Revista Comércio + Serviços | Ed.38

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R E V I S T A

+

COMÉRCIO SERVIÇOS AMILTON FIORIN

DECRETO

GUARULHOS DE CARA NOVA

mar - abr 2012 | ed. 38

PERFIL

Publicação Oficial do Sincomércio Guarulhos

FORMAÇÃO PROFISSIONAL MERCADO DE TRABALHO COMPETITIVO EXIGE MAIS PREPARO

CONHEÇA A BICICLOTECA



Editorial

em busca de medalhas expediente Presidente José de Oliveira Portásio Secretário José Marinho da Silva Tesoureira Maria Ap. Marcondes de Oliveira Diretor Social Aparecido Padilha Martins Conselho Editorial José de Oliveira Portásio Aparecido Padilha Martins José Marinho da Silva Maria Ap. Marcondes Valdir Canoso Portásio Editor Valdir Canoso Portásio Jornalista Responsável Valdir Canoso Portásio MTb - 64965/SP Redatores e Repórteres Ariane Soares | MTb - 65781/SP Valdir Canoso Portásio Colaboração Mario H. Motoshima

A

primeira edição de 2012 da Revista Comércio + Serviços foi um sucesso. Nosso objetivo é repetir esse resultado a cada bimestre. Nesta segunda edição do ano discutimos muito sobre qual matéria iria para a capa. Acabamos decidindo por aquela que trata da formação profissional. Estamos próximos de grandes eventos, que apesar de serem breves – Copa do Mundo e Olimpíadas não duram mais do que sessenta ou setenta dias somados – ensejam legados extraordinários. Tanto na experiência da sociedade em abrigar acontecimentos tão grandiosos como na formação de capital humano. Talvez tenhamos problemas com obras inacabadas, mas tenho certeza que o povo estará preparado a altura. O Sincomércio, não é de hoje, tem se preocupado com a preparação de mão de obra para o comércio. É claro que Guarulhos vai ganhar muito com esses eventos e quem estiver pronto para receber os turistas fará a diferença. Vai faturar mais aquele que tiver em seus quadros pessoas preparadas e treinadas. Nesta edição mostramos o que tem sido feito pela entidade nesse sentido Leiam com atenção a matéria de capa e façam contato conosco, se engajem. Apresentamos também detalhes da parceria entre o Sincomércio e a Green Card, operadora de cartões refeição. Não se trata de mais um meio de alimentar o funcionário, mas de uma solução legal para isso. O empresário deve ficar atento para não cometer erros que poderão causar graves prejuízos no caso de um contencioso trabalhista. A base da parceria prevê total apoio legal às empresas para se inscreverem no PAT e trabalharem dentro das determinações legais. De outra legalidade, desta vez com relação ao decreto “Guarulhos de Cara Nova”, fala a matéria da página 18. O assunto está longe de se esgotar e a própria administração pública ainda escorrega nele. Entrevistamos o secretário de Desenvolvimento Urbano que falou um pouco da aplicação das medidas. Aproveitem a leitura e, mais uma vez, chamo a todos que participem da entidade. Utilizem os canais amplamente divulgados, faça diferença!

Comercial Eduardo Lopes Projeto Gráfico e Editoração Renan Guedes Design Refestelo 11 7429.0238 11 5252.4838

José de Oliveira Portásio Presidente


e s paço d o L e i to r

sumário

Cultura Bicicloteca

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Opinião “Abre Aspas... Nova Parceria Green Card

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Perfil Amílton Fiorin

Capa Formação Profissional

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Decreto Cara Nova

Coluna Mario H. Motoshima

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sucesso Gostei da mudança do material da revista, ficou mais atrativa. Fiquei contente também em tê-la de volta em mãos, depois de ter ficado alguns meses sem recebê-la. Achei importante e parabenizo a iniciativa da entidade em mostrar o anuário encartado aos seus associados e colaboradores o trabalho feito em prol do comércio. Marlene Seixas Cumbica ECAD Já sabia da existência do Ecad, e da sua fiscalização nas casas de shows, mas em comércios, e espaços públicos? É de se admirar. Espero que a cobrança seja justa, e que não haja irregularidades na distribuição dos valores arrecadados. Interessante a matéria. Carlos Alberto Pimentas

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leitor@sincomercioguarulhos.com.br

ou pelo telefone 11 2475.7575 | Depto. de Comunicação @sinco_guaru facebook.com/sincomercio.guarulhos

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Sacolinha da Discórdia Realmente o caso das sacolas plásticas tem trazido muita discórdia e todo tipo de crítica dos usuários. Depois de tantas manifestações contra o fim da distribuição gratuitas, já era de se esperar que a campanha fosse banida. Se a mudança acontecesse de forma justa e clara, talvez, não teriam ocorrido tantas opiniões contrarias. Paula Marques Maia


c u lt u r a divulgação

letras sobre rodas Bicicloteca, uma ideia que abre horizontes, inclui e acolhe quem não tem acesso à cultura e à leitura por Valdir Portasio

A

paulicéia desvairada de Mario de Andrade, Adoniran Barbosa, Itamar Assumpção e tantos outros nomes ilustres também abriga uma população quase invisível. Quase, porque cidadãos como Robson Cesar Correia de Mendonça, nascido alagoano e feito gaúcho, a fazem visível. Mendonça nasceu em Maceió, capital do Estado das Alagoas e criou-se em Alegrete, no Rio Grande do Sul. Pequeno agropecuarista em pagos gaúchos, resolve se desfazer dos bens e rumar para São Paulo com o sonho de abrir um negócio. Logo ao pisar em solo paulistano é iludido por estelionatários. Perde os bens e os sonhos. Pouco tempo depois, perde também a família – mulher e dois filhos - num acidente rodoviário, em viagem que faziam a Juazeiro do Norte. Por muito pouco não perde a dignidade. Muitos abrigos, albergues e brigas depois, esse gaucho-alagoano de 52 anos, vira referência, funda e preside a “Associação dos Moradores em Situação de Rua de São Paulo”.

