestão com base nessa certificação, optando por seguir o programa Global Markets da norma escolhida. • Visibilidade no mercado – As auditorias feitas por certificadoras nos programas Global Markets da BRCGS, IFS e SQF são registradas nos respectivos bancos de dados, que são globais. Isso significa que o resultado da planta auditada fica disponível para consulta, permitindo que novos negócios sejam feitos. Diferente dos outros programas citados, o GFSI Global Markets ainda não possui um banco de dados para as auditorias, mas é um ponto que estão avaliando a possibilidade para a próxima revisão do programa, que tem previsão para lançamento em 2023. O Programa Global Markets vem sendo utilizado como ferramenta para os fornecedores se adequarem aos clientes e para ajudar as empresas a chegarem cada vez mais perto das certificações reconhecidas pela GFSI. A QIMA/WQS possui especialistas para apoiar sua organização na definição dos critérios de gestão de fornecedores, bem como auditores competentes para realizar a avaliação de conformidade em toda a cadeia de fornecimento.


Construindo um ecossistema de segurança de alimentos mais forte Com uma equipe de especialistas em alimentos e auditores locais, estamos aqui para te atender com rapidez e disponibilidade para esclarecer qualquer dúvida. A QIMA/WQS é um organismo de certificação que oferece os seguintes protocolos:

Certificações de segurança dos alimentos Protocolos de certificação de alimentos

ABIC, BRCGS Plant-Based, Café 4c, Certificação de Carne Bovina para o Chile, HACCP, Primus Standard, Programa ALO, Rainforest Alliance, Selo Produto de São Paulo, Sindirações e Unidades Armazenadoras

Auditorias de gestão de fornecedores

Programa Global Markets: GFSI Global Markets, BRCGS Start!, IFS Global Markets e SQF Fundamentos.

Cadeia de fornecimento sustentável

Bem-estar Animal, Cage-Free, Livre de Antibióticos e SMETA/Sedex

Selos de Qualidade

www.wqs.com.br info.wqs@wqscert.com

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FOTO MONTAGEM: GUSTAVO FAGUNDES

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GESTÃO

O SEGREDO ESTÁ NA CONEXÃO Diante de cenários econômicos mundiais adversos, executivos de grandes companhias revelam como transformar produtos em resultados. Habilidade e o incentivo na conexão entre pessoas estão entre as estratégias de quem lidera no mercado que deverá atingir seu primeiro trilhão em 2022. Por Rafaela Menin

MAURÍCIO RODRIGUES,

presidente da divisão agrícola da Bayer para América Latina. Líder na integração de mais de um século da empresa química e farmacêutica com as tendências do agro e com quem faz a inovação acontecer. Os resultados positivos permanecem, segundo o gestor, devido “a uma gestão engajada em construir a agricultura de forma colaborativa, por meio da inovação, transformação digital e sustentabilidade.”

MARIANA BECKHAUSER, presidente da Beckhauser.

Comanda uma empresa brasileira focada em desenvolver, industrializar e difundir tecnologia para o manejo de bovinos há mais de 50 anos, com atuação no bem-estar animal e humano. Une-se a essa trajetória a visão de uma mulher gestora com clareza do propósito e da visão da organização, unidos ao fortalecimento e engajamento do time.

WELLINGTON SILVÉRIO,

diretor de Recursos Humanos da John Deere para a América Latina. Responsável pela gestão de uma multinacional com quase dois séculos de história nas linhas de máquinas e implementos agrícolas. Essa trajetória soma-se ao momento atual da empresa de “conexão entre as relações humanas”, o que “gera o comprometimento para sustentar o crescimento necessário ao bom desempenho geral”.

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INOVAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO DIGITAL E SUSTENTABILIDADE

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om mais de 157 anos de história, a Bayer começou a trajetória como uma indústria química. Hoje, tornou-se uma “empresa de ciências da vida.” Sendo assim, a multinacional alemã levou uma série de inovações ao mercado, desde soluções como a Aspirina; o diagnóstico precoce, por meio de imagens com contraste; o desenvolvimento da pílula anticoncepcional e, o que mais interessa aqui na Agro & Negócios: as contribuições para o agronegócio. Neste caso, o desenvolvimento das biotecnologias agrícolas, com a marca de pioneirismo em agricultura digital, e iniciativas para se tornar uma empresa carbono zero têm sido grandes propulsores de quem faz a gestão da Bayer. Soma-se a isso o fato de que, em 2021, ao completar 125 anos no Brasil, o slogan “Se é Bayer, é bom”, mudou para um conceito mais engajador: “Você e Bayer: é bom.” Maurício Rodrigues, presidente da divisão agrícola da Bayer para América Latina, tem sido um dos líderes em integrar toda essa história com as tendências atuais e com as pessoas que fazem as inovações neste braço da Bayer acontecerem. E os resultados se devem, segundo ele, “a uma gestão sólida, fortemente engajada em construir o futuro da agricultura de forma colaborativa, por meio de três pilares: inovação, transformação digital e sustentabilidade.”

O PAPEL DO AGRO

Ao chegar à marca de 27,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o agronegócio tem se “mostrado o setor mais resiliente a crises e recessões nos últimos anos”, afirma Maurício Rodrigues. “Não é só uma questão de produção de alimento, é uma questão de ter um impacto definitivo na economia brasileira, gerando empregos, renda e impostos – movimentando outras cadeias que também dependem do agro para sobreviver”, continua. Para o gestor da Bayer, é preciso trazer a sustentabilidade para o centro da agricultura e, para isso, é preciso que haja uma atuação conjunta de diferentes agentes, além de uma mobilização do poder público, entidades privadas e da sociedade civil, sempre buscando moldar a agricultura do futuro. E, mais do que isso, “precisamos ter e formar líderes preparados para mobilizar os atores necessários para transformações que vão além da operação da empresa e que permitirão, inclusive, enfrentar desafios que ainda não conhecemos. Mas também precisamos de times engajados que tragam

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os inputs dos produtores. O segredo é conectar as pontas e focar nas necessidades do cliente e nas demandas da sociedade”, acredita Maurício.

OS DESAFIOS NA BAYER

Apesar da história de mais de um século, a Bayer também se mostrou aprendiz em relação a uma série de processos durante a pandemia. O modelo híbrido de trabalho “criou um ambiente mais colaborativo e integrador, possibilitando mais flexibilidade, trocas, trabalho em equipe e inovação entre as áreas”; e houve a intensificação de soluções digitais, incluindo novas formas de apresentar produtos e soluções aos agricultores. Ainda, nos últimos dois anos, a empresa lançou a terceira geração de biotecnologia para a soja, a Plataforma Intacta2 Xtend; novas biotecnologias para diferentes culturas, como algodão (Bollgard 3 RRFlex) e milho (VTPRO4); além de produtos de proteção de cultivos como o fungicida Fox Xpro, o inseticida Curbix e o herbicida Adengo. Também lançou o PRO

O AGRONEGÓCIO TEM SE MOSTRADO O SETOR MAIS RESILIENTE A CRISES E RECESSÕES NOS ÚLTIMOS ANOS.

Carbono, programa que apoia os agricultores na intensificação de práticas conservacionistas para ampliar a produtividade no campo e o sequestro de carbono no solo. Parte da iniciativa Carbono Bayer é conduzida junto à Embrapa e uma rede de parceiros no Brasil. Ações essas que têm refletido em bons resultados da empresa no mundo inteiro, em grande parte devido aos resultados na América Latina. “Esses resultados se devem a uma gestão sólida, fortemente engajada em construir o futuro da agricultura de forma colaborativa, por meio de três pilares: inovação, transformação digital e sustentabilidade. Somos líderes no setor de insumos agrícolas e temos uma responsabilidade imensa para fazer essas mudanças acontecerem. Vamos atingir isso por meio de um trabalho em que todos os atores da cadeia atuem de forma conjunta”, afirma o presidente.


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O PAPEL DOS GESTORES

Para Rodrigues, a capacidade de trabalhar com ferramentas que valorizem os talentos, apoiar a contratação de um time diverso e ter um ambiente que valoriza a cultura de inovação e performance são pontos absolutamente necessários para uma empresa como a Bayer. “Os desafios são complexos e por isso, uma qualidade fundamental em um bom líder é inspirar o desejo de fazer diferente e de descobrir novos caminhos em toda a organização”, reforça. Quando destaca a gestão no setor do agro, Rodrigues acredita que é preciso apoiar os agricultores para que sejam agentes de transformação. “O Brasil é um país de proporções continentais, com diferentes biomas. Precisamos cada vez mais criar soluções que contemplem a complexidade das lavouras e que permitam produzir mais em um mesmo hecta-

É FUNDAMENTAL AJUDAR OS PRODUTORES A TER UMA VISÃO ESTRATÉGICA E APOIÁ-LOS COM FERRAMENTAS QUE PERMITAM DE FATO UMA GESTÃO INTELIGENTE NO CAMPO. re, com uso otimizado de insumos e recursos naturais”. Para o presidente, o agronegócio tem de ser encarado como parte da solução para problemas complexos como as mudanças climáticas e o desafio de garantir segurança alimentar à população. “Para isso, é funda-

mental ajudar os produtores a ter uma visão estratégica e apoiá-los com ferramentas que permitam de fato uma gestão inteligente no campo. Isso só é possível quando as empresas possuem a inovação entre suas prioridades e o papel da alta liderança é incentivá-la em todos os âmbitos da organização”, afirma.

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CAPA

CLAREZA DO PROPÓSITO E DA VISÃO

F

ocada em desenvolver, industrializar e difundir tecnologia para o manejo de bovinos há mais de 50 anos, a Beckhauser pauta sua atuação no bem-estar animal e humano. O primeiro passo da empresa brasileira foi no início dos anos de 1970, quando a marcenaria do senhor Arcângelo e dona Érica, às margens da então Rodovia do Café, em Paranavaí (PR), fabricou seu primeiro tronco bovino. Dois anos depois, já vinha a primeira inovação: o primeiro protetor contra coices, peça que hoje está presente em praticamente todos os equipamentos de contenção para bovinos no mercado Atualmente, sua visão é de ser inspiração, integrar e encorajar pessoas e iniciativas para crescer com sustentabilidade e ser referência em tecnologia para o manejo racional. Como valores, a empresa foca na inovação, no bem-estar e cuidado, na integridade e na colaboração, e também na confiança, acreditando que todas as pessoas têm o potencial de inventar o futuro. Mariana Beckhauser, presidente da Beckhauser, comanda a empresa desde 2018. Fica nítido que a história da empresa uniu-se à visão de uma gestora que mantém clareza do propósito e da visão da organização e que aposta nas pessoas, com fortalecimento e engajamento do time, pontos que funcionaram e funcionam como um farol em meio à tormenta da pandemia. Com uma visão também voltada às mulheres que trabalham e comandam o agro, este ano, a gestora estará no 7º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que ocorre em outubro, em São Paulo (SP).

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A LIÇÃO É QUE A CLAREZA DO PROPÓSITO E DA VISÃO DA ORGANIZAÇÃO SÃO ESSENCIAIS, FUNCIONAM COMO UM FAROL EM MEIO À TORMENTA.

DESAFIOS DO AGRO E DA BECKHAUSER

Para a presidente da Beckhauser, alguns pontos são fundamentais para as empresas do agro apresentarem resultados positivos diante de um cenário mundial de crise. Entre eles, é o próprio mercado. “A vantagem de termos essa vocação do agro e o potencial enorme de produção de alimentos que o Brasil oferece. Outro ponto que também impacta na alta da demanda é a segurança da atividade pecuária em um cenário de instabilidade econômica”, ressalta. Outro fator que a gestora acredita que fez diferença para empresas como a Beckhauser, que fornece bens duráveis, foi o fato do dono do negócio ter ido mais para dentro da fazenda, “O isolamento social exigido pela pandemia, ajudou a enxergar como está a situação da infraestrutura da propriedade e as ferramentas e equipamentos de trabalho,

e as necessidades de melhorias e investimentos”, afirma. Além disso, a história recente mostrou para a empresa que, embora não haja planejamento que pudesse dar conta de imaginar todo esse cenário, sem um bom planejamento estratégico, certamente a Beckhauser não teria conseguido com o mesmo êxito passar por esses desafios todos. “O fato de termos projetado uma nova fábrica, de termos uma visão de futuro alinhada e um propósito muito firme e compartilhado com o time, e a preparação toda que fizemos com a equipe para a mudança foi fundamental para enfrentarmos todo esse cenário e com resultados tão positivos”, afirma Mariana. Para ela, a lição que fica é que clareza do propósito e da visão da organização são essenciais nesses momentos, “funcionam como um farol em meio à tormenta que nos


CARACTERÍSTICAS DE UMA BOA GESTÃO Segundo Mariana Beckhauser, uma boa gestão, seja dentro ou fora do agro, requer:

1.

star sempre atento a todos os E públicos do negócio (stakeholders) e suas necessidades;

2. S e colocar à serviço; 3. Ouvir genuinamente as pessoas; 4. Tratar com verdade e transparência em todas as situações;

5. Ter clareza do propósito da organização e transmitir com clareza esse propósito, a missão e os valores da empresa à equipe e parceiros;

6. Buscar o equilíbrio entre as ne-

FOTO: DIVULGAÇÃO

cessidades econômico-financeiras do negócio, as questões sociais da equipe e comunidade em que o negócio está inserido, e as questões ambientais e impacto gerado no planeta.

ajuda a manter o barco no prumo.” Além disso, também o trabalho de fortalecimento e engajamento do time é fundamental para lidar com qualquer crise, segundo a gestora. “Diria ainda, no nosso caso, e que acredito que seja muito comum no agro, além do time os parceiros - tanto da rede de vendas, que levam a marca e os equipamentos ao campo, quanto uma boa cadeia de fornecedores também”, reforça. Parte desses desafios se deu porque a empresa mudou, em janeiro de 2020, a fábrica para uma nova planta, em uma nova cidade. “Por si só uma mudança como essa já traz um grande desafio, com adaptação do time, incorporação de novas tecnologias e ferramentas. Com o cenário da pandemia, esse desafio foi ampliado, exigindo que nos adaptássemos, como todos os negócios e pessoas, e buscássemos novas formas de atuar”, conta.

