Registo Ed.286

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SEMANÁRIO

Director Nuno Pitti Ferreira | Abril de 2018 | Mensário| ed. 286 | 0.50€

Reguengos aposta no sucesso escolar e combate ao absentismo

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Misericórdia de Crónicas da Évora pela Defesa da Vida Transtagana

Dois quadros de 7 Maravilhas Demóstenes Espanca doados à Mesa®

PÁG.03 Atenta às alterações permanentes da sociedade, e aos desafios que as mesmas colocam à sua intervenção, a Misericórdia de Évora constituiu um Conselho de Ética enquanto espaço de reflexão e diálogo sobre temáticas inter-relacionadas com a sua intervenção. O Conselho de Ética é constituído por um conjunto de personalidades com especialização em áreas diversas.

PÁG.10 Dois quadros do espólio de De-

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PÁG.04 “Amanita ponderosa” é o seu

nome científico. A silarca é uma espécie de cogumelo. Manifesta preferência em nascer no final do inverno, para crescer e arregoar a terra quando entra a primavera. Mais serôdia nas avessas, eventualmente, temporã na soalheira, está quase ausente dos campos da Amieira este ano. O estio demorado não deu azo ao seu aparecimento e o tempo não lhe veio de feição.

móstenes Espanca foram doados no dia 6 de abril ao Município de Reguengos de Monsaraz pela viúva do pintor, Rosa Espanca, e pela sobrinha, Maria Ribeiro. Os bens doados são um autorretrato de 1948 e uma pintura de Demóstenes Espanca feita em 1993 pelo pintor reguenguense Vitor Cameirão. Os quadros destinam-se a iniciativas culturais organizadas pela autarquia.

PÁG.14 A Câmara Municipal de Arraiolos é uma das 49 pré finalistas das “7 Maravilhas à Mesa®”, que este ano contempla sete patrimónios, em três categorias: Gastronomia, Vinhos e Azeites e Roteiro Turístico. Sílvia Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Arraiolos referiu que “ser pré-finalista neste evento, é uma oportunidade para divulgar a gastronomia e o património do concelho”.

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O Melhor Petisco | Rua Catarina Eufémia , 14 Horta das Figueiras | 7005-320 Évora 266771284


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A Abrir

A REPROGRAMAÇÃO DO PORTUGAL 2020 VAI PREJUDICAR O INTERIOR DO PAÍS ANTÓNIO COSTA DA SILVA

Deputado e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD

185 milhões de euros para o Alargamento do Metro de Lisboa. Mais “Betão” para a Proa deste navio que é Portugal. Mais transportes para a proa do navio. Mais pessoas para a proa do navio. Mais carros para a proa deste navio que é Portugal. Um dia a proa não vai aguentar! Não podemos permitir que o Governo desvie fundos europeus previstos para o Interior. Existe uma clara intenção do Governo de reprogramar fundos europeus do interior para projetos nos grandes centros urbanos. Essa é uma linha vermelha que não podemos aceitar! Há uma linha vermelha que não deixaremos que o Governo ultrapasse: que sejam utilizados dinheiros do Interior, das regiões de baixa densidade, desfavorecidas, para alimentar grandes projetos nos centros urbanos. “Estou a ponderar apresentar queixa em Bruxelas contra o exercício de reprogramação se o Governo não arrepiar caminho”, afirmou ao ECO, Almeida Henriques. Autarcas do Norte classificam Governo de “Robin Hood ao contrário” No final da terceira reunião da Plataforma de Concertação Intermunicipal da Região Norte, alertou o executivo liderado por Antó-

nio Costa que o Norte não irá ficar “passivo” quanto à possibilidade de desvio de fundos da região para outros fins. Esta é uma entidade com muitos autarcas socialistas. O ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, já revelou que os Metros de Lisboa e Porto vão ter 180 a 185 milhões de euros do Fundo de Coesão Porque não aproveitam a oportunidade e, com este dinheiro, apoiam projetos das regiões da convergência, mais pobres e mais frágeis? Não somos contra o alargamento do metro de Lisboa. O que não faz sentido é não serem canalizadas verbas que têm como objetivo a Convergência e serem canalizados para as Regiões mais ricas. Mais uma vez estamos a desvalorizar a convergência, a baixa densidade e os territórios do interior. A preocupação dos municípios não é nova. No congresso da ANMP que reelegeu Manuel Machado como presidente, a reprogramação do Portugal 2020 foi eleita como prioridade. “A necessidade de uma reprogramação do Portugal 2020 que respeite a coesão territorial”. Os autarcas criticam a opção do Executivo de transferir verbas do Feder para o Fundo Social Europeu. Em causa estão despesas

com a ação social escolar — alimentação nas escolas ou o transporte das crianças — mas também o contrato Emprego e Inserção do Instituto de Emprego e Formação Profissional. A ideia é que “o dinheiro que está a ser re-

“Há uma linha vermelha que não deixaremos que o Governo ultrapasse: que sejam utilizados dinheiros do Interior, das regiões de baixa densidade, desfavorecidas, para alimentar grandes projetos nos centros urbanos“.

programado fique na região” em vez de servir “ao financiamento do Orçamento do Estado”, defendeu o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do Conselho Metropolitano do Porto, no final da reunião. Como se pode constatar, esta não é uma preocupação só do PSD. É uma forte preocupação de todos os quadrantes políticos do País. Não estamos perante uma mera reprogramação técnica como nos querem fazer crer, mas sim perante uma reprogramação estratégica. Com as transferências de 2,8 Mil Milhões de Euros não estamos propriamente perante uma mera reprogramação. Com mexidas em todos os Programas Operacionais (Temáticos e Regionais) indicia que estamos perante uma clara Reprogramação Estratégica. Com esta dimensão da reprogramação, porque é que ninguém nos explica porque foi dispensada a realização de uma avaliação de desempenho? “Fogem dela como o Diabo da cruz”. Mostrem-nos os resultados de desempenho! Mostrem-nos os indicadores de resultados. Que grande irresponsabilidade está a acontecer!

Defender a habitação, proteger os inquilinos JOÃO OLIVEIRA

Deputado e Presidente do Grupo Parlamentar do PCP

O PCP agendou para o próximo dia 4 de Maio a discussão na Assembleia da República da sua proposta sobre a revogação da lei dos despejos. A importância desta discussão está à vista nos números esmagadores dos despejos. Só em Lisboa e no Porto perderam a casa nos últimos anos mais de 8000 pessoas. E o problema não atinge apenas as famílias nos grandes centros urbanos. Em Évora o problema já se começa a fazer sentir com a pressão da especulação imobiliária e por todo o lado se vai percebendo que se trata de um problema nacional. Em média mais de cinco famílias por dia são despejadas da sua habitação porque os seus rendimentos não permitem pagar os elevados valores de renda. Esta realidade é resultado da alteração ao novo regime do arrendamento urbano imposto por PSD e CDS. Na prática nunca foi uma lei para a promoção do arrendamento urbano mas sim uma lei de despejos da qual resulta a negação do direito à habitação, o despejo sumário de milhares e milhares de famílias das suas habitações, o despejo de centenas de coletividades e o encerramento de inúmeras micro, pequenas e médias empresas, estabelecimentos

