Revista Dental Press de Estética v.10, n. 3, Jul - Set 2013

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volume 10 / nĂşmero 3 / jul-set. 2013



CrĂŠditos da foto da capa

Rev Dental Press EstĂŠt. 2013 jul-set;10(3):1-120

ISSN 1807-2488

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Sumário Artigos 42

14 Cimentos resinosos autoadesivos Marilia Mattar de Amôedo Campos Velo, Vanessa Gallego Arias Pecorari, Flávia Lucisano Botelho do Amaral, Roberta Tarkany Basting, Fabiana Mantovani Gomes França

54

Estabilidade de cor de resinas compostas no processo de manchamento e clareamento Rafaela Normando Salvego, Rafaela Paiva Basso Dias, José Luiz Guimarães de Figueiredo

64

Lisura superficial e brilho em função do tempo de polimento em quatro resinas compostas Luis Guilherme Sensi, Jean François Roulet, Fabiano Carlos Marson

70

Análise do pH de bebidas ácidas e de géis clareadores dentários utilizados em consultório Paulo Sérgio Quagliatto, Jéssica Idelmino Duarte, Guilherme Faria Moura, Marília Cherulli Dutra, Ludmila Cavalcanti de Mendonça

76

Avaliação clínica da efetividade do clareamento de consultório sem troca do gel clareador Jaqueline Alves Yamaji, Cleverson Oliveira e Silva, André Fraga Briso, Renata Corrêa Pascotto, Fabiano Carlos Marson

84

Clareamento dentário de consultório associado ao clareamento caseiro Josué Martos, Gabriela Romanini Basso, Luiz Fernando Machado Silveira, Marcelo dos Santos Ferla, Marcos Rodolfo Bolfoni

94

Coroa endodôntica adesiva: tratamento estético e funcional alternativo para molares com extensa destruição coronária e espaço interoclusal reduzido Thiago Henrique Scarabello Stape, Priscila Camondy Bertaglia, Milena Maria Pierre SantosCaldeira, Luís Roberto Marcondes Martins

106

Distúrbios alimentares: implicações odontológicas. Relato de caso clínico Laura Bullamah Stoll, Alvaro Augusto Junqueira Júnior

84

Volume 10 - Número 3 - jul./ago./set. 2013


42

Seções Protocolo clínico

Restaurações cerâmicas em dentes anteriores: cimentação - parte 1 Rafael Calixto, Nelson Massing

14

Gestão em Odontologia E a dúvida permanece... crescer ou não???

32

Celso Orth

Biologia da Estética

Bochechos de água oxigenada são carcinogênicos, e indicados livremente na internet! Clareadores dentários são medicamentos, e não cosméticos! Alberto Consolaro

76

106

94

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Revista Dental Press de Estética Publicação ofi cial da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética

Revista Dental Press de Estética - Qualis / CAPES: B2 - Interdisciplinar B4 - Odontologia B5 - Engenharias III B5 - Medicina III C - Biotecnologia

Indexada nas Bases de Dados:

BBO desde 2005

desde 2005

desde 2009

desde 2013

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Revista Dental Press de Estética / Dental Press International. -- v. 1, n. 1 (out./nov./dez.) (2004) – . -- Maringá : Dental Press International, 2004Trimestral. ISSN 1807-2488. 1. Estética (Odontologia) – Periódicos I. Dental Press International. II. Título. CDD. 617.643005


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Editorial

Uma “Odontologia rica”, by Marcelo Calamita e Nelson Silva Marcelo Calamita* Editor-chefe

Nelson RFA Silva** Editor científico

* Doutor, Mestre e Especialista. Mantém atividade clínica em tempo integral, dedicando seus estudos e publicando, internacionalmente, artigos e capítulos de livro nas áreas de Planejamento Interdisciplinar e Reabilitações Estéticas. Ex-presidente da ABOE (Academia Brasileira de Odontologia Estética). E-mail: mcalamita@uol.com.br * * Professor da Faculdade de Odontologia da UFMG-MG. Atuou como Professor Assistente e Associado da New York University, EUA (2002 - 2012).

Especialista em Prótese – CEO-Ipsemg-MG. Mestre em Reabilitação Oral, FOB-USP. Doutor em Reabilitação Oral, FOB-USP. Pós-doutorado em Biomateriais e Biomimética, New York University, EUA.

E-mail: nrfa.silva@mac.com

Caros leitores, revisores e corpo de produção da Dental Press de Estética, Primeiramente, muito prazer! Muito prazer e honra pela oportunidade de estarmos aqui, podendo escrever um pouco sobre o convite por nós aceito para sermos os novos editores da Revista Dental Press de Estética. Uma oportunidade que aceitamos com muita alegria e satisfação. Temos consciência de que o desafio será grande para manter a alta qualidade editorial dessa consagrada revista. Trilhando um caminho pavimentado e iluminado pelo bom trabalho executado pelos editores anteriores — nossos colegas e amigos Dr. Sidney Kina, Dr. Ewerton Nocchi Conceição, Dra. Renata Pascotto e respectivas equipes de colaboradores —, nosso compromisso será não somente manter o nível já delineado pela linha editorial da Revista, de trazer o que a Odontologia Estética tem de mais significativo, mas também inseri-la dentro de um contexto amplo de uma, como vamos chamar aqui, “Odontologia rica”. Tanto eu, Marcelo, por oportunidades de viagens ao exterior, quanto o Nelson, em seus anos como professor fora do Brasil, mais especificamente na New York University, temos ouvido frequentes e entusiasmados elogios à nossa Odontologia. O Brasil está na moda! E temos realmente, nos dias de hoje, uma Odontologia exemplar e profissionais do mais alto nível nas áreas científica e clínica. Mas, evitando enveredar pela política, não podemos nos deixar levar pela ilusão de que tudo está tão bem que as coisas permanecerão sempre boas por si só. Assim como o Brasil vem pecando em não fazer a sua lição de casa, temos que reavaliar nossas ações e condutas e nos preparar para os mais diferentes cenários. Mesmo sendo positivos e acreditando num futuro bonito, temos que acordar todos os dias sabendo que precisaremos trabalhar para isso. E fazer as lições que levarão ao nosso crescimento, ao nosso enriquecimento. A nossa profissão exige um vasto treinamento técnico. No entanto, o dentista “moderno” não deve apenas se preocupar com certos detalhes de determinado procedimento. É importante — básico —, mas não é tudo. A nossa formação nos faz abrir os olhos com espanto e curiosidade para esse ou aquele material que foi lançado ou para um novo equipamento com recursos nunca antes imaginados. É a busca do ser humano por um produto/máquina/procedimento que pode ajudá-lo a conquistar os seus sonhos, a curar os seus males e, às vezes, dentro do limite do seu cartão de crédito... Mas o sucesso, ou melhor, a realização consistente, requer mais do que isso. Requer foco, disciplina e trabalho. Requer que nós, como pessoas e, também, como dentistas, nos renovemos e


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Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):6-7

ampliemos os nossos horizontes. Para atingir e manter o sucesso, é necessário que sejamos mais, que nos tornemos indivíduos multimídia. Multimídia na concepção de que precisamo entender de administração, marketing, fotografia e, mais importante, entender de pessoas. Assim, achamos que nosso objetivo está em buscar uma “Odontologia rica”, não do ponto de vista material, mas sim rica de significados, de experiências que nos fazem crescer. Temos que mostrar, para nossos pacientes e para o mundo, que a qualidade dos nossos trabalhos é o resultado da riqueza de conhecimentos e dos princípios que temos no Brasil. É para isso que aceitamos esse desafio. Estamos em um processo de estudos de aprimoramento para que a Revista Dental Press de Estética possa trazer, a cada edição, tudo aquilo de significativo e que julgamos capaz de fazer a diferença na vida dos nossos leitores, de uma forma embasada, ilustrativa e, principalmente, inovadora. Dessa forma, agradecemos mais uma vez pela oportunidade a nós concedida e contamos com a opinião e colaboração de todos que tenham interesse em participar com sugestões, críticas e elogios, para, assim, fazermos cada vez mais uma revista que os leitores tenham prazer em ler. Um forte abraço, com otimismo para esse nosso novo relacionamento,

Marcelo Calamita e Nelson Silva







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Restaurações cerâmicas em dentes anteriores: cimentação – parte 1

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):14-30

Protocolo clínico

Restaurações Cerâmicas em

Dentes Anteriores Cimentação - parte 1

Rafael Calixto*, Nelson Massing** *Especialista, Mestre e Doutor em Dentística Restauradora, UNESP-Araraquara. **Especialista e Mestre em Dentística Restauradora, ULBRA.

Como citar este artigo: Calixto R, Massing N. Restaurações cerâmicas em dentes anteriores: cimentação – parte 1. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):14-30. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.


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Calixto R, Massing N

A tendência atual, em relação à eleição do sistema cerâmico, é a utilização de cerâmicas feldspáticas e/ou cerâmicas à base de dissilicato de lítio (e.max). Quando necessário, um reforço com zircônia é utilizado na infraestrutura da peça. As duas primeiras cerâmicas são passíveis de condicionamento pelo ácido fluorídrico, por conterem uma quantidade grande de fase vítrea da cerâmica. Já a zircônia é composta, basicamente, por carga (fase cristalina), sendo resistente ao tratamento com ácido fluorídrico.

Cerâmicas ácido-sensíveis O tratamento das cerâmicas sensíveis ao ácido fluorídrico (feldspática / dissilicato de lítio) deve ser realizado com o tempo recomendado para cada material (1-2min para feldspática, 20s para dissilicato). Porém, é importante, após esse condicionamento, a remoção do “pó cerâmico” depositado na superfície interna da peça, antes da aplicação do agente silano. Esse passo pode ser realizado por meio da colocação das peças em cuba ultrassônica por 1 minuto ou pelo condicionamento com ácido fosfórico (37-40%) também por 1 minuto.

Cerâmicas ácido-resistentes As cerâmicas à base de zircônia são resistentes ao condicionamento pelo ácido fluorídrico, não sendo possível um microembricamento entre a peça e o dente. Nesse tipo de material, teoricamente, é permitida a utilização de cimentos à base de fosfato de zinco, ionômero de vidro ou resinosos. Porém, estudo recentes1 têm mostrado que a presença de água pode fragilizar a estrutura da zircônia, diminuindo sua resistência, e podendo até gerar fraturas. Com isso, devido à maior solubilidade dos cimentos de fosfato de zinco e ionômero, o ideal seria sempre utilizar cimentos resinosos, dando preferência àqueles cimentos com maior afinidade por metais (Tab. 1). O recomendado seria um tratamento prévio por meio do jateamento com óxido de alumínio (o qual deve, preferencialmente, ser feito em laboratório) e aplicação de primers para metal/ zircônia, os quais contêm o MDP, substância responsável pelo elo químico entre esses tipos de cerâmica e o cimento resinoso. Os próximos passos de tratamento da peça/substrato dentário dependerá do protocolo recomendado pelo fabricante do cimento resinoso. Os casos clínicos que seguem mostram a sequência, passo a passo, da cimentação de laminados convencionais, laminados tipo “lente de contato” e fragmentos cerâmicos.

Tabela 1. Cimentos resinosos indicados para metais. Cimento

Fabricante

RelyX U200

3M/Espe

Multilink

Ivoclar

Panavia F

Kuraray

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):14-30

Nesta quarta edição da nossa coluna, abordaremos os conceitos e técnicas atuais de cimentação adesiva, especialmente para os microlaminados (“lentes de contato”) e fragmentos cerâmicos. Na próxima edição, será abordada a seleção do cimento resinoso adequado para cada tipo de situação clínica.


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Restaurações cerâmicas em dentes anteriores: cimentação – parte 1

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):14-30

Figura 1. Aspecto inicial das restaurações anteriores com a estética comprometida.

