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Mais do que Apenas uma Tecnologia

Fala-se muito sobre os avanços que a tecnologia tem trazido para a produção, para o acúmulo de capital e para a alavancagem do país no cenário internacional. Muito dinheiro e esforços estão sendo investidos nessa estratégia.

Mas é urgente que se destine parte desse empenho para construir estratégias que foquem, não só, mas, principalmente, naqueles menos favorecidos dentro dessa sociedade segmentada entre os que estão inseridos no “núcleo” e os que habitam a “periferia do sistema”.

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Decerto que produzir mais e melhor, com menos desperdício e dispêndio é benéfico para todos. Mas essa modernização está presente em toda a cadeia produtiva? Sim e não.

Sim, está presente naqueles produtos e serviços que abastecem as necessidades daqueles que estão no núcleo do sistema. E não, não a vemos, especialmente, nos serviços básicos ofertados àqueles que se encontram no sistema periférico.

Algo como “pobreza para os pobres” é o que sentimos ao ver a qualidade dos serviços oferecidos aos “periféricos”. Essa distinção acirra, mais e mais, as crises do mundo dito moderno, que vão da ética à economia, trafegando pela política, pela fome e saúde.

de publicidade que premia as melhores campanhas publicitárias de diversos países, onde o Brasil abocanhou 25 Leões. Um dos Leões de Ouro conseguidos pelo Brasil foi para uma campanha que uniu propaganda e tecnologia, abrangendo todo o “sistema”.

A campanha batizada de “Abrigo Amigo” nos mostra como uma bem pensada estratégia pode ser positivamente impactante na vida daqueles mais vulneráveis, sem deixar de lado o lucro almejado pelos habitantes do “núcleo”.

“Mas como fortalecer esse engajamento se o “núcleo” dá as costas aos movimentos que buscam fazer crescer esse sentimento de pertencimento? Por que somente os “periféricos” ou aqueles em situação de maior vulnerabilidade devem trabalhar pelo seu engajamento e empoderamento?”

Percebe-se um tratamento superficial aos problemas enfrentados todos os dias pelos mais vulneráveis, apesar dos diversos discursos que focam no engajamento e no empoderamento social.

Mas como fortalecer esse engajamento se o “núcleo” dá as costas aos movimentos que buscam fazer crescer esse sentimento de pertencimento? Por que somente os “periféricos” ou aqueles em situação de maior vulnerabilidade devem trabalhar pelo seu engajamento e empoderamento? Qual o papel que a tecnologia pode desempenhar nesse processo?

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Resumindo a campanha, a ideia foi criar, nos pontos de ônibus, uma espécie de totem interativo, embutido em painéis de publicidade adaptados chamados de Guarded Bus Stop, que oferecesse ajuda e proteção às mulheres, principalmente, em situações de vulnerabilidade advindas daqueles momentos em que elas se encontram sozinhas a espera de transporte, fornecendo a opção de iniciar uma videochamada em que um atendente humano acompanha e observa o ambiente, até que o ônibus esperado chegue no ponto e ela possa embarcar com segurança.

Essa é uma pequena, mas importantíssima amostra de que a tecnologia da informação pode trazer benefícios a todas as camadas da sociedade, sem distinção de momento ou classe social. Não devemos dispender menos para aqueles que menos podem adquirir. Podemos, e devemos, alcançar a todos com o uso inteligente da tecnologia associada a estratégias que possam assegurar o sucesso de políticas públicas

* Wilson Coelho é especialista em Políticas públicas de Saúde pela UNB, e Informática em Saúde pelo IEP-HSL e professor-tutor na Faculdade Unyleya

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