dos mais diversos sectores, do comércio e serviços à restauração, da indústria à hotelaria. Alertámos na altura que a total liberalização dos valores de renda iria levar a brutais aumentos no valor de renda como hoje se está a verificar. A par disto, o desenvolvimento desordenado e não planeado da atividade turística tem efeitos negativos na disponibilização de oferta de imóveis para habitação própria e permanente e os que existem têm preços proibitivos (altamente especulativos) para a esmagadora maioria dos trabalhadores. Semelhantes preocupações têm as micro, pequenas e médias empresas, que hoje dão vida às cidades e vilas e se veem na iminência de terminar a sua atividade económica, colocando em causa muitos e muitos postos de trabalho. A Lei dos despejos de Assunção Cristas de 2012 foi um indisfarçável instrumento concebido pelo Governo PSD/CDS e pela maioria parlamentar que o suportava para servir os interesses dos senhorios e a atividade especulativa do capital financeiro no mercado imobiliário, constituindo um fator adicional de instabilidade social, que se traduziu no avolumar das carências e

dificuldades de centenas de milhares de famílias e no aumento significativo de casos de exclusão extrema. Para o Governo PSD/CDS, a preocupação não foi a concretização do direito à habitação e a elevação

“A Lei dos despejos de Assunção Cristas de 2012 foi um indisfarçável instrumento concebido pelo Governo PSD/CDS e pela maioria parlamentar que o suportava para servir os interesses dos senhorios e a atividade especulativa“.

do nível de vida dos portugueses, mas sim servir os grandes interesses ligados aos mercados imobiliários. As alterações introduzidas nesta Legislatura permitiram evitar os despejos dos moradores e das micro empresas abrangidas pelo regime transitório por mais algum tempo, mas não evitam os despejos dos agregados familiares e das micro, pequenas e médias empresas que já estão abrangidas pelo novo regime de arrendamento urbano. Neste sentido o Grupo Parlamentar do PCP propõe a revogação do regime de arrendamento urbano imposto por PSD e CDS. Confiar o arrendamento urbano a mercados totalmente liberalizados, como a lei preconiza, só agravará ainda mais os problemas neste setor. Para o PCP é necessário que o Estado assuma as suas responsabilidades na condução das políticas de arrendamento urbano e reabilitação urbana, de modo a que, tal como consagrado na Constituição da República Portuguesa, todos os portugueses tenham “direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”.

Ficha Técnica Director Nuno Pitti Ferreira TE194A (TE738) (nuno.pitti@registo.com.pt) Registo ERC nº125430

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Atual Investimento de 373 mil euros será cofinanciado em 85 por cento pelos fundos comunitários.

Projeto + Sucesso vai combater o insucesso e o abandono escolar em Reguengos de Monsaraz O Município de Reguengos de Monsaraz vai implementar o projeto + Sucesso durante três anos para combater o insucesso e o abandono escolar nos alunos desde o 1º Ciclo do Ensino Básico até ao Secundário. O projeto vai ser desenvolvido em conjunto com o Agrupamento de Escolas de Reguengos de Monsaraz, representa um investimento de 373 mil euros e é cofinanciado em 85 por cento no âmbito de uma candidatura efetuada através da CIMAC – Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central aos fundos comunitários que recebeu a melhor avaliação da região Alentejo. Através do + Sucesso pretende-se igualmente reforçar a articulação entre os membros da comunidade educativa e apoiar as famílias e os alunos na sua integração escolar. Assim, o projeto terá cinco ações que vão ser desenvolvidas por uma equipa constituída por licenciados em Psicologia, Educação Básica, Teatro e Serviço Social. A primeira ação foi a constituição de um gabinete de apoio multidisciplinar,

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localizado na antiga Casa dos Juízes, que apresente uma resposta complementar

à da escola na criação de uma dinâmica de trabalho que contribua para o sucesso

escolar dos alunos referenciados. O projeto + Sucesso vai implementar também uma mediateca itinerante que percorrerá as freguesias rurais do concelho, possibilitando a promoção de literacias às crianças e jovens durante todo o ano, em articulação com a comunidade envolvente. Outra ação visa a orientação parental e terá workshops e seminários para apoiar as famílias no percurso escolar dos seus educandos e fornecer-lhes as ferramentas necessárias para que os possam acompanhar e compreender o seu desenvolvimento socio-afetivo e escolar. A quarta ação, intitulada “ConCentra-te”, tem como objetivo criar uma resposta diferenciada em contexto de sala de aula que promova novos estilos de trabalho e novos ritmos, de forma a capacitar os alunos e a promover o sucesso escolar. A última ação do projeto, “Oficina de Expressões”, pretende contribuir para a evolução positiva dos processos de socialização, através do contacto com as artes performativas.

Misericórdia de Évora pela Defesa da Vida D.R.

Atenta às alterações permanentes da sociedade, e aos desafios que as mesmas colocam à sua intervenção, a Misericórdia de Évora constituiu, em 2016, um Conselho de Ética enquanto espaço de reflexão e diálogo sobre temáticas inter-relacionadas com a sua intervenção. O Conselho de Ética é constituído por um conjunto de personalidades com especialização em áreas diversas como o direito, a saúde, a axiologia e ética, a teologia e a psicologia. Compõem este Conselho de Ética, para além de toda a Mesa Administrativa, o Cónego Dr. Silvestre Marques, Padre Herminio Rico (Jesuíta); Professor Manuel Lopes; Professor Manuel Dinis; Dr. Bernardino Páscoa; Dr. Manuel Guerra; Dra. Vera Sarmento; Professora Margarida Almeida Amoedo e o Professor João Vaz Rodrigues. Este Conselho encetou, desde a sua criação, uma reflexão em torno da temática “A Vida e a Morte” e da qual resultaram documentos orientadores sobre a defesa da Vida, que a Misericórdia tornou públicos no passado dia 18 de Abril. Na sessão de apresentação estiveram

presentes a Professora Margarida Almeida Amoedo e o Professor João Vaz Rodrigues, que integram o Conselho de Ética, e co-redigiram, com os restantes membros do Conselho, os Documentos apresentados. As suas intervenções centraram-se na importância destes documentos para a Ação da Misericórdia e para todas as Organizações que prestam cuidados, numa época de enormes desafios legislativos e éticos para a Defesa da Vida. Professora Margarida Almeida Amoedo - Doutorada em Filosofia, Professora Associada em Axiologia e Docente de Ética na Universidade de Évora e na Escola Superior de Enfermagem; Professor João Vaz Rodrigues - Professor na Universidade de Évora, associado do Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidadade de Coimbra, Advogado, com doutoramento no âmbito do consentimento e recusa na relação jurídica entre os profissionais de saúde e os pacientes; desempenhou cargos ligados à deontologia no Conselho Superior da Ordem dos Advogados e integra actualmente o Conselho Superior de Magistratura.