Figura 2. Após os procedimentos de planejamento, preparo e moldagem, as facetas cerâmicas foram confeccionadas com o sistema e.max.

Figura 3. Uma das formas de se otimizar o processo de preparo das peças cerâmicas é a “captação” dessas no modelo com silicona densa. Para peças mais finas, como lentes de contato, esse mesmo procedimento pode ser realizado apenas com a pasta fluida.


Calixto R, Massing N

67

Figura 66, 67. Aspecto do sorriso após a cimentação dos laminados.

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):14-30

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Restaurações cerâmicas em dentes anteriores: cimentação – parte 1

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):14-30

CONCLUSÃO A cimentação adesiva é o passo clínico mais sensível no procedimento restaurador indireto, e está diretamente relacionada à longevidade da cerâmica, sendo essencial a sua correta execução de acordo com cada situação clínica aplicada.

Endereço para correspondência: Rafael Calixto Av. Prof. João Fiusa, 1901 – sl. 211 – Jd. Canadá – Ribeirão Preto/SP – CEP: 14.024-250 e-mail: lrcalixto@hotmail.com


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Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3)32-3

Gestão em Odontologia

E a dúvida permanece... crescer ou não??? Celso Orth* *Graduado em Odontologia pela UFRGS. MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Fundador da Clínica Orth. Clínico em tempo integral.

Como citar esta seção: Orth C. E a dúvida permanece... crescer ou não??? Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):32-3


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Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):34-9

Biologia da Estética

Bochechos de água oxigenada são carcinogênicos, e indicados livremente na internet!

Ou Clareadores dentários são medicamentos, e não cosméticos! Alberto Consolaro* *Professor Titular da FOB-USP e da Pós-graduação da FORP-USP.

Resumo

O uso do peróxido de hidrogênio ou água oxigenada na boca, objetivando-se a clareação dentária, deve ser feito diretamente pelo profissional da Odontologia treinado para proteger a mucosa bucal, e outras, do contato. O tempo e a forma de uso requerem cuidados para proteger ou diminuir ao mínimo os efeitos indesejáveis sobre os tecidos dentários. Na internet vários sites ensinam, passo a passo, como adquirir e preparar água oxigenada para fazer bochechos com a finalidade antisséptica e, ao mesmo tempo, para limpar e clarear os dentes. Alguns sites se referem ao profissional da Odontologia como um “explorador”, por não

ensinar isso ao paciente unicamente visando obter lucros financeiros. Nesse artigo, procuraremos informar e dar fundamentos para que os profissionais da Odontologia e auxiliares possam embasar suas reflexões, opiniões e condutas relacionadas ao tema “uso indiscriminado e livre de peróxido de hidrogênio na boca, sobre os dentes e mucosa bucal”. Os sites, blogs e perfis em redes sociais que estão indicando isso deveriam ser acionados imediatamente pelas autoridades públicas! Deveriam ser notificados judicialmente pelos crimes que estão cometendo contra a saúde das pessoas, abusando da fé pública.

Palavras-chave: Água oxigenada. Peróxido de hidrogênio. Bochechos. Enxágues. Clareamento dentário. Clareação dentária.

Como citar esta seção: Consolaro A. Bochechos de água oxigenada são carcinogênicos, e indicados livremente na internet! Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):34-9. » O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.


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Consolaro A

A automedicação é muito frequente e se adquire o produto sem qualquer consulta profissional, para usar em casa de forma irregular, sem cuidado. A falta de controle sobre o tempo e a frequência com que se realiza o procedimento caseiro até aumenta o clareamento, mas às custas de efeitos biológicos sobre a mucosa e dentes que não compensam o risco, aliás não mensurável no futuro. Os clareadores devem ser considerados medicamentos e o uso restrito a profissionais da Odontologia devidamente treinados nas requintadas manobras do procedimento. Infelizmente, são vendidos livremente e a população ainda não está devidamente consciente de seus riscos.

gênico mínimo; mas todos os dias ou semanas, como na antissepsia para se auxiliar na higiene bucal, passa a ser um protocolo muito temerário para a saúde em longo do tempo! Os sites, blogs e perfis em redes sociais que estão indicando isso deveriam ser acionados imediatamente pelas autoridades públicas! Ao se prestar mais atenção, quando uma pessoa, ao sorrir, exibe gengivas e lábios vermelhos e dentes muito brancos, o diagnóstico de uso excessivo de peróxido de hidrogênio é inevitável. O branco excessivo e o vermelho mucoso geram um quadro muito artificial, do ponto de vista estético!

Considerações finais sobre bochechos

Referências:

com água oxigenada

2. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3ª ed. Maringá: Dental Press; 2012.

Todas as manobras em que se use o peróxido de hidrogênio — conhecido, popularmente, como água oxigenada — na boca, objetivando-se a clareação dentária, devem ser executadas diretamente pelo profissional da Odontologia treinado para proteger a mucosa bucal, e outras, do contato durante o procedimento. O tempo e a forma de uso requerem cuidados para se proteger ou diminuir ao mínimo os efeitos indesejáveis sobre os tecidos dentários e restaurações. Um eventual contato com a mucosa bucal, tal como o bochecho com água oxigenada uma vez por ano, ou a cada seis meses, poderia até ter um efeito co-carcino-

1. Camargo WR. Avaliações clínico-macroscópica e microscópica em hamsters no modelo de carcinogênese bucal DMBA-induzida [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1999. 3. Francischone LA, Consolaro A. Clareação dentária externa: importância e tipos de proteção da junção amelocementária. Rev Clín Ortod Dental Press. 2005;4(5):88-98. 4. Francischone LA, Consolaro A. Morphology of the cement-enamel junction of primary teeth. J Dent Child. 2008;75(3):252-9. 5. Esberard R, Esberard R, Esberard RM, Consolaro A, Pameijer CH. Effect of bleaching on the cementoenamel junction. Am J Dent. 2007;20(4):245-9. 6. Neuvald L, Consolaro A. Cement-enamel junction: microscopic analysis and external cervical resorption. J Endod. 2000;26(9):503-8. 7. Pieroli DA. Avaliação do potencial carcinogênico dos agentes clareadores dentais [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1997.

Endereço para correspondência: Alberto Consolaro consolaro@uol.com.br

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):34-9

Na clareação dentária caseira, os riscos são maiores? Sim, pois o paciente, mesmo “orientado” pelo profissional e, por mais adaptada que seja a moldeira de aplicação, deixa o clareador se distribuir pela boca com a saliva. O contato demorado com a mucosa bucal será inevitável e a ingestão parcial contatará outras mucosas gastrintestinais.


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revisão de literatura

Self-adhesive resin cements Marilia Mattar de Amôedo Campos Velo*, Vanessa Gallego Arias Pecorari**, Flávia Lucisano Botelho do Amaral**, Roberta Tarkany Basting**, Fabiana Mantovani Gomes França** *Especialista em Dentística, São Leopoldo Mandic. **Professor Associado, São Leopoldo Mandic.

Resumo

Abstract

A Odontologia adesiva vem se aperfeiçoando cada vez mais no desenvolvimento de técnicas e de sistemas de cimentação para restaurações indiretas. Os cimentos adesivos resinosos são amplamente utilizados na cimentação de onlays, inlays, pinos e facetas, entretanto, com o uso incorreto dos agentes adesivos, o resultado pode ter como consequência a sensibilidade pós-operatória e microinfiltração. Na tentativa de simplificar o procedimento, os cimentos resinosos autocondicionantes surgiram como um novo subgrupo, reunindo características favoráveis em um único produto. O objetivo da presente revisão de literatura foi verificar as propriedades mecânicas e físicas e o desempenho dos cimentos resinosos autocondicionantes, incluindo suas vantagens, desvantagens, indicações e contra-indicações. Para a aplicação desse cimento, não é necessário qualquer tratamento prévio do substrato dentário ou da peça. Entretanto, o condicionamento ácido seletivo em esmalte é benéfico, mas, quando utilizado em dentina, influencia negativamente sua adesão. Quanto à resistência de união entre os agentes de cimentação e os pinos, mostram adesão comparável a outros cimentos em dentina radicular. Concluiu-se que o desempenho dos cimentos resinosos autocondicionantes é satisfatório quando aderido à dentina, e que a união em esmalte parece ser fraca comparada aos cimentos resinosos convencionais, devendo ser usados com cautela em coroas parciais com considerável superfície de esmalte.

The adhesive dentistry is improving even more the development of techniques and systems for the cementation of indirect restorations. The adhesive resin cements are widely used in cementing onlays, inlays, pins and venners, however, with the incorrect use of adhesive agents, the outcome can result in postoperative sensitivity and microleakage. In order to simplify the procedure, the selfetching resin cements have emerged as a new subgroup, gathering favorable characteristics in one product. The aim of this literature review was to verify the mechanical and physical properties and performance of self-etching resin cements, including their advantages, disadvantages, indications and contraindications. The application of this cement does not require pretreatment of the substrate or the dental piece. However, the selective etching enamel is beneficial, but negatively influences when used in dentin. As for the bond strength of cementing agents and pins, they show adherence comparable to other cements in root dentin. It was concluded that the performance of self-etching resin cements is satisfactory when adhered to dentin, and that union with enamel seems to be weak in comparison with conventional resin cements, so it has to be used with caution in partial crowns with considerable enamel surface.

Palavras-chave: Adesivos dentinários. Cimentos de resina. Cimentação.

Keywords: Dentin bonding agents. Resin cements. Cementation.

Como citar este artigo: Velo MMAC, Pecorari VGA, Amaral FLB, Basting RT, França FMG. Cimentos resinosos autoadesivos. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):42-51. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

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Cimentos resinosos autoadesivos


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Cimentos resinosos autoadesivos

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Introdução Devido ao aumento na procura por procedimentos estéticos e à frequente busca pela otimização do tempo clínico nos consultórios odontológicos, cada vez mais a Odontologia adesiva vem se aprimorando no desenvolvimento de técnicas e de sistemas de cimentação para as restaurações indiretas. No entanto, para que ocorra o sucesso clínico das restaurações, é fundamental que os procedimentos de cimentação e a escolha do agente cimentante sejam realizados de forma correta1,2. A longevidade das restaurações depende de alguns fatores, como as dimensões da cavidade, o ajuste interno, o agente cimentante utilizado e, principalmente, a eficácia de união entre o dente e a restauração3. Dessa forma, a cimentação deve fornecer uma adesão duradoura entre o dente e as superfícies da restauração. Em relação às características mecânicas, é necessário ser resistente à compressão, resistente à tração, possuir dureza adequada, resistência à fratura para evitar o deslocamento e um módulo de elasticidade apropriado. Além disso, deve apresentar um nível aceitável de espessura e viscosidade para garantir o assentamento completo da peça, ser resistente à degradação na cavidade bucal e compatível com os tecidos2. Diferentes tipos de cimentos têm sido utilizados para obter a fixação de restaurações indiretas ao substrato dentário. Entre os materiais empregados, os cimentos resinosos são amplamente usados na cimentação de onlays, inlays, pinos e facetas4,5 por possuírem características favoráveis, como resistência à solubilidade, boa estabilidade e biocompatibilidade6. Devido às suas propriedades, conseguem aderir tanto à estrutura dentária, como, também, à restauração, e essa integração produz o reforço de ambas as estruturas, reduzindo a microinfiltração na interface dente/restauração, cáries secundárias e sensibilidade pós-operatória7. Porém, essa união é uma questão desafiadora, dependendo do substrato que se pretende aderir, devido

diferenças na composição entre os substratos. A dentina, por exemplo, possui uma composição química mais complexa que o esmalte, principalmente por diferenças no teor de minerais, na presença de fluidos e estruturas orgânicas4. Sendo assim, existem diferentes estratégias adesivas dos materiais resinosos à dentina. De acordo com o sistema adesivo utilizado para preparar o dente antes da cimentação, as técnicas podem ser duas: a que utiliza sistemas adesivos convencionais com condicionamento ácido, seguido pela aplicação do primer e agente adesivo, removendo a smear layer, tudo em três passos clínicos, ou dois, nos casos em que o primer e o adesivo estão no mesmo frasco; e há, também, aquelas em que o esmalte e a dentina são preparados usando primers autocondicionantes que desmineralizam e impregnam a dentina, formando, ao mesmo tempo, a camada híbrida. Entretanto, a técnica de aplicação em vários passos atribuída aos cimentos resinosos convencionais é bastante susceptível a erros de manipulação, além de aumentar o tempo da intervenção clínica4. Na tentativa de minimizar essas dificuldades e simplificar os procedimentos, um novo subgrupo de cimentos resinosos foi introduzido no mercado, denominado autocondicionante. Os cimentos resinosos autocondicionantes não necessitam de um tratamento prévio do substrato dentário, e não há remoção da smear layer para sua aplicação8; dessa forma, nenhuma sensibilidade pós-operatória é esperada. Além disso, esses cimentos possuem uma aplicação simplificada, são radiopacos duais e indicados para cimentação de praticamente todos os procedimentos indiretos8,9. Segundo os fabricantes, podem ser utilizados para a cimentação de coroas, tanto metálicas quanto cerâmicas, e restaurações indiretas do tipo inlay, onlay em cerâmica e cerômero. Assim, seria interessante fazer uma revisão de literatura sobre a indicação e o desempenho de cimentos resinosos autocondicionantes.