Além de toda a questão sanitária e dos aspectos relacionados ao cuidado com a equipe, a empresa teve um reflexo de pico de demanda no mercado agro. “O que é muito positivo, diante de uma realidade de queda em tantos outros segmentos, mas que adicionou um degrau a mais no desafio de adaptação à nova fábrica, pois tivemos que acelerar o ritmo muito fortemente, ampliar equipe e dilatar prazos de entrega. Isso tudo com as restrições da pandemia e os reflexos diretos trazidos com enorme dificuldade de suprimentos e oscilações de preço sem precedentes em matérias-primas e insumos”, relata Mariana.

MULHERES NO AGRO

Como mulher presidente de uma grande empresa do agronegócio, Mariana vê com bons olhos o incremento de mulheres na liderança de atividades do agro, como aponta a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro-

negócio, indicando que 30% das empresas rurais já são comandadas por elas. “Temos notado que as fazendas lideradas por mulheres têm, de modo geral, uma maior abertura às discussões sobre bem-estar animal e à adoção das boas práticas. E sabemos, pela experiência de anos dedicados a levar esses conceitos ao campo, o quanto esse olhar ajuda a transformar positivamente a atividade e seus resultados”, reforça. Também focada nesta pauta, a Beckhauser tem um olhar para a equidade de gênero, com políticas internas que reforçam essa prática. Entre elas, a Roda de Mulheres, que promove encontros periódicos para troca de ideias e conversas entre o time feminino da empresa. Essa prática foi criada antes da pandemia, no período de preparação para a mudança da planta fabril da empresa, como um espaço de acolhimento. As reuniões se intensificaram no período da pandemia, adotando o virtual para permitir a participação de todas, algumas mães trabalhando por longo período em home office com crianças pequenas em casa. “Utilizamos o espaço do grupo para compartilhar experiências, nos apoiarmos e nos fortalecermos”, explica Mariana.

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CAPA

CONEXÃO ENTRE AS RELAÇÕES HUMANAS

C

om mais de 180 anos de experiência, a John Deere não produz apenas máquinas e implementos agrícolas, mas sim “cria máquinas conectadas e inteligentes que fazem a vida avançar”. Com foco em sustentabilidade, na inovação e tecnologia, na comunidade e em liderança, a multinacional norte-americana está entre as 100 marcas mais valiosas do mundo há 10 anos consecutivos, de acordo com o ranking 100 Melhores Marcas Globais, uma iniciativa da Interbrand. Com pelo menos 70 anos de atuação no mercado brasileiro, a “conexão entre as relações humanas” tem sido a cultura da empresa. Nos últimos meses, a nova campanha de comunicação tem reforçado este foco por meio dos três pilares estratégicos da John Deere: pessoas, sustentabilidade, e inovação tecnológica. Wellington Silvério, diretor de Recursos Humanos da John Deere para a América Latina, tem nas mãos uma fração da gestão dessa gigante do agro. Incentivador dos espaços e oportunidades de liderança, o gestor acredita que o país precisa de pessoas bem preparadas para encarar o desafio de dar suporte às demandas internas e externas, tornando o agronegócio um mercado de trabalho amplo e diverso, tanto para os profissionais que desejam trabalhar diretamente no campo como para os que almejam postos nas indústrias do setor

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FOTO: DIVULGAÇÃO

A LIDERANÇA É ESSENCIAL PARA FAZER A EMPRESA E A VIDA AVANÇAREM. A LIDERANÇA DEVE SER INSPIRADORA.

DESAFIOS NA JOHN DEERE

As grandes empresas também precisaram se adaptar à pandemia e às novas exigências das rotinas de trabalho. Um dos maiores desafios da John Deere nos últimos anos foi o gerenciamento do modelo de trabalho durante a pandemia da Covid-19. “Houve a necessidade de migrar os funcionários que trabalhavam nos escritórios da John Deere no Brasil para o modelo home office, à mesma medida em que a companhia tomou todas as devidas precauções e seguiu as normas globais de saúde e higiene para que as fábricas – e, consequentemente, a produção de alimentos – não parassem. Ao mesmo tempo, ao longo dos últimos anos lidamos com a adaptação de novas formas de trabalho num modelo híbrido de maior flexibilidade de modo a incorporar todos os aprendizados da pandemia”, destaca o gestor. Junto a isso, reforça Silvério, ficou patente a necessidade de um olhar mais crítico e humanizado ante as questões de saúde emocional, visto que o estresse vivido com a mudança tão brusca nas vidas de todas as pessoas acabou afetando a todos em maior ou menor proporção. “Em resumo, dentre os desafios todos vividos, o centrar ainda mais no ser humano, foi e é vital a


adequada manutenção de um bom ambiente de trabalho”, destaca. Para apoiar o crescimento da empresa, Silvério destaca que a gestão apoia diversos projetos de aprendizado e inclusão, que fomentam cada vez mais o interesse da mão de obra jovem na John Deere. “O país precisa de pessoas bem preparadas para encarar o desafio de dar suporte às demandas internas e externas, tornando o agronegócio um mercado de trabalho amplo e diverso, tanto para os profissionais que desejam trabalhar diretamente no campo como para os que almejam postos nas indústrias do setor”, reforça. Outro ponto destacado pelo gestor da John Deere é o desafio, mas também soluções entregues pela tecnologia. Para ele, é por conta da evolução tecnológica do agronegócio que hoje os jovens veem no meio rural uma excelente oportunidade para construir carreira. E a John Deere trabalha para que os funcionários tenham a oportunidade de protagonizar suas carreiras em um ambiente de colaboração e de constante inovação. “Atualmente, são mais de 70 iniciativas em andamento em diferentes unidades da companhia em todo o país, que promovem diversidade, inclusão, igualdade de gênero, empoderamento feminino, saúde, harmonia e bem-estar no clima organizacional.”

O PAPEL DOS GESTORES

Para Silvério, mais do que nunca, as organizações de um modo geral requerem uma gestão mais assertiva, empática e aberta a considerar as distintas perspectivas. O entendimento e alinhamento ante as necessidades dos clientes, dos colaboradores e do negócio gera o comprometimento necessário para sustentar a dinâmica de crescimento necessária ao bom desempenho geral das organizações. “A John Deere é uma empresa de 185 anos e reconhece que a liderança é essencial para fazer a empresa e a vida avançarem. A liderança deve ser inspiradora”, afirma. Do ponto de vista da companhia, segundo ele, é necessária a sensibilização e o desenvolvimento de líderes, em todos os níveis, “para que tenhamos um olhar mais inclusivo e para eliminação dos vieses inconscientes que podem ser um grande obstáculo no dia a dia”, reforça. Por isso, a John Deere possui o programa de Mentoria Reversa, no qual líderes se abrem para a experiência de serem mentorados por pessoas que representam um determinado recorte de diversidade ou posição, se aproximando de experiências, às vezes, distantes da sua realidade, trazendo novas perspectivas.

O ENTENDIMENTO E ALINHAMENTO ANTE AS NECESSIDADES DOS CLIENTES, DOS COLABORADORES E DO NEGÓCIO GERA O COMPROMETIMENTO NECESSÁRIO PARA SUSTENTAR A DINÂMICA DE CRESCIMENTO, NECESSÁRIA AO BOM DESEMPENHO GERAL DAS ORGANIZAÇÕES “Um bom gestor deve de ocupar-se em desenvolver suas habilidades de escuta ativa, promoção do trabalho colaborativo em equipes, ter a empatia como base de sua relação com todos, possuir habilidades de negociação ganha-ganha para acomodar os distintos interesses, ser um real promotor do propósito maior da organização e, finalmente entender seu papel como gestor de pessoas, pois só dessa forma poderá construir claramente com a equipe”, afirma Silvério. Ainda, segundo o gestor, tão importante quanto a entrega de produtos de alta qualidade e tecnologia, é a entrega de valores em alto nível. E, para que isso aconteça, é primordial que os líderes tenham sempre a confiança de seus colaboradores. Como parte da estratégia da John Deere ao atingimento desse objetivo, a empresa tem a tecnologia a favor da melhor eficácia na gestão de pessoas, garantindo um olhar mais moderno, inovador e humanizado em todos os processos, por meio de novos métodos de trabalho. “Além disso, temos quatro pilares orientadores do negócio: integridade, qualidade, comprometimento e inovação”, afirma.

DESENVOLVIMENTO DE VALORES

A John Deere acredita que, por mais importante que seja a qualificação técnica, o desenvolvimento de habilidades interpessoais, como empatia, atitudes positivas, bom relacionamento, saber ouvir e se comunicar, e saber solucionar problemas sempre deve ser trabalhado. Além disso, a John Deere possui programas de aprendizagem, estágios e desenvolvimento de talentos para dar oportunidades de qualificação aos jovens que desejam entrar no mer-

cado de trabalho. “O Programa de Inovação John Deere, por exemplo, é um convite a pensarmos de maneira colaborativa, inovadora e ágil, com desenvolvimento de nossos talentos e foco no cliente, e está muito alinhado com as premissas do Smart Industrial – uma jornada de transformação organizacional que iniciamos há menos de 2 anos. Por meio desse novo conceito, nos reorganizamos, criamos um novo propósito maior, traçamos uma nova estratégia e atualizamos as competências necessárias para continuarmos tendo sucesso nos anos que virão”, relata Silvério. São três pilares que sustentam o Smart Industrial: Sistemas de Produção, a fim de tornar o processo mais eficiente e agregar mais valor para o cliente; Ecossistema de Tecnologias, que torna os equipamentos mais inteligentes, precisos e produtivos; e Soluções para o Ciclo de Vida, que agrega valor durante a vida do produto, maximizando disponibilidade e minimizando custo. “Essa mudança de mindset estimula a inovação e potencializa no mercado a busca por profissionais que atuem com integridade e respeito, e que engajem, inspirem e motivem os que estão à sua volta, além de entregar valor ao cliente”, afirma Silvério. “Uma ferramenta que recentemente ganhou notoriedade, inclusive nas áreas de seleção e recrutamento, é o modelo operacional Agile, um conjunto de comportamentos, processos e práticas utilizados para a criação de produtos e desenvolvimento estratégico”, conta. E isso ocorre porque, segundo o gestor, a necessidade de conquistar resultados sustentáveis que estabeleçam altos padrões de desempenho, está cada vez maior, e atuar de forma estratégica com foco nas prioridades do negócio é a nova tendência empresarial.

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INOVADORES DO MUNDO PARA O BRASIL Nascido em Coleraine, no norte da Irlanda, e filho de agricultores, Alan McCracken reside atualmente em Daytona Beach, no estado norte-americano da Flórida. Aos 77 anos, ele já percorreu 134 países trabalhando em suas duas paixões: a agricultura e a mecânica. Engenheiro agrônomo e mecânico formado pelo Essex Institute of Agriculture. McCracken construiu carreira como um dos maiores especialistas do mundo em aplicação de químicos, tanto para proteção de lavouras quanto para combate a mosquitos. Ajudando muito no aperfeiçoamento do setor aeroagrícola brasileiro.

SINDAG

Os engenheiros agrônomos Alan McCracken e Marcos Vilela de Magalhães Monteiro foram homenageados pelo Sindag com a medalha Mérito da Aviação Agrícola 2022. Distinção máxima da aviação agrícola brasileira, a premiação tem como objetivo reconhecer os feitos de profissionais que contribuíram de forma significativa com o crescimento e evolução do setor. Aos 84 anos, Marcos Vilela de Magalhães Monteiro tem uma intensa trajetória de mais de seis décadas contribuindo com o setor aeroagrícola brasileiro. Formado em Agronomia em 1959, ele foi um dos 10 primeiros pilotos formados na primeira edição do antigo Curso de Aviação Agrícola (Cavag), em 1967. Em mais de 60 anos de atividades profissionais, Marcos Vilela desenvolveu ou introduziu equipamentos e tecnologias importantes para a defesa fitossanitária, especialmente na aviação agrícola – como o ultrabaixo volume (UBV), o atomizador rotativo, sistemas eletrostáticos e sensores de inversão térmica.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Mérito da Aviação Agrícola

AVICULTURA

Vaxxinova tem novo assessor técnico Edmilson Freitas é o novo assessor técnico de avicultura, na Vaxxinova, no Paraná. Médico Veterinário, com mestrado em Patologia Veterinária, atua há mais de 15 anos no setor. Entre outras atividades junto aos clientes da empresa, Freitas vai contribuir para sanidade dos plantéis atendidos e buscar aumentar a produtividade e rentabilidade por meio de três eixos: assessoria, difusão de tecnologias e capacitação. “Agora, meu foco de trabalho será cuidar das visitas de campo com o propósito de acompanhar clientes na análise dos plantéis atendidos pelos produtos Vaxxinova, além de auxiliar na coleta e

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envio de material, treinamentos práticos, teóricos e serviços de diagnósticos em geral voltados à avicultura. Desse modo, toda experiência profissional anterior em diagnóstico microbiológico de aves e em Laboratório de Patologia Animal, além da minha atuação na área de docência, continuará sendo muito útil na nova posição”, explica Freitas. Atualmente, o novo assessor técnico avicultura Vaxxinova também faz parte do quadro de avaliadores especialistas em saúde animal do INMETRO, e ocupa a posição de conselheiro efetivo do CRMV-PR desde 2017.


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INOVADORES ICC

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA/VACCINAR

Braga é o novo gerente de Produtos Global Ruminantes Graduado em Medicina Veterinária e Mestre em Reprodução Animal pela pela Universidade de São Paulo (USP), com especialização em Administração de Empresas e Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernando Braga passa a integrar o time corporativo da ICC e contribuirá para o desenvolvimento da linha de soluções para ruminantes globalmente. Durante seus 14 anos de experiência com produção animal, dez foram dedicados ao desenvolvimento, posicionamento, geração de demanda, inteligência de mercado e suporte ao time de vendas. Sua missão, em conjunto com o time de marketing corporativo, será dar apoio estratégico ao time comercial da ICC. Fernando destaca que este será um importante desafio e está motivado com esta oportunidade. “Isso porque a empresa traz uma abordagem sustentável, transformando coprodutos da indústria de etanol e açúcar em aditivos nutricionais naturais de alto valor agregado para produção animal”, considera e avalia este ponto como um dos principais focos de abordagem cuja missão é gerar valor aos clientes, seja pela diminuição dos custos de produção ou pelo aumento do desempenho produtivo.