Explica que o termo moradores de rua esconde um conceito errado. “Se o cara morar na rua o carro passa por cima dele, ele mora na calçada, embaixo de uma marquise (...) o termo correto é moradores em situação de rua. São pessoas que moram em albergues, abrigos, moradias provisórias, cortiços, favelas e que, de uma hora para outra, podem estar em uma calçada, embaixo de uma ponte, numa praça...”, ensina o presidente. Espaço O escritório do “Movimento Estadual da População em Situação de Rua”, no centro velho de São Paulo, mal abriga um nome tão grande. Um espaço pequeno, porém mantido com orgulho e vitalidade, que mostra um pouco do universo afetivo e cultural desse homem de fala firme e olhar decidido. Em uma das muitas prateleiras repletas de livros surge altaneiro o símbolo do Gremio Foot Ball Porto Alegrense (sic), em outra uma cuia de mate se mistura a mais livros, ainda desorganizados, todos recebidos em doação para o projeto que é hoje a menina dos olhos de Robson: a Bicicloteca.

O ex-morador de rua conta, orgulhoso, que depois de ser expulso de vários albergues por não compactuar com maus tratos e com a total falta de interesse dos administradores, reuniu um grupo de albergados e, juntos, fundaram a associação. “Juntei o pessoal dos albergues e disse que a partir daquele dia daria a minha vida em prol da nossa dignidade”. Explica em um tom severo de quem não se curva diante do poder e do conhecimento alheio. “Chegaram a me dizer, quando apresentei um oficio na prefeitura, que eu deveria antes aprender a escrever direito e eu respondi para o digníssimo funcionário público que ele poderia, antes de bancar o cavalo comigo, me ajudar a corrigir os erros! Por essas e por outras – cheguei a ser preso por desacato - arrumei muitos desafetos, mas também muitos amigos que têm sido fundamentais no caminhar da nossa luta”. a ideia Foi no Albergue Nacional da Esperança, pouco tempo depois, que se deparou com a obra do escritor inglês George Orwell, “A Revolução dos Bichos”, e acorComércio + Serviços | 5


c u lt u r a

Não vou perder meu tempo e meu almoço para puxar saco e dar cartaz para políticos

dou para um fato que estava ali, diante dele e para o qual ainda não tinha dado conta. Organizar de vez o movimento. “Se os bichos do livro puderam, eu também posso”, conta Robson sobre o que pensou depois de ler a ficção de Orwell. valdir portásio

Robson Mendonça

Foi nesse passo e com “a faca entre os dentes” que foi se tornando conhecido e reconhecido como liderança, não só pela população em situação de rua, mas também por administradores públicos, políticos e ativistas do terceiro setor. Projeto Como representante da Agenda 21, foi convidado para uma cerimônia de plantio de árvores na Biblioteca Mario de Andrade, na rua da Consolação. Estariam presentes autoridades como o secretário do Meio Ambiente do município de São Paulo, Eduardo Jorge e representantes de ONGs ligadas ao meio ambiente. Titubeou, não queria ir. “Não vou perder meu tempo e meu almoço para puxar saco e dar cartaz para políticos (...) acabei indo, faço parte da Agenda 21 e é importante estar presente em atos que promovem a consciência ecológica”. Falou mais alto o espírito guerreiro sem saber que naquele 6 | Comércio + Serviços

dia a ideia que vinha sendo apresentada há tempos em secretarias e entidades beneficentes sem ter atenção de ninguém, seria abraçada. O presidente da ONG Mobilidade Verde, Lincoln Paiva, estava no ato e conhecia o desejo de Robson Mendonça de criar uma biblioteca itinerante. Pediu o projeto e pouco tempo depois entregaria o primeiro veículo, pronto para o trabalho. Daí em diante foi só arrumar voluntários e colocar a bicicloteca na rua. Na maior parte do tempo, porém, é o próprio Robson que conduz o triciclo que custou pouco para chamar a atenção da mídia e da população de rua. Mas segundo seu criador, a iniciativa não serve apenas aos moradores de rua, qualquer pessoa – e muitas fazem isso – que quiser se cadastrar e levar um exemplar do acervo pode fazê-lo. “Meu objetivo não é ter o livro de volta, é fazê-lo circular, mas mesmo assim retornam em 99,9% das vezes”, conta, sobre o método de circulação. Método “Fazemos um cadastro simples, sem quese exigência nenhuma”, explica. “Quando ainda estava em situação de rua, ia a uma biblioteca, sempre carregando minha bagagem – um saco cheio de documentos, cobertor, etc – e queria retirar um livro, me pediam comprovante de residência. Quando dizia que morava em albergue ouvia sempre que aquilo não é moradia (...) se resolvia ficar para ler era hostilizado pelos frequentadores que torciam o nariz porque na imaginação deles, morador de rua cheira mal mesmo quando toma banho ”,

conta Robson com muita mágoa mas ao mesmo tempo com alegria de quem fez da revolta um projeto social. “Quem pensa que morador de rua é ignorante, que não gosta de ler, está muito enganado”, revela Robson. “Conheço histórias fantásticas de vidas que têm se transformado para melhor nesse pouco mais de meio ano de Bicicloteca”, acrescenta. A primeira doação ao projeto foi feita antes mesmo da existência do veículo. “A Nina Orlow, representante do Brasil na Agenda 21, me ligou para dizer que estavam desmontando uma biblioteca em Santo Amaro e perguntar se eu queria o acervo. Eu disse que sim (...) foram 12 mil volumes que ficaram por um tempo guardados e agora fazem parte do patrimônio da Bicicloteca”, lembra. O trabalho da biblioteca itinerante não impede que o ativista dê continuidade à luta por dignidade e pelo cumprimento da lei municipal n.12316/97, conhecida como lei do morador de rua. “Se essa lei fosse cumprida, a maioria dos problemas que acontecem com essa população não existiria (...) mas lei é uma coisa que pega quando beneficia o rico, para o pobre a coisa muda um pouco”, reclama .

Serviço Apoie o projeto, acesse www.bicicloteca.com.br e saiba como participar.


op i n i ã o

"a b r e a s pa s ...

MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA por Valdir Portasio

“A

prende (sic) a escrever antes de trazer ofícios aqui...” Essa frase foi ouvida pelo ativista e presidente da Associação dos Moradores em Situação de Rua de São Paulo, Robson Mendonça, ao entregar um documento requisitando espaço na Praça da Sé para realização de evento voltado à população de rua. Não foi um ato isolado, nem mesmo incomum. É fácil encontrar na imprensa – escrita, falada e televisada – manifestações de preconceito aos, segundo esses meios, maus falantes da língua. O jornalista Fernando Jorge, em artigo publicado na Revista Imprensa nº 231 em janeiro de 2008, destaca o comportamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Escarnecendo da escolaridade de Lula, o senhor FHC declarou no 3º Congresso do PSDB, realizado em Brasília. Nós queremos brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria “. Em seguida, o jornalista explica que o sociólogo e ex-presidente criticou a falta de cultura do Lula usando construções erradas. “O ex-professor da USP não sabe que é impróprio, antes dos particípios, recorrer às formas sintéticas do comparativo de superioridade dos adjetivos bem e mal...”. Neste caso, conclui o crítico, a construção deveria ter sido feita com

a forma analítica mais bem. “Nós queremos brasileiros mais bem educados...”, seria a expressão correta. Não importa, enfim, a forma que FHC usou, mas o contexto. Outros exemplos podem ser encontrados em textos e discursos de FHC e de jornalistas de prestígio. Enumero alguns, ainda retirados da mesma fonte: “...se tivermos errados, nós mudaremos.” (OESP 18-03-1995) O verbo estar foi trocado pelo verbo ter. A frase certa seria: “Se estivermos errados, nós mudaremos”. “Estado e União são capazes de atender aos reclames da população”. (OESP, 25/01/1997) Reclame significa propaganda, anúncio. Reclamos, sinônimo de reclamação, é que seria o correto.

o linguista Marcos Bagno cita o colega britânico James Milroy: “Numa época em que a discriminação em termos de raça, cor, religião ou sexo não é publicamente aceitável, o último baluarte da discriminação social explícita continuará a ser o uso que uma pessoa faz da língua”. Foi exatamente esse tratamento dado a Mendonça quando tentou entregar um ofício para um funcionário público paulistano. Arrogância inaceitável, crença primitiva relacionar como incapaz e desclassificado quem utiliza a língua fora dos padrões da norma culta. Até quando seremos obrigados a conviver com a cultura da erudição ou, como se vê, falsa erudição? Reflexão que conduz a outra: para que serve erudição se não para lançar olhares analíticos, problematizadores, para as questões humanas? Vaidade e poder não estão entre as motivações mais nobres! .

Esses e outros tantos escorregões sobre o liso mármore da norma culta da língua portuguesa fazem parte do repertório retórico do político que ecoou o preconceito estigmatizado pelas classes dominantes.

Saiba mais: A Norma Oculta Língua & Poder na Sociedade Brasileira Marcos Bagno – Ed. Parábola

Falaram mais alto o velho preconceito e arrogância de sempre.

A Língua de Eulália Novela Sociolinguística Marcos Bagno – Ed. Contexto

No prólogo da obra “A Norma Oculta”,

*Sobre o título: Caetano Velloso adapta, na letra de “Língua”, frase de Fernando Pessoa “...minha pátria é a língua portuguesa...”. Apropriei-me porque carrega todo o peso sociolinguístico que pretendi transmitir no texto.

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O

Sindicato do Comércio Varejista de Guarulhos estabelece a primeira parceria de 2012 com a empresa Green Card, fornecedora de serviços no segmento de vales e cartões refeição e alimentação.

Sincomércio e greencard fecham parceria associados Sincomércio têm descontos especiais em taxas administrativas por Ariane Soares

Há mais de 23 anos no mercado nacional, a Green Card S.A, faz parte do Grupo Green Card que mantém outras cinco empresas nos ramos gráfico, navegação, construção naval e financeiro. Possui aproximadamente 100 mil estabelecimentos credenciados, e está presente em todos os Estados brasileiros. Com a parceria, a empresa vem trabalhando forte em Guarulhos, credenciando estabelecimentos e expandindo o portfólio de convênios. Ter o selo Green Card no estabelecimento é muito fácil e sem custo de implementação. Basta que o comércio já seja conveniado da Redecard e, em breve, do sistema Cielo, que abrange várias bandeiras de crédito e débito. O Sincomércio, após alguns meses de negociação, optou pela Green Card, por ser uma empresa com longo e bem avaliado histórico no segmento, bem como pela participação e preocupação efetiva com questões que ultrapassam o mundo dos negócios e alcançam o interesse social. PAT A Green Card é credenciada pelo Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT), instituído em 1976 pelos Ministérios do Trabalho, da Saúde e da Fazenda, que objetiva melhorar as condições nutricionais e a qualidade de vida dos trabalhadores, garantindo incentivos – como benefícios fiscais e trabalhistas – para as empresas que fazem parte do programa. Atualmente o PAT (lei nº6. 321) beneficia mais de 11 milhões de trabalhadores.

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pa r c e r i a

O cadastro no PAT garante às empresas isenção de encargos sociais sobre o custo da refeição fornecida. Assim como podem alcançar isenção de até 4% no imposto de renda devido sobre o lucro tributado. Pesquisas do Ministério do Trabalho e Emprego apontam que trabalhadores cujas empresas garantem alimentação produzem mais, faltam pouco e se atrasam menos. Além das consequências positivas indiretas como vida mais saudável e redução da fadiga.

SERVIÇO

Vantagens Os associados Sincomércio têm descontos nas taxas administrativas e atendimento especial na aquisição dos serviços da Green Card, como segurança contra fraudes, consultoria gratuita para as empresas se cadastrarem no Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT) e campanhas de incentivo. “Daremos amplo suporte e acompanhamento aos clientes em suas empresas, quando necessário e solicitado”, ressalta a assessora comercial da Green Card em São Paulo, Fabiane Souza .

Mais informações referentes ao PAT podem ser encontradas no portal http://portal.mte.gov.br/pat/. O associado Sincomércio que desejar adquirir o cartão Green Card deve entrar em contato pelo telefone 2475.7575/ 3255.8190, ou pelo e-mail: fabiane.oliveira@grupogreencard.com.br. A Green Card manterá plantão no Sincomércio todas as quintas-feiras das 9h às 17h30.