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Velo MMAC, Pecorari VGA, Amaral FLB, Basting RT, França FMG

esmalte prévio à cimentação é um procedimento que pode beneficiar a adesão nesse substrato, mas, por outro lado, prejudica a união em dentina. Um conceito clinicamente relevante é a aplicação de uma leve pressão para melhorar a força de união do cimento resinoso autocondicionante em dentina.

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Enviado em: 05/12/2012 Revisado e aceito: 28/08/2013 Endereço para correspondência: Fabiana Mantovani Gomes França Faculdade de Odontologia e CPO São Leopoldo Mandic – Rua José Rocha Junqueira, 13 Ponte Preta – CEP 13045-755 – Campinas/SP.

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resinosos convencionais. Entretanto, essa união em esmalte parece ser fraca e, portanto, pode não ser o material ideal para cimentação de braquetes ortodônticos, facetas, inlays ou coroas parciais, quando houver a presença de uma considerável superfície de esmalte. Adicionalmente, o condicionamento ácido seletivo do


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artigo inédito

Color stability of composites in the process of staining and bleaching Rafaela Normando Salvego*, Rafaela Paiva Basso Dias*, José Luiz Guimarães de Figueiredo*** *Graduada em Odontologia, UFMS. ** Doutor em Dentística, FOUSP. Professor Associado, UFMS.

Resumo

Abstract

Introdução: a procura pelo aprimoramento da estética dentária tem impulsionado o aperfeiçoamento de materiais restauradores. Objetivo: abordar, por meio de uma pesquisa literária e laboratorial, a estabilidade de cor de resinas compostas micro-híbridas e nanoparticuladas, no processo de pigmentação e branqueamento. Métodos: foram confeccionados 80 espécimes, seguindo as dimensões 25 x 2 x 2mm (ISO 4049), de resinas compostas Opallis (FGM) e Filtek Z350XT (3M ESPE). A amostra foi dividida em quatro grupos, de mesma quantidade (n = 20). Com a espectrofotometria e o sistema CIELAB foi avaliada a estabilidade de cor durante o processo de pigmentação com café, além da capacidade do agente clareador Whiteness HP Maxx (FGM). Resultados: ambas as resinas sofreram alterações com café, sendo que a de nanotecnologia obteve menores percentuais. O gel clareador foi capaz de reduzir a pigmentação obtida. Após duas semanas de pigmentação e posterior procedimento clareador, a resina Opallis apresentou menor retorno de cor (ΔE = 7,8) quando comparada com a Filtek Z350 XT (ΔE = 5,8). Conclusões: a resina composta Filtek Z350 XT apresentou menor alteração de cor em função do tempo. A substância clareadora foi capaz de reduzir os níveis de alteração cromática.

Introduction: The search for the improvement of dental esthetics has driven to the development of restorative materials. Objective: The aim of this study was to evaluate the color stability of nanoparticulate and microhybrid composite resins in the process of pigmentation and whitening, through a literature and laboratory search. Methods: Eighty specimens were made following the dimensions 25 x 2 x 2mm (ISO 4049) from the composite resins Opallis (FGM) and Filtek Z350XT (3M ESPE). The sample was divided into four groups of equal size (n = 20). The spectrophotometry and CIELAB system was used to evaluate the color stability during pigmentation process with coffee and also the ability of the bleaching agent Whiteness HP Maxx (FGM). Results: Both resins were modified with coffee, and the nanotechnology had lower percentages. The bleaching gel was capable of reducing the pigmentation obtained. After two weeks of pigmentation and subsequent bleaching procedure, Opallis resin had lower color return (ΔE = 7.8) when compared with Filtek Z350 XT (ΔE = 5.8). Conclusions: The composite resin Filtek Z350 XT showed lower color change with time. The bleaching substance was able to reduce levels of color change.

Palavras-chave: Espectrofotometria. Pigmentação. Resinas compostas. Clareamento dentário.

Keywords: Spectrophotometry. Pigmentation. Composite Resins. Tooth bleaching.

Como citar este artigo: Salvego RN, Dias RPB, Figueiredo JLG. Estabilidade de cor de resinas compostas no processo de manchamento e clareamento. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):54-62. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Estabilidade de cor de resinas compostas no processo de manchamento e clareamento


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Estabilidade de cor de resinas compostas no processo de manchamento e clareamento

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Introdução A estética é um ramo da Odontologia de elevado crescimento. Dessa maneira, é incessante a procura por materiais restauradores que visem restaurações menos perceptíveis possíveis, dando ao paciente estética aliada a um material restaurador de qualidade. Com a difícil missão de trazer uma alternativa estética conservadora e durável, as resinas compostas ocupam um lugar de destaque entre os materiais odontológicos, sendo capazes de devolver a anatomia, função e estética dentária. A estabilidade de cor é um atributo cada vez mais necessário às restaurações, tornando-se um problema adicional1. A descoloração pode ser motivada por fatores intrínsecos ou extrínsecos, sendo esse segundo ocasionado por agentes pigmentantes, presentes na dieta e em hábitos2. Os brasileiros consomem cerca de 171mg de cafeína por dia, sendo a solução de café a principal fonte na dieta3. O tempo médio para o consumo de uma xícara de café é de até quinze minutos, e entre os consumidores a ingestão média é de 3,2 xícaras diárias. Portanto, o tempo de armazenagem de 24 horas simula cerca de um mês de consumo médio, já o contato com o café durante quinze dias equivale a 15 meses de consumo4. A estabilidade de cor de um compósito é afetada por uma variedade de fatores, tais como a matriz resinosa, concentração de iniciador, oxidação de monômeros que não reagiram, carga de enchimento e contato com pigmentos5,6.

segundo o fabricante, por monômeros de Bis-GMA, Bis-EMA, TEGDMA e UDMA, partículas de bário-alumíno e dióxido de silício com 0,5µm e carga em volume médio de 58%. Desde a década de 1950, os compósitos resinosos vêm sofrendo elevada evolução, principalmente em relação ao tamanho e distribuição das partículas de carga8. A resina nanoparticulada Filtek Z350 XT (3M ESPE, Sumaré/SP) é composta, segundo o fabricante, por monômeros de Bis-GMA, UDMA, TEGDMA e Bis-EMA, com partículas de carga de 4-20nm de sílica e zircônia não aglomeradas/não agregadas e aglomerados de sílica e zircônia, tendo uma carga em volume médio de 63,3%. Partículas nanométricas encontram-se dispersas no material, enquanto os nanoaglomerados são constituídos de várias partículas nanométricas quimicamente unidas por ligações fracas. O tamanho das partículas altera a natureza das interações entre as moléculas do material, modificando as propriedades desses produtos nanotecnológicos no meio ambiente e na saúde humana9. A percepção humana de cores é complexa e subjetiva, assim a avaliação de cor por inspeções visuais não é confiável10. O padrão International Commission on Illumination (CIELAB) faz uso de três dimensões da esfera de cor: amarelo (+b*), vermelho (+a*) e luminosidade (L*). O colorímetro emite raios de luz e analisa aqueles refletidos. A partir dos dados encontra-se o ΔE, que representa a diferença de cor do mesmo objeto em relação a determinado tempo, por meio da fórmula: ΔE= [(Lfinal - Linicial)²+ (afinal - ainicial)² + (bfinal - binicial)²]1/2

Os materiais micro-híbridos perdem seu elevado grau de polimento sobre o tempo, desenvolvendo uma superfície mais áspera e, consequentemente, reduzindo sua estética; no entanto, oferecem elevadas propriedades físicas 7. O Opallis (FGM, Joinville/SC) é um material resinoso, composto,

No processo clareador, devido ao baixo peso molecular, o produto migra pelos prismas de esmalte e se decompõem em radicais de oxigênio livre, esses capazes de reagir com moléculas de pigmentos orgânicos, minimizando a pigmentação11.


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Conclusões Dentro das limitações do presente estudo in vitro, permitiu-se concluir que a resina composta Filtek Z350XT (3M ESPE) apresenta menor alteração de cor em função do tempo, quando comparada à Opallis (FGM). A substância clareadora é capaz de reduzir os níveis de alteração cromática, sendo mais evidente na Filtek Z350XT (3M ESPE). Não há respostas significativas ao clareamento nos grupos que não foram sujeitos ao café.

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Enviado em: 26/01/2013 Revisado e aceito: 27/08/2013 Endereço para correspondência: Rafaela Normando Salvego Rua Panambi, 579 – Tiradentes – CEP: 79041170 – Campo Grande/MS e-mail: rafaelasalvego@hotmail.com


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Desafios clínicos na medicina dentária estética adesiva Recolha de dados, avaliação estética e a elaboração de um plano de tratamento abrangente - Uma sessão interativa Regeneração tecidual guiada (RTG) e regeneração óssea guiada: um caminho emocionante de 25 anos Uma abordagem para o tratamento do maxilar atrófico

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artigo inédito

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):64-8

Lisura superficial e brilho em função do tempo de polimento em quatro resinas compostas Surface roughness and gloss of four composite resins as a function of polishing time Luis Guilherme Sensi*, Jean-François Roulet**, Fabiano Carlos Marson*** *Doutor em Materiais Odontológicos, UFSC. Professor Assistente, Escola de Medicina Odontológica, Universidade de East Carolina. ** PhD em Odontologia, Universidade de Zurique. *** Pós-doutor em Materiais Odontológicos , UEM. Professor, Faculdade Ingá.

Resumo

Abstract

O objetivo desse trabalho foi avaliar a lisura de superfície e brilho de quatro resinas compostas em função do tempo de polimento, utilizando um sistema de passo único. Usou-se discos de resina composta, medindo 2mm de espessura x 10 mm de diâmetro (32 total, n = 8), usando quatro materiais diferentes: Tetric N-Ceram (Ivoclar Vivadent), Charisma (Kulzer), Z-350XT (3M ESPE) e Herculite Precis (Kerr). A rugosidade de superfície dos espécimes foi padronizada em uma máquina de polimento utilizando lixas de granulação 320. Para a avaliação da rugosidade, um profilômetro portátil (DigiProfilo I) foi utilizado. Para determinar o brilho de superfície, o medidor de brilho Novo-Curve (Rhopoint) foi utilizado. Cinco medições de rugosidade e quatro de brilho foram realizadas por amostra. A análise post-hoc com o procedimento de Tukey revelou que as resinas Herculite Precis e Charisma apresentaram valores de lisura superficial significativamente melhores que os das resinas Tetric N-Ceram e Z350XT. Não houve diferença entre os tempos de 10 e 20 segundos, enquanto o tempo de 30 segundos resultou em valores significativamente superiores. Todas as resinas testadas apresentaram melhores graus de lisura superficial proporcional ao maior tempo de polimento. As resinas Tetric N-Ceram e Herculite Precis alcançaram os maiores valores de brilho após 10 e 20 segundos de polimento, respectivamente, enquanto as demais resinas precisaram de 30 segundos para alcançar os mesmos valores.