TGV sim, TGV não..”Talvez um dia” Mesmo com fundos comunitários abundantes para as linhas de alta velocidade, Portugal não ressuscita, para já, o TGV porque não tem dinheiro para suportar a comparticipação nacional do projecto. É este o tabu a que se referia António Costa na entrevista que em Fevereiro deu ao jornal espanhol ABC. O primeiro-ministro dizia que “a alta velocidade é um tema tabu na política portuguesa e vai sê-lo por muito tempo”. Na verdade quereria dizer que enquanto não houver um equilíbrio nas contas públicas, não haverá dinheiro para a alta velocidade. Este semi-abandono do projecto, que esteve quase a materializar-se no troço Poceirão - Caia durante o consulado de José Sócrates, não foi indiferente para Bruxelas, que prefe-

ria ver completado este missing link (ligação em falta) que já tinha sido anunciado tantas vezes e que constava (e ainda consta) nos mapas das redes transeuropeias. Isto ajuda a explicar por que motivo esta quinta-feira o projecto do TGV foi inesperadamente ressuscitado. Sempre que se fala na ligação ferroviária Elvas - Badajoz que vai ser construída para transporte de mercadorias e que ocupa o mesmo corredor que esteve previsto para a alta velocidade, há alguns políticos e responsáveis europeus que vêem ali o despontar do TGV entre Lisboa e Madrid. Por outro lado, Portugal nunca assumiu claramente que desistia do projecto. Depois de Sócrates, Passos Coelho limitou-se a dizer que o projecto ficaria suspenso e o

seu sucessor, António Costa, também não o matou. Por isso, o TGV “ressuscita” tantas vezes para os lados do Alto Alentejo. Em Bruxelas, porém, seria visto com bons olhos um maior empenhamento do Estado português no reatar deste projecto. Um interesse luso na alta velocidade serviria para valorizar o próprio programa Connecting Europe Facility (CEF) que estaria disponível para financiar o projecto. Em Portugal, porém, a opção foi cuidar das linhas que ainda existem na rede ferroviária e investir em novas infra-estruturas vocacionadas para o transporte de mercadorias, servindo as empresas e a actividade económica. Daí que o actual executivo tenha optado por “comprar” o PETI 3+, programa de investimentos que

já vinha do governo anterior. Se a obra do TGV for novamente posta em cima da mesa, pelo menos há trabalho já feito. A linha de mercadorias entre Évora e Elvas fica no mesmo corredor onde esteve prevista a linha de alta velocidade. Há trabalho que já está feito e não será necessário começar do zero. Mas fontes ligadas ao sector defendem que, depois deste período de pousio, o TGV merece uma nova reflexão e um debate a começar do zero. E isso passa por recuperar o “T deitado”, a origem do projecto da alta velocidade, a solução minimalista, mais barata e mais nacionalista: uma linha vertical Lisboa-Porto a partir da qual bifurcava uma linha horizontal para Madrid. Fonte: Público e Lusa


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Exclusivo TEXTO: JOSÉ PINTO

FOTOGRAFIA: FLORBELA VITORINO

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Crónicas da Transtagana

Amieira, no concelho de Portel, com mel, silarcas e açordas “Amanita ponderosa” é o seu nome científico. A silarca é uma espécie de cogumelo. Manifesta preferência em nascer no final do inverno, para crescer e arregoar a terra quando entra a primavera. Mais serôdia nas avessas, eventualmente, temporã na soalheira, está quase ausente dos campos da Amieira este ano. O estio demorado não deu azo ao seu aparecimento e o tempo não lhe veio de feição. Tendo como “escoalhos” a flor da esteva e as “bufas de lobo”, gosta de se abrigar no montado e de com este manter uma relação que a ambos dá ganho, chegando-se às raízes do sobreiro, da azinheira e também da esteva de quando em vez, afiança-nos Vitor Serra. Como é costume na transtagana, Vitor ganhou alcunha: “Bita”. Era ainda moço de escola, onde chegava manhã cedo, percorrida a pé a meia légua que distava entre a “Malhada” e a Amieira. Desde o Curralão, despido do reboco a deixar ver as grossas paredes de taipa, onde se misturaram o barro e o xisto, desce o assobio sincopado do Bita, permitindo adivinhar a letra (… Os Almocreves, cantavam alegres, pelas aldeias - Lavravam a terra, subiam à serra, p’ra ver as colmeias...) A melodia assobiada do “Pregão do Almocreve”(1) soa como um brado às silarcas. Com a sovina na mão direita, Bita olha a sua aldeia, com a água a quedar-se pelo arrabalde, sem cerimónias a mudar carreiros e a cercar veredas, mais chegada à terra que o progresso almejado, que esse, arisco, anda arredado se é que não tomou outros trilhos e não acerta caminho. Bita, ainda a propósito da avessa, noutros sítios chamada umbria, abre os braços para melhor mostrar o arco levado pelo sol no “astro”, todos os dias, localizando os pontos cardeais - sul, norte, este e oeste -, daí concluindo qual o lado do monte mais ensolarado. Reflete-se na sua face o contentamento pela caminhada e envolve a Amieira, terra onde sempre viveu, num abraço sentido, juntando ao peito o rosmaninho branco, colhido e comparado ao arroxeado do rosmaninhal que é berço do mel no sopé da Serra de Portel, que se pode avistar quando for chegando à “Assomada da Barca”, lá do outro lado do Rio Degebe.

Desce em direção ao “Barranco”. Ali é costume haver silarcas. E volta à moda. Assobiada agora em tom mais alegre. (Tratavam do gado, ceifavam no prado, o feno e a palha - Bebiam nas fontes, iam aos montes, vender a tralha...) Bita calcorreia os recantos da encosta, pintalgada pelas flores brancas das estevas e dos sargaços. Ao seu assobio sobrepõe-se, nitidamente, o chilrear dum casal de mejangros, em alegre cortejo nupcial. A meio da ladeira há uma clareira aberta. Foram cortadas as estevas para os corveiros, cama dos pequenos chibos, a pedir uso de mato sádio. Afilhar e ordenhar cabras é trabalho onde se exige chão protegido da humidade, dedicação e saberes. Pára com o olhar fixo no chão. Não que tenha encontrado alguma silarca, mas porque no seu caminho se deparam duas abroitas. Bendita natureza que dá cama enxuta aos cabritos e cura às enfermidades da pele. Pois que são as abroitas boa cura para as impingens. Retomada a marcha, envolto num mar de rosmaninho, estevas, sargaços e chaparros, Bita regressa ao assobio. Percebe-se o

que nos diz a cantiga. (... A história descreve, que o Almocreve, tinha sete ofícios ...) O trabalho agrícola é ditado pela época do ano. É uma roda que não pára e que Bita conhece desde rapaz. Na vida já foi tirador de cortiça, podou a vinha, cortou azinheiras, trabalhou na apanha do tomate e da azeitona… É duro o trabalho no campo. E depois “o tempo vai passando por cima da gente sem a gente sentir...” - Ali havia agriões com fartura! Aponta um lugar submerso pela Barragem de Alqueva, com azinheiras tombadas numa linha marcada pela água. - Não deitam um rego à terra. Espalham químicos a rodos. Temo pelas gerações vindouras. Como quem quer pôr em esquecimento alguma lembrança, faz regressar os versos silvados. (...Oregãos e cardos, silarcas e espargos, poejos do vale...) Tudo dádivas da terra que trazemos à mesa e entregamos ao palato. Chegam as açordas. Elas podem ser de tomate, de peixe ou de cardos... Vêm também o caldo de bacalhau e o calducho. Sabendo que a este último se ajuntam silarcas, é tempo de testar se as mesmas são boas,

