Tangerine #4 (Capa 2)

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JANEIRO . 2016

ISBN: 978-85-98387-30-7


Expediente Conselho Editorial Bernadete Teixeira Joana Alves Rita Ribeiro Silvestre Rondon Curvo Orientação do Projeto Gráfico Joana Alves Organizadores Roxane Sidney R. de Mendonça Rogério de Souza Projeto Gráfico e Diagramação Marina Campos Takeishi Desenvolvimento da Marca Mariana Rena Priscila Lie Sasaki Revisão de Texto André Borges Meyerewicz Coordenação do Centro de Estudos em Design da Imagem Rosemary Portugal Apoio Laboratório de Design Gráfico - Escola de Design/UEMG Realização Núcleo de Design e Fotografia- Escola de Design/UEMG Editora Emcomum Estúdio Livre LTDA

EDITORIAL texto: Roxane Sidney

Como nas edições anteriores não definimos uma temática específica para nossa publicação. A proposta do Núcleo de Design e Fotografia (NUDEF) da Escola de Design (ED) da UEMG é promover a experimentação fotográfica, por isso nada mais coerente do que deixar o tema livre para que os fotógrafos desenvolvam trabalhos que mais lhe tocam e instigam. No entanto, em cada edição, ao olharmos para o conjunto dos ensaios, conseguimos, ainda não sabemos se por coincidência ou convergência de pensamentos do momento, enxergar eixos temáticos que permeiam a nossa publicação. Sem dúvida, o eixo principal da Tangerine #4 é o “Corpo e sua representação”. Percebemos nessa edição, jovens fotógrafos em busca de se auto(re)conhecer, tendo a fotografia como linguagem, uma representação dos seus sentimentos, gestos e expressões. O ensaio fotográfico expande para além do resultado visual, é uma descoberta pessoal e íntima daquilo que emana do ser. Nesse eixo se enquadram os ensaios “Luz e Sombra”, “Coletivo Zona”, “Coletivo Cinzas”, “Pós-fotografia”, “Natureza e Morte” e “Oficinas, cada qual, uma faceta diferente da representação do corpo. “Luz e Sombra” e “Coletivo Zona” foram para nós os ensaios que mais a fundo mergulharam nessa proposta. Por isso, dedicamos, extraordinariamente, a esses dois trabalhos a capa da edição #4. Isso mesmo! A Tangerine #4 tem duas capas e lindas por sinal!

ISBN: 978-85-98387-30-7 3.


“Luz e Sombra” é a expressão da individualidade, revela o sentimento de tristeza profunda e a dualidade do ser ao vivenciar a dor que lhe aprisiona e a consciência que o liberta. A luz e a sombra desse ensaio são a metáfora do ser em conflito. “Coletivo Zona”, ao contrário, é a vontade de se encontrar na diversidade. São 15 mulheres reunidas em um coletivo com o objetivo fazer arte ao expressar suas múltiplas “personalidades, peculiaridades, semelhanças, encaixes”. É o ser em contato com outros seres e o corpo em evidência. “Coletivo Cinzas” busca explorar “novas maneiras de se olhar, pensar e fazer arte”. No ensaio experimentou-se a presença do corpo em um cenário não convencional. Em meio ao verde da natureza, um corpo feminino e outro masculino, nus e pintados de vermelho, exploram as relações estabelecidas entre os corpos e o ambiente que os cerca. Em “Pós-fotografia”, reunimos dois ensaios “Fases” e “Broods” que, a partir de temas diferentes, utilizaram a colagem digital no tratamento da fotografia no intuito de reforçar expressões e sentimentos na imagem produzida. Nos dois ensaios, o foco principal foi a foto retrato, em que o rosto fotografado se metamorfoseia de acordo com aquilo que se quer representar e ver. “Natureza e Morte” foi outra abordagem para a representação facial. Com referência nos contos de Oscar Wilde, “o ensaio traz a proximidade com a natureza e a obsessão com a morte, próprias da era vitoriana”. Por se tratar de uma campanha de Dia dos Namorados para marca de maquiagem, a expressão facial do casal foi reforçada por uma maquiagem marcante nos mesmos tons que o figurino e vegetação. “Oficinas” é a matéria da Tangerine na qual relatamos sobre a experiência do NUDEF com o projeto de extensão que visa compartilhar conhecimento e experiências em fotografia com a comunidade externa à Escola de Design. Em 2015, o tema trabalhado nas duas oficinas ofertadas a públicos diferentes, adolescente da SUASE e participantes da 4º Semana UEMG, foi “autorrepresentação”. Em ambas as experiências o resultado foi surpreendente, evidenciando o potencial do corpo, quase sempre sem a identificação do rosto,