The objective of this study was to evaluate the surface roughness and glossiness of four composite resins as a function of polishing time using a one-step polishing system. Composite specimen discs measuring 2 mm thick x 10 mm diameter (32 total, n = 8) were fabricated using four different materials: Tetric N-Ceram (Ivoclar Vivadent), Charisma (Kulzer), Z-350XT (3M ESPE) and Herculite Précis (Kerr). The baseline surface roughness of the specimens was standardized on a polishing machine using sandpaper (320 grit). A portable profilometer (DigiProfilo I) and a glossmeter Novo-Curve (Rhopoint) were used for the assessment of roughness and gloss, respectively. Five measurements for roughness (10-20 micrometers distance between them) and four brightness measurements per sample were made per sample. Post-hoc analysis reveled that Charisma and Herculite Precis presented significant better surface roughness values than Tetric N-Ceram and Z350XT. There was no difference between the times of 10 and 20 seconds, while the time of 30 seconds resulted in significant higher values. All tested resins presented better roughness levels according to the polishing time. Tetric N-Ceram and Herculite Precis resins got the better gloss levels after 10 and 20 seconds of polishing, while other resins needed 30 seconds to reach the same levels.

Palavras-chave: Cerâmica. Planejamento de prótese dentária. Dente molar. Cavidade pulpar.

Keywords: Ceramics. Dental prosthesis design. Molar. Dental restoration failure.

Como citar este artigo: Sensi LG, Roulet JF, Marson FC. Lisura superficial e brilho em função do tempo de polimento em quatro resinas compostas. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):64-8. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.


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Sensi LG, Roulet JF, Marson FC

Poucos trabalhos na literatura pesquisaram o efeito de diferentes tempos de polimento quando sistemas de passo único são utilizados10. Devido à importância do conhecimento sobre o comportamento de diferentes materiais frente às mesmas condições de acabamento e polimento, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a lisura de superfície e brilho obtidos em quatro resinas compostas em função do tempo de polimento, utilizando um sistema de passo único. A hipótese nula foi que não haveriam diferenças entre os materiais e tempos testados.

Os últimos passos técnicos durante a confecção de restaurações diretas de resina composta incluem as etapas de acabamento e polimento. Durante essa etapa, são definidas na restauração características que influenciarão diretamente sua performance clínica, entre elas, a lisura superficial e o brilho. As restaurações de resina composta devem apresentar lisura de superfície semelhante ao esmalte natural, sem causar alterações na percepção de conforto, no padrão de retenção de placa bacteriana ou na resistência ao manchamento ou descoloração1,2,3. Já o brilho obtido por meio do polimento influencia diretamente a aparência e em quão natural e imperceptível a restauração irá se adaptar à estrutura dentária remanescente4.

Material e Métodos Discos de resina composta medindo 2mm de espessura x 10 mm de diâmetro (32 total, n = 8) foram fabricados num molde plástico customizado usando quatro materiais diferentes: Tetric N-Ceram (Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein), Charisma (Heraeus Kulzer, South Bend, EUA), Z350XT (3M Espe, St. Paul, EUA) e Herculite Precis (Kerr, Orange, EUA) (Quadro 1). Os espécimes foram fotopolimerizados, inicialmente, por 60” com um fotopolimerizador LED Smart Lite Max (Dentsply), com potência de 1400 MW/cm2 e, depois, por 5’ em uma unidade de cura Triad (Dentsply, York, EUA). A rugosidade de superfície dos espécimes foi, inicialmente, padronizada em uma máquina de polimento utilizando lixas de granulação 320 por pelo menos 30”. Se falhas estivessem presentes na superfície dos espécimes, essa etapa era repetida até que as falhas fossem eliminadas.

A capacidade de lisura e brilho das resinas compostas depende de suas características intrínsecas (ex: tamanho das partículas de carga, percentual de carga por peso/volume) e dos instrumentos utilizados para tal finalidade5,6,7. Inúmeros sistemas de acabamento e polimento foram desenvolvidos e propostos ao longo dos anos, porém, a tendência atual do mercado vai ao encontro do interesse dos clínicos, e busca a simplificação dessa etapa por meio da diminuição do tempo e do número de instrumentos necessários para se obter uma superfície propriamente acabada e polida. Sistemas de passo único vêm se tornando cada vez mais populares por supostamente serem capazes de alcançar esse objetivo de forma rápida e eficaz8,9.

Resina Composta

Lote

Tamanho médio das partículas (μm)

% de carga/peso

Fabricante

Tetric N Ceram

P72199

0,6

5557

Ivoclar Vivadent

Charisma

10023

0,7

64

Heraeus Kulzer

Z350XT

N321220

0,6 10

78,5

3M ESPE

Herculite Précis

3649560

0,4

78

Kerr

Quadro 1. Materiais utilizados.

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):64-8

Introdução


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Lisura superficial e brilho em função do tempo de polimento em quatro resinas compostas

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):64-8

acabamento e polimento ou diferentes resinas compostas com relação à lisura superficial e brilho14-20, entretanto, apenas uma publicação observou o efeito de diferentes tempos de acabamento e polimento10. Existem poucas referências na literatura com respeito à relação entre o brilho e rugosidade da superfície de materiais odontológicos. O brilho é um fenômeno óptico que depende do padrão de reflexão da luz. A rugosidade superficial é uma variável que influencia, mas que não é invariavelmente relacionada com o brilho, e vice-versa10. Na presente pesquisa, tanto a lisura de superfície quanto o brilho melhoraram consistentemente no decurso do processo de polimento. A análise dos resultados pesquisa sugere um tempo mínimo de acabamento e polimento de 30 segundos para se obter uma superfície propriamente lisa e, como consequência, com alto grau de brilho. Mais pesquisas sobre o tempo de polimento são necessárias, especialmente testando tempos prolongados de acabamento como 45 segundos, um, ou até mesmo dois minutos, para que conclusões clinicamente relevantes possam ser aferidas no futuro.

Referências: 1. Jones CS, Billington RW, Pearson GJ. The in vivo perception of roughness of restorations. Br Dent J. 2004;196(1):42-5. 2. Bollen CM, Lambrechts P, Quirynen M. Comparison of surface roughness of oral hard materials to the threshold surface roughness for bacterial plaque retention: a review of the literature. Dent Mater. 1997;13(4):258-69. 3. Reis AF, Giannini M, Lovadino JR, Ambrosano GM. Effects of various finishing systems on the surface roughness and staining susceptibility of packable composite resins. Dent Mater. 2003;19(1):12-8. 4. O’Brien WJ, Johnston WM, Fanian F, Lambert S. The surface roughness and gloss of composites. J Dent Res. 1984;63(5):685-8. 5. St-Georges AJ, Bolla M, Fortin D, Muller-Bolla M, Thompson JY, Stamatiades PJ. Surface finish produced on three resin composites by new polishing systems. Oper Dent. 2005;30(5):593-7. 6. Lu H, Roeder LB, Powers JM. Effect of polishing systems on the surface roughness of microhybrid composites. J Esthet Restor Dent. 2003;15(5):297-303. 7. Paravina RD, Roeder L, Lu H, Vogel K, Powers JM. Effect of finishing and polishing procedures on surface roughness, gloss and color of resin-based composites. Am J Dent. 2004;17(4):262-6. 8. Yap AU, Yap SH, Teo CK, Ng JJ. Finishing/ polishing of composite and compomer restoratives: effectiveness of one-step systems. Oper Dent. 2004;29(3):275-9. 9. Turkun LS, Turkun M. The effect of one step polishing system on the surface roughness of three esthetic resin composite materials. Oper Dent. 2004;29(2):203-11. 10. Heintze SD, Forjanic M, Rousson V. Surface roughness and gloss of dental materials as a function of force and polishing time in vitro. Dent Mater. 2006;22(2):146-65. 11. Jung M, Voit S, Klimek J. Surface geometry of three packable and one hybrid composite after finishing. Oper Dent. 2003;28(1):53-9. 12. Roeder LB, Tate WH, Powers JM. Effect of finishing and polishing procedures on the surface roughness of packable composites. Oper Dent. 2000;25(6):534-43. 13. Da Costa J, Ferracane J, Paravina RD, Mazur RF, Roeder L. The effect of different polishing systems on surface roughness and gloss of various resin composites. J Esthet Restor Dent. 2007;19(4):214-26. 14. Yazici AR, Tuncer D, Antonson S, Onen A, Kilinc E. Effects of delayed finishing/polishing on surface roughness, hardness and gloss of tooth-coloured restorative materials. Eur J Dent. 2010;4(1):50-6. 15. Ereifej N, Oweis Y, Eliades G. The effect of polishing technique on 3-D surface roughness and gloss of dental restorative resin composites. Oper Dent. 2013;38(1):E1-12. 16. Hosoya Y, Shiraishi T, Odatsu T, Nagafuji J, Kotaku M, Miyazaki M, et al. Effects of polishing on surface roughness, gloss, and color of resin composites. J Oral Sci. 2011;53(3):283-91. 17. da Costa JB, Goncalves F, Ferracane JL. Comparison of two-step versus four-step composite finishing/ polishing disc systems: evaluation of a new two-step composite polishing disc system. Oper Dent. 2011;36(2):205-12. 18. Antonson SA, Yazici AR, Kilinc E, Antonson DE, Hardigan PC. Comparison of different finishing/ polishing systems on surface roughness and gloss of resin composites. J Dent. 2011;39 Suppl 1:e9-17. 19. Sadidzadeh R, Cakir D, Ramp LC, Burgess JO. Gloss and surface roughness produced by polishing kits on resin composites. Am J Dent. 2010;23(4) 208-12. 20. Barucci-Pfister N, Göhring TN. Subjective and objective perceptions of specular gloss and surface roughness of esthetic resin composites before and after artificial aging. Am J Dent. 2009;22(2):102-10.

Conclusões Sob as limitações e condições dessa pesquisa in vitro, é possível concluir que: » A hipótese nula foi rejeitada. » Todas as resinas testadas apresentaram melhores graus de lisura superficial proporcional ao maior tempo de polimento, sendo o tempo de 30 segundos significativamente superior aos tempos de 10 e 20 segundos. » O tempo necessário para se obter maiores graus de brilho é material-dependente. Tetric NCeram e Herculite Précis alcançaram os maiores valores de brilho após 10 e 20 segundos de polimento respectivamente, enquanto as demais resinas precisaram de 30 segundos para alcançar os mesmos valores.