O programa ainda exige que restaurantes conveniados cumpram regras sanitárias impostas Quadro Comparativo pelo ministério da saúde, gaConsiderando 1 funcionário com benefício de R$ 120,00/mês por 2 anos rantindo segurança alimentar (22 meses + 2 férias) aos trabalhadores. Importante ressaltar que apenas as empresas inscritas no PAT e usuárias de um dos sistemas de cartão alimentação estarão seguras quanto a não incorporação aos salários de verbas, mesmo que sejam de caráter econômico livrando-as do efeito cascata dos encargos sociais. “Até um restaurante que fornece refeição aos funcionários está sujeito à incorporação desse benefício aos salários dos funcionários se não estiver inscrito no PAT e não formalizar a entrega da verba”, informa o diretor comercial, da Green Card, Jorge Elias Oliveira.

Com PAT

Sem PAT

(Fornece o Benefício ao Funionário)

Despesa Cartão Alimentação

Valor R$ 2,640,00

(Não Fornece o Benefício ao Funcionário)

Despesa Alimentação

Valor R$ 2,640,00

INSS

00,00

INSS

316,80

FGTS

00,00

FGTS

211,20

INSS (Funcionário)

00,00

INSS (Funcionário)

211,20

Férias

00,00

Férias

320,00

INSS

00,00

INSS

38,40

FGTS

00,00

FGTS

25,60

INSS (Funcionário)

00,00

INSS (Funcionário)

25,60

13º Salário

00,00

13º Salário

240,00

INSS

00,00

INSS

28,80

FGTS

00,00

FGTS

19,20

00,00

INSS (Funcionário)

INSS (Funcionário) TOTAL

2,640,00

TOTAL

19,20 3,840,00

Não foram considerados juros, multas e correções dos recolhimentos Comércio + Serviços | 9


perfil

De comerciário a comerciante,testemunha o desenvolvimento e as mudanças de costumes de Guarulhos por Valdir Portásio

T

rouxe alguns papéis com muitas linhas escritas em tinta azul. Anotações que seriam usadas para acordar as lembranças de 60 anos de trabalho no comércio. Fez pouco, ou quase nenhum uso da cola, cuidadosamente elaborada.

Natural de Monte Alto, meio oeste paulista, o menino Amilton José Fiorin, acompanha os pais, em meados dos anos 40, que se mudam para Guarulhos. Seu Otávio Fiorin (o pai), trabalha como caseiro em uma pequena propriedade na região onde é hoje o bairro de Torres Tibagi. Parte da infância foi vivida nessa 10 | Comércio + Serviços

arq. pessoal

Conforme fala, uma brisa desloca o pó acumulado na velha mobília e abre, uma por uma, as gavetas do escaninho do tempo. Foram os móveis, aliás, personagens que atuaram de maneira constante na vida desse neto de italianos que, como muitos, saíram do velho mundo em busca de oportunidades em terras brasileiras.

região entre os trilhos do trem da Cantareira e o Grupo Escolar José Alves de Cerqueira César, na Vila Galvão. “Nos dias que estávamos atrasados pegávamos o trem, só uma estação, de Tibagi até a Vila Galvão”, conta Fiorin.

Amilton José Fiorin

Mas a vida de criança se esgota logo com a necessidade de trabalhar. Consegue no Juízo Privativo de Menores de São Paulo, uma Autorização Provisória Para o Trabalho e em 1952, aos 12 anos, se emprega na loja Rádio “Eletro Guarulhos” de propriedade do Sr. Heitor Re-

ganelli. Nessa época não era permitido que menores de 14 anos trabalhassem, por isso a necessidade da autorização. Hoje esse documento não existe mais e a idade mínima para o trabalho é de 16 anos. A empresa situada na Rua D. Pedro II pagava ao menor, cuja função registrada era a de auxiliar de escritório, a quantia de 600 cruzeiros. Guarulhos em 1952 já era um município emergente. Apesar da distância relativa da capital ainda ser grande por conta da precariedade dos transportes e da comunicação, a cidade vivia uma revolução silenciosa. Havia apenas 48 anos que ganhara status de município e já dava mostras do desenvolvimento econômico que seria palco. Em 1956 a cidade contava com 250 olarias (estas em processo de encolhimento), 90 indústrias de grande porte, 80 pequenas fábricas, 40 portos de extração de areia e três matadouros. Foi esse nesse cenário que Amilton Fiorin passou a atuar como menor trabalhador.

arq. pessoal

Seis Décadas


PERFIL

ARQ. PESSOAL

Selo da Odeon Records Em ordem abaixo: Nelson Gonçalvez. Roberto Luna, Francisco Canaro, Francisco Alves e Gregório Barrios

DIVULGAÇÃO

saltando da memória e Amilton se empolga com saudosismo quando relembra que a Autorização Provisória para Trabalho loja que lhe deu a primeira oportunidade de emprego, foi a pioneira na venda de discos fonográficos, instruA cidade, apesar da latência desen- mentos musicais, fogões a gás e televisovolvimentista, ainda apresenta carac- res, esses últimos já no final da década de terísticas quase rurais. “Nessa época, 50. As lembranças incluem até os artisanos 50, até o final da década passa- tas de sucesso, aqueles que a “freguesia” va boiada na Rua D. Pedro II (...) vinha procurava mais. “Comecei a trabalhar no pela Timóteo Penteado, descia a Emílio ano em que Francisco Alves, o Rei da Voz, Ribas (...) seguia depois para o mata- morreu em acidente de automóvel na douro onde é hoje o Tiro de Guerra (...) Via Dutra (...) vendia muito”, conta Fiorin atravessava a Dutra! Os carros paravam sobre o artista que teve o carro incendiado após se chocar de frente com um capara a boiada passar”. minhão na região de Pindamonhangaba, quando voltava para o Rio de Janeiro. Se recorda de outros como a dupla Tonico ...o ex-prefeito Oswaldo e Tinoco, o grupo Demônios da Garoa, Roberto Luna, Gregório Barrios, FrancisDe Carlos (falecido em co Canaro, com sua orquestra de tangos setembro de 2010) era e “Nelson Gonçalves, o nosso Nelsão, era campeão de vendas com A Volta do Bovendedor de rádios êmio e Nega Manhosa”, vai relatando e quando eu era criança modulando a voz carregada de saudade.