como um forte instrumento de representação de um sentimento e luta pelo reconhecimento de seu ser como integrante da sociedade. Outro eixo temático que se configurou nessa edição foi a “Atenção do olhar”. Fotógrafos atentos trazem para a fotografia seu encanto nos detalhes, naquilo que está presente em nosso cotidiano e que raramente paramos para obervar. Foram apenas três ensaios nessa temática, “Mobgrafias”, “Reflexos” e “Restos”, mas o suficiente para nos mostrar a riqueza de formas, cores, texturas que existem nos restos, reflexos, sombras e detalhes de objetos, animais e pessoas. “Mobgrafias” apresenta apenas uma pequena amostra do acervo de fotografias com celular do talentoso aluno de design gráfico da ED, Gustavo Barbosa. Seu trabalho é um primor de composição, oferecendo ao assunto fotografado expressividade ímpar. Objetos, pessoas e animais comuns ganham uma presença incomum em suas fotografias. Convidamos a todos conhecer mais o trabalho desse jovem fotógrafo em www.instagram.com/gustavo_barsilva. Gustavo já expôs mobgrafias no Teatro Sesiminas, no MIS-SP e foi um dos 14 instagrammers convidados para participar do #emptyinhotim. “Reflexos” e “Restos” são dois ensaios que despertam o nosso olhar pela expressividade daquilo está presente em nosso cotidiano que, pelo enquadramento da fotografia, se tornam imagens instigantes. “Reflexos” mostra o encanto pelas formas que obtemos na imagem refletida, principalmente em poças d’água. Já “Restos” são “registros de traços, rastros, sobras, rompimentos [...] nuances que se difundem, deslizam pelo espaço”. Felizes por mais uma edição de Tangerine finalizada, comemoramos a qualidade dos trabalhos que integram a edição #4, um projeto gratificante para todos da equipe NUDEF, professores e alunos. Agradecemos ao Centro que nos acolhe, Centro de Estudos em Design da Imagem, e ao apoio do Laboratório de Design Gráfico da ED pela orientação no projeto gráfico da revista feito pela aluna do 8º período de Design Gráfico, Marina Takeishi. Marina é a integrante mais antiga do NUDEF que passou grande parte do seu curso desenvolvendo um belo trabalho em fotografia e participando como voluntária e também bolsista em nossos projetos de extensão e que agora está se formando! Nosso muito obrigado! E fotografia é assim! Une pessoas, expressa sentimentos, revela o que está presente no mundo, embora latente, a espera de um olhar atento! Degustem Tangerine #4!


ÍNDICE .66

COLETIVO DE CINZAS

08. COLETIVO ZONA 30. LUZ E SOMBRA

44. PÓS-FOTOGRAFIA 56. REFLEXOS

MOBGRAPHIAS RESTOS NATUREZA E MORTE

.76

.96

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OFICINAS

.114

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CORPO

.128

7.