que nisto de cogumelos todo o cuidado é pouco e só quem sabe os deve apanhar. Bita rompe a pele da silarca, pressionando-a com a unha do polegar, daí resultando uma mudança de cor. A certa neste caso, atestando a qualidade deste cogumelo, que é comestível. - Assadas com uma pedrinha de sal. Temperadas com um dentinho de alho bem picadinho, coentros e um fio de azeite e vinagre. São mel! Esta é receita eleita por Bita. Para ele a melhor forma para degustar as silarcas, esse petisco típico e bem conhecido na Amieira. Terminou a aula. Ministrada como só o saber feito da experiência vivida permite irá perdurar na mente de quem a pode testemunhar. É hora de partir querendo voltar. E ecoa ainda o tradicional cante alentejano na voz dos “Almocreves da Amieira” a juntar as açordas e “…Esta gente hospitaleira”, lembrando as tabernas onde “Há sempre achigãs e carpas - O javali com silarcas, ó ai, ó ai - Caldeiradas na ribeira”... (1) Grupo Tradicional de Cante Alentejano “Almocreves da Amieira”, Rua de Moura,3 – Amieira. Coordenador Tolentino Cabo.


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Atual O número de meses secos por ano também vai crescer significativamente no Sul da Europa.

Portugal e Espanha com prováveis e intensos períodos de seca As alterações climáticas podem levar ao aumento das regiões secas no Sul da Europa, atingindo metade da área total, e o número de meses secos pode ultrapassar os sete por ano, em algumas zonas, conclui um novo estudo. As consequências negativas das mudanças do clima, podem ocorrer “na região do Mediterrâneo, onde as zonas secas podem aumentar de 28% para 49% da área nos casos mais extremos”, relativamente ao período de referência de 1971 a 2000, refere um estudo do Centro Helmholtz para a Investigação Ambiental (UFZ), agora publicado na revista Nature Climate Change. O número de meses secos por ano também vai crescer significativamente no Sul da Europa e, “no caso de um aquecimento de três graus Celsius, assumimos que vai haver 5,6 meses secos por ano, até agora eram 2,1”, segundo Luis Samaniego, cientista do UFZ especialista em hidrologia e um dos autores principais do trabalho. “Para algumas regiões da Península Ibérica, projectamos que a seca possa mesmo prolongar-se mais de sete meses”, acrescentou o investigador, citado num comunicado do UFZ. Esta projecção vem ao encontro de outras que têm sido feitas para o Sul da Europa, em particular para o Península Ibérica. De acordo com o grupo, que envolveu também cientistas dos Estados Unidos, da Holanda e do Reino Unido, se o aque-

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cimento global atingir três graus Celsius, na Europa as regiões secas vão aumentar de 13% para 26% do total da área, na comparação com o período de referência. Se a subida da temperatura global for limitada a 1,5 graus Celsius, como ficou referido no Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, alcançado em 2015, as regiões secas podem ser limitadas a 19% do total da área.

Segundo as contas dos cientistas, com excepção para a Escandinávia, as secas mais prolongadas na Europa vão durar mais três a quatro vezes que no passado e mais de 400 milhões de pessoas podem ser afectadas. Outro investigador que participou no estudo, Stephan Thober, refere que “um aumento de três graus também significa que a água no solo desce 35 milímetros a

uma profundidade de até dois metros”, o que corresponde ao défice de água já registado, em grande parte da Europa, durante a seca no Verão de 2003. Se ocorrer o cenário da subida de três graus, os casos de seca daquela intensidade e extensão podem ser duas vezes mais frequentes e tornar-se o normal em várias partes da Europa. “No futuro, as secas poderiam mesmo ultrapassar este estado normal e o impacto na sociedade e na economia seria severo”, aponta o estudo. Se a subida da temperatura for 1,5 graus, segundo os cientistas, só se iriam registar 3,2 meses de seca por ano, na região do Mediterrâneo, e haveria uma descida da água no solo de cerca de oito milímetros. Os investigadores dizem que outras regiões da Europa não serão tão afectadas como o Mediterrâneo, mesmo que a temperatura suba três graus Celsius. Nas áreas atlânticas, continentais e alpinas, “as áreas secas vão aumentar em menos de 10% da área total”, explica o matemático Stephan Thober. Nos países bálticos e na Escandinávia, os aumentos de precipitação previstos devido às alterações climáticas podem mesmo levar à redução das áreas afectadas pela seca em cerca de 3%. Os cientistas do UFZ salientam que os efeitos do aquecimento global podem ser reduzidos em parte com alguns ajustamentos tecnológicos que, no entanto, são caros. Fonte: Lusa

Praia de Monsaraz recebe cerimónia do hastear da Bandeira Azul Bandeira Azul vai ser hasteada este ano em 19 praias fluviais do Centro e em 89 costeiras no Algarve, a somar às 224 no restante país, anunciou hoje o presidente da Associação Bandeira Azul da Europa. O galardão vai ser entregue a um total de 332 praias e também a 18 marinas, mais quatro do que no ano passado, e a sete embarcações ecoturísticas. As mais de 300 praias estão distribuídas por 86 concelhos, sendo 299 praias costeiras e 33 praias fluviais. A região Centro é a “recordista” das praias fluviais, com 16 bandeiras, seguindo-se a região Tejo com oito, o Norte com cinco e o Alentejo com quatro. O Algarve não tem nenhuma praia fluvial distinguida com Bandeira, mas lidera o número de galardões nas praias costeiras, com 89. No Norte recebem o galardão 73 praias (mais três do que em 2017), no Centro 39 (mais três do que no ano passado), a região do Tejo mantém 48 bandeiras, o Alentejo e o Algarve recebem mais uma bandeira cada região ficando com 32 e 89, respetivamente. A Região Autónoma dos Açores foi a única a perder uma bandeira (Poço dos Frades), ficando com 37, e a Madeira recebe mais uma e conta, este ano, com 14 bandeiras azuis. No ano em que se comemora uma década desde o início da parceria entre o Ocea-

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nário de Lisboa e a Associação Bandeira Azul da Europa, o tema deste ano – “O mar que respiramos” – pretende alertar as pessoas para a necessidade de alteração de comportamentos. “Opte por energias renováveis, ande mais de transportes públicos e recuse o uso do plástico descartável”, são algumas das propostas da campanha deste ano. Em comparação com a atribuição a nível internacional, Portugal é o terceiro país com mais galardões conferidos, quando no ano passado era o sexto. “Desde 2011 que Portugal tem mais de 50% de praias galardoadas com Bandeira

Azul”, destacou José Archer. Em relação a 2017, há 12 novas praias, um novo concelho (Mourão) a receber a Bandeira Azul, quatro praias fluviais novas (Azenhas/Vilar de Mouros, no Norte, Côja e Senhora da Piedade no Centro e a Praia Fluvial de Mourão no Alentejo), nove reentradas para a lista e a saída apenas de Poço dos Frades nos Açores, que tinha recebido o galardão pela primeira vez no ano passado. Louçainha (Centro), Pintadinho (Algarve), Silveira (Açores) e Santo António (Açores) recuperam a bandeira azul que tinham perdido no ano passado.