Na loja, o pequeno comerciário conhece um senhor, vendedor de rádios que se tornaria figura ilustre na cidade. “o ex-prefeito Oswaldo De Carlos (falecido em setembro de 2010) era vendedor de rádios quando eu era criança (...) trazia os radinhos a pilha, tudo embaixo do braço, como mostruário...”. As lembranças vão

Daquela época, conta, restou apenas a Casas Pernambucanas que ainda funciona no mesmo local de hoje. LAZER Mas a vida não era só trabalho. Aos fins de semana a população de Guarulhos se entregava a lazeres bem diferentes dos de hoje. “O Silvio Santos vinha, normalmente aos domingos, fazer um show de músiCOMÉRCIO + SERVIÇOS | 11


arq. pessoal

perfil

Mas parece que um dos passatempos preferidos da juventude da época era o footing. Prática que consistia no ir e vir em uma rua movimentada à guisa de arranjar namorada(o). As moças caminhavam de um lado da rua e os rapazes do outro, flertando com os escolhidos. Isso acontecia aos sábados, domingos e feriados, começando no anoitecer e terminando no máximo às 22 horas.

Os circos também faziam parte da rotina da cidade. “Os maiores eram monta12 | Comércio + Serviços

Jogo dos Comerciantes

Os restaurantes completavam as opções para o lazer. O Bar Record, da família Mota “um dos primeiros a servirem pizza em Guarulhos” e o IV Centenário eram os mais frequentados.

carreira, Amilton carrega talento e ótimos requisitos para liderança. Foram lembrados nomes como: A Preferida, padaria pertencente à família Hatje, a empresa Mesquita & Marques, início da loja Caça & Pesca e depois Comercial Mesquita e O Cine República do Sr. Antonio Pratici, futuro proprietário do, também extinto Cine Star, espaço que hoje abriga o plenário da Câmara dos Vereadores de Guarulhos. A Combinação Desse conhecimento somado ao bom trânsito entre os empresários que fez surgir o convite do Sr. Adel Salman Rabah que já era comerciante no ramo de louças e alumínio - para que Fiorin se associasse a ele em um novo empreendimento. Surge ai a Amdel. Contração dos nomes arq. pessoal

O cronista Lourenço Diaféria, no livro “Brás – Sotaques e Desmemórias”, descreve de maneira poética essa prática: “... o footing como o nome deixa claro, era feito a pé (...) era o desfile de corações palpitantes que queriam mostrar que morar no Brás era um privilégio (...) ali se encontravam os sotaques, se disparavam olhares, se expediam bilhetes não escritos, mas subentendidos, se apertavam as mãos com tais intenções veladas, mas sinceras, que a pele suava como uma fonte luminosa (...) todo tipo de promessas acontecia no footing (...) ao contrário do que disse o poeta, amar, ali, era verbo transitivo...” . E assim era no Brás, no Bexiga, na Barra Funda e na Guarulhos dos anos 50.

dos no campo do Esporte Clube Paulista, o clube de futebol mais forte de Guarulhos. Sabe onde era o campo? _ Na praça Getúlio Vargas...” lembra Amilton, com um ar de suspense. arq. pessoal

ca e humor com uma macaca (...) nessa época era conhecido como “O Perú que Fala”, conta Fiorin, lembrando do início de carreira do apresentador-empresário que tinha como partner uma chipanzé, a macaca Chita. Personagem inspirado na companheira do ator Johnny Weissmuller, o primeiro Tarzan do cinema.

Desse conhecimento somado ao bom trânsito entre os empresários que fez surgir o convite do Sr. Adel Salman Rabah

COMERCIÁRIO A COMERCIANTE As lembranças incluem uma lista extensa de lojas que faziam parte do centro comercial da cidade. Nomes das empresas atrelados aos proprietários, demonstrando que já nessa época, de início de

Fachada da Amdel Móveis


arq. pessoal

perfil

dos sócios, Amilton e Adel. De início foi uma loja pequena, instalada na segunda metade da Rua D. Pedro II, em um ponto adquirido ao Sr. Aarão David, que depois fundou a “primeira fábrica de colchões ortopédicos do Brasil, a Durocrim”, lembra. Logo iniciaram construção de prédio próprio na esquina das Ruas Luiz Gama e D. Pedro II. Enquanto a empresa caminha, Amilton se envolve com lideranças do comércio e passa a compor, durante várias gestões a diretoria do Clube dos Diretores (hoje Dirigentes) Lojistas de Guarulhos (CDL) e Associação Comercial e Industrial de Guarulhos (ACIG - hoje Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos – ACE). Dessa época vai lembrando de alguns nomes de figuras que transitavam no velho centro comercial. arq. pessoal

Central Shopping

“Perigoso, um negro forte que trabalhava de engraxate e fazia ponto em frente a um atacadista de cereais, a casa Mukuno, que era solicitado para carregar sacarias e durante os carnavais sempre aparecia fantasiado de índio”. Recorda-se também do Barbicha, um senhor magro, pequeno que fazia serviços de Office boy para os comerciantes, assim como de João de Deus, conhecido como “Boca de Lata”, que fazia anúncios do comércio caminhando pela rua com um megafone. Nessa altura a cidade já demonstra os contornos do que virá a ser nas décadas seguintes. Mas ainda conserva algumas tradições. Uma delas é o jogo de futebol anual entre comerciários e comerciantes da Rua D.Pedro II. A data é o 24 de março, dia comemorativo do aniversário da cidade que depois seria mudado para 8 de dezembro. “A terceira mudança, de freguesia para vila, ocorreu em 1880, de acordo com a Lei Provincial nº 34, de 24 de março de 1880. Foi aprovada pela Assembleia Legislativa Provincial e sancionada pelo então presidente Laurindo Abelardo de Brito...”., segundo o livro “Guarulhos - Espaço de Muitos Povos”. SOCIEDADE Com o olhar para o futuro, em 1987 resolve transformar o espaço ocupado pela loja de móveis em um shopping vertical, modelo baseado na conhecida Galeria Pagé, no centro de São Paulo. O empreendimento – Central Shopping teve 20 lojas em variados segmentos do comércio. Na ocasião a loja de móveis foi transferida para Av. Esperança e lá funcionou por mais 13 anos.

O olhar do comerciante se reaviva quando fala dos netos, três, Marcello, Murillo e Matheus.