COLETIVO

ZONA


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zona /ô/ nome feminino 1. espaço de terreno destinado a determinadas culturas ou produções; 2. qualquer parte característica do corpo humano; 3. fazer zona Brasil armar confusão, promover a desordem; 4. No sentido de zona de meretrício, tem origem no hebraico ZONÁ ( = prostituta), decorrendo desta analogia toda e qualquer definição com o intuito de referência a bagunça, cabaré, bordel. Encontro de 15 mulheres para produzir arte. Múltiplas personalidades, peculiaridades, semelhanças e encaixes.

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Este foi o resultado de um projeto de 6 meses que iniciou desde a formação do coletivo. Um trabalho de saída da zona de conforto e redescobrimento da identidade individual e coletiva através da produção artística. Mulheres que se desconheciam e se despiram de dogmas para conhecer. Experimentos com o próprio corpo, instalações e pinturas com o sangue menstrual envolveram a exposição em que estas séries fotográficas foram expostas para significar o inicio desta integração e produção.

” 27.


Coletivo Zona: Anis Zoberi, Anna Anastasia, Fernanda Salgado, Giulia Puntel, Isabel Chaves, JĂşlia Filgueiras, Laura BelisĂĄrio, Lourdes Zanon, Luiza Hermeto, Manoela Mendes, Maria Clara Chein, Maria Navarro, Maria Laura Moreira, Maria Vaz.

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LUZ E SOMBRA texto e fotos: Marina Takeishi

O ensaio tem o objetivo de mostrar o sentimento de tristeza profunda, mas consciente e também a libertação que a consciência traz. Retrata a dualidade da luz como metáfora da dualidade do ser, que se encontra e se desencontra em aspectos convergentes e contrastantes de iluminação e tristeza, liberdade e aprisionamento, dor e amor. A escolha de várias luzinhas envoltas no corpo ocorreu para representar essa relação dual, assim como o uso das velas com fogo. Apesar da palavra luz trazer o significado de vida, iluminação espiritual, ideia, brilho e criatividade, o ambiente é escuro, triste e sombrio. As luzes iluminam o corpo, mas estão amarrando e prendendo esse corpo que quer a fuga. Da mesma forma, o fogo também ilumina, mas arde, machuca e queima. O que traz a paz e ilumina a escuridão, amarra, enrosca, queima e prende, porém ao mesmo tempo emancipa.

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Marina Takeishi Graduanda em Design Gráfico pela Universidade do Estado de Minas Gerais. Fotógrafa por paixão, vê na fotografia uma maneira de transparecer sentimentos e dividir poesias. Já teve fotografias expostas no Teatro Sesiminas (Centro de Cultura Nansen Araujo), na Faculdade de Direito da UFMG (Mostra de Fotografia Lado B(H)) e no Festival de Fotografia de Tiradentes (Foto em Pauta).

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PÓS-FOTOGRAFIA texto: Rogério de Souza

No ano de 1994, o autor William J. Mitchell usou o termo “pósfotografia” ao referir-se à recém surgida imagem eletrônica. Para Mitchell, os conceitos sobre a fotografia, tal como a conhecíamos, deveriam ser revistos já que a imagem digitalmente produzida, perdera sua materialidade transformado-se em um código binário. Outro importante ponto observado, tanto por Mitchell quanto por aqueles que o sucederam, foi que a fotografia digital era facilmente manipulável. A era pós-fotográfica quebraria então com qualquer compromisso com o registro do real e abriria-se às possibilidades de interferência na imagem, segundo a vontade do autor da obra fotográfica. A criação na imagem digital, não encontra mais limites no aparelho ou no suporte fotográfico. Uma vez que a criatividade é ilimitada, tudo é possível no universo pós-fotográfico

45.


FASES texto e fotos: Sofia Coeli

Decidir fotografar a si próprio, a famosa foto selfie, indaga sempre quando sai do convencional. Ás vezes se representar em uma fotografia parece complexo demais, mesmo que uma imagem valha mais do que mil palavras. “Fases” foi um projeto acadêmico realizado durante um momento chave: intercâmbio cultural, uma fase nova na transição da adolescência para a vida adulta. Com intervenções em colagens digitais, em cada foto é possível ver aquilo que se vê no espelho diariamente: vaidade, introspecção, sonhos, liberdade e até embriaguez. A colagem é o que vem de fora, o que colore e o que muda todo o contexto dessa fase transitória.