VACCINAR

Time comercial do Sul reforçado Cidinei Miotto agora faz parte do time comercial da Vaccinar. Ele é o novo diretor de Negócios Nacional da Linha de Aditivos e da Linha de Aves no Território Sul (estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). O executivo será também responsável pelo desenvolvimento do mercado externo dessas linhas. Com mais de 27 anos de experiência no segmento de Nutrição Animal, grande parte dedicados à liderança de equipes em empresa multinacional do setor, Cidinei tem ampla experiência no desenvolvimento de mercados internacionais. Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, e com MBA Executivo em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o novo diretor se reportará diretamente ao CEO da empresa, Nelson Lopes. “A Vaccinar é uma empresa que no decorrer dos últimos anos tem me chamado a atenção devido a seu crescimento agressivo, constante e sustentável. Fiquei muito impressionado com tudo que vi até agora e isso só aumenta a minha vontade de fazer a diferença junto a todo o time”, afirma Cidinei. PANCOSMA

A Pancosma, com 75 anos sendo referência em nutrição animal, passa a ter como nova integrante do Departamento de Serviços ao Cliente: Susana Cazerta. Uma profissional

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com formação em Zootecnia (Unesp), pós-graduada em Gestão da Produção (UFSCar) e em Gestão da Qualidade (Unicamp). Com 11 anos de experiência em fábricas de rações, possui destaque em suas atividades como: Gestão da Qualidade, coordenação de equipes de laboratório de bromatologia e análises físico-químicas, e de equipes de linha de microingredientes. Na Pancosma, Susana será uma profissional protagonista de ações inovadores para a equipe e contribuirá para a organização na implementação de novas soluções aos clientes. A Pancosma começou como uma empresa familiar em 1947 e, desde então, tornou-se presente em mais de 75 países e com mais de 300 soluções para todas as espécies de animais de produção.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA/ICC

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA/PANCOSMA

Susana Cazerta é a nova coordenadora de serviços ao cliente


FOTOS: ASSESSORIA DE IMPRENSA/SYNGENTA

SYNGENTA SEEDS

Novas lideranças no Brasil e na América Latina A unidade de negócios de sementes da Syngenta anuncia a mudança do diretor geral Brasil e Paraguai, André Franco, para o cargo de diretor regional da América Latina. Com a troca, Suzeti Ferreira assume como diretora geral Brasil e Paraguai. O novo diretor regional da América Latina vai liderar a estratégia de Sementes para a região, trabalhando em colaboração com as quatro unidades de negócios no Brasil & Paraguai, América Latina Sul, América Latina Norte e Licenciamento, com uma atuação alinhada à estratégia global de negócios de Sementes e da cultura com foco no agricultor. “Nosso objetivo é dar continuidade à bem-sucedida estratégia de especialização do negócio de Sementes na América Latina, que vem mostrando bons resultados, como o crescimento de 26% em vendas em 2021, sucesso obtido por um time altamente engajado e que coloca paixão e dedicação para entregar as melhores sementes

para nossos agricultores”, afirma André Franco, que está no time Syngenta desde 2016, e levará em frente o objetivo de Syngenta Seeds se tornar a melhor empresa de sementes da América Latina até 2028. Já Suzeti Ferreira chega ao cargo de diretora geral no Brasil e Paraguai. Graduada em Farmácia e Biologia e com Mestrado Executivo pelo Insper e em Gestão Financeira pelo Ibmec, ingressou na Syngenta em 2020 e possui mais de 18 anos de experiência nas áreas de Marketing e Comercial. Como uma das poucas mulheres à frente da liderança no agro brasileiro, Suzeti afirma: “meu compromisso é construir um ambiente de trabalho diverso, inclusivo e com equidade, promovendo discussão aberta e honesta para remover barreiras e desafiar estereótipos de gênero e demais vieses inconscientes que possam impedir de sermos inclusivos”.

NOVUS

Novo gerente comercial para as regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul minerais orgânicos Mintrex, eubióticos e enzimas incorporados em programas nutricionais como o Balance ou Scale Up, este último em desenvolvimento, são exemplos de ferramentas exclusivas a fim de otimizar os resultados zootécnicos dentro das granjas parceiras de aves e suínos de forma sustentável", salienta Willian. Aliado a isso, outro ponto destacado pelo profissional é a sólida expertise técnicacientífica global da companhia. "Suporte que estará à disposição dos nossos clientes para que juntos possamos traçar estratégias alinhadas às necessidades e desafios produtivos identificados em suas operações", complementa o novo gerente regional.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA/NOVUS

Formado em Medicina Veterinária e pósgraduado em Sanidade de Aves pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Willian Mocellin assumiu a posição de Gerente Comercial da Novus para Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nesta nova posição na multinacional, seu papel será reforçar ainda mais a presença da Novus nas regiões como empresa parceira dos produtores, evidenciando todas as soluções nutricionais voltadas para integridade intestinal. "Como empresa especializada em soluções integradas voltadas para a manutenção da integridade intestinal, reforçaremos todos os diferenciais da Novus junto aos produtores da região. A linha de

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ESPECIAL

AGRONOMIA 4.0

O FUTURO

É AGORA Planejar, analisar e obter resultados nas propriedades rurais e na sociedade com base na Agronomia 4.0 não é apenas uma tendência, mas tornou-se realidade e até obrigatoriedade. As tecnologias tomam conta do presente dos agricultores e profissionais que atuam no campo e já apontam cenários para o futuro. Mas, afinal, o que significa atuar com Agronomia 4.0? Qual o papel do produtor e de profissionais como os engenheiros agrônomos? A Setor Agro&Negócios selecionou um time de especialistas para compreender o tema e os benefícios para produtores e sociedade. Além desta edição, o Especial Agronomia 4.0 também trará novos conteúdos no portal de notícias www.setoragroenegocios.com.br e na revista do mês de Novembro. Por Rafaela Menin

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TIME DE ESPECIALISTAS PATRÍCIA MENEGAZ DE FARIAS Engenheira Agrônoma e doutora em Ecologia. Possui experiência na área de Agronomia com ênfase em Entomologia. Atua como consultora em projetos de cooperação nacional e internacional, desenvolvendo atividades técnicas e de assessoria na gestão, elaboração e execução de projetos de desenvolvimento regional e local de sustentabilidade. Atualmente é CEO | Founder na empresa Nisus Inovação e Tecnologias Agroambientais e professora na Universidade do Sul de Santa Catarina.

RICARDO MIOTTO TERNUS Engenheiro Agrônomo e doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes. Possui experiências nas áreas da tecnologia de produção de sementes, defesa agropecuária, fiscalização de insumos agrícolas e plantas de lavoura. Atualmente é secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, e professor no Centro Universitário Barriga Verde.

FERNANDO CESAR BAUER Engenheiro Agrônomo e doutor em Agronomia - proteção de plantas. Experiências como pesquisador do Instituto de Pesquisa Tecnológica de Mato Grosso do Sul, professor em diversas universidades, como Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal e Universidade Federal de Santa Catarina, na qual foi coordenador do curso de Agronomia até 2017. Coordenador da Câmara Especializada em Agronomia do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea/SC), até 2019.

Engenheira Agrônoma. Engenheira da Horticultura. Especialista em Desenvolvimento Rural e Agronegócios. Sócia da Projeagreen, empresa de consultoria e treinamentos agrícolas. Experiência de 13 anos de atuação no Senar/SC com programas de Gestão e Empreendedorismo Rural / NR-31 Segurança em Aplicação de Agrotóxicos/ Jardinagem e Paisagismo. Professora e orientadora do curso Técnico em Agronegócio e-tec e palestrante de Sucessão Familiar Rural e Agro 4.0.

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FOTO: ADOBE STOCK

ANGELA FORTES MUNARO


ESPECIAL AGRONOMIA E AGRÔNOMO: PROTAGONISTAS NA TRANSFORMAÇÃO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

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ão restam dúvidas: a Agronomia tem um papel fundamental no processo de transformação do agronegócio brasileiro. E a Agronomia 4.0 chegou para mudar a forma de fazer e os resultados, basicamente transformando processos que ainda são mecânicos e analógicos para digitais. “Quando falamos sobre as tecnologias na agricultura, podemos citar algumas formas, métodos e sistemas que auxiliam a visualizar e gerenciar os processos de maneira mais ampla e analítica, como: internet das coisas, inteligência artificial, big data, entre outros”, afirma a engenheira agrônoma Angela Munaro. E o uso da tecnologia na produção agropecuária, segundo Fernando Cesar Bauer, também engenheiro agrônomo, permite aos gestores o acompanhamento detalhado do processo produtivo e a atuação mais precisa sobre os fatores de produção. “Isso contribui de forma significativa na efetividade e na eficiência do uso de insumos, na otimização da mão de obra, na redução de custos e, consequentemente, na elevação da produtividade, redução dos impactos ao ambiente e maior segurança ao trabalhador”, ressalta. Os especialistas concordam que tudo isso está sendo integrado às propriedades, e também destacam o papel das pessoas neste processo, como do engenheiro agrônomo. “A Agronomia/Agricultura 4.0 é multidisciplinar, temos vários outros profissionais envolvidos, e o engenheiro tem um papel fundamental. Ele é um grande protagonista ao fazer a integração desses sistemas todos”, afirma o engenheiro agrônomo Ricardo Ternus.

O engenheiro, segundo Ternus, é um grande ator em fazer as correlações/interpretações dos dados gerados pelos sistemas para informações, para que essas informações possam ser utilizadas no processo de gestão para tomada de decisões. “E são essas decisões que irão gerar valor, para aumentar a produtividade e a qualidade do trabalho e reduzir custos e os impactos ambientais. Desta forma, a agronomia torna-se sustentável. E a sustentabilidade se reverte em benefícios para toda a sociedade, porque com mais índices de produtividade, haverá disposição de mais oferta de alimentos e alimentos de

NESTE NOVO MODELO DE AGRICULTURA TEMOS OS JOVENS MAIS ATUANTES NO CAMPO E REALIZADOS EM PERMANECER DENTRO DAS SUAS PORTEIRAS” ANGELA MUNARO

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maior qualidade, com mais segurança alimentar”, afirma. Para Angela Munaro, a palavra-chave também é sustentabilidade, e o agrônomo tem um papel importante de exercer o trabalho de estudar as máquinas, sistemas e dados para gerar inúmeros benefícios, como o “aumento da produtividade, o monitoramento de gestão e das operações agrícolas, ainda uma produção mais assertiva, reduzindo desperdício”. E, isso, segundo a engenheira agrônoma, reflete no consumidor final, num alimento de melhor qualidade e numa maior diversidade de produtos. Outro ponto ressaltado pelos especialistas quando o assunto é transformação do agro é em relação ao êxodo rural. Com a tecnologia chegando no campo, a expectativa é de mais jovens permanecendo nas propriedades. “Neste novo modelo de agricultura temos os jovens mais atuantes no campo e realizados em permanecer dentro das suas porteiras”, ressalta Angela. “Essa virada de chave agrícola é que mantém nossos jovens ativos no campo e a valorização dos nossos produtos”, reforça Ternus.


A ADOÇÃO DA AGRICULTURA 4.0 CONTRIBUI DE FORMA EFETIVA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 2030, MARCO CENTRAL PARA COMBATE À FOME E A SEGURANÇA ALIMENTAR DO MUNDO”

FOTO: ADOBE STOCK

PATRÍCIA MENEGAZ DE FARIAS

COMO SERÁ A AGRONOMIA DO FUTURO? O que vem por aí na Agronomia, nos próximos cinco ou dez anos, depende também das escolhas feitas no momento atual. O que se tem em mente é que “a adoção da Agricultura 4.0 contribui de forma efetiva para a implementação da Agenda 2030, marco central para combate à fome e a segurança alimentar do mundo”, afirma a engenheira agrônoma Patrícia Menegaz de Farias. Para se chegar lá, a Agronomia 4.0 tem feito presente e futuro se integrarem e tem exigido produtores rurais e profissionais mais informados e conectados. “É um caminho sem volta. Os profissionais precisam buscar constantemente evoluir nos conhecimentos técnicos para que possam acompanhar as evoluções e ajudar a levar esse pacote tecnológico aos agricultores. Para que, de maneira sustentável, esse agricultor consiga alcançar índices de produtividade, eficiência e sustentabilidade nas propriedades”, afirma Ternus.

E falar em Agricultura 4.0 não é mais uma tendência, e sim realidade e obrigatoriedade. “A adoção de técnicas mais precisas e de ferramentas que suprem gargalos da atual agricultura, desde o campo até o consumidor final, possibilita a tomada de decisão mais assertiva e consequentemente otimização do processo”, ressalta Patrícia. Para a engenheira, possibilitar a transferência de informações e/ou no uso de ferramentas tecnológicas e inovadoras que visem a gestão estratégica do agronegócio visando aumento na eficácia da produção de alimentos e na competitividade no mercado é peça chave na promoção da Agricultura 4.0. “Considero que estabelecer um arranjo institucional com premissas de planejamento, gestão, regulação, sistematização, implantação, comunicação, transparência, inclusão e o acesso à inovação tornará o agronegócio ainda mais sustentável e produtivo, contribuindo para a implementação da Agenda 2030”, reforça Patrícia.