Quanto às marinas, são 18 com Bandeira Azul este ano, mais quatro do que no ano passado. “É a primeira vez que há uma marina a norte do Tejo, o que nos deixa muito felizes”, afirmou José Archer, referindo-se à Marina de Vila Nova de Gaia que entra pela primeira vez para a lista. Também terão bandeira azul sete embarcações ecoturísticas, mais duas do que no ano passado, duas na região do Tejo, uma no Alentejo, três na Madeira e, pela primeira vez, uma nos Açores. Pelo segundo ano consecutivo o navegador solitário Ricardo Diniz é o embaixador escolhido. Para este ano estão previstas sete atividades de educação ambiental em embarcações, 784 em praias e 73 em marinas, num total de 864. A atribuição da Bandeira Azul tem em conta critérios como a “informação e educação ambiental”, “qualidade da água”, “gestão ambiental e equipamentos” e “segurança e serviços”. As cerimónias oficiais de hastear das primeiras Bandeiras Azuis de 2018 estão agendadas para 01 de junho na praia da Torreira, no concelho da Murtosa (Centro), para o dia 4 na praia fluvial de Monsaraz, em Reguengos de Monsaraz, e para o dia 19 na Marina de Gaia, em Vila Nova de Gaia.


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Atual Mora comemorou o 44º Aniversário do 25 de Abril com múltiplas iniciativas por todo o Concelho.

Fotoreportagem

Mora Comemora 25 de Abril

Sessão Solene da Assembleia Municipal Comemorativa do 25 de Abril

Sessão Solene da Assembleia Municipal Comemorativa do 25 de Abril - Cerimónia de Condecorações

Actuação do Grupo de Bombos Toca Bombar, em Pavia

Corrida Sempre Mulher, aconteceu no dia 15 de Abril. Iniciativa que reuniu mais de 200 pessoas

Concerto de Música Portuguesa com Mário Mata e os Amigos do Zeca, com a presença da Feirinha da Praça

Concerto de Música Portuguesa com Mário Mata e os Amigos do Zeca

Hastear da Bandeira em todas as Freguesias do Concelho, com a participação da Fanfarra dos B.V. Mora

Hastear da bandeira em todas as Freguesias do Concelho, com a participação do grupo Moto Escravelhos Grupo Motard Clássicas de Mora

Hastear da bandeira nos Paços do Concelho

Largada de balões com a participação do Agrupamento de Escuteiros 743 de Mora

Largada de pombos com a participação do Agrupamento de Escuteiros 743 de Mora


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Radar “Ser positivo está-nos no sangue, tem a ver com uma forma de ser muito portuguesa.”

”Ser Feliz é o melhor remédio“ ESTEFÂNIA BARROSO

Professora

“O bom humor espalha mais felicidade que todas as riquezas do mundo. Vem do hábito de olhar para as coisas com esperança e de esperar o melhor, e não o pior”. - Alfred Montapert Se não tivermos em conta a primeira hora depois de acordar, aquele tempo que medeia entre acordar – tomar banho – tomar pequeno-almoço – tomar café (hora essa em que efetivamente me considero um ogre maldisposto e em que a atitude mais sensata é não me dirigir a palavra) considero que sou uma pessoa bem-disposta e bem-humorada. Acho mesmo que esta será uma das características que mais me define. Sou dona de um riso fácil e de uma gargalhada sonora. Penso que ser bem-disposto não é totalmente inato nas pessoas. Há uma parte inata e uma parte (maior) que se trabalha…penso eu. O que sei é, e disso tenho certeza, é que ser bem-disposta é consequência de um estado de alma, de uma fé inabalável, de uma forma de olhar para a vida esperando sempre o melhor. Sou daquelas que acreditam que pensamentos positivos atraem coisas positivas. E, as poucas coisas negativas que conseguem passar por essa cortina de pensamentos positivos são filtradas pela presença constante dos gatos na minha vida (os gatos neutralizam as energias negativas!) Como tal, sou menina para acreditar que a “soma dos dias” terá sempre um saldo positivo. É claro que há dias maus. Todos os temos. Mas habituei-me a procurar algo de positivo nos momentos menos bons. Acho que esse “olhar positivo” é algo que se

David Costa | Fotografia

adquire com o passar dos anos (Somos bem mais intempestivos quando somos jovens. Temos também tendência a achar que o mundo pode acabar com qualquer problema nosso). Essa é a parte que se trabalha ao longo dos anos. Considero, contudo, que há uma parte inata nesse “olhar positivo”. Ser positivo está-nos no sangue, tem a ver com uma forma de ser muito portuguesa. O verdadeiro “tuga” pensa sempre que toda e qualquer catástrofe poderia sempre ser pior. O “Tuga 100%” encontra sempre uma razão para achar que teve sorte: -teve um acidente de carro? Desfez o carro? Sim, mas não se partiu todo! - Está um temporal e não levou chapéu-de-chuva? Que aborrecido! Mas pelo menos o carro ficou lavado! -É apanhado pela GNR e é multado? Podia ser muito pior! Podias ter ficado diretamente sem carta…e o agente até era simpático!... Ver o lado positivo das coisas faz parte da nossa portugalidade e eu sou 100% assim. Vejo sempre o lado bom das coisas. Por isso encaro todos os novos contratos em escolas como um novo desafio. Claro que é complicada esta vida cigana do hoje estou aqui, amanhã estou ali. Claro que é difícil nunca saber se vou ter emprego. É claro que podia revoltar-me contra isso tudo (e assumo que já fui bem revoltada!) Mas aprendi a tirar o melhor partido das situações. E por isso agradeço a oportunidade de trabalhar, agradeço a oportunidade de conhecer gente nova, agradeço a oportunidade de recomeçar…sempre.

A atitude com que se chega aos locais define a forma como os vais viver. Como referi, nem sempre fui uma pessoa tão “always look into the bright side of life”. Antes chegava às escolas acabrunhada, calada, com uma atitude meio distante de não pertença àquele local. Passava algum tempo até criar amizades e até me habituar à cidade, à escola e às pessoas. Hoje em dia chego impondo a minha satisfação por trabalhar, o meu sorriso por gostar de conhecer pessoas e locais novos e a minha gargalhada por estar de bem com a vida. E efetivamente isso altera a forma como vemos os locais e as pessoas e altera, e muito, a forma como as pessoas nos vêm. Quem joga nessa equipa, os felizes e bem-dispostos, identificar-se-ão imediatamente. Facilmente é criada uma rede de suporte, um grupo de amigos que ajudam a viver o dia de modo mais positivo. Já as pessoas cinzentas, que se alimentam de ressentimentos e azedumes, essas, fogem dessa fonte de boa disposição. A vivacidade e o riso fácil incomodam as pessoas cinzentas e azedas, tal como a alegria e a felicidade. Por isso considero que o bem-estar, o bom humor, a jovialidade, são armas que afastam de nós as pessoas carregadas de energias negativas, que só poderiam roubar o bem-estar e a felicidade. Armas porque essas pessoas ácidas fogem de gente que procura sacar o melhor que a vida lhes pode oferecer, de gente feliz, nem que seja “gente feliz com lágrimas” como dizia João de Melo. Concluindo: sejam felizes! É a escolha acertada!