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Sofia Coeli Estudante de design gráfico na UEMG, sou apaixonada por fotografia. Já fiz parte do NUDEF, o que me deu muito incentivo a não parar de fotografar e a explorar melhor meu intercâmbio. Não fico muito tempo parada então além de trabalhar e estudar estou sempre animada para passeios fotográficos e outros projetos.

51.


BROODS texto e fotos: Jean Lucas de Souza

O Ensaio tem sua inspiração no álbum da banda duo BROODS. As fotos seguem uma sequência que tem como objetivo transpassar diversos sentimentos humanos usando o rosto de animais. Apesar do simbolismo e conceito, o ensaio busca também a liberdade de interpretações por meio de quem vê.

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Jean Lucas de Souza. Mineiro de Montes Claros, criado em Sete Lagoas. Criança de 22 anos e estudante de Publicidade e Propaganda no Centro Universitário UNA de Belo Horizonte. Curioso, bem humorado e dramático assumido, tudo ao mesmo tempo. Assiste cinco seriados por dia, vê dois filmes por semana, lê um livro por mês, trabalha bastante e quase sempre está usando seu fone de ouvidos. Deseja ser um comunicólogo bem sucedido, fotógrafo, e amado. Gosta e se encanta pelo que é simples e natural.

55.


REFLEXOS texto e fotos: Polyanna Moreira

É interessante como alguns elementos, ricos de beleza e oportunidade, podem cair no nosso cotidiano sem percebermos. Eu passava todo dia pelo mesmo caminho, frequentava o mesmo ambiente toda semana e nunca havia percebido as riquezas que existiam em volta de mim. Lembro que a ideia do projeto veio quando, após passar o dia andando pela faculdade procurando por inspiração, eu deitei no chão cansada e olhei para janelas do ginásio que me encontrava. A forma que o corrimão da escada refletia no piso, com a ajuda da luz natural, me intrigou. Naquela época estava procurando um tema para o trabalho final de fotografia, e aquela imagem era exatamente o que eu precisava. E assim comecei a minha caça por reflexos. Procurei lagos e rios, mas o que realmente me foram úteis foram as poças d’agua pós chuvas. Algumas muito pequenas, outras bem grandes, mas ainda sim um elemento que me proporcionou uma experiência tão rica que normalmente é um problema no nosso dia a dia. E é isso que tento mostrar nesse ensaio fotográfico. Que não se precisa ir longe para descobrir que existem coisas que podem nos encantar tão perto. Mostrar que através diferentes pontos de vista, você pode representar o comum de uma forma inovadora. A lente de uma câmera pode inspirar e nos ajudar a enxergar tudo com novos olhos. Nos ajudar a descobrir ou criar mundos e significados que toquem e sejam inspiração para outras pessoas.

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Polyanna de Paula Moreira Tenho 21 anos e sou estudante de Design de Produto na Universidade do Estado de Minas Gerais. Esse projeto foi realizado no meu mais recente intercâmbio, onde morei por 1 ano na cidade de Rochester nos Estados Unidos e estudei na faculdade de Rochester Institute of Technology atravÊs do Ciências sem Fronteiras.

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COLETIVO DE CINZAS 67.