Enviado em: 08/02/2013 Revisado e aceito: 27/08/2013 Endereço para correspondência: Fabiano Carlos Marson Av. São Paulo, 172 – sala 721 – Maringá/PR CEP: 87.013-040 – marsonfabiano@hotmail.com


6 módulos, de 3 dias cada 1º módulo: 26 a 28/3/2014 2º módulo: 7 a 9/5/2014 3º módulo: 4 a 6/6/2014

4º módulo: 20 a 22/8/2014

EXCELÊNCIA NA ESTÉTICA

5º módulo: 1 a 3/10/2014

6º módulo: 10 a 12/12/2014

Ane Fachin Mendes Bruno Furquim Celso Orth

Claudio Pinho

Cristiana Sartori Azevedo Dickson Fonseca Dudú Medeiros

Ewerton Nocchi

Fabiano Marson

Glécio Vaz de Campos Julio Cesar Joly

José Carlos Romanini Laurindo Furquim

Marcelo Augusto Moreira Marcelo Calamita Marcelo Kyrillos

Marco Antonio Bottino Marcos Celestrino

Mario Fernando de Goes Mauro Tosta Paulo Kano

Rafael Calixto Renata Faria

Renata Pascotto

Rogério Zambonato Ronaldo Hirata Sidney Kina

www.dentalpress.com.br / 0800 600 9818


70

artigo inédito

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):70-5

Análise do pH de bebidas ácidas e de géis clareadores dentários utilizados em consultório Analysis of ph beverage acid and bleaching gels used in dental office Paulo Sérgio Quagliatto*, Jéssica Idelmino Duarte**, Guilherme Faria Moura**, Marília Cherulli Dutra***, Ludmila Cavalcanti de Mendonça**** *Professor Associado, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. **Graduando em Odontologia, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. ***Mestre em Clínica Odontológica Integrada, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. ****Professora, curso técnico em Saúde Bucal, Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia.

Resumo

Abstract

Produtos para clareamento dentário utilizados em consultório possuem altas concentrações de peróxido de hidrogênio, e podem apresentar baixo valor de pH. O objetivo desse estudo foi aferir o pH de duas bebidas consideradas ácidas e de quatro géis clareadores à base de peróxido de hidrogênio por meio de aparelho medidor de pH ou pHmetro. Os géis clareadores avaliados foram: G1, Opalescence Boost – peróxido de hidrogênio a 38% (Ultradent Products Inc.); G2, Whiteness HP Blue Calcium – peróxido de hidrogênio a 35% (FGM Produtos Odontológicos); G3, Whiteness HP Maxx – peróxido de hidrogênio a 35% (FGM Produtos Odontológicos); G4, Total Blanc Office – peróxido de hidrogênio a 35% (NOVA DFL Indústria e Comércio S.A). A média do pH foi calculada após 45 minutos, aferindo os valores do pH em intervalos de dois em dois minutos. Os resultados mostraram média de pH para o G1 = 7,0; G2 = 8,5 ; G3 = 5,8 e G4 = 5,5. Os valores de pH do suco de laranja natural (pH = 3,72) e da Coca-Cola (pH = 2,66), em todo o período de mensuração, demonstraram-se ácidos, sendo utilizados para comparação com os grupos testados. Os géis G1 (Opalescence Boost, peróxido de hidrogênio a 38%) e G2 (Whiteness HP Blue Calcium, peróxido de hidrogênio a 35%) apresentaram pH neutro/ básico em todo período testado. Para a aplicação clínica devemos seguir as instruções do fabricante, ou seja, para géis com queda gradativa de pH, como G3 e G4, deve-se realizar a troca desse em, no máximo, 20 minutos depois da aplicação, fazendo nova manipulação.

Dental bleaching products used in clinics have high concentration of hydrogen peroxide and may present low pH value. This study aimed at assessing the pH value of two acid beverages and four hydrogen peroxide-based bleaching gels, using a pH meter. The bleaching gels assessed were: G1, Opalescence Boost — hydrogen peroxide at 38% (Ultradent Products Inc.); G2, Whiteness HP Blue Calcium — hydrogen peroxide at 35% (FGM Dental Products); G3, Whiteness HP Maxx — hydrogen peroxide at 35% (FGM Dental Products); G4, Total Blanc Office — hydrogen peroxide at 35% (NOVA DFL Industry and Commerce Corporation). The pH mean was calculated after 45 minutes and the pH values were assessed every two minutes. Results demonstrate a pH value mean of G1 = 7.0; G2 = 8.5; G3 = 5.8; G4 = 5.5. The pH value of natural orange juice was 3.72 while the pH value of Coke was 2.66 during the whole measurement period. Both beverages were considered acid for the tested groups. G1 (Opalescence Boost, hydrogen peroxide at 38%) and G2 (Whiteness HP Blue Calcium, hydrogen peroxide at 35%) gels had neutral/basic pH values during measurement period. Thus, for clinical use, we must follow the manufacturer’s instructions. In other words, bleaching gels with gradual decline of pH, for instance G3 and G4, must be replaced within 20 minutes after being applied, in which case it must be prepared again.

Palavras-chave: Clareamento dentário. Regulador de acidez. Desmineralização do dente. Bebidas gasosas. Sucos.

Keywords: Tooth bleaching. Acidity regulator. Tooth demineralization. Juices. Soft drinks.

Como citar este artigo: Quagliatto PS, Duarte JI, Moura GF, Dutra MC, Mendonça LC. Análise do pH de bebidas ácidas e de géis clareadores dentários utilizados em consultório. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):70-5. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.


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Quagliatto PS, Duarte JI, Moura GF, Dutra MC, Mendonça LC

O sorriso desejado, atualmente, traduz-se em dentes claros, bem contornados e corretamente alinhados; por esse motivo, a área relacionada aos aspectos estéticos sofreu grande evolução nas ultimas décadas. O clareamento dentário constitui técnica conservadora para obtenção de dentes mais brancos1. A alteração da cor dos dentes é resultada de uma complexa interação física e química entre o dente e o agente causador da pigmentação2 e, ainda, da combinação da cor intrínseca com a presença de manchas extrínsecas3. As alterações extrínsecas são adquiridas do meio, e formam-se, principalmente, devido à presença de corante nos alimentos, pelo acúmulo de placa, fumo e consumo abusivo de bebidas com corante, como café e chá. Essa alteração de cor pode ser eliminada com profilaxia e uso de agentes abrasivos4,5. Produtos de clareamento dentário aprovados pela Associação Dental Americana possuem como substância ativa o peróxido de hidrogênio ou peróxido de carbamida6,7. O peróxido de hidrogênio é uma substância instável e, quando em contato com a saliva e estrutura dentário, dissocia-se em oxigênio e água, produzindo radicais livres que promovem as reações de oxidação e redução, envolvidas no processo do clareamento9. Já o peróxido de carbamida se dissocia em ureia e peróxido de hidrogênio. Ainda, a ureia se degrada e produz amônia e dióxido de carbono. A amônia reage com a umidade e produz dióxido de amônia, que possui a capacidade de neutralizar o potencial hidrogeniônico (pH) por meio da diminuição da concentração de íons de hidrogênio dos géis clareadores10,11. A efetividade e os efeitos locais desses produtos nas estruturas intrabucais têm sido avaliados12-15, pois o processo oxidativo e o pH do produto clareador são considerados principais causadores de efeito colateral no esmalte dentário após o tratamento clareador. É questionável a capacidade do processo oxidativo em criar irregularidades na superfície do esmalte

clareado, uma vez que um estudo realizado comparou 26 produtos de clareamento dentário, e a média do pH dos géis variou entre 3,67 e 11,1316. A desmineralização do esmalte pode ocorrer com pH entre 5,2 e 5,817. O baixo pH e a alta concentração de ácido dos géis clareadores pode levar a alterações morfológicas na superfície de esmalte, sugestivas de processos erosivos18,19. Tem sido relatado que quanto maior a concentração de peróxido, mais ácido é o pH dos produtos clareadores, assim vários produtos atuais de clareamento em consultório contêm peróxido de hidrogênio com concentração entre 35% e 38%, podendo apresentar pH muito baixo19,20. Portanto, a exposição dos dentes a esses produtos leva à alteração da camada superficial do esmalte, expondo poros ao ambiente externo, o que leva à formação de rugosidade superficial21-24. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar o pH de géis clareadores à base de peróxido de hidrogênio em altas concentrações durante o intervalo de dois em dois minutos, partindo do tempo zero, ou seja, da manipulação do produto até o tempo final de 45 minutos, e ainda comparar os valores com o pH de bebidas usualmente consumidas pela população, como suco de laranja e Coca-Cola. A hipótese foi que os valores de pH dos géis são baixos o suficiente para causar efeitos negativos à superfície do esmalte dentário.

Material e Métodos Seleção dos produtos Para a execução do presente trabalho, foram selecionados os seguinte géis clareadores (Tab. 1) à base de peróxido de hidrogênio (PH): G1, Opalescence Boost – PH a 38% (Ultradent Products Inc., South Jordan, EUA); G2, Whiteness HP Blue Calcuim – PH a 35% (FGM Produtos Odontológicos, Joinville/SC); G3, Whiteness HP Maxx – PH a 35% (FGM); G4, Total Blanc Office – PH 35% (DFL Indústria e Comércio S.A., Rio de Janeiro/RJ).

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):70-5

Introdução


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Quagliatto PS, Duarte JI, Moura GF, Dutra MC, Mendonça LC

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Enviado em: 12/03/2012 Revisado e aceito: 27/08/2013 Endereço para correspondência: Paulo Sergio Quagliatto - Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia-Campus Umuarama- psquagliatto@ufu.br

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Referências:



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artigo inédito

Evaluation clinical of the effectiveness of bleaching office without changing the gel Jaqueline Alves Yamaji*, Cleverson Oliveira e Silva**, André Fraga Briso***, Renata Corrêa Pascotto****, Fabiano Carlos Marson***** *Graduanda em Odontologia, Faculdade Ingá. **Doutor em Clínica Odontológica, UNICAMP. Professor, curso de Odontologia, Faculdade Ingá e UEM. ***Livre Docente em Odontologia e Professor, curso de Odontologia, UNESP. ****Doutora em Dentística, USP. Professora, curso de Odontologia, UEM. *****Pós-doutor em Odontologia, UEM. Professor, Faculdade Ingá.

Resumo

Abstract

Esse trabalho teve como objetivo avaliar, clinicamente, a efetividade de dois agentes clareadores aplicados sobre a superfície dentária durante 45 minutos, sem troca do gel. Foram selecionados 10 pacientes de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, e a arcada superior dos pacientes foi dividida em duas hemiarcadas (n = 10): na hemiarcada direita (HD), foi aplicado o peróxido de hidrogênio a 35% (PH) Clàriant Office (Angelus); e, na hemiarcada esquerda (HE), o PH 38% Opalescence Boost (Ultradent). Foram realizadas duas sessões clínicas, de 45 minutos cada, com intervalo de uma semana entre as sessões. Inicialmente, ao tratamento clareador, os pacientes receberam profilaxia, moldagem para guia de mensuração de cor com silicone de condensação e avaliação de cor por meio de um aparelho espectrofotômetro Vita Easyshade (Vita Zhanfabrik, Alemanha). Após 14 dias do término do tratamento clareador, foi realizada a mensuração final da cor dos dentes. Os dados foram submetidos ao teste t e de Tukey (p < 0,05). Os resultados demonstraram não haver diferença estatisticamente significativa entre as hemiarcadas quanto à efetividade do clareamento (p = 0,146) e nem quanto à sensibilidade. Pode-se concluir que a aplicação dos materiais avaliados sem troca do gel, por 45 minutos, foi eficaz em promover o clareamento de dentes vitais e com baixa sensibilidade dentária.

This study aimed at evaluating the clinical effectiveness of two bleaching agents applied on the tooth surface for 45 minutes without gel changing. Ten patients were selected according to the inclusion and exclusion criteria, and the superior arch of the patients was divided into two quadrants (n = 10): on the right hemiarch was applied hydrogen peroxide 35% (PH) Clariant Office (Angelus), and left hemiarch PH 38% Opalescence Boost (Ultradent). Two clinical sessions of 45 minutes each were held, with an interval of one week between sessions. Before the bleaching treatment the patients received prophylaxis, molding to guide measurement of color with condensation silicone and color evaluation using a spectrophotometer apparatus VITA Easyshade (Vita Zhanfabrik, Germany). Fourteen days after the end of the bleaching treatment, the final color measurement of the teeth was performed. The data were submitted to the t and Tukey’s (p < 0.05) tests. The results showed no significant difference between the quadrants as to the effectiveness of the bleaching (p = 0,146) and neither as sensibility. It may be concluded that the application of the evaluated materials without changing the gel, for 45 minutes, was effective in promoting the vital teeth bleaching with low sensibility.