Haverá coragem política? ALFREDO BARROSO

Engenheiro

Ao longo de mais de 3 décadas de funções autárquicas como presidente de câmara, fui confrontado com as mais diversas formas de transferência de competências para as autarquias locais. Transferências, desconcentração, descentralização … o nome pouco interessa pois o que foi acontecendo foi o Poder Central passar essas funções para as autarquias alegadamente com as devidas compensações financeiras, como agora se diz, mas com balanços sempre negativos para estas. Só a titulo de exemplo, refiro o caso dos transportes escolares em que os valores compensatórios foram calculados com base na rede de transportes públicos e a realidade veio, e bem, mostrar que das residências dos alunos à rede de transportes públicos, os encargos ficaram por conta das autarquias com claro benefício para os alunos e famílias. Poderia referir mais casos, agora que tanto se fala de transferência de competências, de descentralização, de reforma do Estado com a curiosidade de não se falar de Regiões Administrativas, não vá o diabo tecê-las e as populações passarem a ter a autonomia que tanto perturba o Poder Central. Por muito que me esforce não consigo ver como descentralizar competências para as autarquias, com mais ou menos envelope financeiro, se traduza numa reforma do sistema

vigente, sem que as mesmas sejam acompanhadas da correspondente reforma legislativa que reforce a autonomia do Poder Local e o responsabilize pela sua execução em benefício das populações. Reforma legislativa que tem de passar por alterar a permanente tutela que o Poder Central sempre impõe e da qual não quer abdicar, como se a legitimidade democrática dos eleitos locais fosse menor que a dos deputados ou dos governos centrais. Temos presente as negociações em curso entre os partidos políticos, com a clássica audição da ANMP, e tudo se parece com o que tem acontecido ao longo dos vários governos e dos anos. Definem-se áreas de transferência de competências, prometem-se as compensações financeiras respetivas, mas quanto às alterações legislativas e autonomia das regiões fica para regulamentar depois. Municipalizar não é nem será solução. Por exemplo, na área da saúde, todos sabemos das restrições dos horários dos centros de saúde, mas também sabemos que, no caso de ser transferida essa competência para os municípios, a porta das câmaras municipais está ali ao lado e, logicamente, as populações exigirão mais tempo de funcionamento dos mesmos, o que por mero acaso não terá sido considerado nas compensações financeiras. Será que o caso da gestão e manutenção das

escolas básicas e secundárias, transferidas para os municípios que o aceitaram, não serve de alerta para o que temos vindo a ter conhecimento no âmbito dos acordos partidários? Mas vamos ser otimistas e acreditar que, desta vez, o Poder Central está disponível para ter uma postura participativa e coerente com o seu discurso. Vamos acreditar que a descentralização de competências, a transferência dos respetivos meios financeiros será real e honesta, a autonomia do Poder Local será reforçada. Vamos acreditar que serão aprovadas alterações legislativas conformes com a descentralização de competências, sem tutela ministerial e com responsabilização politica dos eleitos locais, vamos acreditar que a criação das Regiões Administrativas será, finalmente, uma realidade pois só assim daremos um verdadeiro passo na tão propalada reforma do Estado. A legislação relativa às Comunidades

“Vamos acreditar que, desta vez, o Poder Central está disponível para ter uma postura participativa e coerente com o seu discurso”.

Intermunicipais não foi mais do que uma forma de iludir a questão, como se pode constatar na maior parte delas. Reforma do Estado que só será reforma e produzirá efeitos positivos para o país, se houver, de uma vez por todas, a coragem politica de descentralizar com responsabilidade, a coragem politica de avançar para a implementação das Regiões Administrativas (não falo de regionalização que é um processo diferente e mais complexo). Refuto por completo as teorias de duplicação de recursos humanos e custos de funcionamento, pois entendo ser, por via da fusão e reformulação de serviços desconcentrados, que se viabilizarão as Regiões Administrativas. Pelo que conheço não tenho dúvidas que os agentes locais e regionais saberão assumir as suas responsabilidades em sintonia com o interesse nacional e com melhores resultados para as populações. Haja coragem politica para não andarmos ciclicamente a falar destas matérias. Pelo que me parece ser a realidade do Alentejo, estamos prontos e preparados, assim o Poder Central também esteja. Mas como diz o poeta “vemos, ouvimos e lemos… não podemos ignorar” nem aceitar que se continue a olhar para o Poder Local como o parente pobre do Estado.


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Radar “A nossa Constituição consagra isto tudo mas a coisa tem sido difícil de atingir”.

Sinais de Abril Num período em que comemoramos a revolução de 25 de Abril e o 1º de Maio, dia do trabalhador, considera-se importante reafirmar que valeu a pena o empenhamento e a luta daqueles que colocaram a conquista da liberdade e da democracia como objectivo fundamental para que pudesse haver emancipação social e a construção de um país mais igualitário e com desenvolvimento. Passaram 44 anos e permanece a consciência de que a acção dos cidadãos é decisiva para que os direitos conquistados, sobretudo a liberdade, não sejam postos em causa. Aquela liberdade que o Sérgio Godinho celebrou a cantar, dizendo que “só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação”. A nossa Constituição consagra isto tudo mas a coisa tem sido difícil de atingir, parecendo estar claro que o empobrecimento, os baixos salários e a perda de direitos são entraves à construção de um país, justo e solidário. Os últimos anos mostraram que ter melhores condições de vida é fundamental para dinamizar o nosso futuro, mas ainda estamos tão longe do que era possível estar a acontecer. O Alentejo tem visto, nestas quatro décadas, tantas promessas não cumpridas e adiadas, o que obriga a que os alentejanos se mantenham atentos e activos. Este períoPUB

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do em que comemoramos o 25 de Abril e o 1º de Maio é importante para que, ao mesmo tempo que manifestamos satisfação pelo que alcançámos, possamos expressar que queremos ter um futuro melhor. Voltando ao Sérgio Godinho, aqui por Évora e no Alentejo, para haver liberdade a sério, entre outras coisas, é importante a construção do novo hospital de Évora; o

aproveitamento da ligação ferroviária Sines-Elvas (Caia) – Madrid, para transporte de mercadorias e populações; a concretização da gestão pública dos recursos hídricos; a diversificação económica e o aproveitamento das potencialidades produtivas do distrito, com investimentos nos sectores agroalimentares, indústria automóvel, aeronáutica, novas tecnologias de informa-

ção e comunicação, energias renováveis e indústrias criativas e/ou culturais; um melhor aproveitamento do empreendimento de Alqueva; a valorização da Cultura e do Património apoiando de forma clara as associações, os criadores e o serviço público de cultura; a valorização das estruturas do Movimento Associativo; a valorização da Escola Pública e dos seus profissionais, docentes e não docentes; a concretização do direito de acesso a uma habitação adequada; a valorização dos trabalhadores, o combate à precariedade e a definição de mecanismos/incentivos especiais para a fixação de profissionais, dando prioridade a áreas carenciadas dos serviços públicos e funções sociais do Estado, designadamente na saúde, educação, ciência e ensino superior; a atribuição ao Poder Local dos recursos necessários para dar respostas às necessidades das populações e ao desenvolvimento, garantindo que a anunciada transferência de competências não se traduza na municipalização, sem as necessárias contrapartidas e recursos, de atribuições que são da responsabilidade do Estado. E, já agora, merecemos paz e esta ameaça velada de uma guerra anunciada tem de terminar. E como Abril está vivo dá sinais.


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Radar Demóstenes Espanca residiu em Reguengos de Monsaraz desde maio de 1934 - 1993.