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O Coletivo de Cinzas surge em 2013, através do encontro entre Flaviana Lasan, Giovany de Oliveira, Panmella Ribeiro e Thiago Alvim, artistas que decidiram afluir juntos em um trabalho híbrido e com várias possibilidades de se produzir artisticamente, tanto de maneira efêmera quanto de maneira perdurante, utilizando-se da fotografia como linguagem principal desta obra. Algo que se desdobra da pura experimentação para pesquisa, registros visual e performance, provocando novas maneiras de se olhar, pensar e fazer arte. Um dos focos de investigação, deste trabalho especifico, pergunta como o corpo pode se metamorfosear em espaços não convencionais, propondo uma linguagem visual instigante que produza sentidos, onde artistas cênicos contracenam e captam-se fragmentos artísticos de um acontecimento efêmero. A partir da ideia de conspirar sobre as relações do corpo humano com a natureza, nasce o vermelho como cor principal para os corpos, cria-se o contraste com o verde natural do próprio espaço escolhido e se expõe formas próprias de corpos genuinamente parecidos, porém opostos. Assim como, a natureza humana se contrasta e se iguala ao mesmo tempo em que, o ser humano como epicentro, torna-se objeto a ser captado pelas lentes através de formas, texturas, luzes, sombras, cores, corpos em inspirações se identificam em Tecendo o instante, obra que traz o espaço e o corpo como uma indagação capaz de se transformar em imagem.

Idealização: Panmella Oliveira, Thiago Alvim Fotos: Panmella Oliveira, Thiago Alvim Modelos: Flaviana Lasan, Giovany de Oliveira Produção: Flaviana Lasan

75.


MOBGRAPHIAS texto e fotos: Gustavo Barbosa

Fotografar com celular oferece certa mobilidade por este ser um equipamento discreto comparado às câmeras fotográficas, o que é bastante útil quando a ideia da foto surge e você precisa fazer a captura de forma rápida. Por outro lado, fotografar com celular é tecnicamente limitador, pois não se tem muito controle dos ajustes manuais. No meu exercício fotográfico saio em busca do não visto ou do já visto, mas que procuro ver e mostrar de outra forma. Apresento nas fotos recortes de cenas, pessoas, situações, do meu dia a dia e que de certa forma despertam minha atenção. Todas as fotos apresentadas foram feitas e editadas com celular. O formato quadrado é característico do Instagram e todas essas fotos dentre outras estão publicadas em www.instagram.com/gustavo_barsilva.

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Gustavo Barbosa da Silva. 19 anos. Graduando em Design GrĂĄfico na Escola de Design da UEMG e participante do grupo de estudos de fotografia e atividades do NUDEF em 2015. Desenvolve, principalmente, estudos dentro da fotografia mobile. JĂĄ expĂ´s fotografias no Teatro Sesiminas (Centro de Cultura Nansen Araujo, no MIS-SP, e foi um dos 14 instagrammers convidados para participar do #emptyinhotim.

95.


RESTOS texto e fotos: Luísa Greco

Registros de traços, rastros, sobras, rompimentos, coisas que não estão em evidência em nosso cotidiano; são nuances que se difundem, deslizam pelo espaço.

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99.


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103.


Luísa Greco. Sou estudante de arquitetura e urbanismo e o meu interesse por fotografia acabou se misturando com isso - não necessariamente relacionando-se ao edifício, mas às marcas que são reveladas no dia a dia das cidades, os vestígios.

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NATUREZA E MORTE Campanha de Dia dos Namorados para marca de maquiagem desenvolvida em disciplina acadêmica. Teve como referência os contos de Oscar Wilde e a temática da morte. Bem como as narrativas, o ensaio traz a proximidade com a natureza e a obsessão pela morte, próprias da era vitoriana. Os signos da cênica e principalmente da beleza foram encadeados para revelar a tensão e a volatilidade do amor retratado. Já a maquiagem reproduz uma palidez contraposta à alegoria das cores, surgindo como um elo, não somente entre a temática vitoriana e o tempo presente, como entre os amantes

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111.