Palavras-chave: Clareamento dentário. Dente. Estética dentária.

Keywords: Tooth bleaching. Tooth. Dental esthetics

Como citar este artigo: Yamaji JA, Oliveira e Silva C, Briso AF, Pascotto RC, Marson FC. Avaliação clínica da efetividade do clareamento de consultório sem troca do gel clareador. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):76-83. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):76-83

Avaliação clínica da efetividade do clareamento de consultório sem troca do gel clareador


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Avaliação clínica da efetividade do clareamento de consultório sem troca do gel clareador

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Introdução Embora o clareamento caseiro seja o mais comumente indicado para o tratamento de dentes vitais, alguns pacientes não se adaptam à técnica caseira pela utilização da moldeira e/ou não querem esperar duas a três semanas para perceber a mudança na coloração dos dentes, necessitando uma técnica que produza resultados mais imediatos. O clareamento dentário pela técnica em consultório é uma alternativa para esses casos. O procedimento consiste na aplicação de gel clareador à base de peróxido de hidrogênio, em geral, a 35%, sobre os dentes a serem clareados. Por se tratar de agente clareador em alta concentração, cuidados especiais devem ser tomados: todos os tecidos moles do paciente (gengivas, bochechas, língua e lábios) devem ser isolados do contato com o produto clareador. A vantagem da técnica de clareamento no consultório é que bons resultados são alcançados em poucas, porém longas sessões clínicas. O tempo total de uma sessão clínica é em torno de 60 a 80 minutos1. A técnica em consultório mais utilizada consiste em aplicar o gel clareador por três vezes de 15 minutos, perfazendo um total de 45 minutos sobre o elemento dentário. A razão dessa troca, ou seja, o limite de tempo de 15 minutos de permanência do produto sobre os dentes é pela degradação do peróxido de hidrogênio. Contudo, esse protocolo ainda gera dúvidas, e não há um consenso. A avaliação da decomposição do gel clareador em relação ao tempo tem demonstrado que há liberação de peróxido após 15 minutos2-5, o que leva a supor que o clareamento dentário continua em ação após esse tempo, com a mesma efetividade da técnica convencional de 3 x 15 minutos. Isso proporcionaria algumas vantagens, como a redução do tempo de tratamento clínico, pois não haveria a necessidade de remover e reaplicar o gel durante a sessão clínica, diminuição dos custos,

porque menos material seria gasto por paciente, e redução da probabilidade de o produto cair nos tecidos adjacentes e irritar a mucosa6. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar, comparativamente, dois agentes clareadores utilizados na técnica de consultório de aplicação única. A hipótese nula do estudo é que ambos os agentes clareadores são efetivos em promover o clareamento dentário.

Material e Métodos Foram selecionados 10 pacientes, sendo três homens e sete mulheres, após anamnese e exame clínico, com idades entre 20 e 30 anos. Os critérios de inclusão foram: dentes anterossuperiores com vitalidade e coloração A2 ou A3 do incisivo central superior, ausência de restaurações, cáries ou tratamento clareador prévio, dentes sem hipersensibilidade, livres de doença periodontal, sem lesões cervicais (abrasão, erosão e abfração) e não fumante. Os critérios de exclusão estabelecidos foram: presença de problema grave de saúde, fumante, gestante ou lactante, paciente com manchamento nos dentes devido a ortodontia ou tratamento endodôntico, presença de manchas por fluorose, por tetraciclina, sensibilidade dentária ou exposição de dentina e problemas periodontais, além de dentes com descoloração severa. Previamente à avaliação de cor inicial, realizou-se uma profilaxia dentária com escova de Robson e pasta profilática em todos os pacientes, a fim de eliminar manchas extrínsecas. Para o registro de cor antes e após o tratamento clareador, foi utilizado avaliação objetiva pelo uso do aparelho espectrofotômetro EasyShade (Vita Zahnfabrik). A cor foi determinada por meio dos parâmetros do sistema internacional CIElab (L* a* b*), no qual L* indica a luminosidade, onde a média varia de 0 (preto) a 100 (branco); e a* e b* correspondem ao matiz, sendo a* representante da saturação no eixo


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Yamaji JA, Oliveira e Silva C, Briso AF, Pascotto RC, Marson FC

Referências:

Em nosso trabalho não foi realizada um verificação da coloração em longo prazo, apenas por duas semanas após a segunda sessão clínica, diferentemente dos trabalhos de Marson et al.22 e de Almeida et al.23, que tiveram acompanhamento de seis meses, ou do de Polydorou et al.24, por três meses. Estudos longitudinais são necessários para verificar a estabilidade da cor dos dentes clareados ao longo do tempo.

9. Marson FC, Conceição EN. Clareamento dental. In: Conceição EN, organizador. Visão horizontal: Odontologia estética para todos. 1ª ed. Maringá: Dental Press; 2012. v. 1, p. 70-90.

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Conclusão

18. Auschill TM, Hellwig E, Schmidale S, Sculean A, Arweiler NB. Efficacy, side-effects and patients’ acceptance of different bleaching techniques (OTC, in-office, at-home). Oper Dent. 2005;30(2):156-63. 19. Leonard RH Jr, Smith LR, Garland GE, Tiwana KK, Zaidel LA, Pugh G Jr, et al. Evaluation of side effects and patients perceptions during tooth bleaching. J Esthet Restor Dent. 2007;19(6):355-64.

» Os agentes clareadores utilizados no presente trabalho foram efetivos para o clareamento dos dentes vitais. » A sensibilidade dentária, quando presente, foi leve e passageira, relatada durante e após o tratamento clareador.

20. Charakorn P, Cabanilla LL, Wagner WC, Foong WC, Shaheen J, Pregitzer R, et al. The effect of preoperative ibuprofen on tooth sensitivity caused by in-office bleaching. Oper Dent. 2009;34(2):131-5. 21. Kossatz S, Dalanhol AP, Cunha T, Loguercio A, Reis A. Effect of light activation on tooth sensitivity after in-office bleaching. Oper Dent. 2011;36(3):251-7. 22. Marson FC, Sensi LG, Vieira LC, Araújo E. Clinical evaluation of in-office dental bleaching treatments with and without the use of light-activation sources. Oper Dent. 2008;33(1):15-22. 23. Almeida LC, Riehl H, Santos PH, Sundfeld ML, Briso AL. Clinical evaluation of the effectiveness of different bleaching therapies in vital teeth. Int J Periodontics Restorative Dent. 2012;32(3):303-9. 24. Polydorou O, Wirsching M, Wokewitz M, Hahn P. Three-month evaluation of vital tooth bleaching using light units: a randomized clinical study. Oper Dent. 2013;38(1):21-32.

Enviado em: 23/01/2013 Revisado e aceito: 19/08/2013 Endereço para correspondência: Fabiano Carlos Marson Av. São Paulo, 1061 – sala 721 – Aspen Park Trade Center – Centro CEP 87013-040 – Maringá/PR – E-mail: marsonfabiano@gmail.com

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corroborado por outros trabalhos, que verificaram a diminuição da saturação da cor do dente7. Matis et al.8 relatam a diminuição entre 4,5 e 9,6 tons, porém, a avaliação foi realizada visualmente (subjetiva) com escala da Vita Clássica, diferentemente da do presente estudo, que avaliou com aparelho espectrofotômetro, que mensura exatamente a cor (objetiva), gerando um número que padroniza os resultados obtidos.



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caso clínico

In-office bleaching approach associated with at-home technique

Josué Martos*, Gabriela Romanini Basso**, Luiz Fernando Machado Silveira***, Marcelo dos Santos Ferla****, Marcos Rodolfo Bolfoni**** *Professor Associado, UFPel. ** Doutoranda em Materiais Odontológicos, UFPel. *** Professor Associado, Departamento de Semiologia e Clínica, UFPel. ****Graduando em Odontologia, UFPel.

Resumo

Abstract

O objetivo desse trabalho é descrever o tratamento clareador em dentes vitalizados empregando a combinação de técnicas de consultório e caseira supervisionada. O clareamento de consultório foi realizado em duas sessões clínicas, sendo que em cada sessão foram realizadas três aplicações. Consecutivamente, o clareamento caseiro foi realizado por 14 dias. Aplicou-se gel à base de peróxido de hidrogênio a 35% para o clareamento de consultório, associado ao peróxido de carbamida a 10% para o procedimento caseiro. Essa associação de técnicas de clareamento mostrou-se uma excelente opção para a estética e para o tratamento conservador de dentes que foram cromaticamente alterados.

This study aims at describing dental bleaching treatment performed in vitalized teeth by means of combining clinical and home-applied supervised techniques. Dental bleaching carried out at the clinic was performed in two sessions, during which the products were applied three times. Consecutively, home-applied bleaching was performed during 14 days. Hydrogen peroxide-based bleaching gel at 35% was applied for clinical bleaching associated with carbamide peroxide-based bleaching gel at 10% for home-applied bleaching. Combination of both bleaching techniques proved to be an excellent option not only for esthetics, but also for conservative treatment of teeth chromatically altered.

Palavras-chave: Clareamento dentário. Estética dentária. Terapêutica.

Keywords: Tooth bleaching. Dental esthetics. Therapeutics.

Como citar este artigo: Martos J, Basso GR, Silveira LFM, Ferla MS, Bolfoni MR. Clareamento dentário de consultório associado ao clareamento caseiro. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):84-93. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

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Clareamento dentário de consultório associado ao clareamento caseiro


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Clareamento dentário de consultório associado ao clareamento caseiro

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Introdução Com a valorização da estética dentária aliada à atual filosofia conservadora da Odontologia, as técnicas de clareamento apresentaram uma evolução clínica considerável1,2,3. O emprego de distintas técnicas clareadoras, quando corretamente executadas, possibilita resultados estéticos extremamente satisfatórios3,4,5. Sendo o clareamento dentário uma alternativa conservadora frente aos procedimentos mais radicais, como facetas ou coroas protéticas, esse só terá o efeito desejado se forem considerados todos os fatores causais do escurecimento, de forma a compreendê-los com a intenção de corrigi-los, quando necessário6,7,8. As causas mais comuns do escurecimento de dentes vitais são pigmentações fisiológicas, que acontecem pela idade, devido ao desgaste do esmalte dentário e à maior espessura de dentina, tornando os dentes mais saturados em relação à cor, ou por pigmentações extrínsecas pelos corantes dos alimentos. Ambas respondem facilmente ao tratamento clareador, que pode ser de consultório, caseiro ou uma associação de ambas as técnicas9. Atualmente, encontram-se disponíveis para o clareamento dentário distintas formas de apresentação e aplicação dos produtos clareadores. Alguns produtos de uso em consultório apresentam um sistema de mistura na própria seringa, dispensando o uso de potes auxiliares, o que confere uma correta proporção dos componentes. Os géis clareadores com a apresentação sob a forma de caneta aplicadora ou de seringas acopladas, nos parecem vantajosos pela fácil aplicabilidade e pela rapidez de uso, uma vez que dispensam a utilização de fonte de luz para ativação e a necessidade de manipulação. Soma-se o fato de poderem ser aplicados nas duas arcadas simultaneamente, e também pelo total controle da quantidade a ser dispensada por meio do sistema caneta/pincel ou seringa6. O clareamento dentário de consultório é um procedimento que utiliza o gel em porcentagens mais elevadas

de peróxido de hidrogênio (15 a 38%) do que o tratamento caseiro, proporcionando resultados mais rápidos. O clareamento caseiro, por sua vez, utiliza concentrações de peróxido de carbamida (10 a 22%) ou peróxido de hidrogênio (3 a 7,5%), sendo suficientes e eficazes para um pleno clareamento dentário9-12. A tendência atual para obtenção de resultados menos agressivos ao tecido pulpar e mais duradouros com relação à longevidade do clareamento, tem sido a combinação de técnicas clareadoras de consultório e caseira12,13. O objetivo desse trabalho é descrever o tratamento clareador de dentes vitalizados empregando a combinação de técnicas clareadoras de consultório e caseira.

