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Não terceirizem a responsabilidade!
Um dos assuntos mais lidos atualmente é sobre Inteligência Artificial Generativa (GenAI). Para que fiquemos todos na mesma página, a GenAI difere da IA tradicional por aprender, e gerar soluções de forma automática, a partir de dados existentes. Ou seja, pode criar um conteúdo “original”.
Destaco o original não por desdém ou desmerecimento, afinal foram milhares de horas de estudos e testes, investimentos milionários e um sem-número de neurônios envolvidos na elaboração e desenvolvimento da GenAI.
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O que tento trazer à tona é o uso deturpado dessa poderosa tecnologia. Talvez, decorrente da forma como as Big Techs disponibilizaram essa tecnologia para a sociedade, buscando, como sempre, destaque, lucro e poder, em um mundo altamente competitivo.
Mas nós, humanos, somos os maiores responsáveis por esse desvio de finalidade, quando buscamos o poder da GenAI para criar algo em que possamos colocar nossa digital. Algo para chamarmos de nosso. Seja o que ela produz, seja o que ela pode modificar.
Daí que digo que nós somos os responsáveis. Basta observar que quem esteve por trás dessa transformação de finalidade foi o homem.
Somos capazes de criações extraordinárias, em tempos cada vez menores. Mas, em contrapartida, não conseguimos evoluir nossa humanidade de forma compatível com as tecnologias e máquinas que criamos.
Não andamos um centímetro à frente, no quesito equilíbrio emocional. Não fomos capazes de trabalhar nosso autoconhecimento e nosso autocontrole, tão necessários nesse mundo de disputas acirradas, repleto de possibilidades de destruição apenas a um clique de distância.
qualidade, ajuda a evitar o desperdício. ”
Claro que há muitas outras formas de uso deturpado, mas podemos nos focar nesse por envolver diversos aspectos que vão da subtração dos direitos intelectuais e autorais, até profundas questões éticas e filosóficas.
Não devemos terceirizar a culpa. Não devemos culpar a tecnologia. Ela é fantástica em todos os sentidos. Ajuda a salvar vidas, melhora a produtividade, nos entrega produtos e serviços com maior qualidade, ajuda a evitar o desperdício. A lista de benefícios é gigante.
Mas, mais uma vez, o mundo se depara com uma tecnologia quem tem muito a fazer pela sociedade, mas, assim como aconteceu com o avião ou a energia nuclear, uma bifurcação no meio do caminho pode concentrar o poder nas mãos de alguns.
Destruição de vidas não apenas física, mas, também, mental e psicologicamente. Basta ver os diversos casos de “cancelamentos” e cyberbullying nas redes sociais.
Sabemos operar diversas tecnologias. Nos gabamos de poder utilizar a GenAI, para o bem ou para o mal. Mas somos incapazes de perceber que temos os mesmos problemas com valores, maturidade e humanidade que nossos ancestrais
Não nos evoluímos. Continuamos a ensinar como utilizar essas ferramentas de forma eficaz, mas não ensinamos como ser éticos, humanos e fraternos no seu uso.
Estamos falhando miseravelmente, mais uma vez, lá na formação básica, na construção de seres humanitários. Não devemos escantear o humanismo, mas sem atentar à coletividade, de que servirá tudo o que criamos?
* Wilson Coelho é especialista em Políticas públicas de Saúde pela UNB, e Informática em Saúde pelo IEP-HSL e professor-tutor na Faculdade Unyleya