A parceria entre os dois comerciantes dura 19 anos e só é rompida por questões econômicas. O negócio deixou de ser interessante por conta da chegada das grandes redes que inviabilizavam preços e crédito. Preferiram migrar para outros negócios em separado e explorar o patrimônio de outras maneiras. Amilton casase em 1972 com a Sra. Maria da Conceição, a “Maria da Padaria Símbolo”, têm três filhos, Luciana, Lucimara e Amilton Jr. . O olhar do comerciante se reaviva quando fala dos netos, três, Marcello, Murillo e Matheus. Mas algo parece que o desagrada. É fácil de adivinhar. Os três netos não torcem pelo Palestra. Pior, muito pior. São corintianos! Apesar de estar longe dos negócios e do enorme revés que sofreu quanto teve a loja, situada na Av. Emílio Ribas, no Jardim Tranquilidade, totalmente queimada em primeiro de janeiro de 2008, ainda carrega entusiasmo e forças para, vez por outra, voltar para o balcão, e gerenciar negócios de amigos. São 60 anos de trabalho dedicado ao comércio no mais amplo sentido . Comércio + Serviços | 13


C a pa

“Tino Comercial” basta? Formação é requisito para inserção no mercado de trabalho por Ariane Soares

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om, maestria, tino para conduzir um negócio em ambiente comercial amador, formavam a essência das habilidades para um exímio empreendedor. Tino comercial bastava. Porém, a realidade hoje é diferente. Herdar esse dom não é suficiente para manter um comércio. Os tempos são outros. Quem achar que a experiência inata é o bastante poderá ser derrubado pelos novos ventos do mercado. Raramente o senso empreendedor vem de berço, porém não é suficiente para enfrentar um mercado altamente competitivo e profissional. A comerciante e prestadora de serviço, Fátima Vasconcelos, da Polipé, é a prova de que apenas o tino comercial não basta para gerenciar um negócio. Para acompanhar as evoluções do mercado ela conta que vive em busca de novos conhecimentos, participando de cursos e palestras. “Hoje temos ferramentas oferecidas 14 | Comércio + Serviços

por instituições de ensino que ajudam a desenvolver habilidades comerciais”, destaca a empresária, que mantém seu negócio há 30 anos. Fátima queixa-se da ausência de mãode-obra qualificada. “Faltam profissionais capacitados para contratarmos. O ideal seria que já viessem com alguma formação”, reforça. A ideia de que cursos de formação não são chave de entrada para o mercado de trabalho, não funciona mais. Eles abrem a porta para o futuro. “Pessoas estruturadas e preparadas conseguem sobreviver sem sofrer, ou apanhar do mercado”, opina a professora do curso de Administração da Universidade Guarulhos – UNG, Líslei Rosa de Freitas. Ainda acrescenta dizendo que “99% das vezes, a pessoa chega a um ponto da vida profissional no qual é preciso buscar formação para se consolidar, mesmo aqueles que herdaram o dom para o negócio.”

...já existem dois cursos voltados ao comércio, um deles é o de ‘Logística, Marketing e Vendas’

Formação gratuita para o comércio Com a finalidade de oferecer qualificação profissional e preparação básica para quem deseja ingressar no mercado de trabalho e não tem possibilidade de arcar com cursos pagos, a Secretaria do Trabalho da Prefeitura de Guarulhos criou programas gratuitos como o CTMO - Cursos de Qualificação Social e Profissional, e o POJ – Programa Oportunidade ao Jovem. O CTMO criado há mais de 40 anos, objetiva a capacitação profissional e social de jovens e adultos que procuram


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inserção no mercado de trabalho. Atualmente oferece 13 cursos que abrangem diversas áreas, como mecânica, elétrica, informática, telemarketing, artesanato, corte e costura, cabeleireiro, controle de medidas, entre outros.

A secretária do trabalho e precursora de tais programas, Maria Helena Gonçalves, conta que atualmente já existem dois cursos voltados ao comércio, um deles é o de “Logística, Marketing e Vendas”, do CTMO, e o outro é o de “Vendedor em Comércio Varejista”, do POJ, feito em parceria com o Sincomércio. valdir portásio

Maria Helena Gonçalves

Maria Helena ainda destaca que os cursos, básicos ou avançados, são desenvolvidos de acordo com a necessidade do mercado. “Dependemos da possibilidade de empregabilidade, a Secretaria do Trabalho é aberta ao diálogo com o empregador para adequar melhor o perfil dos cursos”, afirma.

divulgação

Os cursos que duram em média dois meses são voltados aos moradores de Guarulhos que possuem baixa renda per capta e idade mínima de 16 anos. Já são aproximadamente 29 mil pessoas formadas, sendo cerca de duas mil ao ano.

O curso de “Logística, Marketing e Vendas”, que é considerado avançado, visa formar um profissional capacitado a exercer atividades na operacionalização logística, desde a escolha de fornecedores, compras, estocagem, até a distribuição aos clientes, abrangendo o marketing para vendas dos produtos.

Joildo Souza

De acordo com o coordenador geral do CTMO, Joildo Silva Souza, existe a possibilidade de que até junho seja incluso na grade outro curso totalmente direcionado ao comércio varejista. “Em parceria com o Sincomércio já estamos vendo a possibilidade de criarmos um curso mais focado no comerciante, atendendo suas necessidades”, afirma. Formação de jovens para Comércio O POJ que tem por missão atender à faixa etária que vai dos 16 aos 21 anos em situação de vulnerabilidade social, completa 10 anos de existência em julho deste ano. Entre os critérios para inserção no programa o participante deve possuir a menor faixa de renda familiar per capta, equivalente a 45% do salário mínimo, estar em situação de risco familiar, ter condições precárias de moradia, ser membro

de família com maior número de filhos ou dependentes ou portadores de necessidades especiais, estar estudando e não exercer atividade remunerada. Atualmente o POJ oferece 14 cursos diferentes, em dois turnos, manhã e tarde, entre eles o de “Vendedor em Comércio Varejista.” “Temos duas turmas, com 50 jovens. O novo curso surgiu a partir das reivindicações dos comerciantes no sentido de que faltam investimentos na formação desta área”, expõe a coordenadora pedagógica do POJ, Heloisa Maria. São cerca de 9 mil jovens formados desde 2002. Para que eles se mantenham até o final do curso a prefeitura oferece benefícios como vale transporte, vale refeição de R$ 90,00 mensais, seguro de vida coletivo e auxílio financeiro de R$ 120,00 mensais. Os benefícios estão condicionados à frequência dos alunos nas atividades. Todos os cursos oferecidos são executados em parceria com outras secretarias, como a de cultura, educação e esportes, autarquias e empresas municipais, que contribuem para o crescimento do projeto, cedendo espaços para a realização das aulas. No curso “Vendedor em Comércio Varejista”, ministrado pela consultora e responsável pelos programas de formação do Sincomércio, Zina Costa, o jovem se torna apto para atuar como profissional de vendas em diversos níveis de atendimento, como auxiliar, assistente, atendente, balconista ou mesmo vendedor. Além de abordar e recepcionar clientes, investigando e atendendo necessidades Comércio + Serviços | 15


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de consumo tanto no atendimento de balcão como telefônico.