Caso clínico Paciente do sexo feminino, leucoderma, 24 anos de idade, procurou atendimento clínico para resolução estética dos dentes superiores e inferiores, devido a uma insatisfação com a aparência do sorriso (Fig. 1, 2). Ao exame clínico e anamnese iniciais, foi observado um amarelamento excessivo,

1. Aspecto clínico inicial.


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Martos J, Basso GR, Silveira LFM, Ferla MS, Bolfoni MR

Concluímos que a combinação das duas técnicas de clareamento, sendo a de consultório e a caseira supervisionada, é uma excelente opção estética e para o tratamento conservador de dentes que foram alterados cromaticamente.

Referências: 1. Haywood VB. History, safety, and effectiveness of current bleaching techniques and applications of the nightguard vital bleaching technique. Quintessence Int. 1992;23(7):471-88. 2. Perdigão J, Baratieri LN, Arcari GM. Contemporary trends and techniques in tooth whitening: a review. Pract Proc Aesthet Dent. 2004;16(3):185-92. 3. Baratieri LN, Monteiro Junior S, Andrada MAC, Vieira LCC, Ritter AV, Cardoso AC. Clareamento de dentes. In: Baratieri LN. Odontologia restauradora: fundamentos e possibilidades. São Paulo: Ed. Santos; 2001. cap. 17, p. 675-722. 4. Mandarino F, Barreto DL, Yoshio I. Clareamento em consultório e caseiro supervisionado, uma associação de técnicas com sucesso. Odonto News. 2010;39:10. 5. Martos J, Nova Cruz LER, Silveira LFM. Cirurgia periodontal estética associada ao clareamento dentário empregando o sistema Twist Pen. Full Dent Sci. 2010;1(2):129-34. 6. Martos J, Mendes MS, Rodrigues ESA, Torre EN, Nova Cruz LER, Silveira LFM. Clareamento em dentes vitalizados empregando-se o Sistema Twist Pen. Clínica: Int J Braz Dent. 2011;7(2)194-200. 7. Hattab FN, Qudeimat MA, al-Rimawi HS. Dental discoloration: an overview. J Esthet Dent. 1999;11(6):291-310. 8. Maia EAV, Vieira LCC, Baratieri LN, Andrade CA. Clareamento em dentes vitais: estágio atual. Clínica: Int J Braz Dent. 2005;1(1):8-19. 9. Minoux M, Serfaty R. Vital tooth bleaching: biologic adverse effects: a review. Quintessence Int. 2008;39(8):645-59. 10. Zekonis R, Matis BA, Cochran MA, Al Shetri SE, Eckert GJ, Carlson TJ. Clinical evaluation of in-office and at-home bleaching treatments. Oper Dent. 2003;28(2):105-12. 11. Marson FC, Sensi LG, Araujo FO, Junior SM, Araújo E. Avaliação clínica do clareamento dental pela técnica caseira. Rev Dental Press Estét. 2005;2(4):84-90. 12. Matis BA, Cochran MA, Wang G, Eckert GJA clinical evaluation of two in-office bleaching regimens with and without tray bleaching. Oper Dent. 2009;34(2):142-9. 13. Deliperi S, Bardwell DN, Papathanasiou A. Clinical evaluation of a combined in-office and take-home bleaching system. J Am Dent Assoc. 2004;135(5):628-34. 14. Browning WD, Blalock JS, Frazier KB, Downey MC, Myers ML. Duration and timing of sensitivity related to bleaching. J Esthet Restor Dent. 2007;19(5):256-64. 15. Zenkner JEA, Pozzobon RT, Bergoli CD, Galarretta FWM. Alternativa para remoção de manchamentos por fluorose. Clínica: Int J Braz Dent. 2008;4(3):282-8. 16. Gomes MN, Francci C, Medeiros IS, Salgado NRGF, Riehl H, Marasca JM, et al. Effect of light irradiation on tooth whitening: enamel microhardness and color change. J Esthet Restor Dent. 2009;21(6):387-94. 17. Buchalla W, Attin T. External bleaching therapy with activation by heat, light or laser: a systematic review. Dent Mater. 2007;23(5):586-96. 18. American Dental Association. Laser-assisted bleaching: an update. ADA Council on Scientific Affairs. J Am Dent Assoc. 1998;129(10):1484-7. 19. Marson FC, Sensi LG, Vieira LCC, Araújo E. Clinical evaluation of in-office dental bleaching treatments with and without the use of light-activation sources. Oper Dent. 2008;33(1):15-22.

Enviado em: 29/05/2012 Revisado e aceito: 07/08/2012 Endereço para correspondência: Josué Martos Rua Gonçalves Chaves, 457 – Pelotas/RS - CEP: 96.015-560

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Conclusão



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caso clínico

Endocrown: esthetical and functional alternative treatment for severely damaged molars with reduced interoclusal space Thiago Henrique Scarabello Stape*, Priscila Camondy Bertaglia*, Milena Maria Pierre Santos-Caldeira*, Luís Roberto Marcondes Martins** *Doutorando em Clínica Odontológica, UNICAMP. **Livre Docente em Dentística e Professor Titular, UNICAMP.

Resumo

Abstract

A restauração de dentes tratados endodonticamente apresenta vários desafios à Odontologia, sendo que, em muitos casos, o uso de retentores intrarradiculares é indispensável para o restabelecimento da função de dentes com grande destruição coronária. Os pinos de fibra de vidro têm proporcionado a realização de restaurações biomecanicamente mais semelhantes às condições encontradas no elemento dentário, isso graças à Odontologia adesiva e em função de seu módulo de elasticidade ser próximo ao da dentina. Com isso, a taxa de sucesso dessas restaurações tem alcançado níveis satisfatórios. Contudo, falhas no complexo retentor intrarradicular e na coroa protética são inevitáveis. Em sua grande maioria, as falhas são caracterizadas por fraturas não catastróficas, envolvendo a fratura do material restaurador, sendo facilmente solucionadas pela substituição da coroa protética. Entretanto, na ocorrência de fraturas do retentor intrarradicular, a conduta clínica pode ser dificultada sobremaneira devido ao elevado risco de sua remoção. Logo, o presente artigo aborda, por meio de um relato de caso clínico, uma alternativa de reabilitação para molares fraturados com alojamento parcial do pino de fibra de vidro no interior do canal radicular e que apresentam espaço interoclusal reduzido, solucionado pela realização de restauração endodôntica adesiva.

The restoration of endodontically treated teeth presents several challenges to restorative dentistry. In many cases, the use of intraradicular posts is indispensable for restoration of teeth with great coronary destruction, to increase restoration retention to the tooth structure. Fiberglass posts allowed the creation of similar restorations to the sound tooth conditions in terms of stress distribution due to all the advances in adhesive dentistry and because of the fact that fiber post and dentin have similar elastic modulus. Therefore, the success rate of such restorations has achieved relatively satisfactory levels. However, failures in crown-post-tooth complex are inevitable. Many of these failures are characterized by catastrophic fracture of the restorative material which can be resolved, in most cases, replacing the crown. Nonetheless, fiber post fracture also can occur increasing the clinical procedure complexity due to the high risk of fiber post removal. Thus, this case report aims to discuss an alternative rehabilitation for fractured molars with partial accommodation of fiber post inside the root canal and having reduced interocclusal space, solved by performing endodontic adhesive restoration named endocrown.

Palavras-chave: Cerâmica. Planejamento de prótese dentária. Dente molar. Cavidade pulpar.

Keywords: Ceramics. Dental prosthesis design. Molar. Dental restoration failure.

Como citar este artigo: Stape THS, Bertaglia PC, Santos-Caldeira MMP, Martins LRM. Coroa endodôntica adesiva: tratamento estético e funcional alternativo para molares com extensa destruição coronária e espaço interoclusal reduzido. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):94-105. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

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Coroa endodôntica adesiva: tratamento estético e funcional alternativo para molares com extensa destruição coronária e espaço interoclusal reduzido


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Coroa endodôntica adesiva: tratamento estético e funcional alternativo para molares com extensa destruição coronária e espaço interoclusal reduzido

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Introdução A reabilitação de dentes tratados endodonticamente ainda pode constituir um desafio à Odontologia moderna em função do maior risco a fratura quando comparados a dentes vitais, devido à perda considerável de estrutura dentária1. Essa perda de estrutura está associada a lesões cariosas primárias ou recorrentes, traumas ou preparos para tratamento endodôntico2, e não necessariamente à desidratação do elemento dentário e a alterações físicas da dentina após tratamento endodôntico3,4. Dessa forma, a longevidade de restaurações em dentes tratados endodonticamente é influenciada diretamente pela indicação adequada do tratamento restaurador, a quantidade e qualidade de estrutura dentária remanescente e o tipo de material utilizado5. A restauração convencional de dentes sem vitalidade compreende, na maioria dos casos, a utilização de retentor intrarradicular, confecção de núcleo de preenchimento e coroa total4,6. A utilização de retentores intrarradiculares, em especial pinos pré-fabricados e núcleos metálicos fundidos, quando bem indicados, são opções favoráveis e com bom prognóstico no tratamento de dentes com pouco remanescente dentário7,8. Diversos tipos de pinos pré-fabricados, de diferentes formatos e materiais, podem ser encontrados comercialmente, como pinos de fibra de carbono, fibra de vidro, de zircônia e até pinos metálicos rosqueáveis. Contudo, a reabilitação com uso de pinos intrarradiculares exige treinamento específico por parte do cirurgião-dentista9, em função de possíveis complicações inerentes ao preparo desses retentores, do enfraquecimento da estrutura dentária por excesso de desgaste intrarradicular, da possibilidade de perfuração da raiz durante a realização do preparo do conduto radicular e do padrão de fratura desfavorável do elemento dentário quando núcleos metálicos fundidos mal executados são utilizados6. Assim, uma segunda opção de tratamento para dentes posteriores tratados endodonticamente e

com grande destruição coronária são as chamadas endocrowns10. Essa nomenclatura foi descrita pela primeira vez em 199910, sendo também conhecida como coroa endodôntica adesiva, caracterizada como coroa total em cerâmica cimentada adesivamente a molares despolpados10,11, sem necessidade da utilização de retentores intrarradiculares. Nessa opção de tratamento, a restauração indireta e o núcleo de preenchimento formam uma unidade única12. O preparo consiste de término em ombro com 1mm de espessura, e preparo da cavidade central expulsiva2, que corresponde à porção da câmara pulpar para proporcionar maior retenção. A retenção ocorre micromecanicamente pela cimentação adesiva ao substrato dentário, gerada pelo material resinoso11. Outras vantagens associadas a essa restauração incluem estética favorável, técnica simples e custo reduzido devido ao menor tempo clínico11. As próteses fixas endocrown são indicadas para tratamento de molares com extensa perda de estrutura coronária em situações onde o espaço interoclusal é reduzido, o que limita a espessura de material utilizado na confecção da restauração indireta11. Nessas circunstâncias, a técnica convencional com pinos intrarradiculares pré-fabricados é contraindicada11, tornando a endocrown uma alternativa viável por dispensar a utilização de retentores intrarradiculares. Quando indicada corretamente, a taxa de sucesso das endocrowns pode ser superior às restaurações tipo onlay e similar às coroas totais convencionais5,11, caracterizando-se como opção favorável e conservadora de tratamento. A proposta do presente relato de caso clínico é apresentar uma alternativa de tratamento restaurador indireto estético e funcional para molares desvitalizados com extensa perda de substrato dentário, onde a utilização prévia de retentores intrarradiculares não obteve sucesso, resultando em fratura, demonstrando que a execução de endocrown, em algumas situações clínicas, pode evitar a realização de procedimentos mais complexos.