Utilizando exemplos palpáveis, o engenheiro Fernando Bauer afirma que com a Agricultura/Agronomia 4.0, ou seja, com o uso de drones, sensores, atuadores, controladores, nas máquinas agrícolas, associados a sistema de navegação por satélite de alta precisão, é possível, por exemplo, a aplicação de fertilizantes em taxas variáveis no campo, de acordo com a produtividade e fertilidade do solo no local. “Assim, variações na fertilidade e na produtividade são compensadas com aplicações específicas. Sensores de plantas indicam o local e o momento correto para aplicação de insumos, otimizando os resultados e reduzindo os volumes desses insumos sem prejuízo na produtividade, com menor índice de contaminação ambiental”, afirma Fernando. “Nas máquinas semeadoras, o uso de sensores e atuadores farão o controle total do processo de semeadura, ajustando o fluxo e a liberação de sementes de modo a se obter melhor qualidade no processo e conseguir a população ideal de plantas na área”, continua. E com tanta tecnologia e com produtores e profissionais envolvidos e motivados, a agronomia do futuro vem trazendo desde já ao agronegócio soluções que buscam a otimização da produção e da gestão agrícola em diferentes estágios. Há consenso: essa transformação é o que tem levado ao momento presente e levará ao futuro a melhoria de gestão para as propriedades e a profissionalização ainda maior dos negócios e das entregas de alimentos à sociedade.

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TECNOLOGIA

CRIPTOATIVOS ALTA NOS FERTILIZANTES ABRE

PORTAS PARA TECNOLOGIA

O

s preços dos fertilizantes têm registrado altas históricas. Após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia e das sanções impostas sobre o primeiro país, a oferta diminuiu e o preço disparou. O Brasil, que importava da Rússia mais de 20% do fertilizante utilizado na produção agrícola, vê o cloreto de potássio, por exemplo, chegar ao maior preço desde janeiro de 2008, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), sendo vendido a R$ 6.824,00/tonelada. Com a valorização desses produtos, uma das mais recentes novidades do mercado é a possibilidade de comprar e vender fertilizantes de forma eletrônica, por meio de criptoativos. Algo semelhante já ocorre com outras áreas do agro, como a pecuária, exploradas nas bolsas de valores, como na Bolsa de Valores brasileira (B3). Porém, no caso dos fertilizantes, não há opções de negociação na B3. Pensando nisso, a Cibra, uma das maiores empresas de fertilizantes do Brasil, lançou o CibraCoin. A diferença para outras parecidas - como o bitcoin - é que este é o primeiro criptoativo no mercado que está vinculado apenas ao preço do fertilizante, ou seja, é considerado uma “stable coin” (estável). A negociação ocorre por meio da plataforma stonoex.com, especializada em tokenização de ativos, ou seja, em transformar ativos “físicos” em ativos digitais. Neste caso, são

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três opções de negociação: fertilizantes do tipo MAP, KCL e Ureia, sendo que cada CibraCoin equivale a um quilo de fertilizante. “Para a empresa, é uma maneira nova de vender fertilizantes. Com o criptoativo, é possível comprar de maneira muito fácil um fertilizante. Adquirindo o CibraCoin, o interessado tem toda a flexibilidade para trocar por produto físico, já que a Cibra garante a liquid e z , mas também pode comprar ativos e vender quando quiser”, afirma Raphael Nezzi, CFO da Cibra. Entre os benefícios desse tipo de negociação, Nezzi cita a flexibilidade de compra, já que “o comprador poder adquirir fertilizante sete dias por semana, 24 horas por dia”; e ainda o fato desse comprador fazer o controle do custo, tendo uma maneira de se proteger de preço do fertilizante, pois poderá analisar preços e negociar quando o mercado estiver mais favorável. “Essa tecnologia de blockchain/criptoativos veio para ficar e para revolucionar o sistema financeiro. Acredito que a Cibra está

sendo pioneira no mercado da tecnologia, em um meio de fertilizantes, que se trata de algo que o produtor rural entende. Se ele vai comprar com um papel ou com um criptoativo, é a mesma coisa”, afirma o CFO da Cibra. O projeto iniciou há quatro meses e já foram movimentados em torno de 500 mil dólares em compra/ venda por meio do CibraCoin. “A inserção dessa opção no mercado passa também pela cultura do produtor rural. Precisamos explicar como funciona, já que alguns produtores trabalham com criptoativos, mas outros ainda usam cheque. E é assim, as tecnologias mais novas surgem, os clientes vão entendendo, aprendendo, e daqui a pouco acreditamos que esta também se torna uma ferramenta a mais de compra e venda de produto. Por isso, sugerimos ao produtor rural abrir uma conta, testar, vender, resgatar o dinheiro, trocar por fertilizante físico. O importante é saber e testar como funciona”, reforça Raphael Nezzi.

FOTO: ADOBE STOCK

Por Rafaela Menin


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FOTO: ADOBE STOCK

TECNOLOGIA

FAZENDAS LEITEIRAS

Sistemas digitais impactam na gestão do negócio O sucesso da atividade leiteira em uma propriedade não está só associado ao tamanho da propriedade ou volume de produção. Embora estes aspectos influenciem nos resultados, um dos pontos mais importantes é como a propriedade é conduzida. Ter como base problemas anteriores para que ocorra a identificação de possíveis melhorias e a elaboração de um plano para superar gargalos é um exemplo de como a gestão pode ajudar o negócio. Como regra, pode-se afirmar que o caminho para viabilizar a atividade no campo é a qualidade gerencial, ainda, considerada o “calcanhar de Aquiles” em muitas fazendas. Nas fazendas, a possibilidade de que a gestão chegue a outro patamar embasada em tecnologia já é realidade. Se compararmos a atividade agora e há dez

anos, visualiza-se outro cenário. As opções disponíveis trouxeram soluções "cirúrgicas" para vários conflitos. Para a escolha de um software, é necessário antes de tudo entender quais são as demandas da fazenda de leite para não perder o foco e direcionar os passos em prol dos principais objetivos. Também, não é coerente o levantamento e registro de um extenso volume de dados sem o tratamento adequado e uso estratégico dos mesmos. O sistema Ideagri, por exemplo, garante ser o mais completo sistema para pecuária de leite do mercado e oferece administração de todas as áreas da sua fazenda, seja para informações zootécnicas dos seus animais, como também para a administração financeira. O software pode ser testado por dez dias de forma gratuita.

ACESSO GRATUITO

Embrapa e Biotrop lançam publicação sobre bioinsumos na cultura da soja

FOTO: DIVULGAÇÃO

A soja ocupa cerca de 40 milhões de hectares no Brasil, e os agricultores, focados no aumento de produtividade, buscam constantemente instrumentos para serem mais eficientes a cada safra. Uma das ferramentas cada vez mais demandadas pelos sojicultores são os bioinsumos, com destaque para a adoção em larga escala da fixação biológica de nitrogênio, além do controle biológico de pragas e doenças. Diante desse fato, e também devido à grande importância do tema para a economia, pautados pela produção sustentável e o avanço da agricultura regenerativa, a Embrapa editou, em parceria com a Biotrop - empresa brasileira de biológicos e naturais -, a publicação “Bioinsumos na Cultura da Soja”. O documento foi estruturado em cinco temáticas: Cenário, desafio e inovações de bioinsumos na cultura da soja; Tecnologias de aplicação; Aplicações – rizosfera/saúde do solo; Aplicações – manejo de plantas daninhas e doenças; e Aplicações – manejo de pragas. “Um dos pontos abordados é a prospecção e desenvolvimento de novos produtos biológicos para atender a demanda dos cultivos agrícolas. Além disso, também é ressaltada a importância da formulação, visando facilitar a utilização das soluções, além de proporcionar estabilidade de prateleira ajustada às realidades do campo. Ambos aspectos têm a atenção de indústrias como a Biotrop”, destaca Juliano Cesar da Silva, gerente de assuntos regulatórios da Biotrop e editor da publicação. O livro possui versões digital e impressa, de acesso aberto gratuito, e pode ser baixada no site biotrop.com.br.

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MSD SAÚDE ANIMAL

AUTOMAÇÃO NO CAMPO

Produtividade vive novo salto com robôs A Casale Equipamentos, tradicional empresa produtora de máquinas para pecuária, adquiriu um robô de grande porte que auxilia na produção de misturadores de ração para gado confinado e semiconfinado. O equipamento, produzido pela fabricante japonesa Famuc, é chamado de “célula de solda robotizada” e contribui na solda de grandes insumos metálicos, parte importante da constituição dos misturadores, principal produto da casa. De acordo com Mario Casale, CEO da companhia, a máquina começou a entrar em operação em fevereiro de 2022 e aumenta em 65% a produtividade do processo de solda das peças das máquinas. Na implementação do equipamento, foi necessário o empenho de 11 pessoas diretamente e de 585 horas de treinamento para que todas as pessoas envolvidas aprendessem a lidar com o novo maquinário. De grandes proporções, o robô é a primeira iniciativa da empresa na direção da automação dos processos de produção. “É uma tendência que beneficia o produtor e incentiva a capacitação de toda a equipe”, afirma Mario.

A MSD Saúde Animal acaba de lançar o Crestar® IVG, primeiro dispositivo intravaginal de progesterona produzido pela empresa, na fábrica de Cruzeiro (SP). Direcionado para três categorias (novilhas, vacas de corte e vacas de leite), nas apresentações de 0,558 g, 1,0 g e 1,3 g, o novo produto completa a linha reprodutiva da empresa, que inclui produtos já consagrados, como Folligon®, Fertagyl® e Ciosin®. "Com o Crestar® IVG, atuamos com a customização de protocolos, de acordo com a demanda de cada categoria animal. É a MSD reforçando suas soluções completas para a produção animal, que envolve saúde, prevenção, bem-estar, performance, pessoas, identificação e monitoramento", diz Lais Vieira, gerente de produtos da unidade de Ruminantes da MSD Saúde Animal. O fato do Crestar® IVG ser monodose reforça ainda o posicionamento da companhia de promover a proteção sanitária e garantir a Saúde Única, integração harmônica e saudável entre animais, seres humanos e meio ambiente.

PRENHEZ EM VACAS E BVD

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Testes de diagnósticos rápidos chegam ao Brasil A Biogénesis Bagó, empresa de biotecnologia especializada no desenvolvimento, produção e comercialização de produtos para saúde e produtividade animal, traz com exclusividade para o Brasil os testes rápidos para Diagnóstico de Prenhez em vacas e para o Diagnóstico de BVD (Diarreia Viral Bovina). O método pode ser utilizado com 99% de precisão. A tecnologia inédita no País foi desenvolvida pela IDEXX Laboratórios, empresa líder mundial em diagnóstico veterinário, listada entre as 10 maiores indústrias veterinárias do mundo com mais de 100 tipos de kits de diagnóstico para animais de produção. Seus produtos são utilizados como prova oficial para diagnóstico nos Estados Unidos, Europa, Ásia e América Latina. Quando comparado às técnicas mais tradicionais de diagnóstico, tanto na detecção da prenhez de vacas como na detecção de animais infectados como no caso da Diarreia Viral Bovina (BVD), as novas tecnologias proporcionarão mais praticidade e facilidade ao produtor e aos veterinários, principalmente para pequenos e médios rebanhos. “Estamos trazendo para o Brasil um novo e disruptivo conceito em como se trabalhar o diagnóstico dentro das propriedades. Esse é um momento histórico na indústria veterinária brasileira ao trazermos produtos inovadores que farão muita diferença para que o produtor e os técnicos possam produzir cada vez mais rápido e melhor”, salienta o Country Manager da Biogénesis Bagó, Marcelo Bulman.

Dispositivo de progesterona para completar protocolo de IATF

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COOPERATIVAS

DIA C

AURORA COOP RESSALTA AS RIQUEZAS DO COOPERATIVISMO

"O

cooperativismo tem um diferencial importante, que é uma das razões do nosso sucesso. Gera riquezas e as compartilha com os cooperados e com toda a sociedade". A explanação foi do diretor presidente executivo da Cooperativa Central Aurora Alimentos (Aurora Coop), Neivor Canton, durante a comemoração do "Dia Internacional do Cooperativismo", realizado no dia 02 de julho.

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A Aurora Coop, Fundação Aury Luiz Bodanese, cooperativas, empresas e entidades parceiras promoveram atividades em comemoração ao Dia C em 17 cidades brasileiras, com arrecadação de alimentos não perecíveis, doação de sangue e o projeto Tampinha Voluntária. Além disso, ocorreram apresentações artísticas e culturais e ações de promoção à saúde. Em Chapecó, a programação de intercooperação reuniu dirigentes,

associados, colaboradores, integrantes de cooperativas locais e regionais em frente à matriz da Cooperalfa. Segundo Canton, as características do cooperativismo são razões de sobra para que seja recomendado como uma grande solução para comunidades em dificuldade. "Ao olharmos para o mapa do Brasil vamos encontrar os melhores índices de desenvolvimento humano onde existem cooperativas


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100 ANOS DO DIA C A anfitriã do evento do Dia C em Chapecó foi a Cooperalfa, que organizou a programação e recebeu o público em sua casa. O presidente Romeo Bet falou sobre a alegria em comemorar o 100º aniversário do Dia Internacional do Cooperativismo. Citou a importância da criação das cooperativas para que produtores rurais tivessem para quem comercializar suas produções. "A Cooperalfa comemora neste ano 55 anos de vida e representa a história do cooperativismo. Isso contribuiu com o desenvolvimento de nossa região. Logo após sua fundação, surgiu a Aurora Coop. Foi uma grande conquista", complementou.

SOBRE O DIA C

bem-sucedidas que geram riquezas e as distribuem", observou. O diretor presidente executivo ressaltou, ainda, a importância de lembrar dos pioneiros do cooperativismo na região e destacou a responsabilidade de levar esse trabalho adiante com compromisso.

RESULTADOS

Ao longo de maio e junho, a Aurora Coop

O primeiro sábado de julho comemora o significado de um sistema que une, produz, atende com respeito, investe, humaniza e partilha resultados pelo mérito, tudo edificado ao sabor da democracia. O Dia Internacional do Cooperativismo é comemorado anualmente pelas cooperativas de todo o mundo. Para 2022, o tema eleito pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) foi "Cooperativas constroem um mundo melhor".

mobilizou os colaboradores das unidades e cooperativas filiadas por todo o país nas campanhas de arrecadação de alimentos não perecíveis e doação de sangue. No

período, foram registradas 800 doações de sangue e arrecadadas 12 toneladas de alimentos, que serão doados para instituições sociais.