Dois quadros de Demóstenes Espanca doados ao Município de Reguengos de Monsaraz Dois quadros do espólio de Demóstenes Espanca foram doados no dia 6 de abril ao Município de Reguengos de Monsaraz pela viúva do pintor, Rosa Espanca, e pela sobrinha, Maria Ribeiro. Os bens doados são um autorretrato de 1948 e uma pintura de Demóstenes Espanca feita em 1993 pelo pintor reguenguense Vitor Cameirão. Os quadros destinam-se a iniciativas culturais organizadas pela autarquia, como por exemplo homenagens e exposições de artistas do concelho. Demóstenes Espanca residiu em Reguengos de Monsaraz desde maio de 1934 até data do seu óbito, em 6 de novembro de 1993. Natural de Évora, onde nasceu no dia 1 de abril de 1908, ainda criança foi viver com o seu tio, João Maria Espanca, pai da poetisa Florbela Espanca, em Vila Viçosa. Durante a sua infância, rodeado de familiares de grande sensibilidade artística, cedo despertou para a expressão plástica com forte paixão pelo desenho e pela pintura, principalmente caricatura e fotografia. Demóstenes Espanca foi um autodidata, pois não tinha possibilidade de frequentar qualquer curso das Belas Artes, PUB

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tendo aprendido em visitas a exposições, consultando livros e sobretudo através da observação. Colaborou em jornais de Évora e de Estremoz e fazia gratuitamente os programas dos espetáculos cinematográficos, artisticamente desenhados e legendados para a empresa Éden Teatro,

que eram utilizados como publicidade e espalhados pelas montras das casas comerciais. Em 1934 veio viver para Reguengos de Monsaraz para trabalhar como empregado de balcão numa casa comercial e depois como escriturário. Passados oito

anos foi para o Grémio da Lavoura de Reguengos de Monsaraz onde trabalhou mais 37 anos até se reformar, tendo exercido as funções de guarda-livros e de técnico de contas. Demóstenes Espanca sempre teve uma grande admiração por Monsaraz e em 1975 ficou à frente da sua Junta de Turismo para dar a conhecer a vila medieval. Foi também devido a Monsaraz que conheceu e ficou amigo do pintor João Barata, que lhe ofereceu um cavalete e um estojo de desenho ao saber que Demóstenes Espanca pintava as suas telas numa cadeira. Acompanhando João Barata nas sessões de pintura em Monsaraz, dele recebeu conhecimentos técnicos que influenciaram e enriqueceram a sua pintura. Demóstenes Espanca conhecia toda a toponímia e riqueza da vila medieval, a luz refletida dos brancos luminosos das paredes caiadas do casario em contraste com as muralhas, as ruas calcetadas com xisto, mas também pintou com rigor os motivos alentejanos, as figuras típicas e as fainas agrícolas. As suas obras tornaram-se conceituadas, apreciadas e disputadas por muitos colecionadores.


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Radar As galas semanais, entre 22 de julho e 16 de setembro, serão transmitidas em direto pela RTP.

Arraiolos pré-finalista - 7 Maravilhas à Mesa® A Câmara Municipal de Arraiolos é uma das 49 pré finalistas das “7 Maravilhas à Mesa®”, que este ano contempla sete patrimónios, em três categorias: Gastronomia, Vinhos e Azeites e Roteiro Turístico. Sílvia Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Arraiolos referiu que “ser pré-finalista neste evento, é uma oportunidade para divulgar a gastronomia e o património do concelho”, esperando uma “participação honrosa e digna dos valores tradicionais e culturais de Arraiolos”. Depois de agradecer a todos os que “participaram na candidatura às “7 Maravilhas à Mesa®” realçou a “qualidade da nossa gastronomia, vinhos, empada de Arraiolos e outros produtos locais”, sendo que este é um evento que pode “ser um contributo positivo para a economia local face à divulgação do que de melhor tem a nossa terra.” As galas semanais, entre 22 de julho e 16 de setembro, serão transmitidas em direto pela RTP, com apresentação de Catarina Furtado e José Carlos Malato, sendo votadas as 49 ‘Mesas’ apuradas num universo de 343 patrimónios de todas as regiões portuguesas. De acordo com a dinâmica do programa, a partir do dia 22 de julho podem os telespetadores votar e eleger as ‘7 Maravilhas à Mesa’. As pré-finalistas incluem patrimónios que vão desde os petiscos tradicionais, pratos típicos, vinhos, azeites mas também roteiros turísticos que incluem patrimónios históricos, culturais e naturais, festivais, eventos e experiências únicas. A mesa de Arraiolos procura aliar a tradição e o património material e imaterial,

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dando notas de sabores distintivos das iguarias gastronómicas da Vila. Foram selecionados pratos que contextualizassem as vivências passadas e que as aliassem os recursos endógenos e as potencialidades do local. Associamos a isto toda uma história e passado de um povo, representado pelo Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos e pelo Castelo de Arraiolos (Monumento Nacional). Do Minho ao Algarve, passando pela Madeira e Açores, os finalistas reuniram o consenso de um painel de 77 especialis-

tas e do conselho científico, destacando-se com o melhor da gastronomia, vinhos, azeite e roteiros turísticos de cada região de Portugal, de entre as 182 candidaturas submetidas às ‘7 Maravilhas à Mesa’.

1º Encontro de colecionadores em Arraiolos

A câmara Municipal de Arraiolos promove no dia 10 de junho de 2018, no Edifício do Mercado Municipal (Rua António Carlos Da Gama), o 1º Encontro de Colecionadores, o qual se destina a colecionadores de todas as idades e aos mais diversifica-

dos tipos de colecionismo. A cada participante será entregue uma coleção de pacotes de açúcar comemorativa do encontro (edição exclusiva do Município). Informa-te e preenche a ficha de inscrição, a qual pode ser enviada até 4 de junho, para a Câmara Municipal de Arraiolos, via e-mail: geral@cm-arraiolos.pt O colecionismo integra os mais diversos objetos. Se os galhardetes, pins ou canetas se tornaram comuns, outros existem que despertam, igualmente, memórias, viagens ou locais, despertando momentos ou vivências que também podem ter sido as suas. Este é um encontro que pode proporcionar oportunidades de trocas, conhecimentos ou um estimulo ao interesse para o colecionismo, sendo por isso dirigido a todas as idades. O programa será o seguinte: 09H00 – Chegada dos colecionadores ao Mercado Municipal (Rua António Carlos da Gama, Arraiolos)e distribuição das mesas 10H00 – Abertura oficial do encontro 12H00 – Entrega de certificados de participação e lembranças 12H30 – Encerramento do encontro 13H00 – Almoço em local a designar pela organização ou almoço livre 15H00 – Visita guiada ao Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos (Praça do município) 16h00 – Visita livre ao Evento O Tapete Está Na Rua ‘’2018” (centro histórico de Arraiolos)