Ariane soares

Emilyn Vitalino

Daisy Nascimento de 20 anos, conta que soube do curso por meio de uma assistente social do Telecentro - centro de inclusão digital e social - mantido pela prefeitura, e confessa que ser chamada foi uma surpresa, pois já não tinha expectativas de que conseguiria participar. “Espero aprender a profissão e ingressar no mercado de trabalho. Preciso trabalhar para ajudar minha família e criar meu filho”, declara. Ariane soares

Daisy Nascimento

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Uma administração profissionalizada exige conhecimentos formais de gestão financeira, de pessoas e de estoques...

Saber Mais O Sincomércio também tem a preocupação de formar capital humano para atuar junto ao comércio, e para isso criou o Programa Saber Mais que neste ano está investindo em formação continuada, conteúdos mais aprofundados e públicos específicos. Só em 2011 o programa qualificou aproximadamente 3.500 pessoas. Todos os

cursos, palestras e jornadas são realizados em parceria com instituições como Senac, Sebrae e a prefeitura de Guarulhos. valdir portásio

Opiniões “Espero aprender muito com esse curso e entrar numa empresa boa, porque arrumando um emprego vou poder pagar minha faculdade e garantir meu futuro”, conta Emilyn Vitalino, aluna do POJ.

Segundo a coordenadora do POJ, a grande dificuldade apresentada pelos alunos é em relação à escrita, leitura e raciocínio lógico. “Infelizmente atendemos jovens com muitas dificuldades, para isso temos oficinas que oferecem conteúdos de áreas especificas para que o aluno aproveite da melhor forma”, destaca. Em um dia da semana o aluno participa da oficina de matemática, português, no outro artes cênicas e visuais ou informática, o restante dos dias são destinados à formação geral e profissional. Atualmente são 31 educadores que lecionam, com formação superior e experiência na área.

Auditório Sincomércio

Para a coordenadora do programa, o comerciante consegue identificar as necessidades do consumidor e atender demandas, porém, aponta isso como fator insuficiente para manter um negócio lucrativo. “Uma administração profissionalizada exige conhecimentos formais de gestão financeira, de pessoas e de estoques além da competência para atender as necessidades do consumidor”, explica. A atividade no comércio é tida como porta de entrada para o mercado de trabalho e uma das poucas que admitem mão-de-obra com pouca ou nenhuma qualificação. Essa característica, apesar de apresentar como ponto positivo a primeira chance de trabalho, acaba provocando uma grande rotatividade, prejudicial tanto ao empregado quando ao empregador. “O Programa Saber Mais surgiu com a intenção de minimizar a carência de formação técnica do gestor, para gerenciar o negócio e vem evoluindo para qualificar também o jovem que busca chances nesse segmento”, destaca Zina.


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ariane soares

Carro do Talentos do Comércio

Encaminhamentos No início de ambos os programas, tanto POJ quanto CTMO, os participantes são automaticamente cadastrados no Centro Integrado de Emprego e Trabalho (CIET), da Secretaria do Trabalho. “Quando surgem vagas referentes ao curso do participante, ele é encaminhado à empresa que gerou a demanda”,

conta Souza, ressaltando que o propósito central do programa é inserir o participante no mercado de trabalho. O programa Saber Mais do Sincomércio, também tem a preocupação de conduzir o aluno ao mercado, por meio do programa Talentos do Comércio, que capta currículos de interessados em trabalhar no comércio, divulga vagas de empresários e promove capacitação profissional, além de aproximar, entidade, empresários e prestadores de serviços.

Todos os programas de formação citados foram pensados e adaptados a necessidades reais. Prefeitura, Senac, Sebrae e Sincomércio são órgãos, instituições e entidades voltadas para o trabalho social e tentam repercutir e sincronizar exigências de mercado e mãode-obra, estudando e suprimindo deficiências. “Estamos com as portas abertas para quem entender que conhecimento é pré-requisito para o sucesso”, afirma o presidente do Sincomércio, José de Oliveira Portásio .

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valdir portásio / 2009

decreto

Cara mAquiada Completos seis meses da assinatura, decreto que regulamenta publicidade em Guarulhos ainda capenga da Redação

A

s regras que dispõem sobre o uso do espaço publicitário na cidade têm sofrido constantes modificações. Um primeiro texto, discutido e aprovado pela comissão composta pelo poder público e entidades representativas, foi transformado no Decreto Municipal 27.630 de 22 de abril de 2011. Essa regulamentação, porém, não vingou. Em 17 de outubro do mesmo ano foi, então, assinado outro decreto de número 29.330 que revogou o anterior e alterou diversos artigos previamente discutidos e aprovados no texto anterior. As adaptações e mudanças foram necessárias, segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, Alvaro Garruzi. “Buscamos o diálogo, não queremos que nada seja radical e não podemos sair na rua mandando arrancar todas as publicidades, de maneira unilateral (...) o intuito do projeto é buscar qualidade visual.” Polêmica Regras importantes como a medida máxima para ocupação das fachadas de empresas comerciais foram alteradas para o dobro, no decreto de outubro de 2011. Essa entre outras alterações foram feitas à revelia da comissão, que deixou de ser consultada. “Houve muita polêmi18 | Comércio + Serviços

ca acerca de alguns pontos, não quisemos radicalizar e tentamos ouvir outras lideranças”, explicou Garruzi. Muitas alterações foram importantes e apenas a aplicação prática poderia levar à percepção da necessidade de mudança, porém algumas parecem ter saído de acordos de gabinete. Garruzi, no entanto, afirma que o olhar da prefeitura foi democrático, insistindo sempre no diálogo. “Sabemos que há muitas distorções ainda e por isso já temos agendada reunião para a próxima quarta-feira – 4 de abril - com as áreas responsáveis pela fiscalização”, informa. “Nosso maior problema é com relação aos outdoors, que ainda não estão cumprindo as determinações do decreto, precisamos intensificar a fiscalização nessa área”, destaca. Bastante polêmico durante as primeiras discussões foi o artigo que proibiu totalmente, no texto original, os painéis luminosos intermitentes. Esses grandes televisores que veiculam publicidade e notícias. O decreto em vigor, porém, permitiu a instalação desses equipamentos desde que não prejudiquem a visibilidade e a sinalização de trânsito. Como aparece no Artigo 4, parágrafo VI, que também restringe o período em que não poderão estar ativados: entre às 22hs e às 7hs do dia seguinte.