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Stape THS, Bertaglia PC, Santos-Caldeira MMP, Martins LRM

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Conclusão O procedimento restaurador denominado endocrown para tratamento de molares despolpados apresenta boas perspectivas clínicas do ponto de vista funcional e estético, com custo acessível a profissionais e pacientes devido à redução de etapas clínicas. Entretanto, sua indicação deve ser limitada a casos selecionados que atendam os princípios de preparo para esse tipo de restauração, como tratamento de molares com extensa perda de estrutura coronária e inadequado espaço interoclusal, solucionando a limitação de espessura do material utilizado na confecção da restauração indireta, o que torna a técnica convencional com pinos intrarradiculares contraindicada.

22. Bernhart J, Brauning A, Altenburger MJ, Wrbas KT. Cerec3D endocrowns: two-year clinical examination of CAD/CAM crowns for restoring endodontically treated molars. Int J Comput Dent. 2010;13(2):141-54.

Enviado em: 15/01/2013 Revisado e aceito: 24/02/2013 Endereço para correspondência: Luís Roberto Marcondes Martins Av. Limeira, 901 – Piracicaba/SP – CEP: 13.414-903

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):94-105

adesivo com ativador e catalisador torna o sistema de ativação física (fotoativação) em ativação dual (química e física). Esses sistemas são utilizados em situações em que a intensidade de luz é atenuada pela espessura ou tipo de material, reduzindo a eficácia do processo de polimerização ativada por luz20. Quando essa situação ocorre, um catalisador de ativação química é necessário para assegurar o grau de conversão adequado de monômeros em polímeros, proporcionando propriedades mecânicas favoráveis para assegurar longevidade adequada para restauração. Um estudo in vitro recente mostrou maior resistência a fratura de coroas endocrown quando comparadas às coroas convencionais11, o que pode estar relacionado à maior preservação de remanescente coronário. Estudos in vivo também demonstraram desempenho favorável das restaurações endodônticas adesivas após dois anos de análise clínica10,21,22. Dessa forma, restaurações do tipo endocrown constituem uma alternativa favorável para restaurações de molares endodonticamente tratados com limitado e restrito espaço interoclusal, além de contribuir com a redução de etapas clínicas necessárias para confecção de restaurações indiretas estéticas e funcionais, sem comprometer a taxa de sucesso clínico.



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caso clínico

Eating disorders: Dental implications. A case report

Laura Bullamah Stoll*, Alvaro Augusto Junqueira Júnior** *Doutora em Reabilitação Oral, USP. Professora Assistente, curso de Especialização em Dentística, FORP-USP. **Mestrando em Dentística, FORP-USP.

Resumo

Abstract

A necessidade de sentir-se aceito pela sociedade, principalmente com relação à beleza física, adequando-se aos padrões estéticos atuais, tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Entretanto, o desequilíbrio emocional catalisado por esse anseio de autoafirmação é capaz de gerar comportamentos danosos ao indivíduo, como a anorexia e a bulimia. Além do prejuízo psicológico causado por essas condições, ocorrem danos físicos de importância odontológica, como a erosão dentária acelerada pelos episódios bulímicos. Esse relato de caso visa demonstrar a viabilidade de se reabilitar os dentes anterossuperiores acometidos por erosão ácida com laminados cerâmicos.

The need to feel fit in society, mainly regarding to physical beauty and current esthetic standards, has been growing a lot in recent years. However, the emotional imbalance induced by this self-assertion aspiration is capable of generating harmful behavior to the subject, like anorexia and bulimia nervosa. Besides the psychological injury caused by those conditions, physical damage concerning the dentistry area occur, like accelerated dental erosion by bulimic episodes. This case report aims to demonstrate the possibility of treating anterior superior teeth affected by acid erosion with ceramic laminates.

Palavras-chave: Anorexia. Bulimia. Facetas dentárias.

Keywords: Anorexia. Bulimia. Dental veneers.

Como citar este artigo: Stoll LB, Junqueira Júnior AA. Distúrbios alimentares: implicações odontológicas. Relato de caso clínico. Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):106-17. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):106-17

Distúrbios alimentares: implicações odontológicas. Relato de caso clínico


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Distúrbios alimentares: implicações odontológicas. Relato de caso clínico

Rev Dental Press Estét. 2013 jul-set;10(3):106-17

Introdução Os distúrbios alimentares denominados anorexia e bulimia são transtornos psiquiátricos e sociais que causam diversos danos. Esses problemas atingem, principalmente, adolescentes e adultos jovens insatisfeitos com sua aparência, muitas vezes devido a uma necessidade de corresponder à alta cobrança da sociedade em relação à imagem corporal considerada esteticamente ideal1. A pessoa, ao se olhar no espelho, percebe-se como o oposto da realidade vivida, ou seja, enxerga-se com sobrepeso quando, na verdade, apresenta-se com acentuado grau de desnutrição2. A anorexia e a bulimia estão diretamente relacionadas entre si e dificilmente um paciente apresenta um único distúrbio isolado. A anorexia é caracterizada pelo paciente que possui um medo intenso de engordar, mesmo estando abaixo do peso e recusando-se a manter o peso ideal necessário em relação à estatura e idade. Caracteriza-se pelas perturbações frequentes com a imagem corporal considerada esteticamente ideal, seguida de autoavaliações e negações do baixo peso corporal. Sendo mais frequente no sexo feminino, com prevalência em mulheres jovens, os casos avançados podem ser acometidos por amenorreia ou ausência de ciclos menstruais3. É caracterizada, também, pela dieta rigorosa de alimentos, evitando aqueles que levam ao ganho de peso. O indivíduo, na ânsia de alcançar uma aparência ideal, inicia uma incessante busca pelo emagrecimento, com características de perturbações emocionais4. A anorexia possui etiologia multifatorial, com envolvimento de componentes psicológicos, familiares, socioculturais, biológicos e individuais. Desse modo, é frequente a diminuição do número de refeições e da quantidade de alimento ingerido. Algumas vezes, o paciente com anorexia também desenvolve bulimia4,5. No caso da bulimia, o paciente apresenta surtos bulímicos compulsivos, caracterizados por episódios

recorrentes de ingestão descontrolada de grande quantidade de alimentos em um período curto de tempo, ocasionando um sentimento de culpa e sensação de descontrole absoluto6. Em seguida, ocorrem vômitos autoinduzidos, uso de remédios como laxantes e diuréticos, exercício físicos exagerados e dietas radicais. Frequentemente, há um elevado índice de abuso de estimulantes, como o uso de fármacos, excesso de cafeína, muitas vezes chegando a usar cocaína. O perfil dos pacientes bulímicos está associado à depressão e à baixa autoestima devido à preocupação excessiva com o peso e a forma física. Esses pacientes possuem consciência da anormalidade do fenômeno e, muitas vezes, temem não conseguir detê-lo e assim se auto-condenam por isso7. Esse tema tem sido discutido com crescente relevância na Odontologia porque, frequentemente, é o cirurgião-dentista, a partir dos sinais e sintomas clínicos desenvolvidos na forma de surtos bulímicos característicos do quadro, um dos primeiros profissionais da saúde capazes de identificá-lo, podendo, assim, contribuir para a orientação adequada do paciente8. As manifestações bucais de um paciente bulímico podem ser detectadas pelo cirurgião-dentista em um simples exame de rotina. As possíveis consequências para esse distúrbio são, comumente, a erosão dentária nas faces palatinas dos dentes superiores, sinais de bruxismo e abfração cervical vestibular, problemas periodontais, perda de esmalte associada à sensibilidade térmica, desidratação e inflamação dos tecidos moles pela redução do fluxo salivar, assim como a redução dos tamponantes ácidos protetores da saliva. A gravidade do impacto dessas ocorrências nos dentes e tecidos moles da cavidade bucal dependem da natureza cariogênica da dieta consumida pelo paciente. Na anamnese, o cirurgião-dentista deve ser capaz de abordar o assunto e ganhar a confiança do paciente para que seja facilitada a interrogação a respeito de hábitos alimentares e a possível existência de distúrbios alimentares9.


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Distúrbios alimentares: implicações odontológicas. Relato de caso clínico

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21. Aspecto intrabucal palatino aproximado. 22. Aspecto extrabucal aproximado com lábios relaxados. 23. Aspecto aproximado do perfil extrabucal direito. 24. Aspecto aproximado do perfil extrabucal esquerdo.


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Stoll LB, Junqueira Júnior AA

O atendimento de pacientes adultos jovens com distúrbios alimentares tem se tornado mais frequente nos consultórios odontológicos. Em virtude das manifestações bucais provocadas por essas desordens, como a erosão ácida, elevada incidência de cárie e sensibilidade dentinária, frequentemente é o cirurgião-dentista o primeiro profissional de saúde capaz de identificar a presença dessas doenças emocionais e comportamentais1-9. Por esse motivo, o papel do cirurgião-dentista não deverá se restringir apenas à realização de procedimentos técnicos. Durante o atendimento desses pacientes, uma abordagem mais abrangente e afetiva deverá fazer parte da rotina das consultas para alcançar um diagnóstico assertivo, contribuindo para o sucesso do tratamento e o bem-estar geral dos indivíduos ao longo do tempo. O tratamento restaurador em si deve ser uma complementação ao tratamento psicológico como uma forma de melhorar a autoestima desse paciente. Por essa razão, é de extrema importância que o cirurgião-dentista esteja sempre atento às alterações bucais causadas por esses distúrbios e saiba prontamente reconhecê-las e, assim, poder encaminhar o paciente para o tratamento multidisciplinar, contribuindo decisivamente para impedir a progressão da doença, formulando um plano de tratamento preventivo e restaurador e, consequentemente, proporcionado uma melhoria na qualidade de vida desses pacientes.

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Enviado em: 05/12/2012 Revisado e aceito: 27/08/2013 Endereço para correspondência: Laura Bullamah Stoll Av. Independência, 3294 – sala 1 – Alto da Boa Vista – Ribeirão Preto/SP e-mail: lbstoll@msn.com

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Considerações finais


L A N Ç A M E N T O

A obra foi idealizada com o objetivo de possibilitar uma visão geral da Implantodontia, desde situações simples e corriqueiras, até casos de alta complexidade. Dividido em 5 capítulos, o livro aborda os seguintes tópicos: Capítulo 1 – apresenta aspectos gerais da prática clínica com implantes, mencionando temas atuais e relevantes na especialidade e áreas afins. Capítulo 2 – aborda os defeitos ósseos mais frequentes, a utilização de materiais de preenchimento ósseo e os mecanismos da reparação óssea. Capítulo 3 – mostra, em detalhes, diferentes modalidades de tratamento em áreas com envolvimento estético. Capítulo 4 – é dedicado exclusivamente ao setor posterior, apresentando alternativas clínicas para essa região. Capítulo 5 – conclui a obra, desvendando algumas fases da Reabilitação Oral, por meio da utilização dos implantes como ferramentas importantes para a fixação de diferentes tipos de reabilitações protéticas. Segundo os Drs. Julio Cesar Joly, Paulo Fernando Mesquita de Carvalho e Robert Carvalho da Silva, prefaciadores Autores: Mauro Tosta e Gastão

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Normas para apresentação de originais


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— as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih.gov/bsd/ uniform_requirements.html). — utilize os exemplos a seguir: Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Bruguera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção. [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.

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