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GESTÃO E COOPERATIVAS Por Monique Regina Bonikowski

SOCIEDADES COOPERATIVAS:

O ATO COOPERATIVO E SEUS IMPACTOS NO RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DE PIS/PASEP E COFINS

D

MONIQUE REGINA BONIKOWSKI Analista Fiscal na Dome Contadora: CRC/SC 043.883/O-2 e graduanda de Direito.

entre os tipos de sociedades dispostas no Código Civil Brasileiro existe uma modalidade que se destaca das demais em virtude de suas características sui generis, ou seja, características únicas. As chamadas “sociedades cooperativas” são constituídas por membros de determinado grupo econômico com o objetivo de desempenhar, em benefício em comum, determinada atividade. A maior particularidade nestas sociedades, é que elas não visam o lucro, mas sim o benefício econômico do cooperado. Atualmente, as sociedades cooperativas contam com uma instituição responsável pelo fomento e defesa do sistema cooperativista: a Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB. Criada em 1969, a OCB classifica as sociedades cooperativas em ramos de atuação, os quais até o ano de 2019 eram treze. Em 2020 a OCB realizou uma avaliação minuciosa em relação aos benefícios concedidos às cooperativas, e a partir de então passou a classificar essas sociedades em apenas sete ramos: agropecuário, crédito, transporte, saúde, consumo, infraestrutura

e trabalho, produção de bens e serviços. Especificamente ao ramo agropecuário, que reúne cooperativas relacionadas às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira, além de contar com o tratamento adequado previsto na Constituição Federal para aplicação em todas as cooperativas, também faz jus a diversos benefícios fiscais, os quais são concedidos a fim de fomentar o ramo de atuação e, por consequência, baratear os produtos dele advindos. Neste contexto, o ato cooperativo, o qual, conforme definição prevista na “Lei das Cooperativas” (Lei nº 5.784/1971), é praticado entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associadas, para a consecução dos objetivos sociais, não é ato sujeito à plena tributação. Isso significa que, os atos cooperativos praticados pelas cooperativas têm uma tributação diferente àquela aplicada aos demais tipos de sociedades. Em linhas gerais, a tributação aplicada às cooperativas, em especial, às do ramo agropecuário, são específicas ao negócio em função das ativi-

EM LINHAS GERAIS, A TRIBUTAÇÃO APLICADA ÀS COOPERATIVAS, EM ESPECIAL, ÀS DO RAMO AGROPECUÁRIO, SÃO ESPECÍFICAS AO NEGÓCIO EM FUNÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS, JÁ QUE ESSAS VISAM ATENDER O OBJETIVO SOCIAL DA SOCIEDADE EM PROL DE SEUS ASSOCIADOS.

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dades realizadas, já que essas visam atender o objetivo social da sociedade em prol de seus associados. O que se busca com isso é uma tributação justa, sem onerosidade, em relação aos outros tipos de sociedades empresariais.

FOTO: ADOBESTOCK

TRIBUTAÇÃO DO PIS/PASEP E DA COFINS

No cenário tributário, em particular à tributação do PIS/Pasep e da Cofins, as cooperativas de produção agropecuária foram inseridas no sistema não cumulativo das contribuições por força da Lei nº 10.865/2004. E, apesar da inserção dessas cooperativas no sistema não cumulativo, o legislador dispôs que isso não as prejudicaria quanto às exclusões das operações vinculadas ao ato cooperativo da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, já previstas no art. 15, da Medida Provisória nº 2.158-35/2001. Com tal preceito legal, as cooperativas agropecuárias passaram assim a ter, além da possibilidade de excluir valores vinculados aos seus atos cooperativos da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins, a possibilidade de creditar-se sobre os custos e aquisições previstos no art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. O que ocorre atualmente é que há grande discussão quanto ao impacto dessas exclusões da base de cálculo das contribuições no ressarcimento dos créditos, uma vez que, para a determinação dos percentuais do crédito ressarcível, o qual é objeto de Per-Dcomp e, por consequência, será ressarcido em espécie ou utilizado na compensação de outros débitos administrados pela RFB, é necessário considerar todas as receitas auferidas e suas respectivas exclusões. Então, o que se tem é uma discussão quanto à natureza jurídica das exclusões do ato cooperativo na base de cálculo do PIS/ Pasep e da Cofins, que é fator determinante para o enquadramento das referidas exclusões, no mercado interno tributado ou no mercado interno não tributado, quando do rateio dos créditos apurados. Resumidamente, pode-se dizer que no mercado interno tributado estão compreendidas as receitas que saíram integralmente tributadas pelas alíquotas do PIS/ Pasep e da Cofins, enquanto que no mercado interno não tributado, encontram-se relacionadas as receitas em que não houve a tributação das contribuições (saídas promovidas à alíquota zero, suspensa, não tributada ou sem incidência).

[...] HÁ GRANDE DISCUSSÃO QUANTO AO IMPACTO DESSAS EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES NO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS, UMA VEZ QUE, PARA A DETERMINAÇÃO DOS PERCENTUAIS DO CRÉDITO RESSARCÍVEL, O QUAL É OBJETO DE PER-DCOMP E, POR CONSEQUÊNCIA, SERÁ RESSARCIDO EM ESPÉCIE OU UTILIZADO NA COMPENSAÇÃO DE OUTROS DÉBITOS ADMINISTRADOS PELA RFB, É NECESSÁRIO CONSIDERAR TODAS AS RECEITAS AUFERIDAS E SUAS RESPECTIVAS EXCLUSÕES.

Para as cooperativas agropecuárias, tal definição é de suma importância, uma vez que impacta em vultosos créditos, pois sendo as exclusões compreendidas como do mercado interno tributado, os créditos a elas vinculados permanecerão apenas na escrita fiscal da cooperativa, podendo ser abatidos somente com débitos das próprias contribuições. De outro lado, sendo as exclusões compreendidas como do mercado interno não tributado, os respectivos créditos poderão ser pleiteados via Per-Dcomp. Por isso, dada a especificidade da discussão, bem assim os argumentos complexos que a embasam, é essencial que as cooperativas contem com uma assessoria tributária, contábil e jurídica para auxiliá-la nessa tomada de crédito e respectiva discussão. Para isso, conte conosco!

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VENDAS Por Eldemar Neitzke

A ARTE EM FAZER VENDAS CONSULTIVAS: MÓDULO 1

A

ELDEMAR NEITZKE Formado em Administração, com mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial, Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais.

atividade comercial é uma das profissões que considero ser uma das mais desafiadoras e, ao mesmo tempo gratificante, que ao ser realizada com muito planejamento, trabalho, dedicação e persistência se transformará em resultados financeiros para toda cadeia. Iniciei minhas atividades comerciais realizando vendas técnicas, provavelmente a mais difícil, pois vendemos bens intangíveis, os quais devemos ter a capacidade de trazer a realidade de cada cliente, independentemente de sua idade, cultura e formação, o resultado esperado é palpável. Essa venda quando realizada consultivamente de maneira empática, transforma a vida das pessoas e produz resultados econômicos que encantam os clientes. Com base na experiência de mais de 30 anos realizando essa atividade com muita alegria, disposição e comprometimento, nos mais diversos segmentos da cadeia do Agronegócio, e, preocupado com o futuro dos profissionais, desenvolvi o treinamento de vendas MP2N, que de maneira prática e objetiva mostra os caminhos e tendências do mercado comercial para próximos anos, bem como as chaves para o sucesso. Essa matéria refere-se ao mercado, a qual todas as empresas estão inseridas e passando por diversas fases nos últimos 70 anos, que representam provavelmente as maiores mudanças e evoluções tecnológicas da humanidade. O choque de mudanças estruturais advindas dessa evolução tem um impacto enorme na geração dos veteranos e, principalmente hoje, nas gerações Y, Z e da α que está iniciando em breve essa caminhada profissional com muitas incertezas. Provavelmente o maior impacto seja a evo-

PARA REALIZAR VENDAS EFETIVAS, PRECISAMOS DE PROFISSIONAIS QUE DESEMPENHAM A ATIVIDADE COMERCIAL CONSULTIVA, E REALIZEM NEGÓCIOS COM SEUS CLIENTES.

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lução tecnológica, que iniciou também na década de 60, com o desenvolvimento da internet, que eliminou distâncias, revolucionou o formato de comunicação, de comercialização, grupos de relacionamentos, entre outras várias possibilidades. Porém, considero o grande responsável por esse salto quântico ocorrido em poucos anos, ao que temos no alcance da nossa mão, o lançamento do Iphone, por Steve Jobs em 29 de junho de 2007. Esse lançamento visionário, do smartphone, agilizou com praticidade o acesso ao mundo sem fronteiras, em tempo real dos diversos conteúdos e produtos. Assim, temos a dificuldades de quebra de diversos paradigmas das diversas gerações, em especial a Geração dos Veteranos, Baby Boomers e Geração X, frutos de um modelo cartesiano, de uma dimensão de tempo linear de Aristóteles, frente ao tempo relativo exposto por Galileu, que vem de encontro as novas gerações. Hoje quem desenvolve a atividade comercial consultiva, será menos afetado que os profissionais que fazem vendas transacionais, estes serão mais impactados ainda com a evolução da Inteligência Artificial, que substituirá processos repetitivos e padronizados. O que temos certeza é que as mudanças advindas hoje iniciaram há alguns anos, as quais são impulsionadas pela constante evolução das tecnologias, onde nosso maior concorrente está a um toque, no celular. Para realizar vendas efetivas, precisamos de profissionais que desempenham a atividade comercial Consultiva, e realizem Negócios com seus Clientes, superando expectativas e desejos, proporcionando geração de valor ao nosso cliente.


NÃO EXISTEM BARREIRAS QUANDO A GENTE SE UNE. sescoopsc.org.br

/ocescsescoop

Quando as pessoas se movimentam de forma cooperativa, caem todas as barreiras para o crescimento. Sem essas paredes e muros, mostramos nossa força, realizamos sonhos e compartilhamos conquistas. Se, hoje, Santa Catarina avança em direção ao futuro, muito se deve à força do cooperativismo, modelo fundamental para a melhora na qualidade de vida de todos.

/sistemaocesc SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2022 55


MERCADO

INVESTIMENTO

Ao chegar a 27,4% do PIB brasileiro de acordo com estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) - o agronegócio do país tem apostado em modelos de negócios novos, como a possibilidade de investimento em franquias. A empresa Rech, maior rede de peças para máquinas agrícolas e pesadas do país, opera no modelo de franquias desde 2018 e, nos últimos dois anos, mais que dobrou o número de lojas em todo o país e já chega a 51 unidades. Até o fim do ano, estima chegar a 81 lojas espalhadas pelas cinco regiões. O modelo de negócios é uma das estratégias de crescimento adotadas pela rede para expandir a operação e atender todos os estados brasileiros. Segundo Juliano De Stefani, gestor de expansão e franquias da Rech, para começar a operar em um modelo de franquias do agronegócio é necessário

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Franquias podem ser bom negócio para expansão

apostar em empresas que possuam credibilidade e uma marca reconhecida no mercado. “Orientação e treinamento, estratégia de marketing personalizada, previsão de cenário financeiro para mitigação de riscos e pesquisa, desenvolvimento de novos produtos gerenciada por quem já tem experiência no mercado, são alguns dos principais diferenciais para garantir o sucesso da empreitada”, afirma o executivo.

INSUMO AGRÍCOLA

A guerra da Rússia contra a Ucrânia vem fortalecendo uma tendência que, no agronegócio, já ocorria gradativamente: a digitalização na comercialização de insumos, os elementos primordiais para a produção agrícola. Prova disso são os números de procura pela Insumo Agrícola, empresa 100% nacional e digital que surgiu em 2020 trazendo ao mercado nacional soluções on-line que tornam o agronegócio mais dinâmico e descomplicado, e que, em menos de três meses, viu seu volume de busca dobrar, entregando potencial de venda para o mercado de quase R$ 200 milhões. A empresa paranaense hoje conta com 1,5 mil produtores cadastrados e mais de 500 revendedores de fertilizantes, e espera fechar 2022 com R$ 800 milhões em GMV. E a expectativa mostra uma tendência irreversível, de empoderamento das agrotechs (startups do agro), sendo que o número delas chegou a 1.574, segundo o Radar Agtech Brasil 2020/2021, que mostrou uma ampliação de 40% em comparação ao ano de 2019. “Iniciamos as nossas atividades para ofertar uma visão mais liberta ao produtor brasileiro, que, ao aderir a uma solução inteligente que conecta revendedores a fabricantes, tem a chance de comprar e vender insumos de forma menos burocrática e trabalhosa, estreitando, assim, os laços entre os fornecedores e o campo”, explica o CEO da empresa, Luca Lachica.

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Fertilizantes alavancam vendas


GARGALOS NA PRODUÇÃO

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A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta dois gargalos na produção que precisam ser sanados com urgência. O primeiro deles é o envelhecimento dos equipamentos usados pelos produtores rurais. Segundo a entidade, 50% do maquinário usado na agropecuária nacional têm mais de 15 anos de idade e precisa ser trocado. Soma-se a isso a necessidade de investimento em armazenagem, já que o país teria, segundo a mesma associação, um déficit logístico de 100 milhões de toneladas de grãos, deixando o Brasil “à beira de um caos”. Desta forma, avaliar as alternativas de crédito disponíveis e entender a melhor forma de utilizá-las é necessário, alerta o advogado especialista em Direito do Agronegócio, Rafael Guazelli. O oferecimento de linhas de crédito é uma das soluções mais efetivas para o produtor rural, que recorre com frequência aos bancos públicos e privados e às cooperativas de crédito para garantir recursos que lhe permitirão incrementar a produção. “A prática é comum, faz parte do dia a dia dos agricultores de todos os portes e, como qualquer tipo de negociação, envolve riscos na contratação. Por isso, é importante que o produtor rural tenha o suporte de especialistas que lhe darão a segurança necessária para celebrar acordos vantajosos e que lhe permitirão crescer – e não arrumar mais uma dor de cabeça, com o endividamento e a falta de capacidade de pagamento a curto, médio e longo prazo”, explica Guazelli.

