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Atrás do paradeiro de mais de R$ 100 bilhões em criptomoedas
Esse o valor estimado do rombo provocado por operações fraudulentas investigadas pela CPI das Pirâmides Financeiras
Como presidente da CPI das Pirâmides Financeiras, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), tem hoje a árdua missão de dar uma resposta aos brasileiros que foram lesados em golpes promovidos por operadores no mercado de criptomoedas. A estimativa é de que essas operações fraudulentas tenham provocado um rombo de mais de R$ 100 bilhões, prejudicando em especial os cidadãos mais vulneráveis que colocaram as economias de uma vida em investimentos que prometiam ganhos acima de 10%.
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Nascido e criado em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, Aureo Ribeiro começou a trabalhar e empreender aos 12 anos de idade e aos 16 conseguiu abrir a sua primeira empresa. Como membro da Igreja Metodista, pôde contribuir com trabalhos sociais e perceber que poderia fazer muito mais pela sociedade. Foi assim que decidiu se candidatar ao primeiro cargo público e acabou eleito deputado federal em 2010.
Hoje, no seu seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, Aureo segue com a mesma motivação: transformar e melhorar a vida dos brasileiros. Defensor da cultura, do incentivo ao empreendedorismo e de uma educação acessível, inclusiva e de qualidade para todos, Aureo Ribeiro acredita na importância do diálogo na política para trabalhar por justiça social e oportunidades para quem mais precisa.
R$ 100 bilhões em operações com criptoativos. Infelizmente, o perfil de muitos dos lesados é o de pessoas vulneráveis, que caem na promessa de um rendimento fixo acima de 10% e acaba sendo cooptado por essas organizações criminosas que lesam os brasileiros. Muitos vendem casa, carro, sacam FGTS com a promessa dessas empresas que praticam
Líder da bancada do Solidariedade na Câmara e integrante da base governista, o deputado faz uma avaliação positiva dos primeiros 6 meses de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele acredita que a experiência acumulada por Lula em seus 2 primeiros mandatos presidenciais o ajudará na promoção dos ajustes necessários na articulação política do governo, previstos para o início de agosto.
Como presidente de seu partido no estado, Aureo Ribeiro faz planos ambiciosos de ampliar o número de vereadores e prefeitos do Solidariedade nas eleições municipais de 2024. Seu nome mesmo é cotado para que dispute a prefeitura de Duque de Caxias, mas ele, por enquanto, não tomou uma decisão a respeito.

Em entrevista à revista Plano B, ele fez um balanço dos trabalhos da CPI e de suas expectativas em relação a essa investigação que teve início no âmbito da Câmara dos Deputados no primeiro semestre do ano.
Qual o balanço até agora que o senhor faz do trabalho da CPI das Pirâmides Financeiras?
A CPI começou com a aprovação de requerimentos, convites e convocações. Acreditamos que esse foi o ponto de partida para nossas investigações. Agora começamos o processo de oitivas com investigados, testemunhas e convidados para que possamos aprofundar no nosso propósito de dar respostas aos brasileiros que foram lesados por essas pirâmides financeiras. Não descansaremos até que tudo seja devidamente esclarecido. Esse é o nosso objetivo na CPI e o meu particularmente como presidente que está no comando dessa investigação.

Já dá para quantificar o rombo total provocado por essas pirâmides no país e qual o perfil do investidor lesado?
A gente estima hoje que o rombo dessas operações de pirâmides financeiras ultrapasse a marca dos R$ 100 bilhões em operações com criptoativos. Infelizmente, o perfil de muitos dos lesados é o de pessoas vulneráveis, que caem na promessa de um rendimento fixo acima de 10% e acaba sendo cooptado por essas organizações criminosas que lesam os brasileiros. Muitos vendem casa, carro, sacam FGTS com a promessa dessas empresas que praticam esse tipo de crime.
Um dos principais depoimentos até agora foi o do ‘Faraó dos Bitcoins’, o que ele ajudou a esclarecer até agora?
Foi muito importante o depoimento do senhor Glaydson Acácio dos Santos _ sócio da empresa GAS Consultoria & Tecnologia, e conhecido como ‘Faraó dos Bitcoins’, que hoje se encontra preso desde 2021 e teve, por conta disso, ser ouvido por teleconferência. No âmbito da Operação Kryptos, o serviço de inteligência da Polícia
Federal teria identificado que o computador do ‘Faraó dos Bitcoins’ indica que ele teria pelo menos R$ 400 milhões de reais em criptomoedas
O depoimento foi fundamental para que, primeiro, a gente possa entender o modelo praticado por muitas dessas pirâmides e aí fica claro aí o golpe feito por esses criminosos.
A oitiva que tivemos na CPI até agora foi do ‘Faraó do Bitcoin’. Primeiro, pudemos começar a entender como operam essas empresas. O que ouvimos é que eles atraem o dinheiro do investidor, emitem contrato ou nota fiscal sem garantia nenhuma. Além disso, fazem o papel de corretora transacionando com moedas digitais sem custodiar, sem dar garantia porque não são corretoras.

Agora nosso papel será aprofundar essa investigação e descobrir mais nuances dessas operações que lesaram milhares de investidores brasileiros.
Há grande expectativa em relação ao depoimento do chamado ‘Sheik dos Bitcoins’, o que senhor espera dele?
Nós esperamos que o senhor Francisley Valdevino da
Silva, mais conhecido como ‘Sheik dos Bitcoins’ _ que teria entre suas vítimas a filha da Xuxa, Sasha Meneghel, e o genro da apresentadora, João Figueiredo, que teriam perdido R$ 1,2 milhão em transações feitas pelo suspeito, que acabou preso preventivamente em novembro do ano passado, Em Curitiba, no Paraná _ possa ser mais objetivo e nos esclareça como ele instalou esse mercado, cooptou investidores, para que possamos aprofundar nas investigações da CPI. Esse é um dos depoimentos mais aguardados na retomada dos nossos trabalhos em agosto, após o fim do recesso parlamentar.
O senhor que propôs essa CPI e antes disso foi autor da lei que regulamentou o mercado de criptomoedas, qual sua expectativa ao final dos trabalhos dessa comissão?
Fui o autor da lei conhecida como Marco Regulatório da Criptoeconomia no Brasil. Isso nos deu oportunidade de estudar e conhecer esse mercado, buscando experiências, inclusive, em outros países.
Ao discutir o tema numa Comissão Especial que foi criada para debater o então projeto de lei junto com outros vários parlamentares, começamos a tomar conhecimento de crimes utilizando moedas digitais.
Assim, decidimos propor a CPI, com poderes de investigação para que o mercado entenda o que é crime e o que é uma aplicação com criptomoeda sem cometer nenhum ilícito.
Qual a solução para que esses crimes que lesaram tantos brasileiros sejam freados?
Esperamos que, ao final da CPI, apresentemos um relatório com três pilares: de punição aos criminosos e encaminharemos às autoridades competentes; a de informar como se pode investir nesse mercado sem cair em golpes e melhorar as leis e regulamentações para dar segurança jurídica e econômica, atraindo, inclusive investidores de outros países por ser o Brasil um país com uma legislação eficiente e moderna.
Como líder do Solidariedade, como o senhor está vendo a articulação política do governo Lula III?
A gente entende que esse é um governo com muita experiência, já que o presidente Lula está no seu terceiro mandato. Entendemos, assim, que nestes primeiros seis meses, o presidente, com toda sua experiência, já identificou onde acertou e errou. E por isso mesmo agora começa a fazer uma reavaliação da montagem do seu governo.
Sobre a articulação política, posso dizer que acredito na experiência do ministro (Alexandre) Padilha (Secretaria de Relações Institucionais), que já ocupou posições importantes dentro da administração pública.
O governo começa se ajustar agora com muito diálogo para que possamos construir o Brasil que desejamos e queremos. E vai ser através da democracia, do compromisso público e do diálogo entre Executivo e Legislativo que isso vai se dar.
As eleições municipais de 2024 estão chegando, quais os seus planos e de seu partido?
O Solidariedade tem trabalhado muito e dialogado também no estado do Rio de Janeiro. Aliás, o partido tem uma grande presença no estado, com um número expressivo de vereadores e prefeitos. Com a aproximação das eleições municipais, estamos nos articulando e negociando para ampliar essa presença do Solidariedade no Rio de Janeiro.
Estamos à disposição da legenda no âmbito dessas negociações para contribuir na ampliação do número de prefeitos no estado e também na formação de novos quadros para vereadores, para assim promover uma grande disputa eleitoral, com debates de alto nível e na construção de um futuro melhor para todos os brasileiros.