A reportagem da Revista Comércio + Serviços constatou por várias vezes que esses grandes painéis nunca são desligados. “Não temos essa informação, precisamos checar isso e tomar as providências necessárias”, reconheceu o secretário. Fiscalização Muitos comerciantes têm sido visitados por fiscais da Secretaria do Desenvolvimento Urbano para conferir a legalidade dos anúncios, e outros tantos se adequado ao novo texto. Porém há descontentamento geral quando se fala sobre isonomia. Empresários que aderiram ao projeto reclamam que muitos vizinhos, concorrentes ou não, nunca foram visitados e continuam com fachadas que extrapolam medidas, encobrem as novas publicidades e, em última instância, continuam poluindo visualmente a paisagem urbana. Alvaro Garruzi se comprometeu fornecer rapidamente dados sobre fiscalização e as novas diretrizes que serão discutidas e traçadas na próxima reunião do grupo técnico da Secretaria do Desenvolvimento Urbano. Nosso compromisso é de repercutir em breve este assunto no site do Sincomércio – www.sincomercioguarulhos.com.br . Baixe o decreto na íntegra em nosso site: www.sincomercioguarulhos.com.br


co l u n a

Coluna

Cidade limpa ou de cara nova?

por Mario H. Motoshima

Q

uase um ano depois da assinatura do decreto “Guarulhos de Cara Nova” é visível que pouco foi feito pela questão estética e higienização da paisagem urbana na cidade de Guarulhos. Montes de painéis gigantescos em lugares irregulares, fachadas fora dos padrões disputando espaço com outras já enquadradas às exigências do novo decreto , distribuição irregular de materiais de divulgação nas ruas e como consequência muita sujeira. Esse decreto, com regras que reduzem áreas de exposição de anúncios tem, além de regulamentar o uso do espaço urbano, um viés reflexivo que propõe a mudança de muitos paradigmas embaladores da atividade. Vai mobilizar a tomada de posição pela sociedade em prol de uma cidade mais bonita, agradável e com qualidade de vida. ”Precisamos cuidar da cidade para simplesmente nos sentirmos bem vivendo nela”, afirma José Eduardo Tibiriçá, vice- presidente de relações político-institucionais da ASBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), na revista Propaganda, edição 546. POLUIÇÃO A comunicação humana desenvolveu recursos para se concretizar que vão do gestual, da fala, dos gritos aos discursos. A publicidade relativizou isso e o que se vê nas cidades é uma verdadeira confusão de informações, mensagens e signos que mais se aproximam de ruídos inaudíveis e indistintos. No “pregão”, tanto visual quanto sonoro, cada um grita mais alto do que o outro na ânsia de fazer a mensagem chegar ao destino. Não há farol que balize esse confuso oceano comunicativo. O pesquisador e PhD

da Universidade de Lehigh, na Pensilvânia, James Maskulka, afirma que há um limite a partir do qual a quantidade de anúncios publicitários no espaço urbano passa a irritar , em vez de atrair a atenção dos interlocutores e de seduzi-los. Certamente essa fronteira já foi rompida. O que se observa como modelo é a crença de que locais muito cheios, abarrotados de gente e por derivação de raciocínio, de informação, atrai mais a atenção e incita a ideia de credibilidade. Como quando procuramos um restaurante em uma rodovia. Normalmente o parâmetro de escolha é a quantidade de clientes, ambientes muitos vazios podem transmitir a impressão de ineficiência. Porém, no caso da comunicação essa relação não vale. EXEMPLOS A Times Square, em Nova York, não é referência de eficiência publicitária, apenas se tornou um lugar curioso, um ponto de atração turística. A boa mensagem deve ser enxuta, direta e limpa. Há milhares de razões e conceitos nos campos da própria ciência da comunicação, semiótica e biologia que apontam para outro sentido. A tendência no mundo todo indica a valorização dos imóveis e a conservação das fachadas originais. Tanto pela questão estética como de segurança. Muitos prédios que abrigam comércios escondem por detrás das fachadas verdadeiras bombas relógio prontas para explodirem. Grandes painéis ocultam má conservação generalizada e risco iminente de acidentes. Essa propensão das políticas públicas valorizarem a arquitetura em prejuízo aos espaços publicitários redundou não só no

decreto “Guarulhos de Cara Nova”, como também no primogênito paulistano “Cidade Limpa”. Ambos vêm humanizando a cidade e revelando belezas até então escondidas. A capital paulista apresenta o exemplo do Edifício Copan, construído entre as décadas de 50 e 60 e até hoje sem nenhum trabalho mais profundo de restauração, apesar de ter sido – e ainda ser- um dos pontos de referência da arquitetura paulistana. O prédio, com o advento da nova lei, poderá ser restaurado, com incentivos e participação da iniciativa privada. Já em Guarulhos, prédios abandonados e construções inacabadas não faltam. Mas a cidade tem alguns tesouros ainda escondidos. Basta dar uma volta por regiões comerciais e observar mais atentamente o que se esconde por detrás dos letreiros das lojas. Resta saber se a prefeitura e os órgãos envolvidos terão o mesmo empenho nesse decreto, pois contém medidas importantes que regulamentadas e seguidas, beneficiarão o setor publicitário que se alimenta da busca por soluções criativas para um mercado cada vez mais exigente . Mario H. Motoshima é publicitário, diretor de criação da TAG - Agência de Publicidade & Propaganda

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