Somos estudantes do 6º período de Publicidade e Propaganda da UFMG. O ensaio foi desenvolvido na disciplina Análises Semióticas em Publicidade e Propaganda, ministrada pelo professor Carlos Mendonça. Fotografia: Carlos Henrique Soares Direção de Arte: Túlio Pagnan Maquiagem: Isadora Barcelos Modelos: Isadora Barcelos e Túlio Pagnan Produção: Isabel Alves, Renan Araújo e Roberta Correa

113.


PROJETO DE EXTENSÃO:

OFICINAS texto: Marina Takeishi

115.


Nesse ano de 2015 foram ofertadas duas oficinas de fotografia sob o tema “autorrepresentação”, através do projeto de extensão do Núcleo de Design e Fotografia (NUDEF). A primeira, “autoexpressão e fotografia”, ocorreu em parceria com a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (SUASE), com oito adolescentes em casas de semiliberdade. As bolsistas Marina Takeishi e Fernanda Salgado e os voluntários Matheus Sá Motta e Lucas D’Ascenção ministraram esse encontro, com o objetivo de despertar o olhar sobre si por meio de práticas fotográficas e retratos. O curso resultou em uma exposição no hall da ED, contribuindo para a autoafirmação dos adolescentes e a divulgação da qualidade do trabalho.

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121.


(Re)conhecimento pela fotografia foi a segunda oficina, que aconteceu na 4° Semana UEMG. Foram abordados temas sobre a representação do corpo feminino na fotografia artística e publicitária. Essa discussão se desdobrou em práticas no estúdio, nas quais as alunas procuraram reencontrar a sua imagem através do autorretrato. O curso foi ofertado pelos alunos: Marina Takeishi, Fernanda Salgado, Matheus Sá Motta e Gustavo Barbosa.

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CONSIDERAÇÕES

SOBRE O CORPO

texto e foto: Rogério de Souza

O corpo é nosso atestado de presença no mundo. Por meio dele os desejos se tornam ações e por isso mesmo, ele é o alvo de atenções e críticas, mas é também objeto de contemplação. Na fotografia, o corpo foi um dos primeiros grandes temas. Talvez o grande problema nos primórdios da imagem técnica tenha sido conseguir um meio para imobilizá-lo. O corpo por natureza busca o movimento. Seguindo a tradição da pintura, o corpo se mostrou pela primeira vez na forma de retrato. Também seguindo esta linhagem, ao final do século XIX, ele se mostra como um tipo de fotografia que pretende ser pintura. Foi vítima da crítica que olhava com desconfiança a exposição tão realista daqueles corpos das fotografias alegóricas de Oscar Rejlander: O gosto tradicional os viu como obscenos. Tratar o corpo como uma superfície, um suporte para a representação artística vai além da mera exposição gratuita. A mensagem contida numa fotografia pode transcender o ato provocador de um aguçar de desejos, podendo ainda, evocar reflexões.

as belas e sempre perturbadoras fotografias de Joel Peter Witkins ou nas imagens quase esculturais de Bill Brandt. São desses entre tantos outros autores a que me refiro. Foram eles os responsáveis por abrir o caminho para a desmitificação do corpo como sendo detentores de uma herança pecaminosa e condenados a uma espécie clausura.

São para autores de talento audacioso que chamo a atenção aqui: para as representações que destituem o “Eu” em função da afirmação da personagem que ocupa o lugar da autora, como é o caso dos autorretratos de Cindy sherman; a subversão da imagem fotográfica nas distorções de André Kertész; a ousadia provocativa de Jan Saudek; as politicamente incorretas e cada vez mais proibidas imagens de Irina Ionesco;

O corpo convida ao desvelamento, a ser mostrado como uma verdade subjetiva, mas talvez esse mostrar-se nunca se dê por completo aos corpos retratados. Quanto ao autor, este talvez se sujeite a um desvelar tanto ou maior do que o do modelo fotografado. Numa obra fotográfica, é tarefa nebulosa afirmar ao certo quem mais se expõe, se os corpos impressos em imagens que se permitem aos olhares ou se aqueles cuja mente criadora os produziu.

129.



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