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Crônicas do Dia a Dia

Moro na roça, fazem uns dez anos.

Mudei para lá , depois que me aposentei.

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Sempre tive um pé na roça, ao contrário de um antigo político, que se gabava de “ ter um pé na cozinha”.

Nasci e cresci na roça, sou de formação Engenheiro Agronômo,produtor rural, trabalhei quarenta e dois anos na área, de forma que, essa volta às origens, foi vamos dizer, uma continuação dos meus afazeres.

Gosto e procuro preservar os animais, aves e tenho uma boa reserva legal de mato nativo.

Não consinto caçadas nos meus domínios.

Me sinto bem no meio deles.

Quando volto à cidade, faço -o somente por necessidade.

E, matuto sertanejo que sou, na primeira semana, costumo dormir pouco.

O barulho de uma moto, o ronco de um carro com o som ligado, os sons normais da cidade, me tiram o sono.

Fico à tardezinha , na calçada em frente à minha casa, em uma espreguiçadeira, observando o movimento e cumprimentando os conhecidos.

Moro em uma cidade pequena no interior do Goiás, que ainda permite esse luxo.

E um certo dia, observei a quantidade de pássaros que passavam em meu raio de visão.

Notei que estão aumentando, variedade e quantidade.

Na outra tarde, munido de caneta, agenda e relógio, resolvi anotar os avoantes.

No período das 17:00 até às 18:00 horas, passaram no meu Azimute as seguintes espécimes:

- 65 columbiformes ( rolinhas, pombas do bando, verdadeiras, asa branca);

- 20 pistacideos( araras, periquitos);

- 16 anuns pretos;

- 7 não identificados;

- 3 urubus;

- 1 espécime de sabiá, carcará, curicacão, e beija flor.

Foram 115 aves que consegui ver, durante uma hora, a maioria voltando para seus locais de dormida.

Ainda não tive o mesmo trabalho de observação na fazenda, mas achei o número bem acima do que vejo no dia a dia, na roça.

Talvez a falta de predadores ( só um , carcará e nenhum caçador), talvez a facilidade do alimento residual jogado pelos citadinhos, principalmente arroz, talvez a arborização, estão fazendo as aves procurarem a “segurança” das cidades, preferindo- a “ paz” da áreas rurais .

Antônio Conselheiro já dizia que as coisas iriam mudar, anos e anos atrás.

Será que ele estava certo?

* Engenheiro Agronômo ( UFGO/ 1979), Produtor rural. Divide o tempo entre Trindade (GO) e a Fazenda Garça Branca, Sertão de Irecê (BA). Avô de Cecília e Helena

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