Marfrig integra o Índice de Sustentabilidade Empresarial

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Mais crédito para investimentos em inovação

BOLSA DE VALORES

Pelo segundo ano consecutivo, a Marfrig, líder global em produção de hambúrgueres e uma das maiores empresas de carne bovina do mundo, integra a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). A integração na carteira - referência em práticas ESG - foi anunciada pela B3, a bolsa de valores do país. O ISE é uma ferramenta de análise comparativa da performance das empresas de capital aberto, sob o aspecto das práticas de governança ambiental, social e corporativa. A Marfrig passou a fazer parte do indicador de desempenho em dezembro de 2020. “Manter a nossa posição em um índice tão representativo como o ISE revela que os nossos esforços são efetivos e trazem resultados para todos os nossos stakeholders”, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Marfrig. “Fazer parte do ISE é também uma grande responsabilidade. Estamos em um processo contínuo e crescente, cuja meta é aliar produção e conservação de nossa biodiversidade visando um desenvolvimento social e econômico responsável." A manutenção da Marfrig na carteira do ISE é resultado da consistência de suas políticas e práticas ESG, sobretudo na frente ambiental. A principal iniciativa nessa área é o Plano Marfrig Verde+, lançado em 2020, e que tem como objetivo o estabelecimento de uma cadeia de produção 100% rastreada e livre de desmatamento. Há avanços importantes também nas metas de redução das emissões de metano, principal gás de efeito estufa na pecuária em função da fermentação entérica dos animais.

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MERCADO

MERCADO DE CARBONO

SUSTENTABILIDADE ALIADA AOS INCENTIVOS ECONÔMICOS As consequências das mudanças climáticas e o avanço dos mercados de carbono têm impulsionado as ações em prol da diminuição do efeito estufa, e vice-versa: agir contra os Gases de Efeito Estufa (GEEs) tem gerado ideias de sustentabilidade e de incentivos econômicos, por meio dos créditos de carbono. No Brasil, um decreto publicado em maio Por Rafaela Menin começa a regulamentar o mercado no país.*

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de gases. Essas metas devem ser estipuladas em conjunto pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Economia, e cada setor terá a sua específica”, relata a advogada Luiza de Araujo Furiatti, mestre em Direito Socioambiental e Sustentabilidade e sócia do escritório de advocacia Pineda & Krahn.

DECRETO 11.075/2022

No caso do primeiro ponto, o decreto prevê que os planos setoriais estabelecerão metas gradativas de “redução de emissões antrópicas” (aquelas produzidas como resultado da ação humana) e também “remo-

ções por sumidouros de gases de efeito estufa” (com opções como florestas e solos), “mensuráveis e verificáveis, consideradas as especificidades dos agentes setoriais.” Em outras palavras, os planos poderão definir tratamento diferenciado por setor da economia, levando em consideração os seguintes critérios: categoria determinada de empresas e propriedades rurais; faturamento; níveis de emissão; características do setor econômico (como a agropecuária); e região de localização. Já o segundo ponto do decreto trata da criação do Sistema Nacional de Redução de

CRÉDITO DE CARBONO • Um crédito de carbono = uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera • Crédito de carbono = “moeda” utilizada no mercado de carbono, que faz com que haja um incentivo econômico para a conservação e proteção do meio ambiente • Esse incentivo se traduz em títulos que podem ser comprados ou vendidos

FOTOS: ADOBE STOCK

O

debate sobre como conter o aquecimento global têm sido intenso há vários anos e tem se intensificado em eventos e documentos internacionais - como na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), realizada em 2021, e no Acordo de Paris, que entrou em vigor em 2016, após ser aprovado por 195 países. No caso do Brasil, que também se comprometeu com a agenda global de diminuição dos Gases de Efeito Estufa (GEEs), o governo federal publicou, em maio, o decreto 11.075/2022, com o intuito de regulamentar regras do mercado de carbono no país. O documento cumpre uma determinação da Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC (lei 12.187/2009) e estabelece dois pontos: os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas; e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare). “A regulamentação deste decreto, mostra um passo importante para o Brasil assumir um posicionamento mundial de seriedade com relação às mudanças climáticas. Com esse decreto, o governo “convidou” os setores a participarem de uma meta de redução


Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare), que tem como finalidade servir de central única de registro de emissões, remoções, reduções e compensações de gases de efeito estufa e de atos de comércio, de transferências, de transações e de aposentadoria de créditos certificados de redução de emissões. Caberá a dois Ministérios (Economia e Meio Ambiente) elaborar regras sobre o registro, padrão de certificação, credenciamento de certificadoras e centrais de custódia e a implementação, a operacionalização e a gestão do Sistema. Os setores envolvidos terão um prazo de 180 dias, a partir da publicação do decreto, para indicar “proposições para o estabelecimento de curvas de redução de emissões de gases de efeito estufa, considerado o objetivo de longo prazo de neutralidade climática”. O prazo poderá ser prorrogado em igual período. Então, espera-se que até maio de 2023 cada setor - como a agropecuária tenha proposições mais explícitas para a redução dos gases. *Com informações da Agência Brasil, Agência Câmara e Congresso Mercado Global de Carbono

ENTENDA MELHOR: CRÉDITO DE CARBONO Estão em tramitação na Câmara dos Deputados projetos focados no mercado de carbono brasileiro. Um deles propõe a regulamentação do mercado do crédito de carbono no Brasil (PL 528/2021), outro cria um Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (PL 2148/15) e um terceiro projeto prevê a certificação de créditos de carbono para empreendimentos de geração de energia por fontes alternativas (PL 290/20). Os projetos adentram no espaço do “crédito de carbono”, criado a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, e já sendo mais utilizado em outros países. Um crédito de carbono é a forma encontrada para representar uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera. É a “moeda” utilizada no mercado de carbono, que faz com que haja um incentivo econômico para a conservação e proteção do meio ambiente, sendo que esse incentivo se traduz em títulos (os créditos de carbono) que podem ser comprados ou vendidos. Para conquistá-los, como no caso da agropecuária, por exemplo, podem ser executadas ações como o manejo sustentável do solo, o reflorestamento, troca de matriz energética, gestão de resíduos, entre outros. A Consultoria Sustainable Carbon, por exemplo, desenvolve projetos de reduções de emissões e de soluções, como do metano produzido nas propriedades rurais. A empresa explica que, através da compostagem de esterco suíno, as emissões são evitadas, favorecendo a biodiversidade aquática e trazendo outros benefícios. Outro incentivo vem da Bolsa de Valores brasileira (B3), que possui o Índice Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3). Em 2022 são 67 ações de 64 companhias de capital aberto, sendo quase 30% do agro.

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MERCADO Por Dênis Cristiano Rech

UM OLHAR SOBRE A SUINOCULTURA A

Sales Manager na DSM Produtos Nutricionais Brasil S.A.

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sempre a missão de nos manter atualizados, fazendo network, buscando inovações e assim seguindo sempre na evolução e no entendimento das oportunidades de melhorias. Nosso país já é um celeiro na produção de alimentos para o mundo e na suinocultura isso não será diferente. No entanto, precisamos reaprender a construir novos caminhos, que nos trazem ainda mais segurança e que fortaleça esta importante cadeia produtiva.

ESTAR ABERTO A INOVAÇÕES, BUSCANDO SEMPRE SURPREENDER NOSSOS CONSUMIDORES COM NOVAS APRESENTAÇÕES DE PRODUTOS E PROMOÇÕES QUE BUSCAM O FORTALECIMENTO DESTE MERCADO, SÃO ESTRATÉGIAS QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DO CONSUMO PER CAPITA E TAMBÉM PARA A ABERTURA DE NOVOS MERCADOS IMPORTADORES.

FOTO: ADOBE STOCK

DÊNIS CRISTIANO RECH

Suinocultura brasileira vem crescendo fortemente nas últimas decadas, fruto de fortes investimentos em ampliações e substancial profissionalização dos sistemas produtivos com excelentes ganhos em produtividade. Este incremento de produtividade tem trazido aos sistemas de produção novos e grandes desafios, fazendo com que os profissionais desta área busquem constantemente por informações que auxiliem na tomada de decisão. Devido ao novo cenário de custos de produção, onde os principais insumos (milho e soja) tiveram valorização significativa nos ultimos anos, a atividade vem sofrendo um estreitamento de margens, ficando ainda mais evidente a necessidade de busca constante por melhorar ainda mais os índices zootecnicos das granjas e com isso minimizar as perdas economicas que o setor tem enfrentado. Neste sentido, fica claro que não conseguimos controlar o mercado da carne suína. No entanto, cabe mais uma vez refletirmos sobre quais são os pontos críticos de controle que podemos agir, dentro do sistema ao qual estamos envolvidos, seja este, uma granja ou uma integração de suínos. As estratégias de reduzir custos, buscando sempre melhorar o retorno econômico da atividade, têm forçado a tomada de decisões, fazendo com que a cadeia da suinocultura tivesse uma forte injeção de novas e eficientes tecnologias, que buscam tornar este sistema de produção ainda mais sustentável. O entendimento deste novo momento e a necessidade de alcançarmos ainda mais consumidores para esta excelente fonte proteica são as chaves para seguirmos evoluindo nesta cadeia produtiva. Estar aberto a inovações, buscando sempre surpreender nossos consumidores com novas apresentações de produtos e promoções que buscam o fortalecimento deste mercado, são estratégias que contribuem para o aumento do consumo per capita e também para a abertura de novos mercados importadores. É importante ressaltar que os desafios não irão terminar por aqui, teremos


T12.com.br SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2022 61


ANÁLISE DE MERCADO Por Felippe Serigati e Roberta Possamai

INFLAÇÃO DE ALIMENTOS COMBINAÇÃO DE FATORES DESCONFORTÁVEIS C Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/ FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

ROBERTA POSSAMAI Mestre em Economia Agrícola pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

MESMO ANTES DA GUERRA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA, O CENÁRIO JÁ ERA DESAFIADOR

A pandemia de Covid-19, que vem assolando o mundo desde 2020,

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gerou desequilíbrios implicando em uma forte pressão sobre os preços: • As medidas para tentar reduzir a disseminação do vírus, dentre outros efeitos, alterou as rotas marítimas, criou novos e mais demorados protocolos nos embarques e desembarques nos portos e gerou, consequentemente, maiores custos de fretes, afetando toda a cadeia de produção. Além disso, muitas empresas e indústrias fecharam suas portas, mesmo que temporariamente. Isso acarretou em alguns problemas nas cadeias globais de suprimentos, impactando negativamente a oferta de bens; • Somado a isso, os governos de diversos países adotaram políticas fiscal e monetária bastante expansionistas, de modo que, quando as

economias puderam voltar a funcionar com um mínimo de normalidade (a partir do 2º semestre/2020), o consumo interno se aqueceu de forma rápida e intensa.

DO LADO DA OFERTA, AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ADVERSAS PIORARAM AINDA MAIS A SITUAÇÃO

Para piorar o cenário deixado pela pandemia, o ano de 2021 e os primeiros meses de 2022 foram marcados por alguns eventos climáticos adversos, que reduziram a oferta agrícola em alguns importantes produtores de commodities. Para exemplificar, pode-se citar o caso do Brasil, que foi prejudicado, notadamente, por fortes geadas em meados de 2021. Por sua vez, a Chi-

A INFLAÇÃO DE ALIMENTOS NO MUNDO (The FAO Food Price Index – média 2014-2016 = 100) 160 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 jan-90 mai-91 set-92 jan-94 mai-95 set-96 jan-98 mai-99 set-00 jan-02 mai-03 set-04 jan-06 mai-07 set-08 jan-10 mai-11 set-12 jan-14 mai-15 set-16 jan-18 mai-19 set-20 jan-22

FELIPPE SERIGATI

laramente, a inflação de alimentos é um fenômeno que está atingindo fortemente os brasileiros, sobretudo, nos últimos meses. Nesse sentido, de acordo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço médio da alimentação realizada no domicílio acumulou uma alta de 16,4% em doze meses, até maio/2022. Apesar de isso ser uma notícia desconfortável para o país, é importante deixar claro que esse cenário de alta de preços não é exclusividade do Brasil; pelo contrário, é um fenômeno global: o Real Food Price Index da FAO, que busca mensurar os preços internacionais de uma cesta de commodities alimentícias no mundo, atingiu, em março/2022, seu maior valor desde o início da série histórica, em janeiro/1990. Apesar das leves quedas registradas nos meses de abril e maio, o índice ainda está 22.8% acima no nível registrado em maio de 2021. A disparada da inflação, no Brasil e no mundo, foi uma consequência natural do desequilíbrio entre oferta e demanda de bens, que teve início com a pandemia de Covid-19 e piorou com as condições climáticas adversas e, mais recentemente, com o início do conflito bélico no Leste Europeu. Todo esse cenário gerou uma tempestade perfeita que tem elevado sobremaneira o temor de uma crise global de fome nos próximos meses e anos.

Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO).


ravelmente a organização da cadeia global de suprimentos, que já estava bem desorganizada, reduzindo ainda mais a oferta de produtos alimentícios.

FOTO: ADOBE STOCK

RESULTADO DA TEMPESTADE PERFEITA: MAIOR INSEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL

na, que é o principal produtor mundial de trigo sofreu, no mesmo ano, com as chuvas e inundações, resultando em uma safra reduzida. E agora, mais recentemente, um extremo calor na Índia (segundo maior produtor de trigo do planeta) dizimou parte relevante de sua produção.