Câmara Municipal inaugura Centro Cultural de Cabeção No dia 28 de Abril, a Câmara Municipal de Mora e a Junta de Freguesia de Cabeção inauguraram o Centro Cultural de Cabeção, numa cerimónia que encheu esta nova “casa”. A obra que teve um custo aproximado de 400 mil euros, financiada exclusivamente pela Câmara Municipal de Mora, foi adjudicada à empresa Datiben Construções Unipessoal, Lda, e arrancou no dia 22 de Setembro de 2016. Passado cerca de um ano e meio do arranque da construção, assistimos ao descerrar da placa comemorativa da abertura, pelas mãos de Luís Simão de Matos, Presidente da Câmara Municipal de Mora e Manuel Inês, Presidente da Junta de Freguesia de Cabeção. Um projecto que não teve qualquer apoio comunitário. Nesse sentido, segundo defendeu o Presidente do executivo “o dinheiro que a autarquia tem não é para ficar na gaveta, é para investir na qualidade de vida, nas necessidades e no bem estar da população, por isso este projecto faz todo o sentido!”. “Agora depois de aberto, há que dar vida estimulando esta nova valência com iniciativas culturais, recreativas, pois o edifício foi projectado com espaços dinâmicos, permitindo, desta forma, recriar ambientes sugestivos”, salienta o Presidente da Autarquia. A intervenção levada a cabo passou primeiramente pela demolição de dois prédios há muito devolutos e em avançado estado de degradação, situados

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num terreno que foi cedido pelo engenheiro António Lopes Aleixo à Câmara Municipal de Mora. O objectivo passou por erguer um novo edifício, na medida em que se ambiciona criar ali um espa-

ço de encontro intergeracional capaz de dinamizar novas vivências, que contribuam para o crescimento sociocultural da Freguesia de Cabeção. Este equipamento veio também permitir estabelecer

uma ligação pedonal entre a Rua João de Deus e a Rua 5 de Outubro recuperando, simultaneamente, esta área do ponto de vista urbanístico. O Centro Cultural de Cabeção tem uma área exterior muito peculiar. Trata-se de um pátio na zona lateral, que tem as condições ideais para acolher pequenas exibições públicas, através da fachada desse anfiteatro, a qual pode assumir a função de tela e proporcionar excelentes condições para a projecção de cinema ou de qualquer outro conteúdo audiovisual. Apesar de um edifício díspar e de linhas arrojadas é igualmente tradicional, pelas características exteriores que comporta, nomeadamente os materiais que foram aplicados. Terá disponíveis três salas para instalação das sedes sociais de associações da Freguesia, nomeadamente, do Grupo de Cantares de Cabeção, do Grupo Recreativo e Rancho Folclórico de Cabeção e uma outra sala onde serão lecionadas as aulas da Universidade Sénior de Mora, cujos protocolos de cedência foram assinados no decorrer da cerimónia de inauguração. Têm ainda uma sala polivalente, que poderá albergar exposições, colóquios e funcionará como sala comum. O investimento neste equipamento demonstra que é possível recuperar as freguesias em termos urbanísticos, bem como dar resposta às necessidades das populações. O Centro Cultural de Cabeção está de portas abertas para servir todo o Concelho de Mora!


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Sede Rua Werner Von Siemens, n.º16 -7000.639 Évora Tel. 266 750 140 Email geral@registo.com.pt SEMANÁRIO

Apicultura

EU protege Abelhas Os Estados-membros da União Europeia aprovaram, na passada sexta-feira, uma proposta que proíbe o uso ao ar livre de insecticidas danosos para as abelhas, anunciou a Comissão Europeia. O Comité Permanente da Cadeia Alimentar e da Saúde Animal, onde estão representados todos os Estados-membros, deu luz verde à proposta de restrição do uso de três substâncias prejudiciais para as abelhas conhecidas como neonicotinóides: imidacloprid, clotianidina e tiametoxam. Os neonicotinóides são quimicamente semelhantes à nicotina e são usados para proteger as plantas dos insectos. Estas substâncias afectam o sistema nervoso central dos insectos, podendo causar paralisia e até a morte – a resolução europeia advém de um estudo científico que prova que os neonicotinóides representam uma ameaça para as abelhas. A sua utilização será agora proibida a não ser em estufas onde não haja exposição de abelhas aos produtos. As abelhas são animais importantes para a sustentabilidade do planeta, sobretudo por serem espécies polinizadoras, tanto para as colheitas como para as árvores de fruto, por exemplo. PUB

Educação Cultura

Sucesso no concerto Eborae A Associação Eborae Mvsica em conjunto com a Câmara Municipal de Évora, promoveu um Concerto com os solistas Sandra Medeiros, soprano, Ana Ferro, contralto, João Rodrigues, tenor, André Baleiro, baixo, os Coros - Coro de Câmara da Universidade de Lisboa, Coro Polifónico “Eborae Mvsica”, Coro do Tejo, Coro da Universidade de Lisboa, a Sinfonietta de Lisboa dirigidos pelo Maestro Vasco Pearce de Azevedo em que a direção dos Coros de Eduardo Martins, no passado dia 21 de Abril, na Sé de Évora. A Sé Catedral estava repleta de pessoas que responderam a esta oferta musical e que aplaudiram de pé no final do concerto, demonstrando desta forma, o seu agrado.

Governo, sindicatos e professores não se entendem Um grupo de professores lesados no último concurso de mobilidade interna, realizado em 2017, defendeu que as alterações às regras introduzidas naquele procedimento se traduziram em acréscimo de despesa, de 56 milhões de euros, e não em poupanças, como defende o Governo. Num comunicado divulgado no passado domingo, o denominado Grupo de Docentes Lesados a 25 de Agosto -- data em que foram conhecidas as colocações do concurso de mobilidade interna em 2017 e em que muitos ficaram a saber que sido colocados a centenas de quilómetros de casa -- afirma que pretende “rebater veementemente” os números avançados pela tutela em relação a eventuais poupanças com a colocação de professores, que foram um dos argumentos apresentados para justificar o pedido de fiscalização de constitucionalidade de uma norma relativa aos horários dos docentes.

O Governo pediu ao Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização da norma aprovada pelo parlamento em 6 de Abril que impõe a distribuição de horários completos e incompletos no concurso de mobilidade aos professores de carreira. Este grupo de professores questiona as poupanças de 44 milhões de euros que o Governo diz ter conseguido no último concurso, contrariando uma prática de uma década ao decidir disponibilizar apenas horários completos neste concurso, usado pelos professores dos quadros para mudarem de escola e se aproximarem da sua residência. O Grupo de Docentes Lesados a 25 de Agosto defende que não só as vinculações do último ano não se traduziram numa diminuição do número de professores contratados neste ano lectivo, como o total de contratos já supera em quase mais três mil os do ano passado. “Desta forma, poderemos estar

a falar não de uma poupança de 44 milhões de euros como avançado pelo Ministério da Educação, mas sim de uma despesa extra, que, por defeito, poderá atingir os 56 milhões de euros (não contabilizando os custos com os docentes vinculados extraordinariamente em 2017) “, lê-se no comunicado. Os professores questionam ainda como é possível estimar despesa para o próximo ano quando está previsto que os horários completos e incompletos a pedir pelas escolas para o próximo ano apenas sejam conhecidos na primeira quinzena de Agosto. O parlamento, por iniciativa do BE, PCP, PSD e CDS, decidiu em 6 de Abril voltar a realizar um concurso de mobilidade para professores dos quadros, que irá substituir o polémico concurso realizado no ano passado que levou à apresentação de 799 recursos e de mais de 200 acções em tribunal.


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