1 minute read

A Medida do Amor

No budismo o amor está relacionado com o desejo de que o outro seja feliz. Na nossa contemporaneidade o desejo do outro ser feliz fica enterrado a sete palmos pela felicidade egoísta. É com uma fluidez vertiginosa como os relacionamentos se desfazem e se fazem, como se o que morreu (o amor) não merecesse um luto. Isso sem levar em consideração que felicidade em nossos dias é repetição de desenfreadas de emoções baratas. Em sua carta aos Coríntios o Apóstolo Paulo diz que o amor não se conduz inconvenientemente. Segue o apóstolo em sua maravilhosa epístola dizendo que o amor: tudo sofre, tudo espera, tudo suporta, e que o amor jamais acaba. Então me pergunto como se apresenta o amor para um jovem em nossos tempos. Vejo uma fragilidade sendo apresentada como força, impulsionada por trilhas sonoras de linguagem totalmente chula e de teor etílico. As relações interpessoais se trocam como se fossem descartáveis. Volto a definição de amor budista, como posso desejar a felicidade do outro se o trato como objeto? Quando se ama uma pessoa não se ama só o invólucro corporal, se ama a voz, o cheiro, o tato. Se ama de corpo e alma. Realmente o apóstolo e a definição budista estão corretos, o amor jamais pode acabar se desejarmos a felicidade do outro. Essa é a aliança que perpassa tudo, que atravessa oceanos, céus e terra. Nas palavras de Santo Agostinho: “A medida do amor é não ter medida”. Desejar a felicidade do outro além de não ter limite, acaba nos tornando também felizes.

Advertisement

Quando Lennon se encantou por Yoko ele compôs uma belíssima canção chamada Oh, My Love, na qual ele diz: “Oh, meu amor pela primeira vez na vida meus olhos veem”. É isso que o amor faz, ele nos abre os olhos. E quem nos abriu os olhos jamais será esquecido. Por onde estiver sempre lembraremos e desejaremos eternamente sua felicidade. A nobreza, o fino trato está fora de cogitação nessa yuga (termo hindu para era). Segundo o hinduísmo as eras se dividem na era do ouro, da prata, do bronze e do ferro. Como se vê a uma degradação de valores, o metal menos nobre é o ferro, essa seria a era em que estamos inseridos. Um tempo onde a árvore dos valores esta invertida. A mediocridade dita as regras, a violência predomina e os homens são descortês.

Paulo inicia sua carta dizendo que nos mostraria um caminho (o amor) sobremodo excelente e a encerra dizendo que o amor é maior que a esperança e a fé. Sim, o amor ágape. O amor que entrega tudo. O amor que tanto se dá e nunca se esvazia. É como deitar uma gota de água que está em nossas mãos no oceano é a única forma de preservá-la para sempre.

This article is from: