Revista Visite a Bahia e Sergipe também! - Edição 02

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Artigo

Turismo Destino, Baía de Todos os Santos

S

alvador nasceu a partir da Baía de Todos Santos. A localização privilegiada da Baía determinou o local da primeira capital do Brasil e a forma de ocupação do território baiano, a partir do Recôncavo. Até o século XVIII o Porto de Salvador era o maior do hemisfério Sul em movimento e comércio. Ao redor desse verdadeiro mar interior estabeleceram-se cidades cujas economias prosperaram a partir do cultivo da cana de açúcar e fumo. A mistura de portugueses, de representantes de várias etnias africanas e indígenas construíram uma diversidade cultural única na região.

Nos últimos tempos, no entanto, Salvador virou as costas para a Baía e para suas cidades-irmãs. Costumo dizer que deixamos de ser recôncavo e nos tornamos reconvexos. Do ponto de vista turístico, estamos desperdiçando um patrimônio cultural e ambiental riquíssimo, que deveria ser mais um atrativo para os turistas que chegam a Salvador. O que traz o turista à Bahia? Nossa pluralidade cultural, nosso espírito acolhedor e hospitaleiro, nossas festas e celebrações, ou seja, nossa alegria e generosidade no trato com as pessoas. Cidades como Cachoeira, Santo Amaro, Nazaré, São Felix, Iguape, Maragogipe

possuem arquitetura exuberante, culinária diversificada, atrativos culturais e históricos que com certeza seriam um chamariz para o turismo nacional ou internacional. Afinal, somos o berço do Brasil. Foi aqui que nasceu o embrião do Samba, o Samba de Roda, que até hoje é entoado nas cidades do Recôncavo e que já foi declarado patrimônio imemorial do Brasil. É preciso pensar a região coletivamente e não é mais aceitável que algumas dessas cidades se transformem em dormitórios, com suas populações gastando tempo precioso nos deslocamentos casa-trabalho. A construção da ponte ligando Itaparica a Salvador pode ser um momento privilegiado para prepararmos a Baía para um turismo sustentável, planejado e que aproveite todo o potencial de suas ilhas, cidades e mar propício aos esportes náuticos. É preciso elaborar um plano diretor para a região da maré e também para cada uma das cidades, elaborar roteiros culturais e gastronômicos, incentivar ações integradas e parcerias entre os municípios na solução de problemas como poluição, mobilidade urbana, segurança, saneamento. É necessário um amplo debate sobre o potencial portuário da Baía, articulando os diversos portos implantados ou previstos e a consequente urbanização de toda a sua área de influência, antecipando-se a uma ocupação desordenada e que não promova mais degradação ambiental. O Estatuto da Metrópole, projeto de lei que tramita na Câmara e do qual sou relator, pode ser um instrumento dessa integração, pois tem como objetivo definir como as cidades de regiões metropolitanas podem se unir para exercerem funções públicas de interesse comum. No caso do Recôncavo o turismo é sem dúvida um motor dessa integração. Deputado federal Zezéu Ribeiro (PT-BA) é arquiteto, urbanista e relator na Câmara do Estatuto da Metrópole.

Visite a Bahia e Sergipe também - outubro 2013

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