O CONFLITO BÉLICO NO LESTE EUROPEU GEROU AINDA MAIS DESEQUILÍBRIOS

Em um momento de redução de oferta e alta dos preços derivados, sobretudo, da pandemia de Covid-19 e das condições climáticas adversas, iniciou-se o conflito bélico entre Rússia e Ucrânia. Esses países são relevantes ofertantes de itens importantes da cadeia global de suprimentos. Conjuntamente, de acordo com a USDA (safra 2020/2021), respondem por 15,2% das exportações mundiais de milho, a 27,5% das de trigo e 28,8% das de cevada. Além disso, a Rússia é um importante produtor de potássio e fosfato, que são ingredientes essenciais para a produção de fertilizantes. Nesse sentido, a guerra praticamente zerou as exportações da Ucrânia, uma vez que os embarques do país pelos portos do Mar Negro estão paralisados desde o início da invasão russa, no final de fevereiro/2022.

A DISPARADA DA INFLAÇÃO, NO BRASIL E NO MUNDO, FOI UMA CONSEQUÊNCIA NATURAL DO DESEQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E DEMANDA DE BENS, QUE TEVE INÍCIO COM A PANDEMIA DE COVID-19 E PIOROU COM AS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ADVERSAS E, MAIS RECENTEMENTE, COM O INÍCIO DO CONFLITO BÉLICO NO LESTE EUROPEU. Além disso, as sanções econômicas impostas à Rússia vêm dificultando o acesso aos produtos dessa nação, notadamente, de fertilizantes. Logo, a guerra piorou conside-

A consequência natural de todos esses fatos ocorridos desde 2020 levaram, como já foi observado anteriormente, a uma escalada de preços, sobretudo, de produtos alimentícios a patamares globais inéditos. O aumento das cotações reflete uma oferta de bens reduzida, cuja consequência, possivelmente, será o aumento do número de pessoas em situação de fome no mundo e que pode se complicar nos próximos meses e anos. A situação já é grave, mas vale ressaltar que ela pode piorar ainda mais, caso o conflito no Leste Europeu continue. Dentre os principais motivos: • Parte da safra passada da Ucrânia já havia sido embarcada antes da guerra, aliviando um pouco o cenário. No entanto, para a safra atual, aqueles silos do país que não foram destruídos pela guerra estão cheios de milho e cevada e, logo, os agricultores não têm onde armazenar a próxima colheita, podendo apodrecer. Além disso, o país deverá ter dificuldades na agricultura, uma vez que não contam com mão de obra, insumos e combustíveis para o desempenho da atividade; • Até o momento, a Rússia está conseguindo exportar sua produção, apesar dos custos e riscos, porém, em um futuro próximo, o país pode sofrer com a falta de sementes e pesticidas que costuma comprar da União Europeia, mas que vem impondo sanções ao país russo. Vale ressaltar que, na tentativa de amenizar o problema da fome no mundo, o Banco Mundial anunciou em meados de maio/2022, um programa de apoio à agricultura, com um fundo de US$ 30 bilhões, para os próximos quinze meses. Além disso, é preciso deixar claro que uma efetiva forma de tornar a situação menos complicada, enquanto os desequilíbrios ainda estão presentes, é manter o livre comércio, diferentemente do que algumas nações vêm fazendo. Ou seja, com o objetivo de garantir a segurança alimentar e inflação interna, alguns países estão suspendendo as suas exportações, o que é, claramente, um erro grave, uma vez que a solução para o aumento da fome no mundo deve vir de uma ação global, e não local.

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MERCADO

PLANO SAFRA

VOLUME 36% MAIOR PARA 2022/23 O anúncio foi de R$ 340,8 bilhões em financiamentos para a agropecuária brasileira, sendo R$ 246,28 bilhões para custeio e comercialização. Financiamentos relacionados a sistemas de conectividade no campo também são uma das prioridades do novo plano, por meio do Inovagro*

O

governo federal lançou, na última semana de junho, o Plano Safra 2022/2023. Serão disponibilizados um total de R$ 340,88 bilhões em financiamentos para apoiar a produção agropecuária nacional até junho do próximo ano. O valor, segundo o Ministério da Agricultura, representa aumento de 36% em relação ao Plano Safra anterior, que disponibilizou R$ 251 bilhões a produtores rurais. Do total de recursos, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão para

investimentos, um incremento de 29%. "Estamos lançando um plano safra capaz de atender aos diversos segmentos do agro, um plano safra com valor muito expressivo, R$ 341 bilhões diante de R$ 252 na safra passada, e com taxas de juros compatíveis e inferiores às taxas de mercado, inferiores até à taxa Selic", destacou o ministro da Agricultura, Marcos Montes. A expectativa em relação aos montantes era grande, especialmente devido à situação econômica brasileira e mundial. “Sabemos das dificuldades todas do país, acabamos tendo um aumento de 36% sobre o anterior

e tivemos foco. É um plano com foco, como na sustentabilidade e na competitividade. Penso que foi um plano possível”, destacou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Caio Carvalho, em entrevistas à imprensa.

PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES

Os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) - voltado aos pequenos produtores -, subiram 36%, totalizando R$ 53,61 bilhões, com juros de 5% ao ano (para pro-

DESTAQUES DO PLANO SAFRA INOVAÇÃO

SUSTENTABILIDADE

Por meio de programas como o Inovagro, o Plano Safra disponibiliza recursos para o incentivo à inovação tecnológica e para investimentos necessários para a adoção de boas práticas agropecuárias e de gestão da propriedade. Na próxima safra, o Inovagro terá R$ 3,51 bilhões em recursos, com juros de 10,5% ao ano.

Serão R$ 6,19 bilhões para o Programa ABC, que financia a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a implantação de sistemas de integração lavourapecuária-florestas e a adoção de práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais. Também foi criado o ABC+ Bioeconomia, que prevê investimentos em sistemas de exploração extrativista não madeireira, de produtos da sociobiodiversidade e ecologicamente sustentáveis.

Entre os financiamentos previstos estão os relacionados a sistemas de conectividade no campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento ou automação das atividades produtivas, além de sistemas para geração e distribuição de energia produzida a partir de fontes renováveis.

Outra novidade é o financiamento de remineralizadores de solo (pó de rocha), que tem o potencial de reduzir a dependência dos fertilizantes importados. E ainda R$ 1,95 bilhão para o programa Proirriga, que contempla o financiamento de todos os itens inerentes aos sistemas de irrigação.

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FOTO: ADOBE STOCK

Entre os financiamentos previstos estão os relacionados a sistemas de conectividade no campo

dução de alimentos e produtos da sociobiodiversidade) e 6% ao ano (para os demais produtos). Para o médio produtor, no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foram disponibilizados R$ 43,75 bilhões, um aumento de

28% em relação à safra passada, com juros de 8% ao ano. Os recursos disponibilizados no âmbito do Pronaf e do Pronamp são integralmente com taxas de juros controladas. Para os demais produtores e cooperativas, o total disponibilizado é de R$ 243,4

ARMAZÉNS O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que financia investimentos necessários para a ampliação e construção de novos armazéns, terá R$ 5,13 bilhões disponíveis na próxima safra, com taxas de juros de 7% ao ano para investimentos relativos à armazenagem com capacidade de até 6 mil toneladas, e de 8,5 % ao ano para os demais investimentos. O prazo de reembolso desses empréstimos é de até 12 anos, com carência de até 3 anos. Neste ano, segundo o governo, foi instituído um limite de financiamento de R$ 50 milhões para investimentos relativos a armazenagens de grãos. Para o armazenamento dos demais itens, o limite continua sendo de R$ 25 milhões.

bilhões, com taxas de juros de 12% ao ano. Os produtores rurais também podem optar pela contratação de financiamento de investimento a taxas de juros pós-fixadas. *Com informações da Agência Brasil e do Ministério da Agricultura

SEGURO RURAL No seguro rural, a expectativa é atingir um montante de R$ 2 bilhões em 2023. A partir do próximo ano, o valor de subvenção nas regiões Norte e Nordeste será de 30% no caso de plantio da soja e de 45% para as demais culturas. No caso de produtores que aderirem ao Programa ABC, os valores serão de 25% para soja e 45% para as demais. A partir deste ano, todas as apólices passaram a ser georreferenciadas. A medida possibilita um melhor mapeamento das áreas seguradas e o cruzamento de dados com outras bases de informações.

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MERCADO

PARCERIA

Evonik e AgTech Garage

SOLUÇÕES AGRO O negócio agro de Interface & Performance da Evonik oferece aditivos e adjuvantes

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A Evonik firmou um acordo de cooperação tecnológica com o centro de inovação AgTech Garage no Parque Tecnológico de Piracicaba (SP). A nova parceria vai promover as capacidades da Evonik no setor agrícola e contribuir para alavancar a inovação da empresa no setor ao aprimorar as conexões com o ecossistema regional do agronegócio. "Estamos comprometidos com o desenvolvimento de soluções inovadoras e sustentáveis para o mercado agrícola da América do Sul. Através da parceria com o AgTech Garage, poderemos nos conectar com grandes empresas e startups a fim de promover e desenvolver novas tecnologias para a indústria agrícola por meio da inovação aberta", explica Diego Abreu, Head Global de Marketing do segmento agrícola da Evonik Interface & Performance. para formulações agroquímicas convencionais e biológicas sob sua marca BREAK-THRU®. O amplo portfólio de antiespumantes, dispersantes, emulsificantes, melhoradores de óleo, umectantes, superespalhantes e superpenetrantes também inclui produtos biocompatíveis para proteção e tratamento de sementes.

BIOGÉNESIS BAGÓ

Prêmio Top Brands Quality 2022

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A Biogénesis Bagó recebeu o prêmio Top Brands Quality 2022. Esta é a terceira vez seguida que a empresa recebe o reconhecimento por suas ações no campo na categoria "Comunicação e Proximidade com o Cliente”. O gerente de Produto & Trade da Biogénesis Bagó, Pedro Hespanha ressalta que para a empresa é uma grande satisfação receber novamente o prêmio. “A honra é maior ainda quando a gente sabe que a metodologia de indicação vem do produtor, de quem está no campo”.Para Hespanha, o prêmio é um reconhecimento às ações inovadoras na empresa com os clientes. A Biogénesis Bagó concluiu em 2021 um ciclo de 'virada de página' da empresa no Brasil e iniciou este ano um novo para fortalecer seu crescimento no mercado brasileiro. “Conseguimos atingir nosso objetivo de estar entre as dez maiores do mercado de ruminantes brasileiro. Neste novo ciclo, que vai até 2026, pretendemos estar entre as dez maiores empresas do mundo, com base em novos projetos e lançando o conceito dos seis pilares da pecuária moderna, detalha.

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MERCADO Por Leyder Nunes

O PAPEL DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO NA SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL

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LEYDER NUNES Coordenador dos programas de Pós-graduação em Agronegócio da Faculdade FGI, Professor e Escritor; Doutorando em Ciências Empresariais, Mestre em Recursos Humanos, Especialista em Gestão Empresarial.

revolução do agronegócio brasileiro surpreende o mundo. Isso porque, em pouco espaço de tempo, o país ganhou destaque internacional no agronegócio. No início da década de 1970 o Brasil importava alimentos. Hoje, o país é um dos cinco maiores exportadores de proteína animal, açúcar, soja, café, frutas, cereais, entre outros produtos. Poucos brasileiros se dão conta de que as safras brasileiras alimentam 1,5 bilhão de pessoas mundo a fora. Nosso campo alimenta uma população sete vezes maior que o número de habitantes, por isso somos essenciais para a segurança alimentar do planeta. Hoje o tema segurança alimentar se tornou uma espécie de mantra entre os políticos mundiais, porém, se compõe de uma série complexa de práticas e políticas voltadas para garantir que todos se alimentem bem levando em conta quantidades, proporções de grupos alimentares e características nutricionais de um número grande de diferentes alimentos. A variedade na dieta não é um simples capricho, mas uma questão de saúde pública. Sem contar que a disponibilidade e a qualidade dos alimentos, disponíveis ou não a população, também interferem em uma sé-

rie de indicadores que pode redefinir a geopolítica de países. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, a segurança alimentar mundial hoje depende do Brasil, o que comprova que o agronegócio nacional assumiu o protagonismo no mercado internacional. No entanto, neste cenário de crescimento, é válido salientar que o número de pessoas também aumentará nos próximos anos no mundo e, que isso, aumenta o desafio para os gigantes do agronegócio, inclusive o Brasil. Ainda segundo a FAO, há uma projeção de aumento da demanda mundial por produtos agrícolas da ordem de 60% nos próximos 30 anos. O crescimento dos países asiáticos, sobretudo da China, tem integrado dezenas de milhões de novos consumidores a cada ano. Com o nosso potencial produtivo e possibilidade de ampliação da produtividade, o agronegócio brasileiro tem o poder de suprir grande parte dessa expansão populacional. “O mundo inteiro está vendo que, para o ano 2050, as estimativas são de que pelo menos metade dos aumentos, em termos de área para produção mundial de alimentos para uma população de quase 10 bilhões de habitantes, virão do Brasil. Então, o nosso

DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E A AGRICULTURA, A FAO, A SEGURANÇA ALIMENTAR MUNDIAL HOJE DEPENDE DO BRASIL, O QUE COMPROVA QUE O AGRONEGÓCIO NACIONAL ASSUMIU O PROTAGONISMO NO MERCADO INTERNACIONAL.

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país tem uma posição privilegiada para fornecer alimentos”, disse o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic. Segundo ele, o Brasil precisa trabalhar mais o marketing, para mostrar o tipo de prática que a agricultura nacional utiliza, com o intuito de manter a produção de maneira mais orgânica com o meio ambiente. É nesta evolução tecnológica que a Embrapa assume um papel fundamental, com pesquisas que permitem o aumento da produtividade em regiões que antes eram vistas como pouco atraentes para determinadas culturas.

SOLUÇÕES PARA A CRISE DOS ALIMENTOS

O BRASIL PRECISA TRABALHAR MAIS O MARKETING, PARA MOSTRAR O TIPO DE PRÁTICA QUE A AGRICULTURA NACIONAL UTILIZA, COM O INTUITO DE MANTER A PRODUÇÃO DE MANEIRA MAIS ORGÂNICA COM O MEIO AMBIENTE.

o Brasil é parte da solução, com superávit de grãos e proteínas para atender o mundo. Para o Brasil, a OMC permanece como alicerce central do sistema multilateral de comércio. O país está pronto para colaborar com Ngozi ao prezar por resultados realistas e ambiciosos, especialmente em agricultura para os próximos anos. Mas como chegar lá produzindo cada vez mais, porém prezando pela sustentabilidade? A resposta não é tão simples, mas podemos encontrá-la observando toda a cadeia do agronegócio. Não devemos olhar apenas o campo e os sucessivos aumentos de produção, temos que visualizar o macro. Segundo a FAO, 33% de tudo o que é produzido no mundo acaba no lixo, e 50% desse descarte acontece durante a logística. O aumento de alimentos disponíveis no mundo passa por infraestrutura, logística, tecnologia, industrialização, educação da mão de obra, etc... Para evitar que a fome seja um problema mundial que atingirá quase todos os países no fim desta década, o governo brasileiro precisa encontrar soluções que contemplem toda a cadeia de produção, incluindo gargalos ligados à exportação. Uma certeza, no entanto, é que a ciência e a inovação terão papel-chave para permitir que produtores agrícolas do nosso país alimentem o mundo com preços cada vez mais acessíveis, qualidade e segurança.

FOTO: ADOBESTOCK

Mas em um mundo globalizado e tão diferente, as coisas podem sair do controle. É o que está acontecendo com a Guerra na Ucrânia. A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Dra. Ngozi Okonjo-Iweala, ressaltou que a crise de alimentos, impulsionada pela guerra na Ucrânia, é real. Enfatizou também que é necessário pensar em soluções. “Se não acharmos soluções, os países pobres sofrerão", previu a representante da OMC, durante painel no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Diante desta realidade desafiadora, Ngozi realizou uma visita ao Brasil no mês de Abril. Em sua passagem, a Diretora da OMC ressaltou que seu desejo era de que o Brasil ampliasse a oferta de alimentos no mundo.

Em entrevista ao Valor Econômico, apontou que se o Brasil exportar adicionalmente alimentos, poderá ajudar a frear a espiral de alta dos preços globalmente, permitindo que os alimentos cheguem a mais pessoas ao redor do planeta. Além disso, enfatizou que

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INOVAÇÃO Por Filipe Antonio Dalla Costa e Antony Luenenberg

O BEM-ESTAR ANIMAL COMO

FERRAMENTA DE GESTÃO E PRODUTIVIDADE A FILIPE ANTONIO DALLA COSTA Médico veterinário, com mestrado e doutorado em Zootecnia. Líder de Bem-Estar Animal da MSD Saúde Animal.

ANTONY LUENENBERG Engenheiro Agrônomo e líder de Bem-Estar Animal da MSD Saúde Animal.

demanda crescente por fontes de proteínas, preservação dos ambientes entre outros desafios influenciam de forma direta na sustentabilidade do planeta e formas de criação animal. A saúde dos ambientes, das pessoas e dos animais estão intimamente ligadas e nos faz refletir sobre a importância do conceito de Bem-estar Único ou “One Health”. Entre as diversas áreas interdisciplinares deste conceito o bem-estar animal é de fundamental importância. Indivíduos estressados de forma aguda ou crônica reduzem significativamente a imunidade. Entender, traduzir e conectar indicadores de bem-estar animal em produtividade é um desafio na produção animal. Gerenciar esses indicadores de forma harmônica para os animais, o meio ambiente, e seres humanos dependem de efeitos quantitativos e qualitativos que validem o principal objetivo: a produção de alimentos. Conceitualmente, o bem-estar animal é traduzido pela forma como o animal reage aos desafios impostos. Um indivíduo em bom nível de bem-estar animal depende do equilíbrio entre cinco domínios (alimentação, saúde, ambiência, comportamento, o estado mental) que interagem de forma dinâmica e podem ser utiliza-

dos para gerenciamento da produtividade. Os resultados positivos dessas interações podem ser observados, por exemplo, quando realizamos uma aclimatação adequada no confinamento, fornecendo recursos de qualidade, sem disputa, estimulando interações positivas entre o manejador e os animais e uma boa ambiência. Essa simples ação permite reduzir significativamente o índice de mortalidade. A importância do tema não termina na propriedade. O manejo pré-abate realizado por equipes bem treinadas e conscientes dos efeitos de suas atitudes para o comportamento dos animais reduzem as chances de perdas com animais cansados em mais de 40 vezes e a ocorrência de hematomas em 63%. Estruturas bem planejadas reduzem as chances de perdas com mortalidade em mais de cinco vezes. A apanha das aves para embarque pode levar a prejuízos enormes com mortalidade e lesões. O estresse durante essa fase também

pode levar a prejuízos na qualidade de carne como carnes “pálidas, moles e exsudativas” ou “duras, secas e firmes”. A questão do bem-estar animal vai ao encontro dessas iniciativas e conversa diretamente com a produtividade. Identificar os indicadores dentro de cada domínio e entender como cada um deles afeta a produtividade auxilia a criar conexões positivas com os animais e manter a harmonia dos sistemas de produção.

IDENTIFICAR OS INDICADORES DENTRO DE CADA DOMÍNIO E ENTENDER COMO CADA UM DELES AFETA A PRODUTIVIDADE AUXILIA A CRIAR CONEXÕES POSITIVAS COM OS ANIMAIS E MANTER A HARMONIA DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO.

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EVENTOS

FUTURO, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA NO 1º CONGRESSO CATARINENSE DE SEMENTES O evento acontecerá nos dias 02 e 03 de agosto, em Xanxerê (SC).

Daniel Gustavo Junges Presidente do 1º Congresso Catarinense de Sementes ; Marcieli Maccari - Vice-presidente do 1º Congresso Catarinense de Sementes e José Vogel, anfitrião do evento

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classificação de sementes por Inteligência Produtores de Sementes e Mudas do Artificial – IA”, com Leandro Daniel Cobacho Estado de Santa Catarina (Aprosesc), que é Engenheiro Agrônomo e técnico eleAssociação de Sementeiros de Abelardo Luz (Aprosal) e Unoesc Xanxerê, com o trônico da ZoomAgri. Outros temas que também serão discuPatrocínio Diamante da Corteva Agristidos durante o Congresso são: risco clicience, FMC, Plataforma Intacta2 Xtend, mático e seguro agrícola, sanidade vegeConselho Regional de Engenharia e Agrotal, rastreabilidade, qualidade de nomia de Santa Catarina – CREA-SC, sementes, comercialização de sementes BASF e Bortoluzzi Sementes. de soja por número, biotecnologia e meO patrocínio Ouro é da Bess Sementes, lhoramento genético. Rafitec/Propex e BioGrow. Como cota prata, patrocinam o evento Agrotis, MúO evento é direcionado para consultores, pesquisadores, prestatua, Grupo ABL, Lunardi Sedores de serviços, produtores mentes e Sementes Coperde sementes, cooperativiscampos. A organização do tas e indústrias que teCongresso é da 2W nham interesse em debaEventos, com o apoio da As inscrições para o ter e informar-se sobre Cidasc e Epagri. evento podem ser feitas os avanços tecnológicos, O Congresso aconteatravés do site: aplicações e novos rumos ce no Centro de Eventos congressodesementes. das pesquisas na área de Casa do Chef, localizado com.br. sementes. na Avenida Brasil, 2017, A realização do Conno bairro Frederico Ferrogresso é da Associação dos natto, em Xanxerê.

INSCRIÇÕES

FOTO: DIVULGAÇÃO

E

scolhida por sua localização estratégica e produção que é referência em nível nacional, Xanxerê sedia o 1º Congresso Catarinense de Sementes. O evento reunirá as maiores autoridades em sementes do país. No formato presencial, apresentará palestras e sessões pôster com trabalhos científicos, além de um showroom tecnológico que reunirá as grandes marcas e instituições do setor. Presença confirmada, a coordenadora de Sementes e Mudas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Virgínia Carpi abordará o tema “Atualizações na Legislação de Sementes”. Maria de Fátima Zorato também é um dos destaques do evento. Com mais de 40 anos de experiência em gestão e pesquisa em sementes, é extremamente requisitada pelas grandes empresas do país. A palestrante falará sobre o assunto “Vigor das Sementes”. Os congressistas também acompanharão a palestra internacional, “Solução, análise e


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MARKETING Por Rodrigo Capella

QUAL O SEU PROPÓSITO? A

RODRIGO CAPELLA Diretor Geral da Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio.

Com artigos e livros sobre agronegócio publicados no Brasil e no exterior, Capella é palestrante e influenciador digital do agronegócio. Também é editor do site Marketing no Agronegócio (www.marketingnoagronegocio.com.br) e do site Agro no Varejo (www.agronovarejo.com.br). Email: capella@acaoestrategica.com.br Instagram: @capella.rodrigo

migos e Amigas do agronegócio, tive a oportunidade de participar, recentemente, do Seminário Nacional da Cebola, onde ministrei a palestra "Varejo e Tendências de Mercado / Turbinando suas vendas". Por todo lado, presenciei a união dos produtores rurais. Com muita energia e alegria, agricultores de várias cidades trocavam experiências, buscavam novas tecnologias e intensificavam os contatos, com o objetivo de melhorar a produção. Gestores do campo (é assim que gosto de chamar os amigos produtores rurais) de várias cidades estavam alí, interessados em como poderiam ampliar as vendas para o varejo e serem, cada vez mais, protagonistas dos supermercados. Em determinado momento de minha palestra, fiz o seguinte questionamento, que julguei ser importante: "Qual o propósito de vocês?". Horas depois, ao conversar com os gestores, saberia que minha pergunta tinha sido marcante. Talvez pela complexidade dela, talvez pela abrangência. Afinal, o propósito de um gestor do campo não está associado ao plantar e ao colher.

Mas, sim, ao porque ele está na terra plantando e colhendo. O propósito nos move, nos guia, nos conduz para dia a dia acordarmos cedo. O meu propósito é fortalecer e valorizar o nosso agronegócio. E qual é o seu propósito? Por que você acorda cedo? Tenho várias iniciativas para fortalecer o nosso agro, como o projeto Alertas do Agronegócio (que leva demandas de produtores rurais para o Executivo e o Legislativo), o site Marketing no Agronegócio (que publica dicas para empresas e produtores intensificarem o marketing) e o site Agro no Varejo (com orientações para os produtores venderem mais para os varejistas). Em outra parte da palestra, ampliei o questionamento: "Qual o propósito da sua empresa?". Lembrei que o propósito da empresa e o propósito dos gestores precisam caminhar juntos, em total harmonia. Caso contrário, não farão o menor sentido. Uma venda sem propósito não é uma venda natural, uma venda concreta. Então, para vender mais para o varejo, comece destacando o seu propósito na comunicação e no marketing do seu produto. Esse é o primeiro ponto. Esse é o ponto-chave!

O PROPÓSITO NOS MOVE, NOS GUIA, NOS CONDUZ PARA DIA A DIA ACORDARMOS CEDO. O MEU PROPÓSITO É FORTALECER E VALORIZAR O NOSSO AGRONEGÓCIO. E QUAL É O SEU PROPÓSITO? POR QUE VOCÊ ACORDA CEDO?

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ºƓǼ Ɵƣnjȴƣ ȋȡƣ ſ ƘǼǴȉǦƣȴnjƟſƟƣ Ɵſ As árvores contam histórias. As que possuem as ǦƣƽnjȐǦſƛƓǼ ƗȌſȐnjǦƣnjȌſ ƘȡȐȗƣ ſ raízes mais profundas, são mais resistentes às ȗȌſǵȋȡnjǦnjƟſƟƣ ƣ ſ ȐȡȐȗƣǵȗſƗnjǦnjƟſƟƣ ƟǼ intempéries, pois retiram suas energias das Ȑƣȡ ǵƣƽǽƘnjǼί melhores fontes que se encontram nos lugares ǼǴ ſ .ǼǴƣΪ ȭǼƘƫ ȗƣǴ ȐƣƽȡȌſǵƛſ mais remotos.

ȉſȌſ ƽſȌſǵȗnjȌ ȋȡƣ ƣȐȗƁ ȉſƽſǵƟǼ ǼȐ ȗȌnjƗȡȗǼȐ ƘǼȌȌƣȗǼȐ ƣ ƟſƟǼȐ ƘǼǵƘȌƣȗǼȐ AȉſȌſ ȗǼǴſȌ ƟƣƘnjȐȆƣȐ ȌƁȉnjƟſȐ ƣ nossa completou 25 anos em março de 2022. ƣȐȗȌſȗƥƽnjƘſȐί Hoje, vemos a Dome como uma árvore de tronco forte, raízes profundas e com frutos que colhemos àſȌſ ƣǴȉȌƣȐſȐ ȢǵnjƘſȐΪ ȐǼǦȡƛȆƣȐ ȉƣȌȐǼǵſǦnjȻſƟſȐά junto de nossos clientes.

ǵǼȐȐſ ƘǼǵȐȡǦȗǼȌnjſ ƥ ƣȐȉƣƘnjſǦnjȻſƟſ ƣ Ȑƣ ſƟſȉȗſ ſȐ ǵƣƘƣȐȐnjƟſƟƣȐ ƟǼ Ȑƣȡ ǵƣƽǽƘnjǼΪ ǴƣǦljǼȌſǵƟǼ ȌƣȐȡǦȗſƟǼȐΪ ƻſƘnjǦnjȗſǵƟǼ ȉȌǼƘƣȐȐǼȐ ƣ ȗǼȌǵſǵƟǼ Ǽ Ɵnjſ ſ Ɵnjſ ƟſȐ ǼȌƽſǵnjȻſƛȆƣȐ ǴſnjȐ ȐnjǴȉǦƣȐί 2VFS TBCFS NBJT &TDBOFJF P 23 $PEF F DPOIFÎB P OPTTP TJUF F SFEFT TPDJBJT

Consultoria, Contabilidade e Tributos.

ƘǼǵȐȡǦȗǼȌnjſΪ ƘǼǵȗſƗnjǦnjƟſƟƣ ƣ ȗȌnjƗȡȗǼȐ

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Chapecó: 49 3905.3650 Campinas: 19 3578.1160 76 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2022


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